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1 Excelência na gestão da manutenção através da aplicação dos conceitos da manufatura enxuta André Gaidzinski Edson Cunha 1. Introdução Muito tem sido escrito sobre lean manufacturing. O bastante para que estudantes e profissionais estejam familiarizados com estes conceitos. Mas sobre lean maintenance ou manutenção enxuta não se encontrou bibliografia suficiente ou artigos que suportem este importante tema. Será somente um subproduto ou subconjunto do lean manufacturing ou um pré- requisito para o sucesso de uma jornada lean. (SMITH; HAWKINS, 2004). Para uma manutenção ser considerada enxuta, deverá ser proativa, empregando atividades de planejamento e programação através das práticas de manutenção produtiva total (TPM) destacando a manutenção autônoma, utilizando estratégias práticas desenvolvidas através dos estudos da manutenção centrada em confiabilidade (MCC), sempre baseadas em dados confiáveis e por decisão lógica sendo suportados por um sistema computacional eficiente (SMITH; HAWKINS, 2004). Deve-se destacar também a aplicação dos conceitos de 5s, melhoria contínua nos processos de manutenção através do kaizen e do MVSM (maintenance value stream mapping) e é claro o tripé manutenção corretiva preventiva e preditiva. Também dentro deste processo é muito importante à participação da manutenção nos eventos Kaizen (melhoria contínua), o treinamento dos operadores para aplicar a manutenção autônoma, um sistema de gerenciamento que permita armazenar dados confiáveis para fins de histórico, aplicação de técnicas preditivas e por fim uma Engenharia de Manutenção para analisar dados e verificar a causa raíz dos problemas, utilizando-se de ferramentas como, por exemplo, análise dos cinco porquês. O “Lean Maintenance” (Manutenção Enxuta) é um termo relativamente novo, mas seus princípios seguem a base dos conceitos da Manutenção Produtiva Total (TPM). A Manutenção Enxuta contribui de maneira decisiva para o atingimento dos objetivos da Produção “Puxada”, ou seja, seus métodos de trabalho, quando realizados com determinação e disciplina, fazem com que os ativos e os processos produtivos de

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1

Excelência na gestão da manutenção através da aplicação dos conceitos

da manufatura enxuta

André Gaidzinski

Edson Cunha

1. Introdução

Muito tem sido escrito sobre lean manufacturing. O bastante para que estudantes e

profissionais estejam familiarizados com estes conceitos. Mas sobre lean maintenance

ou manutenção enxuta não se encontrou bibliografia suficiente ou artigos que suportem

este importante tema.

Será somente um subproduto ou subconjunto do lean manufacturing ou um pré-

requisito para o sucesso de uma jornada lean. (SMITH; HAWKINS, 2004).

Para uma manutenção ser considerada enxuta, deverá ser proativa, empregando

atividades de planejamento e programação através das práticas de manutenção produtiva

total (TPM) destacando a manutenção autônoma, utilizando estratégias práticas

desenvolvidas através dos estudos da manutenção centrada em confiabilidade (MCC),

sempre baseadas em dados confiáveis e por decisão lógica sendo suportados por um

sistema computacional eficiente (SMITH; HAWKINS, 2004).

Deve-se destacar também a aplicação dos conceitos de 5s, melhoria contínua

nos processos de manutenção através do kaizen e do MVSM (maintenance value stream

mapping) e é claro o tripé manutenção corretiva preventiva e preditiva.

Também dentro deste processo é muito importante à participação da manutenção

nos eventos Kaizen (melhoria contínua), o treinamento dos operadores para aplicar a

manutenção autônoma, um sistema de gerenciamento que permita armazenar dados

confiáveis para fins de histórico, aplicação de técnicas preditivas e por fim uma

Engenharia de Manutenção para analisar dados e verificar a causa raíz dos problemas,

utilizando-se de ferramentas como, por exemplo, análise dos cinco porquês.

O “Lean Maintenance” (Manutenção Enxuta) é um termo relativamente novo,

mas seus princípios seguem a base dos conceitos da Manutenção Produtiva Total

(TPM). A Manutenção Enxuta contribui de maneira decisiva para o atingimento dos

objetivos da Produção “Puxada”, ou seja, seus métodos de trabalho, quando realizados

com determinação e disciplina, fazem com que os ativos e os processos produtivos de

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trabalho estejam alinhados com os indicadores de disponibilidade, confiabilidade e

produtividade, garantindo a eficácia global dos ativos (OEE).

Outra importante característica do “Lean Maintenance” é a busca constante das

melhores práticas das equipes de manutenção, na otimização dos seus processos de

trabalho, nos procedimentos documentados, nos indicadores de desempenho, nas

facilidades de manutenção, na utilização dos recursos humanos e materiais, na

contratação de serviços, na contínua capacitação dos colaboradores.

2. Objetivo

Portanto o objetivo deste trabalho é fazer com que a manutenção aplique e

adapte os conceitos do lean manufacturing, para que possa acompanhar e intervir nos

processos produtivos de maneira eficaz e assim atender as necessidades da cadeia

produtiva, acompanhando sua evolução.

3. Referencial teórico

3.1. Definição de manutenção

Há até bem pouco tempo, o conceito de manutenção era de que a missão da

manutenção era de restabelecer as condições originais dos equipamentos. Hoje a missão

da manutenção é: Garantir a disponibilidade da função dos equipamentos e instalações

de modo a atender a um processo de produção ou de serviço, com confiabilidade,

segurança, preservação do meio ambiente e custos adequados (KARDEC; LAFRAIA,

2002).

3.2. Manutenção corretiva

Caracteriza-se pela atuação da manutenção em fato já ocorrido, seja este

uma falha ou um desempenho menor que o esperado. Não há tempo para preparação do

serviço. Normalmente a manutenção corretiva implica altos custos, pois a quebra

inesperada pode acarretar perdas de produção, perda de qualidade, e elevados custos

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indiretos de manutenção. Além disso, quebras aleatórias podem ter conseqüências

bastante graves para o equipamento, pois a extensão dos danos pode ser bem maior.

De acordo com Kardec e Nascif (2001) quando uma empresa tem a maior

parte de sua manutenção trabalhando em manutenção corretiva, seu departamento de

manutenção é gerenciado pelos equipamentos e o desempenho empresarial da

organização, certamente, não está adequado as necessidades de competitividade atuais.

3.3. Manutenção preventiva

Inversamente a política de manutenção corretiva, a preventiva procura

obstinadamente evitar a ocorrência de falhas, ou seja, prevenir.

Como nem sempre os fabricantes fornecem dados precisos para os planos de

manutenção preventiva, além das condições operacionais e ambientais influírem de

modo significativo na expectativa de degradação dos equipamentos, a definição de

periodicidade e substituição deve ser estipulada para cada equipamento e instalação.

(KARDEC; NASCIF, 2001)

A manutenção preventiva será tanto mais conveniente quanto maior for à

simplicidade na reposição; quanto maiores forem os custos de falhas; quanto mais as

falhas prejudicarem a produção e quanto maiores forem as implicações das falhas na

segurança pessoal e operacional.

3.4. Manutenção preditiva

De acordo com Kardec, Nascif e Baroni, 2002 devemos estudar para

conhecer, conhecer para predizer e diagnosticar para planejar e eliminar a causa.

A manutenção preventiva, aliada ao uso de medições e acompanhamento

periódico nos equipamentos, com uso de instrumentos sofisticados e até monitoração

remota, introduziu já na década de 1960/1970 o conceito de manutenção preditiva ou

“controle Preditivo de manutenção”, que é a manutenção efetuada apenas quando se

detecta a aproximação de uma condição instável ou de uma falha.

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Se não existe a condição instável, o equipamento fica em funcionamento até

que a proximidade de falha seja detectada. Por outro lado, o controle estatístico de

falhas ocorridas, poderá indicar quando, provavelmente, o equipamento falhará. O

método estatístico é uma valiosa ferramenta para a determinação da aproximação de

uma condição de falha. Como exemplo de manutenção preditiva cita-se a detecção de

ruído em rolamento, análise de vibração, ferrografia, termografia, etc.

Os fatores para adotar a manutenção preditiva são os seguintes:

• Aspectos relacionados com segurança pessoal e operacional.

• Redução dos custos pelo acompanhamento dos equipamentos evitando

intervenções desnecessárias.

• Manter os equipamentos operando por mais tempo.

3.5. Manufatura enxuta

A manufatura enxuta requer uma linha de pensamento focado em fazer o

produto fluir através do processo, sem interrupções, em um sistema puxado pela

demanda do consumidor ou da próxima etapa do processo e uma cultura onde todos

estão envolvidos no processo de melhoria contínua.

“O que estamos fazendo é olhar desde o momento que o cliente faz o pedido até o

momento que recebemos o pagamento. E nós estamos reduzindo este tempo eliminando

os desperdícios e as atividades que não agregam valor” (Ohno, 1988).

Segundo Ortiz (2010), a produção enxuta não é um conceito baseado em um

programa, porque muitos profissionais gostam de orientações passo a passo. Na sua

forma mais simples, a produção enxuta trata de eliminar ou diminuir desperdícios que

não tem valor agregado numa empresa.

Eliminar ou diminuir desperdícios é uma batalha interminável, e ao se

concentrar nisso, uma empresa pode reagir melhor as necessidades de seus clientes e

também pode operar em níveis de performance mais eficientes. Para entender o

fenômeno da produção enxuta, devem-se aprender as ferramentas embutidas na filosofia

e enxergar como elas estão entrelaçadas.

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De acordo com Ortiz ( 2010 ) as ferramentas mais utilizadas são:

• Kaizen

• 5s

• Trabalho padronizado

• Redução de setup

• Kanban

• Qualidade na fonte

• Manutenção produtiva total (TPM)

De acordo com ohno (1998) a base de sustentação do Sistema Toyota de Produção é

a absoluta eliminação do desperdício e os dois pilares necessários à sustentação é o Just-

in-time e a Autonomação.

Os sete desperdícios que o sistema visa a eliminar:

• Superprodução, a maior fonte de desperdício.

• Tempo de espera, refere-se a materiais que aguardam em filas para serem

processados.

• Transportes nunca geram valor agregado no produto.

• Processamento, algumas operações de um processo poderiam nem existir.

• Estoque, sua redução ocorrerá através de sua causa raiz.

• Movimentação

• Defeitos, produzir produtos defeituosos significa desperdiçar materiais, mão-de-

obra, movimentação de materiais defeituosos e outros.

3.6. Manutenção produtiva total (TPM)

O TPM é a ampliação do conceito da manutenção, pela promoção da

manutenção do sistema de produção com a participação das pessoas de produção. O

TPM objetiva a eficácia da empresa através da maior qualificação das pessoas e

melhoramentos introduzidos nos equipamentos. Assim os operadores passam a executar

tarefas mais simples, que antes eram executadas pelo pessoal de manutenção, como:

lubrificação, limpeza, ajustes de gaxetas, troca de lâmpadas, limpeza e troca de filtros,

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dentre outros, permanecendo a equipe de manutenção com as tarefas de maior

complexidade.

3.6.1. Os oito pilares do TPM

Figura 1: Os oito pilares do TPM

Fonte: UFRGS, Flávio Fogliato.

• Melhoria focada - Como o próprio nome indica, é focar a melhoria

global do negócio. Deste modo procura-se reduzir os problemas para

melhorar o desempenho.

• Manutenção planejada - Significa planejar e controlar a manutenção,

(manutenção preventiva e preditiva) através de técnicas de planejamento

(software).

• Educação e treinamento - Ampliação da capacidade técnica, gerencial,

comportamental do pessoal de manutenção e operação.

• Controle inicial - Estabelecimento de um sistema de gerenciamento da

fase inicial para novos projetos/equipamentos. Eliminar falhas no

nascedouro, implantar sistema de monitoração.

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• Manutenção da Qualidade - Estabelecimento de um programa de zero

defeito. Máquinas em melhores condições resultam em produtos

melhores.

• TPM Office - Estabelecimento de um programa nas áreas

administrativas, visando o aumento de sua eficácia. Tendo como

objetivo principal eliminar desperdícios no escritório.

• Segurança - Estabelecimento de um programa de saúde, segurança e

meio ambiente. Sendo que o principal objetivo é o acidente zero

• Manutenção Autônoma - A Manutenção Autônoma (MA) é uma

ferramenta enxuta que é usada por empresas de manufatura de classe

mundial para obter melhorias principalmente no “OEE”. O objetivo

principal da MA é: Formar o operador para se tornar responsável pela

manutenção da máquina, mantendo-a em ótimas condições.

3.7. Manutenção centrada em confiabilidade (MCC)

De acordo ainda com Lafraia (2001), confiabilidade é a probabilidade de

que um componente ou sistema, funcionando dentro dos limites especificados de

projeto, não falhe durante o período previsto para sua vida, sob condições definidas de

uso.

Utilizando a definição de que manutenção é a garantia de continuidade dos

itens físicos cumprindo as funções desejadas, a “Manutenção Centrada em

Confiabilidade é um processo usado para determinar os requisitos de manutenção de

qualquer item físico no seu contexto operacional” (MOUBRAY, 1996).

Ela identifica o ponto ótimo das tarefas de manutenção, tornando-as efetivas

com mínimo custo. É uma técnica racional e justificada economicamente, baseada em

um histórico de falhas confiável, validando e dando suporte as decisões gerenciais

(SMITH; HAWKINS, 2004). Segundo Smith e Hawkins (2004) existem sete questões

básicas que se recomenda à aplicação no processo de manutenção centrada em

confiabilidade, que são:

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Quais são as funções e padrões de desempenho do item no seu contexto

operacional atual?

De que forma ela falha em cumprir suas funções?

O que causa cada falha operacional?

O que acontece quando ocorre cada falha?

De que forma cada falha tem importância?

O que pode ser feito para prevenir cada falha?

O que deve ser feito, se não for encontrada uma tarefa preventiva

apropriada?

3.7.1. Princípios da MCC

Segundo Smith e Hawkins (2004), registram-se alguns princípios na MCC:

• MCC é um sistema focado nos conjuntos de um equipamento e não no

funcionamento individual dos componentes.

• MCC trata estatisticamente das falhas, não se preocupa simplesmente

com a taxa de falhas e sim com a probabilidade de falha em uma data

específica.

• O Objetivo é de manter a confiabilidade do equipamento projetado. A

MCC, porém, permite modificar e melhorar o equipamento projetado.

• As tarefas determinadas pela MCC precisam ser efetivadas para reduzir

a probabilidade de falha

3.8. O programa 5S

Visa mudar a maneira de pensar das pessoas na direção de um melhor

comportamento, não somente profissional, mas para vida. Este programa é centrado na

educação, prática e treinamento.

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Segundo Carvalho (2006) a adoção e implementação dos critérios estabelecidos no

programa 5s possibilitam a consecução de relevantes resultados conforme descrito a

seguir:

• Melhoria na utilização dos espaços físicos da empresa

• Redução dos percentuais de desperdício como materiais, energia, mão de obra

etc.

• Aumento dos padrões de qualidade dos produtos e ou serviços

• Fortalecimento dos aspectos concernentes a imagem da organização, tanto para

funcionários quanto para comunidade e clientes.

A denominação de programa 5s foi estudada, selecionada e adotada, porque, em

japonês as palavras correspondentes que designam cada uma de suas fases começa com

a letra s, ou seja: (CARVALHO 2006).

Seiri - Separar todos os materiais ou dados e informações que não são úteis para o

andamento das atividades da empresa, que não tenham importância no aspecto de

decisão.

Seiton - Consiste na etapa de ordenação.Identificar local apropriado para cada coisa.

Determinação do local de arquivamento, permitindo que um dado seja localizado

rapidamente.

Seiso - Neste aspecto, a retirada de pó, sujeira e limpeza nos postos de trabalho devem

ser executadas. Primar pela atualização de dados para permitir decisões corretas.

Seiketsu - Devem-se tomar ações consistentes e repetitivas visando à arrumação,

ordenação e limpeza, e ainda a manutenção de boas condições sanitárias e sem poluição

do ambiente.

Shitsuke - Manter o hábito para cumprimento de regras e procedimentos especificados

pelos clientes , e também , procedimentos determinados pela empresa.

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3.9. Kaizen

De acordo com Ortiz (2010), Kaizen é uma palavra Japonesa para melhoria

contínua e mudança incremental. A filosofia do kaisen trata de envolver todas as

pessoas na organização para que se concentrem nas melhorias globais dessa

organização.

A base da produção enxuta é a eliminação dos desperdícios, visando responder

melhor as necessidades do cliente no que diz respeito a entrega dentro do prazo, ao

custo competitivo e a qualidade mais elevada. Mais importante , o Kaizen enfatiza o

desenvolvimento de uma cultura voltada para o processo e direcionada para aprimorar a

forma com que a empresa trabalha.

O Kaizen trata de ensinar e orientar as pessoas para que se tornem melhores no

que fazem em todos os aspectos de seu trabalho.

3.9.1. Benefícios do Kaizen

Segundo Ortiz (2010), as equipes de kaizen são criadas para proporcionar um

impacto rápido e pró-ativo na organização. Os eventos kaizen ensinam as pessoas os

conceitos de trabalho em equipe, cumprimento de prazos, interação com as pessoas, e a

busca da excelência como um todo. O evento kaizen desenvolve uma cultura de

melhoria contínua.

Também melhora o relacionamento com o cliente, pois melhora o custo, a

entrega, e a qualidade dos produtos e ou serviços.

3.9.2. Indicadores

3.9.2.1. Produtividade

A produtividade é melhor quando menos material, componentes, mão-de-obra,

tempo, utilitários, papelada, processos, e etapas forem utilizados para realizar o serviço

e ou produto, reduzindo é claro os custos. As equipes de kaizen devem sempre perseguir

o aumento de produtividade.

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3.9.2.2. Estoque/WIP

O estoque deve ser mantido num mínimo, por toda a fábrica. Os processos de

fabricação devem ser curtos, de modo que não acumule o work in process (WIP)

desnecessário. Um nível mais baixo de estoque, reduz o custo, e também melhora a

qualidade pois melhora a visibilidade dos problemas que podem estar escondidos num

estoque excessivo.

3.9.2.3. Qualidade

De acordo com Ortiz (2010) o conceito de qualidade na fonte é uma abordagem

eficiente de produção enxuta, pçois coloca a responsabilidade pela conferência do

produto no momento da manufatura. Os trabalhadores de linha de frente precisam

inspecionar o produto para garantir que os erros estejam sendo percebidos. A qualidade

na fonte resulta em uma extraordinária melhoria na qualidade global.

As metas da equipe de Kaizen para qualidade podem ser a de reduzir os custos

de sucateamento e as horas de retrabalho por exemplo.

3.9.2.4. Espaço no chão de fábrica

Às vezes os fabricantes surgem com planos de expandir fisicamente as

instalações para acomodar novas linhas e produtos. “Afirmo que você deve euxugar

antes de acrescentar” (ORTIZ, 2010).

As equipes de Kaizen podem se concentrar em reduzir o espaço no chão de

fábrica para uma melhor utilização.

Menos complicações, menos distância, e menos obstáculos físicos significam entregas

no prazo. (ORTIZ, 2010)

3.9.2.5. Estações de trabalho

Independente do tipo de área de trabalho no chão de fábrica, a quantidade certa

de pessoas, máquinas e estações é essencial para um desempenho melhor. Uma melhor

relação entre pessoas e máquinas, uma utilização mais eficiente do equipamento

necessita estar efetivamente associada a demanda.

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A diminuição das estações de trabalho ou seu melhor uso, caminham lado a lado

com o espaço no chão de fábrica e a produtividade. As equipes de kaizen tem por

objetivo reduzir a quantidade de estações de trabalho, consolidar processos ou

apresentar uma carga de trabalho mais equilibrada.

3.9.2.6. Distância a percorrer

De acordo com Ortiz (2010), os processos que demoram mais que o necessário

gera muito desperdício. Quanto mais tempo um produto estiver em produção, mais

dinheiro ele custará.

3.10. Problem solving

De acordo com Ohno, 1997, ao enfrentar um problema você deve perguntar

pelo menos cinco vezes por que. É difícil fazê-lo, mesmo que pareça fácil. Exemplo de

aplicação:

Depoimento de Taiichi Ohno, Ex- Vice Presidente da Toyota Motor.

Pergunta 1: Porque a máquina parou?

Resposta 1: Porque o fusível queimou devido a uma sobrecarga.

Pergunta 2: Porque houve uma sobrecarga?

Resposta 2: Porque a lubrificação do rolamento foi inadequada.

Pergunta 3: Porque a lubrificação foi inadequada?

Resposta 3: Porque a bomba de lubrificação não estava funcionando direito.

Pergunta 4: Porque a bomba de lubrificação não estava funcionando direito?

Resposta 4: Porque o eixo da bomba estava gasto.

Pergunta 5: Porque ele estava gasto?

Resposta 5: Porque entrou sujeira.

Solução Real: Colocar um filtro na bomba de lubrificação.

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Repetindo por que cinco vezes, dessa forma, pode ajudar a descobrir a raiz do

problema e corrigi-lo. Se este procedimento não tivesse sido realizado, possivelmente

ter-se-ia apenas substituído o fusível.

3.11. Mapeamento do fluxo de valor (value stream mapping)

De acordo com Gonçalves e Miyake (2003), “... esta ferramenta visa agregar

conceitos e técnicas ao invés de se implantarem alguns processos isolados de melhoria,

sem qualquer coordenação entre si...”.

De acordo com Jones & Womack (2004), “... MFV é o simples processo de

observação direta do fluxo de informação e de materiais conforme eles ocorrem,

resumindo-os visualmente e vislumbrando um estado futuro com melhor desempenho”.

Considerada essa definição, observa-se que o principal objetivo do MFV é conseguir

uma visualização clara dos processos de manufatura e de alguns de seus desperdícios,

bem como medidas eficazes de análise que auxiliem no projeto de otimização do fluxo e

eliminação de desperdícios.

O MFV traz, além da eliminação de desperdício e otimização do fluxo do

processo de manufatura, uma série de outros benefícios que facilitam, para a alta

administração das empresas, o conhecimento e o controle do processo produtivo. A

seguir estão citadas algumas dessas vantagens:

1. Real capacidade produtiva da fábrica;

2. Real lead-time;

3. Capacidade de produção real da empresa;

4. Viabilização de recursos (matéria-prima e mão-de-obra);

5. Visualização da atual situação da empresa;

6. Elaboração de metas de melhorias do processo;

7. Otimização do uso de equipamentos;

Segundo Ferro in ROTHER e SHOOK (1999),

“O mapeamento ainda ajuda a estabelecer a real necessidade e o foco adequado

das diversas ferramentas Lean, tais como: células para criar verdadeiro fluxo contínuo,

sistemas puxados e nivelados, setup rápido, TPM, gestão visual etc., e a enxergar

melhor a integração entre elas”.

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3.11.1. Mapeamento do fluxo de valor na manutenção

Entretanto as ferramentas do mfv não correspondem diretamente às operações de

manutenção. Para medir as operações de manutenção se faz necessário uma nova

metodologia para desenvolver a Maintenance Value Stream Map (MVSM), ou

mapeamento do fluxo de valor na manutenção.

Considerando o conceito de lead time na manufatura sugere-se utilizar Mean

Maintenance Lead Time (MMLT), onde se mede o tempo em que o equipamento para

com sua função até o momento de entrar em operação novamente.

Verifica-se o MMLT através da seguinte equação.

MMLT= MTTO+MTTR+MTTY

Onde:

MTTO = Mean Time To Organize (tempo médio até o início do reparo)

MTTR = Mean Time to Repair (Tempo médio de reparo)

MTTY = Mean Time To Yield (tempo médio para a máquina entrar em

operação)

Figura 2: Formatação do MMLT

Considerando-se a formatação do MMLT, o único tempo que agrega valor no

serviço prestado é o MTTR, pois é o momento onde o técnico está realmente

consertando o equipamento. Os outros tempos (MTTO, MTTY) não agregam valor, por

não estarem envolvidos diretamente no momento de conserto do equipamento.

A eficiência da manutenção é calculada através da seguinte equação:

%Eficiência = (MTTR / MMLT) * 100

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3.12. OEE

A sigla OEE vem do inglês “Overall Equipament Effectivences”

Eficiência Global de Equipamento; e é um indicador desenvolvido pelo Instituto

Japonês de Manutenção de Planta (Japan Institute of Plant Maintenance).

3.12.1. O OEE é o produto dos 03 fatores:

� Disponibilidade;

� Perfomance;

� Índice de Qualidade.

O valor encontrado / medido varia entre 0 a 1 ou 0% a 100%. Este indicador está

sendo adotado por varias empresas de todos os setores produtivos devido a sua

abrangência. Antes o setor de Qualidade e o setor de Manutenção tinham o seu próprio

indicador com o OEE todos os indicadores e todos os setores da empresa estão

relacionados, sendo responsabilidade de todos manter o OEE o mais alto possível.

3.12.2. Cálculo de OEE

A Eficiência da Máquina é calculado pelo OEE mostrando como os recursos

são utilizados. Produto ideal é o produto que o equipamento está planejado para

entregar. Após o indicador de OEE ser implantado é fácil de obter dados confiáveis

mostrando quais os reais problemas da produção. Não é ideal ter um equipamento que

produz conforme o programado más das peças produzidas 30% apresentam uma não

conformidade prejudicando o indicador de qualidade que consecutivamente ira

prejudicar o indicador de OEE, como também não adianta produzir 80 peças boas sendo

que o programado era 100.

O indicador de OEE mostrara qual itém correlacionado a Disponibilidade,

Performance ou Qualidade está com mais problemas ou mais baixo cabendo ao

responsável definir metas e planos de ação afim de que os reais problemas sejam

eliminados.

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A partir de dados quantitativos através do OEE é possível verificar se a

utilização do equipamento está sendo eficiente e onde poderiam ser realizadas melhorias

dentro de cada sub-indicador. Uma das grandes vantagens do OEE é que identificando o

fator que está sendo mais prejudicial no momento não ha necessidade investir grandes

quantias em dinheiro para a resolução do problema.

3.13. Gerenciamento visual

Gerenciamento Visual (GV) é uma ferramenta enxuta utilizada por empresas de

fabricação de classe mundial para melhorar a performance dos indicadores ‘NRFT’,

‘DSA’, ‘PP’, ‘ST’, ‘OEE’, ‘VAPP’.

A meta do Gerenciamento Visual é: Permitir a todos ver imediatamente os

desvios do estado ótimo de trabalho e da operação e permitir ação corretiva imediata.

Isso se obtém pela elaboração de um sistema de indicadores visuais que deixará claro

quando um processo não está em pleno funcionamento. Esses indicadores visuais

devem ser rápidos e de fácil interpretação.

O sistema também deve fornecer orientações claras e concisas sobre as ações

necessárias para corrigir o problema e retornar ao pleno funcionamento. Os sistemas de

Gerenciamento Visual podem ser aplicados a itens físicos, (p.ex., ferramentas ou

matérias) ou a informações (p.ex., indicadores de desempenho ou instruções de

trabalho).

Para a boa implementação do GV, os seguintes pontos devem ser lembrados:

3.13.1. Foco no Gerenciamento Visual:

O GV deve ser focalizado para evitar confusão.

3.13.2. Provocar ação corretiva:

O GV deve indicar quando há necessidade de providências, e qual providência a

tomar e por quem.

3.13.3. Usar pessoas:

O uso eficaz do GV depende do envolvimento de todas os funcionários tanto os

que trabalham na área quanto as que são responsáveis por ela. O envolvimento da

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equipe para elaborar e implementar os sistemas de GV fará uma grande diferença no

desempenho do local de trabalho.

3.13.4. Elaborar um sistema de GV:

Qualquer sistema de GV tem que ser simples, durável e fácil de usar. Os

princípios do Gerenciamento Visual são centrais para a implementação eficaz dos

demais facilitadores de melhoria continua (MC):

• 5S

• Análise de Tempo Perdido

• Trabalho Padrão

• Manutenção Autônoma

Como um dos facilitadores de MC no local de trabalho, o GV desempenha um

papel importante na otimização de:

• Desempenho (%OEE e PP)

• Estoques

• Segurança

• etc.

4. Desenvolvimento do trabalho

4.1. Envolvimento das pessoas

Uma das coisas mais difíceis é obter o envolvimento de todos na busca de

um objetivo comum, pois faz parte do ser humano pensar primeiro em si e depois na

equipe. Mas este é um dos grandes desafios dos gestores, fazer com que todos entendam

o quanto são importantes para o grupo e como podem contribuir individualmente para o

crescimento da equipe e conseqüente seu próprio crescimento. É importante transmitir a

todos que quando o grupo se destaca, os talentos individuais são ainda mais visíveis, e o

crescimento de todos se torna simplesmente uma conseqüência.

Para ter uma equipe de alta performance com envolvimento pleno, é preciso

deixar claro quais são os objetivos e metas individuais e enquanto grupo. Pois somente

após ter os objetivos e metas definidos pode-se cobrar um resultado, baseado em que se

pode chamar de, acordo entre as partes. Eventualmente os gestores cometem o erro de

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Chefia direta

(Gerentes)

Subordinados

(Analistas/ Técnicos)

Chefe

manutenção

Pares

(Manufatura)

Pares

(Manufatura)

cobrar sem se quer ter definido as necessidades ou como atingir os resultados

requeridos.

Após definidos e acordados os objetivos, é preciso ter a concordância de

todos na busca das mudanças necessárias para suportar um novo modelo de trabalho. O

envolvimento de todos deve ser feito antes de cada mudança, pois somente assim pode-

se garantir a aderência da nova condição proposta. Todos devem ser envolvidos para

entender que a nova condição proposta traz melhores condições de trabalho, e se

surgirem contrapostas, os gestores também devem estar preparados para analisar e

segui-las se entenderem que realmente é o melhor para todos.

Na manutenção da UMC (Unidade de manufatura de componentes) todas as

decisões passam pela equipe de gestores composta pelo Chefe de manutenção e quatro

analistas, sendo três analistas mecânicos e um analista eletrônico. Quando se tratam de

decisões que envolvem toda equipe, as discussões são feitas em reuniões realizadas nas

passagens de serviço entre os turnos, onde se busca o consenso de todos os turnos de

trabalho, analisando e considerando todas as condições citadas.

Quando se consegue envolver as pessoas e todos participam das decisões, as

mudanças são implementadas com maior sucesso, pois se torna a idéia de todos e não

somente de uma pessoa. O envolvimento das pessoas deve ser feito em ambos os

sentidos de tal forma que todos tenham algum nível de participação nas decisões, que

vai ser maior ou menor conforme a proximidade. Abaixo temos a figura que demonstra

a relação de envolvimento entre os diferentes níveis.

Figura 3: Relação de envolvimento do chefe de manutenção Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

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O envolvimento dos gerentes tem como objetivo, os mesmos verificarem se

as mudanças propostas estão de acordo com as diretrizes da unidade e diretrizes gerais

da manutenção, pois são eles que darão suporte para que tais melhorias sejam

implementadas e até mesmo viabilizadas.

O envolvimento dos “pares”, ou chefes de manufatura objetiva que os

nossos clientes saibam qual motivo ou necessidades das mudanças a serem

implementadas, pois normalmente isto afeta diretamente o atendimento, mesmo que

seja momentaneamente, alem disto demonstra a preocupação de cada vez mais fazer

algo diferente para buscar a melhor eficácia nos resultados. E como bases de todos estão

as pessoas que realmente farão tudo acontecer, os analistas e técnicos. Estes têm de ter

participação ativa e completo entendimento das mudanças, o quê, porque, quando,

como, onde e quem.

Uma importante forma de envolvimento das pessoas é o reconhecimento,

que pode ser por um trabalho bem realizado, pela dedicação e comprometimento, pela

iniciativa entre outros. Os reconhecimentos podem ser feitos de diferentes maneiras, tais

como: um reconhecimento individual; perante todo grupo de trabalho durante a troca de

turno por exemplo. Estes reconhecimentos devem ser constantes bem como a correção

de um eventual desvio de conduta.

Uma das formas mais interessantes é a de expor os trabalhos e os

funcionários através de fotos descrevendo sua boa atitude. Na Manutenção da UMC,

todas as melhorias são expostas em um quadro que fica no corredor da fábrica, onde

diversas pessoas passam diariamente, desde operadores, gerentes, diretores e o

presidente da empresa. Estes trabalhos expostos durante o mês são recolhidos ao final

de cada mês onde é realizada uma votação entre os técnicos e analistas, onde será

decido qual trabalho foi destaque naquele mês. O trabalho escolhido como destaque do

mês, volta para o quadro, porém em uma posição de destaque, impresso em uma folha

tamanho A3.

Também utilizamos na UMC como forma de reconhecimento de toda

unidade, as boas práticas, que também segue a idéia de fotos do trabalho e do

funcionário. Porém esta é realizada semanalmente, onde o funcionário participa através

da explanação do trabalho realizado com a presença dos chefes da manufatura, de

manutenção, gerente, analistas processo e qualidade entre outros. São reconhecidos

20

semanalmente pelo menos 4 boas práticas, e os funcionários homenageados ganham um

broche do Lean Enterprise. A seguir podem-se verificar na figura 4 as duas formas de

reconhecimento.

Figura 4: Quadro melhorias e de boas práticas

Fonte: GKN do Brasil, 2010

4.2. Entrada e Saída de peças de reposição

A geração de recursos de peças de reposição é feita através do almoxarifado

de manutenção, mas a logística de envio e recebimento das peças pode se tornar

complicado caso não exista uma boa comunicação entre os técnicos e analistas.

Uma forma encontrada de fazer esta logística foi a criação de uma bancada

de entrada e saída de peças de reposição. Estas peças quando retiradas danificadas de

uma máquina, devem ser enviadas para conserto o mais rápido possível, para tanto o

21

técnico deve preencher o cartão de identificação (Cartão amarelo) com os dados

solicitados no cartão.

Este material após ser devidamente identificado deve ser colocado no local

correto da bancada de entrada e saída de peças, sendo que esta possui entrada/saída de

componentes eletrônicos e componentes mecânicos. As peças colocadas na zona

demarcada de componentes danificados serão analisadas e enviadas para conserto.

Já o local destinado a entrada de peças recondicionadas, serão colocadas

peças que chegaram de conserto e que posteriormente serão cadastradas pelo analista

responsável, no sistema do almoxarifado de manutenção, e as peças serão identificadas

com o cartão laranja. Na figura 5 pode-se verificar a bancada de entrada/saída de peças

de reposição e os cartões de identificação.

Figura 5: Bancada entrada e saída de peças para concerto

Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

4.3. PVD (Primary visual display)

Para gerenciamento de máquinas paradas em corretiva, tem um sistema de

banco de dados com todos os registros de solicitações de serviços, histórico dos

trabalhos realizados, entre outras informações de extrema importância para estudos de

confiabilidade. Porém o sistema, para tomadas de decisão rápidas, não é a ferramenta

mais adequada. Para tanto se torna necessário a utilização do PVD, ou quadro de

22

visualização primária, que na manutenção tem como um dos objetivos demonstrarem a

situação atual das máquinas. Na figura 6, pode-se verificar o PVD utilizado na

manutenção da UMC.

Figura 6: PVD manutenção corretiva UMC Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

Neste PVD temos nas colunas: os três turnos de trabalho, as especialidades,

máquinas, nome do técnico e status, e nas linhas temos as três unidades a serem

atendidas. A cada turno devem-se registrar as máquinas paradas, ficando assim um

breve histórico da passagem de serviço entre os turnos. Outro importante registro são as

cores que as máquinas estão escritas: Preto – máquina parada por mais de 4 horas;

Vermelho – máquina gargalo parada; Azul – máquina parada; Verde – máquina trabalha

com pendência. Com estas cores fica fácil a definição das prioridades através da gestão

visual.

O PVD também facilita a tomada de decisão para os casos priorização para

alocação de mão-de-obra, pois estão descritas todas as máquinas paradas no momento,

quais técnicos estão estas máquinas e quais máquinas são mais críticas. Em casos de

problemas muito críticos, são feitas reuniões em frente o PVD com os supervisores de

cada unidade de manufatura, juntamente com os analistas de manutenção responsáveis,

onde através da criticidade de cada máquina, pode-se optar por realocar todo efetivo de

manutenção para atendimento momentâneo de uma única unidade.

23

O PVD é também o local utilizado para a passagem de serviço entre os

turnos, pois desta forma fica claro para todos, quais foram as máquinas que afetaram a

unidade no turno que passou e onde deve ser dado foco no turno que virá. A reunião de

passagem de serviço por várias vezes ultrapassa 20 minutos, o que é muito tempo. Para

tanto foi implementado um controle de tempo para esta reunião onde são utilizados no

máximo 10 minutos, conforme podemos verificar na figura 7.

Figura 7: Relógio para controle de reuniões efetivas Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

4.4. Reuniões diárias de análise corretiva

Para análise detalhada dos problemas ocorridos em corretiva, é feita uma

reunião diária que tem duração de 1 hora e 10 minutos, com a participação do chefe de

manutenção e dos analistas, onde são discutidas as máquinas que ficaram paradas por

mais de quatro horas durante as últimas 24 horas. Estas máquinas são analisadas pelo

grupo e descritas no plano de controle de máquinas por unidade. Na figura 8, pode-se

verificar o plano de controle utilizado.

24

Figura 8: Plano de controle de máquinas paradas por mais de 4 horas Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

Neste plano são descritos: Máquina, tempo de parada, tempo de horas

aplicadas pelos técnicos, o defeito apresentado e ações de contenção, ação a ser tomada

para que o problema definitivamente não se repita, responsável pela ação e o prazo para

implementação. Na reunião diária são utilizados 10 minutos para discutir e detalhar as

máquinas de cada unidade, posteriormente tem 10 minutos para discutir as informações

da reunião de produção, onde são reportados informações de Incidentes, DSA (Delivery

Schedule adherence), OEE (Overall equipment effectiveness); NRFT (Not Right First

Time) e Produção realizada.

Após têm 20 minutos para repassar pendências de reuniões anteriores, sendo

em cada dia da semana revisadas pendências de unidades diferentes. Por fim nos

últimos 10 minutos são discutidos assuntos diferentes para cada dia. Na figura 9 pode-se

verificar mais detalhadamente como são divididos estes tempos da reunião diária.

25

Figura 9: Agenda reuniões efetivas de time Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

Desta forma consegue-se foco nas reuniões e automaticamente reuniões

mais efetivas, pois temos assunto definido, tempo determinado e todos saem da reunião

sabendo o que fazer.

4.5. Análise de valor agregado (MVSM)

Na análise das perdas do processo de manutenção corretiva utilizou-se a

ferramenta MVSM(maintenance value stream map) como ferramenta de diagnóstico

para verificação de atividades que agregam valor e que não agregam valor algum.

Os objetivos específicos deste mapeamento foram: especificar as etapas que

compõe a manutenção corretiva; verificar o mapa do estado atual através de pesquisa de

campo; calcular o lead time médio; verificar o valor agregado; verificar os desperdícios;

calcular a eficiência do serviço prestado. A seguir na figura 10 têm os resultados da

coleta de dados.

Tempo10 min. Revisão GAIOLA10 min. Revisão AIR10 min. Revisão TOTO10 min. Reunião produção

TempoPendências Gerais Segunda-FeiraPendências GAIOLA Terça-FeiraPendências AIR Quarta-FeiraPendências TOTO Quinta-FeiraConsumo óleo Sexta-FeiraQdo Preventiva + Almox Segunda-FeiraQdo Bomba Terça-FeiraPendências Qdo AIR Quarta-FeiraPendências Qdo Gaiola Quinta-FeiraRevisão RAC´s Sexta-Feira

70 min. Tempo Total

20 min.

Agenda Reunião Diária Manutenção UMC

10 min.

SEMANALMENTE

DIÁRIAMENTE

26

Figura 10: Mapa estado atual manutenção corretiva UMC

Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

Resultado:

VA(valor agregado) = MTTR (43min) x 100% = 26%

MMLT(164min)

MMLT = MTTO(114min) + MTTR(43min) + MTTY(7min) = 164min

Onde:

• MMLT= Lead Time médio de manutenção • MTTO= Tempo médio de preparação para atividade de manutenção • MTTR= Tempo médio de reparo • MTTY= Tempo médio entre o fim do reparo e a primeira peça boa

3Driving to perfection Driving to perfection Manutenção UMC – Nov/09

MVSM

Mapa estado Atual

Comunica o

Problema

Gera SS no

sistema

Id. OProblema

Id. Recursos

Repara o Equip.

Equip. em operação

Encerra SS

Máquina Parada

Máquina Operando

ProcessoTempo: 16min

ProcessoTempo:49 min

ProcessoTempo:43 min

ProcessoTempo: 43min

ProcessoTempo: 7 min

ProcessoTempo: 6 min

16 min 6 min 49 min 43 min

43 min

7 min

114 min 7 min

MTTO MTTR MTTYAgrega Valor

LT = 164min.VA = 26%

27

De acordo com o mapa do estado atual o MTTO é onde se encontra a maior

perda e estratificando temos o seguinte resultado.

Figura 11: Gráfico das etapas detalhadas do MTTO Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

Como mostra a figura 11, 43% das perdas são para identificar o problema,

evidenciando necessidade de treinamento para os técnicos, fato que será revisado com

os mesmos através do processo de desenvolvimento de performance pessoal.

Na identificação dos recursos como ferramentas e peças sobressalentes há

uma perda de 38%, onde se tomou ações para minimizar este problema:

• Reforma nos carros de manutenção;

• Compra de ferramentas novas;

• Organização interna das ferramentas para evidenciar possíveis falta de

ferramentas;

• Troca, organização e complementação de ferramentas no armário de

manutenção;

• Organização do almoxarifado de manutenção;

28

ANTES DEPOIS

Figura 12: Carros de manutenção antes e depois Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

Figura 13: Parte interna dos novos carros de manutenção

Fonte: Elaborado pelos autores, 2010 ANTES DEPOIS

Figura 14: Armário mecânico de ferramentas antes e depois

Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

29

Compraram-se todas as ferramentas necessárias para o técnico mecânico e

eletrônico desenvolverem suas atividades, assim como a complementação do armário de

ferramentas, visto que uma das principais perdas no estudo de MVSM era de problemas

relacionados a recursos tais como ferramentas básicas de utilização diária.

ANTES DEPOIS

Figura 15: Almoxarifado de manutenção Antes e depois

Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

Verificou-se também a necessidade de organização do almoxarifado de

manutenção visto que de acordo com a pesquisa efetuada com os técnicos, demorava-se

muito para identificar a existência e o local das peças sobressalentes. A falta destes

recursos é uma das principais perdas no processo de manutenção corretiva.

4.6. Quadro Bomba

O quadro da figura 16 tem como função alertar a administração da

manutenção, sobre máquinas que estejam trabalhando, mas que estejam mostrando

evidências críticas de que entrarão em falha funcional. Como por exemplo, ruídos

excessivos, vibração, alta temperatura, etc. Pode ser preenchido pelos técnicos,

operadores e posteriormente deve ser analisado pelos analistas de manutenção, que

tomarão as devidas ações com a máxima prioridade.

30

Figura 16: Quadro Bomba Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

4.7. Preventiva

O gerenciamento da manutenção preventiva acontece através do Software

SGM, onde todas as máquinas devem ser cadastradas, onde deve constar o conjunto,

subconjunto e seus componentes. Cada componente do equipamento pode ser

controlado para troca ou verificação, com a periodicidade do serviço definida pelo

analista responsável.

Neste pilar deve-se analisar se os períodos de verificação são corretos e se

os componentes cadastrados no sistema de manutenção preventiva, realmente devem ser

revisados periodicamente, pois muitas vezes tem itens sendo verificados sem

necessidade, trazendo uma sobrecarga de trabalho aos técnicos que poderiam estar

focados em problemas mais críticos.

Outro ponto importante é no envolvimento e treinamento dos técnicos na

execução destas manutenções preventivas, pois é de extrema importância que sejam

realizadas adequadamente. Também deve-se analisar corretamente em que

equipamentos realizar a manutenção preventiva (Curva da banheira), pois em alguns

casos, esta não trará o resultado esperado, gerando aumento nos custos sem redução da

indisponibilidade e/ou confiabilidade do equipamento.

Uma das técnicas utilizadas para execução da manutenção preventiva é o

GMI (Gestão de Manutenção Integrada), onde têm o envolvimento de diversas áreas

como: manutenção, operação, qualidade, segurança, processo, etc. O GMI é realizado

31

semanalmente, conforme calendário pré-definido(anualmente), conforme pode ser visto

na figura 17, em que são realizadas paradas em alguns equipamentos, normalmente

equipamentos de uma célula.

Figura 17: Calendário de paradas programadas para execução do GMI Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

Figura18: Plano para execução do GMI

Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

MêsDia 2 9 16 23 30 6 13 20 27

Tempo 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8Célula 1 2 3 4 5 7 8 9 10Anexo MA1 MA2 MA3 MA4 MA5 MA7 MA8 MA9 MA10Plano 345 346 347 348 349 350 351 352 353

MêsDia 6 13 20 27 3 10 17 24 31 7 14 21 28 5 12 19 26

Tempo 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8Célula 1 2 3 4 5 7 8 9 10 1 2 3 4 5 7 8 9Anexo MA1 MA2 MA3 MA4 MA5 MA7 MA8 MA9 MA10 MA1 MA2 MA3 MA4 MA5 MA7 MA8 MA9Plano 363 364 365 366 367 368 369 370 371 372 373 374 375 376 377 378 379

MêsDia 2 9 16 23 30 6 13 20 27 6 13 20 27 3 10 17 24

Tempo 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8Forno 3 4 5 6 6 3 4 5 6 3 4 5 6 3 4 5 6Plano 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Mês

Dia 3 10 17 24 31 7 14 21 28 4 11 18 25 2 9 16 23 30

Tempo 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8Forno 3 4 5 6 7 3 4 5 6 3 4 5 6 3 4 5 6 7Plano 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44

MêsDia 5 12 19 26 2 9 16 23 4 11 18 25 1 8 15 22 29

Tempo 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8Célula A1 A2 B1 B2 C1 C2 D1 D2 V1 V2 A1 A2 B1 B2 C1 C2 D1

Plano 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72Mês

Dia 1 8 15 22 29 5 12 19 26 1 8 15 22 29 7 14 21 28Tempo 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8Célula C2 D1 D2 V1 V2 A1 A2 B1 B2 C1 C2 D1 D2 V1 V2 A1 A2 B1

Plano 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98

Legenda: Planejado Dia = Data ProgramadaRealizado Tempo = Tempo de ParadaCancelada Célula = Celula

Plano = Número do Plano

Célula

AIR2º Semestre

Trat. Térm ico2º Semestre

AIR1º Semestre

Célula

Trat. Térm ico 1º Semestre

Célula

Célula

Gaiola2º Semestre

Gaiola1º Semestre

Célula

Célula

FevereiroJaneiro

Janeiro

Cronograma GMI - TOTO

Março

Julho Agosto Setembro

Fevereiro

OutubroSetembro

Janeiro Fevereiro Março

Março

Julho Agosto

SetembroJulho Agosto

Abril

Outubro

Cronograma GMI - AIR

Abril

Cronograma GMI - Gaiola

Abril

Outubro

32

Estas paradas ocorrem uma vez por semana e tem duração de 8 horas. Neste

dia são realizadas as manutenções preventivas conforme solicitações existentes no

sistema. Também são reavaliadas melhorias visando qualidade, processo e segurança do

equipamento, de acordo com priorização do analista responsável. O planejamento destas

paradas ocorre sempre na semana anterior a semana da parada, onde são reunidas todas

as áreas envolvidas para priorização das ações que serão realizadas no dia programado

para a parada.

Para que a manutenção preventiva ocorra de uma maneira correta e

eficiente, deve-se deixar claro quais são os técnicos responsáveis pela preparação e

execução da manutenção no dia da parada de GMI. Na figura 19, têm o organograma da

equipe de manutenção preventiva.

Figura 19: Organograma manutenção Preventiva UMC Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

Durante dois dias da semana (Terça-Feira e Quinta-Feira), está equipe

trabalha na execução do GMI. Na Sexta-Feira eles têm a responsabilidade de separar o

material para a parada da próxima semana. Nos outros dias estes técnicos trabalham em

projetos que visam o aumento da vida útil dos componentes, garantindo maior

confiabilidade das máquinas, e evitando paradas não programadas. Eles projetos são

coordenados pelos técnicos de preventiva e gerenciados pelos analistas utilizando a

metodologia de gerenciamento de projetos. Na figura 20, podem-se verificar alguns

projetos que estão sendo realizados.

33

Figura 20: Plano de projetos de melhorias implementados pelos técnicos de preventiva Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

Outra forma de execução de manutenção preventiva é a utilização do PVD

com a finalidade de gerenciar visualmente a execução das solicitações de serviço de

preventiva que não necessitem da parada do equipamento como, por exemplo,

verificações e inspeções visuais. Estes trabalhos são designados para o que se denomina

padrinho de célula, onde os técnicos responsáveis pela sua respectiva célula,

normalmente um técnico eletrônico e um técnico mecânico tem o prazo de uma semana

para realizar suas solicitações de serviço de preventiva colocadas no PVD. O analista de

cada unidade tem a incumbência de colocar as solicitações de serviço de preventiva no

PVD, e semanalmente revisam as solicitações que foram realizadas.

Figura 21: Quadro de controle de solicitações de manutenção preventiva Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

34

4.8. Preditiva

Para este pilar é extremamente importante que a técnica utilizada para as

medições de controle seja muito bem conhecida, evitando assim erros de interpretação.

As técnicas mais utilizadas são a ferrografia, termovisão e análise de ruído. Deve-se ter

uma análise cuidadosa de onde utilizar estas técnicas, pois tem um custo

consideravelmente elevado. Para tanto se torna necessário uma correta análise e

envolvimento de todos os analistas e técnicos da área para tomada de decisão, e

definição de qual melhor forma de análise.

Outro ponto de extrema importância é que no momento que é detectado uma

anormalidade verificada pela técnica preditiva, a ação deve ser imediata, pois se trata de

uma falha identificada e que a qualquer instante pode-se transformar em defeito,

gerando uma parada não programada da máquina.

4.9. Ferrografia

A freqüência de coleta é trimestral onde cada unidade de manufatura é

responsável para entregar ao planejamento industrial. O responsável do planejamento

industrial envia para laboratório onde o serviço requerido é quantitativo no qual analisa

três situações; viscosidade, teor de água e particulado sólido.

Os laudos são analisados e enviados para GKN e se houver necessidade de

intervenção é gerada uma solicitação de serviço para a UM correspondente. Cada

unidade de manufatura define os equipamentos a serem analisados.

35

Figura22: Análise de Ferrografia Fonte: Tribolab, 2009

4.10. Termovisão

Através de uma câmara de termovisão é registrada o ponto de aquecimento

e o ponto limite é de 70 º C. Acima desta temperatura é gerada uma solicitação de

serviço indicando através de foto o ponto de aquecimento como mostram as figura 23.

A periodicidade de revisão é bimestral.

Figura 23: Análise da técnica de termovisão Fonte: Gkn do Brasil, 2010

36

4.11. Análise de vibração

A rota de análise é carregada para o coletor de dados nas máquinas

selecionadas (máquinas importantes para o processo) e descarregada no software Prism,

onde os pontos coletados são analisados e se for constatado alguma anomalia será

gerado solicitação de serviço.

Figura24: Relatório de análise de vibração Fonte: GKN do Brasil Ltda

4.12. TPM

Para que ocorra o envolvimento por parte dos profissionais de operação e

por parte dos profissionais de manutenção, devem-se realizar treinamentos com foco em

manutenção autônoma, segurança e qualidade, que formam alguns dos pilares que

sustem o TPM. Os grupos formados para estes treinamentos devem ter operadores e

técnicos de manutenção, para que se crie esta interação e que comecem a realizar

trabalhos em grupo, para que possam compartilhar as dificuldades e entender a

importância desta metodologia.

37

Nestes treinamentos deve-se enfatizar a importância da correta utilização

dos cartões de anomalia, tanto da parte operacional como da parte de manutenção, para

que esta ferramenta não seja má utilizada e venha a cair em descrédito.

A metodologia (GMI) também se caracteriza como uma excelente

ferramenta para realização de trabalhos em conjunto entre operadores e técnicos de

manutenção, podendo assim cada vez mais os operadores se desenvolver tecnicamente

para realização de tarefas mais simples.

Para que ocorra uma interação maior entre técnicos e operadores, deve-se

deixar claro para os operadores da célula, quem são os padrinhos de suas máquinas. Na

figura a seguir pode-se verificar uma das formas de comunicação visual entre

operadores e técnicos de manutenção.

Figura 25: Técnicos padrinhos da célula Fonte: GKN do Brasil Ltda

Desta forma o operador poderá solicitar mais facilmente o auxilio dos

técnicos e também desenvolver suas respectivas atividades. Estas informações são

colocadas no Toten da entrada da célula onde todos podem visualizar. Nesta mesma

folha informativa, definiu-se a colocação do calendário de execução do GMI, pois nem

todos têm fácil acesso a estes dados. Assim os operadores e quem quiser programar

38

algum trabalho de correção ou melhoria, saberá em que dia as máquinas estão paradas

para execução do trabalho.

Juntamente das fotos dos técnicos mecânico e eletrônico responsáveis pela

célula, está o plano das ações top Five da célula. Estas ações ficam expostas para que

todos saibam qual o foco que está sendo dado pelos técnicos de manutenção.

A seguir na figura 26 apresenta o formato das ações Top Five da célula.

Figura 26: Ações Top Five da célula

Fonte: GKN do Brasil Ltda

4.13. Engenharia da manutenção

Este pilar tem como objetivo principal o desenvolvimento de trabalhos

específicos realizados por especialistas, que são representados na figura dos analistas de

manutenção, no caso de não existir um departamento específico de engenharia de

manutenção. Estes especialistas têm como função analisar as causas dos defeitos

apresentados pelo equipamento e a partir da análise, propor melhorias que garantam

maior confiabilidade do sistema e/ou maior facilidade na execução de manutenção.

Os analistas de manutenção representando a Engenharia de Manutenção

auxiliam na tomada de decisões, utilizando-se de técnicas preditivas, verificação de

histórico de equipamentos, análise de causa raiz, melhoria contínua no sistema de

manutenção preventiva.

39

Utiliza-se também a metodologia MCC (manutenção centrada em

confiabilidade) onde indicadores como TMEF (tempo médio entre falhas) e TMPR

(tempo médio para reparo) obtêm um importante destaque na administração da

manutenção para verificação de disponibilidade de máquinas, estudos estatísticos,

previsão e confiabilidade.

Figura 27: Tempo médio entre falhas Fonte: GKN do Brasil Ltda

Figura 28: Tempo médio de reparo Fonte: GKN do Brasil Ltda

40

4.14. Dados confiáveis

Para garantia de um correto estudo de confiabilidade, é essencial ter um

banco de dados confiável, pois são os dados que irão direcionar o foco do trabalho a ser

realizado. Da mesma forma que os dados são extremamente importantes, também se

tem a mesma dificuldade para garantir que os mesmos sejam confiáveis, pois existem

fatores que implicam na coleta destes dados.

Para minimizar estes fatores deve-se facilitar a entrada de dados no sistema

através da padronização, treinamentos e garantia de acessibilidade do sistema no chão

de fábrica. O controle dos encerramentos das solicitações de serviço deve ser realizado

sistematicamente para que se possam instruir os técnicos de manutenção, e assim

garantir o correto encerramento das solicitações.

Os técnicos de manutenção devem ser instruídos para o entendimento da

importância de ter dados confiáveis, para auxilio nos estudos estatísticos que irão

direcionar para a causa raiz dos problemas.

Diariamente na reunião da manutenção são revisados os relatórios de

atendimento das máquinas preenchidos pelos técnicos, onde são verificados se os

intervalos de atendimento estão corretos, o tempo de parada da máquina está correto e

se o descritivo da ação tomada condiz com o problema apresentado. Na figura 32, pode-

se verificar uma parte de um dos relatórios preenchidos. Caso seja encontrada alguma

discrepância, analista responsável demarca no relatório a diferença encontrada e no

mesmo dia comunica o técnico envolvido e o orienta em relação a forma correta de

preenchimento.

41

Figura 29: Histórico de serviços realizados pelos técnicos

Fonte: GKN do Brasil Ltda

4.15. Problem solving

O problem solving (Solução de problemas), é uma metodologia de análise

para identificação da causa raiz dos defeitos apresentados nos equipamentos. Para isto,

utilizam-se varias ferramentas que devem ser aplicadas conforme necessidade e

complexidade apresentadas pelo defeito. As ferramentas freqüentemente utilizadas na

manutenção são a análise de 5 porquês e o A3.

42

Figura 30: Análise rápida de quebras e falhas (Padrão e preenchida pelos técnicos) Fonte: GKN do Brasil Ltda

A intenção é fazer com que os técnicos desenvolvam o modelo mental de

questionar pelo menos cinco vezes com a finalidade de chegar a causa raiz do problema,

e não apenas efetuar reparos corretivos ou trocar peças sem saber a verdadeira causa do

problema. Com esta ferramenta de análise o objetivo é diminuir os defeitos repetitivos,

pois chegando a causa raiz a ação será eficaz.

Outra ferramenta utilizada na atuação de solução de problemas,

identificando a causa raiz e atuando, é o A3. Esta ferramenta é mais detalhada e assim

permite uma análise mais profunda de problemas crônicos. Esta é uma ferramenta que

deve ser mais utilizada pelos analistas, pois requer maior tempo de análise e coleta de

dados, bem como ações que demandam maior planejamento e recursos.

Além de analises de problemas crônicos a ferramenta A3 também pode ser

utilizada para análise do desempenho de um departamento. O A3 define uma visão geral

da situação atual, os objetivos e metas, e quais são os gaps. Após define-se as

contramedidas a serem tomadas e então o planejamento. Por fim deve-se concluir com

as lições aprendidas e a padronização. Na manutenção da UMC definiu-se por utilizar a

ferramenta A3 para análise de problemas crônicos e para análise do desempenho mensal

da manutenção. Na figura 31, pode-se verificar como é a A3 da manutenção da UMC.

AREA DATA

MAQUINA PEÇA

SOLICITANTE NUMERO

PARTICIPANTES

LOCAL HORA

Porquê ?Porquê ?Porquê ?Porquê ?Porquê ?Causa Raíz

Ações de Investigação:Quem Quando Status

Quem Quando Status

Quem Quando Status

ANÁLISE 5 PORQUESDESCRIÇÃO DO PROBLEMA:

AÇÕES

Detalhes

Ação Corretiva Temporaria:Detalhes

Ação Corretiva Permanente:Detalhes

ANÁLISE RAPIDA DE QUEBRAS E FALHAS - MANUTENÇAO

ATA DE REUNIÃO

43

Figura 31: A3 da manutenção da UMC Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

4.16. Peças sobressalentes

Uma gestão de peças sobressalentes é a garantia de uma manutenção mais

eficiente no que diz respeito ao tempo de reparo. Principalmente quando se trata com

itens de longo prazo de entrega, máquinas de alta performance e altamente criticas para

o negócio. Estes equipamentos não podem ficar parados aguardando o conserto de

algum componente. A manutenção deve possuir um almoxarifado de componentes, com

fácil acesso de todos os técnicos, através de sistema informatizado, em que qualquer

pessoa possa acessar e verificar a existência do componente em estoque.

Organizou-se o almoxarifado de manutenção por grupo de máquinas

similares. Por exemplo; tornos, retíficas externas, retíficas internas, brochadeiras,

conformadoras, prensas, de modo que as peças sobressalentes importantes destes

equipamentos fiquem em local disponível, de fácil acesso e controle.

44

Todas as peças devem estar identificadas com cartão, com a referência da

peça, aplicação e local de armazenagem. Para as peças que são de uso comum a todas as

unidades de manufatura, realizou-se cadastro no software SGM, para facilitar e agilizar

a aquisição de material para os técnicos realizarem manutenção.

Figura 32: Cartão de identificação de peças para o almoxarifado de manutenção Fonte: GKN do Brasil Ltda

Figura 33: Tela de cadastro do item no sistema de controle Fonte: GKN do Brasil Ltda

Para retirar material do almoxarifado de manutenção o requisitante deve

obrigatoriamente retirar o cartão de identificação e entregar ao analista da unidade de

45

manufatura correspondente. O analista deve pegar este cartão e entregar para o

facilitador do almoxarifado que irá atualizar no sistema a condição deste material.

4.17. Análise e aplicação da técnica MCC.

Após estruturação e entendimento dos pilares que devem formar uma

manutenção enxuta e com confiabilidade, pode-se avançar ao estudo de RCM

propriamente dito. Priorizaram-se os equipamentos para aplicação da técnica através de

uma matriz de correlação onde se verificou o ponto fraco do setor de gaiolas, levando

em consideração as máquinas nas suas células e suas operações como mostra a figura

34.

4.17.1. Priorização dos equipamentos

A priorização dos equipamentos a serem realizados os estudos estatísticos,

foi feito através dos dados de indisponibilidade dos equipamentos gerados pelo banco

de dados (SGM) e análise de OEE (Eficiência global dos equipamentos) no setor de

gaiolas. Foram demonstrados os dados de indisponibilidade dos equipamentos nas suas

respectivas células e operações.

As máquinas com alta indisponibilidade por problemas de manutenção na

sua respectiva célula e também na sua operação foram consideradas como ponto fraco e

por conseqüência priorizada para estudo de seu histórico de falhas.

Como exemplo para melhor compreensão pode considerar a máquina MM

1558 como ponto fraco, pois apresentou na sua célula alto índice de indisponibilidade,

como também na sua operação onde se comparou com outras máquinas de mesma

função (operação) confirmando alta indisponibilidade e, portanto tornando-se alvo de

estudo e foco para as ações de manutenção.

A partir desta matriz de correlação, ficou definido que as máquinas a serem

analisadas seriam: M230, M466, M1558, M1329 e M159 (no período de 01/01/09 até

30/09/09) como mostra a figura 37 onde os equipamentos com prioridade alta

destacaram-se por alta indisponibilidade e, portanto foco para trabalhos de manutenção.

46

Figura 34: Matriz de decisão dos equipamentos a serem analisados detalhadamente

Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

4.17.2. Análise dos dados no software Relysis.

Na análise estatística identificaram-se os componentes críticos para cada

máquina e suas probabilidades de falha através do estudo no histórico destes

equipamentos no período de um ano que compreendeu entre 01/01/2009 até 30/09/2009.

Agruparam-se os defeitos por similaridade e verificaram-se os tempos entre falhas

destes componentes inserindo no software Relysis. Para exemplificar a aplicação da

técnica MCC será mostrado o estudo realizado nas máquina MM 466 (estampagem)

que estava entre as máquinas selecionadas por alta indisponibilidade.

Com base nas informações geradas pelo software estatístico, foram

identificados os principais componentes que causavam os defeitos nas máquinas.

Através de analises para definição da causa raiz destes defeitos, montou-se um plano de

ação com medidas corretivas e preventivas para eliminar paradas não programadas

resultantes destas causas.

47

4.17.3. Máquina Georg MM 466 - Antes

O software relysis através dos tempos entre falhas dos principais conjuntos

da máquina que apresentaram problemas gera entre outros um gráfico de barras que

mostra em ordem decrescente os problemas tomando como base o percentual de falhas.

Como mostra a figura 38 o principal problema a ser verificado é o erro de divisão,

problema este que responde por 27% das falhas, seguido de perto por parafusos

quebrados constantemente na camisa porta ferramenta onde representa 26% das falhas.

Figura 35: Criticidade por falhas Máquina MM 466 ( 01/01/2009 até 30/09/2009) Fonte: Software relysis

O software gera outros gráficos como será mostrado a seguir como a

confiabilidade no tempo e a probabilidade de falhas no tempo. Estes dados auxiliam na

tomada de decisão para solução dos problemas.

Ao analisar este gráfico de confiabilidade no tempo constata-se que a

divisão é a principal perda, pois demonstra a menor confiabilidade. Por exemplo, em

400 horas de trabalho a confiabilidade é menor que 10%. O erro de divisão nesta

máquina é o foco de atuação da manutenção considerando o período de estudo.

48

Figura 36: Confiabilidade x tempo máquina MM 466 (ANTES)

Fonte: Software Relysis

Figura 37: Probabilidade de falhas no tempo Máquina MM 466 (ANTES) Fonte: Software Relysis

49

A figura 37 confirma a divisão como principal problema e demonstra que a

partir das 600 horas de trabalho a probabilidade de falha funcional é de 100%.

Confirmado que o principal problema da máquina MM 466 era o erro de

divisão, fez-se análise através dos cinco porquês e verificou-se que o desgaste na mesa

porta ferramenta era a causa raiz do erro de divisão e conseqüentemente também a causa

raiz do segundo problema ( parafuso da camisa quebrado).

Usinou-se a mesa para um melhor ajuste da bucha porta ferramenta para

retirar a folga excessiva e corrigiu-se o problema, como ficou demonstrado no estudo

posterior e demonstrado a seguir.

4.17.4. Máquina Georg MM 466 - Após

Figura 38: Criticidade por falhas máquina MM 466 (APÓS) ( 01/10/2009 à 30/04/2010) Fonte: Software Relysis

Nota-se que os problemas de erro de divisão e parafusos quebrados na

camisa não constam no segundo período de estudo. Este equipamento estava com índice

de indisponibilidade de acordo com o OEE de 6,10% e após a manutenção este índice

caiu para 2,47% de indisponibilidade.

50

Figura 39: Gráfico de confiabilidade x tempo MM466 (APÓS) Fonte: Software Relysis

Constatou-se neste gráfico que a confiabilidade aumentou

consideravelmente (30%) comparando com o gráfico onde em 500 horas já havia 100%

de probabilidade de falhas.

Figura 40: Gráfico de confiabilidade x tempo MM 466 (APÓS) Fonte: Software Relysis

51

5. Resultados obtidos

Verificou-se uma melhora significativa no índice de eficiência das máquinas

analisadas e que ao mesmo tempo sofreram ações de manutenção focadas nos

problemas que realmente estavam impactando em suas performances.

Como mostra tabela abaixo, podemos afirmar a eficácia da ferramenta

RCM, onde auxilia os gestores de manutenção a focar suas ações para que os

equipamentos tenham seus pontos fracos fortalecidos e sua eficiência seja aumentada de

modo que cumpram suas funções dentro da performance esperada.

Cabe ressaltar também que o trabalho científico, com dados, fatos e

engenharia faz com que a manutenção trabalhe com maior assertividade, melhorando os

resultados empresariais.

Os resultados obtidos na aplicação da metodologia de análise da

confiabilidade com a estruturação de manutenção foram significativos, com uma

redução média de 50% do percentual de indisponibilidade das máquinas analisadas, bem

como planos consistentes para mantenabilidade destas máquinas.

1/1/2009 até 30/09/2009 01/10/2009 até 30/04/2010

Máquina indisponibilidade indisponibilidade Redução

466 6,10% 2,47% 40%

Figura 41: Comparação dos dados de indisponibilidade por manutenção

Fonte: Elaborado pelos autores, 2010

52

Este trabalho gerou resultados também em outras máquinas que não somente naquelas

que foram realizados estudos de confiabilidade. Isto porque através da estruturação da

manutenção, os processos ficaram mais ágeis e mais controlados. Abaixo na figura 42,

pode-se verificar a gradativa redução de horas de manutenção em todas as máquinas

(140 máquinas) da unidade de componentes.

Figura 42 : Horas de máquinas paradas em manutenção corretiva - UMC Fonte: GKN do Brasil Ltda

Ao analisarmos a média do primeiro período (Jan’09 – Set’09) pela média do segundo período (Out’09 – Jun´10), teremos como resultado a redução em 21% de horas de máquina parada em manutenção corretiva da unidade de componentes.

Outro resultado significativo em relação a horas de máquina parada, foram as horas de manutenção nas máquinas gargalo. Nestas máquinas a redução entre o primeiro período de análise (Jan’09 – Set’09) e o segundo período (Out’09 – Jun´10), foi ainda maior, chegando a 61% de redução de horas de máquinas gargalo paradas por manutenção. Na figura 43 podemos verificar a redução das horas de manutenção nas máquinas gargalo.

Manutenção corretiva UMC

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

jan/

09fe

v/09

mar

/09

abr/0

9m

ai/0

9ju

n/09

jul/0

9ag

o/09

set/0

9ou

t/09

nov/

09de

z/09

jan/

10fe

v/10

mar

/10

abr/1

0m

ai/1

0ju

n/10

Ho

ras

Corretiva UMC Expon. (Corretiva UMC)

53

Figura 43 : Horas de máquinas Gargalo parada em manutenção corretiva na Unidade de Gaiolas

Fonte: GKN do Brasil Ltda

Por fim, porém não menos importante, deve-se ressaltar como resultado inestimável, a satisfação do cliente perante o aumento da confiabilidade de seus equipamentos, podendo assim garantir a entrega no momento exato e na quantidade exata.

6. Conclusão

O Lean na manutenção vem como uma filosofia para agregar na redução

dos desperdícios e entendimento da manutenção como um processo. A filosofia Lean

tem como objetivos desenvolver práticas padrão para estabilizar e aumentar a vida do

componente e reduzir defeitos de qualidade, aperfeiçoar e ampliar a capacidade do

processo, diminuir o tempo de intervenção do técnico de manutenção, gerenciar a

transferência de atividades de manutenção da rotina do pessoal de produção (manter o

controle da qualidade da manutenção), melhorar os sistemas de manutenção

(planejamento, comunicação, análise, etc.) para apoiar a melhoria contínua das

operações.

Manutenção Corretiva Gargalos - Gaiola

0

20

40

60

80

100

120

140

160

jan/

09fe

v/09

mar

/09

abr/

09m

ai/0

9ju

n/09

jul/0

9ag

o/09

set/0

9ou

t/09

nov/

09de

z/09

jan/

10fe

v/10

mar

/10

abr/

10m

ai/1

0ju

n/10

Ho

ras

Corretiva Gargalos Expon. (Corretiva Gargalos)

54

Ficou evidenciado neste trabalho através dos resultados obtidos, a

importância da manutenção abraçar a causa lean, para poder acompanhar o processo

produtivo e melhorar seus serviços.

Bibliografia

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