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EVA – ECONOMIC VALUE ADDED
• Contextualização
• Perspectiva Histórica do EVA
• Conceito de EVA
• EVA como instrumento e incentivo de Gestão
• Vantagens e inconvenientes da metodologia EVA
• Estratégias para o melhoramento do EVA
• Aplicação do EVA
o Ajustamentos Contabilísticos para Implementação do EVA
o Cálculo do EVA – apresentação de caso prático
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1 – CONTEXTUALIZAÇÃO
As empresas actuais, a fim de se adequarem à crescente competitividade global da
economia, são condição necessária a introdução de mudanças nas estratégias de gestão e
de comportamento face às constantes mutações que se verificam a nível mundial. A
constante reestruturação, que vem sendo aceites e assumidas na prática pela maioria das
empresas, promove a busca de posturas e métodos de gestão mais eficientes e eficazes.
A constante procura de novas metodologias de gestão é de uma importância vital para o
contínuo rejuvenescimento das empresas, no contexto de um mundo global.
Os investidores requerem níveis de avaliação e de desempenho de empresas cada vez
mais elevados e rigorosos, tendo como preocupação maior a identificação dos métodos
de operacionalidade dos negócios das empresas e da análise do processo de criação de
valor a longo prazo, resultante do conjunto das decisões actuais e futuras a tomar pelos
gestores das organizações. Com isso, surge o interesse cada vez mais intenso do
mercado por indicadores de desempenho tanto financeiros como não financeiros.
Os métodos de avaliação de desempenho empresarial apoiados apenas nos indicadores
contabilísticos e financeiros estão se tornando obsoletos, pois só mostram os resultados
dos investimentos e das actividades, não contemplando os impulsionadores de
rentabilidade a longo prazo.
Surgiram estratégias competitivas que auxiliam o reposicionamento das organizações
envoltas nesse ambiente cada vez mais turbulento. Algumas dessas estratégias visam
aumentar o retorno sobre o capital empregue, outras buscam o aumento do nível de
satisfação dos clientes, e existem estratégias de identificação de novos processos
internos permitindo o desenvolvimento de métodos eficientes, os quais atraem e retêm
clientes e atendem as expectativas dos accionistas no que diz respeito ao retorno
financeiro.
A fim de integrar as perspectivas das diversas estratégias, Robert Kaplan e David
Norton desenvolveram um novo instrumento denominado Balanced Scorecard (BSC),
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que traduz a visão e a estratégia da empresa num conjunto de medidas de desempenho e
objectivos estratégicos, organizados segundo quatro perspectivas diferentes: financeira,
do cliente, dos processos internos e da formação e crescimento. Tais perspectivas
equilibram os objectivos de curto e longo prazos.
No que diz respeito à perspectiva financeira, o BSC ressalta as valiosas medidas
financeiras na determinação da estratégia de uma empresa, relacionando-as com o nível
do lucro da empresa, medida pelo retorno do capital investido ou pelo Valor
Económico Agregado (EVA).
Portanto, o EVA pode ser utilizado como suporte para a gestão eficaz e eficiente do
BSC, no que diz respeito a sua perspectiva financeira.
2 - PERSPECTIVA HISTÓRICA DO EVA
O EVA é um dos instrumentos de gestão financeira que procura analisar o valor criado
para o accionista e é equivalente ao que muitas vezes se designa por Resultado
Residual.
Desde muito cedo os economistas perceberam que um investimento para criar valor
deveria conseguir obter uma rendibilidade ao custo do respectivo capital.
O conceito da EVA (actual) vem sendo analisado e desenvolvido há muitos anos. De
acordo com Biddle e tal. (1999) e Hamilton (1777) deve ter sido o primeiro economista
a escrever sobre este conceito e, mais tarde, Marshal (1890) precisa-o melhor. Contudo,
o conceito de Resultado Residual ou EVA existe há muito tempo na literatura
económica, embora com diversas designações, entre os quais:
• Excess earnings – Canning (1929) e Preinreich (1936);
• Super-profits – Edey (1957);
• Excess realizable profits – Bell (1961);
• Excess-income – Kay (1976);
• Abnornal earnings – Peasnell (1981);
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• Economic profit – Copeland, T.,T. Keller e J. Murrin, 1ª edição., (1990);
• EVA ou Economic Value Added – Stewart (1991)
Este conceito, foi testado por Alfred Sloan, nas diversas divisões operacionais de
empresas de renome mundial, nomeadamente:
• General Motors nos anos 20
• Matsushita nos anos 30
• General Electric nos anos 50
Por outro lado, verdade é que, há muito se vem discutindo as vantagens e desvantagens
da aplicação do EVA, relativamente a outras medidas de desempenho económico-
financeiro das empresas.
Assim é que, Solomons publicou em 1965 um trabalho onde discute as vantagens e
desvantagens na aplicação do Resultado Residual relativamente a outras medidas de
desempenho, nomeadamente a rendibilidade do investimento. Desde essa data, vários
analistas económicos, vem-se debruçando sobre esta problemática da vantagem e
desvantagem na aplicação do EVA.
Embora o conceito - apesar de várias designações - esteja na literatura há muitos anos, e
sejam evidenciadas as suas vantagens na avaliação do desempenho face à Rendibilidade
do Capital Investido, a verdade é que foi quase ignorado pelos gestores até aos anos 90,
altura em que a designação Resultado Residual passa a ser redenominado EVA pela
empresa consultora Stern Stewart & CO. A aceitação desta nova designação resulta
essencialmente da boa campanha de marketing e relações públicas levada a cabo em
torno da marca pela empresa, aliada ao ambiente propício que se vivia na época, relativo
à perspectiva da criação de valor para os accionistas.
Este ambiente favorável teve o seu início em 1980, ano em que se verificou uma
corrente, no sentido da gestão se dever preocupar com a criação de valor para os
accionistas. Uma das referências desse período, são:
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• Fruhan (1979)
• Rappaport – torna-se um dos líderes desse movimento.
As críticas que Rappaport fez aos métodos convencionais de análise de desempenho
através de rácios financeiros levou a que os gestores e analistas do mercado de capitais
aderissem a métricas que procuravam captar melhor a noção do valor económico criado.
Foi neste contexto que o conhecido Resultado Residual foi redescoberto e
redenominado como Economic Vale Added (EVA) pela consultora Stern Stewart & Co.
Tendo finalmente deixado os livros académicos e passado para a prática empresarial.
3 – CONCEITO DE EVA
3.1 - DEFINIÇÕES DO EVA
1. É um instrumento de avaliação usado para aferir o valor criado para os
accionistas.
2. É a remuneração do empresário depois da dedução do proveito da remuneração
de todos os factores de custo, incluindo o capital próprio.
3. O EVA é uma medida do lucro excedentário (residual income ou excess
earnings) depois de ser convenientemente remunerado o capital total investido às
taxas de rendibilidade exigidas pelos credores e pelos accionistas.
4. O EVA representa o valor gerado por uma determinada realidade económica
(grupo, empresa, negócio, mercado, produto, etc.) após remunerados todos os
factores que lhe estão afectos, incluindo o investimento líquido médio (activo
económico = imobilizado líquido + necessidades em fundo de maneio).
5. “O EVA não é mais do que o VAL vestido com outras roupagens.”
6. “A verdadeira mágica do EVA surge da mudança de comportamento em toda
uma organização e isto depende crucialmente de utilizá-la como base para
remuneração variável.”
7. Economic Value Added (EVA) is a measure of financial performance based on
the concept that all capital has a cost and that earning more than the cost of the
capital creates value for shareholders. It is after-tax net operating profit
(NOPAT) minus a capital charge. It is true economic profit consisting of all
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costs including the cost of capital. If a company’s return on capital exceeds its
cost of capital it is creating true value for the capital.
8. The value of an activity that is left over after subtracting from the cost of
executing and the cost of having lost the oportunity of investing consumed
resources in an activity. In business terms, one could calculate EVA as income
from Operations minus income from investing the amount of working capital
and equity in sovereign debt, debt can be considered an alternative opportunity
to invest working capital and equity.
3.2 - OUTROS CONCEITOS LIGADOS AO EVA
• ABC – Activity Based Costing
• ABM – Activity Based Management
• Análise Dupont
• Balanced Scorecard
• Cadeia de Valor
• Criação de Valor
• Gestão por Segmentos
MVA – Market Value Added is a measure of wealth a company has created for its
investors. It is a cumulative measure of corporate performance that looks at how much
a company’s stock has added to (or taken out of) investors’ pocketbooks over its life and
compares it with the capital those same investors put into the firm. Maximizing MVA
should be the primary objective for any company that is concerned about its
shareholders’ welfare.
MVA = EVA1 + EVA2 + EVA3 +…+ EVAn
(1 + CCA)n
REVA – Refined Economic Value Added
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Resultados
• Resultados Líquidos
• Resultados Operacionais
• Resultados antes de Impostos
4 - EVA COMO INSTRUMENTO E INCENTIVO DE GESTÃO
O EVA tem como principal objectivo a criação de valor para os accionistas. É um
indicador recente utilizado para medir os ganhos obtidos pelos resultados operacionais
deduzidos dos impostos. Para qualquer gestor o ideal é que o EVA seja positivo para
que possa satisfazer as aspirações dos investidores que aplicaram recursos com o
objectivo de obter lucros.
O EVA tem alterado os critérios de avaliação da performance financeira na perspectiva
do accionista na medida em que representa o valor gerado por uma determinada
realidade económica, depois de remunerados todos os factores afectos incluindo o
investimento líquido médio.
Para que isso aconteça no modelo EVA desenvolveu-se algumas variáveis como:
• NOPAT (Net operating Profit Afer Taxes) resultados operacionais após
Impostos;
• Incentivo ao recurso a capitais alheios pois são fiscalmente aceites como custo;
• Canalizar a aplicação de recursos (capitais) para negócios lucrativos e eliminar
as aplicações negativas.
• Estar atento e determinar o custo do capital em função do risco da empresa e, em
certa medida do sector de actividade, bem como do tempo para gerar a
rentabilidade pretendida pelos investidores.
Aplicando correctamente estas variáveis em simultâneo com a eficiência operacional e a
gestão correcta do equilíbrio entre os activos e capitais investidos, permitem que os
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resultados operacionais não sejam excessivamente baixos nem haja excesso de capital e
por conseguinte custos desnecessários com reflexo negativo no EVA da empresa.
A organização dos resultados de uma empresa em torno do EVA permite, para além
de determinar o valor económico gerado por segmento, grupo, mercado ou produto,
proporcionar síntese de informação financeira aderente a realidade da criação de valor
necessário para ponderar todos os factores que contribuem para a sua formação
(Proveitos, Custos activos e passivos).
Na análise por segmento, todos os factores e custos relacionados devem ser atribuídos
independentemente da sua função e eliminar todos aqueles com que não é possível
estabelecer uma relação objectiva, sob pena de distorcer o verdadeiro contributo para os
resultados.
Na análise de uma unidade descentralizada é necessário quantificar todos os custos e
proveitos operacionais bem como conhecer o capital que lhe está afecto, pois este tem o
seu custo e a sua utilização indevida pode condicionar decisivamente os resultados da
unidade e da empresa.
É uma forma directa e precisa que permite ao gestor avaliar e obter a tendência futura
do investimento, financiamento e politica de dividendos dos accionistas da empresa.
É também utilizado para a determinação das remunerações variáveis, prémios anuais e
outros incentivos dos gestores do topo e intermédios. A associação do EVA aos
sistemas de compensação dos gestores tem contribuído para a redução do capital
utilizado na medida em que os custos influenciam negativamente as suas remunerações.
Os gestores têm assim um incentivo forte para tomarem decisões e implementar acções
que visem a criação de valor para a empresa e que os favoreçam em simultâneo com os
accionistas.
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5 – VANTAGENS E INCONVENIENTES DA METODOLOGIA EVA
5.1 – VANTAGENS
a. Tem vindo a ser usado por cada vez mais empresas como um instrumento de
gestão, com o objectivo de criar valor para o accionista;
b. Permite a fixação do enfoque nas actividades da empresa que realmente
contribuem para a criação de valor;
c. Permite fixar parâmetros quantitativos de avaliação do pessoal da empresa;
d. Permite separar, por um lado o resultado do negócio (resultado operacional) e,
por outro, o custo do financiamento do investimento afecto ao negócio (activo
económico), tendo por base o financiamento quer em capitais próprios, quer em
capitais alheios.
e. A valorização do activo (por reavaliar) permite obter um valor acrescentado
mais elevado, o que nos permite concluir da adequabilidade do EVA como
instrumento de análise de valor, dado reflectir os factores económicos e
financeiros que afectam esse mesmo valor;
f. Facilita a análise por segmentos.
5.2 - INCONVENIENTES
a. O valor inerente às oportunidades de crescimento da empresa, que são
condicionadas pelas expectativas do mercado, não são absorvidas pelo EVA.
b. Dificuldade de obtenção de informação adicional que permita, por exemplo,
apurar o custo do capital;
c. Possibilidade dos gestores com menores prazos previsíveis de permanência nos
seus cargos maximizarem o EVA a curto prazo, descurando a maximização da
riqueza a longo prazo;
d. O EVA não é mais que o VAL vestido com outras roupagens pelo que não traz
nada de novo às finanças empresariais;
e. É um indicador eminentemente de curto prazo.
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6 – ESTRATÉGIA PARA MELHORAMENTO DO EVA
Sendo um indicador de gestão recente apesar de o conceito nem tanto assim, pois os
gestores sempre tiveram a consciência que era necessário gerar ganhos superiores aos
custos do capital. Os gestores e estudiosos têm vindo a melhorar gradualmente a
aplicação do EVA. É notório o interesse cada vez maior para aplicação do EVA,
principalmente nas grandes empresas como sendo um dos indicadores mais correctos
para a avaliação da performance mantendo a convergência de interesses aparentemente
antagónicos, entre gestores e accionistas.
Contudo, existem aspectos (deficiente informação sobre o capital empregado; aplicação
essencialmente no curto prazo; etc.), que necessitam de melhorias para aumentar o valor
da empresa ou segmento cujo EVA é aplicado.
1- Aumentar a eficiência dos activos, da margem bruta, preço de venda e a redução
de custos. Uma das principais formas de aumentar os resultados passa pela
redução dos custos operacionais. Esta deverá ser feita de forma equilibrada para
não eliminar a hipótese de expansão de actividades.
2- Aumento efectivo do EVA através da redução na utilização do capital, ou seja
continuar a desenvolver as mesmas actividades com os mesmos equipamentos,
níveis de stocks mais baixos, negociar melhores prazos de recebimento e
pagamento, etc.
3- Aumentar investimentos em projectos com maior capacidade de retorno. O EVA
é um indicador eminentemente de curto prazo, mas a melhor forma de garantir o
seu crescimento no médio prazo é investir os recursos financeiros em projectos
cuja rendibilidade seja maior que o custo do capital investido.
4- É um indicador simples e de fácil aplicação que permite avaliar o resultado da
actividade à posteriori, podendo ainda ser utilizado como indicador previsional e
de acompanhamento de actividades possibilitando estimar antecipadamente o
nível de recursos financeiros a afectar.
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5- Reduzir os efeitos da carga fiscal através de planeamento fiscal e de deduções,
efectuando investimentos em equipamentos estratégicos que visam aumentar a
rentabilidade cujo custos sejam fiscalmente aceites.
6- Reduzir o custo médio do capital através de aumento de investimento nos
activos e diminuição do financiamento utilizado
7 – APLICAÇÃO DO EVA
7.1. Ajustamentos Contabilísticos para Implementação do EVA
Alguns analistas financeiros identificaram nas normas contabilísticas mais de 160 regras
que, em suas opiniões, distorcem a noção do desempenho económico-financeiro. Entre
os ajustamentos mais utilizados, estão os seguintes:
PRINCIPIO CONTABILISTICO COMENTARIOS DOS PROPONENTES DO
EVA
Investigação e desenvolvimento são, em princípio,
um custo do exercício.
Deverá ser considerado um investimento.
Os activos que não produzam rendimento e dos
quais não se espere recuperação de algum valor
pela aplicação do principio da prudência devem-se
provisionar ou levar a custo extraordinário do
exercício.
Apesar do insucesso, foi um investimento e, por
isso, deve manter-se no balanço. De outro modo
vão subestimar-se os investimentos realizados pela
empresa.
Provisões do exercício são estimativas de custos
futuros em resultado de acontecimentos,
circunstâncias ou decisões passadas. Por exemplo,
provisões para cobranças duvidosas, provisões
para depreciação de existências, etc.
Este procedimento afasta os resultados operacionais
da noção de fluxo de caixa. As provisões devem
somar-se, líquidas de imposto, aos resultados
operacionais. A redução de provisões deve somar-
se. Deste modo as provisões acumuladas são
somadas ao capital investido.
As empresas podem optar por diversos critérios de
valorimetria para as existências:
Por exemplo, FIFO, LIFO, Custo médio.
A utilização do LIFO distorce o valor em balanço.
Deveria estimar-se um valor de reserva no balanço
por diferença entre o custo de substituição e o custo
ao LIFO.O crescimento (decréscimo) anual dessa
reserva devia ser somada (subtraída) ao resultado
operacional.
O tratamento do goodwill varia de país para país. As amortizações de goodwill fazem com que o
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Em Portugal, por exemplo, de acordo com a DC
n.º 1, o goodwill «deve ser reconhecido e
amortizado numa base sistemática, num período
que não exceda 5 anos, a menos que a vida útil
mais extensa possa ser justificada nas
demonstrações financeiras, não excedendo, porém,
20 anos»
capital investido fique subavaliado. O goodwill
deve ser reconhecido mas não amortizado. Assim,
as amortizações anuais do goodwill devem ser
adicionadas ao resultado operacional e as
amortizações acumuladas adicionadas ao capital
próprio.
Em Portugal, por exemplo, a generalidade das
empresas utilizam o critério fiscal das
amortizações constantes.
O EVA só será bem calculado se as amortizações
forem económicas. Isto é, as amortizações deveriam
ser apuradas da mesma forma que são calculados os
reembolsos de empréstimos bancários, com serviço
de dívida constante, tendo por base a vida
económica do bem e o custo de capital da empresa.
Contudo, colocam-se algumas interrogações sobre estes ajustamentos, por
exemplo, porque ajustar as amortizações do goodwill e não ajustar as amortizações de
outros incorpóreos?
A questão para os gestores e para analistas financeiros põe-se no sentido de
saber:
• Em que medida os ajustamentos propostos produzem resultados
significativamente diferentes de valores não ajustados;
• Se os ajustamentos produzem uma outra interpretação sobre a
evolução da empresa;
• E se esses ajustamentos implicam diferentes comportamentos dos
gestores que, em conjunto, melhorem o desempenho da empresa.
Por outro lado, se os analistas financeiros internos têm informação suficiente
para fazer estes ajustamentos, os analistas externos terão de sujeitar-se à informação
proporcionada pelos relatórios de gestão publicados.
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Em suma, alguns analistas defendem que, os ajustamentos propostos às
demonstrações financeiras para calcular o EVA têm apenas um efeito marginal e, dada a
complexidade de alguns desses ajustamentos, sugerem como sendo mais prático a
utilização de demonstrações financeiras que sigam os princípios contabilísticos
normalmente aceites. Assim, se houver ajustamentos a efectuar, eles devem
corresponder àquelas situações em que as demonstrações financeiras não evidenciem de
forma verdadeira e apropriada a situação financeira da empresa.
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• Cálculo do EVA
• Como calcular o EVA
O EVA representa o valor gerado por uma determinada realidade económica
após remunerados de todos os factores que lhe estão afectos, incluindo o investimento
líquido médio (activo económico = imobilizado líquido + necessidades em fundo de
maneio). Essa remuneração é calculada aplicando uma taxa do custo de capital que é
determinado pela formula, EVA = NOPAT – (km*Activos líquidos) sendo:
O NOPAT (Net Operating profit After Taxes, Resultado Operacional Após
Impostos (ROAI), utilizado na medição dos ganhos obtidos, corresponde ao resultado
Operacional deduzido do Imposto (calculado sobre os Resultados Operacionais);
Km = Kp x CP/CT + Ka x CA/CT, sendo Kp = média ponderada do custo dos
capitais próprios, CP = Capitais Próprios, Ka = custo de capital alheio, CA = Capitais
Alheios e CT = Capitais Totais. O custo do capital alheio (Ka) é obtido pelo quociente
entre encargos financeiros (EF), deduzidos do beneficio fiscal por serem aceites como
custo fiscal, e o montante dos capitais alheios, ou seja, Ka = EF (1-t) / CA, em que t =
taxa do imposto sobre lucros.
De notar que o custo de oportunidade do capital próprio deve reflectir o risco do
negócio ao nível da empresa e ao nível de cada unidade operacional. A forma mais
usual para o seu cálculo, com base no Capital Asset Pricing Model (CAPM), obtém-se
como se segue: Kp = Ks + Prm; em que Ks = taxa de juro sem risco e Prm = prémio de
risco (associado ao mercado e especifico do negócio).
Quando o EVA é positivo, num determinado exercício, permite concluir que a empresa
obteve uma rentabilidade superior ao custo dos capitais utilizados, logo criou valor,
cumprindo, assim, as expectativas dos detentores dos recursos (accionistas e credores).
Pelo contrário, um EVA negativo significa que a realidade em análise (empresa, área de
negócio, etc.) não teve a capacidade para acrescentar mas sim destruir valor, na medida
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em que não consegue gerar o suficiente para cobertura dos recursos operacionais que
necessita.
Um dos objectivos principais dos gestores, é a criação do valor. Assim, o ideal é obter
um EVA positivo, podendo distinguir-se no modelo EVA, seis variáveis relevantes no
processo de criação de valor, a saber:
1.O NOPAT, que deverá ser maximizado (por exemplo, melhorando as margens,
reduzindo os custos operacionais, etc);
2. O recurso a capitais alheios, que deverá ser fomentado, pois o seu custo é inferior ao
dos capitais próprios, com a vantagem de ser aceite fiscalmente no cálculo do imposto
sobre os lucros, gerando poupança. Convém realçar que este beneficio do
endividamento tem um limite (se o passivo for excessivamente elevado, o seu custo
tende a subir), devendo o gestor procurar obter a estrutura óptima de capitais;
3. O capital, que deverá ser convergido para as áreas de negócio mais lucrativas;
4. Desinvestimentos de áreas que não geram a rentabilidade exigida pelo capital
aplicado;
5. O custo do capital, que deverá ser em função do nível de risco normal associado à
empresa e ao sector de actividade;
6. O período de tempo futuro que os investidores estarão dispostos a esperar até lhes ser
proporcionada a rentabilidade pretendida, ou seja, que os gestores encontrem as
oportunidades mais atractivas de investimento.
As quatro primeiras variáveis são passíveis de controlo e influência pelos gestores,
enquanto que as duas últimas são dificilmente ou mesmo não manipuláveis.
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7.2.2. Apresentação do caso prático
Para confrontar a análise de valor numa lógica contabilística e com base no
EVA, consideramos o seguinte exemplo:
Exemplo:
Análise da capacidade de gerar retorno de um empreendimento, considerando-se
uma taxa de atractividade de 16% oferecida pelo mercado financeiro sobre o capital
investido de 5.000.000 unidades monetárias.
Demonstração do resultado
Vendas 10.000.000
Deduções e Impostos sobre vendas -2.000.000
Receita Líquida 8.000.000
Custo dos Produtos Vendidos -3.000.000
Lucro Bruto 5.000.000
Despesas Operacionais -2.000.000
Lucro Operacional 3.000.000
Receitas/ Despesas não Operacionais 300.000
Lucro Antes do I.R e C.S.L.L 3.300.000
Imposto -1.500.000
Lucro Líquido 1.800.000
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Cálculo do EVA
Lucro Líquido 1.800.000
+ Depreciações e Amortizações 700.000
- Resultado não operacional -300.000
- Remuneração do capital investido(*) -800.000
= EVA 1.400.000
(*) Remuneração obtida na aplicação do capital dos investidores no mercado financeiro,
considerando uma taxa de 16% (5.000.000 x 16% = 800.000)
EVA BONUS BANK
Certamente que muitas têm sido as formas de avaliação de pessoal implementadas nas
empresas. Uma delas é a avaliação baseada no EVA, que consiste em indexar
remunerações adicionais variáveis ao desempenho do EVA. Essas remunerações têm
uma relação directa com o desempenho do EVA. Consoante for o Eva, uma
percentagem é atribuída ao pessoal da empresa, diminuindo, em certa medida o valor
que o accionista deveria receber em forma de dividendos. É conveniente salientar que a
utilização desse sistema de avaliação poderia ter um efeito perverso, se, por exemplo,
um gestor adoptasse medidas que visassem a criação de valor só temporariamente,
regredindo depois a performance da empresa no(s) período(s) seguinte(s). É nesta base
que surge o EVA Bónus Bank, que visa garantir que o pessoal tem acesso às
remunerações baseadas no EVA numa base sustentável. Assim, se um gestor
implementar medidas que gerem um EVA elevado num período e não manter essa
performance nos períodos seguintes, ele pode nem sequer chegar a receber esse bónus
na totalidade. De qualquer forma, o facto de existir o banco, visa garantir uma
remuneração no longo prazo, mais do que penalizar o empregado. Por outro lado, o
melhoramento da performance da empresa, como qualquer outra medida de gestão, tem
que ser numa base sustentável de médio/longo prazo, em detrimento de medidas de
curto prazo.
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BIBLIOGRAFIA (informação básica)
João Carvalho das Neves – Análise Financeira
Contabilidade e Finanças para Gestão
Management And Accounting Web www.maaw.info