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    Documento produzido em 15-08-2008

    ESTUDO DE CASO CONTROLO DE AVALIAO

    DE DFICE COGNITIVO LIGEIRO

    ENTRE TOXICODEPENDENTES E POPULAO NO CONSUMIDORA

    Palmira MoraisPsicloga Clnica

    Lus MaiaAuxiliar Professor - Beira Interior University

    Clinical Neuropsychologist, PhD (USAL - Spain)Neuroscientist, MsC (Medicine School of Lisbon - Portugal)

    Medico Legal Perit (Medicine Institute Abel Salazar - Oporto, Portugal)Graduation in Clinical Neuropsychology (USAL - Spain)

    Graduation in Investigative Proficiency on Psychobiology (USAL - Spain)Clinical Psychologist (Minho University - Portugal)

    Email:[email protected]

    RESUMO

    Estudo de caso-controlo comparando 38 sujeitos toxicodependentes e sujeitos no

    consumidores. Os resultados em desenvolvimento na rea da neurobiologia permitem esclareceras alteraes neuronais que esto na base do problema de adio a drogas. As caractersticas

    biolgicas do crebro adito e dos processos metablicos alterados so ligeiramente descritas

    neste artigo. Procura-se avaliar se o tipo de personalidade de toxicodependentes diferencia-se de

    forma exponencial quando comparados com sujeitos no consumidores. Menciona-se a

    importncia das neurocincias como mtodo auxiliar na escolha do tratamento especfico para

    pacientes com deterioro cognitivo.

    Palavras-chave: Abuso de drogas, Avaliao Neuropsicolgica, Deterioro CognitivoLigeiro, Personalidade

    INTRODUO

    O presente estudo enquadra-se numa corrente que procura associar o consumo e abuso

    regular de substncias psicoactivas com o deterioro de funes cognitivas e alteraes da

    personalidade. De acordo com a OMS o sndrome de dependncia caracterizado por a set of

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    physiological, behavioural and cognitive phenomena, where the use of a substance reaches a

    bigger priority for the individual despite other behaviours that before had greater value (WHO,

    1993). Dentro das vrias manifestaes fisiopatolgicas, a sndrome de privao consecutiva

    ausncia de consumo fora valorizada tambm, por muito tempo (Isner & Clokshi, 1989).

    O conceito de doena do crebro (Leshner, 1997) mais recente e decorreu da viabilidade

    tcnica da demonstrao, in vitro, em humanos, da reduo do metabolismo cerebral de glicose

    consecutiva a abuso agudo, das alteraes da expresso gentica e das modificaes aos

    estmulos ambientais (Koob & Bloom, 1988).

    Contribuiu, para o desenvolvimento deste conceito, o progresso da cincia do

    comportamento, ao revelar que o crebro dependente est condicionado de modo anormal e que

    os estmulos ambientais, que rodeiam a utilizao da droga, so parte integrante da dependncia

    que pode assim ser considerada como uma doena cerebral embutida num contexto social

    (Gossop, Griffits, Brandley & Strang, 1998).

    A neuropsicologia um ramo das cincias que estudam as bases biolgicas do

    comportamento, ou seja, da Psicobiologia ou da Psicologia Fisiolgica, utilizando a metodologia

    da Biologia para o estudo de fenmenos psquicos (Barroso & Junqu, 2001). Ainda segundo

    Barroso & Junqu (2001) el campo de la Neuropsicologa es ms restritivo que el de la

    Psicobiologa, pues abarca nicamente la actividad biolgica relativa al funcionamiento

    cerebral (p. 17).

    Todo este corpo emprico de conhecimento aumentou a compreenso dos processosneurobiological que esto na base deste distrbio, sendo hoje consensual a implicao de um

    conjunto de factores, sejam neuroqumicos ou neuropsicolgicos no desenvolvimento ou na

    expresso da dependncia de drogas (Teixeira, 2001).

    Os comportamentos aditivos e o consumo de drogas tem tambm sido considerado como

    um tipo especfico de doena crebro-mental crnica (Gutirrez, 2003), sendo possvel de

    diagnosticar devido a uma vasta taxonomia semiolgica (DSM-IV, 2006).

    METODOLOGIA

    Amostra

    Estudo de caso controlo, com 38 sujeitos, 19 consumidores de drogas e utilizadores de um

    servio de tratamento de toxicodependentes estatal, emparelhados com sujeitos no

    consumidores, da regio centro de Portugal (Viseu). Aspectos como sexo, idade, escolaridade

    tipo e anos de consumo bem como durao do tratamento em pacientes foram levados em

    considerao.

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    Objectivos

    Como objectivo geral deste estudo tentamos verificar as diferenas existentes com uma

    avaliao das funes cognitivas e diferenas no tipo de personalidade entre os consumidores dedrogas comparados com sujeitos no consumidores (a metodologia de estudo de caso controlo

    permitiu emparelhar os sujeitos por idade - variao de dois anos de idade - a instruo

    acadmica - variao de dois anos acadmicos - e o sexo).

    Considerando os objectivos especficos, procuramos verificar a existncia de uma diferena

    significativa com uma avaliao das funes cognitivas entre usurios de drogas e no

    consumidores; Verificar a existncia de uma diferena significativa no tipo de personalidade

    entre usurios de droga e no consumidores; Verificar se existem diferenas estatsticas

    significativas entre o nmero de anos de tratamento nos pacientes e o alcanado na avaliao doDeterioro Cognitivo Ligeiro; Verificar se existe correlao entre o tipo de abuso da substncia e

    o tipo de personalidade entre os pacientes do centro de tratamento; Verificar se existe correlao

    entre o tipo de abuso de substncia e o rpido grau de deterioro cognitivo entre pacientes

    consumidores; Verificar se existe correlao entre tipos de personalidade e avaliao do deficit

    cognitivo.

    Hipteses

    _________________________________________________________________________

    1. Existe uma diferena significativa na avaliao do dfice cognitivo ligeiro entre os utentes do CAT de Viseu

    (toxicodependentes) e populao no consumidora, constatando-se um maior dfice nos utentes do CRI do que

    na populao no consumidora.

    2. Verifica-se diferentes tipos de personalidade entre os utentes do CRI de Viseu (toxicodependentes) e populao

    no consumidora.

    3. Verifica-se que os utentes do CRI de Viseu em tratamento com durao entre 5 ou mais anos apresentam um

    maior dfice cognitivo ligeiro do que os utentes do CRI de Viseu em tratamento com durao inferior a 5 anos,

    sendo esta uma diferena estatisticamente significativa.

    4. Verifica-se que os utentes do CRI de Viseu com uma histria de consumo superior a 5 apresentam um maior

    dfice cognitivo ligeiro do que os utentes do CRI de Viseu com uma histria de consumo inferior a 5 anos,

    sendo esta uma diferena estatisticamente significativa.

    5. Verifica-se que o diferente tipo de abuso de substncias (herona, cocana e cannabis) associa-se de forma

    diferenciada com as diferentes tipologias de personalidade avaliadas pelo NEO-PI-R.

    6. Verifica-se que o abuso de substncias (herona, cocana e cannabis) associa-se de forma diferenciada com o

    grau de dfice cognitivo ligeiro entre os utentes do CRI de Viseu, havendo distino no tipo de substncia

    consumida;

    7. No existe associao entre o tipo de personalidade e a avaliao do dfice cognitivo ligeiro na amostra

    seleccionada (utentes do CRI de Viseu e populao no consumidora).

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    Como variveis foram consideradas as scio-demogrficas, dados do inventrio NEO-PI-R,

    forma complexo da Figura de Andre Rey, e da avaliao cognitiva com o Moca (Montreal

    Cognitive Assessment).

    Instrumentos

    Figura Complexa de Rey Forma A

    Este instrumento foi desenvolvido por Andr Rey em 1942 e consiste num carto com um

    desenho geomtrico complexo em preto e branco (Rey, 1999). O Teste da Figura Complexa de

    Rey-Osterrieth um dos testes neuropsicolgicos mais utilizados e referenciados em vrios

    campos das Neurocincias (Jamus & Mder, 2005).

    As Figuras Complexas de Rey (1999) renem as seguintes propriedades: ausncia de

    significado evidente, fcil realizao grfica, estrutura de conjunto suficientemente complicada

    de forma a exigir uma actividade analtica e de organizao (Oliveira, Laranjeira & Jaeger,

    2002). Mais ainda, a Figura Complexa de Rey composta por 18 unidades que, juntas, formam o

    todo da figura, sendo pontuadas de 0 a 36 pontos (Zlotnick & Agnew, 1997).

    O Teste de Figuras Complexas de Rey foi referido por Fernando & Chard (2003) como

    sendo um teste neuropsicolgico bastante usado na prtica clnica para investigar a memria

    visual, a habilidade visuoespacial e algumas funes de planeamento e execuo de aces.

    Tambm avalia a organizao, o planeamento e as habilidades de resoluo de problemas, bem

    como a memria imediata (Fernando & Chard, 2003). O objectivo avaliar o modo como o

    indivduo apreende os dados perceptivos que lhe so fornecidos e o que foi conservado

    espontaneamente pela memria (Oliveira, Laranjeira & Jaeger, 2002).

    Observando a forma como o sujeito copia a figura pode-se conhecer at certo ponto, a sua

    actividade perceptiva (Jorge & Masur, 1986). A reproduo efectuada depois de retirado o

    modelo confere indicao acerca do grau e fidelidade da memria visual que, deste modo, se

    pode comparar com o modo de percepo definido (Zlotnick & Agnew, 1997).

    A aplicao do teste simples, todavia a avaliao e a interpretao de resultados umpouco mais complexa (Jorge & Masur, 1986). solicitado ao sujeito que copie a figura e depois,

    sem aviso prvio, solicitado a reproduzi-la de memria, para que a memria imediata e a

    memria tardia possam ser avaliadas (Troyer & Wishart, 1997).

    O desenho apresentado horizontalmente e o sujeito deve copi-lo numa folha em branco

    (Zlotnick & Agnew, 1997). Alguns autores preferem a utilizao de lpis de cores diferentes para

    a cpia da figura, indicando a troca de cor de lpis de acordo com a sequncia dos elementos

    copiados (Oliveira, Rigoni, Andretta & Moraes, 2004). O objectivo desta troca de lpis

    observar a sucesso dos elementos copiados e avaliar a capacidade de desenvolvimento de

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    estratgia do examinando (Troyer & Wishart, 1997). Aps terminar a cpia solicita-se ao sujeito

    que reproduza de memria (Kim, Kim, Yi & Son, 2004).

    A avaliao tem em conta os hbitos intelectuais, a rapidez da cpia e a preciso dos

    resultados, identificando-se 7 tipos diferentes de procedimento: 1) O sujeito comea por desenhar

    o retngulo principal e os detalhes so adicionados em relao a ele; 2) O sujeito inicia com um

    detalhe ligado ao retngulo principal, ou faz o retngulo incluindo nele um outro detalhe e depois

    termina a reproduo do retngulo; 3) O sujeito comea seu desenho com o contorno geral da

    figura, sem diferenciar o retngulo central e ento adiciona os detalhes internos; 4) O sujeito

    realiza justaposio de detalhes um a um, sem uma estrutura organizada; 5) O sujeito copia partes

    discretas do desenho sem nenhuma organizao; 6) O sujeito substitui o desenho por um objecto

    similar, como um barco ou uma casa; 7) O desenho uma garatuja, na qual no se reconhece os

    elementos do modelo (Jamus & Mder, 2005).

    Montreal Cognitive Assessment- MOCA

    Para aplicar-se em 10 minutos, o MOCA uma ferramenta de rastreio cognitivo que auxilia

    a despistagem de disfuno cognitiva ligeira (MCI) e foi desenvolvido como resposta pobre

    sensibilidade do Mini-exame do estado mental (MMSE), em distinguir indivduos, com ligeira

    disfuno cognitiva de indivduos idosos normais (Nasreddine, Phillips, Bdirian, Charbonneau

    & Whitehead, 2007).

    Como j referido anteriormente por alguns autores, o denominado dfice cognitivo ligeiro uma dimenso intermediria entre um estado clnico normal de envelhecimento cognitivo e

    demncia, e reconhecido como um factor comum e de risco para a demncia, embora ainda no

    seja possvel prever o progresso funcional como um todo (Smith, Gildeh & Holmes, 2007).

    O MoCA um teste de fcil utilizao, aplicvel em indivduos com queixas de memria,

    cuja pontuao no MMSE normal (pontuao 26 a 30): assim, por xemplo, indivduos com alto

    desempenho no MoCA (pontuao de 26 a 30) podem ser tranquilizados e aqueles com

    resultados no MoCA anormais podero ser avaliados nais especificamente (Nasreddine, Phillips,

    Bdirian, Charbonneau & Whitehead, 2007).

    A verso final do MoCA utilizado neste estudo de uma pgina (30 ponto), e inclui a

    avaliao dos seguintes domnios cognitivos: ateno e concentrao, funes executivas,

    memria, linguagem, habilidades visuoconstructivas, pensamento conceptual, clculo e

    orientao (Smith, Gildeh & Holmes, 2007).

    Num estudo para validar prospectivamente o Montreal Cognitive Assessment (MoCA),

    comparativamente com o Mini-exame do estado mental (MMSE), vrios foram os resultados

    encontrados (Nasreddine, Phillips, Bdirian, Charbonneau & Whitehead, 2007). De acordo comos mesmos autores, um estudo com um coorte placar de 26, o MMSE tinha uma sensibilidade de

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    17% para detectar indivduos com MCI, em que o MoCA detectou 83%. O MMSE tinha uma

    sensibilidade de 25% para detectar indivduos com demncia, m que o MoCA detectou 94%. A

    especificidade para o MMSE foi de 100%, e para o MoCA de 50%. Dos indivduos com MCI,

    35% desenvolveram demncia dentro de 6 meses, e todos obtiveram pontuao inferior a 26

    pontos no MoCA iniciais.

    Revised NEO Personality Inventory(NEO-PI-R)

    O Inventrio de Personalidade NEO-PI-R operacionaliza o modelo dos cinco factores sendo

    uma medida de cinco dimenses da personalidade assim como de trinta traos/facetas que

    definem cada um dos domnios permitindo uma avaliao compreensiva da personalidade (Lima

    & Simes, 2000). As cinco principais dimenses, ou domnios, da personalidade - Neuroticismo

    (N), Extroverso (E), Abertura Experincia (O), Amabilidade (A) e Conscienciosidade (C) - eas suas facetas esto listadas no quadro 4 (Anastasi & Urbina, 2000, Quadro 4).

    Quadro 4: Dimenses ou domnios da personalidade (Anastasi & Urbina, 2000).

    Domnios Neurotici smo ExtroversoAbertu ra Experincia Socialiao Realizao

    Ansiedade(N1)

    Cordialidade(E1)

    Fantasia(O1)

    Confiana(A1)

    Competncia(C1)

    Hostilidade(N2)

    Gregariedade(E2)

    Esttica(O2)

    Sinceridade(A2)

    Ordem (C2)

    FacetasDepresso

    (N3)Assertividade

    (E3)Sentimentos

    (O3)Altrusmo

    (A3)

    CumprimentoDeveres (C3)

    Autoconscincia (N4)

    Actividade(E4)

    Aces (O4) Aquiescncia (A4)

    Realizao(C4)

    Impulsividade(N5)

    Busca deExcitao (E5) Ideias (O5)

    Modstia(A5)

    Autodisciplina(C5)

    Vulnerabilidade (N6)

    EmoesPositivas (E6)

    Valores (O6) Ternura (A6) Deliberao(C6)

    O questionrio de Personalidade NEO-PI-R constituido por 240 perguntas, planeadas deacordo com o modelo de personalidade dos Cinco Factores (Digman, 1990). Atravs da descrio

    do posicionamento do sujeito nas cinco dimenses, obtm-se um esquema compreensivo, que

    sintetiza o seu estilo emocional, interpessoal, experiencial, atitudinal e motivacional (Lima &

    Simes, 2003).

    Costa & McCrae (1997) consideram que as bases cientficas do instrumento NEO-PI-R no

    se alteraram desde a sua construo em 1985. Estes autores pensam que actualmente exise uma

    maior evidncia da sua capacidade compreensiva, da sua universalidade e da sua relevncia

    prtica. Afirmam que as 30 facetas escolhidas para a construo so, todavia, um temaimportante de debate mas que, sem se comprometer com elas, formam uma seleco significativa

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    de traos que podem ser produtivamente ser usadas em investigao e aplicao clnica (Costa &

    McCrae, 1997).

    Com base em Rebelo & Leal (2007), a verso portuguesa do NEO-PI-R avalia as mesmas

    dimenses da personalidade que a verso americana, apresentando boas caractersticas

    psicomtricas.

    RESULTADOS

    Amostra

    Amostra por convenincia, constituda por 38 sujeitos, sendo 19 consumidores de

    substncias (utente do Centro de Respostas Integradas CRI de Viseu) e 19 sujeitos noconsumidores de substncias (toxicodependentes). Relativamente sua caracterizao scio-

    demogrfica, apresentada no Quadro 5, verifica-se que 8 sujeitos so do sexo feminino (21,1%, 4

    consumidores de substncias e 4 no consumidores) e 30 do sexo masculino (78,9%, 15

    consumidores de substncias e 15 no consumidores), com uma mdia de idade de 30,26 anos

    (Quadro 6).

    Quadro 5: Caractersticas scio-demogrficas da amostra.

    Amostra (%)Consumidores de Substncias 50 (N=19)

    No Consumidores deSubstncias

    50 (N=19)

    Total 100 (N=38)Idade (Anos)

    N 38Mdia 32,26

    Gnero (%)Feminino 21,1 (N=8)

    Masculino 78, (N=30)Situao Laboral (%)

    Estudante 15,8 (N=&)Empregado 44,7 (N=17)

    Desempregado 34,2 (N=13)Desconhecido 5,3 (N=2)

    Estado Cvil (%)Solteiro 60,5 (N=23)

    Casado/unio de Facto 36,8 (N=14)Separado/divorciado 2,6 (N=1)

    Escolaridade (%)1 ciclo 5,3 (N=2)2 ciclo 26,3 (N=10)3 ciclo 42,1 (N=16)

    Secundrio 5,3 (N=2)Barchalato/ Licenciatura 21,1 (N=8)

    Destes, 17 encontram-se empregados (44,7%), 13 desempregados (34,2%), 6 encontram-se

    inseridos no sistema de ensino (15,8%) e apenas 2 encontram-se noutra situao laboral (situao

    desconhecida, 5,3%).

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    Relativamente ao estado civil da amostra, a grande maioria, 23 sujeitos, so solteiros

    (60,5%), seguindo-se 14 casados/unio de facto (36,8%) e apenas 1 separado/divorciado

    (2,6%).

    No que concerne ao nvel de escolaridade da amostra, 16 sujeitos concluram o 3 ciclo (42,

    1%), sendo que 8 so consumidores de substncias, 10 concluram o 2 ciclo (26,3%) em que 5

    consomem; 8 possuem bacharelato/licenciatura (21,1%), em que 4 so utentes do CRI e 2

    concluram o 1 ciclo (5,3%) em que um sujeito consome substncias (Quadro 6).

    Em relao s caractersticas especficas dos elementos da amostra que so consumidores

    de substncias (19 sujeitos, Quadro 7), observa-se que 11 so consumidores regulares entre 5-15

    anos (57,9%), 6 consumem mais de 15 anos (31,6%) e 2 sujeitos apresentam consumos

    regulares menos de 5 anos (10,5%).

    Quanto durao do tratamento realizado no CRI de Viseu, a amostra constituda por 11sujeitos cujo tratamento superior a 5 anos (57,9%) e 8 inferior a 5 anos (42,1%).

    No que diz respeito ao tipo de dependncia primria, a amostra composta por 11 sujeitos

    consumidores de herona (57,9%), 4 de cannabis (21,2%), 3 de opiceos (15,8%) e 1 de cocana

    (5,3%). Em relao ao tipo de dependncia secundria, 7 sujeitos consomem cannabis e cocana

    (36,8% cada), 2 lcool (10,5%) e 1 opiceos (5,3%), 1 MDMA (5,3%) e 1 no apresenta

    dependncia secundria (5,3%).

    Quadro 6: Caractersticas da disperso da amostra.

    ConsumidoresNoconsumidores

    Gnero (%)Feminino 10, 5 (N= 4) 10, 5 (N= 4)Masculino 39,5 (N= 15) 39,5 (N= 15)

    Nvel deEscolaridade

    1 ciclo 2,6 (N =1) 2,6(N=1)2 ciclo 13,2 (N=5) 13,2(N=5)3 ciclo 21,1 (N=8) 21,1 (N=8)secundario 2,6 (N=1) 2,6 (N=1)barchalatoLicenciatura 10,5 (N=4) 10,5 (N=4)

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    Quadro 7: Caractersticas especficas dos sujeitos consumidores (utentes CRI de Viseu).

    Anos de Consumo (%)

    Inferior a 5 anos 10,5 (N=2)Entre 5-15 anos 57,9 (N=11)

    Superior a 15 anos 31,6 (N=16)

    Anos de Tratamento (%)Inferior a 5 anos 42,1 (N=8)

    Superior a 5 anos 57,9 (N=11)

    Tipo de Dependncia Primria (%)

    Cannabis 21,1 (N=4)Cocaina 5,3 (N=1)Heroina 57,9 (N=11)

    Opiacios 15,8 (N=3)

    Tipo Dependncia Secundria (%)

    Cannabis 36,8 (N=7)Cocana 36,8 (N=7)

    Alcol 10,5 (N=2)Opiacios 5,3 (N=1)

    MDMA 5,3 (N=1)

    Nenhuma 5,3 (N=1)

    Pontuaes do instrumento MOCA

    Nos resultados no teste MOCA (Quadro 8), utilizado como ponto de referncia para a

    comparao da amostra, verifica-se que 22 no apresentam ndice de dfice cognitivo ligeiro

    (57,9%, N=38) e 16 sujeitos apresentam ndice de dfice cognitivo ligeiro (42,1%, N=38).

    Quadro 8: Resultados no Teste MOCA

    Resultados Teste MOCADfice Cognitivo Ligeiro 42,1 (N= 16)

    Normal 57,9 (N=22)

    Nos resultados no teste MOCA (Quadro 9), utilizado como ponto de referncia para a

    comparao dos dois grupos da amostra, consumidores e no consumidores de substncias,

    verifica-se que dos 16 sujeitos com ndice de dfice cognitivo ligeiro, 12 so consumidores(31,6%, N=12) e 4 so no consumidores (10,5, N=4), apresentando diferena significativa

    (Coeficiente de Pearson = 6,909; p

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    De modo a averiguar se duas variveis esto relacionadas, utilizou-se o teste do Qui-

    Quadrado. Relativamente possibilidade de uma relao entre a varivel Anos de Tratamento e

    Resultado Moca, no se verificou haver relao, tal como entre Anos de Consumo e Tipo de

    Dependncia Primria ou Secundria.

    Correlao entre instrumentos

    De modo a avaliar o grau de relaes entre as variveis dos vrios testes aplicados neste

    estudo, utilizou-se anlise de correlao e observou-se a existncia de correlao significativa

    entre as pontuaes dos instrumentos, quer na amostra em geral, quer nos seus sub-grupos

    (Quadro 9 e 10). As correlaes constatadas so as seguintes:

    Entre o factor Depresso do NEO-PI-R e o factor Nomeao do MOCA, verifica-se uma

    correlao positiva, mdia (Coeficiente de Pearson=0,342) e significativa (p

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    Entre o factor Esforo Realizado do NEO-PI-R e o factor Nomeao do MOCA, verifica-se

    uma correlao positiva (Coeficiente de Pearson=0,351) e significativa (p

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    Quadro 9: Grau de relaes entre as variveis do teste NEO-PI-R e MOCA.

    Variveisdo

    testeNEOPIRVariveisdos

    testesMOCANomeao Linguagem Abstrao Evocao

    Diferida

    Orientao MOCA

    Resultados

    Depresso

    Correlaode

    PearsonSig.(2

    tailed)

    N

    0,342

    0,036

    38

    ImpulsividadeCorrelaode

    PearsonSig.(2

    tailed)

    N

    0,345

    0,034

    38

    0,393

    0,015

    38

    GregaridadeCorrelaode

    PearsonSig.(2

    tailed)

    N

    0,392

    0,015

    38

    AssertividadeCorrelaode

    PearsonSig.(2

    tailed)

    N

    0,361

    0,026

    38

    EstticaCorrelaode

    PearsonSig.(2

    tailed)

    N

    0,400

    0,013

    38

    AcesCorrelaode

    PearsonSig.(2

    tailed)

    N

    0,331

    0,043

    38

    AltrusmoCorrelaode

    PearsonSig.(2

    tailed)

    N

    0,361

    0,002

    38

    0,492

    0.002

    38

    0,377

    0,002

    38

    ModstiaCorrelaode

    PearsonSig.(2

    tailed)

    N

    0,365

    0,024

    38

    0,404

    0,008

    38

    CompetnciaCorrelaode

    PearsonSig.(2

    tailed)

    N

    0,436

    0,006

    38

    ExtroversoCorrelaode

    PearsonSig.(2

    tailed)

    N

    0,360

    0,02

    38

    EsfororealizadoCorrelaode

    PearsonSig.(2

    tailed)

    N

    0,351

    0,031

    38

    DeliberaoCorrelaode

    PearsonSig.(2

    tailed)

    N

    0,428

    0,007

    38

    Quadro 10: Grau de relaes entre as variveis do teste NEO-PI-R e Figura Complexa.

    Variveisdo

    testeNEOPIR

    Variveisdoteste

    FiguraComplexa CpiaMemria

    Modstia

    Correlaode

    PearsonSig.(2

    tailed)

    N

    0,436

    0,006

    38

    ConscienciosidadeCorrelaode

    PearsonSig.(2

    tailed)

    N

    0,408

    0,011

    38

    VulnerabilidadeCorrelaode

    PearsonSig.(2

    tailed)

    N

    0,429

    0,007

    38

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    Outras correlaes presenciadas na anlise estatstica:

    Entre o factor Depresso do NEO-PI-R e o factor Nomeao do MOCA, verifica-se uma

    correlao positiva (Coeficiente de Pearson=0,492) e significativa (p

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    com factor Memria da Figura Complexa, observa-se uma correlao negativa (Coeficiente de

    Pearson=-0,525) e significativa (p

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    Quadro 12: Grau de relaes entre as variveis do teste NEO-PI-R e Figura Complexa,no sub-grupo da amostra, consumidores de substncias.

    Variveisdo

    testeNEOPIR

    Variveisdoteste

    FiguraComplexa CpiaMemria

    Acolhimentocaloroso

    Correlaode

    PearsonSig.(2

    tailed)

    N

    0,491

    0,033

    19

    Altrusmo

    Correlaode

    PearsonSig.(2

    tailed)

    N

    0,471

    0,041

    38

    0,525

    0,021

    19

    ModstiaCorrelaode

    PearsonSig.(2

    tailed)

    N

    0,458

    0,049

    19

    No sub-grupo da amostra, constitudo por elementos que no consomem substncias,verificam-se algumas correlaes positivas significativas (Quadro 13), nomeadamente o factor

    Depresso do NEO-PI-R com o factor Evocao Diferida do MOCA (Coeficiente de

    Pearson=0,614; p

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    Quanto s correlaes observadas entre as variveis do teste NEO-PI-R e Figura complexa,

    no sub-grupo da amostra, consumidores de substncias, encontram-se as seguintes correlaes

    significativas (Quadro 14):

    Entre o factor Extroverso do NEO-PI-R e o factor Cpia da Figura Complexa observa-se

    uma correlao positiva (Coeficiente de Pearson=0,529) e significativa (p

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    No foram constatadas correlaes entre as variveis do MOCA e da Figura Complexa de

    Rey, todavia verificaram-se altas correlaes intra-instrumentos.

    A influncia da varivel Toxicodependncia

    De forma a verificar-se a influncia varivel Toxicodependncia sobre os resultados do

    MOCA, NEO-PI-R e Figura Complexa, recorreu-se comparao de mdias utilizando o Teste T

    para amostras independentes no estudo da varivel Toxicodependncia em classes. No que

    respeita aos resultados do MOCA, no Quadro 15 apresentam-se as diferenas estatisticamente

    significativas entre a categoria Toxicodependncia nos factores Visuo-Espacial (t = -0,080;

    p=0,027), Linguagem (t = -3,214; p=0,003), Evocao Diferida (t = -3,110; p=0,004) e Resultado

    MOCA (t = -3,701; p=0,001).

    Relativamente aos resultados do NEO-PI-R verificam-se as seguintes diferenasestatisticamente significativas (Quadro 16) entre a categoria Toxicodependncia nos factores

    Neuroticismo (t = -2,220; p=0,033), Amabilidade (t = -3,214; p=0,003), Impulsividade (t =

    4,197; p=0,000), Acolhimento Caloroso (t = 3,851; p=0,000), Assertividade (t = -2,042;

    p=0,048), Procura de Excitao (t = 2,508; p=0,017), Emoes Positivas (t = 2,138; p=0,039),

    Altrusmo (t = 3,773; p=0,001), Modstia (t = 4,009; p=0,000) e Sensibilidade (t = 4,245;

    p=0,000).

    Relativamente aos resultados da Figura Complexa no se verificaram diferenas

    estatisticamente significativas em nenhum dos factores.

    Quadro 15: Teste t de diferenas significativas entre mdias da varivel Toxicodependncia

    nos factores do MOCA.

    VariveisdoMOCA T Sig.(2tailed)

    VisuoEspacial 0,080 0,027

    Linguagem 3,214 0,003

    EvocaoDiferida 3,110 0,004

    ResultadoMOCA 3,701 0,001

    A influncia da varivel Resultado MOCA

    Para verificar a influncia da varivel Resultado MOCA sobre os resultados do NEO-PI-

    R e Figura Complexa, recorreu-se comparao de mdias utilizando o Teste T para amostras

    independentes no estudo da varivel MOCA.

    Relativamente aos resultados do NEO-PI-R e da Figura Complexa no se verificaram

    diferenas estatisticamente significativas em nenhum dos factores, quando analisada a amostra

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    completa. Todavia, verificou-se a influncia da varivel Resultado MOCA, no sub-grupo de

    sujeitos consumidores, sobre o factor Memria da Figura Complexa (t = -2,293; p=0,035).

    Quadro 16: Teste t de diferenas significativas entre mdias da varivel Toxicodependncia

    nos factores do NEO-PI-R.

    VariveisdoMOCA T Sig.(2tailed)

    VisuoEspacial 0,080 0,027

    Linguagem 3,214 0,003

    EvocaoDiferida 3,110 0,004

    ResultadoMOCA 3,701 0,001

    DISCUSSO

    Neste estudo o principal objectivo era estudar as diferenas encontradas nos indicadores de

    deterioro cognitivo e o tipo de personalidade entre os paciente de um centro de interveno em

    toxicodependncias e sujeitos no consumidores, numa metodologia de emparelhamento caso-controlo.

    Deste modo, verificou-se que existe uma diferena nos resultados obtidos na avaliao de

    dfice cognitivo ligeiro entre sujeitos consumidores e no consumidores (Coeficiente de Pearson

    = 6,909) e bastante significativa (p

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    estatisticamente significativa entre os sujeitos consumidores e as facetas Neuroticismo e

    Amabilidade do NEO-PI-R.

    Relativamente amostra global, ao longo do estudo foram constatadas, algumas correlaes

    importantes de referir, tal como a relao negativa entre a varivel Impulsividade com os factores

    Evocao Diferida e Resultado MOCA. Tal facto sugere que, o conceito Impulsividade definido

    por Costa & McCrae (1997) como a incapacidade de controlar e de resistir tentaes, embora

    mais tarde o sujeito se possa arrepender de tais comportamentos (p. 12), possa influenciar o

    sujeito na realizao das provas de avaliao, reflectindo-se nos resultados que requeiram

    concentrao e memorizao (Evocao Diferida), bem como nos resultados em geral.

    Observou-se uma correlao entre o factor Assertividade com o factor Orientao que pode

    ser sustentada por Bandeira, Quaglia, Bachetti, Ferreira & Souza (2005), que referem que os

    indivduos mais assertivos so mais orientados internamente, dado que estamos perante a

    presena de caractersticas de dominncia, confiana e deciso nas reas gerais da sua vida

    (Rebelo & Leal, 2007).

    A Amabilidade refere-se a traos que levam a atitudes e a comportamentos pr-sociais,

    assim indivduos com alta pontuao neste factor possuem tendncia a serem socialmente

    agradveis, calorosos, dceis, generosos e leais (Silva, Schlottfeldt, Rozenberg & Santos, 2007).

    No domnio da Amabilidade assinala-se a existncia de uma correlao significativa na faceta

    Altrusmo, o que nos indica a presena de uma preocupao activa pelos outros, traduzida no

    auto-sacrifcio e vontade de ajudar; assim como na faceta Modstia que confirma a pouca

    preocupao consigo prprio. Pessoas com elevados nveis de altrusmo focalizam a sua ateno

    no outro, podendo mesmo menosprezar-se a si mesmo (Rebelo& Leal, 2007). Tais afirmaes

    parecem explicar os resultados obtidos na correlao negativa destas variveis com os factores

    Capacidade Visuo-Espacial, Ateno, Resultado MOCA e processo Cpia da Figura Complexa,

    dado que o sujeito ao no se preocupar consigo mesmo, poder no apresentar a ateno

    necessria para a resoluo de determinadas tarefas.

    No domnio da Conscienciosidade existem correlaes significativas nas facetas

    Competncia, que nos remete para a presena de uma forte opinio sobre as prprias aptides

    com uma relao positiva com o locus de controlo interno; e na faceta Deliberao, que nos

    remete para a presena de caractersticas de planificao e ponderao (Rebelo & Leal, 2007), o

    que explica a relao positiva destas variveis com a capacidade de orientao do sujeito.

    De forma resumida, os traos da personalidade parecem no influenciar o resultado no teste

    MOCA, que o mesmo que dizer, no parecer estarem relacionados com os dados

    neuropsicolgicos. Entretanto, neste estudo verifica-se que alguns traos da personalidade so

    mais comuns na populao de consumidores como o Neuroticismo e a Amabilidade. No teste da

    figura complexa de Rey inquiriu-se que os cidados consumidores, que tinham apresentadobaixos resultados no MOCA (indicao do deficit cognitivo moderado), tinham apresentado

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    tambm ndices mais baixos no teste da memria. Desta maneira, de equacionar uma possvel

    funo nestes resultados, sendo este um factor determinante nos resultados mais baixos no teste

    de MOCA.

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