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ESTUDO LITERÁRIO 1 Secretaria de Cultura do Amazonas Biblioteca Virtual do Amazonas Autor da obra: Erasmo Linhares Autor do Estudo: João Batista Gomes O NAVIO E OUTRAS ESTÓRIAS NOTA BIOGRÁFICA Amazonense de Coari Erasmo Linhares nasceu em Coari, Amazonas, a 2 de junho de 1934. Morreu em Manaus, a 16 de outubro de 1999. Nas histórias que contava, o cenário da terra natal era uma evocação constante. Jornalismo como profissão Formado em Comunicação pela Universidade do Amazonas, Erasmo fez do jornalismo a sua atividade regular, ficando famoso como radialista. Quando morreu, era professor aposentado da Universidade do Amazonas. Um homem de rádio Erasmo Linhares é conhecido na sua terra, o Amazonas, como um homem de rádio. Quer isso dizer que é um homem do povo, afinado com a origem e a evolução do caboclo ribeirinho, cotando histórias que depreciam ou endeusam esse personagem folclórico que é o homem amazônico. Estréia como escritor Publicou o primeiro livro em 1979 - O Tocador de Charamela (contos). Transfigurando a realidade Como convém ao artista, Erasmo mergulha na realidade, quase sempre do interior do Amazonas, não para copiá-la simplesmente, mas para transfigurá-la, dando a ela o toque de malabarista da palavra, recriando situações que ora nos arrepiam pelo teor de tragédia, ora nos divertem pelo humor embutido em muitos relatos.

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Page 1: ESTUDO LITERÁRIO - bv.cultura.am.gov.brbv.cultura.am.gov.br/templates/areatematica/conhecimento... · Publicou o primeiro livro em 1979 ... Donádio e o Cigano, O Navio, O Homem,

ESTUDO LITERÁRIO

1

Secretaria de Cultura do Amazonas Biblioteca Virtual do Amazonas

Autor da obra: Erasmo Linhares Autor do Estudo: João Batista Gomes

O NAVIO E OUTRAS ESTÓRIAS NOTA BIOGRÁFICA

Amazonense de Coari

Erasmo Linhares nasceu em Coari, Amazonas, a 2 de junho de 1934. Morreu em

Manaus, a 16 de outubro de 1999. Nas histórias que contava, o cenário da terra natal era uma evocação constante.

Jornalismo como profissão

Formado em Comunicação pela Universidade do Amazonas, Erasmo fez do

jornalismo a sua atividade regular, ficando famoso como radialista. Quando morreu, era professor aposentado da Universidade do Amazonas.

Um homem de rádio

Erasmo Linhares é conhecido na sua terra, o Amazonas, como um homem de rádio. Quer isso dizer que é um homem do povo, afinado com a origem e a evolução do caboclo ribeirinho, cotando histórias que depreciam ou endeusam esse personagem folclórico que é o homem amazônico.

Estréia como escritor

Publicou o primeiro livro em 1979 - O Tocador de Charamela (contos).

Transfigurando a realidade

Como convém ao artista, Erasmo mergulha na realidade, quase sempre do interior do Amazonas, não para copiá-la simplesmente, mas para transfigurá-la, dando a ela o toque de malabarista da palavra, recriando situações que ora nos arrepiam pelo teor de tragédia, ora nos divertem pelo humor embutido em muitos relatos.

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ESTUDO LITERÁRIO

2

Histórias curtas

Os contos de Erasmo combinam com o gosto do leitor moderno, sem tempo para histórias longas e complexas. O autor vale-se da técnica dos modernistas, escrevendo relatos curtos, porém completos, de duas, três páginas. Isso o coloca no rol dos contistas da preferência popular.

À espera de uma edição

acurada

A edição de O Navio e Outros Estórias que temos nas mãos (1997 – Editora da Universidade do Amazonas) é desleixada. Erros gritantes de Língua Portuguesa permeiam os textos, numa demonstração de amadorismo que deprecia a obra. Para alçar vôos mais altos no mercado nacional, Erasmo carece de uma edição acurada, à altura do seu talento de contador de histórias.

Realismo Fantástico

Seguindo uma tendência natural que começou com O Tocador de Charamela,

Erasmo Linhares firmou-se como seguidor do Realismo Fantástico. São contos em que o autor solta a imaginação e arrasta o leitor para as veredas da fantasia, erigindo um mundo que se caracteriza pela inverossimilhança.

CRONOLOGIA

O Tocador de Charamela (contos) – 1979 O Navio e outras Estórias (contos) – 1997

DADOS TÉCNICOS

TÍTULO O título do livro valoriza o conto O Navio, narrativa que se insere no Realismo Fantástico, tendência natural do autor desde a sua estréia. Valoriza também a tentativa de Erasmo de retratar a vida das cidades do interior do Amazonas, com sua vida pacata e tediosa. PARTES A obra é dividida em duas partes. A primeira, com praticamente todos os contos, não tem título. A segunda, constituída dos três contos finais, é intitulada Três Estórias de Zeca

ESTUDO LITERÁRIO

2

Histórias curtas

Os contos de Erasmo combinam com o gosto do leitor moderno, sem tempo para histórias longas e complexas. O autor vale-se da técnica dos modernistas, escrevendo relatos curtos, porém completos, de duas, três páginas. Isso o coloca no rol dos contistas da preferência popular.

À espera de uma edição

acurada

A edição de O Navio e Outros Estórias que temos nas mãos (1997 – Editora da Universidade do Amazonas) é desleixada. Erros gritantes de Língua Portuguesa permeiam os textos, numa demonstração de amadorismo que deprecia a obra. Para alçar vôos mais altos no mercado nacional, Erasmo carece de uma edição acurada, à altura do seu talento de contador de histórias.

Realismo Fantástico

Seguindo uma tendência natural que começou com O Tocador de Charamela,

Erasmo Linhares firmou-se como seguidor do Realismo Fantástico. São contos em que o autor solta a imaginação e arrasta o leitor para as veredas da fantasia, erigindo um mundo que se caracteriza pela inverossimilhança.

CRONOLOGIA

O Tocador de Charamela (contos) – 1979 O Navio e outras Estórias (contos) – 1997

DADOS TÉCNICOS

TÍTULO O título do livro valoriza o conto O Navio, narrativa que se insere no Realismo Fantástico, tendência natural do autor desde a sua estréia. Valoriza também a tentativa de Erasmo de retratar a vida das cidades do interior do Amazonas, com sua vida pacata e tediosa. PARTES A obra é dividida em duas partes. A primeira, com praticamente todos os contos, não tem título. A segunda, constituída dos três contos finais, é intitulada Três Estórias de Zeca

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ESTUDO LITERÁRIO

3

Dama. São três narrativas feitas por Zeca Dama, personagem criado na obra de estréia do autor, O Tocador de Charamela. TOTAL DE CONTOS A obra compõe-se de 23 histórias curtas, quase todas retratando o interior do Amazonas. TIPO DE NARRATIVA

Narrativa na terceira pessoa: 16 contos. O narrador é o autor (narrador onisciente).

O Capitão, Donádio e o Cigano, O Navio, O Homem, Nunca Digas Isso, Pentateuco, Aroeira Pé de Bode, Joventino, Josivaldo, Pedrinho Pedinho Pedim - Macaquinho Sauim, O Forasteiro, O Sátiro, Quebra-Queixo, O Enterro do Xiri, O Torturador e Joaquim dos Prazeres.

Narrativa na primeira pessoa: 7 contos. O narrador é o personagem.

Alfredo, Dona Carolina, Lamúria, Espera, Dorca, Eurípedes e Mestre Felisberto.

REALISMO FANTÁSTICO As histórias exploram o lado absurdo, surrealista da realidade, incorporando na narrativa algum elemento sobrenatural. Desde o primeiro livro, Erasmo Linhares vem-se fixando nessa tendência. Os contos vinculados ao Realismo Fantástico são: O Capitão, O Navio, Joventino, O Forasteiro, O Sátiro, Dona Carolina, O Torturador. LINGUAGEM Não se pode negar que Erasmo faz uso de uma linguagem realista, em que economizar palavras é uma preocupação constante, haja vista o compromisso de produzir textos curtos. Não obstante, há espaço para o lirismo, para construções poéticas e para a linguagem simbólica, nas quais sobressai a sensibilidade do autor humano, admirador da vida e do amor. ESTILO DE ÉPOCA

A literatura de Linhares já nasceu modernista. Dentro da estética a que se filia, pode-se colocá-lo em duas linhas: a do regionalismo crítico, numa clara retomada dos padrões realistas e a linha do Realismo Fantástico, inaugurada por Linhares com a publicação de O Tocador de Charamela.

ESTUDO LITERÁRIO

3

Dama. São três narrativas feitas por Zeca Dama, personagem criado na obra de estréia do autor, O Tocador de Charamela. TOTAL DE CONTOS A obra compõe-se de 23 histórias curtas, quase todas retratando o interior do Amazonas. TIPO DE NARRATIVA

Narrativa na terceira pessoa: 16 contos. O narrador é o autor (narrador onisciente).

O Capitão, Donádio e o Cigano, O Navio, O Homem, Nunca Digas Isso, Pentateuco, Aroeira Pé de Bode, Joventino, Josivaldo, Pedrinho Pedinho Pedim - Macaquinho Sauim, O Forasteiro, O Sátiro, Quebra-Queixo, O Enterro do Xiri, O Torturador e Joaquim dos Prazeres.

Narrativa na primeira pessoa: 7 contos. O narrador é o personagem.

Alfredo, Dona Carolina, Lamúria, Espera, Dorca, Eurípedes e Mestre Felisberto.

REALISMO FANTÁSTICO As histórias exploram o lado absurdo, surrealista da realidade, incorporando na narrativa algum elemento sobrenatural. Desde o primeiro livro, Erasmo Linhares vem-se fixando nessa tendência. Os contos vinculados ao Realismo Fantástico são: O Capitão, O Navio, Joventino, O Forasteiro, O Sátiro, Dona Carolina, O Torturador. LINGUAGEM Não se pode negar que Erasmo faz uso de uma linguagem realista, em que economizar palavras é uma preocupação constante, haja vista o compromisso de produzir textos curtos. Não obstante, há espaço para o lirismo, para construções poéticas e para a linguagem simbólica, nas quais sobressai a sensibilidade do autor humano, admirador da vida e do amor. ESTILO DE ÉPOCA

A literatura de Linhares já nasceu modernista. Dentro da estética a que se filia, pode-se colocá-lo em duas linhas: a do regionalismo crítico, numa clara retomada dos padrões realistas e a linha do Realismo Fantástico, inaugurada por Linhares com a publicação de O Tocador de Charamela.

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ESTUDO LITERÁRIO

4

TEMÁTICA No geral, sobressai em O Navio e Outras Estórias a temática regionalista. A

imaginação do autor está acampada na Região Amazônica, nas cidades do interior, às vezes nas áreas ribeirinhas. É um vínculo com a infância, com a terra natal. É o compromisso com a realidade da terra que o viu nascer e evoluir.

É possível identificar as seguintes temáticas em O Navio e Outras Estórias:

a) Racismo: Josivaldo. b) Violência rural: Dorca, Eurípedes, Mestre Felisberto. c) Traição amorosa: Espera. d) Êxodo rural: Lamúria. e) Humor: O Enterro do Xiri, Joaquim dos Prazeres. f) Crítica política e/ou humor negro: O Torturador. g) Religião: O Homem, Pentateuco.

DADOS TÉCNICOS O Capitão Narrativa na terceira pessoa. Traços do Realismo Fantástico em dois momentos: a) encontro com as lendárias amazonas; b) presença da caravela da morte, prenunciando desgraça.

Tempo: o autor retrata uma expedição espanhola à Amazônia na primeira metade do

século XVI, fazendo lembrar a expedição de Francisco Orellana, que ocorreu em 1541 e 1542).

Personagem: Capitão (sem nome). RESUMO

Meio-dia. De repente, a calmaria do rio transformou-se em tempestade. O capitão da caravela foi chamado, mas bêbado de rum e de vinho continuou dormindo. Só acordou quando a tempestade passou. Então, o barco estava chegando a uma tribo indígena. Na margem, só mulheres. Um pouco mais perto, e uma nuvem negra de flechas caiu sobre a embarcação. Por sorte, só um marujo foi ferido no braço.

O navio voltou a navegar pelo meio do rio. Umas trinta milhas à frente, avistaram um navio todo branco. Era o navio fantasma, a nau da morte. Quando entraram na desembocadura, o navio branco misteriosamente sumiu.

Agora estavam em mar aberto, para alegria do capitão. De repente, a peste. Os dentes dos marinheiros caíam. Alguns morreram. O capitão perdeu apenas dois molares.

ESTUDO LITERÁRIO

4

TEMÁTICA No geral, sobressai em O Navio e Outras Estórias a temática regionalista. A

imaginação do autor está acampada na Região Amazônica, nas cidades do interior, às vezes nas áreas ribeirinhas. É um vínculo com a infância, com a terra natal. É o compromisso com a realidade da terra que o viu nascer e evoluir.

É possível identificar as seguintes temáticas em O Navio e Outras Estórias:

a) Racismo: Josivaldo. b) Violência rural: Dorca, Eurípedes, Mestre Felisberto. c) Traição amorosa: Espera. d) Êxodo rural: Lamúria. e) Humor: O Enterro do Xiri, Joaquim dos Prazeres. f) Crítica política e/ou humor negro: O Torturador. g) Religião: O Homem, Pentateuco.

DADOS TÉCNICOS O Capitão Narrativa na terceira pessoa. Traços do Realismo Fantástico em dois momentos: a) encontro com as lendárias amazonas; b) presença da caravela da morte, prenunciando desgraça.

Tempo: o autor retrata uma expedição espanhola à Amazônia na primeira metade do

século XVI, fazendo lembrar a expedição de Francisco Orellana, que ocorreu em 1541 e 1542).

Personagem: Capitão (sem nome). RESUMO

Meio-dia. De repente, a calmaria do rio transformou-se em tempestade. O capitão da caravela foi chamado, mas bêbado de rum e de vinho continuou dormindo. Só acordou quando a tempestade passou. Então, o barco estava chegando a uma tribo indígena. Na margem, só mulheres. Um pouco mais perto, e uma nuvem negra de flechas caiu sobre a embarcação. Por sorte, só um marujo foi ferido no braço.

O navio voltou a navegar pelo meio do rio. Umas trinta milhas à frente, avistaram um navio todo branco. Era o navio fantasma, a nau da morte. Quando entraram na desembocadura, o navio branco misteriosamente sumiu.

Agora estavam em mar aberto, para alegria do capitão. De repente, a peste. Os dentes dos marinheiros caíam. Alguns morreram. O capitão perdeu apenas dois molares.

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ESTUDO LITERÁRIO

5

A nau ancorou nas praias da Catalina. O capitão não trazia nenhum tesouro. Por isso, não foi recebido pelo rei. Agora, não podia mais zarpar. Era o fim, o fracasso. Único consolo: beber e dormir para sonhar com mulheres, índias e guerreiras.

Donádio e o Cigano

DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Cenário regionalista. Personagens: Zé Donádio (tocador de violão) e Bink (o Cigano, tocador de violino). Cenário: urbano (cidade do interior amazônico).

RESUMO

Zé Donádio era exímio tocador de Violão. Aprendera a dominar o instrumento no seminário. Tinha aversão ao trabalho pesado desde menino. Enquanto esteve no seminário, tocava na missa, com violão da igreja. Depois, sem o instrumento, tocava quando alguém lhe emprestava um violão.

O Comendador Queiroz deu-lhe de presente um violão novinho, dos grandes. Passou a tocar no bar do Barroso. Depois, começou a tocar no cinema, nas sessões noturnas, três por noite.

Depois da última sessão, ia para o Bar do Quaresma, que só fechava quando o último freguês ia embora. Bebia e tocava até as quatro horas da madrugada.

Bink, o cigano, chegou à cidade e foi morar na pensão de Dona Odete. Trazia um violino meio surrado, mas o arco era novinho. Não demorou muito, e dupla foi formada no Bar do Quaresma: Donádio e o Cigano. Barroso quis contratar a dupla. Não houve briga: os músicos passaram a tocar nas duas casas, em dias alternados.

Certa noite, por proposta do Cigano, foram tocar no cemitério. No outro dia, Zé do Bode espalhou a notícia da serenata fúnebre, acrescentando que um bando de ciganos dançava em redor de uma fogueira enquanto os dois tocavam.

Por iniciativa do Cigano, foram para a capital. Ali, logo chamaram a atenção com sua música. Depois de dois meses fazendo sucesso, apareceu um grupo de ciganos, e Bink, depois de uma despedida chorosa, separou-se de Donádio.

Donádio voltou para o interior e, depois de algum tempo na cidade natal, pediu para morar no seminário. O reitor consentiu, impondo uma condição: que Donádio ensinasse violão aos seminaristas. Com isso, nasceu o Sexteto do Espírito Santo, que fazia apresentações em igrejas, ficando famoso até na capital.

Certo dia, cedinho, o padre dirigia-se à capela para mais uma missa e viu Donádio sentado à porta de sua casinha. Aproximou-se e descobriu que o tocador de violão estava morto.

ESTUDO LITERÁRIO

5

A nau ancorou nas praias da Catalina. O capitão não trazia nenhum tesouro. Por isso, não foi recebido pelo rei. Agora, não podia mais zarpar. Era o fim, o fracasso. Único consolo: beber e dormir para sonhar com mulheres, índias e guerreiras.

Donádio e o Cigano

DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Cenário regionalista. Personagens: Zé Donádio (tocador de violão) e Bink (o Cigano, tocador de violino). Cenário: urbano (cidade do interior amazônico).

RESUMO

Zé Donádio era exímio tocador de Violão. Aprendera a dominar o instrumento no seminário. Tinha aversão ao trabalho pesado desde menino. Enquanto esteve no seminário, tocava na missa, com violão da igreja. Depois, sem o instrumento, tocava quando alguém lhe emprestava um violão.

O Comendador Queiroz deu-lhe de presente um violão novinho, dos grandes. Passou a tocar no bar do Barroso. Depois, começou a tocar no cinema, nas sessões noturnas, três por noite.

Depois da última sessão, ia para o Bar do Quaresma, que só fechava quando o último freguês ia embora. Bebia e tocava até as quatro horas da madrugada.

Bink, o cigano, chegou à cidade e foi morar na pensão de Dona Odete. Trazia um violino meio surrado, mas o arco era novinho. Não demorou muito, e dupla foi formada no Bar do Quaresma: Donádio e o Cigano. Barroso quis contratar a dupla. Não houve briga: os músicos passaram a tocar nas duas casas, em dias alternados.

Certa noite, por proposta do Cigano, foram tocar no cemitério. No outro dia, Zé do Bode espalhou a notícia da serenata fúnebre, acrescentando que um bando de ciganos dançava em redor de uma fogueira enquanto os dois tocavam.

Por iniciativa do Cigano, foram para a capital. Ali, logo chamaram a atenção com sua música. Depois de dois meses fazendo sucesso, apareceu um grupo de ciganos, e Bink, depois de uma despedida chorosa, separou-se de Donádio.

Donádio voltou para o interior e, depois de algum tempo na cidade natal, pediu para morar no seminário. O reitor consentiu, impondo uma condição: que Donádio ensinasse violão aos seminaristas. Com isso, nasceu o Sexteto do Espírito Santo, que fazia apresentações em igrejas, ficando famoso até na capital.

Certo dia, cedinho, o padre dirigia-se à capela para mais uma missa e viu Donádio sentado à porta de sua casinha. Aproximou-se e descobriu que o tocador de violão estava morto.

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ESTUDO LITERÁRIO

6

O NAVIO DADOS TÉCNICOS Narrativa na terceira pessoa. Temática regionalista. Cenário: urbano (cidade do interior do Amazonas). Traços do Realismo Fantástico. Personagens: O navio (personagem alegórico, simbolizando, talvez, a Zona Franca), Zé Tião, Frei Otoni, Mestre Felisberto. RESUMO

Certo dia, de madrugada, um navio misterioso, todo branco e iluminado, entrou no

lago. Quem o viu primeiro foi o Zé Tião. De manhã cedo, quando a notícia se espalhou, as luzes estavam apagadas, mas o navio estava lá, quieto, sem sinal de tripulação.

Às seis horas da tarde, a surpresa: o navio iluminou-se como por mistério, mas ninguém apareceu para dar explicações ao povo. Em poucos dias, a orla do lago virou um verdadeiro comércio, com bancas de produtos variados, desde peixe frito a compact disc.

O Prefeito, entre preocupado e satisfeito, pediu ajuda ao governador. Este passou o problema para a Capitania dos Portos, que não existia naquelas paragens.

O navio misterioso ficou famoso na região. A cidade praticamente fazia um culto ao navio. A miniatura, fabricada por mestre Felisberto, exímio marceneiro, ocupava lugar de honra nas casas, competindo com a imagem do Sagrado Coração.

Foram dois meses de festa, até o dia do temporal. A noite, o temporal que caiu foi tão forte que arrancou o telhado da igreja e removeu pedras da rua.

Depois da tempestade, o navio sumiu. A cidade voltou a ser pasmacenta e triste. "Alegre, só Frei Otoni, que no aconchego da sacristia, sozinho, ria, ria, ria."

O HOMEM

DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Temática religiosa (a vida de Jesus Cristo). Personagem: Jesus.

RESUMO

"Barbas e cabelos longos, vestindo uma túnica inconsútil branca e sandálias de

couro, o Homem chegou à cidade depois do anoitecer."

ESTUDO LITERÁRIO

6

O NAVIO DADOS TÉCNICOS Narrativa na terceira pessoa. Temática regionalista. Cenário: urbano (cidade do interior do Amazonas). Traços do Realismo Fantástico. Personagens: O navio (personagem alegórico, simbolizando, talvez, a Zona Franca), Zé Tião, Frei Otoni, Mestre Felisberto. RESUMO

Certo dia, de madrugada, um navio misterioso, todo branco e iluminado, entrou no

lago. Quem o viu primeiro foi o Zé Tião. De manhã cedo, quando a notícia se espalhou, as luzes estavam apagadas, mas o navio estava lá, quieto, sem sinal de tripulação.

Às seis horas da tarde, a surpresa: o navio iluminou-se como por mistério, mas ninguém apareceu para dar explicações ao povo. Em poucos dias, a orla do lago virou um verdadeiro comércio, com bancas de produtos variados, desde peixe frito a compact disc.

O Prefeito, entre preocupado e satisfeito, pediu ajuda ao governador. Este passou o problema para a Capitania dos Portos, que não existia naquelas paragens.

O navio misterioso ficou famoso na região. A cidade praticamente fazia um culto ao navio. A miniatura, fabricada por mestre Felisberto, exímio marceneiro, ocupava lugar de honra nas casas, competindo com a imagem do Sagrado Coração.

Foram dois meses de festa, até o dia do temporal. A noite, o temporal que caiu foi tão forte que arrancou o telhado da igreja e removeu pedras da rua.

Depois da tempestade, o navio sumiu. A cidade voltou a ser pasmacenta e triste. "Alegre, só Frei Otoni, que no aconchego da sacristia, sozinho, ria, ria, ria."

O HOMEM

DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Temática religiosa (a vida de Jesus Cristo). Personagem: Jesus.

RESUMO

"Barbas e cabelos longos, vestindo uma túnica inconsútil branca e sandálias de

couro, o Homem chegou à cidade depois do anoitecer."

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ESTUDO LITERÁRIO

7

Bateu à porta de duas casas, pedindo comida e água, mas não lhe deram guarida. Já no final da rua, bateu à porta de um casal de velhinhos que o acolheu. Serviram-lhe comida e bebida. Ele agradeceu, foi embora, e os velhinhos ficaram contentes.

O Homem era Jesus de Nazaré. O autor conta, resumidamente, tudo que aconteceu a Jesus, desde a sua peregrinação

até sua morte. Alfredo

DADOS TÉCNICOS Narrativa na primeira pessoa. Ambiente citadino. Seqüência das três histórias iniciais de O Tocador de Charamela, intitulada "Jogo de

Dados". Personagens: o narrador (sem nome) e Alfredo.

RESUMO

Um ex-presidiário reencontra Alfredo, seu companheiro de cela. Mesmo quando

estavam presos, Alfredo não falava. Agora, os dois em liberdade, Alfredo continua mudo. O outro está aposentado, não escreve mais para os jornais. Ele tenta mostrar a Alfredo que a vida pode incluir a ingestão de álcool. Ser intelectual não é ser um misantropo. O monólogo prossegue falando da amizade, do dado (única diversão na cadeia), dos tempos de prisão.

Nunca Digas Isso

DADOS TÉCNICOS Narrativa na terceira pessoa. Ambiente citadino. Personagens: Túlio (suicidou-se) e Rosalinda (mulher de beleza extraordinária que provoca desejos e paixões).

RESUMO Narrativa em tom de conselhos sobre o valor das palavras ditas. História de Rosalinda e Túlio. Ela é bela, emana desejos e felicidades. Túlio não resistiu ao impacto da primeira paixão: suicidou-se. Não deixou bilhete, não falou nada a ninguém. Morreu só, na solidão do quarto. O autor tenta provar que Rosalinda não teve culpa do que aconteceu. Ela é linda. Não tem culpa do que fazem por conta dessa beleza deslumbrante.

Pentateuco

DADOS TÉCNICOS Narrativa na terceira pessoa. Linguagem erudita, arcaica.

ESTUDO LITERÁRIO

7

Bateu à porta de duas casas, pedindo comida e água, mas não lhe deram guarida. Já no final da rua, bateu à porta de um casal de velhinhos que o acolheu. Serviram-lhe comida e bebida. Ele agradeceu, foi embora, e os velhinhos ficaram contentes.

O Homem era Jesus de Nazaré. O autor conta, resumidamente, tudo que aconteceu a Jesus, desde a sua peregrinação

até sua morte. Alfredo

DADOS TÉCNICOS Narrativa na primeira pessoa. Ambiente citadino. Seqüência das três histórias iniciais de O Tocador de Charamela, intitulada "Jogo de

Dados". Personagens: o narrador (sem nome) e Alfredo.

RESUMO

Um ex-presidiário reencontra Alfredo, seu companheiro de cela. Mesmo quando

estavam presos, Alfredo não falava. Agora, os dois em liberdade, Alfredo continua mudo. O outro está aposentado, não escreve mais para os jornais. Ele tenta mostrar a Alfredo que a vida pode incluir a ingestão de álcool. Ser intelectual não é ser um misantropo. O monólogo prossegue falando da amizade, do dado (única diversão na cadeia), dos tempos de prisão.

Nunca Digas Isso

DADOS TÉCNICOS Narrativa na terceira pessoa. Ambiente citadino. Personagens: Túlio (suicidou-se) e Rosalinda (mulher de beleza extraordinária que provoca desejos e paixões).

RESUMO Narrativa em tom de conselhos sobre o valor das palavras ditas. História de Rosalinda e Túlio. Ela é bela, emana desejos e felicidades. Túlio não resistiu ao impacto da primeira paixão: suicidou-se. Não deixou bilhete, não falou nada a ninguém. Morreu só, na solidão do quarto. O autor tenta provar que Rosalinda não teve culpa do que aconteceu. Ela é linda. Não tem culpa do que fazem por conta dessa beleza deslumbrante.

Pentateuco

DADOS TÉCNICOS Narrativa na terceira pessoa. Linguagem erudita, arcaica.

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ESTUDO LITERÁRIO

8

Temática religiosa. Pentateuco: os cinco primeiros livros do velho testamento, atribuídos a Moisés.

RESUMO O autor faz pregação de um ataque contra um rei para, depois, um grupo sair à

procura da liberdade, da terra prometida. O que sobressai neste pequeno relato é o uso de palavras eruditas, rebuscadas, às vezes arcaicas.

No final, propõe-se uma estranha democracia em que os ricos serão ricos, e os pobres serão pobres.

Aroeira Pé-de-Bode

DADOS TÉCNICOS Narrativa na primeira pessoa. Personagem: Aroeira Pé-de-Bode. Ambiente citadino. Presença sutil do Realismo Fantástico. Final sugerindo discriminação social.

RESUMO Quando a meninada gritava "Aroeira Pé-de-Bode", a preta velha, encurvada,

dizia: – É o que tua mãe tem entre as pernas, filhinho. A preta velha era um mistério. Passava todos os dias, às cinco horas, em direção

ao cemitério. Uns diziam que ela era feiticeira, outros que era filha de família rica. Mas ninguém sabia nada, com fundo de verdade, sobre a preta velha de cabelos brancos.

Certa vez, a meninada esperou, como de costume, a passagem da Aroeira Pé-de-Bode. Para tristeza dos meninos, ela não passou. No outro dia, também não. Sumiu. Talvez esteja morta. Se morreu, sua alma foi para o céu.

Joventino

DADOS TÉCNICOS Narrativa na terceira pessoa. Temática regionalista. Personagem: Joventino. Traços do Realismo Fantástico.

RESUMO

Joventino, magricela, a pele sobre os ossos, comia terra. Sabia o gosto de várias terras: terra preta, areia, terra amarela. Terra amarela amassada desmancha na boca.

Logo, logo, Joventino começou a botar vermes pelo nariz. A mãe morrera de hepatite, ele nem chegou a conhecê-la direito. O pai sumiu. Se a tia não o amava, também não o desprezava. Dava-lhe, em vão, remédios caseiros.

ESTUDO LITERÁRIO

8

Temática religiosa. Pentateuco: os cinco primeiros livros do velho testamento, atribuídos a Moisés.

RESUMO O autor faz pregação de um ataque contra um rei para, depois, um grupo sair à

procura da liberdade, da terra prometida. O que sobressai neste pequeno relato é o uso de palavras eruditas, rebuscadas, às vezes arcaicas.

No final, propõe-se uma estranha democracia em que os ricos serão ricos, e os pobres serão pobres.

Aroeira Pé-de-Bode

DADOS TÉCNICOS Narrativa na primeira pessoa. Personagem: Aroeira Pé-de-Bode. Ambiente citadino. Presença sutil do Realismo Fantástico. Final sugerindo discriminação social.

RESUMO Quando a meninada gritava "Aroeira Pé-de-Bode", a preta velha, encurvada,

dizia: – É o que tua mãe tem entre as pernas, filhinho. A preta velha era um mistério. Passava todos os dias, às cinco horas, em direção

ao cemitério. Uns diziam que ela era feiticeira, outros que era filha de família rica. Mas ninguém sabia nada, com fundo de verdade, sobre a preta velha de cabelos brancos.

Certa vez, a meninada esperou, como de costume, a passagem da Aroeira Pé-de-Bode. Para tristeza dos meninos, ela não passou. No outro dia, também não. Sumiu. Talvez esteja morta. Se morreu, sua alma foi para o céu.

Joventino

DADOS TÉCNICOS Narrativa na terceira pessoa. Temática regionalista. Personagem: Joventino. Traços do Realismo Fantástico.

RESUMO

Joventino, magricela, a pele sobre os ossos, comia terra. Sabia o gosto de várias terras: terra preta, areia, terra amarela. Terra amarela amassada desmancha na boca.

Logo, logo, Joventino começou a botar vermes pelo nariz. A mãe morrera de hepatite, ele nem chegou a conhecê-la direito. O pai sumiu. Se a tia não o amava, também não o desprezava. Dava-lhe, em vão, remédios caseiros.

Page 9: ESTUDO LITERÁRIO - bv.cultura.am.gov.brbv.cultura.am.gov.br/templates/areatematica/conhecimento... · Publicou o primeiro livro em 1979 ... Donádio e o Cigano, O Navio, O Homem,

ESTUDO LITERÁRIO

9

Certo dia, Joventino sentiu-se leve e voou acima das montanhas, uma visão esplêndida. Muitas terras e de todas as cores. Não via mais as pessoas. Nem precisava. Aquilo só podia ser o caminho do céu.

Josivaldo

DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Ambiente citadino. Temática: racismo (discriminação racial). Personagem: Josivaldo (nasceu negro numa família de morenos).

RESUMO Josivaldo nasceu preto numa família de morenos. O pai, logo que o viu, rejeitou-o, falando em traição amorosa. O menino cresceu suportando a discriminação em casa e na escola. Cursou apenas até a quarta série. Seu único amigo era o pároco, que tentava incutir nele a vocação religiosa. Já adulto, não conseguia emprego por causa da cor. O pai não o ajudava. Só lhe restava uma opção: roubar. Começou roubando pão; tornou-se, depois, um bandido perigoso, com a cabeça posta a prêmio. Já então não era Josivaldo, tornou-se Tião de Fogo, ladrão e matador. Um dia, na porta da igreja, os policiais mataram-no. Era um contra dez. No enterro, apenas a mãe deixou escapar uma lágrima furtiva.

Pedrinho Pedinho Pedim –

Macaquinho Sauim DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Temática humorística (com apelação para a galhofa e para o grotesco). Cenário citadino. Personagem: Pedrinho.

RESUMO

"Nasceu de sete meses, tão pequenininho, que a mãe julgou que não tivesse os troços."

Em casa, todos o chamavam de Pedinho. Na rua, alguns moleques maldosos apelidavam-no de Peidinho. Já adulto, media apenas um metro e quarenta. Os amigos foram descobrindo que as mulheres adoravam o Pedinho. Vivia cercado delas, dependurado no pescoço das moças. Daí o apelido de "macaco-de-cheiro" e de

ESTUDO LITERÁRIO

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Certo dia, Joventino sentiu-se leve e voou acima das montanhas, uma visão esplêndida. Muitas terras e de todas as cores. Não via mais as pessoas. Nem precisava. Aquilo só podia ser o caminho do céu.

Josivaldo

DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Ambiente citadino. Temática: racismo (discriminação racial). Personagem: Josivaldo (nasceu negro numa família de morenos).

RESUMO Josivaldo nasceu preto numa família de morenos. O pai, logo que o viu, rejeitou-o, falando em traição amorosa. O menino cresceu suportando a discriminação em casa e na escola. Cursou apenas até a quarta série. Seu único amigo era o pároco, que tentava incutir nele a vocação religiosa. Já adulto, não conseguia emprego por causa da cor. O pai não o ajudava. Só lhe restava uma opção: roubar. Começou roubando pão; tornou-se, depois, um bandido perigoso, com a cabeça posta a prêmio. Já então não era Josivaldo, tornou-se Tião de Fogo, ladrão e matador. Um dia, na porta da igreja, os policiais mataram-no. Era um contra dez. No enterro, apenas a mãe deixou escapar uma lágrima furtiva.

Pedrinho Pedinho Pedim –

Macaquinho Sauim DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Temática humorística (com apelação para a galhofa e para o grotesco). Cenário citadino. Personagem: Pedrinho.

RESUMO

"Nasceu de sete meses, tão pequenininho, que a mãe julgou que não tivesse os troços."

Em casa, todos o chamavam de Pedinho. Na rua, alguns moleques maldosos apelidavam-no de Peidinho. Já adulto, media apenas um metro e quarenta. Os amigos foram descobrindo que as mulheres adoravam o Pedinho. Vivia cercado delas, dependurado no pescoço das moças. Daí o apelido de "macaco-de-cheiro" e de

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"macaco sauim de coleira". Não demorou muito e todos o chamavam de "Pedrinho, Pedinho, Pedim – macaquinho sauim".

Para espanto de todos, Pedinho tomou a noiva do Damião, um lutador de sumô. Espanto maior foi a esposa do Gerente do Banco Itaú deixar o marido e andar atrás do Pedinho.

Até que um dia o segredo foi desfeito: Pedinho tinha ovos e pênis de tamanho descomunal.

A última conquista foi a mulher do Prefeito. O marido, enciumado, expulsou da cidade o conquistador.

O Forasteiro

DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Traços do Realismo Fantástico. Cenário citadino. Personagem: o Forasteiro (figura alegórica, simbolizando, talvez, o estrangeiro que, facilmente, explora o povo ingênuo do interior do Amazonas).

RESUMO

Chegou à cidade e ganhou logo fama de jogador invencível: baralho, sinuca, qualquer jogo ele ganhava. Todas as noites, bebia uma única dose de uísque e ia para o quarto de hotel, dormir. Não jogava apostando. Se o fizesse, ganharia muito dinheiro.

Quando os parceiros da cidade esgotaram, começou a freqüentar as fazendas vizinhas. Sempre muito elegante e educado, ninguém sabia de onde viera nem o que pretendia na região. Falavam em foragido da polícia, ricaço excêntrico e conquistador fugindo de maridos enciumados.

Comprou uma fazenda, depois mais outras vizinhas e virou fazendeiro de muitas terras e muito gado.

Um dia sumiu e deixou um gerente administrando seus bens. Ninguém sabia para onde foi. "E nunca mais pôs os pés na cidade. E todos sentiram saudades dele."

O Sátiro

DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Traços do Realismo Fantástico. Cenário citadino. Personagens: o Sátiro (homem devasso e luxurioso), dona Amira Couto da

Mota Derzi (viúva de 70 anos).

ESTUDO LITERÁRIO

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"macaco sauim de coleira". Não demorou muito e todos o chamavam de "Pedrinho, Pedinho, Pedim – macaquinho sauim".

Para espanto de todos, Pedinho tomou a noiva do Damião, um lutador de sumô. Espanto maior foi a esposa do Gerente do Banco Itaú deixar o marido e andar atrás do Pedinho.

Até que um dia o segredo foi desfeito: Pedinho tinha ovos e pênis de tamanho descomunal.

A última conquista foi a mulher do Prefeito. O marido, enciumado, expulsou da cidade o conquistador.

O Forasteiro

DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Traços do Realismo Fantástico. Cenário citadino. Personagem: o Forasteiro (figura alegórica, simbolizando, talvez, o estrangeiro que, facilmente, explora o povo ingênuo do interior do Amazonas).

RESUMO

Chegou à cidade e ganhou logo fama de jogador invencível: baralho, sinuca, qualquer jogo ele ganhava. Todas as noites, bebia uma única dose de uísque e ia para o quarto de hotel, dormir. Não jogava apostando. Se o fizesse, ganharia muito dinheiro.

Quando os parceiros da cidade esgotaram, começou a freqüentar as fazendas vizinhas. Sempre muito elegante e educado, ninguém sabia de onde viera nem o que pretendia na região. Falavam em foragido da polícia, ricaço excêntrico e conquistador fugindo de maridos enciumados.

Comprou uma fazenda, depois mais outras vizinhas e virou fazendeiro de muitas terras e muito gado.

Um dia sumiu e deixou um gerente administrando seus bens. Ninguém sabia para onde foi. "E nunca mais pôs os pés na cidade. E todos sentiram saudades dele."

O Sátiro

DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Traços do Realismo Fantástico. Cenário citadino. Personagens: o Sátiro (homem devasso e luxurioso), dona Amira Couto da

Mota Derzi (viúva de 70 anos).

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ESTUDO LITERÁRIO

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RESUMO Uma senhora de 70 anos tinha por hábito sentar-se à varanda numa cadeira de

balanço e ali passar as tardes. Certa vez, um homem de chapéu e bengala deu-lhe boa tarde e pediu-lhe desculpas pela noite de prazeres que tiveram. Ela, assustada, sem entender tudo aquilo, perguntou-lhe:

– Você é um louco? – Louco não, sou um sátiro. Quer ver o meu rabinho? E voltou-se sacudindo freneticamente as traseiras. Depois foi embora, às

gargalhadas. Impossível. Viúva há vinte anos, jamais se interessou por outro homem. Era loucura. Três dias depois, vieram trazer-lhe uma banda de boi que ela e um senhor elegante

arremataram num leilão, à noite. Não havia outra explicação: estava ficando doida.Foi ao médico, "que lhe receitou alguns soníferos a fim de acabar com as alucinações."

O sátiro voltou e novamente falou em noites de amor e prazer: "– Não se lembra nada de ontem à noite, não é? Foi delicioso. A senhora é uma

fogueira." Depois, dormindo em sono profundo, viu o marido chegar (trajava um túnica

branca), tomar-lhe a mão e levá-la a passeio. Mas não andavam, flutuavam. Viajaram por ruas desconhecidas, de outra cidade. Enfim, chegaram. Numa sala ampla, tranqüila, dona Almira Couto da Mota Derzi descobriu que estava morta. E o homem que anotava os dados era o sátiro.

Quebra-Queixo

DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Personagens: Antônio (Quebra-Queixo), Joaninha (filha de Dona Orlanda) e Quitéria Bundona (prostituta). Cenário citadino (cidade do interior do Amazonas). Temática humorística (com apelação para a galhofa e para o grotesco).

RESUMO

Antônio virou Quebra-Queixo por causas dos caroços que lhe ficaram no rosto, conseqüência das espinhas quando era adolescente. Julgava-se feio; por isso, evitava as mulheres. Desejava-as ardentemente, mas temia ser rejeitado. Assim, possuía-as no pensamento, no escuro do quarto. Tinha preferência por Joaninha, filha de dona Orlanda. Nunca falou com ela porque se achava inferior.

Graças à ajuda dos amigos, teve sua primeira relação sexual com uma prostituta, a Quitéria Bundona. Depois disso, perdeu a timidez. Passou a encarar as

ESTUDO LITERÁRIO

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RESUMO Uma senhora de 70 anos tinha por hábito sentar-se à varanda numa cadeira de

balanço e ali passar as tardes. Certa vez, um homem de chapéu e bengala deu-lhe boa tarde e pediu-lhe desculpas pela noite de prazeres que tiveram. Ela, assustada, sem entender tudo aquilo, perguntou-lhe:

– Você é um louco? – Louco não, sou um sátiro. Quer ver o meu rabinho? E voltou-se sacudindo freneticamente as traseiras. Depois foi embora, às

gargalhadas. Impossível. Viúva há vinte anos, jamais se interessou por outro homem. Era loucura. Três dias depois, vieram trazer-lhe uma banda de boi que ela e um senhor elegante

arremataram num leilão, à noite. Não havia outra explicação: estava ficando doida.Foi ao médico, "que lhe receitou alguns soníferos a fim de acabar com as alucinações."

O sátiro voltou e novamente falou em noites de amor e prazer: "– Não se lembra nada de ontem à noite, não é? Foi delicioso. A senhora é uma

fogueira." Depois, dormindo em sono profundo, viu o marido chegar (trajava um túnica

branca), tomar-lhe a mão e levá-la a passeio. Mas não andavam, flutuavam. Viajaram por ruas desconhecidas, de outra cidade. Enfim, chegaram. Numa sala ampla, tranqüila, dona Almira Couto da Mota Derzi descobriu que estava morta. E o homem que anotava os dados era o sátiro.

Quebra-Queixo

DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Personagens: Antônio (Quebra-Queixo), Joaninha (filha de Dona Orlanda) e Quitéria Bundona (prostituta). Cenário citadino (cidade do interior do Amazonas). Temática humorística (com apelação para a galhofa e para o grotesco).

RESUMO

Antônio virou Quebra-Queixo por causas dos caroços que lhe ficaram no rosto, conseqüência das espinhas quando era adolescente. Julgava-se feio; por isso, evitava as mulheres. Desejava-as ardentemente, mas temia ser rejeitado. Assim, possuía-as no pensamento, no escuro do quarto. Tinha preferência por Joaninha, filha de dona Orlanda. Nunca falou com ela porque se achava inferior.

Graças à ajuda dos amigos, teve sua primeira relação sexual com uma prostituta, a Quitéria Bundona. Depois disso, perdeu a timidez. Passou a encarar as

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mulheres e até piscar para elas. Mandou uma carta anônima para Joaninha, seu amor secreto.

Certa vez, num domingo, bebeu e foi direto para a casa de dona Orlanda. Sem preâmbulo, chamou Joaninha e disse-lhe:

"– O autor daquele bilhete que você recebeu sou eu. Quer casar comigo?" "Joaninha não respondeu. Saiu correndo em prantos e Quebra-Queixo ficou

parado onde estava, bêbedo e confuso. Um minuto depois, o ódio começou a brotar como erva daninha. Correu para o meio da rua e o mais alto que pôde, gritou:

– Vá à merda, sua puta. Dona Orlanda desmaiou."

Dona Carolina DADOS TÉCNICOS

Narrativa na primeira pessoa. Ambiente citadino (cidade do interior). Personagens: Dona Carolina (velha de barriga enorme), Juraci, Paizinho, Zeca Cueca (parentes de Dona Carolina), Seo Domingos, Tonico, Zeca Pato, Bina (o Cagão). Excesso de personagens: para o gênero conto, há, em Dona Carolina, conflitos e personagens em excesso.

RESUMO

Ao mesmo tempo em que conta a história de Dona Carolina, já velha, esquelética e com barriga enorme, o narrador faz desfilar vários personagens ligados à sua infância, todos vizinhos da mesma rua, numa cidade do interior. Na época das chuvas e dos ventos, tiveram que amarrar Dona Carolina porque ela voava, flutuava acima da cama como um balão. Certo dia, depois de dizer um segredo ao ouvido da mãe do narrador, morreu.

Três pessoas viviam com Dona Carolina: Juracy, Paizinho e Zeca Cueca. "Juracy era a mais velha. Tinha a boca torta. Diziam que ela forçava o defeito, pois

os lábios quase chegavam à orelha direita." Paizinho era o outro. "Um homem feito que gostava de trajar bem e passava os dias

escovando os cabelos e lustrando as unhas." O mais novo era o Zeca Cueca que, parece, era o único não parente da velha

senhora. Cueca era um astro da baladeira. Ninguém atirava melhor do que ele. Com um único tiro, cortava o talo de um flor.

"Poucos, como Zeca Cueca, sabiam fabricar botões de caroço de tucumã para os jogos que a gente promovia em memoráveis partidas nas calçadas das casas."

Seo Domingos era um galego, dono de uma horta imensa. Tinha dois filhos: Tonico e Zeca Pato. Depois que Seo Domingos comprou uma carroça e dois cavalos, Zeca Pato começou a ficar doido. Terminou internado num hospício e morreu por lá. Seo Domingos

ESTUDO LITERÁRIO

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mulheres e até piscar para elas. Mandou uma carta anônima para Joaninha, seu amor secreto.

Certa vez, num domingo, bebeu e foi direto para a casa de dona Orlanda. Sem preâmbulo, chamou Joaninha e disse-lhe:

"– O autor daquele bilhete que você recebeu sou eu. Quer casar comigo?" "Joaninha não respondeu. Saiu correndo em prantos e Quebra-Queixo ficou

parado onde estava, bêbedo e confuso. Um minuto depois, o ódio começou a brotar como erva daninha. Correu para o meio da rua e o mais alto que pôde, gritou:

– Vá à merda, sua puta. Dona Orlanda desmaiou."

Dona Carolina DADOS TÉCNICOS

Narrativa na primeira pessoa. Ambiente citadino (cidade do interior). Personagens: Dona Carolina (velha de barriga enorme), Juraci, Paizinho, Zeca Cueca (parentes de Dona Carolina), Seo Domingos, Tonico, Zeca Pato, Bina (o Cagão). Excesso de personagens: para o gênero conto, há, em Dona Carolina, conflitos e personagens em excesso.

RESUMO

Ao mesmo tempo em que conta a história de Dona Carolina, já velha, esquelética e com barriga enorme, o narrador faz desfilar vários personagens ligados à sua infância, todos vizinhos da mesma rua, numa cidade do interior. Na época das chuvas e dos ventos, tiveram que amarrar Dona Carolina porque ela voava, flutuava acima da cama como um balão. Certo dia, depois de dizer um segredo ao ouvido da mãe do narrador, morreu.

Três pessoas viviam com Dona Carolina: Juracy, Paizinho e Zeca Cueca. "Juracy era a mais velha. Tinha a boca torta. Diziam que ela forçava o defeito, pois

os lábios quase chegavam à orelha direita." Paizinho era o outro. "Um homem feito que gostava de trajar bem e passava os dias

escovando os cabelos e lustrando as unhas." O mais novo era o Zeca Cueca que, parece, era o único não parente da velha

senhora. Cueca era um astro da baladeira. Ninguém atirava melhor do que ele. Com um único tiro, cortava o talo de um flor.

"Poucos, como Zeca Cueca, sabiam fabricar botões de caroço de tucumã para os jogos que a gente promovia em memoráveis partidas nas calçadas das casas."

Seo Domingos era um galego, dono de uma horta imensa. Tinha dois filhos: Tonico e Zeca Pato. Depois que Seo Domingos comprou uma carroça e dois cavalos, Zeca Pato começou a ficar doido. Terminou internado num hospício e morreu por lá. Seo Domingos

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ESTUDO LITERÁRIO

13

morreu de noite, ninguém sabe de quê. Simplesmente amanheceu morto. Com a morte do pai, Tonico comprou um caminhão, derrubou a casa e ergueu ali uma Capela Carismática.

Bina, o Cagão, tinha as tripas frouxas. Era um jogador de futebol admirável. Tornou-se garção de um cabaré e morreu do mal das tripas.

Seo Salomão era um judeu de gravata e chapéu. Era o médico homeopata de Dona Carolina.

O Enterro do Xiri

DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Cenário citadino (tudo indica que o bairro retratado é o de Aparecida, onde o autor morou por vários anos). Temática humorística (com apelação para a galhofa e para o grotesco). Personagem: José (Xiri) e Omarina (esposa).

RESUMO

Quando nasceu, deram-lhe o nome de José. Ninguém sabe por que, mas todos o chamavam de Xiri. Baixinho, franzino, muito conhecido no bairro, era exímio jogador de futebol. Todos o queriam no time quando iam disputar campeonato.

Casou-se com Dona Omarina que detestava o apelido do marido, mas nada podia fazer para impedir que o chamassem de Xiri. Certa vez, um garoto foi levar um recado à Dona Omarina e disse mais ou menos assim:

– Dona Omarina, seo Daniel mandou dizer que nesse domingo Seo Xiri é nosso. Ela quase matou o moleque com uma caçarola. Depois de uma certa idade, Xiri parou de jogar futebol. Continuou a trabalhar na

serraria. Começou a beber. Bebia e fumava todos os dias depois que saía do trabalho. Dona Omarina fazia novenas e promessas, mas Xiri não largava o vício.

Morreu num sábado pela manhã. O enterro, a pé, saiu às quatro horas. A caminhada era longa. Os carregadores precisavam parar de vez em quando para descansar. Pararam em frente a um barzinho e foram tomar umas doses em homenagem ao defunto. Fizeram mais: compraram uma garrafa e derramaram na boca do morto goela abaixo.

Quando conseguiram chegar ao cemitério, já passavam das seis, e o coveiro não queria mais abrir o portão. Depois de muita conversa, o caixão desceu à sepultura, e Xiri descansou em paz.

Lamúria

DADOS TÉCNICOS

Narrativa na primeira pessoa.

ESTUDO LITERÁRIO

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morreu de noite, ninguém sabe de quê. Simplesmente amanheceu morto. Com a morte do pai, Tonico comprou um caminhão, derrubou a casa e ergueu ali uma Capela Carismática.

Bina, o Cagão, tinha as tripas frouxas. Era um jogador de futebol admirável. Tornou-se garção de um cabaré e morreu do mal das tripas.

Seo Salomão era um judeu de gravata e chapéu. Era o médico homeopata de Dona Carolina.

O Enterro do Xiri

DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Cenário citadino (tudo indica que o bairro retratado é o de Aparecida, onde o autor morou por vários anos). Temática humorística (com apelação para a galhofa e para o grotesco). Personagem: José (Xiri) e Omarina (esposa).

RESUMO

Quando nasceu, deram-lhe o nome de José. Ninguém sabe por que, mas todos o chamavam de Xiri. Baixinho, franzino, muito conhecido no bairro, era exímio jogador de futebol. Todos o queriam no time quando iam disputar campeonato.

Casou-se com Dona Omarina que detestava o apelido do marido, mas nada podia fazer para impedir que o chamassem de Xiri. Certa vez, um garoto foi levar um recado à Dona Omarina e disse mais ou menos assim:

– Dona Omarina, seo Daniel mandou dizer que nesse domingo Seo Xiri é nosso. Ela quase matou o moleque com uma caçarola. Depois de uma certa idade, Xiri parou de jogar futebol. Continuou a trabalhar na

serraria. Começou a beber. Bebia e fumava todos os dias depois que saía do trabalho. Dona Omarina fazia novenas e promessas, mas Xiri não largava o vício.

Morreu num sábado pela manhã. O enterro, a pé, saiu às quatro horas. A caminhada era longa. Os carregadores precisavam parar de vez em quando para descansar. Pararam em frente a um barzinho e foram tomar umas doses em homenagem ao defunto. Fizeram mais: compraram uma garrafa e derramaram na boca do morto goela abaixo.

Quando conseguiram chegar ao cemitério, já passavam das seis, e o coveiro não queria mais abrir o portão. Depois de muita conversa, o caixão desceu à sepultura, e Xiri descansou em paz.

Lamúria

DADOS TÉCNICOS

Narrativa na primeira pessoa.

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ESTUDO LITERÁRIO

14

Temática: êxodo rural. Personagens: Honório, Henriqueta (pais do narrador) e o narrador (caboclo das margens do rio Nini, afluente do Machado).

RESUMO

O narrador nasceu e cresceu às margens do rio Nini. Os pais (Honório e Henriqueta) morreram de malária, já velhos. Não suportaram a dose de quinino e atebrina.

A vida era completa ali. Tinha a canoa, peixes no rio, galinhas no terreiro e frutas do mato.

Casou-se com uma curiboca. Vieram três filhos. Vida feliz e farta. Vendia piaçava e, em troca, vinham mantimentos: sal, açúcar, querosene e alguma chita ou brim para a roupa da mulher e dos filhos.

Por influência da mulher, mudou-se para a cidade. A vida piorou. A casa é feita de papelão e zinco. Tudo longe, tudo comprado. Os meninos passam o dia inteiro na rua. A opção de comida, às vezes, é a lixeira municipal. Emprego não existe. E ainda há a ameaça de ser expulso do terreno comprado na invasão.

A vontade do narrador é voltar para as margens do Nini. Mas como? O sítio foi vendido pelo irmão.

Espera

DADOS TÉCNICOS Narrativa na primeira pessoa. Temática: traição amorosa (sem violência). Cenário: região ribeirinha. Linguagem poética. Personagens: o narrador (caboclo ribeirinho), a esposa dele (abandonou-o e fugiu com outro homem, possivelmente, um regatão).

RESUMO O narrador, morador da beira-rio, perdeu sua companheira para um homem

branco de barba dourada (possivelmente, um regatão). O texto é quase um poema, em que o amante lamenta a perda da amada.

Mesmo sabendo que ela pode voltar desfigurada, mais velha, ele a espera pacificamente, pronto para perdoá-la.

O Torturador

DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Traços do Realismo Fantástico. Temática: crítica política e/ou humor negro.

ESTUDO LITERÁRIO

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Temática: êxodo rural. Personagens: Honório, Henriqueta (pais do narrador) e o narrador (caboclo das margens do rio Nini, afluente do Machado).

RESUMO

O narrador nasceu e cresceu às margens do rio Nini. Os pais (Honório e Henriqueta) morreram de malária, já velhos. Não suportaram a dose de quinino e atebrina.

A vida era completa ali. Tinha a canoa, peixes no rio, galinhas no terreiro e frutas do mato.

Casou-se com uma curiboca. Vieram três filhos. Vida feliz e farta. Vendia piaçava e, em troca, vinham mantimentos: sal, açúcar, querosene e alguma chita ou brim para a roupa da mulher e dos filhos.

Por influência da mulher, mudou-se para a cidade. A vida piorou. A casa é feita de papelão e zinco. Tudo longe, tudo comprado. Os meninos passam o dia inteiro na rua. A opção de comida, às vezes, é a lixeira municipal. Emprego não existe. E ainda há a ameaça de ser expulso do terreno comprado na invasão.

A vontade do narrador é voltar para as margens do Nini. Mas como? O sítio foi vendido pelo irmão.

Espera

DADOS TÉCNICOS Narrativa na primeira pessoa. Temática: traição amorosa (sem violência). Cenário: região ribeirinha. Linguagem poética. Personagens: o narrador (caboclo ribeirinho), a esposa dele (abandonou-o e fugiu com outro homem, possivelmente, um regatão).

RESUMO O narrador, morador da beira-rio, perdeu sua companheira para um homem

branco de barba dourada (possivelmente, um regatão). O texto é quase um poema, em que o amante lamenta a perda da amada.

Mesmo sabendo que ela pode voltar desfigurada, mais velha, ele a espera pacificamente, pronto para perdoá-la.

O Torturador

DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Traços do Realismo Fantástico. Temática: crítica política e/ou humor negro.

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ESTUDO LITERÁRIO

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Cenário citadino. Visão futurista e absurda da realidade: um homem é torturado em domicílio.

RESUMO

O torturador andava bem vestido, de paletó e gravata, carregando uma pasta na mão. Parecia um advogado. Às vezes, vinha todo de branco, como se fosse médico. A superlotação nos presídios fez que ele torturasse em domicílio. Vinha uma vez por semana, sempre às quatro horas da tarde.

Um ano de tortura regular e ele já sentia pena de sua vítima. Já não se utilizava de métodos brutais. Aplicava choques elétricos mais brandos. Certo domingo, visitou a família do torturado e levou frutas e doces para as duas filhas do casal.

Quando o torturado estava em estado lastimável, levou um médico especialista em recuperação de feridos de guerra.

Por sua vez, o torturado também já demonstrava afeição pelo torturador. Chegou mesmo a convidá-lo para um almoço no domingo, com a família.

Antes metódico e costumeiro, com o tempo, deixou de ser pontual, chegando atrasado e até faltando às sessões de tortura.

Certo dia, com expressão de tristeza, declarou que não voltaria mais àquela casa para o trabalho de tortura. Despediu-se, veria o cliente no além.

– Não, não nos veremos. Eu vou para o céu.

Joaquim dos Prazeres DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Temática regionalista. Personagens: Joaquim dos Prazeres, Dona Redonda (esposa), Zé Rabinho (empregado), Dona Quitéria (cozinheira de muita tradição).

RESUMO

Joaquim dos Prazeres era rico, respeitado e temido. Bebia um litro de cachaça e era como se bebesse água. Tinha apenas dois empregados: Dona Quitéria, cozinheira de muita tradição, e Zé Rabinho, camarada de bunda chata que cuidava de quase todos os afazeres da casa.

A mulher de Joaquim chamava-se Dona Redonda por causa do excesso de gordura. Vivia da cadeira de balanço para o quarto e vice-versa.

Zé Rabinho tinha profundo respeito pelo patrão, medo mesmo. Zé era caçador de fama. Na casa do patrão, havia sempre paca, cutia, mutum e outras caças.

ESTUDO LITERÁRIO

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Cenário citadino. Visão futurista e absurda da realidade: um homem é torturado em domicílio.

RESUMO

O torturador andava bem vestido, de paletó e gravata, carregando uma pasta na mão. Parecia um advogado. Às vezes, vinha todo de branco, como se fosse médico. A superlotação nos presídios fez que ele torturasse em domicílio. Vinha uma vez por semana, sempre às quatro horas da tarde.

Um ano de tortura regular e ele já sentia pena de sua vítima. Já não se utilizava de métodos brutais. Aplicava choques elétricos mais brandos. Certo domingo, visitou a família do torturado e levou frutas e doces para as duas filhas do casal.

Quando o torturado estava em estado lastimável, levou um médico especialista em recuperação de feridos de guerra.

Por sua vez, o torturado também já demonstrava afeição pelo torturador. Chegou mesmo a convidá-lo para um almoço no domingo, com a família.

Antes metódico e costumeiro, com o tempo, deixou de ser pontual, chegando atrasado e até faltando às sessões de tortura.

Certo dia, com expressão de tristeza, declarou que não voltaria mais àquela casa para o trabalho de tortura. Despediu-se, veria o cliente no além.

– Não, não nos veremos. Eu vou para o céu.

Joaquim dos Prazeres DADOS TÉCNICOS

Narrativa na terceira pessoa. Temática regionalista. Personagens: Joaquim dos Prazeres, Dona Redonda (esposa), Zé Rabinho (empregado), Dona Quitéria (cozinheira de muita tradição).

RESUMO

Joaquim dos Prazeres era rico, respeitado e temido. Bebia um litro de cachaça e era como se bebesse água. Tinha apenas dois empregados: Dona Quitéria, cozinheira de muita tradição, e Zé Rabinho, camarada de bunda chata que cuidava de quase todos os afazeres da casa.

A mulher de Joaquim chamava-se Dona Redonda por causa do excesso de gordura. Vivia da cadeira de balanço para o quarto e vice-versa.

Zé Rabinho tinha profundo respeito pelo patrão, medo mesmo. Zé era caçador de fama. Na casa do patrão, havia sempre paca, cutia, mutum e outras caças.

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ESTUDO LITERÁRIO

16

Certa vez, Joaquim dos Prazeres foi evacuar no mato e, na metade do serviço, ouviu um barulho atrás, nas folhas. Virou-se apressado e deu de cara com Zé Rabinho observando-o. A partir daí, não encarou mais o empregado.

Certo dia, após um terrível pesadelo, embarcou no seu Amélia e desapareceu. Zé Rabinho passou a receber o dinheiro dos aluguéis e do castanhal e guardá-lo num quartinho atrás do casarão.

No dia em que Dona Redonda morreu, para surpresa de todos, Joaquim dos Prazeres apareceu. Depois do enterro, alforriou Dona Quitéria, deu-lhe uma das casinhas e prometeu pagar-lhe uma pensão. Foram três dias de silêncio. Então, chamou Rabinho e, sem olhar para ele, perguntou:

"– Cadê o meu dinheiro?" Rabinho, sem palavras, foi até o quartinho e voltou com um maço de notas e um

saco de moedas. O patrão contou tudo. Encarou-o pela primeira vez e disse: "– Aqui falta a metade." Rabinho voltou ao quartinho e trouxe mais um maço de notas. Joaquim dos Prazeres

contou novamente e concluiu: "– Ainda falta um bocado, mas você fez muito bem." "Numa madrugada foi embora como chegara, sem que ninguém o soubesse." Zé Rabinho tornou-se o homem mais rico do lugar. Para amenizar a solidão, propôs

à Dona Quitéria, já bem velhinha, viverem juntos. Ela aceitou. "Formavam um casal estranho, mas Rabinho vivia feliz."

Três Estórias de Zeca Dama

Dorca

DADOS TÉCNICOS Narrativa na primeira pessoa. Temática regionalista. Personagens: Zeca Dama (narrador, personagem da obra anterior do autor, O Tocador de Charamela) e Dorca. Época: início do século XX (período áureo da borracha no Amazonas). Cenário: fazenda à beira rio.

RESUMO

O narrador, Zeca Dama, conta a história de Dorca, meio gente, meio bicho. Sempre morou sozinho, nunca foi a uma cidade, nunca conheceu mulher. Enfrentava onça armado somente de terçado.

Bebia pouco. Quando o narrador dançava feito dama, preferia o Dorca. Era valente e conhecia as matas como a palma da mão. Era muito forte e metia medo em qualquer vivente. Até os patrões temiam o Dorca. Nunca lhe negavam nada.

ESTUDO LITERÁRIO

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Certa vez, Joaquim dos Prazeres foi evacuar no mato e, na metade do serviço, ouviu um barulho atrás, nas folhas. Virou-se apressado e deu de cara com Zé Rabinho observando-o. A partir daí, não encarou mais o empregado.

Certo dia, após um terrível pesadelo, embarcou no seu Amélia e desapareceu. Zé Rabinho passou a receber o dinheiro dos aluguéis e do castanhal e guardá-lo num quartinho atrás do casarão.

No dia em que Dona Redonda morreu, para surpresa de todos, Joaquim dos Prazeres apareceu. Depois do enterro, alforriou Dona Quitéria, deu-lhe uma das casinhas e prometeu pagar-lhe uma pensão. Foram três dias de silêncio. Então, chamou Rabinho e, sem olhar para ele, perguntou:

"– Cadê o meu dinheiro?" Rabinho, sem palavras, foi até o quartinho e voltou com um maço de notas e um

saco de moedas. O patrão contou tudo. Encarou-o pela primeira vez e disse: "– Aqui falta a metade." Rabinho voltou ao quartinho e trouxe mais um maço de notas. Joaquim dos Prazeres

contou novamente e concluiu: "– Ainda falta um bocado, mas você fez muito bem." "Numa madrugada foi embora como chegara, sem que ninguém o soubesse." Zé Rabinho tornou-se o homem mais rico do lugar. Para amenizar a solidão, propôs

à Dona Quitéria, já bem velhinha, viverem juntos. Ela aceitou. "Formavam um casal estranho, mas Rabinho vivia feliz."

Três Estórias de Zeca Dama

Dorca

DADOS TÉCNICOS Narrativa na primeira pessoa. Temática regionalista. Personagens: Zeca Dama (narrador, personagem da obra anterior do autor, O Tocador de Charamela) e Dorca. Época: início do século XX (período áureo da borracha no Amazonas). Cenário: fazenda à beira rio.

RESUMO

O narrador, Zeca Dama, conta a história de Dorca, meio gente, meio bicho. Sempre morou sozinho, nunca foi a uma cidade, nunca conheceu mulher. Enfrentava onça armado somente de terçado.

Bebia pouco. Quando o narrador dançava feito dama, preferia o Dorca. Era valente e conhecia as matas como a palma da mão. Era muito forte e metia medo em qualquer vivente. Até os patrões temiam o Dorca. Nunca lhe negavam nada.

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ESTUDO LITERÁRIO

17

O relato sobre Dorca, isoladamente, não constitui um conto, pois lhe falta enredo. O narrador faz desfilar suas lembranças, sem um conflito que dê base para uma história. Os três relatos, entretanto, entrelaçam-se; considerados em conjunto, formam um conto com bastante densidade.

Eurípedes

DADOS TÉCNICOS Narrativa na primeira pessoa. Temática regionalista (com violência rural). Personagem: Zeca Dama (narrador), Eurípedes (negro alto, forte), Manezinho

(paraibano, baixinho), Guilherme (o patrão, seringalista), Dorca. Época: início do século XX (período áureo da borracha no Amazonas). Cenário: fazenda à beira rio.

RESUMO Zeca Dama conta a história de Eurípedes. Negro alto, forte, era encarregado de

chicotear os seringueiros que fugiam sem acertar as contas com o patrão. Valente, ele só temia o Dorca.

Certa vez, quando estava castigando o Manezinho à frente de todos, o Dorca interveio, e Eurípedes parou na hora. Uns dois meses depois, Manezinho voltou a trabalhar.

Em junho, época da friagem, Manezinho foi levar a produção à casa grande. Eurípedes era o conferente. Manezinho estava enrolado em um cobertor por causa do frio. Os dois se olharam, e Eurípedes abaixou-se para pesar o produto. Foi quando Manezinho aplicou-lhe a primeira facada. Depois mais outra, outra mais, e pronto. Eurípedes estava morto. Seo Guilherme, o dono do seringal, gritou pelos seus homens. "Mas o Dorca se adiantou, e como um touro bravo, gritou a plenos pulmões: Ninguém toca nele e puxou Manezinho para perto de si. Ele vai embora com a família, ninguém tente impedir, nem mesmo o senhor."

E assim se deu. Se duvidar, é só perguntar ao Dorca.

Mestre Felisberto DADOS TÉCNICOS

Narrativa na primeira pessoa. Temática regionalista. Personagem: Zeca Dama (narrador), Mestre Felisberto (alto, quinze filhos, virava Curupira).

RESUMO Zeca Dama conta a história do seringueiro Mestre Felisberto: um homem

estranho. "Alto, uns dois metros." Perdera a falange do dedo indicador da mão direita por causa da mordida de uma cascavel. Mesmo assim, tocava rabeca como ninguém.

ESTUDO LITERÁRIO

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O relato sobre Dorca, isoladamente, não constitui um conto, pois lhe falta enredo. O narrador faz desfilar suas lembranças, sem um conflito que dê base para uma história. Os três relatos, entretanto, entrelaçam-se; considerados em conjunto, formam um conto com bastante densidade.

Eurípedes

DADOS TÉCNICOS Narrativa na primeira pessoa. Temática regionalista (com violência rural). Personagem: Zeca Dama (narrador), Eurípedes (negro alto, forte), Manezinho

(paraibano, baixinho), Guilherme (o patrão, seringalista), Dorca. Época: início do século XX (período áureo da borracha no Amazonas). Cenário: fazenda à beira rio.

RESUMO Zeca Dama conta a história de Eurípedes. Negro alto, forte, era encarregado de

chicotear os seringueiros que fugiam sem acertar as contas com o patrão. Valente, ele só temia o Dorca.

Certa vez, quando estava castigando o Manezinho à frente de todos, o Dorca interveio, e Eurípedes parou na hora. Uns dois meses depois, Manezinho voltou a trabalhar.

Em junho, época da friagem, Manezinho foi levar a produção à casa grande. Eurípedes era o conferente. Manezinho estava enrolado em um cobertor por causa do frio. Os dois se olharam, e Eurípedes abaixou-se para pesar o produto. Foi quando Manezinho aplicou-lhe a primeira facada. Depois mais outra, outra mais, e pronto. Eurípedes estava morto. Seo Guilherme, o dono do seringal, gritou pelos seus homens. "Mas o Dorca se adiantou, e como um touro bravo, gritou a plenos pulmões: Ninguém toca nele e puxou Manezinho para perto de si. Ele vai embora com a família, ninguém tente impedir, nem mesmo o senhor."

E assim se deu. Se duvidar, é só perguntar ao Dorca.

Mestre Felisberto DADOS TÉCNICOS

Narrativa na primeira pessoa. Temática regionalista. Personagem: Zeca Dama (narrador), Mestre Felisberto (alto, quinze filhos, virava Curupira).

RESUMO Zeca Dama conta a história do seringueiro Mestre Felisberto: um homem

estranho. "Alto, uns dois metros." Perdera a falange do dedo indicador da mão direita por causa da mordida de uma cascavel. Mesmo assim, tocava rabeca como ninguém.

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Diziam que ele virava Curupira, talvez pelo excesso de pêlos no corpo. Tinha quinze filhos, todos homens, todos trabalhadores. O patrão respeitava-o e até o convidava para tocar nas festas que promovia no barracão.

TESTES

01. Com base na leitura e análise de Navio e Outras Estórias, de Erasmo Linhares, classifique as afirmativas seguintes de verdadeiras ou falsas: 1. ( ) Na maioria dos contos, Erasmo Linhares mergulha na realidade, quase sempre

do interior do Amazonas. 2. ( ) Os contos combinam com o gosto do leitor moderno, sem tempo para histórias

longas e complexas. O autor produz relatos curtos, porém completos, de duas, três páginas.

3. ( ) Seguindo uma tendência natural, Erasmo Linhares vai-se firmando como seguidor do Realismo Fantástico.

4. ( ) Em muitos contos, o autor solta a imaginação e arrasta o leitor para as veredas da fantasia, erigindo um mundo que se caracteriza pela inverossimilhança.

5. ( ) Todos os contos do livro são narrados em terceira pessoa. 6. ( ) Na segunda parte do livro, o autor destaca três histórias de crimes passionais,

envolvendo Dorca, Eurípedes e Mestre Felisberto. 02. Com base na leitura e análise de Navio e Outras Estórias, de Erasmo Linhares,

classifique as afirmativas seguintes de verdadeiras ou falsas: 1. ( ) A obra é dividida em duas partes. A primeira, com praticamente todos os

contos, retrata a vida do interior do Amazonas. A segunda valoriza a vida citadina.

2. ( ) A segunda parte do livro, intitulada Três Histórias de Zeca Dama, contém relatos contados por Zeca Dama, personagem criado na obra O Tocador de Charamela.

3. ( ) A obra compõe-se de 23 contos curtos, quase todos retratando o interior do Amazonas.

4. ( ) A linguagem de Erasmo, em O Navio e Outras Estórias, tem vínculos fortes com o Romantismo.

5. ( ) Pode-se classificar a maioria das narrativas de Linhares na linha da crônica política.

03. Relacione corretamente: a) O Capitão b) O Navio c) Joventino d) Dona Carolina

ESTUDO LITERÁRIO

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Diziam que ele virava Curupira, talvez pelo excesso de pêlos no corpo. Tinha quinze filhos, todos homens, todos trabalhadores. O patrão respeitava-o e até o convidava para tocar nas festas que promovia no barracão.

TESTES

01. Com base na leitura e análise de Navio e Outras Estórias, de Erasmo Linhares, classifique as afirmativas seguintes de verdadeiras ou falsas: 1. ( ) Na maioria dos contos, Erasmo Linhares mergulha na realidade, quase sempre

do interior do Amazonas. 2. ( ) Os contos combinam com o gosto do leitor moderno, sem tempo para histórias

longas e complexas. O autor produz relatos curtos, porém completos, de duas, três páginas.

3. ( ) Seguindo uma tendência natural, Erasmo Linhares vai-se firmando como seguidor do Realismo Fantástico.

4. ( ) Em muitos contos, o autor solta a imaginação e arrasta o leitor para as veredas da fantasia, erigindo um mundo que se caracteriza pela inverossimilhança.

5. ( ) Todos os contos do livro são narrados em terceira pessoa. 6. ( ) Na segunda parte do livro, o autor destaca três histórias de crimes passionais,

envolvendo Dorca, Eurípedes e Mestre Felisberto. 02. Com base na leitura e análise de Navio e Outras Estórias, de Erasmo Linhares,

classifique as afirmativas seguintes de verdadeiras ou falsas: 1. ( ) A obra é dividida em duas partes. A primeira, com praticamente todos os

contos, retrata a vida do interior do Amazonas. A segunda valoriza a vida citadina.

2. ( ) A segunda parte do livro, intitulada Três Histórias de Zeca Dama, contém relatos contados por Zeca Dama, personagem criado na obra O Tocador de Charamela.

3. ( ) A obra compõe-se de 23 contos curtos, quase todos retratando o interior do Amazonas.

4. ( ) A linguagem de Erasmo, em O Navio e Outras Estórias, tem vínculos fortes com o Romantismo.

5. ( ) Pode-se classificar a maioria das narrativas de Linhares na linha da crônica política.

03. Relacione corretamente: a) O Capitão b) O Navio c) Joventino d) Dona Carolina

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e) Josivaldo

1. ( ) Discriminado pelo pai, sem emprego, sem aceitação na família e na sociedade, só lhe restou uma opção: virar ladrão e criminoso. Morreu assassinado pela polícia.

2. ( ) Desde criancinha, viciou-se em comer terra. Sem mãe, sem pai, criado por uma tia, morreu em tenra idade.

3. ( ) Depois de andar pelos rios da Amazônia e voltar sem nada para o seu país de origem, perdeu o navio e tornou-se um ébrio.

4. ( ) Bina, o Cagão, tinha as tripas frouxas. Era um jogador de futebol admirável. Tornou-se garção de um cabaré e morreu do mal das tripas.

5. ( ) Depois da tempestade, o navio sumiu. A cidade voltou a ser pasmacenta e triste. "Alegre, só Frei Otoni, que no aconchego da sacristia, sozinho, ria, ria, ria."

6. ( ) Na época das chuvas e dos ventos, tiveram que amarrá-la porque ela voava, flutuava acima da cama como um balão. Certo dia, depois de dizer um segredo ao ouvido da mãe do narrador, morreu.

04. Relacione corretamente: a) O Enterro do Xiri b) O Sátiro c) Quebra-Queixo d) Lamúria e) O Torturador

1. ( ) Tinha preferência por Joaninha, filha de dona Orlanda. Nunca falou com ela porque se achava inferior.

2. ( ) Por influência da mulher, mudou-se para a cidade. A vida piorou. Morava em casa de papelão e zinco. Tudo longe, tudo comprado. Os meninos passam o dia inteiro na rua. A opção de comida, às vezes, é a lixeira municipal. Emprego não existe. E ainda há a ameaça de ser expulso do terreno comprado na invasão.

3. ( ) Depois, dormindo em sono profundo, viu o marido chegar (trajava um túnica branca), tomar-lhe a mão e levá-la a passeio. Mas não andavam, flutuavam. Viajaram por ruas desconhecidas, de outra cidade. Enfim, chegaram. Numa sala ampla, tranqüila, dona Almira Couto da Mota Derzi descobriu que estava morta.

4. ( ) A vontade do narrador é voltar para as margens do rio Nini. Mas como? O sítio foi vendido pelo irmão.

5. ( ) Baixinho, franzino, muito conhecido no bairro, era exímio jogador de futebol. Todos o queriam no time quando iam disputar campeonato.

ESTUDO LITERÁRIO

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e) Josivaldo

1. ( ) Discriminado pelo pai, sem emprego, sem aceitação na família e na sociedade, só lhe restou uma opção: virar ladrão e criminoso. Morreu assassinado pela polícia.

2. ( ) Desde criancinha, viciou-se em comer terra. Sem mãe, sem pai, criado por uma tia, morreu em tenra idade.

3. ( ) Depois de andar pelos rios da Amazônia e voltar sem nada para o seu país de origem, perdeu o navio e tornou-se um ébrio.

4. ( ) Bina, o Cagão, tinha as tripas frouxas. Era um jogador de futebol admirável. Tornou-se garção de um cabaré e morreu do mal das tripas.

5. ( ) Depois da tempestade, o navio sumiu. A cidade voltou a ser pasmacenta e triste. "Alegre, só Frei Otoni, que no aconchego da sacristia, sozinho, ria, ria, ria."

6. ( ) Na época das chuvas e dos ventos, tiveram que amarrá-la porque ela voava, flutuava acima da cama como um balão. Certo dia, depois de dizer um segredo ao ouvido da mãe do narrador, morreu.

04. Relacione corretamente: a) O Enterro do Xiri b) O Sátiro c) Quebra-Queixo d) Lamúria e) O Torturador

1. ( ) Tinha preferência por Joaninha, filha de dona Orlanda. Nunca falou com ela porque se achava inferior.

2. ( ) Por influência da mulher, mudou-se para a cidade. A vida piorou. Morava em casa de papelão e zinco. Tudo longe, tudo comprado. Os meninos passam o dia inteiro na rua. A opção de comida, às vezes, é a lixeira municipal. Emprego não existe. E ainda há a ameaça de ser expulso do terreno comprado na invasão.

3. ( ) Depois, dormindo em sono profundo, viu o marido chegar (trajava um túnica branca), tomar-lhe a mão e levá-la a passeio. Mas não andavam, flutuavam. Viajaram por ruas desconhecidas, de outra cidade. Enfim, chegaram. Numa sala ampla, tranqüila, dona Almira Couto da Mota Derzi descobriu que estava morta.

4. ( ) A vontade do narrador é voltar para as margens do rio Nini. Mas como? O sítio foi vendido pelo irmão.

5. ( ) Baixinho, franzino, muito conhecido no bairro, era exímio jogador de futebol. Todos o queriam no time quando iam disputar campeonato.

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6. ( ) Graças à ajuda dos amigos, teve sua primeira relação sexual com uma prostituta, a Quitéria Bundona. Depois disso, perdeu a timidez. Passou a encarar as mulheres e até piscar para elas. Mandou uma carta anônima para Joaninha.

7. ( ) Um ano de tortura regular e ele já sentia pena de sua vítima. Já não se utilizava métodos brutais. Aplicava choques elétricos mais brandos. Certo domingo, visitou a família do torturado e levou frutas e doces para as duas filhas do casal.

05. Relacione corretamente: a) Joaquim dos Prazeres b) Dorca c) Eurípedes d) Mestre Felisberto e) Espera

1. ( ) Negro alto, forte, era encarregado de chicotear os seringueiros que fugiam sem acertar as contas com o patrão. Valente, ele só temia o Dorca.

2. ( ) "Alto, uns dois metros." Perdera a falange do dedo indicador da mão direita por causa da mordida de uma cascavel. Mesmo assim, tocava rabeca como ninguém. Diziam que ele virava Curupira, talvez pelo excesso de pêlos no corpo.

3. ( ) Defendeu Manezinho quando este assassinou Eurípedes, evitando a vingança dos homens do patrão.

4. ( ) Era rico, respeitado e temido. Bebia um litro de cachaça e era como se bebesse água. Tinha apenas dois empregados: Dona Quitéria, cozinheira de muita tradição, e Zé Rabinho, camarada de bunda chata que cuidava de quase todos os afazeres da casa.

5. ( ) Sempre morou sozinho, nunca foi a uma cidade, nunca conheceu mulher. Enfrentava onça armado somente de terçado. Até os patrões temiam a sua valentia.

6. ( ) O narrador, morador da beira-rio, perdeu sua amada para um homem branco de barba dourada. O texto é quase um poema, em que o amante lamenta a perda da amada.

7. ( ) Zé Rabinho tornou-se o homem mais rico do lugar. Para amenizar a solidão, propôs à Dona Quitéria, já bem velhinha, viverem juntos. Ela aceitou. "Formavam um casal estranho, mas Rabinho vivia feliz."

06. Tomando por base a leitura de O Navio e Outras Estórias, assinale a letra em que se fez a classificação incorreta do conto: a) Alfredo: narrativa na primeira pessoa; ambiente citadino.

ESTUDO LITERÁRIO

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6. ( ) Graças à ajuda dos amigos, teve sua primeira relação sexual com uma prostituta, a Quitéria Bundona. Depois disso, perdeu a timidez. Passou a encarar as mulheres e até piscar para elas. Mandou uma carta anônima para Joaninha.

7. ( ) Um ano de tortura regular e ele já sentia pena de sua vítima. Já não se utilizava métodos brutais. Aplicava choques elétricos mais brandos. Certo domingo, visitou a família do torturado e levou frutas e doces para as duas filhas do casal.

05. Relacione corretamente: a) Joaquim dos Prazeres b) Dorca c) Eurípedes d) Mestre Felisberto e) Espera

1. ( ) Negro alto, forte, era encarregado de chicotear os seringueiros que fugiam sem acertar as contas com o patrão. Valente, ele só temia o Dorca.

2. ( ) "Alto, uns dois metros." Perdera a falange do dedo indicador da mão direita por causa da mordida de uma cascavel. Mesmo assim, tocava rabeca como ninguém. Diziam que ele virava Curupira, talvez pelo excesso de pêlos no corpo.

3. ( ) Defendeu Manezinho quando este assassinou Eurípedes, evitando a vingança dos homens do patrão.

4. ( ) Era rico, respeitado e temido. Bebia um litro de cachaça e era como se bebesse água. Tinha apenas dois empregados: Dona Quitéria, cozinheira de muita tradição, e Zé Rabinho, camarada de bunda chata que cuidava de quase todos os afazeres da casa.

5. ( ) Sempre morou sozinho, nunca foi a uma cidade, nunca conheceu mulher. Enfrentava onça armado somente de terçado. Até os patrões temiam a sua valentia.

6. ( ) O narrador, morador da beira-rio, perdeu sua amada para um homem branco de barba dourada. O texto é quase um poema, em que o amante lamenta a perda da amada.

7. ( ) Zé Rabinho tornou-se o homem mais rico do lugar. Para amenizar a solidão, propôs à Dona Quitéria, já bem velhinha, viverem juntos. Ela aceitou. "Formavam um casal estranho, mas Rabinho vivia feliz."

06. Tomando por base a leitura de O Navio e Outras Estórias, assinale a letra em que se fez a classificação incorreta do conto: a) Alfredo: narrativa na primeira pessoa; ambiente citadino.

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ESTUDO LITERÁRIO

21

b) Nunca Digas Isso: narrativa na terceira pessoa; ambiente citadino, envolvendo suicídio.

c) Pentateuco: narrativa na terceira pessoa; linguagem erudita, arcaica. d) O Navio: narrativa na primeira pessoa; traços do realismo fantástico. e) Dona Carolina: narrativa na primeira pessoa; traços do Realismo Fantástico;

ambiente citadino. 07. Tomando por base a leitura de O Navio e Outras Estórias, assinale a letra com relação

incorreta entre o conto e os dados a ele referentes: a) O Homem: Bateu à porta de duas casas, pedindo comida e água, mas não lhe deram

guarida. Já no final da rua, bateu à porta de um casal de velhinhos que o acolheu. Serviram-lhe comida e bebida. Ele agradeceu, foi embora, e os velhinhos ficaram contentes.

b) Quebra-Queixo: Antônio julgava-se feio; por isso, evitava as mulheres. Desejava-as ardentemente, mas temia ser rejeitado. Assim, possuía-as no pensamento, no escuro do quarto. O trauma só desapareceu quando se casou com Joaninha, filha de dona Orlanda.

c) Joaquim dos Prazeres: A mulher de Joaquim chamava-se Dona Redonda por causa do excesso de gordura. Vivia da cadeira de balanço para o quarto e vice-versa.

d) Aroeira Pé-de-Bode: A preta velha era um mistério. Passava todos os dias, às cinco horas, em direção ao cemitério. Uns diziam que ela era feiticeira, outros que era filha de família rica. Mas ninguém sabia nada, com fundo de verdade, sobre a preta velha de cabelos brancos.

e) O Forasteiro: Chegou à cidade e ganhou logo fama de jogador invencível: baralho, sinuca, qualquer jogo ele ganhava. Todas as noites, bebia uma única dose de uísque e ia para o quarto de hotel, dormir. Não jogava apostando. Se o fizesse, ganharia muito dinheiro.

08. Relacione corretamente: a) Senhora b) O Quinze c) O Navio e Outras Estórias d) Morte e Vida Severina

1. ( ) O autor faz crítica à sociedade brasileira do século XIX: o casamento era uma

instituição financeira. 2. ( ) A história de amor entre Vicente e Conceição poderia ser o lado bom e

humano do romance. Não é. A falta de comunicação entre os dois, o desnível cultural que os separa constituem ingredientes amargos para um desfecho infeliz.

3. ( ) A seca nordestina e a conseqüente miséria são mostradas por meio da poesia, numa linguagem enxuta e direta.

ESTUDO LITERÁRIO

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b) Nunca Digas Isso: narrativa na terceira pessoa; ambiente citadino, envolvendo suicídio.

c) Pentateuco: narrativa na terceira pessoa; linguagem erudita, arcaica. d) O Navio: narrativa na primeira pessoa; traços do realismo fantástico. e) Dona Carolina: narrativa na primeira pessoa; traços do Realismo Fantástico;

ambiente citadino. 07. Tomando por base a leitura de O Navio e Outras Estórias, assinale a letra com relação

incorreta entre o conto e os dados a ele referentes: a) O Homem: Bateu à porta de duas casas, pedindo comida e água, mas não lhe deram

guarida. Já no final da rua, bateu à porta de um casal de velhinhos que o acolheu. Serviram-lhe comida e bebida. Ele agradeceu, foi embora, e os velhinhos ficaram contentes.

b) Quebra-Queixo: Antônio julgava-se feio; por isso, evitava as mulheres. Desejava-as ardentemente, mas temia ser rejeitado. Assim, possuía-as no pensamento, no escuro do quarto. O trauma só desapareceu quando se casou com Joaninha, filha de dona Orlanda.

c) Joaquim dos Prazeres: A mulher de Joaquim chamava-se Dona Redonda por causa do excesso de gordura. Vivia da cadeira de balanço para o quarto e vice-versa.

d) Aroeira Pé-de-Bode: A preta velha era um mistério. Passava todos os dias, às cinco horas, em direção ao cemitério. Uns diziam que ela era feiticeira, outros que era filha de família rica. Mas ninguém sabia nada, com fundo de verdade, sobre a preta velha de cabelos brancos.

e) O Forasteiro: Chegou à cidade e ganhou logo fama de jogador invencível: baralho, sinuca, qualquer jogo ele ganhava. Todas as noites, bebia uma única dose de uísque e ia para o quarto de hotel, dormir. Não jogava apostando. Se o fizesse, ganharia muito dinheiro.

08. Relacione corretamente: a) Senhora b) O Quinze c) O Navio e Outras Estórias d) Morte e Vida Severina

1. ( ) O autor faz crítica à sociedade brasileira do século XIX: o casamento era uma

instituição financeira. 2. ( ) A história de amor entre Vicente e Conceição poderia ser o lado bom e

humano do romance. Não é. A falta de comunicação entre os dois, o desnível cultural que os separa constituem ingredientes amargos para um desfecho infeliz.

3. ( ) A seca nordestina e a conseqüente miséria são mostradas por meio da poesia, numa linguagem enxuta e direta.

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4. ( ) A obra é dividida em duas partes. A primeira, com praticamente todos os contos, não tem título. A segunda, constituída dos três contos finais, é intitulada Três Estórias de Zeca Dama.

5. ( ) Romance narrado em terceira pessoa, numa linguagem direta, sóbria, com economia de palavras.

6. ( ) Romance narrado em terceira pessoa, numa linguagem metafórica, com excesso de adjetivos.

09. Relacione corretamente: a) O Navio b) O Homem c) O Torturador d) Dona Carolina

1. ( ) Conto de temática religiosa. 2. ( ) Em poucos dias, a orla do lago virou um verdadeiro comércio, com bancas de

produtos variados, desde peixe frito a compact disc. 3. ( ) Ao mesmo tempo em que conta a história de uma vizinha, já velha,

esquelética e com barriga enorme, o narrador faz desfilar vários personagens ligados à sua infância, todos vizinhos da mesma rua, numa cidade do interior.

4. ( ) Numa linguagem irônica, com tendência para o humor negro, o autor apresenta a maneira insólita de tratamento aos presos brasileiros quando há superlotação nos presídios.

10. Sobre os contos de O Navio e Outras Estórias, classifique as afirmativas seguintes de verdadeiras ou falsas: 1. ( ) Os personagens Juraci, Paizinho, Zeca Cueca, Seo Domingos, Tonico, Zeca

Pato, Bina (o Cagão) pertencem ao conto Dona Carolina. 2. ( ) No enterro de José (conhecido como Xiri), os carregadores, a pé, precisavam

parar de vez em quando para descansar. Pararam em frente a um barzinho e foram tomar umas doses em homenagem ao defunto. Fizeram mais: compraram uma garrafa de cachaça e derramaram na boca do morto goela abaixo.

3. ( ) O conto Dorca pertence à segunda parte do livro (Três Estórias de Zeca Dama). O herói sempre morou sozinho, nunca foi a uma cidade, nunca conheceu mulher. Temido até pelas onças.

4. ( ) No conto Eurípedes, o herói (um negro alto, forte, pago para castigar os outros trabalhadores) assassinou Manezinho, um cearense franzino, com mulher e filhos para criar. Dorca fez justiça: matou Eurípedes.

5. ( ) Mestre Felisberto tinha quinze filhos, todos homens, todos trabalhadores. O patrão respeitava-o e até o convidava para tocar nas festas que promovia no barracão.

ESTUDO LITERÁRIO

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4. ( ) A obra é dividida em duas partes. A primeira, com praticamente todos os contos, não tem título. A segunda, constituída dos três contos finais, é intitulada Três Estórias de Zeca Dama.

5. ( ) Romance narrado em terceira pessoa, numa linguagem direta, sóbria, com economia de palavras.

6. ( ) Romance narrado em terceira pessoa, numa linguagem metafórica, com excesso de adjetivos.

09. Relacione corretamente: a) O Navio b) O Homem c) O Torturador d) Dona Carolina

1. ( ) Conto de temática religiosa. 2. ( ) Em poucos dias, a orla do lago virou um verdadeiro comércio, com bancas de

produtos variados, desde peixe frito a compact disc. 3. ( ) Ao mesmo tempo em que conta a história de uma vizinha, já velha,

esquelética e com barriga enorme, o narrador faz desfilar vários personagens ligados à sua infância, todos vizinhos da mesma rua, numa cidade do interior.

4. ( ) Numa linguagem irônica, com tendência para o humor negro, o autor apresenta a maneira insólita de tratamento aos presos brasileiros quando há superlotação nos presídios.

10. Sobre os contos de O Navio e Outras Estórias, classifique as afirmativas seguintes de verdadeiras ou falsas: 1. ( ) Os personagens Juraci, Paizinho, Zeca Cueca, Seo Domingos, Tonico, Zeca

Pato, Bina (o Cagão) pertencem ao conto Dona Carolina. 2. ( ) No enterro de José (conhecido como Xiri), os carregadores, a pé, precisavam

parar de vez em quando para descansar. Pararam em frente a um barzinho e foram tomar umas doses em homenagem ao defunto. Fizeram mais: compraram uma garrafa de cachaça e derramaram na boca do morto goela abaixo.

3. ( ) O conto Dorca pertence à segunda parte do livro (Três Estórias de Zeca Dama). O herói sempre morou sozinho, nunca foi a uma cidade, nunca conheceu mulher. Temido até pelas onças.

4. ( ) No conto Eurípedes, o herói (um negro alto, forte, pago para castigar os outros trabalhadores) assassinou Manezinho, um cearense franzino, com mulher e filhos para criar. Dorca fez justiça: matou Eurípedes.

5. ( ) Mestre Felisberto tinha quinze filhos, todos homens, todos trabalhadores. O patrão respeitava-o e até o convidava para tocar nas festas que promovia no barracão.

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ESTUDO LITERÁRIO

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6. ( ) No conto Pedrinho Pedinho Pedim – Macaquinho Sauim, o herói, estranhamente, nasceu de sete meses, bem pequenininho, mas com os "troços", enormes. Quando adulto, virou atração para as mulheres.

11. Opte pela relação incorreta: a) Pentateuco: O que sobressai neste pequeno relato é o uso de palavras eruditas,

rebuscadas, às vezes arcaicas. b) Joventino: O menino magricela, a pele sobre os ossos, comia terra. Sabia o gosto de

várias terras: terra preta, areia, terra amarela. Terra amarela amassada desmancha na boca.

c) Nunca digas isso: O autor tenta provar que Rosalinda não teve culpa do que aconteceu. Ela é linda. Não tem culpa do que fazem por conta dessa beleza deslumbrante.

d) O Navio: A miniatura, fabricada por mestre Felisberto, exímio marceneiro, ocupava lugar de honra nas casas, competindo com a imagem do Sagrado Coração.

e) Donádio e o Cigano: Certo dia, cedinho, o padre dirigia-se à capela para mais uma missa e viu Donádio sentado à porta de sua casinha. Aproximou-se e descobriu que o tocador de violão havia sido assassinado.

12. Relacione corretamente: a) Dona Maroca b) Dona Firmina c) Dona Carolina d) Lourdinha e) Josias

1. ( ) Espécie de mãe de aluguel, acompanhava Aurélia às festas freqüentadas pela moça na alta sociedade carioca.

2. ( ) Morreu envenenado (comeu mandioca crua) no sertão do Ceará. 3. ( ) Casou-se com Clóvis Garcia em Quixadá. 4. ( ) Dona da fazenda Aroeiras; patroa de Chico Bento. 5. ( ) Magrinha, com a barriga enorme, chegava a voar quando o vento soprava

forte. 6. ( ) Irmã de Vicente.

13. Relacione corretamente: a) Senhora b) O Quinze c) O Navio e Outras Estórias d) Tigre no Espelho e) Morte e Vida Severina

ESTUDO LITERÁRIO

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6. ( ) No conto Pedrinho Pedinho Pedim – Macaquinho Sauim, o herói, estranhamente, nasceu de sete meses, bem pequenininho, mas com os "troços", enormes. Quando adulto, virou atração para as mulheres.

11. Opte pela relação incorreta: a) Pentateuco: O que sobressai neste pequeno relato é o uso de palavras eruditas,

rebuscadas, às vezes arcaicas. b) Joventino: O menino magricela, a pele sobre os ossos, comia terra. Sabia o gosto de

várias terras: terra preta, areia, terra amarela. Terra amarela amassada desmancha na boca.

c) Nunca digas isso: O autor tenta provar que Rosalinda não teve culpa do que aconteceu. Ela é linda. Não tem culpa do que fazem por conta dessa beleza deslumbrante.

d) O Navio: A miniatura, fabricada por mestre Felisberto, exímio marceneiro, ocupava lugar de honra nas casas, competindo com a imagem do Sagrado Coração.

e) Donádio e o Cigano: Certo dia, cedinho, o padre dirigia-se à capela para mais uma missa e viu Donádio sentado à porta de sua casinha. Aproximou-se e descobriu que o tocador de violão havia sido assassinado.

12. Relacione corretamente: a) Dona Maroca b) Dona Firmina c) Dona Carolina d) Lourdinha e) Josias

1. ( ) Espécie de mãe de aluguel, acompanhava Aurélia às festas freqüentadas pela moça na alta sociedade carioca.

2. ( ) Morreu envenenado (comeu mandioca crua) no sertão do Ceará. 3. ( ) Casou-se com Clóvis Garcia em Quixadá. 4. ( ) Dona da fazenda Aroeiras; patroa de Chico Bento. 5. ( ) Magrinha, com a barriga enorme, chegava a voar quando o vento soprava

forte. 6. ( ) Irmã de Vicente.

13. Relacione corretamente: a) Senhora b) O Quinze c) O Navio e Outras Estórias d) Tigre no Espelho e) Morte e Vida Severina

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ESTUDO LITERÁRIO

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1. ( ) Havia uma idade limite para a mulher se casar: vinte anos. Se não o fizesse, passava a ser um peso para a família.

2. ( ) O autor problematiza a atividade do escritor: suas frustrações, seus dramas interiores, a dificuldade de sobrevivência, a busca da fama.

3. ( ) A temática da seca nordestina vira poesia sem perder o lado pessimista e trágico que a caracteriza.

4. ( ) O dinheiro exerce papel importante na trama do livro, aparecendo ora como herói, ora como vilão.

5. ( ) A história de amor principal do livro termina em separação, sem perspectiva de felicidade.

6. ( ) A história de amor principal do livro termina em união, selando uma felicidade sem fim.

7. ( ) As histórias de Zeca Dama documentam a vida do interior amazônico no início do século XX.

14. Identifique o texto seguinte: "Já adulto, não conseguia emprego por causa da cor. O pai não o ajudava. Só lhe

restava uma opção: roubar. Começou roubando pão; tornou-se, depois, um bandido perigoso, com a cabeça posta a prêmio. Tornou-se Tião de Fogo, ladrão e matador."

a) Joventino b) Dona Carolina c) O Navio d) O Torturador e) Josivaldo

15. Identifique o texto seguinte: "Certo dia, ele sentiu-se leve e voou acima das montanhas, uma visão esplêndida.

Muitas terras e de todas as cores. Não via mais as pessoas. Nem precisava. Aquilo só podia ser o caminho do céu."

a) Joventino b) Eurípedes c) Dorca d) Mestre Felisberto e) O Capitão

16. Identifique o texto seguinte: "Para espanto de todos, tomou a noiva do Damião, um lutador de sumô. Espanto

maior foi a esposa do Gerente do Banco Itaú deixar o marido e andar atrás do conquistador.

A última conquista foi a mulher do Prefeito. O marido, enciumado, expulsou da cidade o Don Juan."

ESTUDO LITERÁRIO

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1. ( ) Havia uma idade limite para a mulher se casar: vinte anos. Se não o fizesse, passava a ser um peso para a família.

2. ( ) O autor problematiza a atividade do escritor: suas frustrações, seus dramas interiores, a dificuldade de sobrevivência, a busca da fama.

3. ( ) A temática da seca nordestina vira poesia sem perder o lado pessimista e trágico que a caracteriza.

4. ( ) O dinheiro exerce papel importante na trama do livro, aparecendo ora como herói, ora como vilão.

5. ( ) A história de amor principal do livro termina em separação, sem perspectiva de felicidade.

6. ( ) A história de amor principal do livro termina em união, selando uma felicidade sem fim.

7. ( ) As histórias de Zeca Dama documentam a vida do interior amazônico no início do século XX.

14. Identifique o texto seguinte: "Já adulto, não conseguia emprego por causa da cor. O pai não o ajudava. Só lhe

restava uma opção: roubar. Começou roubando pão; tornou-se, depois, um bandido perigoso, com a cabeça posta a prêmio. Tornou-se Tião de Fogo, ladrão e matador."

a) Joventino b) Dona Carolina c) O Navio d) O Torturador e) Josivaldo

15. Identifique o texto seguinte: "Certo dia, ele sentiu-se leve e voou acima das montanhas, uma visão esplêndida.

Muitas terras e de todas as cores. Não via mais as pessoas. Nem precisava. Aquilo só podia ser o caminho do céu."

a) Joventino b) Eurípedes c) Dorca d) Mestre Felisberto e) O Capitão

16. Identifique o texto seguinte: "Para espanto de todos, tomou a noiva do Damião, um lutador de sumô. Espanto

maior foi a esposa do Gerente do Banco Itaú deixar o marido e andar atrás do conquistador.

A última conquista foi a mulher do Prefeito. O marido, enciumado, expulsou da cidade o Don Juan."

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a) Espera b) Lamúria c) Pentateuco d) O Homem e) Pedrinho, Pedinho, Pedim – Macaquinho Sauim

17. Identifique o texto seguinte: "Quando os parceiros da cidade esgotaram-se, começou a freqüentar as fazendas

vizinhas. Sempre muito elegante e educado, ninguém sabia de onde viera nem o que pretendia na região. Falavam em foragido da polícia, ricaço excêntrico e conquistador fugindo de maridos enciumados."

a) O Sátiro b) O Forasteiro c) Joventino d) O Homem e) O Enterro do Xiri

18. Identifique o texto seguinte: "Três dias depois, vieram trazer-lhe uma banda de boi que ela e um senhor elegante

arremataram num leilão, à noite. Não havia outra explicação: estava ficando doida. Foi ao médico, "que lhe receitou alguns soníferos a fim de acabar com as alucinações."

a) O Enterro do Xiri b) Lamúria c) Pentateuco d) O Sátiro e) Quebra-Queixo

19. Identifique o texto seguinte: "Certo dia, após um terrível pesadelo, embarcou no seu Amélia e desapareceu. Zé

rabinho passou a receber o dinheiro dos aluguéis e do castanhal e guardá-lo num quartinho atrás do casarão."

a) O Torturador b) O Navio c) Joaquim dos Prazeres d) O Sátiro e) Tigre no Espelho

20. Classifique as afirmativas seguintes de verdadeiras ou falsas:

ESTUDO LITERÁRIO

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a) Espera b) Lamúria c) Pentateuco d) O Homem e) Pedrinho, Pedinho, Pedim – Macaquinho Sauim

17. Identifique o texto seguinte: "Quando os parceiros da cidade esgotaram-se, começou a freqüentar as fazendas

vizinhas. Sempre muito elegante e educado, ninguém sabia de onde viera nem o que pretendia na região. Falavam em foragido da polícia, ricaço excêntrico e conquistador fugindo de maridos enciumados."

a) O Sátiro b) O Forasteiro c) Joventino d) O Homem e) O Enterro do Xiri

18. Identifique o texto seguinte: "Três dias depois, vieram trazer-lhe uma banda de boi que ela e um senhor elegante

arremataram num leilão, à noite. Não havia outra explicação: estava ficando doida. Foi ao médico, "que lhe receitou alguns soníferos a fim de acabar com as alucinações."

a) O Enterro do Xiri b) Lamúria c) Pentateuco d) O Sátiro e) Quebra-Queixo

19. Identifique o texto seguinte: "Certo dia, após um terrível pesadelo, embarcou no seu Amélia e desapareceu. Zé

rabinho passou a receber o dinheiro dos aluguéis e do castanhal e guardá-lo num quartinho atrás do casarão."

a) O Torturador b) O Navio c) Joaquim dos Prazeres d) O Sátiro e) Tigre no Espelho

20. Classifique as afirmativas seguintes de verdadeiras ou falsas:

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1. ( ) Em O Forasteiro, o protagonista comprou uma fazenda, depois mais outras vizinhas e virou fazendeiro de muitas terras e muito gado. Um dia descobriu-se que ele era foragido da polícia.

2. ( ) No conto Quebra-Queixo, o autor mostra o amor romântico, sem preconceitos, entre Antônio e Joaninha.

3. ( ) No conto O Enterro do Xiri, o autor retrata a violência por motivos fúteis numa cidade do interior.

4. ( ) No conto Lamúria, o narrador nasceu e cresceu às margens do rio Nini. A vida ali era um sofrimento. Ao migrar para a cidade grande, a família melhorou de vida: os filhos foram para escola, e o pai adaptou-se rapidamente à realidade econômica da cidade.

5. ( ) O Conto A Espera retrata a violência praticada na região ribeirinha por causa de adultério.

6. ( ) A relação entre Joaquim dos Prazeres e Rabinho terminou em tragédia. Rabinho assassinou o patrão para tomar-lhe os bens.

7. ( ) No conto Josivaldo, o autor mostra que, no interior do Amazonas, o racismo não existe. O protagonista, mesmo sendo negro, conquistou prestígio e respeito junto à comunidade.

21. A respeito de Tigre no Espelho, de Adriano Aragão, afirma-se: I – Predominam, no livro, os contos metalingüísticos em que o autor revela ao

leitor a preocupação com a construção da própria obra. II – Há, no livro, narrativas vinculadas ao Realismo Fantástico; é o caso do canto

Antes que se apague. III – Em A Condessa, o narrador faz referências a Manaus, mas o verdadeiro cenário

da história é a cidade do Rio de Janeiro. IV – Em A barata, Franz Kafka, em possível alucinação, matou Gregor Samsa,

personagem criado por ele em A Metamorfose. V – Em O contador de histórias, o personagem passa por três experiências

diferentes. Primeiro, tenta contar histórias para os colegas da repartição onde trabalha. Depois, confunde jornalismo com literatura. Por último, tenta vender o seu discurso em praça pública.

Dentre as afirmativas acima, estão corretas ou podem ser justificadas:

a) Todas. b) Somente a I, a III e a V. c) Somente a I e a V. d) Somente a I, a II e a V. e) Somente a II, a III e a V.

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1. ( ) Em O Forasteiro, o protagonista comprou uma fazenda, depois mais outras vizinhas e virou fazendeiro de muitas terras e muito gado. Um dia descobriu-se que ele era foragido da polícia.

2. ( ) No conto Quebra-Queixo, o autor mostra o amor romântico, sem preconceitos, entre Antônio e Joaninha.

3. ( ) No conto O Enterro do Xiri, o autor retrata a violência por motivos fúteis numa cidade do interior.

4. ( ) No conto Lamúria, o narrador nasceu e cresceu às margens do rio Nini. A vida ali era um sofrimento. Ao migrar para a cidade grande, a família melhorou de vida: os filhos foram para escola, e o pai adaptou-se rapidamente à realidade econômica da cidade.

5. ( ) O Conto A Espera retrata a violência praticada na região ribeirinha por causa de adultério.

6. ( ) A relação entre Joaquim dos Prazeres e Rabinho terminou em tragédia. Rabinho assassinou o patrão para tomar-lhe os bens.

7. ( ) No conto Josivaldo, o autor mostra que, no interior do Amazonas, o racismo não existe. O protagonista, mesmo sendo negro, conquistou prestígio e respeito junto à comunidade.

21. A respeito de Tigre no Espelho, de Adriano Aragão, afirma-se: I – Predominam, no livro, os contos metalingüísticos em que o autor revela ao

leitor a preocupação com a construção da própria obra. II – Há, no livro, narrativas vinculadas ao Realismo Fantástico; é o caso do canto

Antes que se apague. III – Em A Condessa, o narrador faz referências a Manaus, mas o verdadeiro cenário

da história é a cidade do Rio de Janeiro. IV – Em A barata, Franz Kafka, em possível alucinação, matou Gregor Samsa,

personagem criado por ele em A Metamorfose. V – Em O contador de histórias, o personagem passa por três experiências

diferentes. Primeiro, tenta contar histórias para os colegas da repartição onde trabalha. Depois, confunde jornalismo com literatura. Por último, tenta vender o seu discurso em praça pública.

Dentre as afirmativas acima, estão corretas ou podem ser justificadas:

a) Todas. b) Somente a I, a III e a V. c) Somente a I e a V. d) Somente a I, a II e a V. e) Somente a II, a III e a V.

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RESPOSTAS

01. Com base na leitura e análise de Navio e Outras Estórias, de Erasmo Linhares,

classifique as afirmativas seguintes de verdadeiras ou falsas: 1. (V) 3. (V) 2. (V) 4. (V) 5. (F) São dezesseis contos narrados em terceira pessoa e sete contos narrados em

primeira. 6. (F) Não há crime passional (crime motivado pela paixão). Manezinho mata

Eurípedes por vingança. 02. Com base na leitura e análise de Navio e Outras Estórias, de Erasmo Linhares,

classifique as afirmativas seguintes de verdadeiras ou falsas: 1. (F) A obra é dividida em duas partes. A primeira, com praticamente todos os

contos, contém relatos de temáticas variadas, quase sempre ambientados em cidades do interior do Amazonas. A segunda retrata o ambiente do seringal e castanhal na época áurea da borracha.

2. (V) 3. (V) 4. (F) A linguagem de Erasmo, em O Navio e Outras Estórias, é simples, com

tendência para a oralidade. 5. (F) Um único relato tem aspectos políticos: O Torturador.

03. Relacione corretamente: 1. (E) 3. (A) 5. (B) 2. (C) 4. (D) 6. (D)

04. Relacione corretamente: 1. (C) 2. (D) 3. (B) 4. (D) 5. (A) 6. (C) 7. (E)

05. Relacione corretamente: 1. (C) 2. (D) 3. (B) 4. (A) 5. (B) 6. (E) 7. (A)

06. Resposta: D. A narrativa de O Navio é feita em terceira pessoa. 07. Resposta: B. Quebra-Queixo não se casou com Joaninha. 08. Relacione corretamente:

1. (A) 2. (B) 3. (D) 4. (C) 5. (B) 6. (A)

09. Relacione corretamente: 1. (B) 2. (A) 3. (D) 4. (C)

10. Sobre os contos de O Navio e Outras Estórias, classifique as afirmativas seguintes de verdadeiras ou falsas: 1. (V) 2. (V) 3. (V)

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RESPOSTAS

01. Com base na leitura e análise de Navio e Outras Estórias, de Erasmo Linhares,

classifique as afirmativas seguintes de verdadeiras ou falsas: 1. (V) 3. (V) 2. (V) 4. (V) 5. (F) São dezesseis contos narrados em terceira pessoa e sete contos narrados em

primeira. 6. (F) Não há crime passional (crime motivado pela paixão). Manezinho mata

Eurípedes por vingança. 02. Com base na leitura e análise de Navio e Outras Estórias, de Erasmo Linhares,

classifique as afirmativas seguintes de verdadeiras ou falsas: 1. (F) A obra é dividida em duas partes. A primeira, com praticamente todos os

contos, contém relatos de temáticas variadas, quase sempre ambientados em cidades do interior do Amazonas. A segunda retrata o ambiente do seringal e castanhal na época áurea da borracha.

2. (V) 3. (V) 4. (F) A linguagem de Erasmo, em O Navio e Outras Estórias, é simples, com

tendência para a oralidade. 5. (F) Um único relato tem aspectos políticos: O Torturador.

03. Relacione corretamente: 1. (E) 3. (A) 5. (B) 2. (C) 4. (D) 6. (D)

04. Relacione corretamente: 1. (C) 2. (D) 3. (B) 4. (D) 5. (A) 6. (C) 7. (E)

05. Relacione corretamente: 1. (C) 2. (D) 3. (B) 4. (A) 5. (B) 6. (E) 7. (A)

06. Resposta: D. A narrativa de O Navio é feita em terceira pessoa. 07. Resposta: B. Quebra-Queixo não se casou com Joaninha. 08. Relacione corretamente:

1. (A) 2. (B) 3. (D) 4. (C) 5. (B) 6. (A)

09. Relacione corretamente: 1. (B) 2. (A) 3. (D) 4. (C)

10. Sobre os contos de O Navio e Outras Estórias, classifique as afirmativas seguintes de verdadeiras ou falsas: 1. (V) 2. (V) 3. (V)

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4. (F) No conto Eurípedes, o herói (um negro alto, forte, pago para castigar os outros trabalhadores) foi assassinado por Manezinho.

5. (V) 6. (F) No conto Pedrinho Pedinho Pedim – Macaquinho Sauim, o herói,

estranhamente, nasceu de sete meses, bem pequenininho, e com os "troços" quase invisíveis.

11. Resposta: E. Donádio não foi assassinado. A autor insinua que ele morreu de tristeza. 12. Relacione corretamente:

1. (B) 2. (E) 3. (D) 4. (A) 5. (C) 6. (D) 13. Relacione corretamente:

1. (A) 2. (D) 3. (E) 4. (A) 5. (B) 6. (A) 7. (C)

14. Resposta: E. 15. Resposta: A. 16. Resposta: E. 17. Resposta: B. 18. Resposta: D. 19. Resposta: C. 20. Classifique as afirmativas seguintes de verdadeiras ou falsas:

1. (F) 2. (F) 3. (F) 4. (F) 5. (F) 6. (F) 7. (F)

21. Resposta: B. II – O conto Antes que se apague não tem vínculo com o Realismo Fantástico. IV – Em A barata, Franz Kafka não mata Gregor Samsa. O final do conto sugere

exatamente o contrário.

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4. (F) No conto Eurípedes, o herói (um negro alto, forte, pago para castigar os outros trabalhadores) foi assassinado por Manezinho.

5. (V) 6. (F) No conto Pedrinho Pedinho Pedim – Macaquinho Sauim, o herói,

estranhamente, nasceu de sete meses, bem pequenininho, e com os "troços" quase invisíveis.

11. Resposta: E. Donádio não foi assassinado. A autor insinua que ele morreu de tristeza. 12. Relacione corretamente:

1. (B) 2. (E) 3. (D) 4. (A) 5. (C) 6. (D) 13. Relacione corretamente:

1. (A) 2. (D) 3. (E) 4. (A) 5. (B) 6. (A) 7. (C)

14. Resposta: E. 15. Resposta: A. 16. Resposta: E. 17. Resposta: B. 18. Resposta: D. 19. Resposta: C. 20. Classifique as afirmativas seguintes de verdadeiras ou falsas:

1. (F) 2. (F) 3. (F) 4. (F) 5. (F) 6. (F) 7. (F)

21. Resposta: B. II – O conto Antes que se apague não tem vínculo com o Realismo Fantástico. IV – Em A barata, Franz Kafka não mata Gregor Samsa. O final do conto sugere

exatamente o contrário.