fascculo 5

4
 O maior desafio de quem se responsabiliza pela gestão do estoque é lidar com a questão das peças que estão há meses encalhadas no estoque. Para muitas autopeças, a quantidade de itens que deixam de ser consumidos chega a ser um problema crônico. Como administrar melhor, antecipadamente? Adotando uma política de promoções e descarte em função da atualidade, do preço e do valor do estoque do item. Eis algumas opções: • Ferro velho • Sites especializados na internet • Doação • Venda para outras lojas onde existe demanda para esta peça Quanto ao preço, lembre-se de que a falta de itens baratos é muito menos compreendida (e negociável) pelo cliente do que a falta de mercadorias caras. Mas privilegiar itens baratos não significa trocar itens caros por maiores quantidades de itens baratos (o que não alteraria o valor total do estoque) e, muito menos, procurar preços mais baixos em peças alternativas - o que acarretaria na perda de credibilidade perante os clientes. Para saber o saldo final do seu estoque durante o mês, bimestre ou qualquer período, aplica-se a fórmula: Saldo final = (saldo inicial + compras) – CMV (*) (*) custo líquido das mercadorias vendidas, não inclua as devoluções. Agora, veja como é possível medir o nível de eficiência do estoque, num determinado período, para gerar receita. Grau de eficiência (%) = Preço de custo das mercadorias vendidas (CMV) Valor total do seu estoque a preço de custo (*) Quanto maior o valor percentual, melhor está se gerenciando o estoque. Por exemplo, uma loja que vendeu R$ 20 mil durante um mês e tem um estoque que vale R$ 250 mil a preço de custo, usou 12,5% do seu estoque para chegar a tal faturamento. Isso quer dizer que 87,5% do seu estoque ficou parado e que o giro está sendo de 7, 8, 9 meses ou mais – uma situação nada satisfatória para a empresa. Os sistemas informatizados nas duas lojas de Rogério Carnevale, em São Paulo, estão sempre online. O empresário verifica diariamente as sugestões de compras, o estoque mínimo em função das demandas, volume, giro, curvas ABC e tudo mais que o seu sistema permite. Mas apesar de todos os relatórios e análises, o que manda na hora da compra é o bom senso e o feeling de empresário. “Se a máquina sugere que eu compre 100 peças e eu sei que ela vende muito, compro 200”, conta. Para ele, a “máquina” é seu grande aliado, mas as pessoas são as maiores responsáveis pela gestão eficaz dos estoques. Antes da compra, pessoas fazem cotações com 5 ou 6 fornecedores, o empresário decide sobre o melhor deles, o estoque das respectivas peças é contado e, só então, é feito o pedido. Os 25 mil itens das duas lojas estão projetados para atender demanda de 80 dias, e seu estoque crítico é de 15 dias. “Tenho que ficar de olhos abertos na curva ABC”, diz Carnevale. Mensalmente, é feita uma limpeza do estoque e as peças encalhadas são doadas ou vendidas. “Unimos a tecnologia ao feeling, esse é o segredo”. Seis meses. Esse é o tempo suficiente para uma peça se tornar obsoleta. Se for das mais caras, descarte-a após o primeiro mês de estoque

Upload: etokun

Post on 08-Jul-2015

37 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Fascculo 5

5/9/2018 Fascculo 5 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/fascculo-5 1/4

 

O maior desafio de quem se responsabiliza pela gestão do estoque é lidar com a questão das peças que estãohá meses encalhadas no estoque. Para muitas autopeças, a quantidade de itens que deixam de ser consumidos

chega a ser um problema crônico. Como administrar melhor, antecipadamente? Adotando uma política de

promoções e descarte em função da atualidade, do preço e do valor do estoque do item.

Eis algumas opções:

• Ferro velho

• Sites especializados na internet

• Doação

• Venda para outras lojas onde existe demanda para esta peça

Quanto ao preço, lembre-se de que a falta de itens baratos é muito menos compreendida (e negociável) pelo

cliente do que a falta de mercadorias caras. Mas privilegiar itens baratos não significa trocar itens caros por

maiores quantidades de itens baratos (o que não alteraria o valor total do estoque) e, muito menos, procurar

preços mais baixos em peças alternativas - o que acarretaria na perda de credibilidade perante os clientes.

Para saber o saldo final do seu estoque durante o mês, bimestre ou qualquer período, aplica-se a fórmula:

Saldo final = (saldo inicial + compras) – CMV (*)(*) custo líquido das mercadorias vendidas, não inclua as devoluções.

Agora, veja como é possível medir o nível de eficiência do estoque, num determinado período, para gerar receita.

Grau de eficiência (%) = Preço de custo das mercadorias vendidas (CMV)

Valor total do seu estoque a preço de custo (*)

Quanto maior o valor percentual, melhor está se gerenciando o estoque.

Por exemplo, uma loja que vendeu R$ 20 mil durante um mês e tem um estoque que vale R$ 250 mil a preço

de custo, usou 12,5% do seu estoque para chegar a tal faturamento. Isso quer dizer que 87,5% do seu estoque

ficou parado e que o giro está sendo de 7, 8, 9 meses ou mais – uma situação nada satisfatória para a empresa.

Os sistemas informatizados nas duas lojas de Rogério Carnevale, em São Paulo, estão sempre online.

O empresário verifica diariamente as sugestões de compras, o estoque mínimo em função das demandas,

volume, giro, curvas ABC e tudo mais que o seu sistema permite. Mas apesar de todos os relatórios e

análises, o que manda na hora da compra é o bom senso e o feeling de empresário. “Se a máquina sugere

que eu compre 100 peças e eu sei que ela vende muito, compro 200”, conta. Para ele, a “máquina” é seu

grande aliado, mas as pessoas são as maiores responsáveis pela gestão eficaz dos estoques. Antes da

compra, pessoas fazem cotações com 5 ou 6 fornecedores, o empresário decide sobre o melhor deles,

o estoque das respectivas peças é contado e, só então, é feito o pedido. Os 25 mil itens das duas lojas

estão projetados para atender demanda de 80 dias, e seu estoque crítico é de 15 dias. “Tenho que ficar

de olhos abertos na curva ABC”, diz Carnevale. Mensalmente, é feita uma limpeza do estoque e as peças

encalhadas são doadas ou vendidas. “Unimos a tecnologia ao feeling, esse é o segredo”.

Seis meses. Esse é o tempo suficiente

para uma peça se tornar obsoleta.

Se for das mais caras, descarte-a após o

primeiro mês de estoque

Page 2: Fascculo 5

5/9/2018 Fascculo 5 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/fascculo-5 2/4

 

Já dissemos que o estoque é o motor de uma loja de

autopeças. E também que as peças estocadas devem

ser vistas como dinheiro guardado no banco. Todo cuidado

é pouco no que diz respeito ao gerenciamento do estoque.

Do manuseio das peças ao controle de entradas e saídas,

da limpeza às informações que indicam os resultados da empresa, da localização às compras eficazes. Sabend

gerenciar o estoque, você tem meio caminho andado para a excelência na gestão dos seus negócios

Concei tualmente. . .

O estoque se forma em parte pelo excesso que não foi consumido e, em outra parte, para satisfazer uma necessidad

futura. Isso é claro para qualquer um. Mas aqueles que gerenciam o estoque precisam ter em mente que

A busca pelo estoque ideal tem como meta a menor sobra possível da demanda passada e a provisão exat

da demanda futura.

A demanda também precisa ser registrada no sistema para estar sempre presente nos relatórios gerenciais e, assim, permitir

ao empresário tomar as decisões corretamente, ou seja, comprar sempre as peças certas e em quantidade necessária.

Demanda nada mais é do que a procura certa por uma determinada peça. Ela diferencia-se de uma simple

consulta, pois certamente resulta em venda caso o item esteja no estoque. Caso contrário, vira uma venda perdida

Poucos são os empresários das autopeças que trabalham com a apuração de resultados. Também são poucos o

que têm a noção exata – seja por item, fornecedor, marca, preço, etc. – se estão tendo lucro ou prejuízo com o se

estoque. A informática é a ferramenta do gerenciamento, seja do tamanho que for o estoque. Um sistema corporativ

tem como objetivo automatizar processos, a fim de gerar informações e prover decisões corretas, mas nem semp

os empresários sabem disso. Eles precisam verificar, com a ajuda do fornecedor do seu sistema, todas as possibilidade

de gerenciamento que ele garante. Os sistemas ideais devem ser flexíveis. Além de apurar resultados e sugerir

decisões, também devem montar relatórios e facilitar a visualização geral do fluxo do seu estoque.

Comece direcionando sua atenção para a organização física do seu estoque e para o pessoal diretamente

ligado a ele (dicas sobre organização você encontra no fascículo nº 4). Escolha as pessoas mais confiáveis.

Agora, atente para os três fatores principais que comandam o gerenciamento do estoque:

• sua capacidade de atender a demanda com o estoque existente

• o giro das mercadorias

• a análise da quantidade, popularidade, freqüência, atualidade das peças e, especialmente,

da sua demanda.

Page 3: Fascculo 5

5/9/2018 Fascculo 5 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/fascculo-5 3/4

 

Esses tópicos, no entanto, não devem ser ignorados pois podem

se tornar demandas. Por exemplo, uma peça que periodicamente

é encomendada passa a ser incluída nas compras regulares.

Da mesma forma, vendas perdidas por preço precisam de uma

revisão em seus valores para se tornarem demandas.

A demanda armazenada no banco de dados – aquela que se concretizou (houve a venda) ou que teria sido

realizada caso houvesse disponibilidade de estoque – deve conter data, código do item, quantidade, origem e

mercado (a quem se destina). Lembre-se sempre de incluir os atendimentos no balcão e feitos ao telefone.

Geralmente, não se registra como demanda...

Você sabe quanto vale o estoque de sua loja?

Há uma série de fórmulas para custear o estoque. A mais simples e usual é o custo médio – unitário ou geral.

A primeira opção é mais precisa e possibilita compreender melhor a rentabilidade por item. Outras fórmulas

baseiam-se na sucessão de entradas e saídas de mercadorias, o que requer um estoque bem afinado.

• Unitário: apure todo o valor que foi pago por determinado item, ou grupo de itens, e divida pela quantidade existente no estoque.

• Geral: apure todo o valor que foi pago por todas as peças do estoque e divida pela quantidade total de itens existentes.

Seja como for, é preciso que você tenha dados sempre precisos. Qualquer indicador somente funcionará

quando o estoque estiver com pelo menos 95% de acerto todo mês.

Você conhece a teoria dos 80/20, aquela que diz que 80% dos resultados obtidos por uma população advêm de

apenas 20% dela, e que os outros 20% dos resultados provêm de 80% das pessoas? Essa teoria pode ser

revertida à realidade do estoque das autopeças por meio da conhecida classificação das curvas ABC. Seu objetivo

é analisar e evidenciar em quais produtos e peças o empresário deve investir mais.

A 10% 70%

B 20% 20%

C 70% 10%

(*) Esses valores podem se referir tanto ao custo 

das peças em estoque, quanto à margem de 

contribuição (resultados) e até mesmo ao giro 

das mercadorias: 

Itens(quantidade em estoque)Curva Valores (*)

• Simples consultas

• Venda perdida por preço

• Pedido de encomenda

• Itens com grande disponibilidade em estoque

• O ponto certo do estoque é quando ele tem a quantidade mínima e suficiente para atender a demanda

até o momento em que chegue a próxima compra.

• Compre apenas os itens necessários, dê preferência aos que giram mais e deixe as peças de menor

giro para as encomendas.

• Compre com mais freqüência para ter valores menores a serem pagos, assim, evita-se que estoure

o caixa da empresa.

Page 4: Fascculo 5

5/9/2018 Fascculo 5 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/fascculo-5 4/4

 

• caso refira-se a custo, os 10% (quantidade) correspondem a 70% do custo total do estoque;

• caso refira-se a margem, os 10% (quantidade) correspondem a 70% da margem de contribuição total;

• caso refira-se a giro, os 10% (quantidade) correspondem a 70% do total do giro do estoque.

Se analisarmos a tabela pela margem de contribuição das peças (aquela que cobre despesas fixas), os iten

classificados dentro da curva A fazem a empresa atingir mais rapidamente os resultados esperados, ou seja

estão considerados dentro do grupo de peças mais relevantes. Nem sempre esse grupo tem o maior volume d

itens vendidos ou o maior giro, mas seu preço determina sua importância. As peças da curva B representam um

equilíbrio entre quantidade vendida e resultado financeiro. Já a curva C indica um grupo de peças menos importantque, apesar de vender mais ou ter maior quantidade, pouco representa nos resultados financeiros da empresa

Lembre-se sempre que os itens mais relevantes, os da curva A, devem ter a menor quantidade no estoque (para atender a

pequenos períodos) e o também o menor mark up. Quanto mais tempo uma peça fica parada, mais custo agregado recai sobre

ela e o seu mark up sobe. E quem acaba perdendo é você.

Giro é a velocidade com que o estoque é movimentado

pelas vendas. Seu principal objetivo dentro da gestãode estoques é que seja maximizado .

A maximização do giro se dá pelo aumento da venda e pela

redução dos níveis de estoque, o que depende de uma corretagestão do estoque e de um planejamento de compras eficaz.

Observe sempre a demanda real para originar a compra. Compre apenas aquilo que sai no menor tempo possíve

Para ter uma noção mais exata da quantidade de vezes que o seu estoque está girando, é necessário fazer um

cálculo global e outro individual das peças. Uma fórmula que determina o giro mensal do estoque é

G = Valor do estoque a preço de custo x 30Custo da Mercadoria Vendida (*)

(*) CMV, a preço de custo.

Por exemplo, um estoque vale R$ 300.000 a preço de custo. No mês de novembro vendeu-se R$ 60.000 a preçde custo. Então, aplicando a fórmula, o giro do estoque é de 150 dias, ou 5 meses.

Esta fórmula é flexível e pode servir para encontrar o giro no período que for preciso. Para isso, basta substitu

o 30 da fórmula pela quantidade de dias que se deseja saber e usar os valores referentes ao mesmo período

De uma forma genérica, para as lojas especializadas em certas marcas ou produtos, o giro global d

estoque não deve ultrapassar os 30 dias; já para as multimarcas, o ideal é que o giro global não ultrapasse

4 ou 5 meses (ou seja, que suas mercadorias girem em torno de 3 a 4 vezes ao ano

O giro tem uma relação direta entre o valor da venda e o valor do estoque. Se um item de maior valor de vend

(curva A) tem a menor quantidade em estoque, significa que as peças dentro desse item não podem ter descont

e jamais faltar. Inversamente, as peças de menor valor de venda e com maior estoque (curva C), precisam d

descontos especiais para reduzir o excesso de estoque e, portanto, não devem ser compradas. Veja a relação

(extraído do livro “Como transformar peças de reposição em dinheiro na mão”, de Fernando Gayotto Rolim

Alto Baixo Pedido normal -Médio Equilibrado - -Baixo Alto Bloqueio Promoção

- Falta Imediata -

Sem giro Obsoleto Bloqueio Descarte

Giro Estoque Compra Venda