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8/14/2019 Ex Lex Cheung http://slidepdf.com/reader/full/ex-lex-cheung 1/6  Melhor do que "Ex Lex" por Vincent Cheung Certa pessoa me enviou uma passagem do livro Apologetics to the Glory of God [Apologética para a Glória de Deus], de  John Frame, no qual ele argumenta contra um ponto estabelecido no livro God and Evil [Deus e o Mal], de Gordon Clark. Eu li o livro de Frame há muito tempo atrás, e se lembro corretamente, não estou certo, em primeiro lugar, se Frame entendeu completamente Clark, ou se ele o representou corretamente. Em todo caso, isso não é importante, quer tenha ou não algo a ver com Clark. De acordo com Frame, argumentar que Deus está “acima da lei” não é uma resposta bíblica ao problema do mal, pois argumentar dessa forma seria ignorar ou negar a premissa de que as leis de Deus procedem e são consistentes com a sua própria natureza imutável. Nota do tradutor: Eu, bem como um amigo, fomos as pessoas que fizemos tal pergunta para o Cheung. O trecho do livro de Frame apareceu no blog do Phillip  Johnson, pastor da igreja do Pr. John MacArthur e  webmaster do site www.spurgeon.org. Eis o trecho (o que está entre colchetes são notas de rodapé do próprio Frame): O argumento de Clark é que Deus é ex lex , o que significa “acima da lei”. A idéia é que Deus está fora ou acima das leis que ele prescreveu ao homem. Ele nos diz para não matarmos, todavia ele retém para si o direito de tirar a vida humana. Assim, ele mesmo não está obrigado a obedecer aos Dez Mandamentos ou qualquer outra lei dada ao homem na Escritura. Moralmente, ele está num nível inteiramente diferente do nosso. Portanto, ele tem o direito de fazer muitas coisas que parecem más para nós, mesmo coisas que contradizem as normas da Escritura. {Mas sobre essa base, não seria errado para Deus causar o mal diretamente. Esse é o porquê eu disse que esse

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Page 1: Ex Lex Cheung

8/14/2019 Ex Lex Cheung

http://slidepdf.com/reader/full/ex-lex-cheung 1/6

 Melhor do que "Ex Lex"

por

Vincent Cheung 

Certa pessoa me enviou uma passagem do livro Apologetics to the Glory of God  [Apologética para a Glória de Deus], de  John Frame, no qual ele argumenta contra um pontoestabelecido no livro God and Evil [Deus e o Mal], de GordonClark. Eu li o livro de Frame há muito tempo atrás, e selembro corretamente, não estou certo, em primeiro lugar, seFrame entendeu completamente Clark, ou se ele o

representou corretamente. Em todo caso, isso não éimportante, quer tenha ou não algo a ver com Clark.

De acordo com Frame, argumentar que Deus está “acima dalei” não é uma resposta bíblica ao problema do mal, poisargumentar dessa forma seria ignorar ou negar a premissade que as leis de Deus procedem e são consistentes com asua própria natureza imutável.

Nota do tradutor: Eu, bem como um amigo, fomos aspessoas que fizemos tal pergunta para o Cheung. O

trecho do livro de Frame apareceu no blog do Phillip Johnson, pastor da igreja do Pr. John MacArthur e webmaster do site  www.spurgeon.org. Eis o trecho (oque está entre colchetes são notas de rodapé dopróprio Frame):

O argumento de Clark é que Deus é ex lex , o quesignifica “acima da lei”. A idéia é que Deus está fora ouacima das leis que ele prescreveu ao homem. Ele nosdiz para não matarmos, todavia ele retém para si odireito de tirar a vida humana. Assim, ele mesmo nãoestá obrigado a obedecer aos Dez Mandamentos ouqualquer outra lei dada ao homem na Escritura.Moralmente, ele está num nível inteiramente diferentedo nosso. Portanto, ele tem o direito de fazer muitascoisas que parecem más para nós, mesmo coisas quecontradizem as normas da Escritura. {Mas sobre essabase, não seria errado para Deus causar o maldiretamente. Esse é o porquê eu disse que esse

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argumento torna o argumento da causa indiretairrelevante}. Assim, é dessa forma que Clark trataqualquer argumento contra a justiça ou bondade deDeus.

Há alguma verdade nessa postura. Como veremos, aEscritura proíbe a crítica humana das ações de Deus,e a razão é, como Clark lembra, a transcendênciadivina. É também verdade que Deus tem algumasprerrogativas que ele nos proíbe, tal como a liberdadede tirar a vida humana.

Clark se esquece, contudo, ou talvez negue, a máximaReformada e bíblica de que a lei reflete o própriocaráter de Deus. Obedecer a lei é imitar Deus, sercomo ele, ser a sua imagem (Êxodo 20:11; Levítico11:44-45; Mateus 5:45; 1 Pedro 1:15-16). Há naséticas bíblicas também uma imitação de Cristo,centrada na expiação (João 13:34-35; Efésios. 4:32;5:1; Filipenses 2:3ss.; 1 João 3:16; 4:8-10).Obviamente, há muito sobre Deus que não podemosimitar, incluindo aquelas prerrogativas mencionadasanteriormente. Satanás tentou Eva para que a mesmaprocurasse se tornar “como Deus” no sentido decobiçar suas prerrogativas (Gênesis 3:5). {John Murraydisse que a diferença entre as duas formas de buscar asemelhança de Deus parece ser uma espada de dois

gumes, embora haja realmente um profundo abismoentre elas.} Mas a santidade, justiça e bondade geralde Deus é algo que podemos e devemos imitar, numnível humano.

Assim, Deus honra, em geral, a mesma lei que ele nosdá. Ele rejeita o assassinato porque ele odeia veralgum ser humano assassinar outro, e ele pretendereservar para si o direito de controlar a mortehumana. Ele proíbe o adultério porque ele odeia oadultério {que é um tipo de idolatria — veja Oséias}.Podemos estar certos de que Deus se comportará deacordo com os mesmos padrões de santidade que elenos prescreve, exceto na medida em que a Escrituradeclara uma diferença entre suas responsabilidades eas nossas.

{De forma estranha, Clark, que é geralmente acusadode ser um realista Platônico, nesse ponto se desviapara o oposto do realismo, a saber, o nominalismo. Os

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nominalistas extremos sustentavam que as leisbíblicas não eram reflexões da natureza de Deus, masmeramente requerimentos arbitrários. Deus poderiater tão facilmente ordenado o adultério como oproibido. Eu mencionei isso numa carta para Clark, e

ele apreciou a ironia, mas não forneceu uma resposta.Por que, eu pergunto, ele não trata a lei moral damesma forma que ele trata a razão e a lógica em, porexemplo, seu livro The Johannine Logos  [O Logos  Joanino] (Nutley, N.J.: Presbyterian and Reformed,1972)? Ali ele argumentou que a razão/lógica de Deusnão estava nem acima de Deus (Platão) nem abaixo deDeus (nominalismo), mas que era a própria naturezaracional de Deus. Por que ele não tomou a mesmavisão sobre as leis morais de Deus?}.

[Extraído de: Apologetics to the Glory of God (Phillipsburg, NJ: P&R, 1994), 166-68.]

Antes de apresentar o restante da resposta de Cheung,posto abaixo a resposta de John Robbins a essetrecho, que lhe enviei por e-mail:

Quando Deus disse para Abraão sacrificar Isaque, ouquando ele ordenou que os israelitas matassem todohomem, mulher, e criança sem exceção, ou quando elemudou a lei moral de uma dispensação para aseguinte, o que Abraão e os israelistas fizeram e o que

os cristãos deveriam fazer? Deveriam eles ter pensadoconsigo mesmos: 'bem, Deus não pode ordenar taismandamentos, visto que ele é imutável, visto que elenos deu previamente mandamentos diferentes, e vistoque sua lei moral é a sua natureza e ela não podemudar'? Ou eles deveriam entender que Deus é olegislador, e o legislador faz as leis, não o contrário?

Se Clark não respondeu Frame, como Framereivindica, é porque a resposta é tão óbvia que atémesmo uma criança, mas não um professor de

seminário, a veria. Frame é anti-cristão em seupensamento.

Por que você está lendo esse livro?

 John Robbins

O que segue abaixo é a minha resposta:

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Eu tenho tempo para lhe dar apenas uma resposta breve.Certamente não posso abordar a questão de todo ângulopossível ou explicar minuciosamente tudo que disser sobreela. Mas você será capaz de desenvolvê-la e aplicá-la comolhe for necessário.

O argumento, quer usado contra o ex lex  ou não, ésimplesmente irrelevante. Por causa da discussão,concordemos primeiramente que as leis morais que Deusimpôs sobre a humanidade procedem de sua naturezaimutável. Para isso, suponhamos ainda, quer seja verdadeou não, que Deus está realmente limitado  por essas leismorais. Como tão frequentemente é o caso, a questão éencerrada quando perguntamos: “E daí? O que uma coisatem a ver com a outra?”.

A partir do que dissemos acima, segue-se que “não matarás”aplica-se a Deus. Mas, e daí? Frame diria que, portanto,Deus não é ex lex  . O que ele fracassa em observar é queesse é um mandamento com conteúdo definido, e nãosimplesmente algum X indefinido. O que é assassinar? NaBíblia, assassinato é o término deliberado de uma vidahumana sem sanção divina. Podemos adicionar que issodeve ser feito por outro humano, ou pelo menos por outramente racional, visto que animais não podem realmente“assassinar” no mesmo sentido, mesmo que o ato de matarseja deliberado. Agora, a menos que Deus possa alguma vez

matar alguém sem sua própria aprovação, em cujo caso eleseria esquizofrênico (de forma que nosso problema seriamuito maior do que ex lex  ), o mandamento nunca  seaplicaria realmente. O mesmo acontece com “não furtarás ”.Não há nada para Deus roubar, pois ele fez todas as coisas,e tudo lhe pertence.

Frame está considerando o problema do mal, ou como Deuspode causar ou “permitir” o mal e ainda permanecer santo,  justo e íntegro. Mas dado o exposto acima, e daí se Deuscausa o mal até mesmo diretamente? Qual lei moral existe, aqual diz que ele não deve fazer tal coisa? Onde ela está naBíblia? E se encontrada, ela realmente se aplica, mesmo quedissermos que Deus está “limitado” por ela?

Assim, minha posição não é exatamente ex lex , mas que agrandeza e transcendência de Deus é tal que ele nem mesmo

 precisa ser ex lex .

A passagem em questão encontra-se numa grande seção no

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livro de John Frame sobre o assim chamado problema domal. Ele examina várias opções, mas se mostra insatisfeitocom cada uma delas, e finalmente conclui que o assunto éde certa forma um “mistério”. No mesmo livro, Frame incluiuma resposta de Jay Adams na qual ele repreende Frame

por rejeitar tanto a resposta clara da Bíblia sobre o assuntocomo também por desejar mais do que a Bíblia revela. Oproblema não é que Clark seja anti-bíblico (quer ele seja ounão), mas que Frame rejeita a resposta bíblica.

Você pode ler também minha própria resposta ao problemado mal. Em resumo, em adição ao que declarei acima, minhaposição é que não existe nenhum problema do mal para oCristianismo. O argumento nunca pode ser formulado deuma forma que seja logicamente inteligível. Se pretendemosentender a objeção, então podemos dizer algo sobre o

assunto, mas não há realmente nenhuma objeção pararespondermos de forma alguma. O objetor nunca pode sabero que ele está realmente perguntando quando ele levanta oproblema do mal, e ninguém pode logicamente entendê-lo.Assim, o “problema do mal” é derrotado em vários níveis aomesmo tempo. Repetindo, você pode ler meu artigo para umaexplicação adicional.

Livros Recomendados:

Gordon Clark, God and Evil 

Gordon Clark, Predestination 

 Jay Adams, The Grand Demonstration 

Vincent Cheung, O Problema do Mal 

Vincent Cheung, Systematic Theology 

Vincent Cheung, Commentary on Ephesians 

Vincent Cheung, O Autor do Pecado 

Vincent Cheung, Questões Últimas 

Vincent Cheung, Presuppositional Confrontations  [1° capítuloem português]

O Autor do Pecado 

O Autor de Confusão 

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Por que Deus Criou o Mal? 

Nota sobre o autor: Vincent Cheung é o presidente daReformation Ministries International  [Ministério ReformadoInternacional]. Ele é o autor de mais de vinte livros ecentenas de palestras sobre uma vasta gama de tópicos nateologia, filosofia, apologética e espiritualidade. Através dosseus livros e palestras, ele está treinando cristãos paraentender, proclamar, defender e praticar a cosmovisãobíblica como um sistema de pensamento abrangente ecoerente, revelado por Deus na Escritura. Ele e sua esposa,Denise, residem em Boston, Massachusetts.[http://www.rmiweb.org/]

 Tradução: Felipe Sabino de Araújo NetoCuiabá-MT, 27 de Dezembro de 2005.

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