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Ezequiel
Seu nome significa “Deus Fortalece”
Ezequiel, grande profeta, avisou sobre a destruição de Jerusalém mas também anunciou a
restauração do povo de Deus. Seu ministério foi durante a época do exílio na Babilônia, uma fase
muito difícil na história de Israel.
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Sobre as vidas bíblicas de Osvaldo Polidoro
São cinco encarnações na Bíblia: Enoch, Moisés, Profeta Elias, Profeta Ezequiel, João Batista e também foi o
Anjo Relator do Apocalipse.
Palavras dele no Livro das Comunicações:
“O Profetismo Hebreu nunca se calou diante desses que se dizem hebreus, conhecedores da palavra de Deus,
do trabalho de Deus semeado nestes mesmos hebreus que aí se encontram. Se os hebreus fossem verdadeiramente
hebreus jamais fariam traduções contraditórias de Bíblias, negando o próprio Deus, negando essa mesma Verdade,
essa mesma Doutrina.”
Títulos
O profeta Ezequiel tem sido chamado de “O PRIMEIRO DOGMÁTICO DO VELHO TESTAMENTO”, “O CALVINO
DO VELHO TESTAMENTO”, “O MAIS INFLUENTE HOMEM EM TODO O CURSO DA HISTÓRIA HEBRAICA”, “O PROFETA
DA RESPONSABILIDADE PESSOAL”... - Enfim, alguém que estude com seriedade o livro de Ezequiel pode ver facilmente
que tais alusões podem se aplicar ao sacerdote, profeta e pastor que foi Ezequiel.
Histórico
Em 605 a.C., Joaquim, rei de Judá, entregou Jerusalém a Nabucodonosor, que levou para Babilônia as pessoas
preeminentes do país e os tesouros do Templo e da casa do rei.
Moravam então junto ao rio Quebar, no meio dum poderoso império, cercados de um povo de costumes
estranhos e de adoração pagã. Nabucodonosor permitiu que os israelitas tivessem as suas próprias casas, servos, e
que praticassem o comércio.
Durante esses anos críticos que culminaram na destruição de Jerusalém, Deus não privou os israelitas dos
serviços de um profeta. Jeremias atuava na própria Jerusalém, Daniel na corte de Babilônia e Ezequiel eram os
profetas para os exilados judeus em Babilônia. Ezequiel era tanto sacerdote como profeta.
Foi no quinto ano do exílio de Joaquim, que Ezequiel chamado por Deus. Ele era casado, mas a esposa morreu
no dia em que Nabucodonosor começou o seu cerco final de Jerusalém. A data e a maneira de sua própria morte são
desconhecidas.
No ano de 537, Babilônia foi libertada pelo rei Ciro, da Pérsia, e uma caravana de israelitas pôs-se a caminho
para voltar à terra de Canaã. Termina o exílio, mas Ezequiel já havia desencarnado. O Senhor confirma àquele pequeno
resto a promessa que fizera: “Eles se esquecerão da humilhação sofrida e de todas as apostasias que praticaram contra
Mim, quando moravam em sua terra em segurança e não havia quem lhes incutisse medo... “ (Ez 39)
1. A pessoa do Profeta
O momento histórico é difícil para o povo judaico: Jerusalém, sitiada por Nabucodonosor, resiste e se ilude achando que com a chegada dos egípcios, seus novos aliados, poderá ficar livre... Isso não acontece porque “Iaweh quebrou o braço do faraó” para que não mais manejasse a espada. No mês de junho de 586 aC, os caldeus conseguiram abrir uma brecha nos muros da cidade, e foi a derrocada. A maior parte do povo judeu foi levada em cativeiro na Babilônia e o Templo foi destruído. As demais 11 tribos já tinham sido praticamente aniquiladas um século antes (722 aC) pelos assírios, ao norte. Essa dispersão repercute na maneira pela qual se mantém a tradição, e nesta comunidade cativa destacar-se-á Ezequiel, para que a chama mantenha-se acesa. O corpo da Doutrina fica no Torah, que significa lei, ensinamento, direção. Ezequiel era de estirpe sacerdotal - seu pai era sacerdote - sabe-se pouco de sua juventude. Teve esposa, mas ela desencarnou antes da queda da Babilônia. Foi deportado em 597 e começou seu ministério em 592, aos 30 anos. Há teses que mostram que há duas fases em seu trabalho: De 592 a 586, em Jerusalém, onde recebe instruções de Deus. Nesta fase ele é duro em suas pregações contra a hipocrisia. Contesta o sentimento geral do povo, que pensava estarem pagando pelo pecado de seus pais. Anuncia a queda de Jerusalém Já na Babilônia, de 585 a 571 aC, obedece à determinação divina que vem nestes termos: “Tu lhes dirás:’Assim diz o senhor Deus’ -, quer ouçam, quer não”. Traz consolo aos exilados, fala da ressurreição ao povo de Israel através da visão dos ossos secos (Ez 37). Transmite sua visão da glória de Deus na volta ao templo na Nova Jerusalém (Ez 43), o mesmo templo que em Ez,10, 18 é mencionado que fora deixado pelos erros do povo. O povo restaurado, tendo
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voltado do exílio, terá que ser defendido para evitar que invasores (tanto entendendo-se materialmente falando, como também doutrinariamente).
Esse livro do Velho Testamento contém muitos testemunhos e relatos de manifestações divinas. Quase um terço dele trata das descrições das vidências e clarividências do profeta. Bastante simbólico, encontramos neste livro referências que tem muita afinidade com as futuras visões de João Evangelista, que estão contidas no livro Apocalipse. A princípio, a maioria do povo incrédulo não dava crédito ao que ouvia nas profecias de Ezequiel. Deus tornou-o mudo até que a cidade fosse tomada. Foram 3 anos nos quais o profeta fez as cabeças duras de Israel entenderem os fatos através de símbolos. Ele havia visto que estavam adorando ídolos; a culpa vinha de seguirem um sincretismo religioso, voltando as costas para o Deus único... a destruição é inevitável, a reconstrução necessária, mas “um resto será salvo”. É desta época a história de Jó; são contemporâneos Isaías e Jeremias. Na reconstrução, impressionado com a prostração nos rostos, Ezequiel: “Tenho sido para eles um santuário”. Deus avisa-o “Eles virão até vós, para que vejais a sua conduta e as suas obras”. Ezequiel com tenacidade organiza os grupos entre as colônias de deportados fazendo visitas pessoais, mantém contato com compatriotas que permaneceram na Palestina, incita à observância de todos os preceitos, as grandes festas (como a Páscoa) passam a ser respeitadas. Segundo Ricciotti, em ‘História de Israel’: “A tenacidade na observância de todas essas práticas é da máxima importância, pois ela demonstra uma dupla reação contra os que os deportavam; mas também a outra, bem mais profunda e sutil, contra si mesmos. Era substancialmente a penitência, isto é, aquele estado de ânimo que em hebraico é denominado shubh, retorno”. O profeta enfático se transforma e se torna o organizador metódico, o legista minucioso, o primeiro dos escribas de Iahweh. São os capítulos de 40 ao 48, onde são anotadas todas as disposições que o senhor lhe confiou para a reconstrução de Israel. Na sua visão, o Palácio deve estar a serviço do Templo, e o Templo é reconstruído respeitando plenamente seu enorme valor sagrado. Em relação à legislação imposta pelo Deuteronômio, Ezequiel impõe uma guinada rigorista, a ponto de levantar polêmicas entre rabinos. Um grande estudioso concluiu que “Ezequiel não renega a legislação, mas sobrepõe a ela um outro plano de engenharia mais elaborada”. “Com efeito, ele quer que a nova nação seja garantida mais rigorosamente pela nova legislação”, escreve Ricciotti. No ano de 537, Babilônia foi libertada pelo rei Ciro, da Pérsia, e uma caravana de israelitas pôs-se a caminho para voltar à terra de Canaã. Termina o exílio, mas Ezequiel já havia desencarnado. O Senhor confirma àquele pequeno resto a promessa que fizera: “Eles se esquecerão da humilhação sofrida e de todas as apostasias que praticaram contra Mim, quando moravam em sua terra em segurança e não havia quem lhes incutisse medo... “ (Ez 39)
2. Ministério do Profeta
A personalidade de Ezequiel reflete uma força mística. A proximidade de seu contato com o Espírito, suas visões e a frequência com a qual a palavra do Senhor vinha até ele fornecem uma conexão entre os profetas extáticos mais antigos e os profetas e escritores clássicos. Suas experiências espirituais também anteciparam a atividade do Espírito Santo no Novo Testamento. A ele adequadamente pertence o título de “carismático”.
A mensagem de Ezequiel foi endereçada ao resto dos pervertidos de Judá exilados na Babilônia. A responsabilidade moral do indivíduo é um tema de primeira importância em sua mensagem. A responsabilidade coletiva não mais resguarda o indivíduo. Cada um deve aceitar uma responsabilidade pessoal pela desgraça da nação. Cada um é responsável pelo seu pecado individual (18.24). Foi o peso do pecado acumulado de cada indivíduo que contribui para o rompimento do concerto de Deus com Israel, e cada qual leva uma porção da culpa pelo julgamento que resultou no exílio.
O livro está facilmente dividido em três seções: o julgamento de Judá (4-24), o julgamento das nações pagãs ( 25-32) e as futuras bênçãos pelo concerto de Deus com o povo (33-48).
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Dois temas teológicos agem como um equilíbrio no pensamento do profeta. Na doutrina do homem em Ezequiel, ele colocou a ênfase no dever pessoal (18.4: “a alma que pecar, essa morrerá”). Por outro lado, ele enfatizou a graça divina no renascimento da nação. O arrependimento do remanescente fiel entre os exilados resultaria na recriação de Israel a partir dos ossos secos (37.11-14). O divino Espírito os estimularia a uma nova vida. Por essa ênfase no Espírito Santo na regeneração, Ezequiel antecipava a doutrina do Novo Testamento do Espírito Santo, especialmente no Evangelho de João.
O Espírito Santo em Ação Quer a revelação profética seja apresentada simbolicamente em visões, sinais, ações de parábolas ou em fala
humana, Ezequiel reivindica por eles o poder e a autoridade do Espírito Santo. Além disso, há inúmeras referências ao Espírito de Deus no livro. Alguém pode quase que caracterizar o Livro de Ezequiel como “os Atos do Espirito Santo” no Antigo Testamento. Várias dessas referências merecem uma tenção em especial.
Em 11.5, o profeta afirma autobiograficamente que o Espírito do Senhor “caiu” sobre ele e lhe “disse”. O oráculo que segue é, desse modo, a Palavra de Deus nas palavras de Ezequiel, inspirado pelo ES. O mesmo (11.24) apresenta o Espírito como ativo em uma visão: “Depois, o Espírito me levantou e me levou em visão à Caldéia, para os do cativeiro.”
Talvez a situação melhor conhecida da atividade do Espírito esteja no cap. 37, a visão do vale dos ossos secos: “Veio sobre mim a mão do Senhor; e o Senhor me levou em Espírito, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos...”(v.1) A visão subsequente relata o renascimento espiritual do restante do ovo que estava, até então, no exílio.
Um aspecto final da ação do Espírito Santo na vida do profeta é achado em 36.26: “E vos darei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo.” Não é somente um ato externo do Espírito o “cair sobre” alguém, mas também a profetizada experiência subjetiva da presença do Espírito dentro, tal como Ezequiel inigualavelmente experimentou quando o Espírito “entrou” nele (2.2). Ezequiel antecipou a experiência do concerto do “novo nascimento”, o qual seria dado pelo Espírito.
1) Tese clássica: diz que Ezequiel foi deportado em 597 e começou seu ministério 5 anos depois, em 592 (Ez
1,2s: “No dia cinco do mês (era o quinto ano do exílio do rei Joaquin) 3a palavra do Senhor foi dirigida a Ezequiel filho
do sacerdote Buzi, na terra dos caldeus, junto ao rio Cobar. –Foi ali que a mão do Senhor esteve sobre mim”). Ele
profetiza sempre na Babilônia. Terminou seus oráculos em 571 (Ez 29,17: “No vigésimo sétimo ano, no dia primeiro
do primeiro mês, a palavra do Senhor me foi dirigida nestes termos”)
Há 15 indicações de data em seu livro, sendo a mais antiga a Ez 29,17
Ez 1,1 diz a idade do profeta
1,2 => 5o ano
Na idade de 30 anos ele é chamado, sendo o 5o ano do reinado de Joaquim.
1.a - Argumentos pró – tese clássica
• Desde Ez 1,1 => país dos caldeus => é chamado, exerce e conclui seu ministério aí neste país;
• O quadro geográfico permanente é a Babilônia. Não reside em Judá (cf. Ez 1,1-3 e 3,12-15; 8,1-3 e 11,22-24;
3,22-24 e 37,1s; 40,1-3);
• Jeremias nunca se refere à Ezequiel, embora sejam contemporâneos;
• Reside em Tel-Aviv (cf. 3,15; 10,15; 11,24s; 8-13)
• A unidade do livro sempre foi muito realçada.
2) Tese recente
Objeções contra a tese clássica que fundamentam a tese recente:
a) quase todos os vaticínios da 1a parte do livro praticamente não aludem ao exílio, a não ser o quadro
geográfico, mas parecem dirigir-se diretamente aos habitantes de Jerusalém (abstenção feita ao quadro geográfico)
=> Ez 6-24. O quadro é o dos outros profetas. Cf. Ez 4,1; 6,2; 11,13; 12,1s; 13,1.
Ezequiel recebe a notícia da queda de Jerusalém poucas horas após o fato: 24,18b.25s: Na manhã seguinte fiz
como me foi ordenado. 25 Quanto a ti, filho do homem, no dia em que eu lhes arrebatar a força, o esplendor que os
alegra, o encanto de seus olhos, o enlevo de suas vidas, os seus filhos e as suas filhas, 26 naquele dia virá a ti um
fugitivo para te dar a notícia. (33,21 => parece contradizer a notícia anterior: “21No décimo primeiro ano de nosso
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cativeiro, no dia cinco do décimo mês, veio o fugitivo de Jerusalém até mim, dizendo: “A cidade foi tomada!”). Tais
dados são pouco comprovados. Não se tem exatidão.
Diante destas dificuldades, segue-se a Tese recente, procurando superar as objeções.
Por conseguinte, haveria dois ministérios do profeta: o primeiro na própria cidade de Jerusalém e o 2o no
exílio. Então haveria a seguinte cronologia:
1o ministério: 592-586(7) em Jerusalém: vocação em 2,3 – 3,9: ““Filho do homem, eu te envio aos israelitas,
nação de rebeldes que se revoltaram contra mim. Eles e seus pais se sublevaram contra mim até o dia de hoje. A estes
filhos de testa dura e coração empedernido, é que eu te envio. Tu lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus. Quer te
escutem, quer não –pois são uma corja de rebeldes –ficarão sabendo que houve um profeta entre eles. Quanto a ti,
filho do homem, não os temas nem tenhas receio de suas palavras. Mesmo que espinhos te cerquem e estejas
assentado sobres escorpiões, não tenhas medo de suas palavras nem te intimides diante deles, pois são uma corja de
rebeldes. Tu lhes falarás as minhas palavras –quer te escutem, quer não –pois são uma corja de rebeldes. Quanto a
ti, filho do homem, ouve o que eu te falo. Não sejas rebelde como esta corja de rebeldes. Abre a boca e come o que
eu te darei”. Eu olhei e vi uma mão estendida para mim, e nela um livro enrolado. Desenrolou-o diante de mim:
Estava escrito na frente e no verso e continha cantos fúnebres, lamentações e ais. 3 1 Ele me disse: “Filho do homem,
come o que tens diante de ti! Come este rolo e vai falar à casa de Israel”. Eu abri a boca e ele me fez comer o rolo,
dizendo: “Filho do homem, alimenta teu ventre e sacia as entranhas com este rolo que te dou”. Eu o comi, e era doce
como mel em minha boca, Ele me disse: “Filho do homem, vai! Dirige-te à casa de Israel e fala-lhes com minhas
palavras. Pois não é a um povo de fala estranha e língua pesada que foste enviado, mas à casa de Israel. Nem é a
povos numerosos de língua estranha e fala pesada, cujas palavras não entendes. Se a eles eu te enviasse, haveriam de
escutar-te. Mas a casa de Israel não vai querer escutar-te, porque não me quer escutar. Pois toda a casa de Israel tem
testa dura e coração obstinado. Pois bem! Tornarei tua face tão rija como a deles e a testa tão dura como a deles.
Tornarei tua testa como o diamante, mais duro que a pedra. Não os temas nem te intimides diante deles, pois são
uma corja de rebeldes”. Não morava em Jerusalém, mas em uma aldeia da Judéia (12,3: “Quanto a ti, filho do homem,
prepara-te uma bagagem de exilado, em pleno dia, à vista deles. Emigrarás do lugar onde estás, à vista deles, para
outro lugar. Talvez percebam que são uma corja de rebeldes”).
2o ministério: 585-571 na Babilônia: vocação em 1,1.4-28; 21s; 3,10-15: ““Filho do homem –disse-me ele –
toma a peito todas as palavras que eu te disser. Escuta-as bem. 11 Vai, dirige-te aos exilados, a teus compatriotas e
fala-lhes. Tu lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus –quer ouçam, quer não”. 12 Então o espírito me arrebatou e eu ouvi
atrás de mim um violento estrondo, no momento em que a glória do Senhor elevou-se de seu lugar. 13 Era o ruído das
asas dos seres vivos que batiam umas nas outras, e o ruído das rodas junto deles, um ruído estrondoso. 14 O espírito
me arrebatou e me levou, e eu fui com ânimo amargurado e excitado, enquanto a mão do Senhor pesava sobre mim.
15 Dirigi-me aos exilados de Tel-Abib, junto ao rio Cobar, lugar onde moravam, e ali fiquei sentado sete dias, atônito
no meio deles”. Qual seria o 30o ano? Alguns preferem colocar 13o ano. 598 seria o exílio de Jeconias, menos 13, dá
585, início do ministério. Os vv. 2 e 3, que foram omitidos, são impessoais. O v. 2 parece independente do 1o. há uma
ruptura entre o 1o e o 2o. os vv. 2 e 3 anunciariam o conjunto do livro ou poderiam indicar a data da 1a visão do profeta.
Ano 5o => 598 – 5 = 593.
A topografia do livro seria justificada por uma mão posterior, colocando a Babilônia em todo o livro.
A representação da glória, do carro de Javé, não está em continuidade com o resto do livro.
A tese nova também padece de dificuldades:
Primeiramente, a troca de 30 por 13, que é um postulado sem fundamento nos manuscritos. Depois o fato de
Ezequiel estar pregando em Jerusalém também é um tanto fortuito. Se compararmos com Jeremias, este censura todo
o povo, de todas as classes. Já Ezequiel prega só para os idólatras da cidade santa. Quem adota este tipo de pregação
fala de Ezequiel preso à sua casa: 3,24s: “mas o espírito entrou dentro de mim e me pôs de pé. O Senhor começou a
falar comigo e me disse: “Vai fechar-te dentro de tua casa. 25 Quanto a ti, filho do homem, vão pôr cordas sobre ti e
te atarão com elas para que não possas sair para o meio deles”; 4,8; 8,1. Ele falava para grupos seletos: 14,1; 20,1. É
transportado para a Caldéia: 11,24: “Então um espírito me arrebatou e me conduziu à Caldéia, até aos exilados, em
visão no espírito de Deus. A visão, que havia contemplado, desapareceu”.
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Outra objeção seria explicar o porquê do silêncio de Jr por Ez e vice-versa. Quem julga que eles exerceram o ministério no mesmo tempo e lugar explica o silêncio dizendo que talvez nunca tenham se encontrado, pois Jerusalém era uma cidade grande. Havia muitos profetas na época, de modo que Jr no auge de sua missão e dor não podia se ocupar com um profeta recente de Judá. Também Jr não cita nenhum outro profeta famoso no seu tempo.
Pode até ter tido contato com Isaias ou Oséias, mas silêncio. Os profetas eram de tal modo ocupados pelo Senhor Deus que os intermediários humanos ficavam na penumbra ou eclipsados.
Jeremias era sensível, sujeito a atitudes opostas, antitéticas. Não tem sonhos. Ezequiel parece um homem de
pedra. É rigoroso, obstinado, que vai até o fim. Realiza missões difíceis. As vezes parece um escrivão de tribunal, que
registra friamente as falhas dos réus. Ezequiel guardou muito de sua formação sacerdotal (Ez 40-48). Nunca ataca os
sacerdotes. Conhecia bem a Torá (como existia na época). Mas não parecia interessado na história dos patriarcas nem
dos reis, que não registra. Reis são os estrangeiros. Parece até ter certo desprezo pela dinastia de Davi: seu herói era
Moisés, como legislador, pois ele concebe a nova aliança.
3. Conteúdo e características de Ezequiel
Data: Entre 593 - 573 aC Autor O autor, cujo nome significa “Deus fortalece”. É identificado como “Ezequeil, filho de Buzi, o sacerdote” (1.3).
Embora essa identificação tenho sido questionada, parece não haver razão válida para se duvidar disso. Ele era, provavelmente, um membro da família sacerdotal dos zadoqueus, que se tornaram importantes durante as reformas de Josias (621 aC). Ele foi treinado para o sacerdócio durante o reinado de Joaquim, foi deportado para a Babilônia (1.1; 33.21; 40.1) em 597 aC e estabeleceu-se em Tel– Abibe, situada no canal do rio Quebar, perto de Nipur (1.1). Seu ministério coincidiu brevemente ao de Jeremias.
Missão
Ezequiel proclamou, nos primeiros anos de sua carreira profética, os julgamentos certos de Deus contra a
Jerusalém infiel e advertiu os exilados contra a idolatria. (14:1-8; 17:12-21) Os judeus cativos não mostravam genuínos
sinais de arrependimento. Os homens responsáveis entre eles costumavam consultar Ezequiel, mas não davam
atenção às mensagens de Deus que ele lhes transmitia. Prosseguiam com a sua idolatria e práticas materialistas. A
perda de seu templo, de sua cidade santa e de sua dinastia de reis lhes foi um terrível choque, mas isto só despertou
uns poucos para se humilhar e arrepender-se. - Sl. 137:1-9.
As profecias de Ezequiel, nos anos posteriores, frisaram a esperança de restauração. Censuraram as nações
vizinhas de Judá por terem exultado com a sua queda. As próprias humilhações delas, juntamente com a restauração
de Israel, santificariam a Deus perante seus olhos. Em suma, o propósito do cativeiro e da restauração era: ‘Tanto
judeus como pessoas das nações terão de saber que eu sou o SENHOR. ’ (Ez. 39:7, 22) Esta santificação do nome de
Deus é frisada do começo ao fim do livro, havendo ali pelo menos 60 ocorrências da expressão: “Tereis [ou, terão] de
saber que eu sou o SENHOR.”
Ezequiel com tenacidade organiza os grupos entre as colônias de deportados fazendo visitas pessoais, mantém
contato com compatriotas que permaneceram na Palestina, incita à observância de todos os preceitos, as grandes
festas (como a Páscoa) passam a ser respeitadas.
O profeta enfático se transforma e se torna o organizador metódico, o legista minucioso, o primeiro dos
escribas de Jeová. São os capítulos de 40 ao 48, onde são anotadas todas as disposições que o senhor lhe confiou para
a reconstrução de Israel.
Divisões do Livro de Ezequiel
O livro divide-se de forma natural em três partes. A primeira, capítulos 1 a 24, contém avisos da destruição
certa de Jerusalém. A segunda, capítulos 25 a 32, contém profecias de condenação para diversas nações pagãs. A
última, capítulos 33 a 48, consiste em profecias de restauração, culminando na visão de um novo templo e uma nova
cidade santa. De modo geral, as profecias estão em ordem cronológica, bem como de tópicos.
Esboço
I. O início da visão e chamada de Ezequiel 1.1-3.21
Visões introdutórias 1.1-28
7
O encargo dos profetas 2.1-3.21
II. Profecias e visões sobre a destruição de Jerusalém 3.22-24.27
Oráculos de julgamento 3.22-7.27
Visões de idolatria no templo 8.1-11.25
O exílio e cativeiro de Judá 12.1-24.27
III. Oráculos da ruína contra nações estrangeiras 25.1-32.32
IV. Profecias de restauração 33.1-48.35
Do começo ao fim de seu livro dirige-se mais de 90 vezes a ele como “filho do homem”, um ponto importante
quando se estuda a sua profecia, porque, nas Escrituras Gregas, Jesus também é chamado de “Filho do homem” cerca
de 80 vezes.
Sobre Ezequiel, 18
174 – “Muita gente lê grossos livros, cheios de termos científicos e técnicos, pernósticos e bombásticos;
mas bem pouca gente se incomoda com o capítulo dezoito do Profeta Ezequiel. Acham que aquelas tremendas
advertências foram feitas para o próximo… Mas a Lei não acha, porque é IMPESSOAL”.
“E quem quiser ler os capítulos dezoito de Ezequiel e o vinte e dois do Apocalipse, encontrará essa verdade
em perfeita exposição.”
“Naqueles dias, por causa da corrupção que dominava Israel, o Profeta Ezequiel registrou o seu famoso
capítulo dezoito, verdadeiro código de responsabilidades individuais. Ninguém deveria jamais esquecê-lo, porque ele
jamais passará!” Osvaldo Polidoro
1. Da vocação à queda de Jerusalém (592-586[7]). Nesta fase ele é duro, é severo nas suas pregações contra a
hipocrisia (Ez 18). A mentalidade do povo é que eles estavam pagando pelo pecado dos pais e Ezequiel contesta-os.
Tem-se também os oráculos, as ações simbólicas numerosas para designar a queda de Jerusalém (Ez 4-24).
2. Após a queda de Jerusalém. Oráculos contra as nações que haviam vencido ou humilhado Judá (Ez 25-32)
nos anos 587-585.
3. Consolação para os exilados: Ez 33-39. Em Ez 37,1-14 fala da ressurreição do povo de Israel: “A visão dos
ossos secos.
1A mão do Senhor estava sobre mim e o Senhor me levou em espírito para fora e me deixou no meio de uma
planície repleta de ossos.
2 Fez-me circular no meio dos ossos em todas as direções. Vi que havia muitíssimos ossos sobre a planície e
estavam bem ressequidos.
3 Ele me perguntou: “Filho do homem, poderão estes ossos reviver?” E eu respondi: “Senhor Deus, tu é que
sabes!”
4 E ele me disse: “Profetiza sobre estes ossos e dize-lhes: Ossos ressequidos, ouvi a palavra do Senhor !
5 Assim diz o Senhor Deus a estes ossos: Vou infundir-vos, eu mesmo, um espírito para que revivais.
6 Dar-vos-ei nervos, farei crescer carne e estenderei por cima a pele. Incutirei um espírito para que revivais.
Então sabereis que eu sou o Senhor ”.
7 Profetizei conforme me fora ordenado. Enquanto eu profetizava, ouviu-se primeiro um rumor, e logo um
estrondo, quando os ossos se aproximaram uns dos outros.
8 Eu olhei e vi nervos e carne crescendo sobre eles e, por cima, a pele que se estendia. Mas faltava-lhes o
hálito de vida.
9 Ele me disse: “Profetiza para o espírito, profetiza, filho do homem! Dirás ao espírito: Assim diz o Senhor Deus
: Vem, ó espírito, dos quatro ventos, soprar sobre esses mortos para que eles possam reviver!”
10 Profetizei conforme me fora ordenado, e o espírito entrou dentro deles. Eles reviveram e se puseram de
pé qual imenso exército.
11 Então ele me disse: “Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis o que dizem: ‘Nossos ossos
estão secos, nossa esperança acabou, estamos perdidos!
12 Por isso, profetiza e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus : ó meu povo, vou abrir vossas sepulturas! Eu vos
farei sair de vossas sepulturas e vos conduzirei para a terra de Israel.
13 Ó meu povo, quando abrir vossas sepulturas e vos fizer sair delas, sabereis que eu sou o Senhor.
8
14Quando incutir em vós o meu espírito para que revivais, quando vos estabelecer em vossa terra, sabereis
que eu, o Senhor , digo e faço –oráculo do Senhor ”.
4. Nova Jerusalém, novo Templo (40-48). É através desta parte que ele se torna o pai do povo. É daí por diante
que temos o judaísmo, representado pelo resto. Somente a tribo de Judá volta e só ela então representa o povo. As
outras tribos se apagam. A história daí por diante é a história da tribo de Judá.
Há vários redatores deste livro, o que se depreende de vários indícios. A visão do carro do Senhor está partida
em várias partes do livro. Os animais que puxavam o carro eram figuras dos templos pagãos: Ez 1,4-22; 10,1.8-22;
11,22-25.
· Ez 26-28: oráculos contra Tiro. Estão repetidos sem muita sequência lógica (um sobre o outro). Tem-se a
impressão de que é uma coluna de oráculos que foram proferidos em situações diversas.
· Ez 38s: apocalipse (gênero tardio).
· Ez 40-48: supõe a influência do ambiente sacerdotal pós-exílico. [é um livro compilado aos poucos, supondo
situações e mãos diferentes].
· Ez 29,17; 30,10 => datas diferentes, sem concatenação lógica e cronológica.
· Ez 31,1; 32,1.17 => aqui há concatenação cronológica.
· Ez 2,3-39 => a vocação do profeta está bem inserida no contexto dos primeiros capítulos
Há duplicatas: Ez 9,8: “Enquanto eles matavam, eu fiquei só. Caí prostrado e gritei: “Ah! Senhor Deus! Vais
exterminar todo o resto de Israel, desencadeando teu furor sobre Jerusalém?” = 11,13: “Ora, enquanto eu profetizava,
Feltias filho de Banaías morreu. Caí prostrado e, gritando em voz alta, eu disse: “Ah Senhor Deus, vais aniquilar o resto
de Israel?”; 3,16-21 = 33,7-9; 18,25-29 = 33,17-20.
Apesar de tudo isto, apresenta certa unidade, por causa do estilo e do vocabulário. Há algumas expressões
típicas, entre as quais “o Filho do Homem”, que significa “um homem como outro qualquer”, “um homem abaixo de
Deus”; “casa exasperadora”; a mão do senhor caiu sobre mim”. Perpassam o livro inteiro, fazendo sua identidade.
Também é constante o uso da 1a pessoa do singular, o que denota a mão do próprio profeta.
Ezequiel é o profeta das muitas visões.
Vocação 2,3 – 3,9
Glória do Senhor 1,4 – 2,2; 10,1.8-22; 11,22-25
Espírito que vivifica os ossos 37,1-14
Glória do Senhor que volta ao Templo
na Nova Jerusalém
43,1-7:
Conduziu-me até a porta que olha para leste, e eu vi a glória do Deus de Israel vindo pelo lado oriental. Seu
estrondo era como o estrondo de muitas águas, e a terra resplandecia com sua glória. A visão era idêntica à visão que
tive quando veio destruir a cidade, bem como a visão que tive junto ao rio Cobar, e eu caí prostrado. A glória do Senhor
entrou no templo pela porta que olha para o lado leste. Então o espírito me arrebatou e me levou para o átrio interno,
e vi que o templo ficou repleto da glória do Senhor. 6Ouvi alguém falando para mim de dentro do templo, enquanto
o homem estava de pé ao meu lado. Ele me disse: “Filho do homem, este é o lugar do meu trono, é o lugar em que
ponho a planta dos pés. É o lugar onde habitarei no meio dos israelitas para sempre. A casa de Israel e seus monarcas
não tornarão a manchar o meu santo nome com suas prostituições, nem com os cadáveres de seus reis mortos.
5. A Teologia de Ezequiel
1) Responsabilidade pessoal
Na mentalidade antiga, ninguém é culpado por seus atos, pois é o clã o responsável por tudo. Daí certa
hipocrisia entre eles. A mentalidade do clã é coletivista (cf. Ez 16,23). Fala-se de duas coletividades: de Judá e Samaria.
Apesar disto encontramos a réplica ao coletivismo, especialmente Ez 18,2. Também em Jr 31,29s e Ez 33,7-20.
Tal réplica já se encontra em Dt 24,16 (cf. 2RS 14,6).
Esta responsabilidade pessoal abriu caminho para a retribuição póstuma pessoal. É um passo para a
escatologia consciente.
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2) Conceito de Profeta.
É chamado “sentinela” (cf. Ex3,16b-21; 33,1-9). O papel do profeta seria avisar quando o perigo se aproxima.
O título de Ben’adam (filho do homem) pode ser depreciativo, pois o profeta é um homem como outro
qualquer.A entrega do livro é um gesto sensível de entrega da missão (2,8-10; 3,1-3). É equivalente ao carvão em brasa
(Is 6) e o toque dos lábios de Jeremias (Jr 1). Este livro de Ezequiel tem um gosto suave (Ez 3) A Palavra de Deus é doce,
mas a fidelidade a ela é dolorosa, amarga.
3) Messianismo
· Ex 37,1-15 => os ossos secos (Antigamente se lia na Páscoa e estava ligada à ressurreição de Cristo)
O povo está abatido, desanimado, e o profeta deve reerguê-lo, restaurar-lhe a esperança.
37,1-10 A imagem
37,11-15 O comentário
A data deste oráculo é imprecisa, mas é certo que o povo precisa de consolação.
37,11: tudo está perdido
Nos primeiros versículos, os ossos estão enterrados. Os mortos eram colocados à distância dos lugares
habitados. Então uma caravana de exilados procura este lugar e encontra os ossos desenterrados por causa de outra
caravana que por ali passou ou por causa de uma batalha que tivera naquele lugar.
Deus faz ao homem uma pergunta retórica, quando o profeta toma consciência de que a restauração de Israel
é obra de Deus e não dos homens. O espírito do qual serão penetrados os ossos é o “ruah” do Senhor, a força, o poder
do Senhor.
A ideia de ressurreição é posterior a Ez (séc II a.C.), mas ele admite a ressurreição dos ossos. Daí uma brecha
para se pensar numa ressurreição do povo, sobretudo quando já se pensava numa responsabilidade pessoal póstuma.
Ez 36,16-18 => coração novo.
A ressurreição depende exclusivamente do beneplácito de Deus. Israel não tem direito de pleitear a
ressurreição, pois errou.
Se Israel destrói aquilo que Deus lhe dá, Ele lhe restaurará. A iniquidade do homem não pode destruir seu
santo plano (de Deus), que não se engrandece à custa da pequenez do homem. Javé criará de novo se povo e cada
indivíduo.
· Jr 31 diz que a lei de Deus está gravada no coração do homem.
Deus não castiga como o homem, mas depois de ter aplicado a justiça ele restaurará. Esta restauração não é
mérito do homem, mas de Deus.
v. 26 => refere-se à salvação individual. Este espírito não é o Espírito Santo, mas a força criadora de Deus, a
vitalidade de Deus, que será derramada em cada homem.
A gratuidade de Deus é o que faz o homem ter valor e não o inverso.
Ez 37,15-28 => re-união das tribos (ou dois reinos).
Era indispensável pensar nesta dispersão do povo, sobretudo na divisão dos dois reinos, quando se falava na
recriação. Vem então a imagem de duas pranchas que se tornam uma só (v. 17). O novo povo será regido por um novo
rei, um rei ideal, um pastor (v. 24). De certo modo é uma profecia messiânica. Mas, em última análise, o pastor do
povo é o próprio Deus.
· Ez 34,2-4.9-16 => Jo 10
· Ez 38-39 => são apocalípticos, falam de uma batalha final, onde todos os inimigos de Israel serão derrotados,
simbolizados por Gog e Magog (cf. Gn 10,2).
Mas quem seria Gog? Ninguém sabe ao certo.
· Ez 38,10 => Gog é derrotado. Gog talvez seja um personagem histórico real, devido à precisão das passagens
geográficas que cercam seu nome (Ez 38,2s.5s). Mas pode ser também um personagem coletivo, que reúne em si
todos os inimigos de Israel. O fato é que a batalha final é retomada por Ap 20,8-10.
· A estruturação do livro de Ezequiel segue um modelo parecido com a do livro do Primeiro Isaías (Is 1–39) e de
Jeremias: profecias sobre a destruição de Jerusalém (Ez 4–24), oráculos contra as nações (Ez 25–32) e salvação para
Israel (Ez 33–37) + visão do novo Israel restaurado (Ez 40–48). Interrompendo esta última sequência de oráculos de
salvação, aparecem os caps. 38–39. Aparentemente formam um texto intruso e destoante dos capítulos que os
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precedem e os seguem. Trata-se do anúncio das ameaças de Gog, o “inimigo do Norte”, “contra um povo recolhido
do meio das nações”, que vive tranquilo nas montanhas de Israel.
Quem é esse Gog, que vem do país de Magog (Ez 38,2), situado no extremo norte (38,6.15), mas será aniquilado
nas montanhas de Israel? A tradição do inimigo do Norte vem de Jeremias (Jr 6,22), identificado pelo profeta com o
rei de Babilônia (Jr 36,29). A ideia de que o inimigo invasor será aniquilado “nas montanhas de Israel” (38,8; 39,2.17)
parece provir de Isaías: “Esmagarei a Assíria no meu país e a pisarei sobre minhas montanhas” (Is 14,25). Também
para Ezequiel as “montanhas de Israel”, cobiçadas pelos inimigos, são as terras de Israel e Judá, onde mora Javé (Ez
35,10-13). A essas montanhas Ezequiel havia anunciado o juízo divino, no dia do Senhor (Ez 6–7). Uma vez realizado o
julgamento sobre Israel, a essas “montanhas de Israel” o profeta anuncia também a restauração (Ez 36,1-15). Esta
esperança escatológica parece estar ameaçada novamente por Gog, o inimigo que vem do norte.
Mas qual é a origem dos nomes de Gog e Magog? Ez 1Cr 5,4 aparece um rubenita com o nome de Gog. Magog
é um nome que ocorre na tradição sacerdotal em Gn 10,2 e 1Cr 1,5, indicando provavelmente a região da Lídia. Alguns
autores querem identificar Gog com o rei Gyges da Lídia, mencionado nos textos assírios de Assurbanipal como gûgu.
Da mesma forma, os nomes de Mosoc, Tubal, (Ez 38,2), Gomer e Togorma (Ez 38,6), que representam os descendentes
de Javé (Gn 10,2-3) e acompanham Gog, parecem estar relacionados com a região da Lídia. Contudo, o nome de Gog
parece servir como um nome cifrado para indicar um grande e legendário governante, representando diversas
potências do norte do mundo de então e, como tal, seria um exemplo típico do que poderia ser o tal “inimigo do
Norte” de que fala Jeremias.[1]
Ez 40-48
É descrita a nova terra santa, o templo, a servidor do templo, e a novfa Jerusalém. É bem construída tal parte.
O povo restaurado, tendo voltado do exílio, terá que ser defendido, murado, para evitar invasores e idéias
invasoras.
A visão final do livro se liga a duas outras anteriores.
a) Ez 8 => o templo profanado
O novo templo será puro e defendido. O primeiro foi tremendamente conscurcado pela idolatria. Havia
perversão e promiscuidade religiosa. Em Ez 10,18 Javé deixa o templo por causa dos erros do povo. Esse é um dos
elementos que estão no fundo da Toráh de Ezequiel.
b) Ez 1,4-3,15 => o carro de fogo.
Notamos que o estilo é jurista, geometra e de visionário, numa estranha síntese. Não é nem profecia nem
visão apocalíptica, mas utopia e visão ideal, como as de Platão, Campanella e Thomas Morus.
A história é a geografia são postos de lado, pois não se enquadram dentro da visão que Ezequiel apresenta.
· Ez 48,35 => “Javé está alí” é o mesmo que dizer “Emanoel”.
· Ez 40-43 => o Templo
· Ez 44 => os servidores do Templo
· Ez 45-48 => a nova Jerusalém.
Ez 44,2s => aplicado a Nossa Senhora; o pórtico que fica fechado e reservado apenas a Javé. O príncipe já não
é Javé. Só Deus entrará pelo pórtico oriental. É uma espécie de réplica aos reis infiéis. Não há benevol6encia nem com
os réus, que entram por outro lugar, nem com os levitas, que foram infiéis.
Nossa Senhora é colocada como uma adaptação arbitrária, isto é, subjetiva; não é a exegese do texto.
Esta parte tem uma referência em Ez 8,16: é a brecha que se abre para o Oriente a fim de se adorar o sol
(idolatria). Porta de que fala 44,2s é para Javé somente.
O príncipe é posto de lado, devido aos antecessores imorais, que favoreceram a idolatria e os falsos cultos.
· Ez 47,1: água que jorra do lado direito do templo. Sempre para o Oriente. Desde a pré-história as tumbas são
voltadas para o oriente, que é o lado do sol.
· 47,3: 500m è tornozelos
+ 500m è joelhos
11
+ 500m è quadris
+ 500m è cabeça (já não se pode atravessar)
Tem-se reminiscências de Gn 2, onde um rio brotava da terra. Lembra o paraíso, como lembra também Ap
21s. Esta água que irriga Israel lembra ainda a Babilônia, que era toda cortada por canais. Pode ser simbologia da água
da Vida, a Doutrina da Verdade:
· Ez 36,28: pré-história do Batismo
· Jo 7,37: água que jorra do ventre do Messias
5.6. Gêneros literários de Ezequiel
É uma antologia, pois há vários temas e vários gêneros. Temos aqui coisas que os outros livros não têm: visões.
1) Visões (quase 1/3 do livro)1,1-3,5; 8-11; 37,1-14; 40-48
Nos outros profetas temos teofanias (manifestações de Deus), como por exemplo Is 6,1-13; Jr 1,4-10.11-19;
Am 7,1.47; 8,1
As visões de Ez parecem ocorrer em êxtase. Ele é transportado pelos ares.
Como entender estas visões?
Alguns dizem que são graças de Deus. Outros dizem que são sugestões do autor e outros dizem que nem uma
coisa nem outra, mas um artifício literário que ele usa. Pode ser que tenha tido uma intuição de Deus, que ele depois
elaborou melhor literariamente.
Profecias
Deus diz ao prostrado Ezequiel: “Filho do homem, põe-te de pé.” Daí o comissiona a ser profeta para Israel e
para as nações rebeldes circunvizinhas. Não importa que escutem ou deixem de escutar. Pelo menos, saberão que
houve um profeta do Senhor Deus no meio deles. Deus faz que Ezequiel coma o rolo de um livro, que se torna doce
como mel em sua boca. Ele lhe diz: “Filho do homem, constituí-te vigia para a casa de Israel.” (2:1; 3:17) Ezequiel tem
de dar fielmente o aviso, senão, morrerá.
A visão de Ezequiel sobre a Jerusalém apóstata (8:1-11:25). Ezequiel é transportado numa visão à distante
Jerusalém, onde vê as coisas detestáveis que sucedem no templo de Deus. Há no pátio um símbolo repugnante que
incita Deus ao ciúme. Cavando através da parede, Ezequiel vê 70 anciãos adorando diante de representações,
esculpidas na parede, de animais repugnantes e ídolos sórdidos. Desculpam-se, dizendo: “Deus não nos vê. Deus
deixou o país.” (8:12). No portão norte, mulheres choram o deus pagão Tamuz. Mas, isto não é tudo! Na própria
entrada do templo há 25 homens, de costas para o templo, adorando o sol. Estão profanando a Deus na sua própria
face, e ele certamente agirá em seu furor!
A cidade é semelhante a uma videira imprestável. A madeira não serve para fazer estacas, nem mesmo
tarugos! Ambas as extremidades são queimadas e o meio também fica abrasado -- imprestável! Quão sem fé e
imprestável se tornou Jerusalém! Tendo nascido da terra dos cananeus, Deus a recolheu como bebê abandonado. Ele
a criou e entrou num pacto de casamento com ela. Deixou-a bonita, “habilitada para a posição régia”. (16:13). Mas ela
se tornou prostituta, voltando-se para as nações, ao passarem por ela. Adorou as imagens destas e queimou seus
próprios filhos no fogo. O fim dela será a destruição às mãos dessas mesmas nações, seus amantes. Ela é pior do que
suas irmãs Sodoma e Samaria. Mesmo assim, Deus, o Deus misericordioso, fará expiação por ela e a restaurará
segundo o seu pacto.
Começa o sítio final de Jerusalém (24:1-27). Deus anuncia a Ezequiel que o rei de Babilônia cercou Jerusalém
neste décimo dia do décimo mês. Compara a cidade murada a uma panela de boca larga, sendo os seletos habitantes
a carne dentro dela. Por meio de fervura, tire-se toda a impureza da abominável idolatria de Jerusalém! Naquele
mesmo dia a esposa de Ezequiel morre, mas, o profeta, obedecendo a Deus, não pranteia. Isto é sinal de que não
devem prantear a destruição de Jerusalém, pois é julgamento da parte de Deus, para que saibam quem ele é. Deus
enviará um fugitivo para notificar a destruição do “belo objeto de sua exultação” e, até que este chegue, Ezequiel não
mais deve falar aos exilados. -- 24:25.
Ezequiel vê a seguir uma visão de Israel representado por um vale de ossos secos. Ezequiel profetiza sobre os
ossos. Estes começam miraculosamente a ter outra vez carne, fôlego e vida. Assim abrirá Deus as sepulturas do
cativeiro em Babilônia e restaurará Israel outra vez na sua terra. Ezequiel toma duas varetas que representam as duas
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casas de Israel, Judá e Efraim. Tornam-se uma só vareta na sua mão. Assim, quando Deus restaurar a Israel, serão
unidos num só pacto de paz sob o Seu servo “Davi”. (37:24).
O anjo traz Ezequiel de volta à entrada da Casa, onde o profeta vê saírem águas do limiar da Casa para a banda
do oriente, do lado sul do altar. Começam como um fio de água que fica cada vez maior até virar uma torrente. Daí,
corre para o mar Morto, onde os peixes passam a viver e surge uma indústria pesqueira. Em ambos os lados da
torrente, árvores fornecem alimento e cura para as pessoas. A visão dá em seguida as heranças das 12 tribos, não
despercebendo os residentes estrangeiros e o maioral, e descreve a cidade santa ao sul, com os seus 12 portões
chamados segundo as tribos. A cidade há de ser chamada por um nome mui glorioso: “O Próprio Deus Está Ali.” (48:35).
2) Ações simbólicas: são numerosas (cerca de 12): Ez 3,24b – 5,17; 12,1-16; 24,1-26. São ações de ameaças.
4,1-17
· 4,1-3 è o tijolo cercado (imagem da cidade)
· 4,4-8 è o profeta jaz por terra
390 dias => lado esquerdo
40 dias => lado direito (Judá)
= 430 dias
Será que ele realmente fez isto? É semelhante a Os 1-3.
· 4,9-17 => alimento racionado (porque a cidade, em pé de guerra, passa fome)
· 5,1-17 => os cabelos cortados.
É verdade que os outros profetas também eram simbolistas (cf. Jr 16,1-8. A própria vida de Jeremias é um
símbolo.
· Ez 24,15-24 => morte de sua mulher por ocasião da queda;
· Ez 24,27; 33,22 => mudez que Ez, quando Jerusalém cai.
· Mt 21,28s => Jesus amaldiçoa a figueira sem ser tempo de figo, porque ele espera uma resposta do povo de
Israel, que não deu fruto..
Há também sinais consoladores, como em Ez 37,1-7.
3) Alegorias e Parábolas: Ez 15,1-8; 17,1-21; 16,1-43; 23,1-35. São muito desenvolvidas, o que não é habitual
em outros livros e contém muitas referências à história de Israel.
4) Lamentações: são muitas vezes irônicas, mordazes, satíricas: Ez 19,1-14; 27,1-9; 27,25-36; 28,11-19; 32,1-
16. Também em Is 14,4b-21 temos lamentação satírica a um rei.
5) Apocalípse incipiente:
Não faltam características da literatura apocalíptica: O livro está voltado continuamente para a “revelação
celeste”. É sempre Javé que fala em primeira pessoa, até mesmo para comunicar as emoções do próprio profeta (Ez
12,18; 24,17) ou aquilo que ele sabe por outras fontes (Ez 8–11). É Javé que conduz o profeta e toma as iniciativas. A
presença de visões, audições e arrebatamentos são técnicas constantes.
É interessante comparar a visão de Ezequiel sobre o templo com a visão da “cidade santa de Jerusalém”, de
Apocalipse. (Ap.21:10) Há diferenças que devem ser notadas; por exemplo, o templo de Ezequiel é separado, e ao
norte da cidade, ao passo que o próprio Deus é o templo da cidade, em Apocalipse. Em cada caso, porém, emana um
rio da vida, árvores que dão mensalmente safras de frutos e folhas para cura, e a presença da glória de Deus. Cada
visão dá a sua contribuição para que se tenha apreço da realeza de Deus e da sua provisão de salvação para os que
lhe prestam serviço sagrado. -- Ez.43:4, 5 Ap.21:11; Ez..47:1, 8, 9, 12 Ap. 22:1-3.
Legado / Influência
Maçonaria
“...quando Nabucodonosor invadiu a Palestina, Deus me mandou fundar a ordem dos fariseus, políticos e
administradores do povo hebreu na época, dei o nome de Escola Essênia ao profetismo hebreu. Recebi a ordem de
fundar, secretamente, a Maçonaria, ordem muito secreta, muito culta, muito escolhida, para solapar o poder dos
dominadores do povo hebreu. Era necessário afirmar Deus, Moralidade e Fraternidade e, como João Batista, sou o
Patrono da Maçonaria.”
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“Ninguém sabe no mundo, nem no Brasil, o quanto a Maçonaria está trabalhando, sabendo que eu estou no
mundo e que vim entregar o Recado Final Divino. Estão agindo por baixo do pano, numa perfeição de trabalho. Não
estão querendo falar aos pequeninos da Terra porque isto outros estão fazendo, estão informando aos grandes do
mundo, os donos da humanidade, reis, governos...”
Os princípios delineados em Ezequiel são também de valor inestimável para nós hoje. A apostasia e a idolatria,
juntamente com a rebelião, só podem conduzir ao desfavor de Deus. (Ez. 6:1-7; 12:2-4, 11-16) Cada qual responderá
pelo seu próprio pecado, mas Deus perdoará àquele que se desviar de seu proceder errado. Ser-lhe-á concedida
misericórdia e continuará a viver. (18:20-22) Os servos de Deus precisam ser fiéis vigias semelhantes a Ezequiel,
mesmo em designações difíceis e quando ridicularizados e vituperados. Não podemos deixar os iníquos morrerem
sem aviso, ficando assim o sangue deles sobre a nossa cabeça. (3:17; 33:1-9) Os pastores do povo de Deus têm a
pesada responsabilidade de cuidar do rebanho. -- 34:2-10.
Comentário de um hindu, comprando os conteúdos com os Upanishades:
Além da história de Ester, talvez seja, ainda mais surpreendente, o que encontramos no livro de Ezequiel
(Yehhezqé= “Deus fortalece”). Logo no primeiro capítulo, parágrafo 4, está a descrição de uma figura que muito lembra
a do Senhor Brahma, o primeiro ser criado por Vishnu ou Krishna, tendo sido instruído sobre os Vedas. De acordo com
a tradição védica, o Senhor Brahma deu estes ensinamentos sagrados aos seus filhos, e instruiu aos sábios, na forma
de um texto chamado Rig-veda. A visão de Ezequiel é tal qual o Senhor Brahma é descrito nas escrituras sagradas da
Índia, na Sua carruagem, entregando o texto sagrado para ele (Ezequiel, 2.9), ordenando que Ezequiel “comesse”, o
texto, isso que é, que fizesse d´Ele prática da vida tal como com o alimento mantém a vida. Muitas outras coisas
importantes estão nos textos sagrados, e um Yogi verdadeiro não deverá negligenciar o estudo das escrituras sagradas
que falam de Deus, mesmo que elas sejam de origem distinta da sua fé e filosofia.
hari om tat sat - -Krishna Priya Das