estudos culturais e a redefinição do cinema pós moderno

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  • Estudos culturais e redefinies... 105

    Fragmentos Florianpolis v. 7 n.1 p.105-114 jul./dez. 1997

    ESTUDOS CULTURAIS E A REDEFINIODO CINEMA PS-MODERNO

    Anelise R. CorseuilUniversidade Federal de Santa Catarina

    Uma das consequncias dos recentes debates sobre EstudosCulturais, dentro de um contexto brasileiro, a definio de Estu-dos de Cinema como disciplina ancilar de Estudos Culturais.1 Estaperspectiva pode ser parcialmente explicada (1) pelo significadoou natureza inclusiva de Estudos Culturais, como prtica crtica, e(2) por sua influncia nos meios acadmicosdois fatores que tmpermitido uma redefinio dos currculos de Literatura, com a in-cluso de cursos sobre cinema, por exemplo. Recentemente, criou-se o Ncleo de Estudos Culturais na UFSC (Universidade Federalde Santa Catarina); na USP, Departamento de Letras Modernas, umanova linha de pesquisa, Estudos Culturais Britnicos, est sendooferecida. No Programa de Ps-Graduao em Ingls e LiteraturaCorrespondente da UFSC, cursos na rea de cinema esto sendooferecidos e teses de mestrado e doutorado esto sendo desenvol-vidas na rea comparativa, Literatura e Cinema. Por um lado, aincluso de outros campos de conhecimento permite uma viso maisdialtica da literatura em suas relaes com outras reas; por outro,corre-se o risco de anlises superficiais do texto flmico uma vezque o Cinema apresenta seus prprios mtodos e teoria crtica. Se,por um lado, pode-se argumentar que a institucionalizao de Es-tudos Culturais, como disciplina, acarretaria uma perda de sua ca-

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    racterstica transdiciplinar, isto , como prtica questionadora dasfronteiras que separam diferentes disciplinas, por outro, a assimi-lao de Estudos Culturais a Estudos de Cinema no Brasil pode serevelar como um recurso politizado Estudos Culturaisdesestabiliza as separaes entre a produo cultural de pases deterceiro mundo e a esttica ps-moderna associada a produo cul-tural de pases de primeiro mundo. Para a teoria crtica produzidano Brasil, Estudos Culturais investe novos e transgressivos signifi-cados transculturao e transnacionalidade significadostransgressivos uma vez que transculturao se tornadesterritorializada, permitindo um dilogo entre a esttica do cine-ma brasileiro e o posmodernismo, ou de forma mais abrangente,revelando a relao entre a produo cultural de pases de primeiroe terceiro mundo. Apesar do poder tecnolgico e de meios de infor-mao da Europa, EUA e Japo, as atuais relaes econmicas eculturais so mais interativas, revelando a interdependncia hist-rica entre pases de primeiro e terceiro mundo. Neste processointerativo, o crtico obrigado a ir alm das tradicionais fronteirasdemarcadoras de nacionalidades e de produes culturais. Este tra-balho elabora dois assuntos correlacionados:

    (1) a relao entre Estudos de Cinema e Estudos Culturais noBrasil;

    (2) as vantagens obtidas por este dilogo para questionar atradicional separao entre produes flmicas de pases de primeiroe terceiro mundo.

    Na primeira metade deste sculo, estudiosos do cinemabuscavam a construo de seu objeto de estudo de forma criteriosae dentro de padres rgidos e cientficos acadmicos e, no Brasil,privilegiou-se o cinema nacional como seu objeto de estudo. Odesenvolvimento da teoria crtica, com o formalismo, estruturalismo,crtica psicanaltica, teoria da recepo, feminismo, marxismo e maisrecentemente o ps-estruturalismo, foi desenvolvida tambm portericos do cinema. No Brasil, a crtica interdisciplinar acontece a

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    partir dos anos 70, influenciando e modificando a abrangnciadas anlises de cinema e possibilitando a incluso do cinemainternacional como objeto de estudo de intelectuais brasileiros(Gatti 191).

    O desenvolvimento de estudo de gnero, narratologia, ou ateoria do Aparato Cinematogrfico dentro de uma visoestruturalista, ps-estruturalista ou de recepo forampreocupaes de tericos do cinema. As anlises estruturalistasaplicadas aos filmes de Hitchcock ou s sries de James Bond (Pe-ter Wollen, North by Northwest: A Morphological Analysis)exemplificam as formas como a lingustica e o estruturalismocontribuiram para o desenvolvimento de uma Teoria do Cinema.Aps o estruturalismo, a teoria do aparato, desenvolvida por LauraMulvey, Jean-Louis Baudry e De Lauretis, sintetizou a crticapsicanaltica e a ideologia. O trabalho de Mulvey analisa aconstituio do espectador na relao entre o cinema e a ideologia(Klinger130), revelando assim, as construes do social no aparatocinemtico. Desta forma, Mulvey revela que o cientificismoassociado ao cinema, quando este ltimo visto como ummecanismo neutro, uma construo. O dilogo estabelecido en-tre estas diferentes linhas tericas, ilustrado aqui pela Teoria doAparato, vai constituindo uma rea de conhecimento que se delineiacom a incluso e excluso de textos flmicos e diferentes teorias elinguagens (Alice Doesnt: Feminism, Semiotics, Cinema 14-15).

    Nas diferentes abordagens do texto flmico, com odesenvolvimento da teoria aparato cinematogrfico, por exemplo,os argumentos se diferenciam por diferentes enfoques crticos; deforma semelhante, a crtica de gnero e a narratologia no cinemaapresentam uma certa diacronia com duas linhas terico-crticasimportantes: o estruturalismo e a teoria da recepo. Em suasdiferenas e semelhanas, estes enfoques possibilitam umadefinio de cinema como uma inter-relaco prtico-terica apresentando uma linguagem especfica ao seu prprio meio: o cinema.

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    A partir dos anos 80, com a abertura proposta por EstudosCulturais, uma das preocupaes que se apresenta parece ser umadefinio do texto flmico; um texto que exige uma leitura diferenteda de um panfleto e um embasamento terico que considerelinguagens especficas. Apesar da validade de Estudos Culturaiscomo prtica crticaEstudos Culturais sugere novos significadosa noes culturais tradicionaiso cinema apresenta uma histria eum desenvolvimento crtico terico, especfico problematizandouma suposta ancilaridade a Estudos Culturais. Estudos CulturaisAmericano, Britnico ou Australiano no cobre a diversidade deformas ou a transnacionalidade sugerida pelo Cinema, especialmenteporque me parece difcil produzir uma definio do que realmente a Cultura Americana ou a nacionalidade do cinema de Holly-wood. Situando a discusso de Estudos Culturais num contextobrasileiro parece possvel afirmar que o longo dilogo queintelectuais brasileiros tm mantido com centros hegemnicosaponta para um apagamento das supostas fronteiras quedemarcariam os diferentes Estudos Culturais. Esse dilogo sugereque a transculturao acontece de forma abrangente e em direesdiversas.

    No contexto de recentes discusses, transculturao podeadquirir novas e importantes significaes., demonstrando que opurismo e o isolamento de formas estticas podem levar a umaviso errnea das condies de produo cultural de pases daAmrica Latina condies que esto necessariamente inseridasnum contexto internacional. Considerando que a interdependnciaeconmica, histrica e cultural da Amrica Latina tem sido o objetode estudo de diferentes tericos como Angel Rama, Darcy Ribeiro,e Roberto Schwarz, a transculturao legitimiza historicamente osdebates recentes em Estudos Culturais sobre questes como atransnacionalidade, o global e o local. Darcy Ribeiro definetransculturao como um processo unilateral de interdependnciaem que Latino-Americanos parecem viver em ilhas separadas

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    comunicando-se freqentemente por mar e por ar com centroseconmicos mundiais, ao invs de perceber o que est dentro desuas prprias fronteiras (Darcy Ribeiro 11). Transculturao podeser vista como um mal necessrio e parece ser parte integral datradio cultural do Brasil e da Amrica Latina, mesmo porque otermo implica em uma definio contraditria de identidade cul-tural definio esta que revela a interdependncia entre onacional e o internacional. Para intelectuais latino-americanos, aconscincia da interdependncia implica tambm em umaassimilao do estrangeiro, mas com um distanciamento crtico, oque possibilita investir de novos significados o elementotransculturado. No momento atual, ocorre um processo de releiturae reescritura do elemento assimilado de forma no maisanacronstica, dada a incrvel simultaneidade em que culturas,cones e narrativas so assimiladas em ambos os lados da equao:nos pases de primeiro e terceiro mundo. Neste processo, histriasno so apenas reescritas mas tambm revistas.

    Em Nacional por Subtrao, Roberto Schwartz identificacertos equvocos a respeito de transculturao. Ele chama a atenopara a necessidade de se redefinir a viso de que a classedominante deveria abrir mo da imitao; ao contrrio, paraSchwartz a resposta est nos trabalhadores obterem acesso scondies de vida contempornea, de forma que eles possamredefini-las atravs de suas prprias iniciativas... (88). O argumentode Schwarz refora a inevitabilidade da transculturao,principalmente no momento atual em que vivemos. O transnacional investido de significados atravs de sua prpria trajetria histrica:transculturaco no Brasil necessariamente revela a estratificaosocial e as relaes desequilibradas de poder no processo deobteno dos meios de produco cultural, tanto a nvel interno quantoexterno. O relato de Terence Turner sobre sua colaboraco com osKaiaps parece ilustrar estas relaes de poder e o grau deconscincia de seu desequilbrio. Os Kaiaps requisitaram

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    videocmeras e gravadores da rede Granada de televiso em trocade sua concordncia para a realizao de um documentrio sobreseus costumes. Atravs da gravao de suas prprias tradies,necessidades e reinvindicaes, os Kaiaps tornaram-se conhecidospara um pblico brasileiro e internacional, sendo capazes de circu-lar informao que eles mesmos consideravam importante. (Turner,The Independent). Parafraseando a metfora de Ribeiro sobre asilhas internas dentro da Amrica Latina, nosso Mercosul e toda sortede trocas tm ajudado a unir estas ilhas tornando seus contornosmais difusos e mais ou menos dirigidos aos centros hegemnicoscom novas demandas polticas e recursos.

    Dentro deste contexto, ao invs de definir Estudos Culturaiscomo disciplina rgida e institucionalizada, incapaz de cobrir adiversidade e transnacionalidade do cinema, necessrio resgatarsua prtica crtica. Andrew Ross define Estudos Culturais comouma prtica cultural que busca estabelecer os elos de ligao en-tre diferentes formaes e smbolos culturais em ao a fim de quese revele que a mediao textual entre os dois contnua etransformadora (Ross 28). Cultura definida como um processode formao de diferentes discursos institucionais onde questesde classe, raa e gnero adquirem uma perspectiva mais ampla epolitizada. Dentro desta perspectiva, o texto flmico pode seranalisado como uma prtica institucional envolvendo outrosdiscursos na esfera da exibio como a propaganda, o logos, ouentrevistas (Klinger 137), permitindo uma percepo mais polticado cinema e de outros discursos como elementos concorrentes. Paraum observador que ocupa uma posio periferal aos centroshegemnicos, Estudos Culturais possibilita a incluso de umaproduo marginal como fonte desestabilizadora de hierarquias epresuposies tericas. Desta forma, Estudos Culturais uma prticacrtica que possibilita uma anlise mais politizada do cinema, daliteratura ou das artes, considerando diferentes contextos, instituiese formaes discursivas como a nacionalidade, por exemplo.

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    Observar a produo artstica e crtica do primeiro mundo comuma perspectiva brasileira sugere a existncia de hierarquias,diferenas e esteretipos. Estas diferenas assumem relevnciaquando definies estticas como alegorias nacionais eposmodernismo so utilizadas para definir a produo de pases deprimeiro e terceiro mundo. Em seus influentes artigosPostmodernism, or The Cultural Logic of Late Capitalism andThird World Literature in the Era of Multinational Capitalism,Jameson aponta a alegoria como a forma que define a produoartstica do terceiro-mundo enquanto que o pastiche, como formaps-moderna, define a produo do primeiro mundo. Oposta adefinio de alegorias nacionais de Jameson, em que a histriapessoal do indivduo sempre vista como uma alegoria da situaocombativa e de ordem pblica da cultura e sociedade do terceiro-mundo, a arte ps-moderna tida como dislocada de um sentidohistrico, ou seja, ahistrica, e transformadora do evento passadoem uma comodidade que pode ser consumida por diferenasaudincias (69). No minha inteno definir Jameson como umcrtico cultural, mas suas definies da esttica ps-moderna sosuficientemente influentes no meio acadmico para incluir o excluirvariados textos do cnone ps-moderno, de acordo com suas origensnacionais. Cinema um exemplo desta prtica.

    Apesar da aplicabilidade das definies de Jameson, umgrande nmero de filmes contemporneos sugerem umahibridizao de formas e experincias podendo, em parte, seremexplicados pela rapidez em que produes culturais so importadase exportadas por diferentes nacionalidades. Neste sentido,expanses, apagamentos, e/ou redemarcaes das fronteirasseparando disciplinas e culturas propostas por Estudos Culturaispodem auxiliar uma redefinio das relaes culturais como espaosde conflito e troca, ou simplesmente de apropriao. Diferentestextos ps-modernos que representam ficcionalmente eventospassados da histria latino-americana apontam uma relao de

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    interdependncia intelectual e histrica entre a produo artsticade pases de primeiro e terceiro mundo, tornando problemticojustificar a separao de suas produes dentro de um contextotransnacional em que cones culturais, cdigos e referncias estticasestabelecem relaes de proximidade e negociao entre culturasviajadas, ou traveling cultures (Clifford 108). Neste sentido,termos como a alegoria nacional e o pastiche pos-moderno precisamser revistos: eles parecem coexistir no mesmo texto questionandoas fronteiras entre as histrias de pases de primeiro e terceiromundo. A separao entre a produco alegrica cultural de terceiromundo e as formas posmodernas associadas com a produo deprimeiro mundo o chamado pastiche ahistrico adquire no-vas leituras uma vez que os filmes brasileiros das ltimas dcadas,bem como a produo de filmes nos EUA e na Europa, parecemsugerir uma relao entre suas histrias e produo cultural. Umadas perguntas sugeridas por este trabalho refere-se a uma possvelincapacidade de audincias de primeiro-mundo de reconheceremo pastiche em produes de terceiro-mundo, e nesta audinciapoderamos incluir a prpria leitura de Jameson; a outra questo sobre a existncia ou no de uma audincia de terceiro mundomelhor informada, a ponto de perceber o pastiche em produes dediferentes continentes.

    A relao entre pastiche e alegoria no cinema contemporneopode ser ilustrada com o filme de Carlos Diegues, Bye Bye Brazil,problematizando assim uma suposta separao entre estas duasformas estticas. A alegoria proposta pelo filme transpe o nacionalpara revelar os mecanismos de interdependncia entre o Brasil e osEUA, mapeando a histria dos dois pases com o uso de diferentesformas estticas. O filme de Diegues poderia ser definido comoum pastiche poltico do processo de multiculturao tomando formano Brasil dos anos 70. A fotografia realista, como cenas de umdocumentrio, usada para ressaltar a devastao. Os efeitosteatrais, onde os eventos so filmados como uma representao

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    teatral, focalizam as rupturas culturais sofridas pelo nordestino e onortista. As metanarrativas oferecem uma troca de papis entreaudincia e atores, configurando, ao longo do filme, a frustracodos artistas mambembes ao se defrontarem com a televiso paraos artistas da Caravana Rolidai os espinhos de peixe, ou antenasde televiso, so culpados pela perda de uma audincia rural.Finalmente, o contraste produzido pelos ndios em suas novasvestes cria um efeito surrealista, revelando assim o grotesco dasmudanas. As tcnicas usadas por Diegues no apenas evidenciama inevitvel ruptura causada pelo processo de multiculturalizao,mas tambm revelam o ps-moderno no uso de diferentes formase estilos. Dentro desta esttica ps-moderna, o filme de Dieguestransgressa o nacional prescrito s produes alegricas de terceiromundo, investindo a forma do pastiche com uma nova leitura: ofilme uma leitura poltica do transnacional numa esttica ps-moderna. Ao mesmo tempo em que o filme resiste s mudanas,ele demonstra a inevitabilidade das mesmas.

    Seria possvel argumentar que Bye Bye Brazil est aindasituado dentro das fronteiras de um pas de terceiro mundo; masainda assim, o filme transcende o nacional para evocar a relao dedependncia entre o capital multinacional e as riquezas naturais doque pode ser propriamente definido como nacional. , no entanto,no mapeamento das transformaes que Bye Bye Brazil situa oestrangeiro: a cultura estrangeira despida de seu glamourela apresentada como uma excrescncia. No filme, otransvestimento de uma cultura tem o seu objeto correlato tambma nvel formal: a alegoria investe o pastiche de um sentido poltico.

    Filmes recentes como A Cano de Carla de Ken Loach, CarlotaJoaquina de Carla Camuratti, Walker de Alex Cox e at mesmo AMisso de Roland Joff oferecem novas leituras do alegrico e dopastiche. Nestes filmes, a alegoria sugere uma relao intrnsicaentre os pases de primeiro e terceiro mundo e seus respectivospassados histricos. A alegoria e o pastiche atualizam discursos

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    antigos sobre relaes de interdependncia e poder, evidenciandoassim o poder da narrativa histrica como veculo de perpetuaoou conscientizao. O pastiche, como forma esttica, aprofunda asrelaes de proximidade entre o nacional e o estrangeiro, revelandoos processos de assimilaco entre diferentes culturas. Eu retornariaa importncia de Estudos Culturais para assinalar as relaes deconfronto e hibridizaco entre culturas, nacionalidades, instituiese formas estticas. Quando trazida anlise destas produces,Estudos Culturais sugere novas possibilidades de perceberdiferentes culturas que esto sendo mediadas pela proliferao denovos discursos, e, poderamos dizer que de forma mais especfica,possibilita um olhar crtico aos diferentes discursos constitutivosda produo, exibio e circulao de um filme, questionando asdistncias criadas quando da exibio destes filmes para diferentesaudincias. Neste contexto, a expanso das fronteiras, do nacionalpara o transnacional, do disciplinar para o interdisciplinar, e do cul-tural para o multicultural, ajudam a redefinir processos atualizadosno cinema contemporneo processos estes que pedem novasdefinies.

    Neste momento, transculturaco oferece formas de se iniciarum dilogo onde separaes histricas e culturais podem serrevistas, demonstrando a interdependncia e fluidez entrediferentes formas culturais. Os filmes mencionados aqui no apenasproblematizam a histrica separao entre a alegoria nacional e ops-moderno, mas tambm reinvestem transculturao etransnacionalidade com conotaes novas onde o processo deinterdependncia, muita vezes mantenedor das separaes erupturas, necessariamente revisto.

    Notas

    1 Ver LABSA Journal Vol 1, 1 (October 1996).

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