Ésquilo poeta grego a sabedoria amadurece por meio do sofrimento
TRANSCRIPT
Ésquilo
poeta grego
“A sabedoria amadurece
por meio do sofrimento.”
Todas as histórias são de amor.
Esta é a segunda parte de uma apresentação sobre a vida de Mona Mahmudnizhad.
A história relatada a seguir tem por palco a cidade de Shiraz, localizada ao sul do Irã.
Em 1979, ano em que ocorreu a Revolução Islâmica no Irã, teve início no país uma onda de violação aos direitos humanos fundamentais.
Com a tomada do poder pelo clero fundamentalista xiita, violenta perseguição foi iniciada contra as minorias religiosas, em particular, contra os seguidores da Fé Bahá’í.
Em decorrência da severa intolerância religiosa manifesta pelo novo governo,
Os prisioneiros são submetidos a seguidas sessões de interrogatório, que visam fazê-los negar a religião que professam.
Mona, aos dezessete anos de idade, é presa, juntamente com seu pai, e centenas de outros seguidores da Fé Bahá’í.
Quão longe você iria pelos teus ideais?
- O Anjo de Shiraz -
(uma história real)
- PARTE V -
A PRISÃO
Chega-se a um ponto da caminhada em que constatamos
que perdemos tudo,
que tudo nos foi roubado,
salvo a nossa Fé, o nosso Amor,
e a nossa Esperança.
E é então que descobrimos que ainda
tudo possuímos...
- Fé, Amore Esperança -
Embora seja a mais jovem do grupo de prisioneiras,
Mona, com a sua presença, transmite às demais colegas
conforto e abrigo.
As suas mãos constantemente estende para acolher, para abraçar.
A sua voz e as suas palavras procuram consolar e animar.
Seus olhos espelham toda a
bondade e ternura que traz na
alma.
Na dura rotina da cadeia, a oração ocupa um lugar especial.
Em meio ao confinamento, pedem a Deus força e coragem para enfrentar as tribulações.
Certo dia, o carcereiro ordena que Mona o acompanhe
para mais um interrogatório.
Só que desta vez, antes de ser conduzida à sala
de interrogatório, Mona recebe ordens para
seguir o guarda até o porão da prisão.
No porão está o seu amado pai,
que está sendo submetidoa torturas.
Neste ambiente lúgubre, e em tais
desumanas condições,
filha e pai se reencontram pela
primeira vez desde que foram presos.
Os pais de Mona plantaram nela desde pequena
as sementes da fé em Deus,
do amor à vida,
e da esperança no futuro.
Diante do seu pai, nestas terríveis condições, ela aprende outra lição,
- a de ser paciente e resoluta diante das provações,
mesmo as mais severas.
O encontro, que dura alguns breves
minutos, visa minar-lhes a resistência.
Basta que digam que negam a religião que professam, para que
sejam soltos.
Porém, nem Mona nem seu pai aceitam
negociar a sua liberdade mediante tais termos...
...mesmo sabendo dos perigos que correm,
mesmo tendo diante de si todas as atrocidades que a intolerância religiosa
é capaz de produzir.
Manifestam a fé e a coragem que tantos antes
deles demonstraram.
Quantos foram, na história da Humanidade,
os que sofreram, que foram perseguidos e
exilados, feridos e mortos, por causa dos ideais
em que acreditavam?
Quantos são os que nos dias de hoje sofrem,
e quantos os que ainda sofrerão?
A Liberdade é um dos mais antigos
anseios da alma humana.
O que significa ser livre?
Qual o significado da palavra Liberdade?
É possível ser livre, mesmo envolto por grades e cadeados?
É possível ser livre, mesmo sob a mira
das armas do opressor?
O que significa ser livre?
Qual o significado da palavra Liberdade?
No cárcere, Mona vivencia
uma remota lição,
- a de que permanecer presa por causa da Justiça não é nenhuma vergonha,
mas motivo de júbilo.
Filha e pai vivenciam nas profundezas dos
seus corações
o quanto a perseguição por causa do Amor
representa, de fato, uma bem-aventurança...
- PARTE VI -
REENCONTROS
Os interrogatórios
se sucedem.
Muitas vezes, as sessões iniciam-se pela
manhã, prosseguindo até altas horas da madrugada.
Espera-se que, deste modo, vitimadas pelo
esgotamento físico, além da coação mental e
psicológica, elas finalmente cedam.
Em algumas ocasiões, o interrogatório
estende-se por vários dias seguidos.
Seus opressores fazem de tudo para privá-las de
suas faculdades mentais e de sua sensibilidade.
Porém, elas permanecem lúcidas, corajosas,
e livres.
Em meados do mês de janeiro, três meses passados desde a prisão de Mona e seu pai,
a mãe de Mona recebe a notícia de que sua filha fora julgada inocente,
e que será posta em liberdade mediante pagamento de fiança.
Sra. Mahmudnizhad transfere o título de propriedade de um pequeno apartamento que a família possui para as autoridades,
e dirige-se à prisão com a documentação
para finalmente
conseguir a soltura da sua amada filha.
Mas, ao chegar à prisão, para sua surpresa, recebe voz de prisão, sendo informada, ainda,
que o imóvel da família será confiscado.
A quem se pode recorrer quando a
própria ordem vigente é sustentada
por arbitrariedades, crueldades, injustiças?
“Bem-vinda, mãe.
Bem-vinda a seu novo lar...!”São as palavras de Mona, que a
abraça longamente.Mãe e filha passam a ficar confinadas
na mesma cela.
Nesta primeira noite juntas, Mona, enquanto se prepara para
dormir no chão, segurando a mão de sua mãe, dirige-lhe o seguinte apelo...:
“Mãe, você tem que se adaptar à nova situação e ao ambiente monótono daqui.
Tente chorar apenas quando estiver sozinha, e apenas por amor a Deus. Não chore por
sentir pesar...”
“Sorria sempre e seja feliz, de modo a ser um apoio para as outras prisioneiras.
Tem mais uma coisa que eu gostaria de lhe solicitar. Peço que não demonstre mais amor por mim do que pelas demais prisioneiras...”
“Não gostaria que, ao nos verem juntas, sintam-se sozinhas.
Você deve ser mais mãe delas do que minha.
Tente cuidar primeiramente das outras prisioneiras.”
Na prisão as horas se movimentamem compasso alterado, em outra sintonia,
para além da vida normal.
Mona permanece em constante estado de oração, absorta em meditação,
recolhida no silêncio de sua alma.
Pede a Deus força, coragem e alegria.
Recolhida, recita a seguinte oração:
“Ó Deus, refresca e alegra meu espírito. Purifica meu coração. Ilumina meus poderes.
Em Tuas mãos confio todos os meus interesses. És meu Guia e meu Refúgio.
Não mais se apossarão de mim a tristeza e a ansiedade, e sim, o contentamento e
a alegria...”
“Ó Deus, jamais me entregarei à aflição, nem permitirei que os desgostos me atormentem ou as coisas desagradáveis da vida me inquietem.
Ó Deus, és mais meu Amigo do que eu sou
de mim mesmo.
Dedico-me a Ti, ó Senhor.”
dos Escritos da
Fé Bahá’í
Fim da segunda parte
(continua...)
Formatação: [email protected]