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Expediente
SEBRAE SGAS 604/605 – Módulos 30 e 31 – Asa Sul – Brasília – Distrito Federal
CEP: 70200-645 – Telefone: (61) 3348 7100
www.sebrae.com.brwww.sebrae.com.br/setor/horticultura
Central de Relacionamento Sebrae0800 570 0800
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES ESTADUAIS DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL (ASBRAER)
EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL DO DISTRITO FEDERAL (EMATER-DF)
REALIZAÇÃO
ApOIO TécnIcO
SEBRAE – SERVIÇO BRASILEIRO DE ApOIO ÀS MIcRO E pEQUEnAS EMpRESAS
Presidente do Conselho Deliberativo NacionalROBERTO SIMÕES
Diretor-PresidenteLUIZ EDUARDO pEREIRA BARRETTO FILHO
Diretor TécnicocARLOS ALBERTO DOS SAnTOS
Diretor de Administração e FinançasJOSé cLAUDIO DOS SAnTOS
Gerente da Unidade de AgronegóciosEnIO QUEIJADA DE SOUZA
Gerente da Unidade de Marketing eComunicaçãocÂnDIDA BITTEncOURT
Coordenador de Projetos de Agroecologia, Orgânicos e HorticulturaLUDOVIcO WELLMAnn DA RIVA
Sumário
APRESENTAÇÃO 5
61º Passo MODALIDADE DE CULTIVO
72º Passo ANÁLISE, PREPARO, CORREÇÃO E ADUBAÇÃO DO SOLO
103º Passo ESCOLHA DA CULTIVAR/HÍBRIDO
124º Passo SEMEADURA
135º Passo TRATOS CULTURAIS
166º Passo CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS
187º Passo COLHEITA E PÓS-COLHEITA
198º Passo COMERCIALIZAÇÃO E AGREGAÇÃO DE VALOR
209º Passo COMPORTAMENTO DE MERCADO
2210º Passo LEVANTAMENTOS DE DADOS PARA FAZER ORÇAMENTO
24ANOTAÇÕES
Série Agricultura Familiar Coleção Passo a Passo – Beterraba produção Editorial
PLANO MÍDIA COMUNICAÇÃO([email protected])(61) 3244 3066/67 e 9216 5879
Supervisão editorialNEWMAN COSTA (SEBRAE)
EdiçãoABNOR GONDIM (PLANO MÍDIA)
Responsável técnicoFRANCISCO ANTONIO CANCIO DE MATOS, Eng. Agr., M. Sc., Fitotecnia AutoresFRANCISCO ANTONIO CANCIO DE MATOS, Eng. Agr., M. Sc., Fitotecnia HÉLIO ROBERTO DIAS LOPESTécnico em AgropecuáriaEMATER-DF
RENATO DE LIMA DIASEng. Agr., M. Sc., Economia RuralEMATER-DF
RODRIGO TEIXEIRA ALVESEng., Agr., Esp. Fertilidade do Solo e Nutrição de PlantasEMATER-DF
projeto Gráfico e DiagramaçãoBRUNO EUSTÁQUIO RevisãoELIANA SILVA
FotosGABRIEL JABUR NETO, NAIANA ALVES e FELIPE BARRA
AgradecimentoAos produtores rurais REGINALDO RODRIGUES GALDINO e JANDIRA RODRIGUES DO AMARAL GALDINOChácara 62, Assentamento Cascalheira Brazlândia – Distrito Federal
Editorial
© Copyright 2012, SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas EmpresasÉ PERMITIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL MEDIANTE A CITAÇÃO DA FONTEDistribuição gratuita O arquivo dessa publicação está disponível em www.sebrae.com.br/setor/horticulturaNão são permitidas reproduções para fins comerciais
HORTALIÇA: BETERRABAAgricultura FamiliarCultive Renda e Sustentabilidade
A produção de hortaliças é a atividade que mais se identifica como opção de agronegó-cio para os produtores rurais familiares. As informações aqui contidas destinam-se a profis-sionais do ramo e agricultores que cultivam beterraba ou pretendem investir nessa cultura para obter renda de forma lucrativa e sustentável.
Nesta publicação, o Sebrae busca oferecer material que possibilite aumento da competitividade dos produtos semeados na pequena propriedade rural. Traz orientações tecnológicas e de mercado baseadas nos princípios das Boas Práticas Agrícolas, ou seja, tornar a agricultura menos dependente de produtos químicos, com menor impacto ao meio ambiente, socialmente correta, tecnicamente adequada e, por conseguinte, mais eficaz.
A principal finalidade da Coleção Passo a Passo, da série Agricultura Familiar, é esclarecer sobre o que, quando, quanto e como produzir e comercializar hortaliças. Isso com ações que gerem resultados sem comprometer o aproveitamento da natureza pelas futuras gerações.
Boa Leitura. Bom plantio. Bons lucros.
Apresentação
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MODALIDADE DE CULTIVOA beterraba está presente em cerca de 100 mil propriedades rurais no Brasil. Por ano, ocupa
área equivalente a 10 mil hectares, com a produção de 300 mil toneladas. É conhecida cienti-ficamente como Beta vulgaris L.
Entre os diferentes sistemas de produção de beterraba utilizados no País, o mais apropriado para agricultura familiar é o de plantio a campo aberto em canteiro com o uso de sistema de irrigação por aspersão convencional.
Essa modalidade de cultivo é realizada em canteiros de 1 m a 1,2 m de largura e de 5 a 20 cm de altura. Os canteiros devem estar distanciados uns dos outros em torno de 30 cm. Em solos argilosos, no período das chuvas, a altura dos canteiros deve ser maior para facilitar a drenagem. O espaçamento entre linhas de plantio varia de 25 a 30 cm e entre plantas, 10 cm.
A produtividade da cultura varia de acordo com o clima, ou seja, no inverno fica entre 30 e 40 toneladas por hectare e no verão osciila entre 20 e 30 toneladas por hectare.
Lavoura de beterraba com o sistema
de irrigação convencional
1º pASSO
O produtor precisa definir a modalidade de cultivo para obter ganhos de produtividade e produ-tos mais competitivos no mercado
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ANÁLISE, PREPARO, CORREÇÃO E ADUBAÇÃO DO SOLO
Após a escolha da modalidade de cultivo, devem-se adotar as seguintes operações para o bom uso da terra:
Análise do soloA análise do solo é o método usado para avaliar as propriedades químicas e físicas do solo.
Com base nos seus resultados, é possível conhecer a quantidade de nutrientes, de matéria or-gânica e o nível de acidez do solo, bem como sua textura. Isso possibilita determinar as limita-ções, necessidades de corretivos e fertilizantes orgânicos e minerais do solo a fim de proceder corretamente a calagem e a adubação organomineral de plantio.
É importante considerar ainda outros parâmetros da análise do solo, como informações de equilíbrio de bases da capacidade de trocas catiônicas (CTC), relação entre cálcio/magnésio, cálcio/potássio e magnésio/potássio e condutividade elétrica do solo, que são componentes essenciais para o equilíbrio solo/planta.
Preparo e correção do soloO preparo e a correção do solo envolvem a operação de limpeza da área, a aração, a gra-
dagem e o levantamento dos canteiros. Na operação do encanteiramento, deve-se evitar o
Para recomendação sobre análise de solo, procurar o serviço de extensão rural ou um profissional especializado.
2º pASSO
Preparo do solo com levantamento de canteiros com o uso do encanteirador acoplado ao trator
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uso excessivo do rotoencateirador por causar a degradação da estrutura do solo e, em conse quência, a compactação do subsolo, alterando a disponibilidade da água e nutrientes, que deformam e prejudicam o desenvolvimento e crescimento das raízes. Caso seja necessário realizar a descompactação do solo, isso deve ser feito com equipamento escarificador ou sub-solador. É importante também que todas as operações no solo sejam feitas no sentido do nível do terreno para diminuir erosões, conservando o solo e a água.
A calagem consiste na aplicação de corretivo agrícola, preferencialmente o calcário, com a finalidade de corrigir a acidez do solo e fornecer cálcio e magnésio às plantas. Com base na análise do solo, recomenda-se a quantidade de calcário necessário, já que o excesso de calcá-rio pode elevar inadequadamente o pH, o cálcio e o magnésio e causar desordens nutricionais (diminuir a disponibilidade de micronutrientes do solo para a planta), reduzindo a produtivida-de da beterraba. No mínimo, a calagem deve ser feita três meses antes do plantio, preferencial-mente com o calcário dolomítico (cálcio e magnésio). Deve ser distribuído e incorporado ao solo, com metade da dosagem aplicada por ocasião da aração e a outra metade na gradagem.
Adubação organomineral de plantioConsiste na aplicação de adubos minerais e orgânicos no solo, antes da semeadura. Deve
ser baseada na análise de fertilidade do solo e em decorrência da exigência da cultura.
Adubação orgânicaA beterraba responde à adubação orgânica, especialmente em solos de baixa fertilidade e/ou
compactados. É fundamental que o adubo esteja bem curtido. Recomenda-se, em geral, o esterco de galinha na dosagem de 10 toneladas por hectare. Além de ser mais rico em nutrientes, princi-palmente cálcio, não contamina o solo com sementes de plantas invasoras. Caso utilize esterco de gado, recomendam-se 30 toneladas por hectare.
Caso tenha condições de tempo, outra opção de adubação com material orgânico/vegetal é o plantio de plantas denominadas adubos verdes, que proporcionam muitos benefícios ao solo. O principal é o condicionamento do solo gerando economia quando as plantas legumi-nosas são utilizadas, pois fornecem nutrientes, principalmente o nitrogênio. Alguns exemplos de plantas que são consideradas adubos verdes: crotalarias, mucunas, feijão de porco, feijão--quandu e nabo-forrageiro.
Adubação orgânica disponibiliza nutriente e água do solo para as plantas
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Adubação mineralA adubação mineral para fósforo e potás-
sio dependerá do nível de fertilidade do solo: o fósforo pode variar de 50 até 400 kg/ha; o potássio de 75 até 300 kg/ha. Com relação ao nitrogênio, de modo geral, recomendam-se 40 kg/ha . Os micronutrientes, principalmen-te o boro e o zinco, ficam na dependência do histórico da área e da exigência da planta. Adubação mineral disponibiliza nutrientes essenciais para a formação e
desenvolvimento das plantas
Fósforo Potássio
P (ppm)* P2O
5 (kg/ ha) K (ppm) K
2O (kg/ ha)
menos de 10 200 – 400 menos de 60 150 – 300
de 11 a 30 100 – 200 de 61 a 120 75 – 150
de 31 a 60 50 – 100 de 120 a 240 0 – 75
Mais de 60 0 Mais de 240 0
Microtrator com o sulcador é outra opção bastante usada no levantamento de canteiros
Fonte: EMATER-DF/EMBRAPA/CNPH /( *) ppm (partes por milhão)
Para solos de baixa fertilidade, em geral, recomendam-se, como adubação de plantio, 3,0 toneladas/ha do fertilizante mineral 4-14-8 e 20 kg/ha de bórax e 20 kg/ha de sulfato de zinco.
Tabela 1. Recomendação de adubação mineral para produção de beterraba em latossolos do Distrito Federal e adaptada para regiões que apresentem condições ecológicas semelhantes – quilo por hectare (kg/ha)
Distribuição da adubação organomineral
O sistema mais utilizado consiste em fazer a distribuição do adubo orgânico e poste-riormente dos fertilizantes minerais, seguido da incorporação desses com a utilização de enxadão ou enxada rotativa do microtrator. O levantamento dos canteiros pode ser realiza-do manualmente ou com o uso do sulcador acoplado ao microtrator ou ao trator. Usan-do-se a encanteiradeira acoplada a tratores, os processos de incorporação dos adubos e levantamento dos canteiros são realizados si-multaneamente, possibilitando uma grande redução nos custos.
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ESCOLHA DA CULTIVARO mercado consumidor brasileiro tem
preferência por raízes de beterraba com formato globular (cultivar) e redondo (híbri-do), coloração vermelha intensa, pele lisa, diâmetro comercial de 6 a 8 cm, uniformes, baixa incidência de anéis brancos, sem ombro escuro e pequena inserção foliar.
Características determinantes para escolha da cultivar
Cada cultivar tem características pró-prias quanto ao formato das raízes, resistên-cia às doenças e, principalmente, quanto à época de plantio. Essa última característica permite que se produza beterraba durante o ano todo na mesma região, desde que se plante a cultivar apropriada às condições de clima predominantes em cada época.
Cultivar Stays Green, desenvolvida pela Agrocinco – Sementes, apresenta raízes de coloração interna vermelho escuro com baixa presença de anéis brancos, alta tolerância a Cercosporiose e pode ser comercializada em caixas ou maçaria
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Cultivar Tall Top Early Wonder, uma das mais plantadas no Brasil
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Tabela 2. Principais cultivares de beterraba no mercado e suas características
Cultivar Formato das raízes
Ciclo (dias) Coloração
Resistência (R) ou Tolerância (T) a doenças
Clima mais favorável para
cultivo
Tall Topo Early AGF
Globular 70 – 80Vermelho
intenso– Ano todo
Itapuã Globular 60 –70Vermelho
intensoT – cercospora Ano todo
Stays Globular 100 –105Vermelho
intensoT – cercospora Ano todo
Green Topo Bunching
Redonda 100 –105Vermelho
intenso
R – queima das folhas
R – nematóidesAno todo
Tall Top Early Wonder
Globular 60 –70 Vermelho
intenso– Ano todo
Fortuna Globular 80Vermelho
intenso– Ano todo
Fonte: sites/catálogos de companhias produtoras de sementes No cenário atual, somente recomenda-se o uso de híbridos para produtores familiares
organizados em associações ou cooperativas, que propiciam compras em comum, diminuin-do os custos de aquisição dessas sementes e o acesso à mecanização, tendo em vista que esse plantio, preferencialmente, utiliza semeadeira de alta precisão, por gastar menos semen-tes por área, diminuindo o alto custo desse insumo agrícola As vantagens competitivas das sementes híbridas são a padronização das raízes aliada a ganhos de produtividade na cultura da beterraba.
Tabela 3 - Principais híbridos de beterraba no mercado e suas características
Híbrido Formato das raízes
Ciclo (dias) Coloração
Resistência(R) ou Tolerância (T) à
doenças
Clima mais favorável para
cultivo
Red Cloud F1 Redonda 75 -80Vermelho Intenso
– Inverno
Redondo F1 Redonda 90 - 95Vermelho Intenso
– Ano todo
Boro F1 Redonda 80 - 85Vermelho Intenso
– Ano todo
Kestrel Redonda 70 - 80Vermelho Intenso
T – Cercospora, Míldio, Oídio,
RizoctoniaAno todo
Zeppo Redonda 70 - 80Vermelho Intenso
T – Cercospora Ano todo
Rubra F1 Globular 70 - 80Vermelho Intenso
T – Cercospora,Míldio, Oídio, Rizoctonia
Ano todo
Fonte: Sites/catálogos de companhias produtoras de sementes
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SEMEADURAO cultivo da beterraba dis-
pensa a produção de mudas. A semeadura é realizada por sementes distribuídas direta-mente nos canteiros, em linha contínua, nos sulcos de 1 a 2 cm de profundidade e dis-tanciados de 25 a 30 cm, uns dos outros. A distribuição das sementes pode ser feita ma-nualmente ou com o empre-go de semeadeira manual ou mecânica.
Qualquer que seja o méto-do, atenção especial deve ser
dada à profundidade do semeio, porque, se o semeio for muito profundo (maior que 2 cm), as plântulas podem não emergir. Por outro lado, se o semeio for muito superficial (menor que 1 cm), poderão ocorrer falhas na germinação devido ao secamento da camada superficial do solo ou por ocasião de chuvas pesadas ou irrigação em excesso.
Por outro lado, na cultura da beterraba, pode-se adotar o sistema de semeadura seguido de transplante de mudas. No entanto, é pouquíssimo adotado, tendo em vista o custo da mão de obra ser bastante oneroso, inviabilizando esse sistema de produção.
Lavoura de beterraba após a semeadura
4º pASSO
Semeadeira propicia, além de economia de sementes e mão de obra, melhoria de uniformidade do estande de plântulas da cultura
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TRATOS CULTURAISOs tratos culturais são o conjunto de operações realizadas após a semeadura, visando à
formação e ao desenvolvimento das plantas.
Irrigação A cultura da beterraba é extremamente exigente em água, em todo seu ciclo produtivo,
já que a qualidade e a produtividade das raízes são influenciadas pelas condições de umi-dade do solo.
Após o levantamento dos canteiros, deve ser instalado o sistema de irrigação, sendo o mais utilizado o de aspersão convencional. A irrigação por aspersão geralmente é montada no espaçamento 12x12 m entre aspersores. Fazer vistorias frequentes, eliminando os vaza-mentos nas conexões, aumenta a eficiência e a uniformidade da irrigação e reduz o consu-mo de água e energia elétrica.
Deve-se fazer monitoramento da umidade do solo com o objetivo de determinar quan-do e quanto irrigar. Recomenda o uso do Irrigás, desenvolvido pela Embrapa Hortaliças, por ser um equipamento de baixo custo e de fácil instalação e utilização.
Existem produtores de base familiar que vêm adotando o sistema de microaspersão ou de gotejamento (modelo santeno), em área extremamente pequena e de baixa disponibili-dade de água.
Recomenda-se o serviço da extensão rural oficial ou um profissional habilitado para ela-boração do projeto do sistema de irrigação. Um projeto bem elaborado permitirá a redução de custos de implantação e a manutenção durante toda a vida útil do sistema.
5º pASSO
O trato cultural desbaste propicia o espaçamento correto entre plantas, assegurando a produção de raízes sem defeitos e ganhos na produtividade
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DesbasteO desbaste tem a finalidade de reduzir a densidade de população de plantas, com o
objetivo de diminuir a concorrência pela água, luz e nutrientes. Deve ser feito de uma só vez, aos 25 ou 30 dias após a semeadura, deixando 10 cm entre plantas. Essa variação de espaçamento deve levar em consideração a cultivar, a época de plantio e o clima.
Controle de plantas invasoras Em geral, as plantas invasoras adaptam-se me-
lhor no meio ambiente do que as plantas de be-terraba, crescendo mais vigorosas, principalmente nos primeiros estágios de crescimento. Assim, é necessário manter as áreas de cultivos livres da interferência de plantas invasoras, pelo menos du-rante o período crítico, ou seja, até que a cultura se desenvolva, cubra suficientemente a superfície do solo e não sofra mais a interferência negativa delas. O período crítico de interferência das plantas invasoras na cultura ocorre, em geral, da segunda até a terceira semana após a emergência, variando basicamente de acordo com o banco de sementes no solo, condições edafoclimáticas e o sistema de cultivo.
O controle das plantas invasoras pode ser feito por métodos culturais, manuais ou me-cânicos, ou químico com o uso de herbicidas. A escolha e a eficiência de uso de cada um desses métodos dependem da natureza e interação das plantas invasoras, da época de exe-cução do controle, das condições climáticas, do tipo de solo, dos tratos culturais, do progra-ma de rotação de culturas, da disponibilidade de herbicidas e da disponibilidade de mão de obra e equipamentos.
Os métodos culturais consistem em aração e gradagem da área com antecedência em relação ao plantio, de modo a favorecer a emergência das plantas invasoras e assim facilitar a sua eliminação pela capina ou incorporação por ocasião do levantamento dos canteiros.
Teste de uniformidade e eficiência, aliado ao manejo da irrigação
por meio do aparelho Irrigás, reduz o gasto de água e energia elétrica
Lavoura de beterraba após o desbaste
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O método manual ou mecanizado consiste em eliminar as plantas invasoras, por ocasião do desbaste, com o emprego de sacho ou enxada estreita entre as linhas de plantas. Entre-tanto, o cultivo mecânico apresenta o inconveniente de não eliminar as plantas invasoras entre plantas nas fileiras e, muitas vezes, danificar as raízes da beterraba.
O controle químico das plantas invasoras consiste na aplicação de produtos químicos (herbicidas), visando a eliminar as plantas pré-emergentes e aquelas emergidas. Esse mé-todo, embora muito utilizado em condições de campo, apresenta como forte limitação o registro de herbicidas para a cultura da beterraba, no Brasil.
Ressalta-se que herbicidas não registrados para a cultura não podem ser prescritos por engenheiros agrônomos. Além disso, a aplicação contínua de um mesmo princípio ativo
pode acarretar resistência de plantas daninhas ao produto, o que dificultará ainda mais o manejo dessa vegetação.
A cultura da beterraba tem de ficar livre, da segunda a terceira semana, da concorrência das plantas invasoras. Esse período é conhecido como ponto crítico de interferência.
Adubação complementarA adubação complementar da beterraba, comumente denominada de adubação de co-
bertura, objetiva fornecer nutrientes principalmente à base de nitrogênio e potássio nos estágios que a planta mais necessita, uma vez que esse nutriente facilmente sai do alcance das raízes. Recomenda-se aplicar 60 kg/ha de nitrogênio, aos 10 dias após o desbaste da cultura. Quando se aplica o esterco de galinha na dosagem recomendada na adubação de plantio, a adubação de cobertura nitrogenada poderá ser dispensada ou reduzida, ficando na dependência do estágio nutricional das plantas.
Planta invasora Folha Estreita – Brachiaria decumben
(conhecida como Brachiaria)
Planta invasora Folha Larga – Bidens pilosa L.
(conhecida como Picão Preto)
Na aplicação de herbicidas, procurar orientações no serviço de extensão rural ou um profissional especializado.
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CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS A cultura da beterraba é suscetível às doenças causadas por fungos, bactérias, vírus e ne-
matóides. No entanto, graças ao controle integrado, com medidas como resistência de plan-tas, tratos culturais, formação do ambiente, químicas e outras, isso não é fator limitante para sua produção no Brasil, embora prejudique a qualidade e a produtividade da beterraba.
Doença Agente causal Controle Integrado
Cercosporiose Cercospora beticola Sacc.
Rotação de culturas, por no mínimo 1 ano; Utilizar cultivar ou híbridos resistentes ou de alta tolerância; Adubação equilibrada para proporcionar menor inten-sidade da doença, tendo em vista que adubação nitro-genada em excesso aumenta a severidade da doença, enquanto a adubação com cálcio e potássio reduz.
Tombamento ou Damping-off
Pythium spp., Fusarium spp., Rhizoctonia solani Kuhn.
Evitar solos com problemas de drenagem ou muito compactados; controlar a irrigação, evitando umidade excessiva, principalmente na fase inicial da cultura e rotação de cultura.
NematóidesMeloidogyne incógnita, Meloi-dogyne javanica, Meloidogyne arenaria e Meloidogyne hapla.
Rotação de culturas (o método mais eficiente); Em áreas infectadas, recomenda-se fazer arações profun-das, em dias quentes e secos, para expor as larvas e adultos a insolação. Após essa operação, a área deve ser deixada em pouso no mínimo dois meses e, caso necessário, emprega-se o controle químico.
6º pASSO
Controle integrado com o uso de sementes sadias, cultivares resistentes, rotação de cultura e adubação equilibrada são medidas que minimizam ou até mesmo eliminam o uso de agrotóxicos
DOENÇA cERcOSpORIOSE
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A cultura da beterraba é pouca afetada por pragas e insetos que venham comprometer a sua produção. Entre as pragas mais incidentes estão a lagarta-rosca e os pulgões.
Lagarta rosca (Agrotis ssp.) – recomenda-se o controle cultural (incorporação dos restos culturais e eliminação das plantas invasoras, especialmente gramíneas) e químico (as pulverizações devem ser feitas preferencialmente no período da tarde e dirigidas à base das plantas porque as larvas se escondem no solo durante o dia e saem à noite para se alimentar).
pulgões – raramente chegam a causar danos econômicos à cultura da beterraba por-que não ocorrem em grandes populações. O controle indicado é o químico. Por outro lado, somente recomenda-se o uso de inseticidas quando a praga está nitidamente causando da-nos econômicos, que, por sua vez, poderão comprometer a produção da cultura, causando sérios prejuízos ao produtor rural.
Para recomendação sobre controle químico, procurar o serviço de extensão rural ou um profissional especializado.
Controle cultural (incorporação dos restos culturais e eliminação das plantas invasoras) minimiza a incidência da lagarta rosca
Lagarta rosca (foto: Eliane Dias/Embrapa)
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COLHEITA E PÓS-COLHEITA
Máquina de lavar beterraba com o produtor já recebendo o produto lavado na caixa plástica para ser
selecionado
COLHEITA E PÓS-COLHEITA Colheita
A colheita da beterraba em geral inicia-se dos 70 aos 80 dias após a semeadura, dependendo da cultivar ou híbrido e da época de plantio. O ponto de colheita é quando ocorre o amareleci-mento e secamento das folhas mais velhas. Para o arrancamento das raízes, o produtor familiar ainda utiliza o modo manual. Deve-se arrancar somente a quantidade possível de ser preparada no mesmo dia. Após essa operação, a parte aérea da planta é destacada da raiz.
Pós-colheitaAs raízes da beterraba após a operação de colheita passam por
uma pré-seleção eliminando as raízes com defeitos. Em seguida, são acondicionadas em caixas de madeira ou engradados de plástico e transportadas para o galpão para serem lavadas, selecionadas, clas-sificadas e acondicionadas. Com a seleção, descartam-se as raízes com defeitos, ou seja, quebradas, rachadas, com danos mecânicos, com injúrias provocadas por ataque de insetos ou patógenos ou outras anormalidades que prejudiquem a aparência e a qualidade.
Pequenos produtores familiares possuem máquinas simples para lavar as raízes. A seleção e a classificação são feitas manual-mente, conforme as portarias oficiais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) ou as legislações de cada unida-de da Federação e acondicionadas em diferentes embalagens. A embalagem convencional é de madeira ou de plástico, que com-porta de 20 a 25 kg.
7º pASSO
O produto colhido para obter maiores margens de remuneração dependerá muito da forma da colheita e do manejo de pós-colheita
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COLHEITA E PÓS-COLHEITA
COMERCIALIZAÇÃO E AGREGAÇÃO DE VALORA comercialização de beterraba é realizada em diferentes canais, podendo vender seu
produto na porteira a intermediários, feiras livres, nas associações ou cooperativas de pro-dutores, na Ceasa, no atacado e varejo, em sacolões e supermercados. É importante alertar que o produtor, para obter maior margem de remuneração do seu produto, precisa dimi-nuir a intermediação na sua comercialização.
A comercialização da beterraba in natura é feita em maços com raízes com a parte aé-rea, com saco de polietileno, em feiras livres e por unidade em sacolões e supermercados.
Beterraba (maço)
Beterraba (minimamente processada)
Beterraba (saco em malha)
Beterraba (minitamanho)
Beterraba (granel)
A cultura da beterraba, por ser
um produto de alto valor agre-
gado, vem sendo comerciali-
zada em diferentes formas, tais
como minimamente processa-
da, minibeterraba e outras.
8º pASSO
O produtor terá maior margem de remuneração do seu produto quando buscar diferentes canais de comercialização
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COMPORTAMENTO DE MERCADOO cenário atual exige de técnicos e
produtores cada vez mais informações para a tomada de decisão. Já não é sufi-ciente a informação sobre como produ-zir. Muitas são as variáveis que devemos dominar para reduzir os riscos inerentes às atividades agropecuárias. É preciso re-ciclar conhecimentos, agregando novi-dades importantes que contribuam para melhorar a rentabilidade das atividades agrícolas.
Para auxiliar na tomada de decisão do plantio de beterraba, estudos de va-riação estacional, de margem bruta e de
preços, elaborados pelos serviços de pesquisa e extensão rural, nas diferentes regiões do Brasil, têm mostrado comportamentos de preços altos, nos meses quentes e úmidos (chuvosos), e preços baixos, nos meses secos e frios. Acrescem a esses estudos os calendários de comercia-lização elaborados pelas Ceasas existentes no País, que têm como objetivo apontar as flutua-ções da oferta e dos preços ao longo do ano, constituindo-se em um importante instrumento de orientação às decisões dos produtores rurais, profissionais da agricultura, pesquisadores, compradores e consumidores finais.
Estudos elaborados pela Emater-DF, de Margem Bruta – Gráfico 1 (representa rentabilidade
COLHEITA E PÓS-COLHEITA
9º pASSO
As informações de mercado como Margem Bruta, Preços e Calendário de Comercialização facilitam a tomada de decisão na hora de plantar
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no negócio) e de Curva Estacional de Preços – Gráfico 2 (mostra o comportamento de preços no período) demonstraram as mesmas tendências, ou seja, que nos meses quentes e chuvo-sos a margem de preços é mais lucrativa em comparação aos meses secos e frios.
cultura: BETERRABA (1.000 cx 20 kg) 1) Unidade para comercialização: cx 20 kg 2) Período médio para início de colheita: 70 dias 3) Período de colheita: 30 dias
Gráfico 1- Margem Bruta Média x Época Recomendada de Plantio
Fonte: EMATER-DF* Preços Médios de 2002 a 2008 (corrigidos)
Gráfico 2 – Curva Estacional de Preços - (R$/cx 20 kg)
Fonte: CEASA / EMATER-DF (Preços) * Preços Médios de 2002 a 2008 (corrigidos)
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LEVANTAMENTOS DE DADOS PARA ORÇAMENTO
Depois de obter as informações de modalidades de cultivo e sobre o que, como, quando e onde plantar, o produtor rural deve colocar tudo na ponta do lápis para discriminar as etapas e a quantidade dos insumos e serviços, com o objetivo de saber quanto vai gastar no hectare de beterraba.
Tabela 5.
cultura Beterraba no plantio convencional Área (ha): 1produtividade: 24.000 kg/ha ou 1.200 cx 20 kg
INSUMOSDescrição Unidade Quantidade
Adubo mineral (04-14-08) t 3
Adubo mineral (20 – 20) t 0,20
Adubo mineral (bórax) kg 20
Adubo mineral (sulfato de zinco) kg 20
Adubo orgânico (esterco de galinha) t 10
Agrotóxicos (herbicidas) l 3
COLHEITA E PÓS-COLHEITA
10º pASSO
Antes de começar o plantio, o produtor precisa saber quanto vai gastar em insumos e serviços, para vender seu produto com melhor margem de lucratividade
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Descrição Unidade Quantidade
Agrotóxico (fungicidas) kg 8
Espalhante adesivo l 2
Energia elétrica para irrigação kwh 1.310
Sementes kg 6
SERVIÇOS
Descrição Unidade Quantidade
Preparo do solo ( aração) h/m 3
Preparo do solo ( gradagem) h/m 2
Preparo do solo (levantamento de canteiro/rotoencanteirador)
h/m 2
Abertura do sulco (manual de cobertura)
d/h 3
Adubos (distribuição manual) d/h 2
Adubos (incorporação mecânica) h/mt 2
Irrigação (aspersão) d/h 5
Desbaste d/h 40
Agrotóxico (aplicação) d/h 4
Colheita/lavagem/classificação/ acondiciomamento
d/h 40
Fonte: EMATER-DF
Observações:
1) d/h: dia/homem, h/mt : hora/microtrator, h/m: hora/máquina;
2) Coeficientes técnicos podem variar conforme a região, o clima e o sistema de produ-
ção a ser adotado pelo produtor rural;
3) Cálculo final do custo de produção precisará levantar o preços correntes da época de
plantio.
PronafPara financiar suas plantações, o produtor rural pode solicitar nas agências do Banco do
Brasil crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, conhecido
como Pronaf.
Trata-se da principal política pública do Governo Federal para apoiar os agricultores familia-
res. Executado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), tem como objetivo o forta-
lecimento das atividades produtivas geradoras de renda das unidades familiares de produção,
com linhas de financiamento rural adequadas a sua realidade.