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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA MESTRADO EM QUÍMICA EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON-LINE POR FT-NIR DE BIODIESEL ETÍLICO E METÍLICO VIA CATÁLISE HOMOGÊNEA ÁCIDA INDUZIDA POR MICRO-ONDAS CUIABÁ - MT 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

MESTRADO EM QUÍMICA

EWERTON FERREIRA BARROS

PRODUÇÃO MONITORADA ON-LINE POR FT-NIR DE BIODIESEL

ETÍLICO E METÍLICO VIA CATÁLISE HOMOGÊNEA ÁCIDA INDUZIDA

POR MICRO-ONDAS

CUIABÁ - MT

2013

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EWERTON FERREIRA BARROS

PRODUÇÃO MONITORADA ON-LINE POR FT-NIR DE BIODIESEL

ETÍLICO E METÍLICO VIA CATÁLISE HOMOGÊNEA ÁCIDA INDUZIDA

POR MICRO-ONDAS

Dissertação apresentada à

Universidade Federal de Mato

Grosso, como parte das exigências

do Programa de Pós-Graduação

em Química, para obtenção do

título de Mestre em Química.

CUIABÁ - MT

2013

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EWERTON FERREIRA BARROS

PRODUÇÃO MONITORADA ON-LINE POR FT-NIR DE BIODIESEL

ETÍLICO E METÍLICO VIA CATÁLISE HOMOGÊNEA ÁCIDA INDUZIDA

POR MICRO-ONDAS

Dissertação apresentada à

Universidade Federal de Mato

Grosso, como parte das

exigências do Programa de Pós-

Graduação em Química, para

obtenção do título de Mestre em

Química, Área de Concentração

Fisico-Química Orgânica.

Dissertação defendida e aprovada em 05 de Junho de 2013.

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Paulo Teixeira de Sousa Jr.

UFMT (Examinador interno)

Prof. Dr. Carlos Alberto Kuhnen

UFSC (Examinador externo)

Prof. Dr. Evandro Luiz Dall’Oglio

UFMT (Orientador)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por tudo.

A minha família pelo incentivo e dedicação em toda a minha jornada até aqui.

A minha companheira para todas as horas, Lais, pelo amor, carinho e paciência comigo.

Ao pessoal da Central Analítica do Laboratório de Pesquisa em Química de Produtos Naturais (LPQPN-CA) pela amizade e apoio, especialmente ao Leonardo (Cabeção) pelos toques e ajuda ao longo de todo meu trabalho.

Ao meu orientador pela orientação e pelos ensinamentos.

A banca examinadora por ter aceitado o convite.

Ao projeto CIEB/FINEP pelos recursos materiais.

A CAPES pela bolsa concedida.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Reação de Esterificação ................................................................ 4

Figura 2: Representação geral da reação de transesterificação. ................. 5

Figura 3: Mecanismo proposto da reação de transesterificação via catálise

ácida. ............................................................................................................. 7

Figura 4: Estados de transição do mecanismo concertado em fase gasosa 8

Figura 5: Espectro eletromagnético. ........................................................... 14

Figura 6: Componentes do campo elétrico e magnético. ........................... 15

Figura 7: abaixamento de energia de um estado de transição (ET) polar,

pela interação com as micro-ondas. ............................................................ 20

Figura 8: Reator para transesterificação homogênea ácida de óleos

vegetais/gorduras animais para produção de biodiesel etílico. ................... 23

Figura 9: Diagrama da quimiometria inserida em outras áreas científicas. 29

Figura 10: Sistema Reacional Atual. .......................................................... 36

Figura 11: Espectro de RMN de ¹H da mistura reacional óleo de

castanha/biodiesel etílico. ........................................................................... 38

Figura 12: Espectro de RMN de ¹H da mistura reacional óleo de

soja/biodiesel metílico. ................................................................................ 39

Figura 13: Cela FT-NIR de fluxo contínuo em inox 316 L. .......................... 40

Figura 14: Espectros obtidos durante o progresso da reação. ................... 42

Figura 15: Espectro de FT-NIR do biodiesel e a respectiva área usada para

calibrar o método (9750 à 4750 cm-1

). ......................................................... 43

Figura 16: Resultados obtidos para o biodiesel de soja metílico e etílico. .. 47

Figura 17: Comparação do óleo de soja e castanha na produção de

biodiesel etílico. ........................................................................................... 48

Figura 18: Comparação do óleo de soja e metanol com e sem pressão

positiva. ....................................................................................................... 50

Figura 19: Valor do R2 Atual x Predito do cálculo para o método do BMS. 51

Figura 20: Valor do R2 Atual x Predito do cálculo para o método do BEC. 52

Figura 21: Gráfico do resíduo espectral do BMS. ....................................... 54

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Figura 22: Gráfico do resíduo espectral do BEC. ....................................... 55

Figura 23: Gráfico do resíduo de concentração para o BMS. ..................... 56

Figura 24: Gráfico do resíduo de concentração para o BEC. ..................... 57

Figura 25: Gráfico da influência da amostra versus resíduo estudantizado

BMS. ............................................................................................................ 58

Figura 26: Gráfico da influência da amostra versus resíduo estudantizado

BEC. ............................................................................................................ 59

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LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1: Cálculo da conversão do óleo em biodiesel etílico..................38

Equação 2: Cálculo da conversão do óleo em biodiesel metílico...............39

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Propriedades físicas de substâncias à 30ºC ............................... 17

Tabela 2: Resultados obtidos da primeira configuração do reator de 100 L24

Tabela 3: Resultados obtidos com a segunda configuração do reator de

100L ............................................................................................................ 25

Tabela 4: Condições reacionais e dados dos experimentos realizados. ..... 44

Tabela 5: Resultados dos valores de predição ........................................... 50

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AGL - Ácido Graxo Livre

AIAGL - Alto Índice de Ácido Graxo Livre

ANP - Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

ASTM - American Society for Testing and Materials

BEC - Biodiesel Etílico de Castanha

BMS - Biodiesel Metílico de Soja

CNPE - Conselho Nacional de Políticas Energéticas

DAG - Diacilglicerídeo

DFT - Teoria do Funcional da Densidade

DOU - Diário Oficial da União

FAME - Fatty Acid Methyl Ester

FT-NIR - Fourier Transformed – Near Infra-Red

GMI6 - Gerador de Micro-ondas Industrial de 6 kW

HF - Hartree-Fock

LPQPN-CA - Laboratório de Pesquisa em Química de Produtos Naturais -

Central Anatílica

MAG - Monoacilglicerídeo

OCB - Óleo de Castanha-do-Brasil

OCBA - Óleo de Castanha-do-Brasil Ácido

OS - Óleo de Soja

PLS - Partial Least Squares

RMN 1H - Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio

RMP - Reator de Micro-ondas Piloto

RMSECV - Root Mean Square Error of Cross-validation

SGMD - Sistema de Geração de Micro-ondas Doméstico

TAG - Triacilglicerídeo

tanδ - Tangente de Perda

ε’ - Constante Dielétrica

ε’’ - Fator de Perda Dielétrica

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................. 1 1.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................ 2 2.

BIODIESEL .................................................................................. 2 2.1.

2.1.1. Processos Reacionais Para Obtenção do Biodiesel.......3

2.1.2. Rotas Catalíticas .............................................................6

2.1.3. Bio-Resíduos a Biodiesel ................................................12

2.2. Micro-ondas....................................................................... 13

2.2.1. Efeitos das Micro-ondas .................................................... 18

2.2.2. Aplicações de Micro-ondas em Processos de Produção de

Biodiesel............ ......................................................................................... .21

2.2.3. Uso de micro-ondas para produção de biodiesel - Grupo

LPQPN-CA........ .......................................................................................... 22

2.3. Uso do FT-NIR para monitoramento on-line do processo . 27

2.3.1. Análise Multivariada – Quimiometria ................................. 28

OBJETIVOS ................................................................................... 31 3.

OBJETIVO GERAL ................................................................... 31 3.1.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................... 31 3.2.

MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................. 32 4.

REAGENTES ............................................................................. 32 4.1.

EQUIPAMENTOS ...................................................................... 32 4.2.

MÉTODOS ................................................................................. 34 4.3.

4.3.1. Modificação do Sistema Reacional ................................... 34

4.3.2. Processo de Produção do Biodiesel .................................. 37

4.3.3. Controle da Conversão por Análise de RMN 1H ................ 37

4.3.4. Obtenção dos Dados no FT-NIR ....................................... 40

RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................... 44 5.

CONTROLE DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DO BIODIESEL 5.1.

METÍLICO E ETÍLICO ............................................................................ 44

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ANÁLISES QUIMIOMÉTRICAS DOS DADOS DE FT-NIR VIA 5.2.

PLS...... ................................................................................................... 50

5.2.1. Resíduo Espectral ............................................................. 53

5.2.2. Resíduo de Concentração ...............................................55

5.2.3. Influência da Amostra x Resíduo Estudantizado ............57

6. CONCLUSÃO ................................................................................ 60

7. REFERÊNCIAS .............................................................................. 61

8. ANEXOS ........................................................................................68

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RESUMO

BARROS, E. F. Produção monitorada on-line por FT-NIR de biodiesel

etílico e metílico via catálise homogênea ácida induzida por micro-

ondas (2,45 GHz). Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação

em Química, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2013.

A necessidade de um tipo de energia renovável e com o mínimo de impacto

ambiental motiva a busca por novas fontes energéticas e meios de

produção de biocombustíveis. Tendo em vista essa problemática,

aperfeiçoou-se um Reator de Micro-ondas Piloto (RMP) do tipo usinado em

aço inox 304 com capacidade nominal de 100 L. Para realização dos

experimentos utilizaram-se etanol e metanol anidros, óleos de soja,

castanha residual, e ácido sulfúrico como catalisador. Buscou-se avaliar a

porcentagem de conversão de óleo em monoalquil ésteres em função do

álcool utilizado e da variação da pressão utilizada, bem como a proporção

de catalisador em relação ao volume total dos reagentes, e razão molar

óleo/álcool. Dentre os fatores mais relevantes que explicam um melhor

desempenho da reação com o etanol é, a temperatura reacional, pois o

etanol possui um maior ponto de ebulição, e a temperatura pode chegar aos

92 ºC ao final da reação à pressão ambiente, isto faz com que a cinética da

reação seja favorecida. Por outro lado, o mesmo não acontece com o

metanol, desfavorecendo o sentido direto da reação, mesmo com um

excesso maior de álcool. Métodos de calibração via FT-NIR foram

construídos por PLS. O primeiro foi realizado com o Biodiesel Metílico de

Soja (BMS) e o segundo com Biodiesel Etílico de Castanha (BEC). A

mesma área dos espectros foi escolhida para fazer o PLS.

Palavras-chave: Biodiesel, micro-ondas, infravermelho próximo.

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ABSTRACT

BARROS, E. F. Production monitored online by FT-NIR of methylic and

ethylic biodiesel via homogeneous acid catalysis induced by

microwaves (2.45 GHz). Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-

Graduação em Química, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá,

2013.

The need for a type of renewable energy and with minimal environmental

impact motivates the search for new energy sources and means of

producing biofuels. Given this problem, optimized it a Pilot Microwave

Reactor (PMR) batch-type all in 304 stainless steel with a nominal capacity

of 100 L. To carry out the experiments used anhydrous ethanol and

methanol, soybean oil, acidic chesnut oil and sulfuric acid as catalyst,

assisted by microwaves. We sought to evaluate the percentage conversion

of oil into monoalkyl esters according to the alcohol used and varying the

pressure used and the proportion of catalyst in relation to the total volume of

reagents and molar ratio oil/alcohol. Among the most important factors that

explain the improved performance of the reaction with ethanol is the reaction

temperature, because ethanol has a higher boiling point, and the

temperature may reach 92 ° C at the end of reaction at ambient pressure,

this causes the reaction kinetics is favored. On the other hand, the same is

not true with methanol, disadvantaging the forward direction of the reaction

even with a larger excess of alcohol. Calibration methods via FT-NIR were

constructed by PLS. The first was carried out with the Soy Biodiesel Methyl

(BMS) and the second with Ethyl Biodiesel Chestnut (BEC). The same area

of the spectra was chosen to do the PLS.

Keywords: Biodiesel, microwaves, near infrared

.

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INTRODUÇÃO 1.

Devido ao rápido declínio de reservas energéticas não renováveis,

como o petróleo, gás natural, entre outras, tem-se buscado fontes de

energias renováveis para substituir ou complementar aquelas já existentes,

visto que alguns países já possuem pouca, ou nenhuma, reserva energética

não renovável.

Dentre os biocombustíveis mais conhecidos mundialmente estão o

Etanol e o Biodiesel. Este tem como principal fonte de matéria prima os

óleos vegetais, em grande parte o óleo de soja. Os álcoois utilizados são

etanol, e principalmente, o metanol.

O uso de oleaginosas (soja, amendoim, mamona, colza, girassol,

babaçu, etc.) como matéria-prima na produção do biodiesel tem sido

amplamente discutido na comunidade científica devido à problemática

existente “combustível x alimento”, na qual se questiona o uso de vegetais

em boas condições para produção de um combustível ao invés de ser

destinado ao consumo humano.

Neste contexto, busca-se o uso de matérias-primas de pouco ou

nenhum valor comercial, para substituir os óleos vegetais e,

consequentemente, agregar valor a estes produtos, como exemplo tem-se,

dentre outros, os óleos e gorduras oriundos de vários seguimentos do setor

alimentício, como a gordura animal, descartada por frigoríficos, e o óleo

vegetal residual, descartado muitas vezes de forma inadequada e sem

tratamento químico por bares e restaurantes.

Porém, para matéria-prima com um alto teor de AGL, a rota

alcalina para produção de biodiesel é quimicamente inviável, devido à

formação de sabões. E apesar da catálise homogênea ácida ser bem mais

lenta, é uma das soluções mais viáveis para produção de biodiesel a partir

deste tipo de matéria prima, pois o uso de reatores químicos de com auxílio

das micro-ondas (2,45 GHz), além de diminuir consideravelmente o tempo

de reação, devido suas propriedades específicas e de aquecimento perante

Page 30: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

2

o ácido utilizado (H2SO4), possibilita tanto a reação de esterificação quanto

a de transesterificação.

O controle do progresso de uma reação de transesterificação pode-

se dar de várias maneiras, mas um dos métodos mais eficazes é o controle

em tempo real, por meio de equipamentos instalados na linha de produção.

O presente trabalho apresenta um estudo do controle da reação on-line

usando uma cela de fluxo contínuo de FT-NIR, e como calibrar um método

para predição de valores de conversão em biodiesel.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.

BIODIESEL 2.1.

Combustíveis do tipo biodiesel são derivados de óleos vegetais,

gorduras animais e AGL, e podem ser obtidos através da reação química de

esterificação ou transesterificação. O biodiesel é um combustível líquido

ambientalmente correto que pode ser usado em qualquer motor de ciclo

diesel sem modificação. E começou a ser amplamente produzido no início

de 1990 e desde então a produção tem aumentado constantemente (BALAT

& BALAT, 2008).

O biodiesel pode ser misturado em qualquer quantidade com diesel

de petróleo para criar uma mistura biodiesel-diesel. A Utilização do biodiesel

em um motor ciclo diesel convencional reduz substancialmente as emissões

de hidrocarbonetos não queimados, monóxidos de carbono, sulfatos,

hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, hidrocarbonetos policíclicos

aromáticos nitrados, e material particulado. Estas reduções aumentam à

medida que a quantidade de biodiesel misturado em óleo diesel aumenta

(MOREIRA, S. M. S. R., 2008).

Desde 1º de janeiro de 2010, o óleo diesel comercializado em todo

o Brasil contém 5% de biodiesel. Esta regra foi estabelecida pela Resolução

nº 6/2009 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), publicada

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3

no Diário Oficial da União (DOU) em 26 de outubro de 2009, que aumentou

de 4% para 5% o porcentual obrigatório de mistura de biodiesel ao óleo

diesel, cuja meta é de 20% até o ano de 2020. A contínua elevação do

porcentual de adição de biodiesel ao diesel demonstra o sucesso do

Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel e da experiência

acumulada pelo Brasil na produção e no uso em larga escala de

biocombustíveis. A nomenclatura estabelecida para classificar misturas de

diesel/biodiesel é estabelecida como “BX”, sendo “X” o volume porcentual

de biodiesel adicionado ao diesel.

2.1.1. Processos Reacionais Para Obtenção do Biodiesel

O Biodiesel é um biocombustível que pode ser obtido por reações

de esterificação e transesterificação (mais usado industrialmente) por

diferentes rotas catalíticas. Dentre as rotas catalíticas mais comuns estão a

ácida e a básica. E as rotas não convencionais de catálise heterogênea e

enzimática são menos usadas em processos industriais.

Esterificação 2.1.1.1.

A esterificação para produção de biodiesel consiste na reação de

um ácido graxo com um álcool (normalmente álcoois primários de cadeia

curta e usualmente metanol ou etanol, por apresentarem velocidade

reacionais maiores), numa estequiometria de 1:1 (normalmente um excesso

de álcool é usado, visando um maior deslocamento do equilíbrio para os

produtos), na presença ou não de catalisador ácido. Esse processo gera

como único produto, ésteres de ácidos graxos e água, conforme

representação da Figura 1 (POUSA, 2007).

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4

R C

OH

O

+ R1 OH

R C

O

O

R1

+ OH2

Ácido Carboxílico Álcool Éster Água

H+

Figura 1: Reação de Esterificação

Em processos reacionais de esterificação direta, catalisadores do

tipo ácidos de Brönsted são os mais utilizados industrialmente, dentre eles o

mais empregado é o ácido sulfúrico, mas também são empregados: ácido

clorídrico, ácidos sulfônicos dissolvidos, ácido fosfórico, ácido polifosfórico,

misturas desses catalisadores, assim como resinas orgânicas contendo

grupos sulfônicos ácidos (POUSA, 2007).

Park, et al. (2010), visando maximizar a produção de biodiesel a

partir de ácidos graxos de soja, estudaram os efeitos da água sobre a

esterificação de óleos com altos teores de ácidos graxos livres. Ácidos

oléicos e óleos com altos índices de ácidos graxos livres (AIAGL) foram

esterificados por reação com metanol na presença de Amberlyst-15 como

catalisador heterogêneo ou ácido sulfúrico como catalisador homogêneo. O

rendimento de éster metílico de ácido graxo (FAME) foi estudado para

proporções molares de óleo:metanol de 1:3 e 1:6, e temperaturas de reação

de 60 e 80 ºC. A conversão em biodiesel diminuiu significativamente

aumentando o teor de água inicial em até 20% do óleo. A atividade de

Amberlyst-15 diminuiu mais rapidamente do que a do ácido sulfúrico, devido

à ocupação direta dos sítios ácidos pela água.

A esterificação com ácido sulfúrico não foi afetada por adição de

água até 5% na proporção molar 1:6 de óleo para metanol. O FAME obtido

a partir ácidos graxos livres aumentou rapidamente para os primeiros 30

minutos de reação. Após isto, a taxa de produção FAME diminuiu

significativamente devido ao acúmulo de água. Quando metanol e

Amberlyst-15 foram removidos após 30 minutos de esterificação e

adicionados metanol e catalisador novos, o tempo necessário para atingir o

conteúdo de FAME 85% foi reduzido de 6 h para 1,8 h.

Page 33: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

5

Transesterificação 2.1.1.2.

A reação de transesterificação (Figura 2) é catalisada por ácidos ou

bases, ou executadas sob condições neutras. É uma reação de equilíbrio e

tem de ser deslocada na direção desejada, em muitos casos, ésteres de

baixo ponto de ebulição podem ser convertidos a um de maior (MARCH, J.

& Smith, M. B., 2007).

Figura 2: Representação geral da reação de transesterificação.

O processo de transesterificação é composto por uma sequencia

de três etapas consecutivas de reações reversíveis. Na primeira etapa, um

triglicerídeo reage com o álcool originando um diglicerídeo e um éster, o

diglicerídeo, na segunda etapa reage com outra molécula de álcool

formando um novo éster e um monoglicerídeo, que por sua vez, na última

etapa, do monoglicerídeo origina-se a glicerina. A relação estequiométrica

entre o álcool e o óleo é 3:1. Entretanto, um excesso do álcool é geralmente

utilizado para favorecer o produto desejado (MARCHETTI, et al., 2005).

Sabe-se, ainda, que a reação de transesterificação usando ácido

sulfúrico como catalisador ou catalisadores ácidos em geral é afetada

negativamente pela presença de água, sendo assim, quando se usa

matérias primas com AIAGL, faz-se necessário considerar a formação de

água e a influência da mesma no catalisador (ATADASHI, et al., 2012). Este

fator pode ser corrigido pela adição de uma quantidade maior de catalisador

ou usando um pré-tratamento da amostra, se necessário.

OH

OH

OH

O

O

OO

O

Rn

Rn

O

Rn

1 + OH3O

O

Rn

3 + 1

HO ou H

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6

2.1.2. Rotas Catalíticas

2.1.2.1. Catálise Homogênea Ácida

Quando os ésteres de glicerina possuem alto teor de AGL, a

catálise homogênea ácida se torna uma saída viável para produção de

biodiesel, como é o caso de óleos residuais de frituras e derivados, sendo, o

ácido sulfúrico usualmente empregado como catalisador, podendo também

ser empregados ácidos de Bronsted, como ácidos sulfônicos e sulfúricos.

Estes catalisadores mostram alto rendimento em ésteres alquílicos, mas as

reações são lentas, requerendo temperaturas acima de 100 ºC e mais de

três horas para alcançar conversão completa. A razão molar álcool/óleo

vegetal é um dos muitos fatores que influenciam a transesterificação. Um

excesso de álcool favorece a formação dos produtos (GONZALEZ, W. A., et

al., 2005).

Na reação de transesterificação via catálise ácida, o triacilglicerídeo

(TAG) reage com álcool na presença de ácido, produzindo uma mistura de

monoalquil ésteres e glicerol. O processo completo é uma sequência de

várias reações consecutivas e reversíveis. O mecanismo da catálise ácida

(Figura 3) ocorre via protonação da carbonila do TAG, levando à formação

do carbocátion (reação I), que sofre ataque nucleofílico do álcool,

produzindo o intermediário (reação II), esse por sua vez elimina uma

molécula de DAG e uma de monoalquil éster (reação III). Reações similares

irão ocorrer com os DAGs formados, produzindo MAGs, os quais, em

processos subsequentes, formarão finalmente a glicerina e os monoalquil

ésteres (VASCONCELOS L. G. de, 2011).

Page 35: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

7

Figura 3: Mecanismo proposto da reação de transesterificação via catálise ácida. Fonte: Vasconcelos L. G. de, 2011.

Marchetti & Errazu (2010) estudaram a reação de

transesterificação usando óleos com AIAGL (acima de 3%) com etanol,

catalisada por ácido sulfúrico. Dentre as condições experimentais

realizadas, tem-se o uso da razão molar álcool/óleo de 6:1, 2,2 % m/m de

H2SO4 à 55 ºC sob agitação de 200 rpm, na qual obteve-se o valor de

conversão em biodiesel de 100% em aproximadamente 240 minutos de

reação.

Zaramello, et al. (2012) estudaram o mecanismo de

transesterificação do triglicerídeo do ácido butírico (TAG) catalisado por

ácido em fase gasosa e sem o efeito do solvente, empregando a

aproximação de Hartree-Fock (HF) e a Teoria do Funcional da Densidade

(DFT) (Figura 4). A reação procede por meio de um mecanismo concertado,

com um único estado transição, sem a formação de um intermediário

tetraédrico. Primeiramente foi efetuado o cálculo para o monoacilglicerídeo

do ácido butírico (MAG), empregando ambos os métodos, em três sistemas

Page 36: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

8

diferentes, não catalisado, catalisado, e catalisado com a presença do

contra íon (HSO4-). O sistema completo, TAG, foi estudado apenas com o

método DFT, sem a presença do contra íon, no qual foram calculados os

diferentes caminhos pelos quais a reação pode seguir. Foram obtidos

estados de transição com formação de ligação entre o carbono carbonílico e

o oxigênio do nucleófilo e uma quebra de ligação entre este carbono e o

oxigênio do grupo de saída, ocorrendo concomitantemente com a

transferência de hidrogênio do oxigênio do nucleófilo para o oxigênio do

grupo de saída. As ordens de ligação fornecem o grau de quebra e

formação de ligação nos estados de transição, ressaltando o papel do

catalisador; mostrando estados de transição com maior grau de quebra do

que formação de ligação, os quais são estabilizados por meio de interações

com os grupos de ataque e saída. Para o sistema completo TAG, o caminho

que possui menor custo energético é o que procede por ataque a carbonila

central, seguido de ataque as carbonilas das pontas.

Figura 4: Estados de transição do mecanismo concertado em fase gasosa. Fonte: Zaramello, L., et al. (2012).

Page 37: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

9

2.1.2.2. Catálise Homogênea Básica

A transesterificação de óleos vegetais na presença de

catalisadores alcalinos homogêneos de baixo custo é uma reação

relativamente simples, que ocorre à pressão atmosférica, em temperatura

amena e com menor razão molar óleo/álcool (variando de 1:3 à 1:6),

comparado com a catálise homogênea ácida. A taxa de reação é cerca de

4000 vezes mais rápida do que a catálise ácida quando utilizado a mesma

quantidade de catalisador (LOTERO, et al., 2005). As condições

operacionais mais brandas tornam o meio reacional menos corrosivo à

superfície dos reatores. Todos estes fatores tornaram a transesterificação

de óleo vegetais via catálise básica mais aplicada mundialmente para

produção de biodiesel nos processos industriais (SOLDI, et al., 2006).

É reconhecido na literatura que a catálise básica possui problemas

operacionais quando o óleo vegetal apresenta AIAGL, pois são formados

sabões que, além de consumirem parte do catalisador durante sua

formação, acabam gerando emulsões e dificultando a separação dos

produtos (ésteres e glicerina) no final da reação. O mesmo ocorre quando

existe quantidade considerável de água no meio reacional. Esta, por sua

vez, leva à formação de ácidos graxos pela hidrólise dos ésteres presentes.

Cavalcante, et al. (2009) realizaram a reação de transesterificação

com óleo de mamona e etanol (razão molar 1:11) 1,75% KOH em um tempo

de 90 minutos e obtiveram a conversão máxima de 86,32% em etil ésteres.

2.1.2.3. Catálise Heterogênea

Nos últimos anos, muitos catalisadores de base sólida têm sido

investigados para a reação de transesterificação, incluindo óxidos terrosos

com suportes ou íons alcalinos, hidrotalcitas, e zeólitas básicas.

Compostos de metais alcalinos, especificamente compostos de

cálcio, são considerados muito interessantes do ponto de vista econômico.

Page 38: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

10

Muitos compostos de cálcio, por exemplo, carbonatos de cálcio, alcóxidos

de cálcio, e óxido de cálcio, têm sido relatados na literatura como ativos em

síntese de biodiesel. No entanto, a dissolução desses sólidos no meio de

reação desfavorece a sua natureza heterogênea, prejudicando o processo

reacional. Como resultado, muitas abordagens têm sido adotadas para

melhorar a estabilidade das bases sólidas de cálcio, incluindo a dispersão

de espécies de cálcio em suportes de sílica mesoporosa

(TANTIRUNGROTECHAI, et al. 2011).

Dall’Oglio, et al. (2013) estudaram o uso de catalisadores

heterogêneos alcalinos aplicado na produção de biodiesel metílico induzido

por micro-ondas a partir do óleo de girassol, obtendo-se conversão de até

98% em ésteres metílicos quando utilizado 5% em massa de K2CO3/Al2O3 e

CaO com razão molar metanol-óleo de 16:1.

O desenvolvimento de catalisadores heterogêneos ativos em

reações de produção de biodiesel traz uma série de vantagens ao processo:

maior facilidade na separação dos produtos no final da reação; possibilidade

de recuperação e reutilização dos catalisadores e de condução da reação

em regime contínuo.

A maior facilidade de separação dos produtos no final da reação

leva a uma redução significativa no volume de efluentes líquidos gerados,

principalmente com a minimização do uso de água, que é empregada em

grandes quantidades nos processos baseados em catalisadores

homogêneos para neutralização do catalisador. Outra vantagem é que estes

catalisadores não favorecem nem a saponificação e nem a corrosão do

reator. Contudo, em geral, fornecem rendimentos inferiores aos da catálise

homogênea, em especial para álcoois de cadeias longas (DI SERIO, et al.

2008).

Page 39: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

11

2.1.2.4. Catálise Enzimática

Processos biocatalíticos empregando lipases como

biocatalisadores ganharam um interesse crescente para a produção de

biodiesel industrial, que permite alta eficiência de conversão de matérias-

primas contendo glicerídeos com alto teor de AGL em condições

operacionais moderadas (baixas temperaturas e pressão), sem a

necessidade de tratamento de águas residuais posteriores (SHIMADA apud

RAITA, et al., 2011).

O desenvolvimento de processos enzimáticos para a produção de

biodiesel tem sido focado na redução de custos para lipases e melhoria do

tempo de funcionamento da enzima e sua reutilização, o que beneficiaria a

comercialização do processo biocatalítico. A Imobilização é uma abordagem

em potencial para aperfeiçoar o desempenho operacional das enzimas e o

custo de biocatalisadores em processos industriais, especialmente para

sistemas não aquosos. A Imobilização de enzimas por precipitação é uma

abordagem eficiente para a preparação biocatalisador para uso em meios

orgânicos.

De acordo com Robles-Medin, et al. (2009), existem duas grandes

categorias de biocatalisadores enzimáticos: (1) Lipases extracelulares, ou

seja, a enzima é recuperada a partir da livre produção do caldo de

microrganismos e, em seguida, purificada. As principais lipases utilizadas

são Mucor miehei, Rhizopus oryzae, Candida antarctica e Pseudomonas

cepacia, devido a resistência ao álcool utilizado na reação; (2) Lipases

intracelulares, que ainda permanecem dentro ou nas paredes das células

produtoras; nos dois casos a enzima é imobilizada e usada, eliminando as

operações de separação e reciclagem da lipase.

Page 40: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

12

2.1.3. Bio-Resíduos a Biodiesel

A produção de biodiesel a partir de diferentes oleaginosas não

comestíveis tem sido extensivamente investigada ao longo dos últimos

anos. Os óleos não comestíveis, como Jatropha curcas, Madhuca indica,

Ficus elástica, Azardirachta inidica, Calophyllum inophyllum, Azadirachta

indica A. Juss, Pongamia pinnata, Madhuca longifolia, além das microalgas

e sementes oleaginosas, estão facilmente disponíveis nos países em

desenvolvimento e são muito econômicos comparáveis aos óleos

alimentares (DARICI & OCAL, 2010). O problema com o processamento

destes óleos de baixo custo é que muitas vezes contêm grandes

quantidades de AGL que não pode ser convertido em biodiesel usando um

catalisador alcalino, bem como gorduras residuais.

Sharma et al. (2010), estudaram o óleo de karanja (P. pinnata),

que possui uma elevada quantidade de AGL. Uma reação de duas etapas

foi realizada, o óleo de p. pinnata foi esterificado com H2SO4, e o produto

obtido foi posteriormente convertido a ésteres alquílicos de ácidos graxos

por reações de transesterificação. Uma relação molar moderada de 6:1

(metanol-óleo) foi eficiente para a esterificação do ácido com 1,5% v/v

H2SO4 e 1 h de reação em cerca de 60 ºC, o que resultou em redução de

AGL de 19,88 para 1,86 mg de KOH/g. Durante a transesterificação

alcalina, razão molar de 8:1 (metanol-óleo), NaOH 0,8% , CH3O-Na

+ 1,0%,

ou KOH 1,0% como catalisador à cerca de 60 ºC resultando em um

rendimento otimizado (90-95%) e de alta conversão (96-100%).

O elevado nível de AGL no óleo de mahua (Madhuca indica) foi

reduzido para menos de 1% em um processo de duas etapas de

transesterificação por Ghadge e Raheman (2005), na qual cada etapa foi

realizada com razão de metanol-óleo 0,30-0,35 v/v na presença de 1% v/v

H2SO4 como catalisador ácido em 1 h de reação a 60 ºC. Após o pré-

tratamento de óleo de Mahua a reação de transesterificação foi realizada

com razão molar de metanol-óleo de 6:1 e 0,7% m/v KOH como um

Page 41: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

13

catalisador alcalino para produção de biodiesel. Na sequência deste

processo, um rendimento de 98% de biodiesel foi obtido.

Wang, et al. (2006) estudaram uma transesterificação convencional

usando H2SO4 como catalisador, e uma transesterificação em duas etapas

(a primeira com catalisador ácido e a segunda com básico) de óleo de

cozinha residual e relatou conversão 97,22% do AGL para éster metílico de

ácidos graxos (FAME) com sulfato férrico (2% massa) como ácido

catalisador ácido e KOH (1% massa) como catalisador alcalino em 95 ºC e 4

h com uma razão molar metanol-óleo 10:1.

Em um estudo comparativo, a conversão de óleo de cozinha

residual em ésteres metílicos usando processos de transesterificação com

metanol em estado supercrítico foi realizado por Demirbas (2009). No

estudo, FAME de alta pureza (99,6%) foi obtido a partir de óleo de cozinha

residual por método de transesterificação supercrítico. Este estudo revelou

que o processo de transesterificação com metanol supercrítico é um método

alternativo promissor para a transesterificação convencional em duas

etapas de óleo de cozinha residual.

O interesse no potencial produtivo dos óleos residuais está

associado à existência de uma Unidade Piloto para Produção de Biodiesel,

adjacente a área da Reserva Extrativista (RESEX) Guariba-Roosevelt

localizada no município de Colniza, extremo noroeste de Mato Grosso. Uma

via deste projeto é o aproveitamento de óleo residual de Castanha-do-

Brasil, que são inválidos para consumo humano, porém possuem potencial

para produção de biodiesel.

2.2. Micro-ondas

As micro-ondas são ondas eletromagnéticas não ionizantes, e

estão localizadas na região do espectro eletromagnético com comprimentos

de onda que variam de 1 m para 1 mm, isto corresponde a frequências

entre 0.3 e 300 GHz (Figura 5). Desde aplicações, tais como dispositivos

Page 42: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

14

sem fio (2.4 a 5.0 GHz; EUA), rádio por satélite (2.3 GHz) e controle de

tráfego aéreo operam nesta faixa. Mesmo com essa ampla faixa do

espectro eletromagnético, as agências reguladoras permitem apenas o uso

de cinco frequências específicas de micro-ondas (25,125; 5,80; 2,45; 0,915

e 0,4339 GHz), para a construção e operação de equipamentos para fins

industriais, científicos e médicos. Os fornos de micro-ondas domésticos

operam em 2,45 GHz (comprimento de onda de 12,25 cm), sendo essa

frequência amplamente empregada por empresas na fabricação de

equipamentos de micro-ondas científicos aplicados em processos químicos,

havendo poucas exceções (LEADBEATER, 2010).

Figura 5: Espectro eletromagnético.

As micro-ondas são ondas eletromagnéticas que consistem de

componentes de campo: elétrico e magnético (Figura 6) (KAPPE, et al.

2009).

Page 43: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

15

Figura 6: Componentes do campo elétrico e magnético.

O aquecimento por micro-ondas é baseado na habilidade de uma

substância particular, tal como um solvente ou substrato, em absorver

energia de micro-ondas e efetivamente converter a energia eletromagnética

em aquecimento (energia cinética). Algumas moléculas com um momento

de dipolo (permanente ou induzido) na tentativa de alinhar-se com o campo

elétrico oscilante promovido pela irradiação de micro-ondas sofrem

rotações. Em fase gasosa, essas rotações moleculares são eventos

energicamente discretos e podem ser observados usando espectroscopia

de micro-ondas. Em fases líquidas e sólidas, essas rotações, uma vez que

quantizadas, aglutinam-se em um amplo e continuo evento rotacional que

são rapidamente extintos através de colisões e movimento translacional

(LEADBEATER, 2010).

Diferentemente do aquecimento convencional, que é realizado por

condução, irradiação e convecção, o aquecimento por micro-ondas é

também chamado de aquecimento dielétrico. Existem dois mecanismos

principais para a transformação de energia eletromagnética em calor. O

primeiro deles é chamado de rotação de dipolo e relaciona-se com o

alinhamento das moléculas (que têm dipolos permanentes ou induzidos)

com o campo elétrico aplicado. Quando o campo é removido, as moléculas

voltam a um estado desordenado e a energia que foi absorvida para esta

orientação é dissipada na forma de calor. O aquecimento por rotação

dipolar é extremamente dependente da frequência do campo elétrico e do

Page 44: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

16

tempo necessário para que os dipolos retornem ao seu estado de desordem

inicial (tempo de relaxação) (LEADBEATER, 2010).

O segundo mecanismo é chamado de condução iônica, onde o

calor é gerado através de perdas por fricção que acontecem através da

migração de íons dissolvidos quando sofrem a ação de um campo

eletromagnético. O fator de perda dielétrica (ε’’) mede a eficiência da

conversão de energia eletromagnética em calor. A constante dielétrica (ε’)

da substância é uma medida que indica a sua polaridade. Já a razão є”/є’, é

numericamente igual a tangente de perda. Este fator indica a habilidade de

uma amostra converter radiação eletromagnética em calor. Quanto maior

este valor, mais a substância é aquecida pelas micro-ondas (LOUPY, 2002).

A perda dielétrica ou tangente de perda de uma substância pode

ser usada para avaliar eficiência do aquecimento por absorção de micro-

ondas. Uma série de outros fatores contribui para isso. Atributos como, o

calor específico e calor de vaporização da substância, bem como a

profundidade que a irradiação de micro-ondas pode penetrar na amostra, às

vezes pode ter um impacto maior na taxa de aquecimento do que as perdas

dielétricas ou do que a tangente de perda. A perda dielétrica e a constante

dielétrica são ambas funções do comprimento de onda de irradiação, bem

como da temperatura, da mudança do calor específico em função da

temperatura e da mudança do calor de vaporização em função da pressão.

Estes podem afetar a absortividade das micro-ondas individualmente e em

combinação (LEADBEATER, 2010).

Algumas propriedades físicas de solventes, tais como: constante

dielétrica, perda dielétrica e tangente de perda para a frequência de

2,45GHz podem ser encontradas na literatura (Tabela 1).

Page 45: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

17

Tabela 1: Propriedades físicas de substâncias à 30ºC

Solvente Constante

Dielétrica (ε´) Perda

Dielétrica (ε”) Tangente de Perda (tan δ)

Águaa 75,70 7,96 0,105

Etanola

8,91 8,00 1,113

Metanola

24,02 12,53 0,521

Glicerinaa 7.88 5.51 0,699

OCBa 2,866 0,188 0,065

Ácido Sulfúricoa

29,10 112,20 3,855

Biodiesel OCBa 3,132 0,32 0,102

Dimetilsulfóxidob

45 37,1 0,825

Dimetilformamidab

37,7 6,07 0,161

Acetonitrilab

37,5 2,32 0,062

Acetonab

20,7 1,11 0,054

Diclorometanob

9,1 0,382 0,042

Tetrahidrofuranob

7,4 0,348 0,047

Toluenob

2,4 0,096 0,040

Hexanob

1,9 0,038 0,020

Fonte: aCampos, D. da C., Dissertação, 2012;

bHayes, B.L., Microwave Synthesis:

Chemistry at the Speed of Light, CEM Publishing, Matthews, NC, 2006.

Page 46: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

18

2.2.1. Efeitos das Micro-ondas

O aquecimento por micro-ondas, principalmente como auxílio em

processos químicos tem sido muito discutido concomitantemente ao

aquecimento convencional na tentativa de explicar esta propriedade

extremamente relevante em alguns casos. Esta diferença entre os tipos de

aquecimento pode ser evidenciadas e divididas em três efeitos específicos:

a) Efeito Térmico - Segundo a literatura, a razão para uma melhoria

da taxa reacional observada na aplicação de micro-ondas em processos

químicos, é um efeito puramente térmico/cinético, isto é, uma consequência

das altas temperaturas de reação, que podem ser rapidamente alcançadas

quando se irradia materiais polares com micro-ondas. Foi observado em

perfis de experimentos aquecidos por micro-ondas com relação ao

aquecimento convencional, que o aquecimento por micro-ondas poder levar

a produtos de reação diferentes se o perfil cinético da reação for

dependente da temperatura, podendo levar a produtos mais puros e com

menos subprodutos. Ao mesmo tempo, aquecimentos com micro-ondas

nem sempre favorecem a um caminho de reação desejado, gerando

produtos indesejados em função das temperaturas reacionais atingidas

(LOUPY, 2002; KAPPE, DALLINGER, & MURPHREE, 2009;

LEADBEATER, 2010).

b) Efeito Específico de Micro-ondas - Os efeitos específicos de

micro-ondas são efeitos causados pela singularidade dos mecanismos de

aquecimento do dielétrico. Eles são definidos como as acelerações das

transformações químicas em um campo sob ação de micro-ondas que não

pode ser alcançado ou duplicado por um aquecimento convencional, sendo

ainda um efeito essencialmente térmico. Como exemplo de efeitos

específicos, temos: os efeitos de parede, onde geralmente a parede/carcaça

não é aquecida, pois a energia é dissipada no interior do líquido, sendo a

Page 47: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

19

temperatura externa do reator menor que a do interior do líquido; outra

característica específica do fenômeno de aquecimento dielétrico por micro-

ondas é o rápido aquecimento da massa e até mesmo de toda a mistura

reacional (aquecimento volumétrico); provavelmente um dos mais

importantes efeitos específicos das micro-ondas, e resulta do forte

aquecimento seletivo a partir da absorção de micro-ondas por catalisadores

ou reagentes em um meio de reação de média polaridade; outro efeito

específico das micro-ondas é o aquecimento diferencial de sistemas bi ou

multifásicos líquido/líquido (LOUPY, 2002; KAPPE, DALLINGER, &

MURPHREE, 2009; LEADBEATER, 2010).

c) Efeitos Não Térmicos ou Atérmicos das Micro-ondas - Os

efeitos não térmicos ou atérmicos das micro-ondas são definidos como

acelerações de transformações químicas em um campo de micro-ondas que

não pode ser racionalizado como efeitos puramente térmicos/cinéticos ou

de micro-ondas. Essencialmente, os efeitos não térmicos das micro-ondas

são resultados de uma interação direta do campo elétrico com moléculas

específicas no meio reacional. Como exemplo de alguns efeitos não

térmicos observados temos: o efeito de orientação de moléculas bipolares

gerando mudanças no fator pré-exponencial ou da energia de ativação

(termo entropia) da equação de Arrhenius, promovidos pela ação do campo

elétrico; outro efeito foi observado em mecanismos de reações polares, a

qual se observou o aumento da polaridade durante as etapas, desde o

estado fundamental até o estado de transição, resultando num aumento da

reatividade e numa redução da energia de ativação. Se estiver envolvido um

estado de transição polar, o componente elétrico do campo de micro-ondas

tenderá a estabilizar o estado de transição (Figura 7), desse modo

causando um abaixamento na energia de ativação deslocando dessa forma

a velocidade de reação no sentido dos produtos (LOUPY, 2002; KAPPE,

DALLINGER, & MURPHREE, 2009; LEADBEATER, 2010).

Page 48: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

20

Jobic, et al. (2011), estudaram in situ o efeito de substâncias no

interior de zeólitas via Espalhamento Quase-elástico de Nêutrons (QENS)

sob irradiação de micro-ondas e compararam com simulações de

dinâmicas moleculares correspondentes. Ambos os experimentos e

simulações revelaram aquecimento seletivo do metanol em silicalite, mas

pouco ou nenhum aquecimento do benzeno em silicalite. Temperaturas

efetivas translacionais e rotacionais extraídas a partir de dados do QENS

em aquecimento por micro-ondas foram determinadas como dependente da

energia de micro-ondas. De acordo com simulação e o QENS, temperaturas

rotacionais excedem significativamente as translacionais em altas potências

de micro-ondas, proporcionando assim a primeira prova microscópica, de

efeitos atérmicos em aplicações de micro-ondas em nano poros.

Figura 7: abaixamento de energia de um estado de transição (ET) polar, pela interação com as micro-ondas. Fonte: LOUPY, 2002.

Page 49: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

21

2.2.2. Aplicações de Micro-ondas em Processos de Produção de

Biodiesel

Zu Y, et al. (2009), estudaram a transesterificação metílica

catalisada por base (KOH) do óleo da planta Chifre amarelo (Xanthoceras

sorbifolia Bunge) assistida por micro-ondas e pelo método convencional.

Chegaram à conclusão que o método de aquecimento por micro-ondas foi

mais eficiente quando em condições específicas: potência do gerador de

500W a 2,45 GHz à temperatura de 60 ºC e razão molar de álcool:óleo de

6:1 com 1% de KOH, chegando a conversões em ésteres metílicos maiores

que 96% em 6 minutos de reação. Mostrando também uma

reprodutibilidade aceitável.

Kanitkar, et al. (2011), estudaram a produção de FAMEs de duas

fontes de óleo, palha de arroz e soja, obtendo um resultado de conversão

considerável em comparação com o tempo de reação (maior que 98% em

1-2h) utilizando NaOH (0,15 - 0,18 % m/m óleo). Resultados mostraram que

a quantidade de catalisador pode reduzir consideravelmente com o uso de

micro-ondas, o mesmo foi observado com a razão molar álcool:óleo. Nota-

se ainda o baixo custo energético em comparação ao método convencional.

Kim D, et al. (2011), estudaram a transesterificação de AGL (ácido

oleico) por catálise heterogênea ácida (catalisador não informado,

suportado em resina Amberlyst-15) e assistida por micro-ondas utilizando a

técnica de pulso de energia. Verificaram que a conversão em Biodiesel com

a utilização de micro-ondas por pulso foi maior que a contínua, melhorando

o resultado de conversão de 39,9% para 66,1% após 15 minutos.

Duz & Saydut (2011), estudaram a produção de biodiesel a partir

do óleo de Cártamo (Carthamus tinctorius L.) extraído de sementes de

Cártamo que cresce em Diyarbakir, SE Anatólia na Turquia. O biodiesel foi

produzido por transesterificação metílica sob irradiação de micro-ondas,

numa relação molar de 1:10 (óleo:metanol) e 1,0% de catalisador (NaOH). A

conversão do óleo de Carthamus tinctorius L. em éster metílico foi mais de

Page 50: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

22

98,4% em 6 minutos. As importantes propriedades do combustível de óleo

de cártamo e seus ésteres metílicos (biodiesel), como a densidade,

viscosidade cinemática, ponto de fulgor, índice de iodo, o número de

neutralização, ponto de fluidez, ponto de névoa e número de cetano,

apresentaram resultados que estão dentro dos padrões estabelecidos pelas

normas: diesel de petróleo nº 2, ASTM e EN biodiesel. Em comparação com

métodos convencionais de aquecimento, o processo usando irradiação de

micro-ondas mostrou ser um método mais rápido para a alcoólise de TAGs

com metanol, levando a altos rendimentos de biodiesel.

Dall'Oglio, Garofalo, & Sousa Jr. (2006), solicitaram registro de

patente para a produção de monoalquil ésteres de ácidos graxos através de

reações de transesterificação ou esterificação a partir de óleos vegetais,

gorduras animais e ácidos graxos com álcoois em geral, em meio ácido ou

alcalino, usando um reator adaptado para o uso de energia na faixa de

frequência das micro-ondas (915 MHz ou 2.450 MHz).

2.2.3. Uso de micro-ondas para produção de biodiesel - Grupo

LPQPN-CA

Dentre outras frentes de pesquisa, o grupo do LPQPN-CA

desenvolve reatores de micro-ondas principalmente para produção de

biodiesel, por vários meios catalíticos.

O reator de 100 L utilizado neste trabalho já possui várias

adaptações feitas a partir de resultados obtidos anteriormente.

RODRIGUES, V. (2008) apresentou resultados da sua primeira

configuração (Figura 8 “a”), na qual os magnetrons domésticos ficavam na

parte inferir do corpo do reator e não possuíam controle de potência,

acarretando na degradação da glicerina decantada ao final do processo

reacional devido a falta de boa homogeneização do sistema.

O problema da degradação da glicerina foi resolvido por

VASCONCELOS, L. G. (2011), que em seu trabalho modificou a

Page 51: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

23

configuração do reator (Figura 8 “b”) mantendo-se os magnetrons

domésticos na parte inferior, porém, adaptou-se um guia de onda na lateral

do corpo cilíndrico para acoplar um gerador de micro-ondas industrial de 3

kW de potência com total controle.

Porém, após essas adaptações, o sistema reacional ainda

apresentava sérios problemas de homogeneização e sistema de

arrefecimento do recuperador e condensador de refluxo de álcool.

Figura 8: Reator para transesterificação homogênea ácida de óleos vegetais/gorduras animais para produção de biodiesel etílico; a) A – dez magnetrons emitindo na frequência de 2,45 GHz com uma potência nominal de 800 W cada, B – reator cilíndrico de 100 L , C - sistema de recuperação do etanol, D - condensador de

"a" "b"

Page 52: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

24

refluxo, E - agitador mecânico, F - bomba de deslocamento positivo de diafrágma, G - bomba centrífuga, H - bomba de vácuo, M – manômetro, T1 - termômetro digital PT 100, T2 - termômetro de fibra óptica, V - medidor de vácuo analógico e P – válvula solenoide (Asco modelo 8210C007) para o controle da pressão, máximo 20 kgf/cm

2;

b) I – tuner, J – sistema para medida de potência emitida, K – circulador, L – válvula do magnetron industrial de 2,45 GHz e 3 kW e N – sistema industrial de geração de micro-ondas.

Com a primeira configuração do reator obteve-se resultados

significantes (Tabela 2) acerca do potencial de conversão dos óleos e

gorduras em biodiesel em relação aos fatores envolvidos na reação, como:

razão molar óleo:álcool, quantidade de ácido como catalisador, e

homogeneização do sistema.

Pode-se observar que quanto maior a proporção de catalisador,

mais rápida é a reação, porém acarreta-se a degradação do produto final ao

longo da reação devido ao excesso de ácido, formando subprodutos

indesejados.

Tabela 2: Resultados obtidos da primeira configuração do reator de 100 L

Matéria-prima Etanol

(L)

Razão

molar

H2SO4

(% V/V)

Tempo

(min)

Conversão

(%) Tipo Volume (L)

Óleo de

soja 18

10 1:9 2,00

6 21,42

12 25,72

18 47,07

24 62,84

30 69,87

36 73,48

42 84,68

48 90,41

Page 53: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

25

Gordura

de

Frango

60 30 1:8 2,00 60 42,58

60 30 1:8 3,00 60 60,86

60 30 1:8 3,40 60 86,29

Óleo de

girassol 25 10 1:6 2,00

8 21,59

13 33,75

16 34,46

22 79,08

Fonte: RODRIGUES, V. (2008).

Já na Tabela 3 são representados os dados da reação de

transesterificação da segunda configuração do reator. Porém foi utilizado

apenas um tipo de óleo como matéria-prima (Óleo de Castanha-do-Brasil

Ácido), apresentando poucas mudanças do resultado de conversão em

biodiesel etílico obtido em relação à primeira configuração.

Tabela 3: Resultados obtidos com a segunda configuração do reator de 100 L

OCBA (L)

Etanol (L)

Razão molar

H2SO4

(%v/v) Tempo (min)

Conversão (%)

55.6

21.4

1:6

1.43

10 18.72

20 20.54

30 29.58

30 41.15

40 44.93

50 54.20

60 54.96

70 73.23

80 80.93

90 86.10

100 95.04

Page 54: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

26

55.6 21.4 1:6 1.43 110 97.75

120 98.65

130 99.23

140 100.00

55.6 21.4 1:6 1.88

10 17.35

20 21.83

30 26.09

40 35.48

50 43.79

60 57.30

70 58.49

80 76.43

90 82.76

100 92.91

110 89.97

120 99.13

130 100.00

60 30 1:8 4.20

10 16.67

20 20.60

30 36.22

40 51.81

50 73.23

60 82.26

70 100.00

Fonte: VASCONCELOS, L. G. (2011)

Porém a glicerina decantada ao fundo do reator durante o

progresso da reação, já não sofria degradação por irradiação de micro-

ondas, pois a emissão dos magnetrons inferiores era interrompida,

mantendo-se a emissão do gerador de 3 kW na lateral do reator. Contudo,

Page 55: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

27

ainda era observada a baixa homogeneidade do sistema em virtude do uso

de uma bomba de agitação não adequada.

Além disso, o volume do condensador de refluxo era muito baixo,

cerca de 2,3 L, e não suportava a quantidade de álcool evaporado no reator,

principalmente quando utilizava-se metanol, na qual a condição reacional é

mais rigorosa.

2.3. Uso do FT-NIR para o monitoramento on-line do processo

A espectroscopia de infravermelho próximo (NIR) é uma técnica

bem estabelecida e é baseada na absorção da energia eletromagnética na

região de 780 a 2500 nm (12820-4000 cm-1

). Este tipo de técnica permite

analisar amostras de uma forma rápida, simples e não destrutiva, sem a

necessidade de pré-tratamentos, evitando assim o uso demasiado de

solventes (BURNS, D., CIURCZAK, E. W., 2001).

Além disso, ferramentas estatísticas podem ser aliadas facilmente

a este tipo de técnica, como Principal Component Analysis (PCA) e Partial

Least Squares (PLS), estas muito usadas para classificação e quantificação

de amostras de biodiesel.

O método PLS é uma técnica de calibração multivariada linear, que

reduz grandes conjuntos de dados brutos em um pequeno número de

fatores ortogonais (não correlacionados) de modo a minimizar a soma dos

quadrados dos erros entre o os valores a serem previstos (MATHIAS O.,

2007).

Na predição dos valores, o mais importante é a escolha do método

de previsão. Esse método deve proporcionar a inferência mais precisa e

realista possível. Para essa otimização avalia-se parâmetros estatísticos

específicos, uma das informações mais relevantes é a superfície de

resposta para a raiz quadrada do erro médio quadrático da validação

cruzada (RMSECV - Root Mean Square Error of Cross-validation).

Page 56: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

28

Pinzi S., et al. (2012) Identificaram com precisão parâmetros

exigidos pela norma de controle de qualidade do biodiesel usando o FT-

NIR, como AGL, Mono, Di e Triglicerídeos, Glicerina total e porcentual de

conversão, além de detectar possíveis adulterações ao diesel de petróleo.

Killner M. H. M., et al. (2011) utilizaram FT-NIR monitorando on-line

o progresso da reação de transesterificação básica (NaOH) de óleo de soja

em escala de bancada a 20 ºC e 55 ºC, por meio de PLS e utilizando RMN

¹H como método de referência. Foram utilizados dados de medidas entre 60

e 100% de conversão, no qual se obtiveram bons valores de predição, R²

acima de 0,98, RMSEC = 1,09 e RMSECV = 1,32 em % de conversão.

2.3.1. Análise Multivariada – Quimiometria

A análise multivariada pode ser descrita como um método de

calibração de um determinado equipamento ou similar para fornecer a

resposta correta, e através desta calibração é que se encontram modelos

de regressão para descrever o comportamento de variáveis, ou seja, uma

determinada função matemática (MILLER, J. N., MILLER J. C., 2005).

As etapas de um método de calibração multivariada são as

seguintes:

1- Modelagem ou Calibração: Determinação da função matemática que

relaciona o sinal analítico e a propriedade de interesse (ex.

concentração) por meio do uso de padrões contendo concentrações

conhecidas da espécie de interesse;

2- Validação: Verificação da performance do modelo;

3- Predição: Utilização do modelo para determinar parâmetros analíticos

em amostras desconhecidas.

Page 57: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

29

A Quimiometria é definida como uma área da Química que usa

métodos matemáticos e estatísticos para: planejar ou selecionar

procedimentos ótimos de medidas e experimentos e extrair o máximo de

informação química relevante (Figura 9) (MILLER, J. N., MILLER J. C.,

2005).

Figura 9: Diagrama da quimiometria inserida em outras áreas científicas.

Dentre várias aplicações da quimiometria estão: Detecção de

tendências e agrupamentos, através de reconhecimento de padrões;

Quantificação de propriedades de interesse sejam elas com características

físicas, químicas ou fisico-químicas, na qual a calibração multivariada será

aplicada; E a otimização de condições experimentais, visando a adaptação

do planejamento experimental.

Técnicas quimiométricas podem ser aplicadas à vários tipos de

métodos analíticos de medida, dentre eles a cromatografia gasosa (CG),

Ressonância Magnética Nuclear (RMN) e Infra Vermelho (IV) são as

técnicas mais utilizadas.

Azizian, H & Kramer J. K. G. (2005) quantificou ácidos graxos e

qualidade de diferentes tipos de óleo, aplicando a quimiometria (PLS) em

análises de FT-NIR e comparando com resultados de CG como método

padrão de análise. Obteve-se para maioria dos ácidos graxos um R² acima

de 0,95 e erro abaixo de 2%. Concluiu-se que o uso de FT-NIR neste caso

pode ser uma alternativa mais rápida, simples e analiticamente viável em

Page 58: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

30

relação ao método padrão (CG), no qual se perde muito tempo e recursos

com a separação de constituintes da amostra, o que não é necessário com

o FT-NIR.

Utiliza-se também a quimiometria para identificar componentes

químicos específicos de determinado grupo de amostras, fazendo com que

estas possam se agrupar em grupos distintos por região, clima, solo, dentre

outros fatores. Este tipo de técnica quimiométrica é chamada de Análises

de Componentes Principais (PCA).

Azeites de Oliva da Europa foram analisados através de CG,

utilizando o método quimiométrico PCA nos resultados para determinar a

localização geográfica das amostras somente pelo Finger Print das

mesmas. As diferenças entre os espectros de amostras de regiões

diferentes eram muito pequenas em alguns casos, mas cada região possuía

marcadores químicos específicos, ou seja, substâncias particulares de

regiões diferentes, que facilitaram na identificação de todas as amostras

pelo agrupamento das que possuíam marcadores semelhantes (DOWNEY,

G., et al., 2003; PIZARRO, C. et al., 2011)

Raspe, D. T. & Silva, C. (2013) determinaram a quantidade de AGL

por FT-NIR da reação de esterificação de ácido oleico com etanol com

auxilio do catalisador heterogêneo KSF e resina Amberlist-15, usando como

método de referência a CG. Obtiveram um R² de 0,819 para calibração

utilizando correção de linha base, e RMSEC de 2,022%, contudo o método

de calibração conseguiu predizer relativamente bem (R² de 0,966).

Richard, R., et al. (2013) Estudaram dois modos de medidas de FT-

NIR para o controle da reação on-line da transesterificação homogênea

ácida (HCl) com etanol, o primeiro utilizando uma sonda de transflectância e

o segundo com uma sonda de reflactância, com uma média de 40 amostras

para calibração de cada modelo. Obteve-se resultados analíticos para o

método de calibração PLS semelhantes para as duas formas de medida,

sendo os R² de 0,98 para os dois tipos de medida e RMSEC de 2,34% e

4,08% respectivamente.

Page 59: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

31

OBJETIVOS 3.

OBJETIVO GERAL 3.1.

Estudar o comportamento e monitoramento on-line do processo

reacional de produção de biodiesel via catálise homogênea ácida (H2SO4)

em reator de escala piloto de 100 L.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS 3.2.

Montagem/otimização de reator de 100 L do tipo batelada;

Estudar o comportamento da reação em relação ao álcool utilizado

(metanol ou etanol anidro) e com o uso de óleo residual de

Castanha-do-Brasil e Soja;

Aferir o tempo ideal para a reação, em função da concentração de

catalisador, pressão do sistema e razão molar óleo/álcool;

Elaborar um estudo quimiométrico de análises de FT-NIR por meio

de calibração PLS e validação do método, para posterior

monitoramento on-line.

Page 60: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

32

MATERIAIS E MÉTODOS 4.

REAGENTES 4.1.

Quadro 1: Lista de reagentes utilizados.

Reagentes Marca Lote

Etanol Anidro Petroluz -

Metanol Anidro - -

Bicarbonato de Sódio (P.A. -

ACS) Quimex

Fab: 08/03/2006, Lote:

30986

Ácido Sulfúrico (P.A.) Dinâmica Fab: 12/2007, Lote:

27772

Óleo de Soja Degomado - -

Óleo de Castanha-do-Brasil COMIGUA -

Clorofórmio deuterado Merk Carga/lote:

S5004720/815

Água destilada - -

EQUIPAMENTOS 4.2.

Quadro 2: Lista de equipamentos utilizados.

Descrição Marca Modelo

Gerador de

Micro-ondas

Industrial de 6

kW (GMI6)

Gerador de alta tensão Alter SM 1280

Testa Alter TM0352

Guia de Onda Alter WR 340

Sensor de potência de Alter RD 8400

Page 61: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

33

Gerador de

Micro-ondas

Industrial de 6

kW (GMI6)

retorno

Circulador National

Eletronics 2450 MHz

Tuning Alter AG340M3

Sistema de

geração de

micro-ondas

doméstico

(SGMD)

Sistema de geração de

alta tensão composto

de: transformador,

diodo e capacitor

Panasonic -----

Guia de onda LPQPNCA WR 340

Magnetron Panasonic 2.45 GHz

Bomba centrífuga Bombinox BL10

Bomba de diafragma Bombinox ---

Bomba de engrenagem FBE ½” inox

Bomba peristáltica BREDEL SPX10

Bomba de vácuo Omel BVM/II-

127/60

Vacuômetro WOLER ¾”;(-1 a

0kgf/cm2)

Manômetro WOLER ¾”; (0 a 4

kgf/cm2)

Controlador Lógico Programável WEG

TPW-

03/30HR-

A/8AD

Sistema de monitoramento de

temperatura interna do reator Minipa ET 2609

Quadro de comando LPQPNCA -----

Ressonância Magnética Nuclear 1H Varian Mercury 300

Infravermelho próximo (FT-NIR) AIT Analect

Diamond X

Page 62: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

34

MÉTODOS 4.3.

4.3.1. Modificação do Sistema Reacional

O Reator de Micro-ondas Piloto (RMP) do tipo batelada (Figura 10)

foi usinado em aço inox 304, com geometria e adaptação fundamentadas na

concepção de cavidades ressonantes multimodos cilíndricas (METAXAS &

MEREDITH, 1983); com capacidade nominal de 100 L/h; dotado de 8

sistemas de geração de micro-ondas doméstico (SGMD) frequência de 2,45

GHz com potência real de 600 W (totalizando 4,8 kW) (A); dotado de um

gerador de micro-ondas industrial de 2,45 GHz e potência de 6 kW,

composto de gerador de alta tensão (N), Testa (L), Guia de Onda do tipo

WR 340; Circulador (J) e Tunnig (I), Sensor de Potência de Retorno (K);

sistema de monitoramento da temperatura interna e da carcaça com

termômetro digital (T); medidor de pressão (manômetro) analógico para

monitoramento da pressão (M) e de um medidor de vácuo analógico

(vacuômetro) para monitoramento de vácuo (V); Controlador Lógico

Programável para posterior controle de sensores (ex. Temperatura,

Pressão, etc.); dotado de um condensador de refluxo (para o álcool) (D) e

sistema de recuperação de álcool (ao término do processo reacional) (C);

dotado de um quadro elétrico de comando (composto de: disjuntores,

contatores, relés, botoeiras, etc.) montado para atender a demanda de todo

o equipamento; dotado de bomba de deslocamento positivo de engrenagem

com vazão de 21 L/min (F) (para agitação durante o processo reacional e

para carga e descarga de matéria prima e produto), bomba centrífuga para

transferência do etanol recuperado (G), bomba de vácuo para o

procedimento de recuperação do álcool ao término da reação (H) e bomba

peristáltica para a passagem do produto na cela de fluxo contínuo (Q);

dotado de tubulação de transferência de produto em inox 304 de 1” e tubo

de interligação do reator com o sistema de recuperação de álcool de 4”em

inox 304; possui também um decantador de 200 L em inox (DEC) para

Page 63: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

35

posterior separação do biodiesel e glicerina, de um lavador (LAV) com

capacidade para 200 L, e também uma torre de resfriamento da água

(TORRE) do trocador de calor.

O sistema reacional tem como base o reator utilizado por

Vasconcelos, L. G. (2011), sendo que algumas partes do sistema foram

otimizadas e outras modificadas, dentre estas estão: a instalação de uma

torre de resfriamento da água utilizada para troca térmica dos

condensadores, pois na concepção anterior toda água não era aproveitada;

O aumento do volume do condensador de refluxo (D) para

aproximadamente 13 L, já que o mesmo não tinha capacidade de

condensar todo o álcool ao longo da reação e boa parte era perdido na

forma de vapor; adição da cela de fluxo contínuo do FT-NIR com o auxílio

da bomba peristáltica (Q), para o monitoramento da reação em tempo real;

Modificação da bomba de agitação e adição da mistura reacional, na qual

foi colocada uma bomba de engrenagem (F), sendo que os tanques de

1000 L de reagentes eram conectados à mesma por meio de tubos e

mangueiras, fazendo com que a adição de reagentes e a agitação da

mistura se torne mais eficaz, já que anteriormente a homogeneização da

mistura não era eficaz, pois a bomba centrífuga usada cavitava a certo

ponto da reação com a decantação da glicerina, ocasionando sérios

problemas na reação devido a formação de subprodutos indesejados.

Além das modificações feitas acima, novos equipamentos foram

adicionados ao sistema, como o decantador (DEC), utilizado após a reação

para a decantação da glicerina, na qual era direcionada para um tanque

próprio. Após a decantação, transfere-se o biodiesel ao lavador (LAV), para

o processo de neutralização. Por último filtra-se o produto com o auxílio de

bomba.

Page 64: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

36

Figura 10: Sistema Reacional Atual.

Page 65: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

37

4.3.2. Processo de Produção do Biodiesel

Para realização dos experimentos, utilizaram-se etanol e metanol

anidros, óleos de soja, castanha residual e não residual, e ácido sulfúrico

como catalisador. Buscou-se avaliar a porcentagem de conversão de óleo

em monoalquil ésteres em função do álcool utilizado e da variação da

pressão utilizada, bem como a proporção de catalisador em relação ao

volume total dos reagentes, e razão molar óleo/álcool.

Para os experimentos foi adotado o seguinte procedimento: com o

auxílio da bomba de engrenagem, carregou-se o reator com o óleo;

adicionou-se o catalisador; manteve-se sob agitação com a mesma bomba

numa vazão de 20 L/min durante 5 minutos para homogeneização,

adicionou-se o álcool anidro, agitou-se por mais 5 minutos, ligou-se a

emissão de micro-ondas, agitação por bomba e agitação mecânica em 15

Hz, aplicando uma potencia fixa de 10,2 KW, sendo 5,4 KW do GMI6 e 4,8

KW do SGMD. Amostras foram coletadas em intervalos de 5 minutos

durante o experimento para posterior análise de conversão por Ressonância

Magnética Nuclear (RMN 1H).

4.3.3. Controle da Conversão por Análise de RMN 1H

Medidas do porcentual de conversão de óleos em ésteres metílicos

e etílicos foram realizadas via RMN 1H em um espectrômetro Varian

Mercury 300 MHz, com amostras coletadas durante os experimentos

realizados.

Coletou-se aproximadamente 20 mL de amostra em erlenmayers

de 100 mL durante a reação, a qual foi neutralizada com bicarbonato de

sódio anidro, para posterior retirada de 50 µL da fase superior

(sobrenadante) da amostra e transferiu-se para o tubo de ressonância.

Adicionou-se 650 µL de clorofórmio deuterado para solubilização. Obteve-se

o espectro de RMN 1H em temperatura controlada de 30 ºC. O

Page 66: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

38

procedimento analítico de tratamento dos dados foi baseado na relação do

sinal dos hidrogênios pertencentes ao reagente da reação (Mono, Di e

Triglicerídeos) com os ésteres metílicos ou etílicos formados.

A determinação da conversão do óleo em biodiesel etílico, é dada

pelo desaparecimento dos hidrogênios glicerídeos do óleo (4,3 e 4,15 ppm)

com o consequente aparecimento dos sinais dos hidrogênios do éster (4,15

ppm) (Figura 11).

Figura 11: Espectro de RMN de ¹H da mistura reacional óleo de castanha/biodiesel etílico.

Com o auxílio da equação 1 obtêm-se os valores de conversão do

óleo em biodiesel etílico via RMN 1H. Sendo A1 a área que pertence ao óleo

e A2 a área pertencente ao éster etílico (Gonzalez, W. A., et al., 2005).

Equação 1: Cálculo da conversão do óleo em biodiesel etílico.

Page 67: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

39

Por outro lado dá-se o mesmo raciocínio com a determinação da

conversão de glicerídeos em ésteres metílicos, mas com uma diferença no

deslocamento químico do éster (3,65 ppm) (Figura 12).

Figura 12: Espectro de RMN de ¹H da mistura reacional óleo de soja/biodiesel metílico.

Com o auxílio da equação 2 obtêm-se os valores de conversão do

óleo em biodiesel etílico via RMN 1H. Sendo A1 a área que pertence ao óleo

e A2 a área pertencente ao éster metílico (adaptado de Knothe G., 2000).

Equação 2: Cálculo da conversão do óleo em biodiesel metílico.

Page 68: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

40

4.3.4. Obtenção dos Dados no FT-NIR

Os espectros de FT-NIR foram obtidos em um aparelho da Applied

Instrument Technologies (AIT), modelo Analect Diamond MX, por meio de

uma cela de fluxo contínuo de inox 316 L e cabos de fibra óptica conectados

ao aparelho (Figura 13).

Os modelos de calibrações PLS (Partial Least Squares) foram

obtidos pelo software GRAMS/AI e os dados de referência foram os de

RMN 1H.

Figura 13: Cela FT-NIR de fluxo contínuo em inox 316 L.

O primeiro passo para o tratamento estatístico dos dados é escolha

dos espectros e a inserção da discriminante desejada usando o valor obtido

pelo método de referência (Figura 14). Logo em seguida selecionar a

análise desejada (PLS) e a região do espectro a qual queira usar para fazer

a calibração (Figura 15).

Feito isto, gera-se uma curva de calibração com determinado R2,

podendo ser selecionados possíveis outliers para o melhoramento da

mesma. Um arquivo de calibração é gerado para posterior validação do

Page 69: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

41

método, este deve ser usado para predizer dados adquiridos de reações

posteriores, podendo-se obter então valores de erros do método, do valor

de referência, entre outros (Manual em anexo 2)

Page 70: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

42

Figura 14: Espectros obtidos durante o progresso da reação.

Page 71: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

43

Figura 15: Espectro de FT-NIR do biodiesel e a respectiva área usada para calibrar o método (9750 à 4750 cm-1).

Page 72: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

44

RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.

CONTROLE DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DO BIODIESEL 5.1.

METÍLICO E ETÍLICO

Para a obtenção do biodiesel metílico e etílico utilizou-se 10,2 KW

de potência de micro-ondas, monitorando a temperatura, exceto para os

experimentos com pressão positiva, e coletando amostras paralelamente

em tempo determinado de acordo com o andamento da reação e

transparência da mistura reacional, para posterior análise de RMN H1 e

determinação do teor de conversão do óleo de castanha-do-Brasil (OCB) e

óleo de soja (OS) em ésteres metílicos ou etílicos.

Os resultados das conversões, entre outros parâmetros do

processo reacional estão na tabela 4, sendo que os experimentos 1 e 3

foram realizados em triplicata, devido ao número de pontos necessários

para calibração do PLS. Observou-se a média dos valores de conversões

em cada coleta (espectros em anexo 1).

Tabela 4: Condições reacionais e dados dos experimentos realizados.

Exp.

Matéria prima Metanol

(L)

Etanol

(L)

Razão

Molar

H2SO4

(% v/v)

Tempo de

Irradiação

(min.)

Conversão

(%)

T

(ºC) Tipo Volume

(L)

1a

OS

60

20

0

1:8

3,12

10 12,41 72

60 37,96 70

120 61,87 76

166 75,17 77

178 77,96 77

190 78,87 78

Page 73: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

45

1a

OS

60

20

0

1:8

3,12

208 81,69 77

241 84,38 77

2a

OS 60 0 22 1:6 3,04

10 18,50 77

30 42,14 87

60 65,89 88,8

120 83,36 91,5

140 92,65 91

150 100 91,4

3a

OCB 60 0 22 1:6 3,04

10 12,35 80

30 31,4 88

60 55,67 90

93 82,12 92

119 84,69 93

129 90,41 93

140 90,21 93

150 91,05 93

4b

OS 60 20 0 1:8 3,12

45 25,03 75

60 42,24 81

80 46,59 NO*

95 48,59 NO*

100 54,58 NO*

110 68,03 NO*

120 78,07 NO*

Page 74: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

46

5b

OCB 60 20 0 1:8 3,12

10 18,62 NO*

20 21,47 NO*

30 28,71 NO*

40 36,71 NO*

50 59,12 NO*

80 72,79 NO*

* Temperatura não observada; a: Pressão ambiente; b: Pressão positiva (1 kgf/cm2).

A escolha dos volumes de reagentes para realização dos

experimentos levou-se em consideração dados obtidos anteriormente pelo

grupo de pesquisa do CALPQPN, visto que o volume total de reagentes é

de aproximadamente 90 L, próximo da capacidade total do reator. E os

valores de tempo foram escolhidos em função das medidas de FT-NIR para

calibração do método, pois em cada coleta tirava-se um espectro de

infravermelho, sendo necessários de 20 a 40 espectros para uma calibração

ideal.

Já a temperatura foi medida quando possível, pois o termômetro

fica na linha da bomba de agitação do reator, e quando o sistema encontra-

se sob pressão (experimentos 4 e 5) torna-se muito difícil fazer as medidas

de temperatura devido a vazamentos na linha.

Observando-se os dados obtidos para o óleo de soja, pode-se

dizer que a reação do mesmo com o etanol se deu de uma forma bem mais

rápida do que com o metanol, apesar de sua razão molar óleo:etanol e o

porcentual de ácido serem menores (Figura 16).

Dentre os fatores mais relevantes que explicam um melhor

desempenho da reação com o etanol está a temperatura reacional, pois o

etanol possui um maior ponto de ebulição (78ºC), contudo, a temperatura

reacional pode chegar aos 92 ºC no final da reação à pressão ambiente,

devido ao uso das micro-ondas e a emulsão formada com o óleo utilizado,

isto faz com que a velocidade da reação aumente. Por outro lado, o mesmo

Page 75: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

47

não acontece com o metanol, que entra em ebulição mais rápido e a uma

temperatura consideravelmente menor, fazendo com que na maior parte do

processo reacional ele se encontre na fase gasosa, desfavorecendo o

sentido direto da reação de formação de monoalquil ésteres, mesmo com

um excesso maior de álcool.

0 50 100 150 200 250

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Co

nve

rsa

o (

%)

Tempo (minutos)

Biodiesel metilico de soja (Exp. 1)

Biodiesel etilico de soja (Exp. 2)

Figura 16: Resultados obtidos para o biodiesel de soja metílico e etílico.

A matéria-prima utilizada para produção do biodiesel, de certa

forma, tem influência no porcentual de conversão em relação ao tempo

reacional. Experimentos realizados com óleo de soja e óleo de castanha

mostraram que a evolução da reação se dá de uma forma mais acelerada

para o óleo de soja, visto que, a reação com o óleo de soja possui certo

padrão de conversão, mesmo com o fim da reação se tornando mais lento

ela se completa (Figura 17). Já a reação com o óleo de castanha chega ao

fim do processo sem completar a conversão total em ésteres etílicos, pois a

reação se torna muito mais lenta. Isto pode ser explicado pela qualidade do

óleo, já que, com o uso de uma matéria-prima com teor de AGL elevado, a

Page 76: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

48

reação de esterificação produz água como um subproduto indesejado,

favorecendo o equilíbrio inverso da reação, dificultando muito que a reação

seja completa.

Resultados anteriores foram obtidos, mostrando que, aumentado a

proporção do catalisador (H2SO4) no processo, este tempo de conversão

pode diminuir consideravelmente, equiparando o mesmo com o tempo

reacional do óleo de soja (Vasconcelos L. G. de, 2011), já que a quantidade

extra de catalisador supera a deficiência de íons H+ dissolvidos na fase

polar do sistema (glicerina e água).

0 20 40 60 80 100 120 140 160

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Co

nve

rsa

o (

%)

Tempo (minutos)

Biodiesel etilico de soja (Exp. 2)

Biodiesel etilico de castanha (Exp. 3)

Figura 17: Comparação do óleo de soja e castanha na produção de biodiesel etílico.

Sabe-se que, um dos fatores que alteram a velocidade da maioria

das reações químicas é a pressão. Portanto, foram realizados experimentos

que demonstram a ação deste fator no processo de produção de biodiesel.

A pressão exercida no processo deu-se através do confinamento

do álcool evaporado, mantendo-se a pressão constante de 1 kgf/cm2. Isto

Page 77: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

49

faz com que, além da pressão, a temperatura reacional aumente

consideravelmente (cerca de 15 ºC).

Observa-se que no início da reação o porcentual de conversão é

maior quando comparado com o processo à pressão ambiente, mas com o

progresso da reação há o consumo do álcool, e seu volume presente no

meio reacional é cada vez menor, visto que, grande parte do mesmo se

encontra na fase gasosa mantendo a pressão positiva. Isto prejudica o

equilíbrio reacional, fazendo com que dificilmente a reação chegue ao fim

com uma baixa razão molar óleo:álcool utilizada.

Outro fator que impede que a reação sob pressão obtenha a

totalidade de conversão em biodiesel é a estrutura do reator, pois sob uma

alta pressão, a mistura reacional é perdida devido a quaisquer tipos de furos

na tubulação ou no reator e, principalmente, na adaptação do guia de onda,

fazendo com que o processo seja abortado para não acarretar danos

maiores ao magnetron de emissão das micro-ondas e do sistema reacional

em si. Contudo este problema pode ser solucionado trocando a adaptação

do guia de onda do gerador de 6 kW, que atualmente é na forma de rosca

com vedação através da pressão com teflon, para uma flange, que possui

menos influência física pela ação das altas temperaturas e pressões.

A principal razão para o aumento elevado da conversão em

biodiesel em um período menor de tempo sob pressão positiva é devido ao

aumento rápido da temperatura no início da reação, fazendo com que o

sistema chegue a uma temperatura reacional ideal mais rapidamente.

Sendo que ao final do processo ela pode chegar a valores muito maiores do

que o ponto de ebulição do álcool utilizado (cerca de 20 a 30 ºC maior).

Utilizando-se óleo de soja com metanol à pressão ambiente e sob

pressão de 1 kgf/cm2 com a mesma quantidade de catalisador (Figura 18),

obteve-se melhores resultados com o sistema sob pressão positiva, pois

com o ganho rápido de temperatura a conversão tende a subir rapidamente,

porém o controle do processo fica comprometido a certo ponto da reação,

devido problemas citados anteriormente.

Page 78: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

50

0 50 100 150 200 250

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Co

nve

rsa

o (

%)

Tempo (minutos)

Biodiesel metilico de soja (Exp. 1)

Biodiesel metilico de soja sob pressao de 1 kgf/cm2 (Exp. 4)

Figura 18: Comparação do óleo de soja e metanol com e sem pressão positiva.

ANÁLISES QUIMIOMÉTRICAS DOS DADOS DE FT-NIR VIA PLS 5.2.

Dois métodos de calibração foram construídos via validação

cruzada e PLS. O primeiro foi realizado com o Biodiesel Metílico de Soja

(BMS) e o segundo com Biodiesel Etílico de Castanha (BEC). A mesma

área dos espectros foi escolhida para fazer o PLS. A tabela 5 exibe a

constituinte usada para realizar os cálculos, os valores de R2 do método,

que plota o valor Atual x Predito, e o RMSECV.

Tabela 5: Resultados dos valores de predição

Processo Parâmetro RMSECV (%) R2

BMS % conversão 2,15 0,970

BEC % conversão 2,74 0,856

Page 79: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

51

O método usado para o BMS não levou em consideração a média

da linha base dos espectros, pois a diferença entre a linha de base dos

mesmos tinha certa correlação e a retirada desse fator piorava o resultado

final. Isto se deve ao fato de que a transparência da amostra, que é o

diferencial da linha base devido a refração da luz, depende também do nível

de conversão em biodiesel.

Além disso, o R2 obtido (Figura 19) foi satisfatório, visto que a

maioria dos pontos coletados foi acima dos 60% de conversão, e isto de

certa forma prejudica na construção do método, pois quanto mais

informações ao longo de todo o processo, melhor. Entretanto, este

problema foi devido a uma dificuldade na passagem da luz na cela de fluxo

contínuo, pois no início da reação há formação de emulsão óleo:álcool,

tornando a mistura opaca.

20 30 40 50 60 70 80

20

30

40

50

60

70

80 Atual x Predito (BMS)

Pre

dito

(%

Co

nve

rsa

o)

Atual (% Conversao)

Adj. R-Squ 0,97004

Figura 19: Valor do R2 Atual x Predito do cálculo para o método do BMS.

Page 80: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

52

O método usado para o BEC foi parecido com o do BMS, com a

diferença que foi inserido nele o cálculo da diferença da linha base entre os

espectros, pois este fator melhorava o resultado final do cálculo. Na figura

20 pode-se observar a reta dos valores Atual x Predito e seu respectivo R2.

Entretanto, pode-se dizer que a cela de fluxo contínuo não estava

bem adaptada ao sistema, dificultando assim a obtenção dos espectros no

início da reação (antes dos 60%), fazendo com que método de calibração

não se tornasse tão preciso, já que seu R2 foi de 0,856. Consequentemente

a predição de valores de conversão de reações posteriores não teria

confiabilidade. Uma solução para este problema seria a retirada do maior

número de pontos possíveis acima de 60% de conversão, quando a mistura

se torna translúcida, satisfazendo assim um número necessário de pontos

(cerca de 30 a 40), para que o método de calibração seja mais preciso.

55 60 65 70 75 80 85 90 95 100

65

70

75

80

85

90

95

100

Atual x Predito (BEC)

Pre

dito

(%

Co

nve

rsa

o)

Atual (% Conversao)

Adj. R-Sq 0,8561

Figura 20: Valor do R2 Atual x Predito do cálculo para o método do BEC.

Page 81: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

53

5.2.1. Resíduo Espectral

Entre vários outros fatores externos ou de adaptação da cela para

melhorar a calibração do método, está a definição de pontos “outliers”, ou

seja, pontos discrepantes que, por algum fator não levado em conta na

medida do espectro, como bolhas na linha, temperatura muito diferenciada

dos demais pontos, turbidez da amostra, dentre outros, não correspondem à

realidade do método, e por isso são descartados.

Entretanto, para realizar a escolha destes outliers, faz-se

necessária a análise das respostas que o método proporciona ao final da

calibração. Entre as principais está o Resíduo espectral, que, por sua vez,

pode ser interpretado como a diferença do espectro de IV da amostra em

questão em relação à média dos espectros usados na calibração.

Para a calibração do método BMS o resíduo espectral gerado

(Figura 21) foi muito alto nas amostras iniciais e diminuiu com o passar do

tempo nas amostras seguintes, juntamente com a conversão da amostra em

biodiesel. Isto era de se esperar, pois no início da reação o nível de ruído

nos espectros é muito intenso, e isto o diferencia dos demais, devido a

dificuldade da passagem de luz pela cela de fluxo contínuo. Porém a

definição destes pontos como outliers prejudica muito a posterior calibração

de outro método.

Page 82: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

54

0 5 10 15 20 25 30

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18Residuo Espectral (BMS)

Re

sid

uo

Esp

ectr

al (F

:1 %

Co

nve

rsa

o)

Numero da amostra

Figura 21: Gráfico do resíduo espectral do BMS.

As mesmas análises foram feitas para a calibração do método

BEC, e os mesmos critérios foram levados em conta. Porém o resíduo

espectral encontrado no BEC (Figura 22) foi muito inferior ao do BMS, ou

seja, a diferença entre os espectros e a média dos mesmos foi muito

pequena e praticamente irrelevante.

Isto se deve ao fato de que para o BEC foram obtidos espectros

com valores acima de 60 % de conversão devido a melhor resolução,

fazendo com que o resíduo espectral entre eles seja muito baixo.

Contudo, apesar do resíduo espectral para o BEC ser muito menor,

o R2 do mesmo é inferior ao do BMS, isto mostra que resíduos espectrais

altos podem ser aceitáveis quando são analisados espectros de menor

conversão, mas que preencham uma faixa maior do valor da constituinte (%

conversão).

Page 83: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

55

0 5 10 15 20 25 30

0,0

0,5

1,0 Residuo Espectral (BEC)

Re

sid

uo

Esp

ectr

al (%

Co

nve

rsa

o)

Numero da amostra

Figura 22: Gráfico do resíduo espectral do BEC.

5.2.2. Resíduo de Concentração

Outro dado de resposta relevante é o de resíduo de concentração,

que pode ser interpretado como o erro residual entre o valor de referência

da constituinte usada para fazer a calibração do método, neste caso, os

dados de conversão em biodiesel fornecidos pelo RMN H1, e o valor obtido

por cada espectro do método.

A Figura 23 mostra os resultados do resíduo de concentração

obtido no BMS. Pode-se observar que, com exceção da primeira amostra,

os resíduos de concentração variam entre +4 e -4, o que se torna dentro do

esperado, visto que o erro absoluto do valor de referência é de

aproximadamente 3 %.

A escolha de outliers pode ser feita pela subtração de resíduos

muito altos em concomitância com valores obtidos anteriormente do resíduo

espectral, dentre outros dados relevantes.

Page 84: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

56

0 5 10 15 20 25 30

-10

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10Residuo de Concentraçao (BMS)

Re

sid

uo

de

Co

nce

ntr

aça

o (

F:1

% C

on

ve

rsa

o)

Numero da amostra

Figura 23: Gráfico do resíduo de concentração para o BMS.

Por outro lado, o resíduo de concentração para o BEC (Figura 24)

apresentou uma faixa maior de variação (entre -8 a +6) com certa

heterogeneidade das amostras em relação ao resíduo, não obtendo um

agrupamento da maioria das amostras em um valor pequeno.

Isto faz com que a escolha de outliers por meio desse fator para o

BEC se torne inviável, visto que grande parte das amostras não está

agrupada e com um comportamento de variação padronizado.

Portanto, pode-se dizer que parte do motivo no qual o R2 do

método BEC não ser satisfatório é o fato de que o cálculo para este modelo

pode ter tido dificuldade de encontrar correlação entre o valor da

constituinte usada e o valor encontrado pelo mesmo através da calibração.

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57

0 5 10 15 20 25 30

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

Residuo de Concentraçao (BEC)

Re

sid

uo

de

co

nce

ntr

aça

o (

F:1

% C

on

ve

rsa

o)

Numero da amostra

Figura 24: Gráfico do resíduo de concentração para o BEC.

5.2.3. Influência da Amostra x Resíduo Estudantizado

Por fim, existem dois outros principais fatores relevantes para a

construção do modelo, a influência da amostra na qual se mede a influência

ou importância para determinada amostra no modelo estudado, e o resíduo

estudantizado (studentized residual) que é definido pela razão entre cada

resíduo e o seu desvio padrão estimado.

O software utilizado para a calibração do método apresenta essas

duas variáveis em um único gráfico, pois as mesmas podem trazer

melhores informações acerca da escolha de outliers quando usadas de

forma paralela.

Uma grande influência de amostras em um modelo geralmente é

ocasionada por uma pequena parcela das mesmas, estas por sua vez

devem ser evitadas na escolha dos outliers, pois isto afetará

consideravelmente a calibração do método. Já para o resíduo estudantizado

Page 86: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

58

é recomendado selecionar amostras outliers com resíduo superior a 1,96

(BARNETT, V.; LEWIS, T., 1994).

A Figura 25 representa os valores de influência e resíduo

estudantizado das amostras para o BMS, porém já sem os pontos outliers e

o resíduo está dentro do esperado, assim como a influência de 3 principais

amostras.

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20

-2

-1

0

1

2 Influência da amostra x Residuo Estudantizado (BMS)

Re

sid

uo

estu

da

ntiza

do

Influência da amostra

Figura 25: Gráfico da influência da amostra versus resíduo estudantizado BMS.

Esta mesma análise também foi feita para o BEC (Figura 26)

obtendo valores de resíduos estudantizado acima do recomendado

(próximo de 3), já esperado devido aos outros fatores já discutidos, como o

R2 do modelo e o resíduo de concentração.

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59

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

-3

-2

-1

0

1

2

Influência da amostra x Residuo estudantizado (BEC)R

esid

uo

estu

da

ntiza

do

Influência da amostra

Figura 26: Gráfico da influência da amostra versus resíduo estudantizado BEC.

Pode-se observar também que até mesmo as principais amostras

influentes no método possuem um valor residual alto, consequentemente

torna-se difícil a melhora da calibração do método somente por definições

de pontos outliers.

Portanto devem-se tomar outros tipos de recursos, como a adição

de mais amostras no modelo, reavaliação da constituinte de referência,

escolha de regiões diferentes dos espectros, tanto para o cálculo da linha

base quanto para o modelo, dentre outros fatores.

Page 88: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

60

6. CONCLUSÃO

Com a otimização do RMP obteve-se resultados relevantes acerca

da homogeneização da mistura reacional, melhorando significativamente o

progresso da reação, pois a glicerina não se manteve decantada ao fundo

do reator dificultando a ação das micro-ondas no meio reacional, e sim

misturada ao óleo distribuindo o H2SO4.

Observou-se que a transesterificação utilizando o etanol anidro

apresentou melhores resultados que o metanol anidro, independente da

razão molar óleo:álcool e da proporção de ácido, visto que quando usado

metanol com razão molar 1:8 e 3% de H2SO4 obteve-se aproximadamente

78 % de conversão em biodiesel metílico em 241 minutos, já usando etanol

anidro obteve-se 100 % em 150 minutos.

O uso da pressão no processo reacional influenciou positivamente

no progresso da reação, já que, no início da reação o aumento da

temperatura reacional e da conversão é significativo, porém o controle do

processo de forma manual dificulta o andamento da reação, pois muito

álcool é perdido na forma de vapor.

O método de calibração da reação em conversão de biodiesel e a

posterior predição do valor de conversão deram-se de forma precisa quando

comparada ao valor de referência. Obtendo-se R2 de 0,97 para o BMS e

0,84 para o BEC e valores de predição abaixo do erro absoluto do valor de

referência (RMN 1H) que é de aproximadamente 3%.

Portanto, pode-se dizer que o monitoramento do processo via cela

de fluxo contínuo de FT-NIR é um método promissor, rápido e de fácil

controle, já que o mesmo se dá em linha, não necessitando a coleta e

neutralização de alíquotas da reação, facilitando o processo reacional.

Page 89: EWERTON FERREIRA BARROS PRODUÇÃO MONITORADA ON …

61

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ANEXO 1

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Figura 1: Espectro de RMN H1 em CDCl3, 30 ºC da reação com óleo de soja, metanol (1:8), 3,12% (V/V) H2SO4 e 241 minutos de

irradiação de micro-ondas. (a) Espectro total (b) região ampliada para o cálculo da conversão em biodiesel.

(a)

(b)

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Figura 2: Espectro de RMN H1 em CDCl3, 30 ºC da reação com óleo de soja, etanol (1:6), 3,04% (V/V) H2SO4 e 150 minutos de irradiação

de micro-ondas. (a) Espectro total (b) região ampliada para o cálculo da conversão em biodiesel.

(a)

(b)

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Figura 3: Espectro de RMN H

1 em CDCl3, 30 ºC da reação com óleo de castanha, etanol (1:6), 3,04% (V/V) H2SO4 e 129 minutos de

irradiação de micro-ondas. (a) Espectro total (b) região ampliada para o cálculo da conversão em biodiesel.

(a)

(b)

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Figura 4: Espectro de RMN H1 em CDCl3, 30 ºC da reação com óleo de castanha, etanol (1:6), 3,04% (V/V) H2SO4 e 80 minutos de

irradiação de micro-ondas à 1 kgf/cm2. (a) Espectro total (b) região ampliada para o cálculo da conversão em biodiesel.

(a)

(b)

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ANEXO 2

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PROCEDIMENTO BÁSICO PARA CALIBRAÇÃO DO MÉTODO PLS

1. Todo espectro de IV (arquivos .spc) que será utilizado no método deverá

estar salvo no computador do equipamento;

2. Abra o software GRAMS IQ, clique com o botão direito do mouse na

área de informações da amostra (Figura 5), depois em “add samples” >

“load .spc” e escolha os espectros que deseja para realizar a calibração;

3. Após a adição da amostra, adicione a(as) constituinte(s) desejada(s) que

deseja calibrar, como %conversão, glicerina livre, teor de ácido livre, etc.

Clique com o botão direito do mouse como anteriormente e em seguida

“add constituinte” (Figura 5);

Figura 5: Exemplo 1 de calibração do método PLS.

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4. Preencha o campo das constituintes com os valores de referência de

outras técnicas, como, valor de conversão do RMN, ou outro resultado

analítico de qualquer técnica utilizada;

5. Passe para próxima aba “Experiment Setup”;

6. Na aba “Experiment Properties” escolha os parâmetros que deseja

realizar o experimento (Figura 6);

Figura 6: Exemplo 2 de calibração do método PLS.

7. Os parâmetros padrões para a calibração do método PLS para o

biodiesel segue o seguinte procedimento: marque “show statistics plots”,

“Spectral data type”: Raw, “Calibration Type”: PLS-1, “Factors”: Default,

“Diagnostic Type”: Cross Validation, “Sample Order”: Sequencial, “Samples

Out”: 1, “Data Preparation”: Mean Center, “Baseline”:

None/Automatic/Manual (se escolher a baseline manual escolha na aba

“Baseline” ao lado de “Legend” e “Regions” o tipo e a região do espectro

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8. que deseja tirar a linha base, geralmente é escolhida a região que não

possui informações relevantes no espectro, “Pathlenght Corretion”: None,

“Derivate”: None.

9. Na aba “Regions” escolha a região, em azul, do espectro ao qual deseja

realizar o cálculo. Para o auxílio da escolha da região observe na janela

abaixo “Estatistics Plots” o comportamento do elemento “Determination

(R²)”. Escolha a região na qual o comportamento dessa variável seja o mais

próximo de 1, no eixo y, sendo que o valor vai de 0 a 1, no qual 0 é

nenhuma correlação e 1 correlação máxima;

10. Vá para próxima aba “Results”, na qual, depois do cálculo, o software

dará vários tipos de resultados acerca do método (Figura 7), as principais

representações gráficas estão descritas neste trabalho;

Figura 7: Exemplo 3 de calibração do método PLS.

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11. Para melhorar o método neste ponto da calibração usa-se a escolha

de outliers, que pode ser editada na aba “Statistics” do lado esquerdo da

Figura 7, refazendo o cálculo do modelo sem o(s) ponto(s) escolhido(s);

12. As figuras 8 e 9 são exemplos de gráficos gerados a partir da

calibração do modelo utilizado neste trabalho. Neste caso a representação

“Atual x Predito”;

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Figura 8: R2 do cálculo PLS para o BMS.

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Figura 9: R2 do Cálculo PLS para o BEC

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13. Após o término da calibração do modelo e análises dos dados vá para

a próxima aba “Calibration file”, na qual todas as informações acerca do

método estarão contidas para posterior criação de um arquivo de

calibração, que servirá de modelo para a predição das próximas medidas;

14. Clique em “New Calibration File” em seguida “Create a new

Calibration” e depois “Save to Calibration File” (Figura 10);

Figura 10: Exemplo 4 de calibração do método PLS.

15. Salve o arquivo de calibração na pasta desejada para posterior uso;

16. Com o auxílio do aplicativo “IQ Predict” pode-se carregar um arquivo

de calibração desejado para, a partir dele, prever posteriores medidas de

constituintes já processadas no método de calibração PLS;

17. Carregue o arquivo de calibração no primeiro ícone da barra de

ferramentas “.cal” (Figura 11). Feito isso todas as informações do método já

estão inseridas e podem ser observadas na janela do software;

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18. Carregue, com o auxílio da barra de ferramentas do programa, todos

os arquivos .spc “novos” que deseja predizer valores de constituintes. Os

espectros do mesmo deverão aparecer na janela do programa;

Figura 11: Exemplo 5, predição de constituintes de amostras a partir do arquivo de calibração.

19. Para predizer os valores clique na “bola de cristal” (último ícone da

barra de ferramentas), todos os dados acerca de valores de predição e

erros irão aparecer em uma nova janela (Figura 11).