fascículo 3 - cejarj.cecierj.edu.br · luiz fernando de souza pezão ... rafael cupello peixoto...
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CIÊNCIAS HUMANASe suas
TECNOLOGIAS >>
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Módulo 2
CENTRO DE ESTUDOS de JOVENS e ADULTOS
Unidades 5 e 6Fascículo 3
GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Governador
Sergio Cabral
Vice-Governador
Luiz Fernando de Souza Pezão
SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Secretário de Estado
Gustavo Reis Ferreira
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO
Secretário de Estado
Wilson Risolia
FUNDAÇÃO CECIERJ
Presidente
Carlos Eduardo Bielschowsky
FUNDAÇÃO DO MATERIAL CEJA (CECIERJ)
Coordenação Geral de Design Instrucional
Cristine Costa Barreto
Elaboração
Maurício Cardoso
Paulo Mello
Revisão de Língua Portuguesa
Paulo César Alves
Coordenação de Design Instrucional
Flávia Busnardo
Paulo Miranda
Design Instrucional
Heitor Soares de Farias
Marcelo Franco Lustosa
Coordenação de Produção
Fábio Rapello Alencar
Capa
André Guimarães de Souza
Projeto Gráfico
Andreia Villar
Imagem da Capa e da Abertura das Unidades
http://www.sxc.hu/photo/1175613 –
Sanja Gjenero
Diagramação
Equipe Cederj
Ilustração
Bianca Giacomelli
Clara Gomes
Fernado Romeiro
Jefferson Caçador
Sami Souza
Produção Gráfica
Verônica Paranhos
SumárioUnidade 5 | Vivendo a vida do seu jeito 5
Unidade 6 | Revolução Francesa 33
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Bons estudos!
Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 5
Fascículo 3 • História • Unidade 5
Vivendo a vida do seu jeitoPara início de conversa...
Não somos todos iguais. Essa afirmação pode parecer, a princípio, evidente.
É só você olhar para alguém ao seu lado e perceber que não somos iguais. No
entanto, por muitas vezes, as pessoas pelo mundo afora parecem se esquecer de
que essa afirmação não se restringe à nossa aparência. Não é apenas fisicamente
que não somos iguais. Personalidade, educação, cultura, modo de vida e muitas
outras coisas variam de pessoa para pessoa e de povo para povo.
Figura 1: O mundo é formado por povos de diferentes culturas, que se vestem, comuni-cam-se e comportam-se de formas diferentes. Esquimós, muçulmanos, monges tibeta-nos, africanos, aborígenes e índios brasileiros são exemplos dessa diversidade cultural, existente no mundo.
Nesta unidade, vamos olhar para essa diversidade cultural, de modo
a entendermos melhor o nosso lugar nesse arranjo de tão diferentes formas.
Para tanto, vamos dedicar especial atenção aos elementos formadores de nossa
cultura que mais se distinguem culturalmente de nossa formação atual, ou seja,
os das culturas indígenas e africanas.
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Objetivos de aprendizagem � Compreender e valorizar a diversidade cultural do mundo.
� Compreender o conceito de etnocentrismo.
� Identificar as sociedades indígenas e africanas como povos organizados política e socialmente.
� Interpretar as consequências do processo de colonização, para essas sociedades.
� Entender nossa formação cultural como o resultado da união de diversas culturas.
Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 7
Seção 1 Um mundo diverso
Para podermos conviver em um mundo repleto de diferenças culturais, é importante compreender que a
diversidade é natural, que nosso estilo de vida não é o “jeito certo” de se viver. Tampouco é ele o “melhor” modo de
vida, ainda que assim possa nos parecer – afinal, estamos acostumados a viver, conforme nossa própria cultura.
Ao nos situarmos como indivíduos dentro de um mundo de grande diversidade e aceitarmos que nosso modo
de viver e de compreender o mundo é apenas um entre os muitos possíveis, estaremos mais próximos de evitar o
etnocentrismo.
Etnocentrismo é a ideia de que uma cultura diferente da sua é menor, pior, errada, atrasada. Uma
visão etnocêntrica desconsidera a diferença cultural como algo natural, compreendendo que seu mo-
delo cultural seria o ideal, modelo o qual todos os outros deveriam seguir.
Figura 2: Os kilts (saiotes) escoceses, os anéis no pescoço das mulheres gi-rafa da Tailândia, o peito desnudo de mulheres caiapó no Brasil e insetos vendidos como comida em uma feira na Tailândia. Para a nossa cultura, podem ser estranhos, no entanto são todos elementos valorizados da cultura de seus povos.
Posições etnocêntricas podem ir
do mero estranhamento de uma cultura
diferente (como o hábito de se comerem
cães e insetos em alguns países asiáticos) até
chegar a atos de intolerância e xenofobia,
que levem a violência, física ou psicológica.
Mais importante do que compreender as
diferenças, é saber lidar com elas. Ainda que
o desconforto perante outra cultura exista,
é necessário aceitá-la como algo natural,
ainda que aparentemente estranho para
nossos padrões.
XenofobiaRepulsa, antipatia profunda ou até mesmo ódio
a estrangeiros.
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O historiador Fernando Novais, em entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo em 2000, por ocasião das
comemorações de 500 anos da chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, aponta para o etnocentrismo presente na
concepção de “descobrimento” do Brasil naquela ocasião.
Caracterizar a viagem de Cabral como a do “Descobrimento do Brasil” e a carta de Pero Vaz de Caminha como uma “certidão de batismo” tem pressupostos que precisam ser discutidos. Há um etnocentrismo evi-dente que expressa a visão do conquistador, do vencedor. Os portugueses seriam o agente e os índios, os “descobertos”, os protagonistas passivos do episódio.
(Fernando Novais. Folha de São Paulo, 24/04/2000, Primeiro Caderno, p. 6.)
De acordo com o que vimos sobre o etnocentrismo e nos argumentos de Fernando
Novais expostos anteriormente, explique por que não deveríamos caracterizar a chegada
dos portugueses em 1500 como o “descobrimento” do Brasil.
Seção 2As sociedades indígenas
Muitos grupos indígenas habitaram as Américas. Só no território atual do Brasil, quando da chegada de Pedro
Álvares Cabral, existiam milhões de nativos, divididos em milhares de tribos, falando centenas de idiomas diferentes.
Com muito pouco contato entre si, a diversidade cultural entre esses grupos era enorme.
Povos indígenas das Américas
Dos povos indígenas que habitavam as Américas, os maias, astecas e incas foram certamente os que for-
maram sociedades mais complexas e atingiram conhecimentos científicos e técnicos mais avançados.
Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 9
Figura 3: O templo na antiga cidade maia de Tikal mostra o grau de desenvolvimento téc-nico desse povo.
Maias: Sabemos pouco sobre os maias. Quando os espanhóis chegaram à re-
gião da América Central que habitavam (atualmente o sul do México, Hondu-
ras e Guatemala), eles já haviam desaparecido, por motivos ainda desconheci-
dos pelos historiadores. Restavam apenas as ruínas de suas grandes cidades,
como: Copán, Tikal e Palenque.
Astecas: Os astecas dominavam a região do México atual até serem dizimados
pelos espanhóis no século XVI. Sua capital, Tenochtitlán, tinha uma popula-
ção de aproximadamente 200.000 habitantes, cobrindo uma área duas vezes
maior do que Sevilha, a maior cidade espanhola do período.
Figura 4: Ruínas da cidade inca de Ma-chu Picchu, principal vestígio da cultura material inca.
Incas: Império formado na região dos Andes, situado principalmente na
região onde hoje são o Peru e a Bolívia. Sua capital era Cuzco, mas a cidade
inca mais conhecida é Machu Picchu, um importante patrimônio da huma-
nidade de nossos dias.
Na América do Norte, também existiam diversos grupos indígenas, como os sioux, cheyennes, apaches, navajos
e moicanos, entre outros. Grande parte desses povos perdeu suas terras e vive hoje em pequenas reservas, mantendo
parte de suas tradições. O único grupo que manteve a maior parte de suas terras são os inuit, também conhecidos
como esquimós, que vivem nas terras geladas do Alasca e do norte do Canadá.
Agora vamos nos deter um pouco nas sociedades indígenas brasileiras. Tendo em vista facilitar o seu estudo, vamos
examinar aqui algumas de suas principais características. Isso não quer dizer que todas vivessem da mesma forma.
É importante lembrar-se sempre da grande diversidade cultural existente entre as sociedades indí-
genas. As sociedades nativas não viviam todas da mesma forma, tendo uma enorme variedade de
hábitos, costumes e tradições.
Na década de 1950, um estudo feito pelo antropólogo Eduardo Galvão introduziu a ideia de se agrupar as
sociedades indígenas brasileiras em áreas culturais. A partir dessa ideia, o Brasil foi dividido em onze áreas distintas,
cada uma reunindo um grande número de sociedades que compartilhavam certos costumes comuns ligados à
religião, vestimenta, alimentação e à cultura material.
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É importante também salientar que as relações entre essas sociedades e a nossa civilização são desiguais.
Existem grupos indígenas que mantêm um estilo de vida bem parecido com o que tinham há 500 anos, ao passo
que outros precisam se esforçar para preservar suas tradições e sua cultura, e não desaparecerem em meio à cultura
urbana brasileira.
Figura 5: Nem todo índio veste tanga e usa o arco e flecha o dia inteiro. Várias sociedades indígenas têm grande contato com a cultura de povos não índios.
Organização
Os povos indígenas brasileiros não construíram cidades nem formaram estados centralizados. Eles não
utilizavam moeda, não possuíam propriedades privadas e não havia desigualdade social entre membros de uma
mesma tribo. Nessas sociedades, não havia um poder político que determinasse as regras que as pessoas deveriam
seguir. Grupos pequenos possuíam seus líderes, normalmente de autoridade temporária, que comandavam seus
homens em uma guerra ou em uma caçada, por exemplo.
Grande parte das tribos era seminômade e dividia-se em aldeias. Algumas aldeias chegavam a ter milhares de
pessoas, enquanto outras possuíam apenas algumas centenas. O relacionamento entre as aldeias variava. As guerras
eram frequentes e alianças eram comuns.
SeminômadeGrupos que migram periodicamente, vivendo em moradias temporárias e portáteis, e que possuem um acampamento onde
praticam a agricultura.
Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 11
Alguns dos relatos, feitos por viajantes europeus no século XVI, retratam o costume de algumas sociedades
indígenas em guerra praticarem a antropofagia, como parte de um ritual. Um prisioneiro de guerra era levado à aldeia
inimiga, onde aguardaria a execução. Enquanto permanecia por lá, o prisioneiro era muito bem tratado, podendo até
mesmo ter uma esposa da aldeia. No dia da execução, aldeias amigas reuniam-se para uma grande festa, onde o
prisioneiro era executado e seu corpo era limpo, cozido e degustado por todos os presentes. O canibalismo não era
motivado pelo prazer em se consumir carne humana, ele tinha como objetivo vingar a morte de antepassados em
guerras contra a tribo inimiga e absorver as virtudes guerreiras do prisioneiro.
AntropofagiaAto de comer carne humana.
Figura 6: A ilustração do canibalismo dos tupinambás, feita por Theodore de Bry, mostra a visão que os europeus tinham do ritual antropofágico
Esse ritual antropofágico de sociedades indígenas brasileiras foi representado no cinema no filme
“Como era Gostoso o Meu Francês” (Nelson Pereira dos Santos, 1970).
A divisão do trabalho era essencialmente sexual. Os homens eram encarregados da caça, da pesca, da
construção das casas e da guerra. Já as mulheres, dedicavam-se às atividades domésticas, ao artesanato e ao trabalho
agrícola, sendo que em diversas localidades os homens auxiliavam no trabalho com a mandioca.
Algumas sociedades indígenas não conheciam a agricultura e viviam exclusivamente da caça/pesca e coleta.
No entanto, grande parte das tribos cultivava inúmeros produtos, como: batata-doce, caju, cará e mandioca, sendo
esta última o principal elemento de sua alimentação.
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A mandioca, também conhecida como aipim, macaxeira, castelinha e pão-de-pobre, dependendo da região,
é uma raiz de alto valor nutritivo que seria originária do Brasil, tendo se espalhado pela América antes mesmo da
chegada dos europeus. Com a mandioca, fazia-se farinha, tapioca, beiju, pirão e paçoca, que era comida com carnes,
folhas e frutos. Ela é também a matéria-prima da caiçuma, uma bebida alcoólica. Algumas espécies da mandioca são
venenosas, por isso devem ser cuidadosamente preparadas para o consumo, sendo torradas e prensadas.
Leia atentamente o texto e responda as perguntas a seguir:
(...) As sociedades indígenas têm um sistema econômico que não permite o
acúmulo de excedentes e, por serem igualitárias, não permitem a exploração do trabalho. Desta forma, cada família, ao produzir, está produzindo para sua própria subsistência. Ela tem o exato controle de suas necessidades, o exato controle sobre sua produção e sobre o valor do que produziu.
Se fosse uma sociedade dividida entre patrões e empregados, a realidade seria muito diferente. Essa mesma família teria de trabalhar para si e para seu patrão. Esse trabalho seria transformado em salário, que ela trocaria por bens de sua necessidade, e o restante do produto do trabalho seria o lucro de seu patrão.
Como nas sociedades indígenas não existem patrões, como a terra é um bem comum e todos têm a capacidade de produzir os instrumentos de trabalho, não existem pobres ou ricos. Todos têm direitos iguais, quanto ao acesso à terra e aos conhecimentos que permitem explorar os recursos naturais, produzir o que é necessário para si próprios e para saldar suas necessidades sociais de retribuição. E aquele tanto da produção que não é utilizado diretamente nas necessidades básicas, é consumido em festas e rituais. Dizendo em linguagem antropológica, o excedente é socializado, dividido entre todos, e não desti-nado a criar a desigualdade entre os homens, para explorar o semelhante. Os mecanismos de reciprocidade, isto é, de trocas e retribuições, garantem a redis-tribuição, garantindo a igualdade econômica.
O restante do tempo não dedicado ao trabalho é gasto na convivência com a família, no lazer e em atividades sociais. Desta forma, os índios têm muito mais tempo para serem seres humanos plenos, do que nós, que pretendemos ser ‘civilizados’. E são livres para fazê-lo!
(Joana A. F. Silva. Economia de subsistência e projetos de desenvolvimento econômico em áreas indígenas. In: SILVA, Aracy L.; GRUPIONI, Luís D. B. (Orgs.). A temática indígena na escola: novos subsídios para professo-res de 1º e 2º graus. Brasília: MEC: Mari: Unesco, 1995, p. 348. Disponível em <http://www.pineb.ffch.ufba.br/downloads/1244392794A_Tematica_Indigena_na_Escola_Aracy.pdf>. Acesso em: 06 jan. 2012.
ExcedenteSobra, montante de produ-
ção que não é consumido.
Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 13
a. De acordo com o texto, qual é a relação entre a organização social das socieda-
des indígenas e o pequeno tempo por eles dedicado ao trabalho?
b. Se a sociedade indígena fosse uma sociedade com desigualdades sociais como
a nossa, seria possível a eles dedicar pouco tempo ao trabalho? Justifique a sua
resposta.
c. Por que a autora afirma que “os índios têm muito mais tempo para serem seres
humanos plenos, do que nós, que pretendemos ser ‘civilizados’. E são livres para
fazê-lo!”?
As sociedades indígenas brasileiras na atualidade
Na época da chegada dos portugueses, estima-se que existissem 3 milhões de nativos, vivendo no território
hoje denominado Brasil. Atualmente, de acordo com o censo do IBGE de 2010, os povos indígenas no país somam
817.963 pessoas, das quais cerca de um terço vive em cidades e o resto em áreas rurais. A maior parte destes últimos
reside em terras indígenas, ou seja, em áreas demarcadas pelo Estado brasileiro.
A Constituição Federal de 1988 reconheceu o princípio de que os povos indígenas são os primeiros e naturais
senhores da terra no Brasil. A partir desse princípio, em teoria, esses povos passaram a ter direito sobre as terras
que ocupam, sendo demarcadas terras Indígenas, das quais os índios teriam posse permanente e direito sobre suas
fontes naturais de riqueza (o solo, os rios e a natureza). Através da posse dessas terras, esses povos teriam os recursos
necessários para manterem vivas suas tradições e sua cultura.
No entanto, na prática, grande parte dessas terras ainda não está juridicamente consolidada ou é desrespeitada.
Interesses na exploração das terras para garimpo, extração de madeira ou por posseiros são hoje os principais motivos
de conflitos que se desenvolvem nas terras indígenas.
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As terras indígenas e Belo Monte
O impacto sobre terras indígenas no Pará é hoje uma das principais críticas ao projeto da usina hidre-
létrica de Belo Monte. Apesar de os responsáveis pela usina afirmarem que esta não afetará os povos
indígenas em sua área de influência, uma vez que suas terras não seriam inundadas pela hidroelétrica,
outros especialistas afirmam que o impacto ambiental, causado na região, poderia ter graves conse-
quências para o ecossistema da região, afetando também os povos indígenas, que dependem dos
recursos naturais para sua subsistência.
Figura 7: Terras indígenas do Brasil
Observando o mapa anterior com as terras indígenas brasileiras, explique por que
podemos afirmar que os povos indígenas brasileiros foram vítimas da opressão dos povos
não índios que ocuparam as terras brasileiras.
Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 15
Seção 3As sociedades africanas
Assim como os povos nativos das Américas, os nativos africanos apresentam uma grande variedade cultural,
linguística e étnica. Muitas pessoas possuem a falsa impressão de que a África é um continente homogêneo, onde
todas as sociedades nativas são do mesmo grupo, possuem o mesmo desenvolvimento tecnológico, falam o mesmo
idioma, têm os mesmos costumes e tradições. Nada poderiam estar mais erradas. A diversidade presente entre os
povos nativos do continente africano é um fator que não pode ser esquecido, ao se estudar suas sociedades.
Existem milhares de línguas nativas da África, apesar de os países africanos terem em geral adotado como
línguas oficiais os idiomas europeus de seu período de colonização. Mandinga, ioruba, suaíli, banto e zulu são algumas
das línguas faladas pelos nativos africanos antes da chegada dos europeus que se mantêm vivas até hoje.
No período da escravidão, o Brasil teve a maior parte de seus escravos proveniente de grupos que
falavam idiomas da família linguística banto, que tiveram importante contribuição na formação cul-
tural nacional. Elementos como a cuíca, o berimbau, a congada, o lundu e o candomblé são heranças
provenientes do contato da cultura em formação no Brasil e esses povos.
Figura 6: A pintura de Debret representa escravos brasileiros no século XIX e demonstra elementos da cultura africana que se associavam à cultura brasileira
Organização
A existência de sociedades complexas e urbanizadas na África pré-colonial foge do
estereótipo de uma África essencialmente selvagem e não civilizada. Tal imagem é em grande
parte fruto de uma visão etnocêntrica de que todas as civilizações devem ter a mesma aparência
que a nossa, de que só é civilizada a sociedade que se porta como a civilização ocidental.
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Para entendermos um pouco melhor as sociedades africanas e suas civilizações, vamos olhar para suas formas
de organização.
A organização política dos grupos nativos africanos também era muito diversificada. Pequenas aldeias e
grandes reinos coexistiram durante o mesmo período histórico. A maior parte da população africana vivia em aldeias.
Essas eram formadas por diversas famílias, cada uma com seu chefe, em geral o homem mais velho, que obedecia
ao chefe da aldeia. Trabalhava-se em conjunto e repartia-se a produção entre as famílias. Já os reinos eram formados
pela união de diversas aldeias, com uma capital na qual residia um chefe maior, um rei, com autoridade sobre os
outros chefes locais.
Os reinos africanos funcionavam de modo muito semelhante aos reinos absolutistas europeus: o rei detinha
poder quase que total e não havia separação dos poderes. Sua capacidade em arrecadar fundos (em geral através
do controle do comércio) e de formar fortes exércitos era o principal meio de se manter no poder. Entre os principais
reinos da África Ocidental (de maior contato com o Brasil), podemos destacar os reinos de Gana, Mali e Ioruba. Vamos
ver as principais características de cada um deles?
Figura 9: Mesquita de Djinger-ber, em Tombuctu, no atual Mali. Construída na época de Mansa Musa, ainda hoje está de pé e em funcionamento. Os pedaços de madeira que revestem a fachada da construção, típicos da arquitetura da região, serviam de andaimes para o reparo das paredes de adobe (barro ressecado), após os breves períodos de chuvas intensas.
Reino de Gana: Situado em região dos atuais Mali e
Mauritânia, possuía uma economia baseada no comércio,
ligando o norte da África, Egito e Sudão. Entre os principais
produtos comercializados por Gana estavam sal, tecidos,
escravos e, especialmente, ouro. A quantidade de ouro
produzido por Gana era tão grande, que o reino ficou
conhecido como “a terra do ouro”, sendo a maior parte dele
comercializado com muçulmanos do norte da África. O reino
de Gana conheceu seu apogeu entre os séculos VII e XI,
sendo conquistado pelo reino Mali, por volta do século XIII.
ApogeuO auge, o mais importante ou
mais alto grau de elevação.
Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 17
Império Mali: Situado no atual Mali e em partes do Senegal e da Guiné, o reino de Mali foi um dos maiores
impérios africanos, tendo conquistado grandes cidades, como Tombuctu. O auge de seu império ocorreu no século
XIV, com o governo de Mansa Mussa, que converteu seu império ao islamismo. Escolas corânicas, mesquitas e
universidades foram construídas em suas principais cidades, sendo o idioma árabe transformado na língua oficial.
Escolas corânicas MesquitaEscola dedicada ao estudo do árabe e do
Alcorão, o livro sagrado do islamismo.
Templo religioso do islamismo.
Escravos de Mali no Brasil
No Brasil, os escravos originários de Mali distinguiam-se dos demais africanos. Além de usarem um
pequeno cavanhaque, eram alfabetizados em árabe, devido aos preceitos da religião muçulmana, que
prega que todos devem ser capazes de ler o Alcorão. Conhecidos como malês, lideraram diversas
rebeliões contra a escravidão, nas quais geralmente matavam tanto os senhores como outros escravos
que não aderissem a ela. A mais famosa dessas rebeliões foi a Revolta dos Malês, ocorrida na Bahia,
em 1835.
AlcorãoO livro sagrado do islamismo, também chamado de Corão.
Figura 10: A África pré-colonial possuiu diversos reinos e impérios, o comércio era intenso e existiam diversas cidades
Reino Ioruba: Formado por diversas cidades, o Reino Ioruba localizava-
se nos atuais Benin e Nigéria. Grande parte dos escravos levados à Bahia era
de origem ioruba, chamados também de nagô, no Brasil. A cultura ioruba tem
assim forte presença na cultura afro-brasileira, especialmente na Bahia. Pratos
típicos, como: o vatapá, o acarajé e o azeite de dendê são de origem ioruba.
O comércio era altamente desenvolvido e já ligava os povos da África
Subsaariana com os muçulmanos do norte da África muito antes da chegada
dos europeus, com as grandes navegações. As cidades de Tombuctu e Djenné
cresceram e prosperaram em função de sua condição de entrepostos comerciais
entre as rotas que atravessavam o Saara (através de caravanas a camelo) e as que
vinham do sul do continente.
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Ali se cobravam taxas dos comerciantes que paravam para reabastecer seus suprimentos de água e comida,
assim como dos produtos lá comercializados. Com a riqueza adquirida pelo comércio, essas cidades tornaram-se
grandes centros urbanos, com templos (mesquitas), escolas e universidades. Por ali, passavam produtos, como: sal,
ouro, tecidos, alimentos e escravos.
Figura 11: Principais rotas comerciais que ligavam Tombuctu e Djenné ao norte da África, atravessando o deserto do Saara
O comércio de escravos era uma prática existente na África desde tempos remotos. No entanto, foi
apenas com a chegada dos europeus que o tráfico de pessoas tornou-se um grande negócio no con-
tinente, passando a ser o motivador de inúmeras guerras que tinham como objetivo a captura de
pessoas a serem vendidas como escravos a mercadores europeus, que os levariam ao continente
americano.
A escravidão na África pré-colonial não era a mesma que no período posterior. O escravo era integrado a uma
família e era propriedade coletiva da mesma, não estando sujeito a um único indivíduo e era também vinculado a ela,
não podendo ser vendido. Seus filhos nasciam livres e ele mantinha certa autonomia econômica e cultural, embora
fosse obrigado a pagar diversos tributos aos seus senhores.
Com o início do tráfico de escravos (conhecido também como “tráfico negreiro”), mobilizado pelos europeus,
a prática da escravidão espalhou-se por regiões onde até então esta atividade era escassa. A atração dos altos lucros
obtidos pelo comércio de seres humanos com povos europeus fez com que este se tornasse a principal fonte de
renda de muitos Estados, que passaram a concentrar seus esforços na captura e na venda de escravos. Para isso, o
investimento na força militar, com o crescimento de exércitos e a utilização de armas modernas, obtidas junto aos
colonizadores europeus, mudou a dinâmica entre os povos africanos.
Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 19
Leia o trecho e responda à pergunta a seguir:
Todos esses reinos, todas essas organizações, frequentemente instáveis, pos-suem longa história de lutas e guerras que poderiam bloquear alternativa-mente as rotas do tráfico ou, ao contrário, abrir aos negreiros novas fontes de
cativos . Em todo caso, é certo, porém, que a chegada à África das poderosas
nações europeias, bem armadas e ávidas de lucros, contribuiu para aviventar as rivalidades, alimentou as guerras tribais e sobretudo abalou fortemente es-ses conjuntos sociais e culturais, e fez desabarem certas tradições.
(Kátia de Queirós Mattoso. Ser escravo no Brasil. 3ª Ed. São Paulo: Brasiliense, 2001, pp. 27-28)
Tendo em vista o trecho anterior, justifique por que é possível afirmar que a chegada
dos europeus ocasionou uma grande mudança na organização política e social dos povos
africanos?
Cativos ávidasPrisioneiros. Que deseja algo de forma muito intensa.
Seção 4Tradições ameaçadas
Um traço comum entre as sociedades indígenas e africanas é o atual risco de desaparecimento de suas culturas
tradicionais. O contato com povos europeus, a partir do século XV, impulsionados pela expansão ultramarina, pelos
“descobrimentos” e pelo controle de territórios nas Américas e na África, significou o início de um processo de
destruição da maioria das tradições sociais, culturais e políticas existentes entre esses povos.
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Com a colonização, além do domínio dos conquistadores sobre as terras e sobre os povos nativos, passou a
ocorrer um processo de imposição cultural, em que o modelo de cultura europeia era imposto sobre os povos locais.
Nesse processo, os hábitos e costumes dos povos colonizadores passaram a ser sobrepostos a tradições locais, que
foram perdendo força gradualmente.
Em nosso mundo atual, que assumiu seu contorno essencialmente urbano, a partir da Revolução Industrial, a
existência de comunidades tradicionais é um fato cada vez mais raro e suas particularidades são vistas em geral como
sinais de atraso e “incivilidade”. No entanto, cabe a nós deixar de lado nosso olhar etnocêntrico e compreendê-las pelo
que são: nem melhores, nem piores, apenas diferentes.
Veja ainda
Filmes
� Hans Staaden. Direção: Luiz Alberto Pereira. Brasil, 2000, 92 min.
Apresenta a história de um náufrago alemão que é capturado por uma tribo tupinambá no século XVI.
Apresenta o cotidiano de uma sociedade indígena brasileira. Realizado a partir do relato real de Hans Staaden.
� Kiriku e a Feiticeira. Direção: Michel Ocelot. França/Bélgica, 2000, 71 min.
Desenho animado, premiado na Europa, que representa um mito de algumas sociedades tradicionais da África
ocidental. Nele podem ser observados valores e costumes de alguns povos africanos.
Sites
� Funai. http://www.funai.gov.br/
Site da Fundação Nacional do Índio (Funai), órgão federal responsável pela política indigenista brasileira.
� Museu do índio. http://www.museudoindio.org.br/
Site do Museu do Índio, ligado à Funai.
� Casa das Áfricas: http://www.casadasafricas.org.br/
Espaço cultural relacionado ao continente africano. Possui grande acervo de textos e imagens relacionadas à
África.
Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 21
Imagens
• Acervo pessoal • Andreia Villar
• http://commons.wikimedia.org/w/index.php?title=File:Eskimo_mother_and_child_in_furs,_Nome,_Alaska,_bust-length,_with_child_on_back,_1915_-_NARA_-_532339.tif&page=1
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Woman_walking_in_Afghanistan.jpg?uselang=pt-br
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tibetian_monks_on_a_Bir-Billing.jpg?uselang=pt-br
• http://www.sxc.hu/photo/804616
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Kutia_kondh_woman_3.jpg
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:%C3%8Dndio_patax%C3%B3.jpg
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:1981_Arnhemland_Aboriginal_Performance_on_Open_Air_Theatre.jpg. • Nambassa Trust and Peter Terry (http://www.nambassa.com)
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Kilt_Murray.jpg
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Kayan_woman_with_neck_rings.jpg
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Kayapo_3067a.JPG - http://veton.picq.fr
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Insect_food_stall.JPG
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tikal_Temple1_2006_08_11.JPG
• http://es.wikipedia.org/wiki/Archivo:Before_Machu_Picchu.jpg
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Indios_da_tribo_Tucuxi_participam_do_F%C3%B3rum_Social_Mundial_1006_FP6469.jpg?uselang=pt-br
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• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cannibals.23232.jpg
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Indigenous_brazil.jpg
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Debretberimbau.jpg
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Djingareiber_cour.jpg
• Ricardo da Costa. A expansão árabe na África e os impérios negros de Gana, Mali e Songai (sécs; VII-XVI) – segunda parte. Disponível em <http://www.casadasafricas.org.br/banco_de_textos#183>
Atividade 1
Falar em “descobrimento” do Brasil implica em etnocentrismo por se desconsiderar a
presença dos povos indígenas nas terras brasileiras. O território encontrado pelos portugueses
já era ocupado por grupos humanos. Chamar a chegada de Cabral de “descobrimento”
implica a desqualificação dos índios como sociedades que já habitavam a região.
Atividade 2
a. De acordo com o texto, por ser uma sociedade igualitária que não promove a
exploração de muitos por poucos, a sociedade indígena permite que cada fa-
mília trabalhe para produzir apenas o que necessita, sem precisar produzir para
o consumo de outros (seus patrões). Assim, com poucas horas de trabalho, já é
possível produzir o necessário, utilizando-se o restante do tempo para outras
atividades (como o lazer), e não para produzir excedente (sobras).
b. Caso houvesse desigualdade social, isso não seria possível, uma vez que famílias
teriam de produzir não só o que necessitavam para viver, mas também para o
grupo social mais alto, detentor das terras ou dos meios de produção.
Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 23
c. A autora faz essa afirmação devido ao fato de que os índios não precisavam de-
dicar sua vida ao trabalho. Trabalhavam apenas o necessário para obter sua sub-
sistência e utilizavam o resto de seu tempo no convívio social e com atividades
de lazer. Já na nossa sociedade, dita “civilizada”, precisamos dedicar a maior parte
de nosso tempo ao trabalho, tendo pouco tempo disponível para atividades que
nos dariam maior prazer.
Atividade 3
Observando o mapa, podemos ver os limites das terras indígenas no Brasil. Povos
que, no momento da chegada dos portugueses, ocupavam grandes regiões e não possuíam
um limite demarcado para suas terras, agora precisam viver dentro de terras delimitadas,
geralmente de tamanho reduzido. Ao longo dos séculos de contato com os povos que
dominaram as terras brasileiras a partir do século XVI, os povos indígenas perderam a
maior parte de suas terras e foram obrigados a viver em locais demarcados por outros.
Atividade 4
Com a chegada dos povos europeus, o tráfico de escravos torna-se a mais lucrativa
fonte de renda do comércio africano. No entanto, para se obter novos escravos que
alimentariam esse comércio, diversos Estados fortalecem seus exércitos e travam diversas
guerras, e ataques a povos que anteriormente se encontravam em paz.
Ciências Humanas e suas Tecnologias · História 25
Atividade extraVivendo a vida do seu jeito
Questão 1
A “agricultura para consumo era, no feudalismo, a atividade principal. O comércio, muito reduzido. As terras
não tinham valor de troca, de mercado, porque, geralmente, não se adquiriam terras comprando-as no mercado, mas
mediante princípios específicos da concessão dos feudos, a chamada enfeudação.
A posse da terra, para os senhores feudais, era indispensável, quer para assegurar a subsistência do feudo, quer
para manter o seu poderio, sempre dependente da obtenção de maiores parcelas de território. A terra era riqueza
decisiva, porque permitia abrigar homens, reforçar o feudo com soldados em potencial, aptos a secundar a força e o
poder dos senhores feudais. ‘Nós queremos terras’, disseram os senhores normandos recusando os presentes em jóias,
armas, cavalos ofertados pelo seu duque, e acrescentavam entre si: ‘Com as terras, será possível manter numerosos
cavaleiros e o duque não terá maior poder’.”
(SALINAS, Samuel Sérgio. Do feudalismo ao capitalismo: transições. 12 ed. São Paulo: Atual, 1994. Pp. 26 e 27.
Adaptado. (Discutindo a História)
FeudoÉ a terra entregue por um suserano ao vassalo, em troca de fidelidade e ajuda militar. Essa prática desenvolveu-se na Idade
Média, atingindo o seu apogeu nos séculos IX-X em algumas regiões da Europa. Foi a base para o estabelecimento de uma aris-
tocracia (elite) fundiária. Estabelecia laços binários de relação pessoal, instituindo o dom e o contra dom. Simplificadamente, o
dom e o contra dom significa uma troca de direitos e deveres.
a. “Na Idade Média, a principal riqueza que um homem poderia possuir era a terra”. No texto, identi-
fique dois fatores que confirmem essa afirmativa e transcreva-os no espaço a seguir:
b. Indique, a partir do texto, dois pensamentos do homem medieval acerca do conceito de riqueza, que ex-
26
plicam o fato de o comércio ter sido uma atividade econômica muito fraca durante parte da Idade Média.
Questão 2
Até hoje _ e talvez para sempre _ visitantes de todo o mundo se curvam diante dela: a Catedral de Notre Dame, em
Paris, construída a partir de 1163. No portal principal, imagens
dos temores do Homem medieval: o seu futuro no mundo do
além, onde estavam localizados inferno e paraíso. E, a partir do
século XIII, também o purgatório. Os portais das catedrais nar-
ram, em imagens, o caminho que o Homem medieval deveria
percorrer nesta vida para garantir um lugar no paraíso. Em No-
tre Dame, há espaços reservados para os “escolhidos” e para os
“condenados”. No Alto, Cristo em pessoa recebe os que foram
salvos. Sendo assim, analise a função dos portais _ verdadeiros
livros entalhados em madeira _ na vida do Homem Medieval.
Questão 3
No interior da igreja do Mosteiro de Alcobaça, o visitante vivencia a imensidão do vão central, que o conduz
por um caminho rumo ao infinito dos céus e à luz ao fim do corredor. Po-
demos concluir que uma das funções da Arte, na Idade Média, é
a. produzir uma experiência mística, como convite ao Homem
Medieval para o contato com o sagrado.
b. convidar o Homem Medieval a optar pela vida em clausura,
no Mosteiro, onde podia ler as Escrituras.
c. incentivar o estudo da Arte, pois era necessário reproduzir
monumentos por toda a Europa Ocidental.
d. revelar o poder dos reis, que incentivavam os valores das
Ordens de Monges presentes no monumento.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Notredame4.jpg (Acesso em 13/08/2013)
Fonte: catedraismedievais.blogspot.com (Acesso em 13/09/2013)
Ciências Humanas e suas Tecnologias · História 27
Questão 4
Ainda hoje a cidade de Óbidos, na Estrema-
dura, em Portugal, guarda as lembranças e os traça-
dos de sua origem Medieval. Situada no alto de uma
montanha cercada por extensa planície, preserva a
muralha que a envolve, guardando sua gente, habita-
ções, igrejas, ruas, ruelas e histórias. Conta-se que em
1282, o rei de Portugal Dom Dinis a deu de presente
a Isabel de Aragão, sua noiva espanhola. Sobre a fun-
ção das muralhas, podemos afirmar que são
a. construções pensadas somente para o prazer estético dos poderosos das cidades.
b. instrumentos de defesa contra as guerras e de formação de identidade de seus habitantes.
c. elementos de delimitação de propriedade, uma vez que suas terras careciam de cartas forais.
d. símbolos de distinção entre os objetivos comerciais da cidade e as metas de subsistência dos feudos.
Questão 5
No Museu do Prado, em Madri, na Espanha, en-
contramos este quadro do artista Hieronymus Bosch.
É um tríptico _ ou seja, é um quadro dividido em três
partes. Este exemplar revela traços
a. da arte sagrada medieval, pois as abas
laterais dos trípticos representam o Pa-
raíso e o Inferno.
b. da vida do camponês, pois observa-se
que o artista privilegia as dificuldades do cotidiano dos servos.
c. da arte popular, embora as laterais tratem de temas propostos pela Igreja, como o destino das almas.
d. do cenário das guerras, que na Idade Média marcou as disputas de senhores feudais pela posse da terra.
Fonte: www.airo.pt (Acesso em 13/09/2013)
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Jardim_das_Del%C3%ADcias_Terrenas (Acesso em 13/09/2013)
28
Questão 6
O Renascimento produziu uma determinada Memória sobre a Idade Média, considerando-a
a. o Tempo das Catedrais, pois os artistas renascentistas souberam reconhecer a beleza desses edifícios.
b. o Tempo da Peste Negra, pois o século XIV foi marcado pela doença, que exterminou parte da população.
c. o Tempo dos Mosteiros, pois esses edifícios cobriram o território europeu, de leste a oeste, de norte a sul.
d. o Tempo das Trevas, pois para os renascentistas o homem medieval nada produzira nas Artes e na Filosofia.
Questão 7
Os Humanistas tendiam a considerar como mais perfeita e expressiva a arte greco-romana, pois esse movi-
mento recuperava valores da Antiguidade que valorizavam
a. o divino e os referenciais religiosos expressos nas Escrituras.
b. o indivíduo e a autonomia do pensamento do homem.
c. o domínio dos ensinamentos da Igreja Católica.
d. o predomínio da natureza sobre o homem.
Questão 8
O movimento renascentista contribuiu para o surgimento e o fortalecimento das Monarquias Nacionais. Um
dos fatores fundamentais para centralizar o poder político real foi
a. a formação de um exército constituído de estrangeiros.
b. a obrigatoriedade do uso do latim pelo Estado Monárquico.
c. a imposição de uma língua nacional em cada Estado Monárquico.
d. a difusão de um conjunto de leis comuns a todos os Estados Monárquicos.
Ciências Humanas e suas Tecnologias · História 29
Questão 9
Durante os séculos XIV e XV, além da nobreza, as Monarquias Nacionais selaram parcerias que lhes garantiam
apoio financeiro. Esse grupo era liderado
a. pelas companhias de navegação, compostas pela nobreza feudal.
b. pelos mercadores, descobridores de terras que interessavam por suas especiarias.
c. pelas corporações de ofícios, representantes de classes que se organizaram nas cidades medievais.
d. pelos banqueiros, proprietários das casas comerciais que emitiam as cartas promissórias dadas em garantia.
30
Gabarito
Questão 1
a) O aluno deverá compreender e caracterizar que o feudo (terras) assegurava a subsistência do senhor feudal
e de seus vassalos e servos, garantindo o seu poderio pelo sistema de troca de favores, a chamada “relação de
binariedade”. Ao ser capaz de ter terras suficientes para abrigar homens, o senhor podia oferecê-las a um maior
número de gente, pedindo em troca que uns trabalhassem na terra _ os servos _ e outros garantissem a segu-
rança do feudo, os cavaleiros.
b) O aluno deverá argumentar que um dos sentidos de riqueza do homem medieval era o da terra para a sub-
sistência. Com base nessa conclusão, deverá explicar que o comércio exige uma produção excedente _ para
além da subsistência _ para poder haver a compra e a venda de produtos. Além disso, o aluno deverá observar
que a terra em si não era objeto de compra e venda, o que significa que seu valor baseava-se em outro critério,
que não o comercial. Esse critério, como bem o aluno pode observar no texto, é o da garantia de segurança e de
proteção. Vale lembrar que a Idade Média foi um período de muitas guerras.
Questão 2
O aluno deverá demonstrar a importância dos “livros de madeira” em uma sociedade em grande parte iletrada,
como a Medieval, na formação das almas e dos comportamentos sociais. Se não podiam ler em Latim ou nas
Línguas Românicas, deviam ler em imagens. A catedral, como obra da arquitetura, surge com a retomada do
crescimento da cidade medieval. Na sociedade que se urbanizava, ela surge imponente, como obra de arte,
mas também como instrumento de poder da Igreja. Ao apresentar a vida no paraíso e no inferno, controlava
os sentidos dos corpos e definia destinos das pessoas no Além. As imagens do portal exemplificam a Dança da
Morte, que permeou o Imaginário das gentes naqueles séculos.
Questão 3
A B C D
Ciências Humanas e suas Tecnologias · História 31
Questão 4
A B C D
Questão 5
A B C D
Questão 6
A B C D
Questão 7
A B C D
Questão 8
A B C D
Questão 9
A B C D