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FACULDADE DE SÃO BENTO
Wellington dos Santos Arruda
A DEFESA DA FÉ E A PROVIDÊNCIA DIVINA
SEGUNDO MINÚCIO FELIX
São Paulo
2017
Wellington dos Santos Arruda
A DEFESA DA FÉ E A PROVIDÊNCIA DIVINA
SEGUNDO MINÚCIO FELIX
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Teologia
Bacharelado para obtenção parcial do grau de Bacharel em Teologia
ORIENTADOR: Prof. Magno Vilela
São Paulo
2017
Agradecimentos
Graças a Santíssima Trindade, pelos bens que me destes desde minha concepção.
A todos os professores da Faculdade de São Bento de São Paulo;
Ao Reverendíssimo Dom Abade Matias;
Ao Dom Abade João Evangelista;
Dom Eduardo Uchôa;
Dom Guilherme Gomes Pinto;
Prof. Bruno fregni Bassetto
Ao meu orientador Professor Magno Vilela que sem ele não seria possível fazer este trabalho
de conclusão de curso, toda graça e paz da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Resumo
Esta pesquisa que apresentamos venha contribuir para ampliar o conhecimento histórico
referente à Antiguidade Patrística, o texto de Minúcio Felix, Octavius, é uma importante fonte
tanto para pesquisadores de literatura latina quanto para historiadores e teólogos, neste texto
poderemos encotrar a evolução dos “dogmas” cristãos e a transformação de termos latinos em
uma nova linguagem cristã. A obra Octavius, fala por sí mesma, o conteúdo se faz presente no
tempo e espaço por sua própria estrutura. O próprio Minúcio Felix se faz autor, narrador e
com outros dois amigos, personagens também; a motivação do diálogo se realiza num espaço
e tempo quanto ums dos personagens leva um beijo a uma imagem pagã de “Caecilius,
simulacro Serapidis denotato,... namum...osculum pressit” (2,4). Um dos temas centrais do
diálogo é a defesa da fé cristã “Apologia”, tal defesa da fé só o é através do conhecimento que
Deus dá ao homem pela sua benevolência, Octáviu faz a defesa da nova religião usando as
mesmas armas dos pagãos a filosofia (39,1), o cristianismo para este se torna o receptáculo
para uma expressão nova (NAIA, 1990), no cristianismo se encotra as verdades pela
Revelação Divina (19,4), e o homem tem um conhecimento nato uma disposição para as
verdades (40,1). O tema da Providência em Minúcio Felix, consiste em demostrar a idéia que
desde o começo do mundo é Deus que governa, e E´ste dá razão de sua existência, esta visão
providencialista do autor, é aqule que faz do mundo como se vê em todo o texto um meio para
se chegar a Deus; para Frangiotti (1986), a ideia de um Logos-providência que governa a vida
do cosmo foi amplamente discutida por grande parte das escolas filosóficas clássicas do
período helenístico-romano, particularmente pelo Estoicismo; os eruditos cristãos, em
especial os apologistas, formados nessas escolas, “movem-se na esteira da teodiceia clássica e
não se afastam dela substancialmente”.
Palavras-chaves: Minúcio Felix; Apologia; Providência.
Sumário
CAPÍTULO I ESTRUTURA DO TEXTO OCTAVIUS ......................................... 6
1.1 Introdução ..................................................................................................................................... 6
1.2 Os Personagens de Octavius... ...................................................................................................... 7
1.3 Estrutura e Conteúdo ............................................................................................ 12
1.4 Fontes e suas Influências............................................................................................................. 19
CAPÍTULO II A FORMA DO DIÁLOGO ............................................................ 22
2.1 Estilo Literário ............................................................................................................................ 24
2.2 Historicidade do Texto ................................................................................................................ 25
2.3 Posterioridade Literária ........................................................................................ 26
CAPÍTULO III A DEFESA DA FÉ E A PROVIDÊNCIA DIVINA, SEGUNDO
MINÚCIO FELIX ..................................................................................................... 34
3.1 Dois Ponto de Vista .................................................................................................................... 34
3.2 Ceticismo .................................................................................................................................... 35
3.2.1 A religião para o romano ................................................................................................. 39
3.3 A Providência ............................................................................................................................... 41
3.3.2 A fé monoteista ................................................................................................................ 45
6
CAPÍTULO I
ESTRUTURA DO TEXTO OCTAVIUS
1.1 Introdução.
A obra apologética pouco conhecida, de Marcos Minúcio Felix, Octávio, nos oferece
chaves de importância para uma compreensão entre o paganismo e o cristianismo dos
primeiros séculos do cristianismo nascente. Este diálogo, escrito em língua latina, durante as
perseguições do estado romano contra os cristãos, nos faz presenciar um duelo, ou mais
precisamente um diálogo como que acadêmico filosófico acerca da divindade entre as duas
religiões. A religião do Estado oficial onde está suas tradições, com toda a glória e o
imperialismo de Roma sobre o orbe que defende com armas e flagelos, com suas
formalidades e práticas minuciosas da religião, e a novíssima religião cristã com uma doutrina
ainda em formação de homens incoerente com a tradição romana.
O Octávio é uma obra dos primeiros séculos da nossa era cristã, a datação da obra é
determinada pela referência dada na obra de S. Cipriano onde o cita várias vezes em Quod
idola dii non sint1, esta obra de Cipriano é também apologética, outro dado é o discurso de
Frontão de Cirta, o mestre de Marcos Aurélio de 170 onde este profere ataques e calúnias e
inverdades contra o cristianismo. Esta datação só foi possível pela pesquisa dos filólogos
como Bruno Bassetto, segue abaixo um trecho de sua obra que contém uma data bem próxima
que quando a obra de Minúcio Felix foi escrita:
Determinar a data, o ano ou, pelo menos, a época em que o documento foi
escrito pode ser muito útil para a compreensão de seu conteúdo, de sua forma,
finalidade e outros aspectos, já que um escrito, de uma forma ou de outra, é um
reflexo de sua época. Pode-se desse modo afirmar com segurança que o Octavius foi
escrito em 170 e 258. Apesar da relativa imprecisão, a datação estabelecida por esse
processo filológico é perfeitamente aceitável (Bassetto, 2001, p. 52).
A unidade e integridade do Octávio fora por muito tempo alterado no sentido que esta
obra não era conhecida como sendo de Minúcio Felix, pois esta estava anexada a outro códice
1 Duas citações que Cipriano faz na sua obra Quod idola dii non sint pegando de empréstimo de Minúcio, há
outras citações, mas no momento bastam estas mencionadas, segue as citações. Com as mesmas palavras de
Minúcio Felix – Octávio: XXI “Alexander ille Magnus Macedo insigni volumine ad matrem suam scripsit, metu
suae potestatis proditum sibi de diis hominibus a sacerdote secretum”. S. Cipriano – Quod idola dii non sint:
“Hoc ita esse Alexander Magnus insigni volumine ad matrem suam scripsit, metu suae potestatis proditum sibi
de diis hominibus, a sacerdote secretum:”
Segundo exemplo: Minúcio: XXIII “et Apollo Admeto pecus pascit. Laomedonti vero muros Neptunus instituit,
nec mercedem operis infelix structor accepit.” Cipriano - “Apollo Admeti pecus pavit. Laomedonti muros
Neptunus instituit, nec mercedem operis infelix instructor accepti”.
O texto de S. Cipriano. Disponível em: http://biblioteca.versila.com/38551648, Acesso em: 04 abr. 2016.
7
chamado “adversus Nationes Libri VII” do professor de retórica Arnóbio (cf. LITERATURA
PATRÍSTICA, 2010, p.1230) que fora convertido ao cristianismo, o Octávio foi intitulado
neste códice como líber octavus, por ignorância ou engano Octavius passou como sendo o
oitavo livro de Arnóbio publicado no ano de 305 d.C, com esta incorporação devido talvez a
semelhança do assunto houve a quebra da integridade da obra de Minúcio Felix, mas sua
unidade chegou ate nós, embora há algumas modificação do texto ao longo do tempo no que
se refere a falta de uma ou outra palavra ou até mesmo a falta de metade de uma linha do
texto escrito, sua unidade nos parece bem definida.
No ano de 1543, o bibliotecário Faustus Sabes da biblioteca Vaticana publicou em
Roma um manuscrito do século IX, Adversus Nationes, tendo o Octavius como parte dessa
obra. Anos mais tarde em Basileia em 1546 o mesmo erro se faz novamente na edição de
Sigismundo Gelen. Muitas outras edições seguiram o mesmo erro e até mesmo depois de uma
correção minuciosa feita por Francisco Baudouin, um advogado de formação literária teria
suspeitado do grande erro que haviam cometido por séculos em publicar Octavius como parte
da obra referida de Arnóbio, somente em 1560, publica Octavius como sendo a obra de
Marcos Minúcio Felix (cf. LITERATURA PATRÍSTICA, 2010, p. 1230).
1.2 Os Personagens de Octavius.
Na obra Octavius, encontramos três personagens oriundos da África: Marcos Minúcio
Felix que é advogado e, que escreve o diálogo Octavius, Cecílio Natalis outro advogado e
Januário Octavio, também segue o direito e que intitula a Obra Octavius.
Do Cecílio Natalis, nada sabemos de fato a não ser o que o texto de Octavius nos diz a
seu respeito, nos seus capítulos (I, II, II, IV), o capítulo III que afirma com mais precisão que
ele era de Cirta, os historiadores dizem que:
Cecílio, um dos interlocutores do diálogo, chama “o nosso cidadão de Cirta” o retor
pagão Frontão: Cecílio é pagão e Frontão escrevera uma obra contra os cristãos no
século anterior; deveríamos deduzir daí que também Cecílio é daquela cidade; seis
inscrições de Cirta nomeiam um Cecílio natal (MORESCHIN; NORELLI, 1996, p.
480).
Na cidade de “Cirta, hoje atual Constantina da Argélia, nos anos de 1853 – 1859,
estudiosos encontraram as inscrições que continham o seu nome “M. Caecilius L. F. Natalis”.
Umberto Moricca observa que se fosse possível identificar o Cecílio de Octavius com o das
inscrições seria possível datar a Obra de Minúcio Felix aproximadamente a 217 d.C.”
(MINÚCIO, 1961, p. 14).
8
De Januário Octavio, terceiro personagem, que dá o titulo a ao diálogo, este era pai de
família e africano como Minúcio descreve logo na introdução capítulo II. Seu nome aparece
numa inscrição em Salda, Mauritânia (Bougie) (MORESCHINI; NORELLI, 1996, P. 480).
De Marcos Minúcio Felix, sabemo-lo o que diz o próprio texto Octavius, no capítulo
II. Nas cidades de Tebessa e Cartago um Minúcio Felix (MORESCHINI; NORELLI, 1996, p.
480) é nomeado em uma inscrição, segue-se ai que esta inscrição vem com o titulo de
“Sacerdos Saturnis”2, de fato podemos apreender esta inscrição pelos capítulos de I a II, que
apresenta Minúcio como um pagão antes de sua adesão ao cristianismo.
Não obstante nosso autor é vinculado a outros autores como Tertuliano, São Cipriano,
Arnóbio, Lactâncio, que coincide com o esplendor da literatura latina, embora pouco se saiba
do autor senão pelo seu Octavius, que apesar de tudo é ainda um enigma para nós, a época em
que viveu e escreveu é ainda sem precisão, apesar de termos falado acima de uma datação
segundo o processo filológico (170 e 258).
Na introdução de Octavius, escreve Víctor Sanz Santacruz, que os estudiosos
estabelecem uma data bem ampla de uns 150 anos, que pode ir dos anos 160 a 310 mais ou
menos. No caso do ano 160 é devido a frontão ano em que vivia. Uma data muito significativa
é a descrição que temos da perseguição que Cecílio nos conta no capítulo 12.
“...ubi deus ille, qui subvenire revivescentibus potest, viventibus non potest?...”
3
Segue a mesma citação acima em uma passagem de Eusébio de Cesáreia no Livro
História eclesiástica:
60. E alguns fremiam de raiva e rangiam os dentes (At 7,54) diante destes restos,
procurando ainda maior suplício a lhes infligir; outros riam e zombavam, exaltando
simultaneamente seus ídolos aos quais atribuíam os castigos, outros, mais
moderados e aparentando compadecer-se comedidamente, preferiam muitas
censuras, dizendo: Onde está seu Deus e que adiantou o culto que eles preferiam
à própria vida? (grifo nosso) (EUSÉBIO, 2000, p. 234)4
Com esta indicação nos aproximamos da data de 177, durante a perseguição contra os
cristãos no governo do imperador Marco Aurélio. Com esta semelhança fixa esta data, dando
margem a entender que Octavius não foi escrito em tempo de paz, mas de perseguição e
suplicio.
2 HARRY JAMES BAYLIS, M.A., D.D. minucius Felix. And His place Among The Early Fathers Of The
Latin Church. http://archive.org/stream/MN40094ucmf_2/MN40094ucmf_2_djvu.txt Acesso em 04/09/2012 3 Tradução livre Wellington dos Santos arruda: “...Onde está este Deus, aquele que pode socorrer os mortos e
não os viventes? ...”. 4 Eusébio, de Cesareia. História eclesiástica. Tradução Monjas Beneditinas do Mosteiro de Maria Mãe de Cristo.
São Paulo: Paulus. 2000. pg 234.
9
Minúcio Felix é largamente citado por outros autores latinos como um dos mais
celebre escritor e defensor do cristianismo, as mais antigas tradições da literatura eclesiástica,
que é encontrado nos catálogos de Lactâncio (Divines Institutions. V. i. 22, 23) e São
Jerônimo (De Viris Illustribus) também em uma carta (Epist. 70,5, a Magno), outro autor se
dedica a escrever também, Santo Eucherius Lugdunensis (Epistola Paraenetica ad
Valerianum), como o mais importante que teve plena contribuição para com a Igreja Latina. É
presumido, que Minúcio Felix era um Africano, em que a maioria das autoridades concorda.
O fluxo de imigração da África para a Itália entre as classes educadas parece ter sido
considerável. Jovens advogados e oradores, especialmente, a partir de Frontão e Minúcio para
que do grande Santo Agostinho, para conquistar a Roma dos homens ilustres, e lá fazer
riquezas.
A conclusão da tradição literária mais antiga é ainda reforçada pela tradição literária
mais tarde que sempre manteve ao longo dos séculos, a ligação de Minúcio com a escola
Africana de apologistas. Evidência externa é próxima reforçada por importantes indicações
internas. Há alusões diretas para locais cultos religiosos.
Aludimos por ultimo, uma obra que São Jerônimo nos fala que Minúcio Felix
escrevera, mas não chegou até nós, “Líber De Fato vel contra Mathematicos” Contra os
Matemáticos, este livro fala sobre o destino, São Jerônimo fala em um breve parágrafo no
capítulo 58 no De Viris Illustribus, donde também dá outras informações sobre Minúcio Felix
(HIERONYMI, 1883, p. 706).5 Esta passagem se encontra no Octavius capítulo 36,2, aqui se
fala que tal assunto o destino será tratado com profundidade mais adiante6. No livro do
cardeal Arns reforçamos o que segue na nota de roda pé 1.
São Jerônimo, um mestre estilista, recorrerá com freqüência ao estilo como
meio de identificação de um autor: reconhece que o livro De fato vel contra
mathematicos foi escrito por um homem hábil, mas esta obra apresenta um número
considerável de diferenças de estilo em relação às outras de Minúcio Felix, para que
possa ser atribuída a ele (ARNS, 2007, p. 172).
5 Segue também aqui as notas de roda pé do próprio livro de São Jerônimo em Itálico e Negrito - Minucius
Felix², Romae insignis causidicus, scripsit Dialogum Christiani et ethnici disputantium³, qui Octavius
inscribitur. Sed et alius sub nomine ejus fertur de fato 4, vel contra mathematicos, qui cum sit et ipse diserti
hominis, non mihi videtur cum superioris libri stylo convenire. Memi nit hujus Minucii et Lactantius 5 in
libris suis.
² Minucius Felix. Sangermanensis codex point Caium ante Minucium Felicem licet in Indice et Catalogo
sequatur ordinem huc vulgatum. Certe aequales sunt inter se et cum Tertulliano, si doctis scriptoribus
credimus. Martian.
³ Veronens. Ethnici disputantis. Vitiose autem Sigebergens., Haeretici. 4 Jam non extat quicunque líber hic fuerit. Certe tale aliquid de fato scripturum se ipse Minucius promiserat
in Octavio cap. 36, ubi, AC de fato. inquit, satis, vel si pouca pro tempore, disputaturi alias, et uberius et
alenius. 5 Lactantius, lib. I, Divin. Instit. cap. 11.
6 “Qui cum possit praescire materiam, pro meritis et qualitatibus singulorum etiam fata determinat.” Octavius,
cap. 36,2.
10
Nosso comentador de Minúcio Felix, São Jerônimo dá uma importância muito valiosa
quando o trata em seu livro De Viris Illustribus, os nomes aqui não correspondem à
cronologia ao livro, e nem as qualifica, mas queremos apenas ilustrar sua importância dentro
da dignidade que Minúcio Felix merece e mereceu, São Jerônimo diz que escreve sobre os
mais ilustres, esta obra podemos dizer que é um tipo de apologia, ou seja, quer demonstrar
que o cristianismo também tem homens tão sábios como no paganismo.
Simon Petrus; Jacobus frater Dominus; Mathaeus, qui et Levi; Juda frater
Jacobi; Paulus qui [Al. et] ante Saulus; Barnabas, qui et Joseph; Lucas evangelista;
Marcus evangelista; Joannes apost. et evang; Hermas [ms. reliqua tacet], ut ferunt
Pastor, auctor libri; Philon Judaeus; Lucius Annaeus Seneca; Josephus Matthiae
filius; Justus tiberiensis; Clemens episcopus; Ignatius episcopus; Polycarpus
episcopus; Papias episcopus; Quadratus episcopus; Aristides philosophus; Agrippa,
qui et Castor [ms. Castoris]; Hegesippus historicus; Justinus philosophus; Melito
episcopus; Theophilus episcopus; Appolinaris episcopus; Dionysius episcopus;
Pinitus [Al. Pinytus] episcopus; Tatianus haeresiarches; Philippus episcopus;
Musanus; Modestus; Bardesanes haeresiarches; Victor episcopus;Irenaeus
episcopus; Panthaenus philosophus; Rhodon Tatiani discipulus; Clemens presbyter;
Militiades; Apollonius; Serapion episcopus; Appollonius alius senator; Theophilus
alius episcopus; Baccillus [Al. Bacchelus] episcopus; Polycrates episcopus;
Heraclitus episcopus; Maximus; Candidus; Apion;
Sextus; Arabianus; Judas; Tertullianus presbyter; Origenes, qui et Adamantius,
presbyter; Ammonius presbyter; Ambrosius diaconus; Tryphon Origenis discipulus;
Minucius Felix7; Gaius; Berillus [Al. Beryllus] episcopus; Hippolytus [Al.
Hypolitus] episcopus; Alexander episcopus; Julianus Africanus; Geminus presbyter;
Theodorus, qui et Gregorius, episcopus; Cornelius episcopus; Cyprianus episcopus;
Pontius diaconus; Dionysius episcopus; Novatianus haeresiarches; Malchion
presbyter; Archelaus episcopus; Anatolius episcopus; Victorinus episcopus;
Pamphilus presbyter; Pierius presbyter; Lucianus presbyter; Phileas episcopus;
Arnobius rhetor; Firmianus rhetor; Eusebius episcopus; Reticius episcopus
Eduorum; Methodius episcopus; Juvencus presbyter; Eustathius episcopus;
Marcellus episcopus; Athanasius episcopus; Antonius monachus; Basilius
episcopus; Theodorus episcopus; Eusebius alius episcopus; Triphilus episcopus;
Donatus haeresiarches; Asterius philosophus; Lucifer episcopus; Eusebius alius
episcopus; Fortunatianus episcopus; Acacius episcopus; Serapion episcopus;
Hilarius episcopus; Victorinus rhetor Petavionensis; Titus episcopus; Damasus
episcopus; Apollinaris episcopus; Gregorius episcopus; Pacianus episcopus;
Photinus haeresiarches; Foebadius episcopus; Didymus ὁ Βλέπων; Optatus
episcopus; Acilius Severus, senator; Cyrillus episcopus; Euzoius episcopus;
Epiphanius episcopus; Ephrem diaconus; Basilius alter episcopus; Gregorius alius
episcopus; Lucius episcopus; Diodorus episcopus; Eunomius haeresiarches;
Priscillianus episcopus; Latronianus episcopu; Tiberianus episcopus; Ambrosius
episcopus Mediolan; Evagrius episcopus; Ambrosius Didymi discipulus; Maximus
ex philosopho episcopus; Gregorius alius episcopus; Joannes presbyter; Gelasius
episcopus; Theotimus episcopus; Dexter Paciani filius, nunc praefectus praetorio;
7 Grifo nosso.
11
Amphilochius episcopus; Sophronius; Hieronymus8 (HIERONYMUS, 1883 p.633-
638).
São Jerônimo não para apenas nesta obra a falar de Minúcio Felix vai mais adiante,
nas epistolas vem descrevendo ainda sobre ele, pois sua fineza na escrita é única, segue baixo:
“Epist. XLIX (XLVIII) 13 (Apol. ad Pammachium; ed. J. Labourt, Paris
Belles-Lettres 1949-58 T. 2): taceo de latinis scriptoribus Tertulliano, Cypriano,
Minucio, Victorino, Lactantio, Hilario” (HIERONYMI apud BEAUJEU, 1974, p.
cxi). Apologia contra Joviniano.
Epist. LX 10 (ad heliodorum; ed. J. Labourt T. 3): eruditissimus habebatur
(Nepotianus). Illud, aiebat, tertulliani, istud Cypriani; hoc lactantii, illud Hilarii est.
Sic Minucius Felix, ita Victorinus, in hunc modum est locutus Arnobius
(HIERONYMI apud BEAUJEU, 1974, p. cxi).
Epist. LXX 5 (ad Magnum; ed. J. Labourt T. 3). ueniam ad latinos. Quid
Tertulliano eruditius, quid acutius? “Apolegeticus” eius et “Contra gentes libri”
cunctam saeculi continent disciplinam. Minucius Felix, causidicus Romani fori, in
libro, cui titulus “Octavius” est, et in altero “contra mathematicos”, si tamen
inscriptio non mentitur auctorem, quid gentilium scripturarum dimisit intactum?
(HIERONYMI apud BEAUJEU, 1974, p. cxi).
Commentarii in Isaiam prophetam VIII praef. (ed. Migne, PL XXIV p. 281):
certe nos studiosis scribimus et sanctam scripturam scire cupientibus, non fastidiosis
et ad singula nauseantibus. Qui si flúmen eloquentiae et concinnas declamationes
desiderant, legant Tullium, Quintilianum, Gallionem, Gabinianum, et, ut ad nostros
veniam, Tertullianum, Cyprianum, Minucium, Arnobium, Lactantium, Hilarium.
Nobis propositum est Isaiam per nos intelligi, et nequaquam sub Isaiae occasione
nostra verba laudari (HIERONYMI, 1863, p. 289).
Lactâncio anterior a Jerônimo vem descrevendo sobre Minúcio Felix largamente, é um
dos grandes expoentes de nosso autor.
Lactantius Divinae Institutiones I 11, 55 “Quaeramus ergo quid veritatis sub
hac figura lateat. Minucius Felix in eo libro, qui Octavius inscribitur, sic
argumentatus est: « Saturnum, cum fugatus esset a filio in Italiamque venisset, Coeli
filium dictum, quod soleamus eos quorum virtutem miremur, aut qui repentino
advenerint, de coelo cecidisse dicere; terrae autem, quod ignotis parentibus natos,
terrae filios nominemus”. (ref. Oct. 21,7)9
Também em:
Divinae Institutiones V 1,21 “Eo fit, ut sapientia et veritas idoneis
praeconibus indigeat. Et si qui forte litteratorum se ad eam contulerunt, defensioni
ejus non suffecerunt.
8 Prologus. 821 Hortaris me, Dexter, ut Tranquillum sequens, ecclesiasticos scriptores in ordinem
digeram, et quod ille um enumerandis gentilium litterarum viris fecit illustribus, ego [Al. id ego]
in nostris faciam, id est, ... no décimo-quarto ano de Teodósio, ou seja, entre 19 de janeiro de 392
e 18 de janeiro de 393 São Jeronimo escreve o De Viris Illustribus. O livro foi dedicado à Flávio
Dexter, que serviu como secretário de Teodósio I e como prefeito da guarda pretoriana para o
imperador Honório. Dexter era o filho de São Paciano, que se encontra na lista número 106, cujo
emblema é “Christianus mihi nomen est, catholicos vero cognomen (Meu nome é Cristão, meu
sobrenome é Católico.)”.
9 http://remacle.org/bloodwolf/eglise/lactance/instit1.htm#_ftnref39 Acesso em: 24 out 2012.
12
Ex iis, qui mihi noti sunt, Minucius Felix non ignobilis inter causidicos locifuit.
Hujus liber, cui Octavio titulus est, declarat, quam idoneus veritatis assertor esse
potuisset, si se totum ad id studium contulisset. Septimius quoque Tertullianus fuit
omni genere litterarum peritus: sed in eloquendo parum facilis, et minus comptus, et
multum obscurus fuit. Ergo ne hic quidem satis celebritatis invenit. Unus igitur
praecipuus, et clarus extitit Cyprianus, quoniam et magnam sibi gloriam ex artis
oratoriae professione quaesierat, et admodum multa conscripsit in suo genere
miranda”10
Outro autor Eucherio de Lugdunense também escreve sobre Minúcio Felix como um grande
autor da literatura cristã, segue texto abaixo:
“Et quando clarissimos facundia, Firmianum, Minutium, Cyprianum, Hilarium [Pro
hilário reponendum Erasm. censet Evagrium] Joannem [sane Chrysostomum],
Ambrosium, ex illo volumine numerositatis evolvam? Dixerant, credo, et hi sibi,
quod quidam nostrum ait, cum se a saeculo in hanc beatiorem vitam, hoc velut
stimulo concitaret: dixerant, credo, Quid hoc est? Surgunt indocti, et coelum rapiunt,
et nos cum doctrinis nostris, ecce ubi in carne volutamur et sanguine (Matth. XI)?
Dixerant istud? et idcirco ipsi postea vim intulerunt regno.”
( EUCHERII, 1865, p. 719).
1.3 - Estrutura e Conteúdo.
A obra Octavius é um diálogo de forma breve, dividido em duas partes simples, sua
divisão se dá devido aos personagens que entram em um ato litigioso sobre a questão de
Deus. A primeira parte tem a intervenção ou início do diálogo propriamente dito com Cecílio,
e a segunda parte do diálogo com Octavius um cristão convertido há pouco tempo. Há um
preâmbulo breve que se inicia com Minúcio Felix o terceiro personagem da trama que se
desenrola (cf. MINUCIO FÉLIX. Octavio. Editorial Ciudad Nueva, 2000, p.10), este toma
parte no diálogo como juiz a pedido dos amigos. Minúcio Felix faz uma primeira intervenção
sobre o descontentamento de Cecílio, (cap. 4) não ainda na forma de árbitro da questão,
proposta por Cecílio e aceita por Octavio, mas como um amigo, como segue texto abaixo:
4 Igitur cum omnes hac spectaculi voluptate caperemur, Caecilius
nihil intendere neque de contentione ridere, sed tacens, anxius, segregatus dolere
nescio quid vultu fatebatur. Cui ego: "Quid hoc est rei? cur non agnosco, Caecili,
alacritatem tuam illam et illam oculorum etiam in seriis hilaritatem requiro?"11
A obra de Minúcio Felix é sempre apresentada como um diálogo, mas é certo também
afirmarmos que se trata de uma Ata curial devido à sessão que os personagens levam a cabo
nos discursos sobre a verdadeira religião, embora o tribunal seja insólito, feito as margens do
10
http://remacle.org/bloodwolf/eglise/lactance/instit5.htm. Acesso em: 24 out 2012. 11
Tradução em espanhol: 4 - Este espectáculo nos divertia mucho a Octavio y a mí; pero Cecílio no prestaba
atención ni reía por El entusiasmo de los chiquillos, sino que taciturno, angustiado, retraído, mostraba su congoja
en El rostro. “¿ Qué te pasa, Cecilio?-le dije- ¿ Qué há sido de aquella tu alegria y de aquel chispear jovial de tus
ojos, aun em los asuntos sérios?” (P. Santos de Domingo, p. 39[19--]).
13
mar de Óstia. Tal classificação não é surpreendente, pois os três personagens são todos
advogados, e o próprio texto vem carregado de uma forma de processo, um juiz da causa, dois
advogados que também se fazem de vítima e ao mesmo tempo defensor de si e acusador do
outro e vice-versa. O texto abaixo mostra Minúcio Felix assentado no meio dos amigos como
juiz da causa em processo:
4 Et cum dicto eius adsedimus, ita ut me ex tribus medium lateris ambitione
protegerent: nec hoc obsequi fuit aut ordinis aut honoris, quippe cum amicitia pares
semper aut accipiat aut faciat, sed ut arbiter et utrisque proximus aures darem et
disceptantes duos medius segregarem.12
Este tribunal que se precede ao diálogo propriamente tido é antes constituído por
grandes amigos, ora na antiga fé pagã e nos assuntos do direito ora na nova fé que ambos vão
abraçar cada um há seu tempo. O objetivo do discurso dos personagens não é de forma
alguma fazer denúncia e, sua condenação em seguida sua prisão, mas de chegar à verdadeira
questão, qual é a verdadeira religião e qual culto que se deve prestar a Deus. Os dois amigos
defendem e acusam cada qual com brio que lhe é próprio, ou seja, conhecer sua religião e
costumes, pois o mais sábio na sua doutrina nesta disputa ganhará e converterá o que se
encontra no erro.
Do Octavius podemos dizer que, sua estrutura é bem:
transparente; mais que de um diálogo de ascendência platônica, o esquema é o da
disputatio in utramque partem de ascendência escolástico-retórica, isto é, a
contraposição de dois discursos que sustentam teses opostas (LITERATURA
PATRÍSTICA, 2010, p. 1231).
O diálogo inicia com uma introdução (cap. 1-4). Sendo que o capítulo 1 é uma
introdução a parte daquilo que dividimos acima como é de costume em qualquer comentarista
de Octavius, isso porque ao ler o capítulo inicial do diálogo, Minúcio Felix faz primeiro uma
recordação do acontecido em Óstia, assim afirmamos que tal capitulo é como um cabeçalho
(cf. Santos de Domingo, 19--, p.8).
No capítulo I a recordação do amigo falecido Octavio “Homem extraordinário e
perfeito que morrera,” (cap. I)13
, vem junto com muita alegria com a conversão de Cecílio ao
Cristianismo. Este capítulo vem carregado de um grande valor literário e de alguns dados
psicológico do autor de Octavius. É completamente dedicado ao amigo Octavio excelente
companheiro. O texto nos induz a pensar que ambos foram criados juntos na juventude na
12
Tradução em espanhol: 4 - Nos sentamos. A mi me pusieron em médio, no por jerarquia u honor, puesto que
La amistad o nos halla o nos hace a todos iguales, sino como árbitro, para oílos mejor y separar a los dos
contendientes. (P. Santos de Domingo, p. 40 [19--]). 13
Tradução livre de Wellington dos Santos Arruda do primeiro capítulo do Otavius de Minucius Felix.
14
África, por exemplo: cresceram e se educaram no paganismo, ou seja, na fé, também é
propicio destacar coisas que rapazes fazem em idade pós a meninice nos divertimento que é
próprio da idade, “a sua vontade estava sempre em harmonia com a minha, seja nos
momentos de divertimentos ou nas coisas serias” (cap. I).
Assim o primeiro capítulo além de sentimental é pitoresco a modo Ciceroniano, como
o texto demonstra:
1 Cogitanti mihi et cum animo meo Octavi boni et fidelissimi contubernalis
memoriam recensenti tanta dulcedo et adfectio hominis inhaesit, ut ipse
quodammodo mihi viderer in praeterita redire, non ea quae iam transacta et decursa
sunt, recordatione revocare: ita eius contemplatio quantum subtracta est oculis,
tantum pectori meo ac paene intimis sensibus inplicata est. Nec inmerito discedens
vir eximius et sanctus inmensum sui desiderium nobis reliquit, utpote cum et ipse
tanto nostri semper amore flagraverit, ut et in ludicris et seriis pari mecum voluntate
concineret eadem velle vel nolle: crederes unam mentem in duobus fuisse divisam.
Sic solus in amoribus conscius, ipse socius in erroribus: et cum discussa caligine de
tenebrarum profundo in lucem sapientiae et veritatis emergerem, non respuit
comitem, sed quod est gloriosius, praecucurrit. Itaque cum per universam convictus
nostri et familiaritatis aetatem mea cogitatio volveretur, in illo praecipue sermone
eius mentis meae resedit intentio, quo Caecilium superstitiosis vanitatibus etiamnunc
inhaerentem disputatione gravissima ad veram religionem reformavit.14
Na praia de Óstia. Minúcio Felix recebeu uma visita muito agradável do amigo
Octávio, após um ou dois dias de companhia amigável, e, em uma manhã foram da cidade
para Ostia com Cecilio amigo em comum, ainda pagão. Lá, andando em uma conversa
agradável, um ato idólatra de Cecilio, que beija com saudação uma lápide de Serapio, um
deus pagão, com isso vem o discurso sobre a religião, e assim começa o diálogo, em que
Cecilio insurge contra o culto cristão e Octávio sai em defesa, Minúcio como árbitro entre os
dois (cap. 2-3).
2 Itaque cum diluculo ad mare inambulando litori pergeremus, ut et aura adspirans
leniter membra vegetaret et cum eximia voluptate molli vestigio cedens harena
subsideret, Caecilius simulacro Serapidis denotato, ut vulgus superstitiosus solet,
manum ori admovens osculum, labiis pressit.15
14
Tradução em espanhol. 1 – Cuando pienso y revuelvo em mi espíritu La memória Del Bueno y fidelísimo
compañero Octavio, se apodera de mí tan grande placer, que me parece vivo en tiempos pasados, ya que su
imagen, al desaparecer de mis ojos, ha tomado carne en lo más hondo de mi pecho. Y nada tiene de extraño que
este varón santo y eximo me haya dejado inmesor pesar con su desaparición, pues me amó tan tiernamente, que
en los pasatiempos y en los asuntos más serios guardábamos armonía perfecta, idéntica voluntad: hubiérase
dicho que teníamos una sola alma dividida entre los dos. El fue confidente de mis amores, colega en mis
extravíos religiosos; y, cuando, disipada la ceguera, nacía yo del abismo de las tinieblas a la luz de la verdadera
sabiduría, quísome por compañero, y, lo que es más glorioso todavía, me precedió en esta empresa. Al recordar,
pues, todo el tiempo de nuestra vida común y de nuestra familiaridad, mi atención se ha fijado, con preferencia,
en un grave razonamiento con que atrajo a Cecilio de sus vanas supersticiones a la verdadera religión. (P. Santos
de Domingo, p. 35 [19--]). 15
Tradução do latim para o espanhol: 2 – Así, pues, encaminándonos de madrugada hacia El mar para pasearnos
por su orilla, a fin de que El soplo ligero de La brisa robusteciera nuestros miembros y por El exquisito placer de
oprimir com suave pisada La arena movediza, Cecílio, viendo uma estátua de serapis, llevó la mano a la boca,
estampando un beso en ella, según costumbre del vulgo supersticioso. (P. Santos de Domingo, p. 37 [19--]).
15
Com este gesto popular e pagão que Cecílio faz perante os amigos, Octávio fica
indignado por Minúcio não se manifestar contra tal atitude do amigo pagão que esta ainda no
erro e longe da verdade, pois este sempre estava a seu lado16
. Minúcio vai recordando tudo
isso num belo passeio pela praia onde se recreia com os amigos, pois as águas marinhas são
um beneficio para a saúde do corpo. Com desfeito de Octávio sobre Minúcio, ele continua a
evocar em sua recordação a tranqüilidade do mar, as formas caprichosas da areia do mar e sua
maciez sob os pés, mais a frente se deparam com os joguetes dos meninos que se encontravam
no litoral jogando pedrinhas arredondadas.
Neste ínterim, Cecílio continuava calado, triste e afastado e, interrogado a esse
respeito, diz que se sentia ofendido por ser acusado de ignorância que antes foi dito por
Octávio, por prestar culto a Serápis num ato de mandar-lhe um beijo. A este curso na praia,
nasce a idéia de um discurso sobre a religião pagã e cristã. Finaliza desse modo a introdução
do primeiro ao quarto capítulo de Octavius.
4 Tum ille: "Iam dudum me Octavi nostri acriter angit et remordet oratio, qua in te
invectus obiurgavit neglegentiae, ut me dissimulanter gravius argueret inscientiae.
Itaque progrediar ulterius: de toto integro mihi cum Octavio res est. Si placet, ut
ipsius sectae homo cum eo disputem, iam profecto intelleget facilius esse in
contubernalibus disputare quam conserere sapientiam. Modo in istis ad tutelam
balnearum iactis et in altum procurrentibus petrarum obicibus residamus, ut et
requiescere de itinere possimus et intentius disputare." Et cum dicto eius adsedimus,
ita ut me ex tribus medium lateris ambitione protegerent: nec hoc obsequi fuit aut
ordinis aut honoris, quippe cum amicitia pares semper aut accipiat aut faciat, sed ut
arbiter et utrisque proximus aures darem et disceptantes duos medius segregarem.17
A introdução tem o sentido de contextualizar o discurso (cf. DROBNER, 2003, p. 171)
dentro de uma realidade que os cristãos se encontravam, ou seja, a perseguição e, que sua
religião busca a verdade, é com esta verdade que Cecílio abraça a fé cristã. Este livro é escrito
em um estilo florido e espiritual. Desse modo os diálogos tornam muito atraente, muito dos
pensamentos e imagens são brilhantes e originais.
16
Tradução livre de Wellington dos Santos Arruda. Cap. 3 Tunc Octavius ait: Quando Octávio pronunciou: “não
é próprio de um homem bom, marcos meu irmão, deixar um homem do seu lado ou de dentro de sua casa ou de
fora, em um dia ensolarado continuar na cega ignorância vulgar, suporte imagens ungindo com óleos e coroas de
flores, quanto tu sabes que tal erro da mais infâmia completa não é menos demérito para ti do que para ele
mesmo”. 17
Tradução livre de Wellington dos Santos Arruda. Cap. 4 - Respondeu ele: “já há tempo atrás, Octávio nosso
amigo te acusa de negligente e me angustia fortemente por palavras me acusando indiretamente de ignorância.”
Por isso progredirei mais longe: De modo integral quero discutir a questão com Octávio. Se te agrada disputar
comigo homem que segue a religião que despreza, certamente é mais fácil entre amigos do que entre sábios.
Neste momento sentemos nas pedras que protege a praia e os banhos para que podemos descansar da caminhada
e discutir. E com a palavra dele assentamos, de modo que fiquei no meio: não por obséquio ou ordem nem honra,
pois a amizade nos faz iguais, mas como arbitro de ambos na brigueta e dar ouvido aos dois e manter a
segregação.
16
Após o “cabeçalho”, ou seja, capítulos de 1 a 4, a primeira parte formada pelos
capítulos (5-13), contem todo o discurso de Cecílio; “de uma forma divertida e retoricamente
brilhante, Cecílio [5-13] apresenta suas objeções contra o cristianismo, que não vão das
acusações usuais que já conhecemos” (cf. DROBNER, 2003, p. 172). O discurso de Cecílio
em favor dos cultos pagãos tradicionais de romano, sua intervenção se funda numa
argumentação cética, apresenta suas objeções contra o cristianismo, que não vão alem das
acusações corriqueiras, mas sua apologia tem um tom apaixonado pelas tradições romanas,
forma uma verdadeira ata de acusações contra o cristianismo que crê em um Deus “que faz
tudo mover”, este Deus é refutado pelo “acaso” que tudo governa. (cf. DROBNER, 2003, p.
172).
O discurso de Cecílio se desenvolve em duas grandes exposições à primeira parte (cap.
5-7) é uma exposição curta sobre os grandes heróis romanos e toda sua tradição cultual e
religiosa, de onde Roma bebe e deve sua grandeza sobre o sol nascente ao poente; limitar-se
ao culto dos deuses transmitidos por seus ancestrais é positivamente correto, pois por sua fé
nestes Roma é colocada como o império universal que trás a paz e civilização (cf.
DROBNER, 2003, p. 172). Com isso há um consenso sobre a existência dos deuses, mas não
sua origem, como descreve Cícero no De Natura Deorum.
Esta primeira exposição de Cecílio tratará das verdades inacessíveis ao homem, pois
na filosofia o divino não pode ser alcançado. Somente com esta inacessibilidade é que se
demonstra que a fé tradicional é prática em todo seu valor esta é garantida pela sua
antiguidade. Cecílio procura mostrar que qualquer investigação sobre a origem das coisas e do
destino do homem é, vão e inútil e que é insensato questionar tudo(cf. LITERATURA
PATRÍSTICA, 2010, p. 1232), o melhor é seguir, como pdemos observar no capitulo 5,5,
parece como inútil e máxima soberba do homem pela sua pequines.18
5,5 Nec inmerito, cum tantum absit ab exploratione divina humana mediocritas, ut
neque quae supra nos caelo suspensa sublata sunt, neque quae infra terram profunda
demersa sunt, aut scire sit datum aut ruspari religiosum, et beati satis satisque
prudentes iure videamur, si secundum illud vetus sapientis oraculum nosmet ipsos
familiarius noverimus. 19
18
Discurso cético, “... a partir do capitulo 5 e se fundamenta sobre uma argumentação de natureza cética,
largamente dependente das posições atribuídas a Aurélio Cotta por Cícero no De natura deorum”
(LITERATURA PATRÍSTICA, 2010, p. 1232). 19
Tradução livre de Wellington dos santos Arruda. 5,5 Nem desmerecidamente, tão grande mediocridade
humana que esteja afastada da investigação das coisas divina, de modo que nem sabemos o que acima de nós há,
no céu, e nem o esta submerso na terra, e nas profundezas, ou seja, não nos é permitido conhecer estas
religiosamente, e basta com razão dar nos felizes e prudentes satisfeitos, segundo o oráculo do velho sábio, de
nos conhecermos a nós mesmos.
17
A segunda exposição do discurso de Cecílio é um feroz ataque ao cristianismo (cap. 8-
12)20
apresentando uma lista enorme de todas as acusações principais destinadas aos cristãos.
Este fato demonstra uma incrível incompreensão dos intelectuais e do povo para com o
cristianismo, assim, se segue que os cristãos vivem em uma sociedade secreta, de imoralidade
e práticas absurdas, mostram-se extraviados pela inútil esperança de uma vida futura
desprezando os gozos desse mundo, são inimigos do gênero humano praticando atos como
incesto, antropofagia e adoração de uma cabeça de asno. Adoram um Deus que é único, e
principalmente a um homem que fora crucificado como inimigo de Roma. A lista continua
sobre tudo ao culto que se presta a um Deus que se envolve com o mundo material e nele têm
suas preocupações, estas ações não podem ser dignas, seus cultos misteriosos não são
revelados a luz, são sombrios (cf. cap.10-12).
Cristãos são julgados por um pagão, que de fato tinha lido e
relido o discurso de Frontão, talvez também apareceu perante o Senado, e se reproduz em
parte, e talvez a maior parte do conteúdo. (cap. 8-9).
O desfeixo proferido contra os cristãos, só toma forma quando estes são acusados de
defraudar a religião romana. As acusações são todas transmitidas integralmente ou
parcialmente, o (cf. cap. 8, 2-3)21
dá exemplo de filosofos que foram acusados de ateismo e
receberam o nome de ateus. O cristianismo é desqualificado por ser incorporado por pessoas
da escoria romana pessoas comuns, se o cristianismo em seu seio acolhe estas pessoas é
porque o Evangelho dá alivio a sua vida miseravel terrena, e sua situação marginal social, sua
pobreza miseravel será aliviado e recompensado na vida futura pois creem na ressureicão dos
corpos nas penas e nas recompensas; a estes fatos escatologicos Cecilio dirige outras
acusacões (cf. cap. 11), o padecimento que os cristãos passam demonstra e confirma a
impotencia desse Deus.
Em seu ultimo ato Cecílio retoma com um tom filosófico, atribuído a Sócrates sua
posição cética, que tudo que está acima de nós não pode ser alcançado pelo homem, ele
chama os cristão a imitar o ceticismo dos filósofos (cf. cap. 13). Com esta conclusão Cecílio
não trousse nada de inovador.
20
O segundo desfecho contra os cristãos vão além de uma simples formalidade segunda a lista que já
conhecemos, em outros textos apologéticos; o intento agora é sobre a dogmática cristã, a crença na ressurreição e
sua vida futura. Tal dogmática implica na manutenção substancial da ordem e coesão social, “trata-se de uma
declinação daquela que Varrão havia definido “teologia política” (theologia civilis) que se situava no esquema da
theologia tripertita ao lado da teologia mística, própria dos poetas, e da filosófica, caractesristica da busca
racional” (cf. LITERATURA PATRÍSTICA, 2010, p. 1233). 21
Aqui Cecílio faz uma acusação de ateísmo contra os cristãos comparando-os alguns filósofos que foram
acusados de ateísmo e expulsos de suas cidades por tal insolência contra os deuses, Protágoras de Abdera,
Teodoro de Cirene, Diágoras de Melo.
18
Entre as duas partes do Octavius, ou seja, a fala de Cecílio e Octávio, Minúcio Felix
toma a palavra nos (cf. cap. 14-15)22
, sua intervenção é moderar o tom de vitória prematuro de
Cecílio, e declara que o julgamento será na força de demonstrar a verdade das sentenças e não
nas belas palavras. Esta intervenção de Minúcio indica sua imparcialidade na questão, e que
este momento será de proveito para todos. A segunda parte (cap. 16-38) Octávio rebate todas
as objeções de Cecílio acerca do cristianismo, “a segunda parte é a mais longa, que do
antagonista anterior quase que três vezes a mais” (cf. LITERATURA PATRÍSTICA, 2010, p.
1233).
Octávio inicia a parte segunda do diálogo rebatendo ponto por ponto todas as
intervenções de Cecílio, usando aquilo que lhe era de subsistência e base para a defesa do
paganismo, no (cap. 16)23
reivindica para si a possibilidade que cada homem pode alcançar o
conhecimento de Deus pela razão e chegar a verdade, ou seja, usa as mesmas armas do
paganismo para combatê-lo. É bem verdade que o homem faz perguntas e busca respostas e
nem sempre as tem, mas, conhecendo a verdade o, homem, pode chegar a compreensão do
homem, do microcosmos, de Deus e sua existência unicidade, onipotência, onipresente, a
tradição filosófica diz que este é inacessível, o cristianismo diz o mesmo, desse modo ambos
tem concordância em comum neste ponto.
Em resposta à investida de Cecílio, Octávio demonstra quais são os fundamentos da
doutrina cristã entorno da natureza íntima de Deus e seus atributos, e como a natureza exterior
e as faculdades interiores do homem, insinua e sugere a razão para essa crença. (cap. 19)24
.
22
“Seguro da vitória, Cecílio, com seu louvor sobre a antiguidade romana, desafia Octávio a rebater, pelo que
Minúcio Felix o repreende com toda sua retórica [14-15]; nas disputações é necessário ficar-se na busca objetiva
da verdade” (grifo nosso) (cf. DROBNER, 2003, p. 172). Minúcio indaga o que é de fato buscado nesta
disputatio, a verdade ou o louvor? Minúcio com esta pergunta quer demonstrar que a força da retórica pode ser
muita perigosa, ou seja, ela pode mostrar a verdade de forma intelectiva, mas também persuadir o ouvinte pelo
coração, palavra falseada, vaidade e suas eloqüências. Assim, a verdade deve ser buscada de maneira correta ao
analisar as articulações os argumentos e as demonstrações debatidas, a sutileza aqui é o que é dito. 23
Octávio procura: demonstrar a existência da verdade que é uma só; responder as acusações e objeções
apontadas por Cecílio. Há ainda um questionamento de Cecílio de aspecto positivo o do autoconhecimento, que
leva o homem a questionar a sua natureza, sobre a sua origem e a origem de todas as coisas e o sentido de sua
existência. “Em relação à fé, é preciso observar em primeiro lugar o comportamento do cristão depende
estritamente do conhecimento que ele tem de Deus. Com efeito, a teologia se reflete na antropologia.”
(PADOVESE, 2004, p. 124) Esta concepção de um Deus presente, portanto antropológico é rejeitado pelo
paganismo, e justamente este Deus é a verdade. “Retomando as teses de Justino e de Clemente, Minúcio Félix
revisa no Octavius todos os filósofos gregos, notando que cada um deles dscobriu parte da verdade que se refere
a Deus: os cristãos, portanto, são os filósofos por definição e todos os filósofos são de algum modo cristãos.”
(REALE; ANTISERI, 2003, p. 76). Minúcio na questão filosófica retoma Justino gradualmente para expor a
doutrina cristã e moral, “Para Justino, o cristianismo é a única filosofia completa e, mais ainda do que uma
filosofia, é uma revelação total, dada aos mais pequeninos os pobres (grifo meu) ao mesmo tempo concepção
perfeita do mundo e regra de vida, método de conhecimento e método de salvação.” (ROPS, 1988, p. 279). 24
Aqui Octavio recorrerá aos poetas e filósofos para demonstrar que suas teses e argumentos está relacionada
com a verdade universal.
19
Octávio após anunciar que todo homem pode chegar a Deus a suma verdade
independente de sua dignidade pois ela inscrita está na natureza do homem. Sua exposição se
divide em quatro partes:
1º - capítulos de 16-19, todo homem tem o dom da razão, do conhecimento da natureza, da
verdade que é Deus, e que a tradição filosofica reconhece o Deus uno, criador e providente.
2º - capítulos de 20-27, a religão pagã é desqualificada e sua existência é retalho de fabulas, o
seu polisteismo se explica em transformar homens honrados em deuses, os romanos dominam
o mundo pela força e inteligência e não são deuses que lhe dão vitória, as manifestações
divinas dos deuses são inbustes dos demônios, os filosofos ja indicavam isso com denúncias.
3º - capítulos de 28-33, as acusacões são calunias contra os cristãos, adoração a uma cabeça
de asno, infanticídio e incesto, o culto que os cristãos prestam a Deus é de natureza espiritual,
Deus nao é material, da infidelidade dos hebreus.
4º - capítulos de 34-3825
, o fim do mundo pronunciado pelos filosofos, o livre-arbítrio, a
doutrina filosofica como sombra de verdade.
1.4 Fontes e suas Influências.
O diálogo de Minúcio Felix, o Octavius, não é um escrito original, todo o recurso
literário é de origem pagã (cf. LITERATURA PATRÍSTICA, 2010, p. 1231). O Octavius é
um mosaico de idéias tanto nas cenas como na condução do diálogo entre os personagens. Seu
recorte é tirado dos filósofos, historiadores, poetas, gramáticos, todos latinos de preferência,
seu maior empréstimo é de Cícero no De Natura Deorum (cf. P. Santos de Domingo, 19-, p.
23). O tratado De Natura Deorum configura juntamente com De inventione e De fato, os escritos
teológicos ciceronianos, que se dedicam à apreciação das relações entre as divindades e os humanos,
como pietas, fides e uirtus, sobretudo no âmbito das relações históricas e sociais, fonte principal.
Minúcio Felix muito aproveitou dos escritores Greco-romanos, destes autores são bem nítidos
os seus textos em Octavius, um bom orador de origem latina pagã, bebe deste tesouro quando
é oportuno. De Cícero, sobre a natureza dos deuses, outra do mesmo autor sobre a
25
Após ter discursado sobre Deus e a moral cristã, na quarta parte capítulos 34-38, ele segue falando da
escatologia e da idéia dos filosofos sobre este momento final. Cecilio tinha observado ironicamente (cap. 12)
que Deus permite o sofrimento dos cristãos e perseguições contra eles com que desmentia a sua fé e sua
esperança de imortalidade, Octavio responde, demonstrando sensibilidade e fé da esperança cristã, é pelos atos e
obras que o cristão serão eelvados aos céus (cap.36-37). No final dessa quarta parte no capítulo 38, Octavio
monstra que os cristãos cultos, usam da filosofia aquilo que lhes convem, o cristianismo dessa época se encontra
no médio platonismo, é aqui que os cristãos vão dialogor com o paganismo. Epilogo do dialogo (cap. 39-40) é a
conclusão que Cecilio chega que as verdades estão no cristianismo depois de receber tais informações a respeito
do da fé dos amigos. Seus convencimento é a vitoria de Octavio sobre os filosofos com suas mesmas armas.
20
adivinhação e a república e muitos escritos, e é comumente falar que o personagem Cecílio se
parece em muito com Aurélio cota de De natura Deorum, um personagem cético que atribui a
grandeza de Roma à religião, mas não crê nesta. Este Aurélio, é um homem rico e dotado de
poderes e títulos públicos e cardo religioso que o faz um homem de grande virtude entre os
romanos, ainda sim é grande conhecedor da filosofia corrente em sua época, ou seja, as
escolas filosóficas. Ele é um cético como Cecílio, a cerca de todas as coisas aponto de negar o
conhecimento das coisas divinas, a opinião é a mais acertada, embora ela possa ser falsa sobre
Deus, o que importa é a religião do estado necessário para ser um bom cidadão e culto. Este
pensamento é próprio do século segundo, a incerteza e a duvida. Cecílio Natalis tem seu
comportamento segundo os doutos deste século segundo. Objetivando a discussão destes
questionamentos, não com o intuito de explicá-los diretamente.
Acompanha Cícero outros escritores como, Apuleio, Sêneca, Salustio, Lucrecio, Aulo
Gelio, Frontão, Virgilio e outros autores bem conhecidos pelos literários romanos. De Platão,
é tirados visivelmente, as palavras, frases, conceitos, em todo o discurso verificamos varias
vezes as palavras de Platão no personagem Octavio. Minúcio Felix o cita seis vezes, capítulo
19- Timeu 40 d-41 a; capítulo 23- República, III, 398 a; capítulo 26-Timeu 40; Banquete, 195
e-196 a, 202 e-203; capítulo 27- cita nome Platão; capítulo 34- Timeu 22c e 34- Fédon 81 e-
82b, República X 620 c-e, Timeu 42 b-c. (cf. Biblioteca de Patrística 52, 2000, p. 23)
Minúcio Felix não elaborou uma obra de caráter novo, mas soube magistralmente usar
todos os argumentos que lhe era necessário para a defesa do cristianismo, soube fundir os
elementos cristão e filosófico em sua obra de forma pessoal e eficácia. O uso largo de Platão
em Octavius é devido sua indubitável autoridade que suas obras lhe conferem e, sobretudo sua
precisão nos conceitos e seu pensamento. Platão serve aqui como ponte entre o paganismo e o
cristianismo26
, nos dois casos por sua antiguidade e pensamento marcante e as escolas que de
sua doutrina postulam seus leituras da filosofia. A obra Timeu é a mais utilizada por tratar de
questões como a natureza dos deuses, expor e conhecer é tarefa do homem sobre as coisas
divinas, a destruição da terra, a história dos deuses é fábula e deve ser conhecida, e outras
referências vão sendo incluídas tanto no octavius como na tradição cristã que vai aos poucos
lucidar seu pensamento e seu testemunho de não quebrar totalmente com a filosofia grega.
Diferentemente são as passagens de Cícero que não são mencionadas como as de
Platão isso é muito simples de resolver se vemos isso como um problema Minúcio Felix
escreve sua obra se apropriando de textos e idéias ciceronianas e quem lê Octavius percebe
26
No capítulo 19 do Octavius é bem prolifero o pensamento de Platão principalmente no Timeu, 28c, aqui o
pensamento pagão se funde com a doutrina cristã.
21
Cícero nas linhas, pois vemos que ele escreve para pessoas cultas que conhecem Cícero por
isso não há necessidade de indicá-lo. É com elegância que o autor em sua singular capacidade
expõem figuras e expressões todas de empréstimos de vários autores num retalho literário e
com suavidade compõem de modo então original a retórica do Octavius, fazer uso desta
ferramenta de imitação de grandes obras do passado é característica da retórica da
antiguidade, a citação era de uso largo por todos, o domínio de tal técnica compiladora tem
uma caráter muito particular que é demonstrar a teologia aos iniciados de modo velado e
suscito.
O velamento do texto sagrado do cristianismo por parte de Minúcio Felix é um modo
de que o texto sagrado não seja desapreciado por pagãos, embora ele fale abertamente da
ressurreição dos mortos que é um dogma, a Bíblia é cuidadosamente posta no Octavius com
algumas passagens de fundo do texto. Podemos citar com toda segurança literária e histórica
que o (capitulo 19,4) trás em seu corpo o Genesis, a criação do mundo onde esta bem
expresso que o espírito andava sobre a água. Era bem conhecidos dos pagãos Tales de Mileto
que dizia que a água era o principio de tudo, é neste trecho que Minúcio demonstra e desvela
a Sagrada Escritura (Gn. “Et Spiritus Dei ferebatur super aquas”), esta parte é dissimulada
com o texto de Tales de mileto mas explicita. O não uso da Bíblia é que sua linguagem é de
um estilo diferente da filosofia do logos que essa se propõe a conhecer pela busca intelectual
(cf. MORESCHINI; NORELLI, 1996, p.482).
22
CAPÍTULO II
A FORMA DO DIÁLOGO
O Octavius, escrito único de Minúcio Felix que chegou até nós27
, é um dos primeiros
depoimentos da apologética cristã escrito em latim. É uma obra em forma de diálogo que
apresenta peculiaridades proprias. Primeiro, ele é baseado em modelos da tradição clássica
pagã como de Cícero em toda sua forma de diálogos e discurso, com muito cuidado a partir
do ponto de vista literário. É bem claro a evidência de grande importância do processo de
receber a tradição greco-romana cultural que tem lugar central no cristianismo e é um dos
primeiros exemplos de inculturação. Além disso, durante todo o diálogo não é mencionado,
literalmente, qualquer texto da Sagrada Escritura, único em apologética cristã, embora
existam referências indiretas para passagens, especialmente no Novo Testamento. Esta atitude
reflete o desejo de se apropriar da filosofia e evocâ-la no pensamento cristão como um
subsídio(cf. LITERATURA PATRÍSTICA, p.1235) para chegar a Deus atraves daquilo que é
próprio do homem a razão, que o cristianismo, mostra-se como uma religião razoável e de ser
digna de fé.
Este diálogo peculiar o Octavius, segue marcadamente os monólogos de sua época, um
após outro dando seqüência ao outro, como é destacado em outros diálogos filosóficos, tão
claro fica as passagens que remete a Platão28
, quando vemos a quebra das acusações Cecílio a
replicas de Octavio. As opiniões são esquematicamente pequenas enquanto as objeções as
exposições principais são largamente trabalhadas pelo principal personagem. Dessa forma
podemos indicar que ele leu Platão. Este tipo de diálogo com grande exposição do
personagem principal encontra-se também no De natura deorum de Cícero, este por sua vez
lhe proporcionou as mais variadas idéias e palavras, estas reproduções das obras de Cícero
quase que literalmente deu uma boa adaptação as suas ideais centrais ao assunto tratado, entra
em seu texto o De Divinatione, De Republica e outras obras filosóficas.
Os críticos são unânimes em declarar que o Octavius para ser a obra-prima de um
escritor capaz, que, embora dotado de muito poucas idéias originais, o seu tema tratado de
27
LAURENCE, Patrick. L´Octavius de Minucius Felix: Femmes et polemique. Revista Agustiniana-Publicación
de pensamiento religioso de los Agustinos de Castilla. Madri: Grafica Lopes, v. 46, n.141, p 467-484,
Septiembre/Diciembre, 2005. 28
“Desse modo, mesmo no esforço constante de aduzir para toda informação paralelos com escritos filosóficos
pagãos, especialmente de Platão, também a relação de Minúcio com as tradições filosóficas resulta
voluntariamente filtrada pela peculiar mediação que dela havia dado Cícero em suas obras filosóficas”
(LITERATURA PATRÍSTICA, p.1235).
23
forma literária clássica. O diálogo tem beleza artística, vida e emoções que não permeiam
expressões em termos violentos. Sua forma dialogal não é novidade pois um escritor do
século II de nome Aulo Gélio que escrevera Noctes Atticae, onde o diálogo se dá na praia de
Óstia, é sobre uma discussão entre um estóico e um peripatético tendo Favorino como um
juiz, estes vão dialogar sobre a influência da virtude e bens externos sobre a felicidade do
homem, Favorino por sua vez é um filósofo asceptico, segue na nota de rodapé o texto de
Aulo Gélio compativel com o Octavius (cf. cap. 2). 29
A escolha de um gênero literário como o diálogal, nos moldes clássicos mostra a
grande aquisição literaria de Minúcio Felix (cf. PARATORE, 1987, p.860), e que o
cristianismo se encerra neste mundo greco-romano com toda cultura pagã filosófica mas com
suas adaptações discursivas de homens cultos.
29
“Disputationes a philosopho Stoico et contra a Peripatetico, arbitro Fauorino, factae; quaesitumque inter eos,
quantum in perficienda uita beata uirtus ualeret quantumque esset in his, quae dicuntur extranea.
1 Familiares Fauorini erant duo quidam non incelebres in urbe Roma philosophi. Eorum fuit unus Peripateticae.
2 disciplinae sectator, alter Stoicae. His quondam ego acriter atque contente pro suis utrimque decretis
propugnantibus cum essemus una omnes Ostiae cum Fauorino, interfui. 3 Ambulabamus autem in litore, cum
iam aduesperasceret, aestate anni noui. 4 Atque ibi Stoicus censebat, et uitam beatam homini uirtute animi sola
et miseriam summam malitia sola posse effici, etiamsi cetera bona omnia, quae corporalia et externa
appelolarentur, uirtuti deessent, malitiae adessent. Ille contra Peripateticus, miseram quidem uitam uitiis animi et
malitia sola fieri concedebat, sed ad complendos omnes uitae beatae numeros uirtutem solam nequaquam satis
esse existimabat quoniam et corporis integritas sanitasque et honestus modus formae et pecunia familiaris et
bona existimatio ceteraque omnia corporis et fortunae bona necessaria uiderentur perficiendae uitae beatae”.
GELLII. A. Noctivum Atticarum, Libri XX. Martini Hertz. Volumen Primus. Lipsiae. Sumptibus
ETTypisB.G.Tevbneri.MDCCCLXXI.pg.200.http://books.google.com.br/books?id=DhoAAAAAYAAJ&printse
c=frontcover&hl=pt-R&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false. Acesso em 2012.
Tradução do texto Noctes Atticae ou “Noites Áticas”, “Disputas praticadas por filósofo estóico e m oposição por
um peripatético, com Favorino por árbrito; procurou-se saber entre eles quanto valesse a virtude no cumprimento
duma vida feliz, e quando houvesse de valor nesses bens que se dizem “exteriores”. 1 Amigos próximos de
Favorino eram dois certos filósofos não desconhecidos na cidade de Roma. Desses um foi sectário da corrente
peripatética, o outro da estoica. 2 Com ardor e entusiasmo eu mesmo estive certa vez entre eles diante da defesa
dos preceitos de uma e outra parte, visto estivéssemos todos juntos em Óstia com Favorino. 3 E passeávamos
pela praia, como já entardecesse, sob o novo estio do ano. 4 E ali o estóico raciocinava tanto poder a vida feliz
dos homens ser efetuada pela virtude só da alma, quanto poder pela malícia só ser efetuada a maior miséria,
ainda que as restantes boas coisas todas, que fossem chamadas corporais e externas, faltassem à virtude, se
apresentassem à malícia” (AULO GÉLIO ,2010, p. 605).
24
2.1 Estilo Literário.
Minúcio Felix é um estilista um literário em sua forma de escrever, este opúsculo
Octavius é de um refinamento e de agradável leitura com ele há uma tentativa de expressar a
literatura cristã do seu tempo (cf. MORESCHINI; NORELLI,1996, p. 480), como a grega dos
cristãos do oriente. Ao ler Minúcio Felix não temos dúvida de sua destresa no uso da
línguagem arcaizante e do emprego de palavras novas que vão surgindo e evoluindo neste
período que escreve Octavius. O aspecto mais arcaizante se enontra na fala de Cecílio o
pagão, ao retomar os argumentos do antigos e de situar todo o contexto de sua religião estatal.
O seu estilo bem apurado de apologesta, numa epoca em que a literatura latina vai se
encontrandoem uma decadência literaria, porque ja nao produz algo novo e sim apenas busca
argumentos nos antigos usando palavras novas e fazendo trocadilhos. Os cristãos não
despresam a língua latina classica, ou seja, seus poetas e oradores, mas tem respeito por elas.
São aqueles que, como Lactâncio, e mais tarde S. Jerônimo e Agostinho, tentam conciliar
literatura clássica e sua oralidade a fé30
, que procuram assimilar a Boa Nova do cristo a
cultura pagã grega e romana.
É patente em Minúcio Felix a literatura Cíceroniana, pois as idéias se encontra em seu
trabalho, sua leitura das obras de Cícero, vem nas linhas de muitos capítulos, a escolha das
palavras, o período harmonioso, a métrica dá a sua línguagem o estilo do mestre. Ele
especialmente na segunda parte, toma emprestado idéias dos filósofo antigos e estóicos, ele
esbanja antises e teses. No capítulo 17, se encontra a filosofia dos filósofos da natureza, a
poesia corre larga nas linhas tomando rumo ao transcendental, lá está uma das poesias mais
originais de Octavius, aqui se expressa o ordenamento do mundo por Deus e combina a
filosofia grega com a fé cristã, ele não nega o que Cecílio afirmavara, “que o homem deve
conhecer a si mesmo”, e continua indo mais longe que seu oponente na disputa, que o homem
não pode conhecer a si, sem conhecer a Deus o modelar do universo.
17 Nec recuso, quod Caecilius adserere inter praecipua conisus est, hominem
nosse se et circumspicere debere, quid sit, unde sit, quare sit: utrum elementis
concretus an concinnatus atomis, an potius a deo factus, formatus, animatus. Quod
ipsum explorare et eruere sine universitatis inquisitione non possumus, cum ita
cohaerentia, conexa, concatenata sint, ut nisi divinitatis rationem diligenter
excusseris, nescias humanitatis, nec possis pulchre gerere rem civilem, nisi
cognoveris hanc communem omnium mundi civitatem...31
30
Ao longo da história os cristãos vão reconciliando, literatura pagã e dados bíblicos, razão e fé, filosofia e
pensamento cristão, isso, porque, na filosofia há uma centelha do Verbo de Deus. 31
Tradução do latim para o espanhol “No niego lo que Cecílio se há esforzado em demostrar com más ahinco:
que El hombre debe concerse e investigar lo que es, su origen y su fin: si es el resultado de uma combinación de
elementos o un conglutinado de átomos, o más bien ha sido hecho, formado y animado por Dios. Pero esto no
25
Este estilo doce e reconciliador são herdados de Cícero e, como orador que
é, escolhe as palavras certas e as ordenas nas frases às vezes de forma curta e
pontual, dando harmonia aos períodos, e a métrica latina com suas colocações.
A introdução é de um estilo apaixonado, saudoso, que nos mostra uma vida
sentimental e bondosa, familiar, de onde nos prepara uma discussão judicial, mas a
harmonia segue, pois são amigos; Minúcio Felix começa com delicadeza sua
narração e, entre um e outro fato, lembra os miudinhos de Octavio em tenra idade
de brincadeiras e no modo de balbucionar as palavras o que é próprio da idade (cf.
cap. 2 Octavius).
Seu estilo literário ainda que dependente da literatura arcaica latina, não o impede de
utilizar e empregar coisas novas e originalidade, no caso da apologia isso é único em Minúcio
Felix (cf. PARATORE1987, p. 861).
2.2 Historicidade do Texto.
As pessoas são reais. O diálogo também pode ser assim, apesar do fato de que
Minúcio Felix transformou em um debate quase judicial que deveria ter sido uma simples
conversa ou uma série de conversas sobre a vida e a política do império. Quando falamos que
os personagens são reais nos baseamos nos achados mencionando acima em Constantina na
Argelia e na Mauritânia. O próprio diálogo nos da várias informações até uma certa
cronologia mas sem grandes perspectivas, o Octavius não nos parece a primeira vista uma
simples ficção literária, o interessante é distinguir para uma melhor leitura e análise textual a
introdução a parte central o diálogo e sua conclusão, desse modo podemos chegar a
veracidade do diálogo mesmo, é na introdução que se encontra uma grande parte de sua
historicidade devido aos dados ai fornecidos. Os nomes dos personagens são bastante
difundido entre os romanos a descrição de Óstia é bem detalhada principalmente a passagem
da cidade para a praia, a narração que se faz em Óstia é de grende vivacidade literária e
psicológica.
podemos indagarlo ni resolverlo sin el estudio del universo, pues todo anda tan trabado y confundido, que no es
posible conocer al hombre sin el conocimiento previo de Dios, como no se puede aministrar bien los negocios de
un Estado si de desconoce esta común ciudad formada por el mundo…”. (P. Santos de Domingo, p. 74 [19--]).
26
Outro dado são as divindades africanas, particularmente a Juno púnica e o
sanguinário Baal-Saturno (cap. xxx. 3), que Minúcio Felix diz, é adorado em “algumas partes
da África, o sacrifício de crianças”, são citados. Outro culto notável é referido sobre a
deificação dos reis (xxiv.1) menciona Romulus, e imediatamente informa-nos que, por
consentimento dos Mauritanios, o rei Juba foi considerado um deus. A referência é a Juba II,
que foi educado em Roma, Augusto o fez o rei da Mauritânia, em 25 ac. A deificação de um
governante local é singular no mundo romano, onde a honra era reservado aos imperadores. O
conhecimento local deve aqui como as únicas fontes de informação de Minúcio Felix, como a
apoteose de Juba foi um caso totalmente local sem interesse fora da África. Podemos até
duvidar da exatidão da afirmação se prova inesperada não tivesse vindo à tona, na província
de Mauritânia. Uma inscrição foi encontrada no Marrocos, sobre uma divindade Africano-
fenício Baal-Amon, Saturno é assimilado com ele aqui. As analogias bem conhecidos e
profundamente investigado existentes entre o Octávius de Minúcio Felix e o da Apologia de
Tertuliano, uma das figuras mais destacadas da literatura cristã Africana, são um fenômeno
quase inexplicável se estes dois escritores não fossem da mesma nacionalidade, ambos
descrevem a mesma história dessa divindade e seus sacrifícios. Tertuliano escreveu que se
oferecia a crianças em sacrifício a Saturno na África. Os historiadores pensam que este culto
estava mais próximo do de Baal-Amon que ao do Saturno romano.32
De qualquer forma quisemos aqui ilustrar que o diálogo tem seu carater histórico e é
assinalado com uma cuidadosa elaboração literaria que é próprio de sua época, assim de uma
conversa particular para para a universidade do diálogo, ou seja, levar a público tal
acontecimento, onde um pagão se converte ao cristianismo pela idéia de verdade que esta
contém em seu discurso ilumidada pela fé.
2.3 Posterioridade Literária.
Se Minúcio Felix sofreu forte influência para escrever Octavius, também ele colaborou
com sua obra nos escritos dos autores posteriores. Minúcio felix com Octavius dá a literatura
cristã uma colaboração no que diz respeito a dogmática, seja, no dogma da ressureiçao e na
parusia, indica indiretamente passagens da Sagrada Escritura pois escreve para pessoas cultas
32
Review: The Cambridge History of Africa, Volume 2: From c. 500 BC to AD 1050.
http://books.google.com.br/books?id=jjBYQCpfCNkC&pg=PA462&lpg=PA462&dq=A+History+of+Christianit
y+in+Africa+%2B+saturno&source=bl&ots=9Vw72Z9W-. Acesso em 2012.
27
do meio pagão. Citemos alguns autores que Minúcio Felix influenciou, Cipriano; Lactâncio;
Arnóbio; Jerônimo; Euquerio. Abordaremos primeiramente Cipriano seguiremos a Lactâncio
os demais por falta de tempo ficara em aberto.
Cipriano nascido Táscio Cecílio Cipriano; em latim Thascius Caecilius Cyprianus,
passou para a história não apenas como santo, mas também como excelente orador. É ainda
considerado um dos Padres latinos. A principal fonte sobre sua vida é a obra Vida de São
Cipriano, escrita por seu discípulo Pôncio de Cartago. Ele foi um dos biografados por São
Jerônimo em De Viris Illustribus, (cap. 67), onde ele afirma que “Passus est sub Valeriano et
Galieno principibus, persecutione octava, eodem die quo Romae Cornelius, sed non eodem
anno.” “Cipriano foi morto no mesmo dia em que Papa Cornélio foi morto em Roma, embora
não no mesmo ano”.
O paralelismo entre Cirpiano e Minúcio Felix implica um emprestimo de ato direto, é
ate mais que Tertuliano e Minúcio se formos colocar ambos em paralelo. A diferença entre
Cipriano e Tertuliano é que o segundo não faz uso do texto de Minúcio mas usa talves a
mesma fonte33
. As leituras cristã de Cipriano foram, além da Bíblia, autores latinos, como
Tertuliano e Minúcio Felix. Colocamos em coluna o textos paralelos para verificarmos a
semelhetude de ambos, as passagens vem com capítulo e versiculos bem como o nome da
obra correspondente.
Octavius Cipriano
(E. Hartel, Corpus script. eccl. lat. III 1, Vienne 1868)
1, 4
2, 3
2, 4
Emprego seguro
Ad Demetrianum 25 (p. 369,24)
Emprego problemático
Ad Donatum 1 (p. 3,1.5)
Ad Don. 1 (3,7)
33
Não quero entrar no mérito dos grandes estudiosos no que diz respeito quem é o autor mais antigo e quem fez
uso de quem.
28
5, 13
14, 3-4
16, 5
16, 6
17, 2
17, 11
26, 8
27, 4
28, 10-11
36, 2
36,4
37, 1, 1.1
37, 1 1. 2
37, 9
37, 10
37, 12
38, 6
Ad Dem. 16 (362,15)
De habitu uirginum 14 (197,28)
De lapsis 12 (245,11)
AD Dem. 15 (341,18)
De hab uirg. 7 (192,14)
Epist. XXXVII, 1, 3 (577,4)
De bono patientiae 3 (398,18 sqq.)
Ad Dem. 7 (355,24)
Ad Don. 2 (4,10-13)
De lapsis 11 (244,19)
Ad Don. 2 (4,13-15)
Ad Don.9 (10,24)
Ad Don. 9 (11,1)
Espist. LV 30(648,1)
De lapsis 2 (237,20)
Ad Don. 13 (14,15)
Ad Don. 3 (5,14-16)
Ad Don. 8 (10,2-4)
(BEAUJEU, 1974, p. LXIX)
29
Desse modo se verificou que a leitura de Octavius por Cipriano segundo Beaujeu, foi
marcante em suas obras, concertante aos dogmas como de sua defesa do cristianismo. Beaujeu
descobriu paralelos que indicam a dependência de Cipriano sobre o Octavius, alegando que os
paralelos vão desde a plausível para o aparentemente certo e conclusivo.
Também em outra obra de Cipriano que não foi contemplado por Beaujeu o “Quod
idola dii non sint” trás mais dependência do autor em questão.
Cipriano no seu livro “Quod idola dii non sint” (que os ídolos não são deuses),
empresta de Octavius todo seu modo de expor o cristianismo e a visão de Deus que eles
tinham, um paralelo óbvio pode ser visto no capítulo IX do “Quod idola” em que o autor
escreve: “Ele não pode ser visto - Ele é muito luminoso para visão; nem compreendido - Ele é
muito puro para nosso discernimento; nem calculado - Ele é muito grande para nossa
percepção; e, portanto nós só estamos O calculando meritoriamente quando nós dizemos que
Ele é inconcebível. Mas que templo pode ter Deus, de quem templo o mundo inteiro é? E
enquanto o homem mora longe e distante devia eu me calar sobre o poder de tal grande
majestade dentro de um edifício pequeno? Ele deve ser dedicado em nossa mente; em nosso
peito Ele deve ser consagrado. Nem deve você perguntar o nome de Deus. Deus é o nome
dele. Entre esses há necessidade de nomes onde uma multidão é para ele distinguida por
apropriadas características de títulos. Para Deus que é só, pertence todo o nome de Deus;
então Ele é único, e Ele na sua totalidade está em todos os lugares. Pois até mesmo as pessoas
comuns em muitas coisas naturalmente confessam Deus, quando suas mentes e almas são
prevenidas de seu autor e origem. Nós freqüentemente ouvimos dizer: Ó Deus? Deus vê? e Eu
recomendo para Deus? Deus o dá? Como vai Deus? Se Deus deveria conceder? e esta é a
mesma altura de pecadores, recusar o conhecimento dele? o qual você não pode conhecer.34
”,
e no Octavius35
(18,8) segue a mesma:
8 Hic non videri potest, visu clarior est, nec conprehendi [potest], tactu purior est,
nec aestimari, sensibus maior est, infinitus, inmensus et soli sibi tantus, quantus est,
34
http://www.veritatis.com.br/inicio/ebook. Acesso em 13 nov. 2012 35
Minúcio Felix faz uso aqui de São Justino Apologético I, 21.
30
notus: nobis vero ad intellectum pectus angustum est, et ideo sic eum digne
aestimamus, dum inaestimabilem dicimus.36
Outro exemplo é encontrado nas passagens de “Quod idola” em que Cipriano afirma
que os deuses dos romanos são apenas os homens divinizados da antiguidade, onde Próculo
por uma mentira diz que ter visto Rômulo subir ao céu, “Romulus foi feito um deus, quando
Próculus cometeu perjúrio”37
. No capítulo IV temos o texto que imita a passagem de Octavius
é referida, mas também todas as outras passagem no que diz respeito à origem dos deuses:
“Mas porque pensais que os deuses podem valer-se em nome dos Romanos, quando vê-se que
não podem fazer nada por si mesmos? Pois sabemos que os deuses dos Romanos são
ingênuos. Rômulo foi feito deus pelo falso testemunho de Próculo, e Pico, e Tiberino, e
Pilumno, e Cônso, que como um deus da traição teve que ser adorado, apenas como se ele
tivesse sido um deus dos advogados, quando sua perfídia resultou no estupro de Sabines.
Tácio também criou e adorou a deusa Cloacina; Hortílio, Terror e Pálida. Logo, eu não sei por
quem, Febre foi dedicada, e Acca e Flora às prostitutas. Estes são os deuses romanos. Mas
Marte é um traciano, Júpiter é cretense; Juno é de Argiva ou da Sâmia ou de Cartago; Diana é
de Tauro e a mãe dos deuses, de Ida; há ainda os monstros egípcios, que não são deuses, os
quais asseguradamente, se tivessem algum poder, teriam preservado a eles mesmos e aos seus
povos. Certamente há entre os romanos, também, o vencido Penates, o qual o fugitivo Aeneas
introduziu com a finalidade de ser adorado. Há também Vênus, mais desonrada pelos seus
atos em Roma que por ter sido ferida, de acordo com Homero38
”. E, em uma passagem
de Octavius (21,9), se lê:
21, 9 Otiosum est ire per singulos et totam seriem generis istius explicare, cum in
primis parentibus probata mortalitas in ceteros ipso ordine successionis influxerit,
nisi forte post mortem deos fingitis, et perierante Proculo deus Romulus...39
Outro autor influenciado por Minúcio Felix é Lactâncio Lucius Caecilius Firmianus
qui et Lactantius, segundo jerônimo, foi aluno de Arnóbio de Sica, mas ele mesmo nada fala
sobre esse professor, (LITERATURA PATRÍSTICA, 2010, p.1149). “De viris illustribus cap.
LXXX: Firminus, qui et Lactantius, Arnobii discipulus, sub Diocletiano príncipe accitus cum
Flavio grammatico” (HIERONYMI, 1883, p.726).
36
Tradução livre de Wellington dos Santos Arruda “8 A este não se pode ver, é luminoso para a vista, não é
compreensível, é superior aos nossos sentidos, não se pode medir, ..., infinito, imenso e só ele se conhece, ...: A
nossa inteligência é pequena limitada e só dignamente o estimamos quando dizemos que insondável.” 37
Esta história é tirada de Tito Lívio, livro.I. 38
http://www.veritatis.com.br/inicio/ebook. Acesso em 13 nov. 2012 39
Tradução livre de Wellington dos Santos Arruda “21, 9 Ostioso seria recorrer a todos separadamente e
explicar cada um dessa família, pois, nos primeiros pais a mortalidade provada influencia a sucessão. A não ser
que depois da morte criou se deuses, e o deus Rômulo por um perjúrio de Próculo...”.
31
Lactâncio é um autor que vem concluir no Ocidente o período da apologética, neste
período, sua defesa do Cristianismo é agora um protréptico um instrumento de controvérsias.
Ele quer fazer de suas obras uma summa sistemática, e o faz como um literato
(MORESCHINI, NORELLI, 1996, P.529). Lactâncio reformula esta literatura cristã do ponto
de vista dos autores que o precedeu principalmente Minúcio Felix.
Lactâncio bem situado na literatura do século II, a apologética, quis ser o advogado do
cristianismo junto há uma elite romana que preservava os costumes antigos idólatra.
Lactâncio desejava demonstrar aos a coerência do cristianismo com as verdades conhecidos
por todos como em Octavius, em forma de instrução para os pagãos e para os cristãos fica
uma composição para melhor refinar os dados de fé da doutrina. Como em Minúcio Felix ele
também da importância a questão da verdade que só por meio dela se pode conhecer melhor
as realidades divina40
.
No terceiro livro de Devinae Institutione Lactâncio rebate a filosofia, isso porque é
dela que se constitui a fonte de todo erro em conjunto com a religião pagã. Como Minúcio
Felix combate o erro dos filósofos com suas próprias armas.
No capitulo IV de Divinae Institutione, Lactâncio empresta de Octavius o prólogo
como se vê abaixo, este empréstimo ocorre em toda obra, não apenas com as mesmas
palavras, mas também em relação ao tecer o corpo do texto com as mesmas idéias tiradas de
octavius.
IV 1,1 Cogitanti mihi, Constantine
imperator, et cum animo meo saepe
reputanti priorem illum generis humani
statum, et mirum pariter, et indignum
videri solet, quod unius saeculi stultitia
religiones varias suscipientis, deosque
multos esse credentis, in tantam subito
ignorationem sui ventum est, ut ablata ex
oculis veritate, neque religio Dei veri
neque humanitatis ratio teneretur,
hominibus non in coelo summum bonum
quaerentibus, sed in terra (Lactâncio).
1,1 Cogitanti mihi et cum animo meo
Octavi boni et fidelissimi contubernalis
memoriam recensenti tanta dulcedo et
adfectio hominis inhaesit, ut ipse
quodammodo mihi viderer in praeterita
redire, non ea quae iam transacta et
decursa sunt, recordatione revocare:
(Minúcio).
40
“Propter hanc humilitatem, Deum suum non agnoscentes, inierunt consilium detestandum ut privarent eum
vita, qui ut eos vivificaret advenerat.” Div. Inst. IV, 16, 4.
32
Além do mais, Lactâncio dominava um extenso cabedal de conhecimentos sobre os textos
clássicos da literatura greco-romana, como, Virgílio, Ovídio, Homero, Orfeu, Eurípides,
Horácio, os filósofos Aristóteles, Platão, Cícero, Sêneca, autores pré- socráticos, epicureus,
estóicos, pitagóricos, autores cristãos do norte africano Minúcio Félix, Tertuliano, Cipriano de
Cartago, apresentava profundos conhecimentos da mitologia grega, das tradições religiosas
romanas, de história de Tito Lívio, Varrão, Evémero, tinha grande conhecimentos de filologia
e etimologia. Lactâncio é bem parecido com Cícero e Minúcio Felix um grande conhecedor
da literatura antiga, usa o mesmo modo de escrever desses grandes autores consultando e
copiando com lhe convém as obras de seu interesse, o que era um costume na época.
Desse modo sua obra de maior peso Divinae Institutione se apresenta com uma das
mais elaboradas e eruditas do mundo cristão. Como em Octavius, aborda assuntos de maior
interesse do cristianismo e um belo conhecimento bibliográfico do mundo grego-romano
antigo, e de sua contemporaneidade, acima de tudo sua obra trás em seu seio o ensinamento
que provem da revelação divina.
Lista de passagens do Octavius de Minúcio Felix imitado por Lactâncio
Octavius Lactâncio
1, 1 DI. IV 1,1
3, 1 DI II 3,3
8, 3 De ira dei 9,1
11, 8 DI VII 22,10
17, 2 DI I 5,2; II 1,6
17, 4 DI I 2,5
17, 10 De opificio dei
2,3-4
18, 10 DI I 6,5
Octavius Lactâncio
24, 5 DI II 6,2-3
26, 8 DI II 16,5
26, 11 DI I 7,4
27, 2 DI II 14,14
27, 5 DI V 21,4-5
29, 1 DI VII 26,10
30, 2 DI V 9,15
32, 9 DI VI 18,12
33, 1 DI IV 29,8
33
19, 2-10 DI I 5,11-22
De ira dei 11
20, 2 DI II 6,7
20, 5 DI I 15,2;8,8
22, 1 DI I 17,6;21,20
22, 2 DI I 21,24
(BEAUJEU,1974,p.CXII)
36, 2 DI I 1,22; IV 30,14
37, 1 DI De morte persec 16,6
37, 5 DI V 13,13-14
40, 2 DI V 4,3
34
III CAPÍTULO
A DEFESA DA FÉ E A PROVIDÊNCIA DIVINA,
SEGUNDO MINÚCIO FELIX
3.1 Dois Ponto de Vista
O discurso de Octávio se desenvolve em função a fala de Cecílio. Os dois amigos
interlocutores do Octávio apresentam suas questões, “e que a ambos interessam pessoalmente
(...) Perspectivas que não deixam de ser atitudes, porque envolvem respostas a dar ao
conteúdo de uma nova mensagem” (cf. MINUCIO, 1990, p. 27). Cada um dos interlocutores
dão sua mensagem segunda suas ideologias, embora, ambos, usem o mesmo pano de fundo
literário simétrico, tal não impede que, a exposição de cada um, se revelem numa linha de
ruptura e continuidade quando elementos filosóficos e históricos tomam conceitos diferentes,
20, 1 Exposui opiniones omnium ferme philosophorum, quibus inlustrior gloria est,
deum unum multis licet designasse nominibus, ut quivis arbitretur, aut nunc
Christianos philosophos esse aut philosophos fuisse iam tunc Christianos.41
O conteúdo de verdade em cada discurso é uma premissa a ser alcançada. A esta altura
o conhecer é a justificação a adesão ao cristianismo; o conhecimento da cultura antiga dá se
no cristianismo como algo “novo” é, na nova religião dos seguidores de Cristo, que ela terá
uma expressão mais clara da verdade, ou seja, “lhe é concedido como dom da natureza” (cf.
MINUCIO, 16,5). Assim, todo o conhecimento antigo, como demostrara Octávio, faz uma
alusão ao cristianismo. É fato que o ser humano foi criado a imagem de Deus (cf. Gn 1, 26),
portanto, o conhecimento não depende apenas do esforço humano mas também do alto, pois é
um dom,
16, 5 Et quoniam meus frater erupit, aegre se ferre, stomachari, indignari, dolere,
inliteratos, pauperes, inperitos de rebus caelestibus disputare, sciat omnes homines,
sine dilectu aetatis, sexus, dignitatis, rationis et sensus capaces et habiles procreatos
nec fortuna nanctos, sed natura insitos esse sapientiam42
41
Tradução do latim para o espanhol: “He mostrado como, según las opiniones de casi todos los filósofos que
gozan de mayor fama, Dios es uno, aunque haya sido designado com muchos nombres, de manera que
cualquiera puede pensar que o ahora los cristianos son filósofos o los filósofos fueran ya antes
cristianos”(Biblioteca de Patrística 52, Tradução e nota Victor Sanz Santacruz. Madrid. Editorial Ciudad Nueva,
2000, p. 96). 42
Tradução do latim para o espanhol “Y puesto que mi amigo há reaccionado com violencia, aceptando mal e
irritado, indignado y dolido de ver que hombres sin letras, pobres, ignorantes se dignan discutir acerca de las
cosas celestes, que sepa que todos los seres humanos, sin distincón de edad, sexo, dignidad, han sido creados
35
Assim, Octávio, deixa clara que, o conhecimento não é apenas um esforço puramente
humano, mas que ele depende da própria revelação de Deus, e que a revelação, ou as verdades
de fé não vão contra o pensamento filosófico (cf. 19,4;), Octávio quase no final de sua
exposição (34, 5), de modo filosófico diz:
Animadvertis, philosophos eadem disputare quae dicimus, non quod nos simus
eorum vestigia subsecuti, sed quod illi de divinis praedicationibus prophetarum
umbram interpolatae veritatis imitati sint43
Os dois discursos passam sem sombra de dúvida sob a autoridade dos antigos, no
argumento de Octávio há ainda a inserção do transcendental, ou seja, a mensagem cristã. O
conhecimento cético de Cecílio, é substancialmente uma ruptura com o divino.
3.2 Ceticismo
No início do quinto capítulo do Octavius, Cecílio Natal, afirma-se em sua exposição
como um cético, isto é, o homem não tem conhecimento pleno das coisas principalmente no
que se refere o objeto do conhecimento, como este não pode ser afirmado deve-se ignorar.
Cecílio é um conhecedor das várias escolas filosóficas, mas acadêmico e cético,
contrário ao dogmatismo, (cf. Octavius) 5.2 “...nullum negotium est patefacere, omnia in
rebus humanis dubia, incerta, suspensa magisque omnia verisimilia quam vera:” (... para mim
será fácil mostrar que as coisas humanas são duvidosas, incerta, indeterminada e de todas as
coisas semelhante a verdade)44
. A opinião é a única possível ao homem, pois o juízo deve ser
suspenso, esta é a posição de Cecílio como de todo homem douto no século II. Embora negue
a Deus, a Providência45
, não exclui em qualquer instância a religião do Estado e as tradições
dos antepassados, pois são instituições necessárias para o bem maior de todos, mesmo que aja
falsidade.
dotados de razón y de inteligencia y que no se encontran com la sabiduría como por azar, sino que la tienen
inscrita por la naturaleza” (Ibid., p. 82). 43
Tradução do latim para o espanhol “Adviertes que los filósofos sostienen lo mismo que nosostros decimos, no
porque hayamos seguido sus huellas, sino porque ellos, a partir de las divinas predicciones de los profetas, han
imitado la sombra de uma verdad desfigurada” (Ibid., p.135). 44
Tradução livre de Wellington dos Santos Arruda. 45
“As transformações políticas, os tumultos dos acontecimentos, as guerras sucessivas, a fundação, o sucesso e o
desmoronamento dos impérios, as desordens internas e os sentimentos de forças indomáveis revelam a grande
impotência do indivíduo da antiguidade. O indivíduo dessa antiguidade clássica tem a convicção de ser
conduzido por um destino ou por um acaso caprichoso que reina no mundo” (FRANGIOTTI, 1986, p. 22).
36
O ceticismo seguido por Cecílio é o médio e novo ceticismo, na linha de Arcesilau e
Carnéades46
, consta o texto, Octavius 13,3 “Hoc fonte defluxit Arcesilae et multo post
Carneadis et Academicorum plurimorum in summis quaestionibus tuta dubitatio, quo genere
philosophari et caute indocti possunt et docti gloriose”.47
O ceticismo aqui no Octavius, a
impossibilidade de ter um conhecimento certo se apoia na opinião dos filósofos até mesmo
em Sócrates 13,1“nota responsio est: ‘quod supra nos, nihil ad nos’” (Lo que está por encima
de nosotros, nada tiene que ver com nosotros).
Para Octávio, tal princípio deve ser ignorado pois conserva consigo uma opinião
duvidosa, ou seja, falsa, porque toda opinião fácil é deixada de lado, e seu juízo não tem
critério de verdade, “ueri stabile iudicium” (juicio firmemente asentado em la verdad) (16, 3).
Interpola Cecílio que, a verdade nos é encoberta, daí, o consenso de que o acaso ser mais
admissível, “uavriis et lubricis casibus soluta legibus fortuna dominatur” (la fortuna es la que
reina, libre de toda ley, por medio de sus azares mudables e inseguros) (cf. 5, 13). Ao
contrário rebate o preponderante Octávio “...omnes homines sine dilectu aetatis” (cf. 16, 5),
todo homem é dotado de uma inteligência, e que este busca a verdade, portanto a busca da
verdade é gradual e assistida pela providência.
Cecílio com seu ceticismo, encontra apoio nos filósofos que segundo ele, tais opiniões
não podem ser contestadas pois a tradição é certa, é nestas opiniões, que ele combate as ideias
de Octávio (cf. 13,1) neste caso o maior expoente é Sócrates, segue ainda que segundo Cecílio
na ignorância das coisas há uma prudência. As escolas neo-académicas (cf. 13,3), que
afirmam a dúvida como prudência nas questões das essências das coisas.
Há ainda, um poeta na qual Cecílio tira seu maior exemplo moral e intelectual o lírico
Simónides; por sua flexibilidade nas respostas;
Qui Simonides, cum de eo, quid et quales arbitraretur deos, ab Hierone tyranno
quaereretur, primo deliberationi diem petiit, postridie biduum prorogavit, mox
alterum tantum admonitus adiunxit. Postremo, cum causas tantae morae tyrannus
inquireret, respondit ille 'quod sibi, quanto inquisitio tardior pergeret, tanto veritas
fieret obscurior48
.
46
Arcesilau (316-240 a.C) e Carnéades (214-129 a.C) foram dois representantes da Academia. (cf. Editorial
Ciudad Nueva, 2000. p. 77 ver nota 90). Arcesilau de Pitane, diz que nada se pode conhecer, nem a natureza
empírica das coisas através da representação, nem a natureza inteligível das coisas pelo inteligível das coisas
pelo entendimento. Desta forma, concluiu de modo inteiramente dogmático que nada é cognoscível, e limitou-se
a justificar a possibilidade da actividade humana discreteando sobre o critério do raciocínio. Carnéades tal como
Arcesilau, não aceitou que a representação compreensiva pudesse ser o critério do conhecimento (DICIONÁRIO
DAS GRANDES FILOSOFIA, 1973. p. 15). 47
Tradução do latim para o espanhol “Des esta fuente broto segura la duda de Arcesilao, y mucho después de
Carnéades y de mayor parte de los Académicos, em lo referente a las cuestiones de mayor importancia, por
medio de la cual pueden los ignorantes filosofar prudentemente y los sabios gloriosamente” (Biblioteca de
Patrística 52, Tradução e nota Victor Sanz Santacruz. Madrid. Editorial Ciudad Nueva, 2000, p. 76-77). 48
Tradução do latim para o espanhol “Cuando el tirano Hierón preguntó a Simónide qué pensaba acerca de la
naturaliza y características de los dioses, éste solicitó primeiro um día para deliberar, al día seguinte lo prorrogó
37
O testemunho dos filósofos e dos poetas por Cecílio, é uma exaltação as sentenças
socráticas e a vantagem de ser acético, aqui está a sabedoria. Louvores é dado as escolas
platônicas com ideais de Arcesilau e Carnéades seus maiores representantes. E por fim,
Simónides caracterizado por sua agudeza filosófica, de onde se depende toda sua
argumentação sobre a capacidade intelectual do homem, e sua máxima “a dúvida é a
maior prudência”, a impossibilidade de um conhecimento certo se apoia nestes textos
aclamado por Cecílio. Assim o conhecimento das verdades não é possível (cf. MINÚCIO,
1990, p. 27-28).
Octávio, ao contrário, a estes argumentos de Cecílio, baseado nas opiniões errôneas
dos filósofos, diz que, as opiniões são aparências, e os cristãos apregoam a sabedoria que tem
sua origem no espirito, desse modo os cristãos não adulteram as palavras da sabedoria, como
fazem os acadêmicos (cf. 38,5). Os cristãos segundo Octávio, confiam na sua própria força
argumentativa, pois esta depende da providência49
divina, “Dicam equidem, ut potero, pro
uiribus (...)” (cf. 16,1). Ainda assim, quanto as opiniões próprias se faz necessário recorrer aos
filósofos, para dar uma continuidade no pensamento, como faz Octávio em seu discurso,
como foi dito, não há ruptura com o pensamento antigo.
Cecílio, por sua vez, argumenta ser fácil demonstrar a verdade no seu discurso, apesar
de agnóstico (cf. 5, 2). A argumentação forte em seu discurso é que os cristãos não podem
conscientemente fundamentar sua religião, ou seja,
5, 4 Itaque indignandum omnibus, indolescendum est audere quosdam, et hoc
studiorum rudes, litterarum profanos, expertes artium etiam sordidarum, certum
aliquid de summa rerum ac maiestate decernere, de qua tot omnibus saeculis
sectarum50
plurimarum usque adhuc ipsa philosophia deliberat.51
a dos, luego, una vez amonestado, obtuvo outro tanto; por último, cuando el tirano le interrogó por las causas de
semejante demora, respondió que a medida que su investigación, de suyo lenta, avanzaba, tanto más oscura se le
volvia la verdad ” (Biblioteca de Patrística 52, Tradução e nota Victor Sanz Santacruz. Madrid. Editorial Ciudad
Nueva, 2000, p. 77). 49
“No primeiro momento, na tradição cristã, o termo “providência” indica a ação benfazeja de Deus a respeito
de pessoas, de grupo, de povo, da natureza ou mesmo da história [...] Assim também é a Providência que faz
chover numa região agrícola no momento oportuno. Tudo, finalmente, depende da Providência. Em face dos
acontecimentos que não são explicáveis ou de difícil compreensão, vê-se a “mão de Deus”, ou a
impenetrabilidade dos caminhos da Providência” (FRANGIOTTI, 1986, p. 19). 50
Sectarum plurimarum, quer dizer as muitas escolas filosóficas do seu tempo. 51
Tradução do latim para espanhol, “Por eso, a todos indigna y aflige que algunos, carentes además de estúdios
y cultura y desconocedores incluso de los ofícios más viles,, se atrvan a decretar alguna certeza em los assuntos
más importantes y sublimes, acerca de los que la filosofia misma, por médio de uma gran variedad de sectas,
delibera desde hace tantos siglo hasta el día de hoy” (Ibid., p. 58-59).
38
Cecílio, em sua opinião, os cristãos não tem prudência, pois não se pode conhecer algo
no limite de nossa pequenez. A divindade está além do pensamento humano, nós estamos
limitados a este espaço físico (cf. 5, 6), o agnóstico não ousa tal infâmia desrespeitosa com a
divindade,
5, 5 Nec inmerito, cum tantum absit ab exploratione divina humana mediocritas, ut
neque quae supra nos caelo suspensa sublata sunt, neque quae infra terram profunda
demersa sunt, aut scire sit datum aut ruspari religiosum, et beati satis satisque
prudentes iure videamur, si secundum illud vetus sapientis oraculum nosmet ipsos
familiarius noverimus.
O que Cecílio não entendeu no cristianismo é que o saber deve ser interior ao ser
humano, como a sentença diz: “Nosce te ipsum”, ela é dada no espírito. Daí, Octávio, pode
com toda confiança rebater as argumentações céticas de Cecílio duvidosas e indecisas sobre
as realidades do mundo “(...) sic nec dubitandum ei de cetero erit nec uagandum” (De este
modo, en adelante no dudará ni andará descaminado) (cf. 16, 4).
O que Octávio propõem a Cecílio é, que a religião na qual ingressou contém verdades
de fé, e esta verdade é o amadurecimento de toda a tradição antiga, e vai contra o pensamento
cético do amigo,
12, 7 Proinde si quid sapientiae vobis aut verecundiae est, desinite caeli plagas et
mundi fata et secreta rimari: satis est pro pedibus aspicere maxime indoctis inpolitis,
rudibus agrestibus, quibus non est datum intellegere civilia, multo magis denegatum
est disserere divina.52
E esta verdade é concedido aos cristãos “Nos, non habitu sapientiam sed mente
praeferimus, non eloquimur magna sed vivimus, gloriamur nos consecutos quod illi summa
intentione quaesiverunt nec invenire potuerunt”53
(38, 6), aos cristãos foi concedido tal
conhecimento porque procuraram nas sendas do espírito a verdade que outros não
encontraram pois procuram a verdade naquilo que era criatura as invenções humanas.
Para desfechar o discurso de modo transcendental, Octávio indiretamente fala que a
verdade54
, que foi tão buscada pelos filósofos, se manifestou no tempo oportuno55
, “Quid
52
Tradução do latim para o espanhol, “Por consiguiente, si hay todavia em vosostros algo de sabiduría o de
vergüenza, dejad de escudriñar los espacios celestes y los destinos y secretos del mundo; basta mirar lo que se
tiene delante de los pies, sobre todos tratándose de gente indocta e inculta, ignorante y rústica, pues a quienes no
les há sido dado el compreender las cuestiones relativas a la vida política, com mucha más razón les es denegado
discutir acerca de las cosas divinas” (Ibid., p, 76). 53
Tradução do latim para o espanhol, “Nosostros preferimos las sabiduría por su espíritu, no por su aspecto
externo, no ponemos la grandeza em la elocuencia, sino em el modo de vida, y nos gloriamos de haber alcanzado
lo que aquellos com enorme esfuerzo buscaron, sin poderlo encontrar” (Ibid., p. 147). 54
A verdade aqui se refere a Jesus Cristo Filho de Deus.
39
ingrati sumus, quid nobis invidemus, si veritas divinitatis nostri temporis aetate maturuit?
Fruamur bono nostro et recti sententiam temperemus: cohibeatur superstitio, impietas
expietur, vera religio reservetur” (38, 7). O Objetivo desse discurso, final de Octávio é que tal
verdade não se alcança imediatamente, mas, sim, numa busca constante, ou seja, ela é dada
pela providência, no espírito.
3.2.1 A religião para o romano
A religião para o homem romano, é de fato um componente importante, e esta
realidade é assumida conscientemente, pois ela é a garantia do revigoramento das instituições
romanas (cf. MINÚCIO, 1990, p 36-37). Para Cecílio, a religião é a garantia do bem maior
“mos maiorum”, e esta garantia vai se propagando na medida que ela se revigora, ou seja, no
acolhimento dos livros sagrados e na veneração dos deuses estrangeiros que os romanos
assumiram como seus,
7, 2 Specta de libris memoriam; iam eos deprehendes initiasse ritus omnium
religionum, vel ut remuneraretur divina indulgentia, vel ut averteretur imminens ira
aut iam tumens et saeviens placaretur56
.
Os romanos tinham uma predisposição religiosa que nem um outro povo teve,
6, 3 Sic, dum universarum gentium sacra suscipiunt, etiam regna
meruerunt. Hinc perpetuus venerationis tenor mansit, qui longa aetate non
infringitur, sed augetur: quippe antiquitas caerimoniis atque fanis tantum sanctitatis
tribuere consuevit quantum adstruxerit vetustatis57
.
Esta cadeia perpétua de louvor cultual garante a longevidade das instituições, a
religião romana é uma simbiose que vem de muitos séculos, daí o conservadorismo romano
com suas tradições (cf. 7,1). Octávio também se refere a estas práticas romanas de acrescentar
deuses a seu panteão (cf. 25, 8).
55
Octávio faz referência a Gálatas 4,4 “Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho”,
Jesus, A expressão designa a chegada do tempo escatológico, um tempo esperado. Com o cristianismo, Octávio
tem plena consciência que o mundo chegou a verdade a cerca de Deus. O mundo pré-cristão, antigo, só
conheceu parte fragmentada da verdade, somente com o advento do cristianismo é que há o conhecimento da
verdade e da uera religio (cf. 38, 6) e isso foi concedido aos cristãos. 56
Tradução do latim para o espanhol, “Mira los que has leído em los libros: descubrirás que nuestros
antepasados, al introducir los ritos de todas las religiones, lo hicieron bien para agradacer la complacencia
divina, bien para alejar su cólera inminente o para aplacarla, si ya se había desatado y desencadenado”
(Biblioteca de Patrística 52, Tradução e nota Victor Sanz Santacruz. Madrid. Editorial Ciudad Nueva, 2000, p.
63). 57
Tradução do latim para o espanhol, “De este modo, al aceptar los cultos de todos los pueblos, se hicieron
merecedores también de sus reinos. Desde entonces se ha mantenidos siempre en alto grado el respero, que no
sólo no disminuye com el tiempo, sino que aumenta, como quierea que los años Suelen conceder a las
ceremonias y a los templos tanta santidad cuanta vejez les añaden” (Ibid., p. 63).
40
O romano cristão por outro lado, apresenta um axioma de sua religião que em primeiro
lugar não necessariamente precisa comprovar, uma dessas é a particularidade que o
cristianismo tem como religião revelada. No caso de Octávio, ele não parte de seu discurso
sobre este axioma, mas, sim, objetivar que a nova religião é a verdadeira e coerente com a
tradição antiga.
Um outro fator é demonstrar a ignorância do povo romano na aceitação de uma
religião falsa comprovada pelos antigos, Octávio espoem a verdadeira religio, segundo a
exposição dos antigos58
, “Exposui opiniones omnium ferme philosophorum, quibus inlustrior
gloria est, deum unum” (He mostrado cómo, según las opiniones de casi todos los filósofos
que gozan de mayor fama, Dios es uno) (cf. 20, 1), a própria histórias dos deuses é a
manifestação de uma falsidade ideológica. Octávio chama a atenção a questão da
temporalidade da religião romana, onde Cecílio comenta que tal religio é incrementada
gradualmente com deuses estrangeiros e seus livros sacros, o que para Octávio o que há é
uma imoralidade generalizada que os romanos vão incrementando (cf. 25, 2).
Octávio formaliza uma nova cultura, preparando o âmbito para a aceitação da fé em
Jesus Cristo, o monoteísmo. Esta nova cultura cristã que vai surgindo, tem sua identificação
na recusa das festas profanas, culto estatal, e de qualquer tradição romana, (cf. MINÚCIO,
12,5; 8,5). A moralidade cristã é o ápice que diferencia Cristão e pagão,
35, 5 Et quamquam inperitia dei sufficiat ad poenam, ita ut notitia prosit ad veniam,
tamen si vobiscum Christiani comparemur, quamvis in nonnullis disciplina nostra
minor est, multo tamen vobis meliores deprehendemur59
.
Nesta parte da obra Octávio, censurou rigorosamente os romanos, seus deuses, festas,
guerra, poetas e todas as práticas de adivinhações. O mal que Roma sofre é devido as suas
práticas pagãs, e que há um só Deus que é providente, uno e criador de todas as coisas, e que
os cristãos seguem a verdadeira religião (cf. MINÚCIO, 31, 8). Os dois contendores como
58
Muitos Padres da Igreja, seguiram esta linha de continuidade com a tradição antiga da literatura grega-romana
- “Também Filolao, ao afirmar que Deus fechou tudo como em uma prisão, demonstra que Deus é uno e que está
acima da matéria. [Platão] diz o seguinte: “Ao criador e Pai de todo o universo não só é difícil encontrá-lo, mas,
uma vez, encontrado é difícil manifestá-lo a todos”, dando a entender que o Deus incriado e eterno e um [...]
Aristóteles e sua escola, que introduzem um só Deus[...] Quando aos estóicos, embora nos nomes multiplicam o
divino nas denominações que lhe dão, conforme as mudanças da matéria, na realidade, consideram Deus como
uno. Com efeito, [...] Deus é uno, segundo eles [...]. todos geralmente, até contra a sua vontade, estão de acordo
em que o divino é uno, e nós afirmamos que quem ordenou todo o universo, esse é Deus” (ATENÁGORAS,
Petição em favor dos cristãos, I 6-7, 1995). Conferir também com Minúcio Felix capítulo 20. 59
Tradução do latim para o espanhol, “Y pese a que el hecho de ignorar a Dios es suficiente para el castigo, de
igual modo que su conocimiento ayuda a obtener el perdón, cuando, no obstanón, cuando, no obstanón, cuando,
no obstante, los cristianos nos comparamos com vosotros, aunque la disciplina se ha relajado em algunos de los
nuestros, vemos com todo que somo muchos mejores que vosotros” (Ibid., p. 139).
41
vimos, assume conscientemente que a religião é de grande importância, um a pratica numa
visão acética, outro, por sua vez, na crença da providência.
3.3. A Providência
Na obra de Minúcio Felix, Octavius, a questão da providência, o autor parte da ordem
do mundo, em busca de um Deus criador e ordenador de todas as coisas, assim, “...a sua visão
sobre o mundo, projectam-se numa linha de continuidade: o que é terreno manifesta a
existência e a obra de Deus e, por seu lado, Este dá razão a existência do mundo, deixando
nele marcas da Sua presença” (MINÚCIO, 1990, p. 29).
Esta visão providencialista, de continuidade de Octávio, tem sua origem na ideia de
uma unidade universal na criação do mundo por Deus. A Providência é o motor, o poder
único (cf. MINÚCIO, 19, 9) que controla toda a natureza. É evidente que, esta ideia de
abarcar o tempo e o espaço numa história universal para demonstrar a existência de um único
Deus providente é amparado pela Sagrada Escritura, as histórias e os acontecimentos parciais,
todos estes acontecimentos dão testemunho da Providência (cf. ARIÈS, 1989, p. 102).
Octávio, parte dos elementos da natureza para demonstrar a manifestação e a
existência do Deus Uno e indivisível60
(cf. MINÚCIO, 18, 5), este é o melhor meio para se
chegar a divindade, embora Octávio concorde com Cecílio em um ponto, Deus não é de total
compreensão para a razão humana “Eloquar quemadmodum sentio: magnitudinem Dei qui se
putat nosse, minuit: qui non vult minuere, non novit” (MINÚCIO, 18, 9)61
. Deus é de tal
modo que nada pode contê-lo (cf. MINÚCIO, 32,1).
A própria constituição do ser humano configura a manifestação de Deus criador, “Ipsa
praecipue formae nostrae pulchritudo Deum fatetur artificem, status rigidus, vultus erectus,
oculi in summo velut in specula constituti et omnes ceteri sensos velut in arce compositi”
60
“Na antiguidade, o filósofo estóico, sobretudo, entendia o mundo como unidade dominada por força divina
imanente, por lei divina racional. Com isso, ele se vê incorporado no Tudo, ele conhece o lugar que deve ocupar,
lugar que lhe estava reservado. O mundo torna-se para ele o cosmos, um todo harmonioso” (FRANGIOTTI,
1986, p. 29). 61
Embora a razão humana, absolutamente falando, possa realmente, só com suas forças e luz natural, chegar ao
conhecimento verdadeiro e certo de um só Deus pessoal, que com sua Providência conserva e governa o mundo,
e [ao conhecimento] da lei natural impressa pelo Criador em nossa almas – no entanto, muitos são os obstáculos
que impedem a razão de usar, eficaz e frutuosamente, esta sua natural capacidade. Com efeito, as verdades que
se referem a Deus e às relações entre Deus e os homens transcendem totalmente a ordem das coisas sensíveis e,
quando postas na prática da vida e a in-formam, exigem doação e abnegação de si mesmo (COLLANTES, 2003,
p. 98).
42
(MINÚCIO, 17, 11), esta visão providencialista62
de Octávio faz do homem um ser que busca
as verdades eternas, “hominem nosse se et circumspicere debere, quid sit, unde sit, quare sit:
utrum elementis concretus an concinnatus atomis, an potius a Deo factus, formatus, animatus,
animatus” (MINÚCIO, 17, 1).
Há “também os diversos elementos da natureza” (MINÚCIO, 1990, p 29), a
ordem da coisas que marcam a presença da providência na harmonia do mundo “cum ordo
temporum ac frugum stabili varietate distinguitur, nonne auctorem suum parentemque testatur
ver aeque cum suis floribus et aestas cum suis messibus et autumni maturitas grata et hiberna
olivitas necessaria?” (MINÚCIO, 17, 7). Tudo o que Deus criou, com sua sabedoria, E´le
conserva e governa com sua providência63
, desse modo atingindo uma extremidade a outra da
criação poderosamente “fortiter”. Este capítulo põem em relevo a questão da existência de
Deus, Octávio não tem dificuldade em demostrar a existência de Deus, ele vai tecendo numa
linha de continuidade tal demonstrabilidade ao transcendental numa visão platônica “quibus
exempla utique de caelo”, também aqui reflete o livro de Sabedoria de Salomão 13, 3 “pois
foi a própria fonte da beleza que as criou”, Octávio, além do toque grego que dá a sua obra
enfatiza também a grandeza e o poder Deus na criação,
18, 5 Ni forte, quoniam de providentia nulla dubitatio est, inquirendum
putas, utrum unius império na arbítrio plurimorum caeleste regnum gobernetur;
quod ipsum non est multi laboris aperire cogitanti imperia terrena, quibus exempla
utique de caelo64.
A projeção que Octávio faz do mundo material para demonstrar a presença Deus na
natureza e sua ação providencial,
32, 4 At enim quem colimus deum, nec ostendimus nec videmus. Immo ex hoc
deum credimus, quod eum sentire possumus, videre non possumus. In operibus enim
eius et in mundi omnibus motibus virtutem eius semper praesentem aspicimus, cum
tonat, fulgurat, fulminat, cum serenat65.
62
“Confiança na ação da providência. Doutrina que vê na história uma ordem ou um plano providencial”
(ABBAGNANO, 2012, p. 948). 63
“Ela é também, ao mesmo tempo, a Providência reinando sobre o cosmos inteiro e cuja ação pode ser
demonstrada pela ordem das coisas e sua utilidade” (FRANGIOTTI, 1986, p 30). 64
Tradução do latim para o espanhol, “Si tal vez, pues acerca de la providencia no hay duda alguma, piensas que
hay que indagar si el reino celeste es governado por el poder de uno solo o por el común acuerdo de varios, eso
mismo no oferece gran dificultad a quien considera los impérios de la terra, que toman asimismo sus modelos del
cielo” (Biblioteca de Patrística 52, Tradução e nota Victor Sanz Santacruz. Madrid. Editorial Ciudad Nueva,
2000, p. 88). 65
“No obastante, no mostramos ni vemos al Dios al que adoramos. Precisamente por eso creemos que es Dios,
porque podemos comprenderle, pero no verle. Porque es em todas sus obras y em los movimentos todos del
universo donde percibimos su poder siempre presente, ya truene, relampaguee, caigan rayos o se haga la calma”
(Biblioteca de Patrística 52, Tradução e nota Victor Sanz Santacruz. Madrid. Editorial Ciudad Nueva, 2000, p.
131).
43
É segundo, Lalande (1999, p. 880),
Ação que Deus exerce sobre o mundo enquanto vontade que conduz os
acontecimentos para os seus fins. Se se considerar que a organização permanente das
coisas, o estabelecimento de leis fixas cujos efeitos benfazejos foram previstos, e em
virtude dos quais essas leis foram escolhidas, essa ação é designada Providência
geral; a intervenção pessoal, ou pelo menos, análoga a de uma pessoa, no curso dos
acontecimentos sucessivos, é dita Providência particular. ‘A providência de Deus
consiste principalmente em duas coisas. A primeira, em ter começado, ao criar o
mundo e tudo o que ele contêm, a mover a matéria de maneira que há o menor
possível de desordem na natureza, e na combinação da natureza com a graça. A
segunda, em que Deus remedia através de milagres as desordens que acontecem em
conseqüência da simplicidade das leis naturais, desde que a ordem o exija; porque a
ordem é relativamente a Deus uma lei que jamais se dispensa’.
E, “por fim, a admiração é o fruto de quem contempla a natureza e por meio dela a
presença do seu Autor, que é Deus. É o que Octávio exprime por meio do «símile» «casa» /
«mundo» e respectivos «senhores» (cf. MINÚCIO, 1990, p. 30),
18, 4 Quod si ingressus aliquam domum omnia exculta, disposita, ornata vidisses,
utique praeesse ei crederes dominum et illis bonis rebus multo esse meliorem: ita in
hac mundi domo, cum caelo terraque perspicias providentiam, ordinem, legem,
crede esse universitatis dominum parentemque ipsis sideribus et totius mundi
partibus pulchriorem66
.
Esta visão da doutrina estoica de Octávio do cosmo, “segundo o estoicismo, as ações
exteriores estão sujeitas a um processo do mundo predeterminado pela Providência”
(FRANGIOTTI, 1986, p. 32), assim,
Governo divino do mundo, geralmente distinguido de destino, pois é considerado
como existência em Deus, ao passo que o destino é esse governo visto através das
coisas do mundo. A noção de Providência faz parte integrante do conceito de Deus
como criador da ordem do mundo ou como sendo Ele mesmo esta ordem
(ABBAGNANO, 2012, p. 948).
Além de uma visão da projeção humana no divino para sua demonstrabilidade,
também se faz o reverso. A inteligência humana, para Octávio, depende da compreensão de
Deus, ou seja, o divino é projetado no homem (cf. MINÚCIO, 1990, p. 30),
17, 2 Quod ipsum explorare et eruere sine universitatis inquisitione non possumus,
cum ita cohaerentia, conexa, concatenata sint, ut nisi divinitatis rationem diligenter
excusseris, nescias humanitatis, nec possis pulchre gerere rem civilem, nisi
cognoveris hanc communem omnium mundi civitatem, praecipue cum a feris beluis
hoc differamus, quod illa prona in terramque vergentia nihil nata sint prospicere nisi
pabulum, nos, quibus vultus erectus, quibus suspectus in caelum datus est, sermo et
ratio, per quae deum adgnoscimus, sentimus, imitamur, ignorare nec fas nec licet
66
“Si, entrando em uma casa, vieras todo muy cuidado, ordenado y adornado, creerías sin duda que tiene dueño
y que él es demás mucho mejor que todas esa cosas buenas; de modo parecido, cuando em esta del mundo
reconeces, em los cielos y em la tierra, uma providencia, um ordem, uma ley, debes crer también que hay um
dueño y padre de todo, mucho más hermoso que los mismos astros y que las diferentes partes del mundo”
(Biblioteca de Patrística 52, Tradução e nota Victor Sanz Santacruz. Madrid. Editorial Ciudad Nueva, 2000, p.
87).
44
ingerentem sese oculis et sensibus nostris caelestem claritatem: sacrilegii enim vel
maxime instar est, humi quaerere quod in sublimi debeas invenire67
.
Tudo depende da providência, as lei da natureza, “diante daquilo que parece irracional,
indeterminado, dividido, [...], é ordenado e dirigido em vista do bem do conjunto”
(FRANGIOTTI, 1986, p. 32-33). Assim, “A Providência torna-se o aspecto noético do
mundo, sem o qual o mundo fica incompreensível e insuportável” (FRANGIOTTI, 1986, p.
73). Octávio, mostra que há uma divindade provida de uma inteligência (cf. 17, 4), “ativa e
amorosa vontade do Deus pessoal e criador em relação aos seres por Ele criados; e de modo
particular em vista da realização do plano salvífico em relação homem” (DICIONÁRIO
PATRÍSTICO, 2002, p. 1198). Desse modo, tudo depende dEle, “iam scies, quam sit in eo
summi moderatoris mira et divina libratio” (MINÚCIO, 17, 5).
Octávio, aponta, que
Deus se manifesta pela finalidade estrutural que transmite a tudo o que criou. Mas
acrescentemos, ainda, que as duas projecções apontadas revelam uma conexão
mútua (17.4): «Quid enim potest esse tam apertum, tam confessum, tamque
perspicuum, cum óculos in caelum sustuleris et quae infra circaque lustraueris, esse
aliquod numen praestantissimae mentis, que omnis natura inspiretur, noueatur,
alatur, gubernetur?» esta interação proporciona um processo de híbrida comunhão,
que não deixa de apontar para um a certa experiência de cariz místico e não apenas
para determinado grau de conhecimento (MINÚCIO, 1990, p. 30).
Octávio, tem sua fé na providência, “Deum credimus” (MINÚCIO, 32, 4), esta fé é
somente concedida aos fiéis que creem em Deus, ao contrário de Cecílio que aposta no
“nullo”,
O ensino sobre a Providência divina é para os padres uma verdade fundamental. A
negação da providência acarreta a recusa de aceitar toda a economia cristã e
contraria uma das conclusões mais seguras da filosofia helênica. Neste ponto, a
filosofia helênica está em pleno acordo com a fé (FRANGIOTTI, 1986, p. 60-61).
O que Octávio propõem é, deixemos de lado as concepções na crença do fatum, este
imperativo superficial, uma ilusão na qual o homem coloca sua vida sob as fatalidades e
causas sucessivas naturais como sendo deus, esta causa depende de uma outra causa, que por
sua vez, gera um efeito. Este efeito, o destino, causa no homem a não resistência ao mal, o
67
“Esto no podemos, sin embargo, explorarlo y descubrirlo sin investigar el enterro universo, pues todas las
cosas se hallan tan vinculadas, conectadas y concatenadas que, si no se há examinado con atención la naturaliza
de la divindad, no se puede conocer la de humanidad, ni se puede tampoco dirigir bien los assuntos civiles si no
se conoce antes esa ciudad comúm a todos que es el mundo; sobre todo, si tenemos em cuentaque nos
diferenciamos de las bestias en el hecho de que éstas, inclinadas y vueltas hacia la tierra, no han nacido sino para
mirar el pasto, mientras que a nosostros, provistos de um rosto erguido y de uma mirada dirigida hacia el cielo, a
quienes nos han sido dadas la palabras y la razón mediante las cuales podemos conocer, comprender e imitar a
Dios, no nos está permitido ni nos es lícito ignorar la claridad celeste que se impone a nuestros ojos y a nuestros
sentidos; es um gran sacrilégio buscar em la tierra lo que se debe encontrar em lo más alto” (Biblioteca de
Patrística 52, Tradução e nota Victor Sanz Santacruz. Madrid. Editorial Ciudad Nueva, 2000, p. 83-84).
45
que para Octávio, é uma conjuntura de demônios (cf. 31,1), pois, que na realidade, esta
submissão ao fatum, é a falta de verificar a verdade.
3.3.2 A fé monoteísta
A fé em um único Deus, Octávio o demonstro pela ação da Providência na natureza e
na história humana. O novo conceito de Deus uno, sua unicidade, foi descrita no capítulo dez,
de Octavius. Este Deus Uno já fora professado pelos judeus “Iudaeorum sola et misera
gentilitas unum et ipsi deum, sed palam, sed templis, aris, victimis caerimoniisque
coluerunt68
” (MINÚVIO, 10, 4).
Deus é apresentado em Octavius, como, um Deus que inspira a verdade, um Deus que
assisti e dá assistência ao homem (cf. MINÚCIO, 40, 4), o interessante é que esta premissa
vem da boca de Cecílio quando da sua conversão.
Apresentação
CONDISERSAÇÕES FINAIS
68
“Sólo el miserable Pueblo judio há honrado a um dios único, pero publicamente, con templos, altares, víctimas
y ceremonias” (Biblioteca de Patrística 52, Tradução e nota Victor Sanz Santacruz. Madrid. Editorial Ciudad
Nueva, 2000, p. 71).
46
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