farmacologia em urgência e emergência · falta de anotação / evolução (prescrição /...

34
1 FUNDAÇÃO EDUCACIONAL “MANOEL GUEDES” Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” Curso de Habilitação Profissional de Técnico em Enfermagem Farmacologia em Urgência e Emergência MÓDULO III Tatuí-SP 2017

Upload: lediep

Post on 07-Nov-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL “MANOEL GUEDES”

Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes”

Curso de Habilitação Profissional de Técnico em Enfermagem

Farmacologia em Urgência e Emergência

MÓDULO III

Tatuí-SP

2017

2

Sumário 1. Introdução: ............................................................................................................................................... 3 2. Responsabilidades Legais: ................................................................................................................... 3 3. A Segurança no Processo de Medicação em Serviço de Emergência ......................................... 3

3.1 Aspectos Gerais sobre os Acidentes com Medicamentos .................................................................... 3 3.2 Causas dos erros de medicação............................................................................................................ 5 3.3 Fatores Associados ao Sistema de Trabalho que influenciam os Erros de Medicação ....................... 5

4. Medicamentos usados em Emergências Clínicas ............................................................................ 6 4.1 Via de Administração .......................................................................................................................... 7 4.2 Absorção .............................................................................................................................................. 8 4.3 Condições clínicas que afetam a absorção ........................................................................................... 8 4.4 Distribuição .......................................................................................................................................... 9 4.5 Condições Clínicas que Afetam a Distribuição ................................................................................... 9 4.6 Metabolização ...................................................................................................................................... 9 4.7 Condições Clínicas que afetam a Metabolização .............................................................................. 10 4.8 Excreção ............................................................................................................................................ 10 4.9 Condições Clínicas que Afetam a Excreção ...................................................................................... 10

5. Broncodilatadores ................................................................................................................................. 10 5.1 Agonistas Adrenérgicos ..................................................................................................................... 11 5.2 Derivados da Xantina ........................................................................................................................ 11

6. Ipratrópio ................................................................................................................................................ 11 6.1 Reações Adversas e interações Medicamentosas dos Bronco dilatadores ........................................ 11 6.2 Cuidados de Enfermagem na Administração dos Broncos dilatadores ............................................. 12 6.3 Cuidados adicionais necessários quando do uso da aminofilina são descritos abaixo: ..................... 13

7. Sedativos e Hipnóticos ........................................................................................................................ 13 7.1 Benzodiazepínicos ............................................................................................................................. 13 7.2 Neurolépicos ...................................................................................................................................... 13 7.3 Reações Adversas e interações Medicamentosas dos Sedativos e Hipnóticos .................................. 14 7.4 Cuidados de Enfermagem na Administração de Sedativos e Hipnóticos .......................................... 16

8. Drogas Vasoativas ............................................................................................................................... 16 8.1 Classificação das Drogas Vasoativas ................................................................................................. 16 8.2 Dopamina ........................................................................................................................................... 17 8.3 Dobutamina ........................................................................................................................................ 17 8.4 Noradrenalina .................................................................................................................................... 18

9. Drogas Vasodilatadoras ...................................................................................................................... 19 9.1 Nitroprussiato de Sódio: .................................................................................................................... 19 9.2 Nitroglicerina ..................................................................................................................................... 20 9.3 Ação de Enfermagem frente ás Drogas Vasoativas ........................................................................... 20

10. Emergências Hipertensivas .............................................................................................................. 20 10.1 Principais drogas utilizadas nas crises hipertensivas ....................................................................... 21 10.2 Ações de Enfermagem ..................................................................................................................... 21

11. Síndrome Coronariana Aguda ......................................................................................................... 21 11.1 Drogas utilizadas no atendimento inicial da SCA ........................................................................... 21

12. Terapêutica Trombolítica .................................................................................................................. 22 12.1 Comparação entre os Trombolíticos ................................................................................................ 23

13. Medicamentos mais usados na Parada Cardiorrespiratória ....................................................... 23 14. Analgésicos Opióides ........................................................................................................................ 23

14.1 Condições clínicas que requerem cautela na administração ............................................................ 24 15. Drogas Antiarrítmicas ........................................................................................................................ 25

15.1 Antiarrítmicos mais utilizados: ........................................................................................................ 25 Droga Hipertensora .................................................................................................................................. 27

3

1. Introdução:

Uma das maiores responsabilidades atribuídas ao profissional de enfermagem é o preparo e a administração de medicamentos. Qualquer erro, seja no preparo ou na administração, pode trazer conseqüências fatais para o paciente. Portanto, é imprescindível que a equipe de enfermagem, durante a terapêutica medicamentosa, observe e avalie sistematicamente o cliente quanto a possíveis incompatibilidades farmacológicas, reações indesejadas, bem como interações medicamentosas, com o intuito de minimizar riscos ao cliente. Mediante tal responsabilidade é indispensável que os profissionais de enfermagem tenham conhecimento teórico-prático,ou seja conhecimento variado, consistente e profundo, ética, e uma atuação extremamente cuidadosa. É fundamental que o profissional de enfermagem conheça os princípios básicos da terapêutica medicamentosa cotidiana, que compreende:

• Ação • Doses • Vias de administração • Efeitos colaterais • Cuidados de enfermagem na administração.

2. Responsabilidades Legais:

As responsabilidades legais relacionadas com o preparo e a administração de medicamentos são norteadas pelo código de Ética dos Profissionais de Enfermagem:

• Das responsabilidades – capítulo III, artigo 16 – “Assegurar ao cliente uma assistência de Enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência”; artigo17 – “Avaliar atenciosamente sua competência técnica e legal e somente aceitar encargos ou atribuições quando capaz de desempenho seguro para si e para a clientela.”

• Dos deveres – capítulo IV, artigo 24 – “Prestar à clientela uma assistência de Enfermagem livre de riscos decorrentes de imperícia, negligência e imprudência.”

• Das Proibições – capítulo V, artigo 47 – “Administrar medicamentos sem certificar-se da natureza das drogas que o compõem e da existência de risco para o cliente.”;

artigo 48 – “Prescrever medicamentos ou praticar ato cirúrgico, exceto os previstos na legislação vigente e em caso de emergência.”; artigo 50 – “Executar prescrição terapêuticas quando contrárias à segurança do cliente.”

3. A Segurança no Processo de Medicação em Serviço de Emergência

3.1 Aspectos Gerais sobre os Acidentes com Medicamentos

Denomina-se acidentes com medicamentos todos os incidentes, problemas ou insucessos, inesperados ou previsíveis, produzidos ou não por erros, consequência ou não de imperícia, imprudência ou negligência, que ocorrem durante o processo de utilização dos medicamentos. Este conceito engloba toda a sequência de procedimentos técnicos ou administrativos, que causem ou não danos ao paciente. São, portanto, todos os eventos adversos relacionados aos medicamentos, os quais, por sua vez, dividem-se em reações adversas e erros de medicamentos.

Os acidentes com medicamentos podem ser classificados conforme descrito a seguir:

• Eventos adversos: são aqueles que causam danos ao paciente, provocados pelo uso ou pela falta do uso do medicamento quando necessário. São divididos em: Reação adversa ao medicamento: é qualquer efeito prejudicial ou indesejável que se

apresente após a administração correta de doses normalmente utilizadas para profilaxia, diagnóstico ou tratamento de uma enfermidade.

4

Erros de medicação: aqueles relacionados ao sistema, profissionais e pacientes. Causam danos evitáveis.

• Eventos adversos potenciais: são erros de medicação que não chegam a atingir o paciente. Podem ser classificados como: Erro interceptado: em alguma etapa do sistema de medicação Evento ou circunstância com a capacidade de causar erro.

• Erros banais: são erros que ocorrem, atingiram o paciente, mas não causaram danos ao mesmo. São evitáveis.

Taxonomia dos tipos de erros de medicação (American Society of Health-System Pharmacists)

Tipos Definição

Prescrição Seleção incorreta do medicamento; dose; apresentação; via de administração;

concentração; velocidade de infusão; orientações de uso feitas pelo médico.

Omissão Não administração de uma dose prescrita para o paciente

Horário Administração do medicamento fora do intervalo de tempo predefinido na folha de

prescrição

Administração de um medicamento não autorizado.

Administração de um medicamento não autorizado pelo médico responsável pelo

paciente.

Dose Administração de uma dose maior ou menor que a prescrita ou administração diferente

à prescrita pelo médico.

Apresentação Administração de um medicamento a um paciente em apresentação diferente à

prescrita pelo médico.

Preparo Medicamento incorretamente formulado ou manipulado antes da administração

Técnica de administração

Uso de procedimentos inapropriados ou técnicas inadequadas na administração.

Medicamentos deteriorados

Administração de medicamento com data de validade expirada ou quando a

integridade física ou química do medicamento está comprometida.

Monitoramento Falha em rever um esquema prescrito para a devida adequação ou detecção de

problemas, ou falha em usar apropriadamente dados clínicos ou laboratoriais para

avaliar a resposta do paciente à terapia prescrita.

Aderência do paciente Comportamento inadequado do paciente que interferem em sua participação na

proposta terapêutica

Outros Quaisquer outros erros não enquadrados acima (por exemplo: via de administração).

O problema do erro humano pode ser visto sob duas perspectivas: a abordagem da pessoa ou do sistema. A abordagem centrada na pessoa possui como foco os erros e violações de procedimentos cometidos por pessoas, e esses atos são provenientes de falta de atenção, baixa motivação, esquecimento, negligência e descuido. A abordagem sistêmica defende que humanos são falíveis e que erros devem ser esperados, mesmo nas melhores organizações. As causas dos erros de medicação são muito complexas. Na maioria dos casos os erros são multifatoriais, porque resultam de múltiplos fatores ou falhas presentes no sistema, relacionados não só com organização, procedimentos, condições de trabalho etc., como também com profissionais que estão em contato direto com os processos.

5

As principais causas de erros de medicação e de fatores associados ao sistema de trabalho que influenciam a ocorrência de erros de medicação, estão apresentadas na tabela abaixo.

3.2 Causas dos erros de medicação

Fatores Causas

Prescrição médica Verbal: incorreta, incompleta ou ambígua.

Escrita: incorreta, ilegível, incompleta ou ambígua.

Interpretação incorreta.

Paciente Nome: trocas, homônimos, falha de identificação.

Medicamento

Nome: similaridade fonética ou ortográfica.

Similaridade: rótulo, da apresentação (comprimido, cápsula), da cor,

da forma e do tamanho.

Prospectos, fichas técnicas e informativos incompletos, que induzam a

erros.

Embalagem exterior: informação incompleta e aparência que induzam

a erros.

Equipamentos e dispositivos de dispensação, preparo e administração

Defeitos falta de manutenção preventiva.

Falhas no sistema automático de dispensação.

Falha do sistema de infusão/bomba.

Outros.

Fatores humanos

Imperícia, imprudência, negligência.

Falta de conhecimento / informação de medicamentos

Falta de conhecimento / informação sobre o paciente.

Desconhecimento de normas e padrões estabelecidos.

Descumprimento de normas e padrões estabelecidos.

Erro no cálculo das doses e da velocidade de infusão.

Erro na escolha do equipamento / dispositivo

Preparo incorreto

Administração incorreta ( nove certos)

Falha de anotações (checagens, reações, etc.)

Lapsos, distrações, desvios de atenção.

Estresse e sobrecarga de trabalho.

Cansaço, sono.

Uso de medicamentos, álcool, drogas.

Ansiedade, preocupações.

Situações intimidatórias, complacência e medo.

Outros Quaisquer outros não citados acima.

3.3 Fatores Associados ao Sistema de Trabalho que influenciam os Erros de Medicação

Fatores do Sistema Causas

Sistema de comunicação / informação

Falta de prescrição eletrônica

Transcrição da prescrição

Falta de informação sobre os pacientes

6

Falta de anotação / evolução (prescrição / prontuário)

Falta de notificação de reações adversas

Falta de comunicação: entre profissionais e entre setores

Não informar os pacientes sobre a terapia medicamentosa

Sistema de medicação

Fluxograma (grande número de etapas)

Falta de rotinas de reabastecimento de estoque

Inexistência de sistema de dose unitária

Falta de central de preparo de soluções intravenosas

Falta de dupla checagem na dispensação

Normatização de procedimentos

Falta de protocolos e diretrizes atualizadas

Falta de protocolo de segurança

Recursos humanos Dimensionamento insuficiente

Pessoal não fixo, troca de tarefas, remanejamentos

Capacitação insuficiente

Fatores ambientais

Arquitetura, ergonomia

Iluminação, ruídos, temperatura

Organização (acondicionamento de medicamentos)

Interrupções e distrações frequentes

Outros Quaisquer outros não citados acima

O potencial de risco para erros de medicação existente no setor de emergência é observado, principalmente, pela quantidade de medicamentos que são prescritos e administrados durante a fase crítica do atendimento. Além disso, alguns agentes, como as drogas vasoativas e os eletrólitos, requerem o cálculo rigoroso da dose e da velocidade de infusão. Por outro lado, esse risco estende para as demais fases do sistema de medicação e se agrava mediante o quantitativo de pacientes.

4. Medicamentos usados em Emergências Clínicas

Introdução No âmbito da emergência, a maioria dos pacientes admitidos requer, inicialmente, medidas farmacológicas para aliviar, controlar, diferentes manifestações clínicas ou mesmo evitar morte iminente decorrente de falências orgânicas, desequilíbrio acidobásico ou choques circulatórios. Nessas situações, a obtenção do êxito terapêutico demanda, além das habilidades técnica e diagnóstica, a de manejar a terapia farmacológica. Esta, sem dúvida, é responsável pela recuperação de milhares de vida, mas pode ser, também, pela morbimortalidade de muitos pacientes, principalmente quando o conhecimento acerca das reações adversas dos medicamentos, das interações medicamentosas e precauções relativas ao uso terapêutico são pouco ou, ainda, desconhecidas. Deste modo, a administração de medicamentos é um dos processos de trabalho mais complexos e um dos mais importantes neste setor, pois apresenta várias fases inter-relacionadas e envolve diferentes profissionais (médicos, farmacêuticos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem). No cotidiano, a habilidade de manejar com segurança a terapia farmacológica deve ser compartilhada por esses profissionais, que, a partir de conhecimentos distintos, devem ser capazes de trocar, acrescentar informações e atuar de modo a completar e propor ações que possibilitem um atendimento rápido e eficaz ao paciente.

7

Início e Finalização da Ação dos Medicamentos

Medicamentos exercem seus efeitos terapêuticos por meio de ligação a molécula-alvo (receptores, enzimas, canais iônicos, ácidos nucléicos) presentes nas células. A magnitude do efeito produzido a partir desta interação (medicamento-molécula-alvo) depende, especialmente, da concentração dessa substância no sítio de ação. Há vários fatores que afetam esta importante variável, como, por exemplo, a dose, a via de administração e a farmacocinética - absorção, distribuição, metabolização e excreção - do medicamento.

4.1 Via de Administração A escolha da via depende das propriedades físico-químicas dos medicamentos, das condições física e mental do paciente e do efeito desejado, pois é a via de administração que determina o início do efeito terapêutico. As características das vias de administração mais comumente usadas estão ilustradas na Tabela abaixo. Uma vez administrado, o medicamento percorre o organismo passando por fases que estão envolvidas no início (absorção e distribuição) e na finalização (metabolismo e excreção) de sua ação. Cada medicamento apresenta farmacocinética particular, ou seja, o próprio perfil de absorção, distribuição, metabolização e excreção.

Vias de Administração de Medicamentos: Características e Considerações

Via Características Considerações

Oral (VO)

Início de ação lenta e efeito prolongado.

Depósito dos medicamentos no TGI.

Agentes disponíveis em várias formas:

comprimidos, inclusive com revestimento

entérico, cápsulas, drágeas e soluções. Via

segura, de baixo custo, mais conveniente e

com esquemas terapêuticos fáceis de

cumprir. Requer doses maiores que as

utilizadas por vias parenterais.

Depende da colaboração do paciente.

Podem causar irritação do TGI, N & V. Via

inconveniente para pacientes inconscientes,

com dificuldade de engolir ou que

apresentam N & V. O grau de absorção é

bastante variado. Medicamentos de liberação

gradual, com cobertura entérica e cápsulas

não devem ser macerados.

Sublingual (SL)

Depósito do medicamento na mucosa. A

absorção de agentes lipossolúveis é rápida,

atingindo prontamente a circulação. Não

sofre o efeito de primeira passagem no

fígado (biotransformação).

O medicamento não deve ser engolido ou

mastigado. Podem aparecer sensação de

prurido sob a língua. Via imprópria para

medicamentos irritantes ou com sabor

desagradável.

Via Retal (VR)

Absorção irregular e incompleta. Evita

parcialmente o efeito de primeira passagem

no fígado (biotransformação).

Ideal para lactentes, crianças, e pacientes

inconscientes ou que apresentam N & V.

Contraindicado em pacientes com arritmias

cardíacas (estimulo do vago). Os supositórios

derretem à temperatura ambiente, e devem

ser mantidos em geladeiras . Substancias

irritantes podem causar prurido. Os

supositórios analgésicos devem ser inseridos

entre as refeições ( Peristaltismo).

Subcutâneo (SC) Depósito dos medicamentos no tecido Usada como via alternativa à IM e IV.

8

adiposo, região pouco vascularizada,

porém que apresentam boa absorção de

soluções aquosas. Causa pouco trauma

tecidual. É usado, também, para a infusão

de grandes volumes (hipodermóclise)

Substâncias irritantes ou concentradas

podem provocar a formação de abcesso.

Intramuscular (IM)

Depósito de medicamentos no músculo,

região bem vascularizada. A taxa de

absorção depende das condições do local

(irrigação sanguínea e atividade muscular)

e da solubilidade do medicamento.

Soluções aquosas são rapidamente

absorvidas, porém naquelas de aspecto

oleoso, a absorção é lenta e irregular.

O limite de absorção é de 4 ml, na região do

glúteo. Causa dor. Contraindicada para

terapias longas e crônicas, para pacientes

com anormalidades na coagulação e com

doença vascular periférica. Nunca

administrar medicamentos em músculos que

apresentam contração ou tremor, Não utilizar

o glúteo como local de injeção para crianças

abaixo de 3 anos.

Intravenosa (IV)

O medicamento é depositado diretamente

na circulação, proporcionando efeito

imediato. Usada para infusão de grandes

volumes de soluções, de substâncias com

ph diminuído ou aumentado, ou

hiperosmóticas (diluídas).

O método de injeção in bolus permite a

administração rápida do medicamento. É

usado, também, para rapidamente atingir o

pico ideal de concentração plasmática do

medicamento. Neste tipo de via recomenda-

se administrar o medicamento lentamente. A

infusão rápida pode precipitar, de modo

imediato, RAMs indesejadas. Evite a

associação de agentes incompatíveis. TGI= trato gastrointestinal ; N&V = náusea e vômito ; RAM = reação adversa medicamentosa

4.2 Absorção A absorção representa a transferência do medicamento do local de administração para a corrente sanguínea. Os fatores que influenciam este processo incluem a via de administração, a solubilidade do medicamento, o tipo de formulação farmacêutica e as condições do local de absorção (fluxo sanguíneo tecidual, motilidade do trato gastrointestinal, ph e tipo de dieta). As diferentes vias de administração apresentam uma velocidade de absorção particular, que depende da estrutura tecidual na qual foi depositado o medicamento. A absorção do TGI é lenta, quando comparada à mucosa sublingual. A solubilidade dos medicamentos orais depende da formulação farmacêutica, e os líquidos são absorvidos mais rapidamente que os sólidos. O fluxo sanguíneo dos tecidos interfere na velocidade de extração do medicamento. Assim, quanto maior a vascularização do tecido, mais rápida a absorção. Situações como dor e estresse podem reduzir a absorção dos medicamentos, devido à vasoconstrição periférica. Medicamentos orais são absorvidos mais facilmente quando ministrados entre as refeições. A presença de alimentos, geralmente, retarda a absorção, além de haver a possibilidade de interação alimento-medicamento. Alguns medicamentos são destruídos, se administrados junto às refeições, pelo aumento do ácido clorídrico. 4.3 Condições clínicas que afetam a absorção A alteração de fluxo sanguíneo decorrente da redução do débito cardíaco por insuficiência circulatória (IC), da insuficiência cardíaca congestiva (ICC) ou do envelhecimento acarreta diminuição

9

da absorção de medicamentos. Na IC a absorção de medicamentos por via IM ou SC encontra-se, também, reduzida. Medicamentos como a Morfina, quando administrados por via SC em pacientes com IC, devem sofrer ajuste de dose, no intuito de evitar ineficácia terapêutica (devido à baixa perfusão tecidual) ou toxidade (após restauração da circulação tecidual). As alterações decorrentes do processo de envelhecimento, representadas pela redução da motilidade intestinal e do fluxo sanguíneo (esplênico e mesentérico), diminuição na produção de secreção ácida no estomago e do número de enterócitos (célula epitelial da camada superficial do intestino delgado e grosso), são capazes de reduzir de maneira importante a absorção de medicamentos, independentemente da condição patológica. Os pacientes portadores de insuficiência renal (IR) apresentam absorção incompleta de medicamentos, devido à utilização frequente de antiácidos e distúrbios do TGI, como náuseas e vômitos. 4.4 Distribuição A distribuição diz respeito ao deslocamento do medicamento da circulação sistêmica para os tecidos. Esta fase depende além do débito cardíaco, da fração de ligação dos medicamentos às proteínas plasmáticas (albumina, beta-globulina), do volume de distribuição e da dinâmica circulatória. Quando os medicamentos acessam a circulação sistêmica, uma fração é rapidamente distribuída aos tecidos (fração não-ligada) e a outra se liga às proteínas plasmáticas (fração ligada). A fração ligada não é capaz de atravessar membranas biológicas, servindo de reservatório dos medicamentos. Entretanto, quando a fração não-ligada (forma ativa) diminui nos tecidos, os medicamentos soltam-se das proteínas plasmáticas, reduzindo sua concentração plasmática, e deixam a circulação com destino ao tecidos.

4.5 Condições Clínicas que Afetam a Distribuição A insuficiência hepática, geralmente, diminui a síntese de albumina, ocasionando uma queda nos níveis plasmáticos de medicamentos que se ligam muito à proteína, como os ácidos fracos, podendo elevar a concentração da fração livre deste e aumentar os efeitos de toxidade. O volume de distribuição de um medicamento relaciona sua concentração sanguínea com a quantidade total no corpo. Assim, qualquer fator que altere a concentração do medicamento no tecido altera também o volume de distribuição. Os pacientes edemaciados possuem um volume de distribuição grande para os medicamentos hidrofílicos, devido o acumulo de água no espaço extracelular, o que torna necessária a administração de doses de ataque em altas concentrações (infusão inicial) para obtenção do efeito esperado. Na ICC e na IC, os medicamentos, geralmente, são distribuídos de forma precária para os tecidos menos irrigados, expondo órgãos nobres, como coração e sistema nervoso central (SNC), a uma concentração excessiva. A insuficiência renal é, geralmente, acompanhada da redução de proteínas plasmáticas; desta forma, agentes como a fenitonína, que se ligam extensamente às proteínas plasmáticas, apresentam volume de distribuição maior com consequente redução das concentrações séricas (circulante), mas com níveis elevados da fração livre, podendo desencadear toxidade. Nos idosos, a redução de massa do tecido adiposo, água corporal, massa magra e de proteínas plasmáticas predispõe à ampliação de efeito dos antidepressivos e corticoides.

4.6 Metabolização A metabolização de medicamentos ocorre nos pulmões, nos rins, no intestino, no sangue e, principalmente, no fígado. Este órgão representa o principal laboratório que sintetiza proteínas plasmáticas e enzimas responsáveis por catalisar reações químicas de transformação de nutrientes e medicamentos em compostos menos ativos, mais semelhantes à molécula da água para serem eliminados do organismo. Entretanto, nem sempre os produtos da metabolização são inertes. Alguns

10

mostram atividade farmacológica igual ao próprio medicamento, como por exemplo, o acetamenofeno, metabólico da fenacetina (anti-inflamatório). Outros metabólicos possuem propriedades tóxicas, como ocorre com a normeperidina – produto da meperidina (dolantina). 4.7 Condições Clínicas que afetam a Metabolização A Insuficiência Hepática causada por lesões como a cirrose reduz o fluxo sanguíneo hepático e aumenta as concentrações séricas dos medicamentos administrados por VO, principalmente daqueles que sofrem efeito de primeira passagem, como o propranolol, a morfina e a nifedipina. Nessas condições, é aconselhável o uso de medicamentos metabolizados e excretados por via renal, para evitar maiores danos ao paciente. Um grande problema em relação à metabolização é o uso de indutores e inibidores enzimáticos e as interações advindas das combinações. Os indutores, como a carbamazepina, a fenitoína e o fenobarbital, aumentam a degradação e a excreção de outros medicamentos administrados conjuntamente, reduzindo o efeito farmacológico de ambos. Em contrapartida, inibidores como a cimetidina retardam a degradação dos medicamentos, intensificando a ação, seja terapêutica, seja tóxica. Nos idosos, apesar da redução da atividade enzimática do citocromo P450, do fluxo sanguíneo e das proteínas plasmáticas, o prejuízo na metabolização dos medicamentos é irrelevante. Porém, quando o idoso é portador de insuficiência orgânica ou usuário crônico de indutores ou inibidores enzimáticos, a questão assume um vulto importantes devido o risco de interações medicamentosas. 4.8 Excreção A composição química da substância, geralmente, determina o órgão de sua excreção. As glândulas exócrinas excretam medicamentos lipossolúveis. Quando os medicamentos são excretados pelo TGI, muitos passam por transformação química no fígado e são eliminados pela bile. Fatores que afetam o peristaltismo alteram a excreção de medicamentos pelo TGI. Por exemplo, os laxantes aceleram a excreção, os analgésicos opióides retardam o processo. A meia-vida é um termo que diz respeito ao tempo que o organismo leva para excretar metade de uma determinada dose do medicamento. Este parâmetro depende do ritmo de depuração e do volume de distribuição do medicamento. Por exemplo, a morfina apresenta uma meia-vida de 4 horas. Assim, um indivíduo com funções orgânicas preservadas, a frequência de administração deste agente é de 4/4 horas. A maioria dos medicamentos é biotransformada no fígado e excretada pelos rins, alguns inclusive de forma inalterada. Quando a excreção renal encontra-se prejudicada, faz-se necessário reajuste da dose para evitar toxidade. Na ausência de situações clínicas, a ingestão líquida normal assegura a eliminação apropriada do medicamento. 4.9 Condições Clínicas que Afetam a Excreção A redução do fluxo sanguíneo renal, decorrente de condições fisiopatológicas que apresentam baixo débito cardíaco (IC, ICC, envelhecimento), resulta na diminuição da filtração glomerular e consequente atraso na excreção de medicamentos eliminados por essa via. Nessa situação a meia-vida dos medicamentos encontra-se elevada. Portanto, agentes, especialmente nefrotóxicos, precisam de reajuste posológico ou, em alguns casos, da suspensão da terapia. 5. Broncodilatadores

Uma das principais manifestações clínicas que afetam o bom funcionamento do sistema respiratório, levando o paciente a buscar um atendimento em emergência, é o broncoespasmo, que pode ter origem em diferentes doenças como asma, bronquite, pneumonias, doença pulmonar obstrutiva crônica, fibrose cística e nas rações anafiláticas. Nesta situação, são recomendados medicamentos de diferentes classes terapêuticas que podem ser administrados por distintas vias, dependendo da condição clínica do paciente. As principais classes

11

terapêuticas indicadas são os agonistas adrenérgicos, os derivados da xantina, os anticolinérgicos e os corticoides.

5.1 Agonistas Adrenérgicos

Esta classe terapêutica inclui adrenalina, terbutalina, fenoterol e salbutamol. A ação no sistema respiratório é decorrente da estimulação dos receptores beta adrenérgicos presentes no pulmão, que resulta no relaxamento da musculatura lisa da árvore traqueobrônquica, com consequente broncodilatação. Além disso, inibem a liberação de mediadores químicos envolvidos na precipitação das crises de broncoespasmo. O tempo de início do efeito terapêutico dos medicamentos desta classe são distintos, porém, a metabolização de todos é hepática e a excreção, renal. O uso desses agentes deve ser cuidadoso nos pacientes portadores de diabetes, doenças cardiovasculares, hipertireoidismo, aterosclerose cerebral, quadros convulsivos, hiperplasia prostática, glaucoma e em idosos. 5.2 Derivados da Xantina

A administração dos derivados da xantina deve ser cautelosa em idosos, pacientes com doenças cardiovasculares ou hepáticas, com úlcera péptica ativa, diabetes e hipertireoidismo. A aminofilina é utilizada, preferencialmente, por via intravenosa, o que demanda cuidados relativos à incompatibilidade com outros medicamentos, muitas vezes infundidos de modo simultâneo. Deste modo, deve-se evitar a administração concomitante com os seguintes agentes: amiodarona, ciprofloxacina, claritromicina, dobutamina, ondanstrona. 6. Ipratrópio

A sua ação broncodilatadora ocorre por ação de substâncias (acetilcolina) nas terminações nervosas parassimpáticas da musculatura lisa brônquica. Além do efeito de broncodilatação, ocorre também a redução das secreções produzidas pelas mucosas nasal e brônquica. Deve ser administrado com cautela em mulheres que estão amamentando, crianças menores de 12 anos e pacientes com glaucoma ou hiperplasia prostática.

6.1 Reações Adversas e interações Medicamentosas dos Bronco dilatadores

Broncodilatadores Reações Adversas por Sistema Interação Medicamentosa

Adrenalina

SNC – Ansiedade, cefaleia, insônia, confusão. SCV – taquicardia (uso parenteral), palpitação, dor no peito, hipertensão, aumento do consumo de oxigênio pelo miocárdio, arritmias, angina, vasoconstrição, morte súbita. SD – náusea, vômito, xerostomia SGU – retenção urinária, diminuição do fluxo sanguíneo renal. SME – tremor, fraqueza.

- Aumento da toxidade da adrenalina: anestésicos inalatórios halogenados, alfa e betabloqueadores, antidepressivos tricíclicos, inibidores da MAO. - Diminuição do efeito broncodilatador: betabloqueadores - Diminuição do efeito hipoglicemiante: hipoglicemiantes orais.

Fenoterol

SNC – cefaleia, nervosismo, tontura SCV – palpitação, taquicardia. SR – irritação da orofaringe, tosse. SME – tremor, câimbras

- Aumento do efeito do fenoterol: Ipratrópio, simpatomiméticos, inibidores da MAO e antidepressivos tricíclicos. - Diminuição do efeito broncodilatador: Betabloqueadores.

Salbutamol

SNC – sonolência, insônia, cefaleia, nervosismo, convulsão, tontura, ansiedade, zumbido, inquietação, alucinação, irritabilidade. SCV – palpitação, taquicardia, hipertensão, angina, hipotensão, angioedema. SR – ressecamento nasal, irritação do nariz

- Aumento da toxidade do Salbutamol: Simpatomimético, metildopa, inibidores da MAO e antidepressivos tricíclicos. - Diminuição do efeito broncodilatador: Betabloqueadores.

12

e orofaringe, tosse, broncoespasmo paradoxístico. SD – náusea, vômito, xerostomia, alteração do paladar, epigastralgia. SME – tremores, câimbras, fraqueza.

Terbutalina

SNC – sonolência, insônia, cefaleia, nervosismo, convulsão, tontura, ansiedade, zumbido. SCV – palpitação, taquicardia, hipertensão, arritmias, prolongamento do intervalo QT. SR – rigidez torácica, dispneia, broncoespasmo, faringite, garganta seca. SD – naúsea, vômito, disgeusia. SME - tremores

- Aumento da toxidade do Terbutalina: Simpatomiméticos, metildopa, inibidores da MAO e antidepressivos tricíclicos.

- Diminuição do efeito broncodilatador: Betabloqueadores

Aminofilina SNC - insônia, cefaleia, convulsão, tontura, ansiedade, agitação. SCV - palpitação, taquicardia sinusal, hipotensão. SD – náusea, vômito, anorexia, diarreia, gosto amargo, dispepsia, irritação anal, epigastralgia.

- Aumento da toxidade da Aminofilina: Álcool, alopurinol, betabloqueadores, betabloqueadores dos canais de cálcio, cimetidina, ciprofloxacino, claritromicina, corticoides, diuréticos de alça, efedrina, isoniazida, metotrexato, contraceptivos orais, tiabendazol, tacrina, hormônio tireodianos, verapamil. - Diminuição do efeito da Aminofilina: Carbamazepina, cetoconazol, isoproterenol, fenobarbital, fenitoína, rifampicina, ritonavir, simpatomiméticos.

Ipratrópio SNC - insônia, cefaleia, convulsão, tontura, ansiedade, nervosismo, sonolência, visão borrada. SCV – palpitação, taquicardia, hipertensão, hipotensão, fibrilação atrial, angioedema. SR – broncoespasmo, ressecamento, tosse, piora dos sintomas de broncoespasmo, reação de hipersensibilidade, rouquidão, laringoespasmo. SD – náusea, vômito, constipação, cólica, xerostomia.

Diminuição da toxidade do ipratrópio: Medicamentos com efeitos anticolinérgicos e outros com propriedade anticolinérgica.

SNC: Sistema Nervoso Central ; SCV: Sistema Cardiovascular ; SR: Sistema Respiratório ; SD: Sistema Digestório ; SME: Sistema Musculo

Esquelético

6.2 Cuidados de Enfermagem na Administração dos Broncos dilatadores

• Observar o estado mental • Monitorar a função respiratória • Observar a quantidade e a coloração da secreção pulmonar • Verificar pressão arterial, e frequência cardíaca • Verificar sinais de reações alérgicas • Interromper a administração do medicamento, caso ocorra broncoespasmo

parodoxístico, e comunicar o médico • Orientar o paciente a enxaguar a boca após o uso inalatório de adrenalina • Orientar o paciente a evitar o uso de substâncias que contenham cafeína como

chocolate, café, chá e refrigerante • Diluir a adrenalina em solução salina (3ml), quando utilizada na nebulização

• Verificar se o paciente é alérgico a beladona, atropina, lecitina de soja e amendoim, quando do uso do ipratrópio, pois poderá haver alergia a esse agente também

13

6.3 Cuidados adicionais necessários quando do uso da aminofilina são descritos abaixo: • Monitorar o nível sérico do medicamento. Dose terapêutica muito próxima da dose tóxica • Observar sinais de toxidade, especialmente em idosos, como náusea, vômito,

ansiedade, agitação, insônia, taquicardia, disritmia, convulsões • Checar ECG, se ocorrer taquicardia • Observar reações alérgicas, exantema cutâneo ou urticária; se esses sintomas

ocorrerem, suspender o medicamento • Confirmar se o paciente não recebeu aminofilina previamente, para não causar efeito

aditivo. 7. Sedativos e Hipnóticos

Os hipnóticos-sedativos produzem depressão do SNC, em graus variados, que podem resultar em sedação, hipnose, anestesia e coma, dependendo da dose, via de administração e sensibilidade do paciente. Estes agentes são amplamente prescritos com o objetivo de controlar estados confusionais agudos; induzir, facilitar e manter o sono; facilitar a intubação, a realização de procedimentos invasivos e a ventilação mecânica. Além disso, ajudam no alívio do medo e da ansiedade do paciente, bloqueando a resposta fisiológica ao estresse. As classes terapêuticas mais utilizadas são os benzodiazepínicos, os neurolépticos e os analgésicos opióides.

7.1 Benzodiazepínicos

Os efeitos dos benzodiazepínicos resultam das ações no SNC. Todos os representantes, em maior ou menor grau, tem a capacidade de reduzir ansiedade, causar sedação, hipnose e relaxamento muscular. O clonazepan, o clorazepato e o diazepan possuem propriedade anticonvulsivante. São considerados medicamentos com boa margem de segurança, pois, mesmo em altas doses, raramente são fatais, a monos que sejam associados a outros depressores do SNC. O emprego dos benzodiazepínicos está tradicionalmente ligado ao controle da resposta emocional (medo, ansiedade) relacionada com a dor. São úteis, também, no combate à insônia e à contração muscular, que acompanha a sensação dolorosa, bem como na redução do estresse do paciente, o qual se beneficia de seu efeito amnésico, em procedimentos médicos estressantes. As precauções relativas ao uso desta classe farmacológica incluem pacientes com doença respiratória obstrutiva, idosos e aqueles que fazem uso de outros depressores do SNC. Os sintomas de abstinência dos benzodiazepínicos são: ansiedade, agitação, irritabilidade, depressão, insônia, cefaleia, tontura, anorexia, fraqueza, fotofobia, diarreia, náuseas e vômitos. Esses sintomas podem surgir até uma semana após a suspensão do medicamento, devido à atividade farmacológica de alguns metabólitos. Em caso de intoxicação causada por benzodiazepínico, utiliza-se o flumazenil como antagonista específico. 7.2 Neurolépicos

Os fármacos neurolépticos (também chamados fármacos antiesquizofrênicas, fármacos antipsicóticos ou tranquilizantes maiores) são usados primariamente no tratamento da esquizofrenia, mas são também eficazes, em outros estados psicóticos, como os de mania e delírio. Os fármacos neurolépticos clássicos são inibidores competitivos de uma variedade de receptores, mas seus efeitos antipsicóticos refletem o bloqueio competitivo dos receptores dopaminérgicos.

14

A cautela no que concerne ao uso dos neurolépticos inclui pacientes com doenças cardiovasculares, hepáticas, renais, respiratórias crônicas, especialmente crianças e idosos, e história de crises convulsivas. 7.3 Reações Adversas e interações Medicamentosas dos Sedativos e Hipnóticos

Hipnóticos e Sedatívos

Reações Adversas por Sistemas

Interações Medicamentosas

Prometazina

SNC: sedação, sonolência, confusão,

tontura, fadiga, agitação (paradoxal), reação

extrapiramidal, zumbido, alucinações,

insônia, convulsão, estado catatônico.

SCV: taquicardia, bradicardia, palpitação,

angioedema, hipertensão, hipotensão.

SR: espessamento da secreção brônquica,

faringite, depressão respiratória e apnéia

(especialmente em crianças).

SD: náusea, vômito, xerostomia, dor

abdominal, constipação, aumento do apetite.

SGU: retenção urinária em pacientes com

obstrução do fluxo urinário, diminuição do

fluxo sanguíneo renal.

SME: tremor, fraqueza, artralgia, parestesia,

mialgia.

Aumenta a toxidade da prometazina: Atropina, álccol, analgésicos opióides,

sertralina, desipramina, clorpromazina,

fluoxetina, quinidina, ritonavir,

propranolol.

Diminui o efeito da prometazina: Carbamazepina, fenobarbital,

fenitoína, levodopa (por ter ação

antiparkisoniana inibida pela

prometazina).

Adrenalina: pode ter a ação

vasopressora revertida pela

prometazina.

Clorpromazina

SNC: sedação, sonolência, agitação,

ansiedade, síndrome extrapiramidal, sinais

de pseudoparkisonismo, discinesia tardia,

síndrome neuroléptica maligna, convulsão e

alteração da regulação da temperatura.

SCV: hipotensão (principalmente infusão IV),

hipotensão ortostática, hipertensão,

taquicardia, arritmias.

SR: laringoespasmo, dispneia, depressão

respiratória.

SD: constipação, desconforto TGI, náusea,

vômito, anorexia, xerostomia.

SGU: impotência, retenção urinária.

SH: agranulocitose, anemia, leucopenia,

eosinofilia, trombocitopenia, anemia

hemolítica.

Aumenta a toxidade da clorpromazina: Propranolol, antidepressivos IRSS,

analgésicos opióides, álcool,

barbitúricos, anti-histamínicos.

Aumenta a toxidade dos seguintes agentes: Anfetaminas, betabloqueadores

cardiosseletivos, lidocaína,

antidepressivos tricíclicos,

anticolinérgicos, anti-hipertensivos,

lítio, ácido valpróico.

Diminui o efeito da clorpromazina: Antiácidos a base de alumínio ou

magnésio, codeína, oxicodona,

tamadol.

Haloperidol SNC: síndrome extrapiramidal, acatisia,

distonia, pseudoparkisonismo, síndrome

Aumento da toxidade do haloperidol:

15

neuroléptica maligna, sonolência, agitação,

euforia, insônia, confusão, cefaleia, letargia,

vertigem, convulsão, depressão, hiperpirexia,

exacerbação dos sintomas psicóticos.

SCV: taquicardia, hipotensão, hipotensão

ortostática, hipertensão, alterações no ECG

(prolongamento no intervalo QT).

SR: broncoespasmo, laringoespasmo,

aumento da profundidade da respiração.

SD: constipação, náusea, vômito, dispepsia,

icterícia, hepatite, hipersalivação,

xerostomia, obstrução intestinal.

SGU: retenção urinária, enurese, priapismo.

SH: leucopenia, leucocitose, anemia.

Antifúngicos azólicos, clorpromazina,

ciprofloxacin, claritromicina,

diclofenaco, fluoxetina, propranolol,

quinidina, verapamil.

Aumenta o efeito dos seguintes agentes: Anfetaminas, betabloqueadores

cardiossedativos, bloqueadores de

canais de cálcio, ciclosporina,

fluoxetina, lidocaína, sildenafil,

antidepressivos tricíclicos, álcool,

analgésicos opióides, sedativos

hipnóticos, anti-hipertensivos.

Diminui os efeitos do haloperidol: Carbamazepina, fenobarbital,

rifampicina, tabagismo.

Diminui os efeitos dos seguintes agentes: Codeína, oxicodona, tramadol.

Diazepam

SNC: sonolência, sedação, lassidão,

amnésia, cefaleia, vertigem, redução da

velocidade de raciocínio, confusão, ataxia,

tolerância, dependência física e psíquica.

SCV: hipotensão

SGI: náusea, constipação.

Aumenta a toxidade dos seguintes agentes: Barbitúricos, analgésicos opióides,

IMAO, fenotiazinas, álcool, anti-

histamínicos, sedativos hipnóticos,

antidepressivos.

Aumenta a toxidade do diazepam: Omeprazol, ticlopidina, antifúngicos

azólicos, ciprofloxacin, claritromicina,

diclofenaco, propofol, quinidina,

verapamil.

Diminui os efeitos do diazepam: Carbamazepina, fenitoína,

fenobarbital, erifampicina.

Midazolam

SNC: sonolência, cefaleia, nistagmo,

vertigem, tolerância, dependência física e

psíquica.

SCV: hipotensão

SGI: náusea, vômito.

Aumenta a toxidade do midazolam: Antifúngico azólicos, ciprofloxacin,

claritromicina, diclofenaco, propofol,

quinidina, verapamil.

Diminui os efeitos do midazolan: Carbamazepina, fenitoína,

fenobarbital, erifampicina. IRSS – Inibidores seletivos de receptação de serotonina IMAO - Inibidor da monoamino-oxidase.

16

7.4 Cuidados de Enfermagem na Administração de Sedativos e Hipnóticos

• Observar o estado mental • Avaliar PA, FR, FC antes do tratamento e a cada 4 horas durante o início do tratamento • Observar sinais frequentes como síncope, tontura, palpitação, taquicardia e hipotensão

Ortostática • Avaliar sinais da síndrome extrapiramidal e da síndrome neuroléptica maligna • Verificar débito urinário. Observar presença de bexigoma • Observar eliminação intestinal • Evitar a infusão simultânea da prometazina com os seguintes agentes: aminofilina, anfotericina B, ampicilina, cloranfenicol, clorotiazida, meticilina, penicilina G, fenobarbital • Evitar a infusão simultânea do haloperidol com os seguintes agentes: fluconazol, foscarnet,

heparina • Orientar o paciente e os familiares sobre evitar atividades que envolvam atenção (dirigir, operar

máquinas)

8. Drogas Vasoativas

Introdução: O conhecimento referente aos efeitos desejáveis e adversos das drogas vasoativas é fundamental para a equipe de enfermagem que atua em setores nos quais esses fármacos costumam ser utilizados. Salienta-se seu uso em casos de adequação do equilíbrio hemodinâmico, de reposição volêmica e da correção de distúrbios hidroeletrolíticos e acidobásicos. As rápidas e potentes ações destas drogas determinam mudanças importantes em padrões hemodinâmicos e respiratórios, tornando-se necessária a utilização de monitorização contínua para aferir essas alterações. A equipe de enfermagem deverá, portanto, conhecer as principais drogas utilizadas, de modo a contribuir com a equipe de saúde na busca das condições ideais para cada paciente e ou na suspensão de seu uso. O termo drogas vasoativas é empregado às substâncias que apresentam efeitos vasculares periféricos, pulmonares ou cardíacos, direto ou indiretamente, atuando em pequenas doses e com respostas dose-dependentes de efeito rápido e curto, através de receptores situados no endotélio vascular (Dopaminérgicos, Beta 1, Beta 2, Alfa 1 e Alfa 2)

8.1 Classificação das Drogas Vasoativas

Drogas Simpatomiméticas As catecolaminas (noradrenalina, dopamina e dobutamina) são os agentes simpatomiméticos mais utilizados em situações de emergência. Os efeitos das catecolaminas variam de acordo com a dose utilizada, podendo estimular receptores alfa, beta e dopa. Portanto, essas drogas são classificadas em: alfa-adrenérgica, beta-adrenérgica e dopaminérgica ou mista, de acordo com o predomínio de receptores sensibilizados.

Principais Catecolaminas e seus efeitos nos receptores adrenérgicos

Catecolaminas Receptores

Dopa Beta-1 Beta-2 Alfa-1 Alfa-2 Noradrenalina __ +++ + +++ +++

Dopamina +++ ++/+++ ++ +++ +

Dobutamina __ +++ + -/+ __ - / + ou + = estimulação relativa - =ausência de estimulação

17

8.2 Dopamina

Mecanismo de ação: é inativada no meio gástrico, portanto só pode ser utilizada por via endovenosa em administração contínua. Apresenta início e cessação de seus efeitos praticamente imediatos, sua meia-vida é de 2 minutos. Os metabólicos são eliminados por via renal.

Indicações: para pacientes com disfunção miocárdica e baixo débito cardíaco. Também é indicada em situações nos quais os parâmetros hemodinâmicos estejam estáveis, porém com oligúria persistente (efeito dopaminérgico). É utilizada nos casos de bradicardia sintomática (após o uso de atropina sem sucesso), no bloqueio atrioventricular de segundo grau tipo II ou terceiro grau que não responde ao tratamento com marca-passo transvenoso, no tratamento de choque (IAM, cirurgia cardíaca, ICC descompensada e insuficiência renal) persistente depois de reposição volêmica e nos casos de hipotensão [pressão arterial sistólica (PAS) inferior ou igual a 70 a 100 mmhg] com sinais e sintomas de choque.

Dose: a diluição padrão é de cinco ampolas de dopamina em 200 ml de solução (soro glicosado, fisiológico a 0,9%, ringer simples ou lactato). A dopamina é disponível na forma de cloridrato de dopamina em ampolas de 50 a 200 mg da droga. Deve ser usada sempre diluída e a dose administrada de acordo com o efeito desejado e indicado para cada paciente.

Cuidados: • Conhecer a ação farmacológica relacionada com a dose; • Não deve ser diluída com solução alcalina (bicarbonato de sódio); • Deve ser utilizada somente para uso endovenoso, preferencialmente via central; • Caso seja instalada em via periférica, atentar para que não haja extravasamento tissular, porque

poderá provocar intensa vasoconstrição local com necrose tecidual; • Diminuir o gotejamento lentamente até a suspensão do fármaco; • Utilizar sempre a droga em bomba de infusão; • Pode ser usada em pacientes hipovolêmicos , porém somente após a reposição de volume; • Controle rigoroso de parâmetros hemodinâmicos e circulatórios.

Efeitos Colaterais: náuseas, vômitos, arritmias supraventriculares e ventriculares, hipotensão arterial sistêmica, cefaleia e dispneia.

8.3 Dobutamina

Mecanismo de ação: atua sobre o débito cardíaco, com resposta hemodinâmica dose-dependente. Tem pouca ação na pressão arterial, no fluxo renal e coronário. Esta droga está associada ao aumento da incidência de arritmia ventricular e mortalidade. Age predominantemente sobre os receptores beta-1, com pouco efeito nos receptores alfa, beta-2 ou dopaminérgicos. O início de ação endovenosa é de 1 a 10 minutos, o seu pico de ação ocorre entre 10 e 20 minutos, com meia-vida de 2 minutos. A excreção é renal, e o metabolismo, hepático.

Indicação: pode ser usada associada à dopamina ou isoladamente em baixo débito, sem hipotensão. É a droga de escolha para aumentar a contratibilidade miocárdica, ou seja, melhorar a função ventricular e o desempenho cardíaco nos pacientes com ICC ou choque cardiogênico, por exemplo. Dose: o medicamento é disponível na forma de hidrocloridrato de dobutamina, em ampola de 20 ml com 250 mg da droga. Dilui-se uma ampola em 230 ml de solução (exceto solução alcalina). A concentração final será de 1 mg/ml. A dose pode variar de 2 a 4 mcg/kg/min.

18

Cuidados: • Não infundir na mesma via endovenosa quando estiver recebendo furosemida, heparina e

penicilina; • Não administrar com solução alcalina (bicarbonato de sódio); • Conhecer a ação farmacológica relacionada com a dose; • Deve ser utilizado em via periférica, atentar para que não haja extravasamento tissular, porque

poderá provocar intensa vasoconstrição local com necrose tecidual; • Diminuir o gotejamento lentamente até a suspensão do fármaco; • Utilizar a droga sempre em bomba de infusão; • Pode ser usada em pacientes hipovolêmicos, porém somente após reposição de volume; • Controle rigoroso de parâmetros hemodinâmicos e circulatórios.

Efeitos colaterais: aumento da FC, elevação da PA, extras sístoles ventriculares, palpitação, febre, cefaleia, parestesia, náuseas, sudorese, flebite e dispneia.

8.4 Noradrenalina

Mecanismo de ação: é um potente vasoconstritor visceral e renal, tem ação vasoconstritora sobre a rede vascular (sistêmica e pulmonar). Dependendo da dose utilizada provoca aumento do volume sistólico, diminuição reflexa da frequência cardíaca e importante vasoconstrição periférica (com elevação da PA). Sua degradação é hepática, e a excreção renal. A ação endovenosa é rápida, com duração limitada.

Indicação: na elevação da PA de pacientes sépticos, hipotensos e que não respondem à administração de volume e outras drogas vasoativas. É utilizada no pós operatório imediato de cirurgia cardíaca quando existe síndrome vasoplégica.

Dose: habitualmente utiliza-se cinco ampolas (4 mg/ampola) diluídas em 250 ml de solução (soro glicosado ou fisiológico). A concentração final será de 1 mg/ml (4 ml). Inicia-se com dose de 0,5 mcg/kg/min, podendo atingir até 30 mcg/min. Deve ser administrada por via endovenosa, central.

Cuidados: • Conhecer a ação farmacológica relacionada com a dose; • Não deve ser diluída com solução alcalina (bicarbonato de sódio); • Deve ser utilizada somente para uso endovenoso, preferencialmente via central; • Caso seja instalada em via periférica, atentar para que não haja extravasamento tissular, porque

poderá provocar intensa vasoconstrição local com necrose tecidual; • Diminuir o gotejamento lentamente até a suspensão do fármaco; • Utilizar sempre a droga em bomba de infusão; • Pode ser usada em paciente hipovolêmico, porém somente após a reposição de volume; • Controle rigoroso de parâmetros hemodinâmicos e circulatórios; • Preferencialmente, não deve ser usada em veia periférica, devido ao risco elevado de necrose

tecidual; • A infusão deve ser efetuada em veia de grosso calibre e o sítio de inserção deve ser avaliado

constantemente, evitando-se extravasamento da droga; • Se ocorrer extravasamento, deve-se infiltrar a área com 5 a 10 mg de fentalamina em 10 a 15 ml

de soro fisiológico; • Deve-se evitar a administração desta droga em grávidas, devido ao efeito contrátil sobre o útero

gravídico; • Utilizar sempre a infusão do medicamento em bomba de infusão; • Não deve ser usado em paciente com hipovolemia e arteriopatia periférica, mesentérica ou

cerebral.

19

Efeito Colaterais: tremores, ansiedade, náuseas, hemorragias cerebral, aumento do consumo de O2, insuficiência renal, isquemia de extremidades ou visceral, aumento da resistência vascular pulmonar, bradicardia reflexa em doses elevadas, cefaleia, arritmia, necrose de pele (quando houver extravasamento) e dispneia.

9. Drogas Vasodilatadoras A falência circulatória aguda possui várias etiologias, porém os mecanismos determinantes são:

• Diminuição do volume circulante; • Diminuição do débito cardíaco; • Diminuição da resistência periférica.

O uso de drogas vasodilatadoras é útil nos casos em que a reposição volêmica adequada e a otimização do débito cardíaco com as drogas inotrópicas não revertem a condição de baixo débito. Os vasodilatadores podem ser classificados de acordo com o seu sítio de ação em vasodilatadores (nitratos e nitroglicerina), arteriodilatadores (hidralazina) e de ação mista (nitroprussiato de sódio). O vasodilatador mais usado em emergências clínicas é o nitroprussiato de sódio.

9.1 Nitroprussiato de Sódio:

Mecanismo de ação: esse medicamento é metabolizado pelas células do músculo liso e libera óxido nítrico que é responsável pela vasodilatação das arteríolas (diminuição da resistência vascular sistêmica) e das vênulas (diminuição do retorno venoso, do débito cardíaco e da fração de ejeção do ventrículo esquerdo). O fármaco não exerce efeito no centro vasomotor, nos nervos simpáticos ou nos receptores adrenérgicos. O início de ação manifesta após 30 segundos e o pico ocorre em torno de 2 minutos. Quando a administração da droga é interrompida, o efeito hipotensor desaparece em 3 minutos. Este fármaco não é absorvido pelo trato gastrintestinal, portanto só é administrado via endovenosa e depende da metabolização renal e hepática.

Indicações: é utilizado no tratamento de emergências hipertensivas, em situações que seja necessário reduzir a pré e pós carga (aneurisma dissecante de aorta, aumento do débito cardíaco na insuficiência cardíaca congestiva e na diminuição da demanda de O2 no pós Infarto Agudo do Miocardio). É usada também para induzir hipotensão controlada durante a anestesia e para reduzir sangramento em procedimentos cirúrgicos.

Dose: o nipride é disponível em ampolas de 50 mg que devem ser diluídas em solução (soro glicosado ou fisiológico), fornecendo uma concentração de 50 a 200 mg/ml.

Efeitos Colaterais: as intoxicações pelo cianeto provoca bloqueio da respiração aeróbica, propiciando acidose metabólica de ocorrência rara. Já os sinais de intoxicação pelo tiocianato são: náuseas, fraqueza, confusão mental, espasmos musculares, cefaleia, diarreia, taquicardia e psicose.

Cuidados: • Até a estabilização do quadro, ou seja, a manutenção da PA em valores desejáveis, deve haver

uma monitorização contínua do paciente; • Retirar a droga do paciente na forma de desmame, observando as alterações da PA; • Uso de equipo fotossensível; • Pode ser utilizada em mulheres grávidas, embora atravesse a barreira transplacentária, não

sendo a primeira droga de escolha; • A droga deve ser usada com cautela em pacientes com hepatopatias e nefropatias; • Deve-se limitar o uso contínuo de nipride, preferencialmente não mantê-lo por mais de três dias

consecutivos; • É contraindicado em pacientes com isquemia coronariana aguda;

20

• Deve-se usar bomba de infusão continuamente.

9.2 Nitroglicerina

Mecanismo de ação: atua no sistema nervoso, diminui a pré-carga do coração, podendo ocasionar hipotensão e taquicardia reflexa. A ação ocorre de 2 a 5 minutos após o início da infusão e sua eliminação é renal.

Indicação: situações de emergências hipertensivas, nas síndromes coronárias agudas, na hipertensão pulmonar, a ICC pós IAM e no edema agudo de pulmão.

Dose: a dose por via endovenosa pode ser de 5 a 200 mcg/min., podendo aumentar a cada 5 minutos. O nitrato tem várias apresentações, ou seja, oral, sublingual, endovenosa, transdérmica. A via endovenosa é a mais segura, devido ao seu efeito sustentado e de fácil controle.

Cuidados: • Conhecer a ação farmacológica relacionada com a dose; • Não deve ser diluída com solução alcalina (bicarbonato de sódio); • Deve ser utilizada somente para uso endovenoso, preferencialmente via central; • Caso seja instalada em via periférica, atentar para que não haja extravasamento tissular, porque

poderá provocar intensa vasoconstrição local com necrose tecidual; • Diminuir lentamente o gotejamento até a suspensão do fármaco; • Utilizar sempre a droga em bomba de infusão; • Pode ser usada em pacientes hipovolêmicos, porém somente após a reposição volêmica; • Controle rigoroso de parâmetros hemodinâmicos e circulatórios; • A infusão deve ser efetuada em veia de grosso calibre e o sítio de inserção deve ser avaliado

constantemente, evitando-se o extravasamento da droga; • A suspensão da droga deve ser gradual, devido à possibilidade de dependência, quando

utilizada em doses elevadas por longo período.

Efeitos colaterais: hipotensão postural, rubor facial, taquicardia, choque, edema periférico, cefaleia, náuseas, vômito, fraqueza muscular e visão borrada.

Contraindicação: uso de sedenafil nas últimas 24 horas, trauma na cabeça, hemorragia cerebral, anemia grave, glaucoma e hipotensão importante.

9.3 Ação de Enfermagem frente ás Drogas Vasoativas

• Observação rigorosa do nível de consciência: devido alteração gasométricas e de perfusão tissular cerebral, o nível de consciência poderá alterar-se, assim como os sinais de percepção.

• Observação rigorosa dos parâmetros hemodinâmicos: as drogas vasoativas começam agir no organismo quase que imediatamente após a sua instalação, desse modo, é primordial que o enfermeiro permaneça ao lado do paciente até a estabilização do quadro, uma vez que cada paciente poderá reagir de maneira diferente a cada droga.

• Controle rigoroso de parâmetros respiratório: observar a saturação de O2, que poderá ser alterada em virtude do quadro inicial, assim como as pioras que poderão ocorrer;

• Observação rigorosa de perfusão tissular periférica: alterações de perfusão poderão indicar deteriorização do quadro clínico e devem ser corrigidas imediatamente;

• Controlar o débito urinário: devido algumas drogas agirem diretamente na função renal.

10. Emergências Hipertensivas

O paciente em crise hipertensiva deve ser avaliado rapidamente para a seleção apropriada da droga ou das drogas anti-hipertensivas. Em geral, não se deve distinguir entre as duas situações, baseado unicamente nos níveis pressóricos, e sim na ameaça à vida do paciente.

21

Nas emergências hipertensivas, o tratamento deve ser iniciado antes da obtenção do ECG. Exames subsidiários básicos, bem como raio X de tórax ou tomografia de crânio, podem ser realizados posteriormente se não existirem evidencias clínicas de comprometimento cerebral.

10.1 Principais drogas utilizadas nas crises hipertensivas

• Nitroprussiato de sódio: é um potente vasodilatador tanto arterial quanto venoso, diminuindo a pré e a pós-carga.

• Bloqueadores de canais de cálcio: a nicardipine, diferentemente de outros bloqueadores de canais de cálcio, tem um bom desempenho nas crises hipertensivas. Reduz a isquemia tanto cerebral quanto cardíaca, e é uma droga de escolha na hipertensão pós-operatória.

• Bloqueadores adrenérgicos: o labetalol é um bloqueador alfa e beta, que, utilizado na forma intravenosa, produz redução dos níveis pressóricos. A rápida que da pressão arterial resulta em queda da resistência vascular cerebral e pequena queda do débito cardíaco.

• Diazóxido (Tensuril): age relaxando a musculatura lisa arteriolar. • Clonidina (Atensina): é uma medicação largamente utilizada nas urgências hipertensivas, pois

diminui menos acentuadamente os níveis pressóricos. É de excelente escolha quando a pressão arterial deve ser reduzida não rapidamente.

• Inibidores da ECA (Enzima Conversora da Angiotensina): o Captopril sublingual pode ser uma opção efetiva em pacientes com urgência hipertensiva. Os efeitos ocorrem em 5 minutos e persistem por 4 horas; os efeitos colaterais são desprezíveis.

10.2 Ações de Enfermagem

Aqui estão pontuadas as ações de enfermagem, possíveis e realistas, a serem mantidas junto ao paciente com HAS grave em um pronto socorro, até a sua alta ou encaminhamento para uma unidade de pacientes críticos ou semicríticos, nas quais um outro dimensionamento de cuidados poderá ser adotado.

• Observação do nível de consciência: desmaio, vertigem, sonolência, orientação, resposta verbal, motora e sensitiva, distúrbios visuais.

• Monitorização hemodinâmica: frequência e ritmos cardíacos, PA. • Monitorização do padrão respiratório: frequência, ritmo, esforço, cianose, tosse e sons

adventícios. • Monitorização da perfusão periférica: coloração da pele, temperatura, enchimento capilar,

cianose e rubor. • Observação de queixas álgicas: intensidade, localização, qualidade sensitiva, início, alterações

neurovegetativas e fatores predisponentes. • Observação do padrão de eliminações: vesicais quanto à quantidade, cor, odor, história de uso

de diuréticos, edema, glicosúria, infecção, história de doença renal.

11. Síndrome Coronariana Aguda

11.1 Drogas utilizadas no atendimento inicial da SCA

A intervenção farmacológica no atendimento inicial visa a, principalmente, diminuir o consumo de oxigênio pelo miocárdio e retardar o processo aterosclerótico de obstrução coronariana.

Morfina • Administração: solução decimal • Efeito: combate a dor, ajuda na diminuição do tônus adrenérgico e, consequentemente, reduz o

consumo de oxigênio. • Cuidados: possíveis complicações associadas a altas doses de morfina, como, por exemplo,

depressão respiratória.

22

Oxigênio • Administração: Cateter de oxigênio de 2 a 3 l/min. • Efeito: aumenta a oferta de oxigênio ao paciente, reduzindo a área de isquemia e causando

venodilatação dos campos pulmonares aumentando a oferta de O2 ao miocárdio.

Nitrato • Administração: comprimido sublingual, spray e endovenoso • Efeitos: efeitos hemodinâmicos mais significativos incluem redução da pré-carga, redução da

tensão na parede ventricular, redução da pós-carga, diminuindo o consumo de O2, além de vasodilatação das artérias epicárdicas, redistribuindo o fluxo coronariano e aumentando a oferta de O2 ao miocárdio.

• Cuidados: no caso de síndrome coronariana com acometimento de ventrículo direito, seu uso pode levar à hipotensão e a choque cardiogênico.

Aspirina • Administração: via oral 160 a 325 mg. • Efeitos: atua no impedimento da agregação plaquetária reduzindo a progressão do evento

trombótico. • Cuidados: reação de hipersensibilidade à droga.

Betabloqueador Metoprolol • Administração: 5 mg EV lentamente, podendo repetir a cada 5 minutos. • Efeitos: resulta na diminuição do consumo de O2 pelo miocárdio devido à redução da frequência

cardíaca. Uso obrigatório em todas as SCA. • Cuidados: possíveis efeitos colaterais em pacientes com doenças pulmonares.

12. Terapêutica Trombolítica

Atualmente as opções disponíveis de trombolíticos ou fibrinolíticos para uso no Brasil são: estreptoquinase (SK), alteplase (tPA) e tenecteplase (TNK). A estreptoquinase é uma proteína extraída de cultura de estreptococos que ativa o plasminogênio. Ainda é a mais utilizada em nosso meio devido ao seu menor custo em relação aos outros trombolíticos e maior disponibilidade, a despeito de estudos mostrarem maior redução de mortalidade com tPA. A alteplase, de cadeia recombinante que ativa o plasminogênio ligado a fibrina, é considerada “seletiva ao coagulo” A tenecteplase, ativador recombinante do plasminogênio específico para fibrina, é derivado da t-Pa humana por meio de modificações genéticas. O tenecteplase liga-se a fibrina componente do trombo e seletivamente converte o plasminogênio para plasmina, da qual degrada a matriz de fibrina do trombo.

Uso do Trombolítico Dor torácica sugestiva de IAM menor que 12 horas; supra de ST igual ou superior a 1mm em igual ou superior a duas derivações contíguas; BRE novo ou supostamente novo; sem limite de idade.

Contraindicações absolutas AVC hemorrágico, outros eventos cerebrais há menos de um ano, neoplasia intracraniana, sangramento interno ativo (exceto menstruação), suspeita de dissecção de aorta.

Contraindicações relativas HAS maior que 180x110 mmHg e não controlável, outras patologias cerebrais, uso atual de anticoagulante, trauma recente (duas a quatro semanas), RCP prolongada (maior que 10 minutos) e traumática, cirurgia de grande porte (menor que três semanas), punção vascular não compressível,

23

sangramento interno recente (menos que duas a quatro semana), estreptoquinase nos últimos dois anos, gravidez, úlcera péptica ativa, história de HAS grave.

12.1 Comparação entre os Trombolíticos

Estreptoquinase Alteplase Tenecteplase

Dose

1.500.000 unidades em 1

hora

15 mg EV bolus, após

0,75 mg/kg até 50 mg em

30 minutos

Peso ajustado, in bolus

em 5 minutos: 30 mg

(menor 60kg), 35 mg (60 a

70 kg), 40 mg (70 a 80

kg), 45 mg (80 a 90 kg) 50

mg (maior que 90 kg)

Administração 60 minutos de infusão In bolus + 90 minutos de

infusão

Dose/peso/ajustado e

bolus

Meia-vida 25 minutos 60 minutos 22 minutos

Fibrino específico 0 ++ +++

Heparina coadjuvante __ EV EV

Custo Menor que + +++ +++

Observação: todos os trombolíticos devem ser preparados e administrados, obrigatoriamente, pelo enfermeiro. 13. Medicamentos mais usados na Parada Cardiorrespiratória

• Adrenalina: é o medicamento fundamental no tratamento da parada cardiorrespiratória. Aumenta a pressão de perfusão coronariana e cerebral. Produz bronco dilatação, vasoconstrição, controla a frequência cardíaca e pressão arterial, por ter afinidade com os receptores beta adrenérgicos cardíacos e pulmonares. A dose recomendada é de 1 mg EV em bolus a cada 3 a 5 minutos.

• Atropina: é um agente parassimpático que reduz o tônus vagal, aumenta a frequência do nó sinusal e facilita a condução A-V, ou seja, melhora a condução dos impulsos elétricos no miocárdio e, consequentemente, o batimento cardíaco. Indicado em bradicardia sinusal. A dose recomendada em assistolia é de 1 mg EV e, bolus, de 3 a 5 minutos até 0,4 mg/kg de peso.

• Vasopressina: tem ação vasoconstritora não adrenérgica. Atua sobre os receptores do músculo liso. Administrado em dose única, pois tem uma meia-vida longa, de 10 a 20 minutos e não há evidências de que uma segunda dose seja efetiva.

• Lidocaína: bloqueia reversivelmente a propagação dos impulsos ao longo das fibras nervosas. Pode ter efeito similar nas membranas excitáveis do cérebro e do miocárdio. Dose de 1 a 1,5 mg/kg EV em bolus, repetindo a dose a cada 3 a 5 minutos até 3mg/kg.

• Amiodarona: pesquisas afirmam que os pacientes apresentam uma boa resposta na utilização deste medicamento. Tem efeito betabloqueador discreto. Administrado em bolus de 300 mg. Depois é necessário que se faça manutenção para desmame da droga, administrando 1 mg/min nas primeiras 6 horas e 0,5 mg/kg nas próximas 24 horas. A dose máxima tolerada é de 2 gr. nas 24 horas.

14. Analgésicos Opióides

Os principais efeitos farmacológicos dos Analgésicos Opióides (AO) ocorrem no SNC em outros sistemas orgânicos como o cardiovascular, o musculoesquelético, o TGI, o geniturinário e o

24

imunológico. A ocorrência desses efeitos, especialmente no SNC, depende da região afetada do cérebro e da medula espinhal, bem como da função fisiológica dessas áreas. Alguns efeitos, como, por exemplo, a sedação e a analgesia, fazem dos AO fármacos indispensáveis na área de emergência. Todavia, outros, como a depressão respiratória, impedem que esta classe seja amplamente utilizada como estratégia terapêutica, tendo em vista que há por parte dos profissionais (médicos e equipe de enfermagem) receio na sua administração. Abaixo quadro das reações comuns dos analgésicos opióides.

Sistemas Orgânicos Alvos das Reações Adversas dos Opióides

Sistema Orgânico Reações Adversas

Nervoso Central Sonolência, letargia, euforia, alucinação, convulsão, dificuldade de concentração, depressão respiratória, náusea, vômito, alteração hormaonal.

Cardiovascular Hipotensão Musculoesquelético Rigidez mescular

Gastrintestinal Constipação intestinal, empachamento gástrico predispondo a ocorrência de náusea e vômito, espasmo do esfíncter de Oddi.

Genitourinário Retnção urinária Tegumentar Prurido e exantema cutâneo.

Analgésicos Opiódes disponíveis no mercado nacional. Analgésico Opióide

Via de Administração Duração da Analgesia Potencial de Abuso e Dependência

Alfentanil IV / EP 10 a 30 minutos alto Buprenorfina SL / IM / IV / EP 4 a 8 horas Baixo Cideína VO 3 a 8 horas Médio Fentanil IV / EP / TD 1 a 1,5 horas Alto Meperidina IM / SC / IV / EP 2 a 4 horas Alto Metadona VO / IM / SC 4 A 6 horas Alto Morfina VO / SC / IM / IV / EP 4 a 5 horas Alto Nalbufina IV / IM / SC / EP 3 a 6 horas Baixo Nalorfina IV / IM -------------- Baixo Naloxona IV / IM / SC 1 a 4 horas Baixo Oxicodona VO 3 a 4 horas Médio Propoxifeno VO 4 a 5 horas Baixo Sufentanil IM / IV / EP 1 a 1,5 horas Alto Tramadol VO / IM / IV / EP 4 a 6 horas Baixo VO = via oral; SL= sublingual; IM = intramuscular; IV = intravenosa; EP = epidural; TD = transdérmica; SC = subcutânea 14.1 Condições clínicas que requerem cautela na administração

• Paciente com elevação da pressão intracraniana: nos quadros de cefaleia causada por hipertensão craniana, os AO são contra indicados, porque produzem vasodilatação. Embora a circulação cerebral em si não seja alterada por doses terapêuticas dos AO, a depressão respiratória que produzem, e consequentemente aumento de PCO2, podem provocar, como decorrência da vosodilatação central, aumento na pressão do líquido cefalorraquidiano.

• Pacientes com redução da função respiratória: doenças pulmonares obstrutivas, como crise de asma e enfisema pulmonar, devido ao risco de depressão respiratória grave.

• Paciente com hipotensão: a vasodilatação produzida pelo AO deve ser considerada nas condições de hipovolemia, pelo risco de agravar a já precária perfusão tecidual e levar o paciente ao choque. Para pacientes idosos que já apresentam hipotensão ortostática - em

25

função, por exemplo, de outras terapias farmacológicas – há risco de quedas, com possíveis fraturas.

• Pacientes com comprometimento das funções hepática e renal: o fígado é responsável pela degradação de 50% a 80% das doses de AO administradas por via oral, antes mesmo que estas atinjam a circulação sistêmica (efeito conhecido como primeira passagem). Alguns AO, em sua passagem pelo fígado, produzem metabólitos ativos, como, por exemplo, a normeperidina, que dependem de um funcionamento renal minimamente eficiente para sua eliminação renal. Desta forma, as condições clínicas mínimas de função desses órgãos devem ser consideradas antes da administração ou na manutenção do uso contínuo do AO.

15. Drogas Antiarrítmicas

Os antiarrítmicos são drogas complexas, com múltiplos mecanismos de ação. São classificados de acordo com seus efeitos sobre o sistema de condução elétrica do coração. Quando existe a suspeita de uma arritmia, o paciente muitas vezes é internado em uma unidade coronariana, sendo monitorado apropriadamente, a fim de permitir o acompanhamento dos efeitos dos antiarrítmicos infundidos, com o objetivo final de restaurar o ritmo sinusal e as funções cardíacas normais e prevenir a recorrência de arritmias com risco de vida. 15.1 Antiarrítmicos mais utilizados:

Adenosina

É uma substância química natural encontrada em todas as células do organismo. Ela possui diversas funções fisiológicas, incluindo a transferência de energia, a promoção da liberação de prostaglandina, a inibição da agregação plaquetária, efeito antiadrenérgicos, vasodilatação coronariana e redução da frequência cardíaca.

Indicação clínica: devido a seus fortes efeitos depressores sobre os nódulos SA e AV , a adenosina é recomendada para o tratamento da taquicardia supraventricular, que envolve a condução no átrio e nos nódulos SA e AV. O principal efeito esperado é a conversão da taquicardia supraventricular em ritmo sinusal.

Dosagem e Administração: com ampolas de 2 e 5 ml e dosagem de 3mg/ml, a adenosina é administrada por via endovenosa em bolus rápido (ao longo de 1 a 2 segundos), seguida por infusão rápida de solução salina. Recomenda-se uma dose subsequente de 12 mg em bolus IV rápido se a dose inicial não for eficaz na restauração da frequência cardíaca normal. A dose de 12 mg pode ser repetida uma vez, se necessário.

Efeitos colaterais esperados: os efeitos mais comuns da terapia incluem a hiperemia da face, falta de ar, pressão torácica, náuseas e cefaleia e sensação de síncope. O tratamento de qualquer efeito colateral prolongado inclui a administração de oxigênio e, possivelmente, de outras drogas antiarrítmicas.

Hidrocloreto de Amiodarona

A amiodarona é um antiarrítmico que atua no prolongamento do potencial de ação do tecido atrial e ventricular. Além disso, a amiodarona antagoniza os receptores alfa e beta-adrenérgicos, causando vasodilatação sistêmica e coronariana.

Indicação clínica: utilizada no tratamento de taquiarritmias supraventriculares com risco de vida,

como fibrilação ventricular e miocardiopatia hipertrófica resistente às terapias atualmente disponíveis.

26

Bloqueadores Beta-Adrenérgicos

Os bloqueadores beta-adrenérgicos (acebutolol, esmolol, propranolol) são amplamente utilizados como antiarrítmicos. Estas drogas inibem a resposta cardíaca à estimulação simpática através do bloqueio dos receptores beta, o que resulta na redução da frequência cardíaca, da pressão arterial sistólica e do débito cardíaco.

Indicação clínica: Estas drogas são eficazes no tratamento de diversas arritmias ventriculares, taquicardia sinusal, taquicardia atrial paroxística, extrassístoles ventriculares e taquicardia associada a flutter ou fibrilação atrial devido à redução da condução atrioventricular.

Tosilato de Bretílio

É um bloqueador adrenérgico, que inibe a liberação de noradrenalina, usado para a supressão de curto prazo de arritmias ventriculares com risco de vida, principalmente taquicardia e fibrilação, que não respondem a outras drogas antiarrítmicas. Esta droga não é um depressor cardíaco, portanto é particularmente útil em pacientes com fraca contratilidade miocárdica e baixo débito cardíaco.

Indicação clínica: fibrilação ventricular após fracasso da cardioversão elétrica. Lidocaína

A lidocaína se tornou uma das drogas mais utilizadas no tratamento de arritmias ventriculares, sendo a droga de escolha para o tratamento de arritmias ventriculares associadas a infarto do miocárdio, isquemia miocárdica e taquicardia ventricular. A lidocaína utilizada para tratar arritmias, é diferente daquela utilizada como anestésico local. Quando utilizar essa droga para tratar arritmias, verifique cuidadosamente o rótulo, para garantir que indique “lidocaína para arritmias cardíacas”. Podem ocorrer arritmias graves se for administrada lidocaína com conservantes ou com adrenalina por via intravenosa. Hidrocloreto de Procainamida

A procainamida é um eficaz antiarrítmico sintético usado para tratar amplamente uma variedade de arritmias ventriculares e supraventriculares, fibrilação e flutter atrial. O principal resultado esperadoé a conversão de arritmias no ritmo sinusal normal. Os efeitos colaterais comuns esperados no início do tratamento por via intravenosa são: sonolência, sedação, tontura, hipotensão.

27

Droga Apresentação Via de Admin./Diluição Indicação Observações

DOPAMINA (CLORIDRATO) Revivan®

Solução Ampola 2 ml – 50 mg 25 mg/ml Ampola 10 ml – 50 mg 5 mg/ml

EV Diluir 5 ampolas de 10 ml em 200 ml de SF 0,9% ou SG 5%. Correr em B.I ou equipo microgotas.

Droga Hipertensora

Monitorar P.A. Não infundir na mesma via que

bicarbonato de sódio. Se infundido em veia periférica,

atentar para sinais de flebite e necrose tissular.

Administrar em cateter venoso central.

DOBUTAMINA (CLORIDRATO) Dobutrex® Dobuton®

Solução Ampola 20 ml – 250 mg 12,5 mg/ml

EV Diluir 1ampola de 20 ml em 230 ml de SF 0,9% ou SG 5%. Correr em B.I ou equipo microgotas.

Cardiotônico não digitálico.

Monitorar P.A, F.C e ritmo cardíaco.

Observar alterações na solução (coloração rósea ou escura).

Não infundir na mesma via com bicarbonato de sódio.

Se infundido em veia periférica, atentar para sinais de flebite e necrose tissular.

Administrar em cateter venoso central.

NITROPRUSSIATO DE SÓDIO Nipride®

Liofilizado com diluente próprio – 2ml Ampola 2 ml – 50 mg 25 mg/ml

EV Diluir 1 ampola (reconstituída) em 200-250 ml de SG 5% Correr em B.I ou equipo microgotas.

Potente vasodilatador. Anti-hipertensivo

Reconstitua o medicamento apenas com o diluente que o acompanha.

Não administrar o medicamento diretamente com a seringa.

Proteger o frasco e equipo da luz. Realizar controle contínuo da P.A. Não se deve interromper

subitamente a infusão.

28

Droga Apresentação Via de Admin./Diluição Indicação Observações

AMIODARONA (CLORIDRATO) Ancoron® Atlansil®

Solução Ampola 3 ml – 150 mg 50 mg/ml

EV Diluir 3 a 4 ampolas em 150 a 250 ml de SG 5% Correr em B.I ou equipo microgotas.

Antiarrítmico

Não é aconselhado administrar em bolus.

Observar hipotensão. Pode ocorrer precipitação.

ESTREPTOQUINASE Streptase® Streptokin® Streptonase®

Liofilizada Frasco ampola 250.000 UI, 750.000 UI 1.500.000 UI

EV Diluir 1 ampola de 1.500.000 ou 750.000 ou 250.000 em 5 ml de SF 0,9%. Rediluir esta solução em 95 ml de SF 0,9%. Administrar de 30 a 60 minutos

em BI.

SC ou IM

Trombolítico – desobstrução da rede vascular.

Não agitar o frasco, homogeneizar a solução com movimentos circulares.

No IAM deve ser administrado o mais breve possível: (preferenciamente até 1h após o aparecimento dos sintomas ou até 4h após o aparecimento dos mesmos).

Monitorização de pressão arterial e pulso.

Observar arritmias e PA. Observar sinais de sangramento. Administrar em acesso venoso

exclusivo periférico, MMSS.

LIDOCAÍNA (CLORIDRATO) 2% SEM VASOCONTRITOR Xylocaína®

Solução Ampola 5 ml ou 20 ml 20 mg/ml

EV - rápido (em bolus) ou contínuo. ID, SC, IM E.V Contínuo: Diluir - 50 ml ( 2 ampolas e meia de 20 ml) em 200 ml de SG 5% ou SF 0,9%.

Antiarrítmico

Monitorar F.C Controle de E.C.G Observar sinais de confusão

mental, torpor e coma.

29

Droga Apresentação Via de Admin./Diluição Indicação Observações

BITARTARATO DE NORADRENALINA/ NOREPINEFRINA Levophed®

Solução Ampola 4 ml – 4 mg 1 mg/ml

EV Diluir 1 ampola em 250 ml de SG 5% ou SF 0,9%. Correr em BI. Colocar em equipo escuro – fotossensível.

Hipertensivo Cardiotônico

Não administrar com sais de ferro e agentes oxidantes.

Cuidado com extravasamentos, pois pode ocorrer necrose tissular.

Administrar em cateter venoso central.

Monitorar F.C. Observar formação de precipitado

ou a alteração da cor da solução (castanha, amarela escura ou rosada ), desprezar.

DESLANÓSIDO Cedilanide®

Solução Ampola 2 ml – 0,4 mg 0,2 mg/ml

EV Diluir 1 ampola de 2 ml em mais 3 ml de água destilada. Diluir 1 ampola em 8 ml de água destilada. IM

Cardiotônico digitálico Aumenta a contratilidade cardíaca. Alivia a sintomatologia clínica da I.C.C

Monitorar antes da administração a F.C – abaixo de 60 btm - NÃO FAZER.

MEPERIDINA Dolantina®

Solução Ampola 2 ml – 100 mg 50 mg/ml Ampola 2 ml – 50 mg 25 mg/ml

EV Diluir 1 ampola em 8 ml de água destilada. Administrar 3 ml desta solução conforme dor. Rediluir em SF 0,9% ou SG 5% para infusão contínua.

Analgésico entorpecente

Observar sinais de depressão respiratória e hipotensão.

Soluções mais concentradas (acima de 10 mg/ml) podem ser administradas conforme prescrição médica.

30

DIAZEPAM Diazepan®, Dienpax®, Valium®

Solução Ampola 2 ml – 10 mg 5 mg/ml

EV NÃO DILUIR – FAZER PURO E LENTO. IM

Ansiolítico, Antiespasmódico. Usado para Síndr de abstnência alcoólica. ANTÍDOTO – Flumazenil Lanexat®

Precipita com água destilada Administrado diretamente na veia. Na injeção IM, administrar

profundo. Administrar em veias calibrosas. Monitorar a respiração de 5 a 15

min., por 2 horas. Na administração rápida pode

ocorrer: depressão respiratória, hipotensão e bradicardia.

Droga Apresentação Via de Admin./Diluição Indicação Observações

HEPARINA SÓDICA Liquemine®

Solução Ampola 0,25 ml – 5.000 UI Frasco ampola 5 ml – 25.000 UI

EV

Diluir 0,2 ml – 5.000UI em 9,8 ml de água destilada. Administrar E.V em bomba de infusão. SC

Anticoagulante

Observar sangramentos.

ISOSSORBIDA (MONONITRATO) Monocordil®

Solução Ampola 1 ml – 10 mg 10 mg/ml Ampola 5 ml – 50 mg 10 mg/ml

EV Diluir 3 ampolas de 10 mg em 250 ml de SF0,9% ou SG 5%. Administrar em BI ou equipo migrogotas.

Ação relaxante direta sobre a musculatura coronária e circulação venosa.

Terapia de ataque e de manutenção da Insuf. Coronária, Angina de Esforço e Pós Infarto.

Monitorar P.A e Pulso.

CLORIDRATO VERAPAMIL Dilacoron®

Solução Ampola 2 ml – 5 mg 2,5 mg/ml

EV Diluir 1 ampola ( 2ml ) em 8 ml de água destilada: 5mg em 10 ml /0,5 mg/ml

Vasodilatador coronariano, hipotensor e antiarrítmico.

Observar hipotensão e bradicardia. Controle de E.C.G.

31

EV contínuo: Diluir em 150 a 250 ml de SF 0,9% ou SG 5%

EPINEFRINA Adrenalina®

Solução Ampola 1 ml – 1 mg 1:1.000 U

EV Não diluir no adulto. Administração rápida (em bolus). Repetir a cada 3 a 5 min. ET , SC e IM

Aumenta a perfusão durante a massagem cardíaca. Aumenta o estado contrátil do miocárdio. Estimula as contrações espontâneas.

Não utilizar se tiver alteração da cor ou presença de sedimentos.

Deteriora rapidamente, em contato com luz e com o ar.

Proteger ao abrigo da luz. Inibe a ação da insulina. A via E.V é limitada ao estado de

choque.

ATROPINA (SULFATO) Atropina®

Solução Ampola 1 ml – 0,025% 0,25 mg/ml

EV Não diluir no adulto e criança. Administração rápida (em bolus). Repetir a cada 3 a 5 min. ET, SC e IM

Reduz o tônus vagal e acelera a condução A.V.

Monitorar a F.C Por via E.T, diluir 2 mg (8

ampolas) em 10 ml de SF 0,9% - adulto

Droga Apresentação Via de Admin./Diluição Indicação Observações

BICARBONATO DE SÓDIO Solução Ampola 10 ml ou frasco 250 ml a 8,4%

EV Não diluir, em adultos

Corrigir a acidose metabólica

Não infundir, simultaneamente, no mesmo acesso venoso, drogas vasoativas (dopa, dobuta, epinefrina, atropina) e gluconato de cálcio.

Na P.C.R, deve ser administrado, preferencialmente em acesso venoso exclusivo.

GLUCONATO DE CÁLCIO Solução Ampola 10 ml – 10% 9 mg de Ca/ml

EV – Lento Diluir – 900 mg de Ca (10 ampolas) em 150 ml de

Ativação da musculatura cardíaca através da estimulação da Bomba de sódio e potássio. Corrigir a hipocalcemia.

Evitar extravasamento venoso. Pode causar irritação e até necrose

de tecidos. Monitorar SSVV.

32

SF 0,9% ou 900 mg de Ca (10 ampolas) em 250 ml de SF 0,9%. Infundir em BI.

AMINOFILINA

Solução Ampola 10 ml – 240 mg 24 mg/ml

EV - Lento Diluir 1 ampola em 90 ml de SG 5% ou SF 0,9% 240 mg/100ml em 30 min. IM; SC

Broncodilatador

A injeção IM deve ser aplicada na região glútea, profundamente ( muito dolorida).

Pacientes idosos – EV com cautela.

ADENOSINA Adenocard®

Solução Ampola 2 ml – 6 mg 3 mg/ml

EV Em bolus Não diluir, aplicar: 6 a 12 mg – (dose máxima). 1ampola em bolus, EV A aplicação pode ser repetida num intervalo de 1 a 2 minutos.

Antiarrítmico Conversão da taquicardia supraventricular paroxística. Vasodilatação coronariana

Monitorar P.A e F.C. Realizar E.C.G.

HIDROCORTISONA Flebocortid® Solu-Cortef®

Liofilizado Frasco ampola – 100 e 500 mg

EV (rápido ou lento). Rápido – diluir em 10 ml de água destilada. (10 mg ou 50 mg/ml) Lento – 10 ml ( 10 mg ou 50 mg/ml) em 90 ml de SF 0,9% ou SG 5% em 30 min. IM – diluir em 2 ml de água destilada.

Corticóide e antiinflamatório potente

Droga Apresentação Via de Admin./Diluição Indicação Observações

DEXAMETASONA Decadron®

Solução Ampola 2,5 ml – 10 mg 4 mg/ml

EV Diluir até completar 10 ml em água destilada. Administrar lento.

Corticóide

Na administração IM – injetar profundo e lentamente.

Observar presença de náuseas, vômitos, cefaléia, hipertermia e hipotensão.

33

Diluir em 50 ml de SF 0.9% ou SG 5% - infundir em 30 min. IM

TERBUTALINA (SULFATO) Bricanyl®

Solução Ampola - 1 ml - 0,5 mg

EV Diluir cada ampola (0,5mg) em 100 ml de SF 0,9% ou SG 5%. Infundir em 6 horas. S.C

Broncodilatador Controle rigoroso da mãe e do feto.

FUROSEMIDA Lasix®

Solução Ampola 2 ml – 20 mg 10 mg/ml

EV Em bolus – 1 minuto

Diurético e antihipertensivo

METOCLOPRAMIDA Plasil®

Solução Ampola 2 ml – 10 mg 5 mg/ml

EV Lento Diluir em 8ml de AD, SF 0,9% ou SG 5%. IM, SC

Antiemético Administração EV deve ser lenta

durante 1 a 2 min., para evitar agitação e ansiedade.

DIPIRONA SÓDICA Novalgina®

Solução Ampola 2 ml – 2 g 1 g/ml

EV IM, SC

Antitérmico Analgésico

Quadro elaborado pela Professora Enfermeira Renata Loretti Ribeiro

34

Referência:

1. Clayton,Bruce D.;Stock,Yvonne N.; Famacologia na prática de enfermagem; tradução Corbett,Danielle, et al.; Mosby –Elsevier, 13ª

ed.; Rio de Janeiro,2006

2. Calil, A. M., Paranhos W.Y.; O enfermeiro e as situações de emergência – São Paulo: Atheneu,2007