estudos especÍficos - asf.com.pt · anteriores deste relatório. neste sentido, tirando proveito...

38
8 ESTUDOS ESPECÍFICOS

Upload: trinhthuan

Post on 20-Jan-2019

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

8ESTUDOS ESPECÍFICOS

Page 2: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,
Page 3: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fi co

s

237

8 ESTUDOS ESPECÍFICOS

A. A Evolução da Mortalidade das Pessoas Seguras e dos

Pensionistas dos Fundos de Pensões

1. Introdução

O tema da mortalidade tem suscitado a atenção e o interesse do Instituto de Seguros de

Portugal (ISP) ao longo dos anos, tendo a evolução do comportamento da mortalidade

das pessoas seguras e dos pensionistas dos fundos de pensões sido acompanhada de

perto com a produção de diversos estudos, alguns dos quais publicados em edições

anteriores deste relatório.

Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna

possível a construção de uma crono-série adicional relativa ao período de 2004-2007

e consequente expansão do referencial histórico utilizado como base de modelização

da tendência da mortalidade, o presente estudo visa proceder a uma actualização da

análise da dinâmica da mortalidade das populações dos seguros de vida e dos fundos

de pensões em Portugal (por idade e sexo) realizada no âmbito da edição deste relatório

de 2002.

A modelização, concretizada através da utilização de técnicas baseadas na aplicação

multifásica da Lei de Gompertz, é efectuada de forma separada para as populações

masculina e feminina das pessoas seguras e dos pensionistas dos fundos de pensões. Em

linhas gerais, a exposição referente ao modelo de previsão da dinâmica da mortalidade

encontra-se estruturada nos seguintes pontos: em primeiro lugar, é realizada uma análise

aos dados de base recolhidos pelo ISP, sendo identificadas as principais tendências

evolutivas passadas; após esta etapa, segue-se a apresentação dos parâmetros do

modelo dinâmico calibrado com base nos dados estatísticos de cada população em

estudo, incluindo os respectivos comentários relativos à qualidade de ajustamento; por

último, são retiradas algumas conclusões de análises complementares assentes quer na

comparação dos resultados obtidos com as tábuas de mortalidade convencionais, quer

na análise do comportamento da mortalidade por sector de actividade económica, no

caso particular dos fundos de pensões.

2. Breve descrição da metodologia de modelização da

dinâmica da mortalidade

Tendo os conceitos basilares que servem de alicerce à metodologia de modelização

da dinâmica da mortalidade sido definidos nos trabalhos anteriores sobre esta matéria

que antecedem o presente estudo, privilegia-se, nesta secção, a descrição sucinta do

processo de modelização e a apresentação da fórmula matemática do modelo dinâmico,

remetendo para o estudo publicado no relatório de 2002 a consulta da componente de

natureza mais teórica da exposição.

A metodologia desenvolvida para efeitos de modelização do comportamento dinâmico

da mortalidade baseia-se num modelo de Gompertz multifásico, calibrado a partir de

um ajustamento dos dados de mortalidade através da técnica dos splines. A primeira

etapa do processo assenta numa componente determinística que consiste na obtenção

de estimativas centrais para a força de mortalidade, por idade e sexo, relativamente a

um período inicial tomado como referência. Em seguida, a estrutura estática da força

Descrição sucinta

da metodologia

para modelização

da dinâmica da

mortalidade

Page 4: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fico

s

238

de mortalidade entre idades sucessivas relativa ao período subsequente é formulada

a partir da estrutura estática da força de mortalidade respeitante ao período inicial,

por incorporação de um parâmetro dinâmico correspondente à estimativa central da

“força de rejuvenescimento” entre períodos de tempo sucessivos (tendência de redução

intertemporal da força de mortalidade para cada idade).

A respectiva fórmula básica para a força de mortalidade pode ser escrita como

, onde t representa a distância temporal entre dois períodos de

observação sucessivos, k é o parâmetro que descreve a progressão estática da força de

mortalidade entre idades sucessivas e r a referida “força de rejuvenescimento”.

Com o propósito de melhorar a qualidade de ajustamento é efectuada uma partição

da escala etária em duas faixas, sendo estimados diferentes valores para os parâmetros

de cada uma delas. Em suma, a fórmula aplicada na prática para efeitos de ajustamento

da força de mortalidade correspondente à idade x e ao período com centro no ano T é

representada pela seguinte expressão:

sendo a força de mortalidade ajustada correspondente à idade

do período inicial tomado como referência (com centro em T0) e x

i a idade-base de

modelização para o factor de progressão da força de mortalidade com a idade para a

faixa etária i.

Assumindo-se a hipótese de uma distribuição uniforme do número de mortes ao longo

de cada anuidade, os valores ajustados das taxas de mortalidade são obtidos com

recurso à seguinte relação aproximada:

Finalizado o processo de calibragem, com base nos dois períodos iniciais de informação

histórica, o modelo é utilizado na projecção das taxas de mortalidade para horizontes

temporais mais recentes, com o intuito de avaliar a adequação dos parâmetros estimados

através da comparação com os dados de mortalidade efectivamente observados. Caso

se considere apropriado, os parâmetros inicialmente estimados são reajustados com

base nas conclusões retiradas da análise efectuada.

Na sua forma genérica, a expressão de projecção das taxas de mortalidade a partir do

ano de referência T vem dada por:

O processo de modelização da tendência da mortalidade desenrola-se com o auxílio de

testes estatísticos, dos quais se destaca o Teste do Qui-Quadrado, e da análise de outliers

com base nas fronteiras do intervalo de confiança, estabelecidas de acordo com um

grau de confiança previamente definido.

Projecção dinâmica das

taxas de mortalidade

Page 5: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fi co

s

239

3. Modelização da dinâmica da mortalidade

Os dados de mortalidade relativos aos seguros de vida são coligidos pelas empresas

de seguros e classificados como correspondendo a «seguros em caso de morte» ou a

«seguros em caso de vida», consoante a natureza do principal risco demográfico coberto

por cada contrato. Por outro lado, os correspondentes dados referentes aos «pensionistas

de fundos de pensões» são compilados pelas respectivas entidades gestoras. Em ambos

os casos, o reporte do número de pessoas expostas ao risco de morte e do número de

mortes é efectuado de forma desagregada por idade e sexo.

Face ao estudo anterior, a presente análise apresenta uma clara vantagem ao nível da

quantidade de dados estatísticos disponíveis, beneficiando da incorporação de uma

nova crono-série de mortalidade. Contudo, as limitações ao nível da qualidade dos

mesmos demonstram ser mais difíceis de superar. De facto, através de uma análise

mais cuidadosa dos dados é possível confirmar a hipótese já anteriormente levantada

acerca da possível existência de erros na informação recolhida, situação que se tem

manifestado com maior expressão nos seguros em caso de morte.

A par das razões explicativas apresentadas no estudo anterior, das quais se destacam os

atrasos na comunicação entre os bancos e as empresas de seguros relativamente aos

falecimentos dos clientes que contraíram créditos à habitação, é ainda possível identificar

um outro tipo de incorrecção, que resulta da própria fórmula simplificada de cálculo do

factor de exposição ao risco utilizada pelas empresas em geral. A fórmula aplicada tem

subjacente a hipótese de que o fl uxo de entradas e saídas das vidas expostas ao risco

de morte é uniforme ao longo do ano, o que muitas vezes não corresponde à realidade,

especialmente nos casos em que se observa uma variação significativa da carteira de

clientes, o que tende a acontecer em determinadas épocas do ano.

Apesar da magnitude dos erros ser mais acentuada nos seguros em caso de morte,

optou-se por validar os dados relativos a todas as populações, procurando-se assim

aprimorar a qualidade estatística da informação utilizada como base de comparação.

Refira-se ainda que, de forma a ser possível aplicar os critérios de validação pretendidos,

foi necessário utilizar os dados referentes a 2003 como valores de referência, não tendo

por isso estes sido validados. Assim, a nova crono-série considerada no processo de

modelização abrange apenas os anos decorridos entre 2004 e 2007.

3.1 População dos seguros de vida em caso de vida

No período de 1995 a 2007, o conjunto da população segura anualmente exposta ao

risco de morte sofreu uma evolução progressiva, dos 697 mil indivíduos iniciais até cerca

de 2 milhões e 962 mil42, a taxas de crescimento anuais robustas, com excepção da

observada em 1998.

As taxas de crescimento da população feminina têm sido mais significativas que as

da população masculina, facto que contribuiu para uma convergência progressiva da

relação numérica entre homens e mulheres. Em 2007, a razão situava-se em torno de

1 mulher para cada 1,3 homens face a uma proporção inicialmente observada de cerca

de 1 para cada 4.

42 Salienta-se a possível sobrestimação do número total de pessoas expostas ao risco de morte na medida em que a contabilização

dos indivíduos foi efectuada pelo número de seguros de vida em caso de vida por eles subscritos.

Classifi cação

dos dados de

mortalidade

Qualidade dos dados

reportados

Distribuição numérica

Page 6: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fico

s

240

1995

1997

1999

2001

20032005

2007

030.00060.00090.000120.000150.000180.000210.000240.000270.000

Homens Mulheres

25

-30

35

-40

45

-50

55

-60

65

-70

75

-80

85

-90

15

-20

1995

1997

1999

2001

2003

20052007

020.00040.00060.00080.000100.000120.000140.000160.000180.000

15

-20

25

-30

35

-40

45

-50

55

-60

65

-70

75

-80

85

-90

A análise do Gráfico A.2 evidencia que o conjunto apresenta um comportamento

semelhante ao nível da evolução temporal da estrutura etária proporcional. Ao longo

do período analisado prevalece uma tendência de envelhecimento da população,

observando-se uma deslocação do topo da estrutura para a direita, mais concretamente,

da faixa dos 45-50 anos para a dos 55-60 anos no caso da população masculina e da faixa

dos 40-45 anos para a dos 55-60 anos no caso feminino.

0%

3%

6%

9%

12%15%

15

- 2

0

25

- 3

0

35

- 4

0

45

- 5

0

55

- 6

0

65

- 7

0

75

- 8

0

85

- 9

0

1995

1997

1999

2003

2001

2005

2007

Homens

0%

3%

6%9%

12%

15%

15

- 2

0

25

- 3

0

35

- 4

0

45

- 5

0

55

- 6

0

65

- 7

0

75

- 8

0

85

- 9

0

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

Mulheres

A idade média observada aumentou sensivelmente e de forma progressiva, em ambas

as populações e durante o período considerado, dos 45 para os 53 anos de idade.

A tendência de envelhecimento refl ectida no Gráfico A.2 pode ser essencialmente

justificada em função do comportamento evolutivo da população coberta pelos planos

poupança reforma (PPR), uma vez que este tipo de produto assume um elevado peso

na carteira de vidas cobertas pelos seguros em caso de vida. Como possíveis factores

explicativos para a manutenção nos planos até idades mais avançadas pode-se referir as

reformas introduzidas no sistema de Segurança Social, que conduzem tendencialmente

à permanência da população no activo por um período de tempo mais longo, bem

como as rendibilidades interessantes apresentadas pelos produtos PPR, que induzem

ao resgate total cada vez mais tardio destes produtos.

Estrutura etária

proporcional

Gráfico A. 2 Estrutura etária proporcional da população de pessoas seguras coberta pelos seguros em caso de vida

Gráfico A. 1 Distribuição numérica da população de pessoas seguras, por idades, nos seguros em caso de vida

Page 7: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fi co

s

241

Em contrapartida, nos últimos dois anos é possível observar um ligeiro aumento da

adesão por parte de pessoas de idades mais jovens, em particular da faixa dos 30-35

anos de idade, a produtos pertencentes aos seguros em caso de vida. Contudo, dado

que o grosso da procura se concentra nas faixas etárias relativamente próximas à idade

normal de reforma, o envelhecimento da população segura é o comportamento que

mais substancialmente se tem manifestado.

No que se refere ao comportamento da mortalidade da população dos seguros em caso

de vida, o Quadro A.1 apresenta os parâmetros resultantes do processo de calibragem

do modelo dinâmico para as populações masculina e feminina.

Quadro A. 1 Parâmetros do modelo de taxas de mortalidade para os seguros em caso de vida

k i r i x i k i r i x i

(1) i =1 0,05 0,008 20 0,028 0,008 20(2) i =2 0,09 0,0075 36 0,09 0,0075 39

(1) Idades inferiores ou iguais a 50 anos

(2) Idades superiores a 50 anos

Homens Mulheres

0,000419 0,000410

1997

21

20 +

μ1997

21

20 +

μ

Conforme sugerido pelos valores indicados, o parâmetro de progressão estática da

força de mortalidade entre idades sucessivas (k) e a “força de rejuvenescimento” (r)

apresentam diferentes intensidades em função da faixa etária considerada. Como tal, a

introdução de uma maior fl exibilidade na estimação dos parâmetros, designadamente

através da partição da escala de idades, possibilita o ajustamento de uma curva de

mortalidade com maior aderência aos dados ao longo de uma faixa etária mais ampla.

Numa perspectiva estática, observa-se que a progressão da força de mortalidade entre

idades mais jovens assume uma intensidade mais moderada para a população feminina

(k(mulheres)

=0,028 versus k(homens)

=0,05). Este resultado, em conjunto com uma curva de força

de mortalidade inicial, ajustada pela técnica dos splines, situada a um nível inferior em

relação à obtida para a população masculina, leva a que as taxas de mortalidade para a

população feminina sejam inferiores, o que é consentâneo com as evidências empíricas

de que a esperança média de vida das mulheres é superior à dos homens (conforme se

tem vindo a observar sistematicamente ao nível da população global do país).

Contudo, o factor dinâmico de ganho de longevidade é idêntico para o conjunto

populacional, o que de certa forma vem confirmar a hipótese de que as diferenças

entre os padrões de aumento da longevidade da população feminina e masculina

não são significativas. Como se havia constatado em 2002, o conjunto populacional já

apresentava, sensivelmente, ganhos de mortalidade da mesma amplitude.

Neste quadro convém referir que, em termos comparativos, os valores para o parâmetro

da força de rejuvenescimento apresentados em 2002 (r(homens)

=0,02 e r(mulheres)

=0,03)

eram relativamente superiores aos actualmente estimados. Esta diferença deve-se

essencialmente a uma calibragem dos valores do parâmetro r, tendo em consideração

toda a extensão do referencial histórico de informação e procurando integrar as

tendências evolutivas mais recentes. A interpretação da fl utuação do valor do parâmetro

requer algum bom senso, não devendo as diferenças obtidas ser confundidas com uma

alteração brusca do padrão de aumento da longevidade da população dos seguros em

caso de vida, sendo este um fenómeno que se manifesta tendencialmente de forma

contínua e progressiva. Segundo o modelo de projecção calibrado com base nos dados

de mortalidade da população dos seguros em caso de vida, estima-se que a partir

de 2007, para ambos os sexos, a esperança média de vida aos 35 anos irá aumentar

aproximadamente 1 ano a cada período de 12 anos, enquanto aos 65 anos o aumento

verificado se situará na ordem de 1 ano em cada 14.

Modelo dinâmico

da mortalidade

Análise estática

da mortalidade

Análise dinâmica

da mortalidade

Page 8: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fico

s

242

A qualidade de ajustamento das curvas de mortalidade obtidas para os anos centrais

dos períodos de 1995-1999 e de 2000-2002 é bastante satisfatória, não se observando

outliers demasiado significativos numa faixa etária compreendida entre os 20 e os 85

anos de idade. Note-se que a qualidade de ajustamento fora deste intervalo pode

ser desprezada, pelo facto do número de pessoas que em cada idade se encontram

expostas ao risco de morte ser demasiado pequeno para ter significância estatística.

No que se refere à comparação dos valores observados no período mais recente (2004-

-2007) com as taxas projectadas a partir do modelo especificado no Quadro A.1, verifica-

-se que as conclusões acerca da adequação do modelo se mantêm, mas apenas numa

faixa etária de extensão mais restrita.

Tal como ilustrado pelos gráficos seguintes, nas idades mais adiantadas as observações

já validadas das taxas de mortalidade do período de 2004-2007 encontram-se

sistematicamente acima da curva ajustada, o que remete, numa primeira análise, para

a falta de aderência do modelo dinâmico nessas faixas etárias. Contudo, não devem ser

retiradas conclusões com base na análise de um único período, uma vez que, conforme

referido, nas idades avançadas o pequeno número de pessoas expostas ao risco de

morte dá origem a desvios muito acentuados em relação à média.

Gráfico A. 3 Taxas de mortalidade da população masculina coberta pelos seguros em caso de

vida: 2004-2007

0%

1%

2%

3%

4%

5%

20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85

Ta

xas

de

mo

rta

lida

de

Idade[2004 -2007] Taxas observadas [2004 -2007] Curva projectada

q(x-6): TV-88/90

q(x-5): TV-88/90

Gráfico A. 4 Taxas de mortalidade da população feminina coberta pelos seguros em caso de

vida: 2004-2007

0,0%

0,5%

1,0%

1,5%

2,0%

2,5%

3,0%

3,5%

20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85

Ta

xas

de

mo

rta

lida

de

Idade[2004 -2007] Taxas observadas [2004 -2007] Curva projectada

q(x-10): TV-88/90

q(x-9): TV-88/90

q(x-8): TV-88/90

Qualidade de

ajustamento

Page 9: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fi co

s

243

No período de 2004 a 2007, a tendência da mortalidade da população masculina

corresponde sensivelmente à tábua TV-88/90 rejuvenescida de 5 anos no intervalo dos

20 aos 80 anos de idade, passando nas faixas etárias mais avançadas a ser representada

pela mesma tábua rejuvenescida de 6 anos.

Para o mesmo período, e para as mesmas idades, a tendência estática da mortalidade

da população feminina corresponde, sensivelmente, à da tábua TV-88/90 rejuvenescida

de 9 anos.

Numa tentativa de comparar a mortalidade observada no período de 2004-2007 com

as tábuas de mortalidade convencionais que mais frequentemente são aplicadas no

mercado português para avaliação actuarial das responsabilidades associadas a apólices

de seguros em caso de vida, constatou-se que as tendências de mortalidade das

populações masculina e feminina correspondem, de forma aproximada, à tábua GKF-80

rejuvenescida, respectivamente, de 9 e de 12 anos.

As análises comparativas com as tábuas TV-88/90 e GKF-80 permitem concluir que, face

à população do sexo masculino, a população feminina apresenta uma mortalidade mais

jovem em cerca de 3 a 4 anos.

3.2 População dos seguros de vida em caso de morte

Em termos numéricos, a população dos seguros de vida em caso de morte anualmente

exposta ao risco de morte atingiu, sensivelmente, os 5 milhões e 100 mil indivíduos

em 2007 face a um valor de cerca de um milhão e 484 mil43, em 1995. A evolução não

se comportou de forma estável, tendo-se verificado taxas de crescimento bastante

acentuadas até 1999, seguido de um período de aumentos mais moderados.

Tal como nos seguros em caso de vida, as taxas de crescimento da população feminina

mantiveram-se sempre acima dos valores observados para a masculina, com duas

excepções correspondentes a 1995 e 1997. Por este motivo, a relação numérica entre

o número de homens e mulheres estabilizou-se, nos anos mais recentes, em torno de

uma média de 1 mulher para cada 1,5 homens.

15

- 2

0

25

- 3

0

35

- 4

0

45

- 5

0

55

- 6

0

65

- 7

0

75

- 8

08

5 -

90

1995

1999

1997

2001

2005

2003

2007

070.000140.000210.000280.000350.000420.000490.000

560.000

Homens

15

- 2

0

25

- 3

0

35

- 4

0

45

- 5

0

55

- 6

0

65

- 7

0

75

- 8

08

5 -

90

0

100.000150.000

50.000

200.000250.000300.000350.000400.000

Mulheres

1995

1999

1997

2001

2005

2003

2007

43 Salienta-se a possível sobrestimação do número total de pessoas expostas ao risco de morte na medida em que a contabilização

dos indivíduos foi efectuada pelo número de seguros de vida em caso de morte por eles subscritos.

Comparação

com tábuas de

mortalidade

convencionais

Distribuição numérica

Gráfico A. 5 Distribuição numérica da população de pessoas seguras, por idades, nos seguros em caso de morte

Page 10: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fico

s

244

A estrutura etária proporcional da população masculina apresenta, inicialmente, uma

forma senoidal com ligeiro enviesamento à esquerda e topo situado em torno da faixa

dos 40-45 anos de idade. Contudo, nos anos subsequentes constata-se progressivamente

um maior enviesamento à esquerda, evidenciando uma tendência de rejuvenescimento

da população, que culmina na deslocação do topo para a faixa etária dos 30-35 anos.

Relativamente à população feminina, a evolução da respectiva estrutura proporcional

desenrolou-se de forma menos regular, em resultado das elevadas taxas de crescimento

registadas em determinados anos, apesar de neste caso ser também bastante evidente

um padrão de rejuvenescimento da população. Partindo de uma estrutura semelhante

à da população masculina, entre 1997 e 1998 verifica-se uma brusca deslocação do topo

da estrutura para as idades compreendidas entre os 30 e 35 anos. Desde 1998 prevalece

uma progressiva concentração deste conjunto populacional em torno dessas idades, o

que pode ser justificado pela forte captação de mulheres mais jovens ao nível da carteira

global.

Curiosamente nota-se que, nos últimos dois anos e em relação ao conjunto, se assiste

a um ligeiro aumento do peso da população nas idades imediatamente acima dos 35

anos enquanto nas faixas etárias mais jovens prevalece uma tendência oposta. Esta

constatação, em conjunto com as taxas mais moderadas de crescimento da população

em 2006 e 2007, pode ser interpretada como um sinal de início de maturidade da

carteira global das pessoas seguras em caso de morte.

0%

5%

10%

15%

20%

15

- 2

0

25

- 3

0

35

- 4

0

45

- 5

0

55

- 6

0

65

- 7

0

75

- 8

0

85

- 9

0

Homens

0%

5%

10%

15%

20%

15

- 2

0

25

- 3

0

35

- 4

0

45

- 5

0

55

- 6

0

65

- 7

0

75

- 8

0

85

- 9

0

Mulheres

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

A justificação para o comportamento de rejuvenescimento da população descrito

anteriormente pode ser atribuída à entrada de indivíduos de idades mais jovens que, por

sua vez, se pensa estar relacionado com a expansão do recurso ao crédito à habitação.

De facto, tal como já se havia mencionado no estudo de 2002, é possível identificar uma

forte correlação entre a evolução dos montantes de crédito à habitação e o conjunto de

pessoas seguras em caso de morte, já que este tipo de seguros é muitas vezes utilizado

como contra-garantia das operações de crédito à habitação.

A análise do comportamento da mortalidade da população dos seguros em caso de

morte apresenta uma dificuldade acrescida face às restantes populações em estudo,

decorrente da magnitude dos erros contidos nos dados estatísticos reportados.

O Gráfico A.7 é ilustrativo da dimensão dos desvios das taxas de mortalidade observadas

em períodos de tempo sucessivos, em particular na faixa de idades mais avançadas.

Estrutura etária

proporcional

Fraca qualidade

dos dados

Gráfico A. 6 Estrutura etária proporcional da população de pessoas seguras coberta pelos seguros em caso de morte

Page 11: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fi co

s

245

Realça-se que este padrão de comportamento é igualmente obtido para a população

feminina.

Gráfico A. 7 Comparação das taxas de mortalidade da população masculina em diferentes

períodos temporais

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80 82 84

Ta

xas

de

mo

rta

lida

de

Idade

[1995 -1997] Curva ajustada [2004 -2007] Curva projectada

[1995 -1997]Tx observadas

[2004 -2007]Tx observadas(dados validados)

[2000 -2002]Tx observadas

[2004 -2007]Tx observadas(dados não validados)

Apesar da elevada qualidade de ajustamento da curva de mortalidade obtida pela

Lei de Gompertz aos dados observados do período 1995-1997, nos anos seguintes é

possível constatar uma redução brusca e muito acentuada das taxas de mortalidade

efectivas, com especial ênfase na faixa etária dos 60 anos em diante. O facto de esta

variação ter ocorrido num curto período de tempo e tendo assumido uma magnitude

que dificilmente poderia ser justificada exclusivamente pela tendência de aumento da

longevidade da população, levantou uma forte suspeita acerca da presença de erros

nos dados.

A mesma conclusão pode ser retirada quando se efectua a comparação entre as

taxas observadas após 2006 e as taxas de mortalidade projectadas a partir do modelo

dinâmico calibrado com base na informação referente ao período de 1995-1997 e

1998-2000, verificando-se que a partir dos 60 anos de idade as primeiras se situam,

sistematicamente, abaixo da curva estimada.

Perante estas circunstâncias, e considerando que não seria adequado prosseguir o

processo de modelização utilizando os dados conforme reportados, recorreu-se a uma

validação dos mesmos em relação ao período de 2004-2007, numa tentativa de eliminar

os erros que, com maior probabilidade, contribuíam para a deturpação da verdadeira

tendência da mortalidade.

Apesar de se reconhecer a importância deste procedimento, deve-se realçar a índole

indicativa dos resultados, uma vez que as observações validadas apenas refl ectem o

comportamento da mortalidade de parte da população de pessoas expostas ao risco

de morte. Com efeito, tendo-se detectado que a presença de hiatos se manifestava

de forma consistente ao longo de extensas faixas etárias, os critérios adoptados no

processo de validação conduziram à exclusão completa da informação relativa a essas

secções para algumas empresas de seguros. Como consequência, o comportamento

da mortalidade que seria observável na totalidade do mercado pode não estar

correctamente refl ectido nas séries dos dados validados. Deste modo, recomenda-se

algum cuidado na comparação destes valores com as taxas de mortalidade projectadas

a partir de um modelo calibrado com base na carteira global de clientes.

Apesar das limitações apontadas, as séries validadas são de facto úteis no

estabelecimento de um referencial, tendo sido possível confirmar a hipótese de que as

Processo de validação

dos dados

Page 12: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fico

s

246

taxas de mortalidade efectivamente registadas devem, na realidade, ser superiores aos

valores originalmente reportados.

Tendo em atenção todos os condicionalismos existentes, no processo de modelização

procurou-se dar maior ênfase à qualidade do ajustamento numa faixa mais restrita,

aproximadamente entre os 20 e 70 anos, tendo sido estimados os parâmetros

apresentados no Quadro A.2, para o modelo dinâmico.

Quadro A. 2 Parâmetros do modelo de taxas de mortalidade para os seguros em caso de

morte

k i r i x i k i r i x i

(1)i =1 0,05 0,008 38 0,028 0,008 37(2)i =2 0,09 0,0075 43 0,09 0,0075 46

(1) Idades inferiores ou iguais a 50 anos(2) Idades superiores a 50 anos

Homens Mulheres

0,001165 0,000982

1996

21

20 +

μ 1996

21

20 +

μ

Os parâmetros estimados para a população dos seguros em caso de morte são, na

sua maioria, idênticos aos obtidos para a população dos seguros em caso de vida,

evidenciando padrões semelhantes quer no que se refere à progressão estática da

força de mortalidade entre idades sucessivas, quer ao nível da tendência de aumento

da longevidade. Contudo, as curvas de mortalidade dos seguros em caso de vida

situam-se tendencialmente a um nível mais baixo, tal como seria de esperar por razões

relacionadas com o fenómeno de selecção adversa.

Os gráficos seguintes permitem comparar a tendência de mortalidade do período de

2004-2007 com a tábua de mortalidade GKM-80, sendo esta uma das mais utilizadas

pelo mercado em 2007 ao nível dos seguros temporários com diferentes durações.

Na população masculina, a tábua GKM-80 rejuvenescida de 12 anos é a que melhor

traduz a tendência estática da mortalidade no período de 2004-2007. Contudo, a

sua curvatura não é suficientemente adequada para toda a extensão da escala etária

analisada, registando-se uma fraca aproximação nas idades até aos 40 anos.

Gráfico A. 8 Taxas de mortalidade da população masculina coberta pelos seguros em caso de

morte: 2004-2007

0,0%

0,3%

0,6%

0,9%

1,2%

1,5%

1,8%

20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70

Ta

xas

de

mo

rta

lida

de

Idade[2004 -2007] Taxas observadas [2004 -2007] Curva projectada

q(x-11): GKM-80

q(x-12): GKM-80

Modelo dinâmico

da mortalidade

Comparação

com tábuas de

mortalidade

convencionais

Page 13: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fi co

s

247

No que toca à população feminina, observa-se um maior desajuste em relação à tábua

GKM-80 nas idades compreendidas entre os 40 e 60 anos, sensivelmente. Porém, tal

como no caso anterior, a utilização da tábua GKM-80 revela-se prudente nas idades até

aos 40 anos, aspecto que tem grande importância, dada a elevada exposição ao risco de

morte nessas idades, em particular nos seguros em caso de morte.

Gráfico A. 9 Taxas de mortalidade da população feminina coberta pelos seguros em caso de

morte: 2004-2007

0,0%

0,2%

0,4%

0,6%

0,8%

1,0%

1,2%

20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70

Ta

xas

de

mo

rta

lida

de

Idade[2004 -2007] Taxas observadas [2004 -2007] Curva projectada

q(x-16): GKM-80

q(x-15): GKM-80

3.3 População dos pensionistas dos fundos de pensões

Entre 1997 e 2007, a população dos pensionistas dos fundos de pensões registou um

acréscimo de cerca de 40%, atingindo aproximadamente os 108 mil indivíduos no último

ano. Ao contrário do verificado nas populações dos seguros de vida, o crescimento não

se deu a um ritmo constante e uma análise separada por sexo dos pensionistas revela

que ambas as populações contribuíram de forma equilibrada para o crescimento global

registado ao longo do horizonte temporal analisado.

Por conseguinte, a relação numérica entre o número de homens e mulheres manteve-se

estável, correspondendo sensivelmente a uma razão de 1,8 homens para cada mulher.

15

-2

0

25

-3

0

35

-4

0

45

-5

0

55

-6

0

65

-7

0

75

-8

0

85

-9

01997

1999

2001

2005

2003

2007

0

2.000

4.0006.000

8.000

10.000

12.000

14.000

Homens

15

-2

0

25

-3

0

35

-4

0

45

-5

0

55

-6

0

65

-7

0

75

-8

0

85

-9

01997

1999

2001

2003

20052007

0

2.000

1.000

4.000

3.000

6.000

5.000

Mulheres

Distribuição numérica

Gráfico A. 10 Distribuição numérica, por idades, da população de pensionistas dos fundos de pensões

Page 14: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fico

s

248

Não obstante o formato irregular do topo da estrutura etária proporcional, em especial

no caso da população feminina, a análise do Gráfico A.11 permite detectar uma

progressiva tendência de envelhecimento da população de pensionistas. A causa

do padrão observado pode ser atribuída essencialmente ao efeito conjunto de um

aumento da esperança média de vida e da permanência da população no activo até

idades mais avançadas.

Com efeito, em relação ao conjunto feminino, no período de 2002-2007 é claramente

perceptível a presença de dois picos, um na faixa etária dos 55-60 e outro na faixa dos

65-75 anos. No entanto, em termos relativos, a concentração da população nas idades

próximas dos 75 anos tem ganho crescente relevo. No caso do conjunto masculino,

verifica-se uma deslocação mais explícita do topo da estrutura dos 60-65 para os 65-70

anos.

0%

5%

10%

15%

20%

15

-2

0

25

-3

0

35

-4

0

45

-5

0

55

-6

0

65

-7

0

75

-8

0

85

-9

0

1997

1999

2001

2003

2005

2007

Homens

0%

5%

10%

15%

15

-2

0

25

-3

0

35

-4

0

45

-5

0

55

-6

0

65

-7

0

75

-8

0

85

-9

0

1997

1999

2001

2003

2005

2007

Mulheres

Por outro lado, o gráfico da estrutura de distribuição etária proporcional das populações

masculina e feminina apresenta também uma pequena bossa, concentrada nas idades

dos 15 a 25 anos, correspondendo essencialmente aos órfãos de beneficiários e

participantes dos fundos.

O facto dos planos de pensões dos fundos existentes em Portugal preverem vários tipos

de benefícios, entre os quais se enquadram os de orfandade, infl uencia a interpretação

dos dados de mortalidade dos pensionistas, dado que a forma como estes são coligidos

em Portugal equipara à «morte, enquanto pensionista» todas as situações que levam

um indivíduo a perder a sua qualidade de pensionista. Isso pode ficar a dever-se tanto à

«morte física», propriamente dita, como a qualquer outra situação que leve à «perda de

direito à pensão», como seria o caso da extinção da pensão de orfandade por se atingir

o limite de idade elegível, ou a perda do direito à pensão de viuvez por contracção de

novo casamento do cônjuge sobrevivo.

A implicação do fenómeno descrito na mortalidade da população dos fundos de

pensões traduz-se num comportamento bastante irregular das taxas de mortalidade

observadas nas idades inferiores a 50 anos. A título de exemplo, em torno dos 25 anos

de idade é possível observar um outlier expressivo que decorre do estabelecimento de

uma idade limite para o recebimento de pensões de orfandade correspondente aos 24

anos.

Estrutura etária

proporcional

Gráfico A. 11 Estrutura etária proporcional da população de pensionistas dos fundos de pensões

Page 15: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fi co

s

249

Por razões que se prendem com o facto da mortalidade dos pensionistas não corresponder

exclusivamente à mortalidade em sentido estrito e considerando o reduzido número de

pessoas expostas ao risco de morte nas idades terminais, no processo de calibragem

do modelo privilegiou-se a qualidade de ajustamento aos dados referentes à faixa dos

40 a 85 anos. De facto, por consideração dos parâmetros indicados no Quadro A.3, foi

possível obter ajustamentos de qualidade aceitável ao longo da faixa etária identificada

para cada uma das crono-séries analisadas.

Quadro A. 3 Parâmetros do modelo de taxas de mortalidade para os fundos de pensões

k i r i x i k i r i x i

(1) i =1 0,01 0,008 37 0,02 0,008 37(2) i =2 0,09 0,0075 57 0,09 0,0075 54

(1) Idades inferiores ou iguais a 58 anos(2) Idades superiores a 58 anos

Homens Mulheres

0,008075 0,004534

1998

21

37 +

μ 1998

21

37 +

μ

Uma das principais conclusões que se pode retirar da análise dos valores estimados

reside na semelhança entre o padrão de aumento da longevidade dos pensionistas

dos fundos de pensões e o observado para a população coberta pelos seguros de vida.

Como tal, e conforme já referido, o modelo especificado tem implícito um aumento da

esperança média de vida aos 65 anos da ordem de 1 ano em cada 14.

Não obstante a observação de um elevado grau de consistência entre as tendências

dinâmicas da mortalidade associadas às diferentes populações em estudo, os valores

estimados para o factor dinâmico de ganho de longevidade são, tal como verificado

para os seguros de vida, substancialmente inferiores aos valores encontrados no âmbito

do estudo de 2002. Relembra-se que para a população dos pensionistas dos fundos de

pensões este parâmetro assumia os valores de 0,015 para o conjunto masculino e 0,02

para o feminino.

O abrandamento do ritmo de aumento da longevidade, sugerido pelas diferenças

encontradas nos parâmetros, é coerente com o comportamento verificado ao nível da

população portuguesa em geral. De facto, com base nas estatísticas de mortalidade

desta população elaboradas pelo INE e relativas aos períodos de 2000-2002 (com

centro em 2001) e de 2006-2008 (com centro em 2007), estima-se que os ganhos de

longevidade ao longo da última década se tenham traduzido, para ambos os sexos,

numa redução das taxas de mortalidade correspondente a um rejuvenescimento de

cerca de 1 ano em cada 20, ou seja, tenham sido ligeiramente inferiores à proporção

sugerida pelos parâmetros dos modelos neste momento apresentados. Confrontando

os novos valores observados, para a população portuguesa masculina e feminina, com

os referidos no estudo de 2002 (para a idade de 65 anos, na ordem de 1,2 anos em cada

10 para o sexo masculino e de 1,5 anos em cada 10 para o feminino), torna-se bastante

evidente a atenuação da tendência de rejuvenescimento da população portuguesa, o

que se refl ecte inevitavelmente nos conjuntos populacionais em estudo.

Modelo dinâmico

da mortalidade

Page 16: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fico

s

250

Gráfico A. 12 Taxas de mortalidade dos pensionistas de sexo masculino: 2004-2007

0%

10%

20%

30%

40%

50%

20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85

Ta

xas

de

mo

rta

lida

de

Idade[2004-2007] Taxas observadas [2004-2007] Curva projectada

q(x-1): TV-73/77

Numa tentativa de comparar a tendência de mortalidade observada no período de

2004-2007 com uma das tábuas mais utilizadas na avaliação de responsabilidades para

com os beneficiários masculinos dos fundos de pensões, conclui-se que a TV-73/77

rejuvenescida de 1 ano é a que melhor se ajusta aos dados. Todavia, devido à curvatura

característica da TV-73/77, as taxas de mortalidade tendem a ser ligeiramente inferiores,

o que revela um efeito prudencial face à curva projectada, se nos ativermos apenas à

modelização da mortalidade estática.

Gráfico A. 13 Taxas de mortalidade dos pensionistas de sexo feminino: 2004-2007

0%

10%

20%

30%

40%

50%

20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85

Ta

xas

de

mo

rta

lida

de

Idade[2004 -2007] Taxas observadas [2004 -2007] Curva projectada

q(x): TV-88/90

q(x-3): TV-73/77

Na faixa etária dos 40 aos 85 anos, a tendência estática da mortalidade da população

feminina revelou-se razoavelmente próxima da tábua TV-88/90, especialmente a partir

dos 50 anos de idade. Por sua vez, a tábua TV-73/77 rejuvenescida de 3 anos revela-se

quase coincidente com a TV-88/90, o que em termos comparativos com o Gráfico A.12

se traduz num ganho de mortalidade em dois anos face à população masculina.

Refira-se ainda que a aproximação à tábua TV-88/90 manteve-se válida para as várias

crono-séries de mortalidade analisadas, ainda que com ligeiros desajustes em certas

faixas etárias.

Com o intuito de efectuar uma análise do comportamento da mortalidade da

população dos fundos de pensões por sector de actividade económica predominante

Comparação

com tábuas de

mortalidade

convencionais

Análise por sector

de actividade

económica

Page 17: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fi co

s

251

dos associados, procedeu-se à agregação dos dados de mortalidade em três grupos

principais, conforme descrito em seguida:

- Grupo A: actividade bancária, actividade seguradora e outras actividades financeiras;

- Grupo B: comunicações e transporte, outras prestações de serviço e produção e

distribuição de electricidade, gás e água;

- Grupo C: comércio, indústria e outras actividades correspondentes aos sectores

primário e secundário.

Por motivos relacionados com a disponibilidade de dados estatísticos, apenas foi possível

proceder à análise pretendida para o período mais recente, ou seja, 2004 a 2007.

Num estudo desta natureza deve-se ter em atenção que a partição dos dados introduz

uma maior volatilidade nas taxas de mortalidade observadas, uma vez que o número

de pessoas expostas ao risco de morte dentro de cada grupo é menor. O Gráfico A.14 é

ilustrativo do peso de cada sector em termos do número de pensionistas de fundos de

pensões expostos ao risco de morte em 2007.

Gráfico A. 14 Número de pessoas expostas ao risco de morte por sector de actividade

económica

40,28%

2,84%

2,49%16,31%

13,97%

0,03%

0,36%

9,79%

13,93%Actividade Bancária

Actividade Seguradora

Comércio

Comunicações e Transportes

Indústria

Outras Actividades Financeiras

Outros

Outros Serviços

Produção e Distribuição de Electricidade,

Gás e Água

Da análise do Gráfico A.14 conclui-se que existe uma elevada concentração da população

dos fundos de pensões em torno do sector da actividade bancária, que representa, por

si só, cerca de 40% do factor de exposição ao risco total. Segundo esta perspectiva, o

grupo C é o que detém menor representatividade (cerca de 17%), enquanto os restantes

dois grupos partilham um peso próximo dos 40%.

Como é possível constatar, o critério de agregação utilizado não conduz a uma

distribuição uniforme do número de pessoas expostas ao risco de morte por grupo

de actividade económica. Contudo, esta escolha foi propositada, pois procurou-se dar

maior ênfase à natureza da actividade, numa tentativa de confirmar a expectativa acerca

da presença de um certo grau de correlação entre o comportamento da mortalidade e

o tipo de actividade económica dos associados.

Com o intuito de realçar a tendência estática da mortalidade no período 2004-2007, em

relação aos diferentes grupos, procedeu-se a um ajustamento por aplicação da técnica

dos splines, no sentido de se obter uma curva alisada que torne possível a comparação

dos níveis das taxas de mortalidade observadas.

Page 18: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fico

s

252

Gráfico A. 15 Taxas de mortalidade dos pensionistas dos fundos de pensões por sector de

actividade económica: 2004-2007 (população masculina)

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

55 60 65 70 75 80 85

Ta

xas

de

mo

rta

lida

de

Idade

Grupo A Grupo B Grupo C Curva ajustada [2004 -2007]

O resultado, ilustrado pelo Gráfico A.15, é consistente com o comportamento que

seria expectável observar, verificando-se que as taxas de mortalidade do grupo A,

representado maioritariamente pelo sector de actividade bancária, se situam sempre

abaixo da curva ajustada para a globalidade da população. Já a mortalidade do grupo

C evidencia ser bastante superior, em termos comparativos, pelo menos nas idades

compreendidas entre os 55 e os 75 anos.

Gráfico A. 16 Taxas de mortalidade dos pensionistas dos fundos de pensões por sector de

actividade económica: 2004-2007 (população feminina)

0%

2%

4%

6%

8%

10%

55 60 65 70 75 80 85

Ta

xas

de

mo

rta

lida

de

Idade

Grupo A Grupo B Grupo C Curva ajustada [2004 -2007]

Em relação à população feminina observa-se o mesmo comportamento relativo

entre as taxas de mortalidade dos grupos B e C. No entanto, as taxas do sector da

actividade bancária (grupo A) revelam um comportamento inesperado, assumindo

os valores mais elevados em quase toda a faixa etária analisada. Este resultado põe

em causa as expectativas de que a mortalidade dos associados pertencentes aos

sectores da actividade bancária e da actividade seguradora fosse inferior, por exemplo,

aos pertencentes ao sector da indústria, tal como tinha sido possível verificar para a

população masculina.

Perante estas situações paradoxais, a análise da tendência da mortalidade por sector de

actividade económica não produz ainda um resultado com elevado grau de fiabilidade.

Page 19: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fi co

s

253

Deste modo, será necessário aguardar pela obtenção de novos dados de forma a ser

possível comparar os padrões observados no período 2004-2007 com os retirados de

uma futura crono-série de dados de mortalidade.

Todavia, apesar de não ter sido possível retirar uma conclusão satisfatória quanto à

relação existente entre as taxas de mortalidade dos diferentes grupos, conclui-se que

estas apresentam comportamentos distintos entre si, o que vem reforçar a importância

do reporte e da análise dos dados de mortalidade por sector de actividade económica

dos associados.

4. Conclusões

Em consonância com a tendência evolutiva observada nos países de economia madura,

a mortalidade das pessoas seguras e dos pensionistas dos fundos de pensões em

Portugal tem sido caracterizada por uma progressiva redução da força de mortalidade

por idade, embora essa tendência tenha registado uma intensidade mais moderada nos

anos mais recentes.

Tendo sido possível obter ajustamentos de qualidade satisfatória, pelo menos para as

populações dos seguros de vida em caso de vida e dos fundos de pensões, coloca-

-se a possibilidade de a calibragem dos modelos estar a ser infl uenciada pela presença

de erros nos dados, não se podendo excluir uma possível distorção das tendências de

mortalidade, refl ectidas nos dados utilizados como base de modelização. De facto, o

próprio processo de validação da informação relativa ao período mais recente, que

foi aplicado com a intenção de esbater o efeito dos erros, teve implicações na sua

representatividade face ao comportamento do mercado no seu todo.

Numa perspectiva estática, o parâmetro k aparenta não ter sido infl uenciado por esta

situação, mantendo-se igual a 0,09 na faixa etária das idades mais avançadas, o que

é consistente com o padrão médio encontrado na maioria dos países ocidentais de

economia madura. Já a análise da dinâmica da mortalidade revela-se mais sensível à

presença de erros nos dados. Mesmo assim, foi possível observar uma forte consistência

entre as tendências de mortalidade das diferentes populações em estudo, sendo de

destacar a semelhança dos parâmetros de rejuvenescimento entre as populações

masculina e feminina. Com base nos modelos apresentados, estima-se que a esperança

média de vida aos 65 anos, para todas as populações em estudo, venha a sofrer um

aumento aproximado de 1 em cada 14 anos.

Não obstante as conclusões retiradas, reconhece-se que a validação a posteriori dos

dados não constitui uma solução ideal para resolver o problema identificado, realçando-

se a urgência de uma correcção desta situação junto das empresas de seguros e das

entidades gestoras de fundos de pensões.

Neste sentido, o ISP tem desenvolvido esforços junto dos operadores para regularizar

estas situações, de modo a aumentar a qualidade da informação reportada sobre a

mortalidade.

Daqui se conclui a importância de um acompanhamento contínuo desta matéria,

esperando que futuras análises com base em dados estatísticos de melhor qualidade

possam vir a confirmar as expectativas e conclusões retiradas. Neste quadro, destaca-

-se ainda a relevância da construção de novas crono-séries por sector de actividade

económica dos associados dos fundos de pensões, de modo a ser possível completar a

nova vertente de análise introduzida no presente estudo.

Page 20: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fico

s

254

B. Performance dos Fundos de Pensões: Rendibilidade e

Risco

1. Enquadramento

Os fundos de pensões são veículos de financiamento de planos de pensões, de natureza

profissional ou individual, que funcionam numa base de capitalização. O fundamento

base do sistema de capitalização reside no investimento das contribuições efectuadas

em instrumentos financeiros que irão gerar um rendimento, maximizando desta forma

o valor do fundo de pensões.

A maximização do valor do fundo tem óbvias vantagens para os participantes e

beneficiários assim como para as entidades (quer sejam empresas ou indivíduos) que

financiam os respectivos planos de pensões. O tipo de plano, de benefício definido

(BD) ou de contribuição definida (CD), determina quem beneficia directamente da boa

performance do fundo em termos de rendibilidade. Enquanto nos planos de benefício

definido os beneficiados são as empresas que os patrocinam (associados), pois têm

custos de financiamento menores (menos contribuições), nos planos de contribuição

definida são os participantes e beneficiários quem beneficia, em virtude de obterem

um maior valor acumulado nas contas individuais e, consequentemente, pensões mais

elevadas.

Contudo a procura de uma boa performance (leia-se “boa rendibilidade”) está

condicionada pelo facto de, regra geral, os instrumentos financeiros que geram maior

rendibilidade serem também aqueles que incorporam maior risco. Neste contexto,

o risco deve ser interpretado como a incerteza (ou volatilidade) relativamente ao

retorno esperado, pelo que investimentos em activos financeiros que apresentam um

elevado risco podem traduzir-se, especialmente em horizontes temporais curtos, em

rendibilidades negativas (ou seja, perda de valor).

-15

-10

-5

0

5

10

15

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Índ

ice

de

Sh

arp

e

Obrigações Govt. Europa (Bloomberg/EFFAS Bond Indices E)

Obrigações Corp. Europa (ISMA Eurobonds Europe All Year)

Acções Portuguesas (PSI 20 INDEX)

Acções Europa (BLOOMBERG EUROPEAN 500)

Performance dos

fundos de pensões

Dicotomia

rendibilidade e risco

Gráfico B. 1 Rendibilidade vs risco dos principais instrumentos fi nanceiros em que os fundos de pensões investem

Page 21: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fi co

s

255

O Gráfico B.1 evidencia a relação rendibilidade versus risco, traduzida pelo índice de

Sharpe44, dos principais instrumentos financeiros (por classe de activos) em que os

fundos de pensões investem. Nele se verifica que os índices de Sharpe da classe de

acções são bastante mais voláteis (valores mais elevados e oscilantes entre positivos e

negativos) do que os correspondentes índices da classe de obrigações, que se mantêm

relativamente estáveis (valores mais baixos e na maioria das vezes positivos).

Num contexto marcado pela instabilidade dos mercados financeiros, bem como pela

significativa afectação das rendibilidades dos fundos de pensões, e atendendo ao facto

de estes fundos terem, regra geral, um horizonte de investimento de longo prazo,

importa enquadrar a sua performance anual no âmbito de um horizonte temporal mais

alargado.

Deste modo, o presente estudo tem como objectivo caracterizar as rendibilidades dos

fundos de pensões, permitindo comparar as rendibilidades anuais com as de longo

prazo (acumuladas). Pretende-se igualmente contextualizar as rendibilidades obtidas

com o nível de risco incorrido, pelo que serão também analisados os valores relativos

da rendibilidade ponderados pelos respectivos níveis de risco, através da medida de

avaliação unitária do índice de Sharpe.

Para cumprir os objectivos acima definidos a análise foi segmentada em quatro partes e

um anexo que contém alguns suportes teóricos aos conceitos utilizados.

Assim, na secção 2, procede-se à caracterização dos fundos de pensões ao longo do

período em análise, dando ênfase ao processo de recolha dos dados e à segmentação

dos fundos, assim como a algumas hipóteses assumidas neste exercício.

Na secção, 3 são apresentados os resultados da performance dos fundos em termos

de rendibilidade, primeiro na perspectiva dos valores absolutos e em seguida numa

perspectiva ponderada pelo nível de risco.

Por fim, a secção 4 apresenta as principais conclusões do estudo.

2. Caracterização dos fundos de pensões

2.1. Recolha dos dados

Os dados utilizados tiveram essencialmente por base os elementos comunicados pelas

Entidades Gestoras de Fundos de Pensões (EGFP) no âmbito do reporte de informação

para efeitos de supervisão prudencial que o Instituto de Seguros de Portugal (ISP) exige

em sede regulamentar. Para os fundos Planos Poupança Reforma Educação (PPR/E) e

Planos de Poupança em Acções (PPA) foi igualmente utilizada a informação relativa ao

valor mensal das respectivas unidades de participação, publicadas no boletim da bolsa

de valores nacional.

A segmentação dos fundos de pensões foi também realizada utilizando aquele

reporte. Contudo, atendendo à introdução, em 2003, do actual sistema de recolha

e armazenamento de dados, optou-se por utilizar uma segmentação semelhante

à adoptada em 2003 para os períodos anteriores, de modo a manter a coerência da

informação.

44 Veja-se a secção 5.1 – Enquadramento Teórico – relativamente à descrição do índice de Sharpe.

Objectivo e estrutura

do estudo

Page 22: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fico

s

256

No que diz respeito aos fundos fechados mistos45, efectuou-se uma dupla contagem:

contabilizou-se um para os planos de CD e outro para os de BD. No caso das adesões

colectivas a fundos abertos que financiam simultaneamente planos de benefício

definido e de contribuição definida (que são em número reduzido) considerou-se, por

uma questão de simplificação e materialidade, apenas o tipo de plano que detinha a

maior proporção do montante da adesão colectiva.

O número de planos de contribuição definida encontra-se sobrestimado, na medida

em que foram contabilizadas todas as adesões colectivas a fundos abertos. Assim, num

plano de pensões que é financiado por várias adesões colectivas (para cobrir as diferentes

opções de investimento) a fundos abertos foram contabilizadas todas as adesões.

Pelos motivos acima expostos, os dados indicados quanto ao número de participantes e

beneficiários e ao montante dos activos financeiros podem não coincidir com os valores

mencionados noutras publicações do ISP.

As rendibilidades foram obtidas em termos nominais, brutas de comissões de gestão,

utilizando a metodologia da taxa interna de rendibilidade46.

2.2. Segmentação dos fundos de pensões

Na avaliação da performance dos fundos de pensões foi efectuada uma segmentação

por tipo de plano de pensões, de modo a tentar inferir qual a respectiva infl uência na

performance do fundo no longo prazo.

Os fundos de pensões foram segmentados da seguinte forma:

1. Fundos de pensões profissionais – Fundos que financiam planos de

pensões estabelecidos ao abrigo de uma relação contratual profissional entre

os participantes do plano e a entidade que estabelece o plano (associado).

1.1. Fundos que financiam planos de benefício definido (BD) – Atendendo

ao facto de que para este tipo de planos a política de investimentos47 é

definida de acordo com a estrutura das responsabilidades actuariais dos

planos, estes fundos foram ainda segmentados em três categorias de

acordo com a idade média da sua população:

1.1.1. População jovem (BD – Pop. Jovem) – Plano de pensões com

uma idade média relativamente jovem, abaixo dos 50 anos, para

o qual a maturidade das responsabilidades é relativamente longa

na medida em que ainda faltam muitos anos até à liquidação

total das responsabilidades;

1.1.2. População equilibrada (BD – Pop. Equilibrada) – Plano

de pensões com uma idade média entre os 50 e os 65 anos, a

que corresponde um horizonte temporal de maturidade das

responsabilidades de médio prazo;

45 Fundos que financiam simultaneamente planos de benefício definido e planos de contribuição definida.

46 Os valores de rendibilidades e volatilidades apresentados dizem respeito às médias e volatilidades ponderadas pelo montante

do total dos fundos para cada uma das categorias/segmentos em análise.

47 Documento com as regras e orientações relativamente ao investimento nos diferentes activos.

Contabilização dos

fundos fechados e

adesões colectivas a

fundos de pensões

abertos

Segmentação dos

fundos de pensões

Page 23: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fi co

s

257

1.1.3. População envelhecida (BD – Pop. Envelhecida) – Plano de

pensões com uma idade média superior aos 65 anos, tipicamente

planos que contêm população reformada que já está a receber

pensões e cuja maturidade das responsabilidades é mais curta.

1.2. Fundos que financiam planos de contribuição definida (CD)

2. Fundos de pensões individuais - Fundos de pensões que financiam planos

de pensões individuais, ou seja, cuja adesão e contribuições são efectuadas

por indivíduos.

2.1. Fundos Planos de Poupança Acções (PPA)

2.2. Fundos Planos de Poupança Reforma (PPR/E48)

2.3. Caracterização dos fundos de pensões

Em seguida, são apresentados alguns gráficos que permitem caracterizar os fundos de

pensões por tipo de plano no que diz respeito ao número de fundos fechados/adesões

colectivas, ao montante total dos activos financeiros e à idade média das respectivas

populações.

Gráfico B. 2 Evolução do número de fundos de pensões fechados e adesões colectivas a fundos

de pensões abertos por tipo de plano de pensões

26 27 24 24 24 25

139 158 191 225300

366175 175

165167

162

152

88 83 8588

91

98

8 1017

15

16

17

0

100

200

300

400

500

600

700

2003 2004 2005 2006 2007 2008

me

roF

un

do

s/

Ad

esõ

es

Co

lect

iva

s

Individuais (PPR/E+PPA) CD BD - Pop. Jovem

BD - Pop. Equilibrada BD - Pop. Envelhecida

O Gráfico B.2 evidencia, de forma clara, a tendência de crescimento dos planos de

contribuição definida em comparação com os de benefício definido, no contexto dos

planos de pensões profissionais. Enquanto em 2003 os planos de BD representavam

66% dos planos profissionais, em 2008 esse valor atingia apenas 42%. Esta tendência

deve-se não só a uma ligeira diminuição dos planos de BD (271 fundos/adesões em

2003 para 267 em 2008), mas acima de tudo a um crescimento acentuado dos de CD

(139 fundos/adesões em 2003 para 366 em 2008). Outra tendência observável a partir

do gráfico é a do envelhecimento da população dos planos de BD, conforme se constata

pelo número de adesões/fundos em cada uma das subcategorias por idade.

48 O Decreto-Lei n.º 158/2002, de 2 de Julho, que estabelece a base jurídica dos planos de poupança reforma (PPR/E), permite

a constituição de fundos de poupança sob a forma de fundo de investimento mobiliário, de fundo de pensões ou de fundo

autónomo de uma modalidade de seguro do ramo Vida. Este estudo apenas analisa os PPR/E instituídos sob a forma de fundo

de pensões.

Caracterização dos

fundos de pensões

Page 24: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fico

s

258

Apesar do elevado crescimento do número de fundos/adesões dos planos de CD,

verifica-se, pelo Gráfico B.3, que em termos dos montantes dos fundos de pensões o seu

peso continua relativamente reduzido – inferior a 2% do montante total. Entre 2003 e

2008, o montante total dos fundos de pensões profissionais cresceu aproximadamente

25%, sendo os fundos/adesões que financiam planos de BD os principais responsáveis

por esse crescimento, mesmo apesar do número total destes fundos ter diminuído

ligeiramente. Este é um sinal da maturidade dos planos de BD que contrasta com a

relativa imaturidade dos de CD.

Gráfico B. 3 Evolução do montante total dos fundos de pensões por tipo de plano de pensões

428 447 463 504 522 411102 129 157 246 294 320

9.196

2.6334.500 5.257 5.840

4.132

6.306

11.895

13.58714.508

14.92514.692

11862

139

455517

453

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

2003 2004 2005 2006 2007 2008

Milh

õe

sd

eE

uro

s

Individuais (PPR/E+PPA) CD BD - Pop. Jovem

BD - Pop. Equilibrada BD - Pop. Envelhecida

Gráfico B. 4 Evolução da idade média da população dos fundos de pensões por tipo de plano

de pensões

50,7 51,4 52,643,1 42,442,3 43,0 43,1

55,9 55,766,9 69,3 70,1

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

2003 2006 2008

Ida

de

dia

Individuais (PPR/E+PPA) CD BD - Pop. Jovem

BD - Pop. Equilibrada BD - Pop. Envelhecida

56,6

41,8

3. Performance dos fundos de pensões no período 1998-

-2008

O período em análise, com uma extensão de 11 anos, contém ciclos distintos de

evolução da economia mundial que se refl ectem directamente na performance dos

mercados financeiros. Consequentemente, na análise da evolução da performance dos

fundos de pensões importa atender a esta realidade. É assim possível distinguir os ciclos

compreendidos entre 1998 e 1999 (I), 2000 e 2002 (II), 2003 e 2007 (III) e o ano 2008 (IV).

O ciclo I é caracterizado pela designada “bolha tecnológica”, em que os mercados

financeiros evidenciaram um crescimento acelerado, impulsionado pelo surgimento

Caracterização da

evolução dos mercados

fi nanceiros

Page 25: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fi co

s

259

de empresas do sector tecnológico relacionado com a internet e afins. Este fenómeno

foi manifestamente infl uenciado pelo volume de capital disponível para investimento

em capital de risco e em novas actividades, nomeadamente nos Estados Unidos. Neste

ciclo, o índice PSI 20 obteve um incremento médio anual de 16,8%, apresentando, no

entanto, uma volatilidade da variação mensal do valor do índice de 42%.

Após a ruptura da “bolha tecnológica”, seguiu-se um ciclo (II) de baixa dos mercados,

em que os principais índices mundiais apresentaram importantes quedas. A situação

agravou-se com o 11 de Setembro de 2001. Durante este ciclo, o mesmo índice

decresceu, em termos de média anual, cerca de 21%, com uma elevada volatilidade, a

rondar os 39%.

No ciclo III assistiu-se a uma fase de crescimento moderado mas constante dos

mercados financeiros. Foi durante este periodo que se desenrolou a segunda Guerra do

Golfo e em que se regista o ínício da bolha especulativa nos mercados imobiliários, em

especial no mercado norte-americano. O índice das principais acções portuguesas (PSI

20) cresceu, em média, 17,6% entre 2003 e 2007, com uma volatilidade moderadamente

alta, perto dos 28%.

Optou-se por destacar o ano 2008 como um ciclo (IV), em virtude da natureza atípica da

evolução da economia e dos mercados financeiros. Este ano foi caracterizado por uma

crise económica e financeira profunda, com origem na crise do crédito hipotecário sub-

-prime norte-americano, que provocou o colapso de importantes instituições financeiras

nas economias desenvolvidas, gerando um cenário de redução drástica do crédito

disponível e do aumento inédito dos spreads. Neste panorama, os mercados accionistas

caíram acentuadamente, com o índice PSI 20 a perder cerca de 51%, apresentando uma

volatilidade da variação mensal de 29%.

3.1. Valores absolutos de rendibilidade

A rendibilidade dos fundos de pensões nacionais varia em função do tipo de fundo e do

tipo de plano que financiam. Como seria de esperar, a estrutura das responsabilidades a

financiar, a maturidade dos planos e a política de investimentos nos fundos individuais

obriga a estratégias de alocação de activos que se adeqúem ao cumprimento dos

objectivos de gestão dos fundos.

No sentido de analisar a performance dos fundos de pensões, apurou-se a sua

rendibilidade anual durante o período em apreço, em função do tipo de plano de

pensões financiado. Foi igualmente calculada a rendibilidade anual de determinados

benchmarks49, construídos de forma a refl ectir os mercados financeiros típicos utilizados

pelos fundos.

Os fundos de pensões que financiam planos de pensões profissionais registaram

rendibilidades atractivas em 6 dos 9 anos analisados. Estes períodos enquadram-se nos

ciclos de crescimento identificados anteriormente.

É possível verificar que os fundos que financiam planos de benefício definido com

população envelhecida conseguiram obter uma maior estabilidade de rendibilidade e

valores menos negativos, o que pode ser explicado pelas políticas de investimento mais

conservadoras, características deste tipo de fundos. Por outro lado, os fundos de BD que

financiam planos com população jovem e equilibrada e planos de contribuição definida

49 Veja-se a secção 5.2 – Enquadramento Teórico – relativamente à definição benchmarks.

Evolução anual - Planos

profi ssionais

Page 26: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fico

s

260

apresentam maior variação nas taxas de rendibilidade e valores negativos superiores, o

que coincide com as estratégias de alocação de activos menos conservadoras.

Em comparação com o benchmark, os fundos profissionais obtiveram, em média,

rendibilidades superiores em 5 dos 9 anos analisados e seguiram de perto o seu

comportamento, com excepção de 2000, ano em que todos os tipos de fundos obtiveram

retornos positivos, em oposição ao benchmark que apresentou valores negativos.

A rendibilidade dos fundos individuais PPR/E, ao longo dos 11 anos analisados, foi

superior ao benchmark em 4 anos. Observa-se que a rendibilidade destes fundos foi

superior em ciclos de baixa e menos favorável em ciclos de alta, o que demonstra

estabilidade e refl ecte o seu carácter conservador em comparação com o indicador de

referência.

Já os fundos individuais PPA obtiveram rendibilidades superiores ao respectivo

benchmark em 9 dos 11 anos avaliados. Excluindo 1998 e 2007, os fundos PPA

conseguiram retornos mais elevados em ciclos ascendentes e menos desfavorável em

ciclos descendentes.

Os seguintes quadros e gráficos apresentam as rendibilidades dos fundos de pensões

profissionais e individuais e permitem a visualização da evolução anual do seu

comportamento entre 1998 e 2008.

Quadro B. 1 Rendibilidade dos fundos de pensões por tipo de plano de pensões

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Profissionais 6,8% -3,6% -6,1% 11,7% 7,1% 9,1% 8,9% 6,4% -14,1%

BD - Pop. Jovem 11,0% -4,7% -5,2% 12,5% 5,1% 8,5% 9,9% 10,8% -7,6%

BD - Pop. Equilibrada 2,8% -2,8% -7,6% 10,6% 7,6% 9,3% 8,9% 5,0% -16,4%

BD - Pop. Envelhecida 7,8% -0,8% 1,0% 9,3% 7,2% 7,2% 4,1% 2,6% -2,2%

CD 4,9% 2,1% -7,1% 13,5% 5,9% 10,2% 4,4% 1,0% -9,3%

Benchmark 12,8% 4,8% -3,9% -3,0% -3,4% 9,5% 7,8% 8,4% 11,5% 5,4% -15,2%

Individuais

PPR/E 7,4% 1,9% 1,2% -0,4% 0,3% 4,3% 3,3% 3,8% 3,8% 3,2% -7,4%

Benchmark 10,6% 4,5% -0,8% 1,6% -1,2% 7,7% 6,7% 8,4% 4,5% 1,1% -7,4%

PPA 12,6% 8,9% -5,9% -15,8% -15,3% 19,0% 15,7% 17,6% 26,9% 14,3% -69,7%

Benchmark 22,3% 8,4% -13,9% -28,4% -29,6% 14,7% 11,9% 12,6% 26,2% 15,1% -71,9%

x% Valor acima do benchmarky% Valor abaixo do benchmark

Gráfico B. 5 Evolução da rendibilidade dos fundos de pensões profissionais por tipo de plano

de pensões

-20,0%

-15,0%

-10,0%

-5,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Re

nd

ibili

da

de

Benchmark BD - Pop. Jovem BD - Pop. Equilibrada

BD - Pop. Envelhecida CD

Evolução anual - Planos

individuais

Page 27: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fi co

s

261

Gráfico B. 6 Evolução da rendibilidade dos fundos de pensões PPR/E

-10,0%

-8,0%

-6,0%

-4,0%

-2,0%

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008Re

nd

ibili

da

de

Benchmark PPR/E

Gráfico B. 7 Evolução da rendibilidade dos fundos de pensões PPA

-80,0%

-60,0%

-40,0%

-20,0%

0,0%

20,0%

40,0%

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Re

nd

ibili

da

de

Benchmark PPA

A rendibilidade acumulada dos fundos de pensões, medida através do método da

capitalização anual das rendibilidades50 é, nos fundos profissionais, bastante superior à

calculada para o benchmark deste tipo de fundos. Esta tendência pode ser observada

em todos os ciclos. Os fundos que financiam planos de benefício definido com

população equilibrada apresentam valores acumulados mais moderados e próximos do

comportamento do indicador de referência enquanto os fundos de BD com população

jovem e envelhecida registaram melhores valores acumulados que o benchmark.

Verifica-se ainda que nos ciclos descendentes II e IV as perdas dos fundos profissionais são

inferiores às registadas em relação ao benchmark, excepção feita para os fundos de BD

– População equilibrada no ciclo IV e, por outro lado, no ciclo ascendente (III) apenas os

fundos de BD – População jovem obtêm rendibilidades superiores. Este comportamento

pode ser explicado pela moderação implícita à composição das carteiras dos fundos

de pensões nos fundos de BD das populações equilibrada e envelhecida, as quais são

construídas de forma a evitarem comportamentos extremos.

50 1)1(...)21()1( n1 −+××+×+= RRRRacumulada ; só foram considerados os fundos de pensões activos durante todo o

período de análise.

Planos profi ssionais

– Rendibilidade

acumulada e média

Page 28: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fico

s

262

Por último, a exclusão do ano 2008 da análise revela que a rendibilidade acumulada de

todas as categorias de fundos profissionais supera o indicador de referência (46% contra

35%).

A rendibilidade média anual foi apurada através da média geométrica das rendibilidades

anuais51. Os fundos de pensões profissionais obtiveram um retorno médio anual

superior em 100 pontos base à rendibilidade do benchmark, durante o período de

2000 a 2008. Os fundos que financiam planos de benefício definido com população

equilibrada atingiram uma rendibilidade média anual de 1,5%, praticamente idêntica ao

benchmark, enquanto para a população jovem e envelhecida o retorno médio anual foi

de, respectivamente, 4,2% e 3,9%. Em referência aos ciclos definidos, verifica-se também

que os fundos profissionais perdem, em média, menos nos ciclos descendentes mas,

em contrapartida, ganham menos nos ascendentes.

O Quadro B.2 apresenta as rendibilidades acumuladas e médias dos fundos de pensões

profissionais entre 2000 e 2008.

No que diz respeito aos fundos de pensões profissionais de contribuição definida, o

valor da rendibilidade média anual de 2,6%, entre 2000 e 2008, é condicionado, por um

lado, pela política de investimento mais conservadora seguida entre 2000 e 2005 (entre

40% e 50% do investimento é efectuado em títulos de dívida enquanto que entre 2006

e 2007 essa percentagem baixa para a casa dos 30%) e, por outro, pelo impacto da crise

de 2008, que teve efeitos em todas as classes de activos.

Excluindo o ano 2008 da análise da rendibilidade média anual, verifica-se que entre 2000

e 2007 os fundos de pensões profissionais atingiram uma rendibilidade de 4,9% contra

3,9% do benchmark.

Quadro B. 2 Rendibilidade acumulada e média anual dos fundos de pensões profissionais

Rendibilidade acumulada Ciclo II Ciclo III Ciclo IV

2000-2008 2000-2002 2003-2007 2008

Profissionais 25,5% -3,4% 51,3% -14,1%

BD - Pop. Jovem 44,8% 0,3% 56,2% -7,6%

BD - Pop. Equilibrada 14,7% -7,6% 48,6% -16,4%

BD - Pop. Envelhecida 41,5% 8,0% 34,0% -2,2%

CD 26,0% -0,5% 39,6% -9,3%

Benchmark 14,9% -10,0% 50,5% -15,2%

Rendibilidade média Ciclo II Ciclo III Ciclo IV

2000-2008 2000-2002 2003-2007 2008

Profissionais 2,6% -1,2% 7,1% -14,1%

BD - Pop. Jovem 4,2% 0,1% 9,3% -7,6%

BD - Pop. Equilibrada 1,5% -2,6% 8,2% -16,4%

BD - Pop. Envelhecida 3,9% 2,6% 6,0% -2,2%

CD 2,6% -0,2% 6,9% -9,3%

Benchmark 1,6% -3,4% 8,5% -15,2%

x% Valor acima do benchmark

y% Valor abaixo do benchmark

51 1)]1(...)21()1[(1

n1 −+××+×+= nmédia RRRR ; só foram considerados os fundos de pensões activos durante todo o

período de análise.

Page 29: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fi co

s

263

Os fundos PPR/E obtiveram retornos acumulados inferiores ao indicador de referência

no período de 1998 a 2008. De facto, a rendibilidade destes fundos apenas se aproxima

do benchmark nos ciclos ascendentes (I e III), mas só são registadas perdas em 2008

(ciclo IV).

O Quadro B.3 apresenta as rendibilidades acumuladas e médias dos fundos de pensões

individuais entre 1998 e 2008.

Quadro B. 3 Rendibilidade acumulada e média anual dos fundos de pensões individuais

Rendibilidade acumulada Ciclo I Ciclo II Ciclo III Ciclo IV

1998-2008 1998-1999 2000-2002 2003-2007 2008

Individuais

PPR/E 22,9% 9,4% 1,1% 19,8% -7,4%

Benchmark 40,2% 15,6% -0,5% 31,7% -7,4%

PPA -41,6% 22,6% -32,9% 134,7% -69,7%

Benchmark -66,2% 32,5% -56,6% 109,8% -71,9%

Rendibilidade média Ciclo I Ciclo II Ciclo III Ciclo IV

1998-2008 1998-1999 2000-2002 2003-2007 2008

Individuais

PPR/E 1,9% 4,6% 0,4% 3,1% -7,4%

Benchmark 3,1% 7,5% -0,2% 4,7% -7,4%

PPA -4,8% 10,7% -12,5% 15,3% -69,7%

Benchmark -9,4% 15,1% -24,3% 13,1% -71,9%

x% Valor acima do benchmark

y% Valor abaixo do benchmark

Refira-se que a rendibilidade acumulada deste tipo de fundos, neste período, é muito

afectada pelo ano 2008 já que, sem contar com este ano, o valor seria de 32,6%

contra 51,4% do benchmark. O fraco desempenho em 2008 poderá resultar do forte

acréscimo de spreads de dívida privada, provocando a desvalorização da componente

obrigacionista das carteiras destes fundos, em especial no segundo semestre, e ainda

do número anormal de resgates (ascenderam a 19% do valor dos fundos em Dezembro

de 2007), que terão levado à alienação de aplicações mais líquidas, menos expostas ao

risco e com melhor performance.

No que respeita à rendibilidade média anual, as conclusões quanto à menor performance

dos PPR/E são semelhantes, e excluindo 2008 da análise, o retorno médio anual no

período 1998 – 2007 seria de 2,9% contra 4,2% do indicador de referência.

O conjunto dos fundos PPA obteve, num horizonte de 11 anos, uma rendibilidade

acumulada de -41,6%, mesmo assim superior em 24,6 pontos percentuais ao respectivo

benchmark. Sendo os PPA fundos que investem exclusivamente em activos expostos ao

risco accionista, estes sofreram directamente a forte queda dos mercados ocorrida em

2008, com infl uência clara no valor negativo apurado. Não considerando este último

ano, o mercado de fundos PPA teria obtido uma rendibilidade acumulada de 97%,

contra os 21% do benchmark.

De notar que, face ao seu indicador de referência, os PPA cresceram menos durante o ciclo

I (bolha tecnológica) e perderam menos no ciclo II, obtendo depois uma rendibilidade

superior no ciclo III. A rendibilidade média anual segue a mesma tendência, tendo sido,

apesar de negativa, superior ao benchmark. Com a exclusão de 2008, o retorno médio

anual seria de 6,8%, três vezes e meia superior àquele indicador.

Planos individuais

– Rendibilidade

acumulada e média

Page 30: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fico

s

264

3.2. Valores de rendibilidade ponderados pelo nível de

risco

A volatilidade anual do rendimento dos fundos de pensões foi medida através do desvio

padrão (anualizado) do rendimento em determinados períodos de tempo. No caso dos

fundos que financiam planos profissionais, os períodos analisados foram o semestre

(entre 2000 e 2003) e o trimestre (após 2003). Já nos fundos que financiam planos de

pensões individuais, ao longo dos 11 anos estudados, foi considerado o período mensal

com base nos valores publicados no boletim da bolsa de valores nacional.

Quadro B. 4 Volatilidade da rendibilidade dos fundos de pensões por tipo de plano de

pensões

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Profissionais 1,3% 1,2% 2,8% 5,0% 2,9% 2,2% 6,6% 8,5% 6,2%

BD - Pop. Jovem 1,3% 1,4% 2,7% 5,7% 2,6% 1,9% 6,9% 9,9% 2,8%

BD - Pop. Equilibrada 1,2% 1,0% 3,0% 4,0% 3,0% 2,3% 6,6% 8,3% 7,3%

BD - Pop. Envelhecida 3,4% 1,1% 2,4% 1,9% 4,8% 1,9% 4,0% 1,6% 2,2%

CD 1,5% 1,1% 1,8% 5,2% 4,0% 3,2% 4,4% 3,7% 3,2%

Benchmark 12,8% 7,9% 9,2% 8,4% 9,9% 6,9% 5,7% 5,5% 6,8% 6,9% 10,2%

Individuais

PPR/E 4,2% 3,4% 2,8% 3,2% 2,6% 2,0% 1,5% 2,1% 1,9% 2,4% 5,2%

Benchmark 7,1% 5,1% 5,1% 6,6% 7,8% 5,9% 3,6% 3,7% 3,7% 3,5% 7,0%

PPA 39,0% 14,8% 19,4% 18,2% 17,1% 9,8% 10,7% 10,2% 12,6% 15,4% 31,0%

Benchmark 39,8% 16,8% 23,9% 18,6% 26,3% 11,8% 11,6% 10,7% 13,7% 15,0% 29,0%

x% Valor abaixo do benchmark

y% Valor acima do benchmark

Os fundos de pensões profissionais apresentam, durante o período em análise, níveis

de volatilidade em geral inferiores ao respectivo indicador de referência. Com efeito,

apenas em 3 observações, nos anos de 2006 e 2007, os fundos de pensões foram mais

voláteis que o benchmark. A diversificação das carteiras de investimento dos fundos

de pensões que financiam os planos profissionais permite tirar partido das correlações

favoráveis de rendimento existentes entre as várias classes de activos disponíveis nos

mercados financeiros.

Gráfico B. 8 Evolução do índice de Sharpe dos fundos de pensões profissionais, por tipo de

plano de pensões

-8,0

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Índ

ice

de

Sh

arp

e

Benchmark BD - Pop. Jovem BD- Pop. Equilibrada

BD - Pop. Envelhecida CD

Considerando a rendibilidade em conjunto com o nível de risco incorrido pelos gestores

dos fundos profissionais, traduzida pelo índice de Sharpe, constata-se que no ciclo II este

indicador apresenta-se negativo e inferior ao benchmark, evidenciando, por um lado, o

Planos profi ssionais

– Rendibilidade e risco

Page 31: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fi co

s

265

retorno negativo obtido pelos fundos de pensões e, por outro, um nível de volatilidade

inferior (no entanto, como referido acima, a volatilidade calculada neste período resulta

de um número de observações inferior, o que pode explicar o reduzido valor do desvio

padrão).

Na primeira parte do ciclo III, o índice de Sharpe é favorável aos fundos de pensões.

Conforme se pode visualizar no Gráfico B.8, os fundos que financiam planos de BD

– População envelhecida têm melhor desempenho ponderado pelo risco nos ciclos II

e III enquanto na segunda parte do ciclo III os fundos de BD – População jovem obtêm

uma ligeira vantagem sobre os restantes fundos profissionais.

Os fundos PPR/E evidenciam também níveis de desvio padrão dos rendimentos abaixo

do seu indicador padrão, com excepção de 2008 que, como se referiu, foi um ano

caracterizado por um número atípico de resgates, o que tornou a rendibilidade destes

fundos mais volátil.

O desempenho medido pelo índice de Sharpe é negativo e inferior ao benchmark em

1999, 2001 e 2002, em resultado do efeito conjugado de um rendimento inferior à taxa

de juro sem risco e de uma menor volatilidade. Conforme se pode visualizar no Gráfico

B.9, nos restantes anos o índice de Sharpe dos PPR/E acompanha de perto o indicador

de referência.

As aplicações em acções geram reconhecidamente retornos mais voláteis. Os fundos

PPA estão exclusivamente expostos ao risco accionista, pelo que é de esperar que

apresentem níveis de volatilidade dos rendimentos mais elevados em comparação com

os outros fundos de pensões.

Durante o período em análise, os fundos PPA foram mais voláteis que o respectivo

benchmark apenas nos dois últimos anos.

Efectuando a análise do ponto de vista da rendibilidade ponderada pelo risco, conclui-

-se que os fundos PPA superam o indicador de referência em todos os anos, excluindo

1998.

Gráfico B. 9 Evolução do índice de Sharpe dos fundos de pensões PPR/E

- 2,5

- 2,0

- 1,5

- 1,0

- 0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Índ

ice

de

Sh

arp

e

Benchmark PPR/E

Planos individuais

– Rendibilidade e risco

Page 32: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fico

s

266

Gráfico B. 10 Evolução do índice de Sharpe dos fundos de pensões PPA

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Índ

ice

de

Sh

arp

e

Benchmark PPA

O Gráfico B.11 procura retratar o posicionamento dos fundos de pensões profissionais52

em função dos parâmetros de rendibilidade média anual e do risco, o qual é medido

através do desvio padrão da rendibilidade anual de cada fundo.

São identificados 4 quadrantes no referido gráfico, correspondendo a diferentes pares

de resultados (performance, risco) relativamente ao benchmark, desde Q1 – Melhor

rendibilidade e menor risco, até Q4 – Menor rendibilidade e maior risco.

Gráfico B. 11 Matriz rendibilidade/risco nos fundos de pensões profissionais no período 2000-

-2008

-2,0%

-1,0%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

0,0% 2,0% 4,0% 6,0% 8,0% 10,0% 12,0% 14,0% 16,0%

Re

nd

ibili

da

de

Volatilidade

BD CD Benchmark Profissionais

BD Jov (Média) BD Equ (Média) BD Env (Média)

CD (Média)

Q1 Q2

Q4Q3

Verifica-se que as médias53 dos fundos que financiam planos de benefício definido

com população jovem e com população envelhecida se encontram no quadrante

Q1, evidenciando melhores indicadores de rendibilidade e risco que o benchmark. A

média dos fundos de contribuição definida encontra-se no quadrante Q3, no entanto

muito próximo do Q1, correspondendo a uma rendibilidade ligeiramente inferior e

volatilidade mais reduzida que o indicador de referência. Já a média dos fundos de

52 Só foram considerados os fundos de pensões activos durante todo o período de análise (que totalizaram 145 fundos).

53 Média ponderada pelo valor do fundo de pensões por cada tipo de plano.

Page 33: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fi co

s

267

benefício definido com população equilibrada apresenta uma performance inferior ao

indicador de referência, localizando-se no quadrante Q4 da matriz.

Com enfoque no número de fundos de pensões por quadrante, verifica-se que no

quadrante Q3 se encontra o maior número de fundos (73), estando representados

36 no Q1, 34 no Q4, e no Q2 os restantes 2 fundos. Deste modo, pode concluir-se

que 107 fundos apresentaram rendibilidades médias anuais inferiores ao benchmark,

apresentando, no entanto, 2/3 destes fundos um nível de risco também inferior.

Exercício idêntico foi efectuado no Gráfico B.12 para os fundos de pensões PPR/E,

utilizando a rendibilidade média anual dos fundos activos entre 1998 e 2008.

Aproximadamente metade dos fundos PPR/E, assim como o seu valor médio, encontra-se

representada nos quadrantes Q1 e Q3, apresentando tipicamente rendibilidades médias

anuais inferiores ao benchmark, ainda que com níveis de volatilidade do rendimento

anual igualmente menores que os daquele indicador. Mais uma vez salienta-se a forte

infl uência dos acontecimentos de 2008 nos resultados apurados.

Excluindo-se o ano 2008 desta análise, verificar-se-ia que um maior número de

fundos PPR/E se encontrava representado no quadrante Q3, evidenciando o carácter

extraordinário da volatilidade dos PPR/E, neste período.

Os fundos no quadrante Q3 apresentam uma volatilidade inferior em relação ao indicador

de referência, correspondendo a uma política de investimento menos arriscada mas

também com resultados menos favoráveis a curto prazo. Porém, constata-se que um

número significativo de fundos PPR/E (7) se situa no quadrante Q4, o que corresponde

a uma situação de rendibilidade inferior e volatilidade superior ao indicador de

referência.

Gráfico B. 12 Matriz rendibilidade/risco nos fundos de pensões PPR/E no período 1998-2008

0,0%

0,5%

1,0%

1,5%

2,0%

2,5%

3,0%

3,5%

4,0%

0,0% 1,0% 2,0% 3,0% 4,0% 5,0% 6,0% 7,0% 8,0% 9,0%

Re

nd

ibili

da

de

Volatilidade

PPR/E Benchmark PPR/E Média PPR/E

Q1

Q3

Q2

Q4

Apenas 3 fundos de pensões PPA se mantiveram activos durante o período de 11

anos em análise. Como se pode atestar pela observação do Gráfico B.13, todos os PPA

apresentam rendibilidades médias anuais superiores ao respectivo benchmark, apesar

de negativas, sendo de destacar que um deles é claramente mais volátil, embora inferior

ao benchmark. Além disso, todos os fundos se localizam no quadrante Q1. Excluindo o

ano 2008 da análise, todos os fundos figurariam igualmente no quadrante Q1.

Page 34: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fico

s

268

Em suma, apesar de mais expostos ao risco que os restantes fundos de pensões, os PPA

conseguem performances ponderadas pelo risco superiores ao respectivo indicador de

referência.

Gráfico B. 13 Matriz rendibilidade/risco nos fundos de pensões PPA no período 1998-2008

-10,0%

-9,0%

-8,0%

-7,0%

-6,0%

-5,0%

-4,0%

-3,0%

-2,0%

-1,0%

0,0%

0,27 0,275 0,28 0,285 0,29 0,295 0,3 0,305

Re

nd

ibili

da

de

Volatilidade

PPA Benchmark PPA Média PPA

Q1 Q2

Q3 Q4

4. Conclusões

Tipicamente, os fundos de pensões são veículos de financiamento de planos de pensões

caracterizados por um horizonte de investimento de longo prazo. Atendendo à relação

entre rendibilidade e risco inerente aos activos financeiros que compõem as carteiras

dos fundos, estes devem definir uma estratégia de investimento que lhes permita atingir

os objectivos estabelecidos. Contudo, na prossecução destes objectivos os fundos estão

sujeitos a uma fl utuação de valores no curto prazo.

Em seguida, apresentam-se as conclusões da análise da performance de longo prazo dos

fundos de pensões (1998 – 2008), em termos de rendibilidade e risco, contextualizado

num ano caracterizado por uma das maiores crises financeiras desde a Grande Depressão

de 1929. A análise do desempenho foi efectuada tendo em conta a segmentação

dos fundos por natureza do vínculo (fundos individuais e profissionais), tipo de plano

(benefício definido e contribuição definida) e ainda por maturidade do plano de

benefício definido (população jovem, equilibrada ou envelhecida). O período em

análise foi igualmente segmentado em ciclos, de acordo com a evolução da economia

mundial.

Procurou-se ainda comparar a performance e risco com um conjunto de benchmarks

construídos de forma a replicar as principais características dos investimentos típicos

dos fundos de pensões nacionais, em função do tipo de plano54.

Rendibilidade absoluta dos fundos de pensões

Nos fundos profissionais, os de BD – População Jovem são aqueles que apresentam um

valor mais elevado de rendibilidade média anual55 (4,2%) para o período entre 2000 e

2008, logo seguido dos fundos de BD - População Envelhecida (3,9%), dos fundos de CD

(2,6%) e finalmente dos fundos de BD – População equilibrada (1,5%).

54 Veja-se a secção 5.2 – Enquadramento Teórico – relativamente à definição benchmarks.

55 Obtida através da média geométrica das rendibilidades anuais.

Page 35: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fi co

s

269

Refinando a análise da rendibilidade de modo a excluir 2008, os valores dos retornos

médios anuais acima descritos passam a ser, pela mesma ordem, de 5,8%, 4,7%, 4,2%

e 4%.

Numa década marcada por duas crises financeiras acentuadas, principalmente a de

2008, em que os mercados accionistas perderam mais de metade do seu valor, as taxas

directoras dos bancos centrais decresceram para mínimos históricos e os spreads de

crédito para instrumentos de dívida privada a 10 anos com rating AA triplicaram face

ao final de 2007, constata-se que a natureza de investidores de longo prazo dos fundos

profissionais continua a cumprir o objectivo de valorização do fundo, ainda que de forma

mais modesta e sujeita a uma volatilidade considerável nas rendibilidades anuais.

As diferenças no retorno dos fundos profissionais podem ser explicadas pelas distintas

estratégias de alocação dos activos financeiros (em que a decisão de investimento

em activos de maior risco tem um grande impacto), que resultam da adequação das

políticas de investimento aos objectivos dos respectivos planos. Apesar da importância

da decisão estratégica na definição da política de investimento, constata-se igualmente

que alguns dos fundos apresentam performances aquém do benchmark definido para

avaliação do desempenho.

Do ponto de vista dos participantes e beneficiários, o valor da rendibilidade média de

longo prazo é especialmente importante para os planos de CD, na medida em que esta

afecta directamente os benefícios que irão receber do plano de pensões. Neste contexto,

importa salientar a necessidade dos associados, em conjunto com as entidades gestoras

de fundos de pensões, continuarem a monitorizar continuamente as rendibilidades

efectivas deste tipo de planos, de modo a avaliar se o nível de benefícios do plano se

encontra alinhado com os objectivos propostos.

No que diz respeito aos fundos de pensões individuais que financiam planos de

poupança reforma (PPR/E) e planos de planos de poupança acções (PPA), os valores do

retorno médio anual para o período analisado (1998-2008) são fortemente infl uenciados

pelos resultados negativos de 2008. No caso dos PPR/E, a rendibilidade média anual

para os 11 anos cifrou-se em 1,9%, enquanto nos PPA foi registado um valor de -4,6%.

Desconsiderando o ano 2008 desta análise, estes valores passam a situar-se nos 2,9%

para os PPR/E e nos 6,8% para os PPA.

Rendibilidade ponderada pelo risco dos fundos de pensões

Dado que a dicotomia entre rendibilidade e risco conduz a que a um determinado

nível de rendibilidade esteja associado um certo nível de risco, tornou-se importante

introduzir esta dimensão adicional (o risco) na análise do desempenho dos fundos de

pensões. Para este efeito, utilizou-se o índice de Sharpe como medida de análise do

excesso de rendimento face à taxa de juro sem risco ponderada pelo nível de risco

incorrido.

Nos fundos de pensões profissionais, constata-se que o índice de Sharpe registou valores

negativos em 2001 e 2002, evidenciando, por um lado, a rendibilidade negativa obtida

pelos fundos de pensões e, por outro, uma menor volatilidade. Entre 2003 e 2006 e em

2008 verificaram-se valores positivos enquanto que em 2007 se constatou um indicador

próximo de zero. A evolução deste indicador acompanha aproximadamente os ciclos

da economia mundial. Contudo, a crise de 2001 e 2002 revelou-se mais penalizadora do

que a crise de 2008.

Tendo em conta a segmentação dos fundos profissionais por tipo e maturidade

do plano, a análise efectuada evidenciou que os diferentes valores de rendibilidade,

Page 36: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fico

s

270

principalmente no período 2004 a 2008, resultam da assumpção de diferentes níveis

de risco, dado que não existe uma variação significativa em termos do comportamento

do índice de Sharpe para cada um dos segmentos analisados. Ainda assim, foi possível

verificar que, a partir de 2002, os planos de CD apresentam, em termos comparativos, o

valor mais reduzido do índice de Sharpe.

Numa análise comparativa com o benchmark, de forma a medir a performance dos

fundos de pensões relativamente a um portfolio de referência, concluiu-se que os

fundos profissionais tiveram um desempenho abaixo do indicador padrão nos períodos

que decorreram entre 2001-2002 e 2006-2008, mas superior nos restantes períodos (em

2000 e no período 2003-2005).

Em termos dos fundos individuais, o estudo mostrou uma menor escala do índice de

Sharpe quando comparada com os fundos de pensões profissionais. Tal significa que

os fundos PPR/E foram menos voláteis mas, em contrapartida, obtiveram uma menor

rendibilidade quando comparados com os fundos profissionais e os fundos PPA, que

apesar de apresentarem maiores níveis de variabilidade dos rendimentos, evidenciaram

retornos superiores. Nestes fundos, a crise de 2008 traduz-se num valor do índice de

Sharpe inferior aos obtidos na crise de 2001 e 2002.

Os fundos de pensões PPR/E apresentaram valores positivos do índice de Sharpe nos

períodos 1998-1999 e 2003-2007 e negativos no período de 2000 a 2002 e em 2008. Em

comparação com o benchmark, os fundos de pensões PPR/E tiveram um desempenho

semelhante, com ligeiras diferenças entre 2005 e 2007 e desvios mais significativos

nos períodos das crises (2001-2002 e 2008). A matriz de rendibilidade/risco nos PPR/

E evidenciou que alguns fundos de pensões registaram rendibilidades inferiores e

volatilidades superiores ao indicador de referência definido.

No que concerne aos fundos de pensões PPA, observa-se que a evolução do índice de

Sharpe destes fundos segue aproximadamente a do benchmark, o que resulta do facto

de este tipo de fundos ter uma proporção significativa da componente accionista que

apresenta uma correlação forte com o índice bolsista utilizado como padrão.

5. Anexo – Enquadramento teórico

5.1. Avaliação de performanceO apuramento da performance envolve o cálculo, com referência a um intervalo de tempo,

do rendimento obtido por um portfolio gerido. O modelo mais simples consiste na taxa de

rendimento em função do portfolio inicial, 0P

Rar = em que Ra = P1 – P0 + D – C,

sendo P0 e P1 os valores iniciais e finais do portfolio, D as saídas do portfolio e C as

entradas no portfolio. Esta medida pode ser interpretada como a proporção do portfolio

inicial que não deriva de cash fl ows de entrada e saída.

A média geométrica, também designada por média ponderada pelo factor tempo,

permite apurar a taxa de rendimento composta do portfolio inicial durante o período

de avaliação, assumindo apenas que todos os rendimentos gerados pelo portfolio são

reinvestidos:

1)]1(...)1()1[(1

21 −+××+×+= nnmédia RRRR ,

em que Ri representa o rendimento no período i, e

n o número de sub-períodos do período de avaliação.

Page 37: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fi co

s

271

A média geométrica é especialmente útil para a avaliação de performance de fundos de

pensões, uma vez que o gestor do portfolio não consegue prever exactamente o timing

e o montante das entradas no fundo e, consequentemente, enfrenta situações em que

tem liquidez adicional para aplicar.

A avaliação de performance consiste em comparar o desempenho alcançado por um

portfolio gerido com o de um benchmark, durante o mesmo período de tempo, com o

objectivo de aferir se a gestão obteve um desempenho superior ou inferior.

De entre as medidas de avaliação de performance ponderada pelo risco, o índice de

Sharpe (S) foi o seleccionado para utilização neste estudo. Trata-se de uma medida do

excesso de rendimento (r) face à taxa de rendimento sem risco (rf), por unidade de risco

(δ), num determinado horizonte temporal. A unidade de risco consiste no desvio padrão

do rendimento do portfolio:

δfrr

S−

=

A taxa de juro sem risco utilizada neste trabalho é a taxa de depósito overnight do

Banco Central Europeu56. Assim, quanto maior o índice de Sharpe maior o rendimento

conseguido acima da taxa de rendimento sem risco, ponderado pela volatilidade do

portfolio. Este indicador permite que se efectuem comparações de performance entre

portfolios com perfis de risco diferentes.

5.2. Definição de benchmarks

Para construir este indicador de referência pode-se utilizar o conceito de portfolio

normal. Um portfolio normal é um benchmark que inclui um conjunto de aplicações

financeiras seleccionadas do universo de activos que o gestor habitualmente escolhe.

Os pesos relativos são determinados utilizando metodologias de análise histórica de

dados e têm em consideração o objectivo a atingir pelo portfolio (como por exemplo,

alcançar um determinado rendimento num período de tempo definido ou cumprir os

objectivos de gerar liquidez no financiamento de um plano de pensões com população

envelhecida).

Neste sentido, foi efectuada uma análise histórica da composição das carteiras de

investimento dos fundos de pensões, tendo por objectivo identificar a estrutura média

das mesmas, por tipo de instrumento financeiro.

Foram seleccionados como representativos dos instrumentos de dívida e de acções os

seguintes índices:

Instrumento financeiro Índice

Títulos de dívida pública nacionais Bloomberg/EFFAS Bond Indices P

Títulos de dívida pública europeus Bloomberg/EFFAS Bond Indices E

Títulos de dívida pública norte-americanos Bloomberg/EFFAS Bond Indices U

Obrigações privadas europeias ISMAEurobonds Europe All Year

Obrigações privadas norte-americanas ISMAEurobonds United States A

Acções nacionais PSI 20 INDEX

Acções europeias BLOOMBERG EUROPEAN 500

Acções internacionais RUSSELL 3000 INDEX

56 Fonte: Bloomberg.

Page 38: ESTUDOS ESPECÍFICOS - asf.com.pt · anteriores deste relatório. Neste sentido, tirando proveito da disponibilidade de novos dados estatísticos que torna ... testes estatísticos,

Est

ud

os

Esp

ecí

fico

s

272

A estrutura histórica das carteiras dos fundos de pensões profissionais considerada

neste estudo foi a seguinte:

Instrumento financeiro

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Títulos de dívida pública nacionais 11% 10% 8% 8% 5% 5% 5% 4% 4%

Títulos de dívida pública europeus 15% 22% 24% 19% 23% 24% 19% 15% 23%

Títulos de dívida pública norte-americanos 1% 1% 0% 0% 0% 1% 2% 1% 1%

Obrigações privadas europeias 34% 31% 32% 28% 27% 25% 23% 28% 35%

Obrigações privadas norte-americanos 2% 4% 6% 7% 7% 6% 6% 7% 8%

Acções nacionais 21% 18% 19% 28% 26% 29% 32% 26% 16%

Acções europeias 14% 12% 9% 8% 8% 8% 7% 9% 7%

Acções internacionais 3% 2% 2% 1% 3% 2% 7% 11% 6%

Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Fundos profissionais

No que respeita aos fundos individuais PPR/E e PPA, a estrutura histórica da composição

das carteiras de investimentos é relativamente estável, pelo que se utilizaram as mesmas

proporções nos 11 anos analisados:

Instrumento financeiro PPR/E PPA

Títulos de dívida pública europeus 40%

Obrigações privadas europeias 40%

Acções nacionais 100%

Acções europeias 20%

Total 100% 100%