farmácia moreno - repositório aberto · farmácia moreno mariana ferreira fonseca . relatório de...

125
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca i Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca

Upload: others

Post on 17-Oct-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca i

Farmácia Moreno

Mariana Ferreira Fonseca

Page 2: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca ii

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Moreno

maio de 2018 a agosto de 2018

Mariana Ferreira Fonseca

Orientador: João Alexandre Almeida

Tutor FFUP: Maria da Glória Correia da Silva Queiroz

Setembro 2018

Page 3: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca iii

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso

ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações,

ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se

devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de

referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e autoplágio constitui um ilícito

académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 26 de setembro de 2018

Mariana Ferreira Fonseca

Page 4: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca iv

Agradecimentos

Chegando ao fim desta etapa não posso deixar de agradecer a todos os professores,

funcionários e estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, por terem feito

destes 5 anos um caminho de crescimento não só profissional, mas acima de tudo pessoal.

Agradeço profundamente à Farmácia Moreno, nomeadamente, ao Dr. João Almeida por

me ter dado, não só a possibilidade de estagiar na sua farmácia, mas também por toda a

disponibilidade que demonstrou em ensinar-me, ao longo destes 3 meses. A toda a equipa da

Farmácia Moreno, agradeço todos os ensinamentos e por terem sido o melhor exemplo de espírito

de equipa, dinamismo, consciência social, e profissionalismo que poderia ter tido. Agradeço

ainda, de forma especial, à Dra. Cátia Moreira por tudo o que me ensinou, por toda a paciência e

por todo o empenho, disponibilidade e preocupação ao longo deste processo. Ao Dr. José Carlos

Santos, à Dra. Filipa Araújo, à Sofia, à Dra. Rita Pinto e à Dra. Ana Rita, agradeço por me

transmitirem a vontade de querer saber sempre mais e tentar fazer sempre melhor, o espírito de

alegria com que contagiam quem passa pela Farmácia Moreno e todo o apoio prestado nestes

meus primeiros passos como farmacêutica. A convivência com cada um ao longo destes 3 meses

fez de mim uma melhor farmacêutica e sem dúvida uma melhor pessoa.

Agradeço ainda à Comissão de Estágios, em especial à Professora Doutora Glória Queiroz

por toda a disponibilidade e por toda a ajuda ao longo deste processo.

Por fim, agradeço à minha família, namorado e amigos por terem feito este percurso

possível, e por toda a paciência e apoio que me deram. Aos amigos que fiz na Faculdade de

Farmácia da Universidade do Porto agradeço por terem feito destes 5 anos inesquecíveis e por me

terem ajudado a crescer com todos os momentos, medos, apontamentos, lágrimas e sorrisos

partilhados.

Page 5: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca v

Resumo

O estágio em farmácia comunitária é a última etapa do Mestrado Integrado em Ciências

Farmacêuticas. É uma etapa indispensável para o seu término pois permite a consolidação dos

conhecimentos adquiridos ao longo do curso, e permite ainda adquirir todas as competências que

dizem respeito ao aconselhamento sobre o uso dos medicamentos, ao apoio e comunicação com

os utentes e à contribuição para a melhoria da saúde pública. A farmácia, além de um local de

saúde, é uma atividade comercial. O farmacêutico, além de respeitar os valores éticos e morais da

profissão, deve ter a capacidade de fazer com que a farmácia seja um negócio sustentável e

rentável do ponto de vista financeiro. O estágio foi, por isso, importante para adquirir outro tipo

de competências que não adquiri durante o percurso académico como a gestão, a logística e a

legislação.

O presente relatório retrata as atividades desenvolvidas durante o meu Estágio Curricular

em Farmácia Comunitária. Este decorreu na Farmácia Moreno e teve a duração de 3 meses. O

relatório encontra-se dividido em duas partes.

A primeira parte do relatório é dedicada ao enquadramento legal das farmácias, à

descrição das atividades desenvolvidas por mim durante o estágio, à gestão e logística da FM e

ao tipo de produtos e serviços que esta disponibiliza.

A segunda parte diz respeito aos temas que considerei relevante abordar durante o estágio:

a proteção solar e as picadas de insetos nas crianças, a higiene do sono, e a doença venosa crónica

e a doença hemorroidária.

Page 6: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca vi

Índice

Agradecimentos ............................................................................................................................ iv

Resumo .......................................................................................................................................... v

Índice de Abreviaturas ................................................................................................................. ix

Índice de Tabelas ........................................................................................................................... x

PARTE A – Descrição das atividades desenvolvidas no estágio .................................................. 1

1. Introdução.................................................................................................................................. 1

2. Farmácia Moreno ...................................................................................................................... 2

2.1. Localização e horário de funcionamento ............................................................................ 2

2.2. Recursos humanos .............................................................................................................. 2

2.3. Perfil do utente ................................................................................................................... 2

2.4. Espaço físico e equipamentos ............................................................................................. 2

3. Fontes de informação ................................................................................................................ 4

4. Gestão em farmácia comunitária ............................................................................................... 4

4.1. Kaizen................................................................................................................................. 4

4.2. Sistema Informático ........................................................................................................... 5

4.3. Grupo de compras .............................................................................................................. 5

4.4. Gestão de stocks ................................................................................................................. 5

4.5. Fornecedores e realização de encomendas ......................................................................... 6

4.5.1. Encomenda a distribuidores grossistas ........................................................................ 6

4.5.2. Encomenda a laboratórios ........................................................................................... 7

4.6. Receção de encomendas ..................................................................................................... 7

4.7. Marcação de preços ............................................................................................................ 8

4.8. Armazenamento ................................................................................................................. 8

4.9. Controlo de validades ......................................................................................................... 9

4.10. Devoluções ..................................................................................................................... 10

5. Dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos ............................................................ 10

5.1. Medicamentos sujeitos a receita médica .......................................................................... 11

5.1.1. Prescrições médicas ................................................................................................... 11

5.1.2. Dispensa de psicotrópicos e estupefacientes ............................................................. 12

5.1.3. Sistema de preços de referência ................................................................................ 12

5.2. Sistema de comparticipação ............................................................................................. 13

5.3. Conferência de receituário e faturação ............................................................................. 14

5.4. Medicamentos não sujeitos a receita médica .................................................................... 14

Page 7: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca vii

5.5. Outros produtos de saúde ................................................................................................. 15

5.5.1. Medicamentos de uso veterinário .............................................................................. 15

5.5.2. Dispositivos médicos ................................................................................................. 15

5.5.3. Produtos cosméticos e higiene corporal .................................................................... 16

5.5.4. Produtos fitoterápicos ................................................................................................ 16

5.5.5. Suplementos alimentares ........................................................................................... 17

5.5.6. Medicamentos homeopáticos .................................................................................... 17

5.5.7. Artigos de puericultura .............................................................................................. 17

6. Serviços adicionais .................................................................................................................. 18

6.1. Medição de parâmetros biológicos .................................................................................. 18

6.1.1. Medição da pressão arterial ....................................................................................... 18

6.1.2. Medição da glicémia ................................................................................................. 19

6.1.3. Determinação do perfil lipídico ................................................................................. 19

6.2. VALORMED ................................................................................................................... 20

6.3. Programa de Troca de Seringas ........................................................................................ 20

6.4. Promoção e educação para a saúde .................................................................................. 20

7. Farmacovigilância ................................................................................................................... 21

8. Formação complementar ......................................................................................................... 21

PARTE B – Projetos desenvolvidos durante o estágio ............................................................... 22

1. Projeto I – Proteção solar e picadas de insetos em crianças .................................................... 22

1.1. Proteção solar ................................................................................................................... 22

1.1.1. Radiação solar e índice ultravioleta ........................................................................... 22

1.1.2. Danos da radiação UV na pele e fotótipos de pele .................................................... 23

1.1.3. Fotoenvelhecimento .................................................................................................. 24

1.1.4. Radiação UV e risco de cancro ................................................................................. 24

1.1.5. Proteção solar e outras medidas preventivas ............................................................. 25

1.1.6. Tratamento das queimaduras solares ......................................................................... 25

1.2. Picadas de insetos ............................................................................................................. 26

1.3. Motivação e objetivos ...................................................................................................... 26

1.4. Concretização ................................................................................................................... 27

2. Projeto II – Higiene do sono.................................................................................................... 27

2.1.1. Ciclo do sono ............................................................................................................. 28

2.1.2. Regulação do sono .................................................................................................... 28

2.1.3. Padrões de sono segundo a idade .............................................................................. 29

Page 8: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca viii

2.1.4. Diferenças entre géneros ........................................................................................... 29

2.1.5. Efeitos da privação de sono ....................................................................................... 30

2.1.6. Insónia e as suas causas ............................................................................................. 30

2.1.7. Higiene do sono ......................................................................................................... 31

2.1.8. Terapia farmacológica ............................................................................................... 32

2.2. Motivação e objetivos ...................................................................................................... 34

2.3. Concretização ................................................................................................................... 34

2.4. Resultados ........................................................................................................................ 35

2.5. Conclusão ......................................................................................................................... 36

3. Projeto III – Doença venosa e doença hemorroidária ............................................................. 36

3.1. Doença venosa .................................................................................................................. 36

3.1.1. Fatores de risco.......................................................................................................... 37

3.1.2. Classificação.............................................................................................................. 37

3.1.3. Tratamento ................................................................................................................ 37

3.2. Doença hemorroidária ...................................................................................................... 39

3.2.1. Tratamento ................................................................................................................ 40

3.3. Motivação e objetivos ...................................................................................................... 40

3.4. Concretização ................................................................................................................... 41

Conclusão .................................................................................................................................... 41

Referências bibliográficas ........................................................................................................... 43

Anexos......................................................................................................................................... 50

Page 9: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca ix

Lista de Abreviaturas

AIM – Autorização de Introdução no Mercado

ANF – Associação Nacional de Farmácias

ARS – Administração Regional de Saúde

BDZ - Benzodiazepinas

BPF – Boas Práticas Farmacêuticas

CCF – Centro de Conferência de Faturas

CNP – Código Nacional do Produto

DCI – Denominação Comum Internacional

DPOC – Doença Pulmunar Ostrutiva Crónica

DVC – Doença Venosa Crónica

FEFO – First Expired First Out

FIFO – First In First Out

FM – Farmácia Moreno

ICSD – International Classification of Sleep Disorders

INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde

IUV – Índice Ultravioleta

IVA – Imposto sobre Valor Acrescido

MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica

NREM – Non Rapid Eye Movement

PA – Pressão Arterial

PF – Preço de Faturação

PIC – Preço Inscrito na Cartonagem

PVP – Preço Venda ao Público

REM – Rapid Eye Movement

SGQ – Sistema de Gestão de Qualidade

SNS – Serviço Nacional de Saúde

SPACV – Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular

UV – Ultravioleta

Page 10: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca x

Índice de Tabelas

Tabela 1: Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio…………………...……1

Tabela 2: Formações frequentadas durante o de estágio……………………………...…………21

Tabela 3: Índice Ultravioleta……………………………………………………………………23

Tabela 4: Descrição dos diferentes fototipos de pele………………...…………………………23

Page 11: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 1

PARTE A – Descrição das atividades desenvolvidas no estágio

1. Introdução

Dada a sua ampla cobertura geográfica, com mais de 2.900 farmácias em Portugal [1], a

atividade farmacêutica tem-se centrado cada vez mais no cidadão. As farmácias são por isso

entidades essenciais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) assegurando a acessibilidade ao

medicamento, a equidade na prestação de serviços de saúde de qualidade a todos os cidadãos e

têm ainda um papel chave na promoção do uso responsável do medicamento. Esta proximidade

ao cidadão faz com que o farmacêutico comunitário tenha uma posição privilegiada para poder

contribuir em áreas como a gestão da terapêutica, administração de medicamentos, determinação

de parâmetros, identificação de pessoas em risco, deteção precoce de diversas doenças e

promoção de estilos de vida mais saudáveis [2]. Torna-se assim indispensável que todos os

estudantes de Ciências Farmacêuticas passem pela experiência de estagiar numa farmácia

comunitária antes de terminar o ciclo de estudos para que se tornem também eles próximos

daquele que é o principal foco da profissão, a população.

Escolhi fazer o meu estágio na Farmácia Moreno (FM), pelo feedback de colegas que lá

realizaram o estágio e que enalteceram a excelente organização e funcionamento interno, o

envolvimento com a comunidade e o cuidado em garantir que os estagiários aprendam.

O estágio teve a duração de 3 meses com o total de 37,5 horas semanais. O cronograma das

atividades desenvolvidas por mim durante o estágio encontra-se representado na Tabela 1.

Tabela 1 – Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio.

Atividades Maio Junho Julho Agosto

Gestão em farmácia

Serviços farmacêuticos

Atendimento

Formações

Projeto I

Projeto II

Projeto III

Page 12: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 2

2.Farmácia Moreno

2.1. Localização e horário de funcionamento

A FM localiza-se no largo de S. Domingos, nº44, no Porto, desde o seu ano de abertura,

em 1804. É a segunda farmácia mais antiga do Porto, tendo deste ponto de vista, uma importância

histórica para a cidade. Estando localizada no centro histórico do Porto usufrui de uma atmosfera

turística com uma pluralidade comercial e de serviços. É também um local com boa

acessibilidade, tanto de transporte públicos como privados, devido à proximidade de transportes

públicos e da estação de comboios.

Encontra-se em funcionamento todos os dias da semana, exceto aos feriados, com um

horário das 9 h às 21 h. Efetua ainda serviços permanentes de acordo com a escala emitida pela

Associação Nacional das Farmácias (ANF) e a Administração Regional de Saúde (ARS), estando

a farmácia em funcionamento desde a hora de abertura até à hora de fecho do dia seguinte.

Ficou desde logo acordado que o meu horário seria das 10 h às 18:30 h com uma hora de

almoço das 13 h às 14 h.

2.2. Recursos humanos

A Direção Técnica está a cargo do Dr. João Almeida, que tem como funções coordenar e

dirigir a equipa, planear a atividade da farmácia e assegurar a implementação do Sistema de

Gestão da Qualidade (SGQ). A equipa conta ainda com 5 farmacêuticos e 1 técnica de farmácia.

É uma equipa jovem e dinâmica, que procura promover a saúde da comunidade e que está atenta

à sua responsabilidade social, desenvolvendo inúmeras atividades dentro e fora da farmácia de

cariz social e de promoção da educação para a saúde. Juntos desenvolvem um trabalho de equipa

que assenta na organização, na entreajuda e na comunicação e cujo principal objetivo é oferecer

um serviço de qualidade a todos os utentes.

2.3. Perfil do utente

Devido à sua localização no centro histórico do Porto e ao crescimento exponencial do

turismo na cidade, o perfil dos utentes divide-se em 2 grandes grupos, o grupo dos turistas que é

um grupo bastante heterogéneo de diferentes faixas etárias, nacionalidades e necessidades, e o

grupo dos residentes locais que se caracteriza por uma idade mais avançada, polimedicados e que

recorrem a medicação crónica para as patologias mais comuns, como hipertensão, dislipidemias

ou diabetes. Outro grupo de utentes é o dos trabalhadores/ comerciantes da zona que recorrem à

farmácia para situações pontuais.

2.4. Espaço físico e equipamentos

A FM mantem a fachada do início do século XIX que é considerada um marco arquitetónico

da cidade (Anexo I). A parte exterior possui 2 montras usadas para divulgar alguns produtos,

Page 13: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 3

normalmente, relacionados com a época do ano ou com as campanhas promocionais a decorrer.

A farmácia está devidamente identificada com o vocábulo “farmácia” em diferentes idiomas e

com o símbolo “cruz verde”, tem visível a identificação da direção técnica, o horário de

funcionamento, serviços prestados e respetivos preços e as farmácias em regime de serviço

permanente, respeitando assim a legislação em vigor [3,4]. A FM cumpre ainda as Boas Práticas

Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária (BPF) no que diz respeito à acessibilidade para todos

os utentes [5].

O espaço interno encontra-se dividido em 4 pisos e possui instalações que garantem não só a

segurança dos medicamentos, como também, a acessibilidade e privacidade dos utentes, seguindo

assim as especificações da legislação em vigor e do manual de BPF [3-5].

No piso 0 encontra-se a área de atendimento que dispõe de 4 balcões individualizados, que

permitem um atendimento mais personalizado e reservado, com lineares do lado do balcão e do

lado do público, utilizados para a exposição de produtos cosméticos, de puericultura, suplementos

alimentares, medicamentos para uso veterinário, produtos de higiene oral, Medicamentos Não

Sujeitos a Receita Médica (MNSRM), dispositivos médicos, entre outros; a zona de receção de

encomendas, onde além da receção e gestão de encomendas se efetua a gestão das reservas; o

armazém da medicação que contém também um frigorífico para os medicamentos do frio e o

gabinete de atendimento personalizado onde se efetua a determinação de parâmetros bioquímicos

e a prestação de serviços de primeiros socorros.

O piso 1 dispõe de um armazém de excedentes de produtos, um laboratório, o museu

“Memórias da Pharmácia” e 2 gabinetes destinados a consultas de osteopatia, podologia e

nutrição.

O museu “Memórias da Pharmácia” permite dar a conhecer não só os 200 anos de história da

FM, mas também a história da farmácia em Portugal. Nele estão presentes máquinas antigas para

a produção de comprimidos e fecho de frascos de xaropes, cartazes comerciais da época, cadernos

com “fichas técnicas” dos medicamentos produzidos, nomeadamente do Doce Alívio®, do qual,

ainda hoje, a farmácia detém a Autorização de Introdução no Mercado (AIM). O museu está

disponível para visitas guiadas desde que estas sejam atempadamente marcadas.

O piso 2 é destinado aos gabinetes da administração e gestão, e também a um armazém onde

é armazenado o material publicitário usado nas campanhas e nas montras. No piso 3 localiza-se

outro dos gabinetes de administração e gestão e ainda a sala de convívio e alimentação. Por fim,

no piso 4 encontra-se a sala de reuniões. Todos os pisos, à exceção do 0, dispõem de instalações

sanitárias.

Page 14: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 4

3. Fontes de informação

A FM dispõe de uma biblioteca atualizada onde se encontram a Farmacopeia Portuguesa e o

Prontuário Terapêutico, tendo este também uma versão online atualizada, seguindo assim as

orientações do BPF e da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde

(INFARMED) [5,6]. Além destes, possuí ainda fontes de informação de carácter opcional, como

o Formulário Galénico Português, Índex Merck, entre outros. Contudo, dado o fácil e rápido

acesso à informação, o Sifarma 2000® é a fonte informativa mais utilizada na farmácia quando

surge a necessidade de obter informação acerca das indicações terapêuticas, posologias e

contraindicações de um medicamento. Por vezes também se recorre ao resumo das características

do medicamento e ao Infomed, uma base de dados de medicamentos online criada pelo

INFARMED.

4. Gestão em farmácia comunitária

A gestão assume-se como fundamental em qualquer atividade comercial, de forma a

assegurar a estabilidade e sustentabilidade do negócio. Numa farmácia o desafio é ainda maior

devido à componente ética que lhe está associada, uma vez que contempla a componente

comercial, que é fundamental para a sua sobrevivência, e a de saúde pública, que é de máxima

responsabilidade.

4.1. Kaizen

A FM tem implementado um sistema de gestão Kaizen, um conceito japonês que significa

melhoria contínua. Estas melhorias são feitas em pequena escala e por todos os elementos da

equipa resultando, quando feitas com regularidade, em melhorias com grande impacto ao nível

da produtividade, da eficácia, da segurança e da redução de desperdício.

No “quadro Kaizen”, que se encontra no Backoffice, estão as tarefas atribuídas a cada

elemento da equipa, o estado de desenvolvimento da mesma, a missão do mês, os objetivos

mensais, um calendário do mês corrente com as atividades programadas e as reuniões e há ainda

um espaço disponível para divulgar diversas informações e para apresentar sugestões. A filosofia

Kaizen está também presente na organização do espaço da farmácia, estando cada zona

devidamente delineada e identificada, o que permite uma maior acessibilidade, organização e, por

conseguinte, rentabilização do tempo. Regularmente a equipa reúne-se junto do “quadro Kaizen”

e um coordenador, que é rotativo, informa a equipa do ponto de situação em relação aos objetivos

e às tarefas, é também um momento para transmitir informações importantes relacionadas com a

farmácia, fazer sugestões de projetos e resolver problemas em conjunto.

Foi a primeira vez que estive em contacto com este tipo de sistema e considero uma mais

valia para a farmácia, uma vez que melhora a comunicação interna, mantém a organização o que

Page 15: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 5

permite poupar recursos e rentabilizar o tempo, torna a resolução de problemas mais rápida e

eficiente, assim como, garante o envolvimento e motivação de todos os intervenientes na melhoria

contínua da farmácia e do serviço prestado.

4.2. Sistema Informático

A FM utiliza como software o Sifarma 2000® em todos os seus computadores. É uma

ferramenta essencial para a gestão da farmácia, uma vez que, possibilita a gestão do produto desde

a sua entrada na farmácia até à sua saída, permitindo o controlo dos stocks e a gestão dos prazos

de validade. Tem também um papel muito importante na otimização do atendimento dada a

possibilidade de leitura de receitas médicas eletrónicas, de permitir o acompanhamento dos

utentes através do registo do seu histórico e disponibilizar um acesso rápido a toda a informação

sobre os medicamentos, como a indicação terapêutica, posologia, contraindicações, interações

medicamentosas e efeitos adversos possíveis, auxiliando muitas vezes o farmacêutico no ato da

dispensa.

4.3. Grupo de compras

A FM está integrada num grupo de compras o que lhe possibilita a negociação mais

eficiente e eficaz com laboratórios farmacêuticos e distribuidores grossistas obtendo vantagens

comerciais que são fundamentais para a rentabilização das despesas, o que garante a

sustentabilidade económica da farmácia.

4.4. Gestão de stocks

A gestão de stocks é essencial para garantir a sustentabilidade da farmácia e deve garantir

níveis de stocks mínimos necessários que respondam à procura dos utentes, ao mesmo tempo que

deve evitar desperdícios. Se por um lado um stock elevado diminui o risco de esgotamento e

aumenta a probabilidade de satisfazer o cliente e assim diminuir o risco de perda de fidelização,

por outro, dificulta o controlo do stock, aumenta o risco de desperdícios e gastos com o

processamento de devoluções e abates. Há alguns fatores externos que devem ser tidos em conta

no processo de gestão do stock, nomeadamente, a sazonalidade, a existência de campanhas

promocionais, o público-alvo, a existência de bonificações e condições de pagamento e as normas

impostas pela legislação (necessidade de ter em stock, no mínimo, 3 medicamentos de cada grupo

homogéneo de entre os cinco medicamentos de preço de venda ao público (PVP) mais baixo) [7].

O Sifarma 2000® tem um papel muito importante uma vez que permite o registo de todos

os movimentos de um produto, desde a sua encomenda até à sua dispensa. No sistema é ainda

possível estabelecer um stock máximo e mínimo para cada produto, desta forma, no momento de

efetuar a encomenda, o sistema informa quais os produtos que atingiram o stock mínimo e que

são necessários encomendar para repor o stock.

Page 16: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 6

Apesar deste cuidado com a gestão de stocks, por vezes, podem surgir situações em que

o stock físico não corresponde ao stock informático, nestas situações é necessário conferir o

inventário e tentar encontrar o erro, registando depois num impresso que se encontra na farmácia

para esse efeito, para que o stock seja depois corrigido. Os erros podem ser devidos a falhas ao

nível da receção de encomendas, erros na etiquetagem, roubos ou perdas. Para que estes erros

não ocorram com frequência é necessário manter a organização e o cuidado de toda a equipa

desde a encomenda até à dispensa, ter atenção aos produtos que estão no linear de forma a evitar

roubos e deve ainda realizar-se inventários periodicamente.

4.5. Fornecedores e realização de encomendas

4.5.1. Encomenda a distribuidores grossistas

A FM, tal como a maioria das farmácias, trabalha maioritariamente com armazenistas de

distribuição grossistas, nomeadamente a Alliance Healthcare, a Botelho e a Plural. O facto de

trabalhar com mais do que um distribuidor permite diminuir a possibilidade de rutura de stock e

gerir as encomendas de forma a conseguir os produtos ao melhor preço disponível entre os

fornecedores.

Ter um distribuidor principal é vantajoso na mediada em que permite o acesso a produtos

condicionados, diminuindo a possibilidade de rutura, um peso negocial diferenciado e garante

uma resposta mais rápida, uma vez que pode aumentar o número de entregas à farmácia e até

mesmo a disponibilidade de produtos.

Na FM são efetuados 3 tipos de encomendas, as diárias informatizadas, as instantâneas e

manuais. As diárias informatizadas são efetuadas com base nos stocks máximos e mínimos que

foram previamente introduzidos na ficha do produto no Sifarma 2000®, desta forma, o sistema

informático gera uma proposta de encomenda que contém todos os produtos que atingiram o

ponto de encomenda. Esta proposta de encomenda é depois analisada pelo farmacêutico

responsável que pode retirar produtos, adicionar outros e alterar a quantidade a pedir, sendo

depois enviada ao respetivo fornecedor. As encomendas instantâneas são feitas durante o

atendimento, quando o cliente solicita um produto que não consta no stock da farmácia naquele

momento. São realizadas informaticamente, sendo possível escolher o fornecedor, verificar a

disponibilidade, o preço e a hora prevista de chegada à farmácia.

O Projeto Via Verde consiste num tipo especial de encomenda instantânea que é gerada

para a aquisição de certos medicamentos (Spiriva®, Symbicort®, Atrovent®, Lovenox®, etc.).

Nestas situações é necessário associar à encomenda um número de receita válida, a encomenda

será então feita com maior rapidez pois provém de um stock destinado a satisfazer as necessidades

das farmácias neste tipo de medicamentos. As encomendas podem ainda ser feitas de forma

manual, por telefone, de forma a obter produtos que não aparecem disponíveis no sistema

Page 17: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 7

informático. Estas encomendas não ficam registadas no Sifarma 2000® e por isso têm que ser

criadas manualmente.

Durante o meu estágio na FM foi-me dada a oportunidade de efetuar encomendas

instantâneas e manuais, as encomendas diárias, dada a sua complexidade, eram elaboradas pelos

farmacêuticos responsáveis por essa tarefa.

4.5.2. Encomenda a laboratórios

Algumas encomendas são feitas diretamente ao fabricante, sendo mais frequente no caso

de produtos de dermocosmética, dispositivos médicos, produtos de puericultura, entre outros.

Nestes casos as encomendas são feitas via e-mail ou após uma reunião com o delegado comercial.

Nestas reuniões, o farmacêutico responsável pela encomenda e o delegado comercial, através da

análise de mapas de vendas da farmácia elaboram uma nota de encomenda que deve ser conferida

no momento da receção da encomenda.

Estas encomendas têm a vantagem de não incluírem uma margem de lucro para o

distribuidor, além disso, muitas vezes têm condições comerciais mais favoráveis uma vez que são

encomendadas grandes quantidades. Têm a desvantagem de ter um tempo de entrega mais longo

que a praticada pelos distribuidores grossistas.

4.6. Receção de encomendas

As encomendas são entregues nos contentores próprios, numerados, devidamente

identificados com o nome da farmácia e acompanhados de uma fatura em duplicado. Os produtos

que necessitam de refrigeração são transportados em contentores térmicos, para assegurar a

manutenção da cadeia de frio, e são ainda identificados com a designação “Medicamentos de

frio”, de forma a serem os primeiros a ser retirados do contentor para serem colocados no

frigorífico na divisão de “em espera”.

A receção de encomendas é feita no separador “Receção de Encomendas”, do Sifarma

2000®, onde estão todas as encomendas efetuadas ou pendentes, tendo cada uma o nome do

distribuidor e um número de identificação pelo qual é escolhida.

No caso das encomendas diárias ou instantâneas da Alliance a entrada é automática, ou seja,

o sistema origina uma listagem dos produtos através da qual se procede à confirmação da

encomenda. Deve-se conferir a quantidade dos produtos enviados, a validade e se o Preço Inscrito

na Cartonagem (PIC) corresponde ao Preço de Venda ao Público (PVP) e, ainda, a existência ou

não de descontos ou bonificações. Quando o PIC é diferente do PVP, e caso não exista mais

nenhuma embalagem na farmácia, atualiza-se o preço no sistema. Quando existe mais alguma

embalagem em stock coloca-se um elástico na embalagem nova para distinguir das que ainda têm

o preço antigo. Nos produtos sem PIC deve-se, ainda, verificar a margem e ajustar se necessário.

Page 18: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 8

Os produtos esgotados são transferidos para serem novamente encomendados. Sempre que

na encomenda venha um medicamento psicotrópico, este é o primeiro a ser conferido para ser

guardado de imediato no armário de estupefacientes e psicotrópicos.

As encomendas manuais e as encomendas feitas à empresa Botelho têm uma entrada manual.

Primeiro, verifica-se se na mesma fatura existe mais do que uma encomenda, caso exista devem

ser agrupadas sendo depois inserido o número da fatura e o respetivo valor total. Os produtos são

depois inseridos um a um através do Código Nacional do Produto (CNP) ou da leitura do código

de barras, confere-se o número de embalagens recebido, a validade do produto, o PIC se tiver e a

margem se não tiver PIC. Depois de aprovada a encomenda, a fatura deve ser assinada e guardada

no respetivo local pela pessoa que lhe deu entrada. Para os produtos de venda livre que não

possuem PIC, uma vez que o PVP é definido pela farmácia, procede-se à impressão de etiquetas

que são coladas nos produtos de forma a não ocultar o prazo de validade, o lote ou outras

informações relevantes.

Quando as encomendas apresentam inconformidades o fornecedor é contactado e define-se a

forma de reembolsar a farmácia. O fornecedor, a inconformidade, a forma de reembolso e a data

são depois registadas numa ficha para o efeito.

A receção de encomendas foi uma das primeiras tarefas que executei na FM, tendo-me

permitido familiarizar com o sistema informático e contactar com os produtos que diariamente

chegam à farmácia. Além de que se trata de uma tarefa de extrema importância para a organização

e funcionamento da farmácia.

4.7. Marcação de preços

Após a receção da encomenda é necessário e obrigatório por lei proceder à marcação de

preços, indicando o PVP na rotulagem dos medicamentos [8]. É da competência do INFARMED,

a regulamentação das margens de comercialização sobre os produtos sujeitos a receita médica

[9,10]. No caso dos medicamentos de venda livre o PVP é definido pela farmácia tendo em

consideração o preço de fatura, a margem de comercialização e o Imposto sobre Valor Acrescido

(IVA). Para estes produtos é ainda necessário proceder à impressão de etiquetas, que são coladas

nos produtos de forma a não ocultar o prazo de validade, o lote ou outras informações relevantes.

Em alguns casos são usadas etiquetas reglet.

4.8. Armazenamento

O armazenamento dos produtos é um ponto crucial na organização da farmácia, uma vez que,

garante a conservação das propriedades dos produtos, simplifica a dispensação e facilita a gestão

de stocks. Os Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) e alguns MNSRM estão

armazenados em gavetas, por ordem alfabética e dosagem, estando agrupados por forma

farmacêutica e/ou via de administração. Estão divididos em xaropes, ampolas, comprimidos,

Page 19: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 9

injetáveis, saquetas, pomadas, tópicos, pílulas, vaginais, colírios e pomadas oftálmicas, gotas

(orais e auriculares), supositórios, inaladores e antidiabéticos. Os medicamentos genéricos mais

vendidos na FM estão armazenados num conjunto de gavetas à parte para que o acesso a estes

seja mais rápido no momento da dispensa. Há ainda alguns medicamentos que devido à sua grande

rotatividade estão em gavetas junto do balcão de atendimento. Os estupefacientes e psicotrópicos

são armazenados numa gaveta à parte, com acesso condicionado.

Os medicamentos de venda livre encontram-se maioritariamente expostos atrás dos balcões

de atendimento, os produtos de dermocosmética, ortopedia, veterinária, entre outros, encontram-

se expostos em frente aos balcões de atendimento de forma a estarem mais acessíveis ao cliente.

Nos armários da zona de receção são armazenados os excedentes de medicamentos seguindo

a mesma ordem das gavetas, sendo um dos armários destinado às reservas. Nesta zona está

também o frigorífico onde são armazenados os produtos de frio, estes seguem também a ordem

alfabética e estão divididos em: vacinas, colírios, injetáveis e pomadas.

No Piso 1, encontram-se os excessos de produtos não medicamentosos, como fraldas,

produtos de higiene, entre outros.

O armazenamento dos produtos segue sempre o princípio First Expired, First Out (FEFO),

quando o produto não apresenta validade segue-se o princípio First In, First Out (FIFO), o que

facilita o controlo de validades.

De forma a garantir a correta conservação dos medicamentos e produtos farmacêuticos,

descritas no manual de BPF, regularmente são monitorizadas e registadas as condições de

temperatura e humidade através de termo-higrómetros [5].

Esta foi uma das primeiras tarefas que realizei no meu estágio, foi bastante útil, na medida

em que me permitiu familiarizar com o espaço e local de armazenamento de cada produto, o que

resultou, mais tarde, aquando do atendimento, numa diminuição do tempo de espera do utente e

por isso num aumento de produtividade.

4.9. Controlo de validades

O controlo dos prazos de validade inicia-se na receção da encomenda. É necessário verificar

todas as validades e retificar na ficha do produto sempre que a validade do produto a rececionar

seja inferior à dos produtos em stock. Todos os produtos que cheguem à farmácia com um prazo

de validade inferior a 3 meses são, imediatamente, colocados à parte para devolver, caso tenham

um prazo de validade inferior a 6 meses é analisado o histórico de vendas e o stock desse produto,

podendo em alguns casos permanecer na farmácia.

No final de cada mês é impressa uma listagem com os produtos em stock com validade até 6

meses. Estes produtos e o seu respetivo prazo de validade são verificados manualmente. Os que

têm um prazo de validade inferior a 3 meses são colocados para devolver. Os que expirem dentro

de 3 a 6 meses são marcados com uma etiqueta num local que favoreça o seu escoamento. No

Page 20: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 10

caso de o prazo de validade do produto ser maior que o indicado na ficha informática este tem

que ser atualizado.

4.10. Devoluções

Na FM existe um local onde se colocam os produtos a devolver. Para que estes produtos

sejam devolvidos ao respetivo fornecedor é necessário criar uma Nota de Devolução, nesta deve

constar o número da fatura na qual o produto a devolver veio para a farmácia, a quantidade e o

motivo da devolução. São impressas 3 vias que são carimbadas e assinadas. O original e o

duplicado acompanham o produto e o triplicado é arquivado na farmácia. A maioria das

devoluções são feitas porque os produtos não vieram com Preço de Faturação (PF) correto, por

danos na embalagem e por terem validade inferior a 6 meses. Depois de feita a devolução o

produto deixa de existir no stock, caso a devolução não seja aceite é necessário regularizar a

devolução e dar quebra do produto. Quando a devolução é aceite é enviada uma nota de crédito

ou existe troca do produto.

5. Dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos

A dispensa de medicamentos e produtos de saúde é o ato mais importante do farmacêutico

em farmácia comunitária. Este ato pode ser feito perante uma prescrição médica, em regime de

automedicação ou por indicação terapêutica [5]. O farmacêutico é o último profissional de saúde

que contacta com o doente antes deste iniciar o regime terapêutico, assim sendo, durante a

dispensa, deve avaliar a medicação dispensada com o objetivo de proteger o doente de eventuais

resultados negativos associados à medicação. Compete ainda ao farmacêutico fornecer toda a

informação indispensável para o uso seguro e racional dos medicamentos, estimulando também

a adesão à terapêutica.

Durante os 3 meses de estágio tive a oportunidade de desenvolver competências ao nível do

aconselhamento farmacêutico, tendo sido muito importante não só para aplicar em situações reais

os conhecimentos adquiridos ao longo do curso e ao longo do estágio, mas também pela

componente pessoal envolvida, uma vez que me deparei com utentes muito distintos, com

diferentes classes sociais, faixas etárias e nacionalidades. Interagir com os utentes, perceber as

suas necessidades, educar para a saúde e promover a adesão à terapêutica foram algumas das

competências que desenvolvi ao longo do período de atendimento. A automedicação é uma das

vertentes a que o farmacêutico deve estar atento, uma vez que, em muitos casos, a pessoa foi

aconselhada por um vizinho ou amigo que pensa ter tido o mesmo problema, quando na realidade

não é o que se verifica, sendo que muitas das vezes o medicamento solicitado era um MSRM.

Nestes casos tentei sempre perceber os motivos do pedido de forma a indicar um MNSRM eficaz

e adequado à necessidade do utente. Na dispensa de receitas médicas tentei sempre certificar-me

que o doente sabia o que estava a tomar, para que estava a tomar e como tomar. Uma vez que

Page 21: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 11

notei que muitos dos utentes não sabiam essas informações acerca do produto que lhes foi

prescrito, principalmente quando se tratava de medicação que nunca tinham feito.

5.1. Medicamentos sujeitos a receita médica

Designam-se MSRM aqueles que possam constituir um risco para a saúde do doente caso

sejam usados sem vigilância médica, que possam constituir um risco para a saúde quando

utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daqueles a que se

destina, contenham substâncias cuja atividade ou reações adversas sejam indispensáveis

aprofundar, ou caso se destinem a administração parentérica. A aquisição destes medicamentos

apenas pode ser realizada numa farmácia, com a apresentação de uma receita médica válida,

efetuada por um profissional de saúde habilitado para o efeito [11]. Cabe ao farmacêutico verificar

a validade da prescrição, dar todas as informações necessárias acerca da posologia, modo de

administração, reações secundárias e outras precauções que devem ser tomadas enquanto

submetido à terapêutica.

5.1.1. Prescrições médicas

A receita médica é prescrita pela Denominação Comum Internacional (DCI), dosagem,

indicação da forma farmacêutica, apresentação ou tamanho da embalagem e posologia. A

prescrição pelo nome comercial está reservada a situações de medicamentos sem similares ou que

não tenham medicamentos genéricos similares comparticipados. O prescritor pode, ainda, acionar

uma das 3 exceções que justificam a prescrição pelo nome comercial: Exceção A) medicamentos

com margem ou índice terapêutico estreitos; Exceção B) suspeita de intolerância ou reação

adversa a um medicamento com a mesma substância ativa; Exceção C) medicamentos para

tratamentos de duração superior a 28 dias [12]. Caso nenhuma das exceções acima descritas se

verifique, a dispensação pode ser feita como se estivesse prescrita por DCI.

Atualmente coexistem 3 tipos de receitas, as prescrições eletrónicas desmaterializadas,

eletrónicas materializadas e manuais [7]. A partir de dia 1 de abril de 2016 tornou-se obrigatória

a prescrição exclusiva através de receita eletrónica desmaterializada em todo o SNS [13]. Neste

caso o doente pode aceder à receita a partir da mensagem que lhe é enviada para o telemóvel ou

a partir da sua página do cidadão do SNS. Na mensagem é indicado o número da receita, o código

de dispensa e o código de direito de opção. Estas receitas apresentam a vantagem de o prescritor

poder prescrever um número ilimitado de produtos diferentes, contudo, continua a ter uma

limitação de 2 unidades de cada produto ou de 6 unidades quando se trata de um tratamento

continuado e prolongado. No caso dos medicamentos prescritos se apresentarem sob a forma de

embalagem unitária podem ser prescritas até 4 embalagens do mesmo medicamento, ou até 12

embalagens no caso de medicamentos de longa duração. O doente tem ainda a possibilidade

levantar a medicação à medida que necessita dela. Estas receitas têm uma validade de 30 dias

Page 22: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 12

desde a sua emissão para os medicamentos de tratamentos curtos e médio prazo, e de 6 meses de

validade para tratamentos prolongados [7,12].

As prescrições eletrónicas materializadas podem ser renováveis, desde que contenham

medicamentos destinados a tratamentos de longa duração. Estas prescrições podem ter até 3 vias

e cada via da receita materializada tem um número de receita único. A validade destas receitas é

de 30 dias, mas pode ser renovável até 6 meses, para tratamentos de longa duração. Em cada

receita podem ser prescritos até 4 medicamentos distintos, num total de 4 embalagens por receita.

No máximo, podem ser prescritas 2 embalagens por medicamento. No entanto, no caso dos

medicamentos prescritos se apresentarem sob a forma de embalagem unitária podem ser prescritas

até 4 embalagens do mesmo medicamento, ou até 12 embalagens no caso de medicamentos

destinados a tratamentos de longa duração [7,12].

As receitas manuais continuam a ser usadas nas seguintes exceções legais: falência do

sistema informático, inadaptação do prescritor, prescrição ao domicílio ou prescrição máxima de

40 receitas por mês. Estas receitas não podem ser rasuradas, escritas a caneta diferente ou lápis

nem com caligrafia diferente. A receita manual só é valida se incluir número; local de prescrição,

respetivo código ou vinheta; identificação do médico prescritor; nome e número de utente;

número de beneficiário da entidade financeira responsável e regime especial de comparticipação,

representado pela letra “R” (pensionista) e “O” (utentes abrangidos por outro regime especial de

comparticipação); data e validade da prescrição e assinatura do prescritor. Não é permitido mais

que uma via destas receitas, ou seja, não são renováveis [7,12].

5.1.2. Dispensa de psicotrópicos e estupefacientes

Designam-se por medicamentos psicotrópicos e estupefacientes todos aqueles que

possuem substâncias que constam na legislação em vigor [14]. Estes medicamentos exigem um

controlo mais apertado, devido ao tráfico ilícito destas substâncias e ao risco de dependência.

Apesar de seguirem as mesmas regras de prescrição dos restantes medicamentos, têm de ser

prescritos numa receita médica isolada, no caso de a receita ser manual ou eletrónica

materializada. É também obrigatória a apresentação do cartão de identificação pelo adquirente no

momento da dispensa. O Sifarma 2000® solicita o preenchimento dos dados do médico prescritor

(nome), dados do utente (nome e morada) e dados do adquirente (nome, morada, número de

identificação pessoal, data de nascimento e validade do cartão de identificação) [12]. Após a

dispensa, imprime-se o comprovativo de venda, que é agrafado a uma cópia da receita e guardado

na farmácia durante 3 anos.

5.1.3. Sistema de preços de referência

No ato de dispensa, o farmacêutico deve informar o utente da existência de medicamentos

genéricos pertencentes ao mesmo grupo homogéneo, isto é, com a mesma substância ativa, forma

farmacêutica, apresentação e dosagem. A farmácia deve ter disponíveis, no mínimo, três de entre

Page 23: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 13

os cinco com preço mais baixo de cada grupo homogéneo, tendo o utente o direito de optar por

qualquer medicamento genérico [15].

Para cada grupo homogéneo encontra-se definido um valor máximo de comparticipação

(preço de referência), ficando o utente responsável pelo pagamento da diferença entre o preço de

referência e o PVP. O preço de referência para cada grupo homogéneo é calculado a partir da

média dos cinco PVP mais baixos [16].

5.2. Sistemas de comparticipação

De forma a garantir a acessibilidade do medicamento a toda a população, o SNS assume

o pagamento de uma parte do PVP. Esta comparticipação pode ser feita através de um regime

geral ou de um regime especial [12]. No regime geral de comparticipação o estado paga uma

percentagem do PVP de acordo com escalões, estabelecidos de acordo com a sua classificação

farmacoterapêutica. O Escalão A, tem 90% de comparticipação, é estabelecido a medicamentos

usados em afeções oculares, medicamentos antineoplásicos e imunomoduladores, etc. O Escalão

B, ao qual corresponde 69% de comparticipação, é aplicado a medicamentos anti-infeciosos, do

sistema nervoso central, do aparelho cardiovascular, entre outros. O Escalão C, com 37% de

comparticipação, inclui os medicamentos do aparelho geniturinário, locomotor, medicação

antialérgica. Por último, o Escalão D, que possui 15% de comparticipação, deste escalão fazem

parte os novos medicamentos [17].

O regime especial de comparticipação é destinado a casos mais específicos, neste regime

a comparticipação é feita em função do beneficiário ou em função da patologia. Tendo em conta

o beneficiário, o regime abrange pensionistas com rendimento anual total igual ou inferior a 14

vezes a retribuição mínima mensal. Nestas situações as receitas manuais e eletrónicas

materializadas devem apresentar um “R” junto aos dados do utente. A comparticipação é

acrescida de 5% (escalão A) ou em 15% (escalões B, C e D). Pode ainda ser de 95% para todos

os escalões nos medicamentos com PVP igual ou inferior ao 5º preço mais baixo do seu grupo

homogéneo [12,18]. A comparticipação em regime especial de acordo com a patologia é definida

por despachos próprios. Algumas patologias abrangidas por este regime são a alzheimer, a

hemofilia, o lúpus, a dor oncológica, artrite reumatoide e psoríase. Os produtos destinados ao

autocontrolo da diabetes Mellitus são também abrangidos por um regime de comparticipação, que

é de 85% do PVP nas tiras-teste e de 100% nas agulhas, lancetas e seringas. Os produtos dietéticos

com carácter terapêutico são comparticipados em 100% desde que prescritos em determinados

locais [12]. As câmaras expansoras também são comparticipadas, sendo esta comparticipação

80% do PVP, não podendo exceder os 28 euros e sendo limitada a uma câmara expansora por

utente [19]. O SNS comparticipa, também, com uma comparticipação de 100% do PVP, os

dispositivos médicos para doentes ostomizados e para doentes com incontinência ou retenção

urinária [20].

Page 24: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 14

Além do SNS existem ainda subsistemas de origem privada, responsáveis por regimes de

comparticipação. Alguns exemplos são: o Serviço de Assistência Médico-Social (SAMS), o CTT-

Médis, SáVida, Abem, etc. Por vezes também surgem comparticipações de empresas seguradoras,

como a Seguradora Fidelidade e a Tranquilidade.

5.3. Conferência de receituário e faturação

O principal objetivo da conferência de receituário é assegurar o reembolso da

comparticipação. Na FM as receitas devem ser validadas no ato de dispensa, contudo, estas voltam

a ser verificadas no fim de cada mês. Confere-se a validade da receita, a assinatura do médico, se

a medicação dispensada foi a correta e se a comparticipação foi feita de forma correta, se está

assinada pelo utente, e se está carimbada, assinada e datada pelo responsável da dispensa. As

receitas são organizadas em lotes que contêm, no máximo, 30 receitas. Estas são agrupadas de

acordo com o organismo a que pertencem, como o 01 (SNS), 48 (pensionista), ou 99 (receitas

eletrónicas materializadas). Sempre que um lote é validado, é impresso o verbete de identificação

de lote, que discrimina o valor total das receitas, o valor da comparticipação e o valor pago pelos

utentes. O verbete é depois assinado e carimbado. Por último, para cada organismo (incluindo

regimes de comparticipação adicionais), é emitido um resumo de lotes e a Fatura Final do mês

[21].

De modo a receber o pagamento da comparticipação, a farmácia deve enviar ao Centro

de Conferência de Faturas (CCF) as receitas e respetiva documentação (informação de dispensa

de prescrições desmaterializadas, fatura eletrónica mensal correspondente ao valor de

comparticipação, notas de débito ou de crédito no caso de retificação de não conformidades em

faturas emitidas anteriormente) até ao 10º dia do mês seguinte, em invólucro com uma etiqueta

identificativa da farmácia e do número do volume face ao número total de volumes enviados. As

receitas de outros organismos são entregues na mesma data à ANF. No dia 25 é comunicado o

resultado do processo de conferência, se existirem erros a farmácia perde o dinheiro

correspondente à comparticipação. É possível, através do portal interno, ver os erros ou as

diferenças encontradas. Os documentos que possam ser corrigidos são devolvidos à farmácia e,

após correção, podem ser novamente submetidos [21].

5.4. Medicamentos não sujeitos a receita médica

São considerados MNSRM aqueles que não satisfazem nenhum requisito descrito na lei

para os MSRM [11]. Estes medicamentos, normalmente, são solicitados em regime de

automedicação ou por indicação farmacêutica, uma vez que, são usados para tratar ou aliviar

sintomas menores, de caráter não grave e autolimitados.

A automedicação ocorre quando o tratamento medicamentoso ocorre por iniciativa do

próprio utente, é muitas vezes feita de forma pouco consciente sendo por vezes desnecessária. É

Page 25: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 15

importante, por isso, que o farmacêutico oriente a utilização do medicamento solicitado, devendo

inicialmente avaliar a necessidade do mesmo. Para tal é necessário que o utente seja questionado

acerca do seu problema, sintomas, outros problemas de saúde e medicação habitual.

Na indicação terapêutica o farmacêutico é responsável por selecionar um MNSRM com

o objetivo de aliviar ou tratar um problema de saúde ou um sintoma menor. Aquando da indicação,

o farmacêutico deve recolher toda a informação necessária, como os sintomas, a duração do

mesmo, problemas de saúde que o utente possa ter e restante medicação que utiliza, de forma a

evitar interações indesejadas.

Durante os 3 meses de estágio na FM a maior parte dos meus atendimentos foram de

indicação terapêutica para o tratamento e o alívio de sintomas menores. Dada a sazonalidade dos

MNSRM, as queixas mais frequentes eram sintomas de gripe, tosse, dor de garganta, alergias e

queimaduras solares. Também surgiram várias vezes pessoas com sintomas de infeções fúngicas,

obstipação, diarreia, problemas de sono, azia e indigestão. Dada a existência de elevada

quantidade de turistas, muitas vezes eram solicitados medicamentos que não eram

comercializados em Portugal, sendo necessário encontrar uma solução equivalente dentro das

opções da farmácia, sendo mais um desafio dentro do aconselhamento farmacêutico. Quando

aconselhamos algum MNRM é importante saber que comorbilidades o utente tem e que

medicação está a fazer. Durante o atendimento deparei-me muitas vezes com situações em que

tive que adaptar o atendimento não só aos sintomas que o utente queria tratar mas também ao seu

historial, nomeadamente doentes com diabetes que apresentavam irritação e infamação na

garganta, em que tive que optar por formulações sem açúcar. E ainda, o caso de um senhor que

pretendia um suplemento vitamínico e que mais tarde me disse que usava anticoagulantes, o que

me fez alterar o suplemento, uma vez que o que tinha selecionado continha vitamina K, que reduz

o efeito dos anticoagulantes.

5.5. Outros produtos de saúde

5.5.1. Medicamentos de uso veterinário

Os medicamentos de uso veterinário são fiscalizados pela Direção Geral de Alimentação

e Veterinária. A legislação define estes medicamentos como todas as substâncias com

propriedades curativas ou preventivas de doenças ou dos seus sintomas em animais, ou que sejam

administrados com o objetivo de estabelecer um diagnóstico ou de restaurar, corrigir ou modificar

funções fisiológicas [22]. A FM possui uma secção própria para produtos veterinários, sendo os

produtos mais vendidos: os desparasitantes internos e externos, produtos de higiene e desinfeção.

5.5.2. Dispositivos médicos

Designam-se dispositivos médicos todos os aparelhos, equipamentos, materiais ou artigos

usados com os seguintes objetivos: diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de

Page 26: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 16

uma doença ou deficiência; estudo; substituição ou alteração da anatomia ou de processos

fisiológicos; e ainda produtos usados no controlo da conceção. Todos os dispositivos médicos

têm que ter marcação CE [23].

A FM possui uma grande variedade de dispositivos médicos, como preservativos, pensos,

material para ostomizados, meias de compressão e de descanso, fraldas de incontinência, tiras de

controlo de glicemia, lancetas, seringas, entre outros.

5.5.3. Produtos cosméticos e higiene corporal

Segundo a legislação, um produto cosmético e de higiene corporal consiste em qualquer

substância ou mistura de substâncias destinada a ser colocada em contacto com diversas áreas da

superfície corporal, nomeadamente epiderme, sistema piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos

genitais externos, ou com os dentes e mucosas bucais, com o objetivo principal de limpar,

perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou corrigir odores corporais

[24].

É possível encontrar na FM uma vasta gama de produtos cosmético, sendo a Eucerin®, a

Caudalie® e a MartiDerm® as marcas mais trabalhadas. No que diz respeito ao cuidado capilar

destacam-se os produtos para caspa e para queda de cabelo, sendo a Ducray® a marca

predominante. Na sexualidade e higiene íntima trabalha predominantemente as marcas Durex® e

Lactacyd®. A higiene oral é um dos setores em que a FM tem uma maior gama de produtos,

devido à elevada procura de escovas, colutórios e diferentes tipos de pastas de dentes.

Esta era umas das áreas sobre a qual possuía menos conhecimentos e tendo a FM uma

gama alargada destes produtos comecei por estudar as várias marcas com que a farmácia trabalha

o que me permitiu mais tarde um aconselhamento mais rápido, correto e completo. Tive ainda a

oportunidade de participar numa formação sobre proteção solar e outros produtos da Avene® e

outra formação onde foi abordada a gama de Oral Care da Pierre Fabre, ambas foram bastante

úteis uma vez que me foram dados conselhos bastante práticos que pude aplicar durante o

atendimento.

5.5.4. Produtos fitoterápicos

O Estatuto do Medicamento, distingue medicamentos à base de plantas, preparações à

base de plantas, substâncias derivadas de plantas e medicamentos tradicionais à base de plantas.

O rótulo destes produtos deve indicar a finalidade à qual se destina, a posologia e a indicação de

que o utente deve consultar o médico ou farmacêutico caso os sintomas persistam ou caso ocorram

efeitos secundários [11]. A FM possuí uma pequena gama destes produtos, a qual incluí chás e

infusões com diferentes finalidades (perda de peso, problemas do sistema urinário, ansiedade),

comprimidos com diferentes ações e xaropes para a tosse, sendo estes últimos os produtos

fitoterápicos mais procurados.

Page 27: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 17

5.5.5. Suplementos alimentares

Os suplementos alimentares destinam-se a completar e/ou suplementar um regime

alimentar normal, constituindo fontes concentradas de determinadas substâncias como nutrientes,

vitaminas, minerais, fibras e aminoácidos. O rótulo destes produtos deve ter sempre presente a

designação “Suplemento Alimentar”. Além desta exigência estes produtos também não podem

alegar propriedades profiláticas, de tratamento ou curativas de doenças [25].

Na FM é frequente os utentes requisitarem este tipo de produtos, as requisições mais

frequentes são de suplementos para combater o cansaço mental e físico, a fadiga e a perda de

memória, também é frequente a venda de suplementos de magnésio e de suplementos para a saúde

dos ossos e articulações.

5.5.6. Medicamentos homeopáticos

Designam-se por medicamentos homeopáticos aqueles que são “obtidos a partir de

substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo

de fabrico descrito na farmacopeia europeia ou, na sua falta, na farmacopeia oficial de um Estado

Membro”. Segundo a legislação os medicamentos homeopáticos de registo simplificado

(administração por via oral ou externa) têm que apresentar uma diluição que garanta a inocuidade

do medicamento [11]. Apenas estão disponíveis alguns produtos homeopáticos na FM,

nomeadamente o Oscilococcinum®, o Coryzalia®, o Stodal® e a Arnica dos laboratórios

Boiron®. Durante o meu estágio não registei uma grande procura deste tipo de produtos, é de

notar que a procura era feita, na sua maioria, por turistas.

5.5.7. Artigos de puericultura

É considerado artigo de puericultura “qualquer produto destinado a facilitar o sono, o

relaxamento, a higiene, a alimentação e a sucção das crianças” [26]. A FM conta com uma vasta

gama destes produtos, nomeadamente das marcas Mustela® e Nuk®. Na área da obstetrícia

destacam-se os produtos anti-estrias, discos de silicone e discos absorventes do excesso de leite.

5.5.8. Medicamentos manipulados

Define-se por medicamento manipulado qualquer produto preparado sob

responsabilidade de um farmacêutico, seja segundo receita médica ou segundo indicações de uma

farmacopeia ou de um formulário [27]. Determinados medicamentos manipulados podem ser

comparticipados, mediante apresentação de receita médica. Para que esta seja aceite não pode

existir no mercado nenhuma especialidade farmacêutica com a mesma substância ativa, dose e

forma farmacêutica.

Devido à reduzida procura não são feitos manipulados na FM, contudo a farmácia tem à

disposição material, equipamento e fontes de informação necessárias à sua elaboração. Como

consequência não tive oportunidade de preparar nenhum medicamento manipulado durante

Page 28: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 18

o estágio. Além disso, não procedi à dispensa de nenhum destes produtos dado que, atualmente,

são pouco prescritos, o que se deve à grande variedade de formulações disponibilizadas pela

indústria farmacêutica. Ainda assim foi-me demonstrado todo o procedimento referente à

dispensa destes produtos.

6. Serviços adicionais

As farmácias deixaram de ser locais unicamente destinados à dispensa de medicamentos,

passando a ser também promotoras de saúde e de bem-estar da população. Posteriormente, a

legislação, veio permitir a prestação de serviços adicionais nas farmácias, por estarem associados

à atividade e competências dos farmacêuticos. As farmácias são agora capazes de oferecer outro

tipo de serviços que antes lhe estavam vedados como: o apoio domiciliário, administração de

medicamentos, administração de vacinas (não incluídas no Plano Nacional de Vacinação),

programas de cuidados farmacêuticos e determinação de parâmetros bioquímicos [28].

A FM oferece aos seus utentes uma vasta gama de serviços, os quais incluem:

acompanhamento farmacoterapêutico; administração de injetáveis; administração de vacinas;

avaliação de parâmetros bioquímicos (glucose, triglicerídeos, colesterol); avaliação do peso;

avaliação da Pressão Arterial (PA); avaliação da pele; e prestação de primeiros socorros. Oferece

ainda consultas especializadas de podologia, osteopatia e nutrição com profissionais

especializados nestas áreas. Irei abordar apenas os serviços que são mais frequentemente

solicitados e os quais tive oportunidade de realizar durante o meu estágio.

6.1. Medição de parâmetros biológicos

6.1.1. Medição da pressão arterial

Dada a acessibilidade das farmácias e o acompanhamento que o farmacêutico pode dar ao

utente, este é um serviço bastante útil e que deve existir nas farmácias.

Na FM é utilizado um tensiómetro automático com braçadeira ajustável. No final de cada

medição os valores são registados na ficha do respetivo utente, caso este tenha ficha no sistema,

e são ainda apontados em cartões da FM desenhados para o efeito e que são oferecidos aos utentes

para que estes tenham um registo regular da sua PA.

Segundo a Fundação Portuguesa de Cardiologia os valores de PA normais são Pressão

Arterial Sistólica (PAS) ≤120 mmHg e Pressão Arterial Diastólica (PAD) ≤80 mmHg. Contudo,

os valores devem ser vistos em perspetiva, considerando o estado clínico e os valores de medições

anteriores. A medição da PA requer alguns cuidados como: repousar 5 min antes da medição; não

fumar nem beber café 1 hora antes; efetuar a medição na parte superior do braço, com a palma da

mão virada para cima; não falar nem mover durante a medição; fazer pelo menos um minuto de

Page 29: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 19

pausa entre cada medição [29]. Quando os valores da primeira medição estão fora do normal, sem

alarmar o utente, devemos aguardar 1 minuto e efetuar uma segunda medição.

Este é o serviço mais solicitado na FM e por isso foi aquele que tive a oportunidade de fazer

mais vezes. É, na maioria das vezes, solicitado por doentes crónicos que fazem um seguimento

regular ao longo do tempo, o que muitas vezes permite ajudar o médico a ajustar a dose de anti-

hipertensor. Ocorreu também várias vezes ser solicitado para situações pontuais em que as

pessoas não se estavam a sentir bem. No caso de os valores registados estarem acima do normal,

de acordo com cada utente, recomendava algumas medidas não farmacológicas, incentivava a

adesão à terapêutica e aconselhava a consultar o médico quando considerava necessário.

6.1.2. Medição da glicémia

A determinação da glicémia em pessoas diabéticas é fundamental para garantir que os

valores se encontram controlados, permitindo assim saber se é necessário aumentar ou diminuir

a dose de insulina, por exemplo. É também importante para despistar novos casos de diabetes.

Em jejum, os valores ≥110 mg/dl podem significar Anomalia da Glicemia em Jejum,

sendo que valores ≥126 mg/dl pode ser indicativo de Diabetes. Em estado pós-prandial, valores

≥140 mg/dl sugerem uma possível anomalia designada Tolerância Diminuída à Glicose, enquanto

que quando os valores são ≥200 mg/dl, associado a sintomas clássicos, trata-se de diabetes [30].

Caso se verifiquem valores anormais durante a medição, deve-se reencaminhar o utente ao médico

para a realização de exames que completem o diagnóstico, deve ainda recomendar-se medidas

não farmacológicas como a prática de exercício físico e mudanças nos hábitos alimentares.

Para a medição da glicémia a FM dispõe de um glicómetro, lancetas e tiras diabéticas.

6.1.3. Determinação do perfil lipídico

Para a determinação do colesterol não é necessária nenhuma preparação. O valor é

considerado normal se for ≤190 mg/dl, contudo é necessário ter em atenção que esta determinação

apenas permite medir o colesterol total. Já para a determinação dos valores de triglicerídeos é

necessário um jejum de 12 horas e os valores são considerados normais quando são ≤150 mg/dl

[31].

Sempre que as medições registem valores que não se encontram dentro dos valores de

referência deve-se sugerir ao utente que marque consulta com o seu médico e devem ainda ser

recomendadas algumas medidas não farmacológicas como a prática de exercício físico e

mudanças ao nível da dieta.

6.1.4. Determinação do Índice de Massa Corporal (IMC)

A OMS considerou a obesidade como uma epidemiologia do século XXI. Além de um

problema estético, a obesidade, é, acima de tudo, um importante fator de risco para o

aparecimento, desenvolvimento e agravamento de outras doenças. Associa-se a um grande

Page 30: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 20

número de co-morbilidades, assim como a uma redução da esperança de vida. O IMC é uma

medida internacional do grau de obesidade de uma pessoa. É calculado a partir do peso e da altura

de cada pessoa, sendo considerado normal quando está entre 18,5 e 24,9, acima de 30,0 é

considerado obeso [29]. A FM dispõe de uma balança que permite obter este valor.

6.2. VALORMED

Os medicamentos estão associados a um elevado impacto ambiental, pelo que lhes deve

ser dado um destino próprio quando estes já não são utilizados ou quando o seu prazo de validade

foi ultrapassado. A VALORMED é uma sociedade sem fins lucrativos que trabalha em parceria

com as farmácias, distribuidores e indústria farmacêutica, e que tem como responsabilidade a

gestão dos resíduos dos medicamentos fora de uso e das embalagens vazias [31]. Cabe às

farmácias sensibilizar as pessoas para que rejeitem os medicamentos fora de uso e as embalagens

vazias nos contentores que estão nas farmácias.

Na FM existe um contentor na zona de atendimento, quando este está cheio é fechado,

rotulado e é posteriormente levado pelos distribuidores de medicamentos. De forma a sensibilizar

os utentes para que deixem os medicamentos fora de uso e as embalagens nos contentores, a FM

associou a causa ambiental à social, comprometendo-se a oferecer bens de primeira necessidade

a uma instituição em troca dos medicamentos e embalagens que cada pessoa deixava no contentor

VALORMED.

6.3. Programa de Troca de Seringas

O Programa de Troca de Seringas é uma iniciativa que foi criada em 1993 e que tem como

objetivo a prevenção da transmissão de infeções pelo VIH e pelos vírus das Hepatites B e C, por

via sexual, endovenosa e parentérica, nas pessoas que utilizam drogas injetáveis. Esta iniciativa

contribui para o bem-estar social e ambiental, evitando, assim, o abandono e reutilização de

seringas ao recolhê-las para destruição [32]. O kit é constituído por duas seringas, dois toalhetes

desinfetantes, um preservativo, duas ampolas de água bidestilada, dois filtros, dois recipientes

para preparação da substância, duas carteiras de ácido cítrico e um folheto informativo sobre o

programa.

Durante o estágio tive a oportunidade de contactar com este programa de perto, já que,

dada a localização da FM, este serviço era muitas vezes solicitado. Durante a entrega dos kits

tentei sensibilizar para importância de trazerem sempre as seringas para rejeitar no contentor, uma

vez que se trata de um programa de troca.

6.4. Promoção e educação para a saúde

A FM desempenha um papel ativo na comunidade em que está inserida, tendo várias

parcerias com instituições e um vasto programa de atividades de promoção e educação para a

saúde.

Page 31: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 21

Durante os 3 meses de estágio na FM tive oportunidade de participar na 10º Caminhada

da Farmácia Moreno e tive ainda a oportunidade de apresentar dois projetos em duas instituições

com quem a farmácia estabelece várias parcerias, o “Projeto 1-Verão com diversão sem picada e

sem escaldão” no Centro Social do Barredo e o “Projeto 3-Doença Venosa Crónica e Doença

Hemorroidária” no Centro Social e Paroquial de São Nicolau. Participei ainda na Caminhada da

Associação São Nicolau e na apresentação sobre Cuidados a ter com os Pés elaborada pela

podologista da FM.

7. Farmacovigilância

A farmacovigilância é considerada uma atividade de saúde pública, que visa a identificação,

quantificação, avaliação e prevenção dos riscos associados ao uso de medicamentos

comercializados. Assim, após a introdução do medicamento no mercado, é feito o seguimento dos

possíveis efeitos adversos. Quando há suspeita de reações adversas ao medicamento o

farmacêutico tem o dever de notificar a autoridade competente. A notificação deve incluir a

descrição dos sinais e sintomas, gravidade e evolução, o medicamento em questão, lote, via de

administração, data de início e de suspensão da medicação, deve ainda incluir, se aplicável, outros

medicamentos que o utente toma, incluindo automedicação e suplementos alimentares [5,33].

8. Formação complementar

Um dos principais fundamentos do Código Deontológico do Farmacêutico é o de que o

farmacêutico é um profissional em constante aprendizagem, uma vez que é essencial estar sempre

atualizado, conhecer bem as características dos novos produtos que vão sendo introduzidos no

mercado e estar a par da evolução do conhecimento científico. As formações contribuem, por

isso, para um crescimento profissional contínuo, o que em farmácia comunitária resulta num

aconselhamento mais seguro, mais assertivo e mais rápido.

Durante estes 3 meses tive a oportunidade de assistir a algumas formações que considerei

bastante úteis, principalmente no atendimento (Tabela 2). Além destas formações, assisti ainda a

formações por parte dos farmacêuticos da FM. Isto porque, a FM adotou uma política de

formações internas, em que, de forma rotativa, os farmacêuticos preparam uma formação sobre

um determinado tema que tem que ser assistida pelos restantes colegas. Os temas elaborados

durante o meu estágio foram: Queda de Cabelo, Acne e Infeções Vaginais.

Tabela 2 - Formações frequentadas durante o de estágio

Data Formação Duração Organização Local

19/06/2018 Expascience Laboratoires-

Multimarca

3h Expascience

Laboratoires

Associação Portuguesa

de Podologia

Page 32: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 22

28/06/2018 Heath Consumer-

Multimarcas

3h Pierre Fabre Pierre Fabre - Porto

17/07/2018 Avéne-Proteção Solar 3h Pierre Fabre Pierre Fabre - Porto

PARTE B – Projetos desenvolvidos durante o estágio

1. Projeto I – Proteção solar e picadas de insetos em crianças

1.1. Proteção solar

1.1.1. Radiação solar e índice ultravioleta

A radiação solar influência significativamente o ambiente, tratando-se de um importante

fator natural que contribui para o clima na Terra [34]. A emissão de radiação a partir do sol incluí

luz visível, calor e radiação UV. Esta última divide-se em UVA (315-400nm), UVB (280-315

nm) e UVC (100-280 nm). A parte ultravioleta do espectro solar (UV) tem um papel determinante

em muitos dos processos que ocorrem na biosfera. Contudo, se a quantidade de radiação UV

exceder os limites de defesa que os organismos têm, e que são inerentes a cada espécie, pode

causar danos muito graves.

Á medida que a radiação passa pela atmosfera ela vai sendo absorvida pela camada de

ozono, pelo vapor de água, pelo oxigénio e pelo dióxido de carbono. Aproximadamente 90% da

radiação UVC é absorvida ao passar pela atmosfera, a radiação que chega à superfície da terra é

constituída, maioritariamente, por raios UVA, uma vez que é a componente menos absorvida, e

por uma pequena parte da radiação UVB [34,35]. A radiação UVA e UVB contribuem para o

envelhecimento da pele, danos na visão (incluindo cataratas) e para o desenvolvimento de cancro

da pele. Além disso, esta radiação reduz a capacidade do sistema imune para combater estas e

outras doenças [36]. Apesar de a radiação UVB ser mais intensa que a UVA, esta última é 30 a

50 vezes mais prevalente e está presente ao longo do dia e do ano. Os estudos indicam que a

radiação UVA causa danos nos queratinócitos que estão presentes na camada basal da epiderme,

o que pode contribuir para o desenvolvimento de cancro da pele. Pelo contrário, a radiação UVB

tem ação nas camadas mais superficiais da epiderme e a sua intensidade varia ao longo do dia, do

ano e da localização [36].

De forma a fazer chegar ao público em geral, de uma forma simplificada, a informação

sobre a radiação UV e sobre os riscos associados à sua exposição, definiu-se um parâmetro

indicador da exposição a esta radiação, o Índice Ultravioleta (IUV). O IUV consiste na medida

dos níveis de radiação UV que contribui para a formação das queimaduras. A formação da

Page 33: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 23

queimadura está ainda dependente do tipo de pele e do tempo máximo de exposição com a pele

desprotegida [34].

Tabela 3 – Índice Ultravioleta

1.1.2. Danos da radiação UV na pele e fotótipos de pele

A pele tem como principal função manter a homeostasia e fornecer uma barreira às

agressões externas. Este mecanismo pode, por vezes, atingir o seu limite de ação, quando a

exposição solar é constante ou excessiva, resultando em danos irreversíveis ao nível da estrutura

da pele, inflamação crónica e, nas situações mais graves, a carcinogénese [37].

A exposição solar está associada a danos na pele e ao envelhecimento precoce da pele.

Estudos indicam que o efeito da exposição solar na pele é maior nas crianças do que nos adultos.

Uma vez que as crianças têm uma pele mais sensível ao sol, devido à menor concentração de

melanina e à menor espessura do estrato córneo, e por isso têm maior risco de sofrer danos. Um

estudo mostrou ainda que a exposição solar excessiva nos primeiros 15 anos de vida é um fator

de risco determinante para o desenvolvimento de melanoma [38]. É, por isso, importante

implementar desde cedo hábitos corretos de proteção solar, o que passa por informar e educar não

só os pais, mas também as próprias crianças, de forma a prevenir o desenvolvimento de cancro

de pele no futuro. Nem todas as peles reagem da mesma forma à exposição solar. Os danos e a

sua intensidade dependem do tipo de pele. Pele escura tem um conteúdo maior de melanina e por

isso está mais protegida [39]. A estes diferentes tipos de pele chamamos fotótipos e estão

caracterizados na Tabela 4 [34].

Tabela 4 – Descrição dos fotótipos de pele [34].

Bronzeia Queima Cabelo Cor Olhos

I Nunca Queima Ruivo Azul

II Ás vezes Ás vezes Loiro Azul/Verde

III Sempre Raramente Castanho Cinza/Castanho

IV Sempre Raramente Preto Castanho

Índice UV

< 2 Baixo

3-5 Moderado

6-7 Alto

8-9 Muito Alto

>11 Extremo

Page 34: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 24

1.1.3. Fotoenvelhecimento

O fotoenvelhecimento consiste na acumulação de alterações na pele ao longo do tempo,

que são induzidas pela exposição à radiação UV. Este processo depende do tipo de pele, da

localização geográfica, da extensão da exposição solar e da aplicação ou não de medidas

fotoprotetoras. Pode-se manifestar através de rugas, perda da elasticidade cutânea e por alterações

na pigmentação e na textura da pele. Apesar de tanto a radiação UVA como a UVB contribuírem

para o fotoenvelhecimento, a UVA tem maior impacto, uma vez que, além de penetrar mais

profundamente na derme, atinge mais abundantemente a superfície terrestre (10 a 30x mais). A

radiação UVB é absorvida na epiderme pelo DNA celular, sendo responsável por queimaduras

solares. Já a UVA tem ação na matriz extracelular da derme, levando à produção de espécies

reativas de oxigénio (ROS) o que conduz a danos no DNA, lípidos e proteínas, como o colagénio

[39].

1.1.4. Radiação UV e risco de cancro

Estudos apontam para que 90% dos cancros de pele não melanoma e cerca de 86% dos

melanomas, estejam associados à exposição à radiação UV a partir do sol [40].

A radiação UV é considerada, pela ONS, um carcinogéneo humano, uma vez que tem a

capacidade de danificar o DNA celular da pele produzindo mutações genéticas que conduzem ao

desenvolvimento de cancro de pele, além de que promove a expansão das células tumorais

[36,41]. A radiação UV leva a alterações no DNA que incluem danos oxidativos nos pares de

base, cortes nas cadeias simples de DNA, ligações DNA-proteínas e formação de dímeros de

pirimidina. A radiação UV, ao ser absorvida pelo DNA, tem ainda a capacidade de gerar ROS,

que por sua vez vão provocar novos danos em ácidos nucleicos, proteínas e lípidos. Normalmente

estas alterações são reparadas ou resultam em morte celular, por esse motivo nem sempre

conduzem a alterações genómicas permanentes que resultam no desenvolvimento de cancro [42].

O cancro pode ser do tipo melanoma ou não melanoma, dependendo do tipo de células

envolvidas. O melanoma é o tipo de cancro de pele mais grave. Surge quando os melanócitos

(células responsáveis pela produção de pigmentos como a melanina) sofrem agressões tornando-

se malignos [43]. Na última década o número de novos casos de melanoma diagnosticados

anualmente aumentou 53%, em Portugal, são conhecidos 700 novos casos anualmente. É um tipo

de cancro com elevada mortalidade, sendo responsável pela morte de uma pessoa a cada hora

[40,43]. O cancro de pele não melanoma pode ser classificado em diferentes tipos, dependendo

da camada de queratinócitos afetada. Os 2 tipos mais predominantes são o carcinoma

espinocelular e o carcinoma basocelular. Estes têm origem na exposição solar crónica e,

normalmente, progridem a partir de queratoses actínicas (lesão pré-cancerígenas). Apesar de ser

menos comum que o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular tem um pior prognóstico,

uma vez que tem capacidade de formar metástases [44].

Page 35: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 25

O cancro de pele tem cura, especialmente se for detetado e tratado precocemente. O

indicador mais frequente de cancro de pele são alterações na pele. Contudo, os tipos de cancro

são diferentes e como tal não têm todos a mesma aparência. Há alterações a que devemos estar

atentos tais como: nódulos pequenos, lisos, serosos ou opacos; nódulos vermelhos e duros; sinais

vermelhos ou castanhos rugosos e espessos e que podem provocar comichão [45].

1.1.5. Proteção solar e outras medidas preventivas

Estudos apontam que, o uso diário de protetor solar com SPF de pelo menos 15, resulta

numa redução de 40% do risco de desenvolver cancro espinocelular e numa redução de 50% do

risco de desenvolver melanoma [40].

A nossa pele tem mecanismos de autoproteção. Um deles é a produção de melanina que,

em conjunto com os queratinócitos, protegem o DNA da radiação que penetra na pele. A

queimadura solar ocorre quando o dano nos queratinócitos é irreparável, levando por isso à

apoptose destas células o que vai resultar numa reação inflamatória que conduz à pele vermelha

característica das queimaduras solares. As queimaduras solares são o único fator de risco do

melanoma que podemos prevenir [46].

O uso de protetor solar na idade adulta permite reduzir a incidência de queratoses

actínicas, carcinoma espinocelular, fotoenvelhecimento e de infeções por vírus como o herpes

labial. Nas crianças, o seu uso reduz o risco de desenvolver melanoma. As guidelines recomendam

que todas as pessoas utilizem protetor solar com SPF igual ou superior a 30 e resistente à água.

Nas crianças com mais de 6 meses deve ser usado um protetor solar cujos filtros sejam

maioritariamente inorgânicos (zinco ou dióxido de titânio), uma vez que causam menos irritação

na pele sensível. O protetor deve ser aplicado 20 minutos antes da exposição e deve ser reaplicado

a cada 2 h e depois de períodos de transpiração ou de mergulho. Todas as áreas expostas devem

ser protegidas com uma camada de protetor de aproximadamente 2 mg/cm2, dando especial

atenção às orelhas, pescoço e costas das mãos [47].

Além do uso de protetor solar há outras medidas a ser adotas durante a exposição solar

tais como: evitar a exposição entre as 10 e as 16 h, ter em atenção o índice UV quando planeamos

atividades ao ar livre, estar à sombra sempre que possível, usar roupa que proteja da radiação UV,

chapéu e óculos de sol [48].

1.1.6. Tratamento das queimaduras solares

Após uma queimadura solar, de forma a aliviar a vermelhidão, sensação de calor e

sensibilidade ao toque, deve-se tomar um banho frio, pôr gelo ou panos humedecidos com água

fria, aplicar cremes hidratantes e reparadores com substâncias como a cânfora ou Aloé Vera. Os

cremes utilizados não devem conter vaselina, uma vez que esta tem efeito oclusivo levando à

retenção de calor, nem benzocaína, pois pode causar irritação. Aquando da existência de bolhas,

a zona queimada deve ser coberta com ligaduras secas de forma a prevenir a infeção. Em caso de

Page 36: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 26

dor pode ser utilizado um analgésico ou anti-inflamatório oral (paracetamol ou ibuprofeno) [49,

50].

1.2. Picadas de insetos

A maioria das picadas de insetos não é grave e os seus sintomas melhoram em apenas

algumas horas. Os sintomas mais comuns são vermelhidão, comichão, inchaço e por vezes dor.

Algumas pessoas podem desenvolver uma reação alérgica à picada, fazendo com que a área

circundante da picada também fique inchada e vermelha, em casos mais graves pode ocorrer

dificuldade em respirar e inchaço de outras partes do corpo como a boca e cara. A zona picada

deve ser lavada com sabonete ou água, aplicar gelo ou compressas com água fria, de forma a

reduzir o inchaço e evitar coçar para reduzir o risco de infeção [51]. Para aliviar a dor, dependendo

da idade, pode-se usar paracetamol ou ibuprofeno. No caso de haver comichão podem ser

utilizadas cremes ou loções contendo corticoides (hidrocortisona) e podem ser usados anti-

histamínicos de administração tópica ou oral, quando há maior número de lesões. Podem ainda

ser utilizadas loções contendo cânfora, calamina ou mentol de forma a aliviar os sintomas [51,52].

Para a prevenção das picadas, além do uso de roupa larga, de cor clara e que cubra a maior

área corporal possível, pode ser ainda aconselhado o uso de repelentes [53]. Os repelentes podem

ser usados diretamente na pele, na roupa ou em tecidos como as redes mosquiteiras e as tendas de

campismo. Os repelentes devem conter DEET (N, N -dietil-3-metilbenzamida) 20-35%, IR3535

(éster etílico do ácido 3-(n-butil-n-acetil aminopropiónico) ou Icaridina (ácido 1-

piperidinocarboxílico, 2 - (2-hidroxietil) - 1-metilpropilester) a 20% na sua constituição. Nas

crianças (até aos 12 anos) deve-se optar por formulações com DEET a 10% ou Icaridina a 10%,

não sendo recomendada a utilização de DEET em crianças com menos de 2 anos. Em crianças

com menos de 6 meses não está comprovada a segurança dos repelentes e por isso não é

recomendada a sua utilização [52,53]. Para proteção adicional podem ainda ser aplicados

repelentes ou inseticidas como a permetrina no vestuário. O uso de ar condicionado, de sprays

inseticidas e de serpentinas impregnadas com inseticidas permite proteger a habitação da presença

de insetos e reduzir assim a probabilidade de ocorrer a picada [53].

1.3. Motivação e objetivos

A FM desenvolve, ao longo do ano, várias atividades com algumas associações da zona,

sendo uma destas associações o Centro Social do Barredo. Estando eu a realizar o estágio no

período de verão, em conjunto com os farmacêuticos da FM, achamos que seria importante e

oportuno esta sensibilização. Principalmente, porque se trata de uma apresentação dirigida para

as crianças (4-6 anos), sabendo que o risco de melanoma e de fotoenvelhecimento é

maioritariamente influenciado pela exposição solar na infância. Esta é também uma população

mais suscetível às picadas de insetos, devido às atividades ao ar livre comuns desta época do ano.

Page 37: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 27

Os objetivos deste projeto eram incutir nestas crianças a importância da proteção solar,

garantindo que os hábitos de proteção que têm são os mais corretos, de forma a implementar desde

cedo hábitos seguros e eficazes de proteção solar. Assim como, transmitir algumas formas de

prevenção das picadas e do seu respetivo tratamento que são adequados a estas idades.

1.4. Concretização

No dia 16 de junho realizei uma apresentação intitulada “Verão com Diversão sem Picada

e sem Escaldão” no Centro Social do Barredo (Anexo II). Esta apresentação contou com a

presença de cerca de 30 crianças com idades entre os 4 e os 6 anos e com a presença de duas

professoras e duas assistentes. A apresentação incidiu principalmente nas medidas de proteção

solar e de prevenção de picadas de insetos fazendo apenas uma breve referência ao tratamento da

picada e da queimadura solar. No final da apresentação distribuí um jogo didático sobre proteção

solar para que, de uma forma mais divertida, possam recordar o que foi transmitido na

apresentação (Anexo III). As crianças mostraram-se bastante participativas ao longo da

apresentação e muitas delas demonstraram ter já bons conhecimentos ao nível da proteção solar.

No final coloquei algumas questões e fiz um jogo de descobrir diferenças de forma a resumir os

pontos mais importantes da apresentação e de forma a saber se a apresentação tinha cumprido os

objetivos. Todas as perguntas foram bem respondidas pelo que considero que a apresentação

atingiu o que era pretendido, ou seja, as crianças apreenderam os conceitos mais básicos e mais

importantes sobre proteção solar, podendo agora ter uma exposição solar mais responsável e

segura.

2. Projeto II – Higiene do sono

2.1. O sono

Dormir bem é essencial para o bem-estar físico, psíquico, emocional e cognitivo. É, por isso,

considerado como um dos três pilares de um estilo de vida saudável (dieta, exercício e sono)

[54,55]. O sono deve ser visto como um conceito multidimensional, reconhecendo não só a

importância da duração, mas também da qualidade, da hora a que se dorme e, ainda, da

variabilidade destes parâmetros [54]. Problemas de sono podem estar associados a diversas

doenças cardiometabólicas como a diabetes tipo 2, doença cardiovascular, enfarte e obesidade.

Têm também um forte impacto a nível cognitivo, uma vez que o sono é essencial para os processos

de memorização e de aprendizagem. A falta de sono está associada a fadiga, cansaço excessivo,

menor qualidade de vida, menor produtividade (reduz estado de alerta, atenção, raciocínio,

concentração e resolução de problemas), e pode ainda prejudicar as relações sociais, familiares e

a vida sexual. A privação de sono aumenta a irritabilidade, ansiedade e provoca distúrbios de

humor, sendo a insónia um sintoma, mas também um agente causador de depressão [54,55].

Page 38: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 28

2.1.1. Ciclo do sono

O sono divide-se em 2 fases, o non-rapid eye-movement (NREM) e o rapid eye-movement

(REM), sendo o NREM subdividido em 4 fases [56]. Estas diferentes fases são caracterizadas por

variações na atividade cerebral, movimento dos olhos e atividade muscular. São por isso

distinguidas através da análise do registo eletroencefalográfico e pela ocorrência de movimentos

oculares rápidos, que só se verifica na fase de sono REM [57]. Durante o sono, os períodos NREM

e REM alternam de forma cíclica, e irregularidades neste ciclo estão associadas a doenças do

sono. O sono NREM constitui 75 a 80% do sono total, enquanto que o sono REM corresponde a

20 a 25% de uma noite de sono. O primeiro ciclo NREM-REM dura cerca de 70 a 100 minutos,

mas os ciclos seguintes são maiores (cerca de 90 a 120 minutos). O sono REM, no ciclo inicial

dura entre 1 a 5 minutos, contudo aumenta progressivamente ao longo da noite, assim como a

fase 2 do sono NREM, enquanto que as fases 3 e 4 por vezes desaparecem [56].

O ciclo de sono inicia-se com o sono NREM. A fase 1ª dura cerca de 1 a 7 minutos no

primeiro ciclo, correspondendo a 2 a 5% do sono total, é facilmente interrompido por barulho.

Durante esta fase as ondas cerebrais alfa (típicas da vigília) são substituídas por ondas de menor

frequência e maior voltagem. A fase 2 dura entre 10 a 25 minutos, durante o primeiro ciclo, e

chega a representar entre 45 a 55% do sono total. Nesta fase o individuo necessita de estímulos

mais intensos para acordar. Esta fase está ainda associada ao processo de consolidação da

memória. As fases 3 e 4 estão associadas a um sono mais profundo, com ondas de baixa frequência

e alta voltagem [56,58].

O sono REM está mais associado aos sonhos, ausência de tónus muscular, movimento

ocular rápido e está também associado a processos de consolidação da memória. É caracterizado,

no registo do EEG, por ondas de baixa voltagem e elevada frequência, como quando estamos no

estado de alerta [56].

2.1.2. Regulação do sono

A teoria mais aceite para a regulação dos ciclos sono-vigília é a da existência de um ritmo

circadiano que é indispensável para a manutenção da homeostasia [59].

O ritmo circadiano é gerado por neurónios localizados no hipotálamo, no núcleo

supraquiasmático, de forma a regular o ciclo sono-vigília em função do ciclo externo de dia-noite.

Este núcleo recebe estímulos de neurónios que estão localizados na retina e que funcionam como

detetores de luminosidade [56,59,60]. O núcleo supraquiasmático tem a capacidade de detetar

este ritmo dia-noite e regular a atividade de outros núcleos do hipotálamo que são responsáveis

pela secreção de hormonas, alterações na temperatura, ingestão de comida e secreção de

melatonina [56,60]. A melatonina é produzida pela glândula pineal, preferencialmente ao fim do

dia, início da noite, ajudando a consolidar o ritmo circadiano. Também a temperatura é controlada

pelo ritmo circadiano, diminuindo durante a noite, uma vez que há uma diminuição da produção

Page 39: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 29

de calor devido à diminuição da atividade metabólica que ocorre durante o sono que sofre

alteração quando acordamos e iniciamos as nossas atividades [56].

O processo homeostático é regulado pelo córtex frontal. As células do córtex frontal são

o principal local de acumulação de adenosina no período de vigília e na privação de sono, sendo

esta acumulação proporcional ao tempo que passamos acordados. A adenosina é um produto do

metabolismo energético a nível neuronal que atua como um inibidor local nos recetores de

adenosina nos neurónios colinérgicos do córtex frontal. O decréscimo na atividade dos neurónios

colinérgicos conduz ao desbloqueio da inibição de neurónios gabaérgicos presentes na área pré-

ótica ventrolateral do hipotálamo e ao bloqueio da estimulação do sistema de hipocretina, levando

assim ao início do sono [60].

2.1.3. Padrões de sono segundo a idade

O padrão de sono varia com a idade. Há diferenças significativas na percentagem de

tempo passado em cada fase do sono, na maneira como o sono se inicia, na sua manutenção e na

sua eficiência [56].

Nas primeiras semanas de vida o sono é distribuído ao longo do dia sem um ritmo regular.

Os recém-nascidos dormem cerca de 16 a 18 h por dia, sendo que cada período de sono dura cerca

de 2,5 a 4 h. Ao contrário do sono no adulto, o do recém-nascido inicia-se com REM. O ritmo

circadiano começa a existir por volta dos 2 ou 3 meses e o sono passa a iniciar-se com NREM.

Nesta altura já podem conseguir dormir por um maior período durante a noite. A partir do 1 ano

dormem cerca de 14 a 15 h, sendo o maior período de sono durante a noite. O total de tempo

passado a dormir decresce ao longo dos anos, as pessoas mais velhas podem começar a apresentar

dificuldades em adormecer e em manter o sono [56,59]. A fase 3 do sono NREM diminui a partir

dos 20 anos, já as fases 1 e 2 e as interrupções no sono aumentam com a idade [56,59].

Os adultos mais velhos (a partir dos 65 anos), normalmente, deitam-se mais cedo e

acordam mais cedo que os adultos mais jovens. Além disso os adultos mais velhos reportam mais

a ocorrência de interrupções no sono, um sono menos eficaz, a necessidade de dormir durante o

dia e maior dificuldade em iniciar o sono [56,59].

2.1.4. Diferenças entre géneros

A diferença nos padrões de sono entre géneros é mais evidente na idade adulta. Enquanto

as mulheres têm maior dificuldade em adormecer e acordam mais a meio da noite, os homens têm

mais frequentemente perturbações noturnas como a apneia e passam mais tempo na fase 1 do

sono NREM. O ciclo menstrual, nas mulheres, pode influenciar o ciclo sono-vigília, assim como

a gravidez e o período pós-parto. Nestes dois últimos períodos as mulheres podem ter necessidade

de dormir durante o dia [56].

Page 40: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 30

2.1.5. Efeitos da privação de sono

O aumento da privação de sono tem sido associado às alterações sociais que têm ocorrido

nos últimos anos. Entre elas, o aumento de horas de trabalho, trabalho por turnos e o aumento do

acesso à televisão e à internet. Os efeitos mais imediatos da privação de sono são o excesso de

sono durante o dia, cansaço, diminuição na capacidade de pensar e reagir (é muitas vezes a causa

de acidentes automóveis), lentificação motora e alterações de humor. Contudo, a longo prazo,

podem-se verificar problemas crónicos como doenças cardiovasculares, desregulação imunitária

e metabólica e alterações no sistema nervoso (ansiedade, depressão, problemas cognitivos) [61].

A falta de sono tem uma grande influência na obesidade e na diabetes tipo 2. Esta

influência advém do facto da privação de sono estar associada a baixos níveis de leptina (hormona

que diminui o apetite) e altos níveis de grelina (hormona estimulante do apetite), levando assim

ao aumento da ingestão de alimentos o que pode conduzir à obesidade. Além disso, a restrição de

sono aumenta a resistência à insulina e altera o metabolismo da glicose, podendo agravar ou

induzir a diabetes tipo 2 [61,62].

As doenças cardiovasculares também apresentam uma forte associação com a privação

de sono. A privação de sono conduz a aumento dos níveis de cortisol, aumento da atividade do

sistema simpático, disfunção endotelial, aumento do metabolismo e aumento da pressão

sanguínea. Conduzindo, desta forma, a um aumento do risco de doença cardiovascular, incluindo

aumento do risco de enfarte e de doença coronária [61,63].

A privação de sono é conhecida como uma consequência da ansiedade e da depressão.

Contudo, além de consequência, pode ainda ser uma causa destas doenças. Estudos apontam para

uma relação direta entre a falta de sono e o desenvolvimento e agravamento destas duas doenças

[64,65].

Outra das consequências a longo prazo da privação de sono são os seus efeitos na

memória. A falta de sono influência a ativação do córtex frontal e parietal, a nível neuronal,

essenciais para a consolidação da memória [66]. Também a regulação imunitária fica alterada

como consequência da privação de sono. Estudos descrevem alterações na produção de

citoquinas, como consequência de perturbações nos níveis de Il-ra, TNFα e IL-6, o que resulta

numa alteração da homeostasia imunitária [67].

2.1.6. Insónia e as suas causas

A insónia é, atualmente, um dos problemas que mais afeta a população em geral. Podendo

afetar até cerca de 30% dos adultos. Contudo as mais afetadas são as mulheres, pessoas acima dos

65 anos, trabalhadores por turnos e pessoas com doenças psiquiátricas. A definição de insónia,

segundo a International Classification of Sleep Disorders, envolve sintomas noturnos e diurnos.

Os sintomas noturnos incluem: dificuldade em adormecer e em manter o sono, sono de baixa

qualidade ou sono não reparador. Os diurnos incluem: fadiga, falta de concentração, falta de

Page 41: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 31

rendimento no trabalho ou na escola, entre outros [68,69]. Pode ser causada por condicionantes

médicas, falta de hábitos corretos de sono, uso de certas substâncias ou fatores biológicos [70].

Algumas patologias como Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), asma,

problemas gastrointestinais, distúrbios hormonais e tiroideos, dor crónica, depressão, ansiedade e

Parkinson podem estar na origem da insónia [70].

O estilo de vida tem um papel fundamental no desenvolvimento da insónia, alguns hábitos

que podem prejudicar o sono incluem: dormir durante o dia, deitar tarde (dificulta o adormecer

na noite seguinte), ausência de horários regulares de adormecer e despertar, trabalho por turnos,

trabalhar em casa à noite (luz do computador deixa o cérebro mais alerta, além disso, tem mais

preocupações, o que dificulta adormecer e manter o sono) [70].

A ingestão de álcool, de cafeína e de nicotina, também pode causar insónia. Foi detetado,

em fumadores, um aumento do tempo necessário para adormecer, interrupção do sono,

diminuição da qualidade do sono e sensação de sono não reparador [71]. A cafeína é um

conhecido estimulante do SNC, como tal, pode provocar aumento do tempo necessário para

adormecer e diminuição dos estádios 3 e 4 do sono NREM. A sua absorção é rápida e tem um

tempo de semivida longo (3 a 7 h), a ingestão de vários cafés ao longo do dia leva à acumulação

dos seus metabolitos, aumentando o tempo necessário para a sua eliminação [72]. O álcool, apesar

de ser conhecido como sedativo, leva à disrupção do sono e consequente diminuição do tempo

total de sono [73].

Os fatores ambientais como o ruído, luminosidade e o desconforto, têm também um papel

essencial nesta patologia [70].

Os fármacos são outro fator que pode provocar insónias. Alguns antidepressivos,

nomeadamente os inibidores da recaptação de serotonina e dopamina, e medicamentos anti

Parkinson que sejam agonistas do recetor de dopamina, podem ter como efeito adverso a insónia.

Também alguns fármacos indicados no tratamento de doenças cardiovasculares e que atuam como

antagonistas dos recetores beta e 5-HT e que levam à supressão de melatonina influenciam

negativamente o sono. Assim como os corticoides, que têm efeito em várias citoquinas, podendo

levar a situações de insónia [74].

2.1.7. Medidas de higiene do sono

Horários regulares para acordar e deitar: o sono é mais eficaz quando o deitar e o acordar estão

de acordo com ritmo circadiano. Horários regulares de acordar e deitar permitem consolidar o

ritmo circadiano. O sono durante o dia pode reduzir a necessidade de dormir durante a noite,

contudo, estudos relatam que 20 a 30 minutos de sono durante a tarde não influenciam o sono à

noite [75].

Ficar na cama apenas o tempo indispensável para obter o sono necessário: cada pessoa tem um

tempo de sono necessário para obter o máximo estado de alerta no dia seguinte (7 a 9 horas) [75].

Page 42: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 32

Evite a ingestão de café, bebidas com cafeína e bebidas alcoólicas: O álcool, é um relaxante do

SNC, quando ingerido à noite antes de dormir pode causar sonolência, contudo o sono é

fragmentado, o que resulta num sono não reparador. A cafeína, é um conhecido estimulante do

SNC. Esta substância liga-se aos recetores de adenosina diminuindo o sono [75].

Evite fumar: fumadores ativos podem apresentar aumento do tempo de latência para adormecer

e fragmentação do sono [75].

Use o quarto apenas quando precisa dele: O facto de realizarmos algumas tarefas na cama como

trabalhar no computador ou ver televisão, aumenta o estado de vigília [75,73].

O ambiente do quarto deve ser escuro, silencioso e confortável: A temperatura é um fator muito

importante. Um quarto frio pode levar ao aumento do tempo de latência para adormecer e a uma

diminuição do sono REM e da fase 2 do sono NREM. Um ambiente quente reduz, normalmente,

o sono total. O barulho pode interromper o sono dependendo da fase em que se encontra [75].

Não usar o telemóvel/computador nem ver televisão antes de dormir: A luz emitida por estes

aparelhos reduz a produção de melatonina, aumentado a dificuldade em adormecer e em manter

o sono. Além de que, estas tecnologias, deixam o nosso cérebro num estado de alerta, o que faz

com que seja difícil adormecer [76,77].

Optar por atividades pequenas como ler, ouvir música calma ou fazer exercícios de respiração

antes de dormir: a fim de reduzir o estado de hiperexcitação [75,78].

Praticar exercício físico: A relação entre o sono e o exercício é complexa, envolve interações entre

ritmo circadiano, metabolismo, estado imunitário, termorregulação, sistema vascular e endócrino.

Geralmente, recomenda-se exercício aeróbico moderado como medida não farmacológica no

tratamento de distúrbios do sono [79].

Optar por refeições ligeiras à noite [73].

2.1.8. Terapia farmacológica

Melatonina:

A melatonina é um composto usado no tratamento a curto-prazo da insónia primária, ou

seja, sem causa identificada, em doentes com idade igual ou superior a 55 anos. Esta substância

tem dois efeitos: um efeito inibitório agudo nos neurónios do núcleo supraquiasmático e um efeito

de indução da transição de fase no ciclo de sono [80]. Estudos indicam que a sua administração

leva a diminuição do tempo de latência para adormecer e melhoria no estado de alerta matinal em

relação ao placebo [81, 82]. Em Portugal, é comercializada na forma de libertação prolongada

(Circadin®-2 mg), ou na forma de suplemento alimentar, estando neste caso limitado a 1 mg de

melatonina por comprimido.

Valeriana Officinalis:

O extrato de Valeriana é indicado em casos de ansiedade ligeira e de dificuldade em

adormecer [83]. Deve a sua ação ansiolítica ao facto de modelar alostericamente o recetor GABA

Page 43: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 33

[84]. Os seus efeitos, contudo, não são consistentes, devido à variação de concentrações existente

entre as preparações deste composto [85].

Anti-histamínicos:

Os anti-histamínicos estão presentes em muitos dos medicamentos usados no tratamento

de alergias, sintomas de constipação, náuseas e, também, de insónias [86]. A histamina é um

regulador do ciclo sono-vigília, uma vez que induz a vigília. Os anti-histamínicos, pelo contrário,

promovem o sono, por bloqueio da ação da histamina nos recetores H1. Os anti-histamínicos de

primeira geração, têm a capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica e, por isso, têm um

maior efeito sedativo. Contudo, apresentam também efeitos anticolinérgicos, responsáveis por

efeitos adversos como boca seca, prisão de ventre, retenção urinária e visão turva [87]. A

doxilamina é um exemplo dos anti-histamínicos mais usados no tratamento da dificuldade

temporária em adormecer. Tem a capacidade de reduzir o tempo de início do sono e de aumentar

a duração do mesmo [88].

Antidepressivos:

Alguns antidepressivos têm um efeito sedativo, que é causado pelo antagonismo do efeito

de promoção da vigília de substâncias como a histamina, acetilcolina, noradrenalina e serotonina.

Apesar de não serem tratamento de primeira linha, este tipo de fármacos tem vindo a ser cada vez

mais utilizados na insónia crónica devido ao seu perfil de uso prolongado e ao facto da incidência

de depressão em doentes com insónia crónica ser elevada. A trazodona, a mirtazapina, a doxepina

e a amitriplina são dos antidepressivos com maior efeito sedativo e, por isso, os mais utilizados

no tratamento da insónia [80].

Benzodiazepinas:

As benzodiazepinas (BDZ) atuam como moduladores alostéricos dos recetores GABAA,

tendo por isso efeito sedativo, hipnótico, relaxante muscular e anticonvulsivo [89]. Ao ligar-se ao

seu lugar de ligação no recetor GABAA, a BDZ, aumenta a frequência de abertura dos canais de

cloro, com consequente aumento do influxo de iões de cloro, o que aumenta a ação inibitória do

GABA. Desta forma, promove e o sono e reduz a excitação cerebral [80, 90]. As BDZ têm a

capacidade de reduzir a percentagem de ondas lentas e de aumentar a duração da fase 2 do sono

NREM. O seu efeito no sono REM é, contudo, variável e menos pronunciado [80]. As BDZ de

curta ação são mais indicadas para pessoas com dificuldade em adormecer, enquanto que as de

longa-ação são recomendadas a pessoas que têm dificuldade em manter o sono [90].

Devido aos seus efeitos adversos e ao risco de tolerância e de dependência, na Europa, é

recomendado que o seu uso seja limitado a um período de 4 semanas. Enquanto as BDZ de curta-

ação estão mais associadas a dependência e tolerância, as de longa-ação estão mais associadas a

efeitos de sedação no dia seguinte [80]. Os efeitos, mais comuns, no dia seguinte são: sedação

Page 44: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 34

residual, dor de cabeça, vertigens, diminuição do estado de alerta, confusão, fraqueza muscular,

visão turva e amnésia anterógrada [90]. A longo-prazo os efeitos incluem: declínio psicomotor e

cognitivo, impacto negativo na memória, dependência e tolerância (necessidade de aumento da

dose para obter o mesmo efeito) [90,91]. Nos idosos o risco é acrescido, podendo ocorrer ataxia,

confusão e aumento da propensão a quedas. Neste caso, quando o uso não pode ser evitado, deve-

se recorrer a uma dose mais baixa que no adulto [90].

A descontinuação de BDZ é um processo difícil. Quando é abrupto pode causar:

ansiedade, irritabilidade, insónia, pesadelos, falta de concentração, sudação excessiva,

náuseas/vómitos e espasmos musculares [90,91]. De forma a atenuar estes efeitos pode recorrer-

se, numa primeira fase, à substituição da BDZ por uma de maior tempo de semivida como o

diazepam [90]. O processo de descontinuação deve ser gradual e a redução da dose deve ser

progressiva de forma a evitar os efeitos de retirada [91]. A melatonina também tem sido utilizada

no processo de descontinuação de BDZ. Alguns estudos apontam para uma redução do consumo

de BDZ após o início de tratamento com melatonina [92,93].

Zolpidem:

Tal como as benzodiazepinas, o zolpidem, é um modulador alostérico do recetor GABAA.

Contudo, tem uma estrutura diferente das BDZ, o que faz com que tenha um perfil risco-benefício

mais favorável. Apresenta menos efeitos adversos e menor potencial de abuso, em relação às

benzodiazepinas. Além disso, é rapidamente absorvido por administração oral [80].

2.2. Motivação e objetivos

Dados apontam para que, no mínimo, 20% dos portugueses, tenham problemas de sono.

Sendo Portugal um dos países onde é maior o consumo de fármacos para induzir o sono [54].

Partindo desta informação e depois de ter a perceção de que os fármacos indutores de sono eram

dos fármacos mais prescritos e mais vendidos na FM e que as queixas de problemas com o sono

eram muito frequentes entre os utentes, achei importante abordar este tema. Notei ainda que a

maioria das pessoas considerava inalcançável ter um sono adequado sem o uso de fármacos

indutores de sono e a grande maioria não dava a importância devida a este tema, que é tão

fundamental para a sobrevivência e para a qualidade de vida das pessoas. O objetivo deste projeto

foi alertar as pessoas para alguns comportamentos errados que prejudicam a qualidade do seu

sono, esclarecê-las e alertá-las em relação à importância de uma boa noite de sono, fornecer

informação útil para melhorá-lo e alertar para os efeitos adversos do abuso das BDZ.

2.3. Concretização

No dia 16 de julho dei início a este projeto com o preenchimento de inquéritos relativos aos

hábitos e problemas com o sono dos utentes da FM (Anexo IV) e, ainda, à distribuição de

panfletos informativos sobre o tema (Anexo V). O inquérito, realizado a vários dos utentes da

Page 45: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 35

FM, consistia numa série de questões acerca dos hábitos de sono e da qualidade do mesmo, sendo

considerado apenas o último mês. Os inquéritos foram na sua maioria realizados por mim o que

me permitiu, e também era esse um dos meus objetivos com o inquérito, que ele servisse de base

para uma “conversa” em que pude retificar alguns comportamentos errados que o utente estava a

ter, dar alguns conselhos para que este melhorasse o seu sono, alertá-lo para sinais de um sono

sem qualidade e aconselhar a consulta médica quando considerei necessário. O panfleto foi

utilizado como consolidação desta conversa, apesar de estar mais focado na insónia uma vez que

este é problema de sono mais frequente, contém informação sobre medidas não farmacológicas

importantes não só para prevenir a insónia como para melhorar a qualidade do sono, informação

simplificada sobre tratamento farmacológico e, ainda, uma parte dedicada aos efeitos adversos

das BDZ, numa tentativa de sensibilizar as pessoas para o potencial de dependência deste tipo de

fármacos.

2.4. Resultados

Os inquiridos eram na sua maioria do sexo feminino (68.4%) e de idade superior a 65

anos (31.6%), apesar de no inquérito terem participado utentes com idades compreendidas entre

os 23 e os 90 anos.

Em relação à pergunta “A que horas se deita?” a maioria respondeu “depois das 23h”

(68.4%). 44,7% das pessoas diz dormir 7 h por noite, 10.5% dorme menos de 5 h e apenas uma

pessoa diz dormir 9 h. Também 44,7% das pessoas dizem que se deitam frequentemente à mesma

hora, 26.8% diz que se deita sempre à mesma hora e 13.2% nunca se deitam à mesma hora.

Quando interrogados sobre o uso de aparelhos eletrónicos (televisão, telemóvel, computador)

89,5% diz usar este tipo de aparelhos antes de dormir. Já em relação ao consumo de cafeína,

apenas 31.6% das pessoas dizem consumir produtos com cafeína depois das 17 h. E apenas 15.8%

dos inquiridos é fumador.

Quando questionados sobre se acordam cansados, 36.8% diz que raramente, 23.7% diz

que frequentemente e 15.8% diz que se sente sempre cansado quando acorda. 26,3% das pessoas

diz que sente sono durante o dia frequentemente e 50% raramente. Quanto a insónias, 7.9% das

pessoas diz sofrer sempre e 23.7% diz sofrer raramente. A maioria das pessoas diz não acordar

(39.5%) ou acordar raramente (31.6%) durante a noite. Dos inquiridos 28.9% ingere medicação

para dormir. Sendo os fármacos mais utilizados as benzodiazepinas de longa-duração.

Dos inquiridos, 47.4%, não considera o seu padrão de sono adequado. Destes, 28,9%

conseguem identificar uma causa que justifique o sono inadequado. Entre essas causas as mais

frequentes são o excesso de trabalho e a ansiedade. Os dados obtidos encontram-se representados

esquematicamente no Anexo VI.

Page 46: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 36

2.5. Conclusão

Apesar de ter um forte impacto na qualidade de vida, os problemas com o sono são muitas

vezes vistos como problemas menores. Muitas pessoas tendem a não se aconselhar com o seu

médico ou farmacêutico sobre este assunto, outras optam por medicação pondo de parte as

medidas não farmacológicas e os hábitos que prejudicam o seu sono. Apesar dos resultados

indicarem que alguns hábitos têm sido alterados, como o consumo de tabaco e a ingestão de

cafeína ao final da tarde, outros hábitos têm vindo a ser adotados nos últimos anos e estão a

prejudicar a qualidade de sono da população. O trabalho excessivo, a ansiedade com que vivemos,

o trabalho por turnos e o uso de equipamentos eletrónicos antes de dormir são as principais causas

de noites mal dormidas. A perceção que tive das pessoas a quem fiz o inquérito é a de que

consideram os seus problemas com o sono um estado irreversível que só pode ser tratado com

medicação. O que faz com que muitas das pessoas utilizem benzodiazepinas como medicação

crónica, ainda que a indicação seja de uma utilização a curto-prazo. Cabe então ao farmacêutico,

não só alertar para os efeitos adversos destas substâncias, mas também fornecer alternativas,

informar acerca dos hábitos de higiene do sono e prestar o apoio necessário à retirada deste tipo

de fármacos.

3. Projeto III – Doença venosa e doença hemorroidária

3.1. Doença venosa

A Doença Venosa Crónica (DVC) é uma doença debilitante que afeta grande parte da

população [94]. Em Portugal, cerca de 35% da população adulta é atingida por esta doença. Sendo

as mulheres com mais de 30 anos as mais afetadas (60% dos casos). Trata-se de uma patologia

com quadro crónico e evolutivo, que afeta as veias das pernas responsáveis pelo retorno do sangue

ao coração [95]. As veias das pernas ficam comprometidas na sua função devido a alterações na

parede e nas válvulas das mesmas, levando à acumulação de sangue nas pernas que não é

transportado de regresso ao coração. Estas alterações devem-se à combinação de hipertensão

venosa e inflamação venosa crónica. As válvulas oferecem resistência à hipertensão venosa,

contudo, quando o seu limite é ultrapassado forma-se o refluxo venoso. Este refluxo leva à

libertação de mediadores da inflamação ao nível das células endoteliais. Ocorrendo ativação,

adesão e migração de leucócitos, produção de citoquinas e fatores de crescimento, o que resulta

em alterações na matriz extracelular, com consequente comprometimento das válvulas e refluxo

venoso. Cria-se, assim, um ciclo vicioso hipertensão-inflamação causador da DVC [94,95,96,97].

Esta doença manifesta-se através de sinais não visíveis como: sensação de pernas cansadas,

dor nas pernas, sensação de pernas pesadas, comichão, dormência e cãibras noturnas. E também

de sinais visíveis como: telangectasias (“derrames”), varizes, edema venoso (inchaço que se

Page 47: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 37

concentra essencialmente nos tornozelos), pigmentação da pele e úlceras venosas que podem estar

ativas ou cicatrizadas [95,96].

3.1.1. Fatores de risco

Os fatores de risco são vários e estão, normalmente, relacionados com condições que

levam a alterações na estrutura das veias. Entre os principais fatores de risco temos a idade (mais

de 30 anos), o género (mulher é mais afetada), a história familiar, a gravidez e outro tipo de

alterações hormonais. Existem ainda outros fatores, relacionados com hábitos do quotidiano que

influenciam o aparecimento da doença, tais como: obesidade, passar muito tempo numa posição

estática, roupa apertada, sapatos de salto muito alto ou muito raso, locais quentes, tabaco, dieta

obstipante e falta de exercício físico [95,98].

3.1.2. Classificação

De forma a uniformizar o diagnóstico e o tratamento da DVC, as suas diversas

manifestações foram classificadas segundo o sistema CEAP (Clínica, Etiologia, Anatomia,

Patofisiologia). O CEAP é um método internacionalmente aceite para classificar a doença

consoante a sua gravidade. Apesar de aportar estas quatro componentes, como se trata de uma

classificação complexa, por rotina, apenas se utiliza a componente clínica. Este sistema classifica

a DVC em 7 categorias. A C0 corresponde à fase mais inicial da doença, em que não existem

sinais visíveis ou palpáveis, mas em que aparecem os primeiros sintomas como a dor de pernas,

a sensação de pernas cansadas e pesadas. Na C1 aparecem as telangiectasias ou varizes reticulares,

que são muitas vezes chamadas de “derrames” ou “raios”. As telangiectasias são na realidade

vénulas intradérmicas dilatadas, com menos de 1 mm de diâmetro. A C2 caracteriza-se pela

presença de varizes, que correspondem a veias subcutâneas dilatadas com 3 ou mais mm de

diâmetro. Este quadro pode evoluir para situações mais graves como tromboflebites, embolia

pulmonar ou hemorragia de rotura. Na C3 aparece o edema que, apesar de ocorrer, normalmente,

na zona do tornozelo, pode estender-se à perna e ao pé, e caracteriza-se por deformação após

pressão. A pigmentação e/ou eczema são características da C4. A pigmentação acastanhada resulta

da extravasão de sangue para o espaço extra-vascular. Normalmente está confinada à zona do

tornozelo, contudo, pode estender-se à perna e ao pé, assim como o eczema. A C5 e C6

correspondem à úlcera cicatrizada e à úlcera ativa, respetivamente, e são as fases mais avançadas

da doença. Estão frequentemente associadas a infeções e a difíceis processos de cicatrização

[95,99].

3.1.3. Tratamento

O tratamento deve sempre ser adaptado à presença e gravidade dos sintomas, à evolução

da doença, às capacidades do doente e aos seus objetivos. De forma a aumentar a sua qualidade

de vida, melhorar os sintomas e atrasar ou até mesmo impedir a evolução da doença.

Page 48: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 38

O tratamento não farmacológico

Corresponde à adoção de medidas que devem ser adotadas por estes doentes de forma a

melhorar os sintomas e a controlar a evolução da doença. Estas medidas devem também ser

praticadas por toda a população como medidas profiláticas. A Sociedade Portuguesa de

Angiologia e Cirurgia Vascular (SPACV) recomenda [95]:

• Promover o movimento dos membros inferiores: andar um pouco depois de longos

períodos parado ou fazer movimentos circulares com os pés, de forma a não deixar

estagnar o sangue.

• Praticar desporto: a marcha a pé, com sapatos adequados, é das atividades mais benéficas

para a circulação venosa. Ginástica, ciclismo, dança, natação e golfe são outros dos

desportos que facilitam a circulação. Pelo contrário, ténis e basquetebol são desportos a

ser evitados.

• Evitar lugar quentes: o calor favorece a dilatação das veias, diminuindo a circulação. Já

o frio favorece a circulação. Banhos com água fria aliviam a sensação de pernas pesadas

e cansadas.

• Prevenir a obstipação e o excesso de peso: estes são dois dos fatores responsáveis por

aumento da pressão sanguínea nas veias. Optar por uma dieta rica em fibras, beber água

(1,5L por dia) e baixar o consumo de gorduras, são algumas medidas que devem ser

adotadas.

• Vestuário e calçado adequado: o vestuário apertado bloqueia a circulação venosa, deve-

se optar por roupa confortável e larga. Os sapatos devem ter, idealmente, 3 a 4 cm de

altura. Saltos demasiados altos ou demasiado baixos reduzem a circulação dos pés para

as pernas.

• Elevar os pés: seja para descansar ou para dormir. Elevar os pés 10 a 15 cm ajuda a

restabelecer a circulação dos pés para as pernas.

• Massajar as pernas: debaixo para cima, ou seja, dos dedos dos pés até à virilha, melhora

a circulação sanguínea.

Tratamento compressivo

Este tipo de tratamento consiste no uso de meias de compressão que existem em 3 modelos:

até ao joelho, até à raiz da coxa e collants. A terapia de compressão estimula a reabsorção do

edema e previne a formação do mesmo, tem efeito anti-trombótico e diminui a formação de

coágulos. Esta ação deve-se ao facto de diminuir o calibre venoso, aumentando a velocidade do

fluxo e reduzindo o refluxo, o volume residual e a pressão venosa [100]. Foi estabelecido que

compressão grau 1 (ligeira) corresponde a uma compressão externa de 15-21 mmHg, grau 2

(moderada) trata-se de uma compressão de 23-32 mmHg, grau 3 (forte) a uma pressão de 34-36

Page 49: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 39

mmHg e grau 4 (muito forte) uma compressão de mais de 49 mmHg [101]. A compressão deve

ser sempre adaptada à categoria CEAP em que o doente está inserido, desta forma, recomenda-se

que doentes C0 utilizem meias de compressão ligeira, C1 e C2 podem usar meias de compressão

ligeira ou moderada, para C3 e C4 está aconselhado o uso de meias de compressão moderada e

para C5 e C6 meias de compressão moderada ou forte [102].

Compressão excessiva pode levar a necrose por pressão. Além disso, é necessário ter especial

cuidado em doentes com comorbilidades como doenças arteriais, insuficiência cardíaca, presença

de abcessos e dermatite exsudativa. [101].

Tratamento farmacológico

Apesar dos mecanismos pelos quais os fármacos venoativos atuam não estarem totalmente

esclarecidos, sabe-se que exercem efeito ao nível da micro e macro circulação. Estes fármacos

têm-se revelado bastante eficazes na melhoria dos sintomas da DVC, conduzindo assim a um

aumento da qualidade de vida. Uma vez que têm a capacidade de aliviar sintomas como a dor de

pernas, sensação de pernas pesadas e cansadas e cãibras. Tem ainda a capacidade de reduzir e

evitar o edema e as alterações tróficas. Além disso, a sua associação com medidas convencionais

permite acelerar e promover o processo de cicatrização das úlceras venosas [103]. Estão por isso

indicados no tratamento de todas as categorias de DVC, como coadjuvante da terapia compressiva

ou como substituição em casos de doença arterial, infeções da pele e climas quentes, que

impossibilitam o uso de meias de compressão [104].

Os fármacos venoativos podem ser de origem natural ou sintética. Entre os de origem natural

temos as alfa-benzopirona (cumarina), flavonoides (diosmina e fração flavonóica purificada

micronizada), saponinas (escina), antocianósidos, protocianidinas, entre outros. Os de origem

sintética são o dobesato de cálcio, naftano e benzarona [106]. Estes fármacos têm a capacidade

de aumentar o tónus venoso, diminuir a permeabilidade capilar, proteger as células endoteliais da

hipoxia, prevenir o refluxo venoso, melhorar o fluxo linfático e têm ainda ação anti-inflamatória

[102]. Além destes tratamentos existe ainda o tratamento cirúrgico e escleroterapia (secagem das

pequenas varizes, através de um agente químico) [95]. No Anexo VII encontra-se referidos os

fármacos venoativos e os respetivos modos de ação.

3.2. Doença hemorroidária

A doença hemorroidária é uma patologia comum na população adulta, que afeta ambos

os sexos e que encontra o seu pico entre os 45 e os 65 anos. Consiste no deslocamento anormal

das almofadas anais causando dilatação venosa. As hemorroidas podem ser internas, quando estão

localizadas acima da linha pectínea, ou externas, quando estão abaixo dessa linha e cobertas por

epitélio pavimentoso estratificado. As internas possuem inervação visceral, por isso, geralmente,

não cursam com dor como sintoma inicial, ocorrendo, por vezes, sangramento sem dor. Pelo

Page 50: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 40

contrário, as externas têm inervação somática e por isso são mais propensas a apresentar dor. Os

principais sintomas são: prolapso, dor, prurido, sangramento e desconforto [106,107,108].

Os fatores de risco incluem: esforço defecatório excessivo, pressão intra-abdominal,

obesidade, gravidez, dieta pobre em fibras e desidratação [106,107].

3.2.1. Tratamento

O tratamento deve ser utilizado apenas quando há sintomas. O tratamento não

farmacológico passa por alterações na alimentação como o aumento da ingestão de fibras e de

água; “banhos de assento” em água morna por 15 min que permitem reduzir o inchaço, a comichão

e a dor; uso de gelo nas situações de prolapso para reduzir a dor e o inchaço; usar sabão neutro e

toalhas de algodão para a higiene da região anal, deve ainda, evitar-se o uso de papel higiénico,

que devido ao atrito causado pode provocar sangramento e irritação do local [107,108].

O tratamento farmacológico pode ser local ou oral. O tratamento local passa pelo uso de

anestésicos como a benzocaína e a lidocaína que aliviam momentaneamente a dor, e pelo uso de

corticoides que ajudam a reduzir o inchaço e a irritação. O tratamento oral inclui o uso de

venotrópicos, na fase aguda, estando provado que ajudam a reduzir o edema; analgésicos e anti-

inflamatórios não esteroides, exceto o ácido acetilsalicílico, que está desaconselhado na doença

hemorroidária; além disso, o uso de laxantes, principalmente o macrogol, também pode ser

aconselhado, de forma a reduzir o esforço de defecação [107,108,109].

Em casos mais graves o tratamento pode passar por escleroterapia, fotocoagulação,

laqueação elástica, crioterapia ou cirurgia.

3.3. Motivação e objetivos

A DVC tem uma prevalência bastante elevada na população adulta (8 em cada 10 adultos

no mundo) sendo ainda, a causa de 8% dos pedidos de reforma antecipada devido ao seu forte

impacto na qualidade de vida [110,111]. Como se trata de uma doença crónica e evolutiva é

importante que a população saiba como tratar os seus sintomas e travar a evolução da doença.

Estudos referem que uma significativa parte destes doentes evolui para estados mais complicados

da doença se não forem tratados [112], que causam grandes despesas para o orçamento da saúde,

devido aos gastos com cuidados médicos e de enfermagem necessários. A prevenção precoce e o

tratamento da DVC e das suas complicações têm um forte impacto na saúde pública e na economia

do país.

Quando o Centro Social e Paroquial São Nicolau propôs uma ação de sensibilização e

esclarecimento que se enquadrasse no seu programa de caminhadas e de ações de formação, em

conjunto com o meu orientador e com outros elementos da FM, achamos que seria relevante e

importante abordar este tema. Além de ser um tema que afeta muita gente, é um tema que se

enquadra num incentivo à adoção de um estilo de vida saudável como forma de tratar e prevenir

Page 51: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 41

determinadas patologias, e por isso um tema adequado para ser abordado num programa de

caminhadas.

Estando a doença hemorroidária tão associada ao problema venoso e tendo esta patologia

surgido várias vezes nos atendimentos efetuados na FM, achamos que seria importante abordar

também este tema.

Os objetivos deste projeto foram fazer chegar toda a informação acerca da patofisiologia

e dos fatores de risco de uma forma simples e acessível a todos os participantes. Mas,

principalmente, fornecer conselhos uteis e importantes relativos ao tratamento e à prevenção

destas patologias, e alertar para comportamentos errados que podem levar à progressão da doença.

3.4. Concretização

Este projeto esteve inserido num plano de caminhadas semanais e de ações de formação

que o Centro Social e Paroquial São Nicolau organizou em parceria com outras entidades, sendo

uma delas a FM. Decorreu no dia 10 de Agosto e iniciou-se com uma caminhada desde o Centro

Social e Paroquial São Nicolau até à ponte da Arrábida (Anexo VIII), seguindo-se a apresentação

sobre Doença Venosa Crónica e Doença Hemorroidária (Anexo IX) que realizei nas instalações

do Centro São Nicolau e que contou com a presença dos utentes do centro e de algumas pessoas

que também participaram na caminhada, a maioria das pessoas tinha idades compreendidas entre

os 40 e os 65 anos, ou seja estavam inseridos na faixa etária mais afetada pela DVC.

A apresentação consistiu numa breve abordagem à definição dos dois tipos de doenças e

dos seus respetivos fatores de risco, seguindo-se uma abordagem mais extensa às medidas não

farmacológicas que devem ser utilizadas para tratar e prevenir ambas as doenças e ainda uma

referência às medidas farmacológicas e a outro tipo de tratamentos. Durante a apresentação notei

que muitas pessoas não tinham uma ideia clara do que é a DVC e dos fatores de risco que lhe são

subjacentes, assim como da doença hemorroidária. Após a apresentação foi dado tempo e espaço

para que quem quisesse esclarecer alguma dúvida ou pretende-se algum tipo de aconselhamento

o pudesse fazer de forma mais privada. Alguns destes utentes apresentavam um quadro

compatível com DVC, nestes casos reforcei a importância das medidas não farmacológicas, e

consoante o grau de gravidade aconselhei o uso de meias compressivas e de terapia farmacológica.

No final da apresentação as pessoas consideram-se esclarecidas em relação a estas dois temas e

em relação ao impacto que as medidas não farmacológicas podem ter no tratamento e na

prevenção das mesmas.

Conclusão

O estágio é uma etapa fundamental para a consolidação dos conhecimentos adquiridos ao

longo destes 5 anos. É também uma fase importante para adquirir algumas competências

Page 52: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 42

diferentes das que são abordadas durante o curso, como a gestão, a economia, a logística e a

comunicação.

O facto de ter estado em contacto com profissionais dedicados, dinâmicos, com grande

espírito de equipa e com uma forte consciência social, foi crucial para que em 3 meses adquirisse

os pilares fundamentais para o meu futuro como farmacêutica.

A política Kaizen, adotada pela FM, ajudou-me a entender a importância da organização,

e do trabalho feito fora do balcão e que é tão importante para o funcionamento e rentabilidade da

farmácia, mas acima de tudo para um atendimento eficaz. Além disso, mostrou-me que cada

elemento é essencial para o funcionamento da farmácia, e que quando trabalhamos todos juntos

com o mesmo objetivo e de forma organizada, ganha não só a farmácia, mas também o utente.

Os 3 meses passados na FM mostraram-me que todos os dias aprendemos e que o

conhecimento técnico-científico é a chave de um bom atendimento. Por esse motivo, todos os

elementos da FM, sempre me incentivaram a querer saber mais e a questionar. Mostrando-se

sempre disponíveis para me esclarecer. Principalmente nas áreas que não são tão abordadas

durante o MICF, como a dermocosmética, a veterinária e a puericultura.

No que diz respeito ao atendimento fui sempre incentivada a não só dispensar, mas a

questionar, entender os motivos do pedido de forma a evitar erros de automedicação e de forma

a aconselhar corretamente. Um dos grandes desafios foi a adesão à terapêutica. O facto de a

farmácia dispor de outros serviços como a medição da pressão arterial e da glicémia foi

fundamental neste sentido, uma vez que muitos destes utentes tendem a deixar a medicação de

lado assim que pensam ter estabilizado estes valores.

Outro dos pontos que mais me marcou foi a interação da FM com a comunidade,

mostrando que não é apenas importante trazer as pessoas à farmácia, mas também levar a farmácia

às pessoas. Tentei, por isso, nos meus projetos de proteção solar e de doença venosa crónica e

hemorroidária, levar a farmácia à população, mostrando-lhes que o farmacêutico é um elemento

ativo do SNS em quem podem confiar e com quem se podem aconselhar.

Considero, por estes motivos, ter adquiridos as bases fundamentais de comunicação,

espírito de equipa, autonomia, organização e conhecimento, necessários para o desempenho da

minha função enquanto farmacêutica.

Page 53: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 43

Referências bibliográficas

1. Valor do Farmacêutico: Farmacêuticos. Acessível em: http://www.valordofarmaceutico.com

[acedido em 1 de junho de 2018].

2. Ordem dos Farmacêuticos: Distribuição por área de profissional. Acessível em:

http://www.ordemfarmaceuticos.pt. [acedido em 1 de junho de 2018].

3. Decreto-Lei nº 307/2007, de 31 de agosto - Regime jurídico das farmácias de oficina.

4. Decreto-Lei n.º 171/2012, de 1 de agosto - Procede à segunda alteração ao Decreto-Lei n.º

307/2007, de 31 de agosto que estabelece o regime jurídico das farmácias de oficina.

5. Santos H (2009). Boas Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária (BFP). 3ª Edição.

Conselho Nacional da Qualidade, Ordem dos Farmacêuticos.

6. INFARMED: Requisitos orientadores de Instalação de Farmácia: Check List Orientadora.

Acessível em: http://www.infarmed.pt. [acedido em 10 de junho de 2018].

7. Portaria nº 224/2015, de 27 de julho - Estabelece o regime jurídico a que obedecem as regras de

prescrição e dispensa de medicamentos e produtos de saúde e define as obrigações de informação

a prestar aos utentes.

8. Lei nº25/2011, de 16 de junho - Estabelece a obrigatoriedade da indicação do preço de venda ao

público (PVP) na rotulagem dos medicamentos.

9. Decreto-Lei n.º 112/2011, de 29 de novembro - Regime da formação do preço dos medicamentos

sujeitos a receita médica e dos medicamentos não sujeitos a receita médica comparticipados.

10. Decreto-Lei n.º 97/2015, de 1 de junho - Procede à criação do Sistema Nacional de

Avaliação de Tecnologias de Saúde.

11. Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto - Estatuto do Medicamento.

12. INFARMED. Normas relativas à dispensa de medicamentos e outros produtos de saúde.

13. Despacho n.º 2935-B/2016, de 24 de fevereiro - Estabelece disposições com vista a impulsionar a

generalização da receita eletrónica desmaterializada (Receita Sem Papel), no Serviço Nacional de

Saúde, criando metas concretas para a sua efetivação.

14. Decreto-Lei nº15/93, de 22 de janeiro - Definição do regime jurídico aplicável ao tráfico e

consumo de estupefacientes e substâncias psicotrópicas.

15. Lei n.º 11/2012, de 8 de março - Estabelece as novas regras de prescrição e dispensa de

medicamentos.

16. Decreto-Lei n.º 106-A/2010, de 1 de outubro - Adota medidas mais justas no acesso aos

medicamentos, combate à fraude e ao abuso na comparticipação de medicamentos e de

racionalização da política do medicamento no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

17. Portaria n.º 195-D/2015 – Estabelece os grupos e subgrupos farmacoterapêuticos de medicamentos

que podem ser objeto de comparticipação e os respetivos escalões de comparticipação.

18. Portaria n.º 1319/2010, de 28 de dezembro - Estabelece as regras para efeitos de atribuição do

regime especial de comparticipação.

19. Portaria n.º 246/2015, de 14 de agosto - Listagem de dispositivos médicos incluídos no regime de

comparticipação.

Page 54: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 44

20. Portaria n.º 92-E/2017 - Estabelece o regime de comparticipação do Estado no preço de

dispositivos médicos para apoio a doentes com incontinência ou retenção urinária, destinados a

beneficiários do Serviço Nacional de Saúde.

21. ACSS – Administração Central do Sistema de Saúde I.P. (2015). Manual de Relacionamento das

Farmácias com o Centro de Conferência de Faturas do SNS.

22. Decreto-Lei n.º 148/2008, de 29 de julho - Estabelece o regime jurídico a que obedece a

autorização de introdução no mercado (AIM) e as suas alterações e renovações, o fabrico, a

importação, a exportação, a distribuição, a comercialização, a rotulagem e informação, a

publicidade, a farmacovigilância, a detenção ou posse e a utilização de medicamentos veterinários.

23. Decreto-Lei n.º 145/2009, de 17 de junho - Estabelece as regras a que devem obedecer a

investigação, o fabrico, a comercialização, a entrada em serviço, a vigilância e a publicidade dos

dispositivos médicos e respetivos acessórios.

24. Decreto-Lei n.º 189/2008, de 24 de setembro - Estabelece o regime jurídico aplicável aos produtos

cosméticos e de higiene corporal.

25. Decreto-Lei n.º 118/2015 de 23 junho - Regime jurídico dos suplementos alimentares.

26. Decreto-Lei n.º 10/2007, de 18 de janeiro - limitação da colocação no mercado e da utilização de

algumas substâncias e preparações perigosas.

27. Decreto-Lei n.º 95/2004, de 22 de abril - Regula a prescrição e a preparação de medicamentos

manipulados.

28. Portaria n.º 1429/2007, de 2 de novembro: Define os serviços farmacêuticos que podem ser

prestados pelas farmácias.

29. Federação Portuguesa de Cardiologia: Saúde do Coração – Fatores de Risco. Acessível em

http://www.fpcardiologia.pt [acedido em 25 de julho de 2018].

30. Norma da Direção Geral de Saúde: Diagnóstico e Classificação da Diabetes Mellitus.

31. VALORMED. Acessível em: http://www.valormed.pt. [acedido em 26 de julho de 2018].

32. SPMS, DGS (2013). Programa: "Diz não a uma seringa em segunda mão". Acessível em:

http://spms.min-saude.pt. [acedido em 28 de julho de 2018].

33. INFARMED: Farmacovigilância. Acessível em: http://www.infarmed.pt. [acedido em 30 de julho

de 2018].

34. Instituto Português do Mar e Atmosfera: Radiação Ultravioleta. Acessível em:

https://www.ipma.pt. [acedido em 1 de junho de 2018].

35. World Health Organization (WHO): Ultraviolet Radiation. Acessível em: http://www.who.int.

[acedido em 2 de junho de 2018].

36. Skin Cancer Foundation. Prevention: UVA & UVB. Acessível em: https://www.skincancer.org

[acedido em 3 de agosto de 2018].

37. Awad, F., Assrawi, E., Louvrier, C., Jumeau, C., Giurgea, I., Amselem, S., et al (2018).

Photoaging and skin cancer: is the inflammasome the missing link?. Mechanisms of ageing and

development; 172: 131-137.

38. Kimlin, M. G., Guo, Y. (2012). Assessing the impacts of lifetime sun exposure on skin damage

and skin aging using a non-invasive method. Science of the total environment; 425: 35-41.

Page 55: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 45

39. Han, A., Chien, A. L., Kang, S. (2014). Photoaging. Dermatologic clinics; 32(3): 291-299.

40. Skin Cancer Foundation: Skin Cancer Information: Skin Cancer Facts & Statistics. Acessível em:

https://www.skincancer.org [acedido a 6 de agosto de 2018].

41. Berman, B., Cockerell, C. J. (2013). Pathobiology of actinic keratosis: ultraviolet-dependent

keratinocyte proliferation. Journal of the American Academy of Dermatology; 68(1): S10-S19.

42. Emri, G., Paragh, G., Tósaki, Á., Janka, E., Kollár, S., Hegedűs, C., et al (2018). Ultraviolet

radiation-mediated development of cutaneous melanoma: An update. Journal of Photochemistry

and Photobiology B: Biology; 185: 169-171.

43. Liga Portuguesa Contra o Cancro: O Cancro: Melanoma. Acessível em

https://www.ligacontracancro.pt [acedido em 8 de agosto de 2018].

44. Powers, J. M., Murphy, G., Ralph, N., O’Gorman, S. M., Murphy, J. E. (2016). Mitochondrial

DNA deletion percentage in sun exposed and non sun exposed skin. Journal of Photochemistry

and Photobiology B: Biology; 165: 277-282.

45. Liga Portuguesa Contra o Cancro: O Cancro: Cancro da pele não melanoma. Acessível em:

https://www.ligacontracancro.pt [acedido em 8 de agosto de 2018].

46. Sarkany, R. (2017). Sun protection strategies. Medicine; 45(7): 444-447.

47. Cestari, T., Buster, K. (2017). Photoprotection in specific populations: Children and people of

color. Journal of the American Academy of Dermatology; 76(3): S110-S121.

48. World Health Organization (WHO): Ultraviolet Radiation: Sun protection. Acessível em:

http://www.who.int [acedido em 10 de agosto de 2018].

49. The National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH): Sun Exposure. Acessível em:

https://www.cdc.gov/niosh. [acedido em 11 de junho de 2018]

50. National Health System (NHS): Sunburn. Acessível em: http://www.nhs.uk. [acedido em 11 de

junho de 2018].

51. National Health System (NHS): Insect bites and stings. Acessível em: https://www.nhs.uk.

[acedido em 14 de junho de 2018]

52. Bau, A. E. K. (2016). Picadas de Inseto Prurigo Estrófulo ou Urticária Papular.

53. Instituto de Higiene e Medicina Tropical: Consulta do viajante: Prevenção das picadas de insetos.

Acessível em http://www.ihmt.unl.pt. [acedido em 16 de junho de 2018]

54. Associação Portuguesa de Sono (APS): Dia mundial do sono. Acessível em:

http://www.apsono.com. [acedido em 7 de julho de 2018].

55. Matricciani, L., Bin, Y. S., Lallukka, T., Kronholm, E., Wake, M., Paquet, C., Olds, T. (2018).

Rethinking the sleep-health link. Sleep Health: Journal of the National Sleep Foundation; 4(4):

339-348.

56. Institute of Medicine (US). Committee on Sleep Medicine and Research (2006). Sleep Physiology.

In: Colten HR, Altevogt BM, eds. Sleep Disorders and Sleep Deprivation: An Unmet Public

Health Problem. National Acadamies Press, Washington (DC), 33-49.

57. Swick, T. J. (2012). The neurology of sleep: 2012. Sleep Medicine Clinics; 7(3): 399-415.

Page 56: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 46

58. Berry, R. B., Brooks, R., Gamaldo, C., Harding, S. M., Lloyd, R. M., Quan, et al (2017). AASM

scoring manual updates for 2017 (version 2.4). Journal of Clinical Sleep Medicine; 13(5): 665-

666.

59. Rama, A. N., Cho, S. C., Kushida, C. A. (2006). Normal human sleep. In: Teofilo Lee‐Chiong

M.D, ed. Sleep: A comprehensive handbook. John Wiley & sons, London, 3-9.

60. Pace-Schott, E. F., Hobson, J. A. (2002). The neurobiology of sleep: genetics, cellular physiology

and subcortical networks. Nature Reviews Neuroscience; 3(8): 591.

61. Institute of Medicine (US). Committee on Sleep Medicine and Research (2006). Extent and Heath

Consequences of Chronic Sleep Loss and Sleep Disorders. In: Colten HR, Altevogt BM, eds. Sleep

Disorders and Sleep Deprivation: An Unmet Public Health Problem. National Acadamies Press,

Washington (DC), 57-77.

62. Reutrakul, S., Van Cauter, E. (2018). Sleep influences on obesity, insulin resistance, and risk of

type 2 diabetes. Metabolism; 84: 56-66.

63. Khan, M. S., Aouad, R. (2017). The effects of insomnia and sleep loss on cardiovascular

disease. Sleep medicine clinics; 12(2): 167-177.

64. Cox, R. C., Olatunji, B. O. (2016). A systematic review of sleep disturbance in anxiety and related

disorders. Journal of anxiety disorders; 37: 104-129.

65. Sun, X., Zheng, B., Lv, J., Guo, Y., Bian, Z., Yang, L., Chen, Z. (2018). Sleep behavior and

depression: Findings from the China Kadoorie Biobank of 0.5 million Chinese adults. Journal of

affective disorders: 229: 120-124.

66. Frenda, S. J., Fenn, K. M. (2016). Sleep less, think worse: the effect of sleep deprivation on

working memory. Journal of Applied Research in Memory and Cognition; 5(4): 463-469.

67. Hu, J., Chen, Z., Gorczynski, C. P., Gorczynski, L. Y., Kai, Y., Lee, L., et al (2003). Sleep-

deprived mice show altered cytokine production manifest by perturbations in serum IL-1ra, TNFa,

and IL-6 levels. Brain, behavior, and immunity; 17(6): 498-504.

68. Schutte-Rodin, S., Broch, L., Buysse, D., Dorsey, C., Sateia, M. (2008). Clinical guideline for the

evaluation and management of chronic insomnia in adults. Journal of Clinical Sleep

Medicine; 4(5): 487-504.

69. Riemann D, Spiegelhaldera K, Feige B, Voderholzera U, Berger M, Perlis M, et al (2010). The

hyperarousal model of insomnia: A review of the concept and its evidence. Sleep Medicine

Reviews; 14: 19-31.

70. National Sleep Foundation: Insomnia: What causes inomnia. Acessível em:

https://sleepfoundation.org. [acedido em 10 de julho de 2018].

71. Jaehne, A., Unbehaun, T., Feige, B., Lutz, U. C., Batra, A., Riemann, D. (2012). How smoking

affects sleep: a polysomnographical analysis. Sleep medicine; 13(10): 1286-1292.

72. Roehrs, T., Roth, T. (2008). Caffeine: sleep and daytime sleepiness. Sleep medicine

reviews; 12(2): 153-162.

73. Kamel, N. S., Gammack, J. K. (2006). Insomnia in the elderly: cause, approach, and treatment. The

American journal of medicine: 119(6): 463-469.

Page 57: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 47

74. Van Gastel, A. (2018). Drug-Induced Insomnia and Excessive Sleepiness. Sleep medicine clinics;

13(2): 147-159.

75. Stepanski, E. J., Wyatt, J. K. (2003). Use of sleep hygiene in the treatment of insomnia. Sleep

medicine reviews; 7(3): 215-225.

76. National Sleep Foundation: Scary Ways Technology Affects Your Sleep. Acessível em:

https://sleep.org. [acedido em 11 de julho de 2018].

77. Billari, F. C., Giuntella, O., Stella, L. (2018). Broadband internet, digital temptations, and

sleep. Journal of Economic Behavior & Organization; 153: 58-76.

78. Lai, H. L., Good, M. (2006). Music improves sleep quality in older adults. Journal of advanced

nursing; 53(1): 134-144.

79. Chennaoui, M., Arnal, P. J., Sauvet, F., Léger, D. (2015). Sleep and exercise: a reciprocal

issue?. Sleep medicine reviews; 20: 59-72.

80. Dujardin, S., Pijpers, A., Pevernagie, D. (2018). Prescription Drugs Used in Insomnia. Sleep

medicine clinics; 13(2): 169-182.

81. Lemoine, P., Nir, T., Laudon, M., & Zisapel, N. (2007). Prolonged‐release melatonin improves

sleep quality and morning alertness in insomnia patients aged 55 years and older and has no

withdrawal effects. Journal of sleep research; 16(4): 372-380.

82. European Medicine Agency: Circadin 2mg. Acessível em: www.ema.europa.eu [acedido em 27

de agosto de 2018].

83. INFARMED: Resumo das características do medicamento - Valdispert 125 mg. Acessível em:

http://www.infarmed.pt. [acedido em 20 de agosto de 2018].

84. Felgentreff, F., Becker, A., Meier, B., Brattström, A. (2012). Valerian extract characterized by

high valerenic acid and low acetoxy valerenic acid contents demonstrates anxiolytic

activity. Phytomedicine; 19(13): 1216-1222.

85. Fernández-San-Martín, M. I., Masa-Font, R., Palacios-Soler, L., Sancho-Gómez, P., Calbó-

Caldentey, C., Flores-Mateo, G. (2010). Effectiveness of Valerian on insomnia: a meta-analysis

of randomized placebo-controlled trials. Sleep medicine; 11(6): 505-511.

86. Krystal, A. D., Richelson, E., Roth, T. (2013). Review of the histamine system and the clinical

effects of H1 antagonists: basis for a new model for understanding the effects of insomnia

medications. Sleep medicine reviews; 17(4): 263-272.

87. Polnariev, A. (2016). Antihistamines (H1 Receptor Antagonists). In: Jeffery K. A. ed. Side Effects

of Drugs Annual. Elsevier, 143-151.

88. Bial: Resumo das características do medicamento – Dormidina 25 mg. Acessível em:

https://www.bial.com. [acedido em 18 de agosto de 2018]

89. Sigel, E., Ernst, M. (2018). The Benzodiazepine Binding Sites of GABA A Receptors. Trends in

pharmacological sciences; 39(7): 659-671.

90. Varma, S. (2016). Benzodiazepines and hypnotics. Medicine; 44(12): 764-767.

91. Howard, P., Twycross, R., Shuster, J., Mihalyo, M., & Wilcock, A. (2014).

Benzodiazepines. Journal of pain and symptom management; 47(5): 955-964.

Page 58: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 48

92. Clay E., Falissard B., Nicholas M., Toumi M. (2013). Contribution of prolonged-release melatonin

and anti-benzodiazepine campaigns to the reduction of benzodiazepine and z-drugs consumption

in nine european countries. European Jounal of Clinical Pharmacology; 69(4): 1–10.

93. Cardinali, D. P., Golombek, D. A., Rosenstein, R. E., Brusco, L. I., Vigo, D. E. (2016). Assessing

the efficacy of melatonin to curtail benzodiazepine/Z drug abuse. Pharmacological research; 109:

12-23.

94. Raffetto, J. D. (2018). Pathophysiology of Chronic Venous Disease and Venous Ulcers. Surgical

Clinics of North America; 98(2): 337-347.

95. Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular (SPACV): Alerta da doença venosa.

Acessível em: http://www.alertadoencavenosa.pt. [acedido em 7 de agosto de 2018].

96. Bergan, J. J., Schmid-Schönbein, G. W., Smith, P. D. C., Nicolaides, A. N., Boisseau, M. R.,

Eklof, B. (2006). Chronic venous disease. New England Journal of Medicine; 355(5): 488-498.

97. Meissner, M. H., Moneta, G., Burnand, K., Gloviczki, P., Lohr, J. M., Lurie, F., et al (2007). The

hemodynamics and diagnosis of venous disease. Journal of vascular surgery; 46(6): S4-S24.

98. McArdle, M., Hernandez-Vila, E. A. (2017). Management of Chronic Venous Disease. Texas

Heart Institute Journal; 44(5): 347-349.

99. Meissner, M. H., Gloviczki, P., Bergan, J., Kistner, R. L., Morrison, N., Pannier, et al (2007).

Primary chronic venous disorders. Journal of vascular surgery; 46(6): S54-S67.

100. Felty, C. L., Rooke, T. W. (2005). Compression therapy for chronic venous

insufficiency. Seminars in vascular surgery; 18(1): 36-40.

101. Palfreyman, S. J., Michaels, J. A. (2009). A systematic review of compression hosiery for

uncomplicated varicose veins. Phlebology; 24: 13-33.

102. Matos A., Mansilha A., Bransão E., Cássio I., Barbosa J., França J., et al (2011). Recomendações

no diagnóstico e tratamento da doença venosa crónica. Sociedade Portuguesa de Angiologia e

Cirurgia Vascular.

103. Martinez‐Zapata, M. J., Cosp, X. B., Moreno, R. M., Vargas, E., & Capellà, D. (2005).

Phlebotonics for venous insufficiency. Cochrane Database of Systematic Reviews, (3).

104. Ramelet, A. A., Boisseau, M. R., Allegra, C., Nicolaides, A., Jaeger, K., Carpentier, P., et al

(2005). Veno-active drugs in the management of chronic venous disease. An international

consensus statement: current medical position, prospective views and final resolution. Clinical

hemorheology and microcirculation; 33(4): 309-319.

105. Perrin, M., Ramelet, A. A. (2011). Pharmacological treatment of primary chronic venous disease:

rationale, results and unanswered questions. European journal of vascular and endovascular

surgery; 41(1): 117-125.

106. Deus, J. R., Pereira, A., & Silva, P. (2010). Doença hemorroidária. Revista Portuguesa de

Coloproctologia; 28-31.

107. Fernandes V, Camacho A (2009). Doença hemorroidária. Revista Portuguesa de Coloproctologia;

5: 36-43.

108. Hall, J. F. (2013). Modern management of hemorrhoidal disease. Gastroenterology Clinics; 42(4):

759-772.

Page 59: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 49

109. Harvard Health Publications: Hemorrhoids and what to do about them. Acessível em:

https://www.health.harvard.edu. [acedido em 5 de agosto de 2018].

110. Rabe, E., Guex, J. J., Puskas, A., Scuderi, A., Fernandez, F. Q. (2012). Epidemiology of chronic

venous disorders in geographically diverse populations: results from the Vein Consult

Program. International angiology: a journal of the International Union of Angiology; 31(2): 105-

115.

111. Nicolaides, A., Kakkos, S., Eklof, B., Perrin, M., Nelzen, O. (2014). Management of chronic

venous disorders of the lower limbs-guidelines according to scientific evidence. International

angiology: a journal of the International Union of Angiology; 33(2): 87-208.

112. Onida, S., Davies, A. H. (2016). Predicted burden of venous disease. Phlebology; 31: 74-79.

Page 60: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 50

Anexos

Anexo I – Área exterior da farmácia moreno.

Page 61: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 51

Anexo II– Apresentação “Verão com diversão sem picada e sem escaldão”

Page 62: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 52

Page 63: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 53

Page 64: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 54

Page 65: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 55

Page 66: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 56

Page 67: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 57

Anexo III – “Quantos-queres” sobre proteção solar

Page 68: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 58

Anexo IV – Inquérito sobre higiene do sono e problemas de sono

Page 69: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 59

Page 70: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 60

Page 71: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 61

Anexo V – Panfleto informativo sobre o sono

Page 72: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 62

Page 73: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 63

Anexo VI – Resultados do inquérito sobre higiene do sono e problemas de sono-

Page 74: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 64

Page 75: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 65

Page 76: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 66

Page 77: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 67

Tabela 5 – Compilação dos resultados obtidos no inquérito.

Page 78: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 68

Page 79: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 69

Page 80: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 70

Page 81: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 71

Anexo VII – Fármacos venoativos e respetivos modos de ação.

Tabela 6 - Fármacos venoativos e respetivos modos de ação (adaptado [102]).

Grupo químico Grupo químico Tónus

venoso

Paredes e válvulas venosas

Permea-bilidade capilar

Sistema Linfático

Efeito anti-inflamatório

Parâmetros hemor-

relógicos Proteção

das células endoteliais

Prevenção do refluxo

venoso

Inibição interção

leucócito-epitélio

Redução radicais

livres

Gama-benzopironas

FFPM + + + + + + + +

Diosmina ND ND ND ND ND ND ND ND

Rutina + ND ND + ND ND + ND

Saponinas

Extrato de Ruscus

+ + ND + ND ND ND ND

Escina + + ND + ND ND + ND

Outros extratos de

plantas

Antocianósidos Proantocianidina

ND + ND + ND ND + +

Sintéticos

Dobesilato de cálico

+ ND ND + + ND + +

Benzarona Naftazona

ND ND ND ND ND ND ND ND

*ND – Não demosntrada evidência

Page 82: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 72

Anexo VIII – Caminhada do Centro Social e Paroquial São Nicolau.

Page 83: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 73

Page 84: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 74

Anexo IX – Apresentação sobre “Doença Venosa Crónica e Doença Hemorroidária”

Page 85: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 75

Page 86: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 76

Page 87: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 77

Page 88: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 78

Page 89: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Mariana Ferreira Fonseca 79

Page 90: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca i

Farmacia Blanca Santos Alonso Burón

Mariana Ferreira Fonseca

Page 91: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca ii

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Memoria de Practicas en Oficina de

Farmacia

Farmacia Blanca Santos Alonso Burón

Enero de 2018 a Abril de 2018

Mariana Ferreira Fonseca

Tutora académica: Dra. Ana Celia Alonso González

Tutora de la farmacia: Dra. Blanca Santos Alonso Burón

Abril 2018

Page 92: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca iii

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso

ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações,

ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se

devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de

referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito

académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 13 de Abril de 2018

Mariana Ferreira Fonseca

Page 93: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca iv

Agradecimientos

Llegando al final de una etapa que fue importantísima, no podía dejar de agradecer a

todas las personas que estuvieron presentes durante este camino y que lo hicieron posible.

Agradezco a la Facultad de Farmacia de la Universidad de Oporto por la oportunidad de

hacer el programa Erasmus, y a la Universidad de Oporto por el soporte y el seguimiento

constante. Agradezco también a la Universidad de Salamanca por la posibilidad de hacer las

Prácticas Tuteladas de Farmacia en cuanto estudiante Erasmus.

A Blanca Alonso Burón agradezco por haberme recibido en su farmacia durante estos 3

meses, por haberme dado la oportunidad de dar mis primeros pasos en la oficina de farmacia y

por haber estado disponible para me ayudar se necesario. A María agradezco todo lo que me

enseñó y el amor a la profesión que me transmitió, mostrándome que las dificultades siempre se

superan cuando se hace lo que más se gusta. A Elena agradezco toda la paciencia, cariño, apoyo

y toda la alegría con que nos contagia todos los días. Le agradezco a Pedro por mostrarme todos

los días que ser farmacéutico es mucho más que dispensar medicamentos, que las personas

vienen siempre en primer lugar, la humanidad y cariño con que trata a cada persona que entra en

la farmacia y todas las experiencias de sus largos años de trabajo que ha compartido conmigo

son cosas que ciertamente no olvidaré. Agradezco también a Jesús, mi compañero de prácticas

por haber compartido conmigo los primeros pasos como farmacéuticos apoyándome cuando lo

necesitaba.

Durante estos tres meses, tuve la oportunidad de vivir en una ciudad muy distinta de la

mía y donde hablé una lengua distinta de la primera que he aprendido, lo que me ha hecho

crecer e descubrir más sobre mí. No puedo también dejar de agradecer a todas las personas

increíbles con que me he cruzado y con que he compartido la experiencia de Erasmus. Estoy

segura que no habría sido tan maravillosa sin vosotros.

Agradezco por fin a mi familia y amigos por todo el soporte a lo largos de esta

experiencia, sin ellos no sería posible.

Page 94: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca v

Resumen

Esta etapa constituye uno de los momentos más importantes y decisivos del Doble

Grado en Farmacia, en la medida que viabiliza la aplicación y consolidación de los

conocimientos adquiridos a lo largo del curso. Es una etapa que coloca el futuro farmacéutico en

contacto con la realidad cotidiana de una farmacia a fin de servir a la comunidad con la mejor

competencia y calidad posible.

Estos tres meses de prácticas fueron mi primer contacto completo con la farmacia

comunitaria y habiendo sido realizados en una ciudad y país diferentes del mío, me permitirán,

además de consolidar todos los conocimientos adquiridos durante los cuatro años de estudio,

mejorar un idioma que era nuevo para mí ya que mi trabajo diario era desarrollado totalmente en

español.

En esta memoria se presenta un resumen de todas las actividades realizadas durante los

tres meses, que permitirán poner en práctica todos los conocimientos adquiridos antes y a lo

largo de las prácticas. El documento describe toda la organización y funcionamiento de una

farmacia en España, más específicamente de la Farmacia Blanca Santos Alonso Burón.

Page 95: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca vi

Índice

Agradecimientos .......................................................................................................................... iv

Resumen ........................................................................................................................................ v

Índice de Abreviaturas ............................................................................................................... viii

Índice de Imágenes y Tablas ........................................................................................................ ix

1. Introducción .............................................................................................................................. 1

2. Organización física y funcional de la farmacia ......................................................................... 1

2.1. Ubicación y breve descripción ........................................................................................... 1

2.2. Recursos humanos .............................................................................................................. 1

2.3. Espacio Físico de la farmacia ............................................................................................. 2

2.4. Sistema informático............................................................................................................ 3

3. Adquisición de los productos comercializados en la farmacia .................................................. 3

3.1. Gestión de stock ................................................................................................................. 3

3.2. Pedidos ............................................................................................................................... 4

3.3. Recepción y Verificación de Pedidos ................................................................................. 4

3.4. Almacenamiento y ubicación de los productos .................................................................. 4

3.5. Control de caducidades ...................................................................................................... 5

3.6. Devoluciones ...................................................................................................................... 5

4. Dispensación de medicamentos ................................................................................................ 6

4.1. La Receta Médica ............................................................................................................... 6

4.2. Aportaciones ...................................................................................................................... 9

4.3. Medicamentos Sujetos a Prescripción Médica (MSPM) .................................................. 10

4.4. Medicamentos no Sujetos a Prescripción Médica (MNSPM) .......................................... 11

4.5. Medicamentos sujetos a legislación especial ................................................................... 12

4.6. Dispensación de otros productos farmacéuticos .............................................................. 14

7. Cuidados e Servicios Farmacéuticos ....................................................................................... 17

7.1. Medición de tensión arterial ............................................................................................. 17

7.2. Medición de glucemia ...................................................................................................... 17

8. Facturación de Recetas ............................................................................................................ 18

9. Libros Oficiales y Fuentes de Información ............................................................................. 19

10. Recogida de Medicamentos Caducados o en Desuso - Punto SIGRE .................................. 20

Conclusión................................................................................................................................... 20

Bibliografía ................................................................................................................................. 22

Anexos......................................................................................................................................... 24

Anexo I- Principales áreas de la farmacia ........................................................................... 24

Page 96: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca vii

Anexo II – Receta electrónica ............................................................................................. 25

Page 97: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca viii

Índice de Abreviaturas

ATEP - Accidentes de Trabajo y Enfermedad Profesional

DH - Diagnóstico Hospitalario

DOE - Denominación Oficial Española

ECM - Especial Control Médico

EFP - Especialidades Farmacéuticas Publicitarias

ISFAS - Instituto Social de las Fuerzas Armadas

MNSPM - Medicamentos No Sujetos a Prescripción Médica

MSPM - Medicamentos Sujetos a Prescripción Médica

MUFACE – Mutualidad General de los Funcionarios Civiles del Estado

MUGEJU - Mutualidad General Judicial

PNT - Procedimientos Normalizados de Trabajo

PVA – Precio de Venta del Almacén

PVP – Precio de Venta al Público

RCV – Risco Cardiovascular

SDTX – Síndrome Tóxico

SNS – Sistema Nacional de Salud

SS – Seguridad Social

TSI - Tarjeta de Salud Individual

Page 98: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca ix

Índice de Imágenes y Tablas

Imágenes

Imagen 1 – Símbolos presentes en el envase de los medicamentos………….……………….10

Tablas

Tabla 1 - Distribución de las aportaciones por la población residente en España………………9

Tabla 2 - Símbolos y siglas más común en los envases de los medicamentos………………...11

Page 99: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 1

1. Introducción

La misión diaria de un farmacéutico es garantizar y generar salud, teniendo un papel clave

en la asistencia a la población. Las prácticas tuteladas en oficina de farmacia son, por eso, un

paso esencial para completar el Doble Grado en Farmacia, de modo que el futuro farmacéutico

pueda servir a la comunidad con mejor competencia y calidad posible.

La oficina de farmacia es un área donde se encuadra los servicios básicos a la población

como el almacenamiento y dispensación de medicamentos y productos sanitarios, el control de

las recetas médicas, la preparación de fórmulas magistrales y preparados oficinales, así como la

colaboración en actos de prevención y promoción de la salud.

Actualmente el desafío es asegurar la calidad del servicio farmacéutico y el acceso al

medicamento por parte de todos los ciudadanos al mismo tiempo que se promueve el uso

racional de los medicamentos.

He realizado mi Erasmus en la farmacia Blanca Santos Alonso Burón, en Salamanca, de

enero a abril. En este tiempo tuve la oportunidad de conocer el funcionamiento de la farmacia y

adquirir competencias importantes para la actividad farmacéutica, como voy a describir en este

informe.

2. Organización física y funcional de la farmacia

2.1. Ubicación y breve descripción

La farmacia Blanca Santos Alonso Burón localizase en Salamanca, en la calle Canalejas,

117. Es una farmacia pequeña, pero bien localizada, en una calle muy concurrida. Es

frecuentada mayoritariamente por clientes que habitan en esa misma calle y que ya se

encuentran fidelizados, manteniendo por eso una relación cercana con los farmacéuticos que

están acostumbrados a acompañar a sus pacientes a lo largo de los años, ya que muchos de ellos

san ancianos y poli medicados.

Su horario de funcionamiento es de 9h30 a 14h00 y de 17h00 a 20h30, de lunes a viernes, y

por los sábados es de 9h00 a 14h00.

Mis prácticas fueran hechas de lunes a viernes, de las 9h30 a 14h00 y de las 17h00 a 19h30.

2.2. Recursos humanos

El equipo es constituida por la farmacéutica titular (Blanca Santos Alonso Burón), por una

farmacéutica, María, y por dos auxiliares de farmacia, Pedro y Elena. Juntos aseguran la calidad

del servicio, y gracias a su simpatía y profesionalismo permiten que la farmacia cuente con

varios clientes fidelizados que confían en su trabajo.

Page 100: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 2

Durante mis prácticas tuve la oportunidad de trabajar con todos ellos que estuvieron siempre

muy disponibles para enseñar y ayudar, siendo cruciales para mi aprendizaje a lo largo de los 3

meses de práctica.

2.3. Espacio Físico de la farmacia

El exterior de la farmacia está identificado debidamente con una cruz verde luminosa, el

horario de funcionamiento y el nombre del titular farmacéutico según la legislación en vigor [1].

En el interior presenta las siguientes divisiones: área de atención al público, zona de

revisión, almacenamiento de medicamentos y laboratorio donde se preparan las fórmulas

magistrales, un gabinete de la titular, un almacén y aseos. En el Anexo I se encuentran las

principales áreas de la farmacia.

2.3.1. Área de atención al público

El área de atención al público se encuentra bien iluminada y contiene un mostrador con tres

puesto cada uno con un ordenador. Por detrás del mostrador están unas estanterías donde se

encuentran sobretodo productos dermatológicos y cosméticos, estas estanterías contienen aún

otros productos de venta libre como productos de higiene oral, champús y productos

contraceptivos. En los cajones junto al mostrador se encuentran algunos de los medicamentos

no sujetos a receta médica más vendidos, pruebas de embarazo, termómetros entre otros

productos que necesitan estar más accesibles al dispensador. En el exterior del mostrador

también se encuentran expuestos algunos productos de venta libre como productos ortopédicos,

productos naturales y productos de pérdida de peso. En esta zona también hay una balanza y un

banco donde se hacen las mediciones de la tensión.

2.3.2. Área de recepción, revisión, almacenamiento de medicamentos y

laboratorio

En el área de almacenamiento, por detrás del mostrador, están almacenadas las

especialidades farmacéuticas, en cajonera por orden alfabética y dividida en jarabes y sobres,

cremas/pomadas, comprimidos, productos oftálmicos, vitaminas para los ojos, soluciones,

óvulos y supositorios, ampollas y inyectables. En esta zona hay también unas estanterías donde

se encuentra stock de productos que están en la cajonera, algunos productos antigripales,

antitusivos y mucoliticos, y medicamentos encargados. Además tiene una zona donde se hace la

recepción de pedidos, donde son conferidas todas las recetas y recogidas juntamente con toda la

documentación referente a ellas, y un área de laboratorio donde se hacen las fórmulas

magistrales.

Page 101: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 3

2.3.3. Despacho de la Titular

Es el lugar donde la farmacéutica titular recibe a los delegados comerciales. Esta zona

contiene también un ordenador de donde hace la gestión de la farmacia.

2.3.4. Almacén

En el almacén están almacenados el stock de productos y el material publicitario usado en el

escaparate y en el interior de la farmacia para promover los productos.

2.4. Sistema informático

El sistema adoptado por la farmacia es el NovoFarma, un programa intuitivo que permite

realizar todas las tareas diarias de la farmacia y que contiene una base de datos de todos los

medicamentos disponibles pues todos los productos de la farmacia tienen una hoja de artículo

propia (con el nombre, Código Nacional (CN), precio, stock), se asume, por eso, como

importante apoyo en la dispensación, ya que presenta informaciones relevantes sobre los

medicamentos, en especial a nivel de interacciones y efectos adversos, además de que permite

efectuar una atención personalizada una vez que a través de la ficha de cliente el dispensador

tiene acceso a la información sobre cuál son los fármacos que lleva habitualmente, lo que

contribuye para un atendimiento más profesional y de mayor calidad.

Es también a través de este programa que se hace la mayor parte de los pedidos y se hace la

recepción o se devuelven los productos [2].

Constituye así un registro de todos los movimientos en la farmacia, siendo posible acceder

al histórico de ventas y al libro de recetario, entre otros [2].

Mientras hice mis prácticas tuve la oportunidad de trabajar diariamente con ese sistema, lo

considero muy práctico, rápido e intuitivo.

3. Adquisición de los productos comercializados en la farmacia

3.1. Gestión de stock

La gestión del stock constituye un aspecto fundamental para un buen funcionamiento de

cualquier farmacia, se garantiza a través del paso de todos los productos por el sistema

informático, desde la compra hasta la salida del producto, eso permite un mantenimiento

actualizado de los stocks. Para certificar la existencia de los productos en la farmacia para que

puedan ser dispensados cuando necesario, es esencial tener en cuenta los clientes de la farmacia,

tipos de prescripción de los médicos, publicidad de las medicinas no sujetas a prescripción

médica y la demanda estacional. Así es asegurado el equilibrio financiero esencial para el

correcto desarrollo de todo el trabajo en la farmacia.

Page 102: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 4

3.2. Pedidos

En la farmacia Blanca Santos Alonso Burón los pedidos son hechos mayoritariamente a

Socofasa® y a veces a la Alliance Healthcare®. En general los pedidos se hacen directamente a

los almacenistas automáticamente por el NovoFarma teniendo en cuenta las existencias

máximas y mínimas, con el fin de garantizar el stock suficiente para satisfacer las necesidades.

Todos los días se hace una revisión de los pedidos para la reposición diaria de productos

con mayor rotación y una vez a la semana se hace un pedido mayor, en este caso ya se tiene en

cuenta la reposición de stock de acuerdo con las ventas semanales y las ventas futuras

estimadas. Durante el día, a veces es necesario pedir vía telefónica algún producto al

almacenista, cuando algún usuario solicita un producto que no figura en el stock de la farmacia,

en este caso se trata de encargos y normalmente se entregan en el propio día.

Hay pedidos que son hechos directamente a un laboratorio, cuando por ejemplo la farmacia

es visitada por un delegado que informa sobre cual son los nuevos productos y ofertas que

tienen. Ese tipo de venta supone una ventaja económica para la farmacia.

3.3. Recepción y Verificación de Pedidos

Cada pedido tiene un albarán donde se encuentran descritos los productos existentes en los

contenedores, el precio de venta al público (PVP), el precio de venta del almacén (PVA) y el

IVA. El proceso de recepción y verificación de pedidos empieza con una verificación del

pedido, o sea, se verifica si la factura está destinada à la farmacia, si se ajusta a los productos y

cantidades recibidas y si los importes facturados están correctos. Para no interrumpir la cadena

de frio, la primera cosa a hacer es recoger los productos que necesitan ser almacenados en la

nevera. Lo paso siguiente es la recepción del pedido en NovoFarma, debe ser dada la entrada de

los productos a través del comando “Recepción de pedidos” en el ordenador, si lo pedido fue

hecho a través del NovoFarma es necesario verificar si lo que fue recibido corresponde a lo que

fue pedido, cambiando las cantidades y las caducidades cuando necesario. Cuando el pedido no

fue hecho a través del NovoFarma es necesario crear un nuevo albarán y añadir los artículos

acogidos, la entrada de los productos es hecha a través de la lectura óptica del precinto o a

través del código nacional.

3.4. Almacenamiento y ubicación de los productos

Es una obligación de la farmacia garantizar que los medicamentos son almacenados en las

condiciones ideales de temperatura, humidad y luz [3].

El almacenamiento se hace de forma a facilitar el acceso a la medicación a fin de garantizar

un servicio eficiente y más rápido. Los Medicamentos Sujetos a Prescripción Médica (MSPM) y

algunos Medicamentos No Sujetos a Prescripción Médica (MNSPM) se encuentran, en su

mayoría, guardados en un cajonero de dispensación rápida, detrás del mostrador, que está

Page 103: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 5

primariamente organizado de acuerdo con la forma farmacéutica (comprimidos/cápsulas,

productos bucofaríngeos, soluciones orales, medicamentos inyectables y ampollas, colirios y

pomadas oculares, gotas auriculares, medicamentos destinados a administración rectal y

vaginal, fórmulas farmacéuticas semisólidas de aplicación cutánea) y secundariamente por

orden alfabético. Cada cajón se identifica con las primeras letras del primer medicamento y con

las primeras letras del último, con el fin de facilitar la dispensación. En la nevera, cuya

temperatura es rigurosamente controlada, se guardan insulinas, diversas vacunas y otros

medicamentos que necesitan de una temperatura más baja de conservación.

En el mostrador existen cajones donde se guardan los MNSPM (Medicamentos No Sujetos

a Prescripción Médica) más vendidos, productos como antigripales y pastillas para el dolor de

garganta, jeringuillas, termómetros, tapones de oídos, productos buco-dentarios, test de

embarazo y otros productos. En las estanterías que están detrás del mostrador están sobretodo

productos como champús y dermocosméticos. En las estanterías fuera del área de atención al

público están los productos ortopédicos y la restante parafarmacia.

Todos los productos san almacenados de acuerdo con las fechas de caducidad, siguiendo la

regla First Expired, First Out (FEFO), en que la primera caja de cada medicamento a dispensar

tiene que ser la que tiene un plazo de caducidad más corto. Cuando los productos no tienen

fecha de caducidad tienen que seguir la regla First In, First Out (FIFO) en que el primer

producto a salir es lo que hace más tiempo en la farmacia. Así se reduce la posibilidad de

existencia de productos caducados en la farmacia.

3.5. Control de caducidades

El control de caducidades es una parte muy importante de la gestión de la farmacia, ya que

permite evitar la pierda de productos expirados y garantiza que los medicamentos cuando

dispensados se encuentren en sus óptimas condiciones para ejercer su acción y no causaren

efectos adversos. Siempre que sea posible, se hace una revisión de las fechas de caducidad de

los productos y todos los productos que han caducado o que van a caducar en los próximos

meses son separados y luego devueltos a los almacenistas. El NovoFarma tiene la capacidad de

generar una lista con los productos que van a caducar en los próximos meses, facilitando a

gestión y control de las caducidades.

Durante mis prácticas tuve la oportunidad de hacer el inventario lo que permitió identificar

los productos que van a caducar en los próximos meses y que no rotan mucho.

3.6. Devoluciones

La devolución de productos se puede hacer cuando un producto ha expirado o está a punto

de caducar, cuando el producto está dañado, cuando se producen irregularidades o errores en el

envío de los pedidos o cuando los productos son objeto de recogida.

Page 104: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 6

En todos los casos se contacta el almacenista y se devuelven los productos con la parte

inferior del respectivo albarán.

Es necesario que después de este proceso se cree un albarán de devoluciones en el

NovoFarma para que estos productos dejen de formar parte del stock.

4. Dispensación de medicamentos

Según el Real Decreto 1718/2010, de 17 de diciembre, sobre receta médica y órdenes de

dispensación, la dispensación se define como el acto en que el farmacéutico entrega la

medicación prescrita por un facultativo junto a la información necesaria para su uso racional [4].

La dispensación de medicamentos y productos sanitarios es un acto de responsabilidad

profesional, no un mero acto de venta, sino la entrega de la medicación prescrita acompañada

siempre del correspondiente consejo sanitario y información para la correcta conservación y uso

del medicamento o producto sanitario [4].

4.1. La Receta Médica

El Real Decreto 1718/2010, de 17 de diciembre, define receta médica como un documento

de carácter sanitario normalizado y obligatorio, mediante el cual los médicos y el personal

legalmente facultado para ello prescriben a los pacientes los medicamentos o productos

sanitarios sujetos a prescripción médica, para su dispensación por un farmacéutico o bajo su

supervisión, en las oficinas de farmacia y otros locales debidamente autorizados para el efecto,

conforme a lo previsto en la legislación vigente [4].

La receta médica es válida en todo el territorio nacional y se presenta en la lengua oficial del

Estado y en la respectiva lengua cooficial en las comunidades autónomas que dispongan de ella,

garantizando así que el tratamiento prescrito pueda ser dispensado al paciente en cualquier

oficina de farmacia del territorio nacional [4].

Las recetas pueden emitirse en soporte papel y en soporte electrónico, y deberán ser

complementadas con una hoja de información al paciente con la información del tratamiento

necesaria para facilitar el uso adecuado de los medicamentos o productos sanitarios prescritos.

En cualquier caso el prescriptor deberá consignar los datos obligatorios, esenciales para la

validez de la receta, que son: los datos del paciente (nombre, apellidos, año de nacimiento,

código de identificación personal en las recetas de asistencia sanitaria pública, código de la

tarjeta sanitaria europea en el caso de ciudadanos extranjeros, DNI o NIE en las recetas de

asistencia sanitaria privada, y tipo de aportación o código TSI en las recetas con cargo a la

Seguridad Social); los datos del medicamento (denominación del principio activo o

denominación del medicamento, dosificación y forma farmacéutica, vía o forma de

administración, se necesario, número de unidades por envase o contenido en peso o volumen (si

Page 105: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 7

no se especifica el tamaño del envase, se dispensará el envase de menor tamaño disponible),

número de envases del medicamento a dispensar, posología y duración total del tratamiento);

los datos del prescriptor (nombre, apellidos y firma, población y dirección donde ejerza, número

de colegiado o el código de identificación asignado por las administraciones competentes y la

especialidad acreditada que ejerza y la firma); los datos de la farmacia (sello de la farmacia

donde se recogen los datos de la misma: número de farmacia, titular, dirección y NIF o CIF,

fecha de dispensación y firma del farmacéutico, cuando se trata de las recetas electrónicas se

requiere la firma electrónica); deberá aún contener la fecha de prescripción, fecha prevista de

dispensación en casos de tratamientos crónicos o medicamentos de dispensación renovable y

número de orden [4].

De acuerdo con el real Decreto 178/2010 cada receta será válida para una sola

dispensación. La receta es válida para su dispensación en un plazo de 10 días naturales desde la

fecha prevista de dispensación, o de la prescripción si no figura la fecha prevista de

dispensación. En los medicamentos que requieren visado, la fecha de validez se cuenta a partir

de la fecha del visado. En las recetas de vacunas individualizadas, la receta es válida hasta 90

días naturales a partir de la fecha consignada en la receta [4].

En cada receta médica en soporte papel solo puede estar prescrito un medicamento y un

único envase del mismo, pero hay algunas excepciones: los antibióticos pertenecientes al Grupo

J01 (Antibióticos sistémicos; excepto J01E (trimetoprima, sulfadiazina y sulfamidas de acción

corta), J01M (quinolonas y fluoroquinolonas) y J01R (combinaciones de medicamentos), para

los que solo se podrá dispensar un envase por receta), viales de insulina (hasta 4 envases),

estupefacientes (hasta 4 envases, siempre que no se supere el tratamiento para 3 meses),

medicamentos de diagnóstico hospitalario (hasta 4 envases, siempre que no se supere el

tratamiento para 3 meses) y dietoterápicos (hasta 4 envases, siempre que no se supere el

tratamiento para 1 mes) [4].

En lo que se refiere al plazo máximo de tratamiento prescrito en una receta, este es de 3

meses, salvo en los tratamientos crónicos determinados por el Ministerio de Sanidad, Servicios

Sociales e Igualdad, que podrá ser de 6 meses [4].

En la dispensación el farmacéutico tiene que tener en cuenta que no puede dispensar un

medicamento o producto sanitario cuando existan dudas razonables sobre la validez de la receta

médica presentada por el paciente.

Una vez dispensadas y diligenciadas, las recetas médicas en formato papel serán

conservadas en la Oficina de Farmacia durante 3 meses, a excepción de las recetas de

medicamentos psicótropos que se guardarán durante 2 años, las recetas de medicamentos

estupefacientes que se guardaran durante 5 años y las recetas del Sistema Nacional de Salud,

cuya facturación se realizará en los plazos establecidos por la normativa vigente [4].

Page 106: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 8

El farmacéutico dispensará el medicamento prescrito por el médico y, con carácter

excepcional, cuando por causa de desabastecimiento no se disponga en la oficina de farmacia

del medicamento prescrito o concurran razones de urgente necesidad en su dispensación, el

farmacéutico podrá sustituirlo por el de menor precio. En todo caso, deberá tener igual

composición, forma farmacéutica, vía de administración y dosificación. Son excepciones de esta

posibilidad de sustitución aquellos medicamentos que, por razón de sus características de

biodisponibilidad y estrecho rango terapéutico, determine el Ministerio de Sanidad, Servicios

Sociales e Igualdad que no pueden ser substituidos [5].

4.1.1. Receta Electrónica

La receta electrónica se implantó completamente en Castilla y León en julio 2016. En este

caso, en lugar de extender una receta en formato papel, el médico graba la medicación

correspondiente en un programa informático interconectado con las farmacias. El paciente

puede acudir a cualquier farmacia de Castilla y León con su tarjeta sanitaria (en este caso es

obligatorio e imprescindible presentarla), donde, al pasar la tarjeta por el lector, el programa

muestra la medicación que tiene el paciente disponible. Tras la prescripción, el médico entrega

la hoja de medicación al paciente donde se registran todos sus tratamientos y la posología.

Se puede incluir en receta electrónica cualquier tratamiento, a excepción de las

especialidades farmacéuticas que requieren de inspección de visado, para las que sigue siendo

obligatorio la prescripción en receta en papel. Con la receta electrónica, se aplica de forma

inmediata el límite de aportación que tienen asignado los pensionistas y sus beneficiarios.

Una vez que se registran las prescripciones que se van a dispensar en el sistema de receta

electrónica, se adhieren los cupones precintos de los envases dispensados en las hojas de

cupones-precintos (hojas numeradas con espacio para 28 cupones-precinto) tras asociar el

número de la hoja al acto de dispensación.

En julio de 2015 se inició el proyecto de la receta electrónica interoperable, que tiene como

objetivo principal que un ciudadano con su tarjeta sanitaria, pueda recoger en cualquier farmacia

del país su medicación prescrita en receta electrónica, independientemente de la comunidad

autónoma en la que le hayan realizado la prescripción. En 26 de junio de 2017 la Receta

Electrónica de Castilla y León tuvo entrada oficial en la interoperabilidad con algunas

Comunidades Autónomas: Aragón, Canarias, Castilla la Mancha, Comunidad Valenciana,

Extremadura, Galicia, Navarra y La Rioja. Así, los ciudadanos de Castilla y León que utilizan

receta electrónica, podrán disfrutar de las ventajas de la interoperabilidad cuando se desplacen a

alguna de las Comunidades interoperables. Asimismo, los ciudadanos de esas Comunidades

podrán adquirir la medicación que precisen en las farmacias de Castilla y León [6].

En el Anexo II se encuentra un modelo de hoja de medicación y de hoja de cupones-

precintos.

Page 107: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 9

4.2. Aportaciones

El sistema de recetas cubre todo el Servicio Nacional de Salud (SNS), incluyendo los

regímenes especiales de la Mutualidad General de los Funcionarios Civiles del Estado

(MUFACE), del Instituto Social de las Fuerzas Armadas (ISFAS) y de la Mutualidad General

Judicial (MUGEJU), así como demás servicios médicos públicos o privados. Las tres últimas

tienen una aportación del 30%, mientras que las del SNS tienen una aportación variable de

acuerdo con la renta y el carácter de pensionista del usuario. Se establecen así cuatro

denominaciones principales: exentos de pagamento, activos, pensionistas y excluidos de

Farmacia. A los pensionistas está establecido un valor máximo mensual de pago a partir del cual

el SNS reembolsará a los pacientes que ultrapasen el tope mensual que les corresponde [7].

El tipo de aportación está indicada en la esquina superior derecha de la receta médica y se

refiere al valor cobrado por la farmacia en el momento de la dispensación. En el caso de la

receta electrónica, la información contenida en la tarjeta sanitaria ya recoge el código TSI de

aportación del paciente.

La distribución de las aportaciones por la población se encuentra resumida en la Tabla 1.

Código en las

recetas

Clasificación en función de la renta anual Porcentaje a pagar

del PVP medicamento

TSI001 -Parados que han perdido el derecho a percibir un

subsidio de desempleo

-Pensiones no contributivas

-Rentas de integración social

-Síndrome Toxico (SDTX)

-Tratamientos derivados de accidentes de trabajo y

enfermedad profesional (ATEP)

-Personas con discapacidad

0%

TSI002 -Jubilados con una pensión contributiva menor de

18.000 euros anuales

-Jubilados con una pensión contributiva entre 18.000

y 100.000 euros al año

10% con un tope de

8.23€ al mes

10% con un tope de

18.52€ al mes

TSI003 -Trabajadores con ingresos inferiores a 18.000 euros

al año (por trabajar, cobrar una prestación o subsidio,

otras rentas, etc.)

40%

TSI004 -Trabajadores con una renta entre 18.000 y 100.000

euros anuales

50%

TSI005 -Trabajadores con una renta superior a 100.000 euros

al año

-Jubilados con una pensión contributiva de más de

60%

60% con un límite de

Tabla 1 - Distribución de las aportaciones por la población residente en España [7][8].

Page 108: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 10

100.000 euros al año 61.75€ al mes

TSI006 -Mutualidades y clases pasivas (Muface, Mugeju,

Isfas)

30%

Para determinadas especialidades farmacéuticas, consideradas básicas en el tratamiento de

ciertas enfermedades crónicas, existe la consideración de “especialidad de aportación reducida”,

para las cuales la aportación será del 10% hasta un máximo de 4,24€. Estas especialidades se

caracterizan por la presencia del cícero negro delante de las siglas A.S.S.S del cupón precinto

[8].

4.3. Medicamentos Sujetos a Prescripción Médica (MSPM)

Los medicamentos sujetos a prescripción médica (MSPM) tienen que ser prescriptas por un

médico a través de una receta médica oficial, ya que existe la posibilidad de presentar un peligro

si utilizados sin control médico o porque las reacciones adversas requieren estudios más

detallados.

Estos medicamentos presentan en su envase una simbología específica y obligatoria que se

encuentra representada en la Figura 1 y en la Tabla 2.

Imagen 1 - Símbolos presentes en el envase de los medicamentos [9].

Page 109: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 11

En el momento de la dispensación de los medicamentos financiables por la SS y por las

mutualidades y clases pasivas, se extraen de los artículos los cupones precintos y se adhieren a

la receta o a las hojas de las recetas electrónicas, para que se compruebe su dispensación.

4.4. Medicamentos no Sujetos a Prescripción Médica (MNSPM)

De acuerdo con la Ley 29/2006, de 26 de julio, los MNSPM son medicamentos que pueden

ser dispensados en procesos o condiciones que no necesiten un diagnóstico preciso y cuyos

datos de evaluación toxicológica, clínica o de su utilización y vía de administración no exijan

prescripción médica [9]. Estos medicamentos se dispensan sin necesidad de receta médica a

criterio del farmacéutico según el problema de salud que refiere el paciente y pueden ser

utilizados para autocuidado de la salud, siendo la dispensación siempre acompañada de los

consejos suficientes para su correcta utilización. En este grupo se incluyen las especialidades

farmacéuticas publicitarias (EFP), que podrán ser objeto de publicidad destinada al público,

desde que no se financien con fondos públicos, que estén concebidos para su utilización sin la

intervención de un médico que realice el diagnóstico, la prescripción o el seguimiento del

tratamiento y que no presenten en su composición sustancias psicotrópicas ni estupefacientes

[10].

Estas especialidades no están financiadas por la Seguridad Social siendo el importe pago

íntegramente por el paciente y estando su precio dependiente de la entidad que los comercializa.

Tabla 2 - Símbolos y siglas más común en los envases de los medicamentos [9].

Page 110: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 12

A pesar de ser una farmacia que trabaja mucho con receta médica también estos

medicamentos representan una parte significativa de las ventas de la farmacia y una parte muy

importante de ls Atención Farmacéutica, la Indicación Terapéutica, que puede ser dada siempre

que un paciente consulte el farmacéutico sobre el posible tratamiento de un problema con

síntomas menores para los cuales la legislación permite la dispensación de un medicamento sin

prescripción médica [11]. El medicamento es dispensado por el farmacéutico aludiendo siempre

al uso racional y correcto del medicamento.

Este tipo de venta es muy dependiente de la estacionalidad, así, como mi periodo de

prácticas discurrió de enero hasta abril, la mayoría de los pacientes que me ha consultado

presentaba quejas de resfriados, tos, dolores de garganta y de cabeza. Ya en el final de las

prácticas, con la mejora gradual de las condiciones atmosféricas, muchos de los pacientes

buscaban solucionar los episodios de alergias. Hay aún otro tipo de problema que no son

dependientes de la estacionalidad y que san muy comunes en la farmacia como sea la irritación

ocular, dolor menor, micosis, herpes labial, irritación vaginal, estreñimiento, entre otros.

4.5. Medicamentos sujetos a legislación especial

4.5.1. Medicamentos que necesitan visados de Inspección

Hay medicamentos que requieren un control sanitario especial y por tanto precisan de la

autorización de la "Inspección de Servicios Sanitarios". Esta autorización tiene un carácter

excepcional, individual y previo a su dispensación. Para obtener esta autorización es necesario

un informe clínico o protocolo de utilización extendido por un facultativo, que deberá ser

renovado, al menos, anualmente [12].

Los medicamentos que están obligados a tener el visado son [13]:

• Medicamentos de Diagnóstico Hospitalario (DH): son aquellos cuya administración

y seguimiento se puede realizar en régimen ambulatorio, pero el diagnóstico de la

patología solo es posible a nivel hospitalario y/o en centros especializados;

• Medicamentos de Especial Control Médico (ECM): aquellos cuya utilización puede

producir efectos adversos muy graves, por lo que su prescripción y dispensación

están restringidas a ciertas indicaciones establecidas y es necesaria la implantación

de programas de control específicos;

• Medicamentos financiados exclusivamente para una determinada indicación:

presentan la letra I en el margen superior derecho del cupón-precinto diferenciado,

algunos ejemplos son: Duphalac® (Lactulosa) en el tratamiento de la encefalopatía

hepática o Romilar® (Dextrometorfano) en pacientes neoplásicos con tos

persistente;

• Medicamentos financiados según la edad del paciente: presentan la letra E en el

margen superior derecho del cupón-precinto diferenciado, en este grupo se

Page 111: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 13

encuentran los medicamentos antipsicóticos cuando se prescriben a pacientes

mayores de 75 años;

• Vacunas bacterianas y extractos hiposensibilizantes individualizados.;

• Medias elásticas terapéuticas de compresión normal;

• Absorbentes para incontinencia de orina y colectores femeninos;

• Tiras reactivas;

• Especialidades farmacéuticas que llevan en su composición carnitina;

• Productos dietéticos financiados por el SNS

Para estos productos, la fecha del visado tendrá que ser igual o anterior a la de

dispensación e igual o posterior a la de prescripción.

4.5.2. Psicótropos y Estupefacientes

Los medicamentos psicótropos y estupefacientes comprenden un conjunto de sustancias que

actúan sobre el sistema nervioso central, ya sea excitándolo o deprimiéndolo.

La dispensación controlada de sustancias estupefacientes y psicótropos es una obligación

regulada por ley, ya que hay muchos riesgos derivados del uso indebido y el tráfico ilícito de las

sustancias estupefacientes y psicotrópicas, pero es también importante garantizar la

disponibilidad de las mismas así como su uso racional para fines médicos y científicos. Así se

concibe, por un lado, la Convención Única de 1961 sobre Estupefacientes de las Naciones

Unidas y, por otro, el Convenio sobre Sustancias Psicotrópicas de 21 de febrero de 1971 [14].

En 1977 el gobierno español adaptó el Convenio sobre Substancias Psicotrópicas de 1971 a

la legislación española mediante el Real Decreto 2829/1977 de 6 de octubre, tanto en uno como

en otro caso existen cuatro listas de sustancias psicotrópicas, siendo la primera de substancias

prohibidas (tales como el éxtasis o el LSD) que sólo se pueden utilizar para fines científicos y

con previa autorización, y las listas II, III y IV que se refieren a psicótropos empleados con

fines médicos. En el caso español, existe aún una lista adicional de sustancias, llamada relación,

que el gobierno considera psicotrópicas y que no están reguladas en el Convenio de Viena y que

hacen parte del anexo 2 [15].

Pese a que se utilice la misma receta, la dispensación de psicótropos tiene unos requisitos

más estrictos que la de los otros medicamentos. En la receta, el médico sólo puede prescribir un

único psicótropo, sin que pueda añadirse otro medicamento, psicótropo o no, y el farmacéutico

sólo puede dispensar un envase por receta. Para las substancias psicotrópicas incluidas en las

listas II, III y IV del anexo 1 del Real Decreto 2829/1977, de 6 de octubre, el farmacéutico

deberá comprobar la identidad de la persona que acude a retirar el medicamento, anotando en la

receta médica el número de Documento Nacional de Identidad o documento asimilado para los

extranjeros y tiene que registrar la dispensación en el libro recetario y archivar durante dos años.

Page 112: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 14

A las substancias psicotrópicas del anexo 2 no se exigirá registro en el libro recetario para la

dispensación de medicamentos [15][4].

En la Convención Única de 1961 sobre Estupefacientes de las Naciones Unidas también se

incluyen cuatro listas de sustancias, existiendo también una lista de sustancias prohibidas, la IV,

con sustancias tales como la heroína o el cannabis. Los estupefacientes de la lista I (en la que se

incluyen la morfina, la metadona y otras sustancias) se caracterizan porque aparece un punto

negro en la parte superior derecha del cartonaje tras el Código Nacional y para su dispensación

se requiere de la Receta Oficial de Estupefacientes, mientras que los estupefacientes incluidos

en las listas II, que incluyen fármacos antitusivos como la codeína y el dextrometorfano, sólo

precisan receta ordinaria, siendo las condiciones de dispensación de medicamentos con estas

sustancias como las de los medicamentos "ordinarios" que necesitan receta. Los estupefacientes

de la Lista III también requieren receta ordinaria y son medicamentos a base de sustancias de las

listas I y II a bajas concentraciones. La lista IV contiene las sustancias estupefacientes de la lista

I para las que está prohibida su fabricación, tenencia, uso e importación y solo se puede utilizar

en experimentación bajo vigilancia estricta [16].

La prescripción y dispensación de medicamentos estupefacientes se realizará en recetas

oficiales de estupefacientes que incluirán la denominación «Receta Oficial de Estupefacientes».

Esta sólo es válida cuando presenta nombre y dirección del médico prescriptor, y nombre,

dosificación, número de unidades y número de envases del medicamento. En cada receta de

estupefacientes solo puede estar prescrito un estupefaciente pero podrá tener de una a cuatro

envases del estupefaciente, siendo el máximo la medicación para tres meses de tratamiento. En

la dispensación, el farmacéutico tiene que apuntar el DNI del paciente en la receta y después la

dispensación tiene que ser registrada en el libro recetario y en el libro de contabilidad de

estupefacientes con los datos de la receta [17].

4.6. Dispensación de otros productos farmacéuticos

4.6.1. Fórmulas magistrales y preparados oficinales

Las fórmulas magistrales están definidas como siendo todo el medicamento destinado a un

paciente individualizado, ajustándose las características del fármaco a las necesidades

terapéuticas individuales, siendo preparado por un farmacéutico, o bajo su dirección y siempre

requieren receta médica. Estas fórmulas sólo podrán ser dispensadas en la oficina de farmacia o

en los servicios farmacéuticos de un hospital [18].

Según el Real Decreto 175/2001, este tipo de medicamentos sólo se pueden elaborar en

Oficinas de Farmacia y Servicios Farmacéuticos legalmente establecidos que dispongan de los

medios necesarios para su preparación de acuerdo con las exigencias establecidas en el

Formulario Nacional. No obstante, las Oficinas de Farmacia que no dispongan de los medios

Page 113: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 15

necesarios, pueden encomendar a una tercera entidad autorizada por la Administración Sanitaria

[18].

Para las materias primas utilizadas en la elaboración de las fórmulas magistrales y

preparados oficinales se rellena el correspondiente Procedimiento Normalizado de Trabajo

(PNT) con su respectivo número de lote, fecha de caducidad, fecha de entrada y de aceptación,

número de unidades, PVP por unidad y número de registro interno, estos datos deben seguir

acompañados del control de calidad de la materia prima que está presente en el envase que la

contiene [18].

Antes de la preparación de una fórmula magistral o preparado oficinal se revisan los PNT

relacionados con su elaboración y comprobase si ya se ha elaborado anteriormente la fórmula,

de manera que si es la primera vez que se elabora debemos redactar el PNT de elaboración

correspondiente revisando el Formulario Nacional y/o consultando al Colegio de Farmacéuticos

y si no es la primera vez, habrá que trabajar con la correspondiente guía de elaboración y control

[18].

Todas las fórmulas magistrales realizadas y dispensadas en la Oficina de Farmacia deben

registrarse en el Libro Recetario Oficial y su dispensación debe ser acompañada de la

información oral y escrita necesaria y suficiente para garantizar su correcta utilización y

conservación por parte del paciente [18].

Durante mi estancia tuve la oportunidad de elaborar una fórmula magistral, una pomada de

vaselina, lanolina, ácido salicílico y talco, que es una pomada anti escaras.

4.6.2. Productos cosméticos y de higiene corporal

Según el Real Decreto 1599/1997, de 17 de octubre, se define esta clase de productos como

todas las sustancias o preparados destinados a ser puestos en contacto con las diversas partes

superficiales del cuerpo humano o con los dientes y las mucosas bucales, con el fin exclusivo o

principal de limpiarlos, perfumarlos, modificar su aspecto y/o corregir los olores corporales y/o

protegerlos o mantenerlos en buen estado [19].

Siendo su demanda cada vez más frecuente, ya que se observa una preocupación creciente

ante las cuestiones relacionadas con la piel, la farmacia Blanca Santos Alonso Burón pretende

acompañar este crecimiento, por eso, durante mis prácticas tuve la oportunidad de estar presente

en la organización de una sesión de asesoramiento dermocosmético y de un taller de maquillaje.

4.6.3. Alimentación y Dietética

La incidencia y prevalencia del sobrepeso y la obesidad es elevada y está en aumento,

siendo un importante factor de riesgo de enfermedades cardiovasculares e incluso ciertos tipos

de cáncer como el de mama y colon. La importancia de la alimentación en la oficina de farmacia

es creciente, cada vez hay más cantidad y variedad de preparados alimenticios, cubriendo un

Page 114: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 16

amplio espectro de nuevas aplicaciones, tanto para personas sanas como para situaciones

particulares [20].

La Farmacia Blanca Santos Alonso Burón dispone de diferentes preparados para el

adelgazamiento y el control del peso corporal que usados de la manera adecuada pueden ayudar

a los pacientes con sobrepeso y obesidad a reducir su peso corporal.

Entre los productos alimenticios de venta en farmacia se destacan también los

complementos alimenticios. Es importante aconsejar el uso de estos productos disponibles en la

oficina de farmacia a ciertas poblaciones de pacientes ya que, les puedan ayudar a

complementar su alimentación e incluso a controlar alguna patología (ancianos, deportistas,

mujeres embarazadas, lactantes, niños, diabéticos, pacientes con hipercolesterolemia, entre

otros).

4.6.4. Fitofármacos y productos naturales

La Fitoterapia se dedica al estudio de la utilidad terapéutica de las plantas medicinales y sus

derivados, ya sea para prevenir, tratar o curar enfermedades [21].

Son un tipo de productos con una importancia creciente, ya que pueden se presentar como

una estrategia terapéutica útil en el tratamiento de afecciones leves o moderadas, afecciones

crónicas y en la prevención de ciertas enfermedades. Además, puede emplearse como

alternativa ante las intolerancias a medicamentos y como un complemento de los tratamientos

farmacológicos convencionales.

En la Farmacia Blanca Santos Alonso Burón los fitofármacos y productos naturales más

vendidos durante mis prácticas fueron los productos que están indicadas para trastornos

menores del sueño (valeriana, pasiflora, melatonina y el triptófano), estreñimiento (aloe, cáscara

sagrada), síndrome menopáusico (isoflavonas de soja), preparados de aplicación tópica o de

administración oral con plantas con acción venotónica como el rusco, el castaño de indias y el

mirtilo para el tratamiento de la insuficiencia venosa crónica, y también preparados con

arándano rojo para la prevención y tratamiento de infecciones de orina.

En la dispensación de este tipo de productos es necesario que el farmacéutico tenga

conocimiento del plan medicación que el paciente esté tomando, con el objetivo de prevenir

interacciones que puedan resultar perjudiciales.

4.6.5. Medicamentos Veterinarios

El medicamento veterinario incluye, en su definición, todas las sustancias o mixturas de

sustancias que poseen propiedades curativas o preventivas de las enfermedades y síndromes en

animales [17]. Las recetas tienen una caducidad de 10 días. Todas las dispensaciones de

medicamentos de uso humano destinados a tratamientos veterinarios tienen que ser incluidas en

el libro recetario y las recetas archivadas durante cinco años.

Page 115: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 17

4.6.6. Medicamentos Homeopáticos

San considerados medicamentos homeopáticos los obtenidos a partir de sustancias

denominadas cepas homeopáticas y cuyo procedimiento de fabricación homeopático se

encuentra descrito en la Farmacopea Europea o en la Real Farmacopea Española o, en su

defecto, en una farmacopea utilizada de forma oficial en un país de la Unión Europea [10].

En la Farmacia Blanca Santos Alonso Burón, aunque haya algunos medicamentos

homeopáticos disponibles, no se acostumbra venderlos de forma regular, ya que se desconoce

mucho respecto al mecanismo de acción.

7. Cuidados e Servicios Farmacéuticos

7.1. Medición de tensión arterial

La hipertensión es una de los principales factores que contribuyen a causar enfermedades

cardiovasculares como cardiopatías y accidentes cerebrovasculares, que en conjunto representan

la principal causa de muerte prematura y discapacidad. El primer paso para prevenir y controlar

la hipertensión es detectarla [22]. Asimismo, el acompañamiento es esencial, una vez que

permite al farmacéutico vigilar la terapéutica pero también, por veces, detectar algunos casos de

medicación desajustada o de nuevos casos de hipertensión arterial, reencaminando esos

pacientes al médico.

La medición de la tensión arterial por el farmacéutico siempre debe de ir acompañada de la

indicación de medidas no farmacológicas, como el ejercicio o la disminución de consumo de sal

en la dieta. Cuando el paciente obtiene valores muy altos, el farmacéutico debe procurar

cuestionar el paciente sobre su comportamiento, ya que muchos factores pueden ser

responsables por una subida temporaria de la presión arterial. En casos más graves debe

recomendar al paciente que consultara a su médico.

7.2. Medición de glucemia

La Diabetes Mellitus es una enfermedad con elevada prevalencia en la población española

[23]. Además que es una importante causa de ceguera, insuficiencia renal, infarto de miocardio,

accidente cerebrovascular y amputación de los miembros inferiores [24]. Por eso es importante

controlar los niveles sanguíneos de glucosa, especialmente en los individuos con mayor riesgo

de desarrollar esta patología.

La dieta saludable, la actividad física regular, el mantenimiento de un peso corporal normal

y la evitación del consumo de tabaco previenen la diabetes de tipo 2 o retrasan su aparición [24].

Así, el farmacéutico debe también, en estos casos, acompañar la medición con la indicación de

medidas no farmacológicas, reforzar la necesidad de cumplir con responsabilidad el plan

Page 116: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 18

terapéutico prescrito y recomendar al paciente que consultara a su médico siempre que

necesario.

8. Facturación de Recetas

La facturación de recetas es una práctica de extrema importancia y obligatoria en la oficina

de farmacia, asimismo, deberá hacerse de forma atenta, evitando errores que podrán resultar en

perjuicios para la farmacia.

Las recetas a cargo de la Seguridad Social se dividen en diferentes grupos de facturación:

medicamentos, efectos y accesorios prescritos por marca o Denominación Oficial Española

(DOE) incluido visados, y dietoterápicos; recetas de los grupos 9000 (mes anterior); recetas de

los grupos 9500 (dos meses anteriores); y otras, en que se incluyen fórmulas magistrales,

vacunas individualizadas, medias de compresión normal y recetas de grupos concretos de

pacientes (síndrome tóxico, campaña sanitaria, accidentes de trabajo y enfermedad profesional).

En el caso de las recetas de las mutualidades MUFACE, MUGEJU e ISFAS, las recetas se

separan en los siguientes grupos: especialidades farmacéuticas; especialidades farmacéuticas

con visado; efectos con visado; efectos sin visado; fórmulas y vacunas; dietoterápicos; y

excepciones.

Durante todo el mes las recetas san colocan en paquetes de 25 recetas y se revisa cada

bloque en el separador Gestión de recetas en el NovoFarma. Después, las recetas son agrupadas

en grupos de 100 recetas para, posteriormente, guardarlas en la caja oficial correspondiente,

suministradas por el Colegio Oficial de Farmacéuticos.

En el caso de la receta electrónica hay que firmar las recetas en NovoFarma y después se

comprueba que los 28 cupones adheridos a cada hoja diferenciada de cupones-precinto

corresponden con las prescripciones. Es aún necesario facturar todas las hojas de forma

electrónica, sellar y fechar todas las hojas, en el apartado correspondiente de la hoja, situado en

la parte superior derecha, y guardarlas en la caja.

Junto con las cajas y bolsas que contienen las recetas de la facturación mensual, y las hojas

de cupones-precinto, se adjunta tres copias del boletín de entrega, hecho de forma automática en

el NovoFarma. Este boletín incluye: número de recetas dispensadas de cada grupo de recetas en

papel, número de cupones precinto dispensados por receta electrónica, PVP total y suma de

dígitos.

Las recetas son enviadas al Colegio Oficial de Farmacéuticos provincial que corresponde,

en este caso, el de Salamanca, para que las gestione y las envíe a una entidad que se encarga de

abonar a las farmacias el importe correspondiente de las recetas. Una de las copias del boletín

de entrega se devuelve a la Oficina de Farmacia, otra queda en posesión del Colegio Oficial de

Page 117: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 19

Farmacéuticos, y la tercera se envía junto con las recetas a la entidad que se encarga de abonar a

las farmacias.

Puede suceder que no reembolsen una receta al farmacéutico, lo que ocurre por errores de

facturación (mal firmadas o dispensadas, falta de datos del paciente o medico), esta anulación

puede ser total (no se reembolsa nada del importe de la receta) cuando hay falta de datos

obligatorios, dispensación fuera del periodo de validez, discordancia entre el medicamento

prescrito y dispensado, salvo casos autorizados o intercambio de cupones-precinto, ausencia de

cupón-precinto o justificante de dispensación, recetas de fórmulas magistrales que no formen

parte del convenio y ausencia de visado de inspección en recetas que lo requieran; o parcial

(reembolso parcial del importe de la receta), cuando hay dispensación de un envase de mayor

tamaño al prescrito (se reembolsa el importe del envase de menor tamaño), fórmulas magistrales

en la que se ha dispensado una cantidad mayor de la máxima autorizada y recetas en las que

solo se puede dispensar un envase y se dispensó más de uno, sin estar prescrito.

9. Libros Oficiales y Fuentes de Información

Los libros oficiales que son obligatorios en la farmacia son: libro recetario oficial, libro de

contabilidad de estupefacientes, la Real Farmacopea Española y el formulario nacional.

El libro recetario es un libro editado por el Consejo General de Colegios Oficiales de

Farmacéuticos por delegación de la Dirección General de Farmacia y Productos Sanitarios,

donde debe registrarse las dispensaciones de: fórmulas magistrales, medicamentos psicótropos

del anexo I, medicamentos estupefacientes de la lista I y medicamentos de ECM [25]. En cada

anotación, se registran los siguientes datos: orden de dispensación, fecha de dispensación,

código nacional de la especialidad farmacéutica dispensada, nombre completo de la especialidad

o fórmula magistral dispensada, número de unidades dispensadas, precio, facultativo (número

de colegiado y nombre), observaciones (nombre del paciente y DNI en el caso de receta en

papel, número de dispensación electrónica en el caso de la receta electrónica), dispensador y

ticket. En la Farmacia Blanca Santos Alonso Burón, disponemos del libro recetario en formato

electrónico, lo que facilita las anotaciones pertinentes y su gestión, así, cuando se dispensa

desde la receta electrónica todos los datos quedan registrados automáticamente, y cuando se

dispensa desde la receta en papel únicamente es necesario anotar los datos del facultativo y las

observaciones. La declaración del libro recetario electrónico debe realizarse semestralmente.

Relativamente al libro de contabilidad de estupefacientes es obligatorio para cualquier

entidad que fabrique, distribuya o dispense medicamentos o substancias estupefacientes. Sirve

para registrar el movimiento (entradas y salidas) de las sustancias psicotrópicas del anexo I, las

sustancias estupefacientes de las listas I y II, y los medicamentos de la lista I [26]. En el suporte

papel para cada medicamento dispensado se consignan los siguientes datos: fecha, número de

Page 118: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 20

receta, orden de dispensación o vale, identificación de entrada o salida y proveedor o

prescriptor.

La Real Farmacopea Española, RFE, se define como código de reglas que deberán

respetarse para asegurar la uniformidad de la naturaleza, calidad, composición y riqueza de las

sustancias medicinales y excipientes que forman parte de la composición de los medicamentos

de uso humano y veterinario y su objetivo es promover la Salud Publica mediante el

establecimiento de normas comunes reconocidas que puedan ser utilizadas por los profesionales

de la salud [27].

El Formulario Nacional es un libro que contiene, en forma de monografía, las fórmulas

magistrales tipificadas y los preparados oficinales reconocidos como medicamentos, sus

categorías, indicaciones y las materias primas presentes en su composición o preparación, así

como las normas de correcta elaboración y control [28].

10. Recogida de Medicamentos Caducados o en Desuso - Punto

SIGRE

El Sistema Integrado de Gestión y Recogida de Envases (SIGRE) es una entidad sin ánimo

de lucro que tiene como objetivo evitar la acumulación de medicamentos en los hogares y

reducir los perjuicios medioambientales que los envases y restos de medicamentos pueden

ocasionar, mediante la prevención de los residuos en origen y el correcto tratamiento

medioambiental de los residuos generados [29]. Las farmacias son un intermediario clave ya

que deben sensibilizar a sus clientes para que depositen en el SIGRE los envases vacíos y los

restos de medicamentos que ya no sean necesarios o hayan caducado.

Durante mis prácticas tuve la oportunidad de observar una gran afluencia de la

población al punto SIGRE, lo que significa que las personas se preocupan cada vez más con esta

cuestión.

Conclusión

Los tres meses de prácticas pasados en la farmacia Blanca Santos Alonso Burón me han

permitido conocer el modo de trabajo de una farmacia en España, cuyos procedimientos, hábitos

y horarios son un poco distintos de Portugal. También el Sistema Nacional de Salud español es

muy diferente al de Portugal, siendo casi todos los productos financiados, como por ejemplo, los

pañales y las gasas. He notado también que los pacientes de la farmacia aceptan mejor la

introducción de los medicamentos genéricos y la deposición de envases y restos de

medicamentos en el Punto SIGRE.

A lo largos de estos tres meses aprendí con más detalle las actividades realizadas por un

farmacéutico como la dispensación de medicamentos o productos de venta libre y asesoramiento

Page 119: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 21

de todos los productos y servicios disponibles en la farmacia, y la gestión de los productos de la

farmacia.

Este fue mi primer contacto con la realidad profesional y también la primera vez que tuve la

oportunidad de vivir en otro país estando en contacto con una cultura y

un idioma distintos del mío. Esta experiencia permitió crecer no sólo a nivel profesional

como personal, mejorar mi español y percibir la importancia y responsabilidad del farmacéutico

en la salud de la población.

Page 120: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 22

Bibliografía

1. Guía Farmacia accesibles para todos. Accesible en www.sanofi.es [accedido en 24/01/2018]

2. NovoFarma. Accesible en www.novofarma.es [accedido a 25/01/18]

3.Buenas Prácticas en Farmacia Comunitaria en España: Adquisición, almacenamiento, custodia

y conservación de medicamentos y productos sanitarios. Accesible en www.pharmaceutical-

care.org [accedido en 28/01/2018]

4. Real Decreto 1718/2010, de 17 de diciembre, sobre receta médica y órdenes de dispensación.

(BOE núm. 17, de 20 de enero de 2011, páginas 6306 a 6329)

5. Real Decreto-ley 1/2015, de 24 de julio, por el que se aprueba el texto refundido de la Ley de

garantías y uso racional de los medicamentos y productos sanitarios. (BOE núm. 177, de 25 de

julio de 2015, páginas 62935 a 63030)

6. Receta eletronica. Accesible en www.saludcastillayleon.es [accedido a 18/03/2018]

7.Real Decreto-ley 16/2012, de 20 de abril, de medidas urgentes para garantizar la

sostenibilidad del Sistema Nacional de Salud y mejorar la calidad y seguridad de sus

prestaciones. (BOE núm. 98, de 24 de abril de 2012, páginas 31278 a 31312)

8. Resolución de 15 de diciembre de 2014, de la Dirección General de Cartera Básica de

Servicios del Sistema Nacional de Salud y Farmacia (BOE núm. 309, de 23 de diciembre de

2014, páginas 104448 a 104449)

9. Símbolos en los envases de medicamentos. Accesible en www.blogsigre.es [accedido en

13/03/2018]

10. Ley 29/2006, de 26 de julio, de Garantías y Uso Racional de los Medicamentos y Productos

Sanitarios. (BOE núm. 178, de 27 de julio de 2006, páginas 28122 a 28165)

11. Consenso sobre Atención Farmacéutica. Accesible en www.msssi.gob.es [accedido en

14/03/2018]

12. Prestacion farmaceutica. Accesible en www.saludcastillayleon.es [accedido en 15/03/2018]

13. Real Decreto 618/2007, de 11 de mayo, por el que se regula el procedimiento para el

establecimiento, mediante visado, de reservas singulares a las condiciones de prescripción y

dispensación de medicamentos (BOE núm. 114 de 12 de mayo de 2007, páginas 20609 a 20610)

14. Medicamentos de uso humano: Estupefacientes e Psicotrópicos. Accesible en

www.aemps.gob.es [accedido en 18/03/2018]

15. Real Decreto 2829/1977, de 6 de octubre por el que se regulan las sustancias y preparados

medicinales psicotrópicos, así como la fiscalización e inspección de su fabricación, distribución,

prescripción y dispensación. (BOE núm. 274, de 16/11/1977)

16. Ley 17/1967, de 8 de abril, por la que se actualizan las normas vigentes sobre

estupefacientes y adaptándolas a lo establecido en el convenio de 1961 de las Naciones Unidas.

(BOE núm. 86, de 11 de abril de 1967, páginas 4806 a 4809)

Page 121: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 23

17. Real Decreto 1675/2012, de 14 de diciembre, por el que se regulan las recetas oficiales y los

requisitos especiales de prescripción y dispensación de estupefacientes para uso humano y

veterinario. (BOE núm. 313, de 29 de diciembre de 2012, páginas 89272 a 89298)

18. Real Decreto 175/2001, de 23 de febrero, por el que se aprueban las normas de correcta

elaboración y control de calidad de fórmulas magistrales y preparados oficinales. (BOE núm.

65, de 16 de marzo de 2001, páginas 9746 a 9755)

19. Real Decreto 1599/1997, de 17 de octubre, que recoge la regulación de los productos

cosméticos. (BOE núm. 261, de 31 de octubre de 1997, páginas 31486 a 31513)

20. Alimentación en la oficina de farmacia. Accesible en www.portalfarmacom [accedido en

19/03/2018]

21. Definición de Fitoterapia. Accesible en www.fitoterapia.net/index. [accedido en 19/03/2018]

22. Día Mundial de la Salud: Mida su tensión arterial, reduzca su riesgo. Accesible en

www.who.int/es/ [accedido en 19/03/2018]

23. Ruiz-Ramos M, Escolar-Pujolar A, Mayoral-Sánchez E, Corral-San Laureano F, Fernández-

Fernández I (2006). La diabetes mellitus en España: mortalidad, prevalencia, incidencia, costes

económicos y desigualdades. Gaceta Sanitaria. Supplement 1: 15-24.

24. Diabetes. Accesible en www.who.int/es/ [accedido en 19/03/2018]

25. Real Decreto 1910/1984, de 17 de diciembre, sobre recete médica y órdenes de

dispensación. (BOE núm. 17, de 20 de enero de 2011).

26. Real Decreto 1194/2011, de 19 de agosto, por el que se establece el procedimiento para que

una sustancia sea considerada estupefaciente en el ámbito nacional. (BOE núm. 202, de 23 de

enero).

[27] Ley 25/1990, de 20 de diciembre, del Medicamento. (BOE núm. 306, de 22 de diciembre

de 1990, páginas 38228 a 38246)

28. Formulario Nacional. Accesible en www.aemps.gob.es (accedido en 22/03/18)

29. SIGRE. Medicamento y Medio Ambiente. Reciclaje de medicamentos. Accesible en

www.sigre.es [accedido en 23/03/18]

Page 122: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 24

Anexos

Anexo I- Principales áreas de la farmacia

Imagen 2 – Área exterior

Imagen 3 – Área de atención al público

Page 123: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 25

Anexo II – Receta electrónica

Imagen 4 – Hoja de medicación

Page 124: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 26

Imagen 5 – Hoja de cupones-precintos

Page 125: Farmácia Moreno - Repositório Aberto · Farmácia Moreno Mariana Ferreira Fonseca . Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária Mariana Ferreira Fonseca ii Faculdade de Farmácia

Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia

Mariana Ferreira Fonseca 27