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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS EDERSON MARQUES DOLORES ESTUDO DOS NÍVEIS DE FLEXIBILIDADE DE ESCOLARES DE 7 A 16 ANOS DE IDADE DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DE DOURADOS – MS

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS

EDERSON MARQUES DOLORES

ESTUDO DOS NÍVEIS DE FLEXIBILIDADE DE ESCOLARES DE 7 A 16 ANOS DE IDADE DE UMA ESCOLA MUNICIPAL

DE DOURADOS – MS

Dourados-MS2012

CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS

EDERSON MARQUES DOLORES

ESTUDO DOS NÍVEIS DE FLEXIBILIDADE DE ESCOLARES DE 7 A 16 ANOS DE IDADE DE UMA ESCOLA MUNICIPAL

DE DOURADOS – MS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Educação Física da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde como pré-requisito para obtenção do título em Bacharelado em Educação Física.

Orientadora: Professora: Me. Zeina Hassen Mustafa

Dourados-MS

2012

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UNIGRAN

796.4D694e

Dolores, Ederson Marques

Estudo dos níveis de flexibilidade de escolares de 7 a 16 anos de idade de uma escola municipal de Dourados - MS / Ederson Marques Dolores. – Dourados : UNIGRAN, 2012. 17f. : il.

Orientadora: Prof. Ms. Zeina Hassen MustafaArtigo (Graduação em Educação Física) – UNIGRAN.

1. Educação física. 2. Flexibilidade. 3. Flexiteste. 4. Flexíndice. I. Título.

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado, em 13 de Novembro de 2012, pelos avaliadores:

___________________________________________________Professora Orientadora: Me. Zeina Hassen Mustafa

___________________________________________________Professor Me. Carlos Muchão Castilho

___________________________________________________Professor Esp. Rogério da Cruz Montes

ESTUDO DOS NÍVEIS DE FLEXIBILIDADE DE ESCOLARES DE 7 A 16 ANOS DE IDADE DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DE DOURADOS – MS

STUDY OF THE LEVELS OF FLEXIBILITY OF SCHOOL FROM 7 TO 16 YEARS OF AGE OF A SCHOOL HALL OF GOLDEN – MS

DOLORES, E¹ M; MUSTAFA, Z2 H; CASTILHO, C2

M; MONTES R2 D.

1 Discente do curso de Educação Física do Centro Universitário da Grande Dourados, Dourados / MS.

Contato: [email protected] Docente do curso de Educação Física do Centro Universitário da Grande Dourados, Dourados / MS.

Contato: [email protected]

Zeina Hassen Mustafa

Bacharel em Ciências Jurídicas (Centro Universitário da Grande Dourados - UNIGRAN; 1998), graduada em Educação Física (Centro Universitário da Grande Dourados - UNIGRAN; 2002), com especialização em Avaliação e Prescrição de Atividades Físicas (Centro Universitário da Grande Dourados - UNIGRAN; 2004) e Mestrado em Ciências da Saúde (Universidade de Brasília - UnB; 2006). Atualmente é professora do Centro Universitário da Grande Dourados - UNIGRAN, Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de Educação Física.

CARTA DE SUBMISSÃO

À Revista INTERBIO

Carta de Direitos Autorais

Carta de Direitos Autorais,

Nós autores, Ederson Marques Dolores, Zeina Hassen Mustafa, Rogério da Cruz Montes e Carlos Muchão Castilho, autores do trabalho intitulado “avaliação da flexibilidade em escolares do ensino fundamental das escolas municipais da cidade de Dourados-MS” o qual submeteremos a apreciação da Comissão Editorial da Revista eletrônica concorda que os direitos autorais a ele referentes se tornarão propriedade exclusiva da Revista INTERBIO, e fica vedada qualquer reprodução total e parcial, em qualquer outra parte ou meio de divulgação impresso sem previa autorização da revista INTERBIO. Declaramos que o artigo é original e que não se encontra sob análise em qualquer outro veículo de comunicação científica ou que tenha sido publicado em outro periódico cientifico de forma total ou parcial. Atestamos também que os autores citados no artigo participaram da concepção realização ou dos experimentos que resultam neste artigo. Declaramos também que não temos nenhum conflito de interesses com o tema abordado nem com os produtos citados

RESUMO

O objetivo deste trabalho é avaliar os níveis de flexibilidade em escolares de 7 a 16 anos do ensino fundamental da escola municipal da cidade de Dourados-MS, identificar os níveis de flexibilidade por meio do flexiteste, classificar os resultados encontrados de acordo com a literatura e estabelecer diferenças entre as variáveis idade e sexo. Este trabalho é quantitativo, descritivo e transversal. A amostra consiste de 18 crianças, com faixa etária distribuída entre 07 à 16 anos, que foram avaliadas através de um flexiteste. A análise dos dados foi feita com base em um flexíndice. Os níveis de flexibilidade em escolares de 7 a 16 anos do ensino fundamental das escolas municipais da cidade de Dourados-MS não se encontram dentro dos limites relatados na literatura como adequados para a idade e o sexo. Os resultados da avaliação mostraram que os índices de flexibilidade diminuem muito com o passar dos anos e ainda, que as mulheres têm maior flexibilidade que os homens. Apenas 22% dos meninos obtiveram uma pontuação considerada alta no flexiteste contra 78% das meninas. A análise da faixa etária mostrou uma grande diminuição da flexibilidade, para a faixa etária de 07 à 16 anos, a pontuação feminina foi de 56 (grande) à 44 (média +), e a pontuação masculina, para a mesma faixa etária, foi de 49 (média +) à 39,5 (Média -). Esses resultados evidenciaram a necessidade um trabalho específico a fim de melhorar e conservar a flexibilidade de escolares.

Palavras-chave: flexibilidade, flexiteste, flexíndice.

ABSTRACT

The objective of this study is to evaluate the levels of flexibility for students aged 7 to 16 years of basic education school in the city hall of Golden-MS, to identify levels of flexibility through flexitest, sort the results according to the literature and establish differences between age and sex. This study is quantitative, descriptive and cross. The sample consists of 18 children, aged between distributed 07 to 16 years, who were evaluated through a flexitest. Data analysis was based on a Flexindex. The levels of flexibility for students aged 7 to 16 years of basic education in municipal schools in the city of Golden-MS are not within the limits reported in the literature for age and sex. The evaluation results showed that flexibility rates decrease much over the years and yet, women have greater flexibility than men. Only 22% of boys achieved a high score in flexitest considered against 78% of girls. The analysis of age showed a large decrease in flexibility for the age group of 07 to 16 years, the female score was 56 (high) to 44 (average +), and the male score for the same age group was 49 (mean +) to 39.5 (average -). These results indicated the need for a specific job in order to improve and maintain the flexibility of school.

Keywords: flexibility, flexitest, flexindex.

Introdução

Desde o princípio da existência do ser humano, as suas atividades sofreram grandes

modificações, como ressalta Ardenghe (2007). Para a autora, com o passar dos anos as

pessoas diminuem o esforço físico das atividades diárias uma vez que sempre procuram

mais praticidade. Essa vida moderna possui algumas vantagens com relação à tecnologia

(carros, computadores, controles) que podem ser ótimos aliados da educação em geral, no

entanto, essa tecnologia também pode contribuir para um estilo de vida sedentária, para

uma alimentação inadequada, enfim, hábitos nocivos à saúde das pessoas.

Visto que esse estilo de vida está cada vez mais presente, é necessário criar

condições para que se possa induzir às pessoas a terem um estilo de vida mais saudável,

que será aliado a prática de atividade física, e esta última promoverá a manutenção e a

recuperação da saúde. Nessa luta em busca da aquisição de um estilo de vida mais

saudável a Educação Física não pode ficar de fora. Através das atividades físicas

promovidas adequadamente pelos profissionais de Educação Física é possível prevenir

doenças e remediar as já ocorrentes (SILVA, et al, 2006).

A flexibilidade é importante nesta busca porque proporciona o aumento da

qualidade dos movimentos, melhora a postura corporal, melhora a quantidade de

movimentos, previne cardiopatias e outras doenças, produz sensação de rejuvenescimento,

diminui os riscos de lesões, melhora as funções respiratórias, retarda a aparição da fadiga e

ajuda na recuperação mais rápida (GUEDES; GUEDES, 2003).

Guedes e Guedes (2003) e Silva et al. (2006), discutem que a melhor fase pra se

trabalhar a flexibilidade é na infância e adolescência, principalmente entre os 7 e 16 anos

de idade. Já a falta de exercícios de flexibilidade nessa idade pode acarretar no

encurtamento muscular e desvios de postura, é por isso que se deve dar uma atenção

especial para que se desenvolvam esses tipos de atividades nessa faixa etária.

A flexibilidade pode ser definida de várias formas, para Barbanti (2003) a

flexibilidade é a capacidade de realizar movimentos em certas articulações com amplitude

de movimento adequada. Já para Varejão et al (2007) a flexibilidade pode ser definida

como a amplitude de movimentos disponíveis em uma articulação ou conjunto de

articulações. Entre outras definições, ainda tem-se a de Heyward (2004), na qual a

flexibilidade é a capacidade de uma articulação mover-se com facilidade em sua amplitude

de movimento.

Gajdosik (2001) argumenta que de forma clínica, a flexibilidade é a máxima

amplitude articular e representa o maior comprimento muscular. Para Wilhelms et al

(2010), a melhoria da flexibilidade tem uma relação linear com o aumento da força nos

músculos devido à relação força comprimento, ou seja, havendo um aumento desta

habilidade, os exercícios podem ser executados com maior amplitude, força, facilidade e

rapidez, de maneira mais fluente e eficaz.

São vários os fatores que interferem na flexibilidade, alguns são internos, como por

exemplo, a genética, o gênero, a idade, volume muscular e adiposo, outros fatores são

externos, como treinamento, temperatura e ambiente. Com relação a esses fatores, alguns

estudos em geral mostram que a flexibilidade aumenta da infância até o princípio da

adolescência e diminui ao longo da vida. E também as mulheres são mais flexíveis do que

os homens. Estudos relatam que a maior quantidade do hormônio estrógeno no gênero

feminino, causa menor desenvolvimento da massa muscular e concentra mais água e

polissacarídeos do que no gênero masculino, diminuindo o atrito entre as fibras

musculares, sendo a responsável pela maior flexibilidade (RASSILAN, 2006).

Segundo Heyward (2004), um bom nível de saúde e qualidade de vida está

relacionado à prática regular de exercícios físicos, e é falando especificadamente desta

prática que se encontra a flexibilidade como um elemento indispensável. O aumento da

flexibilidade proporciona o aumento da qualidade dos movimentos, melhora a postura

corporal, melhora a quantidade de movimentos, previne cardiopatias e outras doenças,

produz sensação de rejuvenescimento, diminui os riscos de lesões, melhora as funções

respiratórias, retarda a aparição da fadiga e ainda ajuda em uma recuperação mais rápida.

Segundo Braccialli (2000), o aumento da flexibilidade está diretamente ligado à

melhoria dos problemas posturais. É por meio de programas de alongamentos onde a

flexibilidade da coluna vertebral é priorizada que se conseguem melhores resultados.

Como retrata Guariglia (2008), a postura pode ser definida como o estado de

equilíbrio entre os músculos e ossos com capacidade para proteger as demais estruturas do

corpo humano de traumatismos, seja na posição em pé, sentado ou deitado. Os métodos

mais conhecidos para correção postural são: exercícios físicos Reeducação Postural

Global, Pilates, colete associado a exercícios ou isolado, reorganização tônica e fásica da

postura, entre outros.

Observa-se nesses métodos que quase sempre é adotada a utilização de exercícios

de alongamentos, mostrando a relação existente nesses métodos entre a flexibilidade e a

postura.

Os músculos são fundamentais na flexibilidade devido às suas propriedades

elásticas (SILVA et al, 2006). No entanto, segundo Foss e Keteyian (2000), é a fibra

muscular que apresentará o maior potencial para o desenvolvimento da flexibilidade.

Para Franken (2010) existem alguns fatores limitantes da flexibilidade, como por

exemplo, o tecido conjuntivo que contém uma enorme variedade de células especializadas,

que realizam funções de defesa, proteção, armazenamento, transporte, ligação, conexão e

suporte geral e reparo; o colágeno, que está sempre sendo produzido e decomposto, ou

seja, se a produção exceder a decomposição, a estrutura torna-se mais resistente ao

alongamento; o tecido elástico, que desempenha um papel importante na determinação da

amplitude possível de extensibilidade das células musculares, desenvolvendo uma

variedade de funções, como disseminar estresses, aumentar a coordenação dos movimentos

rítmicos, armazenar energia, mantendo a tonicidade durante o relaxamento dos elementos

musculares, desenvolvendo defesa contra forças excessivas.

Os tendões, que são músculos conectados aos ossos por cordões rígidos que são

adaptados para resistir ao movimento em uma direção; os ligamentos, que ligam osso com

osso, tendo como principal função a sustentação de uma articulação e a fáscia, que são

todas as estruturas conectivas fibrosas, que varia em espessura e densidade de acordo com

as exigências funcionais e encontra-se, geralmente, na forma de folhas membranosas. Ela

pode ser dividida em três tipos: a fáscia superficial (pele) é composta de duas camadas, a

camada externa é denominada de panículo adiposo e a camada interna é uma membrana

fina que geralmente não tem gordura; a fáscia profunda está diretamente abaixo da fáscia

superficial, normalmente mais rígida, mais firme e mais compacta que a fáscia superficial

além de proteger e dividir o corpo separando os músculos e os órgãos viscerais internos; a

fáscia suberosa é mais profunda em volta das cavidades do corpo formando a camada

fibrosa das membranas serosas que cobrem e sustentam a víscera (pleura que reveste os

pulmões) (SILVA, BADARÓ; 2007).

Rassilan (2006) realizou estudos com o objetivo de verificar a evolução da

flexibilidade em crianças de 7 a 14 anos segundo a idade e o gênero. A autora, em uma

análise de 208 alunos, observou que as meninas foram mais flexíveis que os meninos, com

exceção apenas a idade de 10 anos. Pode-se considerar que essa diferença advém de uma

maior capacidade de estiramento e elasticidade da musculatura e dos tecidos conectivos do

sexo feminino.

Em algumas pesquisas, Glaner (2005), ao comparar a flexibilidade entre

adolescentes dos meios urbanos e rurais, encontrou resultados semelhantes, ou seja, não

contendo diferença significativa entre níveis os de flexibilidade. Já Silva et al (2006)

encontrou em suas pesquisas que as meninas não apresentam melhores níveis de

flexibilidade que os meninos, que se diz contrario à literatura. No estudo realizado por

Minatto et al. (2010) concluiu-se que a flexibilidade diminui com o aumento da idade,

sendo influenciada pela variável composição corporal.

A flexibilidade pode ser classificada como estática e dinâmica, a flexibilidade

estática é a amplitude do movimento ao redor de uma articulação, e a flexibilidade

dinâmica é a oposição ou resistência de uma articulação ao movimento em qualquer

amplitude (FERREIRA, 2008).

Segundo Gennari (2002), o alongamento é um dos principais métodos para

aumentar a flexibilidade. Os Alongamentos são exercícios voltados para o aumento da

flexibilidade muscular, que promovem o estiramento das fibras musculares, fazendo com

que elas aumentem o seu comprimento.

Os alongamentos podem reduzir as tensões musculares, relaxar o corpo,

proporcionar maior consciência corporal, deixar os movimentos mais soltos e mais leves,

prevenir lesões, preparar o corpo para as atividades físicas e ativar a circulação

(GENNARI, 2002).

Na primeira idade escolar (6-7 aos 9 anos), revelam-se tendências contraditórias,

por um lado a capacidade de flexão coxofemoral, escapular e da coluna vertebral atinge o

máximo da sua mobilidade aos 8-9 anos. Por outro lado, pode-se observar uma redução da

mobilidade dorsal escapular e diminuição da capacidade de abdução coxofemoral. Neste

período, recomenda-se a utilização de exercícios de alongamento, visando a melhora da

abdução do quadril e aumento da mobilidade dos ombros através de exercícios com

enfoque lúdico ou com a aplicação de pequenos jogos.

A segunda idade escolar (10 anos ao início da puberdade) é caracterizada como

uma fase em que a mobilidade da coluna vertebral, das articulações coxofemoral e

escapular encontram-se estabilizadas. Portanto, recomenda-se nesta fase, um trabalho de

mobilidade e exercícios de alongamento, na puberdade (meninas 11-12 anos, meninos 12-

13 anos) ocorre redução da flexibilidade decorrente do estiramento dos músculos e

ligamentos que responde tardiamente ao crescimento acelerado em estatura. Nesta fase,

torna-se necessária a realização de um trabalho de alongamento que evite sobrecargas

sobre o aparelho motor passivo (ACHOUR JÚNIOR, 2009).

Na adolescência (meninas 13-14 até 17-18 e meninos 14-15 até 18-19) o esqueleto

começou a ossificar-se e o crescimento em altura. Os princípios gerais válidos para a

adolescência são os mesmos aplicáveis aos exercícios dos adultos (ACHOUR JÚNIOR,

2009).

O flexiteste é um teste adimensional, ou seja, não há uma unidade convencional

como ângulo ou centímetros para expressar os resultados obtidos. São utilizados apenas

critérios ou mapas de análise preestabelecidos (DELGADO, 2004).

O flexiteste original é um método que consiste na medida e avaliação da

mobilidade passiva máxima de 20 movimentos articulares corporais (30 se considerados

bilateralmente), englobando as articulações do tornozelo, quadril, “tronco”, punho,

cotovelo e ombro. São feitos oito movimentos nos membros inferiores, três movimentos no

tronco e nove movimentos nos membros superiores. A numeração dos movimentos é feita

no sentido distal-proximal e cada um desses movimentos é medido em uma escala

crescente e descontinua de números inteiros de zero à quatro, dando um total de cinco

valores possíveis (ARAÚJO, ARAÚJO; 2004).

Para fazer a medida, executa-se um movimento lento (sem aquecimento) até a

obtenção do ponto máximo da amplitude e a posterior comparação entre os mapas de

avaliação e a amplitude máxima obtida pelo avaliador no avaliado. Com o somatório de

vinte movimentos isolados, obtém-se o índice geral de flexibilidade (flexíndice)

(DELGADO, 2004).

Esta pesquisa objetiva avaliar os níveis de flexibilidade em escolares de 7 a 16 anos

do ensino fundamental das escolas municipais da cidade de Dourados-MS para obter

informações sobre os níveis de flexibilidade e mobilidade articular de crianças e

adolescentes, que servirão de alerta acerca a importância de se desenvolver exercícios de

alongamento desde a infância até a vida adulta.

A avaliação da flexibilidade no ambiente escolar é muito importante porque

estraves desta pode-se detectar problemas relacionados com a aptidão física e,

consequentemente, com a saúde.

Material e Métodos

Este trabalho é quantitativo descritivo transversal que se propõem avaliar os níveis

de flexibilidade. O projeto deste estudo foi aceito pelo comitê de ética e pesquisa da

UNIGRAN.

O estudo foi realizado em uma escola municipal do município de Dourados – MS.

Foram selecionados por sorteio para compor a amostra de 18 escolares de 07 à 15 anos de

ambos os sexos, do Ensino Fundamental, sendo 9 crianças do sexo masculino e 9 crianças

do sexo feminino.

Foi obtida uma autorização por escrito da direção da escola concedendo o pedido.

Posteriormente foi enviado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) aos

pais dos alunos informando os objetivos da pesquisa e solicitando sua autorização.

As crianças foram avaliadas através do método adimensional de medida de

avaliação da flexibilidade, denominado flexiteste (ARAÚJO, 2004). Apesar de a análise do

flexiteste ser feita para cada movimento isoladamente, é possível somar os resultados e

obter um índice geral de flexibilidade, denominado flexíndice, variando de 0 a 80.

Os resultados foram representados segundo a classificação proposta por Araújo

( 2004):

Muito pequena = 0;

Pequena = 1;

Média = 2;

Grande = 3;

Muito grande = 4.

Foi garantido aos alunos o direito de não participarem ou a possibilidade de

abandonar em qualquer momento a pesquisa. O nome das crianças foi mantido em sigilo.

Durante os testes foram tomados todos os cuidados necessários para que nenhuma criança

fosse exposta a nenhum tipo de estresse.

Resultados e Discussão

Uma pesquisa realizada por Rassilan e Guerra (2006) mostrou que na maioria das

idades as meninas apresentam índices de flexibilidade com valores superiores aos meninos

e que ainda, os mesmos índices tendem a diminuir com o aumento da idade, esse resultado

encontrado por Rassilan e Guerra corrobora os resultados encontrados neste trabalho.

Em sua pesquisa, Cruz et al. (2010) também encontrou que a flexibilidade diminui

de acordo com a idade, no entanto o gênero feminino não apresenta esta característica de

forma plausível, mostrando que o sexo feminino é mais flexível que o masculino e que essa

diferença se mantém ao longo de toda a vida.

Nesta pesquisa são apresentados os resultados em comparação entre o gênero e a

idade e a pontuação no flexíndice, encontrados na tabela 01. Observou-se que as meninas

apresentaram um índice de flexibilidade bem maior que os meninos, no entanto, ambos

tiveram um decréscimo de flexibilidade com o aumento da idade, assim como nos estudos

de Rassilan e Guerra (2006).

Na tabela 01 estão apresentados os resultados por meio da soma dos pontos obtidos

na aplicação do flexíndice entre os gêneros feminino e masculino. Cada pontuação foi

obtida com a soma de 20 articulações, sendo elas: flexão do tornozelo, extensão do

tornozelo, flexão do joelho, extensão do joelho, flexão do quadril, extensão do quadril,

adução do quadril, abdução do quadril, flexão do tronco, extensão do tronco, flexão lateral

do tronco, flexão do punho, extensão do punho, flexão do cotovelo, extensão do cotovelo,

adução posterior do ombro com 180° de abdução, extensão com adução posterior do

ombro, extensão posterior do ombro, rotação lateral do ombro com 90° de abdução e

cotovelo flexionado a 90° e rotação medial do ombro com 90° de abdução e cotovelo

flexionado a 90°.

Tabela 01: Pontuação no flexíndice entre os gêneros feminino e masculino e a faixa etária de 07 à 16 anos.

GênerosIdade

07 08 09 10 11 12 13 14 15

Feminino 63 54 51 54 57 54 52 46 42Masculino 54 49 44 54 46 45 50 46 33

Em uma rápida análise, observa-se que o gênero feminino obteve maior pontuação

com o decorrer da idade. O sexo feminino, por possuir um nível muito alto de estrógenos

que leva à retenção de água e por apresentar menor pausa muscular e menor densidade

tecidual do que o sexo masculino apresenta um maior índice de flexibilidade (WEINECK,

1999). Observa-se também, que quase não há ganho de flexibilidade com o passar do

tempo, o que é muito preocupante, uma vez que a amostra representa uma população ativa

e em desenvolvimento. Essa perda de flexibilidade pode ser devido a estímulos

insuficientes ou uma prática ineficiente de atividade física.

A tabela 01 ainda apresenta valores referentes à idade, nela está transcrito que a

partir da evolução da idade corresponde uma diminuição do nível de flexibilidade. A

flexibilidade é bastante específica para cada articulação, sendo assim, ela pode variar de

indivíduo para indivíduo, e até no mesmo indivíduo. Em geral, a redução da flexibilidade

com o passar dos anos, parece estar ligada a uma diminuição da capacidade de

estiramentos dos tendões, ligamentos e músculos, devido à perda de água, fibras elásticas e

mucopolissacarídeos.

A tabela 02 mostra em estratos os valores médios da pontuação no flexiteste e a

classificação conforme o flexíndice.

Tabela 2: Pontuação média no flexisteste e classificação no flexíndice.

GênerosIdade

07 a 09 10 11 a 13 14 a 16

Feminino Grande Grande Grande Média +Masculino Média + Grande Média + Média -

Ao analisarmos a população como um todo, observamos que 75% das meninas

tiveram uma pontuação no flexiteste classificada como grande, enquanto que somente 25%

dos meninos obtiveram essa classificação.

Com relação às faixas etárias houve um decréscimo relativamente linear da

flexibilidade, em ambos os sexos, com exceção apenas da faixa de 10 a 13 anos que

mostrou um declínio por volta dos 10 anos e depois uma ascensão por volta dos 13 anos. e

os níveis de flexibilidade também não sofrem grandes alterações, para cima ou para baixo,

ao longo da idade (RASSILAN e GUERRA, 2006);(GUEDES; GUEDES, 1997).

Conclusão

A pesquisa evidencia melhores níveis de flexibilidade no sexo feminino e ainda

uma diminuição nos índices de flexibilidade com o passar dos anos.

Isto gera certa preocupação ao se constatar que quase não há ganho de flexibilidade

com o passar dos anos, visto que a população estudada é ativa e está em desenvolvimento,

justifica-se esses resultados com o fato de que normalmente o sexo masculino sofre uma

perda de flexibilidade devido aos poucos exercícios executados ao longo da vida, em

contrapartida o sexo feminino apresenta melhor flexibilidade pelos exercícios executados

de forma direta e indireta.

A flexibilidade é resultante da capacidade de elasticidade demonstrada pelos

músculos e os tecidos conectivos, combinados à mobilidade muscular, sendo assim, a

manutenção de uma boa elasticidade dos tecidos muscular e conectivo poderá garantir a

manutenção de níveis desejados de flexibilidade.

Diante do exposto, alerta-se para o fato da necessidade de se trabalhar a

flexibilidade durante a infância e adolescência, como forma de manter bons níveis que

previnam problemas relacionados a encurtamentos musculares e a postura.

Tal perspectiva remete a importância do profissional de Educação Física, no sentido

de conscientizar toda a população da fundamental importância da flexibilidade para a

saúde.

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