Epístola de Paulo aos Gálatas

Quando e onde Paulo escreveu a epístola?

A data é incerta (48 ou 49 d.C). O mais provável é que tenha sido em 49, entre o Concílio de Jerusalém e a segunda viagem missionária de Paulo.

O local provável foi Antioquia da Síria, para onde Paulo voltou após o Concílio e onde ele e Barnabé se demoraram por um tempo (leia Atos 15.30). Para quem Paulo escreveu a epístola?

Paulo escreve a epístola às congregações da Galácia do Sul formadas durante a primeira viagem missionária (leia Atos 13.13 – 14.28).

O nome “Galácia” abrange larga área da antiga Ásia Menor, sendo a parte central da Turquia moderna. Abrangia as cidades principais de Antioquia da Psídia, Icônio da Frígia, Listra e Derbe da Licaônia.

Por que Paulo escreveu a epístola aos gálatas?

Em Gálatas 1.6-10, aparece a razão para a redação da epístola. Paulo recebera informação de que os gálatas estavam se desviando do evangelho que

Galácia: hoje é parte da Turquia

ele pregara. Isto ocorreu por causa da chegada de “alguns” que perverteram o evangelho. Leia o Gl 1.6-10:

Esses “alguns” chegaram a atacar a integridade de Paulo como apóstolo

(1.10).

Ele reage escrevendo a carta. Combate a heresia no momento do surgimento, antes de se alastrar. Mas, quem era esse grupo que pervertia o evangelho? Os JUDAIZANTES!

Leia Atos 15.1:

Esses eram falsos mestres, chamados de “judaizantes”, que colocavam a

circuncisão como condição para ser salvo. Segundo eles, a vinda de Cristo não

“Alguns homens foram da região da Judéia para a cidade de Antioquia

e começaram a ensinar aos irmãos que eles não poderiam ser salvos se

não fossem circuncidados, como manda a Lei de Moisés.”

1.6 Estou muito admirado com vocês, pois estão abandonando tão

depressa aquele que os chamou por meio da graça de Cristo e estão

aceitando outro evangelho.

1.7 Na verdade não existe outro evangelho, porém eu falo assim

porque há algumas pessoas que estão perturbando vocês, querendo

mudar o evangelho de Cristo.

1.8 Mas, se alguém, mesmo que sejamos nós ou um anjo do céu,

anunciar a vocês um evangelho diferente daquele que temos anunciado,

que seja amaldiçoado!

1.9 Pois já dissemos antes e repetimos: se alguém anunciar um

evangelho diferente daquele que vocês aceitaram, que essa pessoa seja

amaldiçoada!

1.10 Por acaso eu procuro a aprovação das pessoas? Não! O que eu

quero é a aprovação de Deus. Será que agora estou querendo agradar

as pessoas? Se estivesse, eu não seria servo de Cristo.

havia libertado os homens da lei, nem significava o fim das ordenanças sagradas como a circuncisão e o sábado. A vida do cristão, por isso, baseada só na fé, sem a circuncisão e a lei, era vista como um “cristianismo de segunda classe”. Para os judaizantes, a perfeição era crer em Jesus e, além disso, observar toda lei. Só assim, segundo eles, uma pessoa tornava-se um filho de Abraão e herdeiro da Aliança.

Esses judaizantes diziam que Paulo não havia pregado o evangelho necessário para a Salvação. Para eles, Paulo não era apóstolo de primeiro escalão, pois não insistia no cumprimento da Lei. Assim, os judaizantes diziam que vieram completar o evangelho que Paulo havia pregado.

O ataque dos judaizantes tinha 3 focos: Mas, alguém dava atenção para esses judaizantes?

Infelizmente davam sim. Muitos ficavam impressionados com a alta vida moral desses judaizantes. Provavelmente Paulo tinha ouvido da atividade daqueles homens enquanto estava em Antioquia da Síria. Impossibilitado de ir pessoalmente à Galácia, como desejava (Gl 4.20), resolveu escrever a carta. Nela Paulo rebate os 3 ataques desferidos pelos judaizantes. O propósito de Paulo

Com a epístola, Paulo quer defender seu apostolado e a pregação do puro evangelho. Gálatas é considerada a Carta Maior (Carta Magna) da liberdade cristã. Ela apresenta a batalha entre “salvação pela graça de Deus versus salvação pelas obras”.

E hoje? Há pessoas que agem como os judaizantes? Há pessoas que ensinam que é necessário algum tipo de obra humana para a Salvação?

1- Diziam que Paulo não era apóstolo de verdade; 2- Diziam que o evangelho pregado por Paulo era capenga e

incompleto; 3- Diziam que a Salvação era por fé, mas também por observância da

Lei.

Destaques da Epístola

1- O tom da carta é severo tanto para os judaizantes como também na repreensão aos próprios gálatas, mas, ao mesmo tempo, transpira o grande amor que o apóstolo sentia para com eles: Tom severo: “E, quanto a esses homens que andam perturbando vocês,

eu gostaria que se castrassem de uma vez!” (Gl 5.12) Tom amoroso: “Meus queridos filhos, eu estou sofrendo por vocês,

como uma mulher que tem dores de parto. E continuarei sofrendo até que Cristo esteja vivendo em vocês.” (Gl 4.19)

2- Gálatas não é poesia é brado de guerra; 3- A Justificação pela fé é explanada em Romanos e defendida em Gálatas; 4- Lutero disse: “Gálatas é minha Catarina de Bora” (lembrando que Catarina

de Bora era a esposa de Lutero); 5- Note que Paulo não coloca ações de graças no início da epístola. Isso

mostra que Paulo queria começar a abordar o assunto. A urgência e o perigo do ataque dos judaizantes eram graves;

6- Depois de 2 Coríntios, esta é a mais biográfica da carta de Paulo, isto é, Paulo fala bastante de sua vida na epístola aos gálatas;

7- O final da carta é único: De Gálatas 6.11 em diante, o apóstolo escreve com suas próprias mãos em letras grandes (provavelmente porque já enfrentava problemas de visão):

Qual foi o resultado da epístola? Ela atingiu o propósito. Os gálatas participaram fielmente da coleta de

ofertas para os pobres de Jerusalém, mostrando assim a unidade entre as comunidades cristãs judaicas e não-judaicas.

Lemos isso em 1 Co 16.1:

“ Vejam as letras grandes que estou escrevendo com a minha própria

mão!”

“Agora vou tratar do dinheiro para ajudar o povo de Deus da Judéia.

Façam o que eu disse às igrejas da província da Galácia.”

Esboço da Epístola aos Gálatas Introdução: 1.1-10 I. A parte pessoal e histórica: 1.11-2.21 1. Não recebeu o apostolado dos apóstolos mais velhos: 1.11-24 2. As "colunas" reconheceram seu apostolado: 2.1-10 3. Até Pedro submeteu-se à sua repreensão: 2.11-14 4. Resumo de sua doutrina da salvação pela fé: 2.15-21 II. A justificação pela fé (Cap. 3 e 4) 1. A comprovação de sua doutrina (resumida em 2.16) de que os cristãos

estão livres da lei: 3.1-4.20 1.1 A salvação não é pelas obras, mas pela fé: 3.1-20

1.2 A lei, na sua essência, é de tal natureza que os cristãos têm que estar livres dela: 3.21-4.7 1.3 Porque, como aio a fim de conduzir para Cristo, a lei só tem sentido temporário: 4.8-20

2. A liberdade da lei é ilustrada pelo exemplo típico de Ismael e Isaque: 4.21-31

III. A vida no Espírito Santo: 5.1 - 6.10. As conclusões éticas: admoestação de permanecer firmes na liberdade em Cristo. 1. Advertência contra a volta ao jugo da circuncisão: 5.1-12. 2. Advertência contra o andar na carne e admoestação para o andar no Espírito: 5.13-25. 3. Admoestação para a concórdia fraternal: 5.26 - 6.10. Conclusão característica que se distingue das outras cartas: 6.11-18.