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ESTUDO DE CASO:
Impactos da expansão de monocultivos
no Brasil para a produção de agrocombustíveis
Texto: Maria Luisa Mendonça
Fotos: João Ripper
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Expansão da fronteira agrícola
• O Brasil é o quarto país do mundo que mais emite gás carbônico na atmosfera. Isso ocorre principalmente em conseqüência da destruição da floresta amazônica, que representa 80% das emissões de carbono no país.
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Expansão da fronteira agrícola
• De 1996 a 2006, o aumento da expansão agrícola na Região Norte foi de 275,5%.
• Entre 1990 e 2006, houve um aumento anual de 18% das plantações de soja e de 11% da criação de gado na Amazônia.
• Entre 2006 e 2007, a safra da soja na região Norte teve um aumento de 20%.
(IBGE- Censo Agropecuário de 2006)
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Expansão do monocultivo de cana no Brasil
• Em 2006: 4,5 milhões de hectares
• Em 2008: 8,5 milhões de hectares(Dados CONAB: www.conab.gov.br)
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O monocultivo de cana não convive
com outros tipos de vegetação
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O etanol brasileiro é “renovável”?
• Entre 2007 e 2008 houve uma mudança significativa em relação a essa imagem.
• O problema de muitas pesquisas realizadas anteriormente foi excluir os impactos ambientais do modelo de produção, de utilização de recursos naturais (como terra e água) e da pressão sobre áreas de preservação ou de produção de alimentos.
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Estudos sobre mudança no uso do solo
É necessário levar em conta o impacto da implantação de monocultivos em áreas onde a vegetação e o solo acumulam uma quantidade maior de carbono, como florestas e até mesmo áreas de pastagem.
• Análises anteriores não consideraram as emissões de carbono que ocorrem quando agricultores, no mundo todo, respondem à alta dos preços e convertem florestas e pastos em novas plantações, para substituir lavouras de grãos que foram utilizadas para os biocombustíveis”.[1]
•[1] Science Magazine, 28/2/2008, Use of U.S. Cropland for Biofuels Increases Greenhouse Gases Through Emissions from Land-Use change.
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Desmatamento para cultivo de cana / Vinhoto
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Desmatamento na Amazônia para produção de diesel a partir da soja
• Resulta em uma “dívida de carbono” que levaria 319 anos para ser compensada. “Florestas e pastos guardam muito carbono, portanto não há como conseguir benefícios ao transformar essas terras em cultivos para biocombustíveis”.
(Timothy Searchinger, Universidade de Princeton)
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Estudo do Instituto de Pesquisas Tropicais Smithsonian
• A pesquisa alerta para a destruição ambiental no Brasil, causada pelo avanço das plantações de cana e soja na Amazônia, na Mata Atlântica e no Cerrado.
• De acordo com o pesquisador William Laurance, “a produção de combustível, seja de soja ou de cana, também causa um aumento no custo dos alimentos, tanto de forma direta quanto indireta”.[1]
[1] Lusa, 09/01/2008 , Estudo da “Science” diz que etanol pode ser mais nocivo ao Ambiente do que a gasolina, www.ultimahora.publico.clix.pt/noticia.
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Destruição ambiental
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Brasil é “campeão” em concentração de renda e terra
• Apesar de todo o potencial agrícola do país,14 milhões de pessoas passam fome e mais de 72 milhões vivem em situação de insegurança alimentar.
(IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
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Mito das “terras degradadas”
• Além da destruição ambiental causada pelo uso indiscriminado de recursos naturais, a expansão dos monocultivos ocupa as melhores terras agrícolas do país, substituindo a produção de alimentos e chegando a áreas de proteção ambiental na Amazônia e no Cerrado.
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Desvio de água do Rio São Francisco para irrigação
de cana no Cerrado
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A usina de Lagoa da Prata
• A água do São Francisco é utilizada em todo o processo de produção - para irrigação durante o cultivo, para lavar a cana depois da colheita e para resfriar as caldeiras no processamento. Em um dos pontos de captação, o bombeamento é de 500 litros por segundo - quantidade de água suficiente para abastecer todo o município.
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Poluição das fontes de água
• “A qualidade da água subterrânea, dos rios, do litoral e das nascentes pode ser impactada pelo crescente uso de fertilizantes e pesticidas usados nos biocombustíveis. Altos níveis de nitrogênio são a principal causa da diminuição do oxigênio em regiões conhecidas como ´zonas da morte’, as quais são letais para a maioria dos seres vivos. A poluição sedimentada em lagoas e rios também pode causar erosão do solo”.[1]
•[1] National Academies Press, Report Considers Impact of Ethanol Production on Water Resources, 10/10/07, http://www.nationalacademies.org/morenews/20071010.html
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O Cerrado brasileiro
• O cerrado é conhecido como "pai das águas", pois abastece as principais bacias hidrográficas do País. A região é tão importante por sua riqueza em biodiversidade quanto a Amazônia, pois abriga cerca de 160 mil espécies de plantas e animais, muitas ameaçadas de extinção.
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O governo elegeu o Cerrado como prioritário para a expansão das lavouras de cana
• Essa região apresenta uma topografia favorável, com terras planas, de boa qualidade, e farto potencial hídrico.
• Dados do IBGE indicam que, na safra de 2007, as lavouras de cana ocupavam 5,8 milhões de hectares no Cerrado.[1]
[1] http://www.pnud.org.br/meio_ambiente/reportagens/index.php?id01=2902&lay=mam
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Expansão da cana gera desemprego
O aumento da produção de etanol tem causado a expulsão de camponeses de suas terras e gerado dependência da chamada “economia da cana”, onde existem somente empregos precários nos canaviais.
O monopólio da terra pelos usineiros impede que outros setores econômicos se desenvolvam, gerando desemprego, estimulando a migração e a submissão de trabalhadores a condições degradantes.
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Trabalho no corte da cana
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Exploração e morte de trabalhadores
• Os trabalhadores são remunerados por quantidade de cana cortada e não por horas trabalhadas.
• A meta de cada trabalhador é cortar entre 10 e 15 toneladas de cana por dia.
• Entre 2005 e 2007, o Serviço Pastoral dos Migrantes registrou 21 mortes de trabalhadores no corte da cana em São Paulo.
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Cortadores de cana
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Trabalho Escravo
• Em 2007 e 2008, mais da metade dos trabalhadores resgatados pelo Grupo de Fiscalização do Ministério do Trabalho estavam nas plantações de cana (cerca de 3 mil por ano).
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Trabalho Degradante
• Sem registro trabalhista, sem equipamentos de proteção, sem água ou alimentação adequada, sem acesso a banheiros e vivendo em moradias precárias. Muitas vezes os trabalhadores precisam pagar por instrumentos como botas e facões. No caso de acidentes de trabalho, não recebem tratamento adequado.
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Condições de saúde dos trabalhadores
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PARECER TÉCNICO:Ministério Público do Trabalho
• Não cumprimento da legislação trabalhista • Intoxicações dos trabalhadores por produtos
químicos• Morte dos trabalhadores por inalação de gás
cancerígeno• Incidência de problemas respiratórios, pois a
queima libera gás carbônico, ozônio, gases de nitrogênio e de enxofre
• Fuligem da palha queimada (que contém substâncias cancerígenas).
(REF.: OF/PRT24ª/GAB-HISN/Nº 134/2008)
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Poluição Ambiental
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Riscos de produção de matéria-prima para agroenergia
por pequenos agricultores • Dependência a grandes empresas agrícolas, que
controlam os preços, o processamento e a distribuição da produção.
• Os camponeses são utilizados para dar legitimidade ao agronegócio, através da distribuição de certificados de "combustível social".
• A falta de uma política de apoio à produção de alimentos pode levar camponeses a substituir seus cultivos por agrocombustíveis e, com isso, comprometer a soberania alimentar.
• No Brasil, os pequenos e médios agricultores são responsáveis por 70% da produção de alimentos para o mercado interno.
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Soberania Alimentar
• É preciso garantir políticas de subsídios para a produção de alimentos provenientes da agricultura camponesa e fortalecer as organizações sociais rurais, para construir um novo modelo alicerçado na produção diversificada, no sentido de garantir a soberania alimentar de nossos países.
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Luta pela terra