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CARLOS FERNANDO COLLARES ESCOLHA DA ESPECIALIDADE MÉDICA E LOCAL DE PRÁTICA: ADAPTAÇÃO DE UMA ESCALA ITATIBA 2015

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CARLOS FERNANDO COLLARES

ESCOLHA DA ESPECIALIDADE MÉDICA E LOCAL DE

PRÁTICA: ADAPTAÇÃO DE UMA ESCALA

ITATIBA

2015

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CARLOS FERNANDO COLLARES

ESCOLHA DA ESPECIALIDADE MÉDICA E LOCAL DE

PRÁTICA: ADAPTAÇÃO DE UMA ESCALA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco, Área de Concentração - Avaliação Psicológica, para obtenção do título de Doutor.

ORIENTADORA: PROFª. DRA. ANA PAULA PORTO NORONHA

ITATIBA 2015

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Ficha catalográfica elaborada pelas Bibliotecárias do Setor de Processamento Técnico da Universidade São Francisco.

158.6 Collares, Carlos Fernando. C665a Escolha da especialidade médica e local de prática:

adaptação de uma escala / Carlos Fernando Collares -- Itatiba, 2015. 192 p. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco. Orientação de: Ana Paula Porto Noronha. 1. Escolha profissional. 2. Autoeficácia. 3. Expectativas. 4. Metas. 5. Validade dos testes. 6. Internato e residência. I. Noronha, Ana Paula Porto. II. Título.

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Ao Pai Celestial,

que me deu forças para não esmorecer mesmo nos momentos mais difíceis dessa jornada.

Aos meus pais,

Carlos Alberto Collares e Maria Beatriz Kumm Collares,

e meus irmãos, Maria Roberta Collares e Daniel Collares,

exemplos de abnegação, perseverança, resiliência e amor,

que apoiaram tanto e de tantas maneiras,

de modo que apenas palavras não conseguem expressar minha gratidão e apreço.

À minha companheira de vida,

Darciléa Alves do Amaral,

que, pacientemente, suportou minhas ausências nos últimos cinco anos,

que sempre me abriu os olhos para enxergar o melhor do ser humano,

que me ensinou a amá-lo incondicionalmente,

e que preenche minha vida com alegria.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à minha orientadora, Prof. Dra. Ana Paula Porto Noronha,

que me acolheu de braços abertos na Universidade São Francisco e que soube,

pacientemente, suportar minhas idiossincrasias e apoiar minha caminhada nem sempre fácil

nas interfaces entre a Psicologia e a Medicina. Suas sugestões e comentários no

desenvolvimento do estudo e seu empenho na revisão rigorosa do texto foram de grande

valia para a qualidade deste trabalho.

Agradeço aos demais membros do corpo docente da Universidade, em especial ao

Prof. Dr. Ricardo Primi, ao Prof. Dr. Fermino Fernandes Sisto, à Prof. Dra. Acácia

Aparecida Angeli dos Santos, ao Prof. Dr. Fabián Javier Marín Rueda e à Prof. Dra.

Claudette Maria Medeiros Vendramini, que tiveram o mérito de me introduzir a técnicas,

teorias e procedimentos, de modo a impulsionar rapidamente meu crescimento acadêmico.

Sem a oportunidade e o privilégio proporcionado pelas interações com este corpo docente,

eu jamais teria conseguido a realização dos meus objetivos profissionais.

Agradeço aos meus antigos colegas de pós-graduação, especialmente à Prof. Dra.

Juliana Oliveira Gomes e ao doutorando Dario Cecilio-Fernandes, pelo apoio no processo

de adaptação do instrumento utilizado nesta Tese, pela troca de experiências e ideias, e pela

presteza em me ajudar a adequar o trabalho às exigências da Banca Examinadora do Exame

de Qualificação.

Em relação à revisão do manuscrito final, além da participação da Prof.ª Ana Paula

Porto Noronha agradece o empenho e a análise crítica de Darciléa Alves do Amaral e Dario

Cecílio-Fernandes.

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Agradeço à psicóloga Léia Vilerá da Silva Seixas e ao psicólogo Haron José da

Rocha Bonfá, que atuaram como meus procuradores junto à Universidade São Francisco e

que permitiram a continuação dos meus estudos na instituição, nos momentos em que

estive impossibilitado de viajar ao Brasil.

Agradeço também aos demais membros da equipe de adaptação: Carlos André

Laner, Stewart Mennin, Michele Andreza Teixeira Passini e Maria Cristina Kumm Pontes.

Agradeço ainda o apoio dos professores que, anônima e voluntariamente, cederam seu

tempo e atenção para a realização da análise de juízes.

Agradeço à Universidade Cidade de São Paulo e, particularmente, ao diretor do

curso de graduação em Medicina naquele momento, Prof. Dr. José Lúcio Martins Machado,

que abriu as portas da instituição para que eu iniciasse meu trabalho como docente

universitário e autorizou a realização do presente estudo em suas dependências. Agradeço

imensamente ao corpo discente dessa instituição, que atendeu ao chamado para participação

neste estudo de forma maciça. Sem a participação desses futuros médicos este trabalho

jamais teria sido realizado.

Agradeço à Universidade de Maastricht e aos meus colegas no Departamento de

Pesquisa e Desenvolvimento Educacional (Onderwijsontwikkeling en Onderwijsresearch)

da Faculdade de Saúde, Medicina e Ciências da Vida, os quais me lançaram muitos novos

desafios acadêmicos. Agradeço particularmente ao Professor Cees van der Vleuten, pela

oportunidade de trabalhar com uma equipe que admiro. Agradeço também a Peter

Bouhuijs, pela acolhida e pelo material bibliográfico cedido.

Agradeço à Professora Dra. Mary Rogers, autora do instrumento original, pela

autorização para o uso do instrumento adaptado neste trabalho e suas devolutivas referentes

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às traduções inversas. Agradeço ainda a colaboração da Professora Dra. Diana Vieira, pela

gentileza no envio do livro contendo a síntese de sua Tese de Doutorado.

Finalmente, agradeço à cidade de Itatiba, uma pérola escondida entre colinas

paulistas – um breve refúgio no qual muito aprendi. Ouvi dizer que felicidade é um instante

de vida que você deseja que não acabe tão cedo. Se isso é verdade, posso dizer que fui

muito feliz na Universidade São Francisco, em Itatiba. Agradeço aos itatibenses, nativos e

locais, os quais me acolheram amistosamente e permitiram que eu me sentisse em casa

durante este capítulo da minha vida acadêmica.

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Resumo

Collares, C. F. (2015). Escolha da especialidade médica e local de prática:

adaptação de uma escala. Tese de Doutorado, Universidade São Francisco, Itatiba, São Paulo.

A escassez de profissionais médicos na atenção primária a saúde, bem como a

distribuição geográfica heterogênea de médicos generalistas e especialistas, tem sido documentada no Brasil e em outros países. A compreensão dos fatores que influenciam nas escolhas profissionais de futuros médicos poderia contribuir com a melhoria e o desenvolvimento de políticas públicas que atenuem o problema da falta de médicos, particularmente em áreas remotas e rurais. Um questionário australiano composto por 50 itens e dividido em duas partes, referentes à escolha da especialidade médica e à escolha da localidade de prática profissional, utilizou a Teoria Social Cognitiva de Desenvolvimento de Carreira em sua fundamentação. Quatro dimensões são mensuradas em cada parte desse instrumento: autoeficácia, expectativa de resultados profissionais, expectativa de resultados em relação ao estilo de vida e metas. O presente estudo objetivou a realização da adaptação transcultural do questionário australiano, bem como a realização de estudos empíricos para a obtenção de evidências de validade. O estudo de adaptação cultural envolveu a tradução do instrumento do idioma de origem para o idioma-alvo por dois tradutores independentes, a realização por parte dos pesquisadores de uma síntese dos itens e instruções traduzidas, a tradução reversa dessa síntese para o idioma de origem, a análise da equivalência do significado geral e referencial de itens e instruções, a análise de juízes e a aplicação piloto do instrumento. O estudo empírico envolveu a aplicação do instrumento adaptado em duas amostras distintas, para a realização da análise de eixos principais e análise por teoria de resposta ao item multidimensional. Os resultados da adaptação transcultural mostraram elevado nível de equivalência semântica, de acordo com o grau de concordância entre avaliadores na análise da equivalência do significado geral e referencial dos itens e na análise de juízes. A aplicação piloto não revelou problemas na compreensão dos itens. Na análise de eixos principais, 49 itens carregaram nos fatores esperados em comparação ao instrumento original. A análise pela teoria de resposta ao item multidimensional mostrou nível adequado de bondade-de-ajuste tanto para a parte do instrumento referente à escolha da especialidade (χ2/df = 1,967; CFI = 0,972; TLI = 0,969; RMSEA = 0,059; WRMR = 1,087) quanto para a parte do instrumento referente à escolha da localidade de prática profissional (χ2/df = 2,600; CFI = 0,950; TLI = 0,945; RMSEA = 0,076; WRMR = 1,346). Os níveis de confiabilidade das oito dimensões estudadas nas duas partes do instrumento foram adequados tanto em termos de α de Cronbach, de modo similar ao instrumento original, quanto em termos de confiabilidade condicional. Os modelos de múltiplos indicadores e múltiplas causas (MIMIC) evidenciaram invariância de mensuração para sexo e semestre acadêmico. Os resultados empíricos corroboram as hipóteses postuladas pelo referencial teórico em larga medida e sugerem uma adequada operacionalização da medida por meio do instrumento adaptado.

Palavras chave: Escolha Profissional, Autoeficácia, Expectativas de resultados,

Metas, Validade dos Testes, Internato e Residência.

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Abstract

Collares, C.F. (2015). Choice of medical specialty and practice location: adaptation

of a scale. Doctoral Thesis, Universidade São Francisco, Itatiba, São Paulo. The shortage of medical professionals in primary healthcare as well as the

heterogeneous geographical distribution of general practitioners and specialists has been documented in Brazil and other countries. Understanding the factors that influence the career choices of future doctors could contribute to the improvement and development of public policies to mitigate the shortage of doctors, particularly in remote and rural areas. An Australian questionnaire consisting of 50 items, divided into two parts, concerning the choice of medical specialty and the choice of practice location, used Social Cognitive Career Theory in its foundation. Four dimensions are measured in each part of that instrument: self-efficacy, expectations of professional results, expected results related to lifestyle and goals. This study aims to perform the cross-cultural adaptation of this Australian questionnaire and to conduct empirical studies to obtain validity evidences for the adapted instrument. The adaptation study involved translation of the instrument from the source language to the target language by two independent translators, the completion of a synthesis of the translated items and instructions by the researchers, the back translation of this synthetic version to the source language, the semantic equivalence analysis, the expert judgement analysis and the pilot application. The empirical study involved the application of the definitive instrument in two different samples for completion of a principal axis analysis and a multidimensional item response theory analysis. The results of the cross-cultural adaptation showed a high level of semantic equivalence, according to the degree of inter-rater agreement in the analysis of general and referential meanings and to expert judgement analysis. Pilot application of the adapted instrument did not reveal problems in the comprehension of the items. In principal axis analysis, 49 items loaded on the expected factors when compared to the original instrument. Multidimensional item response theory analysis showed an adequate level of goodness-of-fit both for the part of the instrument dedicated to specialty choice (χ2/df = 1,967; CFI = 0,972; TLI = 0,969; RMSEA = 0,059; WRMR = 1,087) and the part of the instrument dedicated to the choice of a practice location (χ2/df = 2,600; CFI = 0,950; TLI = 0,945; RMSEA = 0,076; WRMR = 1,346). Reliability levels of the eight dimensions studied in the two parts of the instrument were adequate in terms of Cronbach's α, similarly to the original instrument, and in terms of conditional reliability. Multiple indicators multiple causes models (MIMIC) evidenced measurement invariance for sex and academic semester. The empirical results largely support the hypotheses postulated in the theory and suggest a suitable operationalization of the measures by the adapted instrument.

Keywords: Occupational Choice, Self-efficacy, Expectations, Goals, Validity of

Tests, Internship and Residency.

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Resumen Collares, C. F. (2015). Elección de la especialidad médica y la ubicación de la

práctica: adaptación de una escala. Tesis Doctoral, Universidade São Francisco, Itatiba, São Paulo.

La escasez de profesionales médicos en la atención primaria, así como la distribución geográfica heterogénea de los médicos generales y especialistas se ha documentado en Brasil y otros países. La comprensión de los factores que influyen en el escogimiento profesional de los futuros médicos podría contribuir a la mejora y desarrollo de políticas públicas para mitigar la escasez de médicos, especialmente en las zonas remotas y rurales. Sin embargo, revisiones bibliográficas indican que una parte considerable de los estudios dedicados al tema carece de un marco teórico adecuado. Un cuestionario australiano formado por 50 ítems, divididos en dos partes, sobre la elección de especialidad médica y de la ubicación de la práctica profesional, se utiliza la Teoría Social Cognitiva de Carrera como marco teórico. Cuatro dimensiones se miden en cada parte de ese instrumento: autoeficacia, expectativas de resultados profesionales, expectativas de resultados relacionados con el estilo de vida y metas. Este estudio tiene como objetivo la adaptación transcultural de este cuestionario australiano y la obtención de evidencias de validez para el instrumento adaptado. El estudio de adaptación envolvió la traducción del instrumento de la lengua de origen a la lengua meta por dos traductores independientes, la realización de una síntesis de los ítems e instrucciones traducidas por los investigadores, la traducción inversa de esta versión sintética, la análisis de equivalencia semántica en términos de mantenimiento del significado general y referencial de los ítems y las instrucciones, el análisis de la opinión de expertos y la aplicación piloto del instrumento. El estudio empírico consistió en la aplicación del instrumento definitivo en dos muestras diferentes para la realización del análisis de eje principal, un análisis por la teoría de respuesta al ítem multidimensional. Los resultados de la adaptación transcultural mostraron un alto nivel de equivalencia semántica, de acuerdo con el grado de acuerdo entre los evaluadores en el análisis de equivalencia del significado general y referencial y de acuerdo con la opinión de expertos. La aplicación piloto del instrumento adaptado no ha revelado problemas en la comprensión. En el análisis de ejes principal, 49 ítems se incluyeron en los factores esperados en comparación con el instrumento original. La teoría de respuesta al ítem multidimensional mostró alto nivel de bondad de ajuste tanto para la parte del instrumento dedicado a la elección de especialidad (χ2 / df = 1,967; CFI = 0,972; TLI = 0,969; RMSEA = 0,059; WRMR = 1,087) y la parte del instrumento dedicado a la elección de una ubicación práctica (χ2 / df = 2,600; CFI = 0,950; TLI = 0,945; RMSEA = 0,076; WRMR = 1,346). Los niveles de confiabilidad de las ocho dimensiones estudiadas en las dos partes del instrumento fueran adecuados de acuerdo con los valores de α de Cronbach, de manera similar al instrumento original, y también en termos de fiabilidad condicional. Modelos de múltiples causas y múltiples indicadores (MIMIC) demostraron invariancia de medición para el sexo y semestre académico. Los resultados apoyan las hipótesis postuladas en el marco teórico y sugieren operatividad adecuada de las medidas en el instrumento adaptado.

Palabras clave: Escogimiento Profesional, Autoeficacia, Expectativas, Metas, Validez de las Pruebas, Internato y Residencia.

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Sumário

Lista de figuras .................................................................................................................... xi

Lista de tabelas .................................................................................................................. xiii

Lista de abreviaturas e símbolos ....................................................................................... xv

Lista de anexos .................................................................................................................. xvii

APRESENTAÇÃO ............................................................................................................... 1

FATORES ASSOCIADOS ÀS ESCOLHAS DA CARREIRA MÉDICA ...................... 7

TEORIA SOCIAL COGNITIVA DE DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA ....... 38

OBJETIVOS ....................................................................................................................... 73

MÉTODO ............................................................................................................................ 75

RESULTADOS ................................................................................................................... 85

DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 128

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 141

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 147

ANEXOS ........................................................................................................................... 179

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Lista de figuras

Figura 1 – Distribuição dos participantes nas duas amostras utilizadas de acordo com

sexo e semestre acadêmico......................................................................................

82

Figura 2 – Gráfico de sedimentação da análise de eixos principais para a parte do

instrumento referente à escolha da especialidade............................................................

94

Figura 3 – Gráfico de sedimentação da análise de eixos principais para a parte do

instrumento referente à escolha da localidade de prática profissional............................

97

Figura 4 – Diagrama da estrutura fatorial da parte do instrumento referente à escolha

da especialidade...............................................................................................................

102

Figura 5 – Diagrama da estrutura fatorial da parte do instrumento referente à escolha

da localidade de prática profissional...............................................................................

103

Figura 6 – Confiabilidade condicional estimada para as variáveis latentes da parte do

instrumento referente à escolha da especialidade............................................................

105

Figura 7 – Confiabilidade condicional estimada para as variáveis latentes da parte do

instrumento referente à escolha da localidade de prática profissional............................

106

Figura 8 – Funções de informação dos itens da variável latente AEESP....................... 107

Figura 9 – Função de informação da variável latente AEESP........................................ 108

Figura 10 – Funções de informação dos itens da variável latente ERPESP.................... 109

Figura 11 – Função de informação da variável latente ERPESP.................................... 110

Figura 12 – Funções de informação dos itens da variável latente EREVESP................ 111

Figura 13 – Função de informação da variável latente EREVESP................................. 112

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Figura 14 – Funções de informação dos itens da variável latente METESP.................. 113

Figura 15 – Função de informação da variável latente METESP................................... 114

Figura 16 – Funções de informação dos itens da variável latente AELOC.................... 115

Figura 17 – Função de informação da variável latente AELOC..................................... 116

Figura 18 – Funções de informação dos itens da variável latente ERPLOC.................. 117

Figura 19 – Função de informação da variável latente ERPLOC................................... 118

Figura 20 – Funções de informação dos itens da variável latente EREVLOC............... 119

Figura 21 – Função de informação da variável latente EREVLOC................................ 120

Figura 22 – Funções de informação dos itens da variável latente METESP................. 121

Figura 23 – Função de informação da variável latente METESP................................... 122

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Lista de tabelas

Tabela 1 – Estatística descritiva da idade e sexo dos participantes das amostras dos

estudos de validade do instrumento..............................................................................

82

Tabela 2 – Equivalência semântica da parte do instrumento referente à escolha da

especialidade.................................................................................................................

88

Tabela 3 – Equivalência semântica da parte do instrumento referente à escolha da

localidade de prática profissional.................................................................................

89

Tabela 4 – Análise de juízes para a parte do instrumento referente à escolha da

especialidade.................................................................................................................

91

Tabela 5 – Análise de juízes para a parte do instrumento referente à escolha da

localidade de prática profissional..................................................................................

92

Tabela 6 – Matriz de carregamento rotacionada da análise de eixos principais para a

parte do instrumento referente à escolha da especialidade, comunalidades,

autovalores, e percentuais de variância explicada........................................................

95

Tabela 7 – Matriz de carregamento rotacionada da análise de eixos principais para a

parte do instrumento referente à escolha da localidade de prática profissional,

comunalidades, autovalores e percentuais de variância explicada...............................

98

Tabela 8 – Índices de bondade de ajuste da análise por teoria de resposta ao item

multidimensional da parte do instrumento referente à escolha da

especialidade.................................................................................................................

100

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Tabela 9 – Índices de bondade de ajuste da análise por teoria de resposta ao item

multidimensional da parte do instrumento referente à escolha da localidade de

prática profissional.......................................................................................................

101

Tabela 10 – Confiabilidade estimada dos construtos mensurados por meio dos

coeficientes de α de Cronbach....................................................................................

104

Tabela 11 – Índices de bondade de ajuste para os modelos teóricos iniciais e os

respectivos modelos MIMIC com sexo como covariável............................................

123

Tabela 12 – Coeficientes de regressão dos modelos MIMIC para o sexo

feminino................................................................................................................................................

124

Tabela 13 – Índices de bondade de ajuste para os modelos teóricos iniciais e os

respectivos modelos MIMIC com semestre acadêmico como covariável....................

125

Tabela 14 – Coeficientes de regressão dos modelos MIMIC para o semestre

acadêmico.............................................................................................................................................

126

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Lista de abreviaturas e símbolos

α – alfa.

κ – kappa.

AE – autoeficácia.

AEESP – autoeficácia para a escolha da especialidade.

AELOC – autoeficácia para a escolha da localidade de prática profissional.

AEP – análise de eixos principais.

AFC – análise fatorial confirmatória.

CFI – Comparative Fit Index, Índice de Ajuste Comparativo.

DIF – funcionamento diferencial do item.

ERPESP – expectativas de resultados profissionais para a escolha da especialidade.

ERPLOC – expectativas de resultados profissionais para a escolha da localidade de prática profissional.

EREVESP – expectativas de resultados relativos ao estilo de vida para a escolha da especialidade.

EREVLOC – expectativas de resultados relativos ao estilo de vida para a escolha da localidade de prática profissional.

METESP – metas para a escolha da especialidade.

MIMIC – modelo de múltiplos indicadores e múltiplas causas.

METLOC – metas para a escolha da localidade de prática profissional.

RMSEA – root mean square error of approximation, raiz quadrada media do erro de aproximação.

TLI – Tucker-Lewis Index, Índice de Tucker-Lewis.

TRIM – Teoria de Resposta ao Item Multidimensional.

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TSC – Teoria Social Cognitiva.

TSCDC – Teoria Social Cognitiva de Desenvolvimento de Carreira.

WLSMV – mínimos quadrados ponderados ajustados para médias e variâncias.

WRMR – weighted root mean square residual, raiz quadrada média residual ponderada.

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Lista de anexos

ANEXO I – Parecer Consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa................... 179

ANEXO II – Carta de autorização da instituição na qual foi realizado o estudo....... 180

ANEXO III – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido..................................... 181

ANEXO IV - Instrumento original, traduções diretas, síntese das traduções diretas,

traduções inversas e nova síntese para utilização na aplicação piloto........................

182

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1

APRESENTAÇÃO

A escassez de médicos de diferentes especialidades em determinadas regiões é um

problema global. Dentre os países que mencionaram a existência de problemas de

disponibilidade de profissionais nos estudos publicados em periódicos indexados podem ser

citados a Austrália (Australian Medical Workforce Advisory Committee [AMWAC], 2005;

Harris & Gavel, 2005), o Canadá (Jutzi et al., 2009; Pitblado & Pong, 1999; Vanasse,

2011), os Estados Unidos (Gough, 1975a; Rimlinger & Steele, 1963; Salsberg & Grover,

2006; Scott, Gowans, Wright, & Brenneis, 2008), a Finlândia (Sumanen, Aine, Halila,

Heikkilä, Hyppöla, Kujala, et al., 2012; Heikkilä, Hypölä, Kumpusalo, Halila, Vänskä,

Kujala et al., 2014), a França (Lefevre, Roupret, Kerneis, & Karila, 2010), o Japão

(Kobayashi & Takaki, 1992), a Noruega (Kristiansen & Førde, 1992), Portugal (Russo,

Ferrinho, Sousa, & Conceição, 2012), o Reino Unido (Chapman, Congdon, Shaw, &

Carter, 2005; Goddard, Gravelle, Hole, & Marini, 2010; Young & Leese, 1999), a Turquia

(Dikici, Yaris, Topsever, Filiz, Gurel, Cubucku et al., 2008) e diversas nações africanas

(Burch, McKinley, van Wyk, Kiguli-Walube, Cameron, Cilliers et al., 2011).

Na América Latina, a escassez de profissionais também é objeto de estudos,

particularmente na atenção primária, a “porta de entrada” da população aos serviços de

saúde. O tema tem sido abordado em países como o Chile (Breinbauer et al., 2009; Goic,

1995, 1999; Román, Acuña, & Señoret, 2006), o México (Nigenda, 1997; Knaul, Nigenda,

& Aguilar, 2003), o Peru (Miranda et al., 2012), bem como no restante da região andina

(Organización Panamericana de la Salud [OPAS], 2013).

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2

A carência de médicos de diferentes especialidades e os sucessivos insucessos na

implantação de programas de fixação de médicos em áreas remotas são problemas

endêmicos no Brasil. O primeiro relato encontrado na literatura indexada sobre a escassez

de médicos no Brasil foi realizado por Heinemann (1951), em língua alemã, no periódico

Medizinische Klinik. No seu relato, o médico alemão cita dados não referenciados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para descrever que, apesar da

escassez de médicos no interior – algo que associara ao êxodo rural –, também havia um

número insuficiente de médicos em grandes cidades, ainda que houvesse maior

concentração de profissionais nas capitais. Esse registro pioneiro foi posteriormente

sucedido por estudos realizados por pesquisadores brasileiros (Machado, 1997; Melo, 1971;

Nunes, Santos, Barata, & Vianna, 2001; Pinto & Machado, 2000; Póvoa, 2004; Póvoa &

Andrade, 2006; Rigatto, 1966).

A caracterização completa da situação atual da demografia médica no Brasil

transcende o escopo deste estudo. Contudo, pode-se destacar o esforço recente do Conselho

Federal de Medicina, em parceria com o Conselho Regional de Medicina do Estado de São

Paulo, o qual publicou o primeiro volume de uma série sobre a demografia médica no

Brasil, que revelou uma discreta tendência de crescimento na disponibilidade de médicos

no Brasil, com média de 1,95 médicos/mil habitantes. Tal valor é superior à média mundial,

mas ainda inferior ao coeficiente médio encontrado em todo o continente americano e

também no continente europeu. Nesse último levantamento brasileiro, não há mais estados

federativos com concentração de médicos inferior a 0,5/mil habitantes, mas ainda há três

estados com menos de um médico por mil habitantes, especificamente Amapá (0,96/mil

habitantes), Pará (0,83/mil habitantes) e Maranhão (0,68/mil habitantes). Tais coeficientes

contrastam com a elevada concentração de médicos nas capitais brasileiras, como

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Florianópolis (6,44/mil habitantes), Porto Alegre (8,34/mil habitantes) e Vitória (10,41/mil

habitantes). O estudo descreveu ainda a distribuição espacial dos médicos em relação a sua

classificação como generalistas ou especialistas. Observou-se que a distribuição de

especialistas também é menor nas regiões Norte e Nordeste, bem como no interior dos

estados (Scheffer, 2011).

Em 2013, como resposta à situação de prolongada carência de médicos em diversas

áreas do país, o governo brasileiro iniciou a implantação do Programa Mais Médicos. A

persistência das desigualdades na distribuição territorial de médicos até então sugeria que

as iniciativas governamentais anteriores para a interiorização e fixação desses profissionais

não obtiveram o sucesso desejado. O referido programa facilita o ingresso de médicos

estrangeiros para exercerem a profissão sem a necessidade de revalidação do diploma de

graduação, por meio de registros provisórios que permitem a prática profissional sob

supervisão, em regiões especificamente determinadas, particularmente aquelas com maior

nível de desassistência: zonas rurais, áreas remotas e periferias dos grandes centros urbanos

(de Campos, 2013; Lei N° 12.871, 2013).

A premissa básica do Programa Mais Médicos, a facilitação da entrada de

profissionais estrangeiros no país, flexibilizando as exigências para confirmar a titulação, já

era aventada no relato de Heinemann (1951) sobre a situação de carência de médicos no

interior do país. Heinemann era um médico estrangeiro atuante no Brasil, que nesse relato

se manifestara favoravelmente em relação à possibilidade de maior leniência nos requisitos

para médicos estrangeiros praticarem Medicina no Brasil, como uma maneira de suprir a

falta desses profissionais em áreas remotas.

A discrepância entre a necessidade de assistência à saúde das pessoas e as escolhas

profissionais realizadas pelos futuros médicos reflete-se na má distribuição geográfica de

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profissionais médicos, tanto para a atenção primária à saúde – porta de entrada aos serviços

de saúde –, quanto para a assistência em determinadas especialidades. Com o intuito de

equacionar o binômio entre o processo individual de escolhas profissionais e a satisfação

das demandas sociais de cuidado em saúde, a compreensão dos fatores determinantes de

tais escolhas torna-se de fundamental importância (Póvoa & Andrade, 2006).

Para um estudante de Medicina, a tarefa de escolher uma especialidade e o local de

prática é um processo complexo, dependente de vários fatores, como por exemplo, as

condições para exercer o trabalho e as possibilidades de desenvolvimento da carreira.

Segundo Iserson (2003), a Medicina oferece mais opções de carreira para seus praticantes

do que qualquer outra profissão. Cada especialidade médica exige habilidades, talentos e

aptidões diferentes.

Apesar da aparente facilidade que os médicos têm para selecionarem empregos

financeiramente atrativos, suas escolhas profissionais são permeadas de particularidades

que transcendem o puro aspecto econômico. Nesse processo, são incluídos fatores pessoais,

sociais, educacionais e políticos (Carpenter & Neun, 1999; Davis et al., 1990; Dohn, 1996;

Gough, 1975; Sullivan & Morrison, 1997; Puertas, Arósquipa, & Gutiérrez, 2013; Thronton

& Esposto, 2003). Alguns estudantes de graduação em Medicina escolhem uma

especialidade facilmente, já no início de sua formação, mas a maioria tem dificuldade em

decidir (Huebner, Royer, & Moore, 1981). Devido aos custos elevados da formação em

Medicina e ao fato de que a residência médica é realizada preferencialmente logo após a

graduação, os médicos não conseguem alterar com facilidade o seu percurso profissional,

caso desistam da especialidade escolhida (Henry, Leong, & Robinson, 1992).

Apesar da miríade de estudos dedicados a estabelecer variáveis preditivas com

relação às escolhas de carreira de futuros médicos, a maioria dos trabalhos carece de

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fundamentação teórica no desenvolvimento de seus instrumentos de avaliação (Dohn, 1996;

Mowbray, 1989). Acredita-se que a realização de estudos com base teórica mais sólida

poderia permitir uma compreensão mais adequada dos motivos que norteiam as escolhas

profissionais dos futuros médicos (Dohn, 1996; Meurer, Bland, & Maldonado, 1996;

Mowbray, 1989).

Considerando a necessidade de suprir as dificuldades na fundamentação teórica de

investigações sobre as escolhas profissionais na carreira médica, Rogers, Creed e Searle

(2009) escolheram a Teoria Social Cognitiva de Desenvolvimento de Carreira (TSCDC) a

fim de embasar o desenvolvimento de um questionário para medir as expectativas de

resultado, as metas e a autoeficácia referentes à escolha da especialidade e ao local de

prática profissional (Lent, Brown, Hackett, 1994, 1996; Lent, 2012). A opção por realizar a

adaptação transcultural e a obtenção de evidências de validade deste questionário para uso

no Brasil teve como base a evolução da literatura sobre os fatores que influenciam as

escolhas de carreira de futuros médicos e sua incipiente interface com a TSCDC.

Desse modo, esta Tese pode ser dividida em duas partes. A primeira parte consiste

em dois capítulos de revisão de literatura. O primeiro capítulo de revisão de literatura

contempla a descrição dos estudos que analisaram os fatores associados às escolhas

profissionais de futuros médicos. O segundo capítulo procura contextualizar historicamente

o referencial teórico sociocognitivo e conceituar os construtos autoeficácia, expectativas de

resultado e metas, culminando na descrição da Teoria Social Cognitiva de

Desenvolvimento de Carreira (TSCDC), a qual deriva da Teoria Social Cognitiva de

Bandura (1986, 1989, 2001). A parte seguinte da Tese contém os estudos originais de

adaptação transcultural e evidências de validade do questionário de Rogers, Creed e Searle

(2009).

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A opção pela adaptação de um instrumento já existente foi realizada particularmente

por três motivos. Em primeiro lugar, a Austrália, país de origem do questionário original,

de forma similar ao Brasil, apresenta dificuldades na fixação de médicos em regiões rurais

e remotas. Em segundo lugar, o instrumento escolhido já apresenta evidências de validade

preliminares, particularmente no que se refere à estrutura interna, conforme demonstrado

no estudo original de Rogers, Creed e Searle (2009). Finalmente, o desenvolvimento do

instrumento original, à luz da Teoria Social Cognitiva de Desenvolvimento de Carreira

(Lent, Brown & Hackett, 1994, 1996, 2002), é consonante com a necessidade de

fundamentação teórica adequada dos estudos sobre escolhas de carreira na profissão

médica.

Para justificar a realização deste trabalho, dois pontos principais foram considerados.

O primeiro refere-se à falta de estudos sobre os fatores que influenciam a escolha de

carreira na atenção primária à saúde em países com nível de renda baixo e médio. Essa

percepção foi confirmada na revisão sistemática realizada por Puertas, Arósquipa e

Gutiérrez (2013), os quais recomendaram a realização de mais investigações nos países em

desenvolvimento. O segundo consiste no impacto que os estudos sobre o processo de

escolha de carreira têm demonstrado na formulação e aprimoramento de propostas de

políticas públicas para a mitigação da escassez de profissionais médicos no Brasil (Maciel

Filho, 2007) e no mundo (Bennett & Phillps, 2010; Dolea, Stormont, & Braichet, 2010;

Holmes, 1995; Kindig, 1990; Rabinowitz, 1983, 1993; Rabinowitz et al., 1999, 2001;

Scammon, Williams, & Li, 1995; Simoens, 2004; World Health Organization [WHO],

2010).

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FATORES ASSOCIADOS ÀS ESCOLHAS DA CARREIRA MÉDICA

Considerando a necessidade de justificar a opção por um referencial teórico

sociocognitivo, julgou-se pertinente dedicar um capítulo com a finalidade de fornecer uma

descrição sintética da literatura sobre os fatores que influenciam as escolhas profissionais

de futuros médicos. Apesar de haver dificuldades metodológicas decorrentes da variação na

estabilidade das preferências dos estudantes em relação à escolha da especialidade

(Babbott, Baldwin Jr., Jolly. & Williams, 1988; Geertsma & Grinols, 1972; Goldacre &

Lambert, 2000; Last & Stanley, 1968; Manuel, Borges, & Jones, 2009; Scott, Gowans,

Wright, & Brenneis, 2012; Zeldow, Preston, & Daugherty, 1992), particularmente a

diferença entre as preferências declaradas na fase inicial do curso e a especialidade

realmente escolhida e exercida (Matteson & Smith, 1977; Edwards, Lambert, Goldacre, &

Parkhouse, 1997), a literatura sobre os fatores que influenciam as escolhas profissionais de

futuros médicos é abrangente e numerosa.

As principais revisões de literatura sobre os fatores associados às escolhas

profissionais de estudantes de Medicina restringiram-se à escolha da especialidade e foram

realizadas por Hutt (1976), Mowbray (1989), Davis, Bouhuijs, Dauphinee, McAvoy,

Alexander, Coles et al. (1990) e Dohn (1996). No caso específico da revisão feita por Dohn

(1996), não houve uma tentativa de sintetizar a literatura, mas uma análise crítica a respeito

da qualidade conceitual e metodológica dos estudos publicados sobre o tema,

particularmente no que se refere à falta de fundamentação teórica adequada na maior parte

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dos trabalhos e a necessidade de mais estudos de caráter longitudinal. Tais constatações são

reafirmações das mesmas críticas de Mowbray (1989).

Para Dohn (1994, 1996) é possível classificar os temas predominantes nos trabalhos

sobre escolhas profissionais de estudantes e profissionais médicos de forma cronológica.

Entre 1950 e 1970, a ênfase dos estudos era a respeito da influência de traços de

personalidade, atitudes e valores, e fatores socioeconômicos e demográficos. De 1970 a

1985, teriam predominado o impacto das políticas de seleção discente e das características

dos cursos de graduação em Medicina, como o método de ensino-aprendizagem, bem como

a influência do corpo docente. Entre 1985 e o período que precedeu a revisão de Dohn

(1994, 1996), os estudos concentrar-se-iam mais na influência de eventuais dívidas

contraídas pelos estudantes, bem como dos rendimentos esperados e das condições de

trabalho previstas. Dohn (1996) ainda antevê uma possível tendência de ressurgimento dos

trabalhos envolvendo aspectos relativos ao papel da personalidade nas escolhas

profissionais.

No caso específico da escolha profissional em atenção primária, merece destaque a

meta-análise de Bland, Meurer e Maldonado (1995), bem como a revisão de literatura

realizada pelos mesmos autores (Meurer, Bland, & Maldonado, 1996); a revisão de Brooks,

Walsh, Mardon, Lewis e Clawson (2002), que se dedicou a estudar o recrutamento e

retenção de médicos na atenção primária em áreas rurais; e a revisão sistemática de Puertas,

Arósquipa e Gutiérrez (2013), que estratificou os estudos sobre os fatores que influenciam a

escolha de carreira em atenção primária à saúde de acordo com o nível socioeconômico dos

países onde foram realizados. É interessante notar que, em Puertas et al. (2013), alguns

fatores foram facilitadores ou barreiras à escolha na atenção primária em todos os países.

Dentre os facilitadores em comum a todos os estudos analisados nessa revisão sistemática

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estão a exposição do estudante a áreas rurais, a existência de modelos de comportamento

(“role models”) e as condições de trabalho; dentre as barreiras em comum, a baixa

remuneração e o baixo nível de prestígio profissional. Segundo Puertas et al. (2013), foram

facilitadores específicos nos estudos de países de baixa e média renda o desafio intelectual

e a compreensão das necessidades rurais; nos estudos dos países de renda elevada, foram

facilitadores específicos a atitude diante de problemas sociais, o trabalho voluntário, a

influência da família e a duração da residência.

A revisão de Brooks et al. (2002) aponta para o fato de que fatores como o

crescimento do estudante em uma área rural e a preferência da especialidade foram

fortemente correlacionados com o recrutamento de médicos para áreas rurais, enquanto

fatores relacionados às atividades de ensino-aprendizagem como os estágios curriculares

em áreas rurais estiveram mais correlacionados com a retenção dos profissionais nessas

áreas.

Os trabalhos sobre os fatores determinantes da escolha dos médicos para a atuação

em atenção primária merecem destaque à parte. Bland, Meurer e Maldonado (1995) e

Meurer, Bland e Maldonado (1996) observaram que os estudantes iniciaram os cursos de

graduação em Medicina com forte preferência por carreiras em atenção primária, mas que

essa preferência diminui com o tempo, particularmente nos anos finais, durante o internato

médico obrigatório, quando ocorre maior contato com as especialidades

Um trabalho de revisão posterior, realizado por Senf, Campos-Outcalt e Kutob

(2003), o qual abordou os fatores relacionados apenas à escolha por Medicina de Família,

apresentou resultados similares. A origem do estudante na zona rural foi associada

positivamente com a escolha por Medicina de Família ao passo que o status

socioeconômico elevado dos pais foi associado negativamente com essa escolha. Os

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estudantes de escolas públicas, com baixas expectativas de renda, sem interesse por uma

carreira em pesquisa, com fortes crenças sobre a importância da atenção primária e com

maior exposição às atividades de Medicina de Família durante o internato médico

obrigatório tiveram maior probabilidade de escolher Medicina de Família como

especialidade. Os principais motivos dos estudantes que rejeitaram uma carreira em

Medicina de Família foram a falta de prestígio associado à especialidade, o baixo nível de

renda e a grande quantidade de conhecimento necessário para exercer a especialidade.

Há certa congruência no modo com o qual os trabalhos de revisão de literatura

classificam os fatores que influenciam as escolhas profissionais dos estudantes de

Medicina, independentemente do nível de atenção à saúde escolhido para o exercício

profissional. Hutt (1976) agrupa os fatores em contextuais, incluindo aspectos

sociodemográficos como idade, sexo e estado civil; fatores relacionados à personalidade e a

atitudes; fatores relativos ao sistema educacional, como a metodologia de ensino-

aprendizagem empregada; fatores relativos à carreira, como a remuneração; fatores

relativos às condições de trabalho, como o tipo de infraestrutura e a regularidade das horas

de trabalho; e, finalmente, a diferenças intrínsecas entre as especialidades. Davis et al.

(1990) classifica os fatores de modo muito similar, embora não tão completo quanto Hutt

(1977), separando-os em variáveis sociodemográficas, variáveis de personalidade e

atitudes, características institucionais das escolas médicas, características das

especialidades e da própria formação dos residentes.

Mowbray (1989) sumariza os fatores que influenciam os estudantes na escolha da

especialidade em intrínsecos, como habilidade acadêmica, atitudes, características pessoais

e gênero; e extrínsecos, como a influência de professores e outros modelos, além de

pressões familiares, sociais, culturais e financeiras. Um dos pontos observados e criticados

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na revisão de Mowbray (1989) foi o baixo número de estudos que empregaram análises

multivariadas, o que impedia uma visão integrada do fenômeno e o grau de impacto de cada

fator. O estudo de Kassebaum e Szenas (1994) contribuiu para suprir essa lacuna com a

investigação do grau de magnitude da influência de 36 fatores na atração ou rejeição de

uma especialidade, em uma amostra de 1993 estudantes de Medicina do último ano. Em

ordem decrescente de grandeza, os fatores foram classificados como tendo “maior”, “forte”,

“moderado” ou “pouco ou nenhum” grau de influência.

Para Kassebaum e Szenas (1994), os fatores de maior influência foram: tipo do

problema do paciente, congruência com a personalidade, oportunidade de fazer diferença

na vida das pessoas, interesse em ajudar as pessoas, conteúdo intelectual da especialidade,

desafio relacionado ao diagnóstico e diversidade de diagnóstico e tratamento. Em segundo

lugar, os fatores apontados como de forte influência foram: possuir a aptidão e as

habilidades requeridas, tipo de paciente, exemplos de médicos na especialidade,

encorajamento de médicos na especialidade, independência, estágios na área, tempo para a

família, ênfase na prevenção e educação do paciente, encorajamento de professores,

responsabilidade social, ênfase em cuidados primários e influência de um conselheiro. Em

seguida, os fatores apontados com grau moderado de influência foram: oportunidade de

liderança, segurança no trabalho, cursos na área, previsibilidade nas horas de trabalho,

encorajamento de colegas estudantes ou residentes, ausência de superlotação na área,

prestígio, desejo de autoridade, remuneração, tempo de duração da residência, pouco

estresse e pouca incerteza em diagnóstico e tratamento na área.

Os fatores apontados como tendo pouca ou nenhuma influência por Kassebaum e

Szenas (1994) foram: menor demanda de tempo e esforço, dívida educacional, facilidade de

ingresso em um programa de residência e os custos de seguro contra má prática. No mesmo

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estudo, os fatores associados à rejeição de especialidades, em ordem decrescente de

importância, foram: tipo de problema do paciente, horas imprevisíveis de trabalho, pouco

tempo para a família, incongruência com a personalidade, tipo de paciente, alta demanda de

tempo e esforço, estresse na área, estágios na área, desencorajamento de médicos na área e

exemplos de médicos na área.

Os próximos parágrafos serão dedicados à descrição de estudos representativos

referentes a cada um dos tipos de fatores associados às escolhas profissionais dos

estudantes de Medicina. Primeiramente, serão abordados os estudos referentes aos aspectos

sociodemográficos, como idade, sexo, estado civil e local de origem do estudante.

Aspectos sociodemográficos

Os estudantes mais velhos, os casados e os que têm filhos, geralmente escolhem

uma área geral, enquanto os estudantes mais novos tendem a escolher uma especialidade

(Monk & Terris, 1956; Monk & Thomas, 1973; Hutt, 1976; Davis et al., 1990). Segundo

Davis et al. (1990) isso evidencia uma interação entre idade e estado civil.

O tamanho da cidade natal também parece ser um fator importante. Estudantes que

nascem em localidades maiores tendem a escolher uma especialidade ao invés de Clínica

Geral. Quanto menor a cidade natal, maiores as chances de Medicina da Família ou de

Clínica Geral serem as carreiras escolhidas. Por sua vez, estudantes oriundos de cidades

grandes tendem a escolher especialidades ao invés de se tornarem generalistas (Hutt, 1976;

Burkett & Gelula, 1978).

Em relação à influência do sexo do estudante de graduação em Medicina sobre suas

escolhas profissionais, diversos estudos foram realizados, embora a maior parte deles seja

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antiga. Dentre os autores pioneiros que se dedicaram ao estudo da relação entre sexo do

estudante de Medicina e escolha da especialidade médica, podem ser citados McGrath e

Zimet (1977), Cuca (1979), Davidson (1979), Shaw (1979), Weisman, Levine, Steinwachs

e Chase (1980), Zimny e Shelton (1982), Ferrier e Woodward (1982), Fadem, Nicolich,

Simring, Dauber e Bullock (1984) e Bergquist et al. (1985). De modo geral, eles constatam

o crescimento do número de mulheres que ingressam na profissão médica e preveem

impactos na distribuição das especialidades escolhidas, devido às diferenças de preferência.

Todavia, Weisman et al. (1980) notou uma tendência de convergência entre os padrões de

escolha da especialidade de homens e mulheres. A revisão de literatura realizada por Davis

et al. (1990) cita os estudos de Fadem et al. (1984) e Bergquist et al. (1985), bem como

estatísticas oficiais dos Estados Unidos da América e do Reino Unido para demonstrar uma

consistente predileção das mulheres por Ginecologia-Obstetrícia, Pediatria e Medicina

Comunitária; e dos homens, por especialidades cirúrgicas.

Em relação às características das especialidades, Zimny e Shelton (1982) e

Bergquist et al. (1985) mostraram que as mulheres tendem a procurar aquelas mais

orientadas ao paciente, por exemplo, a Pediatria; enquanto os homens tendem a buscar

especialidades orientadas à técnica e à cognição como a Radiologia e a Cirurgia. Davidson

(1979), Shaw (1979), Bonar e Watson (1982), Ferrier e Woodward (1982) e Bergquist et al.

(1985) notaram que a escolha das mulheres sofre maior influência do conflito entre carreira

e família, exemplificado pelo número de horas de trabalho associado às especialidades,

assim como pela influência das opiniões do parceiro. A remuneração e o status seriam

fatores mais valorizados pelos homens. Todavia, deve-se mencionar a influência de

características culturais, como sugerido no estudo de Heiligers e Hingstman (2000),

realizado nos Países Baixos. Nesse país, a cultura familiar predominante determina a

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divisão igualitária de tarefas domésticas entre os sexos. Nesse contexto, Heiligers e

Hingstman (2000) mostraram que o número de horas trabalhadas fora um fator mais

preponderante em homens do que em mulheres na tomada de decisões referentes à carreira.

No Brasil, o trabalho realizado por Bellodi (1999, 2001) mostrou resultados

consonantes com os estudos internacionais. Bellodi (2001) reafirma Bergquist et al. (1985),

ao sugerir que a associação entre a escolha de determinadas especialidades e o sexo do

estudante não deixa de ser “um reflexo de antigos e tradicionais estereótipos de gênero” (p.

51). Em ambos os trabalhos, o sexo masculino foi mais propenso a ter planos de carreira

envolvendo especialidades cirúrgicas e o sexo feminino, especialidades clínicas. No

trabalho de Bellodi (1999, 2001), é interessante notar certa permanência das identificações

tradicionais de gênero pelos estudantes, especificamente no caso da Cirurgia, que

permanece como uma área majoritariamente masculina, apesar do aumento no número de

mulheres interessadas nessa carreira. A percepção de um aumento do interesse feminino às

especialidades cirúrgicas fora também notada desde McGrath e Zimet (1977) e Weisman et

al. (1980). Um dos méritos adicionais do trabalho de Bellodi (1999) foi identificar o

sexismo existente no ambiente de trabalho médico no Brasil, particularmente na área

cirúrgica, o que pode resultar em um número menor de mulheres interessadas, de modo

consonante com o que já fora relatado nos trabalhos de Lillemoe, Ahrendt, Yeo, Herlong e

Cameron (1994) e de Field e Lennox (1996). A falta de modelos de comportamento e/ou

contato informal com mentores do corpo docente podem ser barreiras adicionais (Cohen,

Woodward, & Ferrier, 1987; Baxter, Cohen, & McLeod, 1996; Nora, Cabrera, Hagedorn, &

Pascarella, 1996).

Lambert e Holmboe (2005) também abordaram as diferenças entre os sexos na

escolha da especialidade, mas sob o prisma do grau de controle sobre o estilo de vida

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percebido em cada especialidade. Os pesquisadores formularam a hipótese de que as

mulheres seriam mais responsáveis que os homens em relação a essa escolha, pois

escolheriam as especialidades nas quais o estilo de vida fosse mais controlável. Todavia, os

resultados não confirmaram tal hipótese, pois o interesse dos estudantes por especialidades

associadas a estilos de vida incontroláveis decaiu a cada ano e, ao longo do tempo, as

mulheres tornavam-se mais propensas a escolhas associadas a um estilo de vida

incontrolável, em comparação com os homens.

Mais recentemente, van der Horst, Siegrist, Orlow e Giger (2010), Mendes (2010) e

Heiligers (2012) também se debruçaram sobre a influência do sexo sobre a escolha da

especialidade. No estudo de van der Horst e col. (2010), uma análise de componentes

principais, os autores chegaram a três fatores que explicaram 40,8% da variância das

respostas: aspectos relacionados ao trabalho e ao tempo, aspectos relacionados à carreira e

aspectos relacionados ao paciente. Nesse estudo, as médicas consideraram mais importantes

do que os aspectos relacionados à carreira, aqueles relativos ao trabalho, ao tempo e ao

paciente. Entre médicos do sexo masculino, não foram observadas diferenças entre os

fatores.

O estudo de Mendes (2010), realizado em Portugal, mostrou que apesar da maior

preferência masculina por especialidades cirúrgicas, a diferença não foi significativa nem

para Cirurgia Geral nem para as especialidades nessa área. Contudo, houve maior

preferência das mulheres por Ginecologia-Obstetrícia e Pediatria. A valorização de fatores

psicossociais no processo saúde-doença bem como a realização de uma prática profissional

voltada ao paciente apresenta níveis superiores em mulheres; em homens, houve maior

hegemonia de uma prática profissional centrada no profissional e no paradigma biomédico,

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que desconsidera a importância dos fatores psicossociais no processo saúde-doença, e que é

ainda bastante vigente.

Nos Países Baixos, as diferenças entre os sexos em relação aos motivos dos

estudantes de Medicina nas escolhas de carreira foram abordadas por Heiligers (2012). Os

resultados foram consistentes com as pesquisas anteriores, todavia, o estado civil também

foi determinante nessas diferenças, além de influências externas como o estilo de vida e a

situação socioeconômica. Morar junto com um parceiro(a) mostrou-se como um fator

importante para ambos os sexos, não apenas para mulheres, conforme a literatura anterior

poderia sugerir.

Outro achado interessante de Heiligers (2012) refere-se às diferenças nas

motivações para a escolha da especialidade de formação continuada ao longo do curso. Na

justificativa de suas preferências, enquanto os estudantes dos anos iniciais referiram mais

motivos intrínsecos, como a predileção individual, os dos anos avançados elencaram mais

motivos relacionados a características próprias da profissão. Deve-se ressaltar que nos

diferentes modelos de regressão logística do estudo realizado por Heiligers (2012), o estilo

de vida, compreendendo aspectos como o controle e a flexibilidade do horário de trabalho,

foi um dos principais fatores associados à escolha da especialidade de formação continuada

em ambas as etapas de formação. No entanto, em relação à especialidade para realização da

residência médica, as características intrínsecas da profissão foram o fator preponderante.

Para encerrar a parte da revisão sobre a influência de aspectos sociodemográficos

sobre as escolhas profissionais de futuros médicos, cabe mencionar o trabalho de Xu,

Fields, Laine, Veloski, Barzansky e Martini (1997), os quais realizaram o único trabalho

recuperado que abordou o impacto da raça-etnia dos médicos sobre a escolha de carreira

generalista. Os autores concluíram que os médicos pertencentes às minorias étnicas pouco

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representadas na profissão médica eram mais propensos a cuidar de populações mais

carentes de assistência.

Atitudes e personalidade

Nos próximos parágrafos a ênfase será dada aos estudos que abordaram o papel da

personalidade e de atitudes sobre as escolhas de carreira de futuros médicos. Deve-se

ressaltar que boa parte desses trabalhos não utiliza termos consagrados em Psicologia, mas

denominações que poderiam ser considerados como de “senso comum”. O emprego de tal

terminologia deve ser visto com reservas, devido à possibilidade de favorecer equívocos e

preconceitos.

Uma revisão ampla, crítica e integrativa sobre o papel da personalidade na escolha

da especialidade médica pode ser encontrada no trabalho de Borges e Savickas (2002).

Todavia, antes de explorar os estereótipos associados a determinadas especialidades, cabe

aqui descrever a literatura sobre as qualidades pessoais associadas aos estudantes de

Medicina e as mudanças em determinadas atitudes que se processam ao longo da escola

médica. Mowbray (1989) afirma que esses estudantes costumam demonstrar altos níveis de

desempenho, dominância e resistência, mas também um aumento no cinismo e diminuição

do senso humanitário ao longo do curso. O estudo longitudinal de Whittemore, Burstein,

Loucks e Schoenfield (1985), que contou com quatro anos de seguimento de 800

estudantes, corroborou a visão de Mowbray (1989) ao mostrar diminuição do interesse no

desempenho e na organização, diminuição da curiosidade e da persistência intelectual,

aumento do interesse na remuneração, aumento da impulsividade e maior nível de

agressividade.

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O primeiro estudo citado por pesquisadores contemporâneos que objetivou

investigar a associação de determinadas características de personalidade com a escolha de

determinadas especialidades foi realizado por Eron (1955a). Nesse trabalho, estudantes do

quarto ano que indicaram uma escolha específica por Medicina Interna (no Brasil

denominada Clínica Médica), Pediatria, Psiquiatria e Cirurgia foram avaliados em relação a

“cinismo”, “ansiedade” e “humanismo”. Os estudantes cuja escolha era Psiquiatria tiveram

os maiores escores em “ansiedade” e os estudantes que haviam escolhido Cirurgia tiveram

os maiores escores em “cinismo”. Todas as especialidades tiveram escores elevados e

semelhantes em “humanismo”.

Posteriormente, a especulação sobre razões inconscientes dos estudantes de

Medicina na seleção de especialidades, particularmente a Psiquiatria, foi objeto do ensaio

de Menninger (1957), o qual propôs, por meio de um ponto de vista psicanalítico, uma

ligação entre as escolhas, traços de personalidade e mecanismos de defesa do ego. No caso

dos cirurgiões, por exemplo, a escolha da especialidade seria guiada pela possibilidade de

sublimar impulsos sádicos e cruéis, por meio do exercício profissional. Para o autor, o ato

cirúrgico pode ser interpretado como uma maneira inconsciente de infligir dor e dano físico

e, conscientemente, um cuidado que objetiva o alívio do sofrimento corporal do paciente.

Os primeiros estudos que procuraram documentar as atitudes dos estudantes de

Medicina perante diferentes especialidades médicas, com algum seguimento longitudinal,

foram realizados por Bruhn e Parsons (1964,1965). Bruhn e Parsons (1964) descreveram os

estereótipos que os estudantes de Medicina tinham sobre certas especialidades de acordo

com um questionário da World Federation for Mental Health destinado a mensurar dez

“traços de personalidade”. Cirurgia foi significativamente associada aos traços “dominante

e arrogante”, “agressivo e cheio de energia” e “principalmente preocupado com o próprio

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prestígio”. A Medicina Interna foi significativamente associada aos traços “profundamente

interessado em problemas intelectuais” e “sensível a um amplo leque de fatores quando

avalia um problema médico”, embora este último traço tenha sido significativo apenas nos

estudantes da fase clínica da graduação. A Psiquiatria foi significativamente associada aos

traços “emocionalmente instável”, “pensador confuso” e “profundamente interessado em

problemas intelectuais”. A Clínica Geral foi significativamente associada aos seguintes

traços: “agressivo e cheio de energia”, “profundamente interessado em pessoas”,

“extremamente paciente” e “personalidade amigável e agradável”.

O trabalho de seguimento (Bruhn & Parsons, 1965) foi dividido em dois estudos.

No primeiro, os autores estudaram o nível de positividade ou negatividade dos estereótipos

associados a quatro especialidades – Clínica Geral, Medicina Interna, Cirurgia e Psiquiatria

– e observaram que os estereótipos associados às especialidades médicas mudam conforme

o nível de conhecimento e o tempo de experiência. Cirurgia teve uma imagem mais positiva

entre estudantes que não iniciaram ainda a graduação em Medicina e entre professores

médicos do que entre os estudantes de graduação em Medicina. A imagem da Medicina

Interna mostrou-se progressivamente mais positiva com o aumento do nível de

conhecimento médico e tempo de experiência. O oposto ocorreu no caso da Psiquiatria e da

Clínica Geral.

No segundo estudo de seguimento, os autores novamente analisaram as respostas de

estudantes de medicina ao questionário da World Federation for Mental Health, mas desta

vez, associaram determinadas especialidades médicas (Cirurgia, Psiquiatria, Clínica Geral,

Pediatria, Obstetrícia e Ginecologia) aos dez “traços de personalidade”. O traço “agressivo

e cheio de energia” foi visto como mais característico de Cirurgia e Clínica Geral; a

Psiquiatria foi associada com o traço “pensador confuso”. Todavia, os próprios autores

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discutiram a validade do questionário empregado nesse segundo estudo de seguimento e,

provavelmente por causa dessa limitação metodológica, não exploraram os resultados

detalhadamente.

Outro estudo pioneiro na tentativa de associar traços de personalidade às escolhas

profissionais de estudantes de Medicina foi realizado por Coker, Greenberg e Kosa (1965).

É interessante a descrição do estudo, ainda que por mero interesse histórico. Os resultados

mostraram que estudantes com personalidade “autoritária” tinham tendência a escolher

Clínica Geral e rejeitar Medicina Interna e Psiquiatria. Por outro lado, estudantes com

personalidade “maquiavélica” apresentavam uma tendência a escolher Psiquiatria e rejeitar

Clínica Geral. Os autores procuraram explicar essas preferências sugerindo que estudantes

“autoritários” escolheriam mais a Clínica Geral, no intuito de evitar o que os autores

descreveram como “ambiguidade”, e que os estudantes “maquiavélicos” prefeririam a

Psiquiatria na expectativa de uma carga de trabalho mais leve, expectativa oposta àquela

observada com a Clínica Geral, o que explicaria a rejeição. Os resultados mostraram ainda

que a escolha da especialidade por estudantes “autoritários” ocorria mais cedo, desde o

primeiro ano de graduação, ou antes; enquanto estudantes “não autoritários” tendiam a

permanecer indecisos por um longo tempo.

Alguns trabalhos são representativos da década de 1970, como os estudos de

Mowbray e Davies (1971) e Coombs (1978), quando o interesse sobre a investigação da

influência da personalidade na escolha da especialidade ainda era marcante. Esses autores

descreveram o estereótipo dos cirurgiões como teimosos, difíceis, extrovertidos e “mais

interessados em coisas do que em pessoas”. O estereótipo dos psiquiatras foi descrito como

reflexivo, imaginativo, de mentalidade “suave” e “mais interessados em pessoas do que em

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coisas”. Todavia, os autores alertam que tais estereótipos podem ser descrições exageradas.

Deve-se notar ainda a falta de conceituação formal para determinadas descrições.

Em seu livro sobre a socialização profissional nas escolas médicas, Coombs (1978)

utilizou entrevistas detalhadas com estudantes de Medicina a fim de estabelecer descritores

de personalidade para as pessoas atraídas a várias especialidades. Nesse estudo, os

estudantes interessados em Medicina de Família foram descritos como possuidores de

personalidade “missionária”, caracterizada por generosidade, amistosidade, genuinidade e

cordialidade. Outra especialidade cuja descrição deve ser mencionada é a Anestesiologia,

com futuros profissionais tímidos, inibidos e recolhidos. Nesse estudo, os futuros cirurgiões

são descritos de forma consistente como nos anteriores: confiantes, dominadores,

agressivos, egoístas, arrogantes e meticulosos.

Após os estudos pioneiros entre as décadas de 1950 e 1970, o interesse sobre a

relação entre personalidade e escolha da especialidade praticamente desaparece nos anos

1980 e o número de estudos sobre o tema decaiu consideravelmente. Apenas na década de

1990 houve um ressurgimento desses estudos, como, por exemplo, os trabalhos de Zeldow

e Daugherty (1991), Coombs, Fawzy e Daniels (1993) e Schwartz et al. (1994), que

começam a reexplorar principalmente as questões referentes ao estresse e seu manejo, bem

como a tolerância à ambiguidade e à incerteza. Os trabalhos de Coombs et al. (1993) e

Schwartz et al. (1994) restringiram-se a traçar uma personalidade especificamente

associada aos cirurgiões. Schwartz et al. (1994) chegou a usar o termo “personalidade

cirúrgica” em seu trabalho.

Por outro lado, Zeldow e Daugherty (1991) procuraram ser mais abrangentes e

estudaram a relação entre sete especialidades e dezesseis “medidas de personalidade” com a

ajuda de uma técnica projetiva de avaliação da personalidade, o Teste de Apercepção

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Temática de Murray (1943). No estudo de Zeldow e Daugherty (1991), embora a variável

“experiência prévia como paciente psicoterápico” tenha sido associada à escolha de

Psiquiatria, escores baixos nas medidas para “extroversão” e “lócus de controle” foram

associados à escolha dessa especialidade. Sobre os estudantes que escolhem Psiquiatria, os

autores notam que o perfil observado é similar ao estereótipo relatado em estudos

anteriores, com indivíduos orientados para as necessidades de satisfação do mundo interior

e com tendências a transtornos disfóricos.

Nesse estudo, a Pediatria foi significativamente associada de forma positiva às

medidas de “autoconsciência pública” e “feminilidade”, bem como com as variáveis “status

socioeconômico” e “pai(s) médico(s)”; e foi significativamente associada de forma negativa

às medidas de “extroversão”, “lócus de controle” e “masculinidade”. Especialidades de

Medicina Hospitalar foram associadas significativamente de forma positiva a três medidas:

“tolerância para a ambiguidade”, “feminilidade”, e “neuroticismo” – já a medida

“depressão” foi significativamente associada de forma negativa a essas especialidades.

Obstetrícia e Ginecologia também foram significativamente associadas de forma positiva a

três medidas: “autoconsciência pública”, “lócus de controle” e “neuroticismo” – a medida

“depressão” também foi significativamente associada de forma negativa a essas

especialidades. Cirurgia foi a especialidade que mais mostrou similaridade com os estudos

realizados na década de 1960, com três medidas significativamente associadas à sua

escolha (“lócus de controle”, “masculinidade”, “depressão”) e duas variáveis adicionais

(“pai(s) médico(s)” e “idade do estudante na data de ingresso no curso”). Para as

especialidades Medicina Interna e Medicina de Família, o estudo não conseguiu obter um

perfil de personalidade com base nas medidas estudadas.

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O estudo de Borges e Osmon (2001) utilizou a divisão das especialidades em

“orientadas para a técnica” e “orientadas para as pessoas”. Essa classificação foi

amplamente utilizada em outros estudos para investigar a influência da personalidade sobre

a escolha da especialidade. A análise discriminante sobre uma amostra de 161 médicos

submetidos à aplicação do questionário 16PF de Cattell revelou que os fatores secundários

“Abstração” e “Consciência de Regras” tiveram o maior poder de discriminar cirurgiões

gerais, anestesistas e médicos de família. O fator global “Rigidez de Pensamento” teve o

maior poder de discriminar entre os cirurgiões gerais, anestesistas e médicos de família.

Borges e Gibson (2005) persistiram nessa linha de pesquisa e na classificação das

especialidades em “orientadas para a técnica” e “orientadas para as pessoas”. Os autores

evidenciaram que tanto os “Big Five Factors” quanto o Personality Research Form foram

capazes de classificar corretamente as especialidades escolhidas em mais de 60% dos

participantes do estudo.

O estudo de Petrides e McManus (2004), baseado na tipologia de Holland (1997), e

realizado com três diferentes coortes de estudantes de Medicina, resultou em uma amostra

total expressiva (N = 8283); por este motivo, merece descrição à parte. Os resultados

mostraram compatibilidade entre as especialidades médicas escolhidas e a estrutura

RIASEC. O tipo Realista foi associado à escolha por carreiras em Cirurgia. O tipo

Investigativo demonstrou preferência pela escolha por especialidades cuja prática é

centrada em hospitais. O tipo Artístico demonstrou inclinação para a escolha em

Psiquiatria. A escolha de carreira em Saúde Pública foi associada ao tipo Social. A escolha

de carreira em Administração Médica foi relacionada ao tipo Empreendedor. Por fim, a

escolha da Medicina Laboratorial como especialidade mostrou-se relacionada com o tipo

Convencional.

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O estudo de Hojat e Zuckerman (2008) sobre a influência da personalidade nos

interesses dos estudantes de Medicina por diferentes especialidades é digno de nota ao

evidenciar que a personalidade tem um papel maior sobre as preferências de estudantes

iniciantes, mas não de estudantes avançados. Além disso, os autores verificaram diferenças

entre os sexos. Os construtos utilizados foram “procura por sensações impulsivas”,

“neuroticismo-ansiedade”, “agressividade-hostilidade”, “sociabilidade” e “atividade”. Os

resultados apontaram que escores elevados em “procura por sensações impulsivas” e

escores baixos em “neuroticismo-ansiedade” foram associados à preferência por

especialidades cirúrgicas nas fases iniciais do curso de graduação. Escores baixos de

estudantes iniciantes em “sociabilidade” foram associados ao interesse por especialidades

cuja prática é centrada em hospitais.

Outro aspecto interessante no estudo de Hojat e Zuckerman (2008) é o fato de os

escores obtidos por estudantes do sexo feminino na medida de “atividade” terem sido

maiores que os escores de estudantes do sexo masculino, o que estaria em desacordo com o

padrão observado na população em geral. Os achados de Hojat e Zuckerman foram

posteriormente replicados de forma razoavelmente consistente no estudo de Mehmood,

Khan, Walsh e Borleffs (2013), o qual fora realizado na Arábia Saudita, sugerindo uma

estabilidade dos achados em diferentes culturas.

As diferenças de personalidade entre clínicos e cirurgiões também foram tema de

estudos no Brasil, com destaque para a produção de Bellodi (1999, 2001, 2004, 2006). Em

sua Tese de Doutorado (Bellodi, 1999), posteriormente transformada em livro (Bellodi,

2001), a pesquisadora procurou explorar as diferenças de personalidade entre clínicos e

cirurgiões ao mesmo tempo em que se preocupou com a validade dos chamados

estereótipos. A autora comparou os traços de personalidade de residentes de Clínica e

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Cirurgia com os estereótipos associados a cada área por meio de entrevistas, incluindo

perguntas sobre o processo de escolha, e do Psicodiagnóstico de Rorschach (1974). Para

Bellodi, a visão estereotípica é caricatural e impede escolhas profissionais ajustadas à

realidade, todavia, os resultados se mostraram consistentes com as evidências empíricas

disponíveis na literatura internacional. Por exemplo, os cirurgiões tenderam a escolher a

especialidade mais cedo; os clínicos, progressivamente, ao longo do curso. As

características de personalidade dos clínicos e cirurgiões também confirmaram, ao menos

parcialmente, os estereótipos até então observados em estudos anteriores. Clínicos se

mostraram mais tranquilos, imaginativos, detalhistas, mais interessados em contatos

interpessoais, e mais oposicionistas, ainda que menos agressivos que os cirurgiões. Por sua

vez, os cirurgiões se mostraram mais impulsivos, extrovertidos, racionais, ambiciosos,

agressivos e menos interessados no contato interpessoal.

Outros estudos que procuraram associar fatores intrapsíquicos com as escolhas

profissionais em Medicina merecem citação, como o uso da teoria do apego para estudar a

influência do estilo de relacionamento dos estudantes de Medicina sobre a escolha da

especialidade. Considerando que a atenção primária está associada a relações médico-

paciente mais intensas e duradouras do que as demais especialidades, os autores

ponderaram se a avaliação dos estilos de relacionamento seria uma maneira potencialmente

útil na compreensão das escolhas de especialidade e na orientação profissional

(Ciechanowski, Russo, Katon, & Walker, 2004).

Outro tema interessante consiste na influência da intolerância à ambiguidade e à

incerteza, mencionada brevemente em outros estudos, porém, investigada com mais

profundidade por Wayne, Dellmore, Serna, Jerabek, Timm e Kalishman (2001). Esses

autores relacionaram a intolerância à ambiguidade e à incerteza com as atitudes perante as

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populações carentes. Os resultados mostraram que os escores de atitudes favoráveis a essas

populações decresceram na maioria dos estudantes entre o período da matrícula inicial e a

graduação (69%), o que remete diretamente aos resultados obtidos por Whittemore,

Burstein, Loucks e Schoenfield (1985) e a visão declarada por Mowbray (1989) em sua

revisão. A análise de regressão linear realizada pelos autores ainda revelou que os

estudantes com maior tolerância à ambiguidade foram significativamente menos propensos

a apresentar declínio nas atitudes favoráveis perante populações mais carentes.

Apesar da longa descrição de estudos sobre a influência dos fatores referentes a

atitudes e à personalidade nas escolhas profissionais em Medicina, é importante mencionar

os estudos cujos resultados culminam por relativizar a importância dos referenciais teóricos

de caráter tipológico. O estudo de Rothman (1985) alertara que características biográficas

ou de personalidade prediziam de forma menos significativa a escolha da especialidade do

que a intenção manifesta pelos estudantes.

Duffy, Borges e Hartung (2009) já haviam demonstrado que traços de personalidade

possuem um papel significativo, porém limitado na determinação dos valores ocupacionais.

Nesse ínterim, o estudo de Taber, Hartung e Borges (2011) mostrou que os valores

ocupacionais não foram capazes de predizer de forma significativa a escolha da

especialidade.

Posteriormente, em Borges e Savickas (2014), o estilo esperado para o trabalho

mostrou-se a única variável com níveis significativamente diferentes entre especialidades

pretendidas, ao contrário do ambiente de aprendizagem, do estilo de liderança e da

propensão para a tomada de riscos, fatores que não diferiram significativamente. Portanto,

pode-se inferir que a literatura sugere que a utilização de um referencial teórico tipológico

na investigação de fatores intrapsíquicos associados às escolhas de carreira em Medicina

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carece de valor preditivo, bem como aponta para a necessidade de estudos com

fundamentações teóricas distintas, não tipológicas.

Prestígio, estilo de vida e aspectos financeiros

Nos próximos parágrafos, a ênfase será dada aos estudos que abordaram o prestígio

conferido às especialidades, a renda auferida e o estilo de vida associados às mesmas –

fatores que parecem ter uma relação crescente com as escolhas de carreira dos estudantes

de Medicina. O primeiro estudo que mostrou influência significativa do papel do status da

especialidade sobre as escolhas de carreira em Medicina foi realizado por Matteson (1977).

Ferentz (1997) sugeriu que a escassez de médicos na atenção primária seria decorrente da

falta de prestígio social. O estudo de Dorsey, Jarjoura e Rutecki (2003) apontou que a

percepção de um estilo de vida controlável respondeu pela maior parte da variância nos

padrões de escolha de especialidade nos Estados Unidos da América. No caso da escolha

por uma carreira como generalista, o impacto significativo do estilo de vida percebido fora

identificado no Canadá por Minor, Poenaru e Park (2003). Segundo Newton, Grayson e

Thompson (2005), nos últimos anos tem-se testemunhado um aumento da influência do

estilo de vida e do padrão de rendimentos sobre a escolha da especialidade.

Na Austrália, Creed, Searle e Rogers (2010) realizaram um estudo com duas

amostras de estudantes de Medicina, os quais classificaram as especialidades médicas em

termos de prestígio e preferência do estilo de vida. Em relação ao prestígio das

especialidades entre os estudantes, as avaliações foram de modo geral consistentes com

estudos prévios realizados com médicos, estudantes avançados e o público em geral, o que,

segundo os autores, sugere uma incorporação dos valores dos profissionais e da

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comunidade por parte dos estudantes. Cirurgia, Medicina Interna e Medicina Intensiva

foram as especialidades com melhor avaliação. Saúde Pública, Medicina Ocupacional e o

trabalho médico hospitalar sem especialidade obtiveram as piores avaliações. As

preferências quanto ao estilo de vida associado às especialidades divergiram das avaliações

quanto ao prestígio. Dermatologia, Clínica Geral e Saúde Pública foram as especialidades

melhor avaliadas quanto ao estilo de vida; as piores foram Cirurgia, Obstetrícia e

Ginecologia e Medicina Intensiva. Tanto as avaliações de prestígio quanto as avaliações de

estilo de vida associadas às especialidades pouco variaram em relação ao sexo e ao ano

acadêmico dos estudantes – um indicativo de que as percepções foram consistentes nas

amostras estudadas.

Apesar de evidências apontarem uma tendência de aumento da magnitude do

impacto do prestígio e do estilo de vida associado às especialidades, deve-se ressalvar que

esse achado não encontra paralelo em todos os países. No estudo de Heikkilä et al. (2014),

realizado na Finlândia, o principal fator motivador que afetou a escolha das especialidades

foi a diversidade do trabalho. Outro fator preponderante apontado nesse estudo foram os

exemplos dados por médicos mais velhos, os quais seriam seguidos pelos médicos mais

novos.

Aspectos financeiros também parecem ter uma interferência sobre a escolha da

especialidade e sobre a escolha da localidade de prática profissional. Um dos estudos

iniciais sobre o tema foi realizado por Rosenthal, Turner, Diamond e Rabinowitz (1992).

Nesse estudo, a expectativa de rendimentos financeiros foi capaz de predizer a escolha de

Medicina de Família como especialidade de forma independente de idade, sexo, nível de

endividamento e preferência de especialidade no início do curso.

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Bärnighausen e Bloom (2009) realizaram uma revisão sistemática sobre a eficácia

dos incentivos financeiros em troca da prática profissional em áreas carentes de assistência.

Os pesquisadores concluíram que programas de incentivo financeiro desse tipo são uma das

poucas políticas públicas de saúde que melhoram a distribuição de recursos humanos em

saúde para os quais há evidência substancial. No entanto, os autores fazem a ressalva de

que a maioria dos estudos dedicados à eficácia de tais programas foi realizada nos Estados

Unidos da América, o que limita sua generalização para outros países. O grau de

endividamento dos estudantes parece desempenhar um papel nas trajetórias profissionais

dos médicos (Greysen, Chen, & Mullan, 2011), ainda que Kassebaum e Szenas (1992)

tenham ilustrado que o impacto do endividamento sobre as escolhas profissionais tenda a

ser superestimado.

Para Kassebaum e Szenas (1992), contudo, é evidente que elevados níveis de

endividamento estudantil estejam associados à aversão às carreiras generalistas. O impacto

da crise econômica sobre a escolha da especialidade foi especialmente ilustrado com

estudantes de Medicina na Espanha (Harris, López-Valcárcel, Ortún, & Barber, 2013), onde

a disponibilidade de vagas de emprego acabou por assumir um papel determinante na

preferência por Medicina de Família e Comunidade.

Interessante notar que situação financeira como apoio ou barreira contextual às

escolhas de carreira, inclusive em Medicina, sob a perspectiva da Teoria Social Cognitiva

de Desenvolvimento de Carreira (TSCDC), já fora mencionada no artigo de Lent, Brown e

Hackett (2000). Todavia, esse estudo abordou especificamente a decisão de cursar uma

graduação em Medicina e não a escolha da especialidade.

Um último comentário deve ser realizado a respeito da influência de fatores

econômicos na escolha da especialidade médica a partir do trabalho de Thornton e Esposto

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(2003). Os resultados empíricos de seu estudo sugerem que o fornecimento de um generoso

período de férias remuneradas e horários de trabalho regulares sejam mais efetivos que o

simples aumento dos rendimentos para a correção da escassez de médicos na atenção

primária.

Características das escolas médicas e seus currículos

As características das escolas médicas e seus currículos formam outra categoria de

fatores que parecem influenciar de alguma forma as escolhas de carreira dos médicos em

prol de uma prática generalista (Sullivan & Morrison, 1997). Uma revisão da literatura

abrangente sobre a influência dos currículos das escolas médicas sobre a escolha de carreira

em atenção primária pode ser encontrada em Meurer (1995). Nesse aspecto, alguns

trabalhos merecem menção especial. Em seu estudo com uma amostra internacional de

escolas médicas, Schmidt, Dauphinee e Patel (1987) afirmaram que, apesar da existência de

fatores confundidores que impedem conclusões definitivas, há uma tendência de maior

formação de médicos para a atenção primária em instituições que utilizem o método da

Aprendizagem Baseada em Problemas (“Problem-Based Learning”) e que tenham

atividades comunitárias. O estudo longitudinal realizado por Howe e Ives (2001) também

apontou para a necessidade de experiências comunitárias durante a graduação, devido ao

impacto dessas experiências nas escolhas dos médicos por uma carreira na atenção primária

em saúde. Tais resultados corroboram em parte o que já havia sido encontrado na meta-

análise de Bland, Meurer e Maldonado (1995) e a posterior revisão realizada pelos mesmos

autores (Meurer, Bland, & Maldonado, 1996), os quais fizeram uma ressalva sobre o poder

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limitado das características curriculares voltadas à promoção da escolha dos estudantes por

uma carreira em atenção primária.

O estudo de Erikson, Danish, Jones, Sandberg e Carle (2013) é digno de nota por

apontar a cultura da escola frente à atenção primária como um fator determinante da

escolha dos estudantes. A análise de regressão logística multinível realizada revelou que

boas experiências em atenção primária estavam associadas a maior probabilidade de

escolha por essa carreira. Já os estudantes oriundos de escolas nas quais a atenção primária

era vítima de má reputação tinham probabilidade significativamente menor de escolher essa

área. Infelizmente, cabe citar Zuckerman (1978), o qual já apontara que as oportunidades

disponíveis aos estudantes não são equanimemente distribuídas para todas as escolas

médicas. Segundo o autor, estudantes de escolas médicas com perfil mais acadêmico e

menos profissionalizante levariam vantagem sobre seus pares oriundos de escolas mais

voltadas à assistência comunitária, obtendo melhores vagas de residência, mesmo quando

seu desempenho era inferior.

Nível de desempenho acadêmico

Os poucos estudos recuperados a respeito do grau de influência do nível de

desempenho acadêmico sobre as escolhas profissionais resultaram em evidências

heterogêneas. Fadem et al. (1984) e Williams, Sacks e Veloski (1986) mostraram haver

uma influência do desempenho dos estudantes nos subescores dos exames de licenciamento

nos Estados Unidos da América sobre a escolha da respectiva especialidade.

Todavia, o estudo de Rosevear, Tickman e Gary (1985) encontrou essa relação

apenas para a Psiquiatria, mas não para outras especialidades. Similarmente, o estudo de

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Soethout, Heymans e Ten Cate (2008), realizado nos Países Baixos, mostrou que o

desempenho acadêmico tem um papel menor nas preferências de carreira de estudantes de

Medicina.

Fatores relacionados à escolha do local de prática

Conforme mencionado anteriormente, a maior parte dos trabalhos sobre escolha de

carreira de futuros médicos refere-se à escolha da especialidade, mas não à escolha da

localidade de prática profissional, a qual será abordada nos parágrafos seguintes. Alguns

estudos mostraram que estudantes mais velhos e do sexo masculino tem maior

probabilidade de escolherem áreas rurais para sua prática profissional enquanto os mais

jovens tendem a escolher áreas urbanas (Horner, Samsa, & Ricketts 3rd, 1993; West,

Norris, Gore, Baldwin, & Hart, 1996), ainda que outros estudos, mais recentes, tenham

falhado em demonstrar correlações entre idade e sexo com a escolha da zona rural como

localidade de prática (Looney, Blondell, Gagel, & Pentecost, 1998; Rabinowitz, Diamond,

Hojat, & Hazelwood, 1999).

Dentre os poucos trabalhos dedicados exclusivamente ao estudo dos fatores

relacionados à escolha da localidade de prática profissional, merece destaque o trabalho de

Carpenter e Neun (1999). Nesse estudo, os autores descobriram que os médicos tem

afinidade por áreas moderadamente povoadas e com forte presença acadêmica. Por outro

lado, os médicos tendem a evitar áreas com índices elevados de criminalidade e pobreza,

bem como cidades com maior incidência de impostos e custo de vida elevado. Weissman,

Campbell, Gokhale e Blumenthal (2001) observaram que médicos graduados no exterior

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apresentavam maior propensão para aceitar empregos em áreas rurais carentes de

assistência do que médicos nativos nos Estados Unidos da América.

Um estudo interessante sobre as medidas que poderiam aumentar o recrutamento e a

retenção de profissionais em áreas rurais, sobre as quais as escolas médicas possuem

controle direto, foi realizado por Curran e Rourke (2004). Nesse estudo, as recomendações

dos autores consistiram em: recrutamento de estudantes oriundos de áreas rurais, ajuste das

políticas de admissão discente, currículo médico orientado para a prática profissional em

áreas rurais, fornecimento de experiências de aprendizagem em áreas rurais,

compatibilização dos valores e atitudes do corpo docente e o fornecimento de treinamento

avançado em habilidades procedurais.

De modo consistente com trabalhos anteriores, o estudo de Feldman, Woloschuk,

Gowans, Delva, Brenneis, Wright et al. (2007) demonstrou que os estudantes interessados

na prática profissional em áreas rurais, particularmente em Medicina de Família, eram mais

propensos a terem sido criados nessas áreas, a serem mais velhos e a estarem em um

relacionamento estável. Adicionalmente, o estudo de Feldman et al. (2007) ainda contribuiu

com a informação de que a escolha pela prática de Medicina de Família em áreas rurais

estava associada à realização de estágios em países em desenvolvimento e ao baixo nível de

escolaridade dos pais. Todavia, deve-se mencionar o estudo posterior de Donnon,

Woloschuk e Myhre (2009), o qual encontrou um nível razoável de apoio dos estudantes

para atividades curriculares em áreas rurais, porém não encontrou maior interesse por

colocações em localidades rurais por parte de estudantes oriundos dessas áreas em

comparação com colegas oriundos de áreas urbanas. Ainda assim, é interessante mencionar

os resultados obtidos por Walker, Ryan, Nunez, Beltran, Splawn e Brown (2010), os quais

demonstraram que, particularmente para os estudantes oriundos de áreas urbanas, o papel

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do estilo de vida é preponderante, ao passo que, em estudantes oriundos de áreas rurais, a

identificação de uma “missão em servir” foi o fator de motivação pessoal mais relevante.

Ao relatarem uma experiência estadunidense no Texas, Thomson, Ferry, King,

Martinez-Wedig e Micheal (2003) sugerem que se deva aumentar o acesso de estudantes

oriundos de áreas com escassez de profissionais médicos como uma medida eficaz para a

resolução do problema. Posteriormente, o estudo de Rabinowitz, Diamond, Markham e

Santana (2012) corrobora essa visão, ao apontar o fato de que os estudantes ingressantes

que possuem planos de escolha em Medicina de Família antes do início da graduação

apresentam tendência significativa de escolha de áreas rurais como localidade de prática

profissional ao final do curso. O estudo de Fryer, Stine, Vojir e Miller (1997) aponta a

origem dos estudantes em zona rural como o fator mais significativo no recrutamento para

o trabalho em localidades rurais. O estudo de Rabinowitz et al. (1999) incluiu não apenas o

nascimento, mas também o crescimento dos estudantes em uma cidade rural como fator

significativo no recrutamento para a prática profissional nesse tipo de área. Igualmente, no

estudo de Ward, Kamien e Lopez (2004), a origem rural do estudante foi o fator mais

importante para a escolha de uma localidade de prática nas zonas rurais, tanto para uma

carreira como generalista, quanto para uma carreira como especialista.

Alguns estudos sugerem políticas públicas com potencial para provocar o aumento

do número de médicos em áreas rurais. Kindig (1990) apontara que sem melhorias no

sistema de remuneração de médicos da atenção primária em áreas rurais, qualquer reforma

do sistema educacional teria efeitos limitados. No estudo de Rabinowitz, Diamond,

Markham e Paynter (2001), a participação em um programa governamental para suprir a

escassez de profissionais médicos foi a única variável independente associada à retenção

deles nas localidades com tal problema.

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Um dos trabalhos recentes sobre as políticas públicas de interiorização de

profissionais médicos que merece destaque é a revisão empreendida por Rourke (2008), a

qual permite realizar inferências sobre os fatores que influenciam a escolha por cidades de

menor porte e pela zona rural. Nesse estudo o autor elencou algumas medidas práticas para

suprir a carência de profissionais em áreas rurais com respaldo na literatura prévia, a saber:

aumento do número de estudantes oriundos de áreas rurais, aumento das atividades e/ou

cursos de graduação em áreas rurais, melhoria dos incentivos financeiros para a prática

profissional nessas localidades, implantação de serviços estáveis com instalações e equipes

apropriadas, envolvimento e apoio por parte da comunidade e a existência de redes de

referência funcionais. Tais recomendações foram posteriormente referendadas em larga

escala no estudo de Rogers, Searle e Creed (2010).

No Brasil, merece destaque o trabalho de Maciel Filho (2007), que se dedicou ao

estudo de potenciais estratégias para a distribuição e fixação de médicos no Sistema Único

de Saúde e que realizou uma ampla revisão sobre as políticas públicas para o enfrentamento

da má distribuição de médicos em outros países. O autor nota que o serviço civil

compulsório é a principal estratégia adotada na América Latina, enquanto países como a

Austrália, os Estados Unidos e a Tailândia têm procurado adotar medidas mais holísticas e

abrangentes, para as quais ele expressou sua preferência pessoal. Para o autor, é

indispensável a articulação técnica entre as diferentes esferas governamentais, as

instituições de ensino e pesquisa, as entidades de classe e as instâncias de controle social

para que haja formação de quadros voltada a Medicina de Família, já durante a graduação,

combinada com política de educação continuada, remuneração condizente, sistemas de

referência e contrarreferência adequados e manutenção de uma rede de comunicação e troca

permanente de experiências. As conclusões permitem inferir que a imposição de políticas

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públicas verticais, sem a realização de um diálogo com profissionais de saúde, população,

gestores, entidades de classe e escolas médicas, não seria uma estratégia eficaz.

* * *

Apesar de certa heterogeneidade nos resultados obtidos por alguns dos estudos aqui

revisados, é possível afirmar, resumidamente, que aspectos sociodemográficos, fatores

socioeconômicos, atitudes, personalidade, características dos programas de residência,

características das especialidades, o prestígio e o estilo de vida proporcionado pelas

diferentes escolhas e as características das escolas médicas parecem ter papéis distintos nas

escolhas de carreira dos estudantes de Medicina. Uma observação preocupante

proporcionada por esta revisão foi o papel da formação médica na mudança de preferências

profissionais, bem como no declínio das atitudes humanísticas dos estudantes perante a

população carente, ao longo da graduação. Roga-se para que iniciativas de reforma

curricular e de projetos políticos-pedagógicos dos cursos de graduação em Medicina

contemplem esses aspectos com o objetivo de reverter essa tendência que vai de encontro

às necessidades e desejos da sociedade.

É importante ressaltar que as trajetórias de carreira trilhadas por esses estudantes

não são lineares (Zuckerman, 1978) e que a massa de fatores existentes provavelmente terá

maior ou menor importância para grupos específicos de estudantes, o que desafia as

análises estatísticas convencionais, as quais tendem a modelar a magnitude desses fatores

em termos populacionais (Crimlisk e McManus, 1987). Essa dificuldade de utilizar

generalizações populacionais para a realização de predições no nível individual pode ser

encontrada no trabalho de Glavin, Richard & Pordeli (2009), que conseguiu predizer

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corretamente apenas 58% das escolhas com o uso do Inventário de Preferência de

Especialidade Médica (Medical Specialty Preference Inventory, MSPI), bem como no

trabalho de Taber, Hartung e Borges (2011). Em ambos, as medidas de valores e de

personalidade foram incapazes de predizer as escolhas de modo significativo.

Considerando a predominância de estudos que se dedicaram a avaliar a influência

da personalidade nas escolhas de futuros médicos e a preditividade limitada de tais

instrumentos, a escolha por um referencial teórico não tipológico, nominalmente a Teoria

Social Cognitiva de Desenvolvimento de Carreira (TSCDC), parece-nos um desdobramento

natural.

Esta revisão de literatura pretende ser uma amostra dos estudos mais representativos

recuperados na literatura sobre os fatores que influenciam as escolhas profissionais de

futuros médicos, bem como sua evolução histórica, que culminou na escolha da TSCDC

como referencial teórico deste estudo. Todavia, deve-se reconhecer que a variedade e o

volume de estudos existentes, bem como as diferenças de contextos socioeconômicos e

culturais existentes entre os países, tornam o esgotamento do tema um objetivo inexequível,

o qual ultrapassa os limites da abordagem sintética escolhida para a redação desta revisão.

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TEORIA SOCIAL COGNITIVA DE DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA

Neste capítulo, procura-se descrever de forma concisa a evolução histórica dos

aspectos teóricos que culminaram no surgimento do referencial teórico utilizado, bem como

tornar mais claro o histórico-evolutivo da conceptualização dos seus construtos. Dessa

forma, serão apresentados construtos relacionados à Teoria Social Cognitiva (TSC) de

Bandura (1986, 1994) e sua ampliação teórica para o desenvolvimento de carreira,

nominalmente, a Teoria Social Cognitiva de Desenvolvimento de Carreira (TSCDC) de

Lent, Brown e Hackett (1994, 1996, 2002), a qual fundamentou o instrumento utilizado.

Bandura (1986) dedicou-se avaliar criticamente as noções a respeito do lócus das

causas do comportamento humano. Em sua análise, o autor procura comparar diversos

modelos causais e o papel do self sobre o comportamento. Ele criticou o determinismo

ambiental e referiu-se às noções vigentes a respeito da interação pessoa-ambiente como um

“interacionismo de um só lado” (“one-sided interactionism”) – uma perspectiva limitada,

pois considera o comportamento como algo distante, sem papel no processo de produção.

Pode-se dizer que o maior mérito do autor foi ampliar o paradigma comportamental restrito

aos fenômenos do condicionamento clássico e operante. Em última análise, a admissão dos

sistemas sociais como fatores determinantes do comportamento humano permitiu a

compreensão de que há uma bidirecionalidade dinâmica de influências entre a estrutura

social e a própria agência pessoal (Bandura, 1986, 2008).

A TSC utiliza a perspectiva da agência humana em seu paradigma teórico para a

explicação do funcionamento humano. Como a perspectiva agêntica é oposta àquela na

qual o comportamento era concebido como mera resposta biológica a agentes externos, a

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percepção e a interpretação das reações emocionais e físicas passam a ser mais importantes

que sua própria intensidade na influência sobre as crenças de eficácia pessoal (Bandura,

1986, 1994).

Para Bandura (1989, 2008), o exercício da agência pessoal significa fazer as coisas

acontecerem intencionalmente, por meio dos próprios atos. Apesar do foco principal dos

estudos sobre a agência estar no nível pessoal, posteriormente o autor passou a dedicar sua

atenção a outras formas de agência: a agência delegada (ou proximal), quando o controle é

cedido a intermediários, a agência coletiva, referente às realizações em grupo (Bandura,

1997, 2008) e a agência emergente e interativa, que incorpora de forma abrangente os

processos cognitivos, a modelagem vicária, os sistemas de crença e os processos de

autorregulação e autorreflexão na adaptação e na mudança das pessoas (Bandura, 1977,

1982, 1989, 1991, 2001).

A autorregulação é um conceito-chave na perspectiva sociocognitiva do

comportamento humano e consiste em um mecanismo interno consciente e voluntário de

controle, que responde pelo comportamento, pelos pensamentos e pelos sentimentos

pessoais. A autorregulação possui como referência as metas e os padrões pessoais de

conduta, a partir dos quais se estabelecem consequências esperadas (Bandura, 1986, 2008;

Polydoro & Azzi, 2008). Para Bandura, os processos que compõem a autorregulação, os

quais englobam a auto-observação, o autojulgamento e a autorreação, agem não apenas

como determinantes recíprocos do comportamento, como também desempenham um papel

na percepção e na formação das influências ambientais (Bandura, 2008; Polydoro & Azzi,

2008).

Durante o desenvolvimento do arcabouço teórico sociocognitivo, o conceito de

determinismo recíproco deu origem ao modelo de reciprocidade triádica, o qual considera

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que o comportamento, os fatores individuais e o ambiente operam de forma interativa,

capaz de exercer efeitos mútuos entre si. Desse modo, a TSC postula que o comportamento

pode participar na formação de aspectos pessoais e ambientais. No sistema triádico, as

pessoas não são apenas produtos de seu ambiente, mas também produtores de seu ambiente,

com o potencial para a autorregulação (Wood & Bandura, 1989). O determinismo

recíproco, portanto, é um princípio básico na análise de fenômenos psicossociais, desde o

desenvolvimento intrapessoal até o desenvolvimento interpessoal, em diferentes níveis de

complexidade, auxiliando na compreensão do funcionamento interativo de sistemas sociais

e organizacionais (Bandura, 1986, 2008).

Autoeficácia

Dentre os mecanismos agênticos, Bandura (1989) considera que nenhum é mais

importante do que as crenças de autoeficácia (AE), devido ao impacto que tais crenças

exercem sobre processos cognitivos, motivacionais, afetivos e de seleção. A origem da AE

guarda relação com a prática clínica do autor. Durante sua investigação sobre os

mecanismos autorreguladores pelos quais as pessoas exercem controle sobre estilos de

pensamento, sobre a motivação e sobre a vida emocional, o autor procurou criar métodos de

tratamento que fossem mais eficazes que a teoria psicodinâmica e, em particular sua forma

psicanalítica. Para isso, procurou utilizar como base teórica sua linha de pesquisa sobre o

desenvolvimento e o exercício da agência pessoal (Bandura, 2008). A ideia básica do

tratamento de domínio orientado, inicialmente aplicada no tratamento de indivíduos

fóbicos, era cultivar competências, estilos de enfrentamento e crenças pessoais que

proporcionassem às pessoas o exercício do controle sobre as ameaças que percebiam.

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Posteriormente, procurou avaliar a eficácia dessa forma de tratamento em criar resiliência

contra experiências adversas. Essa trajetória culminou na descrição dos principais aspectos

da AE, incluindo as origens das crenças de eficácia, suas estruturas e funções, seus diversos

efeitos, os processos pelos quais tais efeitos se produzem, bem como as maneiras pelas

quais tais crenças podem ser criadas e fortalecidas (Bandura, 1977, 1986, 2008).

Pode-se conceituar a AE como a intensidade ou força das convicções, julgamentos

pessoais ou crenças de alguém a respeito da sua capacidade pessoal de organizar e executar

os comportamentos requeridos para produzir resultados com sucesso, lidar com situações

em prospectiva ou produzir certos níveis de desempenho e cursos de ações. A AE é uma

variável que ajuda a explicar se um indivíduo conseguirá ter êxito em um determinado

curso de ação, pois está relacionada à iniciativa de iniciar a ação e perseverar nela. A

avaliação da AE percebida, ou das crenças de AE fornecem as bases pessoais para as

escolhas sobre a realização de atividades, bem como sobre o tempo e o esforço dispendidos

para a consecução. Quando as pessoas se julgam capazes, elas empreendem atividades

desafiantes mais rapidamente ao passo que quando acreditam que sua capacidade de

enfrentamento será excedida, procuraram evitar certas atividades e situações. Essas

escolhas têm papel importante no desenvolvimento de interesses e competências, bem

como nos relacionamentos sociais e, consequentemente, no nível do desempenho observado

(Azzi e Polydoro, 2006; Bandura, 1977, 1986, 1994, 1997; Nunes, 2008).

As crenças de AE influenciam a maneira com a qual a pessoa se relaciona com

certos objetivos, uma vez que as pessoas tendem a ser mais otimistas nas atividades para as

quais possuem um nível maior de confiança sobre sua capacidade (Bandura, 1997, 2001).

Desse modo, a AE é um componente que influencia os comportamentos que são colocados

em prática, bem como o desenvolvimento pessoal e as adaptações para novas situações de

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vida e mudanças pessoais (Bandura, 2006). Por exemplo, uma pessoa com baixa AE

percebida experimentará níveis de ansiedade e depressão mais elevadas quando em

situações ameaçadoras ou difíceis (Bandura, 1994).

Na conceptualização de Bandura (1977, 1986, 1997), a AE varia ao longo de três

dimensões: nível, força e generalidade. O nível se refere ao grau de dificuldade das tarefas

ou comportamentos que uma pessoa se sente capaz de realizar. A força se refere ao grau de

confiança que uma pessoa tem a respeito de suas estimativas de desempenho. A

generalidade da AE refere-se ao leque de situações nas quais a pessoa se considera eficaz.

A generalidade da AE pode ser distinguida em três níveis: um nível específico para AE em

um desempenho determinado sob condições específicas; um nível intermediário, para uma

classe de desempenhos dentro do mesmo domínio de atividade; e um nível mais global de

eficácia pessoal, sem especificação de atividades ou condições de realização.

Para a compreensão adequada da AE como construto, faz-se mister compreender as

fontes de crenças de eficácia. Bandura postulou quatro fontes que auxiliam na formação de

crenças de AE. A fonte mais eficaz de influência sobre as crenças de AE foi denominada

pelo autor em inglês como “enactive attainment”, cuja tradução literal para a língua

portuguesa, “realização enativa”, é comumente substituída pelo termo “experiências

pessoais” (Nunes, 2008), e também conhecida como “mastery experiences” ou

“experiências de domínio” (Bandura, Adams, & Beyer, 1977; Bandura, 1986).

Os sucessos formam uma opinião robusta sobre as crenças de eficácia pessoal

enquanto as falhas afetam negativamente a AE. A experiência em superar obstáculos por

meio do esforço perseverante é fundamental para que haja crenças resilientes de eficácia.

Após o desenvolvimento de fortes crenças de eficácia por meio de sucessos repetidos, a

ocorrência de falhas ocasionais muito provavelmente não afetará o nível de AE percebida.

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Quando pessoas com elevado nível de certeza a respeito de suas capacidades sofrem um

insucesso, elas possuem mais chances de atribuírem-no a fatores situacionais, esforços

insuficientes ou ao uso de uma estratégia pobre, e não à falta de capacidade. Em pessoas

com nível de eficácia elevado, a ocorrência de falhas pode levar à crença de que o uso de

melhores estratégias ou o emprego de mais esforços trará o sucesso futuro (Bandura, 1986).

Uma segunda fonte de crenças de AE são as experiências vicárias, isto é,

experiências fornecidas por modelos sociais (Bandura, Adams, Hardy, & Howells, 1980;

Bandura, 1986, 1994). Quando pessoas alcançam o sucesso por meio de esforço sustentado,

eventuais observadores podem aumentar sua própria crença de que possuem capacidade de

dominar certas atividades comparáveis, isto é: se outros podem fazer tal atividade, a pessoa

se convence de que ela também pode fazê-la, ou ao menos melhorar seu desempenho na

tentativa.

Um ponto importante para a formação de AE a partir das experiências vicárias é a

similaridade dos modelos sociais com os observadores. Caso o observador perceba que sua

capacidade é muito diferente do modelo vicário, a construção da AE fica comprometida

(Bandura, 1986, 1994). Em algumas situações, as crenças de AE são especialmente

sensíveis à informação vicária. Uma delas é o nível de incerteza sobre o nível de eficácia

pessoal em determinada atividade, por falta de experiências prévias que forneçam

informações sobre o nível de capacidade (Bandura, 1986).

Por outro lado, não é possível dizer que uma grande quantidade de experiências

prévias anule a importância da modelagem vicária. Ainda que não apenas as experiências

vicárias formem as crenças de AE, é possível inferir que mesmo os indivíduos que

passaram por experiências negativas que geraram um baixo nível de AE possam se

beneficiar de exemplos que contribuam com estratégias eficazes de enfrentamento.

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Concomitantemente, pessoas com níveis de eficácia elevados também poderão aumentar

seu nível de AE caso os modelos vicários os mostrarem maneiras melhores de realizarem

atividades (Bandura, 1977, 1986; Bandura, Reese, & Adams, 1982).

Outra fonte de AE é a persuasão verbal, a qual é amplamente utilizada para

convencer as pessoas a acreditarem que possuem capacidades que possibilitarão conquistar

o que procuram (Bandura, 1986). Postula-se que injeções de persuasão, que auxiliem as

pessoas a tentar o sucesso com mais afinco, possam promover a AE e, com isso, o

desenvolvimento de habilidades. Opostamente, caso a persuasão verbal seja realizada no

sentido de afirmar que a pessoa não possui as capacidades necessárias, a crença de eficácia

pessoal ficaria prejudicada, pois as pessoas não apenas tenderiam a evitar atividades

desafiantes, nas quais poderiam cultivar potencialidades, como também desistiriam mais

rapidamente frente às dificuldades.

É importante assinalar que, para a persuasão verbal ser bem sucedida na construção

de uma crença de eficácia pessoal, não basta aumentar a crença das pessoas em suas

próprias capacidades, por meio da manifestação de avaliações positivas. Quando os

esforços de persuasão realizados em prol de uma crença de eficácia não são realistas, a

percepção de AE é propensa a ser destruída por eventuais decepções com os resultados dos

esforços pessoais. Desse modo, poder-se-ia inferir que a estruturação de situações que

permitam a obtenção de sucessos em termos de autodesenvolvimento possa ser mais bem

atingida por meio de um crescimento gradual na dificuldade das atividades desenvolvidas

(Bandura, 1986, 1994).

Finalmente, a quarta fonte que auxilia na formação das crenças de AE, refere-se aos

estados somáticos e emocionais. As pessoas tendem a interpretar suas respostas

autonômicas de estresse e tensão como sinais da vulnerabilidade ao mau desempenho; nas

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atividades que envolvem força e vigor, estão propensas a interpretar suas fadigas e dores

como sinais de debilidade física. Todavia, não é apenas a intensidade das reações

emocionais e físicas que importa, mas também o modo como essas reações são percebidas e

interpretadas. Além dos estados somáticos, o humor também pode afetar os julgamentos da

pessoa sobre sua eficácia pessoal. O humor positivo realça a AE percebida; o humor

desalentado a diminui. A quarta maneira de modificar autocrenças de eficácia é reduzir

reações de estresse da pessoa e alterar suas propensões emocionais negativas e

interpretações erradas de seus estados físicos (Bandura, 1986, 1994).

Alguns estudos que procuraram mensurar a AE como construto merecem destaque.

Dos vários conceitos sociocognitivos, a AE tem sido o mais estudado no âmbito do

desenvolvimento de carreira, por vários motivos: pelo seu papel central na TSC, pela sua

importância nos comportamentos de aproximação e evitação de determinadas trajetórias

profissionais, pela influência na perseverança de comportamentos e, consequentemente,

pela abrangência de suas implicações nas intervenções vocacionais (Betz, 2000; Polydoro

& Azzi, 2008; Vieira, 2012).

A respeito da operacionalização das medidas de AE, Judge et al. (2002) argumenta

que autoestima, neuroticismo, lócus de controle e AE “generalizada” meçam o mesmo fator

e sejam conceitos relacionados. Bandura (2008), todavia, frisa a diferença conceitual entre

os termos: a AE, enquanto avaliação da pessoa sobre sua capacidade, não significa

autoestima, que é um julgamento do amor-próprio; tampouco lócus de controle, que poderia

ser definida como a crença a respeito da origem externa ou interna dos resultados obtidos,

ou ainda, em outras palavras, a medida na qual os indivíduos acreditam que podem

controlar os acontecimentos que os afetam. O sistema de crenças de eficácia deve ser

encarado como o julgamento cognitivo de determinadas capacidades de desempenho

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futuras e, portanto, deve preferencialmente ser medido para algum tipo de comportamento

específico (Bandura, 2006; Lent & Brown, 2006), apesar da existência de evidências de

validade a respeito da mensuração da AE como um traço global (Scholz, Doña, Sud, &

Schwarzer, 2002). Todavia, é desejável que o comportamento de interesse para o qual se

pretende mensurar as respectivas crenças de eficácia deve ser definido com clareza e

cuidado, caso contrário a mensuração pode não ocorrer adequadamente (Bandura, 1997,

2005).

Considerando que as medidas de crenças de AE podem ser operacionalizadas tanto

como um traço para comportamentos específicos quanto como um traço global, Bandura

considerou importante desenvolver um instrumento que pudesse avaliar a AE em diferentes

domínios do funcionamento humano. Por isso, ele construiu um conjunto de escalas de AE

percebida - as Escalas Multidimensionais de Autoeficácia Percebida (Multidimensional

Scales of Perceived Self-Efficacy, ou MSPSE). Nessas escalas, nove domínios de AE eram

mensurados: obtenção de recursos sociais; sucesso acadêmico; aprendizagem

autorregulada; atividades extracurriculares e tempo livre; eficácia autorregulatória; eficácia

para corresponder às expectativas dos outros; AE social; autoassertividade e AE para

obtenção de apoio parental e comunitário. A versão adaptada para o português tem revelado

características psicométricas adequadas e possui correlação positiva com os resultados

escolares (Bandura, 1990 citado por Vieira, 2012).

O trabalho consagrado como pioneiro no fornecimento de um modelo causal

cognitivo para o desenvolvimento de carreira foi realizado por Betz e Hackett (1981), no

qual a AE foi considerada um dos principais fatores de predição do desempenho acadêmico

e da escolha profissional. O trabalho procurou explorar a relação de estudantes com as

fontes de informação de AE identificadas por Bandura (1977, 1986, 1994). No modelo

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proposto, corroborado pelos resultados empíricos, a escolha de carreira dependia mais da

percepção e do uso das habilidades das estudantes do que propriamente das habilidades

possuídas, em consonância com o argumento de Bandura (1997) de que o nível de

motivação, os estados afetivos e as ações são mais decorrentes de crenças de AE do que da

capacidade real.

Betz e Hackett (1981) investigaram a hipótese de que mulheres e homens referem

diferentes níveis de AE conforme o estereótipo sexual tradicional de determinadas

ocupações e que essas diferenças afetam os interesses vocacionais. As autoras obtiveram

diferenças consistentes entre os sexos para a AE percebida para as ocupações de acordo

com o estereótipo sexual associado às ocupações. A AE para as ocupações mostrou-se

significativa e positivamente correlacionada aos interesses ocupacionais.

Em seu trabalho teórico-conceitual, Hackett e Betz (1981) argumentam que homens

possuem mais modelos sociais do mesmo sexo em posições de alto nível hierárquico do

que as mulheres, o que limita suas possibilidades de aprendizagem vicária. No caso da

persuasão verbal, as autoras mostram que os papéis de gênero influenciam o tipo de

encorajamento e apoio oferecido pelos pais, professores e outros adultos de importância na

vida da criança. As autoras argumentam que as oportunidades de obter experiência são

oferecidas de forma diferente para meninos e meninas, por conta de papéis de gênero

socialmente determinados, o que impacta de forma diferente as capacidades de homens e

mulheres para se desenvolverem.

A revisão sistemática de Polydoro, Vieira, Azzi e Dantas (2012) enumera e avalia

criticamente os estudos empíricos realizados sobre a AE no domínio da carreira em termos

de conteúdos e processos. Tomados de forma geral, os resultados das pesquisas que

examinaram a relação da AE com os interesses vocacionais revelam que ambos estão

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associados de várias formas significativas. Os resultados de estudos sobre medidas de

interesses vocacionais mostraram que as percepções de suas habilidades em desempenhar

de forma bem sucedida determinadas atividades estão associadas a interesses

correspondentes (Betz & Hackett, 1981; Lent et al., 1986; Rothberg et al., 1987; Lapan et

al., 1989; Lent et al., 1989). Os níveis modestos a moderados entre os interesses

profissionais e a AE para exercer as ocupações correspondentes sugerem que AE e

interesses vocacionais específicos são construtos distintos e que provavelmente contribuem

de forma independente com outros aspectos do desenvolvimento de carreira, como escolhas

comportamentais e aspirações vocacionais (Lent et al., 1999).

Posteriormente, Taylor e Betz (1983) escolheram a teoria de maturidade de carreira

de Crites (1978) na sua tentativa de mensurar a AE, não apenas em termos de conteúdos, ou

seja, AE para determinados interesses, mas também em termos de processo, para decisões

de carreira. Para isso, utilizaram as cinco competências de escolha de carreira de Crites –

autoavaliação, informação ocupacional, seleção de metas, planejamento e resolução de

problemas – para a definição do domínio das competências das decisões de carreira e para a

criação dos itens, no intuito de mensurar o construto AE para este comportamento

específico. Após análise dos itens por meio da teoria clássica dos testes, Taylor e Betz

(1983) selecionaram os melhores itens para cada uma das competências, resultando na

Escala de Autoeficácia para Decisão de Carreira (Career Decision Self-Efficacy Scale,

CDSE).

A CDSE foi posteriormente refinada para uma forma reduzida, que possui um grau

de confiabilidade comparável ao formato completo, com apenas metade do tamanho (Betz,

Klein, & Taylor, 1996). Silva, Paixão e Albuquerque (2009) estudaram as características

psicométricas dessa forma reduzida da CDSE por meio de análise de componentes

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principais, mas não conseguiram replicar a estrutura prevista com cinco componentes. Esse

dado, porém, foi consistente com outros resultados obtidos em estudos realizados com a

escala e pode estar relacionado ao baixo número de participantes do estudo.

Outro instrumento que procurou avaliar a AE no processo de tomada de decisão de

carreira, criado por Solberg et al. (1994), foi a Escala de Eficácia na Procura de Carreira

(Career Search Efficacy Scale, ou CSES). Este instrumento é constituído por 35 itens, que

medem o nível de confiança dos participantes em desempenhar um conjunto de tarefas

necessárias para encontrar um emprego, mudar de emprego ou reingressar no mercado de

trabalho. A análise de componentes principais revelou uma estrutura de quatro fatores, os

quais obtiveram bons coeficientes de confiabilidade por meio de consistência interna. Os

quatro fatores foram reconhecidos como eficácia na procura de emprego, eficácia nas

entrevistas de seleção, eficácia na ativação de redes de contato na procura de emprego e

eficácia na exploração pessoal.

A associação do nível de AE ao desempenho acadêmico e ocupacional observado

também tem sido alvo de estudos. Sadri e Robertson (1993) realizaram uma meta-análise na

qual observaram que, independente de categorizações a respeito da complexidade da tarefa

ou do local de realização da pesquisa, a AE permaneceu um preditor significativo do

desempenho em cada subcategoria combinada. Stajkovic e Luthans (1998) realizaram uma

meta-análise com estudos eminentemente correlacionais, que examinaram a relação entre

AE e desempenho relacionado ao trabalho e encontraram um coeficiente de correlação

médio ponderado de 0,38. Estudo anterior, de Multon, Brown e Lent (1991), já havia

utilizado a abordagem meta-analítica para investigar a relação entre crenças de AE e

desempenho, mas exclusivamente em relação ao nível de desempenho acadêmico obtido. A

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descrição pormenorizada sobre a associação entre AE e desempenho escolar e acadêmico

pode ser encontrada nos trabalhos de Pajares e Schunk (2001) e Schunk e Pajares (2002).

No âmbito da Medicina, a relação entre as crenças de AE e o desempenho foi

vagamente sugerida em alguns estudos, mas não foi apropriadamente explorada em nenhum

deles (Chaput de Saintonge & Dunn, 2001; Johnston, O’Carroll, Hart, & McGee, 2004;

Kell, 2006, Mason & Ellershaw, 2004). Ainda que não consigam estabelecer uma relação

de causalidade entre AE e desempenho, outros estudos sugerem uma associação entre o

aumento da AE e a melhoria no desempenho em alguns domínios específicos da profissão

médica, como a pesquisa científica (Bakken et al., 2010), as competências em comunicação

(Allen et al., 1998) e a educação do paciente para a promoção da saúde (Tresolini &

Stritter, 1994).

No Brasil, merece destaque o trabalho de Sobral (2000), ainda que, ao invés de AE,

o termo “autoconfiança” tenha sido utilizado. Apesar da questão conceitual, cabe

mencionar que, nesse estudo, o autor demonstrou haver relação entre a autoconfiança do

estudante e o desempenho acadêmico, particularmente a habilidade de realizar diagnósticos

corretamente.

Expectativas de resultado

Bandura (1989) assinalou que o exercício da agência não era regulado apenas a

partir das crenças de AE, mas também a partir de crenças sobre os resultados esperados,

apesar de estas estarem parcialmente governadas por aquelas. As expectativas de resultado

atuam de forma direta sobre a formação dos interesses, precedendo-os. O interesse

sustentado por certas atividades é desenvolvido naqueles domínios em que as pessoas

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consideram-se eficazes e nas quais possuem expectativas de resultados positivos. Desse

modo, outro aspecto relevante para o entendimento da agência humana sob o ponto de vista

sociocognitivo decorre das expectativas de resultado.

É possível conceituar as expectativas de resultado como um construto que designa

as crenças pessoais a respeito das consequências esperadas, a partir da realização de

determinados comportamentos (Betz & Hackett, 1986; Lent, Brown & Hackett, 1994,

2002) ou ainda como crenças pessoais sobre consequências antecipadas, que podem surgir

a partir do engajamento em certas atividades (Bandura, 1986). As expectativas de resultado

envolvem diversos tipos de percepções sobre os potenciais desfechos de certas ações ou

respostas.

Essas percepções envolvem crenças sobre reforços extrínsecos, como por exemplo,

o recebimento de recompensas compatíveis com um desempenho bem-sucedido;

consequências autodirigidas, como, por exemplo, o orgulho de si mesmo ao dominar uma

tarefa desafiadora; e desfechos derivados do próprio processo de realização de uma

atividade, como, por exemplo, deixar-se absorver pela própria tarefa realizada (Lent,

Brown, & Hackett, 2002).

Bandura (1986) especificou diferentes tipos de expectativas de resultado, incluindo

resultados tanto materiais (por exemplo, monetários), quanto sociais (por exemplo,

aprovação de pessoas próximas que sejam importantes para o indivíduo). Ainda que a AE

seja considerada mais influente na decisão de se engajar ou persistir em comportamentos,

as expectativas de resultado podem ter um papel importante quando as consequências do

comportamento não são sucedidas por experiências positivas.

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Metas

O estabelecimento e a conscientização de metas é outro construto importante a ser

considerado do ponto de vista sociocognitivo, bem como na autorregulação do

comportamento relacionado à carreira. As metas referem-se à determinação ou intenção de

engajamento ou dedicação em determinada atividade ou de causar efeito em um desfecho

futuro em particular (Bandura, 1986; Lent Brown, & Hackett, 1994, 1996). A definição de

metas pessoais ajuda as pessoas a organizarem, guiarem e sustentar seu próprio

comportamento, mesmo durante longos intervalos de tempo, mesmo que não haja reforço

externo (Lent, Brown & Hackett, 2002). Desse modo, as metas constituem um mecanismo

crítico pelo qual as pessoas exercem a agência pessoal ou seu empoderamento (Lent,

Brown & Hackett, 1994).

Para compreender a importância das metas como construto sociocognitivo é

necessário compreender que um dos mecanismos cognitivos principais da motivação dá-se

por meio da auto influência canalizada pelas metas desafiadoras e pela reação avaliativa às

suas próprias realizações. O reforço e a sustentação da motivação tem relação com o

estabelecimento de metas desafiadoras e explícitas. Portanto, o estabelecimento de metas é

um mecanismo crítico pelo qual as pessoas exercem sua agência pessoal (Bandura, 1986,

1994; Lent, Brown & Hackett, 1994, 1996).

Abordagem sociocognitiva no desenvolvimento de carreira

Após a descrição do desenvolvimento da AE, das expectativas de resultado e das

metas como construtos próprios da TSC, os próximos parágrafos serão dedicados ao

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detalhamento da Teoria Social Cognitiva de Desenvolvimento de Carreira (TSCDC), o

referencial teórico que fundamenta o instrumento adaptado e estudado nesta Tese. É notório

que a TSCDC tem relação direta com o desenvolvimento da TSC. Para compreender essa

relação, deve-se lembrar de que é possível agrupar os comportamentos para os quais se

pretende mensurar a respectiva AE em duas classificações: a AE referente a conteúdos, por

exemplo, a AE para o seguimento de carreiras específicas; e a AE referente a processos,

como é o caso da AE referente à tomada de decisões vocacionais (Polydoro, Vieira, Azzi,

& Dantas, 2012; Vieira, 2012).

Cabe lembrar também que a adaptação e extensão conceitual da AE para o domínio

do desenvolvimento de carreira teve origem no estudo de Betz (1978) sobre a ansiedade

gerada pela matemática, a qual é mais prevalente em mulheres. Na mesma época, Hackett

estudava intervenções cognitivas comportamentais baseadas na Teoria da Aprendizagem

Social e queria aplicar sua experiência teórica e de pesquisa no desenvolvimento de carreira

de mulheres (Betz & Hackett, 2006). A colaboração de ambas as autoras resultou em uma

contribuição para a AE de carreira (Hackett & Betz, 1981).

Para compreender a gênese da TSCDC, é necessário saber que, após seus estudos

empíricos, Betz e Hackett (1986) e Lent e Hackett (1987) prosseguiram no aprimoramento

dos postulados teóricos sobre o papel da AE nos comportamentos relevantes para a carreira.

Os aspectos conceituais e metodológicos das pesquisas sobre AE foram analisados,

culminando em recomendações de pesquisa para investigação da importância desse

construto nos comportamentos relativos à carreira. Concomitantemente, sugeriu-se que até

aquele momento, a pesquisa sobre AE no domínio da carreira continuava a omitir outras

variáveis, que também eram integrantes da teoria de Bandura, como o caso das expectativas

de resultado.

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Posteriormente, Lent et al. (1991) examinaram as relações entre AE em matemática,

expectativas de resultado, desempenho prévio e escolhas ocupacionais orientadas para a

ciência. Os resultados mostraram que as expectativas de resultado foram significativamente

correlacionadas com AE (r = 0,48) e interesse relacionado à matemática (r = 0,61). Uma

análise de regressão hierárquica mostrou que sexo, desempenho prévio, AE e expectativas

de resultado relacionadas à matemática foram preditores significativos e únicos do interesse

por carreiras que envolvessem essa disciplina.

A ideia subjacente à criação da TSCDC era a de promover uma abordagem

abrangente para o desenvolvimento de carreira, a qual levasse em consideração as

complexas conexões entre a pessoa e seu contexto, entre mecanismos intrapsíquicos e

interpessoais, e entre influências volitivas e não volitivas (Lent & Hackett, 1994). Tendo

em vista seu caráter sociocognitivo, a TSCDC é uma perspectiva teórica na qual são

enfatizados os meios pelos quais as pessoas exercem sua agência pessoal nos processos de

desenvolvimento de carreira, bem como os fatores extrapessoais que o influenciam

beneficamente ou o inibem.

A TSCDC foi influenciada pela proposta de convergência e complementariedade

das teorias de desenvolvimento de carreira (Osipow, 1990; Savickas & Lent, 1994). Para

obter tal convergência, Lent, Brown e Hackett (1994, 2002) procuraram agregar aspectos

elaborados previamente por outros teóricos de carreira como a correspondência pessoa-

ambiente (Dawis & Lofquist, 1894); a relação tipológica entre personalidade e interesses

ocupacionais (Holland, 1985); a aprendizagem social (Bandura & Walters, 1963;

Krumboltz et al., 1976); e o autoconceito, o espaço de vida e o curso de vida (Super, 1990).

A estratégia de Lent, Brown e Hackett (1994, 2002) além de englobar, atualizar e

estender aspectos comuns a teorias prévias, como aprendizagem social, AE e autoconceito,

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procurou ainda explicar de forma mais completa desfechos comuns a outras teorias, como

satisfação e estabilidade; e finalmente, levar em consideração as relações entre construtos

aparentemente diversos, como AE, interesses, habilidades e necessidades (Lent, Brown, &

Hackett, 2002). Ao enfatizar sua análise sobre os processos cognitivos ou de aprendizagem

associados à carreira, Lent, Brown e Hackett (1994, 2002) procuraram responder a

perguntas não respondidas pelas teorias de carreira anteriores, como por exemplo, como se

desenvolvem os diferentes tipos de interesse de Holland, e que fatores são responsáveis

pela saliência dos papéis de Super, apesar de utilizar uma abordagem não-tipológica.

A TSCDC fornece três modelos teóricos interligados, nos quais um conjunto de

crenças autorreferentes compõem os construtos centrais, definidos em parágrafos

anteriores: a AE, as expectativas de resultado e as metas. Os modelos teóricos da TSCDC

incluem aspectos importantes do desenvolvimento de carreira: a formação e a elaboração de

interesses relevantes para a carreira, a escolha de opções acadêmicas e de carreira e o

desempenho e a persistência em objetivos educacionais e ocupacionais (Lent, Brown &

Hackett, 1994, 1996, 2002). Para cada um dos três modelos teóricos elaborados, Lent,

Brown e Hackett (1994) postularam proposições gerais. Essas proposições gerais foram

sucedidas de hipóteses específicas. A contextualização dos modelos, bem como as

respectivas proposições e hipóteses, são detalhadas nos próximos parágrafos.

O modelo de desenvolvimento de interesse (“model of interest development”) prevê

que as pessoas são atraídas a atividades para as quais sentem que são competentes e bem-

sucedidas. Nesse modelo, interesses e, consequentemente, aptidões e valores são

considerados proeminentemente ligados à AE e às expectativas de resultado. (Lent, Brown

& Hackett, 1994, 2002). Postula-se que interesses emergentes levam a intenções ou

objetivos para posterior exposição a certas atividades, o que aumenta a probabilidade de

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seleção e prática dessas tarefas. Subsequentemente, o envolvimento com a atividade produz

experiências de desempenho, as quais podem ser bem sucedidas, como o cumprimento de

uma meta ou o desenvolvimento de uma habilidade; ou mal sucedidas, o que resultaria em

uma reavaliação das crenças de AE e expectativas de resultado (Lent, Brown & Hackett,

1994, 2002). De forma esquemática, o modelo proposto postula uma relação direta entre

AE e expectativas de resultados e de ambos com os interesses e metas.

A primeira proposição formal desse modelo é de que os interesses acadêmicos ou

ocupacionais de um indivíduo, em qualquer ponto no tempo, são reflexo concomitante de

suas crenças de AE e expectativas de resultado. A partir dessa proposição, Lent, Brown e

Hackett (1994) postularam seis hipóteses: a) haverá uma relação positiva entre crenças de

AE ocupacionalmente relevantes e interesses vocacionais expressos ou inventariados; b)

haverá uma relação positiva entre expectativas de resultado ocupacionalmente relevantes e

interesses vocacionais expressos ou inventariados, e que expectativas de resultado

negativas estarão inversamente relacionadas a interesses vocacionais; c) uma combinação

aditiva de AE e expectativas de resultado irá responder por mais variância em interesses

acadêmicos ou de carreira do que apenas um dos construtos isoladamente; d) AE e

expectativas de resultado referentes a domínios amplos de atividades de trabalho tenderão a

estabilizar-se na fase final da adolescência ou na fase inicial da idade adulta; e) uma porção

significativa da variância na estabilidade do interesse vocacional será determinado pela

estabilidade na AE e nas expectativas de resultado e f) mudanças na AE ou nas expectativas

de resultado serão associadas a mudanças nos interesses vocacionais.

A segunda proposição de Lent, Brown e Hackett (1994) é de que os interesses

ocupacionais de um indivíduo são também influenciados por suas habilidades ocupacionais

relevantes, mas que essa relação é mediada pelas crenças de AE que o indivíduo possui.

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Para essa proposição, os autores aventaram duas hipóteses: a) haverá uma relação positiva

entre as medidas de habilidade e interesse vocacionais e b) a correlação entre habilidade

vocacional e interesse será eliminada quando a influência da AE é controlada.

Lent, Brown e Hackett (1994) ainda discutiram possibilidades teóricas adicionais

baseadas no trabalho de Bandura (1986), como o período de latência entre crenças de AE

adquiridas recentemente e o investimento do interesse em atividades percebidas como

neutras ou negativas, além da possibilidade de um limiar para que as crenças de AE possam

refletir nos interesses ocupacionais. Os fenômenos de limiar e tempo de latência poderiam

truncar a relação entre AE e interesses ou produzir relações curvilíneas. Outra possibilidade

considerada pelos autores foi a de que a relação entre AE e expectativas de resultado não

seria aditiva, mas que as expectativas de resultado seriam necessárias para potencializar as

crenças de AE. Por fim, os autores citam novamente Bandura (1986) ao admitir que, apesar

de seu modelo mostrar uma relação unidirecional da AE para as metas, a concepção

bidirecional poderia ser mais apropriada, tendo em vista o papel da conquista de metas

desafiadoras como fonte de AE.

O segundo modelo teórico proposto pela TSCDC é o modelo de escolha de carreira

(“model of career choice”), no qual o processo de escolha de carreira é modelado pelo

estabelecimento de uma meta, pela tomada de ação para atingir essa meta, e pela obtenção

de um nível de desempenho que determina a direção do comportamento futuro em relação à

carreira. O modelo de escolha de carreira é uma extensão ao modelo de desenvolvimento de

interesses, com a diferença de que as metas e as variáveis de seleção representam metas de

carreira específicas (Lent, Brown & Hackett, 1994, 2002).

Nesse modelo, a fase de escolha da carreira é dividida em três componentes: a

expressão de uma meta de escolha primária, a partir de interesses de carreira considerados

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mais importantes, as ações elaboradas para realizar tal escolha e, conquistas de desempenho

subsequentes. Esses três processos formam um ciclo que se perpetua, e que afeta o

comportamento de carreira no futuro. Da mesma forma que no modelo de desenvolvimento

de interesses, AE e expectativas de resultado têm relação com a geração de interesses que,

por sua vez, promovem metas de escolha de carreira conscientizadas e aumentam a

probabilidade de ações de escolha. Essas ações levam a experiências de domínio, as quais

podem aumentar ou diminuir o nível de eficácia percebida, as percepções de resultado e,

em última análise, a persistência da escolha. Além de afetar o comportamento de escolha

indiretamente por meio da formação dos interesses, as expectativas de resultado podem

exercer efeito direto na escolha de metas e ações. Deve-se reiterar aqui que a AE também

afetaria o processo de escolha indiretamente, em razão dos interesses e da expectativa de

resultados; e diretamente, por meio de metas de carreira, ações e conquistas de desempenho

(Lent, Brown & Hackett, 1994, 2002).

Nesse modelo, Lent, Brown e Hackett (1994, 2002) consideraram o impacto de

influências contextuais no comportamento de escolha proximal, incluindo barreiras ou

obstáculos que moderam a formação de metas de escolha a partir dos interesses, bem como

as ações de escolha a partir das metas de escolha. Para Lent, Brown e Hackett (1994, 1996),

no modelo de escolha de carreira, o sexo, o estado de saúde e a raça-etnia são considerados

fatores pessoais relacionados às experiências de aprendizagem. Todavia, mesmo que o sexo

seja considerado um fator pessoal importante na TSCDC, deve-se lembrar de que Bandura

(1986, 1987) já advertira que, apesar de acreditar que o conjunto de experiências possa

favorecer estereótipos específicos associados a gênero, não há uma uniformidade na

tipificação dos processos de comportamento por sexo.

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A exposição a determinadas atividades durante a infância e adolescência são

aspectos que dão forma às experiências, as quais influenciam a AE, as expectativas de

resultado e, em última análise, indiretamente, os interesses (incluindo as motivações), as

metas de escolha, e as ações de escolha, culminando na realização e nos domínios de

desempenho. O nível de desempenho por sua vez forma um circuito fechado, pois, por

meio de processos autoavaliativos, culminam em experiências de aprendizagem per se

(Lent, Brown & Hackett, 1994, 2002).

Para esse modelo, os autores elaboraram cinco proposições formais, as quais

guardam grande semelhança com o modelo de desenvolvimento de interesse pela

centralidade da AE e das expectativas de resultado como determinantes causais (Lent,

Brown & Hackett, 1994). A primeira proposição formal é de que as crenças de AE afetam

os objetivos e ações de escolha de forma direta e indireta. Para essa proposição, quatro

hipóteses foram aventadas: a) AE ocupacionalmente relevante será positivamente

relacionada a metas de escolha; b) AE ocupacionalmente relevante será positivamente

relacionada a comportamentos com o intuito de ingresso no trabalho, como por exemplo, a

busca de informações sobre empregos ou a inscrição para processos seletivos; c) a

correlação entre crenças de AE e metas de escolha será reduzida, mas não eliminada

quando a influência de interesses vocacionais é controlada e d) a correlação entre crenças

de AE e comportamentos de ingresso será reduzida, mas não eliminada quando as

influências de interesses vocacionais e metas forem controladas.

A segunda proposição formal de Lent, Brown e Hackett (1994) nesse modelo é a de

que as expectativas de resultado afetam as metas e ações de escolha de forma direta e

indireta. Para essa proposição, formularam quatro hipóteses: a) haverá uma relação positiva

entre expectativas de resultado positivas ocupacionalmente relevantes e metas de escolha;

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b) haverá uma relação positiva entre expectativas de resultado positivas ocupacionalmente

relevantes e comportamentos de ingresso, como a busca de informações sobre carreiras ou a

inscrição para processos seletivos; c) a correlação entre expectativas de resultado

ocupacionalmente relevantes e metas de escolha será reduzida, mas não eliminada quando a

influência dos interesses ocupacionais for controlada e d) a correlação entre expectativas de

resultado positivas ocupacionalmente relevantes e comportamentos de ingresso será

reduzida, mas não eliminada quando as influências dos interesses vocacionais e das metas

forem controladas.

A terceira proposição formal de Lent, Brown e Hackett (1994) nesse modelo é a de

que as pessoas aspirarão desenvolver metas de escolha para ocupações ou áreas acadêmicas

que são consistentes com suas áreas de interesse primário. Para esta proposição, os autores

postularam apenas uma hipótese: a de que haverá uma relação positiva entre os índices de

interesse expressos ou inventariados e metas de escolha.

A quarta proposição formal de Lent, Brown e Hackett (1994) considera que as

pessoas tentarão ingressar em ocupações ou áreas acadêmicas que são consonantes com

suas metas de escolha, respeitando-se o fato de que elas estão comprometidas com sua

meta, e que sua meta é definida em termos claros, próximas do ponto de ingresso efetivo.

Para essa proposição, os autores postularam duas hipóteses: a) a de que haverá uma relação

positiva entre metas de escolha e comportamentos de ingresso e b) a de que a relação entre

metas de escolha e comportamentos de ingresso será moderada pelas propriedades da meta,

como por exemplo, o comprometimento e a clareza. Em outras palavras, os

comportamentos de ingresso serão mais previsíveis quando o comprometimento com a

meta é elevado e quando as metas são específicas e expressadas temporalmente próximas

do ponto da implementação da escolha.

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A quinta e última proposição formal de Lent, Brown e Hackett (1994) nesse modelo

é de que os interesses afetam os comportamentos de ingresso indiretamente por meio de sua

influência em metas de escolha. Para essa proposição, os autores postularam duas

hipóteses: a) a de que haverá uma relação positiva entre os interesses e as ações de escolha

como, por exemplo. a busca de informações sobre carreiras ou a busca de empregos; e b) a

correlação de interesses e ações de escolha será eliminada quando a influência de metas de

escolha for controlada.

Uma evolução natural do modelo de escolha de carreira também objeto de hipóteses

por Lent, Brown e Hackett (1994, 2002) é o modelo de desempenho (“model of

performance”), o qual está mais relacionado à qualidade e à persistência do

comportamento. Além de teorizar sobre tais modelos, os autores oferecem uma “segunda

camada” de análise teórica, no qual fatores pessoais, contextuais e experienciais fornecem

inputs adicionais que clarificam e fazem a “sintonia fina” dos modelos preditivos básicos.

O modelo de desempenho mostra que as conquistas de desempenho são afetadas pela AE

de forma direta e indireta.

A AE afeta o desempenho diretamente, devido ao seu papel em ajudar as pessoas a

organizarem suas habilidades apropriadamente, bem como indiretamente, por meio de

metas e submetas de desempenho. O nível de realizações de desempenho é diretamente

afetado pelas metas, as quais ajudam a mobilizar e sustentar ações relevantes para a tarefa.

Nesse modelo, as expectativas de resultado possuem influência indireta no nível de

desempenho, também por meio de metas de desempenho. O modelo também é cíclico, no

qual o nível de realizações de desempenho retroalimenta as autoavaliações sobre a

habilidade e, consequentemente, sobre a AE percebida e as expectativas de resultado (Lent,

Brown & Hackett, 1994, 2002).

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Neste modelo os autores realizaram duas proposições formais (Lent, Brown &

Hackett, 1994). A primeira proposição formal desse modelo considera que as crenças de

AE influenciam o desempenho acadêmico e profissional direta e indiretamente, por meio de

seu efeito em metas de desempenho, e que expectativas de resultado influenciam o

desempenho apenas indiretamente, por meio de seu efeito nas metas. Quatro hipóteses são

postuladas a partir desta proposição: a) a de que haverá uma relação positiva entre crenças

de AE e desempenho acadêmico/profissional; b) a de que a relação entre AE e desempenho

será reduzida, mas não eliminada quando a influência de metas de desempenho é

controlada; c) a de que haverá uma relação positiva entre expectativas de resultado

positivas e desempenho acadêmico/profissional e d) a de que a relação entre expectativas

de resultado e desempenho será eliminada quando a influência de metas de desempenho for

controlada.

Após o delineamento dos três modelos teóricos que constituem a base da TSCDC,

Lent, Brown e Hackett (1994) retomaram o referencial teórico de Bandura (1986) para

adicionar o que chamam de segunda camada de análise teórica. O objetivo desse exercício

teórico foi o de obter uma compreensão mais abrangente do processo de desenvolvimento

de carreira, ao refinar e clarificar algumas das proposições e hipóteses formuladas na

camada básica da teoria. Neste esforço, reitera-se que os autores tenham procurado

enfatizar a influência de fatores pessoais, contextuais e experienciais sobre os interesses

vocacionais e o comportamento de escolha. Para tal, especificaram três modos de influência

que podem operar em conjunto: como precursores de variáveis sociocognitivas, como

moderadores de certas relações teóricas entre os construtos e como facilitadores ou

inibidores diretos.

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Para tais aspectos, Lent, Brown e Hackett (1994) realizaram três proposições

formais. A primeira proposição formal postulada pelos autores diz respeito às fontes de AE

oriundas de experiências de aprendizagem. Essa proposição define que crenças de AE

derivam de realizações de desempenho, de aprendizagem vicária de persuasão social e

reações fisiológicas. Note-se que os autores usam o termo persuasão social ao invés de

persuasão verbal, como descrito no texto original de Bandura sobre as fontes de informação

de AE (Bandura, 1986). Para essa proposição, os autores definiram cinco hipóteses.

A primeira hipótese postulada é a de que crenças de AE referentes a atividades

ocupacionais ou acadêmicas em particular serão positivamente relacionadas à quantidade

percebida de a) experiências de sucesso pessoal; b) exposição a modelos bem sucedidos; c)

comunicações sociais persuasivas favoráveis e d) reações fisiológicas positivas.

Paralelamente, a mesma hipótese considera que as crenças de AE serão inversamente

relacionadas à quantidade percebida de experiências de fracasso pessoais ou vicárias, bem

como experiências persuasivas ou fisiológicas negativas, relacionadas a atividades

ocupacionais ou acadêmicas em particular.

A segunda hipótese formulada para a proposição referente às fontes de AE postula

que experiências pessoais diretas de desempenho responderão por mais variância nas

crenças de AE do que as demais fontes. A terceira hipótese considera que a relação entre

experiências de desempenho prévias e crenças de AE serão moderadas pela natureza e

variedade das condições sob as quais a tarefa foi desempenhada – quando o nível de desafio

ou dificuldade for limitado, as crenças de AE obtidas não serão tão fortes quanto aquelas

obtidas em condições de maior variabilidade no nível de desafio e dificuldade. A quarta

hipótese define que as realizações de desempenho prévias serão mais fortemente

relacionadas à AE quando as realizações tiverem sofrido algum tipo de reforço. Quando

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não tiverem recebido qualquer reforço ou quando tiverem recebido punição, essa relação

entre realizações de desempenho prévias e AE será menos forte (Lent, Brown & Hackett,

1994).

A quinta e última hipótese da proposição referente às fontes de informação de AE

vem contemplar o aspecto cognitivo da formação da AE. Essa hipótese postula que a

relação entre experiências de desempenho prévias com a AE será moderada por vieses e

distorções cognitivas. Pessoas com afetividade negativa ou embotada terão seus níveis de

AE determinados a partir de experiências de desempenho prévias de modo diferente

daquelas pessoas com afetividade positiva, ou mesmo um viés de superestimação de suas

capacidades (Lent, Brown & Hackett, 1994).

A segunda proposição da “segunda camada de análise teórica” da TSCDC diz

respeito às fontes de expectativa de resultado. A proposição consiste em afirmar que, do

mesmo modo que as crenças de AE, as expectativas de resultado são geradas a partir de

experiências vicárias e diretas em atividades educacional e ocupacionalmente relevantes.

Nessa proposição, duas hipóteses são aventadas: a) a de que as expectativas de resultado

positivas referentes às atividades ocupacionais e/ou acadêmicas em particular serão

positivamente relacionadas à quantidade percebida de consequências reforçadoras,

incluindo as realizadas por meio de autoavaliação, que são experimentadas direta ou

vicariamente, oriundas do engajamento em tais atividades e b) a de que as expectativas de

resultado são relacionadas de modo mais forte com experiências pessoais e diretas de

consequência de desempenho do que com experiências vicárias do mesmo tipo.

A terceira proposição de refinamento e clarificação da TSCDC afirma que as

expectativas de resultado também são parcialmente determinadas pelas crenças de AE,

especialmente quando os resultados são intimamente ligados ao nível ou qualidade do

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desempenho (Lent, Brown & Hackett, 1994). Para essa proposição, os autores aventaram

duas hipóteses: a) a de que haverá uma relação positiva entre expectativas de resultado

ocupacionalmente relevantes positivas e crenças de AE e b) a de que a relação entre

expectativas de resultado e crenças de AE serão moderadas pelo grau de contingência

resposta-resultado, isto é, essa relação será mais forte quando os resultados forem mais

intensamente relacionados à qualidade do desempenho.

Na análise da influência de fatores pessoais e contextuais, os autores ainda

acrescentam uma nova hipótese à primeira proposição do modelo de desenvolvimento. Essa

hipótese postula que diferenças de gênero e de diferenças raciais ou étnicas em termos de

interesses e metas vocacionais surgem principalmente devido a fatores como diferenças no

acesso a oportunidades, apoio e processos de socialização. Para Lent, Brown e Hackett

(1994), tais diferenças tendem a diminuir quando tais fatores são controlados.

O modelo de escolha de carreira também recebe uma nova hipótese em sua terceira

proposição (a quinta proposição geral da TSCDC), referente à relação entre interesses

vocacionais e metas de escolha de carreira, devido à inclusão da influência de fatores

contextuais. Essa hipótese afirma que a relação dos interesses com as metas de escolha será

moderada pelas estruturas de oportunidades, como a disponibilidade de empregos,

condições econômicas, custos associados ao ingresso na carreira e barreiras reais ou

percebidas ao ingresso; e pelos sistemas de apoio financeiro, emocional e instrumental. As

relações entre interesses e escolhas serão fortes quando as oportunidades e o apoio forem

percebidos como elevados, e fracas quando as barreiras percebidas ou reais forem elevadas

(Lent, Brown & Hackett, 1994).

A quarta proposição do modelo de escolha de carreira (ou sexta proposição geral da

TSCDC) estabelece uma relação entre metas de escolha e comportamentos de ingresso

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particularmente, sob determinadas condições, como o comprometimento. Esta proposição

recebeu três hipóteses adicionais para considerar fatores pessoais e contextuais importantes:

a) a de que a relação entre metas de escolha e comportamentos de ingresso será mediada

por estruturas de oportunidades e sistemas de apoio – forte quando os níveis de

oportunidade e apoio forem elevados, e fraca quando as barreiras reais ou percebidas forem

elevadas; b) a de que diferenças de gênero ou raciais/étnicas em metas e ações de carreira

surgem majoritariamente a partir de diferenças no acesso a oportunidades, apoios e

processos de socialização – quando tais fatores são controlados, as diferenças dos grupos

em relação a metas e ações tende a ser reduzida; e c) a de que sob condições limitadas de

oportunidades econômicas ou educacionais, as escolhas ocupacionais serão mais

determinadas pela disponibilidade de empregos, pela AE e pela expectativa de resultado do

que pelos interesses (Lent, Brown & Hackett, 1994).

Finalmente, as proposições a respeito das fontes de AE e expectativas de resultado

também recebem duas hipóteses adicionais no intuito de considerar a relação dessas

variáveis sociocognitivas com gênero e raça/etnia. A primeira hipótese nesse sentido é a de

que diferenças étnicas/raciais ou de gênero em termos de crenças de AE são mediadas

fortemente pelas diferenças no acesso às fontes de informação de eficácia e diferenças no

reforço por realizações de desempenho – consequentemente, tais diferenças de AE entre

grupos serão reduzidas quando as diferenças em termos de experiências formadoras de AE

e reforço forem controladas. A segunda hipótese aventada é a de que as diferenças

étnicas/raciais ou de gênero em termos de expectativas de resultado é mediada fortemente

por diferenças no acesso a experiências de reforço diretas ou vicárias, de modo que

diferenças de expectativas de resultado entre tais grupos sejam reduzidas quando as

diferenças de acesso forem controladas.

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O processo de tomada de decisões referentes à carreira ao final do curso de

graduação que utilizaram a TSCDC como referencial teórico foi tema de diversos estudos.

Nos próximos parágrafos, apresentaremos uma seleção de estudos empíricos. A descrição

da totalidade dos estudos empíricos que utilizaram a TSCDC não é um objetivo exequível

e, portanto, apesar do consequente viés, restringimos àqueles estudos que, em nosso

julgamento pessoal, foram mais relevantes para este trabalho.

Um exemplo brasileiro é o trabalho de Teixeira e Gomes (2005), que utilizou

conceitos da TSCDC na realização de um trabalho com 252 participantes de 24 cursos de

uma universidade pública em processo de conclusão da graduação. O objetivo era

investigar variáveis possivelmente associadas à definição de metas profissionais entre

estudantes, as quais denominaram “decisões de carreira” e ainda “decisão em relação ao

projeto profissional”. Por meio de um questionário desenvolvido especialmente para o

estudo, os autores realizaram regressões lineares múltiplas entre o nível de decisão de

carreira ao final do curso universitário com as seguintes variáveis: a clareza de

autoconceito, a AE profissional, o comportamento exploratório, a participação em

atividades acadêmicas (pesquisa e monitoria), a situação do mercado de trabalho, a

percepção de dificuldades para ingresso no mercado de trabalho, a percepção de apoio ao

projeto profissional e a percepção pessoal de oportunidades profissionais. Adicionalmente,

AE profissional e percepção de oportunidades profissionais também foram estudadas como

variáveis dependentes na regressão linear múltipla. Para a decisão de carreira profissional,

os coeficientes de regressão positivos e significativos foram, em ordem decrescente de

magnitude, para: percepção de oportunidades, AE profissional, clareza de autoconceito,

exploração de informação e apoio percebido.

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A percepção de barreiras teve coeficiente de regressão negativo e significativo para

decisão de carreira. Para AE profissional como variável dependente, os coeficientes de

regressão positivos e significativos foram, em ordem decrescente de magnitude, para:

exploração de informação, exploração de prática e bolsa de pesquisa. Para percepção de

oportunidades profissionais como variável dependente, os coeficientes de regressão

positivos e significativos foram, em ordem decrescente de magnitude, para: AE

profissional, situação do mercado e apoio percebido. A bolsa de pesquisa teve coeficiente

de regressão negativo e significativo para a percepção de oportunidades profissionais. Para

os autores, tais resultados confirmaram ao menos algumas das expectativas teóricas da

TSCDC. Não obstante, notam que apesar de a situação do mercado de trabalho não ter sido

um preditor significativo da decisão de carreira, a percepção pessoal de oportunidades

profissionais foi o preditor mais importante. Desse modo, os autores sugerem que a decisão

de carreira depende “mais da forma como o indivíduo percebe o mercado de trabalho do

que propriamente das suas condições objetivas” (Teixeira & Gomes, 2005).

Um estudo que abordou especificamente as decisões profissionais de estudantes de

Medicina foi a dissertação de mestrado de Mendes (2010) realizada em seis instituições de

ensino superior público de Portugal. Entre outros referenciais teóricos, a TSCDC foi

utilizada para avaliar as expectativas e outras variáveis preditivas que pudessem influenciar

os estudantes de Medicina na escolha da especialidade. Para essa pesquisa, a autora utilizou

uma versão traduzida e abreviada do instrumento de Rogers et al. (2009), porém não

explicita a metodologia de adaptação, tampouco os critérios utilizados para a seleção de um

número menor de itens, ainda que aparentemente tenha havido uma predileção por itens

construídos para a mensuração de expectativas de resultados profissionais e em relação ao

estilo de vida. Além desse instrumento, a autora incluiu outra escala para complementar a

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análise de expectativas de resultado, com o intuito de medir as expectativas valorativas do

estudante em relação à futura carreira numa especialidade, retiradas de Murdoch et al.

(2001). Com isso a autora criou um “novo” instrumento de 17 itens para avaliação

exclusivamente das expectativas, o qual, na análise fatorial exploratória, resultou em três

fatores: orientação biossocial (exemplo: “[escolher uma especialidade que] permita

acompanhar os pacientes durante suas vidas”), expectativas instrumentais (exemplo:

“[escolher uma especialidade que] permita ter o estilo de vida desejado”) e orientação

biocientífica (exemplo: “[escolher uma especialidade que seja] intelectualmente

estimulante”).

Para a avaliação do interesse por especialidades, Mendes (2010) utilizou uma

adaptação do Medical Situations Questionnaire, de McManus et al. (2006), para o contexto

das especialidades de Portugal. Nesse questionário é utilizada uma escala de respostas tipo

Likert na qual ‘um’ significa intenção definida de não ingressar e ‘cinco’ significa intenção

definida de ingressar. Itens do instrumento de McManus et al. (2006) também foram

utilizados para a avaliação da AE escolar. Os 18 itens de avaliação da AE escolar foram

distribuídos em três fatores na análise fatorial exploratória: “organização do estudo”

(exemplo: “tento fazer todos os meus trabalhos escolares o mais rapidamente possível logo

após estes terem sido definidos”), “satisfação com o estudo” (exemplo: “quanto mais eu

trabalho mais me torno incrivelmente absorvido no que faço”) e realização pessoal

(exemplo: “para mim, receber notas altas é como uma espécie de competição e jogo para

ganhar”).

A avaliação da força da motivação no estudo de Mendes (2010) utilizou uma versão

reduzida do instrumento de Nieuwhof et al. (2004) com 12 itens, que resultaram em três

dimensões na análise fatorial exploratória: “sacrifício pessoal” (exemplo: “eu gostaria de

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me tornar médico mesmo se isso significar dar prioridade ao meu trabalho face à minha

família”), “condicionantes externas” (exemplo: “eu não teria optado por Medicina se isso

tivesse me causado dívidas financeiras”) e “possibilidade de realização” (exemplo: “eu

pararia de estudar Medicina se estivesse 95% certo que nunca poderia me tornar um

especialista da minha escolha”). Uma hipótese importante confirmada no estudo de Mendes

(2010) é de que existe correlação positiva entre a força das crenças motivacionais e os

níveis de AE acadêmica. O estudo mostrou que a correlação mais forte foi entre os fatores

“sacrifício pessoal” e “satisfação com o estudo” (r = 0,379, p < 0,001). O fator

“condicionantes externas” revelou uma relação significativa com a dimensão “satisfação

com o estudo” (r = 0,314, p < 0,001). Outras correlações de menor magnitude, mas

igualmente significativas foram observadas entre “sacrifício pessoal” e “possibilidade de

realização pessoal” (r = 0,211, < 0,001).

Outra aplicação interessante da TSCDC na profissão médica foi o estudo de

Bakken, Byars-Winston e Wang (2006). Nesse trabalho, a teoria foi utilizada para fornecer

um arcabouço conceitual para examinar criticamente as limitações dos esforços

empreendidos pelo National Institutes of Health dos Estados Unidos da América no sentido

de promover o desenvolvimento de carreira de médicos cientistas, bem como sugerir

intervenções para otimizá-lo, como a melhoria das condições de treinamento e de

infraestrutura no trabalho.

A TSCDC foi incorporada em estudos para outros contextos, o que serviu para

testar e refinar o modelo teórico. Fouad e Smith (1996), em seu estudo com escolares,

deram suporte empírico à hipótese de que os interesses são reflexo da AE, juntamente com

as expectativas de resultado, assim como à hipótese de que a AE afeta as expectativas de

resultado, os objetivos e as ações de escolha. No campo da orientação profissional, a

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TSCDC foi revisada e recomendada por Albert e Luzzo (1999), na avaliação da percepção

de barreiras ao desenvolvimento profissional. Fabian, Ethridge e Beveridge (2009) usaram

a TSCDC como referencial teórico para a discussão das barreiras ao desenvolvimento de

carreira de pessoas com deficiência. Ali e Saunders (2006) exploraram fatores elencados na

TSCDC nas expectativas de jovens de uma área rural quanto à vida universitária.

Coogan e Chen (2007) utilizaram a TSCDC, dentre outros marcos teóricos, na

orientação profissional e no desenvolvimento de carreira de mulheres. Morris, Shoffner e

Newsome utilizaram a TSCDC na abordagem de mulheres em relacionamentos abusivos.

Dickinson (2007) examinou a aplicabilidade da TSCDC para estudantes universitários afro-

americanos. Trujillo (2010) utilizou a TSCDC no estudo de pessoas vivendo com

HIV/AIDS que contemplam o retorno ao trabalho. Bard, Bieschke, Herbert e Eberz (2000)

utilizaram a TSCDC na tentativa de predizer o interesse pela carreira de pesquisador entre

estudantes.

Para Lent, Brown e Hackett (2002), os resultados dos estudos empíricos sugerem

suporte para algumas hipóteses aventadas pela TSCDC. Primeiramente, pode-se afirmar

que há suficientes evidências apoiando a hipótese de que os interesses estão relacionados à

AE e às expectativas de resultado. Em segundo lugar, pode-se inferir que há suporte

empírico para o pressuposto de que as realizações de desempenho em um empreendimento

específico levam a interesses nesse empreendimento, em particular na medida em que tais

realizações colaboram com o fortalecimento de crenças de AE de modo crescente. Em

terceiro lugar, os autores consideram que as evidências apoiam a concepção de que a AE e

as expectativas de resultado afetam fortemente, se não completamente, as escolhas de

carreira, por meio de sua influência no interesse. Finalmente, os autores consideram haver

confirmação empírica para o pressuposto de que os desempenhos passados afetam o

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desempenho futuro, em parte por meio das habilidades pessoais e em parte por meio das

crenças de AE que as pessoas desenvolvem, as quais presumivelmente ajudam-nas a

organizar suas habilidades e persistirem apesar de eventuais revezes.

* * *

Neste capítulo, procuramos reconhecer não apenas a importância ainda pouco

explorada do referencial sociocognitivo no desenvolvimento de carreira de futuros médicos

mas que a operacionalização de medidas sociocognitivas para a escolha de carreira de

estudantes de Medicina é uma fronteira que merece ser devidamente desbravada. Apesar

das evidências de validade em seu favor, o instrumento de Rogers, Creed e Searle (2009)

recebe com esta Tese, seu primeiro esforço de adaptação transcultural formal e consequente

realização de estudos para obtenção de evidências de validade.

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OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo geral a realização da adaptação para uso no Brasil

do instrumento criado por Rogers, Creed e Searle (2009) para avaliação da escolha da

especialidade médica e da escolha do local de prática profissional e a obtenção de

evidências de validade para o instrumento adaptado. Este trabalho tem como objetivos

específicos:

- a realização da tradução, tradução inversa e consequente adaptação de um

instrumento para uso no Brasil;

- a realização da análise de equivalência semântica do instrumento adaptado, por

meio da análise do significado geral e referencial;

- a realização da análise teórica do instrumento adaptado, por meio da análise

semântica com a população-alvo, e por meio da análise de juízes, para a avaliação da

pertinência dos itens aos construtos pretendidos;

- a obtenção de evidências de validade com base na estrutura interna por meio da

análise de eixos principais (AEP) e análise por teoria de resposta ao item multidimensional

(TRIM);

- a estimação da confiabilidade do instrumento adaptado por meio dos coeficientes

de α de Cronbach e, por meio da TRIM, a descrição da confiabilidade condicional (precisão

local) e das funções de informação de construtos e itens;

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- a obtenção de evidências de validade em termos de invariância de mensuração

para sexo e semestre acadêmico com base em modelos múltiplos indicadores e múltiplas

causas (MIMIC) e;

- a estimação da magnitude de efeito de sexo e semestre acadêmico como

covariáveis sobre o nível dos construtos mensurados.

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MÉTODO

Este capítulo é dividido em duas partes. A primeira é referente aos métodos

empregados no processo de adaptação do instrumento e a segunda é referente aos métodos

dos estudos para obtenção de evidências de validade para a versão final do instrumento

adaptado.

Adaptação do instrumento

Participantes

Os participantes do processo de tradução direta e inversa incluíram os pesquisadores

deste estudo (autor e orientadora), um Bacharel em Letras, uma Mestra em Letras, uma

Doutora em Psicologia e um Doutor em Anatomia especializado em educação médica. Na

análise de equivalência semântica de acordo com os significados geral e referencial dos

itens e instruções, participaram uma Mestra em Letras e uma Mestra em Letras doutoranda

em Linguística. Nesta etapa da adaptação, todos os participantes eram brasileiros.

Para a análise semântica, participaram 30 estudantes, sendo 16 mulheres e 14

homens, cujas idades variaram entre 18 e 31 anos (M = 21,85; DP = 2,12). A amostra da

análise semântica da versão piloto do instrumento pode ser dividida em três estratos de

acordo com o ano acadêmico: estudantes de graduação em Medicina iniciantes (do primeiro

ao segundo ano), intermediários (do terceiro ao quarto ano) e avançados (do quinto ao sexto

ano). No grupo dos estudantes iniciantes, participaram quatro mulheres e três homens. No

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grupo de estudantes intermediários participaram oito mulheres e cinco homens. Quatro

mulheres e seis homens compuseram o estrato dos estudantes avançados. Dois dos

participantes da análise semântica possuíam ensino superior completo em outro curso de

graduação. Para a análise de juízes, participaram dez psicólogos, sendo sete Professores

Doutores em Psicologia e três doutorandos em Psicologia.

Instrumento

Rogers, Creed e Searle (2009) utilizaram a TSCDC para criar um questionário

dividido em duas partes, o qual foi intitulado Social Cognitive Career Theory Instruments

to Measure Choice of Medical Specialty and Practice Location (ou “Instrumentos de Teoria

Social Cognitiva de Desenvolvimento de Carreira para Medir a Escolha da Especialidade

Médica e Local de Prática”). A construção desse instrumento foi dividida em dois estudos.

O Estudo 1 envolveu quatro fases de desenvolvimento. Na Fase 1 houve a

identificação de atitudes e crenças que foram relevantes para a escolha da especialidade

médica e do local de prática profissional. Na Fase 2, houve a geração de itens para cada

uma das escalas (escolha da especialidade e escolha do local de prática profissional). Na

Fase 3, os itens foram avaliados por um painel de revisores especializados, e na Fase 4, os

autores desse estudo realizaram a aplicação piloto do teste com um grupo de 293 estudantes

de medicina para permitir a análise fatorial exploratória, no qual os itens foram organizados

em 4 fatores (autoeficácia, expectativas de resultado em relação ao estilo de vida,

expectativas de resultado em relação à vida profissional e metas). Ainda na Fase 4, os itens

com baixo carregamento fatorial foram eliminados.

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O Estudo 2 consistiu na aplicação das escalas de uma segunda amostra de 499

estudantes de medicina de 11 universidades para a realização de análise fatorial

confirmatória e consequente obtenção de evidências de validade. Os resultados dos índices

de bondade de ajuste (goodness-of-fit) foram favoráveis tanto para o instrumento de

avaliação da escolha da especialidade quanto para o instrumento de avaliação da escolha do

local de prática profissional.

Para a parte do instrumento referente à escolha da especialidade médica, os autores

obtiveram os seguintes valores de bondade de ajuste: χ2 (261) = 638,49 (p < 0,001), χ2/df =

2,45, GFI (goodness of fit index, índice de bondade de ajuste) = 0,91, TLI (Tucker-Lewis

index, índice de Tucker-Lewis) = 0,94, CFI (comparative fit index, índice de ajuste

comparativo) = 0,95 e RMSEA (root mean square error of approximation, raiz média dos

quadrados dos erros de aproximação) = 0,05. Para a parte do instrumento referente à

escolha do local de prática profissional, os autores do instrumento original obtiveram os

seguintes índices de bondade de ajuste: χ2 (262) = 654,52 (p < 0,001), χ2/df = 2,50, GFI =

0,91, TLI = 0,94, CFI = 0,95 e RMSEA = 0,06.

O questionário original final ficou composto por 50 itens divididos em duas partes

(escolha da especialidade e escolha da localidade de prática profissional) com 25 itens cada

uma. Em cada uma das duas partes do questionário, AE tem sete itens; expectativas de

resultado profissional, oito itens; expectativas de resultado em relação ao estilo de vida,

quatro itens; e metas, seis itens.

Os coeficientes de consistência interna indicaram ótimo grau de confiabilidade. Para

a versão final do instrumento de avaliação da escolha da especialidade médica, os valores

de α de Cronbach foram de 0,86 para os itens de autoeficácia; 0,84 para os itens de

expectativa de resultados em relação à vida profissional; 0,89 para os itens de expectativa

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de resultados em relação ao estilo de vida; e 0,88 para os itens de metas. Para a versão final

do instrumento de avaliação da escolha do local de prática profissional, os valores de α de

Cronbach foram de 0,90 para os itens de autoeficácia; 0,89 para os itens de expectativa de

resultados em relação à vida profissional; 0,89 para os itens de expectativa de resultados em

relação ao estilo de vida; e 0,88 para os itens de metas.

Procedimentos

Antes de ser iniciado o estudo, o projeto de pesquisa da presente Tese foi aprovado

pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco, sob o CAAE número

02169212.5.0000.5514, (vide Anexo I). A autorização para realização da pesquisa nas

instalações da instituição onde o instrumento foi aplicado está contida na carta de anuência

que foi entregue à instituição em conjunto com o projeto (vide Anexo II). Todos os

participantes receberam um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (vide Anexo III).

A autorização para adaptação do instrumento original foi obtida por meio de comunicação

pessoal com a Prof. Dra. Mary Rogers, primeira autora do instrumento original descrito em

Rogers, Creed e Searle (2009).

Inicialmente, foi realizada a tradução direta preliminar e provisória das instruções e

itens. Em seguida, foi empreendida uma avaliação do conteúdo desta tradução preliminar

por parte dos pesquisadores com o intuito de identificar itens que pudessem necessitar de

alterações, devido a fatores culturais e linguísticos. Depois disso, foram feitas duas

traduções diretas do instrumento original por brasileiros natos - um Bacharel em Letras

(T1) e uma Doutora em Psicologia (T2). Em seguida essas duas traduções diretas foram

sintetizadas pelos pesquisadores em uma única versão (T12) para a execução da tradução

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inversa por uma brasileira nata, Mestre em Letras (TI1), e por um estadunidense nato,

naturalizado brasileiro, Doutor em Anatomia e especializado em educação médica (TI2).

As duas traduções diretas, a síntese das duas traduções e as duas traduções inversas

foram submetidas à autora principal do instrumento original por meio de contato pessoal,

que fez anotações para os pesquisadores e apontou as suas preferências pessoais para a

adaptação. Em seguida, duas profissionais sendo ambas Mestras em Letras, e uma delas

doutoranda em Linguística, realizaram a comparação das duas traduções diretas T1 e T2

com as instruções e os itens do instrumento original, para proceder à análise da

equivalência semântica em termos de significados referencial e geral. A equivalência

semântica do significado referencial foi avaliada em termos de valores percentuais.

Para o significado geral, as avaliadoras atribuíram categorias ordinais de

equivalência semântica, a saber: totalmente alterado, muito alterado, pouco alterado e

inalterado. Os conceitos de equivalência semântica, e de significados geral e referencial

seguem a abordagem “universalista” proposta por Herdman, Fox-Rushby e Badia (1998).

Considerando os comentários da autora e o resultado da análise de equivalência

semântica sobre as traduções realizadas, foi criada pelos pesquisadores uma versão piloto

do questionário para aplicação em uma pequena amostra. Antes da aplicação do piloto, os

participantes foram instruídos sobre os objetivos do estudo em como dessa etapa em

particular, e receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A aplicação da

versão piloto para fins de análise semântica foi realizada presencialmente.

Como um procedimento adicional, embora não seja uma atividade referente à

análise semântica propriamente dita, versões alternativas dos itens que apresentaram

traduções diretas ou inversas discordantes foram apresentadas aos participantes para que

pudessem opinar a respeito. Ao final da aplicação, cada um dos participantes foi

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80

brevemente entrevistado para o registro de suas percepções gerais sobre o instrumento, bem

como sobre a compreensão dos itens e a obtenção de eventuais sugestões para melhorar a

inteligibilidade do instrumento. A análise teórica dos itens foi complementada pela análise

de juízes da versão piloto do questionário, com o objetivo de avaliar a adequação dos itens

propostos na adaptação do instrumento em termos de inteligibilidade e de pertinência aos

construtos pretendidos.

Análise de dados

Os coeficientes de κ de Fleiss e de α de Krippendorff, foram utilizados no estudo do

grau de convergência de avaliadores na análise de equivalência semântica, especificamente

na análise de equivalência do significado geral e na parte da análise teórica dos itens

referente à análise de juízes. Na análise de equivalência semântica por meio da análise de

equivalência do significado referencial, foi utilizado o coeficiente de correlação intraclasse.

O cálculo dos coeficientes de κ de Fleiss e de α de Krippendorff foi realizado por

meio da ferramenta desenvolvida por Geertzen (2012). Para o cálculo dos coeficientes de

correlação intraclasse foi utilizado o programa SPSS 17 (IBM SPSS®, 2009).

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81

Estudos de validade do instrumento

Participantes

A investigação a respeito da validade do instrumento foi realizada em duas etapas,

uma para a realização da análise de eixos principais (AEP) e outra para a análise por teoria

de resposta ao item multidimensional (TRIM) e para os modelos de múltiplos indicadores e

múltiplas causas (MIMIC). Não houve respostas omitidas de forma esparsa, devido à

configuração do sistema computadorizado utilizado para a coleta dos dados. Todavia,

houve participantes que deixaram todos os itens em branco. Isso permitiu inferir a

desistência dos estudantes em participar do estudo e ocasionou a exclusão deles.

Dez participantes foram excluídos da primeira amostra e 14 foram excluídos da

segunda. Na etapa do estudo empírico que utilizou a AEP, participaram efetivamente 189

estudantes de graduação em Medicina de uma universidade do Estado de São Paulo. Na

segunda etapa do estudo empírico, o instrumento foi aplicado em uma nova amostra de 282

participantes, para a realização da análise por teoria de resposta ao item multidimensional

(TRIM) e do estudo de modelos de múltiplos indicadores e múltiplas causas (MIMIC). Em

ambas as etapas houve um predomínio de participantes do sexo feminino com 56,989% na

amostra em que foi empregada a AEP e 58,633% na amostra em que foi empregada a

análise por TRIM. Na Tabela 1 são descritos o sexo e a idade dos participantes dos estudos

de validade.

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Tabela 1.

Estatística descritiva da idade e sexo dos participantes das amostras dos estudos de validade

do instrumento.

Total Masculino Feminino

Análise N M DP n M DP n M DP

AEP 186* 24,898 5,399 80 26,687 6,012 106 23,556 4,491

TRIM 282* 24,942 5,019 115 26,500 5,542 163 23,858 4,316

* Na AEP, 3 participantes não declararam o sexo; na análise pela TRIM, 4 participantes não declararam o sexo.

Observou-se uma tendência de maior participação dos estudantes do sexo feminino

nas etapas iniciais e do sexo masculino nas etapas mais avançadas na amostra utilizada para

a AEP. Na amostra da análise por TRIM observa-se uma participação majoritária de

mulheres nas etapas iniciais, embora não haja maior participação de homens nas etapas

mais avançadas. Nessa amostra também é possível observar uma tendência de maior

participação de estudantes avançados, enquanto na amostra para a AEP a distribuição dos

participantes parece mais homogênea. A Figura 1 mostra a distribuição dos participantes de

acordo com o semestre acadêmico e o sexo nas duas amostras.

Figura 1.

Distribuição dos participantes nas duas amostras utilizadas de acordo com sexo e semestre

acadêmico.

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Instrumento

A descrição detalhada sobre o instrumento original pode ser obtida na parte deste

capítulo referente à realização da adaptação. A descrição detalhada sobre as características

psicométricas do instrumento adaptado pode ser verificada na seção de Resultados do

estudo de adaptação desta Tese.

Procedimentos

O projeto de pesquisa do presente estudo aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade São Francisco previu a existência de uma relação institucional

entre os participantes e o pesquisador. Portanto, os participantes foram assegurados quanto

à inexistência de obrigatoriedade do preenchimento do instrumento, bem como de que o

sigilo seria respeitado, não havendo quaisquer possibilidades de repercussão das suas

respostas ou decisão de não participação em relação a assuntos envolvendo a relação com a

instituição ou o desempenho em avaliações acadêmicas. A versão final do questionário

adaptado foi utilizada para a construção de uma ferramenta de coleta de dados via internet,

precedido do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Análise de dados

As evidências de validade utilizaram a análise de eixos principais e a análise por

meio da teoria de resposta ao item multidimensional. A análise de eixos principais utilizou

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rotação oblimin. O número de componentes foi determinado, em última análise, pelo

número de fatores do instrumento original, todavia, a análise paralela, o gráfico de

sedimentação (scree plot) e o percentual de variância explicada de cada fator foram

avaliados. A análise por meio de teoria de resposta ao item multidimensional utilizou o

modelo de resposta graduada de Samejima com estimação de parâmetros realizada pelo

método dos quadrados mínimos ponderados ajustados para média e variância (weighted

least squares adjusted for means and variances, WLSMV), assim como os modelos de

múltiplos indicadores e múltiplas causas (MIMIC). Para o estudo do grau de confiabilidade

das subescalas que compõem os dois instrumentos contidos no questionário, utilizou-se o

método da consistência interna, com o cálculo dos coeficientes de α de Cronbach, bem

como as estimativas de confiabilidade condicional (precisão local) obtidas; as funções de

informação de itens e construtos foram obtidas por meio da TRIM. O software empregado

para a realização da AEP e o cálculo dos coeficientes de α de Cronbach foi o SPSS 17

(IBM SPSS®, 2009). Para a análise por TRIM, para a confiabilidade condicional, para as

funções de informação e para e os modelos MIMIC foi utilizado o Mplus 7.2 (Muthén &

Muthén®, 2014).

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RESULTADOS

Tradução, síntese, tradução inversa e nova síntese do instrumento para a aplicação

piloto

As duas traduções diretas (T1 e T2), a síntese das traduções diretas (T12), as

traduções inversas (TI1 e TI2) e a versão utilizada no piloto podem ser comparadas no

Anexo IV. A primeira autora do instrumento original (Rogers, Creed, & Searle, 2009)

analisou o resultado do processo de adaptação e questionou algumas opções realizadas

pelos pesquisadores.

Uma das sugestões dos pesquisadores consistiu no pedido para a substituição da

expressão “locate valid and accurate information” por “localizar informações de boa

qualidade” na primeira síntese das traduções, porém, eles seguiram a recomendação de

Rogers e optaram pela tradução literal, a qual utilizou a expressão “localizar informações

válidas e precisas”.

No item “I have examined my interests, values, and abilities in detail to come up

with my goal of choosing a specialty” a autora do instrumento original frisou que o item

precisava refletir o processo de decisão sobre um objetivo de escolher uma especialidade e

não sobre alcançar esse objetivo. Em outras palavras, ela expressou sua preocupação para

que o item abordasse o processo de decisão sobre, o que é diferente de “alcançar um

objetivo”, o que tinha sido apontado nas traduções inversas.

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No item “Have good schools and educational opportunities for your children” a

autora do instrumento original apontou que a substituição do verbo “have” por “allow” na

tradução inversa não era apropriada, e que o verbo “provide” (“fornecer”) seria uma

alternativa possível.

Por meio de comunicação pessoal com a principal autora do instrumento original,

soube-se que sua intenção, nesse caso, era que o item refletisse os diferentes níveis de

facilidades que cada tipo de localidade de prática profissional oferecia. Na opinião de

Rogers, uma área rural poderia não ter boas escolas para as crianças dos profissionais

médicos e, por isso, eles teriam que enviá-las para outra cidade. Do mesmo modo, ela

reprovou a mudança do verbo “provide” no item “Provide you with support from

colleagues”, insistindo pela manutenção do verbo original.

No item “Decide what you value most in a practice location (e.g., resources and

facilities, support from colleagues, long-term relationships with patients, climate etc.)”, a

autora reprovou a mudança observada em uma das traduções reversas na qual o verbo

“decide” foi trocada pela expressão “think about”. Rogers não reprovou a opção tomada

pelos pesquisadores em utilizar o verbo “ponderar”.

No item “Allow you to pursue the leisure time activities or interests that you like”,

Rogers reprovou o uso do verbo “buscar” na tradução, o qual fora retraduzido para

“search”. Na nova síntese após as traduções inversas, os pesquisadores optaram por utilizar

o verbo “ter”, opção que fora sugerida por Rogers, no entanto, optou-se por desobedecer a

Rogers na adaptação do adjetivo “desired”. Outra preferência da autora principal do

instrumento original foi o uso do adjetivo “desejado”, mas os pesquisadores deste trabalho

optaram por substituí-lo pelas expressões “que deseja” ou “que você deseja”.

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Equivalência semântica

Em relação à análise de equivalência semântica quanto ao significado geral, houve

maior leniência por parte do Tradutor 2 em comparação com o Tradutor 1. A distribuição

das respostas dos Tradutores pode ser observada nas Tabelas 2 e 3, as quais permitem a

observação de maior grau de concordância dos especialistas quanto à equivalência da

tradução direta 2 (T2) do que na tradução direta 1 (T1).

Concomitantemente aos valores superiores de κ de Fleiss, α de Krippendorff e

coeficiente de correlação intraclasse apresentados pela T2 em ambas as partes do

instrumento, os itens e instruções da T2 tiveram seus significados gerais mais

frequentemente considerados como inalterados pelos juízes, o que sugere uma

superioridade da T2 em relação à T1, em termos de equivalência semântica em relação ao

instrumento original. Deve-se ressaltar a preferência da autora do instrumento original pela

tradução inversa 2 em sua avaliação, apesar de algumas correções sugeridas.

Em ambas as partes do instrumento, a maior parte dos itens foi classificada como

inalterada ou apenas parcialmente inalterada em relação ao significado geral. Em relação ao

significado referencial, apenas um item, “Fornecer satisfação no trabalho” (“Provide you

with work satisfaction” no instrumento original), apresentou equivalência de significado

referencial inferior a 70%, especificamente na Tradução 1. Em relação aos cabeçalhos de

instruções, apenas a orientação para os itens referentes ao construto “Expectativas de

resultados profissionais” na escolha da localidade de prática profissional também

apresentaram equivalência de significado referencial inferior a 70%, mas na Tradução 2.

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Tabela 2.

Equivalência semântica da parte do instrumento referente à escolha da especialidade.

Significado geral (ordinal)

Significado referencial (%)

Itens Tradução 1 Tradução 2 Tradução 1 Tradução 2

A1 A2 A1 A2 A1 A2 A1 A2

Quão confiante você está, neste momento da sua formação, para: IN IN PA PA 80 90 70 80

Escolher uma especialidade que irá atender às suas expectativas e metas. IN IN IN IN 90 90 90 90 Escolher uma especialidade que se adapte a sua personalidade (por exemplo, ser extrovertido/introvertido).

PA PA IN IN 90 80 100 95

Escolher uma especialidade que o permitirá ter o tipo de estilo de vida que você deseja.

IN IN IN IN 100 85 90 95

Escolher uma especialidade compatível com seus interesses e habilidades. PA PA PA PA 80 80 70 80 Decidir o que você está ou não disposto a sacrificar a fim de escolher uma especialidade.

PA PA IN IN 70 80 100 95

Decidir sobre o que você mais valoriza na carreira médica (por exemplo, relacionamento com os pacientes, prestígio, habilidades técnicas etc.).

PA PA IN IN 70 85 90 95

Localizar informações válidas e precisas para ajudá-lo a escolher entre especialidades igualmente desejáveis.

PA PA IN IN 90 80 100 95

Ao pensar sobre o tipo de especialidade que você está interessado (por exemplo, cirurgia, patologia, clínica geral) o quanto você espera, neste momento de sua formação, que sua escolha de especialidade irá:

PA PA IN IN 80 80 100 100

Ser intelectualmente estimulante. IN IN IN IN 100 100 100 100

Fornecer satisfação no trabalho. MA MA PA IN 50 60 85 95

Permitir interação com seus colegas. IN IN PA IN 100 85 90 95 Permiti-lo exercer as competências clínicas que melhor atendem às suas habilidades.

PA PA IN IN 100 80 100 100

Provê-lo com uma boa renda. PA IN IN IN 90 90 90 100

Permitir a você realizar um amplo espectro de trabalho. PA PA IN IN 90 90 100 100

Ser compatível com seus interesses. IN IN IN IN 100 100 100 100 Permitir atingir o sucesso profissional que você deseja. PA PA IN IN 90 75 100 100 Ao pensar sobre o tipo de especialidade que você está interessado (por exemplo, cirurgia, patologia, clínica geral) o quanto você espera neste momento de sua formação, que sua escolha de especialidade irá:

PA PA IN IN 70 80 100 100

Permitir que você trabalhe o número de horas que deseja IN PA IN IN 100 90 100 100

Permitir a você ter as atividades de lazer de que gosta. PA IN IN IN 90 85 90 90

Permitir que você tenha o equilíbrio entre trabalho e lazer que deseja. IN PA IN IN 100 85 100 85

Permitir que você tenha o estilo de vida que deseja. IN IN IN IN 100 85 100 100 Quando você pensa sobre o tipo de especialidade que você talvez escolha (por exemplo, radiologia, clínica geral, pediatria), indique se, neste momento de sua formação, você concorda ou discordadas afirmações a seguir:

PA IN IN IN 80 90 90 90

Eu tenho um conjunto claro de metas para o meu futuro no que diz respeito à escolha de uma especialidade.

IN IN IN IN 100 90 100 90

Eu tenho conversado com a (o) família/parceiro (a) sobre as minhas metas em relação à minha escolha de especialidade.

IN PA PA IN 100 80 80 90

Estou tomando as medidas necessárias para atingir minha meta de escolher uma especialidade.

IN IN IN IN 100 90 100 90

Eu tenho examinado os meus interesses, valores e habilidades detalhadamente para chegar à meta de escolher uma especialidade.

IN PA IN IN 100 80 90 90

Eu defini um prazo para tomar uma decisão sobre a minha escolha de especialidade.

PA PA IN IN 70 80 90 85

Eu estou recebendo muito apoio para atingir minha meta de escolher uma especialidade.

IN IN IN IN 100 100 100 100

κ de Fleiss 0,546 0,605

α de Krippendorff 0,554 0,612

Coeficiente de correlação intraclasse 0,664 0,799

A1 = Avaliador 1; A2 = Avaliador 2; IN = inalterado; PA = pouco alterado; MA = muito alterado.

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Tabela 3.

Equivalência semântica da parte do instrumento referente à escolha da localidade de prática

profissional.

Significado geral (ordinal)

Significado referencial (%)

Itens Tradução 1 Tradução 2 Tradução 1 Tradução 2

A1 A2 A1 A2 A1 A2 A1 A2

Quando você pensa sobre a localidade de prática profissional que você pode escolher (exemplo: capital, outro centro metropolitano, cidade regional / grande cidade, área rural / cidade pequena ou comunidade pequena / remota), o quanto você espera, neste momento da sua formação, que a sua escolha de localidade de prática profissional irá:

PA PA MA MA 80 80 60 65

Fornecer oportunidades para avanço profissional. PA IN PA PA 80 85 90 85

Permitir que você tenha o sucesso profissional desejado (por exemplo, renda, respeito). PA IN IN IN 80 85 100 90

Fornecer apoio de boa infraestrutura e pessoal disponível para você. PA IN IN IN 80 90 85 85

Permitir a você praticar competências clínicas que atendam suas habilidades. PA IN PA IN 80 85 80 90

Fornecer oportunidades de trabalho para o seu parceiro / cônjuge. IN IN IN IN 100 90 100 100

Fornecer boas escolas e oportunidades educacionais para suas crianças. PA PA IN IN 95 80 100 100

Fornecer o apoio de colegas. IN IN IN IN 100 95 95 95

Proporcioná-lo um bom rendimento. PA PA IN IN 90 80 100 100

Quão confiante você está neste momento de sua formação, para: PA PA IN IN 70 70 100 85

Escolher uma localidade de prática profissional compatível com seus interesses e habilidades. IN IN IN IN 90 90 90 95

Escolher uma localidade de prática profissional que irá atender às suas expectativas e metas. IN IN PA PA 90 90 90 80 Escolher uma localidade da prática profissional que o permitirá ter o estilo de vida que você deseja. PA PA PA PA 95 75 70 85

Decidir sobre o que você mais valoriza na localidade de prática profissional (p. ex. recursos e instalações, suporte dos colegas, relacionamentos de longa data com pacientes, ambiente etc.). IN IN IN IN 100 90 100 95

Eleger uma localidade da prática profissional a partir de uma lista de localidades em potencial. IN PA PA PA 100 75 60 85 Localizar informações válidas e precisas para ajudá-lo a escolher entre localidades de prática profissional igualmente desejáveis. PA PA PA PA 95 80 85 85

Decidir o que você está ou não disposto a sacrificar a fim de escolher uma localidade de prática profissional. PA PA IN IN 70 80 100 95

Quando você pensa sobre a localidade de prática profissional que você pode escolher (ex: capital, outro centro metropolitano, cidade regional/grande cidade, área rural/pequena cidade ou comunidade pequena/remota), indique se, nesse momento de sua formação, você concorda ou discorda das seguintes afirmações:

PA IN IN IN 90 85 100 95

Eu tenho um conjunto claro de metas para o meu futuro no que diz respeito à escolha de uma localidade de prática profissional. IN IN IN IN 100 95 100 95

Eu estou tomando as medidas necessárias para atingir minha meta de escolher uma localidade de prática profissional. IN IN PA IN 100 95 75 85

Eu defini um prazo para tomar uma decisão sobre a minha escolha de localidade de prática profissional. PA IN IN IN 70 90 100 95

Eu tenho conversado com a (o) família/parceiro (a) sobre as minhas metas em relação às minhas opções de localidade de prática profissional. PA PA IN IN 90 80 80 95

Eu estou recebendo muito apoio para atingir minha meta de escolher uma localidade de prática profissional. IN IN IN IN 100 90 100 90

Eu estou considerando cuidadosamente meus interesses e valores para chegar decisão sobre minha meta de escolher uma localidade de prática profissional. PA PA IN IN 70 80 100 95

Quando você pensa sobre a localidade da prática profissional que você pode escolher (ex.: capital, outro centro metropolitano, cidade regional/grande cidade, área rural/pequena cidade ou comunidade pequena/remota), o quanto você espera, nesse momento de sua formação, que a sua escolha de localidade de prática profissional irá:

PA PA PA IN 70 70 80 95

Permitir a você ter as atividades de lazer de que gosta. PA PA PA IN 90 85 80 95

Permitir que você tenha o estilo de vida que deseja. IN IN IN IN 100 75 90 85

Permitir que você tenha o equilíbrio desejado entre trabalho e lazer. IN IN IN IN 100 95 100 95

Ter os recursos e suporte que permitirão a você trabalhar o número de horas que você deseja. IN IN IN IN 100 80 90 95

κ de Fleiss 0,517 0,669

α de Krippendorff 0,526 0,674

Coeficiente de correlação intraclasse 0,509 0,723

A1 = Avaliador 1; A2 = Avaliador 2; IN = inalterado; PA = pouco alterado; MA = muito alterado.

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Análise semântica

A parte da análise teórica dos itens referente à análise semântica, realizada nas

entrevistas após a aplicação piloto na população-alvo de estudantes de medicina, de modo

geral, não revelou dúvidas quanto à compreensão do instrumento, nem tampouco um

número elevado de sugestões para aprimoramento dos itens e instruções. Quando

questionados a respeito de opções alternativas na redação de alguns itens, os estudantes

referiram preferir a redação constante no instrumento piloto, exceto por seis participantes

que se manifestaram em prol da modificação da expressão “estágio do seu treinamento”.

Todos os 30 participantes desta etapa do estudo foram inquiridos quanto à

compreensão de uma redação alternativa para essa instrução (“momento da sua formação”)

e foram unânimes em concordar que essa opção era mais adequada. Os estudantes referiram

que a palavra estágio evoca imediatamente a lembrança de estágios curriculares e

extracurriculares em serviços de saúde, o que, durante a aplicação do instrumento,

provocara a necessidade de reler o item e que poderia provocar eventuais problemas de

compreensão e ocasionar respostas que evocariam processos cognitivos distintos daqueles

almejados pelos pesquisadores.

Análise de juízes

Devido ao fato de que a estrutura do instrumento é composta de blocos compostos

por cabeçalhos de instruções e itens indissociáveis, a análise de juízes somente pôde ser

realizada para os blocos e não para os itens individualmente. Os juízes foram convidados a

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realizar a análise da pertinência dos itens aos construtos por meio de um instrumento

específico administrado via internet. Os resultados da análise dos juízes relativos à

pertinência dos blocos de itens aos construtos pretendidos foram favoráveis, os quais

mostraram elevado grau de concordância entre as respostas. Este resultado, per se, pode ser

considerado uma evidência de validade de conteúdo. O detalhamento das respostas dos

juízes pode ser observado nas Tabelas 4 e 5.

Tabela 4.

Análise de juízes para a parte do instrumento referente à escolha da especialidade.

Concordância dos juízes

Construto pretendido Juiz 1 Juiz 2 Juiz 3 Juiz 4 Juiz 5 Juiz 6 Juiz 7 Juiz 8 Juiz 9 Juiz 10

AEESP Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim

ERPESP Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Não Sim

EREVESP Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim

METESP Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim

κ de Fleiss = 0,805; α de Krippendorff = 0,800.

É possível observar na Tabela 4 que nenhum dos construtos obteve concordância

absoluta dos juízes quanto à pertinência dos conjuntos de itens aos construtos pretendidos,

na parte do instrumento relativa à escolha da especialidade. O construto com maior número

de negativas por parte dos juízes foi “Expectativas de resultado profissional para a escolha

da especialidade” (ERPESP), com duas respostas discordantes daquelas pretendidas pelos

pesquisadores. Devido ao elevado grau de concordância entre juízes e um pequeno número

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de discordâncias observadas, tanto o coeficiente κ de Fleiss quanto o α de Krippendorff

apresentaram valores elevados.

Tabela 5.

Análise de juízes para a parte do instrumento referente à escolha da localidade de prática

profissional.

Concordância dos juízes

Construto pretendido Juiz 1 Juiz 2 Juiz 3 Juiz 4 Juiz 5 Juiz 6 Juiz 7 Juiz 8 Juiz 9 Juiz 10

ERPLOC Não Sim Não Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim

AEELOC Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim

METLOC Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim

EREVLOC Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim

κ de Fleiss = 0,706; α de Krippendorff = 0,713.

A Tabela 5 mostra que apenas o construto “Expectativas de resultados relativos ao

estilo de vida para a escolha da localidade de prática profissional” apresentou total

concordância dos juízes quanto à pertinência dos itens ao construto. Os construtos

“Autoeficácia para a escolha da localidade de prática profissional” e “Metas para a escolha

da localidade de prática profissional” apresentaram uma discordância cada um, ambas com

o mesmo juiz.

O construto com o maior número de discordâncias foi “Expectativas de resultados

profissionais para a escolha da localidade de prática profissional”, com três respostas

negativas. Apesar do número maior de discordâncias em relação à parte do instrumento

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referente à escolha da especialidade, os coeficientes de κ de Fleiss e o α de Krippendorff

mantiveram-se satisfatórios.

Análise de eixos principais

A análise de eixos principais (AEP) foi conduzida em duas partes. Uma AEP foi

realizada para os 25 itens da parte do instrumento referente à escolha da especialidade e

outra AEP foi realizada para os 25 itens da parte do instrumento referente à escolha da

localidade de prática profissional. Para a extração, ambas as análises utilizaram a matriz de

correlações, e, para a rotação, o método oblimin, por conta da expectativa teórica em

relação à existência de correlações significativas entre os construtos estudados.

Escolha da especialidade

A medida de Kaiser-Meyer-Olkin verificou o nível de adequação amostral para a

análise (KMO = 0,854). A menor medida de adequação amostral para os itens obtida a

partida partir da matriz de correlações anti-imagem foi de 0,716, para o item “Ser

intelectualmente estimulante”, pertencente à dimensão “Expectativas de resultados

profissionais”. O teste de esfericidade de Bartlett indicou que as correlações entre os itens

são suficientes para a realização da análise [χ2 (300) = 2236,760; p < 0,001].

A análise mostrou que cinco componentes obedeceram ao critério de Kaiser do

autovalor (“eigenvalue”) maior que 1,0, todavia, apenas três componentes apresentaram

variância explicada maior que 5% e autovalores superiores aos autovalores da análise

paralela. Além disso, o gráfico de sedimentação sugere que o ponto de inflexão encontra-se

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no quarto componente, o que implicaria a ocorrência de apenas três fatores. O gráfico de

sedimentação pode ser observado na Figura 2. Apesar da divergência entre os critérios para

estabelecimento do número de componentes e o modelo teórico inicial, optou-se por manter

a solução com quatro componentes para fins de comparabilidade com o instrumento

original, o que resultou em 49,374% de variância explicada.

Figura 2. Gráfico de sedimentação para a parte do instrumento referente à escolha da

especialidade. Fonte: AEP sobre os dados brutos.

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Tabela 6.

Matriz de carregamento rotacionada da análise de eixos principais para a parte do

instrumento referente à escolha da especialidade, comunalidades dos itens (h2), autovalores

e percentuais de variância explicada.

Itens 1 2 3 4 h2

Escolher uma especialidade que irá atender às suas expectativas e metas.

0,667 0,694

Escolher uma especialidade que se adapte a sua personalidade (por exemplo, ser extrovertido/introvertido).

0,731 0,543

Escolher uma especialidade que o permitirá ter o tipo de estilo de vida que você deseja.

0,597 0,498

Escolher uma especialidade compatível com seus interesses e habilidades.

0,864 0,742

Decidir o que você está ou não disposto a sacrificar a fim de escolher uma especialidade.

0,705 0,595

Decidir sobre o que você mais valoriza na carreira médica (por exemplo, relacionamento com os pacientes, prestígio, habilidades técnicas, etc.)

0,614 0,462

Localizar informações válidas e precisas para ajudá-lo a escolher entre especialidades igualmente desejáveis.

0,548 0,474

Ser intelectualmente estimulante. 0,594 0,315Fornecer satisfação no trabalho. 0,621 0,500Permitir interação com seus colegas. 0,338 0,248Permiti-lo exercer as competências clínicas que melhor atendem às suas habilidades.

0,574 0,412

Provê-lo com uma boa renda. 0,470 0,285Permitir a você realizar um amplo espectro de trabalho. 0,556 0,399Ser compatível com seus interesses. 0,710 0,550Permitir atingir o sucesso profissional que você deseja. 0,669 0,531Permitir que você trabalhe o número de horas que deseja 0,764 0,581Permitir a você ter as atividades de lazer de que gosta. 0,924 0,845Permitir que você tenha o equilíbrio entre trabalho e lazer que deseja.

0,910 0,851

Permitir que você tenha o estilo de vida que deseja. 0,759 0,714Eu tenho um conjunto claro de metas para o meu futuro no que diz respeito à escolha de uma especialidade.

0,422 0,360

Eu tenho conversado com a (o) família/parceiro (a) sobre as minhas metas em relação à minha escolha de especialidade.

0,488 0,288

Estou tomando as medidas necessárias para atingir minha meta de escolher uma especialidade.

0,673 0,533

Eu tenho examinado os meus interesses, valores e habilidades detalhadamente para chegar à meta de escolher uma especialidade.

0,477 0,420

Eu defini um prazo para tomar uma decisão sobre a minha escolha de especialidade.

0,336 0,166

Eu estou recebendo muito apoio para atingir minha meta de escolher uma especialidade.

0,436 0,337

Variância explicada (%) 27,297 11,949 7,068 3,060 Autovalores 7,298 3,317 2,290 1,306 Carregamentos abaixo de 0,3 foram omitidos. Os dados omitidos podem ser obtidos por meio de contato com o autor.

A matriz rotacionada mostrou-se dentro das expectativas de carregamento dos itens

nos componentes previstos em larga medida. Carregamentos abaixo de 0,3 foram omitidos.

Apenas um item (“Permitir interação com seus colegas”) não carregou no fator esperado

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(“Expectativas de resultados profissionais referentes à escolha da especialidade”, ERPESP).

Em relação às comunalidades, treze itens apresentaram valores inferiores a 0,50. A matriz

rotacionada, as comunalidades dos itens, os autovalores, os percentuais de variância

explicada e os coeficientes de confiabilidade estimados pelo α de Cronbach para a parte do

instrumento relativa à escolha da especialidade podem ser observados na Tabela 6.

Escolha da localidade de prática profissional

A medida de Kaiser-Meyer-Olkin verificou o nível de adequação amostral para a

análise (KMO = 0,815). A menor medida de adequação amostral para os itens obtida a

partir da matriz de correlações anti-imagem foi de 0,676, para o item “Eu tenho discutido

meus objetivos em relação às opções do meu local de trabalho com minha

família/parceiro”, pertencente à dimensão “Metas”. O teste de esfericidade de Bartlett

indicou que as correlações entre os itens são suficientes para a realização da análise [χ2

(300) = 2206, 607; p < 0,001]. A análise mostrou que seis componentes obedeceram ao

critério de Kaiser do autovalor (“eigenvalue”) maior que 1,0. No entanto, apenas cinco

componentes tiveram variância explicada maior que 5% e autovalores superiores aos

autovalores da análise paralela. O gráfico de sedimentação mostrou dois pontos de inflexão,

no quarto e no sexto componente, o que poderia sugerir a ocorrência de apenas três fatores

ou de cinco fatores. O gráfico de sedimentação pode ser observado na Figura 3.

Considerando a divergência entre os critérios para estabelecimento do número de

componentes e o modelo teórico inicial, optou-se por manter a solução com quatro

componentes, o que resultou em 47,895% de variância explicada.

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Figura 3. Gráfico de sedimentação para a parte do instrumento referente à escolha da

localidade de prática profissional. Fonte: Análise de componentes principais sobre os dados

brutos.

A matriz rotacionada mostrou-se dentro das expectativas de carregamento de todos

os itens nos componentes previstos. Em relação às comunalidades após extração, treze itens

apresentaram valores inferiores a 0,50, da mesma forma que a parte do instrumento

referente à escolha da especialidade. A matriz de estrutura, as comunalidades dos itens, os

autovalores, os percentuais de variância explicada e os coeficientes de confiabilidade

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estimados pelo α de Cronbach para a parte do instrumento relativa à escolha da localidade

de prática profissional podem ser observados na Tabela 7.

Tabela 7.

Matriz de carregamento rotacionada da análise de eixos principais para a parte do

instrumento referente à escolha da localidade de prática profissional, comunalidades dos

itens (h2), autovalores e percentuais de variância explicada.

Item 1 2 3 4 h2

Escolher uma localidade de prática profissional compatível com seus interesses e habilidades.

0,731 0,572

Escolher uma localidade de prática profissional que irá atender às suas expectativas e metas.

0,779 0,633

Escolher uma localidade da prática profissional que o permitirá ter o estilo de vida que você deseja.

0,754 0,661

Decidir sobre o que você mais valoriza na localidade de prática profissional (p. ex. recursos e instalações, suporte dos colegas, relacionamentos de longa data com pacientes, ambiente, etc.).

0,707 0,528

Eleger uma localidade da prática profissional a partir de uma lista de localidades em potencial.

0,723 0,588

Localizar informações válidas e precisas para ajudá-lo a escolher entre localidades de prática profissional igualmente desejáveis.

0,722 0,577

Decidir o que você está ou não disposto a sacrificar a fim de escolher uma localidade de prática profissional.

0,574 0,420

Fornecer oportunidades para avanço profissional. -0,581 0,394Permitir que você tenha o sucesso profissional desejado (por exemplo, renda, respeito).

-0,524 0,350

Fornecer apoio de boa infraestrutura e pessoal disponível para você. -0,720 0,569Permitir a você praticar competências clínicas que atendam suas habilidades.

-0,511 0,269

Fornecer oportunidades de trabalho para o seu parceiro / cônjuge. -0,472 0,257Fornecer boas escolas e oportunidades educacionais para suas crianças.

-0,558 0,373

Fornecer o apoio de colegas. -0,619 0,378Proporcioná-lo um bom rendimento. -0,610 0,520Permitir a você ter as atividades de lazer de que gosta. 0,816 0,695Permitir que você tenha o estilo de vida que deseja. 0,856 0,790Permitir que você tenha o equilíbrio desejado entre trabalho e lazer. 0,909 0,834Ter os recursos e suporte que permitirão a você trabalhar o número de horas que você deseja.

0,524 0,385

Eu tenho um conjunto claro de metas para o meu futuro no que diz respeito à escolha de uma localidade de prática profissional.

0,439 0,287

Eu estou tomando as medidas necessárias para atingir minha meta de escolher uma localidade de prática profissional.

0,610 0,421

Eu defini um prazo para tomar uma decisão sobre a minha escolha de localidade de prática profissional.

0,362 0,212

Eu tenho conversado com a (o) família/parceiro (a) sobre as minhas metas em relação às minhas opções de localidade de prática profissional.

0,682 0,436

Eu estou recebendo muito apoio para atingir minha meta de escolher uma localidade de prática profissional.

0,664 0,504

Eu estou considerando cuidadosamente meus interesses e valores para chegar decisão sobre minha meta de escolher uma localidade de prática profissional.

0,492 0,321

Variância explicada (%) 26,139 10,570 6,590 4,597 Autovalores 7,011 3,093 2,107 1,673 Carregamentos abaixo de 0,3 foram omitidos. Os dados omitidos podem ser obtidos por meio de contato com o autor.

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Análise fatorial confirmatória pela teoria de resposta ao item multidimensional

Considerando o fato de que o carregamento dos itens na análise de componentes

principais ter obedecido ao padrão teoricamente esperado, com exceção de um item, e

levando em consideração os valores sub-ótimos de KMO, julgou-se oportuno realizar a

análise fatorial confirmatória (AFC) das duas partes do instrumento. Os testes de

Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk mostraram que a distribuição de todas as 50

variáveis observadas correspondentes aos itens do instrumento foram significativamente

diferentes da distribuição normal. Consequentemente, o coeficiente de Mardia indicou

violação do pressuposto da normalidade multivariada para a parte do instrumento referente

à escolha da especialidade (z = 43,557; p < 0,001) e também para a parte do instrumento

referente à escolha da localidade profissional (z = 49,424; p < 0,001).

Deve-se notar que as variáveis observadas são oriundas de uma escala Likert; e,

portanto, idealmente, deveriam ser tratadas como categóricas ordinais. Considerando ainda

que a violação ao pressuposto da normalidade multivariada pode resultar em índices de

bondade de ajuste artificialmente inflacionados (Tomarken & Waller, 2005), apesar de ter

havido a identificação do modelo na análise fatorial confirmatória clássica, optou-se por

não utilizá-la, mas sim a teoria de resposta ao item multidimensional (TRIM), considerada

um caso especial, probabilístico e não linear de AFC, igualmente útil na avaliação de

estruturas fatoriais latentes, a qual especifica as variáveis indicadoras como ordinais e

prescinde da distribuição normal para as variáveis observadas (Bollen, 2002; Embretson &

Reise, 2000; Glöckner-Rist & Hoijtink, 2003; Muthén, 2002; Osteen, 2010).

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100

Os índices de bondade de ajuste dos modelos multidimensionais foram comparados

com o modelo unidimensional para as duas partes do instrumento, separadamente. O

modelo multidimensional mostrou bondade de ajuste significativamente melhor que o

modelo unidimensional tanto para a escolha da especialidade quanto para a escolha da

localidade de prática profissional. As comparações dos índices de bondade de ajuste podem

ser observadas nas Tabelas 8 e 9.

Tabela 8.

Índices de bondade de ajuste da análise por TRIM da parte do instrumento referente à

escolha da especialidade.

Modelos χ2 df p χ 2/df CFI TLI RMSEA WRMR

Unidimensional 2308,470 275 <0,001 8,394 0,781 0,761 0,162 2,903

Teórico 529,269 269 <0,001 1,967 0,972 0,969 0,059 1,087

teste do qui-quadrado para diferença de ajuste de modelos estimados por WLSMV: χ2 (6) = 432,545; p < 0,001.

Os modelos teóricos multidimensionais propostos mostraram níveis elevados de

bondade de ajuste na maioria dos índices. O RMSEA, por exemplo, ficou abaixo do valor

recomendado de 0,08 (Browne & Cudek, 1993) tanto na escolha da especialidade como na

escolha da localidade de prática profissional. Todavia, é possível observar que os índices

foram mais favoráveis para a escolha da especialidade em todos os índices calculados. No

caso específico da escolha da localidade de prática profissional, o valor do CFI foi limítrofe

e o valor do TLI foi ligeiramente inferior ao desejável (> 0,95), conforme Hu e Bentler

(1999), ainda que acima do valor aceitável (> 0,90), conforme Bentler e Bonett (1980). Os

valores de χ2/df também foram superiores para a escolha da especialidade, sendo que para a

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101

escolha da localidade de prática profissional o valor excedeu o limite desejável de 2,0

(Ullman, 2001). Uma exceção aos resultados majoritariamente favoráveis ocorreu no

WRMR, para o qual as duas partes do instrumento apresentaram índices acima do limiar

desejável de 1,0 (Hu & Bentler, 1999).

Tabela 9.

Índices de bondade de ajuste da análise por TRIM da parte do instrumento referente à

escolha da localidade de prática profissional.

Modelos χ 2 df p χ 2/df CFI TLI RMSEA WRMR

Unidimensional 2210,216 275 <0,001 8,037 0,777 0,757 0,159 2,791

Teórico 699,431 269 <0,001 2,600 0,950 0,945 0,076 1,346

teste do qui-quadrado para diferença de ajuste de modelos estimados por WLSMV: χ2 (6) = 424,048; p < 0,001.

No modelo de AFC por TRIM utilizado neste estudo, todas as regressões entre variáveis

observadas e latentes também foram significativas, bicaudalmente, com p < 0,001. Os

diagramas com as estruturas fatoriais das duas partes do instrumento podem ser observados

nas Figuras 4 e 5. Nas duas partes do instrumento é possível observar a preponderância da

autoeficácia (AEESP e AELOC) sobre os demais construtos na regressão para os construtos

referentes a metas (METESP e METLOC), ainda que o coeficiente tenha sido

consideravelmente superior na escolha da especialidade em comparação com a escolha da

localidade de prática.

As expectativas de resultados profissionais (ERPESP e ERPLOC) apresentaram os

menores coeficientes de regressão para metas em ambos os casos, com valores de p

superiores a 0,05. Os coeficientes de regressão das expectativas de resultado referentes ao

estilo de vida (EREVESP e EREVLOC) para metas (METESP e METLOC) apresentaram

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valores de p inferiores a 0,05, porém com magnitude de efeito consideravelmente menor

que a autoeficácia em ambos os casos.

Figura 4. Diagrama da estrutura fatorial da parte do instrumento referente à escolha da

especialidade. Fonte: Análise por TRIM sobre os dados brutos.

Houve correlação significativa entre as expectativas de resultado referentes ao estilo de

vida e as expectativas de resultado profissional tanto na escolha da especialidade quanto na

escolha da localidade de prática profissional. Nas duas partes do instrumento, os

coeficientes de regressão da autoeficácia (AEESP e AELOC) também foram significativos

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103

tanto para as expectativas de resultados profissionais (ERPESP e ERPLOC) quanto para as

expectativas de resultado referentes ao estilo de vida (EREVESP e EREVLOC).

Figura 5. Diagrama da estrutura fatorial da parte do instrumento referente à escolha da

localidade de prática profissional. Fonte: Análise por TRIM dos dados brutos.

Confiabilidade

O estudo a respeito da confiabilidade do instrumento adaptado utilizou três

métodos: o cálculo de coeficientes de α de Cronbach, a utilização da confiabilidade

condicional, também conhecida como precisão local, e, finalmente, o emprego de funções

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de informação para construtos e itens. Os coeficientes de α de Cronbach foram calculados a

partir da amostra utilizada na análise de eixos principais (AEP). As demais estimativas de

confiabilidade empregaram a mesma amostra utilizada para a análise pela teoria de resposta

ao item multidimensional (TRIM).

Todos os construtos obtiveram coeficientes de α de Cronbach superiores a 0,7. Este

achado é indicativo de um nível adequado de confiabilidade para todos os construtos.

Apenas o construto “Expectativas de resultado referentes ao estilo de vida” apresentou um

coeficiente superior a 0,9. Os coeficientes de α de Cronbach obtidos no estudo podem ser

observados na Tabela 10.

Tabela 10.

Confiabilidade estimada dos construtos mensurados por meio dos coeficientes de α de

Cronbach.

Construtos Especialidade Localidade de prática profissional

Autoeficácia 0,891 0,896

Expectativas de resultados profissionais 0,789 0,804

Expectativas de resultados referentes ao estilo de vida 0,906 0,860

Metas 0,705 0,744

A análise da confiabilidade condicional, também denominada precisão local,

proporcionada pela TRIM, revelou coeficientes individuais de confiabilidade adequados

para a maior parte dos escores latentes na maioria parte das subescalas, com exceção da

variável latente METESP, que apresentou coeficientes abaixo de 0,6 em todo o espectro de

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105

escore latente. A confiabilidade condicional dos escores latentes pode ser observada nas

Figuras 6 e 7.

Figura 5. Confiabilidade condicional estimada para as variáveis latentes da parte do

instrumento referente à escolha da especialidade. Fonte: Funções de informação da análise

por TRIM sobre os dados brutos.

Tanto para a escolha da especialidade quanto para a escolha da localidade de prática

profissional, todas as variáveis latentes mostraram uma tendência de redução das

estimativas de precisão para os escores mais elevados. Apesar disso, os valores de precisão

local permaneceram relativamente elevados na maior parte do espectro latente. As variáveis

latentes que apresentaram uma redução mais precoce da precisão local, isto é, com valores

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de escore latente menores, foram as expectativas de resultado profissional, em ambas as

partes do instrumento.

Figura 6. Confiabilidade condicional estimada para as variáveis latentes do instrumento

sobre a escolha da localidade de prática profissional. Fonte: Funções de informação da

análise por TRIM sobre os dados brutos.

Como são inversas às funções de erro padrão de medida, as funções de informação

também permitem realizar inferências quanto à confiabilidade, bem como a própria

realização do cálculo da confiabilidade condicional. Foram obtidas curvas para a função de

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107

informação de todas as variáveis latentes, bem como para todos os itens do instrumento, as

quais serão mostradas e comentadas nas páginas a seguir.

Figura 8. Funções de informação dos itens da variável latente AEESP. Fonte: Análise

por teoria de resposta ao item multidimensional dos dados brutos.

No caso da variável latente “Autoeficácia para a escolha da especialidade”

(AEESP), os itens mais informativos foram “Escolher uma especialidade que irá atender

suas expectativas e metas” e “Escolher uma especialidade que combine com seus interesses

e habilidades”. O item menos informativo foi “Localizar informações válidas e precisas

para ajudá-lo a escolher entre especialidades igualmente desejáveis”, todavia, esse item

fornece informação sobre uma área mais ampla do espectro latente do que outros itens, o

que justifica sua contribuição para a estabilidade da confiabilidade condicional observada

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nesse construto. As Figuras 8 e 9 mostram as funções de informação dos itens referentes à

“Autoeficácia para a escolha da especialidade” (AEESP) e do próprio construto,

respectivamente.

Figura 9. Função de informação da variável latente AEESP. Fonte: Análise por TRIM

sobre os dados brutos.

No caso da variável latente “Expectativas de resultado profissional para a escolha da

especialidade” (ERPESP), o item mais informativo foi “Ser compatível com seus

interesses”. Nota-se que neste item a curva da função de informação é multimodal. Em

seguida, os itens mais informativos para esse construto foram “Provê-lo com satisfação no

trabalho” e “Permitir a você conquistar o sucesso profissional desejado”.

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Figura 10. Funções de informação dos itens da variável latente ERPESP. Fonte: Análise por

TRIM sobre os dados brutos.

Todos os demais itens foram visivelmente menos informativos, porém com uma

maior área de abrangência sobre o espectro de escores latentes. Na Figura 9 é possível

observar a função de informação dos itens do construto ERPESP.

A função de informação da variável latente ERPESP apresentou um aspecto

multimodal. A multimodalidade observada nessa curva de informação possivelmente é

oriunda do impacto da multimodalidade da informação observada no item “Ser compatível

com seus interesses”. O impacto da multimodalidade de informação desse item na função

de informação da variável latente ERPESP pode ser verificado na Figura 11.

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Figura 11. Função de informação da variável latente ERPESP. Fonte: Análise por TRIM

sobre os dados brutos.

Para a variável latente “Expectativas de resultado referentes ao estilo de vida para a

escolha da especialidade” (EREVESP), o item “Permitir que você tenha o equilíbrio entre

trabalho e lazer que deseja” mostrou-se o mais informativo, com distribuição

pronunciadamente multimodal. O item “Permitir que você trabalhe o número de horas que

deseja” foi o menos informativo. É possível observar as funções de informação dos itens da

variável latente EREVESP na Figura 12.

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Figura 12. Funções de informação dos itens da variável latente EREVESP. Fonte:

Análise por TRIM sobre os dados brutos.

A função de informação da variável latente EREVESP sofreu impacto da

multimodalidade do item mais informativo (“Permitir que você tenha o equilíbrio entre

trabalho e lazer que deseja”), do mesmo modo que ocorreu em outros construtos. O impacto

dos itens mais informativos sobre a curva da função de informação da variável latente pode

ser observado na Figura 13.

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Figura 13. Função de informação da variável latente EREVESP. Fonte: Análise por

TRIM sobre os dados brutos.

Para a variável latente “Metas para a escolha da especialidade” (METESP), o item

mais informativo foi “Eu tenho examinado os meus interesses, valores e habilidades em

detalhes para tomar uma decisão sobre minha meta de escolher uma especialidade”. O item

menos informativo foi o “Eu estabeleci um prazo para tomar uma decisão sobre a minha

escolha de especialidade”; contudo, deve-se notar que esse item abrange uma área maior à

direita do espectro latente em comparação com os demais itens. É possível observar as

funções de informação dos itens da variável latente METESP na Figura 14.

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Figura 14. Funções de informação dos itens da variável latente METESP. Fonte: Análise

por TRIM sobre os dados brutos.

O construto METESP foi o que atingiu os menores índices de confiabilidade dentre

os construtos referentes à escolha da especialidade, tanto por meio do α de Cronbach

quanto por meio da confiabilidade condicional. De forma consonante com esses achados,

este construto foi o que apresentou os menores níveis de informação em comparação com

os demais construtos da parte do instrumento dedicada à escolha da especialidade. A Figura

15 mostra a função de informação da variável latente METESP.

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.

Figura 15. Função de informação da variável latente METESP. Fonte: Análise por

TRIM sobre os dados brutos.

Em relação ao construto “Autoeficácia para a escolha da localidade de prática

profissional” (AELOC), os dois itens mais informativos foram “Escolher uma localidade de

prática profissional que irá atender às suas expectativas e aos seus objetivos” e “Escolher

uma localidade de prática profissional compatível com seus interesses e habilidades”, nesta

ordem, ambos com distribuição multimodal. Todos os demais itens do construto AELOC

foram visivelmente menos informativos e suas funções de informação apresentaram

padrões similares, como é possível observar na Figura 16.

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115

Figura 16. Funções de informação dos itens da variável latente AELOC. Fonte: Análise

por TRIM sobre os dados brutos.

Na Figura 17 pode ser observada a curva de informação resultante para o construto

AELOC. A curva de informação de AELOC revela o impacto da multimodalidade dos itens

mais informativos do construto, resultando também em uma curva multimodal, conforme já

fora demonstrado no construto EREVESP. É interessante notar que a curva da função de

informação apresenta um “vale” considerável, próximo ao zero da escala theta.

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116

Figura 17. Função de informação da variável AELOC. Fonte: Análise por TRIM sobre

os dados brutos.

Em relação ao construto “Expectativas de resultado profissional para a escolha da

localidade de prática profissional” (ERPLOC), o item mais informativo foi “Proporcioná-lo

um bom rendimento”, com distribuição bimodal. O item menos informativo foi “Fornecer

oportunidades de trabalho para o seu parceiro / cônjuge”. Na Figura 18 é possível observar

as curvas de informação dos itens da variável latente ERPLOC.

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117

Figura 18. Funções de informação dos itens da variável latente ERPLOC. Fonte: Análise

por TRIM sobre os dados brutos.

A Figura 19 mostra a curva da função de informação para a variável latente

ERPLOC. Nesse caso, a ausência de multimodalidade nas curvas de informação dos itens

mais informativos também se refletiu no caráter unimodal observado na curva da função de

informação desse construto.

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118

Figura 19. Função de informação da variável ERPLOC. Fonte: Análise por TRIM sobre

os dados brutos.

Em relação à variável latente “Expectativas de resultado referentes ao estilo de

vida” (EREVLOC), os itens mais informativos foram “Permitir que você tenha o estilo de

vida que deseja” e “Permitir que você tenha o equilíbrio entre trabalho e lazer que deseja”,

nessa ordem. O item menos informativo foi “Ter os recursos e suporte que permitirão a

você trabalhar o número de horas que você deseja”. A Figura 20 mostra as curvas de

informação dos itens pertencentes ao construto EREVLOC.

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119

Figura 20. Funções de informação dos itens da variável latente EREVLOC. Fonte:

Análise por TRIM sobre os dados brutos.

A Figura 21 mostra a curva de informação resultante para a variável latente

EREVLOC. Nessa curva, é possível observar certa tendência à bimodalidade, devido aos

itens mais informativos (“Permitir que você tenha o estilo de vida que deseja” e “Permitir

que você tenha o equilíbrio entre trabalho e lazer que deseja”), conforme mostrado,

anteriormente, na Figura 20.

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120

Figura 21. Função de informação da variável latente EREVLOC. Fonte: Análise por

TRIM sobre os dados brutos.

No caso do construto “Metas para a escolha da localidade de prática profissional”

(METLOC), os itens mais informativos foram “Eu estou tomando os passos necessários

para atingir o meu objetivo da escolha de uma localidade da prática profissional” e “Eu

estou considerando cuidadosamente meus interesses e valores para chegar ao meu objetivo

da escolha de uma localidade de prática profissional”. O item menos informativo foi “Eu

tenho conversado com a (o) família/parceiro (a) sobre meus objetivos em relação às opções

de localidade de prática profissional”. A Figura 22 mostra as curvas de informação dos

itens pertencentes ao construto METLOC.

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121

Figura 22. Funções de informação dos itens da variável latente METLOC. Fonte:

Análise por TRIM sobre os dados brutos.

Da mesma forma que ocorrera na parte do instrumento referente à escolha da

especialidade, o construto “Metas” foi o menos informativo em comparação com os

demais. Considerando a parte do instrumento referente à escolha da localidade de prática

profissional, essa observação converge com os resultados obtidos em termos de

confiabilidade estimada pelos coeficientes de α de Cronbach, mas não em termos de

confiabilidade condicional, na qual o construto “Expectativas de resultados profissionais”

apresentou um desempenho ligeiramente inferior. A Figura 23 mostra a curva de

informação resultante para a variável latente METLOC.

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Figura 23. Função de informação da variável latente METLOC. Fonte: Análise por

TRIM sobre os dados brutos.

Influência de covariáveis e invariância de mensuração

Os modelos MIMIC permitem o estudo do impacto de covariáveis em termos de

invariância de mensuração (funcionamento diferencial do item) e níveis dos construtos

(Joreskog & Goldberger, 1975; Finch, 2005; Woods, 2009). Neste estudo, os modelos

MIMIC foram empregados para o estudo do sexo e do semestre acadêmico como

covariáveis.

Os modelos MIMIC com sexo como covariável mostraram índices de bondade de

ajuste similares ao modelo teórico tanto para a escolha da especialidade quanto para a

escolha da localidade de prática profissional. Na comparação entre o modelo teórico inicial

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e o modelo MIMIC com sexo como covariável, o valor de ∆CFI foi igual a 0,000 para a

escolha da especialidade e 0,003 para a escolha da localidade de prática profissional. Tais

resultados sugerem a existência de invariância de mensuração do instrumento em relação ao

sexo. Para todos os itens, os índices de modificação obtidos no modelo MIMIC foram

inferiores a 10, uma evidência adicional que indica a inexistência de funcionamento

diferencial dos itens do instrumento em relação ao sexo. Na Tabela 11 é possível comparar

os índices de bondade de ajuste entre os modelos teóricos iniciais e os modelos MIMIC

para sexo.

Tabela 11.

Índices de bondade de ajuste para os modelos teóricos iniciais e os respectivos modelos

MIMIC com sexo como covariável.

Modelos χ2 df p χ 2/df CFI TLI RMSEA WRMR

Especialidade

Teórico 529,269 269 <0,001 1,967 0,972 0,969 0,059 1,087

MIMIC (Sexo) * 555,453 290 <0,001 1,915 0,972 0,969 0,057 1,069

Localidade de prática

Teórico 699,431 269 <0,001 2,600 0,950 0,945 0,076 1,346

MIMIC (Sexo) * 735,237 290 <0,001 2,535 0,947 0,941 0,075 1,324

*Nenhum índice de modificação referente à regressão entre itens e sexo foi superior a 10 no modelo MIMIC.

O grau de influência do sexo sobre os construtos também foi estimado por meio da

utilização dos modelos MIMIC. Para os construtos referentes à escolha da especialidade,

nenhum dos coeficientes de regressão com o sexo foi significativo. Todavia, para a escolha

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da localidade de prática profissional, dois construtos tiveram coeficientes de regressão

significativos.

Apesar da magnitude do efeito ser baixa, com coeficiente de regressão inferior a

0,3, o sexo feminino foi significativamente associado a níveis maiores do construto

expectativas de resultados profissionais. O sexo feminino também foi significativamente

associado a níveis inferiores no construto metas; todavia, nesse caso, o coeficiente de

regressão foi ligeiramente superior a 0,3. Os coeficientes de regressão dos modelos MIMIC

para o sexo feminino podem ser observados na Tabela 12.

Tabela 12.

Coeficientes de regressão dos modelos MIMIC para o sexo feminino.

Construtos Especialidade Local de prática

profissional

Coeficiente p Coeficiente p

Autoeficácia -0,166 0,198 -0,219 0,085

Expectativas de resultados profissionais 0,208 0,151 0,279 0,019

Expectativas de resultado referente ao estilo de vida -0,017 0,894 0,016 0,903

Metas -0,086 0,551 -0,301 0,016

Em relação ao semestre acadêmico como covariável, a utilização do modelo MIMIC

evidenciou índices de bondade de ajuste similares ao modelo teórico inicial tanto para a

escolha da especialidade quanto para a escolha da localidade de prática profissional. Na

comparação entre o modelo teórico inicial e o modelo MIMIC com semestre acadêmico

como covariável, o valor de ∆CFI foi igual a 0,000 para a escolha da especialidade e 0,001

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para a escolha da localidade de prática profissional. Tais resultados sugerem a existência de

invariância de mensuração para o sexo. Para todos os itens, os índices de modificação

obtidos no modelo MIMIC foram inferiores a 10, uma evidência adicional que indica a

inexistência de funcionamento diferencial dos itens do instrumento em relação ao semestre

acadêmico. Na Tabela 13 é possível observar a comparação entre os índices de bondade de

ajuste entre os modelos teóricos iniciais e os modelos MIMIC para o semestre acadêmico.

Tabela 13.

Índices de bondade de ajuste para os modelos teóricos iniciais e os respectivos modelos

MIMIC com semestre acadêmico como covariável.

Modelos χ2 df p χ 2/df CFI TLI RMSEA WRMR

Especialidade

Teórico 529,269 269 <0,001 1,967 0,972 0,969 0,059 1,087

MIMIC (Semestre) * 553,356 290 <0,001 1,908 0,972 0,969 0,057 1,068

Localidade de prática

Teórico 699,431 269 <0,001 2,600 0,950 0,945 0,076 1,346

MIMIC (Semestre) * 736,095 290 <0,001 2,538 0,949 0,943 0,075 1,324

*Nenhum índice de modificação referente à regressão entre itens e sexo foi superior a 10 no modelo MIMIC.

O grau de influência do semestre acadêmico sobre os construtos também foi

estimado por meio da utilização dos modelos MIMIC. Os coeficientes apontaram baixa

magnitude de efeito do semestre acadêmico sobre todos os construtos, com valores abaixo

de 0,1. Entretanto, deve-se ressaltar que tais coeficientes foram significativos para

autoeficácia e metas, tanto para a escolha da especialidade quanto para a localidade de

prática profissional. Esse resultado sugere um pequeno, porém significativo aumento dos

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níveis desses construtos ao longo do curso de graduação em Medicina. A Tabela 14 mostra

os coeficientes de regressão dos modelos MIMIC para o semestre acadêmico.

Tabela 14.

Coeficientes de regressão dos modelos MIMIC para o semestre acadêmico.

Construtos Especialidade Local de prática

profissional

Coeficiente p Coeficiente p

Autoeficácia 0,072 <0,001 0,058 0,003

Expectativas de resultados profissionais -0,016 0,464 -0,013 0,564

Expectativas de resultado referente ao estilo de vida 0,011 0,605 -0,038 0,123

Metas 0,079 <0,001 0,087 <0,001

Em suma, o emprego de modelos MIMIC revelou uma baixa magnitude de efeito de

sexo e etapa sobre os níveis dos construtos, na maior parte dos casos, de modo não

significativo. A comparação entre os índices de bondade de ajuste, particularmente o CFI, e

a inexistência de itens com índices de modificação acima de 10 são indicativos de

invariância de mensuração.

* * *

Pode-se dizer que a descrição dos resultados apresentados teve um caráter sintético.

Determinados resultados obtidos, como as curvas características dos itens e os limiares das

categorias para os itens politômicos, por exemplo, foram omitidas por motivos de concisão.

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127

Os detalhes pormenorizados do processo de adaptação também foram omitidos pelo mesmo

motivo, sendo descritas apenas as divergências e soluções adotadas que tiveram maior

relevância para a operacionalização da medida. Apesar disso, é possível afirmar que os

objetivos almejados por este trabalho foram satisfatoriamente alcançados, nominalmente a

adaptação do instrumento de Rogers, Creed e Searle (2010) e a obtenção de diversas

evidências de validade para o instrumento adaptado. Na próxima seção da Tese, tais

resultados serão discutidos à luz da literatura recuperada.

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128

DISCUSSÃO

Nesta seção, pretende-se discorrer sobre os principais resultados obtidos no

trabalho, à luz das expectativas oriundas de estudos teóricos e empíricos. Todavia, a

relativa escassez de estudos sobre o impacto da autoeficácia, das expectativas de resultado e

de metas sobre as escolhas profissionais de futuros médicos, bem como a inexistência de

estudos de adaptação do instrumento utilizado em outras línguas, naturalmente limita

sobremaneira a devida e esperada comparação dos resultados obtidos com a literatura.

Contudo, deve-se mencionar que houve o justificado interesse na realização dessa tarefa,

não apenas motivado pela falta de estudos sobre o impacto de construtos sociocognitivos

sobre as escolhas de carreira de estudantes de Medicina, mas principalmente pela

necessidade e possibilidade do uso de um instrumento de avaliação, com potencial indireto

de emprego em esforços que procurem dirimir a má distribuição geográfica de médicos no

Brasil.

O elevado nível de concordância entre avaliadores quanto à equivalência do

significado geral e referencial das traduções foi indicativo do grau de equivalência

semântica obtido pelo processo de adaptação do instrumento. A análise teórica dos itens,

incluindo a análise semântica por meio da aplicação piloto, e o elevado grau de

concordância observado na análise de juízes trazem evidências adicionais de equivalência

semântica. Todavia, deve-se ressaltar que não há consenso na literatura sobre as etapas para

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129

a adaptação transcultural de instrumentos de avaliação (Van de Vijver & Hambleton, 1996;

AERA, APA & NCME, 1999; Hambleton, 2001; Borsa, Damásio & Bandeira, 2012).

Pode-se dizer que os estudos de validade em termos de estrutura interna que foram

realizados por meio da análise de eixos principais e, com menor nível de comparabilidade,

por meio da análise da teoria de resposta ao item multidimensional, apresentaram elevado

grau de convergência com os resultados obtidos no estudo de desenvolvimento e evidências

de validade do instrumento original de Rogers, Creed e Searle (2009). Com exceção de

apenas um item, a estrutura fatorial obtida neste trabalho obedeceu à mesma estrutura

fatorial observada no estudo original do instrumento, na análise de eixos principais.

A análise por meio da teoria de resposta ao item multidimensional, a qual permite

fixar a variância em 1,0 e considerar as variáveis indicadoras como categóricas, mostrou

elevado grau de bondade de ajuste para as duas partes do instrumento. Apesar da cautela

necessária quanto ao uso de índices de bondade de ajuste como evidências de validade

(Tomarken & Waller, 2005), os resultados positivos podem ser interpretados, em conjunto

com os demais achados, evidências de validade adicionais em termos de estrutura interna

do instrumento adaptado.

De modo geral, os níveis de confiabilidade das oito dimensões estudadas nas duas

partes do instrumento foram similares ao estudo original. No presente estudo, a

confiabilidade estimada para as dimensões mensuradas foi adequada tanto em termos de α

de Cronbach quanto em termos de precisão local (confiabilidade condicional). As funções

de informação dos itens permitiram identificar itens que contribuíram tanto positiva quanto

negativamente para a confiabilidade da mensuração dos construtos que foi operacionalizada

pelo instrumento adaptado.

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130

Os resultados dos modelos MIMIC trouxeram evidências de validade em termos de

invariância de mensuração para as duas partes do instrumento em termos de sexo e

semestre acadêmico. Além disso, os modelos MIMIC detectaram que, apesar de algumas

relações de regressão dos construtos com sexo e semestre acadêmico serem significativas, a

magnitude de efeito é baixa, tendo em vista os valores dos coeficientes estimados. Desse

modo, é possível afirmar que o emprego dos modelos MIMIC ajuda a minimizar as

preocupações referentes à instabilidade temporal das preferências e interesses dos

estudantes, ao longo do curso de graduação (Babbott, Baldwin Jr., Jolly. & Williams, 1988;

Geertsma & Grinols, 1972; Goldacre & Lambert, 2000; Last & Stanley, 1968; Manuel,

Borges, & Jones, 2009; Scott, Gowans, Wright, & Brenneis, 2012; Zeldow, Preston, &

Daugherty, 1992).

Em termos da utilização deste trabalho como evidência empírica da robustez da

TSCDC, deve-se enfatizar que os resultados obtidos corroboram o modelo teórico da

TSCDC em larga medida. Tal inferência pode ser realizada tendo em vista a

preponderância da autoeficácia no modelo teórico testado, o que foi constatável por meio

do percentual de variância explicada nas duas partes do instrumento e da magnitude dos

coeficientes de regressão da autoeficácia sobre os demais construtos. O caráter

preponderante da autoeficácia observado neste estudo remete às observações iniciais de

Bandura (1977, 1986), bem como à TSCDC (Lent, Brown & Hackett, 1994, 2002) e aos

resultados obtidos em estudos empíricos mais recentes, como o de Vieira (2012).

Os resultados também corroboraram a robustez dos postulados no referencial

teórico da TSCDC. Além disso, é possível afirmar que os achados obtidos neste estudo

apontam para uma adequada operacionalização da medida por meio do instrumento

adaptado. Todavia, na TSCDC destacam-se diversas hipóteses quanto a certos

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131

determinantes cognitivos e comportamentais para a construção de três modelos: o de

interesse, o de escolha e o de desempenho na carreira. Para Lent, Brown e Hackett (1994),

tais modelos devem ser compreendidos de forma integrada, como construções em

desenvolvimento, sujeitos ao escrutínio empírico.

Pode-se afirmar que Lent, Brown e Hackett (1994) se mantiveram fiéis às propostas

de reciprocidade triádica, no papel atribuído aos processos sociocognitivos na determinação

de comportamentos e aos processos de aprendizagem, por meio dos quais os mesmos são

adquiridos e modificados. Todavia, Vieira (2012) considera que a divisão em três modelos

consiste numa distinção um tanto artificial e, em seu trabalho, a autora utilizou-se de certa

liberdade que não estava presente no modelo proposto originalmente por Lent, Brown e

Hackett (1994), ao propor uma abordagem mais integrativa.

Para a Vieira (2012), é possível afirmar que Betz (2000) tenha sido mais fiel ao

modelo teórico básico de Bandura ao relacionar a autoeficácia no processo de escolha de

carreira aos comportamentos de evitação, aproximação e persistência, bem como a

qualidade dos desempenhos realizados. No entanto, deve-se considerar que Lent, Brown e

Hackett (1994) afirmam que seus modelos teóricos obedecem ao princípio da reciprocidade

triádica e, portanto, reconhecem que, ao longo do curso do desenvolvimento, os fatores

pessoais, comportamentais e contextuais tendem a influenciar uns aos outros de modo

bidirecional. Do mesmo modo, admitem que em um dado momento no tempo, ou para

indivíduos em particular ao longo do tempo, certas variáveis terão um peso causal

diferencial, como por exemplo, a relação da extrema pobreza sobre o leque de opções de

escolha de carreira, em parte devido ao impacto das condições socioeconômicas sobre as

oportunidades de aprendizagem.

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132

Em relação ao referencial teórico, cabe tecer alguns comentários adicionais. Uma

das principais implicações da TSCDC ocorre no campo das intervenções que procuram

otimizar o desenvolvimento dos interesses e competências relativos à carreira ou à vida

acadêmica, com potencial impacto positivo no desenvolvimento de carreira,

particularmente no que se refere ao fomento de crenças de autoeficácia (Lent, Brown &

Hackett, 2002; Turan, Valcke, Aper, Koole & Derese, 2013). A aplicação dos conceitos

oriundos da TSCDC também fornece ferramentas para a prevenção de dificuldades

relacionadas à carreira, antes da entrada no mercado de trabalho, e no aconselhamento de

pessoas que manifestem problemas com a escolha de carreira ou de ajuste (Lent, Brown &

Hackett, 2002).

Todavia, em termos de possíveis desvantagens da TSCDC, pode-se apontar

principalmente a ausência de uma medida abrangente da personalidade como um fator

pessoal (Armstrong & Vogel, 2009). Em estudos como os de Nauta (2004, 2007) é possível

inferir que há, ainda que parcialmente, sobreposições entre AE, personalidade e interesses

profissionais. Contudo, a magnitude de tais sobreposições não parece ser suficiente para

que se impeça a distinção de construtos e de papéis dos mesmos na formação de interesses

(Rottinghaus et al., 2002, 2003).

Em termos de evidências empíricas, deve-se mencionar ainda a pouca exploração do

papel das experiências de aprendizagem na TSCDC, bem como o foco talvez

involuntariamente excessivo das evidências existentes sobre a autoeficácia e sobre a

TSCDC, nas atividades relacionadas à matemática e às ciências (Betz & Hackett, 1983;

Fouad & Smith, 1996; Lent, Lopez & Bieschke, 1991; Navarro, Flores & Worthington,

2007). Pode-se afirmar que a TSCDC ainda é uma teoria jovem, para a qual ainda são

limitadas as evidências sobre sua aplicabilidade em atividades distintas, o que ainda pode

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133

ser considerado um fator limitante para a generalização da teoria para outros domínios do

conhecimento e atividades.

Apesar da preponderância da autoeficácia observada no estudo ser consonante com

a literatura, pode-se considerar questionável a opção dos autores do instrumento original

pela operacionalização da medida com uma divisão do construto expectativas de resultado

em duas dimensões distintas. Igualmente merecedor de cautela é o fato de que o coeficiente

de regressão sobre metas foi significativo apenas para “Expectativas de resultado em

relação ao estilo de vida” e não para “Expectativas de resultados profissionais”.

É interessante notar, contudo, que, apesar de constatadas em ambas as partes do

instrumento regressões significativas das dimensões de autoeficácia sobre os demais

construtos, das dimensões de expectativas de resultados referentes ao estilo de vida sobre

metas e da correlação significativa dos construtos com expectativas de resultado entre si; as

regressões das expectativas de resultados profissionais sobre metas não foram

significativas, também nas duas partes do instrumento. Tal achado contradiz, ao menos em

parte, as hipóteses teóricas sobre o papel de certas expectativas de resultado na formação de

metas (Lent, Brown & Hackett, 1994).

Concomitantemente, é possível inferir que os resultados obtidos não sejam um

problema de operacionalização da medida, tampouco uma evidência de problemas com a

fundamentação teórica sociocognitiva. É possível que os resultados efetivamente reflitam

baixos níveis de expectativas de resultados profissionais e níveis elevados de expectativas

de resultados referentes ao estilo de vida, ao menos entre os participantes desta amostra de

conveniência.

O padrão de resposta distinto entre dois tipos de expectativas de resultado sugere a

possibilidade de que os futuros profissionais médicos de certo modo “esperem” ou ainda

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“aceitem” situações como más condições de trabalho e carga horária excessiva. Nesse caso,

é possível supor que essa aceitação deva ocorrer em prol de um estilo de vida mais

vantajoso do ponto de vista financeiro. Sob essa perspectiva, os resultados sugerem que

más condições de trabalho e excesso de horas trabalhadas não inibam nem estimulem a

formação de metas, mas que a perspectiva de vantagens financeiras seja um fator atraente, e

que estimula a formação de determinadas metas profissionais.

Os resultados obtidos nesta Tese, incluindo os resultados dos modelos MIMIC,

evocam em diversos aspectos os achados do estudo de Heiligers (2012), que investigou as

diferenças de escolha da especialidade conforme o sexo e o momento de formação

acadêmica em função de características intrínsecas de profissão e fatores relacionados ao

estilo de vida, como é o caso das horas de trabalho flexíveis e do controle da carga de

trabalho. Nesse estudo, a análise de componentes principais agrupou a perspectiva de ganho

financeiro ao fator identificado com as características intrínsecas da profissão e não com o

fator identificado com o estilo de vida, do mesmo modo que no estudo original de Rogers,

Creed e Searle (2009).

Nos modelos de regressão logística de Heiligers (2012), o estilo de vida foi o fator

preponderante para a escolha da especialidade de formação continuada tanto para a amostra

como um todo quanto em ambas as etapas da formação, analisando estudantes iniciantes e

avançados separadamente, Contudo, para a escolha da especialidade de residência médica,

as características profissionais intrínsecas da especialidade foram o fator preponderante.

Todavia, deve-se fazer a ressalva de que os modelos desse estudo apresentaram poder

explicativo baixo, com coeficientes de regressão e determinação inferiores aos obtidos

nesta Tese, o que sugere a importância da inclusão da AE na preditividade de instrumentos

que avaliem a escolha da especialidade. Um exame detalhado das funções de informação

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dos itens oferecem mais detalhes sobre a operacionalização das medidas dos construtos. Na

parte do instrumento referente à escolha da especialidade, apenas a dimensão “Expectativas

de resultado”, a qual possui apenas quatro itens, não apresentou nenhum item que pudesse

ser eliminado por motivos de baixo poder informativo. Todas as demais dimensões

apresentaram pelo menos um item potencialmente eliminável. Na dimensão “Autoeficácia”,

o item “Decidir o que você mais valoriza na carreira médica (por exemplo, relacionamento

com os pacientes, prestígio, habilidades técnicas, etc.)” seria um item eliminável caso fosse

usado exclusivamente o critério da curva de informação do item; todavia, o item engloba

aspectos que foram dados como importantes em outros estudos e talvez devesse permanecer

por motivos de validade de conteúdo. Na dimensão “Metas”, apenas o item “Eu defini um

prazo para tomar uma decisão sobre a minha escolha de especialidade” poderia ser

considerado eliminável, por apresentar poder informativo insignificante perante os demais.

O pior desempenho dos itens em relação à informação ocorreu na dimensão

“Expectativas de resultados profissionais”, na qual apenas três dos oito itens se destacaram

dos demais por apresentarem curvas visivelmente mais informativas. Se apenas critérios

psicométricos fossem levados em consideração, os cinco itens candidatos à eliminação

seriam: “Ser intelectualmente estimulante”, “Permitir interação com seus colegas”,

“Permiti-lo exercer as competências clínicas que melhor atendem às suas habilidades” e

“Provê-lo com uma boa renda”. Embora alguns itens candidatos à eliminação nessa

subescala possam ter importância em termos de validade de conteúdo, alguns podem ter

sofrido viés devido à desejabilidade social das respostas, como no caso do item “Provê-lo

com uma boa renda”. Todavia, deve-se notar que esse item em particular foi um dos mais

informativos na parte do instrumento referente à escolha da localidade de prática

profissional.

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Os níveis de informação do item “Provê-lo com uma boa renda” sugerem ainda a

possibilidade de que o rendimento financeiro tenha um papel preponderante na escolha da

localidade de prática profissional, mas não na escolha da especialidade – um resultado que

converge com a revisão sistemática de Bärnighausen e Bloom (2009) sobre a eficácia de

incentivos financeiros para a prática profissional em áreas carentes de assistência. Nesse

caso, a possibilidade de uma importância maior dos interesses pessoais na realização da

escolha da especialidade em comparação com incentivos financeiros poderia ser

contemplada como plausível, conforme o que fora sugerido por Hojat e Zuckerman (2008).

Nesse ínterim, cabe citar Betz e Borgen (2000), para quem os interesses pessoais devem ser

considerados conjuntamente com a autoeficácia, o que ampliaria as possibilidades de

opções concretamente viáveis para os futuros profissionais.

Ainda em relação à parte do instrumento referente à escolha da localidade de prática

profissional, a dimensão “Autoeficácia” se caracterizou pela presença de dois itens

altamente informativos, a saber, “Escolher uma localidade de prática profissional

compatível com seus interesses e habilidades” e “Escolher uma localidade de prática

profissional que irá atender às suas expectativas e metas”. Os cinco itens restantes

apresentaram níveis de informação visivelmente inferiores, contudo, não parece adequado

excluir nenhum dos itens com base em suas curvas de informação, por motivos de validade

de conteúdo, mesmo o item menos informativo “Decidir o que você está ou não disposto a

sacrificar a fim de escolher uma localidade de prática profissional”. Na dimensão

“Expectativas de resultados profissionais”, houve maior homogeneidade das funções de

informação dos itens, de modo que poderiam permanecer no instrumento mesmo os três

itens com menor informação, os quais foram, em ordem decrescente, “Permitir que você

tenha o sucesso profissional desejado (por exemplo, renda, respeito)”, “Permitir a você

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praticar competências clínicas que atendam suas habilidades” e “Fornecer oportunidades de

trabalho para o seu parceiro / cônjuge”. Na dimensão “Expectativas de resultado em relação

ao estilo de vida” o item “Ter os recursos e suporte que permitirão a você trabalhar o

número de horas que você deseja” poderia ser um candidato à eliminação, considerando

apenas seu baixo poder informativo.

De modo geral, na comparação da parte do instrumento referente à escolha da

localidade de prática profissional com a parte referente à escolha da especialidade,

observam-se diferenças nas funções de informação dos itens cujo conteúdo era similar, com

exceção das duas dimensões de “Metas” – em ambas o item “Eu defini um prazo para

tomar uma decisão sobre a minha escolha de localidade de prática profissional” foi o menos

informativo e, portanto, potencialmente eliminável.

Algumas considerações metodológicas que não consistem necessariamente em

limitações para a consecução adequada dos objetivos deste trabalho devem ser

consideradas. Um exemplo é a opção por restringir o referencial teórico à TSCDC devido

ao limitado valor preditivo das variáveis sociodemográficas e de referenciais teóricos

tipológicos (Glavin, Richard & Pordeli, 2009; Taber, Hartung & Borges, 2011). Pode-se

afirmar que, apesar da compreensível justificativa em delimitar o referencial teórico para a

TSCDC, essa opção tenha impedido tanto a compreensão do processo de escolha de

carreira de estudantes de Medicina quanto a preditividade do instrumento.

Outro exemplo de crítica legítima, que não consiste propriamente em uma limitação

metodológica à consecução adequada dos objetivos do estudo, é a opção pela adaptação de

um instrumento ao invés da criação de um instrumento original. Apesar do fato de que a

carência de profissionais na Austrália, país de origem do questionário, é similar à do Brasil

e, pela existência de evidências de validade já demonstradas em publicação prévia, pode-se

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criticar a diferença de nível socioeconômico entre os dois países, bem como possíveis

diferenças culturais que eventualmente estejam associadas a fontes de variância irrelevantes

ao construto que não tenham sido identificadas durante o processo de adaptação.

O instrumento escolhido pode ser legitimamente criticado devido a não inclusão de

medidas para as crenças de autoeficácia em relação ao desempenho acadêmico e

profissional. Pode-se dizer que os itens do instrumento adaptado cobrem razoavelmente o

modelo de escolha de carreira da TSCDC, mas não o modelo de desempenho (“model of

performance”). A ausência de uma medida de autoeficácia de desempenho pode

eventualmente ser associada a certa limitação da utilidade do instrumento, tendo em vista o

papel da autoavaliação quanto à aptidão no processo de escolha de carreira dos médicos,

apontado por Parkhouse e Ellin (1998).

Deve-se ressaltar ainda que o estudo original de Rogers, Creed e Searle (2009) não é

claro na descrição dos procedimentos utilizados na análise fatorial confirmatória. O texto

do artigo sugere que a convergência do modelo na análise fatorial confirmatória tenha

ocorrido com a ajuda da especificação de correlações entre variáveis de erro, embora não as

explicite no modelo estrutural, tampouco discrimine quais foram os itens que supostamente

teriam suas variáveis de erro correlacionadas com o intuito de aumentar o grau de bondade

de ajuste. Além disso, não há menção à especificação prévia de médias ou variâncias para

as variáveis latentes. Todavia, pode-se afirmar que a comparação de resultados em termos

da análise de eixos principais permite, per se, a inferência de um elevado grau de

equivalência de mensuração do instrumento original com a adaptação produzida neste

estudo.

Sobre a alternativa adotada ao se utilizar a análise de teoria de resposta ao item

multidimensional, deve-se fazer uma defesa a respeito da robustez dessa opção

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metodológica. A estimativa de limiares para as categorias ordinais, de forma independente

para cada variável, no espectro latente na teoria de resposta ao item multidimensional é

uma vantagem em relação à análise fatorial confirmatória. Nesta, o desempenho dos itens e

do teste é condicionado aos outros itens da medida, assim como a dispensa do pressuposto

da normalidade multivariada na teoria de resposta ao item é devido à transformação

logarítmica utilizada (Osteen, 2010). Ao passo que a teoria de resposta ao item uni- e

multidimensional é capaz de gerar estimativas de dificuldades dos itens e escores (níveis de

habilidades das pessoas) que são independentes entre si, o que na prática gera parâmetros

relativamente estáveis independentemente do nível de habilidade da amostra, na teoria

clássica dos testes a dificuldade dos itens é função dos níveis de habilidade observados na

amostra, e o nível de habilidade dos participantes é função da dificuldade dos itens.

O conjunto de limitações da teoria clássica dos testes também afeta a análise fatorial

confirmatória, como a presunção de homogeneidade dos níveis de erro de mensuração.

Considerando que tal pressuposto raramente é verídico, a utilização da teoria de resposta ao

item multidimensional torna-se uma alternativa metodologicamente mais atraente

(Embretson & Reise, 2000; Osteen, 2010; Reckase, 2009).

Ao contrário da teoria clássica, a teoria de resposta ao item fornece estimativas de

precisão ao longo de todo o espectro de habilidades da variável latente, enquanto a teoria

clássica dos testes fornece apenas o que pode ser interpretado como uma média da precisão

para cada grupo amostral (Embretson & Reise, 2000; Osteen, 2010). Contudo, deve-se

fazer uma ressalva importante em relação à comparabilidade dos resultados relativos à

bondade de ajuste da análise fatorial confirmatória do estudo original de Rogers, Creed e

Searle (2009) e os índices de bondade de ajuste da análise por teoria de resposta ao item

multidimensional obtidos no presente estudo, já que a análise fatorial confirmatória e a

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teoria de resposta ao item multidimensional possuem formas distintas de bondade de ajuste

(Osteen, 2010).

* * *

Em suma, a presente Tese buscou documentar o processo de adaptação e obtenção

de evidências de validade de um instrumento de avaliação da escolha da especialidade

médica e localidade de prática profissional, com fundamentação teórica sociocognitiva,

nominalmente a Teoria Social Cognitiva de Desenvolvimento de Carreira (TSCDC). Os

resultados obtidos neste estudo foram favoráveis à operacionalização das medidas

pretendidas pelo instrumento. Na próxima seção, as limitações metodológicas serão

apontadas, bem como as possibilidades de estudos futuros e as implicações práticas deste

trabalho.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este capítulo abordará primeiramente as limitações metodológicas do estudo. Em

seguida, serão apontadas as possibilidades de estudos futuros. Para finalizar, serão

enumeradas as possíveis implicações práticas deste estudo.

Dentre as limitações metodológicas do processo de adaptação, pode-se citar a

ausência de uma etapa formal de avaliação da equivalência conceitual, particularmente a

falta de realização de entrevistas cognitivas formais com os juízes e com população-alvo

durante a análise semântica, a qual poderia fornecer evidências de validade adicionais,

relativas ao processo de resposta (García, 2011; Knafl et al. 2007). Apesar dos resultados

favoráveis obtidos na aplicação piloto, a realização de entrevistas cognitivas formais

poderia ter revelado falhas no processo de adaptação que não tenham sido identificadas

(Artino Jr., La Rochelle, Dezee & Gelhbach, 2014). Outra limitação metodológica relativa

ao processo de adaptação que deve ser mencionada refere-se ao próprio estilo do

instrumento, o qual utiliza cabeçalhos de instrução para os itens que são divididos em oito

blocos, um para cada construto pretendido. Essa estrutura de redação do instrumento

impediu a realização da análise de juízes para cada item separadamente, o que obrigou a

realização da análise de juízes apenas para os oito blocos compostos de cabeçalho de

instruções e itens.

Em relação à análise de eixos principais (AEP) e à análise por teoria de resposta ao

item multidimensional, cabe uma crítica em relação ao tamanho amostral reduzido. O

estudo original sobre o instrumento (Rogers, Creed & Searle, 2009) apresenta amostras

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maiores que a deste estudo, o que poderá ter dificultado a comparação apropriada dos

resultados. No caso da AEP, isso pôde ser evidenciado pelos valores dos coeficientes de

Kaiser-Meyer-Olkin abaixo de 0,900. Ainda em relação a AEP, o tamanho amostral pode

ter ocasionado o carregamento anômalo do item “Permitir interação com seus colegas” no

fator em que carregaram os itens do construto “Autoeficácia para a escolha da

especialidade” ao invés do fator previsto “Expectativas de resultados profissionais para a

escolha da especialidade” (Hair, Anderson, Tatham & Black, 1995; Thompson, 2004).

Outra limitação do estudo decorrente do tamanho amostral foi a impossibilidade de realizar

o estudo da estrutura fatorial separadamente, em diferentes estratos, conforme sexo, idade e

renda, de modo que não foi possível avaliar a estabilidade dos parâmetros. O tamanho

amostral pode ter ainda interferido na qualidade dos coeficientes de confiabilidade e

validade, tendo em vista a recomendação de Charter (1999) para um tamanho amostral

mínimo de 400 participantes para a obtenção de estimativas estáveis dos coeficientes. Além

disso, pode-se considerar que o uso de uma amostra de conveniência, sem seleção aleatória

de casos e sem uso de bootstrapping limita a generalização dos resultados obtidos no

estudo (Kline, 2010).

Em relação à escolha da AEP como método exploratório, é necessário fazer uma

consideração metodológica à parte. Em termos práticos, a escolha desse método foi

determinada pela necessidade de avaliar o grau de equivalência de mensuração com o

instrumento original. Ao mesmo tempo, do mesmo modo que a análise de componentes

principais, bastante popular em estudos para a construção e adaptação de instrumentos, a

análise de eixos principais assume que a amostra analisada é a população, o que limita a

possibilidade de generalizar os resultados; no caso deste estudo, isso exigiu a confirmação

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da estrutura fatorial em uma amostra separada, conforme recomendado na literatura

(Browne, 2000; Thompson, 2004).

A análise da equivalência de mensuração ficou prejudicada por dois motivos.

Primeiramente, não puderam ser obtidos dados brutos com a autora do instrumento original,

a fim de realizar estudos de invariância de mensuração para as amostras australianas e a

amostra brasileira deste trabalho. Desse modo, não foi possível realizar o estudo do

funcionamento diferencial do item (DIF) entre a Austrália, país de aplicação do instrumento

original, e o Brasil. O estudo de DIF entre as duas amostras é um dos procedimentos

formalmente indicados por entidades internacionais e que poderia indicar problemas no

processo de adaptação (American Educational Research Association, American

Psychological Association, National Council on Measurement in Education, 1999;

Hambleton, 2001; Muñiz, Hambleton, & Dehui, 2001; van de Vijver & Hambleton, 1996).

Em segundo lugar, inferências mais robustas quanto à equivalência de mensuração

ficaram prejudicadas pela ausência da publicação de resultados mais completos da análise

fatorial confirmatória no estudo do instrumento original (Rogers, Creed & Searle, 2009), de

modo a impedir totalmente a possibilidade de replicação dos resultados, independentemente

de um eventual aumento do tamanho amostral, como, por exemplo, a não publicação dos

coeficientes de regressão das variáveis latentes para os indicadores nem das variáveis

latentes entre si, tampouco as variáveis de erro, nem a possível especificação de

correlações. A escassez de resultados publicados no estudo de Rogers, Creed e Searle

(2009) viola ainda outras recomendações para a publicação de resultados de análise fatorial

confirmatória, conforme descritas por Schreiber, Nora, Stage, Barlow e King (2006), como

a não publicação das correlações entre as variáveis latentes, apenas as correlações entre os

fatores da análise fatorial exploratória.

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Em relação à utilização dos modelos MIMIC para a avaliação da invariância de

mensuração, deve-se mencionar que não foi possível realizar a análise fatorial para

múltiplos grupos, devido à existência de itens com categorias de resposta não respondida

por pelo menos um dos grupos. A superioridade da análise fatorial confirmatória para

múltiplos grupos se demonstra ao permitir a comparação não apenas de interceptos ou

parâmetros de dificuldade, mas também de carregamentos (ou limiares, se utilizada a teoria

de resposta ao item) (Damásio, 2013). Por outro lado, modelos MIMIC ou modelos de

teoria de resposta ao item com covariável, permitem avaliar a invariância de mensuração

para covariáveis intervalares e contínuas, ao passo que na análise fatorial confirmatória

para múltiplos grupos, a determinação dos grupos se dê exclusivamente por meio de

variáveis categóricas nominais (Finch, 2005; Woods, 2009; Tay, Vermunt & Wang, 2013).

Apesar das limitações metodológicas apontadas, os resultados obtidos neste trabalho

sugerem um futuro promissor para a utilização do instrumento aqui adaptado. O grau de

concordância observado na avaliação da equivalência do significado geral e referencial dos

itens e instruções, o grau de concordância observado na análise de juízes e a análise

semântica realizada na aplicação piloto corroboram a inferência de equivalência de

mensuração em relação ao instrumento original. Adicionalmente, os parâmetros e índices

de bondade de ajuste similares ao instrumento original sugerem equivalência de

mensuração em larga medida, apesar das limitações metodológicas apontadas na seção

anterior.

Adicionalmente, os resultados das análises realizadas em ambas as amostras

permitem inferir que o instrumento adaptado para uso no Brasil, criado por meio deste

estudo, possui grau adequado de validade e confiabilidade. Os resultados das duas amostras

com a utilização de técnicas distintas de análises psicométricas foram convergentes em

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termos de resultados positivos para o instrumento. Em outras palavras, este trabalho

forneceu múltiplas evidências promissoras de validade para o instrumento adaptado, ao

menos no que se refere à estrutura interna. Outras formas de evidência de validade, como a

validade por meio da relação com outras variáveis e a validade por meio do estudo dos

processos de resposta, ainda precisam ser devidamente exploradas.

Pode-se considerar que os resultados deste estudo abrigam possibilidades relevantes

para realização de estudos futuros. Primeiramente, obteve-se um instrumento adaptado para

uso no Brasil, o qual poderá ser utilizado por outros pesquisadores dedicados ao estudo das

escolhas profissionais de futuros médicos. A adaptação do instrumento ainda abre a

possibilidade de uso experimental em atividades de intervenção e orientação profissional

para essa população específica.

Em segundo lugar, a utilização de eventuais modelos de equações estruturais

combinados ao modelo baseado na teoria de resposta ao item multidimensional, com a

inclusão de novas variáveis dependentes, como as diferentes especialidades e localidades de

prática profissional, avaliadas pelos estudantes pelo grau de atratividade, poderia ampliar o

conhecimento sobre os fatores associados a escolhas de carreira específicas. A inclusão de

outras variáveis independentes também seria um desdobramento interessante, o qual

poderia aumentar o conhecimento sobre a magnitude do efeito de outros fatores que

influenciam as escolhas de carreira de futuros médicos, bem como suas inter-relações. Cabe

aqui mencionar a possibilidade de incorporar outros instrumentos com referenciais teóricos

distintos.

Tendo em vista a heterogeneidade da bondade de ajuste, particularmente inadequada

no caso do WRMR, uma potencial aplicação da teoria de resposta ao item multidimensional

seria o refino do instrumento, e a possível construção de uma forma reduzida do mesmo,

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tendo em vista as curvas de informação geradas, as quais revelaram contribuição relativa de

cada item na precisão de cada subescala das duas partes do instrumento (Edelen & Reeve,

2007; Osteen, 2010). Nesse aspecto, os resultados obtidos neste estudo permitem a sugestão

de itens candidatos à eliminação no desenvolvimento de uma forma reduzida do

instrumento.

Estudos colaborativos multicêntricos poderiam proporcionar amostras mais

representativas da população brasileira, especialmente se realizados de forma longitudinal.

Com o aumento do tamanho amostral possibilitado por estudos multicêntricos, torna-se

exequível a inclusão de instrumentos baseados em outros referenciais teóricos. Desse

modo, pode-se inferir que tais colaborações interinstitucionais poderiam eventualmente

culminar em uma compreensão mais abrangente do processo de escolha de carreira de

futuros médicos.

O presente estudo exemplificou o impacto preponderante da autoeficácia, mas

também das expectativas de resultados referentes ao estilo de vida, na constituição de metas

relacionadas às escolhas profissionais de futuros médicos. Com esta Tese, espera-se ter

oferecido uma contribuição relevante e original para o desenvolvimento de investigações,

intervenções e, quiçá, subsídios empíricos para a criação e implementação de políticas

públicas referentes à transição entre o curso de graduação em Medicina e o mundo do

trabalho médico.

Finalmente, é possível afirmar que os resultados obtidos neste trabalho

complementam a literatura existente sobre o tema e conferem um estímulo adicional aos

pesquisadores que desejarem utilizar a TSCDC como referencial teórico na criação de

novos instrumentos e na realização de estudos empíricos.

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178

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179

ANEXOS

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180

ANEXO I – Parecer consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa

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181

ANEXO II – Carta de autorização da instituição na qual foi realizado o estudo

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182

ANEXO III - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ESCOLHAS PROFISSIONAIS DE FUTUROS MÉDICOS NA PERSPECTIVA

DA TEORIA SOCIAL COGNITIVA DE DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA Eu,........................................................................................ RG..................................,

abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa supracitado, sob a responsabilidade dos pesquisadores Prof. Ms. Carlos Fernando Collares e Profª Drª Ana Paula Porto Noronha, do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco.

Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que: 1 - O objetivo da pesquisa consiste em adaptar para a língua portuguesa um

instrumento de avaliação dos fatores determinantes para a escolha da especialidade médica e do local de prática profissional, bem como avaliar a validade e a confiabilidade desse instrumento, e relacionar os fatores apontados pelos participantes do estudo no instrumento às escolhas profissionais apontadas.

2- Durante o estudo responderei a um questionário de 50 perguntas que buscam conhecer minhas opiniões relacionadas aos fatores determinantes para a escolha da especialidade médica e do local de prática profissional. O questionário é respondido durante um período de aproximadamente 15 minutos;

3 - Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a minha participação na referida pesquisa;

4- A resposta a estes instrumentos não causa risco conhecido à minha saúde física e mental, não sendo provável, também, que cause constrangimento;

5 - Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa, o que não me causará nenhum prejuízo na relação com a instituição onde estou matriculado, onde a pesquisa é realizada;

6 – Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima, incluída sua publicação na literatura científica especializada;

7 - Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelos telefones (11) 2454-8170 / 2454-8172 ou no endereço Av. São Francisco de Assis, 218, Jd. São José - CEP 12916-900 – Bragança Paulista. Poderei entrar em contato com os responsáveis pelo estudo, Profª Drª Ana Paula Porto Noronha e Carlos Fernando Collares, sempre que julgar necessário pelos telefones (11) 4534-8118 e 6343-5200;

9- Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em meu poder e outra com o pesquisador responsável.

________________________________________________________________________ Local Data ________________________________________________________________________

Assinatura do participante

________________________________________________________________________ Assinatura do pesquisador

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183

ANEXO IV - Instrumento original, traduções diretas, síntese das traduções

diretas, traduções inversas e nova síntese para utilização na aplicação piloto

Itens originais Tradução direta

1 (T1)

Tradução direta

2 (T2)

Síntese de T1 e

T2 (T12)

Tradução inversa

1 (TI1)

Tradução inversa

2 (TI2)

Versão para o

piloto (P)

How confident are

you at this stage of

your training that

you could

O quão confiante

você está, neste

estágio do seu

treinamento, que

você poderia:

O quanto confiante

você está neste

momento de sua

formação para que

você possa:

Quão confiante

você está, neste

momento da sua

formação, para:

How confident are

you at this point of

your training to:

How confident are

you at this point of

your training to:

Quão confiante

você está, neste

momento da sua

formação, para:

1. Choose a

specialty that will

fulfill your

expectations and

goals

Escolher uma

especialidade que

irá realizar suas

expectativas e

objetivos.

Escolher uma

especialidade que

irá atender suas

expectativas e

metas

Escolher uma

especialidade que

irá atender suas

expectativas e

metas.

Choose a specialty

that will meet your

expectations and

goals.

Choose a specialty

that will meet your

expectations and

goals.

Escolher uma

especialidade que

irá atender às suas

expectativas e

metas.

2. Choose a

specialty that will

fit well with your

personality (e.g.,

being an

extrovert/introvert)

Escolher uma

especialidade

compatível com a

sua personalidade.

(ex: ser

extrovertido/introv

ertido)

Escolher uma

especialidade que

se encaixe bem

com a sua

personalidade (por

exemplo, ser

extrovertido/introv

ertido)

Escolher uma

especialidade que

se adapte a sua

personalidade (por

exemplo, ser

extrovertido/introv

ertido).

Choose a specialty

that suits your

personality (e.g. ,

being extroverted /

introverted).

Choose a specialty

that suits your

personality (e.g.

being extroverted /

introverted).

Escolher uma

especialidade que

se adapte a sua

personalidade (por

exemplo, ser

extrovertido/introv

ertido).

3. Choose a

specialty that will

enable you to live

the type of

lifestyle you desire

Escolher uma

especialidade que

permitirá a você

viver o estilo-de-

vida que você

deseja.

Escolher uma

especialidade que

o permita viver o

tipo de estilo de

vida que você

deseja

Escolher uma

especialidade que

o permitirá ter o

tipo de estilo de

vida que você

deseja.

Choose a specialty

that will provide

you the kind of

lifestyle you want.

Choose a specialty

that will provide

you with the kind

of lifestyle you

want.

Escolher uma

especialidade que

o permitirá ter o

tipo de estilo de

vida que você

deseja.

4. Choose a

specialty that will

fit your interests

and abilities

Escolher uma

especialidade

compatível com

seus interesses e

habilidades.

Escolher uma

especialidade que

caiba seus

interesses e

habilidades.

Escolher uma

especialidade

compatível com

seus interesses e

habilidades.

Choose a specialty

compatible with

your interests and

abilities.

Choose a specialty

compatible with

your interests and

abilities.

Escolher uma

especialidade

compatível com

seus interesses e

habilidades.

5. Decide what

you are and are not

ready to sacrifice

in order to choose

a specialty

Decidir o que você

está e não está

disposto a

sacrificar a fim de

escolher uma

especialidade.

Decidir o que você

está e o que não

está pronto a

sacrificar a fim de

escolher uma

especialidade

Decidir o que você

está e o que não

está pronto a

sacrificar a fim de

escolher uma

especialidade.

Decide what you

are and what you

are not willing to

sacrifice in order

to choose a

specialty.

Decide what you

are and what you

are not willing to

sacrifice in order

to choose a

specialty.

Decidir o que você

está ou não

disposto a

sacrificar a fim de

escolher uma

especialidade.

Page 203: ESCOLHA DA ESPECIALIDADE MÉDICA E LOCAL DE PRÁTICA: … · 2015. 10. 2. · Escolha da especialidade médica e local de prática: adaptação de uma escala. Tese de Doutorado, Universidade

184

Itens originais Tradução direta

1 (T1)

Tradução direta

2 (T2)

Síntese de T1 e

T2 (T12)

Tradução inversa

1 (TI1)

Tradução inversa

2 (TI2)

Versão para o

piloto (P)

6. Decide what

you value most in

a medical career

(e.g., relationships

with patients,

prestige, or

technical skills,

etc.)

Decidir o que você

dá mais valor em

uma carreira

médica (ex:

relacionamentos

com pacientes,

prestígio ou

habilidades

técnicas, etc.)

Decidir o que você

mais valoriza na

carreira médica

(por exemplo,

relacionamento

com os pacientes,

prestígio,

habilidades

técnicas, etc.)

Decidir o que você

mais valoriza na

carreira médica

(por exemplo,

relacionamento

com os pacientes,

prestígio,

habilidades

técnicas, etc.)

Decide what you

value most in the

medical profession

(e.g. , relationships

with patients,

prestige, technical

skills, etc.).

Decide what you

value most in the

medical profession

(e.g. relationships

with patients,

prestige, technical

skills, etc.).

Decidir sobre o

que você mais

valoriza na

carreira médica

(por exemplo,

relacionamento

com os pacientes,

prestígio,

habilidades

técnicas, etc.)

7. Locate valid and

accurate

information to

help you choose

between equally

desirable

specialties.

Localizar

informações

válidas e precisas

para o ajudar a

escolher entre as

especialidades

igualmente

desejáveis.

Localizar

informações

válidas e precisas

para ajudá-lo a

escolher entre

especialidades

igualmente

desejáveis.

Localizar

informações de

boa qualidade para

ajudá-lo a escolher

entre

especialidades

igualmente

desejáveis.

Find good

information to

help you choose

between equally

desirable

specialties.

Find good

information to

help you choose

between equally

desirable

specialties.

Localizar

informações

válidas e precisas

para ajudá-lo a

escolher entre

especialidades

igualmente

desejáveis.

When thinking

about the type of

specialty that you

are interested in

(e.g., surgery,

pathology, general

practice) how

much do you

expect at this stage

of your training,

that your choice of

specialty will

Quando você

pensa sobre o tipo

de especialidade

em que você está

interessado (ex:

cirurgia, patologia,

clínica geral) o

quanto você

espera, neste

estágio do seu

treinamento, que a

sua escolha de

especialidade irá:

Ao pensar sobre o

tipo de

especialidade que

você está

interessado (por

exemplo, cirurgia,

patologia, clínica

geral) o quanto

você espera neste

momento de sua

formação, que sua

escolha de

especialidade irá:

Ao pensar sobre o

tipo de

especialidade que

você está

interessado (por

exemplo, cirurgia,

patologia, clínica

geral) o quanto

você espera neste

momento de sua

formação, que sua

escolha de

especialidade irá:

When thinking

about the type of

specialty you are

interested (e.g. ,

surgery,

pathology, general

practice) how do

you expect at this

point of your

training, that your

choice of specialty

will:

When thinking

about the type of

specialty in which

you are interested

(e.g. surgery,

pathology, general

practice) to what

extent do you

expect, at this

point of your

training, that your

choice of specialty

will:

Ao pensar sobre o

tipo de

especialidade que

você está

interessado (por

exemplo, cirurgia,

patologia, clínica

geral) o quanto

você espera neste

momento de sua

formação, que sua

escolha de

especialidade irá:

1. Be intellectually

stimulating

Ser

intelectualmente

estimulante.

Ser

intelectualmente

estimulante

Ser

intelectualmente

estimulante.

Be intellectually

stimulating.

Be intellectually

stimulating.

Ser

intelectualmente

estimulante.

2. Provide you

with work

satisfaction

Provê-lo com

satisfação no

trabalho.

Beneficiá-lo com

satisfação no

trabalho

Fornecer

satisfação no

trabalho.

Provide job

satisfaction.

Provide job

satisfaction.

Fornecer

satisfação no

trabalho.

3. Allow you

interaction with

your colleagues

Permitir a você a

interação com seus

colegas.

Permitir interação

com seus colegas

Permitir interação

com seus colegas.

Allow interaction

with your

colleagues.

Allow interaction

with your

colleagues.

Permitir interação

com seus colegas.

4. Let you practice

clinical skills that

best suit your

perceived abilities

Permitir a você

praticar

habilidades

clínicas que

melhor se alinhem

com suas

habilidades

percebidas.

Deixá-lo praticar

as habilidades

clínicas que

melhor atendem as

suas habilidades

percebidas

Permiti-lo exercer

as competências

clínicas que

melhor atendem às

suas habilidades.

Allow you to

exercise the

clinical

competences that

best suit your

skills.

Allow you to

exercise the

clinical

competences that

best suit your

skills.

Permiti-lo exercer

as competências

clínicas que

melhor atendem às

suas habilidades.

Page 204: ESCOLHA DA ESPECIALIDADE MÉDICA E LOCAL DE PRÁTICA: … · 2015. 10. 2. · Escolha da especialidade médica e local de prática: adaptação de uma escala. Tese de Doutorado, Universidade

185

Itens originais Tradução direta

1 (T1)

Tradução direta

2 (T2)

Síntese de T1 e

T2 (T12)

Tradução inversa

1 (TI1)

Tradução inversa

2 (TI2)

Versão para o

piloto (P)

5. Provide you

with a good

income

Provê-lo com uma

boa renda.

Fornecê-lo com

um bom

rendimento

Provê-lo com uma

boa renda.

Provides you with

a good income.

Provides you with

a good income.

Provê-lo com uma

boa renda.

6. Allow you to

perform a broad

spectrum of work.

Permitir a você

realizar um amplo

espectro de

trabalho.

Permitir a

realização de um

amplo espectro de

trabalho

Permitir a você

realizar um amplo

espectro de

trabalho.

Allow you to

perform a wide

spectrum of work.

Allow you to

perform a wide

spectrum of work.

Permitir a você

realizar um amplo

espectro de

trabalho.

7. Be compatible

with your interests

Ser compatível

com seus

interesses.

Ser compatível

com seus

interesses

Ser compatível

com seus

interesses.

Be compatible

with your interests.

Be compatible

with your

interests.

Ser compatível

com seus

interesses.

8. Allow you to

achieve your

desired

professional

success

Permitir a você

conquistar seu

sucesso

profissional

desejado.

Permitir-lhe atingir

o sucesso

profissional

desejado

Permitir-lhe atingir

o sucesso

profissional

desejado.

Allow you to

achieve the desired

professional

success.

Allow you to

achieve the desired

professional

success.

Permitir atingir o

sucesso

profissional que

você deseja.

When thinking

about the type of

specialty that you

are interested in

(e.g., surgery,

pathology, general

practice) how

much do you

expect at this stage

of your training,

that your choice of

specialty will

Ao pensar sobre o

tipo de

especialidade que

você está

interessado em

(ex: cirurgia,

patologia, clínico

geral) o quanto

você espera, neste

estágio do seu

treinamento, que a

sua escolha de

especialidade irá:

Ao pensar sobre o

tipo de

especialidade que

você está

interessado (por

exemplo, cirurgia,

patologia, clínica

geral) o quanto

você espera neste

momento de sua

formação, que sua

escolha de

especialidade irá:

Ao pensar sobre o

tipo de

especialidade que

você está

interessado (por

exemplo, cirurgia,

patologia, clínica

geral) o quanto

você espera neste

momento de sua

formação, que sua

escolha de

especialidade irá:

When thinking

about the type of

art you are

interested (eg

surgery,

pathology, general

practice) how do

you expect at this

point in your

training that your

choice of specialty

will:

When thinking

about the type of

specialty in which

you are interested

(e.g. surgery,

pathology, general

practice) to what

extent do you

expect, at this

point in your

training, that your

choice of specialty

will:

Ao pensar sobre o

tipo de

especialidade que

você está

interessado (por

exemplo, cirurgia,

patologia, clínica

geral) o quanto

você espera neste

momento de sua

formação, que sua

escolha de

especialidade irá:

1. Allow you to

work the number

of hours that you

desire

Permitir a você

trabalhar o número

de horas que você

deseja.

Permitir que você

trabalhe o número

de horas que você

deseja

Permitir que você

trabalhe o número

de horas que

deseja

Allow you to work

the hours you

want.

Allow you to work

the hours you

want.

Permitir que você

trabalhe o número

de horas que

deseja

2. Allow you to

pursue leisure time

activities/interests

that you like

Permitir a você

realizar atividades

de lazer e

interesses que

você gosta.

Permiti-lo seguir

atividades de lazer

/ de interesse que

você goste

Permiti-lo ter

atividades de lazer

que você goste

Enable you to have

leisure activities

that you enjoy.

Enable you to have

leisure activities

that you enjoy.

Permitir a você ter

as atividades de

lazer de que gosta.

3. Allow you to

have your desired

work/recreational

balance

Permitir a você ter

um equilíbrio

desejado entre

trabalho e lazer.

Permitir que você

tenha o equilíbrio

desejado trabalho /

recreação

Permitir a você ter

um equilíbrio

desejado entre

trabalho e lazer.

Allow you to have

a desired balance

between work and

leisure.

Allow you to have

a desired balance

between work and

leisure.

Permitir que você

tenha o equilíbrio

entre trabalho e

lazer que deseja.

4. Allow you to

have your desired

lifestyle

Permitir a você ter

o seu estilo-de-

vida desejado.

Permitir que você

tenha o estilo de

vida desejado

Permitir que você

tenha o estilo de

vida que deseja.

Allow you to have

the lifestyle you

want.

Allow you to have

the lifestyle you

want.

Permitir que você

tenha o estilo de

vida que deseja.

Page 205: ESCOLHA DA ESPECIALIDADE MÉDICA E LOCAL DE PRÁTICA: … · 2015. 10. 2. · Escolha da especialidade médica e local de prática: adaptação de uma escala. Tese de Doutorado, Universidade

186

Itens originais Tradução direta

1 (T1)

Tradução direta

2 (T2)

Síntese de T1 e

T2 (T12)

Tradução inversa

1 (TI1)

Tradução inversa

2 (TI2)

Versão para o

piloto (P)

When you think

about the type of

specialty that you

might choose (e.g.,

radiology, general

practice,

pediatrics), please

indicate if, at this

stage of your

training, you agree

or disagree with

the following

statements:

Ao pensar sobre o

tipo de

especialidade que

você pode escolher

(ex: radiologia,

clínica geral,

pediatria), por

favor indique se,

neste estágio do

seu treinamento,

você concorda ou

não com as

seguintes

afirmações:

Quando você

pensa sobre o tipo

de especialidade

que você talvez

escolha (por

exemplo,

radiologia, clínica

geral, pediatria),

por favor indique

se, neste momento

de sua formação,

você concorda ou

discorda com as

seguintes

afirmações:

Quando você

pensa sobre o tipo

de especialidade

que você talvez

escolha (por

exemplo,

radiologia, clínica

geral, pediatria),

indique se, neste

momento de sua

formação, você

concorda ou

discorda das

seguintes

afirmações:

When you think

about the kind of

specialty that you

may choose (eg

radiology, general

medicine,

pediatrics), please

indicate whether,

at this point of

your training, do

you agree or

disagree with the

following

statements:

When you think

about the kind of

specialty that you

may choose (e.g.

radiology, general

medicine,

pediatrics),

indicate whether,

at this point of

your training, if

you agree or

disagree with the

following

statements:

Quando você

pensa sobre o tipo

de especialidade

que você talvez

escolha (por

exemplo,

radiologia, clínica

geral, pediatria),

indique se, neste

momento de sua

formação, você

concorda ou

discordadas

afirmações a

seguir:

1. I have a clear

set of goals for my

future with regard

to choosing a

specialty

Eu tenho um

conjunto claro de

objetivos para o

meu futuro no que

diz respeito a

escolha de uma

especialidade.

Eu tenho um

conjunto claro de

metas para o meu

futuro no que diz

respeito à escolha

de uma

especialidade

Eu tenho um

conjunto claro de

metas para o meu

futuro no que diz

respeito à escolha

de uma

especialidade.

I have a clear set

of goals for my

future in regards to

choosing a

specialty.

I have a clear set

of goals for my

future with regard

to choosing a

specialty.

Eu tenho um

conjunto claro de

metas para o meu

futuro no que diz

respeito à escolha

de uma

especialidade.

2. I have discussed

my goals in

relation to my

specialty choice

with my

family/partner

Eu tenho

conversado sobre

os meus objetivos

em relação a

minha escolha de

especialidade com

minha

família/parceiro(a)

.

Eu discuti meus

objetivos em

relação à minha

escolha de

especialidade com

a minha família /

parceiro

Eu tenho

conversado com

a(o)

família/parceiro(a)

sobre os meus

objetivos em

relação a minha

escolha de

especialidade.

I have talked to

my family /

partner about my

goals regarding

my choice of

specialty.

I have talked to

my family /

partner about my

goals regarding

my choice of

specialty.

Eu tenho

conversado com

a(o)

família/parceiro(a)

sobre as minhas

metas em relação à

minha escolha de

especialidade.

3. I am taking the

steps needed to

achieve my goal of

choosing a

specialty

Eu estou tomando

as medidas

necessárias para

atingir meu

objetivo de

escolher uma

especialidade.

Eu estou seguindo

os passos

necessários para

alcançar o objetivo

de escolher uma

especialidade.

Estou tomando as

medidas

necessárias para

alcançar o objetivo

de escolher uma

especialidade.

I am taking the

necessary steps to

achieve the goal of

choosing a

specialty.

I am taking the

necessary steps to

achieve the goal of

choosing a

specialty.

Estou tomando as

medidas

necessárias para

atingir minha meta

de escolher uma

especialidade.

4. I have examined

my interests,

values, and

abilities in detail

to come up with

my goal of

choosing a

specialty

Eu tenho

examinado, em

detalhes, meus

interesses, valores

e habilidades para

chegar ao objetivo

de escolher uma

especialidade.

Eu examinei os

meus interesses,

valores e

habilidades em

detalhes para

chegar à minha

meta de escolha de

uma especialidade.

Eu tenho

examinado os

meus interesses,

valores e

habilidades em

detalhes para

chegar à minha

meta de escolha de

uma especialidade.

I have examined

my interests,

values and skills in

detail to reach my

goal of choosing a

specialty.

I have examined

my interests,

values and skills in

detail to reach my

goal of choosing a

specialty.

Eu tenho

examinado os

meus interesses,

valores e

habilidades

detalhadamente

para chegar à meta

de escolher uma

especialidade.

Page 206: ESCOLHA DA ESPECIALIDADE MÉDICA E LOCAL DE PRÁTICA: … · 2015. 10. 2. · Escolha da especialidade médica e local de prática: adaptação de uma escala. Tese de Doutorado, Universidade

187

Itens originais Tradução direta

1 (T1)

Tradução direta

2 (T2)

Síntese de T1 e

T2 (T12)

Tradução inversa

1 (TI1)

Tradução inversa

2 (TI2)

Versão para o

piloto (P)

5. I have a set time

frame in which to

make a decision

about my choice

of specialty

Eu estabeleci um

prazo para tomar

uma decisão sobre

a minha escolha de

especialidade.

Eu tenho um prazo

definido para

tomar uma decisão

sobre a minha

escolha de

especialidade

Eu estabeleci um

prazo para tomar

uma decisão sobre

a minha escolha de

especialidade.

I have set a

deadline for

making a decision

on my choice of

specialty.

I have set a

deadline for

making a decision

on my choice of

specialty.

Eu defini um prazo

para tomar uma

decisão sobre a

minha escolha de

especialidade.

6. I am getting lots

of support to

achieve my goal of

choosing a

specialty

Eu estou

recebendo muito

apoio para atingir

meu objetivo de

escolher uma

especialidade.

Eu estou

recebendo muito

apoio para

conseguir meu

objetivo de

escolher uma

especialidade

Eu estou

recebendo muito

apoio para atingir

meu objetivo de

escolher uma

especialidade.

I'm getting a lot of

support to achieve

my goal of

choosing a

specialty.

I'm getting a lot of

support to achieve

my goal of

choosing a

specialty.

Eu estou

recebendo muito

apoio para atingir

minha meta de

escolher uma

especialidade.

When you think

about the practice

location that you

might choose (e.g.,

capital city, other

metropolitan

center, regional

city/large town,

rural area/small

town, or

small/remote

community), how

much do you

expect at this stage

of your training

that your choice of

practice location

will

Quando você

pensa sobre a

localidade da

prática profissional

que você pode

escolher (ex:

capital, outro

centro

metropolitano,

cidade regional /

grande cidade,

área rural / cidade

pequena ou

comunidade

pequena / remota),

o quanto você

espera, nesse

estágio do seu

treinamento, que a

sua escolha de

localidade da

prática profissional

irá:

Quando você

pensa sobre a

localização da

prática que você

possa escolher

(por exemplo,

capital, outro

centro

metropolitano,

cidade de médio

porte, área rural /

cidade pequena, ou

comunidade

remota), o quanto

você espera neste

momento de sua

formação, que sua

escolha de

localização da

prática irá:

Quando você

pensa sobre a

localidade de

prática profissional

que você pode

escolher (ex:

capital, outro

centro

metropolitano,

cidade regional /

grande cidade,

área rural / cidade

pequena ou

comunidade

pequena / remota),

o quanto você

espera, neste

momento da sua

formação, que a

sua escolha de

localidade de

prática profissional

irá:

When you think

about the location

of professional

practice you can

choose (eg capital,

another

metropolitan

center, regional

city / large town,

rural / small or

small / remote

community town),

how do you

expect, at this

point of your

training, that your

choice of location

of practice will:

When you think

about the location

of professional

practice you can

choose (e.g.

capital, another

metropolitan

center, regional

city / large town,

rural / small or

small / remote

community town),

to what extent do

you expect, at this

point of your

training, that your

choice of location

of practice will:

Quando você

pensa sobre a

localidade de

prática profissional

que você pode

escolher (ex:

capital, outro

centro

metropolitano,

cidade regional /

grande cidade,

área rural / cidade

pequena ou

comunidade

pequena / remota),

o quanto você

espera, neste

momento da sua

formação, que a

sua escolha de

localidade de

prática profissional

irá:

1. Provide you

with opportunities

for professional

advancement

Fornecer a você

oportunidades para

avanço

profissional.

Fornecê-lo com as

oportunidades de

ascensão

profissional

Fornecer

oportunidades para

avanço

profissional.

Provide

opportunities for

professional

advancement.

Provide

opportunities for

professional

advancement.

Fornecer

oportunidades para

avanço

profissional.

2. Allow you to

have your desired

professional

success (e.g.,

income, respect)

Permitir a você ter

o seu sucesso

profissional

desejado. (ex:

renda, respeito)

Permitir que você

tenha o sucesso

profissional

desejado (por

exemplo, renda,

respeito)

Permitir que você

tenha o sucesso

profissional

desejado (por

exemplo, renda,

respeito).

Allow you to have

the desired career

success (eg

income, respect).

Allow you to have

the desired career

success (eg

income, respect).

Permitir que você

tenha o sucesso

profissional

desejado (por

exemplo, renda,

respeito).

Page 207: ESCOLHA DA ESPECIALIDADE MÉDICA E LOCAL DE PRÁTICA: … · 2015. 10. 2. · Escolha da especialidade médica e local de prática: adaptação de uma escala. Tese de Doutorado, Universidade

188

Itens originais Tradução direta

1 (T1)

Tradução direta

2 (T2)

Síntese de T1 e

T2 (T12)

Tradução inversa

1 (TI1)

Tradução inversa

2 (TI2)

Versão para o

piloto (P)

3. Have good

support facilities

and personnel

available to you

Ter uma boa

estrutura de apoio

e de pessoal

disponível para

você.

Manter boas

instalações de

apoio e pessoal

disponível para

você

Fornecer apoio de

boa infraestrutura

e pessoal

disponível para

você.

Provide support of

good facilities and

personnel

available to you .

Provide the

support of good

facilities and

personnel to you .

Fornecer apoio de

boa infraestrutura

e pessoal

disponível para

você.

4. Allow you to

practice clinical

skills that best suit

your perceived

abilities

Permitir a você

praticar

habilidades

clínicas que

melhor se alinhem

com as suas

habilidades

percebidas.

Permitir a prática

de habilidades

clínicas que

melhor atendam às

suas habilidades

percebidas

Permitir a você

praticar

competências

clínicas que

atendam suas

habilidades.

Allow you to

practice clinical

competences that

suit your skills.

Allow you to

practice clinical

competences that

suit your skills.

Permitir a você

praticar

competências

clínicas que

atendam suas

habilidades.

5. Have work

opportunities for

your

partner/spouse

Ter oportunidades

de trabalho para

seu

parceiro/esposa.

Ter oportunidades

de trabalho para o

seu parceiro /

cônjuge

Fornecer

oportunidades de

trabalho para o seu

parceiro / cônjuge.

Provide job

opportunities for

your partner /

spouse.

Provide job

opportunities for

your partner /

spouse.

Fornecer

oportunidades de

trabalho para o seu

parceiro / cônjuge.

6. Have good

schools and

educational

opportunities for

your children

Ter boas escolas e

oportunidades

educacionais para

suas crianças.

Ter boas escolas e

oportunidades

educacionais para

seus filhos

Permitir que você

tenha boas escolas

e oportunidades

educacionais para

suas crianças.

Allow you to have

good schools and

educational

opportunities for

your children.

Allow you to have

good schools and

educational

opportunities for

your children.

Fornecer boas

escolas e

oportunidades

educacionais para

suas crianças.

7. Provide you

with support from

colleagues

Fornecer a você

apoio dos colegas.

Proporcioná-lo

com o apoio de

colegas

Permitir o apoio de

colegas.

Allow the support

of colleagues.

Allow the support

of colleagues.

Fornecer o apoio

de colegas.

8. Provide you

with a good

income

Fornecer a você

uma boa renda.

Provê-lo com um

bom rendimento

Proporcioná-lo um

bom rendimento.

Provide you a

good income.

Provide you a

good income.

Proporcioná-lo um

bom rendimento.

How confident are

you at this stage of

your training that

you could

O quão confiante

você está nesse

estágio do seu

treinamento que

você poderia:

O quanto você está

confiante neste

momento de sua

formação tal que

você poderia:

Quão confiante

você está neste

momento de sua

formação, para:

How confident are

you at this point of

your training to:

How confident are

you at this point of

your training to:

Quão confiante

você está neste

momento de sua

formação, para:

1. Choose a

practice location

that will fit your

interests and

abilities

Escolher uma

localidade de

prática profissional

compatível com

seus interesses e

habilidades.

Escolher um local

de atuação que irá

se ajustar aos seus

interesses e

habilidades

Escolher uma

localidade de

prática profissional

compatível com

seus interesses e

habilidades.

Choose a location

of professional

practice consistent

with their interests

and abilities .

Choose a location

of professional

practice consistent

with your interests

and abilities.

Escolher uma

localidade de

prática profissional

compatível com

seus interesses e

habilidades.

2. Choose a

practice location

that will fulfill

your expectations

and goals

Escolher uma

localidade da

prática profissional

que irá realizar

suas expectativas e

objetivos.

Escolher um local

de atuação que irá

atender suas

expectativas e

metas

Escolher uma

localidade de

prática profissional

que irá atender às

suas expectativas e

aos seus objetivos.

Choose a location

of professional

practice that will

meet your

expectations and

your goals.

Choose a location

of professional

practice that will

meet your

expectations and

your goals.

Escolher uma

localidade de

prática profissional

que irá atender às

suas expectativas e

metas.

Page 208: ESCOLHA DA ESPECIALIDADE MÉDICA E LOCAL DE PRÁTICA: … · 2015. 10. 2. · Escolha da especialidade médica e local de prática: adaptação de uma escala. Tese de Doutorado, Universidade

189

Itens originais Tradução direta

1 (T1)

Tradução direta

2 (T2)

Síntese de T1 e

T2 (T12)

Tradução inversa

1 (TI1)

Tradução inversa

2 (TI2)

Versão para o

piloto (P)

3. Choose a

practice location

that will enable

you to live the

type of lifestyle

you desire

Escolher uma

localidade da

prática profissional

que permitirá a

você viver o estilo-

de-vida que você

deseja.

Escolher um local

de atuação que

permitirá que você

tenha o estilo de

vida que você

deseja

Escolher uma

localidade da

prática profissional

que permitirá a

você viver o estilo

de vida que você

deseja.

Choose a location

of professional

practice that will

allow you to live

the lifestyle you

want.

Choose a location

of professional

practice that will

allow you to live

the lifestyle you

want.

Escolher uma

localidade da

prática profissional

que o permitirá ter

o estilo de vida

que você deseja.

4. Decide what

you value most in

a practice location

(e.g., resources

and facilities,

support from

colleagues, long-

term relationships

with patients,

climate, etc.)

Decidir o que você

dá mais valor na

localidade de

prática profissional

(ex: recursos e

instalações,

suporte dos

colegas,

relacionamentos

de longa data com

pacientes, clima,

etc.)

Decidir o que você

mais valoriza em

um local de

atuação (por

exemplo, recursos

e instalações,

apoio dos colegas,

relacionamentos

de longo prazo

com os pacientes,

clima, etc)

Ponderar sobre o

que você dá mais

valor na localidade

de prática

profissional (ex:

recursos e

instalações,

suporte dos

colegas,

relacionamentos

de longa data com

pacientes,

ambiente, etc).

Ponder what you

value most in the

location of

professional

practice (eg

resources and

facilities, support

from colleagues,

long-standing

relationships with

patients,

environment, etc).

Think about what

you value most in

the location of

professional

practice (eg

resources and

facilities, support

from colleagues,

long-standing

relationships with

patients,

environment, etc).

Decidir sobre o

que você mais

valoriza na

localidade de

prática profissional

(por exemplo,

recursos e

instalações,

suporte dos

colegas,

relacionamentos

de longa data com

pacientes,

ambiente, etc).

5. Select a practice

location from a list

of potential

locations

Eleger uma

localidade da

prática profissional

a partir de uma

lista de lugares em

potencial.

Selecionar um

local para prática

de uma lista de

locais possíveis

Eleger uma

localidade da

prática profissional

a partir de uma

lista de localidades

em potencial.

Elect a location of

professional

practice from a list

of potential

locations.

Electing a location

of professional

practice from a list

of potential

locations.

Eleger uma

localidade da

prática profissional

a partir de uma

lista de localidades

em potencial.

6. Locate valid and

accurate

information to

help you choose

between equally

desirable practice

locations

Localizar

informações

válidas e precisas

para ajudá-lo a

escolher entre

localidades de

prática profissional

igualmente

desejáveis.

Localizar

informações

válidas e precisas

para lhe ajudar a

escolher entre

locais de prática

igualmente

desejáveis.

Localizar

informações de

boa qualidade para

ajudá-lo a escolher

entre localidades

de prática

profissional

igualmente

desejáveis.

Find good

information to

help you choose

between locations

of professional

practice that are

equally desirable.

Find good

information to

help you choose

between locations

of professional

practice that are

equally desirable.

Localizar

informações

válidas e precisas

para ajudá-lo a

escolher entre

localidades de

prática profissional

igualmente

desejáveis.

7. Decide what

you are and are not

ready to sacrifice

in order to choose

a practice location

Decidir o que você

está ou não

disposto a

sacrificar ao

escolher uma

localidade da

prática

profissional.

Decidir o que você

está e não está

pronto para

sacrificar a fim de

escolher um local

de prática

Decidir o que você

está ou não

disposto a

sacrificar ao

escolher uma

localidade de

prática

profissional.

Decide what you

are willing to

sacrifice or not to

choose a location

of professional

practice.

Decide what you

are or are not

willing to sacrifice

to choose a

location of

professional

practice.

Decidir o que você

está ou não

disposto a

sacrificar a fim de

escolher uma

localidade de

prática

profissional.

Page 209: ESCOLHA DA ESPECIALIDADE MÉDICA E LOCAL DE PRÁTICA: … · 2015. 10. 2. · Escolha da especialidade médica e local de prática: adaptação de uma escala. Tese de Doutorado, Universidade

190

Itens originais Tradução direta

1 (T1)

Tradução direta

2 (T2)

Síntese de T1 e

T2 (T12)

Tradução inversa

1 (TI1)

Tradução inversa

2 (TI2)

Versão para o

piloto (P)

When you think

about the practice

location that you

might choose (e.g.,

capital city, other

metropolitan

center, regional

city/large town,

rural area/small

town, or

small/remote

community),

please indicate if,

at this stage of

your training, you

agree or disagree

with the following

statements:

Quando você

pensa sobre a

localidade de

prática profissional

que você pode

escolher (ex:

capital, outro

centro

metropolitano,

cidade

regional/grande

cidade, área

rural/pequena

cidade ou

comunidade

pequena/remota),

por favor indique

se, nesse estágio

do seu

treinamento, você

concorda ou

discorda das

seguintes

afirmações:

Quando você

pensa sobre o local

para prática que

você possa

escolher (por

exemplo, capital,

outro centro

metropolitano,

cidade de médio

porte, área rural /

cidade pequena, ou

comunidade

remota), por favor

indique se, neste

momento da sua

formação, você

concorda ou

discorda com as

seguintes

afirmações:

Quando você

pensa sobre a

localidade de

prática profissional

que você pode

escolher (ex:

capital, outro

centro

metropolitano,

cidade

regional/grande

cidade, área

rural/pequena

cidade ou

comunidade

pequena/remota),

indique se, nesse

estágio do seu

treinamento, você

concorda ou

discorda das

seguintes

afirmações:

When you think

about the location

of professional

practice that you

can choose (eg

capital, another

metropolitan

center, regional

city / large town,

rural / small town

or small / remote

community)

indicate whether,

at this stage of

your training, you

agree or disagree

with the following

statements:

When you think

about the location

of professional

practice that you

can choose (e.g.

capital, another

metropolitan

center, regional

city / large town,

rural / small town

or small / remote

community)

indicate whether,

at this stage of

your training, you

agree or disagree

with the following

statements:

Quando você

pensa sobre a

localidade de

prática profissional

que você pode

escolher (ex:

capital, outro

centro

metropolitano,

cidade

regional/grande

cidade, área

rural/pequena

cidade ou

comunidade

pequena/remota),

indique se, nesse

estágio do seu

treinamento, você

concorda ou

discorda das

seguintes

afirmações:

1. I have a clear

set of goals for my

future with regard

to choosing a

practice location

Eu tenho um

conjunto claro de

objetivos para o

meu futuro no que

diz respeito à

escolha de uma

localidade da

prática

profissional.

Eu tenho um

conjunto claro de

metas para o meu

futuro no que diz

respeito à escolha

de um local de

prática

Eu tenho um

conjunto claro de

objetivos para o

meu futuro no que

diz respeito à

escolha de um

local da prática

profissional.

I have a clear set

of goals for my

future in regards to

choosing a

location of

professional

practice.

I have a clear set

of goals for my

future in regards to

choosing a

location of

professional

practice.

Eu tenho um

conjunto claro de

metas para o meu

futuro no que diz

respeito à escolha

de uma localidade

de prática

profissional.

2. I am taking the

steps needed to

achieve my goal of

choosing a

practice location

Eu estou tomando

os passos

necessários para

atingir o meu

objetivo da

escolha de uma

localidade da

prática

profissional.

Eu estou seguindo

os passos

necessários para

alcançar o objetivo

de escolher um

local para prática

Eu estou tomando

os passos

necessários para

atingir o meu

objetivo da

escolha de uma

localidade da

prática

profissional.

I am taking the

necessary steps to

achieve my goal of

choosing a

location for

professional

practice.

I am taking the

necessary steps to

achieve my goal of

choosing a

location for

professional

practice.

Eu estou tomando

as medidas

necessárias para

atingir minha meta

de escolher uma

localidade de

prática

profissional.

3. I have a set time

frame in which to

make a decision

about my choice

of practice

location

Eu defini um prazo

para tomar a

decisão sobre a

minha escolha de

um local de

trabalho.

Eu tenho um prazo

definido para

tomar uma decisão

sobre a minha

escolha de um

local para prática

Eu defini um prazo

para tomar a

decisão sobre a

minha escolha de

uma localidade da

prática

profissional.

I have set a

deadline for

making a decision

about my choice of

a location of

professional

practice.

I have set a

deadline for

making a decision

about my choice of

a location of

professional

practice.

Eu defini um prazo

para tomar uma

decisão sobre a

minha escolha de

localidade de

prática

profissional.

Page 210: ESCOLHA DA ESPECIALIDADE MÉDICA E LOCAL DE PRÁTICA: … · 2015. 10. 2. · Escolha da especialidade médica e local de prática: adaptação de uma escala. Tese de Doutorado, Universidade

191

Itens originais Tradução direta

1 (T1)

Tradução direta

2 (T2)

Síntese de T1 e

T2 (T12)

Tradução inversa

1 (TI1)

Tradução inversa

2 (TI2)

Versão para o

piloto (P)

4. I have discussed

my goals in

relation to my

practice location

options with my

family/partner

Eu tenho discutido

meus objetivos em

relação às opções

do meu local de

trabalho com

minha

família/parceiro(a)

.

Eu discuti meus

objetivos em

relação à escolha

de um local para

prática com a

minha família /

parceiro

Eu tenho

conversado com

a(o)

família/parceiro(a)

sobre meus

objetivos em

relação às opções

de localidade de

prática

profissional.

I have talked to

my family /

partner about my

goals in relation to

the options of

location of

professional

practice.

I have talked to

my family /

partner about my

goals in relation to

the options of

location of

professional

practice.

Eu tenho

conversado com

a(o)

família/parceiro(a)

sobre as minhas

metas em relação

às minhas opções

de localidade de

prática

profissional.

5. I am getting lots

of support to

achieve my goal of

choosing a

practice location

Eu tenho recebido

muito suporte para

alcançar meu

objetivo de

escolha de um

local de trabalho.

Eu estou

recebendo muito

apoio para

conseguir meu

objetivo de

escolher um local

para prática

Eu tenho recebido

muito suporte para

alcançar meu

objetivo de

escolha de uma

localidade de

prática

profissional.

I have received

much support to

achieve my goal of

choosing a

location of

professional

practice.

I have received

much support to

achieve my goal of

choosing a

location of

professional

practice.

Eu estou

recebendo muito

apoio para atingir

minha meta de

escolher uma

localidade de

prática

profissional.

6. I am carefully

considering my

interests and life

values to come up

with my goal of

choosing a

practice location

Eu estou

considerando

cuidadosamente

meus interesses e

valores para

chegar ao meu

objetivo da

escolha de um

local de trabalho

Eu estou

considerando

cuidadosamente os

meus interesses e

valores da vida

para alcançar

minha meta de

escolha de um

local para prática

Eu estou

considerando

cuidadosamente

meus interesses e

valores para

chegar ao meu

objetivo da

escolha de uma

localidade de

prática

profissional.

I'm carefully

considering my

interests and

values to reach my

goal of choosing a

location of

professional

practice.

I'm carefully

considering my

interests and

values to reach my

goal of choosing a

location of

professional

practice.

Eu estou

considerando

cuidadosamente

meus interesses e

valores para

chegar decisão

sobre minha meta

de escolher uma

localidade de

prática

profissional.

Page 211: ESCOLHA DA ESPECIALIDADE MÉDICA E LOCAL DE PRÁTICA: … · 2015. 10. 2. · Escolha da especialidade médica e local de prática: adaptação de uma escala. Tese de Doutorado, Universidade

192

Itens originais Tradução direta

1 (T1)

Tradução direta

2 (T2)

Síntese de T1 e

T2 (T12)

Tradução inversa

1 (TI1)

Tradução inversa

2 (TI2)

Versão para o

piloto (P)

When you think

about the practice

location that you

might choose (e.g.,

capital city, other

metropolitan

center, regional

city/large town,

rural area/small

town, or

small/remote

community), how

much do you

expect at this stage

of your training

that your choice of

practice location

will

Quando você

pensa sobre a

localidade da

prática profissional

que você pode

escolher (ex:

capital, outro

centro

metropolitano,

cidade

regional/grande

cidade, área

rural/pequena

cidade ou

comunidade

pequena/remota),

o quanto você

espera, nesse

estágio do seu

treinamento, que a

sua escolha de

local de trabalho

irá:

Quando você

pensa sobre o local

de prática que

você possa

escolher (por

exemplo, capital,

outro centro

metropolitano,

cidade de médio

porte, área rural /

cidade pequena, ou

comunidade

remota), o quanto

você espera, neste

momento da sua

formação, que sua

escolha de

localidade de

prática irá:

Quando você

pensa sobre a

localidade da

prática profissional

que você pode

escolher (ex:

capital, outro

centro

metropolitano,

cidade

regional/grande

cidade, área

rural/pequena

cidade ou

comunidade

pequena/remota),

o quanto você

espera, nesse

estágio do seu

treinamento, que a

sua escolha de

localidade de

prática profissional

irá:

When you think

about the location

of professional

practice that you

can choose (eg

capital, another

metropolitan

center, regional

city / large town,

rural / small town

or small / remote

community) , how

do you expect at

this stage of your

training that your

choice of location

of professional

practice will:

When you think

about the location

of professional

practice that you

can choose (e.g.

capital, another

metropolitan

center, regional

city / large town,

rural / small town

or small / remote

community), to

what extent do you

expect at this stage

of your training

that your choice of

location of

professional

practice will:

Quando você

pensa sobre a

localidade da

prática profissional

que você pode

escolher (ex:

capital, outro

centro

metropolitano,

cidade

regional/grande

cidade, área

rural/pequena

cidade ou

comunidade

pequena/remota),

o quanto você

espera, nesse

estágio do seu

treinamento, que a

sua escolha de

localidade de

prática profissional

irá:

1. Allow you to

pursue the leisure

time activities or

interests that you

like

Permitir a você

realizar atividades

de lazer e

interesses que

você gosta.

Permiti-lo seguir

atividades de lazer

/ de interesse que

você goste

Permitir a você

buscar atividades

de lazer que você

gosta.

Allow you to

search leisure

activities you

enjoy.

Allow you to

search leisure

activities you

enjoy.

Permitir a você ter

as atividades de

lazer de que gosta.

2. Allow you to

have your desired

lifestyle

Permitir a você ter

o seu estilo-de-

vida desejado.

Permitir que você

tenha o estilo de

vida desejado

Permitir que você

tenha o estilo de

vida que deseja.

Allow you to have

the lifestyle you

want.

Allow you to have

the lifestyle you

want.

Permitir que você

tenha o estilo de

vida que deseja.

3. Allow you to

have your desired

work/recreational

balance

Permitir a você ter

um equilíbrio

desejado entre

trabalho e lazer.

Permitir que você

tenha o equilíbrio

desejado trabalho /

recreação

Permitir que você

tenha o equilíbrio

entre trabalho e

lazer que deseja.

Allow you to have

a balance between

work and leisure

you want.

Allow you to have

a balance between

work and leisure

you want.

Permitir que você

tenha o equilíbrio

desejado entre

trabalho e lazer.

4. Have the

resources and

support that will

allow you to work

the number of

hours that you

desire

Ter os recursos e

suporte que

permitirão a você

trabalhar o número

de horas que você

deseja.

Têm recursos e

apoio que vai

permitir que você

trabalhe o número

de horas que você

deseja

Ter os recursos e

suporte que

permitirão a você

trabalhar o número

de horas que você

deseja.

Have the resources

and support that

will allow you to

work the hours

you want.

Have the resources

and support that

will allow you to

work the hours

you want.

Ter os recursos e

suporte que

permitirão a você

trabalhar o número

de horas que você

deseja.