estruturas e tectônica da zona de transição entre os blocos jequié e
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
Judiron Santos Santiago
ESTRUTURAS E TECTÔNICA DA ZONA DE TRANSIÇÃO ENTRE OS BLOCOS JEQUIÉ E
ITABUNA-SALVADOR-CURAÇÁ, REGIÃO DE ITATIM, BAHIA, BRASIL
SALVADOR/BA 2010
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Judiron Santos Santiago
ESTRUTURAS E TECTÔNICA DA ZONA DE TRANSIÇÃO ENTRE OS BLOCOS JEQUIÉ E
ITABUNA-SALVADOR-CURAÇÁ, REGIÃO DE ITATIM, BAHIA, BRASIL.
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia pela Universidade Federal da
Bahia.
Orientador: Prof. Dr. Luiz César Corrêa-Gomes
Co-orientador: Prof. Ms. Geraldo Marcelo Lima
Salvador/Bahia
2010
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TERMO DE APROVAÇÃO
Judiron Santos Santiago
ESTRUTURAS E TECTÔNICA DA ZONA DE TRANSIÇÃO ENTRE OS BLOCOS JEQUIÉ E ITABUNA-SALVADOR-CURAÇÁ, REGIÃO DE
ITATIM, BAHIA, BRASIL.
Trabalho Final de Graduação aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:
___________________________________________________________________________ 1º Examinador – Prof. Dr. Luiz César Corrêa-Gomes – Orientador IFBA / Instituto de Geociências, UFBA. ___________________________________________________________________________2º Examinador – Dr. Reginaldo Alves dos Santos CPRM ___________________________________________________________________________3ª Examinadora – Profª Drª Simone Cerqueira Pereira Cruz Instituto de Geociências, UFBA.
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a essa energia cósmica perfeita, Deus, pela saúde e
oportunidade de fazer parte desta obra unificadora que liga as mais longínquas galáxias às
menores células.
Meu eterno agradecimento, as minhas mães, Marlene e Júlia, por serem guerreiras e
ininterruptamente me proporcionar muito amor, carinho e dedicação. Á meu pai, Nilson, e
padrinho, Nadilson, pelas lições, apoio e amor.
A meus orientadores Professores César e Marcelo, pela oportunidade, discussões,
críticas e estímulos, que contribuíram para aguçar minha criatividade, conhecimento
geológico e profissional.
Aos professores que contribuíram para minha formação e crescimento acadêmico, em
especial: Antônio Marcos, Ângela Leal, Aroldo Misi, Castro, Simone Cruz, Flávio Sampaio,
Haroldo Sá, Reginaldo Alves, Olívia Oliveira e Telésforo Martinez.
Aos funcionários do Instituto de Geociências em especial, André, Bosal, Alberto,
Caetano, Gil e Ferraz
A minha companheira Rafaela, pelo companheirismo e amor, ao longo da minha
caminhada.
A meus amigos do peito Adriano (broa), Henio (dique) e Samuel (esponja), pelos
estímulos nos momentos pouco agradáveis e muitas alegrias nos momentos de lazer.
Aos meus amigos de rocha, que fui a Bruno (Metaformica), Danilo (Show), Eduardo
(Brão), Guilherme (Guiga), Rafael (Caçador), Carlos (Ganja), Fernandinha, Felipe (Dylon),
Guilherme (Zé da Gota), Wilson (Cavalinho), Diegão, Juazeiro, Cleiton (Bahia), Lusandra,
Amanda, Thiago, Janaina, Ednie, Tatiana, Ana Fábia, Michele, Nívea e, muitos outros que
tive o prazer de conviver. Valeu, mesmo!
Muito obrigado à todos por dividiram comigo a imensidão deste universo!
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“Vocês podem tudo.”
Nilson Santiago (meu pai)
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RESUMO A região de Itatim fica situada em uma mega-estrutura sigmoidal, em uma zona de transição
entre dois importantes segmentos crustais do estado de Bahia, o Bloco Jequié e o Orógeno
Itabuna-Salvador-Curaçá, normalmente associado a um regime tectônico regional sinistral.
Apesar disso, muito pouco se sabe sobre como se estruturou essa faixa de transição e a
importância das estruturas regionais na modelagem do relevo local, uma vez que, nesse local,
se encontra uma dos maiores concentrações de inselbergs do mundo, coincidentemente
alinhados segundo o trend regional N120º. Os litotipos metamórficos de alto e médio grau
encontram-se polideformadas no estado dúctil, interpretados em termo de evolução tectônica
colisional em quatro fases deformacionais progressivas. A primeira fase do estágio inicial da
colisão possui movimentação tectônica reversa, onde foi gerada uma foliação regional de
baixo mergulho, de orientação principal N030º e uma lineação de crescimento mineral dip-
slip, associada com o fácies de granulito. A segunda fase representa um estágio mais
avançado da colisão, onde se desenvolveu uma foliação de alto ângulo de orientação N120º e
um sistema de zonas de cisalhamento transpressivo dextral, marcada pela presença de grandes
alinhamentos estruturais no relevo em escala regional. A terceira fase é caracterizada por um
par conjugado de cisalhamento transcorrente dúctil (N140º e N010º). A quarta fase está
associada ao colapso gravitacional do orógeno, onde foi gerada uma foliação de baixo
mergulho. Por fim, baseado no estudo de estruturas dúcteis e indicadores de cinemáticos
associados, usando métodos de inversão foram possível adquirir a orientação 3-D dos campos
remotos de paleotensão para cada fase da evolução tectônica: (i) na fase inversa, σ1 foi
orientado a N120º e σ3 a N317º; (ii) na fase de transpressiva, σ1 N160º e σ3 N252º; (iii) na
terceira fase, σ1 N000º e σ3 N090º e; (iv) na fase de colapso, σ1 N041º e σ3 N082º. A
combinação destes dados sugere uma rotação do tensor principal de compressão (σ1) no
sentido horário, durante a evolução da colisão dextral, inserido em um cenário de evolutivo
tectônico regional sinistral. Isso pode ser explicado pela geometria de sigmoidal da zona de
colisão, com orientação N-S para um cenário sinistral e N120º para o cenário dextral de
expressão local. Uma observação interessante neste estudo é o controle tectônico-estrutural
exercido na evolução geomorfológica, cujos produtos constituem abruptas elevações de
rochas completamente isoladas na planície (inselbergs).
Palavras-chave: zona de colisão de blocos, rochas de alto grau metamórfico, análise estrutural, inselbergs, Itatim- Bahia.
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ABSTRACT
The region of Itatim is located at an important sigmoidal-shape collisional transition zone
between two important crustal segments of the state of Bahia, the Jequié Block and Itabuna-
Salvador-Curaçá Orogen, normally associated to a sinistral regional tectonic. In spite this,
little is known about how this zone was structured and the importance of regional structures in
the modelling of local relief, marked by the presence of a sea of inselbergs, aligned according
to the regional N120°-trend. The rocks are high to intermediate metamorphic grade and
polideformed at ductile state, such strain is interpreted in terms of collisional tectonic
evolution in four progressive phases of deformation. The first one, of the initial stage of the
collision, had a reverse kinematical tectonic during which was generated a regional low dip
foliation, with main orientation N030° and a lineation growth dip-slip, associated with the
granulite facies but related to metassomatic front, indicating local water fluid supply. The
second one represents a more advanced stage of the collision, where was developed a high
angle foliation with direction N120° and a system of transpressive dextral shear zones,
marked by the presence of large structural alignments in relief, on a regional scale. The third
phase was characterized by a pair of conjugate ductile shear zones (N140º e N110º). The
fourth phase, was associated with the gravitational collapse of orogenic belt, in which was
generated a foliation with low dip. Finally based on the study of ductile structures and
associated kinematic indicators, using inversion methods was possible to acquire the 3-D
orientation of the paleostress remote field tensors for each stage of the tectonic evolution: (i)
on the reverse phase, σ1 was oriented at N120º and σ3 at N317º; (ii) on the transpressive
phase, σ1 N160º and σ3 N252º; (iii) on the third phase, σ1 N000º and σ3 N090º and; (iv) on
the collapse phase, σ1 N041º and σ3 N082º. The combination of this data suggests a clockwise
rotation of the main stress tensor of compression, σ1, during the dextral collision evolution,
inside to a regional sinistral setting. It can be explained by the sigmoidal geometry of the
collisional zone with long N-S-trending sinistral extensions and short dextral N120o-trend
local orientation. An other interesting observation in this study is the structural-tectonic
control exercised on the relief evolution, whose products are abrupt elevations of rock
completely isolated from the plain.
Keywords: area of collision of blocks, rocks of grade high metamorphic, structural analysis, inselbergs, Itatim - Bahia.
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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS vii
LISTA DE TABELAS xii
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 16
1.1 Aspectos Iniciais ....................................................................................................... 16
1.3 Objetivos ................................................................................................................... 19
1.4 Justificativa ............................................................................................................... 20
1.5 Método de Trabalho ................................................................................................ 20
2. GEOLOGIA REGIONAL ................................................................................................. 22
2.1 O Cráton do São Francisco .......................................................................................... 22
2.2 Litoestratigrafia ............................................................................................................ 24
2.2.1 Bloco Jequié ............................................................................................................. 25
2.2.1.1 Complexo Jequié ................................................................................................ 25
2.2.1.2 Suíte Granítica Itaberaba................................................................................... 26
2.2.1.3 Granitóides Pós-tectônicos ................................................................................ 26
2.2.2 Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá ........................................................................... 26
2.2.2.1 Complexo Caraíba ............................................................................................. 27
2.2.2.2 Suíte São José do Jacuípe .................................................................................. 27
2.2.2.3 Complexo Tanque Novo-Ipirá ............................................................................ 28
2.2.2.4 Granitóides Intrusivos sin a tardi-tectônicos, no OISC ..................................... 29
2.2.2.5 Granitóides Pós-tectônicos ................................................................................ 29
2.3 Evolução Tectônica Regional ....................................................................................... 29
2.3.1. Relações entre deformação e estruturas .................................................................. 31
3. ASPECTOS GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOS LOCAIS ............................. 35
3.1 Unidades Litoestratigráficas ........................................................................................ 35
9
3.1.1 Complexo Jequié ...................................................................................................... 36
3.1.2 Complexo Caraíba .................................................................................................... 38
3.1.3 Granitóide Pós-tectônico .......................................................................................... 38
3.2 Aspectos geomorfológicos ............................................................................................. 39
4. PETROGRAFIA ................................................................................................................. 41
4.2 Enderbitos ....................................................................................................................... 41
4.3 Charnoenderbito .............................................................................................................. 44
4.4 Sienogranito .................................................................................................................... 45
4.5 Monzogranito .................................................................................................................. 48
5. ESTRUTURAS .................................................................................................................. 50
5.1 – Estruturas Dúcteis ..................................................................................................... 51
5.1.1 Estruturas da Fase Dn ............................................................................................... 52
a) Estruturas Sn e LXn .................................................................................................... 52
b) Eixos de Dobras Lβn .................................................................................................. 53
5.1.2 Estruturas da Fase Dn+1 ............................................................................................ 56
a) Estruturas Sn+1 e LXn+1 .............................................................................................. 56
5.1.3 Estruturas da Fase Dn+2 ............................................................................................ 59
5.1.3.1 Zonas de Cisalhamentos..................................................................................... 59
5.1.4 Estruturas da Fase Dn+3 ............................................................................................ 62
5.1.4.1 Estruturas Sn+3 e LXn+3 ....................................................................................... 62
5.2 Estruturas Rúpteis ........................................................................................................ 65
5.2.1 Fraturas e Veios ........................................................................................................ 65
5.2 Campos de tensão .......................................................................................................... 67
6. DISCUSSÕES ..................................................................................................................... 69
6.1 Fases Deformacionais ................................................................................................... 69
6.1.1 Fase deformacional Dn ............................................................................................. 69
6.1.2 Fase deformacional Fase Dn+1 .................................................................................. 70
10
6.1.3 Fase deformacional Fase Dn+2 .................................................................................. 70
6.1.4 Fase deformacional Fase Dn+3 .................................................................................. 71
6.2 Evolução Estrutural e Tectônica ................................................................................. 71
6.3 Herança tectônico-estrutural na influência da geomorfologia ........................................ 73
7. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 76
8. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 78
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 - Mapa dos compartimentos gotectônicos do Cráton do São Francisco (CSF) no estado da Bahia. Modificado de Barbosa & Sabaté (2004).
Figura 1.2 - Mapa de localização e acesso à área de estudo. Modificado de (CEI, 1994).
Figura 1.3 - Mapa de caminhamento e localização dos afloramentos estudados e das amostras coletadas, com a geologia local simplificada. A área de estudo está inserida da zona de transição entre o BJ e o OISC.
Figura 2.1 - O Cráton do São Francisco e suas faixas de dobramentos marginais neoproterozóicas. Modificado de Pimentel & Silva (2003).
Figura 2.2 - Mapa geológico simplificado, mostrando a compartimentação tectônica e os principais elementos estruturais. Modificado de Nunes & Melo (2007).
Figura 2.3 - Posições postulada por Barbosa (2003), dos quatro blocos arqueanos e início da colisão paleoproterozóica.
Figura 2.4 - Perfis tectônicos do centro-sul baiano, enfatizando a tectônica paleoproterozíca. Em (a) Estágio intermediário da colisão paleoproterozóica. Em (b) Estágio final da orogênese com cavalgamento do Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá sobre o BJ e deste sobre o BG. Retirado de Barbosa & Sabaté, 2003.
Figura 2.5 - Síntese das estruturas planares e lineares encontradas no segmento sul do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá e suas respectivas hierarquias espaciais e temporais (Correa Gomes et al., 2005).
Figura 3.1 – Mapa Geológico da região de Itatim. Modificado de Nunes & Melo (2007).
Figura 3.2 – Xenólitos de composição máfica em (a). Encrave com borda de alteração, seccionado por uma zona de cisalhamento sinistral com orientação N010º/88º em (b).
Figura 3.3 – Granito porfirítico. Em (a) a ponta da grafite mostra um fenocristal de k-feldspato. Em (b) detalhe de cristais centimétricos de mesopertita.
Figura 3.4 – Litotipos do Complexo Caraíba. Em (a) gnáisse com presença de k-feldspatos alongados. Em (b) migmatito deformado.
Figura 3.5 – Mapa de modelo digital de terreno SRTM (Shutter Radar Tomography Mission) com orientação principal do relevo, NW-SE. Toponímia de algumas inselbergs: 1-Piedade; 2-Leão; 3-São Geraldo; 4-Tocas; 5-Máscara; 6-Agenor; 7-Letreiro; 8-Torre. E das Serras: 9- Cipó; 10-Coité. Em (b) orientação das principais elevações topográficas, máximo em N120º.
Figura 3.6 – Variedades de formas dos inselbergs, da região de Itatim: (a) Tocas, (b) Máscara, (c) inselbergs de dimensão decamétrica e (d) Enxadão.
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Figura 4.1 – Contato intrusivo entre o enderbito e o granito. Em (a) borda de alteração metassomática entre os litotipos. Em (b) fotomicrografia com a associação mineralógica do enderbito. Notar segregação entre os níveis félsica e máfica, constituindo um bandamento composicional.
Figura 4.3 – Fotomicrografia do enderbito. Em (a) Inclusões de biotita e opaco no hiperstênio. Em (b) associação entre hiperstênio, biotita e opaco. Luz plana.
Figura 4.4 – Fotomicrografia do charnoenderbito. Em (a) disposição da associação mineralógica. Em (b) hiperstênio destabilizado para anfibólio. Luz plana.
Figura 4.5 - Diagrama modal QAP (Streckeisen, 1976), mostrando a classificação da amostra J-04.
Figura 4.6 – Corpo diminuto de sienogranito intrusivo no enderbito.
Figura 4.7 - Diagrama modal (Streckeisen, 1976), mostrando a classificação das amostras J-01 e J-02.
Figura 4.8 - Fotomicrografia do Sienogranito. Em (a) textura inequigranular com tendência porfirítica, observar cristal de mesopertita no centro. Em (b) textura mimerquítica.
Figura 4.9 – Fotomicrografia do Sienogranito. Em (a) borda mais heterogênea do cristal de mesopertita. Em (b) plagioclásio incluso na mesopertita. Em (c) destabilizado com biotita e, em (d) opaco hexagonal.
Figura 4.10 - Diagrama modal (Streckeisen, 1976), mostrando a classificação das amostras F-08 e F-19.
Figura 4.11 – Fotomicrografia do monzogranito. Em (a) aspecto mesocróspico (b) cristais de quartzo alongados maiores. Em (c) aglomerado máfico destabilizado, constituído por biotita e opaco. Em (d) opacos com hábito alongado.
Figura 4.12 - Borda de alteração metassomática (a). Mesopertita com presença de exsolução mais intensa nas bordas. Nicois cruzados.
Figura 5.1 – Mapa de modelo digital de terreno SRTM (Shutter Radar Tomography Mission). Em (a) lineamentos estruturais interpretados. Em (b) diagrama de roseta dos lineamentos estruturais do relevo.
Figura 5.2 - Diagramas em rosetas das estruturas planares, Sn, totais. (a) Rosetas de direção e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar, a guirlanda representa o plano máximo. Hemisfério inferior rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert.
Figura 5.3 - Diagramas das estruturas lineares, LXn, totais. (a) Rosáceas de direção e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar. Hemisfério inferior rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert.
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Figura 5.4 – Em (a) a foliação Sn subhorizontal de atitude N033º/40ºSE. Em (b) detalhe o plano XZ que mostra a relação S/C, indicativo de movimento reverso. A prancheta simula o plano tridimensionalmente no espaço.
Figura 5.5 - Diagramas dos eixos de dobras, Lβn, totais. (a) Rosáceas de direção e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar. Hemisfério inferior de rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert.
Figura 5.6 – Dobra com Lβn paralelo a LXn.
Figura 5.7 - Mapa de distribuição das estruturas da Fase Dn.
Figura 5.8 - Mapa de distribuição das estruturas da Fase Dn+1
Figura 5.9 - Diagramas das estruturas planares, Sn+1, totais. (a) Rosáceas de direção e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar, a guirlanda representa o plano máximo. Hemisfério inferior rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert.
Figura 5.10 - Diagramas das estruturas lineares, LXn+1, totais. (a) Rosáceas de direção e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar. Hemisfério inferior rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert.
Figura 5.11 – Zona de cisalhamento de cinemática dextral, transpondo a foliação pretérita (Sn) que assume formas sigmoidais.
Figura 5.12 - Intrusão granítica dobrada pela fase Dn+1.
Figura 5.13 - Diagramas das zonas de cisalhamento, ZCs, totais. (a) Projeção dos planos de cisalhamentos dextrais e (b) Projeção dos planos de cisalhamentos sinistrais. Hemisfério inferior rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert.
Figura 5.14 - Pares conjugados de cisalhamento rúptil-dúctil a dúctil, com direção de campo de tensão aproximadamente N-S.
Figura 5.15 - Mapa de distribuição das estruturas Fase Dn+2.
Figura 5.16 - Diagramas das estruturas planares, Sn+3, totais. (a) Rosáceas de direção e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar, a guirlanda representa o plano máximo. Hemisfério inferior rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert.
Figura 5.17 - Diagramas das estruturas lineares, LXn+3, totas. (a) Rosáceas de direção e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar. Hemisfério inferior rede estereográfica igual-area Schmidt-Lambert.
Figura 5.18 – Em (a) plano de arrasto associado ao plano Sn+3, evidenciando o movimento sinistral. Em (b) visão em perfil, mostrando dobra de cisalhamento normal.
Figura 5.19 – Em (a) foliação subhorizontal (Sn+3). Em (b) transposição do plano Sn+1, pela foliação Sn+3.
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Figura 5.20 - Mapa de distribuição das estruturas Fase Dn+3.
Figura 5.21 - Diagramas das fraturas totais. (a) Rosáceas de direção e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar. Hemisfério inferior rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert.
Figura 5.22 – Em (a) falha de atitude N020º/82ºNW. Em (b) detalhe mostrando
microestrutura pull apart associada a cinemática sinistral.
Figura 5.23 – Adensamento de fraturas subverticais e subhorizontais, encontrado nos
inselbergs.
Figura 5.24 - Diagramas dos veios totais. (a) Rosáceas de direção e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar. Hemisfério inferior rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert.
Figura 5.18 – Orientações dos paleotensores locais, das fases deformacionais, obtidos pelo método de inversão (Srivastava et al. 1995).
Figura 6.1 – A forma do anteparo, representado pelo Bloco Jequié (BJ) condiciona a variação local da cinemática para o mesmo campo de tensão principal (�1).
Figura 6.2 - Quadro esquemático, simulando as paleotensões locais e suas estruturas associadas a um campo remoto de tensão regional.
Figura 6.3 - Distribuição das estruturas em relações aos tensores locais.
Figura 6.4 – Faixa de comportamento dúctil heterogêneo. Em (a) esquemática de deformação, desenvolvendo faixas de deformações mais concentradas, zonas de high strain, em torno de faixas de deformação mais brandas, zonas de low strain. Em (b) relevo residual associado a zonas de low strain, Serra do Coité.
Figura 6.5 – Zona de high strain dissecada, região de Itatim-Ba.
Figura 6.6 - Evolução do modelo, em função do grau de fraturas subhorizontais e subverticais que se intersectam formando ângulos retos entre si. Foto original no canto inferior direito, Milagres-Ba.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 - Composição mineralógica modal do enderbito.
Tabela 4.2 - Composição mineralógica modal do charno-enderbito.
Tabela 4.3 - Composição mineralógica modal do sienogranito.
Tabela 4.4 - Composição mineralógica modal do monzogranito.
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1. INTRODUÇÃO 1.1 Aspectos Iniciais
A região de Itatim, área de estudo dessa monografia, situa-se em uma estratégica
posição na porção oriental do Cráton do São Francisco (CSF) (Almeida, 1969; 1977), ou seja,
exatamente na zona de transição e de colisão entre dois importantes segmentos crustais do
estado da Bahia, o Bloco1 Jequié (BJ) (Cordani, 1973) e o Orógeno2 Itabuna-Salvador-Curaçá,
OISC, (Barbosa & Sabaté 2002; 2004). Além disso, nesse local, se encontra uma das maiores
concentrações de inselbergs do mundo (Lima et al. 2009), alinhados segundo o trend regional
N120º. Apesar dos inúmeros trabalhos sobre os domínios tectônicos supracitados, muito
pouco se sabe sobre como se estruturou essa faixa de transição e a importância das estruturas
regionais na modelagem do relevo local.
1 Entende-se como Bloco como uma unidade crustal de dimensão variável (pluridecaquilométrica a
pluriectoquilométrica) com estrutura própria, ora homogênea, ora heterogênea, se comportando como um
segmento litosférico globalmente estável, durante processos tectônicos posteriores, dos quais também, em geral,
participa. O termo é aplicado quando não existem critérios suficientes para definir uma área cratônica (Barbosa
& Sabaté, 1996). 2 Entende-se como orógeno um província tectônica onde se desenvolvem os mais diversos processos geológicos
relacionados ao confronto de placas litosféricas e à origem das grandes cadeias montanhosas da Terra. Colisões
envolvendo placa oceânica em subducção sob placa com borda continental, são do tipo acrescionário (e.g. os
Andes); quando está envolvida a colisão de duas massas continentais, o orógeno é do tipo colisional (e.g.
Himalaias) (GLOSSÁRIO GEOLÓGICO, 2010).
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Na tentativa de contribuir para o entendimento dos eventos geológicos que estruturaram
esse limite tectônico, foi realizado um estudo das estruturas e dos litotipos da região próxima
ao contato entre o BJ e o OISC. Como esses domínios se encontram nas fácies granulito e
anfibolito essa apreciação possibilita a análise de segmentos profundos da crosta continental,
hoje expostos, de modo a compreender os movimentos e as forças atuantes na evolução
paleoproterozóica deformacional desta porção continental. Essa evolução vai desde os eventos
compressionais até os extensionais, estes últimos normalmente relacionados a um colapso
gravitacional.
Os inselbergs correspondem a maciços granitóides, concentrados nos arredores de
Itatim, que apesar da variedade de formas e dimensões, possuem similar orientação
longitudinal. Isto demonstra a relação com as estruturas nucleadas durante a colisão dos
paleoblocos supracitados.
1.2 Localização e Acesso a Área de Estudo
Localizada na região centro-oriental do Estado da Bahia, a área de estudo está inserida
a folha do IBGE de Milagres (SD.24-V-B-V, escala 1:100.000). Situada na região entorno das
cidades de Itatim e Milagres, esta área faz parte da zona de transição entre o BJ e o OISC
(Figura 1.1).
O acesso a área, partido de Salvador, é feito pela rodovia BR-324 até a cidade de Feira
de Santana e daí pela rodovia BR-116 até o município de Itatim. À 28 km desta cidade
encontra-se o município de Milagres. Itatim situa-se, aproximadamente, a 225 quilômetros de
Salvador (Figura 1.2).
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Figura 1.1 - Mapa dos compartimentos gotectônicos do Cráton do São Francisco (CSF) no Estado da Bahia. CAM-Cráton Amazônico, CRP - Cráton Rio de la Plata. CSL - Cráton São Luís, BG - Bloco Gavião, BS - Bloco Serrinha, BJ - Bloco Jequié, CSC - Cinturão Salvador-Curaçá, CI - Cinturão Itabuna, CSE - Cinturão Salvador-Esplanada, LCMJ - Lineamento Contendas-Mirante-Jacobina, GBRI - Greenstone Belt do Rio Itapicuru, ES - Serra do Espinhaço Setentrional, CD - Chapada Diamantina, FS - Faixa Sergipana, FA - Faixa Araçuaí, BCA - Bacia de Camamu-Almada, BR - Bacia do Recôncavo, BT - Bacia de Tucano. Modificado de Barbosa & Sabaté (2004).
19
Figura 1.2 – Em (a) mapa de localização e acesso à área de estudo. Em (b) mapa de situação. Modificado de (CEI, 1994).
1.3 Objetivos
O objetivo geral desse trabalho foi a análise das estruturas formadas na orogenia
paleoproterozóica que afetaram e reestruturaram os litotipos do OISC e do BJ, de modo a
contribuir para uma melhor compreensão da evolução geológica e geomorfológica.
Os objetivos específicos foram:
a) descrever e classificar petrograficamente os principais litotipos locais;
b) proceder à análise estrutural das estruturas locais visando elaborar um modelo de
evolução deformacional;
c) obter as orientações dos campos de tensão locais, e relações com os campos de tensão
regionais (far-field stresses);
20
d) compreender a evolução morfológica na zona de transição entre o BJ e OISC.
1.4 Justificativa
Em colisões continentais as bordas dos blocos crustais funcionam como anteparo. De
modo que a relação angular entre a geometria desses segmentos sobre uma mesma orientação
do campo de paleotensão possibilita variações específicas na cinemática. A área de estudo se
encontra justamente em uma porção onde o limite entre o BJ e o Bloco Itabuna-Salvador-
Curaçá (BISC) possui orientação geral NW-SE, contrastado com as orientações,
predominantemente, NNE-SSW e N-S ao longo de todo OISC.
A proposta do estudo em questão é a análise das estruturas na zona de transição, nessa
região, de modo a contribuir na construção do conhecimento científico da análise tectônico-
estrutural sobre a colisão entre o BJ e o BISC, e a influência deste evento na estruturação
geomorfológica local.
1.5 Método de Trabalho Para o desenvolvimento da pesquisa foi realizado, inicialmente, uma revisão
bibliográfica acerca da evolução tectônica, unidades geológicas e seus litotipos utilizando
livros, artigos científicos e periódicos relacionados à colisão paleoproterozóica no Estado da
Bahia e no mundo. Neste estudo foram abordados temas relevantes à temática proposta, como
questões relacionadas ao estudo tectônico-estrutural de colisões oblíquas, análise de
particionamento de stress em orógenos, e a evolução geomorfológica, em especial à
apreciação dos inselbergs.
Na fase posterior, foram analisadas imagens de modelo digital de terreno, SRTM
(Shutter Radar Tomography Mission), da NASA, com resolução de 30 metros. Estas imagens
serviram de base para traçar os principais alinhamentos estruturais, orientação e extensão dos
inselbergs. Foram utilizadas as ferramentas 3D Analyst e Rose Diagram do software Arcgis®.
Na fase de campo, a sistemática de trabalho consistiu na identificação das litologias e
coleta de amostras para estudo petrográficos. Além disso, houve a coleta de dados de
estruturas planares e lineares, tais como: foliações, lineações de crescimento/estiramento
mineral, zonas de cisalhamento e dobras. A hierarquização destas estruturas com base na
relação de truncamento, além da dedução das cinemáticas associadas a esses planos por meio
21
do estudo de marcadores cinemáticos, tais como: relação S/C, dobras assimétricas. O mapa de
caminhamento com a localização dos afloramentos estudados e amostras coletadas é mostrado
na Figura 1.3. Os dados estruturais levantados em campo foram organizados em tabelas no
programa Microsoft EXCEL®2007. Posteriormente, iniciou-se o tratamento estatístico em
diagramas estereográficos, utilizando o software Stereonett® (Duyster, 2000).
Figura 1.3 - Mapa de caminhamento e localização dos afloramentos estudados e das amostras coletadas, com a geologia local simplificada. A área de estudo está inserida da zona de transição entre o BJ e o OISC.
Para a análise dos campos de tensões locais associados com as estruturas dúcteis, foi
utilizado o método de inversão proposto por Srivastava et al. 1995, que considera a lineação
de crescimento/estiramento mineral rebatido no plano da foliação, como um indicador
cinemático tal como slickenlines para um plano rúptil. Os paleocampos foram obtidos
utilizando o programa FaultkinWin® (Allmendinger 2001, versão 1.1), onde foram obtidos os
diedros T (extensão) e P (compressão) e os parâmetros de tensor momento, ou de Bingham,
com os pontos de concentração 1, 2, 3 representando os melhores ajustes para os tensores
principais, σ3, σ2 e σ1 respectivamente.
22
2. GEOLOGIA REGIONAL
A colisão continental que levou a estruturação dos litotipos da área de pesquisa possui
sua história metamórfica deformacional inserida na evolução do CSF (Almeida, 1969; 1977).
Portanto, é imperativa uma apresentação desta importante unidade tectônica. A seguir, serão
descritas as principais unidades litoestratigráficas que compõem os terrenos polideformados
metamórficos de alto grau do BJ e OISC, além do modelo evolutivo regional.
2.1 O Cráton do São Francisco O CSF é um segmento da litosfera continental, consolidado no final do
Paleoproterozóico, e posteriormente parcialmente retrabalhado no final do Neoproterozóico,
Esta unidade tectônica é delimitada por faixas de dobramentos neoproterozóicas, quais sejam:
Brasília, ao sul e oeste; Rio Preto a noroeste; Riacho do Pontal e Sergipana, a norte; e Araçuaí
a sudeste (Almeida, 1977) (Figura 2.1).
O CSF possui uma ampla extensão territorial, ocupando quase a totalidade do estado da
Bahia e porções do estado de Minas Gerais e Sergipe. Na porção baiana vários trabalhos
foram desenvolvidos por diversos pesquisadores, sendo amplamente sintetizados nos trabalho
de Barbosa (1997; 2003). O embasamento do setor norte do CSF teve sua mais importante
estruturação na chamada Orogênese Paleoproterozóica (Barbosa & Sabaté 2002), que foi
responsável pela amalgamação de quatro segmentos crustais arqueanos: o Bloco Gavião, o
23
Bloco Jequié, o Bloco Serrinha e o Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá (Barbosa & Dominguez,
1996).
O Bloco Gavião (BG) ocupa a porção centro-leste do cráton e compreende o núcleo
mais antigo. Composto por TTGs metamorfisado no fácies anfibolito (Barbosa, 2003). E
ainda, por mais duas gerações de granitóides e unidades supracrustais, como os greenstone
belts de Contendas Mirante, Umburanas, Guajerú e Mundo Novo, todos metamorfisados no
fácies xisto verde.
O Bloco Jequié (BJ), localizado a nordeste do CSF, é formado por migmatitos e rochas
plutônicas enderbíticas-charnockíticas, além de seqüências vulcanossedimentares, todo
conjunto metamorfisado na fácies granulito.
O Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá (BISC) (Barbosa & Sabaté, 2002; 2004) compreende
uma faixa constituída por rochas de alto grau metamórfico, de aproximadamente 800 km de
direção sub-meridiana, que se estende de sul a norte do Estado da Bahia. Este segmento
divide-se próximo a latitude de Salvador, formando um ramo denominado de Cinturão
Salvador-Esplanada (Barbosa & Dominguez, 1996). O BISC é composto por
tonalitos/trondhjemitos, subordinadamente charnockitos, monzodioritos e faixas de rochas
supracrustais. Compõem também seus litotipos, faixas de rochas shoshoníticas, como também
tonalitos e trondhjemitos sin-colisionais. Durante a Orogênese Paleoproterozóica, todos os
constituintes foram metamorfisados na fácies granulito.
O Bloco Serrinha (BS), é um segmento de crosta Arqueana granito-greenstone, formado
por ortognaisses graníticos-granodioríticos e tonalíticos e as seqüências greenstone belt do
Rio Itapicuru e Capim. As intrusões de granitóides paleoproterozóico presentes são
relacionadas às fases deformacionais regionais (Alves da Silva, 1994 in Leite, 2002).
24
Figura 2.1 - O Cráton do São Francisco e suas faixas de dobramentos marginais neoproterozóicas. Modificado de Pimentel & Silva (2003). 1 – Terrenos arqueano-paleoproterozóico com restos de sequências greenstone belt; 2 – Coberturas sedimentares meso/neoproterozóicos; 3 – Coberturas sedimentares neoproterozóicas; 4 – Coberturas terciárias e quartenárias; 5 – Falhas e cavalgamentos; 6 – Zonas dobradas; 7 - Limites do CSF proposto por Almeida (1997); 8 – Limites do CSF proposto por Cruz (2004). Faixas de dobramentos marginais: FS – Faixa Sergipana; FRPT – Faixa Riaco do Pontal; FRP – Faixa Rio Preto; FB – Faixa Brasília; FRG – Faixa Alto do Rio Grande; FA – Faixa Araçuai.
2.2 Litoestratigrafia
Nessa seção serão discutidas as rochas que compõem o substrato do BJ e do OISC. De
uma maneira geral, esses compartimentos abrigam rochas de médio a alto grau metamórfico,
que apresentam história de deformação polifásica.
A principal unidade litoestratigráfica representante do BJ abrange o complexo
homônimo, enquanto que no domínio do OISC os litótipos estão inseridos nos Complexo
Caraíba e Tanque Novo-Ipirá, e na Suíte São José do Jacuípe. Fazem parte ainda destes
25
segmentos crustais, granitóides intrusivos sin a tardi-tectônicos que no BJ, pertencem à Suíte
Granítica Itaberaba, e granitóides pós-tectônicos. Tais unidades estão expostas, de modo
simplificado na Figura 2.2.
Figura 2.2 - Mapa geológico simplificado, mostrando a compartimentação tectônica e os principais elementos estruturais. Modificado de Nunes & Melo (2007).
2.2.1 Bloco Jequié
A maior parte dos litotipos do Bloco Jequié está inserida no Complexo Jequié. Nesse
sentido podem ser identificados rochas metamáficas e rochas granitóides intrusivas, incluindo
aquelas pertencentes à Suíte Itaberaba, além de corpos granitóides pós-tectônicos.
2.2.1.1 Complexo Jequié
Essa unidade composta por ortognaisses granulíticos de composição granítica a
tonalítica, localmente com presença de trondhjemitos, representa o mais expressivo conjunto
litológico do BJ. Os ortognaisses granulíticos em contato com o domínio do OISC (Complexo
Caraíba e da Suíte Granítica de Itaberaba) exibem feições que podem ser interpretados como
associadas a retrometamorfismo, evidenciado pela presença de frentes de alteração
hidrotermal, sobretudo potassificação. Reunidas nesta unidade, estão duas unidades de
charnockitos-enderbíticos, uma de baixa concentração de TiO2, e outra, de alto teor de TiO2
26
(Fornari & Barbosa, 1994). Um conjunto de rochas, em parte supracrustais, composto por
gnaisse gabronorítico, formações ferríferas, quartzito e calcissilicática integram esse
complexo.
Um corpo alongado meridionalmente, de granada-biotita-gnaisse com porções
migmatizadas e outro lenticular de gnaisse kinzingítico, de dimensão quilométrica, foram
incorporados por Nunes & Melo (2007) ao Complexo Jequié.
O Complexo Jequié possui geocronologia paleo a mesoarquena, com idades U-Pb
(SHRIMP) de 2,81 Ga e 2,68 Ga nas suítes charnockítico-enderbíticas entre 2,47 Ga e 2,71
Ga em gnaisses charnockíticos, respectivamente segundo Alibert & Barbosa (1992) apud
Nunes & Melo (2007) e Silva et al. 1992.
2.2.1.2 Suíte Granítica Itaberaba
A Suíte Granítica Itaberaba aflora, principalmente, a norte da cidade de Itaberaba. O
corpo mais expressivo é alongado na direção N-S, e possui a forma em “S”. De acordo com
Fernandes (1991), essa suíte abrange quatro diferentes fácies.
A fácies composta por granitos com biotita possui pequenas intercalações de
leucogranitos de granulação grossa a pegmatítica, com biotita ou granada. Essas rochas
possuem cor cinza rosado, com textura porfirítica marcada por feldspato potássico. Uma
segunda fácies com granulação fina é constituídas por rochas aplíticas, cinza a cinza-rosado,
que possui contato gradacional com a anterior. A terceira fácies deste domínio é de natureza
equigranular, composta por biotita-granada granitos rosa-acinzentados ou brancos. Por fim, a
quarta fácies é constituída por hornblenda-biotita leucogranitos.
Para essa suíte Fernandes (1991) obteve idades em torno de 2,1 Ga (método Rb-Sr), que
foi interpretada como sendo a idade do metamorfismo granulítico que afetou as encaixantes,
durante a Orogênese Paleoproterozóica.
2.2.1.3 Granitóides Pós-tectônicos
No BJ ocorrem corpos de granitóides intrusivos no Complexo Jequié, constituindo três
pequenos stocks de composição granítica a granodioritica até sienítica.
2.2.2 Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá
27
As rochas do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (OISC) estão distribuídas nas seguintes
unidades: Complexo Caraíba, Suíte São José do Jacuípe e Complexo Tanque Novo-Ipirá,
além de granitóides intrusivos sin, tardi a pós-tectônicos.
2.2.2.1 Complexo Caraíba
O Complexo Caraíba é unidade de maior representatividade do OISC, que faz limite
tectônico transpressional com as unidades do BJ. Este complexo inclui ortognaisses
granulíticos de composição tonalítico-trondhjemítico-granodiorítica. Nunes & Melo (2007)
divide-a em três litofácies.
Uma litofácies é composta por ortognaisses enderbíticos, charnoenderbíticos e
charnockíticos, que possuem foliação definida por minerais formados durante o
metamorfismo ocorrido a 2.072 Ma, datado pelo método U-Pb (SHRIMP) (Silva, 1997).
Outra litofácies são os produtos de fusão parcial de fase leucossomática sieno a
monzogranítica. De menor expressão areal, a terceira litofácies é composta por ortognaisses
mangerítico e charnockítico.
Nas zonas de cisalhamento que marcam o contato entre o OISC e o BJ, os litotipos,
apresentam-se fortemente deformados e são transformados por retrometamorfismo, embora
ainda estejam presentes restos dos enderbitos-charnockitos. Segundo Kosin et al. (2003) a
presença do hiperstênio em equilíbrio com hornblenda e biotita nos ortognaisses sugere
condições de metamorfismo características da transição da fácies anfibolito-granulito em
horblenda-biotita migmatitos.
Teixeira & Melo (1991) apud Nunes & Melo (2007), baseados nos padrões
geoquímicos e razões isotópicas Sr87/Sr86, defendem que os gnaisses enderbíticos e
associados, tem sua origem relacionada a fusão parcial de uma crosta, anfibolitizada,
subductada em zona de gradiente geotérmico elevado. Tal crosta oceânica estaria
representada, atualmente, por inclusões noríticas encontradas nos ortognaisses.
2.2.2.2 Suíte São José do Jacuípe
A Suíte São José do Jacuípe compreende uma associação máfica-ultramáfica, composta
de gabro-noritos, ferrogabros e peridotitos, e ocorrência subordinada de leucogabros (Kosin et
28
al., 2003). Esta unidade ocorre como lentes descontínuas tectonicamente imbricadas no
Complexo Caraíba, bem exposta nas proximidades da zona limítrofe com o BJ, à noroeste da
área de estudo.
Quimicamente esta suíte pertence à série toleiítica, com características similares às do
toleiítos de cadeia mesoceânicas, MORB (Texeira, 1997). Com base das características
geoquímicas, especula-se que a Suíte São José do Jacuípe represente os restos de uma crosta
oceânica, de idade arqueana baseada em zircões de 2,69Ga encontrados em um xenólito no
enderbito TTG do Complexo Caraíba (Silva et al., 1997).
2.2.2.3 Complexo Tanque Novo-Ipirá
As rochas do Complexo Tanque Novo-Ipirá ocorrem na parte ocidental do OISC,
imbricadas como extensas lentes no Complexo Caraíba. Apesar de ser uma unidade
predominantemente metassedimentar, rochas metamáfico-ultramáficas ocorrem associadas.
Ocupando extensas lentes, que se dispõem de forma contínua, ou em pequenos corpos
isolados, ocorrem gnaisses calcissilicáticos ricos em tremolita, além de quartzito, formação
ferrífera bandada, mármore e gnaisse quartzo-feldspático (Nunes & Melo 2007). Nesta
unidade ocorre ainda ortoanfibolitos, metagabros, meta-hornblenditos, hornblenda-granulitos
e metaperidotitos.
Segundo Melo et al. (2001) os metabasitos e metaultrabasitos que ocorrem neste
domínio, representados por ortoanfibolitos, metagabros, meta-hornblenditos, hornblenda
granulitos e metaperidotidos, podem ter suas origens relacionadas tanto a lavas basálticas
como a diques/soleiras intrusivos, ou serem, em parte, níveis da Suíte São José do Jacuípe
integrados tectonicamente.
Os quartzitos ocorrem puros, recristalizados, levemente feldspáticos. Essas rochas
possuem colocação clara, próximo ao branco, ou com variação para acinzentado a esverdeado,
devido à presença de tremolita. Nos arredores de Ipirá é possível observar um afloramento
desse corpo.
À nordeste de Castro Alves foi individualizado um corpo de formação ferrífera, sendo
constituído por quartzo e óxido de ferro (magnetita e hematita).
29
2.2.2.4 Granitóides Intrusivos sin a tardi-tectônicos, no OISC
Este domínio é caracterizado por duas suítes, associadas ao evento colisional
Paleoproterozóico. A primeira suíte aflora a norte e sudeste da área, composto por de orto-
augengnaisses granulíticos, monzoníticos a quartzomonzoníticos, com foliação presente e
porfiroclastos de feldspatos potássico. Esta suíte configura uma extensa faixa encaixada no
Complexo Caraíba, denominada Riacho da Onça, por Sampaio (1992) e Pereira (1992) apud
Nunes & Melo (2007). Datações realizadas por Silva et al. (1997), apontam idade U-Pb
(SHIRIMP) de 2.126 Ma para essas rochas.
A outra suíte se estende em torno do povoado de Tamanduá, à norte da área, intrudida
nos complexos Caraíba e Tanque Novo-Ipirá, sendo constituído por horblenda-biotita
augengnaisses sienograníticos a graníticos, com foliação proeminente. São freqüentes
enclaves metamáficos.
2.2.2.5 Granitóides Pós-tectônicos
Estes granitóides ocorrem como corpos de dimensões variadas, entre dois e mais de
trezentos quilômetros quadrados. Eles são constituídos por monzo a sienogranitos, com
sienitos subordinados. De maneira geral, são porfiríticos, de granulação grossa a equigranular
e apresentam foliação de fluxo magmático. Na região entre as cidades de Ipirá e Capim
Grosso, é comum a presença de veios pegmatíticos relacionados à granitogênese pós-
tectônica.
2.3 Evolução Tectônica Regional
O Cráton do São Francisco (CSF) é formado por um conjunto de blocos antigos,
suturados por sucessivos mecanismos tectônicos de acresções crustais e/ou colisões
continentais no final do Paleoproterozóico (Barbosa, 2003a).
A colisão teria ocorrido com movimento de quatro blocos no sentido NW-SE,
identificado pela presença de falhas de empurrão e zonas de cisalhamento pós-colisionais
(Barbosa, op cit.) (Figura 2.3). Este modelo tectônico atribui que a origem do Orógeno
Itabuna-Salvador-Curaçá (OISC) está relacionada ao estágio final da colisão continente-
30
continente, resultante da edificação de um arco continental e geração da cadeia de montanha,
hoje exposta sua raiz devido a processos erosivos.
Figura 2.3 - Posições postulada por Barbosa (2003), dos quatro blocos arqueanos e início da colisão
paleoproterozóica.
De acordo com Barbosa (2003) no inicio da colisão houve com o cavalgamento do
Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá, sobre o Bloco Jequié e deste sobre o Bloco Gavião (Figura
2.4). Na região sul do OISC, Barbosa (1986), atesta a subducção para oeste, através do
zoneamento geoquímico fornecido pelas seqüências magmáticas toleíticas, cálcio-alcalinas e
shoshoniticas.
No estágio final, da colisão houveram intrusões charnockíticas e graníticas, e
movimentação transcorrente tardio sinistral, por volta de 2,0 Ga (Barbosa, 2003a). São
exemplos deste evento tardio, a intrusão charnockítica de Brejões, no BJ, e múltiplas intrusões
graníticas, a norte do OISC (Leite, 2002). Intrusões tardi-orogeneticos, de composição
sienítica (e.g. Sienito de Itiuba, São Félix), de idade 1,9 a 2,1 Ga (Conceição, 1993) são
colocados nesse contexto.
A colisão mudou o zoneamento metamórfico original, colocando fácies de mais alto
grau, sobre fácies de menor grau metamórfico, de modo a transformar os litotipos do BJ, da
31
fácies anfibolito para a fácies granulito, devido à sobreposição do OISC (Barbosa, 2003a).
Na parte central do OISC o metamorfismo alcançou a fácies granulito e, nas bordas,
fácies anfibolito e xisto verde, conforme identificado nas zonas de transição entre a parte
central do Orógeno e os Blocos Gavião e Serrinha (Barbosa, 2003a).
Entre o Bloco Jequié e o Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá, as condições físico-químicas
refletem condições uniformes do metamorfismo em fácies granulito (Barbosa 1986, 1989,
1990 apud Barbosa & Fonteilles 1991). Os mesmos autores, através de análises
termométricas, indicam temperaturas máximas alcançadas de 830ºC a 850ºC, com pressões
médias situadas entre 5 e 7 Kbar.
Figura 2.4 - Perfis tectônicos do centro-sul baiano, enfatizando a tectônica paleoproterozíca. Em (a) Estágio intermediário da colisão paleoproterozóica. Em (b) Estágio final da orogênese com cavalgamento do Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá sobre o BJ e deste sobre o BG. Retirado de Barbosa & Sabaté, 2003.
2.3.1. Relações entre deformação e estruturas
Em um estudo geotectônico, as estruturas representam as fontes de informações mais
acessíveis. Tais dados refletem os padrões deformacionais nucleados por movimentos e
processos originados no interior da Terra. As análises das estruturas e suas relações
permitem hierarquiza-las e associa-las a determinados estágios de um ou sucessivos eventos
32
deformacionais, permitindo a compreender a história evolutiva de uma região e os produtos
gerados. O estudo das feições geométricas se mostra mais completo à luz da orientação dos
campos de tensões e de suas variações no tempo.
Neste cenário, alguns trabalhos já contemplaram a análise tectono-estrutural da colisão
paleoproterozóica, especificamente entre a colisão do Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá (BISC)
e o Bloco Jequié (BJ). Durante este evento se formaram alinhamentos tectônicos, que refletem
o elevado grau de estruturação dos litótipos. A colisão é identificada pela presença de falhas
de empurrão e zonas transcorrentes tardias (Barbosa, 2003c). As transcorrências tiveram uma
cinemática em geral sinistral, como demonstram elementos de trama monoclínica vistos em
seções paralelas às lineações de estiramento, normais ao acamamento composicional dos
metamorfitos (Alves da Silva & Barbosa, 1997).
No BJ, a análise e interpretações de Barbosa (1986;1990); Alves da Silva et al. (1996);
Barbosa et al. (2003), permitiram a estes autores hierarquizar as estruturas em quatro fases
principais. A primeira delas foi reconhecida em dobras recumbentes com eixos sub-
horinzontais (N010º-015ºE) e vergência para oeste. A segunda fase, materializada em dobras
com planos axiais verticalizados. A fase seguinte, coaxial a fase anterior, nucleou dobras
apertadas, com planos axiais N-S, redobrando os eixos das dobras anteriores. E por fim, a
quarta fase, transversal, formando um padrão estrutural de domos e bacias.
No OISC, devido sua grande extensão, a análise tectono-estrutural é dividida em
compartimento sul e compartimento norte. Padilha (1992) apud Carvalho et al. (2003) cita a
evolução tectônica da porção norte do OISC, gerado através de dois principais eventos
deformacionais transpressivos, identificados por cavalgamentos com vergência tanto para W,
quanto para E, constituindo uma zona axial de uma estrutura em flor positiva. Pardilha &
Melo (1991) apud Barbosa & Dominguez (1996) interpretaram cinco episódios
deformacionais para a mesma região. Os dois episódios iniciais, compressivos, composta por
cisalhamentos dúcteis de baixo ângulo para NE, e elemento lineares com alto rake, com
vergência para oeste e desenvolvimento de nappes. A estas fases iniciais, podem associar
dobras deitadas e thrusts de baixo ângulo (Barbosa, 1997). As três fases seguintes são
desenvolvidas em etapas incrementais transcorrentes; uma apresenta dobras normais dispostas
en échelon e eixos N-S, e plano axial vertical, determinando uma foliação, não penetrativa,
paralela aos cisalhamentos transcorrentes; a posterior gerou estrutura transpressiva sinistral, e
por fim; a última, associado a estruturas formadas por dobras amplas, transversais as
estruturas antecedentes, e por falhas conjugadas NW-SE e NE-SW. Deformações
33
transcorrentes tardias são atribuídas para o alojamento de corpos sieniticos alcalinos (e.g.
Sienito de Itiuba) (Barbosa, 1997).
Nos terrenos do sul do OISC, o padrão deformacional é associado ao cisalhamento,
transpressivo e transcorrente sinistral, que controla a sobreposição com o BJ (Barbosa &
Dominguez, 1995; Barbosa et al., 2004). Arcanjo et al. 1992 identificaram quatro fases de
deformações tectônicas. A primeira fase formou por um bandamento gnássico original. A fase
posterior apresenta uma foliação de plano axial de baixo ângulo de mergulho, orientado
N010º-020ºE, o qual se associa a dobras recumbentes isoclinais (Barbosa, 1986; Barbosa et
al., 1992 apud Barbosa & Dominguez, 1996). Os planos anteriores são transpostos por uma
foliação subvertical, penetrativa, que controla o trend regional (N010º-020º), acompanhada
por lineação de baixo rake, evidenciando um transporte tectônico transpressivo, formado no
terceiro estágio. A quarta fase, composta por uma foliação espaçada, pouco penetrativa, de
direção N70E.
Corrêa-Gomes et al.(2005) ao estudar o embasamento da bacia de Almada, inserida no
sul do OISC, discrimina estruturas de fases iniciais, relacionadas à colisão frontal, tais como
dobras isoclinais, foliações de baixo ângulo com lineação mineral do tipo dip-slip, que
evoluem para dobras normais e foliações subverticais (Figura 2.5). Desenvolveu-se,
posteriormente, uma fase de transcorrência, com lineação do tipo strike-slip, indicativo de
zonas de cisalhamentos. Corrêa-Gomes et al.(op. cit.) analisando a morfologia do OISC,
compreende que o contorno deste segmento age como planos “c” de cisalhamento simples
orientados N-S, inferindo a orientação do σ1 do campo remoto de tensão situou-se entre
N150º e N135º e de σ3 entre N60º e N45º. Desse modo, o orógeno também representaria um
mega indicador cinemático, como resultado dessa sucessão de deformações reversas e
transcorrentes. Ao final das fases compressivas seguiu-se uma extensão possivelmente
relacionada ao colapso do orógeno, com inversão de orientação dos tensores principais:
máximo (σ1) e mínimo (σ3), do campo remoto de tensão.
34
Sn + 1
Sn
Sn
+1 L
x+1
Sn + 2
Sn
+2
Lx+
2
Sn + 2 ’
Sn
+2’
Lx+
2’
Figura 2.5 - Síntese das estruturas planares e lineares encontradas no segmento sul do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá e suas respectivas hierarquias espaciais e temporais (Correa Gomes et al., 2005).
Os diversos trabalhos citados, em conjunto, admitem a existência de uma fase
tectônica reversa, com presença de falhas de empurrão, as quais estão associadas lascas
tectônicas (e.g. Banda de Ipiaú, em Barbosa et al., 2007); uma fase transcorrente/transpressiva
sinistral, que desenvolve dobras apertadas que evoluíram até a transposição e uma fase mais
nova extensional. O contorno de grandes intrusões e os traços das zonas de cisalhamentos
principais reflete, em geral, a geometria de eventos relativamente tardios (Passchier et al.,
1993). As evidências mostram que não existem diferenças marcantes da evolução estrutural
entre os dois domínios, na porção norte e sul do OISC, sugerindo que os eventos
deformacionais afetaram indistintamente toda a área (Barbosa et al., 2003b).
35
3. ASPECTOS GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOS
LOCAIS
As estruturas mais proeminentes da área de estudo compõem um sistema de zonas de
cisalhamentos contracionais e transpressionais de orientação NW-SE, condicionando o
contato do Bloco Jequié (BJ) com o Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (OISC). Essas zonas
de cisalhamento variam de frontais a oblíquas, em função da geometria do anteparo, ou seja,
do limite do BJ (Nunes et. al., 2007).
Na faixa transacional entre esses segmentos crustais supracitados, uma característica
geomorfológica chama a atenção. A presença de abruptas elevações rochosas residuais
contrasta com o relevo aplainado, denominadas de inselbergs. Estas expressões do relevo
exibem orientação longitudinal similar ao trend regional dos lineamentos.
3.1 Unidades Litoestratigráficas
As rochas da área de pesquisa estão inseridas nos Complexos Jequié e Caraíba,
incluindo, ainda, a presença granitóide pós-tectônicos. A divisão apresentada por Nunes &
Melo (2007), baseado em critérios composicionais e petrográficos, é apresentado na Figura
3.1.
36
Figura 3.1 – Mapa Geológico da região de Itatim. Modificado de Nunes & Melo (2007).
3.1.1 Complexo Jequié
Este domínio abrange a maior extensão da área, sendo composto por rochas para e
ortoderivadas, que são individualizadas por Nunes & Melo (2007) em unidades menores.
Na porção SW, estão reunidas, indistintamente, em uma unidade com duas seqüências
cogenéticas com variação geoquímica (Fornari & Barbosa, 1992). Essas rochas apresentam
cor original que varia de cinza a verde acinzentada cor de alteração rosa e granulometria
média, com foliação marcada por biotita e feldspato. Encaixadas nestes litotipos faixas
supracrustais, compostas por gnaisse gabronorítico, formações ferríferas e calcissilicática
(Nunes & Melo 2007). Estas rochas são intrudidas por um corpo granitóide pós-tectônico, a
oeste de Milagres. Incorporados nos charnockítos-enderbitos são também encontrados
encraves máficos, por vezes dobrados, comprovando o caráter intrusivo dessas rochas (Figura
3.2). Os enclaves são de composições, aparentemente, anfibolítica a norítica e,
freqüentemente, exibem bordas de alteração passando progressivamente para granulitos.
37
Figura 3.2 – Xenólitos de composição máfica em (a). Encrave com borda de alteração, seccionado por uma zona
de cisalhamento sinistral com orientação N010º/88º em (b).
Outra porção individualizada é composta por ortognaisses granulíticos que formam uma
faixa de orientação NW-SE, a qual faz contato transpressivo com os litotipos do Complexo
Caraíba. Os litotipos exibem sinais de retrometamorfismo e apresentam composição granítica
a tonalítica, muitas vezes, com níveis enriquecidos com mesopertita (Figura 3.3). Os
granitóides gnáissicos possuem cor original cinza claro e cor de alteração rosa são,
comumente, porfiríticos e apresentam bandamento composicional paralelo a foliação regional
e níveis milonitizados.
Figura 3.3 – Granito porfirítico. Em (a) a ponta da grafite mostra um fenocristal de k-feldspato. Em (b) detalhe de cristais centimétricos de mesopertita.
Todos os litotipos deste domínio são cortados por veios pegmatíticos que muitas vezes
apresentam auréola metassomática, com crescimento de mesopertitas centimétricas, sendo
comum a presença de hiperstênio.
38
3.1.2 Complexo Caraíba
O Complexo Caraíba ocupa a porção norte-nordeste da área pesquisada, formando uma
faixa de orientação NW-SE. Esta unidade litoestratigráfica é subdividida na área por Nunes &
Melo (2007) em duas faciologias quimicamente diferentes.
A litofácies que faz contato com a unidade do Complexo Jequié é composta por
ortognaisses enderbíticos, charnoenderbíticos e charnockíticos cinza-esverdeado e cor de
alteração esbranquiçada a amarelada, de granulação média a grossa, com foliação presente.
Nas regiões próximas à zonas de cisalhamentos, os litotipos exibem feições de alteração
hidrotermal de natureza potássica.
A outra litofácies é constituída por ortognaisses granulíticos, que se modificam por
retrometamorfismo, em horblenda-biotita gnaisses migmatizados, fortemente deformados nas
zonas de cisalhamentos (Figura 3.4).
Figura 3.4 – Litotipos do Complexo Caraíba. Em (a) gnáisse com presença de k-feldspatos alongados.
Em (b) migmatito deformado.
3.1.3 Granitóide Pós-tectônico
No BJ corpos de granitóides de composição granítica a granodioritica são intrusivos no
Complexo Jequié, na porção oeste do município de Milagres.
39
3.2 Aspectos geomorfológicos
A região de estudo é formada por relevo aplainado (peneplano), com presença de
abruptas elevações rochosas residuais, em contraste com a superfície plana. Tais morfologias
são denominadas de inselbergs (Figura 3.5).
Figura 3.5 – Mapa de modelo digital de terreno SRTM (Shutter Radar Tomography Mission) com orientação principal do relevo, NW-SE. Toponímia de algumas inselbergs: 1-Piedade; 2-Leão; 3-São Geraldo; 4-Tocas; 5-Máscara; 6-Agenor; 7-Letreiro; 8-Torre. E das Serras: 9- Cipó; 10-Coité. Em (b) orientação das principais elevações topográficas, máximo em N120º.
Inselbergs são montanhas monolíticas ou grupos delas, que surgem abruptamente em
meio às paisagens, cuja formação geológica consiste principalmente de rochas graníticas ou
gnáissicas (Porembski et al., 1998). São produtos da ação de um grupo de fatores que
40
condicionam o desgaste do protólito de maneira diferencial, resultando em um relevo residual
com uma variedade de dimensões e formas. Essas abruptas elevações maciças estão inseridas
na transição do BJ e do OISC, entre o sistema de zonas de cisalhamentos transpressionais, de
orientação principal NW-SE.
Em Itatim os inselbergs possuem extensões de até, aproximadamente, mil metros por
setecentos metros de largura, acompanhadas por uma variedade de formas, que são
encontradas lado a lado. A orientação longitudinal desses maciços, isto é, em relação ao eixo
maior, estão dispostos, aproximadamente, N120º (Figura 3.6).
Independentemente de sua dimensão, gênese e evolução, estas expressões
geomorfológicas relacionam-se a um complexo de fatores (climáticos, estrutural, etc.),
interligados entre si, que confluíram para o seu aparecimento, em especial, nesta zona de
transição entre blocos crustais.
Figura 3.6 – Variedades de formas dos inselbergs, da região de Itatim: (a) Tocas, (b) Máscara, (c) inselbergs de dimensão decamétrica e (d) Enxadão.
41
4. PETROGRAFIA
4.1 Introdução
Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos através do estudo petrográfico,
com descrições dos aspectos textural e mineralógico dos principais litotipos encontrados na
área estudada. É aqui analisada, ainda, a relação de contato entre os litotipos, visto que foi
notado no campo contatos com borda de alteração metassomática, na relação entre corpos de
composição sienogranítica e enderbítica,
Na classificação petrográfica, foi empregada a terminologia proposta por Streckeisen
(1976), utilizando os valores modais de quartzo, feldspato alcalino e plagioclásio, do
diagrama Q-A-P, através do qual foram distinguidos quatro tipos composicionais. Dois da
série charnockíticas: enderbito e charno-enderbito, onde notada a presença de hiperstênio; e
dois do grupo de composição granítica: sienogranito e monzogranito.
4.2 Enderbitos
Ao longo da seção estudada esses litotipos ocorrem em lajedos. Possuem contatos
intrusivos com rochas de composições graníticas, formando as bordas de alterações
metassomáticas (Figura 4.1a). Os enderbitos apresentam granulometria média, são
homogêneos, mesocráticos, de cor original verde acinzentada e foliação incipiente, tendendo a
isotropia.
42
Figura 4.1 – Contato intrusivo entre o enderbito e o granito. Em (a) borda de alteração metassomática entre os litotipos. Em (b) fotomicrografia com a associação mineralógica do enderbito. Notar segregação entre os níveis félsica e máfica, constituindo um bandamento composicional. Nicois cruzados. Pl – Plagioclásio; Hy – hiperstênio; Cpx – Clinopiroxênio; Anp - Plagioclásio antipertítico.
Em secção delgada, a lâmina analisada possui textura granoblástica inequigranular,
com contatos entre as fases minerais são predominantemente suturados, com recristalização
em bordas curvas (Figura 4.1b). O bandamento composicional é representado pela
compartimentação de um nível félsico, composto por plagioclásio (com variedade
antipertítico), quartzo e microclinio e um nível máfico, formado por hiperstênio, biotita,
clinopiroxênio e opaco. Os minerais essenciais ocorrem xenoblásticos a subidioblásticos. A
apatita compõe a fase acessória e ocorre idioblástica. A composição modal mineralógica é
exibida na Tabela 4.1 e a plotagem das composições no diagrama QAP (Streckeisen, 1976)
esta apresentado na Figura 4.2. A paragênese mineral de fácies granulito é representada por
quartzo, plagioclásio, antipertita, hiperstênio e clinopiroxênio. A destabilização do hiperstênio
para anfibólio sugere o retrometamorfismo.
Tabela 4.5 - Composição mineralógica modal do enderbito.
ROCHA COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA MODAL
Enderbito Pl (39%); Hy (16); Anf (4%); Cpx (15%); Qtz (12%); Bt (4%); Mi (3%); Antp (3%); Op (3%); Ap (1%)
Qtz – Quartzo; Pl – Plagioclásio; Antp – Plagioclásio antipertítico; Anf – Anfibólio; Mi – Microclina; Hy – Hiperstênio; Cpx – Clinopiroxênio; Bt – biotita Op – opacos; Ap – apatita.
43
Figura 4.2 - Diagrama modal QAP (Streckeisen, 1976), mostrando a classificação da amostra J-05.
O plagioclásio possui germinação segundo a lei Albita e está saussuritizado.
Localmente, ocorre incluso em cristal maior de antipertita. Por vezes, apresenta mimerquita
no contato com o quartzo.
Os hiperstênios variam de marrom a verde claro, com duas gerações distintas pela
associação mineral. A família de hiperstênio maior, com tamanho médio de 3mm, possue uma
direção preferencial, a qual se associam os clinopiroxênios, biotitas e opacos (Figura 4.3). Os
opacos são neoformados entre as fraturas do mineral dessa geração. A família de hiperstênio
menor, tamanho médio de 0,8 mm, aparece com contatos curvos com plagioclásio entre os
cristais maiores de hiperstênio. Localmente, o hiperstênio está incluso no plagioclásio,
indicando cristalização precoce. A microclina apresenta germinação periclina incompleta, em
forma de agulhas, além de exibir extinção ondulante.
Figura 4.3 – Fotomicrografia do enderbito. Em (a) Inclusões de biotita e opaco no hiperstênio. Em (b) associação entre hiperstênio, biotita e opaco. Luz plana.
44
4.3 Charnoenderbito
O charnoenderbito foi observado em grandes lajedos. As rochas são mesocráticas, com
cor original cinza esverdeado e possui granulometria média. A foliação regional é presente,
embora incipiente.
A rocha em lâmina delgada exibe textura granoblástica, inequigranular. As fases
minerais possuem contatos curvos a suturados (Figura 4.4a). Essas rochas possuem maiores
quantidades de quartzo modal e menores de máficos, quanto comparados com o enderbito
(Tabela 4.2). O surgimento do anfibólio desestabilizando os cristais de hiperstênio, evidencia
o retrometamorfismo (Figura 4.4). A deformação é percebida pela alongação dos cristais de
quartzo e plagioclásio. A plotagem das composições no diagrama QAP (Streckeisen, 1976) é
apresentado na Figura 4.5.
Figura 4.4 – Fotomicrografia do charnoenderbito. Em (a) disposição da associação mineralógica. Em (b) hiperstênio destabilizado para anfibólio. Luz plana.
O plagioclásio é subédrico a anédrico, germinados segunda a lei Albita. Ele ocorre
saussuritizados e exibe duas granulometria distintas: com tamanhos médios de 2 mm, para a
mais grossa, e de 0,5 mm para a mais fina.
O clinopiroxênio e ortopiroxênio (hiperstênio) possuem cor marrom claro a
esverdeados e são xenoblásticos. Aparecem com grau de desestabilização alto, passando a
anfibólio, e subordinadamente para biotita (Figura 4.6-b).
A biotita ocorre na cor marrom e apresenta pleocroísmo marrom-escuro a marrom-
pálido, a marrom avermelhado.
O microclínio possui germinação periclina pouco deformada e exibe intercrescimento
pertítico.
45
Os minerais acessórios constituídos por apatita e zircão são idioblásticos. A apatita ocorre inclusa nos plagioclásios, e o zircão em associação com a biotita.
Tabela 4.6 - Composição mineralógica modal do charnoenderbito.
ROCHA COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA MODAL
Charno-enderbito Pl(36%); Qtz(30%); Pe(10%); Hy(8%); Anf(6%); Mi (5%); Bi(5%); Ap(1%)
Qtz – Quartzo; Pl – Plagioclásio; Anf- Anfibólio; Pe – Pertita; Hy – Hiperstênio; Bi – biotita; Ap – apatita.
Figura 4.5 - Diagrama modal QAP (Streckeisen, 1976), mostrando a classificação da amostra J-04.
4.4 Sienogranito
Os sienogranitos ocorrem em lajedos, comumente como corpos intrusivos no enderbito
(Figura 4.6). São holo a leucocráticos e possuem coloração original cinza e rósea, quando
alterados. Apesar de exibir foliação, essa superfície é incipiente com tendência isotrópica. A
composição mineralógica modal é apresentada na Tabela 4.3 e a plotagem da composição
modal na Figura 4.7.
Figura 4.6 – Corpo diminuto de sienogranito intrusivo no enderbito.
46
Figura 4.7 - Diagrama modal (Streckeisen, 1976), mostrando a classificação das amostras J-01 e J-02.
Em lâmina delgada a rocha apresenta textura inequigranular com tendência porfirítica
(Figura 4.8a). A fase principal é composta por mesopertita, quartzo, microclinio, plagioclásio,
e mais a biotita, é constituída por cristais anédricos a subédricos, enquanto que a fase
acessória é composta por apatita e zircão são euédricos (Tabela 4.3). A presença da
deformação é notada, ainda que incipiente, pelo estiramento de quartzo e plagioclásio e
orientação da biotita.
Figura 4.8 - Fotomicrografia do Sienogranito. Em (a) textura inequigranular com tendência porfirítica, observar
cristal de mesopertita no centro. Em (b) textura mimerquítica.
Tabela 4.7 - Composição mineralógica modal do sienogranito.
ROCHA COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA MODAL
Sienogranito Me (45%); Qtz (20%); Mi (15%); Pl (10%); Bi (5%); Op (3%); Zr (1%); Ap (1%)
Me (42%); Qtz (30%); Pl (10%); Bi (8%); Op (5%); Mi (3%); Zr (1%); Ap (1%)
ABREVIAÇÃO: Qtz – Quartzo; Me – Mesopertita; Pl – Plagioclásio; Antp – Plagioclásio antipertítico; Mi – Microclina; Hy – Hiperstênio; Cpx – Clinopiroxênio; Bi – biotita Op – opacos; Ap – apatita.
47
A mesopertita é a principal fase mineral. Ela possui exsolução em bastões mais
heterogêneas nas bordas e extinção ondulante (Figura 4.9a). Localmente a mesopertita
engloba o quartzo, que também possui extinção ondulante.
O plagioclásio é germinado segundo a lei Albita. Este mineral ocorre da destabilização
da mesopertita(Figura 4.9b).
A microclina exibe germinação polissintética com inclusões poiquilíticas, extinção
ondulante.
São presentes duas gerações de biotita, uma de cor marrom claro a escuro, e outra
marrom avermelhado. Ambas apresentam associação com opacos. Estes variam de euédricos
hexagonal a subédricos, quando contato com a biotita (Figura 4.9c,d).
Figura 4.9 – Fotomicrografia do Sienogranito. Em (a) borda mais heterogênea do cristal de mesopertita. Em (b) plagioclásio incluso na mesopertita. Em (c) destabilizado com biotita e, em (d) opaco hexagonal.
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4.5 Monzogranito
Os monzogranitos correspondem às rochas coletados nos inselbergs, especificamente
nos da Tocas e do Letreiro. Os litotipos encontrados são leucocráticos e enriquecidos em
quartzo, em comparação os outros litotipos analisados, possuem cor original rosa a cinza e
apresentam foliação. A composição mineralógica modal é mostrada na Tabela 4.4 e a
plotagem no diagrama QAP, na Figura 4.10.
Tabela 8.4 - Composição mineralógica modal do monzogranito.
ROCHA COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA MODAL
Monzogranito Qtz (38%); Pl (26%); Me (22%); Bi (5%); Op (2%); Ap (1%); Zr (1%)
Qtz (35%); Pl (33%); Me (15%); Mi (10%); Bi (5%); Op (2%); Ap(1%)
Figura 4.10 - Diagrama modal (Streckeisen, 1976), mostrando a classificação das amostras F-08 e F-19.
Em comparação com os sienogranito possuem maior valor modal em quartzo, e
menores valores de mesopertita, que por vezes apresentam destabilizados para microclinio.
O quartzo é anédrico, possuindo com dois tamanhos predominantes, uma com
aproximadamente 3 mm, e outra com tamanho médio 0,5 mm. Seus contatos são curvos e
exibem extinção ondulante, os cristais maiores apresentam alongados (Figura 4.11b).
Os plagioclásios são anédricos, freqüentemente saussuritizados e possuem contatos
curvos com outros minerais.
As biotitas possuem cor marrom claro a avermelhada, localmente cloritizadas, se associam
com opacos, os quais aparecem destabilizados, exibindo contatos serrilhados (Figura 4.11-c).
Os opacos são subédricos a euédricos, com formas alongadas, e estão associados com
plagioclásio (Figura 4.11d).
49
Figura 4.11 – Fotomicrografia do monzogranito. Em (a) aspecto mesocróspico (b) cristais de quartzo alongados maiores. Em (c) aglomerado máfico destabilizado, constituído por biotita e opaco. Em (d) opacos com hábito alongado.
4.6 Borda de alteração metassomática
A borda metassomática, no contato entre os sienogranitos e o enderbitos, possui
composição modal próxima do corpo granítico, com total substituição dos constituintes
máficos (Figura 4.12). Em relação à encaixante, o enderbito, a auréola de alteração apresenta
aumento do quartzo, diminuição do plagioclásio, surgimento de mesopertita e ausência do
hiperstênio. A mesopertita apresenta maior desarmonização do centro para a borda do cristal,
indicatriz do processo metassomático, com ação de fluidos magmáticos (Figura 4.12b).
Figura 4.12 - Borda de alteração metassomática (a). Mesopertita com presença de exsolução mais intensa nas bordas. Nicois cruzados.
50
5. ESTRUTURAS
Neste capítulo, serão descritas as estruturas que foram observadas, na área de estudo,
próximas à região limítrofe entre o Bloco Jequié (BJ) e o Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá
(OISC). Para isso foram estudados os aspectos geométricos e cinemáticos observados nos
litotipos da região. Esse estudo teve o intuito de tentar correlacionar as estruturas com os
diferentes estágios temporais dos eventos deformacionais.
A colisão entre o BJ e o BICS, no Paleoproterozóico (Barbosa & Dominguez 1996),
imprimiu fortes traços estruturais dos litotipos da área estudada, tais como falhas de empurrão
e zonas transcorrentes tardias (Barbosa & Sabaté, 2003). Estes traços são ressaltados nos
grandes lineamentos observáveis em escala regional (Figura 5.1). A direção desses
lineamentos regionais reflete, na área de estudo, a orientação das estruturas: foliações
miloníticas, bandamentos, lineações de estiramento/crescimento mineral, falhas e fraturas.
Com base no estudo das estruturas dúcteis, foram observadas as relações de
truncamento/transposição, a relação espacial e os indicadores cinemáticos associados. Desse
modo foi possível se fazer a separação de quatro fases deformacionais: uma fase
predominante compressiva, outras duas dominadas por deformação transpressional e uma fase
transextensiva (possivelmente relacionada ao colapso do orógeno), como será visto mais a
frente. Fechando a história tectônica local foram geradas as estruturas rúpteis, representado
por fratura, falhas e veios, marcando, dessa forma, a mudança de deformações do nível crustal
mais profundo para um nível crustal mais raso.
51
Para um melhor entendimento das deformações, fases tectônicas, estruturas planares e
lineares geradas, foram utilizadas as letras D para as fases de deformação, S para as
superfícies geradas e L para as lineações.
Serão apresentadas, a seguir, as estruturas dúcteis e rúpteis, obedecendo à relação
temporal de nucleação, posteriormente, os paleocampos de tensões locais, obtidos a partir
desses dados.
Figura 5.1 – Mapa de modelo digital de terreno SRTM (Shutter Radar Tomography Mission). Em (a) lineamentos estruturais interpretados. Em (b) diagrama de roseta dos lineamentos estruturais do relevo.
5.1 – Estruturas Dúcteis
As foliações foram hierarquizadas, segundo critérios de truncamento e transposição.
Como não foi possível identificar a superfície primária, essas superfícies foram nomeadas
aqui, como Sn, Sn+1 e Sn+2, etc., conforme sua relação temporal da mais antiga para a mais
jovem. A mesma sistemática foi utilizada para nomear das lineações de
52
estiramento/crescimento, contidas em seus respectivos planos: LXn, LXn+1 e LXn+2, etc. Por
fim, as fases deformacionais hierarquizadas como Dn, Dn+1 e Dn+2, etc.
As estruturas dúcteis são marcadas pelo estiramento de grãos de plagioclásio, de quartzo
e de minerais máficos associados. A distribuição destas estruturas será mostrada a seguir.
5.1.1 Estruturas da Fase Dn
As estruturas Sn e LXn correspondem aos registros mais antigos do evento
deformacional, encontradas na maior parte da área, obliteradas pela fase posterior e por
processos de fusão parcial (anatexia). Entretanto, foram observáveis em porções menos
deformadas, ou seja, em zonas de low strain da fase mais nova.
a) Estruturas Sn e LXn
A foliação Sn é penetrativa, definida pela orientação preferencial de quartzo,
plagioclásio e subordinamente biotita, os planos são ressaltados pela atuação diferencial do
intemperismo. Para a foliação Sn foram obtidas 78 medidas, sendo as orientações mais
freqüentes, distribuídas da seguinte forma: N031º-N040º (28%), N021º-N030º (27%) e
N011º-N020o (12%) (Figura 5.2). Estes planos apresentam mergulhos de baixos ângulos, que
variam entre SE, principalmente, e NW, com máximo de concentração em 72 p/ N120 e plano
máximo igual a N030º/18ºNW, sugerindo uma superfície dobrada.
As lineações de crescimento/estiramento, LXn, marcada pelo quartzo e plagioclásio,
possuem caimentos sub-horizontais para NW, principalmente, e SE, com máximo de
concentração em N305/24º. As distribuições predominantes são: N301º-N310º (40%), N131º-
N140 (17%), N281º-N290º (10%) e N91º-N100º (10%) (Figura 5.3). A lineação LXn possui
direção ortogonal à do plano Sn na qual está contida, o que caracteriza uma lineação do tipo
dip-slip. Em campo a cinemática associada a esses planos foi do tipo reversa, indicada pela
estrutura S/C (Figura 5.4).
53
Figura 5.4 – Em (a) a foliação Sn subhorizontal de atitude N033º/40ºSE. Em (b) detalhe o plano XZ que mostra a relação S/C, indicativo de movimento reverso. A prancheta simula o plano tridimensionalmente no espaço.
b) Eixos de Dobras Lβn
Os eixos de dobras, Lβn, possuem direções N131º-N140º (62,5%), N111º-N120º (25%)
e N281º-290º (17%), no total de 8 atitudes obtidas, com máximo de concentração em
N132o/30o (Figura 5.5). Estes possuem direção paralela a LXn, o que sugere mesma relação
temporal na gênese. Estão presentes em dobras isoclinais com plano axial verticalizados,
devido à sobreposição da fase Dn+1, encontradas em xenólitos máficos, que apresentam bordas
alteradas, com hornblenda no seu interior.
Figura 5.2 - Diagramas em rosetas das estruturas planares, Sn, totais. (a) Rosetas de direção e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar, a guirlanda representa o plano máximo. Hemisfério inferior rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert.
Figura 5.3 - Diagramas das estruturas lineares, LXn, totais. (a) Rosáceas de direção e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar. Hemisfério inferior rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert.
54
Figura 5.5 - Diagramas dos eixos de dobras, Lβn, totais. (a) Rosáceas de direção e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar. Hemisfério inferior de rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert.
Figura 5.6 – Dobra com Lβn paralelo a LXn.
A distribuição das estruturas relacionadas com a fase de deformação Dn, está
concentrada principalmente na porção SW na área de estudo, mais para a borda do BJ. E em
algumas zonas de low stain no centro da área (Figura 5.7).
55
Figura 5.7 - Mapa de distribuição das estruturas da Fase Dn.
56
5.1.2 Estruturas da Fase Dn+1
A Dn+1 representa a fase mais importante no rearranjo tectônico, nucleando uma
foliação, Sn+1, penetrativa, que se reflete nos lineamentos regionais.
a) Estruturas Sn+1 e LXn+1
As estruturas relacionadas com a fase de deformação Dn+1 possuem distribuição
homogênea, ao longo de todos os afloramentos da área de estudo (Figura 5.8).
Foram coletadas 170 medidas da foliação Sn+1, distribuída segundo direções de maiores
freqüências: N111º-N120 (42%), N101º-N110º(24%), N121º-N130º (14%) e N091º-N100º
(12%). Estes planos possuem mergulhos subverticais para NE e SW com plano máximo igual
a N116º/84ºNE e máximo de concentração em 06 p/ 206 (Figura 5.9). A foliação Sn+1 é
paralela ao bandamento composicional principal dos litotipos.
O plano Sn+1 é acompanhado por lineações de crescimento/estiramento, LXn+1, tipo
strike-slip. As lineações possuem caimentos de baixos ângulos e máximo de concentração em
18 p/ 285 e estão distribuídos, pelos maiores números de constâncias, em: N281º-N290º
(21%), N271º-N280º (16%), N291º-N300º (14%), N301º-N310º (13%), N311º-N320º (13%) e
N261º-N270º (9%) (Figura 5.10). A cinemática é dextral, evidenciada pela presença de dobras
assimétricas e relações S/C.
57
Figura 5.8 - Mapa de distribuição das estruturas da Fase Dn+1.
58
b) Zonas de cisalhamentos
Zonas de cisalhamentos ocorrem localmente. Essas estruturas transpõem o plano pretérito,
Sn, onde a foliação mais antiga assume formas sigmoidais, circundadas por bandas de
cisalhamento “C” paralelas a Sn+1, com cinemática dextral (Figura 5.11). A cinemática dextral
é observada pela presença de dobras assimétricas e relações S/C.
Figura 5.11 – Zona de cisalhamento de cinemática dextral, transpondo a foliação pretérita (Sn) que assume formas sigmoidais.
c) Dobras
Foram encontradas dobras isoclinais, observadas nos relictos máficos, além de
deformações em intrusões de porções de graníticas, evidenciadas nas aureolas de frentes de
metassomatismo (Figura 5.12).
Figura 5.9 - Diagramas das estruturas planares, Sn+1, totais. (a) Rosáceas de direção e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar, a guirlanda representa o plano máximo. Hemisfério inferior rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert.
Figura 5.10 - Diagramas das estruturas lineares, LXn+1, totais. (a) Rosáceas de direção e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar. Hemisfério inferior rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert.
59
Figura 5.12 Intrusão granítica dobrada pela fase Dn+1.
5.1.3 Estruturas da Fase Dn+2
Esta fase deformacional é representada pela presença de um par conjugado de zonas de
cisalhamento dúctil-rúptil, que deforma a foliação das fases mais antigas (Sn e Sn+1).
5.1.3.1 Zonas de Cisalhamentos
A fase deformacional Dn+2 é marcada pela presença de zonas de cisalhamento (ZC´s)
dúcteis. Ao todo foram obtidas 76 atitudes, subverticais que compõem um par conjugado
(Figuras 5.13 e 5.14). Do total levantado, 30 medidas foram de zonas de cisalhamento
dextrais, com a distribuição dominante: N141º-N150 (40%), N151º-N160º (30%) e N161º-
N170º (23%), e 40 medidas de zonas de cisalhamentos sinistrais, distribuídas estatisticamente
por maiores freqüências em: N001º-N010º (47%) e N031º-N040º (39%).
60
Figura 5.13 - Diagramas das zonas de cisalhamento, ZCs, totais. (a) Projeção dos planos de cisalhamentos dextrais e (b) Projeção dos planos de cisalhamentos sinistrais. Hemisfério inferior rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert.
Figura 5.14 - Pares conjugados de cisalhamento rúptil-dúctil a dúctil, com direção de campo de tensão aproximadamente N-S.
A distribuição das estruturas relacionadas com a fase de deformação Dn+2 ocorre ao longo de todos os afloramentos da área de pesquisa (Figura 5.15).
61
Figura 5.15 - Mapa de distribuição das estruturas Fase Dn+2.
62
5.1.4 Estruturas da Fase Dn+3
A última fase Dn+3está relacionada a uma superfície com baixo ângulo de mergulho, não
afetada pelos pares conjugados de cisalhamentos dúcteis. Interessante notar que localmente
essa superfície transpõe apenas parcialmente as estruturas mais antigas.
5.1.4.1 Estruturas Sn+3 e LXn+3
Para a foliação Sn+3 foram obtidas 39 atitudes. Estes planos de baixos ângulos
mergulham para NW e SE, com máximo de concentração em 60 para 108, e plano máximo
igual a N018º/30ºNW, com as seguintes distribuições maiores: N011º-N020º (33%), N000º-
N010º (23%) e N021º-N030º (15%) (Figura 5.16).
A lineação de crescimento/estiramento mineral associada ao plano, LXn+3, possui
direção compreendida entre N074º-N082º (100%), de alto rake e máximo de concentração
em 12 para 250 (Figura 5.17). Esta estrutura foi gerado a partir de um movimento normal-
sinistral, interpretadas em campo pela presença de planos de arrasto (drag´s) e dobras de
cisalhamento normais, associado à foliação Sn+3.(Figura 5.18). A foliação Sn+3 transpõe,
localmente, o plano subvertical (Sn+1) (Figura 5.19).
As estruturas da fase Dn+3 ocorrem localmente, e apresentam distribuição maior, à oeste de Itatim (Figura 5.20).
Figura 5.16 - Diagramas das estruturas planares, Sn+3, totais. (a) Rosáceas de direção e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar, a guirlanda representa o plano máximo. Hemisfério inferior rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert.
Figura 5.17 - Diagramas das estruturas lineares, LXn+3, totas. (a) Rosáceas de direção e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar. Hemisfério inferior rede estereográfica igual-area Schmidt-Lambert.
63
Figura 5.18 – Em (a) plano de arrasto associado ao plano Sn+3, evidenciando o movimento sinistral. Em (b) visão
em perfil, mostrando dobra de cisalhamento normal.
Figura 5.19 – Em (a) foliação subhorizontal (Sn+3). Em (b) transposição do plano Sn+1, pela foliação Sn+3.
64
Figura 5.20 - Mapa de distribuição das estruturas Fase Dn+3.
65
5.2 Estruturas Rúpteis
As estruturas rúpteis foram geradas na história geológica final. Tais estruturas são
representadas por fraturas de cisalhamento e veios e não apresentam deformações
sobrepostas.
5.2.1 Fraturas e Veios
As estruturas rúpteis são representadas por fraturas e veios. As fraturas são,
comumente, preenchidas por feldspato e apresentam auréola metassomática. Sua distribuição
estatística, de direções preferenciais, é: N021º-N030º (36%), N001º-N010º (30%), N011º-
N020º (15%), N031º-N040º (9%), N101º-N100º (6%) e N111º-N120º (4%), do total de 478
medidas, com máximo de concentração em 06 para 111 (Figura 5.21). Localmente ocorrem
falhas associadas a cinemática sinistral, evidenciadas por estruturas abertas tipo pull apart
(Figura 5.22).
Foi encontrado um conjunto de fraturas horizontais a subhorizontais. Estas estruturas
ocorrem amplamente nos inselbergs. Em certos locais é visível a confluência dos conjuntos de
fraturas subhorizontais e subverticais, formando um adensamento em zona de high strain
(Figura 5.23).
Figura 5.21 - Diagramas das fraturas totais. (a) Rosáceas de direção e (b) diagrama de curvas de isodensidade de
freqüência polar. Hemisfério inferior rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert.
66
Figura 5.22 – Em (a) falha de atitude N020º/82ºNW. Em (b) detalhe mostrando microestrutura pull
apart associada a cinemática sinistral.
Os veios são formados por material pegmatítico com presença de mesopertita. A
mesopertita forma cristais centimétricos, bem formados. O hiperstênio forma um mobilizado
que se altera para uma massa irregular rico, em ferro hidratado. Foram obtidas 134 medidas,
com as seguintes direções preferenciais: N021º-N030º (24%), N031º-N040º (17%), N041º-
N050º (15%), N121º-N130º (12%), N011º-N020º (11%) e N111º-N120º (11%) e máximo de
concentração em 24 para 296 (Figura 5.24).
Figura 5.23 – Adensamento de fraturas subverticais e subhorizontais, encontrado nos inselbergs.
67
Figura 5.24 - Diagramas dos veios totais. (a) Rosáceas de direção e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar. Hemisfério inferior rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert.
5.2 Campos de tensão
A partir dos dados de foliação e lineação mineral contida no plano, e sabendo-se a
cinemática associada às estruturas, foram obtidos os campos de paleotensões locais, gerados
em função do campo remoto de tensões regionais, das quatro fases deformacionais (Figura
5.18). Para isso, foi empregado o método de inversão (Srivastava et al. 1995), já descrito no
Capítulo 1.
Foram obtidos: (i) a fase reversa Dn possui tensor máximo local, σ1, de atitude
N120º/17º e tensor mínimo local, σ3, orientado N316º/72º; (ii) a fase transpressiva Dn+1,
possui σ1 igual a N160º/04º e σ3 com atitude N252º/10º; (iii) para a fase Dn+2, o tensor do par
de cisalhamento dúctil tem orientação N-S; (iv) para a fase transextensiva, Dn+3, foi obtido o
tensor máximo gravitacional local de orientação, σ1, N041º/75º e o tensor de mínimo de
transextensivo, σ3, igual a N082º/12º. Esta análise demonstra uma rotação do tensor de
compressão principal, σ1, durante a evolução tectônica compressional da área.
68
Figura 5.18 – Orientações dos paleotensores locais, das fases deformacionais, obtidos pelo método de inversão (Srivastava et al. 1995). Os diedros cinza representam extensão e os branco compressão, os parâmetros de tensor momento ou de Bingham, com os pontos de concentração 1,2,3 representando os tensores principais, σ3, σ2 e σ1, representados, respectivamente pelas setas brancas, cinzas e pretas. São mostrados os tensores subhorizontais para facilitar a visualização, excluindo dessa representação os tensores com altos ângulos. Notar rotação do σ1, no sentido horário, durante as fases compressionais.
69
6. DISCUSSÕES
6.1 Fases Deformacionais
As fases deformacionais estão ligadas a movimentos tectônicos, originadas durante a
colisão paleoproterozóica, a qual promoveu duplicação da crosta (Barbosa, 1997). Tratam-se
de estágios progressivos da evolução, durante os quais ocorrem variação do campo remoto de
tensão.
As estruturas obtidas na área permitiram a distinção de quatro fases deformacionais:
uma predominante compressiva (Dn); posteriormente, uma fase transpressional (Dn+1); uma
fase progressiva (Dn+2) e; uma fase transextensiva (Dn+3), possivelmente relacionado ao
colapso gravitacional. Nesta abordagem tentou-se, também, relacionar as orientações dos
principias tensores locais com os seus correspondentes regionais ou remotos (far-field
stresses).
6.1.1 Fase deformacional Dn
As estruturas correlacionadas a esta fase são: a foliação (Sn), a lineação de
crescimento/estiramento mineral (LXn) e dobras isoclinais.
As estruturas agrupadas nesta fase indicam atuação de movimentação tectônica
reversa, interpretado como correspondente a um estágio evolutivo colisional obliquo, com
orientação de campo de tensão principal à N120º e vergência para NW, possivelmente,
70
associado a um campo remoto regional, descrito por Sabaté (1996) por possuir orientação
próximo de E-W a ESE-WNW.
6.1.2 Fase deformacional Fase Dn+1
Esta fase deformacional é a mais penetrativa, sendo facilmente visível nos grandes
lineamentos estruturais observados na imagem de modelo de relevo. Fazem parte desse
estágio as seguintes famílias de estruturas: a foliação (Sn+1), a lineações de
crescimento/estiramento mineral (LXn+1), além de dobras isoclinais e estruturas tipo S/C.
As foliações subverticais com lineações minerais strike-slip, são indicatriz de um
cenário tectônico transcorrente/transpressivo. A cinemática dextral observada para esta fase é
explicada pela geometria (direção) do anteparo (o Bloco Jequié) em função do campo de
paleotensão (Figura 6.1). Para esta fase cujo tensor máximo do campo de paleotensão foi
rotacionado no sentido horário, se posicionando na direção N160º, compatível com a com o
campo remoto de paleotensão regional SSE-NNW (Corrêa-Gomes et al. 1995; Sabaté 1996).
Figura 6.1 – A forma do anteparo, representado pelo Bloco Jequié (BJ) condiciona a variação local da
cinemática para o mesmo campo de tensão principal (σ1). Para área de estudo a cinemática é dextral (setas
vermelhas), contrastando com a cinemática geral sinistral (setas pretas).
6.1.3 Fase deformacional Fase Dn+2
71
A estrutura marcada desta fase é um par conjugado de cisalhamento dúctil a dúctil-
rúptil. Esta estrutura foi gerada por um campo de paleotensão de orientação,
aproximadamente, N-S, originado, novamente, pela rotação do campo remoto no sentido
horário. Esta mudança pode ser causada, em função do aumento da resistência reológica
(strain hardening) ou rotação do anteparo, correspondente a um estágio mais avançado da
colisão.
6.1.4 Fase deformacional Fase Dn+3
As estruturas associadas a fase Dn+3 são: foliação (Sn+3) e lineação de
crescimento/estiramento mineral (LXn+3), além de dobras de arrasto e normal.
A foliação é subhorizontal e possui uma lineação mineral de medio rake gerado a partir
de um movimento normal-sinistral, sugerindo um campo de paleotensão transextensivo de
colapso do orógeno, reforçado por um tensor atuante gravitacional (peso da cadeia de
montanha), o qual gerou dobras de cisalhamento normal. O vetor gravitacional e a tensão
transextensiva foram responsáveis pela formação criação de espaços, criando de veios
enriquecidos de quartzo, de direção N030º.
6.2 Evolução Estrutural e Tectônica
O modelo tectônico proposto por Barbosa et al. (2003) atribui um quadro do tipo
subducção de uma crosta oceânica do Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá, por sob uma crosta
continental do Bloco Jequié, com a placa oceânica mergulhando para oeste. As estruturas da
fase inicial de colisão frontal, Dn, desenvolveu uma lineação (LXn) tipo dip-slip sobre uma
foliação (Sn) subhorizontal, com vergência para SE, corroborando com o sentido de mergulho
sugerido por Barbosa (op. cit). Isto evoluiu para uma situação do tipo colisional mais
avançado, com geração de grandes volumes de magmas de composição granítica. Processos
de fusão parcial e intrusões graníticas posteriores, obliteraram as estruturas da fase Dn.
A presença uma foliação (Sn+1) acompanhada por lineação mineral (LXn+1) tipo strike-
slip, indicam a atuação posterior de uma tectônica transcorrente de cinemática dextral, como
correspondente a um estágio evolutivo da tectônica colisional. Este processo deformacional
ocorreu posteriormente à fase de granulitização e intrusões sienogranítica, da fase anterior.
72
Grandes lineamentos estruturais de direção principal N120º, estão associados a uma zona de
cisalhamento de caráter transpressivo de cinemática dextral. Posteriormente, o paleocampo de
tensão sofre outra rotação no sentido horário, se posicionando na direção N-S. O
soerguimento dos terrenos resultantes desta tectônica transpressiva promoveu a migração da
isoterma, gerando, localmente, um processo de retrometamorfismo da fácies granulito para
fácies anfibolito, indicada pela destabilização do hiperstênio para anfibólio.
Por fim, o evento é marcado por uma situação extensional, de colapso gravitacional de
orógeno, fase Dn+3, na qual foi gerada uma foliação de baixo mergulho (Sn+3), a qual se
associa uma lineação mineral (LXn+3) de caimento suave, como produto do vetor
transextensivo.
Nesses ambientes colisionais as tensões locais podem variar em função das tensões do
campo remoto regionais. Abaixo é demonstrado um quadro comparativo entre os campos
remotos descritos por Sabaté (1996) e Corrê-Gomes et al. (1995) e os campos locais obtidos
(Figura 6.2).
Figura 6.2 - Quadro esquemático, simulando as paleotensões locais e suas estruturas associadas a um campo remoto de tensão regional. Em (a) para a fase Dn; (b) para a fase Dn+1; (c) fase Dn+2 e; (d) a fase Dn+3. Notar
rotação horária nos campos de tensores σ1. As menores pretas representam os tensores compressivos principais locais, as setas menores cinza os tensores extensivos principais locais. As setas maiores representam os tensores de campo remoto regional obtidos por Sabaté (1996) e Corrêa-Gomes et al. (1995).
73
A apreciação das distribuições das estruturas das fases de deformação e suas relações
com os campos de tensão estão colocados no bloco diagrama da Figura 6.3.
Figura 6.3 - Distribuição das estruturas em relações aos tensores locais. A cor verde representa a fase Dn, à cor azul claro representa a fase Dn+1, a cor azul escuro à Dn+2 e, a cor vermelha a fase Dn+3.
6.3 Herança tectônico-estrutural na influência da geomorfologia
Na região de estudo, os inselbergs estão orientados, de modo geral, segundo N120º,
similiar direção dos grandes lineamentos estruturais na área de estudo. Os lineamentos são
resultado da fase transpressional (Dn+1), da colisão paleoproterozóica entre o Bloco Jequié e o
Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá que resultou em potentes feixes de zonas de cisalhamento de
similar orientação e cinemática dextral, refletindo a direção preferencial do plano Sn+1. Este
movimento gerou uma grande faixa de deformação de escala quilométrica, com
comportamento dúctil heterogêneo. Desenvolvendo faixas de deformações mais concentradas,
zonas de high strain, em torno de faixas de deformação mais brandas, zonas de low strain,
numa típica relação com estrutura S/C, refletindo a orientação do plano Sn+1 (Figura 6.8a).
Em uma fase posterior, o soerguimento crustal permitiu a criação de um conjunto de
fraturas subverticais, perpendiculares à superfície topográfica, e outro conjunto de fraturas
subhorizontais, paralelo à superfície topográfica, devido, sobretudo à expansão por alivio de
tensões (Jahns, 1943; Billings, 1972; Hills, 1972, apud Loczy & Ladeira, 1976).
74
Figura 6.4 – Faixa de comportamento dúctil heterogêneo. Em (a) esquemática de deformação, desenvolvendo faixas de deformações mais concentradas, zonas de high strain, em torno de faixas de deformação mais brandas, zonas de low strain. Em (b) relevo residual associado a zonas de low strain, Serra do Coité.
A família de planos transpressivos subverticais da fase Dn+1, e a família de fraturas,
condicionaram pontos de fraqueza que foram mais rapidamente desagregados pelo
intemperismo profundo. As zonas de high strain e as porções de maior grau de adensamento
de fraturas serão mais rapidamente desagregadas pelo intemperismo profundo, enquanto que
as zonas low strain e as áreas menos fraturadas se mantêm no relevo (Figuras 6.6, 6.7 e 6.8).
Neste contexto, o sistema de cisalhamentos dextrais (fase Dn+1) é o principal controlador da
extensão longitudinal dos maciços, gerando corpos maciços alongados de orientação análogos
à deformação mais penetrativa, N120º. A família de fraturas subhorizontais é interpretada
como as controladoras das alturas dos inselbergs (Figura 6.8).
Figura 6.5 – Zona de high strain dissecada, região de Itatim-Ba.
75
Figura 6.6 - Evolução do modelo, em função do grau de fraturas subhorizontais e subverticais que se intersectam formando ângulos retos entre si. Foto original no canto inferior direito, Milagres-Ba.
A evolução do modelado granítico está, portanto, associada à erosão diferencial
controlado pelas estruturas herdadas dos sucessivos estágios deformacionais da colisão, e
posteriores, que atuaram sobre o arcabouço interno do maciço ainda em profundidade, ou
durante o soerguimento da crosta, e prosseguiram até a mesma atingir a superfície (Santiago
et al., 2009).
76
7. CONCLUSÕES A partir dos dados de estruturas e análise petrográfica, tornou-se possível interpretar em
termo de evolução tectônica colisional, quatro fases deformacionais progressivas.
A primeira fase, Dn, representa o estágio inicial da colisão com movimentação tectônica
reversa para NW, onde foram geradas uma foliação regional, Sn, de baixo mergulho, e
lineação de crescimento/estiramento mineral, LXn, dip-slip, associados com processo de
granulitização. Posteriormente, com geração de intrusões graníticas.
A fase consecutiva, Dn+1, de maior penetratividade, marca a evolução tectônica, para um
estágio transpressivo de cinemática dextral, a qual nucleou a foliação, Sn+1, de altos ângulos
de mergulho e uma lineação LXn+1 de baixo rake, desenvolvida em um sistema de zona de
cisalhamento transpressivo, marcada pela presença de grandes alinhamentos estruturais no
relevo, em escala regional, de orientação NW-SE. Nesta fase as rochas da fácies granulito
foram levadas para níveis crustais mais rasos, promovendo o aparecimento de assembléias
retrógradas.
A terceira fase, Dn+2, representa o estágio mais avançado da colisão, na área de estudo, o
qual nucleou um par conjugado de cisalhamento dúctil.
A quarta fase, Dn+3, de caráter menos penetrativo, associada ao colapso gravitacional de
orógeno, onde foram geradas uma foliação de baixo mergulho, Sn+3, e uma lineação mineral,
LXn+3, de baixo ângulo de caimento.
Ainda com base no estudo das estruturas dúcteis e os indicadores cinemáticos
associados, obteve-se o campo de paleotensão local, para cada fase da evolução tectônica. Os
77
campos de paleotensão locais principais, σ1, ao longo da evolução tectônica colisional,
rotaciona-se no sentido horário. Partindo da direção N120º, na primeira fase, posiciona-se à
N160º na segunda fase, e a N-S na terceira fase. Por fim, na quarta fase possui orientação
subvertical.
A evolução da geomorfologia está associada à erosão diferencial controlado pela
herança tectônica-estrutural dos sucessivos estágios deformacionais da colisão. As estruturas
dúcteis, originadas durante a fase transpressional, são às responsáveis pela extensão e
orientação geral N120º dos inselbergs. As estruturas rúpteis subverticais e subhorizontais que
se intersectam, também, controlam o modelado do relevo: extensão e altura dos inselbergs.
78
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