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qual vai ser o role de hoje ?

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qual vai ser o role de hoje?

wendeel aleixo

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quando o panic at the disco já dizia ‘i have friends in holy spaces’

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lights and music

Minha vida nunca foi normal, sei lá, acho que eu não saberia dizer o que de importante fiz nela, mas sei exatamente em quais as coisas erradas estive presente. Tudo valia na noite cercada de luzes de neons e muita música, não importava se era o certo ou errado, eu experimentei um pouco de tudo que pude... tudo em nome da diversão. Estranho como minhas ações afetaram tanta gente, como Jhonn disse, foi ótimo, mas agora infelizmente acabou. Se meninos bons vão para o céu eu não sei, mas agora tenho certeza que os maus vão aonde querem.

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‘i got a date with the night’ date with the night

yeah yeah yeahs

- Qual vai ser o role de hoje? Bem, é assim que começo minha história, pois foi isto que eu ouvi assim quando atendi ao celular naquela sexta feira. Já passava das três horas da tarde e eu estava meio que dormindo, mas logo reconheci a voz de minha amiga Amanda. Ela era do tipo que sabia animar a qualquer um, a qualquer momento. Mas eu não tinha entrado na net ainda e ninguém havia me ligado, então não fazia a menor idéia de qual seria o role do dia. Pedi para ela ligar lá para as dezessete horas na desculpa de que iria combinar com a galera quando na verdade eu queria dormir mais um pouco. Como não estudava nem trabalhava tentei ignorar o relógio e fechei meus olhos na esperança de voltar ao mundo mágico dos meus sonhos, mas a magia do sono parecia ter acabado.

Era um dia quente e eu estava um pouco suado e quase decidido a ir tomar um banho. Não nego, sempre fui preguiçoso, o calor era meio que irritante para mim, mas só de pensar em levantar da cama me dava vontade de continuar com os olhos fechados. Olhei para tela do meu celular quase sem abrir os olhos – que preguiça era aquela -, pensei em mandar uma mensagem para Johnn, mas acabei mandando uma para Ryan, pedindo que me liga-se urgentemente.

Com muito sacrifício acabei levantando da cama. Fui em direção ao meu banheiro, quase que me arrastando, mas antes mesmo de passar pela porta meu celular começou a tocar novamente. Eu olhei o numero no visor e não tinha identificação nenhuma e então atendi. - Travinhaa! - Logo reconheci aquela voz meio grave acompanhada de um tom bastante meigo de meu amigo Ryan. - Oi querido, como você esta? - respondi quase caindo me sentando novamente à cama. - Linda! - respondeu ele - Acorde e me responda, ta a fim de dar role no Clube hoje? - Lógico que estou - disse já pensando em uma roupa para usar na noite - Qual bebida você quer que eu leve?

- Hum, com direito a escolha? - senti a voz dele mais animada, deixá-lo escolher o álcool sempre o fazia assim - Ah, pode ser algo bem leve, mais tarde compramos uma Tequila ou uma Vodka!

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- Ryan Leminski - falei quase começando a rir. Ryan não querendo que eu leve algo altamente alcoólico só poderia significar duas coisas, ou ele já estava muito bêbado ou seria: - Role do sexo? - Apenas os Top Top da cidade! - respondeu ele. - Fechou! - falei totalmente animado.

- Oito da noite começa a orgia, um beijo! - disse Ryan finalizando a conversa.

Ryan era meu melhor amigo, eu o conhecia a pouco mais de três anos e desde então só andávamos juntos. Sempre tivemos muitas coisas em comum, acho que isso que tornava nossa amizade tão boa e fácil de lidar. Eu poderia passar um mês sem sair para role nenhum, mas não conseguia ficar um dia sem ligar para ele ou para Amanda. Bem, como já disse Amanda com sua alegria era uma pessoa essencial a minha vida. Posso dizer que juntos éramos um trio realmente incrível.

Depois do banho, dei uma espiada na geladeira para ver o que tinha para comer. Mas acho que o que eu queria não existia naquele momento e então liguei para minha mãe para saber a que horas ela chegaria e aproveitei e pedi para ela me trazer algo para comer, afinal ela era Chef de Cozinha, não era nada demais o que eu estava pedindo.

O dia parecia estar muito bom apesar de quente. Quando olhei

pela janela da sala de estar, não havia uma única nuvem no céu e dava até para sentir os ventos passando entre as árvores do jardim. Isso me lembrava outras noites de outono em que eu era solteiro e me preparava para pegar uma balada na capital com Ryan e Amanda. Tendo como propósito beijar o maior número possível de pessoas numa única noite. Como essa época já havia passado há tempos, resolvi me acalmar. As baladas ainda faziam parte do meu dia a dia e beijar o maior numero possível de pessoas não parecia ter mais tanta graça como antes.

Mais uma vez meu celular voltou a tocar e novamente era minha amiga Amanda de novo. Expliquei para ela o role no Clube e como sempre ela já tinha acabado de receber uma ligação de Ryan também. Falamos durante meia hora no telefone sobre as baladas do passado e ela também sentia um pouco de falta desta fase em que a palavra ‘preocupação’ não constava em nosso vocabulário.

- Você já ligou pro Jhonn? - perguntou ela pouco antes de desligar o telefone.

- Daqui a pouco Amanda! - respondi rapidamente para ela desligando o telefone.

Subi correndo ao meu quarto, pulei em cima da minha cama ainda desarrumada. Peguei o telefone do quarto na mão e meditei um pouco se deveria ligar ou não para Johnn. No ultimo role havíamos brigado por um motivo bobo e ao contrário de outras vezes eu sentia que devia ligar. Disquei

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o número pronto a ouvir um ‘Alo!’ em um tom que ninguém gosta. No primeiro toque desliguei o telefone parecendo uma criança de dez anos. Eu não sabia por que estava agindo daquela maneira por isto resolvi ligar novamente. Para dizer a verdade, acabei ligando meio que por impulso, eu não sabia o que dizer a ele, mas acabei ligando. Quando deu o primeiro toque pensei em falar que liguei pra saber se ele estava a fim de ir ou para o role com a galera ou outro role mais intimo, mas essa logicamente não iria colar, ele deveria estar pronto a me dar um tiro se possível.

- Entra no MSN! - disse ele atendendo ao segundo toque. Sem dizer mais nada ele desligou o telefone.

Bem, um tiro ele não tinha me dado, mas ele parecia não querer ouvir minha voz. Entrei na internet pelo meu iBoock como ele pediu e ao contrário do que eu imaginava ele não tocou no assunto da briga da ultima noite. Falei com ele do role no Clube e ele concordou parecendo animado. Depois ele me enviou algumas músicas e saiu da internet falando que iria para a casa de Jenn para se trocar lá para o role.

Fiquei bem mais aliviado sabendo que essa noite começaria numa boa, ultimamente estava difícil agradar Johnn. Continuei mais um pouco na internet atualizando meu Myspace, Modelmayhem, Orkut, Fotolog, Twitter e Blog.

Olhei para o relógio que já marcava quase seis e meia da tarde. Minha mãe chegou bastante nervosa como sempre, pois teria de voltar para seu restaurante em algumas horas. Aquela seria a noite em que o restaurante receberia a visita do crítico em gastronomia, por isso ela ficara o dia todo fora, afinal, ela não queria perder sua quinta estrela. Isto não a impediu de trazer para mim e meu irmão mais novo Math, algo bastante verde para nós comermos e uma sobremesa deliciosa que segundo ela, era uma receita nova e inédita, que seria servida ao temido critico.

Conversei um pouco com Math sobre Os Simpsons e avisei minha mãe que iria sair. Como sempre ela me disse para não chegar muito tarde e ter bastante juízo - que isto? -, coisa de mãe.

Já estava escuro lá fora e pensei em vestir algo leve. Consegui fazer uma ótima combinação de roupa, mas assim que cheguei perto da janela senti uma brisa muito gelada, avisando que no Clube estaria mais frio ainda. Eu já estava começando a me atrasar como já era de costume e acabei vestindo meu sweater como colete sobre uma camisa branca. Uma calça xadrez num tom marrom escuro e um par de All Star. Olhando até parecia um bom garoto, mais ainda faltava um casaco e depois de tanto escolher acabei pegando um branco que eu não usava há algum tempo. E para o toque final meu tradicional cachecol azul escuro que estava sempre comigo.

Pronto, loock completo só faltava aquele up no cabelo, mas quando olhei para o relógio já faltavam vinte minutos para as oito da noite. Acabei desistindo do cabelo e peguei uma grana com minha mãe. Pensando na

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bebida peguei dois copos, uma caixa de suco na dispensa e uma garrafa de Campari no meu estoque secreto de bebidas e coloquei na minha bolsa. Isto certeza iria ajudar a me aquecer no começo do role.

Assim que sai pela porta de casa senti aquele delicioso ar (gelado) de liberdade, mais uma noite estava começando em minha vida. Eu me sentia tão seguro e inseguro em relação a tantas coisas ao mesmo tempo, que me dava vontade de voltar correndo para dentro de meu quarto, mas só em pensar que estaria com meus amigos eu me sentia forte o bastante para enfrentar qualquer coisa.

Eu morava a cinco anos numa pequena cidade do interior que não tinha pouco mais de cinqüenta mil habitantes. Apesar de pequena era bem agitada, repleta de bares, restaurantes e casas noturnas. Minha turma nunca perdia uma noite se quer, fazíamos nosso próprio role, não importa se fosse numa boate ou numa das mansões que tinha espalhadas pela região, quando decidíamos fazer alguma coisa conseguíamos empolgar a todos os jovens por perto. O final de semana poderia começar na casa de alguém com apenas três pessoas, mas na segunda feira quando as primeiras fotos iam parar na internet era possível ver uma huge house party, com direito a tudo que os jovens gostam de fazer.

Esta noite possivelmente seria inesquecível, utilizávamos o Clube geralmente quando o role prometia e eu sentia que aquela noite seria especial, para todos. No meio do caminho para o Clube, encontrei meus amigos Rich e Amanda que estava indo me buscar em casa pensando que eu ainda não estava pronto. Achei estranho Amanda fazendo isso, mas ela parecia bastante animada e resolvi não enche ela de perguntas. Também como se tratava dela isso era normal, ela tinha mais fogo do que qualquer um no role.

Por outro lado Rich estava mais calmo e parecia um pouco cansado, ele logo me avisou que iria ficar até as onze horas, pois teria de ir trabalhar cedo no outro dia. Ele era o tipo de cara exemplo, estava sempre à procura de alguém que o fizesse feliz, preferia trabalhar a ser sustentado pelos pais e também era um ótimo profissional na área de hair designer. Poderia ser considerado um cara enjoativo só de ver se não fosse sua amizade e respeito por todos.

Quando o role era no Clube sempre nos encontrávamos atrás do

banheiro das meninas perto do Lago. Era o banheiro menos usado por ser o mais isolado de todo o Clube. Apesar de ser apenas um banheiro, ele era realmente um paraíso para as mulheres. Tinha seis boxes, dois chuveiros além das pias. O melhor de tudo eram os espelhos, tinha bem mais do que em qualquer outro banheiro, dois deles ia do teto ao chão. Era bem normal às vezes a galera levar seus guarda-roupas para lá e se montar todo mundo junto para sair.

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Rich tinha certeza que Ryan já estava impaciente junto de Tamy. E olha que ele estava certo. Além de Tamy também estavam outras amigas minhas, Phoebe, Jenn, Raphaela e Sá Paranini. Entre os garotos estavam Ryan, Philipy e Johnn que pela cara parecia calmo. Cumprimentei a todos com um beijo no rosto menos Johnn que dei outro tipo de olá.

Realmente Ryan havia caprichado, todos eles eram nossos grandes amigos, mas reunir a todos era difícil. Por sorte cada um possuía uma garrafa de alguma coisa alcoólica nas mãos, ou seja, não teríamos de começar a noite em um supermercado.

- Tudo bem com você? – perguntei para Johnn me sentando ao lado dele.

- To legal! – respondeu ele. Ele parecia realmente bem, ao contrario do que eu imaginava, fiquei conversando com ele um pouco, mas Ryan e o resto da galera que estavam muito animados para ficarmos sozinhos conversando.

E assim durante quase duas horas, a galera falou sobre os temas básicos dos jovens: musica sexo e moda... E mais sexo O papo ia e voltava, mas sempre terminava em sexo.

Depois de algum tempo apareceram Alex e Alice completando a turma do role e quem sabe os casais da noite: Ryan estava louco para dar uns pegas com Philipy, de novo. Raphaela parecia querer provar em Tamy o que quase todos ali já haviam provado. Jenn e Pheobe já estavam num pego não pega há tempos. Alex estava sussa, mas pelo visto Rich não queria deixar a noite passar em branco. Amanda por outro lado, estava pronta para qualquer um, o negócio dela era pegar geral mesmo, mas parecia que esta noite seria ela e Alice. Apenas Sá Paranini estava de boa mesmo, mas era por uma razão óbvia, ela queria um garoto X que ainda não havia chegado ao role. Por fim, o único casal real da noite, eu e Johnn, namorávamos há algum tempo já, posso dizer que era um relacionamento quase que liberal, eu aprontava as minhas e ele as dele, mas apesar de tudo ainda éramos um casal.

Não se preocupe você não esta ficando louco ou coisa parecida. Você leu os nomes corretamente e como já deve ter reparado desde o começo desta história, as coisas eram diferentes do que muita gente esperava. Sim, o role era role basicamente entre homossexuais e simpatizantes. Para muita gente quando se fala gay ou lésbica logo vem na mente bichinhas baratas que querem dar o cu, ou sapatões motoristas de caminhão. No nosso role pelo menos não era assim, se quiséssemos passaríamos por heterossexuais que ninguém notaria. Mas como tínhamos classe e nível o bastante para não termos vergonha do que gostávamos, vivíamos nossas vidas numa boa. Às vezes sofríamos preconceito de pessoas que não nos conheciam e o incrível era como nossos defensores eram amigos heteros. Eles mostravam como preconceito é uma coisa ridícula da

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cabeça de cada um e que isto podia ser mudado. Algumas pessoas eram impossíveis de mudar de opinião sobre nós, mas era fácil de entender, até nós mesmos tínhamos nossos próprios preconceitos.

Mesmo sendo um role GLS, isso não significava que um heterossexual não seria feliz vivendo ao nosso lado, um exemplo disso era Sá Paranini, que era a única oficialmente heterossexual do role, mas só andava com nós. Éramos muito alegres e bonitos, o que atraia garotas heteras e bonitas, o que levava a sempre ter vários garotos bonitos atrás de garotas bonitas andando com nós.

Depois de tanto papo, o assunto estava começando a ficar bobo,

pois fazíamos mais e mais piadas sobre sexo. Então, como sempre, Ryan e Sá tiveram a idéia de brincar de ‘Eu Nunca...’ para distrair. A brincadeira todo mundo conhece, mas para os que ainda não tiveram a oportunidade eu ire explicar.

É super simples: fez bebeu, não fez, fica livre para a próxima rodada. Cada um por vez tem de dizer algo como ‘Eu Nunca fiz tal coisa em tal lugar’ e quem por ventura já tivesse feito teria de tomar um grande gole de alguma coisa bem alcoólica. Você pode usar uma garrafa para sortear um God para falar o ‘eu nunca’ da vez, mas se preferir pode ser cada um por vez. Como eu disse, é uma brincadeira para distração e também para conhecimento do próximo e o melhor, deixava quase todo mundo bêbado. Quer dizer deixava, eu, Ryan e Amanda bêbados, incrível como já tínhamos feito tantas coisas absurdas.

- Você vem comigo! - disse Johnn se levantando e me puxando

pela mão. - Ir para onde? – perguntei - a brincadeira vai começar agora! - Vem comigo, por favor! - falou ele novamente, senti que devido

ao nosso histórico de brigas que começavam pelos motivos mais bobos possíveis achei melhor ir.

- Nós vamos conversar lá no banheiro galera – avisou a todos

Johnn - Podem começar sem nós! - Não se esqueçam das camisinhas! - gritou Amanda enquanto ele

me puxava a caminho da porta do banheiro. Se fosse há alguns dias atrás esta piada seria motivo o bastante

para uma briga entre nós. Mas nesta semana tudo mudou, Johnn estava menos implicante e eu mais comportado, passamos os últimos cinco dias juntos, coisa que nunca tinha acontecido nos outros quatro meses de ‘namoro’. Enquanto ele me puxava eu dei uma ultima olhada no circulo formado pelos meus amigos sendo iluminado pela lua que agora tinha percebido que estava cheia. Eles pareciam mais um anúncio de uma revista

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de moda do que pessoas normais, todos eram tão lindos, eu adorava eles e queria vê-los sempre assim, reunidos. Assim que entramos no banheiro, me sentei em cima da pia enquanto ele fechava a porta. Ele se virou para mim ainda com a mão na maçaneta, eu não conseguia tirar os olhos dele por algum motivo, dei um sorriso bem sem graça, quase que forçado e para minha surpresa ele respondeu outro sorriso que queria dizer 'legal!’. As luzes estavam apagadas, mas a luz da lua nos vidros espelhos iluminava bem o lugar. - E então? - perguntei - para que você me trouxe aqui? - Você se lembra da pergunta que te fiz aquele dia no seu quarto? - disse ele se sentando ao meu lado. - A que você não me deixou responder aquele dia... - falei olhando para o espelho a nossa frente que refletia a luz da Lua - pois queria me dar uma semana para eu ter certeza da resposta? - Sim - respondeu ele olhando para baixo. Ele escondia suas mãos dentro dos bolsos de sua blusa, mas eu conseguia ver que elas estavam inquietas - O que você acha? Encostei minha cabeça no espelho atrás de mim ainda olhando para nosso reflexo na parede de frente. Eu podia ouvir as rizadas e a musica lá fora, mas tudo parecia tão distante em minha mente, eu não conseguia me virar para o lado para falar com Johnn, apesar de querer muito. Ele bastante nervoso se levantou e se colocou de frente para mim, eu olhei nos olhos dele, pensei em dizer muitas coisas ao mesmo tempo, como da ultima vez em que estivemos numa situação destas, mas novamente nenhuma palavra saia. - Você consegue entender o que estamos vivendo? - perguntou ele olhando dentro dos meus olhos. - Por que é tão difícil gostar de alguém? - falei desviando o olhar. Ele fez o mesmo, era difícil para nós dois nos encarar, sempre foi. Mas desta vez tomei coragem e voltei a olhar para ele. - Por que você está dizendo isso? - ele me perguntou e pelo olhar parecia já esperando que eu tivesse a resposta na ponta da língua. - Eu não consigo entender o que se passa entre nós dois às vezes - ele estava falando normal ainda, tive medo que ele começa-se a falar mais alto, não queria estragar o role de ninguém com brigas entre mim e ele - Eu não entendo você, eu não entendo o que você quer, sei lá tenho medo de estarmos perdendo tempo. - Não se preocupe em entender, - falei colocando meus braços envolta do pescoço dele. O perfume dele era fantástico me fazia ter arrepios às vezes e aquela cara de “se você não falar algo inteligente eu te mato” me deixava bobo - Vamos viver o que estamos vivendo, não vamos se perder em questões como essas. Eu quero pular essa parte de entender! - Você me ama? - perguntou ele.

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Era uma simples pergunta fácil de responder, eu já sabia muito bem a resposta dela, mas o medo de suas conseqüências eram enormes. Minha vida iria mudar depois desta resposta, para falar a verdade antes mesmo dela eu aceitei mudá-la. Johnn estava dando o melhor de si nos últimos quatro meses e eu há apenas cinco dias. Eu sentia a necessidade de ter ele perto de mim, sua pele tocando a minha, seus olhos querendo me dizer várias coisas e seus beijos que me levavam a lua. - Eu, te amo! - falei finalmente, os olhos dele desta vez não me davam respostas sobre nada, ele ficou me encarando sem expressão e por fim me beijou. Definitivamente seu beijo era o melhor, às vezes eu me perguntava o porquê eu tinha perdido tanto tempo beijando outras pessoas tendo Jhonn ao meu lado. Com os olhos fechados eu sentia que finalmente Johnn me amava, sua capacidade de me perdoa por todos os meus erros me mostrava que era mais que na hora de eu me dedicar ao nosso namoro. Todo o peso que eu sentia antes pelas incontáveis traições pareciam ter ido embora, eu finalmente pertenceria a uma única pessoa digna de meu amor. - Eu também te amo, Gabriel Aishty! - respondeu ele quase que sussurrando me abraçando. - Eu prometo estar sempre ao seu lado! - falei dando outro beijo nele...

Nossa noite posso dizer que foi uma das melhores, nunca pensei que Johnn teria coragem de se entregar a mim no banheiro das meninas, mas juntos estávamos formando nosso amor e isso era o que importava. Fechei meus olhos sem me importar se estava em um quarto ou sala, eu estava com Johnn e isso era o bastante, até mesmo no banheiro das meninas.

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