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Factores determinantes da formação e sobrevivência

de novas empresas:

Características do promotor, da iniciativa e do território na

sobrevivência

Paulo Madruga ([email protected])

Vítor Escária ([email protected] )

Instituto Superior de Economia e Gestão Universidade Técnica de Lisboa

(versão preliminar de Março de 2005 - agradecem-se comentários)

Resumo:

Este trabalho tem como objectivo principal analisar os principais determinantes da

sobrevivência das novas empresas procurando integrar simultaneamente factores

relacionados com as características do promotor, da iniciativa criada e do território onde

a iniciativa se desenvolve.

Os resultados obtidos permitem confirmar a relevância que as características individuais

dos promotores das iniciativas têm em termos da criação de condições para a

sustentabilidade da iniciativa e apontam, igualmente, para a necessidade de equacionar

em simultâneo a questão da iniciativa e da sobrevivência empresarial.

Palavras chave: Demografia empresarial; Iniciativa empresarial; Modelos de

sobrevivência empresarial.

Códigos JEL: L1,R1

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1. INTRODUÇÃO

A análise da variação territorial da iniciativa empresarial tem sido objecto de tratamento

relativamente diversificado e aprofundado quanto aos factores que podem estar na sua

génese (ver por exemplo no caso português, Madruga, Escária e Rodrigues 2000). A

questão da variação espacial na sobrevivência da iniciativa empresarial não tem, no

entanto, obtido a mesma atenção apesar do reconhecimento da sua importância

enquanto factor fundamental no crescimento económico regional em geral (Van Stel,

A., Carree, M, e Thurik, R., 2005) e do emprego em particular (Baptista, R., Escária, V. e

Madruga P., 2005). Uma das razões para esta menor atenção pode residir na dificuldade

acrescida em construir informação de suporte ao desenvolvimento de estudos nesta área

A menor atenção ao estudo da variabilidade espacial da sobrevivência empresarial não

tem, no entanto, correspondência na análise dos factores que influenciam a

sobrevivência empresarial em geral. Esta área tem assistido à produção de um número

diversificado de trabalhos onde é possível encontrar duas linhas de investigação

relativamente diferenciadas. Uma das linhas de investigação procura analisar

fundamentalmente a relação entre a sobrevivência e as condições iniciais da iniciativa

criada e da sua envolvente, nomeadamente das características do sector de actividade. A

segunda via de investigação coloca a ênfase na relação entre a capacidade de

sobrevivência das novas empresas e as características dos seus promotores.

Neste trabalho procura-se analisar os principais determinantes da sobrevivência das

novas empresas procurando integrar simultaneamente factores relacionados com as

características do promotor, da iniciativa criada e do território onde a iniciativa se

desenvolve.

O trabalho encontra-se organizado em seis pontos incluindo esta introdução. No ponto

seguinte apresenta-se uma breve revisão das principais hipóteses e da evidência

empírica passada sobre a questão da sobrevivência das novas empresas (secção 2). A

secção 3 descreve o processo de construção da informação de suporte a este trabalho e a

secção 4 apresenta algumas das principais características da sobrevivência empresarial e

a sua relação com a taxa de iniciativa empresarial. Na secção seguinte procede-se à

estimação de um modelo de sobrevivência empresarial das novas empresas e à análise

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dos principais resultados. Finalmente, na última secção, resumem-se os principais

resultados e apresentam-se algumas pistas para desenvolvimentos futuros.

2. PRINCIPAIS HIPÓTESES NA ANÁLISE DA SOBREVIVÊNCIA

EMPRESARIAL

A generalidade dos trabalhos empíricos sobre a temática da sobrevivência

empresarial tem mostrado de forma clara a existência de uma relação entre o nível de

sobrevivência empresarial e a idade da empresa. Esta ligação é formulada,

fundamentalmente no âmbito da ecologia organizacional, através do estabelecimento de

um conjunto de handicap que a idade das empresas provoca na sobrevivência e no seu

desenvolvimento. No caso particular da sobrevivência das novas empresas dois tipos de

handicap são particularmente relevante.

O primeiro tipo de handicap manifesta-se através da verificação de reduzidas

taxas de sobrevivência das empresas nos primeiros anos de vida o que levou a que, por

exemplo Geroski(1995) e Audretsch(1995), comparando o fenómeno da sobrevivência

com o fenómeno da entrada, afirmassem que mais do que barreiras à entrada existem

barreiras à sobrevivência. Este handicap inicial, pode ser justificado pela dificuldade

que as novas empresas têm na fase inicial em obter a informação e organizar os recursos

de forma a garantir níveis de eficiência semelhantes aos das empresas já estabelecidas

no mercado.

Outro tipo de handicap está relacionado com a dimensão inicial das novas

empresas (handicap dimensional). O facto destas empresas iniciarem a sua actividade

com dimensões claramente inferiores à média dos sectores em que se inserem cria outro

constrangimento à sua sobrevivência não possibilitando uma grande capacidade para

resistir face alguns problemas económicos que possam surgir constatando-se, na

generalidade dos trabalhos, que a probabilidade de sobrevivência se encontra

positivamente relacionada com o tamanho inicial da empresa.

As altas taxas de saída de empresas nos primeiros anos de vida, observadas para a

generalidade dos países e dos sectores de actividade, coloca a questão de justificar a

existência de elevadas taxas de iniciativa face ao considerável risco de saída. Uma das

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hipóteses de resposta resulta do facto de que, quando os resultados económicos

posteriores à entrada dependem mais das capacidades e talentos dos promotores, estes

tendem a sobrevalorizar as suas possibilidades de êxito e revelam maiores níveis de

iniciativa (Camerer e Lovallo, 1999). Neste sentido uma parte da elevada sobrevivência

empresarial tem origem no excesso de confiança e optimismo dos promotores em

termos do seu posicionamento relativo no universo global dos empreendedores.

O interesse da influência das características individuais dos promotores das novas

empresas sobre os níveis de sobrevivência tem vindo assim a merecer uma atenção

crescente. Entre as características dos promotores com maiores repercussões sobre a

capacidade de sobrevivência está a sua dotação em termos de capital humano,

parecendo existir uma relação clara entre o nível de habilitações escolares, e em

particular a formação de nível superior, e a maior sobrevivência da iniciativa criada.

O enriquecimento da dotação em capital humano em aspectos relacionados com a

experiência profissional acumulada, nomeadamente a experiência anterior ligada à

criação de novas empresas, o facto de já anteriormente ter exercido posições directivas

ou de já ter uma experiência profissional no mesmo sector de actividade, reforça

igualmente a capacidade de sobrevivência das iniciativas criadas.

Este efeito traduz-se igualmente na existência de uma relação positiva entre a

idade e a sobrevivência empresarial, sendo que neste caso existe um duplo efeito da

idade pois, para além de maiores idades estarem associadas a maiores sobrevivências,

os promotores mais jovens têm maior probabilidade de criar novas iniciativas ou de

escolher outros percursos dado que uma qualquer diferença de rendimento se traduz

num maior valor da alternativa na medida em que mesma terá maior duração potencial.

Finalmente, a relação entre a sobrevivência das novas empresas e o ambiente

territorial onde as iniciativas se inserem pode ser formulado de uma forma simples

através de duas hipóteses extremas. A primeira prolonga a hipótese de que os ambientes

territoriais favoráveis à iniciativa empresarial são igualmente um meio favorável ao

desenvolvimento das novas empresas e que por isso deverá verificar-se uma relação

positiva entre iniciativa e sobrevivência das novas empresas. De forma oposta, pode

igualmente considerar-se a hipótese de que maiores taxas de iniciativa têm como

consequência um maior número de empresas a competir nos mesmos nichos de mercado

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e que por essa razão será de admitir a existência de uma relação negativa entre a taxa de

iniciativa empresarial e taxa de sobrevivência das novas empresas.

3. SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE ACOMPANHAMENTO DAS

TRAJECTÓRIAS DAS EMPRESAS

A análise da sobrevivência empresarial realizada neste trabalho baseia-se num

sistema de informação para avaliação das trajectórias das empresas e dos

estabelecimentos que tem como elemento central de suporte os Quadros de Pessoal do

Ministério do Trabalho e Solidariedade, para o horizonte temporal 1982-2002, sendo,

complementado pelo Ficheiro Central de Empresas e Estabelecimentos do INE e por

informação referente ao Registo Nacional de Pessoas Colectivas do Ministério da

Justiça.

Os Quadros de Pessoal constituem uma fonte de informação administrativa, de

periodicidade anual e de entrega obrigatória, para todas as entidades, com excepção da

administração pública, que empregam pelo menos um trabalhador por conta de outrem1

e engloba informação sobre um conjunto de características individuais do trabalhador e

dos estabelecimentos e empresas em que se encontram inseridos.

A construção do sistema longitudinal de acompanhamento das trajectórias de vida para

as empresas (DEMOGEMP) e dos estabelecimentos (DEMOGEST), com base na informação

dos Quadros de Pessoal, colocou um conjunto de questões metodológicas que importa

clarificar.

O desenvolvimento do sistema longitudinal foi gerado a partir da ligação dos vários

ficheiros anuais dos Quadros de Pessoal. Deste modo, é possível passar do stock

empresas verificado no momento t (St) para o stock de empresas observado em t+1 (St+1)

considerando as empresa que entram e saem da base de dados:

1 , 1 , 1t t t t t tS S E X+ + += + −

1 Desde de 2000 os Quadros de Pessoal contemplam também os empresários em nome individual sem trabalhadores

por conta de outrem se bem que ainda sem carácter obrigatório.

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Em que Et,t+1 designa o conjunto das empresas que entram na base de dados e Xt,t+1 as

empresas estando na base no momento t não se encontram em t+1. No entanto, é

possível efectuar algumas distinções entre as entradas, nomeadamente distinguindo

entre as que acontecem pela primeira vez e reentradas (Rt,t+1), ou seja, empresas que

anteriormente a t já tinham estado em algum momento na base. No conjunto das

empresas que entram pela primeira vez nos Quadros de Pessoal, pode ainda distinguir-

se entre aquelas que são resultado da criação de novas unidades no período (Nt,t+1) e

aquelas que já existiam anteriormente e que correspondem a uma melhoria no grau de

cobertura da base de dados (Ct,t+1). Tem-se então:

, 1 , 1 , 1 , 1t t t t t t t tE N C R+ + + += + +

A distinção entre a criação de uma nova unidade empresarial e a situação de melhoria

da cobertura da base de dados implicou que se procurasse um critério para a

determinação do ano de início de actividade para os novos registos na base de dados,

procurando o mais possível seguir um critério de natureza económica em detrimento de

um critério de natureza jurídica.

Do mesmo modo, é possível distinguir no conjunto das saídas entre empresas que saem

definitivamente da base (Dt,t+1) e empresas com saídas temporárias, ou seja que em

momento posteriores voltarão a reentrar na base de dados (Tt,t+1). Tem-se assim:

, 1 , 1 , 1t t t t t tX D T+ + += +

Substituindo as equações da entrada e da saída na equação do stock obtém-se:

1 , 1 , 1 , 1 , 1 , 1t t t t t t t t t t t tS S C N R T D+ + + + + += + + + − −

Foi esta decomposição que se procurou aplicar na construção do sistema longitudinal de

acompanhamento da trajectória das empresas e dos estabelecimentos e que para o caso

particular das empresas se apresenta no quadro seguinte.

Sistema longitudinal de acompanhamento das trajectórias das empresas (1982-2002)

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A aplicação desta decomposição evidencia de forma nítida os elevados ritmos de

entrada e saída de empresas da base de dados. Uma ilustração simples deste situação

pode ser efectuada através da comparação entre a variação do número de empresas

existentes entre 1982 e 2002, (cerca de 200 mil empresas) e o número total de registo na

existentes no sistema (638 242 registos), ou seja, por cada novo registo de empresa que

se encontra activo no final do período, foi necessário surgirem 2,8 registos de novas

empresas.

Stock inicial

Melhoria cobertura

Entradas Novas Reentradas

Entradas Total

Saídas definitivas

Saídas temporárias

Saídas Total

Stock Final

(1) (2) (3) (4) (5)=(2+3+4) (6) (7) (8)=(6+7) (9)=(1+5-8)

82/83 91261 6271 14251 0 20522 9582 4544 14126 97657 83/84 97657 3051 10527 3339 16917 10937 4599 15536 99038 84/85 99038 2332 10140 4385 16857 8272 5422 13694 102201 85/86 102201 2753 12969 4471 20193 9705 5919 15624 106770 86/87 106770 2780 14915 4009 21704 9726 7883 17609 110865 87/88 110865 3018 18619 6347 27984 9183 6892 16075 122774 88/89 122774 3009 21948 7142 32099 10304 7415 17719 137154 89/90 137154 2496 18982 5758 27236 12659 11425 24084 140306 90/91 140306 2660 21044 7784 31488 12071 11129 23200 148594 91/92 148594 2679 20860 9714 33253 12345 10311 22656 159191 92/93 159191 2596 20757 9086 32439 14264 11490 25754 165876 93/94 165876 5229 31604 12753 49586 19583 11573 31156 184306 94/95 184306 2782 23452 9587 35821 16020 11837 27857 192270 95/96 192270 2401 23478 10755 36634 16600 14746 31346 197558 96/97 197558 2799 26778 15407 44984 16683 12270 28953 213589 97/98 213589 2502 29823 13319 45644 18653 11761 30414 228819 98/99 228819 2483 30940 13288 46711 20518 10771 31289 244241 99/00 244241 4796 41097 14269 60162 25707 9995 35702 268701 00/01 268701 10577 38102 13354 62033 37565 9163 46728 284006 01/02 284006 9111 40370 14378 63859 48075 0 48075 299790

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4. DIFERENÇA NAS TAXAS DE RISCO E DE SOBREVIVÊNCIA

EMPRESARIAL

A análise da sobrevivência empresarial baseada no acompanhamento da trajectória

temporal de observações individuais tem já alguma tradição no âmbito da economia

industrial e da economia do trabalho. A principal especificidade deste tipo de análise

resulta do facto da informação utilizada ser incompleta, uma vez que, no momento de

realização do estudo, para um conjunto significativos de casos, não é possível saber o

que lhes irá acontecer para além de uma determinada idade (dados “censurados à

direita”).

Nesta situação o recurso à construção de tabelas de sobrevivência constitui uma das vias

privilegiadas de análise permitindo a obtenção de informação acerca das funções de

sobrevivência e de risco das empresas (ver por exemplo Mata e Portugal(1994) e

Fotopoulos e Louri(2000)). Deste modo importa considerar:

• a taxa de sobrevivência do período t, - S(t) - definida como o número de

empresas em actividade em t em relação ao número total de empresas

consideradas na análise:

.( ) E acti tS tTotal emp

=

• a taxa de risco no período t – h(t) -representa a probabilidade de que uma

empresa que tenha sobrevivido até ao período t termina a sua actividade no

período “t+∆t”;

( )( ) 1( 1)S th t

S t= −

Nas figuras seguintes apresentam-se as taxas de sobrevivência acumulada e a taxa de

risco para o conjunto das empresas com data de início de actividade posterior a 1986,

pertencentes aos sectores dos sectores da Indústria (CAE 15 a 37), Comércio e Turismo

(CAE 50 a 55) e Serviços às Empresas (CAE 70 a 74), que tenham como natureza

jurídica a forma de empresa em nome individual, sociedade por quotas ou sociedade

anónima e que a dimensão inicial fosse igual ou inferior a 50 pessoas ao serviço.

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Tabela de Sobrevivência para o conjunto das empresas (1986-2002)

Nº Observ. C. Censur. Exp ao risco Saídas Taxa de SaídaTaxa de sobrev.

Taxa de Sobrev. acumul Taxa de risco

j nj Cj rj=nj-Cj/2 xj xrj=xj/rj srj=(1-xrj) Pj=srj*Pj-1 hj=2xrj/(2-xrj)

0-1 294768 22827 283354,5 44474 0,157 0,843 0,843 0,1703

01-02 227467 17207 218863,5 23848 0,109 0,891 0,7512 0,1152

02-03 186412 16342 178241 16680 0,0936 0,9064 0,6809 0,0982

03-04 153390 11655 147562,5 12730 0,0863 0,9137 0,6221 0,0902

04-05 129005 10849 123580,5 9596 0,0776 0,9224 0,5738 0,0808

05-06 108560 9286 103917 7718 0,0743 0,9257 0,5312 0,0771

06-07 91556 7949 87581,5 6467 0,0738 0,9262 0,492 0,0767

07-08 77140 7632 73324 5404 0,0737 0,9263 0,4557 0,0765

08-09 64104 9698 59255 4105 0,0693 0,9307 0,4242 0,0718

09-10 50301 6574 47014 3341 0,0711 0,9289 0,394 0,0737

10-11 40386 6041 37365,5 2847 0,0762 0,9238 0,364 0,0792

11-12 31498 5946 28525 2226 0,078 0,922 0,3356 0,0812

01-12 23326 5385 20633,5 1760 0,0853 0,9147 0,307 0,0891

13-14 16181 6058 13152 1082 0,0823 0,9177 0,2817 0,0858

14-15 9041 4751 6665,5 481 0,0722 0,9278 0,2614 0,0749

Taxa de risco para o conjunto das empresas Taxa de sobrevivência acumulada

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Nº de anos de vida

Taxa

de

risc

o

a

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Nº de anos de vida

Sobr

eviv

ênci

a A

cum

ulad

a

a

Taxa de risco para o conjunto das empresas Taxa de sobrevivência acumulada

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Nº de anos de vida

Taxa

de

risc

o

a

Indústria Comércio Serviços

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Nº de anos de vida

Sobr

eviv

ênci

a Ac

umul

ada

a

Indústria Comércio Serviços

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As figuras anteriores mostram a característica decrescente da taxa de risco ao longo dos

primeiros anos de vida e a existência de valores diferenciados por sectores de

actividade.

A observação da relação entre a taxa de sobrevivência das novas empresas e o ambiente

territorial onde as iniciativas se inserem permite constatar a existência de uma relação

negativa.

Relação entre a taxa de sobrevivência acumulada ao final de 5 anos e a Taxa de Iniciativa Empresarial (1986-2002)

0,45

0,5

0,55

0,6

0,65

2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00 5,50 6,00 6,50 7,00

Taxa de Iniciativa Empresarial

Taxa

de

sobr

ev. a

5 a

nos

a

Taxa de Iniciativa Empresarial= Nº de novas empresas em cada NUTS III / Emprego total na NUTSIII

Taxa de sobrevivência empresarial e taxa de iniciativa (Média 1986-2002)

Taxa de sobrevivência empresarial e taxa de iniciativa (Média 1996-2002)

N

30 0 30 Km

evada Iniciativa e evada Sobrevivência

evada Iniciativa e aixa Sobrevivência

aixa Iniciativa e evada Sobrevivência

aixa Iniciativa eaixa Sobrevivência

N

30 0 30 Km

Elevada Iniciativa e Elevada Sobrevivência

Elevada Iniciativa e Baixa Sobrevivência

Baixa Iniciativa e Elevada Sobrevivência

Baixa Iniciativa eBaixa Sobrevivência

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5. ANÁLISE DOS DETERMINANTES DA SOBREVIVÊNCIA EMPRESARIAL

A análise dos determinantes de sobrevivência das novas empresas tem como

objectivo testar um conjunto de hipóteses atrás enunciadas, em particular a dotação em

capital humano dos promotores, confrontando com a dotação média inicial na iniciativa

criada e, simultaneamente, a relevância do ambiente territorial onde a iniciativa se

insere. A lista com definição das variáveis consideradas encontra-se apresentada no

quadro seguinte.

Factores considerados na análise da sobrevivência empresarial.

Variáveis

Nome

Relação Esperada

Definição

Características do promotor: - Idade Idade + Idade média dos promotores da iniciativa -Nº médio de anos de escolaridade Escol + Nº médio de anos de escolaridade -Grau Universitário Univer + Dummy (1 se pelo menos um dos promotores tem

algum grau académico superior) Características da iniciativa: -Dimensão inicial Pemp_e + Nº de pessoas ao serviço no início da nova empresa -Idade média Idade_e + Idade média do pessoal ao serviço no ano inicial -Nº médio de anos de escolaridade Escol_e + Nº médio de anos de escolaridade do pessoal ao

serviço no ano inicial -Experiência potencial Exper_e + Idade -número de anos de escolaridade + 6 -Pessoal com Grau Universitário Univer_e ? Dummy (1 se entre o pessoal ao serviço existe

alguém com grau académico superior) Características do Território - Taxa de iniciativa empresarial Txinic_t ? Nº de novas empresas em cada NUTS III / emprego

total contas regionais Nota: A totalidade das variáveis consideradas tem por base o sistema de informação considerado com excepção do denominador da taxa de iniciativa empresarial que, pelo facto da não consideração nos Quadros de Pessoal da totalidade do emprego optou-se por considerar o emprego das Contas Regionais do INE.

Neste ponto, seleccionaram-se, apenas, também, as empresas com data de início

de actividade posterior a 1986, dos sectores da Indústria (CAE 15 a 37), Comércio e

Turismo (CAE 50 a 55) e Serviços às Empresas (CAE 70 a 74), que tivessem como

natureza jurídica a forma de empresa em nome individual, sociedade por quotas ou

sociedade anónima e que a dimensão inicial fosse igual ou inferior a 50 pessoas ao

serviço. Simultaneamente, pelo facto de se pretender integrar informação sobre os

promotores das novas empresas, restringiu-se o estudo às empresas que apresentassem

coincidência entra o ano de início de actividade e o ano de entrada no sistema de

informação construído e em que fosse possível identificar pelo menos um promotor da

iniciativa criada.

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A informação sobre o promotor das iniciativas foi obtida através da consideração

dos indivíduos registados em cada uma das empresas com situação na profissão igual a

patrão. Para as empresas que não registassem qualquer indivíduo nesta situação foram

considerados, caso existissem, o pessoal com nível de qualificação igual a quadro

superior.

Os métodos econométricos convencionais não se mostram muito adequados para a

análise dos determinantes da sobrevivência empresarial uma vez que a informação

disponibilizada sobre as novas empresas se revela incompleta. Neste caso muitas

empresas formadas no período 1986-2002 continuam activas em 2002 e com diferentes

idades, não sendo por isso possível determinar a sua trajectória de vida para além deste

momento. Para estimar a relação entre a função de risco e as variáveis exógenas Cox

(1972) propõe o seguinte modelo:

0( , ) ( ) exp( )j jt jth t X h t X β=

onde ( )jh t é a taxa de risco da j-ésima empresa no período t, jtX é um vector de

kx1 variáveis exógenas, β um vector de parâmetros e 0 ( )h t uma função de risco

desconhecida sujeita a 0jtX = (baseline hazard function).

O modelo de Cox(1972) permite determinar os valores dos parâmetros sem

necessidade de estimar 0 ( )h t .

Os resultados da estimação são apresentados no quadro seguinte considerando

uma estimação para o conjunto das empresas e uma estimação separadas para cada um

das três agregações sectoriais utilizada.

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Sobrevivência empresarial: Resultados da estimação

Conjunto dos Sectores

Indústria Comércio e Turismo

Serviços às empresas

Características do promotor: - Idade Idade 0,994 0,994 0,995 0,992 (0,000) (0,000) (0,000) (0,000) -Nº médio de anos de escolaridade Escol 1,001 0,996 1,004 0,990 (0,758) (0,450) (0,122) (0,121) -Grau Universitário Univer 0,744 0,733 0,725 0,834 (0,000) (0,000) (0,000) (0,000) Características da empresa: -Dimensão inicial Pemp_e 0,960 0,977 0,933 0,979 (0,000) (0,000) (0,000) (0,000) -Idade média Idade_e 0,995 1,008 0,992 0,993 (0,000) (0,028) (0,000) (0,071) -Nº médio de anos de escolaridade Escol_e 1,019 1,003 1,028 1,028 (0,000) (0,675) (0,000) (0,000) -Experiência potencial Exper_e 1,012 0,992 1,015 1,024 (0,000) (0,053) (0,000) (0,000) -Pessoal com Grau Universitário Univer_e 1,153 1,195 1,191 1,137 (0,000) (0,005) (0,000) (0,005) Características do Território - Taxa de iniciativa empresarial Txinic_t 1,174 1,278 1,171 0,990 (0,000) (0,000) (0,000) (0,854) - Qui-quadrado 1390,1 251,9 1256,6 158,8 - 2 log Verosimilhança 1151867,8 233163,2 709510,5 117450,2 - Nº de empresas 109 415 25 146 68,853 15 414 -% de casos censurados 42,6% 41,5% 41,7% 48,7% Os valores apresentados para os parâmetros correspondem exp(β) e significam a variação na taxa de risco associadas às diferentes variáveis exógenas. Entre parêntesis são apresentados os níveis de significância.

De uma forma geral as variáveis consideradas ao nível do promotor confirmam as

hipóteses formuladas devendo no entanto salientar-se o facto da dotação do capital

humano apenas ter o resultado esperado com a introdução da dummy relativa ao grau

académico superior.

Confrontando os resultados, obtidos com as variáveis consideradas ao nível do

promotor e as mesmas variáveis consideradas ao nível global da iniciativa criada,

verifica-se uma clara diferença de resultados que confirmam a importância relativa das

características individuais dos promotores da iniciativa na respectiva capacidade de

sobrevivência empresarial.

Quanto à relação entre a sobrevivência empresarial e a capacidade de iniciativa

empresarial regional constata-se a existência de uma relação negativa significativa com

excepção do sector dos serviços às empresas o que vem confirmar a existência de

fenómenos de elevada turbulência empresarial resultantes da verificação simultânea de

elevadas taxas de entrada e de saída de empresas em alguns territórios.

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6. CONCLUSÕES

Os resultados alcançados, nesta fase do trabalho, mais do que permitir retirar

grandes conclusões apontam para a relevância que as características dos promotores das

novas empresas têm em termos da criação de condições para a sustentabilidade da

iniciativa empresarial.

Este trabalho realça igualmente a necessidade de aprofundar a relação entre as

características, trajectórias e percursos dos empreendedores anteriores à formação da

iniciativa e a capacidade de sobrevivência da iniciativa criada. Neste sentido é intenção

proceder à integração neste trabalho de alguns desenvolvimentos decorrentes da

conclusão recente do sistema de informação longitudinal de acompanhamento

individual das trajectórias do pessoal ao serviço (ver Pereirinha, Escária, Madruga e

Rodrigues, 2004). Simultaneamente, tentar-se-á integrar os aspectos relativos às

características económicas dos sectores de actividade que nesta fase se revelou difícil

em virtude da falta de informação estatística adequada.

Finalmente, este trabalho evidencia igualmente a necessidade de equacionar em

simultâneo a questão da iniciativa e da sobrevivência empresarial.

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