especial 84 anos bvv

6
Caras que dão o corpo pela sua vida Bombeiros Voluntários de Vagos 84 anos

Upload: jornal-o-ponto

Post on 22-Mar-2016

223 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Especial sobre os 84 anos dos Bombeiros Voluntários de Vagos

TRANSCRIPT

Page 1: Especial 84 anos BVV

Caras que dão o corpo pela sua vida

Bombeiros Voluntários de Vagos

84anos

Page 2: Especial 84 anos BVV

Caras que dão o corpo pela sua vida

Garagem Reigota, LdaReparação e Manutenção Automó[email protected].: 234791531 - Fax.: 234793573Rua da Senhora - 3840 - 421 Vagos

Bombeiros Voluntários de Vagos 84 anos | 84 caras

Page 3: Especial 84 anos BVV

Bombeiros Voluntários de Vagos 84 anos | 84 caras

C/ Nova Gerência

Vem conhecer e conviver com os

SOLDADOS DA PAZEsperamos pela tua visita.

Edifício dos Bombeiros Voluntários de Vagos Acompanha em: www.facebook.com/contra.fogoDesejamos as maiores felicidades aos nossos bombeiros

pelo esforço e dedicação na nossa Comunidade

Page 4: Especial 84 anos BVV

1412 de setembro 2012

Bombeiros Voluntários de Vagos

84anos

A Associação Humanitária dos Bom-beiros Voluntários de Vagos (AHBVV) assinala, no próximo sábado (15), o seu 84º aniversário. À semelhança dos úl-timos anos, os bombeiros de Vagos vão festejar numa cerimónia mais íntima?

Sim, este aniversário vai ser feito à se-melhança do último, ou seja, será uma cerimónia de caráter interno.

Em agosto os bombeiros realizaram o segundo auto-stop. Quanto rendeu e em que vai ser utilizado?

Rendeu 8.295,25 euros. A receita desse auto-stop está a ser aplicada na formação do corpo de bombeiros, fardamento e em pagamento de despesas para fun-cionamento da atividade da AHBVV. Além disso estamos em negociações para adquirir uma mota de água, negócio que está bem encaminhado mas ainda não esta concluído, como tal não podemos garantir que a mesma será inaugurada no próximo dia 15.

Nalguns quartéis, as associações não conseguem pagar atempadamente os salários por causa das contas em atraso. Como está a situação das dívidas aos bombeiros de Vagos e do pagamento aos funcionários?

A situação financeira da AHBVV, desde inícios de 2011, sofreu uma profunda alte-ração que coincide com a reestruturação no sector dos Transportes de Doentes (TD), levada a efeito pelo estado. Posso mesmo afirmar que a estrutura de Vagos assentava nos TD, pois a média mensal de trans-portados em 2010 era de 2596 utentes, tendo reduzido em 2011 para 1465 e este ano caiu para 1000 utentes. A esses números correspondia uma faturação, em 2010, de 34.519 euros, tendo reduzido em 2011 para os 20.144 euros e este ano para os 15 mil euros. Aliado a esta descida fomos confrontados com uma redução, a partir de agosto, para metade desse valor, ou seja 7.500 euros, o que está a pôr em causa toda a estrutura da associação. No que diz respeito ao pagamento de salários aos bombeiros assalariados, o mesmo tem sido cumprido dentro do prazo legalmente previsto na lei, ou seja até ao dia 8 de cada mês, o que neste momento é muito positivo tendo em conta as diversas infor-mações sobre os atrasos que se verificam noutras associações.

Perante isso ainda há que considerar o aumento do preço do combustível…

Não é novidade para ninguém que também os sucessivos aumentos, em especial no sector dos combustíveis, tem vindo a ago-nizar as já débeis finanças dos bombeiros, a que Vagos não está imune. Estamos, por isso, a passar por um período muito complicado e que os constrangimentos

Bombeiros pedem «saúde financeira e estabilidade operacional»

Ricardo Fernandes, presidente da direção

financeiros podem causar dificuldades de diversas espécies. Tendo em conta isso es-tamos a proceder a uma análise financeira interna, para apurar as consequências no dia-a-dia da vida da associação e da população por nós servida. No próximo mês já deveremos estar munidos de dados precisos para poder, em conjunto com o comando, implementar novas medidas e definir o percurso a seguir.

A AHBVV já solicitou à autarquia, como várias corporações fizeram, a criação da taxa municipal para os bombeiros?

A AHBVV está também a sofrer na pele a crise nacional em geral e particularmente a crise instalada no sector dos bombeiros mas, até esta data, não solicitámos ne-nhum pedido de ajuda à câmara nem para a criação da tão falada taxa municipal. Tenho consciência que a câmara sabe

que a AHBVV tem, nestes últimos anos, tentado criar uma estrutura financeira que não seja subsídio dependente, e a verdade é que até finais de 2010 essa era uma realidade, mas que tem vindo a ser radicalmente alterada. Como tal, todas as hipóteses estão em cima da mesa e a pro-posta para a criação dessa taxa municipal não deixa de ser uma a considerar, mesmo tendo consciência de que esta seria uma sobrecarga para a população nestes tempos difíceis. Saliento aqui um aspeto que considero importante: até há quatro anos, os bombeiros de Vagos realizavam anualmente um peditório porta-a-porta que, devido ao esforço suplementar que era exigido aos bombeiros, após duras campanhas florestais, deixaram de ser feitos. Esta taxa poderia ser encarada como uma contribuição justa de todos os munícipes em detrimento da figura do

bombeiro de saco na mão a pedir esmola para poder socorrer a população e os bens do concelho.

A autarquia anunciou recentemente que está a ponderar a atribuição de subsídios a outras entidades que se encontram em dificuldades, como é o caso dos clubes. Atendendo à situação financeira da AHBVV, vai ponderar requerer também?

A Autarquia, como é lógico, está atenta ao que se passa, quer nos clubes quer nas outras coletividades e associações de caráter desportivo e cultural sedia-das no concelho, e das verbas que tem disponíveis. Por isso pode e deve ajudar todos, incluindo os bombeiros. Em tempos de crise é normal que as dificuldades se agonizem e cabe a cada um de nós se manifestar junto da autarquia e à mesma cabe avaliar e, dentro das suas possibili-dades e restrições, ajudar.

E concorda com a forma de atribuição de subsídios?

A nível local, dada a proximidade institu-cional, é mais fácil dialogar. No caso de Vagos, posso dizer que relativamente à atribuição de verbas e aos critérios para a concessão das mesmas, já me manifestei a quem de direito. Considero que não há comparação possível entre associações/coletividades e não podemos ser metidos todos no mesmo saco - com isto não quero ser mal interpretado por quem está hoje a liderar essas instituições. Mas se quisermos ser justos e coerentes podemos fazer um exercício simples: basta pensar nas ativi-dades e o público-alvo de uma qualquer associação/coletividade e comparar es-ses dados com os de uma associação de bombeiros.

A AHBVV vai alugar o antigo posto da GNR na Praia da Vagueira. Por quantos anos e quanto ficará a renda mensal?

A cedência do posto e espaço envolvente será por 15 anos e o custo mensal de 153,67 euros. Gostaria de referir que esta solução foi bem ponderada antes de se avançar com o pedido (feito em 2010), e teve em conta a localização estratégica que há muito se procurava para instalar um posto avançado com a garantia de que os bombeiros tivessem aí todas as condições para exercer a sua missão nos meses de calor e dar todo o apoio à nossa praia fluvial e marítima. Atualmente esta-mos a realizar essas tarefas com apoio de um contentor, sem o mínimo de condições e dignidade. Com esta estrutura podemos também criar em Vagos um polo de forma-ção na área de embarcações de socorros a náufragos tendo já, no seio dos bombeiros de Vagos, um formador credenciado. A formação pode ser uma das vertentes que

a AHBVV pode vir a desenvolver e com isso ajudar a estabilizar financeiramente a mesma.

Acredita que o centro de formação (na antiga central de camionagem) poderá ser uma fonte de rendimentos para a associação?

A formação pode vir a ser a tábua de sal-vação financeira mas, para tal, é preciso primeiro investir e criar condições físicas para que tal seja viável. Nestes últimos anos muito se tem investido na formação do corpo de bombeiros, tendo atualmente vários formadores credenciados em di-versas áreas. Se associarmos aos recursos humanos existentes um espaço com po-tencial para criar um centro de formação, estão reunidas as condições para dotar o Corpo de Bombeiros de formação, como dizemos em Vagos “quem não sabe não salva”. Com as condições existentes nesse espaço para formar bombeiros, podemos candidatar-nos a ser uma Unidade Local de Formação, e daí retirar uma fonte de receita. A verdade é que o espaço em questão é propriedade da câmara e, para nós, assume-se como essencial para col-matar uma lacuna existente que é a falta de espaço e de condições no nosso quartel-sede, por isso quem sabe o que o futuro reserva a uma “central de camionagem” que nunca o foi…

E as obras no quartel?Os tempos são difíceis, no entanto quando se pensou em fazer obras não era por capricho, era uma necessidade que de dia para dia se agrava. Por isso a resposta é positiva, obras sim, mas somente após a estabilidade financeira. É, sem dúvida, um processo que tem obrigatoriamente de ser feito, no entanto pode ser faseado tendo em conta as necessidades mais urgentes. E pode ser reduzido o investimento se avan-çarmos para a deslocalização da formação para o espaço da central de camionagem e para o antigo posto da GNR na Vagueira.

Qual seria a melhor prenda que a AHBVV gostaria de receber neste seu 84º aniversário?

Gostaria de receber um “benemérito/mecenas” para nos ajudar a iniciar e concluir as obras do quartel-sede (risos). Seria bom, mas a verdade é que os aniversariantes, por norma, pedem saúde, dinheiro e muitos anos de vida. Mas para esta associação, que é única deste tipo existente no município e que tem um raio de ação que engloba todos os habitantes do concelho, só posso pedir saúde finan-ceira e estabilidade operacional, para podermos, desta forma, todos os dias, minuto a minuto, darmos o nosso melhor e fazer jus ao nosso lema “vida por vida”.

pub

Page 5: Especial 84 anos BVV

1512 de setembro 2012

Tendo registado um agosto atípico no que diz respeito a incêndios no con-celho, distrito e país, no mês em que a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vagos (AHBVV) assinala o seu 84º aniversário os “soldados da paz” vaguenses não têm tido descanso. No concelho de Vagos, nos serviços de incêndios florestais, os bombeiros não têm tido muito que fazer, mas nas últimas duas semanas raros foram os dias em que não marcaram presença nos maiores incêndios registados um pouco por toda a região e país. Um facto que se verifica contrariamente ao que o comandante Miguel Sá nos havia afirmado no início da época crítica. «No início da época, havia a ideia de prestar serviço apenas no con-celho e, se necessário, no distrito. Mas o grupo de Aveiro – e os bombeiros de Vagos não funcionam fora do grupo de trabalho -, que no início também estava contra a “escravatura” dos bombeiros, chegou à conclusão que esta não era a altura para reivindicar e que devíamos fazer a nossa intervenção ao nível do país, como sempre aconteceu», explicou Miguel Sá.E esses auxílios um pouco por todo o país sem descurar a segurança das pessoas e bens do concelho devem-se à prontidão dos elementos do corpo de bombeiros vaguense. Ainda que a escola de bom-beiros tenha sido interrompida este ano, dado que os elementos «não estavam em condições, por causa dos trabalhos ou aulas, para cumprir sempre com uma formação digna e que tem ser dada com qualidade [no entanto continuam a esta-giar na corporação e a ganhar experiên-cia]», a AHBVV «está saudável e estável» em termos de corpo ativo. «Posso dar o exemplo do primeiro domingo do mês (dia

2) em que tivemos cinco veículos nossos a apoiar outros teatros de operação: três veículos a intervir em Águeda e outros dois a ajudar em Ílhavo. E conseguimos ter resposta aqui de mais elementos no quartel prontos a sair se necessário», o que, na ótica de Miguel Sá, significa que «este corpo respira saúde».

Mais meios…A dias de mais um aniversário, não se espera abençoar nenhuma nova viatura, mas o certo é que a corporação dispõe de mais um meio: uma moto de água. Apesar de adquirida em segunda mão, constitui uma «mais-valia» para o grupo de intervenção nas praias e socorro a náufragos, uma das várias valências deste corpo de bombeiros. «Os bombeiros que tiverem costa marítima e rios têm que estar minimamente preparados para uma intervenção de socorros a náufragos, durante todo o ano», realçou, garantindo que esta oportunidade não poderia deixar de ser aproveitada. Agora, os bombeiros de Vagos irão solicitar ao Instituto de Socorro a Náufragos que forneça uma prancha de salvamento flutuante para ser colocada na traseira da moto de água, esperando que não demore tanto como a embarcação de socorro idêntica à que a AHBVV possui e que foi, há quatro anos, atribuída num compromisso assumido pela Capitania do Porto de Aveiro, mas que até agora ainda nao foi entregue.

… e mais formaçãoHá já mais de um ano que a corporação de Vagos tem, ao seu dispor, a antiga central de camionagem, em Vagos, para ali criar um centro de formação. A falta de verbas

tem atrasado o seu desenvolvimento, mas recentemente foi vedada parte da área (a outra será em breve) e foram colocados os três contentores adquiri-dos. «As coisas têm que se ir fazendo mediante vai havendo possibilidade», lembrou o comandante, garantindo que o número de contentores é o necessário. Neste momento está a proceder-se à sua pintura e tratamento para depois serem equipados no interior com o que devem possuir para a formação e simulação de incêndios. Pretende-se, daquele espaço, construir um centro de formação para os bombeiros de Vagos, mas também, numa forma de rentabilizar o investimento ali efetuado, para as formações das em-presas. Miguel Sá acredita que até «final deste ano» o centro possa estar opera-cional, que entre em funcionamento nos primeiros meses do próximo ano e seja inaugurado no 85º aniversário.Outro espaço que poderá ser inaugurado nessa data é o espaço do antigo posto da GNR da Praia da Vagueira. «Esta foi uma “luta” de mais de dois anos, devido à bu-rocracia, mas conseguimos uma resposta positiva. Pretendendo transformá-lo, à semelhança da central de camionagem, em «mais um dos tentáculos do nosso quartel», o espaço servirá de apoio à praia, substituindo o contentor onde os bombeiros trabalham «sem condições condignas». No futuro, perspetiva-se criar ali um centro de formação para nadadores-salvadores e embarcações de socorro a nível distrital, dispondo já a associação de um formador nessa área. Uma forma de, igualmente, rentabilizar o espaço e «dar outras formas de subsistên-cia aos bombeiros de Vagos».

Miguel Sá, comandante dos Bombeiros Voluntários de Vagos

«Este corpo de bombeiros respira saúde»

Programa 84º aniversário | 15 setembro 2012

8h50 – Formatura Geral9h – Hastear das Bandeiras9h30 – Formatura Geral9h35 – Romagem aos Cemitérios de Vagos, Santo António e Santo André15h – Simulacro e Acções de Rastreio, a realizar em Santa Catarina19h30 – Missa Solene, na Igreja de Santa Catarina em memória de Dirigentes, Bombeiros e Sócios falecidos

84º aniversário BV Vagos

Page 6: Especial 84 anos BVV

1612 de setembro 2012

pub

Durante vários anos viveu paredes-meias com o antigo quartel dos Bombeiros Voluntários de Vagos que, mais tarde, acabaria por ser destruído pelas chamas. O seu pai era comandante do posto da GNR de Vagos e, por isso, vivia numa casa junto ao posto, ao lado do quartel. Falamos de António Castro que, como nos contou, mesmo estando frente-a-frente com o dia-a-dia dos elementos da corporação, do voluntariado, das sirenes e carros de bombeiros chamados para um acidente ou incêndio, curiosamente, nunca foi bombeiro. Acabaria por sê-lo em 1983, depois do então comandante dos bombeiros Eduardo Regalado ter falecido. «Era uma figura cá da terra: tinha sido presidente de junta de fre-guesia de Vagos e foi vereador no tempo da D. Alda. E foi quando faleceu que se lembraram de mim e me convidaram para ser o comandante dos bombeiros», relembra. Não percebia nada da área, como confessou, mas tanto insistiram que acabou por aceitar.Tinha 26 anos, já trabalhava na câmara municipal de Vagos como engenheiro civil (onde ainda hoje trabalha) depois de se ter licenciado. O quartel era pro-visório e localizava-se num armazém perto da praça da república, estando o novo em construção. «Tinha dado contributo, enquanto engenheiro na câmara, no projeto do novo quartel», disse, recordando-se de um dos muitos episódios que trouxe para esta conversa com O PONTO do baú da memória: no cortejo fúnebre do comandante, parou-se em frente das obras do novo quartel, em jeito de homenagem, já que tanto tinha contribuído.Enquanto comandante, nunca se esque-ceu do dia da inauguração: 14 de dezem-bro de 1986, dia em que o Sporting deu 7-1 ao Benfica. «A grande maioria dos bombeiros era benfiquista e a inaugu-ração foi depois do jogo; como se pode antever, aquela mangueira de água fria fez com que o dia não fosse bem de festa para aquela gente», contou, rindo-se.

Assim nasceu o bichinho da proteção civil

Sempre com «grande resistência» por não perceber/saber nada da matéria, António Castro decidiu arregaçar as mangas e começar pelo princípio: ler e estudar muito sobre bombeiros e proteção civil. «Lembro-me que quando cheguei ao quartel, a minha primeira preocupação foi procurar bibliografia para saber e perceber o porquê das coisas, porque, para mim, o “porque sempre foi assim” não é razão; aliás, é a pior explicação que me podem dar».Era um dos mais novos do corpo de bombeiros, com exceção dos “soldados da paz” da sua geração. Lembra-se

que, nesse tempo, não estava ninguém no quartel e só vinham quando tocava a sirene, já que não havia profissionais como hoje. «Era a GNR que dava conta dos acidentes e tocava-se a sirene. Quem fosse bombeiro e tivesse dis-ponível ia a correr para o quartel, vestia o fato-macaco e metia-se dentro da ambulância. Daí os bombeiros residirem apenas na vila». Só mais tarde é que se abriu a associação humanitária ao resto do concelho - «começou com a história da criação de uma secção em Ponte de Vagos» - e hoje, acredita, que terá uma cobertura quase em todo o concelho.Que formação tinham os bombeiros naquela altura? António Castro adianta que havia a instrução semanal, com a ordem unida e alguns exercícios e pouco mais. Ele, com atividade profissional na autarquia e enquanto profissional liberal, não dispunha de muito tempo

livre, mas o pouco que tinha era para estudar. «Mas estudava com gosto e, muitas vezes, reparava em conhecimen-tos transversais, uma vez que aquela matéria já a tinha estudado enquanto estudante de engenharia», revelou.Adianta que «abriu a boca» quando soubesse, de facto, o que estava a dizer. Para tal, fez vários cursos de formação e, posteriormente, a ser “formador” dos bombeiros vaguenses. A Escola Nacional de Bombeiros estava a «ga-tinhar», porquanto os cursos, que eram mais teóricos, eram dados em hotéis. Na zona centro iam para o Luso, que tinha uma boa capacidade hoteleira e era central. «Passei lá muito sábado e domingo, porque todos éramos profis-sionais noutras áreas e só podíamos frequentar estas formações nas horas va-gas, ou seja, fins-de-semana. Tínhamos direito a estadia e alimentação, desde

sexta-feira à noite até domingo depois do almoço», relembrou. Os cursos eram destinados ao quadro de comando que, depois, transmitiam os conhecimentos adquiridos aos bombeiros.

De comandante a inspetor de bombeiros

António Castro foi comandante dos bombeiros de Vagos desde 1983 a 1995. Depois foi convidado para ser inspetor de bombeiros. Foi empossado em março de 1995 pelo ministro da administração interna, Dias Loureiro (na altura era primeiro-ministro Cavaco Silva). Era, juntamente com outro, inspetor-adjunto dos bombeiros do centro, ficando a equipa completa com o inspetor-chefe. Existiam equipas homólogas nas cinco regiões do país. «Pedi licença sem ven-cimento na câmara e fui. Saí em maio de 1997 porque, na altura, foi-nos dito que nesse ano não poderíamos tirar férias entre maio e setembro e eu, como pequeno burguês que sempre fui, despedi-me e lá consegui tirar duas semanas de férias com a família, como sempre fiz», diz, rindo-seRegressando ao seu antigo trabalho, dos bombeiros de Vagos continuou apenas como associado, marcando presença em todas as assembleias-gerais e fazer a oposição que «sempre é necessária» para que se trabalhe ainda melhor. Voltou quando Ricardo Fernandes assum-ia a presidência e, no final do mandato, o convidou para a presidência, ficando Ricardo Fernandes como vice. «Aceitei e assumi o papel. Estive lá um mandato (três anos), mais um porque entretanto não aparecia ninguém e a associação funcionou em gestão corrente».Hoje, continuando apenas como asso-ciado, garante que aquela casa tem que ser gerida «com muito rigor». «O que se trata ali é muito sério: a vida das pes-soas e o seu socorro». E como costuma afirmar, o FC Vaguense desapareceu há vinte anos e ninguém no concelho reparou - «está agora, e muito bem, a renascer» -, mas com os bombeiros se-ria, na sua ótica, bem diferente, por ser uma instituição não de uma só freguesia mas de todo o concelho. «Para mim, pior do que fechar é funcionar mal», revela.

Bombeiro com mais tachos

Para além dos bombeiros de Vagos, voluntariamente desempenhou várias funções a nível distrital e nacional. Foi conselheiro regional de bombeiros do centro e conselheiro nacional da liga dos bombeiros portugueses. Como costuma dizer, «sou a pessoa nos bombeiros com mais tachos». E tem sido convidado para tantos “tachos”, provavelmente, «pelo mérito que alguém via no meu tra-

balho». Para inspetor de bombeiros, diz acreditar que era por ser um dos poucos comandantes novos e licenciados. «Isso valia muito. A título de exemplo, uma vez fui a Inglaterra para ter formação. Só iam comandantes que sabiam falar e escrever inglês. Fomos uns seis ou sete e um colega meu, do Algarve, foi porque falava com turistas e julgava saber e perceber bem o inglês, mas quando lá chegou não percebia nada».

População sempre unida aos bombeiros

Quando se fala pouco é bom sinal. Logo, a ideia que tem, enquanto asso-ciado, é que «esta casa está muito bem gerida e bem governada, quer a nível administrativo e financeiro, quer a nível operacional». Referindo-se a estudos que indicam que os portugueses confiam, em primeiro lugar, num universo de muitas pro-fissões, nos bombeiros, António Castro defende que em Vagos não é exceção. A população está envolvida com a as-sociação humanitária e os bombeiros, embora noutros tempos a ligação fosse maior, já que «não havia internetes nem facebooks». «Hoje o quartel já não tem o salão de bailes como antigamente, porque tem que ser cada vez mais op-eracional. Mas nem por isso a população se afastou. E isso vê-se nos auto-stops e nos peditórios. O pessoal ainda dá por bem empregue o dinheiro que dá aos bombeiros porque veem retorno disso». Motivo pelo qual defende a criação de uma taxa municipal para a proteção civil, embora os tempos sejam difíceis. Isto porque «sempre me incomodou que pessoas, voluntárias e benevolentes, tenham que andar a pedir de mão esten-dida», remata.

António Castro

De vizinho a comandante

84º aniversário BV Vagos