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Escatologia Visão Panorâmica do Futuro

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EscatologiaVisão Panorâmica do Futuro

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Severino Pedro da Silva

EscatologiaVisão Panorâmica do Futuro

São Paulo / 2012

EDIÇÃO DO AUTOR

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Dados Internacionais de Catalogação na PublicaçãoCIP-Brasil. Catalogação na fonte

Silva, Severino Pedro da Escatologia: visão panorâmica do futuro / Severino Pedro da

Silva - São Paulo: edição do autor, 2012 365 p.: 14X21 cm

1. Escatologia 2. Visão panorâmica 3. O futuro I. Titulo

CDD

Copyright © 2012 por Severino Pedro da Silva. Todos os direitos reservados.

Projeto gráfico: Magno Paganelli1ª Edição: setembro / 2012

Contatos com o autor: [email protected]

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SUMÁRIO

Prefácio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71. Escatologia – Visão Panorâmica Do Futuro . . . . . . . . . . . 92. Cronologia do Futuro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 333. O Oriente Médio Na Mira Do Mundo. . . . . . . . . . . . . . . . . . 634. Olhando Para A Figueira – Israel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 755. Olhando Para Todas As Árvores – As Nações Árabes. . .1056. A Construção do Templo Sobre O Monte Moriá. . . . . . . . .1337. A Apostasia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1618. Falsos Líderes Que Precederão Ao Anticristo. . . . . . . . . .1759. O Anticristo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21110. O Número Misterioso Da Besta – 666. . . . . . . . . . . . . . .23311. Os Números Do Apocalipse. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27512. Um Sistema Chamado A Grande Babilônia. . . . . . . . . .28513. Os Vencedores De Todos Os Tempos. . . . . . . . . . . . . . . . . 32914. A Nova Jerusalém – A Capital Celestial

do Mundo Do Futuro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .345Notas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .361

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prefácio

Escatologia – visão panorâmica do futuro, foi escrito com afinalidade de trazer alegria e esperança ao povo de Deus emgeral. Nele é desenvolvida uma escatologia atual, vigorosa eproeminente que focaliza acontecimentos do mundo presentee descreve com expectativa aquilo que acontecerá no mundodo futuro. De igual modo, são desenvolvidos temas de alcancemuito vasto, focalizando Israel, as nações árabes e outrospovos envolvidos no contexto teocrático das profecias divinas.Contudo, o tema principal além da pessoa de Cristo, é a esperançade um mundo melhor, em que habita a justiça. Neste mundofuturo, os justos desfrutarão das “...coisas que o olho não viu,e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem” (1Co 2.9b). Isto é, “...as virtudes do século futuro” (Hb 6.5b). É,esta, portanto, a grande razão de que, em qualquer época oulugar, o povo cristão tem se mostrado sequioso pelo estudodas coisas futuras, motivado pelo alcance de todos os bensvindouros que foram prometidos em ambos os Testamentos.Estas virtudes futuras começarão a ser desfrutadas emplenitude, com o arrebatamento dos salvos por nosso SenhorJesus Cristo. Este é, o motivo principal que tem levado a Igrejaorar sempre, dizendo: “Vem, Senhor Jesus!”. Este livro,portanto, escrito com muita graça de Deus pelo Pastor SeverinoPedro da Silva – considerado por todos nós como uma dasmaiores expressão do saber bíblico e teológico da atualidade,apresenta um potencial espiritual e poder de erudição, o que,certamente, será para nós um manancial de edificação.Recomendamos sua leitura, seu apreço e admiração.

São Paulo – Brasil, 2012José Wellington Bezerra da Costa

Presidente da CGADB

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I. ESCATOLOGIA – DEFINIÇÃO E FINALIDADE

1. Escatologia panorâmica. Escatologia é a doutrina quediz respeito ao fim do mundo presente e a introdução edesenvolvimento do mundo vindouro. Ela é, portanto, adoutrina que ensina sobre as últimas coisas e, quandoanalisada do ponto de vista divino de observação, gira emtorno de ‘grandes temas principais’, abrangendo todo o paçoda Escatologia Bíblica e seus aspectos gerais. Escatologia cristãé o estudo do fim das coisas, tanto o fim de uma vida individual,ao final da época, ou o fim do mundo, nos aspectos docristianismo. A palavra “escatologia” é derivada de duaspalavras gregas que significam: “último” e “estudo”. Emtermos gerais, é o estudo do destino do homem como é reveladona Bíblia, fonte primária de todos os estudos sobre escatologiacristã. Usamos aqui, também, a expressão ‘panorâmica’, paradesignar os povos teocráticos, tais como: Israel, árabes e ospróprios gentios que, de uma forma ou de outra – encontram-se envolvidos nas predições do Senhor e dos escritores deambos os Testamentos, no que diz respeito ao plano dasalvação como o poder gentílico mundial.

2. A esperança de um mundo melhor. Atualmentevivemos num mundo cheio de dores e sofrimentos. Nele e delefalou o próprio Jesus quando procurava levantar o ânimo econsolar aos seus discípulos das provas e aflições em que porelas eles passariam. Então Ele disse: “Tenho-vos dito isto,

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FUTURO

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para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições...”.Depois Ele acrescentou dizendo: “mas tende bom ânimo, euvenci o mundo” (Jo 16. 33). Com efeito, porém, além destemundo de que acabamos de falar, as Escrituras falamveementemente na existência de um mundo vindouro, cheiode paz e prosperidade. Nele, os salvos desfrutarão as bem-aventuranças eternas e “as coisas que o olho não viu, e oouvido não ouviu, e subiram ao coração do homem...”. Isto é:“são as que Deus preparou para os que o amam” (1 Co 2. 9).

II. OS TEMAS PRINCIPAIS DA ESCATOLOGIA

1. Israel. No presente argumento que passaremos adescrever sobre os ‘cinco temas principais’ da EscatologiaBíblica, focalizaremos o passado, o presente e o futuro dospersonagens que se encontram envolvidos em cada assuntoe tese principal. Começando, portanto, com a eleição (ouescolha) de Israel. O princípio de formação da nação israelitacomeçou com a chamada de Abraão, quando este ainda seencontrava em Ur dos Caldeus, quando o Senhor disse paraele: “Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teupai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grandenação...” (Gn 12. 1-2). Abraão foi pai de oito filhos: Ismael(por meio de Agar), Isaque (por meio de Sara), Zinrã, Jocsã,Medã, Midiã, Jisbaque e Suá (por meio de Cetura). Com efeito,porém, o filho da promessa divina dizia respeito a Isaque.Assim Abraão gerou a Isaque, Isaque gerou a Jacó e Jacó gerouos doze patriarcas. Os doze patriarcas formaram as dozetribos de Israel que, juntas, se transformaram na naçãoisraelita que hoje conhecemos, que, no tocante às promessasde Deus, tanto para o presente como para o futuro, estáassegurada. Israel será protegido no presente e será salvono futuro. Os aspectos e acontecimentos que norteiam a naçãoisraelita são proféticos. Paulo fala com respeito a Israel dizendoque, no futuro, as atenções proféticas apontam no geral ecom nitidez para ele, e acrescenta: “...dos quais (os israelitas)

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é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e oculto, e as promessas” (Rm 9. 4). Com efeito, porém, nãodevemos nos esquecer que, por extensão, os povos árabesentram também neste contexto profético, como naçõesteocráticas. Uma boa parte das profecias bíblicas relacionadascom Israel apresentam sempre aqui, ali ou acolá, menção dosárabes. Na lista feita por Lucas, escritor dos Atos dosApóstolos, que envolvem as nações como parte representativano dia de Pentecostes, fazendo parte do plano da salvação, osárabes são os últimos da lista. O escritor sagrado começadizendo: “Partos e medos, elamitas e os que habitam naMesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, Ponto e Ásia, e Frigia ePanfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteirosromanos, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes”.É importante, com efeito, observar nesta lista a conclusão doescritor, quando usa sua última frase, dizendo: “...e árabes”(At 2.9-11). Este frase, que aqui está em foco, não deve serconsiderada apenas como uma expressão que fora citada, tãosomente para fazer parte da história deste povo. Não!Profeticamente falando, ela tem um sentido maior e maisprofundo. Ela aponta para a salvação deste povo, quecertamente se dará no futuro (breve ou distante), quandohaverá, por parte deles, um reconhecimento da origem e filiaçãodo Filho de Deus, como descendente legal de Abraão e aceitarãoSua autoridade como Salvador e Senhor (cf. At 15.15).

2. Cristo. Ninguém jamais pode falar da História ou deEscatologia Bíblica sem falar de Jesus Cristo como sendo afigura central tanto de uma como da outra. Pois, tanto a suapessoa como a sua obra e sua importância, encontram-se nelasinseridas. Jesus, portanto, faz parte da História tanto secularcomo eclesiástica e sua presença neste mundo, marcou cadapaço da Escatologia histórica, atual e futurística. A suaencarnação marcou a plenitude dos tempos, conforme édescrito por Paulo e em outras passagens do Novo Testamento.João diz que no tempo determinado por Deus, “...o Verbo sefez carne, e habitou entre nós...” (Jo 1. 14), e Paulo confirma

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que “...vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho,nascido de mulher, nascido sobre a lei” (Gl 4. 4a). Devemosobservar aqui vários aspectos da vida de Cristo, envolvendotanto o contexto divino como o humano:

a) Sua concepção virginal – A concepção de Jesus quandose humanizou no ventre da virgem, foi um ato miraculoso deDeus. A promessa divina de que isto aconteceria foi feita pelopróprio Deus quando disse: “Eis que uma virgem conceberá,e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel” (Is 7. 14b).Paulo diz que a encarnação de Cristo foi um milagre e o chamoude “mistério da piedade”. Então ele diz: “E sem dúvida algumagrande é o ‘mistério da piedade’: Aquele que se manifestouem carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregadoaos gentios, crido no mundo, e recebido acima na glória” (1Tm 3. 16).

b) Seu nascimento natural – Existem os que sustentam a“Virgindade Perpétua de Maria”, dizendo que foi virgem “antes,durante e depois do parto”. Mas essa doutrina não tem apoionas Escrituras. Ela não se coaduna com a história do nascimentode Jesus e nem com a tese principal. O nascimento de Jesus seprocessou de forma natural como qualquer outra criança quevem ao mundo. Sua concepção no ventre da virgem, sim, essafoi de forma miraculosa e sobrenatural.

3. A Igreja. O grande tema que envolve a Igreja desde oseu princípio de formação até seu destino final, insere também,de um modo especial, a pessoa de Cristo. É, portanto, por Elee através dEle, que a Igreja existe. Por esta razão, do início aofim, Jesus faz parte deste contexto. Com efeito, porém, com avinda de Jesus para consumar o plano da redenção, um outropovo é levantado na terra. Este outro povo é a Igreja! Ela écomposta de todas as raças (judeus, gregos e gentios) que,em qualquer lugar, reconhecem ao Senhor Jesus como sendoo Filho de Deus e aceitam o evangelho da Sua graça. Assim,portanto, como Deus chamou a Abraão para se tornar pai deuma grande nação e disse para Israel: “vós sereis um reinosacerdotal e o povo santo” (Êx 19.6), de igual modo, também

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o Senhor Jesus chamou para si homens e os chamou “degeração eleita, o sacerdócio real, a nação santa” (1 Pe 2.9).Tal procedimento por parte do Senhor envolve o princípio deformação da Igreja, sua existência no tempo e seu futuroúltimo. A Igreja que aqui está em foco se refere a Igreja Unae Universal, isto é, a Igreja composta do povo de Deus naNova Aliança, que agrega em Si todas as raças e línguas, quereconhecem a pregação do Evangelho e a fé em Jesus Cristo.Assim, para ela que é uma só Igreja, há “um só Senhor, umasó fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual ésobre todos, e por todos e em todos” (Ef 4.5-6). Dentro doslimites da eternidade, a Igreja, portanto, desfrutará de tudoaquilo que o Senhor prometeu em ambos os Testamentos. Omundo do futuro, portanto, que aqui está em foco, não setrata inteiramente do conceito universal do mundo físico emque vivemos. Mas se trata do mundo vindouro que servirá debase para que o bem possa ter espaço em toda sua extensãoe plenitude. Também procuramos nele descrever o queacontecerá com Israel, os árabes, a Igreja e as demais naçõesdo mundo. Aqui também estão em foco os acontecimentosfuturos que falam da introdução do mundo vindouro, queserá preparado por Deus e o Senhor Jesus Cristo. Nele, todosos filhos de Deus (incluindo os santos e anjos) desfrutarãode todas as bênçãos que foram prometidas em ambos osTestamentos. Neste contexto informativo, também falaremosdo destino final do diabo, dos anjos maus e dos demônios.Chegará um dia, dentro dos limites da eternidade, quando omal terá fim. Com ele, evidentemente, desaparecerá todo equalquer sistema de transgressão e contravenção em que,por meio deles, os homens transgridem contra Deus e contrasuas ordens e somente permanecerá o bem e a bondade divinanos corações e em cada lugar da existência. As Escriturasafirmam que, além do mundo em que vivemos, existe umaprogramação da parte de Deus, para um mundo futuro (Hb 2.5). Este mundo será formado por “novos céus e nova terra,em que habita a justiça”. Ele será habitado pela TrindadeDivina, os anjos e pelos santos de todos os tempos. Contudo,

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é preciso observar que, até que venha a ‘consumação dosséculos’ e a introdução deste mundo vindouro, de que falamos,muitos acontecimentos terão lugar no tempo e no espaçoenvolvendo tanto a esfera humana como a esfera espiritual.Após o aniquilamento de todo o mal e o julgamento de todascoisas, a Igreja e os santos de todos as épocas passarão adesfrutar, na eternidade, das benéficas felicidades que foramprometidas a eles, em ambos os Testamentos. Após aressurreição e a transformação dos santos, eles serãoconduzidos por Cristo, para a cidade divina, “...da qual oartífice e construtor é Deus”. “E ali nunca mais haverá maldiçãocontra alguém e nela (na cidade celestial) estará o trono deDeus e do Cordeiro, e os Seus servos o servirão. E verão oSeu rosto e, nas suas testas, estará o Seu nome. E ali nãohaverá mais noite e não necessitarão de lâmpada nem de luzdo sol, porque o Senhor Deus os alumia; e reinarão para todoo sempre” (Ap 22.3-5).

a) A fundação da Igreja – A origem da Igreja e o“fundamento” sobre o qual a ela foi e está edificada, é nossoSenhor Jesus Cristo. Paulo afirma isso por amor de seuargumento. Então ele diz: “Segundo a graça de Deus que mefoi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outroedifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele.Porque ninguém (ninguém mesmo!) pode pôr outrofundamento, além do que já está posto, o qual (é) Jesus Cristo”(1 Co 3. 10-11). Ora, essa mesma linha de raciocínio é seguidapelos demais escritores do Novo Testamento. O próprio Jesusrelembra isso em Mateus 21. 42, dizendo: “Diz-lhes Jesus:Nunca lestes nas Escrituras: a pedra, que os edificadoresrejeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo; pelo Senhorfoi feito isto, e é maravilhoso aos nossos olhos?”. Pedroentendeu bem estas palavras de Jesus quando falou com elee com os demais. Ele sabia que Nosso Senhor não estava sereferindo a pessoa de Pedro, ou até mesmo um outro apóstoloqualquer. Pedro entendeu e disse: A pedra é Cristo! “Ele (Cristo)é a pedra que foi rejeitada por vós, edificadores, a qual foi

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posta por cabeça de esquina” (At 4. 11; 1 Pe 2. 6-8). Muitoshoje têm também rejeitado Cristo nesta interpretação, comosendo Ele “a pedra” sobre a qual sua Igreja foi edificada,exatamente como fizeram os edificadores. E Pedro diz que estapedra é “...uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, paraaqueles que tropeçaram na palavra-especialmente, na palavrada interpretação”. Entretanto, para Deus e para nós, Ele é econtinua sendo, “a pedra viva...eleita e preciosa” (1 Pe 2. 4, 8).Paulo diz que nós, que formamos a Igreja, estamos “edificadossobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que JesusCristo (é) a principal pedra da esquina” (Ef 2. 20).

b) A existência da Igreja – De acordo com o NovoTestamento, a Igreja surge primeiro como um organismo vivo.Nesse sentido, ela “inclui todos os crentes regenerados, tiradosde todo o mundo entre o primeiro e segundo advento deCristo...”. Seu alcance é vasto e ela abrange a todos os salvos,tanto do passado como do presente, visto que, os quemorreram na terra, estão vivos no céu (Hb 12. 23). Nestesentido, portanto, ela é a Igreja Universal, mística, compostade todos os santos de todas as épocas e de todos os lugares;os que aceitaram Cristo como cabeça; essa Igreja é consideradacomo um organismo vivo, espiritual que tem Cristo comocentro e fonte perene de Sua vida; e a união mística da Igrejacom Cristo através do Espírito Santo numa comunhãoduradoura e permanente. Paulo descreve isso em vários deseus elementos doutrinários.

4. Os gentios. Os gentios mesmo não sendo povosteocráticos, contudo, envolvem-se no conceito escatológico,mostrando a ascensão deste poder e sua destruição final.Neste contexto gentílico, as profecias bíblicas mostram duasgrandes cadeias de profecias.

a) Primeiro, o domínio gentílico sobre o povo eleito –Começando com o cativeiro de Judá (Israel) sob Nabucodonosor(2 Cr 36.11-21) até o retorno de Cristo para o vale do Armagedom,quando ali será neutralizado o poder e força do anticristo, “...aquem o Senhor desfará pelo assopro da Sua boca, e aniquilará

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pelo esplendor da sua vinda” (2 Ts 2.8). Após deter todo o avançodas forças do mal, liderado pelo anticristo naquele sombrio vale,como prova de seu supremo poder pessoal e de sua grandezadivina, Jesus aprisionará o anticristo juntamente com seu falsoprofeta. Com a prisão dos dois, e o banimento de ambos no Lagode Fogo, o sistema político mundial que agia contra Deus e contraSeu povo chegará ao fim.

b) Segundo, o tempo chamado de “plenitude dos gentios”– Isto é, todo o período da extensão da graça que diz respeitoà salvação de suas almas. Este período teve início com a rejeiçãode Cristo por Israel e terminará com o arrebatamento da Igreja.E terminará com relação aos gentios, com o rapto da Igreja –dando assim lugar, em seguida, a aceitação de Israel (cf. Rm11.17,24).

5. O mundo angelical – envolvendo o bem. Envolve aexistência do mundo angelical, focalizando este reino de luzque se encontra a serviço de Deus e de Seus filhos, em ambosos Testamentos. Muitas passagens das Escrituras ensinamque há uma ordem de seres celestes totalmente distintos dahumanidade e da Divindade, que ocupam uma posiçãoexaltada acima da atual posição do homem. Nem semprepodemos ter consciência da presença dos anjos. A Bíblia,porém, nos garante que, um dia, será removido de nossosolhos “o véu da separação” entre o visível e o invisível. Então,a partir daí, poderemos ver e conhecer, em toda a plenitude, aatenção que os anjos nos dedicaram em cada passo de nossavida (1 Co 13.12). A crença em tais mensageiros angelicais éde caráter universal! Filósofos, poetas, historiadores,teólogos, pessoas simples etc. frequentemente falaram noministério de anjos. Muitas experiências do povo de Deusindicam que os anjos o têm auxiliado. Muitas pessoas poderãonão ter sabido que estavam sendo ajudadas, porém a visitaera real. E, no sentido geral, conforme expressa o significadodo pensamento que Deus ordenou aos anjos que auxiliassemo Seu povo – a todos os que foram redimidos pelo poder dosangue de Cristo.

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6. O mundo tenebroso – envolvendo o mal. Refere-se aouniverso composto das hostes espirituais da maldade, que seopõe tanto a Deus como a sua obra.

a) O diabo – O grande inimigo de Deus e dos homens échamado por vários nomes e cada um deles indica uma espéciede maldade que pode causar prejuízo no plano da redenção.Contudo, o nome mais comum a esse inimigo de todo o bem é“diabo”. O substantivo “diabollos” [formado de dia, “atravésde”, e ballões, “jogar”] significa “jogar por cima ou atravésde”. O que sugere “dividir”, “semear contenda”, “acusar”,“fazer acusação”, “caluniar”, “infamar”, “rejeitar”,“descrever”. Estes nomes e apelativos descrevem toda suanatureza, caráter e personalidade.

b) Os anjos do mau – Não satisfeito com sua maneirapessoal de atacar os filhos de Deus, o Diabo faz, dentro deseu campo de ação, uso de agentes do mal, tais como os anjosdas trevas e os demônios. Os anjos decaídos dividem-se emdois grupos distintos:

1º. O primeiro grupo é composto daqueles que aderiram aSatanás quando se rebelou contra Deus (Is 14.12 e s; Ez 28.2e s); esses anjos estão sob a esfera de seu domínio e,consequentemente, não estão aprisionados (Ef 2.2; 6.12; Ap12.7). Muitos e importantes textos paulinos falam dessasorganizações do mundo angelical, usando as palavras“autoridades”, “potestades”, “tronos”, “principados” nosentido invisível, específico de entes invisíveis. São tãonumerosos que tornam o poder de Satanás muito extenso.Paulo diz, em Colossenses 2. 15, que nosso Senhor triunfousobre estas hostes por meio de sua morte e ressurreição. Edepois acrescenta: “E, despojando os principados e potestades,os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo”. Quandose faz necessário para distinção do significado dopensamento, a Bíblia distingue os anjos maus dos anjos bonsda seguinte forma: “potestades do ar” (anjos maus) e“potestades nos céus” (anjos bons). Isto é muito importante!– não é? (Ef 2.2; 3.10). Os tais anjos maus são agentesmaléficos e anjos guerreiros da ordem dos “principados”.

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2º. O segundo grupo prende-se aqueles anjos mais ferozes.Esses seres não pecaram por serem induzidos ou tentados,mas voluntariamente. Observemos o que as Escrituras dizemsobre isso: “E aos anjos que não guardaram o seu principado,mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridãoe em prisões eternas até o juízo daquele grande dia” (Jd v.6).Os autores sagrados dizem que algumas ordens angelicaiscaíram. Eles abandonaram o seu estado original. O lugar dehonra, de bem-estar e do domínio que eles possuíam noslugares celestiais, nas esferas espirituais da existência.

c) Os demônios e tudo que envolve o mistério do mal – Noestudo da Angelologia, portanto, não só as Escrituras focalizamos anjos do bem que, segundo se diz, se movimentam nestevasto reino de luz, mas elas também, de igual modo, nosinformam sobre o vasto reino de seres tenebrosos, isto é, omundo dos espíritos malignos, que se opõem tanto a Deus comoà sua obra. Do princípio ao fim, as Escrituras comprovam arealidade do mundo dos espíritos, que tanto podem ser mauscomo bons. Os espíritos malignos têm influência sobre oshomens, e procuram ocupar os seus corpos (cf. Mt 12. 43-45;Mc 5. 8). No que diz respeito à sua natureza são imundos (oque significa que tornam o indivíduo incapaz de entrar emcontato com Deus, com o culto ao Senhor e com a adoração).Algumas vezes obstinados; com freqüência são maldosos eviolentos, e também perniciosos. O vocábulo grego que traduzseu nome, “daimõn”, sempre se refere a seres espirituais hostisa Deus e aos homens. Sua inspiração sempre se limita a atosvis. As passagens de Mateus 8. 28-34; Marcos 5. 2-13; Lucas 8.26-33, ilustram o significado do pensamento. Ali, os demôniosusaram a voz do homem e o homem, tão identificado com apoderosa presença interior que lhe enchia o ser, falou por simesmo diante da autoridade suprema do Filho de Deus e pelosdemônios que o dominavam, incapaz de distinguir entre a suaprópria personalidade e influência dos demônios.

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III. TEMAS ASSOCIADOS A ESCATOLOGIA

1. A morte. “...Até que te tornes à terra; porque dela fostetomado; porquanto és pó, e em pó te tornarás” (Gn 3. 19). Amorte vem de repente ou é esperada há muito tempo. Quandose trata de uma pessoa jovem ou de uma criança, nunca éfácil de aceitar. A pessoa idosa, geralmente, aceita melhor amorte que se aproxima do que seus familiares. Mas, no geral,ninguém aceita a morte porque quando o homem foi criado,não foi criado para morrer. A morte tomou lugar na vida dohomem, por causa de seu pecado. “Por um homem (Adão),entrou o pecado no mundo e, pelo pecado, a morte, assim,também, a morte passou a todos os homens...” (Rm 5.12).

a) Seu estado intermediário (entre a morte e ressurreição)– A morte é a cessação temporária da vida corporal e aseparação entre a alma e o corpo. Uma vez que o santo morre,embora o seu corpo físico permaneça na sepultura, nomomento da morte, sua parte espiritual (imortal: alma eespírito) fundem-se no homem interior, como quando o fôlegoda vida veio de Deus e volta para Deus. Neste “voltar paraDeus”, existem dois caminhos a ser seguidos:

• O caminho largo – que conduz à perdição (Mt 7.13).• E o caminho apertado – que leva à vida eterna (Mt 7.14).1º. O caminho largo. Por ele serão conduzidos os homens

que viveram sem Deus, isto é, não procuraram viver com Cristoaqui nesta vida. Eles irão, segundo as Escrituras, para umlugar de tormento, fora da presença de Deus. Ali, elespermanecerão até a ressurreição final, quando ressuscitarãopara “vergonha e desprezo eterno” e, depois, serão lançadosno lago de fogo, o que é a segunda morte. Assim, qualquerrecompensa final, seja bem ou seja mal, serão recebidas pormeio do corpo (cf. 2 Co 5.10).

2º. O caminho estreito. Este é o caminho que conduz oshomens à vida eterna. Através dele, os homens voltarão paraDeus, em um estado de glória e, ali, no céu, esperarão, pela

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adoção, a saber, a redenção de seus corpos. Com efeito, porém,esta volta para Deus não significa aquilo que Pitágoras e Plotinoensinavam, dizendo que a alma é uma pequena partícula doUno (ou Deus) e que, após a morte, esta pequena centelhavoltava novamente para Deus e, ali, podia se unir a Deus,porém sem individualidade. Alguns panteístas tambémensinavam isso. De acordo com as Escrituras, a alma voltapara Deus em seu estado de individualidade e consciente de simesma. Paulo tinha certeza disso e exortava aos santos,dizendo: “Pelo que estamos sempre de bom ânimo, sabendoque, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor(…) mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo,para habitar com o Senhor” (2 Co 5.6,8). Falando aos filipenses,o apóstolo confirma a certeza de “estar com Cristo” e diz queisto é muito melhor do que esta vida terrena. Ele diz: “Mas, deambos os lados, estou em aperto, tendo desejo de partir e estarcom Cristo, porque isto é ainda muito melhor” (Fp 1.23).

b) O estado intermediário não é o Purgatório – Em outraseção deste livro, falamos sobre o Purgatório, dizendo queele não é o Tribunal de Cristo, mas, simplesmente, uma ideiaque veio do mundo católico, com a finalidade de pôr temornaqueles que pecavam voluntariamente. O estadointermediário (para o cristão) é na presença de Cristo. O NovoTestamento usa várias expressões para descrever o lugar queo salvo irá e nele aguardará a ressurreição por ocasião doarrebatamento da Igreja.

1º. Seio de Abraão. No episódio entre o rico e Lázaro, olugar onde Lázaro se encontrava é chamado de “seio deAbraão”. “E no Hades, ergueu os olhos, estando em tormentos,e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio” (Lc 16.23). Asalmas daqueles santos que foram mortos na Terra encontram-se agora, na eternidade, “debaixo do altar” (Ap 6.9). Amultidão que João viu, na glória celestial, “...estavam diantedo trono, e perante o Cordeiro” (Ap 7. 9). Todos estes lugares,que aqui estão foco, apontam para uma única direção: aimediata presença de Deus, ao lado de Cristo.

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O NÚMERO MISTERIOSO DA BESTA - 666 21

2º. Antes de Jesus morrer. Anteriormente, antes da vindade Jesus, para morrer na cruz, este lugar podia ser chamadode “as partes baixas da terra” e, depois de sua morte, de “oalto”, que também se tornou sinônimo do céu (cf. Ef 4. 8-9).

c) A mudança do Paraíso (Sl 68. 18; Ef 4. 8-10). Depois dasua morte redentora, Jesus Cristo, o Messias, desceu à mansãodos mortos, ou seja, ao Limbo dos Patriarcas para concederàs almas que o habitam, mortas antes de Jesus morrer nacruz, “os benefícios do seu sacrifício expiatório; estas almasforam, então, alcançadas pelo sangue do Cordeiro (Rm 3.25)”,podendo assim serem salvas. De seguida, Jesus transportoutodas estas almas santas para o Céu, desfazendo assim oLimbo dos Patriarcas. Os anjos – da queda ao Juízo Final –Quando os anjos pecaram contra Deus no passado, algunsdeles foram aprisionados “nas cadeias da escuridão” e em“prisões eternas”. Ali, eles permanecerão até o dia do JuízoFinal (2 Pe 2. 4; Jd v. 6). A diferença entre anjos e homens, éque, o estado intermediário dos homens terminará com aressurreição – o dos anjos – com seu julgamento.

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d) O estado intermediário não é o Limbo – Se distinguiamdois: o dos Patriarcas e o das crianças.

1º. O Limbo de Abraão. Em latim, Limbus, quer dizer: orla,margem. O Limbo dos Patriarcas (ou, em latim, “limbuspatrum”), que é dogma da Igreja Católica, é um lugarprovisório para onde iam os justos do Antigo Testamento “quecreram no Messias, tendo feito a contrição de seus pecados,mas ainda possuindo a marca do pecado original”, porque a“missão salvífica” de Jesus ainda não foi realizada na Terra.Neste limbo, chamado também de Sheol (ou Hades ou o Seiode Abraão), os justos que o habitam “aguardavam [...] omomento de serem levados à presença de Deus, pela redençãocompleta operada pelo Cristo” através da sua morte na cruz.

2º. O Limbo infantil. O Limbo infantil (ou, em latim, “limbuspuerorum”). O Limbo infantil ensina que as crianças quemorrem sem o batismo, vivem eternamente neste lugar ouestado, sem penas pessoais, mas privadas da visão beatíficade Deus. Recentemente o Vaticano baixou um decretoacabando com o Limbo infantil.

e) Ele não é a reencarnação – A ideia da transmigração daalma – A crença egípcia e que, depois, passou para os gregos,da transmigração da alma, era um tanto absurda e é o quepodia ser chamado, hoje, de espiritismo disfarçado. Porexemplo, se diz que a alma de Caim passou a Jetro; seu espíritopara Coré e o corpo para um egípcio. A alma de Eva passoupara Sara, a Ana e a Sunamita, e depois para a viúva deSarepta. A alma de Raabe passou a Heber, a quenita. A almade Jael passou a Eli. Algumas almas de judeus piedosospassaram para as pessoas dos gentios, de modo que possampleitear em favor de Israel. Algumas almas dos hebreusmaldosos passaram para animais, como a de Israel, quepassou para a jumenta de Balaão e, posteriormente, para oasno do rabino Pinchas Bem Yair. A alma de um caluniadorpode transmigrar para uma pedra, para que se cale; e a almade um assassino para a água. Segundo essa crença, hoje, osisraelitas que matam árabes impunemente voltarão como

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árabes para pagar esses crimes. Pitágoras ensinou que,através de ritos de purificação, entre eles, a filosofia e rígidasregras morais ascéticas, e ainda, pensamentos, sentimentos,palavras e atos puros, tentava-se capacitar a alma a libertar-se das sucessivas Rodas de Reencarnações e mortes e, quandoa alma estivesse plenamente purificada, então seria digna devoltar à Pátria Celeste e se unir ao Uno.¹

f) Os homens – da morte até a ressurreição – Este estadointermediário abrange os salvos e os pecadores. A morte é acessação temporária da vida corporal e a separação entre aalma e o corpo. Uma vez que o santo morre, embora o seucorpo físico permaneça na sepultura, no momento da morte,sua parte espiritual (imortal: alma e espírito) fundem-se nohomem interior, como quando o fôlego da vida veio de Deus evolta para Deus.

2. A ressurreição. A ideia da ressurreição no pensamentofilosófico era baseada na crença da imortalidade da alma.Platão, no seu Phaedo, defendia a ideia da imortalidade daalma no decurso de um diálogo entre Sócrates e seus amigosantes da execução daquele, por sua própria mão, ao beberveneno. Antes de bebê-lo, Sócrates pronuncia a seguinte frase:“soou a hora da partida e seguiremos o nosso caminho. Eu,para a morte e vocês, para a vida. Qual o melhor? Só Deussabe”. Sócrates não teme a morte (ainda que de forma errada),por causa da imortalidade da alma, que defende vários motivosligados com a doutrina platônica das formas, que são asrealidades eternas por trás do nosso mundo físico. As ideiasdefendidas por Sócrates, Platão e até por Aristóteles defendemapenas uma espécie de ressurgimento para a alma no mundoda imortalidade, enquanto que negavam uma ressurreiçãocorporal para a pessoa humana como um todo. Com efeito,porém, a ressurreição propriamente dita, de acordo com asEscrituras é do corpo e não da alma. Jesus foi o primeiroexemplar da ressurreição da imortalidade. Por meio dela, Ele“...aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção peloevangelho” (2 Tm 1.10). Jesus advertiu aos saduceus que a

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negação da ressurreição consistia na ignorância acerca deDeus, da Sua palavra e do Seu poder (Mt 22.29; 1 Co 15.12,34 etc.). Contudo, somente com a morte e ressurreição de Cristoé que as ideias da ressurreição e da imortalidade emergiramdas sombras do Antigo Testamento para a plena luz no NovoTestamento. Sua morte e ressurreição “aboliu a morte, e trouxeà luz e a vida...”. Há várias ordens de ressurreições, mas cadauma por sua ordem. As Escrituras destacam três gêneros deressurreições e usa expressões genéricas para descrever anatureza da ressurreição e sete ocasiões em que isto ocorrerá.

a) Ressurreição “DE” mortos – Isto é, ressurreição naturalem que a pessoa ressuscitada pode voltar a morrer novamente(1 Rs 17.21-22; 2 Rs 4.34-35; 13.43-44; Lc 7.11-17; 8.54-55;Jo 11.43-44; At 9.40-41; 20. 40-41). Alguns comentaristasopinam que Jonas morreu no ventre do peixe e foi levantadopor Deus da morte. “Pois, como Jonas esteve três dias e trêsnoites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homemtrês dias e três noites no seio da terra” (Mt 12.40).

b) Ressurreição “DENTRE” os mortos – Este gênero deressurreição se enquadra dentro do contexto da ‘primeiraressurreição’. Esta ressurreição compreende a ressurreiçãodo corpo para a imortalidade. Ela é chamada de “ressurreiçãoda vida”. Pertencendo a esta modalidade, Jesus foi contadocomo “sendo o primeiro da ressurreição dos mortos” (At26.23). Aqueles que ressuscitaram pouco depois de Suaressurreição (Mt 26.52-52); os que são de Cristo na Sua vinda(1 Co 15.23-24); as duas testemunhas escatológicas (Ap 11.11-12); os mártires da grande tribulação (Ap 20.4) e os fiéis quemorreram durante o Milênio e ressuscitarão no final do Milênio(Ap 20.5). Este gênero de ressurreição é também chamadode: “ressurreição da vida” (Jo 5. 29); e de “primeiraressurreição” (Ap 20. 6).

c) Ressurreição “DOS” mortos – Conforme já ficoudemonstrado no parágrafo anterior que fala da ‘primeiraressurreição’, aqui, agora, a que está em foco, se enquadradentro do contexto da ‘segunda ressurreição’. Esta

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ressurreição é chamada de “vergonha e desprezo eterno” (Dn12. 2); de “ressurreição da condenação” (Jo 5. 29) e ainda de“Segunda morte” (Ap 20. 6). Nesta ordem, estão todos aquelesque morreram em seus delitos e pecados. Comparecerão diantedo trono branco e, depois, serão lançados no lago de fogo eenxofre, o que é a segunda morte. Em Isaías, fala-se daquelesque oprimiram e escravizaram a Israel, que, se vierem a falecer,não ressuscitarão. “Morrendo eles, não tornarão a viver.Falecendo, não ressuscitarão; por isso os visitaste e destruístee apagaste toda a sua memória” (Is 26.14). Logo a seguir, sãousadas outras frases em alusão àqueles que hão de ressuscitarpara a vida eterna (v.19). Ele diz: “Os mortos que viverão, osteus mortos ressuscitarão...”. Não temos certeza absoluta seesta expressão que aqui está em foco foi empregada em sentidoreal ou se em sentido figurado. Se ela foi empregada emsentido literal, temos aqui, então, uma espécie deaniquilamento total, pensamento esse que não encontra tantoapoio nos outros textos das Escrituras. Parece-nos ficarsubentendido que estes mortos não ressuscitarão para a vidaeterna com Deus. Jesus falou sobre isso, dizendo: “Não vosmaravilheis disto; porque vem a hora em todos os que estãonos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem,sairão para a ressurreição da vida e os que fizeram o mal,para a ressurreição da condenação” (Jo 5.28-29). Seja comofor, seguro mesmo é ressuscitar com Cristo, pois, seressuscitamos com Ele, também com Ele viveremos.

d) As sete ocasiões – Estas sete ocasiões de ressurreiçõesque aqui estão em foco dizem respeito às ressurreições quese processarão com vista ao mundo espiritual. Não nosreferimos aqui àquelas que foram realizadas no Antigo e noNovo Testamentos, envolvendo pessoas que voltaram a vivere morreram novamente. São elas:

1ª. A de Cristo (Mc 16.9; 1 Co 15.20).2ª. A dos santos de Mateus (27.52-53).3ª. Daqueles que morreram durante a época da graça –

por ocasião do arrebatamento (1 Ts 4.16).

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4ª. Das duas testemunhas em plena Tribulação (Ap 11.11).5ª. A dos mártires da Grande Tribulação – no início do

Milênio (Ap 20.4).6ª. Daqueles que morreram durante o Milênio – no fim do

Milênio (Ap 20. 5).7ª. Diante do trono branco (Dn 12.2; Jo 5.29; Ap 20.13).3. O inferno. Muitos em nossos dias, usando suas vãs

filosofias têm e, para suavizar uma punição de seus pecados,vêm procurando, a todo custo, negar a existência do inferno.Contudo, do ponto de vista divino de observação, o infernoexiste como existe o céu e outras realidades da existência.Negar que o inferno existe é negar, por extensão, as verdadesdivinas e os princípios básicos da existência de Deus. AsEscrituras, porém, vão mais além e revelam ser o Sheol nãoapenas um lugar, mas, sobretudo, um lugar de pena (2 Sm22.6; Sl 18.5; 116.3), onde os iníquos são lançados (Sl 9.17) eonde estão conscientes. Alguns, procurando negar estarealidade no que diz respeito ao inferno, têm opinado queSheol pode ser traduzido por Queber (no hebraico), isto é,‘sepultura’. Mas devemos ter em mente que não é a mesmacoisa. Sheol vem sempre citado no singular, ao passo queQueber vem sempre no plural e pode, portanto, ser traduzidode fato por “sepultura”, “cova” e “túmulo”. Assim Queber serefere ao lugar do sepultamento do corpo, enquanto que Sheol,em seu sentido primitivo, indica o lugar de prisão da almaque partiu desta vida para o além sem a proteção divina. Emsentido geral, posteriormente, os gregos traduziram Sheolpara “Hades”, palavra esta que se deriva de ‘idein’ que significa‘ver’, com o prefixo do negativo “a=”, e, assim, significa o“invisível”. Seu sentido primitivo, segundo os professoressemíticos, leva o sentido de o “além”, ou o “reino dos mortos”.Com efeito, porém, ainda que o inferno, em sentido primitivo,apresente este significado de o ‘invisível’, é, contudo, descritona Bíblia como sendo “um lugar”. Também os escritores deambos os Testamentos escreveram sobre o inferno – mesmousando palavras diferentes – mas todas elas, sem exceção,

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apontam para a existência de um lugar real, literal e objetivo.Este lugar é descrito como sendo um “grande abismo”. OSenhor Jesus falou e advertiu aos homens sobre a existênciado abismo. Ele disse: “...ali haverá pranto e ranger de dentes”.Este lugar é uma “plylahê”, “prisão tenebrosa” (1 Pe 3.19).Como uma cidade, tem portões e ferrolhos (Mt 16.18; Ap 1.18).Assim como na terra e no mar, existe também no mundoinvisível a “região abissal”. Este “Abyssos” é realmente umadjetivo, com significado de “sem fundo” = “insondável”.Empregado isoladamente, com o substantivo “gê” (“terra”)subentendido, significa “lugar sem fundo”, e, portanto, um“Abismo”. No grego da Septuaginta (LXX), a palavrarepresentava as “profundezas primevas”, “oceano primevo”,ou “o reino dos mortos”, ou, ainda, “o mundo inferior”, quesignifica também “uma região tenebrosa, triste e inativa”.Ocorre 25 vezes na LXX, mormente para traduzir o hebraico“tehôm”, isto é, “o oceano primevo” (Gn 1.2), “águasprofundas” (Sl 42.7), o “reino dos mortos” (Sl 71.20). Ojudaísmo e até escritores helenistas conservaram o significadode “dilúvio primevo” para tehôm. Esta palavra, no entanto,também representa o “interior da terra”. Em o NovoTestamento, esta expressão é equivalente a “Hades”, “Sheol”e outros termos que são traduzidos dentro do mesmo conceito.Nas Escrituras, são usadas algumas palavras para descrevercom elas este lugar de sofrimento, dentre outras, estas sãoas que mais frequentemente são usadas: Inferno, Sheol,Geena, Abismo, Queber, Abadom, Apoliom, Tártaro, Poço doAbismo, Hades, Lago de fogo etc. Nas páginas do NovoTestamento, também, são usadas várias expressões pararepresentar o significado do pensamento.

a) O termo ‘inferno’ – Apresenta-se com vários sinônimosnas Escrituras. Por exemplo:

1º. Fogo eterno (Mt 25.41).2º. Trevas exteriores (Mt 8.12).3º. Tormento (Ap 14.10-11).4º. Castigo eterno (Mt 25.46).

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5º. Ira de Deus (Rm 2.5).6º. Segunda morte (Ap 21.8).7º. Eterna destruição (2 Ts 1.9).8º. Eterno juízo (Mc 3.29).9º. As cadeias da escuridão (2 Pe 2.4).10º. Prisões eternas (Jd v. 6).11º. Lago de fogo (Ap 20. 14 etc).b) Jesus o descreveu como sendo um lugar – A história

que marca o episódio entre o rico e Lázaro, narrado por Jesus,em Lucas 16, descreve o Hades como sendo um “lugar”. Seisso não fosse assim, jamais Jesus o teria descrito destamaneira (cf. Lc 16.28). Alguns podem até alegar que isto éuma parábola – portanto uma alegoria, mas devemos ter emmente que o texto em si não diz ser esta história uma parábolaapenas. Nela, Jesus começa dizendo: “Ora, ‘havia’ um homemrico..”, depois acrescenta: “Havia também um certo mendigo,chamado Lázaro...” (vv.19-20). Quando se trata de umaparábola, não aparece durante a alegoria, os nomes dospersonagens. Contudo, nesta história contada por Jesus, pelomenos três são citados tanto no texto como no contexto:Lázaro, Abraão e Moisés (vv. 20, 23, 29). Tal acontecimentodeve ser aceito como tendo sido um fato real. Jesus sabia ondeos dois moravam. Eles viveram depois de Abraão, de Moisése de muitos profetas que escreveram alguns livros da Bíblia.A cidade que o fidalgo morava ficava dentro dos termos deIsrael. O Senhor só não informou o nome da cidade para evitarespeculações supersticiosas e adorações falsas. Concluímoso assunto que aqui está em foco, dizendo: o inferno existe!Ele não é simplesmente o ‘hades mitológico’ dos gregos, cujoirmão chamado Zeus, o mandou aprisioná-lo debaixo da terra,para sua prisão e castigo. Mas, sobretudo, um lugar desofrimento e dor, onde todo aquele que viveu e morreu semter aceitado o plano da redenção oferecido por Deus e efetuadopor Jesus, passará toda a sua existência, numa região triste e

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inativa.4. O Paraíso. GAN ÉDEN, em hebraico significa “Jardim do

Éden”, usado como sinônimo do Paraíso. Alguns escritos emtorno do Talmude descrevem o GAN ÉDEN, com detalhes que,dir-se-ia, de testemunhos oculares, como tendo cinco câmarasseparadas (embora outros depoimentos afirmam que eramsete). De acordo com estas testemunhas, estas câmaras eramreservadas às várias categorias de homens virtuosos. Elesrecebiam suas recompensas celestiais segundo a sua ordemhierárquica de mérito. De acordo com este conceito, a terceiracâmara do GAN ÉDEN é supostamente reservada para osgrandes eruditos da Torah e, segundo a tradição, todas asquestões intrincadas da Torah, com as quais eles se sentiramperplexos em seus estudos no decorrer de suas vidas, serão,finalmente, respondidas, pois que no Gan Éden, “o Divino”,revelará a eles os mistérios da Torah no mundo-do-Além. AQuinta câmara é descrita como sendo gloriosamente luminosa,colorida e ingênua: feita de pedras preciosas, de ouro e prata,e com a fragrância de perfumes de plantas. Na frente dessacâmara corre o rio Guihon, em cujas margens, crescemarbustos que exalam aromas embriagadores. Na câmara hádivãs de ouro, e de prata com finas cobertas sobre eles paraque os virtuosos descansem. No meio, há um baldaquino feitode cedro do Líbano e construído à maneira de um Tabernáculo,com colunas e ornamentos de prata. A tradição ainda falaque, quando o homem virtuoso é admitido no Gan Éden,sessenta miríades de anjos, que fazem a guarda do Paraíso, odespem, primeiramente, de sua tachrichim (mortalha). Depoisvestem-no “com oito mantos feitos das nuvens da glória” ecolocam uma coroa em sua cabeça como se ele fosse um rei.Uma coroa é feita de pérolas e a outra de pedras preciosas;outra ainda é de ouro, em suas mãos colocam oito ramos demurta e, encaminhando-o suavemente para dentro dosrecintos da Vida Eterna, dizem-lhe: “Vá e coma sua comidacom alegria!”. No Paraíso terrestre, a árvore da vida estavaplantada no ‘meio’ do Paraíso (Gn 2.9). No Paraíso celestial,ela também aparece no ‘meio’ (Ap 2.7). A diferença agora é

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que foi abolida a proibição e, ali, o homem, quer dizer o homemsanto, terá o direito de comer da árvore da vida, tantas vezesqueira.

a) Hoje estará comigo no paraíso – Jesus garantiu dizendopara o ladrão arrependido que morria ao seu lado: “em verdadete digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43). Todosestes santos que morrerem em Cristo, estão, agora, ao Seulado, no repouso eterno, esperando por Seu retorno à terra, afim de que sejam novamente recolocados em seus corpos eressuscitem em um corpo de glória. Paulo diz que “...aos queem Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com Ele” (1Ts4.14). Há um antigo provérbio judaico que diz: “Quando aalma sai do corpo, aquele que é deixado (isto é, o corpo, queera a habitação dessa alma) será edificado de novo, e será aluz do sol e como o resplendor do firmamento” (Midrashhannealam apud Zohar).

b) Os santos da dispensação da graça – Todos aqueles queviveram no primeiro século de nossa Era, tinham um ardentedesejo de partirem deste mundo, para ocuparem seus lugares,nos céus, na presença de Deus. Eis alguns exemplos:

1º. “...Nós mesmos, que temos as primícias do Espírito,também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, asaber, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.23b).

2º. “E por isso também gememos, desejando ser revestidosda nossa habitação, que é o céu” (2 Co 5. 2).

3º. “Mas a nossa cidade está nos céus, donde tambémesperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformaráo nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpoglorioso...” (Fp 3. 20-21a).

5. O Juízo Final. Dentre os julgamentos que fazem parteda História humana e sagrada, dois são retratados como sendoos mais especiais: o Julgamento de Cristo e o Juízo Final.

a) O julgamento de Cristo – O julgamento de Cristo tevesete fases importantes, ou, como podíamos dizer, em outraspalavras, houve sete julgamentos em relação a Cristo: três

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eclesiásticos, três civis e um divino. Sendo que os seisjulgamentos passaram por dois tribunais: um judaico e o outroromano e o sétimo, pelo tribunal divino.

• Julgamentos eclesiásticos:1º. Diante de Anás, o sogro de Caifás2º. Diante de Caifás3º. Diante do Sinédrio• Julgamentos civis:1º. Diante de Pilatos2º. Diante de Herodes3º. Diante de Pilatos novamente• Julgamento divino:Diante do tribunal divino.

b) O Juízo do Grande Trono Branco – Este será o Juízo dogrande trono branco. Será um juízo somente dos mortos.Perante ele, João viu “os mortos, grandes e pequenos, que estavamdiante do trono, e se abriram os livros, e se abriu outro livro, queé o da vida, e os mortos foram julgados pelas coisas que estavamescritas nos livros, segundo as suas obras” (Ap 20.12). O JuízoFinal dar-se-á logo depois do Milênio, quando todos os poderesque atuam contra Deus e contra Seu Ungido tiverem sidoaniquilados – restando ali, portanto, apenas o último inimigo aser aniquilado que é a morte (1 Co 15.26). Ela será aniquiladajuntamente com o inferno diante do grande trono branco, nacena que envolve o Juízo Final (Ap 20.14). O leitor deve observarcomo as Escrituras são proféticas e se combinam entre si emcada detalhe. Paulo, escrevendo aos coríntios, disse: “Ora oúltimo inimigo que há de ser aniquilado é a morte” (1 Co 15.26).Observando a sequência dos acontecimentos no que diz respeitoà sucessão de fracassos por parte dos inimigos de Cristo, vemoscomo, de fato, a morte como inimigo personificado ficou porúltimo nessa trajetória de prisão e banimento.

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1º. Em Apocalipse 19.20: “...a besta foi presa, e com ela, ofalso profeta”.

2º. Em Apocalipse 20.1-2, no início do Milênio, o diabo foipreso e depois, no final do Milênio, ele é banido para sempreno lago de fogo (Ap 20.10).

3º. Em Apocalipse 20.14, chegou também a vez da morte.Ela e o inferno são também lançados no lago de fogo. Sendoali, portanto, consolidada a sua eterna destruição. Ela, a morte,será o último inimigo que será aniquilado (1 Co 15. 26).

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I. ESCATOLOGIA GERAL

1. Cronologia da escatologia interna. Ela envolve desdeo nascimento de Cristo até as Bodas do Cordeiro.

a) O nascimento de Cristo (Gl 4.4)b) A fundação da Igreja (Mt 16.18; Ef 2.20)c) A existência da Igreja (1 Tm 3.15)d) O arrebatamento (1 Co 15.51-52; 1 Ts 4.13-18)e) O tribunal de Cristo (2 Co 5.5)f) A entrada da Igreja no céu (Ap 3.21)g) As bodas do Cordeiro (Ap 19.7)h) A ceia das bodas (Ap 19.9)

2. Cronologia da escatologia externa. A escatologiaexterna envolve desde a Grande Tribulação ao Estado Eterno.

a) A Grande Tribulação (Ap 3.10)b) O aparecimento do anticristo e do falso profeta (2 Ts 2.3-

4, 8; Ap 13)c) O fim dos sete anos da Grande Tribulação (Mt 24.29-30)d) O retorno de Cristo para o Armagedom (Mt 24. 30; Ap 1.

7; 19. 11-21)

C A P Í T U L O 2

CRONOLOGIA DOFUTURO

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e) A batalha do Armagedom (Is 63. 1-6; Ap 19.17-19)f) A prisão da besta e do falso profeta (Ap 19.20)g) O juízo das nações vivas no Vale de Josafá (Jl 3.12-14;

Mt 25.31-46)h) Seleção para entrar no Milênio (Mt 25.32-34, 46)i) Início do Milênio (Ap 20.1-2)j) A prisão de Satanás (Ap 20.1-2)k) Satanás será solto (Ap 20.7)l) A revolta de Gogue e Magogue (Ap 20.8-9)m) Satanás será lançado no lago de fogo e enxofre (Ap

20.10)n) O aniquilamento da morte e do inferno (1 Co 15.26; Ap

20.14)o) O juízo final (Ap 20.11-15)p) A expurgação dos céus e da terra (2 Pe 3. 7-10; Ap 21. 1)q) O Estado Eterno (Ap 21 e 22)

Evidentemente que outros acontecimentos e detalhes demenores magnitudes encontram-se intercalados entre uma eoutra seção dos acontecimentos que aqui estão em foco.Contudo, eles são mais tópicos do que cronológicos, razãopor que eles não são descritos no texto imediato, e, sim, nocontexto consequente.

II. ESCATOLOGIA INTERNA

1. O arrebatamento da Igreja. Chamamos de ‘escatologiainterna’ os acontecimentos que terão lugar desde oarrebatamento até a Ceia das bodas do Cordeiro. Com efeito,porém, antes de darmos prosseguimento aos acontecimentostópicos e cronológicos que marcam o futuro da Igreja e dopovo gentílico, mencionaremos aqui alguns detalhesimportantes que marcam a vida da Igreja desde o seu princípio

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de formação até o seu destino final. No capítulo um falamossobre a pessoa de Cristo – a fundação – e sua existência. Aqui,porém, dando sequencia na escatologia interna, começaremoscom o arrebatamento da Igreja. Com o arrebatamento da Igrejaaqui da terra para o céu, terminará uma fase da história dohomem com respeito à salvação e terá início uma nova fasecom respeito à humanidade. Terminando a dispensação dagraça, terá início, aqui na terra, o período sombrio da GrandeTribulação. Durante este período, as facilidades que existiamentre Deus e os homens no que diz respeito à redenção deixamde existir e os homens contarão apenas a extensão dabondade de Deus e serão salvos pagando um preço visível,mesclado com o sofrimento. Mas este período de sofrimentoque se encontra vaticinado para o futuro, somente se daráno dia que foi assinalado por Deus. Quando terminar a missãodivina executada pelo Espírito Santo e o aperfeiçoamento doúltimo salvo, então se dará o rapto e traslado dos santos aquida terra para a imediata presença de Deus. Existem inúmeraspassagens que falam deste acontecimento, isto é, que Cristovoltará para buscar a Sua Igreja. As parábolas que foram ditaspor Jesus durante Sua vida terrena, seja por referência diretaou indireta, contêm lições que falam de Sua vinda para os Seussantos. A vinda de Jesus no que diz respeito a vir buscar SuaIgreja envolve o pensamento das cinco entidades racionais queestão envolvidas no plano da redenção. Por exemplo:

a) Deus – Jesus falou que o Pai estava interessado no diado arrebatamento, quando disse: “Porém daquele dia e horaninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, masunicamente Meu Pai” (Mt 24.36). Alguns têm procuradodeslocar estas passagens de Mateus 24, do arrebatamento daIgreja e os associando, unicamente, à Parousia de Cristo,dizendo que estas palavras de Jesus apontam para Seu retornoa terra com poder e grande glória. Contudo, mesmo que issoseja assim, as lições que dizem respeito ao arrebatamentoestão também aqui em foco O importante em tudo isso é queo Pai está vigilante ao dia e hora para o retorno de Cristo,

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com a finalidade de buscar a sua igreja. Contudo, alonganimidade de Deus faz parte da aparente demora doretorno de Cristo para o rapto de seus santos. Mas Pedro nosadverte que “o Senhor não retarda a sua promessa, aindaque alguns a têm por tardia, mas é longânimo para convosco,não querendo que alguns se percam, senão que todos venhama arrepender-se” (2 Pe 3.9).

b) Jesus – Ele mesmo disse: “Virei outra vez, e vos levareipara Mim mesmo, para que onde Eu estiver, estejais vóstambém” (Jo 14.3b). Muitos questionam no diz respeito a esteacontecimento, dizendo que Jesus vive num estado deexpectativa por não saber o dia da sua vinda, com base naexpressão dita pelo próprio Jesus, quando disse: “Mas daqueledia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu,nem o Filho, senão o Pai” (Mc 13.32). Tal afirmação feita porJesus pronunciada dentro do contexto humano e visualizadado ponto de vista de sua humanidade, podia limitar opensamento, sem que o mesmo usasse seu atributo divino daonisciência. Assim Jesus podia dizer: “nem o Filho”, comoextensão de sua humilhação e de seu esvaziamento, daquiloque é e pode agir como fala e age exclusivamente como Deus.Com efeito, porém, quando Jesus fala do ponto de vista divinode observação, Ele sabe o dia e a hora de sua vinda, nosmínimos detalhes. A Ele foi dado todo o poder no céu e naterra e nEle está incluído o da onisciência (Mt 28. 18). Osdiscípulos fizeram de uma só vez esta afirmação, dizendo:“Agora conhecemos que sabes tudo” e Pedro falou tambémquase que a mesma frase quando disse: “Senhor, tu sabestudo” (Jo 16.30; 21.17).

c) O Espírito Santo – Ele também aspira ao retorno de Cristoa este mundo, para o arrebatamento de seus santos, cujaguarda encontra-se sob seus cuidados, do Pentecostes aoarrebatamento. Sua invocação com respeito a esteacontecimento glorioso fica demonstrada em sua aspiraçãoquando o Espírito disse: “Vem!”. Isto é, vem Senhor Jesus –nós Te aguardamos! (Ap 22.17). O grande desejo do Espírito

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Santo para que o retorno de Cristo aconteça em breve é vertoda a criação que geme ser liberta da ‘servidão e da corrupção’do pecado. “E não só ela, mas nós mesmos, que temos asprimícias do Espírito, também gememos em nós mesmos,esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm8.21-23).

d) Os anjos – Eles também afirmaram que Jesus tinhasubido aos céus e que em breve voltaria – conforme descreveLucas, por amor de seu argumento, nos Atos dos Apóstolos,dizendo: “Varões galileus (disseram os anjos), por que estaisolhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebidono céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At 1.11b).

e) Os homens – Tanto os profetas do Antigo Testamento,como os apóstolos no Novo, falaram em suas predições eescreveram em seus ensinos sobre a vinda de Jesus parabuscar a sua Igreja. Mas num contexto geral, comorepresentando a todos, a Igreja aspira por este acontecimentoquando diz como disse o Espírito Santo: “Vem!” (Ap 22.17).Este sentimento cristão encontra-se encravado no pensamentode todos os santos que também oram, dizendo: “Vem!” (Ap22.17). E exorta dizendo: “ora vem, Senhor Jesus”. E, emresposta a todas estas solicitudes, o próprio Jesus responde,dizendo: “Eis que venho sem demora” (Ap 3.11a) e ainda:“Certamente cedo venho” (Ap 22.20). Além destas passagensacima mencionadas, mais de trezentos e dezoito textos do NovoTestamento falam da vinda de Jesus para os seus santos.Assim todos os livros (com exceção de três), não fazemreferências em termos reais. Contudo, fazem-no em essência.São eles: Filemom, e a 2 e 3 epístolas do apóstolo João.

O Apocalipse com exceção dos 3 primeiros capítulos, deveser visto mais do ponto de vista profético e futurístico. Seusacontecimentos apontam diretamente para o tempo do fim.Com efeito, porém, isso não afasta a possibilidade de que algoque nele esteja escrito, possa se cumprir na vida da Igreja, napresente dispensação. Contudo, seu conteúdo, estilo econfiguração, apontam diretamente para a consumação dos

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séculos – começando com tempo o sombrio da grandetribulação.

Em suas divisões principais do ponto de vista geral notocante ao tempo, o capítulo 1. 19, divide o livro em três divisõesprincipais e em sete quando visualizado no sentido técnico ecronológico. Poderemos analisar estas divisões assim:

1º. (“as coisas que tens visto”). As coisas que tens visto. Éprimeira parte das três divisões deste livro. É composta apenasde 1 capítulo. Também é pequena pela duração dosacontecimentos a que se refere.

2º. (“as que são”). As que são. Esta se refere à Segundaparte do livro. De exposição, pouco mais extensa em conteúdo.É composta dos capítulos 2 e 3.

3º. (“e as que depois destas hão de acontecer”). E as quedepois destas hão de acontecer. Esta terceira parte éessencialmente futurística, vai do capítulo 4 a 22.

f) Os cristãos que sofriam desejavam a vinda de Jesus – OApocalipse foi escrito numa época de grande aflição da Igrejae seu conteúdo apresenta um ataque contínuo dos inimigosde Deus tanto na esfera humana como na celestial. Mas, emtodas elas, a vitória é sempre apresentada do lado de Deus ede sua Igreja. Assim, esta visão, portanto, apresentava paraaqueles cristãos do primeiro e segundo séculos, uma espéciede manual de encorajamento. São sugeridas algumas datasque assinam o tempo em que o livro foi escrito e todas elasforam tempos sombrios de aflições para o povo de Deus. Poresta causa, muitos comentaristas oferecem três pontos de vistano tocante a isso, que são estes:

1º. Durante o reinado de Nero (cerca de 68 d.C.). Baseadoespecialmente na história da perseguição por Nero ereferências dentro do livro, como a menção do templo e seumobiliário (Ap 11.1), e a cidade santa (Ap 11.2), algumaspessoas acreditam que o livro foi escrito perto do fim doreinado de Nero e que ele fala especialmente da destruição deJerusalém, que ocorreu no ano 70 d.C.

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2º. Durante o reinado de Vespasiano (69-79 d.C.).Baseados em evidências históricas, especialmente Apocalipse17.10, alguns estudantes da Bíblia, acreditam que o livro foiescrito entre as duas “bestas” perseguidoras. Identificandoestas bestas como Nero e Domiciano – e “o que existe” éVespasiano. Este ponto de vista é mais consistente com aabordagem geral de colocar o texto bíblico acima dosargumentos proféticos, que apontam para um personagemfuturo e não presente ou passado, durante o período em queo Apocalipse estava sendo escrito. Os que assim pensam,defendem que as punições discutidas no livro seriam dirigidasespecialmente para o poder do mal, comandado pelo imperadorromano Domiciano. Contudo, tal pensamento não estar deacordo com o argumento e a tese principal que aqui está emfoco.

3º. Durante o reinado de Domiciano (cerca de 96 d.C.).Baseado em referências exteriores ao livro, especialmente umcomentário por Irineu (escrevendo cerca do ano 180 d.C.), queo Apocalipse foi escrito próximo ao fim do reinado de Domiciano,muitos comentários datam o livro de cerca de 96 d.C. Esta dataé a mais aceita pela maioria dos escritores protestantes –mormente o deste autor. Mesmo havendo vários métodos deinterpretações do Apocalipse, o ponto de vista que maispredomina é que o livro se refere na sua maior parte ao futuro.Mesmo que muitas outras opiniões no tocante às interpretaçõesfeitas que apontam para outras direções, como, por exemplo,usando o conceito literal e alegórico: Eis algumas delas:

(I) Interpretação preterista. Os intérpretes preteristasdividem-se em dois grupos: os da direita e os da esquerda.Suas interpretações são de natureza retrospectiva: apontampara o passado. Eles afirmam que tudo que está escrito noApocalipse cumpriu-se no primeiro século e que o ImpérioRomano foi o centro de formação onde todos estesacontecimentos tiveram lugar. A ala mais da esquerda opinaque as predições do livro foram extensivas até ao segundoséculo d.C.

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(II) Interpretação histórica. Este conceito opina que tudoquanto se encontra escrito no Apocalipse, deve ser encaixadono decorrer da história da Igreja que vai do Pentecostes aoArrebatamento. Seus acontecimentos devem ser procuradosno longo da história da Igreja – incluindo episódios e lugares– pensam os intérpretes desta linha de pensamento.

(III) Interpretação simbólica. Os intérpretes desta linha depensamento opinam que o Apocalipse não é nem profético enem histórico – mas apenas uma coletânea de símbolosmísticos que visam ensinar lições espirituais Assim, tudoquanto foi escrito no Apocalipse, pensam eles, tem aplicaçõessomente espiritual e que só pode aplicado ao campo da almae não físico.

(IV) Interpretação eclética. Os intérpretes de índoles ecléticasprocuram encaixar vários elementos colhidos em diferentesgêneros ou opiniões.

(V) Interpretação futurista. O Apocalipse, apesar de ser umlivro de conteúdo futurista, pode ser também analisado nocontexto histórico. Os capítulos de 1 a 3, evidentemente,narram acontecimentos e fatos literais. As referências feitasa João, a Ilha de Patmos e aos irmãos e companheiros deaflição, são literais e históricas. De igual modo, também, asigrejas como organizações literais: suas necessidades, falhase virtudes, eram marcadas pelo tempo e pelo espaço. Com efeito,porém, a partir do capítulo 4 até o 22, o livro é completamentefuturista e de natureza profética. Alguns episódios são‘tópicos’ que parecem estar fora do lugar. Tanto no Apocalipsecomo na escatologia bíblica são apresentados aquilo quechamamos de ‘inserções’, isto é, certos ‘episódios’ que parecemestar fora de lugar. Contudo, eles fazem parte do conteúdotanto da tese como do argumento principal. Assim, a seçãocelestial do discurso é cronológica e contínua – mas a seçãoterrena é tópica e marcada por algumas inserções. Com estaregra de interpretação, aqui ou acolá, são apresentados fatosneste ensino de Jesus relacionados com o Seu Primeiro eSegundo Adventos. Os nove sinais relacionados por Jesus

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descritos em Mateus 24.4-14, antecipam a Sua vinda, porocasião do arrebatamento. Jesus, portanto, falou de Seuretorno para os Seus santos, embora desejasse que soubessemque determinadas ocorrências precederiam esse acontecimento– como aqueles de natureza futurística, precederiam Seuretorno em glória com os Seus santos. Observando comcuidado, na parte inicial deste discurso, Jesus falou dadestruição do Templo que existia nos Seus dias e, a partir deMateus 24.15 em diante, o sermão apresenta um conteúdointeiramente escatológico que aponta para o fim do mundopresente e a introdução do mundo vindouro. Primeiro, comoparte introdutória, Ele fala da profanação do Templo de Deuspré-tribulacionista, isto é, quando a abominação da desolaçãode que falou o profeta Daniel for posta no lugar santo (v.15).Isso aponta para a última semana das setenta de Daniel, quemarca o período sombrio da Grande Tribulação. Tal profanaçãoserá feita pelo anticristo (2 Ts 2.4).

2. O Tribunal de Cristo. Após o arrebatamento dos santospor Cristo, Ele conduzirá a sua Igreja a um lugar ‘chamadotribunal’. Ali, diante deste lugar de julgamento, cada um serájulgado de acordo com tudo aquilo que tiver realizado “pormeio do corpo, ou bem, ou mal”. Nos antigos estádios gregos,a assembléia se reunia defronte de uma “plataforma”chamada BÊMA de onde as questões oficiais eram conduzidas.Esse vocábulo “bêma” (se pronuncia vimas) originalmentesignificava apenas um “degrau”; desta ideia passou a indicaruma “plataforma elevada”, como aquela usada pelos oradores,pelos juízes das competições esportivas, ou mesmo pelosmagistrados romanos em seus julgamentos formais Nos diasde Neemias, a plataforma chamada de ‘púlpito de madeira’tinha o nome de migdal (torre), conforme se lê em Neemias8.4. Também é sabido que existia, no Templo, uma pequenaplataforma com este nome. Quando o Templo foi destruído, obêma passou a simbolizar o altar sagrado que anteriormenteali existia. Ali se desenrolava o pergaminho da Torah e deleera ministrado o ensino formal do Sábado (cf. At 13.27). A

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Enciclopédia Judaica, volume 5, descreve o formato do bêma daseguinte forma: “A bêma pode ser descrita como uma plataformaquadrada ou retangular. Apresenta, frequentemente, uma curvaornamental na parte da frente ou de trás. Três ou mais degrausa elevam do nível do solo da sinagoga. É aberto dos ladospara poder ser visto por todos e, às vezes, por cima tem umacúpula, sustentada por quatro ou mais colunas ou pilares. Étoda circundada por corrimãos ornamentais, feitos demadeira, mármore, ou metal, com um sistema de iluminaçãofixados a cada pilar para que a iluminação seja intensa”.1

Em muitos dos lugares da antiga Grécia, existiam tribunaise, ainda hoje, quem visita aquele país pode observar as ruínasdeles. Alguns deles conservam seu formato original, compequenas modificações que foram modeladas pelo tempo. NaIdade Média, a bêma também servia de plataforma da qual ochazan (cantor) podia dirigir o serviço religioso, e de púlpito,onde o pregador podia pronunciar o sermão e o gabai(tesoureiro da sinagoga) ou o shames (auxiliar) podiamanunciar as contribuições doadas para o sustento da sinagogaou outros benefícios. Já no conceito bíblico primitivo, oapóstolo Paulo toma o vocábulo “bêma” (se pronuncia: vimas)para denotar o “Tribunal de Cristo”. Essa expressão “tribunal”é empregada por onze vezes no Novo Testamento e, naspassagens onde ela figura, está sempre ligada a julgamentoespecial.

• O tribunal de Pilatos (Mt 27.19; Jo 19.13).• O tribunal de Herodes (At 12.21).• O tribunal de Gálio (At 18.12-13, 16-17).• O tribunal de César (At 25.6, 10, 17).• O tribunal de Cristo (2 Co 5.10).• O tribunal de Deus (Rm 14.10 – ARA).a) O tribunal de Cristo não é o Purgatório – Alguns têm

confundido o Purgatório com o Tribunal de Cristo – O estadointermediário não é o Purgatório – A ideia de um Purgatórioonde as almas serão submetidas, através do sofrimento, a

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uma purificação, não encontra ressonância nas EscriturasSagradas. Purgatório, essa palavra portuguesa vem do latim,purgare, “purificar”. Para o catolicismo romano, o purgatórioé um lugar ou condição da alma onde aqueles que morrem nagraça de Deus podem expiar seus pecados veniais, que foramperdoados. As orações oferecidas em favor dos mortos e asmissas rezadas em benefício deles são consideradas meiosimportantes nessa expiação. Gregório, o Grande (540-606d.C.), foi o grande sistematizador desta doutrina, pois a ideiajá existia no pensamento dos gregos e de uma ala judaica dopós-exílio, talvez baseados em passagens de livrosconsiderados apócrifos. Além de oração em favor dos mortos,estes pensadores ensinavam uma restauração universal(apocatástasia), abrindo caminho para a purificação de todosos indivíduos, como parte necessária do processo restaurador.

b) Quando será estabelecido o Tribunal – De acordo com acronologia bíblica, o julgamento excluir dos santos diante doTribunal de Cristo dar-se-á por ocasião do arrebatamento daIgreja. Nele, haverá uma avaliação das obras e não do obreiro.Assim, será julgado ali seu trabalho e não sua pessoa, embora,neste julgamento, haverá a sua avaliação de acordo com tudoaquilo que tiver feito por “meio do corpo” (2 Co 5.10). Podemoscomparar o Tribunal de Cristo como sendo ‘o Tribunal da Fé’.Onde o fogo divino somente destruirá as obras daquele quenão trabalhou legitimamente para o Senhor, usando apenasmaterial equivalente a “madeira, feno, palha”. Estes tipos demateriais que aqui estão em foco não representam averdadeira pureza cristã, onde tudo é feito com base nosacrifício de Cristo. Eles são diferentes do verdadeiro materialcomo “ouro, prata, pedras preciosas” que bem podemrepresentar toda a extensão redentora da Trindade divina,como “a fé, a esperança e a caridade” (1 Co 13.13). Contudo,quem trabalhou de boa vontade – usando critérios minuciososna obra de Deus, ali receberá do Senhor elogios e aplausos.Com efeito, porém, quem assim não o fez, mas apenas paraaparecer perante os olhos humanos, receberá do Senhor uma

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moção de censura por parte do Senhor Jesus. Mas esta moçãodo Senhor não representará nenhuma espécie de destruição.Ela será apenas de censura e não de aniquilamento, pois Pauloacrescenta quanto a isto dizendo: “o tal será salvo, todaviacomo pelo fogo” (1 Co 3.15).

c) Onde será instalado o Tribunal de Cristo – Existem váriasopiniões no tocante ao local do Tribunal de Cristo. Uma outraquestão no tange ao Tribunal é se ele é fixo (isto é,permanente), ou se apenas será estabelecido para funcionarum dia, quando da passagem de Cristo e da Igreja por ele.Alguns têm sustentado que será aqui mesmo na terra. Ohomem pecou aqui (dizem eles); aqui foi salvo; aqui trabalhou– então aqui deve ser julgado. Outros opinam que o Tribunalde Cristo terá lugar dentro do Céu e confrontam com ojulgamento do Grande Trono Branco (Ap 20.11 e s); dividindo-o apenas por etapa:

1º. O Tribunal de Cristo.2º. O juízo das nações vivas.3º. O Grande Trono Branco.Evidentemente, estes três julgamentos não devem ser a

mesma coisa. Eles são diferentes:(I) O Tribunal de Cristo dar-se-á por ocasião do

arrebatamento.(II) O julgamento das nações vivas, por ocasião do retorno

de Cristo sete anos depois, quando Ele voltar para consolidarSua grande vitória no Armagedom (a sua Parousia).

(III) O Juízo Final dar-se-á mil anos depois, diante do tronobranco.

Um grupo diz que o Tribunal de Cristo terá lugar nos ares,mas não especifica o lugar (cf. 1 Ts 4.17; Ap 22.12). Aspassagens de Mateus 9.15; Apocalipse 22.12 levam-nos aentender que o Tribunal de Cristo não será ‘dentro do Céu’.Ali, não haverá tristeza nem censura aplicando-se aos santosaperfeiçoados e, no Tribunal, isso pode acontecer (1 Co 3.13-15). Em Apocalipse 22.12, Jesus declara: “E eis que cedo venho,

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e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo asua obra”. Se o Tribunal de Cristo fosse no céu, não precisariaEle trazer consigo o seu galardão, pois a recompensa pelotrabalho de cada um se daria ali e não, nos ares. Mas, se Eletraz consigo o Seu galardão, fica evidenciado que este galardão(ou recompensa) será efetuada por Cristo, diante de seuTribunal. Se este julgamento das obras fosse no Céu,pensando no sentido lógico, não era necessário Cristo trazerconsigo esta recompensa. Algumas passagens das Escriturasdizem que, na antiguidade, os juízes costumavam julgar seussúditos e suas causas na ‘porta da cidade’ (Gn 19.1,9; 1 Sm4.13, 18). Rute recebeu o “...galardão do Senhor Deus de Israel”na porta da cidade de Belém (Rt 2.12; 4. 1). Se nossopensamento é acertado nesta interpretação, e tomando comobase que muitas vezes as coisas aqui na terra são figurasdaquelas que se encontram no Céu, o Tribunal de Cristo seráefetuado nos ares – especialmente “na porta do Céu” (Hb 8.5;9.23).

d) Diante do Tribunal, os filhos de Deus serão coroados –Na antiguidade, o alvo principal que levava o competidor aabster-se de qualquer coisa que pudesse atrapalhar seu bomdesempenho na competição, era a coroa, chamada ali de“prêmio”. Tratava-se do prêmio supremo que recebia todoaquele que conseguisse cruzar a faixa final da trajetória porele percorrida. A maneira como era coroado o atleta queconseguia cruzar a linha final da trajetória da competição émencionada tanto na História, como na Mitologia grega. Acoroa de louro passou a ser usada não só nos momentosolímpicos, mas em outras ocasiões. Conta-se uma históriasobre a ninfa Dafne, filha de Perseu, que foi encantadaenquanto dormia, embalada pelas melodias da lira de Apolo– deus da música, da poesia, da profecia e da cura,transformando-se em um louro (ou loureiro) fadado a vivereternamente nas florestas. A princípio, os galhos do louroeram usados para espantar insetos. Com o tempo, o louropassou a desempenhar funções mais nobres, coroando aqueles

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que eram vencedores dos jogos olímpicos e os poetas maisfamosos. Esse costume deu origem ao termo “laureado” e àexpressão “os louros da vitória”, designando respectivamente“premiado” e “prêmios”. Por ser visto como a panacéia paratodos os males, foi também dedicado a Esculápio, deus damedicina, coroando sua estátua com uma guirlanda (grinalda)feita de seus ramos. Devido às qualidades de protetor ecurativo, os ramos de louro eram usados pelos imperadoresromanos nas viagens de barco, principalmente durante astormentas, acreditando-se que assim ficariam livres dos raiose de todos os infortúnios. Para atrair boa sorte, os romanosenfeitavam suas portas com coroas de louro durante apassagem do ano e adornavam os palácios dos césares. Entreos gregos, o louro é símbolo de eternidade, talvez pelo motivode suas folhas estarem sempre verdes e presas ao ramo.Também pode ser vista como a planta da ressurreição, poisera empregada nos funerais com esse intuito. Pensando emtudo isso, a coroa de louro passou a ser valorizada acima dequalquer outro tipo de coroa que fosse apresentada. Dadoesse pensamento sobre o significado que a coroa de lourorepresentava, passou-se, agora, somente a ser coroado aquelecompetidor que “militasse legitimamente”. O apóstolo Paulo,quando estava terminando sua carreira ministerial, deixoudita a seguinte frase: “Combati o bom combate, acabei acarreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me estáguardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia enão somente a mim, mas também a todos os que amarem aSua vinda” (2 Tm 2.67-8).²

e) No Antigo Testamento – Vários tipos de coroas são citadosnas Escrituras – alguns com sentido literal, outros em sentidofigurado. Entre outras coroas, poderemos destacar estas:

1ª. A coroa da sabedoria. “A coroa dos sábios é a suariqueza, a estultícia dos tolos é só estultícia” (Pv 14.24).

2ª. A coroa da longevidade. “Coroa de glória são as cãs,achando-se elas no caminho da justiça” (Pv 16.31).

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3ª. A coroa gloriosa. “Naquele dia, o Senhor dos Exércitosserá por coroa gloriosa, e por grinalda formosa, para o restantede Seu povo” (Is 28.5). Do lado inverso do bem, os ‘obreiros dainiquidade’ parece que recebiam também uma espécie de coroa,e ela se destinava àqueles que tinham sido derrotados pelopecado e se encontravam agora no ‘vale dos vencidos’. Estacoroa era distribuída como prêmio de recompensa para aquelesque praticaram más obras aqui no mundo. Ela é chamada de ‘acoroa da soberba’ – que é o equivalente da ‘coroa da morte’.Ela é tudo aquilo que é contrário da coroa que receberá todoaquele que combateu o bom combate e guardou a fé, isto é, acoroa da vida. A da soberba, pelo contrário, é a coroa da morte,como bem descreve o profeta Isaías, quando diz: “Ai da coroade soberba dos bêbados de Efraim, cujo glorioso ornamento écomo a flor que cai, que está sobre a cabeça do fértil vale dosvencidos do vinho” (Is 28.1).

b) No Novo Testamento – Em o Novo Testamento, a coroaaparece sempre em conexão com o trabalho ou a fidelidadedo homem e várias modalidades são mencionadas no sentidode recompensa para os obreiros cristãos. Eis algumas delas:

1º. A coroa de alegria. A firmeza na fé dos filipenses erapara Paulo uma espécie de coroa de glória. “Portanto, meusamados e mui queridos irmãos, minha alegria e coroa...” (Fp4.1). Antes, quando escreveu a que muitos consideram comotendo sido a sua primeira carta, Paulo dissera para ostessalonicenses: “Porque, qual é a nossa esperança ou gozo,ou coroa de glória? Porventura não sois vós também diantede nosso Senhor Jesus Cristo em sua vinda? Na verdade, vóssois a nossa glória e gozo” (1 Ts 2.19-20).

2º. A coroa da incorruptibilidade. “Não sabeis vós que os quecorrem no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva oprêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis e todo aquele queluta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroacorruptível, nós, porém, uma incorruptível” (1 Co 9. 25).

3. A coroa da justiça. “Combati o bom combate, acabei acarreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está

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guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia(diante do Tribunal?) e não somente a mim, mas também atodos os amarem a sua vinda” (2 Tm 4.7-8).

4º. A coroa de glória. “E, quando aparecer o Sumo Pastor,alcançareis a incorruptível coroa de glória” (1 Pe 5.4).

5º. A coroa da vida. “Bem-aventurado o varão que sofre atentação; porque, quando for provado, receberá a coroa davida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam” (Tg1.12; Ap 2.10).

Do ponto de vista divino de observação, os sofrimentos doFilho de Deus por nós nos fizeram dignos destas recompensaseternas e benéficas da bondade de Deus. Nosso Senhor,quando Se humanizou e foi conduzido ao Calvário, somenteteve direito a ‘uma coroa de espinho’. Esta Ele recebeu doshomens quando Se encontrava diante do tribunal humano, eali por eles sendo julgado. Então o texto divino diz: “E, tecendouma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça...” (Mt 27.29).Com efeito, porém, que Ele triunfou acima de todo o impériodo mal, recebeu como recompensa uma coroa de glória e dehonra. Esta Ele recebeu das mãos do Pai, diante do tribunalcelestial, quando terminou Sua obra redentora. Então comuma “coroa de glória e de honra” Ele foi coroado! (Hb 2.7).

3. A entrada da Igreja no céu. Após o seu julgamentodiante do tribunal, a Igreja seguirá ao lado de Cristo para sersaudada pelo Pai e por Ele ser recebida no céu. Ali, ela serárecompensada com as “...coisas que o olho não viu, e o ouvidonão ouviu, e não subiram ao coração do homem...as que Deuspreparou para os que o amam” (1 Co 2.9). Após receber oscumprimentos do Pai, Jesus conduzirá Sua noiva para ‘a salado banquete’, onde uma linda bandeira desenhada com osangue do Cordeiro encontra-se tremulando e, bem em seucentro, escrita a palavra Amor! (Ct 2.4).

4. As bodas do Cordeiro. Temos informações de que, nostempos antigos, o noivo e a noiva sentavam debaixo de umdossel (armação como sendo uma espécie de trono por cimado leito – chamado também de sobrecéu). Dali eles presidiam

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a festa do casamento, na qual grande parte do tempo era gastacomendo e bebendo. Exorta-se a comer e beber até fartar-se.“Comei amigos, bebei abundantemente...” (Ct 5.1). Duranteas festas, pedia-se a bênção de Deus para o casal e pode tersido essa a razão (pensam alguns) de Jesus ter sido convidadopara as bodas em Caná da Galiléia (Jo 2.2). Nas famílias ricasalém da comida e da bebida que eram oferecidas entre ospresentes, os convidados recebiam “vestes nupciais” (Mt22.12). Com efeito, porém, no casamento celestial do Filho deDeus que se dará no céu, todas estas cerimônias serãoelevadas para uma outra dimensão de grandeza. Diferentedo julgamento do Tribunal de Cristo, as Bodas do Cordeiroacontecerão dentro do céu. Após o julgamento de cada cristãodiante do Tribunal, a Igreja será conduzida para o céu, e láterá início um período festivo chamado de “bodas do Cordeiro”(Ap 19.7). Em várias passagens das Escrituras, a Igreja écomparada como sendo ‘uma noiva’. Contudo, quandochegamos ao Apocalipse, que assinala o tempo do fim, ela,então, é chamada “a esposa, a mulher do Cordeiro” (Ap 19.7;21.9). Aqui tanto o texto como o contexto dizem: “Vindas sãoas bodas do Cordeiro, e já a Sua esposa se aprontou...vem(disse o anjo a João), mostrar-te-ei a esposa, a mulher doCordeiro”. Julga-se que, como uma festa de casamento nomundo antigo tinha a duração de uma semana, isto é, setedias e, como um dia equivale a um ano em linguagem profética(Nm 14.34; Ez 4.6), assim as bodas do Cordeiro terão a duraçãode sete anos, exatamente ocupando o período de tempo daseptuagésima semana profética de Daniel 9.25-27. No jardimdo Éden, Deus instituiu a união do casal por meio docasamento, a fim de tornar feliz toda a humanidade. Desdeentão, os seres humanos o têm praticado e, para dar-lheconsistência, o têm legalizado. No casamento realizado emCaná da Galiléia, contou-se com a presença de nosso SenhorJesus Cristo e ali o Senhor realizou Seu primeiro milagre,dando assim, início a Sua missão de servir à vontade divina eà necessidade humana. Evidentemente, portanto, eranecessária a realização de um casamento completamente

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divino, como este que será realizado nas ‘bodas do Cordeiro’.O casamento do Filho de Deus com a Sua noiva amada, que éa igreja, terá reminiscência no casamento que fora estabelecidode acordo com a palavra de Deus, isto é, no mundo social ocasamento sempre foi considerado como uma instituiçãodivina e é praticado por todas as sociedades do mundo. Nocasamento se estabelece o parentesco entre dois grupos, enão apenas entre dois indivíduos. De modo geral, é ocasamento que estabelece os fundamentos legais da família,mas pode haver famílias sem casamento, mas isso no contextosocial e divino é ilegal. Em geral, as sociedades estabelecemcertas regras e cerimônias para o casamento. Cada povo nomundo tem a sua maneira de proceder, desde a escolha deambos os cônjuges até a cerimônia final do matrimônio. Mas,em suma, é sempre o casamento que está em foco. Entre osjudeus, podia ser efetuado o casamento desde a idade núbil,isto é, desde os treze anos e um dia para os rapazes e dozeanos e um dia para as meninas, porém o costume fixava aidade de dezoito anos. As viúvas ou repudiadas não podiamcontrair novo matrimônio antes de se passarem três meses,depois da separação. Os esponsais tinham o mesmo valor legalque o matrimônio; esses esponsais duravam mais ou menosum ano, quando os noivos se comunicavam através deintermediários. Este costume judaico perdurou até o séculoXIX. O casamento foi instituído no princípio para serindissolúvel. Contudo, jamais essa boa e perfeita vontade deDeus com respeito ao casamento foi cumprida fielmente aquino mundo. Mas o plano de Deus não pode ser anulado, semque haja uma satisfação legal e completa por parte de Deus.Então Ele planejou ainda na eternidade passada, quandosomente existia o Deus Trino e Uno, um casamento perfeitoem amor e harmonia e de permanência eterna. Este casamentoperfeito e de duração eterna, contudo, somente encontrarálugar em Jesus e em sua Igreja.

a) O casamento – O casamento com seus rituais é praticadopor todos as sociedades do mundo, e acompanham o mesmo

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alguns rituais e símbolos populares praticados na antiguidade,que são visíveis e atuantes em nossos dias. Aqui, mostraremossuas origens e significado. O divórcio e outras formas deseparação, segundo Jesus, foram ocasionadas pela dureza decoração, abrindo assim, o caminho para a poligamia e outrasformas de expressão. Desde a antiguidade, a poligamia vemsendo praticada por quase todos os povos do mundo. Nassociedades humanas existentes, há, pelo menos, quatropossibilidades para a união conjugal.

1º. Monogamia. A monogamia é a regra que limita umhomem a uma esposa e vice-versa. Com exceção damonogamia, as outras formas de união são consideradas poralgumas sociedades como sendo adultério.

2º. Poligamia. Consiste na pluralidade de cônjuges. Apoligamia opõe-se à monogamia, que é o casamento de um sóhomem com uma só mulher. A poligamia não era comum nostempos bíblicos, embora fosse permitido o casamento com maisde uma mulher ao mesmo tempo, como quando Jacó se casoucom Léia e Raquel e teve convívio marital com as servas deambas. Com efeito, porém, havia restrição no tocante aosacerdócio. Este só podia ter uma esposa e não podia casar-se com mulher que tivesse sido divorciada. Com viúva somenteque tivesse sido viúva de sacerdote (Lv 21.13-14; Ez 44.22).

3º. Poliandria. Casamento de diversos homens com umasó mulher (poliandria). Esta pode ser dividida em duas formas:a poliandria fraterna e a poliandria matriarcal. A poliandriafraterna consiste em que uma esposa passa a viver com umgrupo de irmãos na casa deles. Esta forma é praticada entrealguns povos da região himalaia. Na poliandria matriarcal, aesposa permanece no lar e os seus maridos, que não estãonecessariamente aparentados entre si, vão coabitar com elapor turnos. Além destas modalidades maritais que forammencionadas acima, existe também o chamado casamento emgrupo. Nesta modalidade, um grupo de homens compartilhariade relações maritais com um grupo de mulheres. Mas ali, nocéu, onde a pureza e a bondade divinas predominam, não

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haverá ‘dureza de coração’ e também, na cidade de Deus, ‘nãoentrará nela coisa alguma que contamine’ (Ap 21.27).Portanto, nenhuma destas coisas que foram mencionadasacima terão lugar ou espaço ali.

4º. Casamento em grupo. Esta possibilidade é chamadacasamento em grupo. É quase semelhante a poliandria. Nestamodalidade, um grupo de homens compartilharia de relaçõesmaritais com um grupo de mulheres. Alguns símbolos e rituaispopulares de casamento que são visíveis e atuantes em nossosdias, já eram praticados na antiguidade.

b) Os rituais do casamento – Conforme já tivemos a ocasiãode expor acima, tanto o casamento como seus rituais sãopraticados de maneiras diversificadas por todas as sociedadesdo mundo. Aqui, portanto, apresentaremos alguns destesrituais por serem os mais conhecidos pelas sociedadesocidentais.

1º. Aliança. Surgiu no Egito antigo, onde o círculorepresentava a eternidade, pois não tinha começo nem fim.Assim, o homem e a mulher deveriam usá-la para formalizar ocasamento. Mais tarde, quando os gregos descobriram omagnetismo, adoraram a aliança de metal, acreditando quetinha poder de atrair o coração, órgão que representa o amor.A aliança deveria ser usada no dedo anular da mão esquerda,onde havia uma veia ligada diretamente ao coração. Realidadeou não, mantém-se o costume entre a maioria dos povos, comono Brasil. Entre os europeus, a aliança de casamento é usadano dedo anular direito e a de noivado no dedo anular esquerdo.

2º. Flor de laranja. Começou a ser usada na Grécia antiga,significando pureza e fertilidade. Por isso, pouco antes dacerimônia, a noiva era presenteada pela mãe do noivo comum buquê dessa flor. Até hoje, muitas noivas escolhem a florde laranja para compor seus buquês.

3º. Lua-de-mel. Surgiu na Grécia e na Roma antigas. Paratrazer sorte e amor eterno, os amigos e parentes dos noivosespelhavam gotas de mel na soleira da casa dos recém-casados. Durante uma fase da Lua, a mãe da noiva levava

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bolo da doçura. Já entre os povos germanos, os noivos sempreoptavam por se casar na Lua Nova. No final da cerimônia,bebiam uma mistura de água e mel ao luar.

4º. Chuva de arroz. Surgiu na China por volta de 2000a.C. Conta-se que um mandarim quis provar sua vida opulentae fez que despejassem uma chuva de arroz, considerado umsímbolo de fartura, durante todo o casamento de sua filha.Séculos depois, o hábito chegaria à América e a outros lugaresdo mundo, significando êxito material e espiritual na novavida. Na Roma antiga, em vez de arroz, costumava-se jogarsobre os noivos amêndoas e nozes, símbolos da fertilidade. 3

Estas coisas são usadas na terra pelos homens, a fim dedar maior ênfase àquilo que o casamento representa. Mas,no reino celestial, onde Cristo e Sua esposa participarão dagrande festa nupcial, preparada pelo próprio Deus, haveráalgo de maior valor e significação (cf. Ct 2.4). É, portanto,esta a grande razão de que uma voz poderosa exorta a todosdizendo: “Regozijemo-los, e alegremo-nos, e demos-lhe glória,porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a Sua esposa seaprontou” (Ap 19.7).

5. A Ceia das bodas. A celebração da Santa Ceia nas bodasdo Cordeiro será realizada para cumprimento das palavrasde Jesus quando celebrava a última ceia com seus discípulosnum cenáculo mobilado e preparado. Ele disse: “...desde agora,não beberei deste fruto da vida até aquele dia (nas bodas) emque o beba de novo convosco no reino de Meu Pai” (Mt 26.29).Esta ceia celebrada na eternidade tem como objetivo arecordação da morte de Cristo e de tudo aquilo que elarepresenta para sua Igreja. Ela deve ser de caráter místicocomo aquela a que o Senhor se referiu, quando disse que suacarne devia ser comida e que o seu sangue devia ser bebido.Uma interpretação desta declaração de Jesus afirma que oque o apóstolo João declara em seu Evangelho, capítulo 6, serelaciona também com a Ceia do Senhor porém em sentidocompletamente espiritual. Para os judeus, e depois os cristãos,algumas das cerimônias terrenas tinham paralelos nos céus

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(Hb 8.5; 9.23). Assim, se há uma Santa Ceia praticada aquina terra, com vista a lembrar a morte de nosso Senhor, seria,então, também cópia daquela que será celebrada por Jesusna sua glória (Mt 26.29; Lc 22.15-16; Ap 19.9). Esta Ceiaencontraria significação simbólica naquilo que Cristo falouno sexto capítulo do Evangelho de João. Essa realidadesimbólica é tudo quanto Cristo significaria para a almahumana. O verdadeiro “pão do céu”, e não algum elementorecebido pelo corpo, o que é reiterado por “sete vezes” nocapítulo em foco [v. 33]: “Porque o pão de Deus é aquele quedesce do céu e dá vida ao mundo”; [v. 38]: “Porque eu descido céu, não para fazer a Minha vontade, mas a vontadedAquele que Me enviou”; [v. 41]: “Murmuravam pois dele osjudeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu”; [v.42]: “E diziam: Não é este Jesus, o filho de José, cujo pai emãe nos conhecemos? Como pois diz ele: Desci do céu?”; [v.50]: “Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comernão morra”; [v. 51]: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; sealguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que Euder é a Minha carne, que Eu darei pela vida do mundo”. [v.58]: “Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossospais, que comeram o maná e morreram, quem comer este pãoviverá para sempre”. Quando Paulo escreveu aos romanos,falou do “batismo místico” em que a nova criatura passava afazer parte do “corpo invisível de Cristo” (Rm 6.3-4). Enquantoque o “batismo nas águas” lhe dava o direito a fazer parte do“corpo visível de Cristo”, que é Sua Igreja. Assim se havia umbatismo místico para todos os que ingressavam na nova vida,com efeito, haveria, também, uma espécie de Santa Ceiaespiritual, em que a alma desfrutava em Cristo, mediante suacomunhão e aceitação incondicional de Cristo e de Suaspalavras. Então passaria ele a desfrutar do direito asseguradonas palavras de Jesus, quando disse”...na verdade, na verdadevos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, enão beberdes o Seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vidaeterna e Eu o ressuscitarei no último dia. Porque a Minha

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carne verdadeiramente é comida, e o Meu sangueverdadeiramente é bebida. Quem come a Minha carne e bebe oMeu sangue permanece em Mim e Eu nele. Assim como o Pai,que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, assim, quem de Mim sealimenta, também viverá por Mim” (Jo 6.53-57). Ora, ainterpretação dessas palavras de Jesus encontra-se explicadano versículo 35 deste mesmo capítulo, quando Ele disse: “...Eusou o pão da vida: aquele que vem a Mim não terá fome equem crê em Mim nunca terá sede”. Portanto, comer a carnedo Filho do homem e beber o Seu sangue significa, nopensamento de Jesus, tomar posse da vida eterna. Esse deveser o verdadeiro sentido das palavras de nosso Senhor aquineste capítulo. Semelhantemente, haverá uma espécie deSanta Ceia celestial no estado eterno, que terá início nas bodasdo Cordeiro e se estenderá na eternidade futura, para que ossantos de todos os tempos e de todos os Pactos possam lembrarda morte de Cristo e daquilo que ela representou para eles.Esta é a “...ceia das bodas do Cordeiro”, e a ceia celestial quecertamente será celebrada de mês em mês, em memóriadAquele que tudo fez por nós! (Ap 19.9; 22.2). Esta celebraçãoe, cremos, outras que serão realizadas no céu, servirá comoato memorial da história da redenção. Pois, como atomemorial, a Santa Ceia do Senhor deve ser o sentido coloquialque ela tem em o Novo Testamento e também daquilo que elarepresenta para nós. Não se trata apenas de um mero símbolo,mas é uma comemoração real, literal e objetiva da morte deCristo e de tudo que Cristo é para nós. O Dr. Goodchild declaraque a comunhão da Ceia tem o propósito de servir derecordação dos sofrimentos do Senhor a nosso favor. É umacelebração de Sua morte. É também uma comemoração de Suaressurreição, porque, neste ato, a lembrança de que Ele estávivo é inserida na expressão: “até que venha”. O Salvadorsabia como é curta a memória humana. E, por consideração ànossa fragilidade e inclinação ao esquecimento, estabeleceuessa festa solene e memorial. Nela tomamos do pão partido,representando Seu corpo que foi ferido pela ira divina emnosso lugar, e do fruto esmagado da videira, como Seu sangue

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que foi derramado pelo malho pesado da justiça de Deus, paraperdão de nossos pecados.

III. ESCATOLOGIA EXTERNA

1. O retorno de Cristo com poder e grande glória.Chamamos de ‘escatologia interna’ os acontecimentos queterão início no término da celebração da Ceia das bodas doCordeiro, até o triunfo final de Cristo. Após terminar os seteanos de festa das bodas, Cristo se deslocará do Céu com otítulo de Rei dos reis, e Senhor dos senhores para executarseu triunfo sobre o anticristo e suas hostes no sombrio valedo Armagedom (Ap 19. 11-16). Devemos observar dois pontosimportantes no que diz respeito o arrebatamento da Igreja ea volta de Jesus em glória com a sua Igreja.

a) A primeira fase – Torna-se importante para os estudiososdas Escrituras, saberem distinguir com precisão o que significao Arrebatamento e Parousia de Cristo. Devemos, portanto,observar que a volta de Jesus para vir buscar a sua Igreja, édistinta do seu retorno com poder e grande glória, sete anosdepois. Na primeira fase, o retorno de Cristo encontra-serelacionado mais com a Igreja. Ele virá, nesse caso, para osseus, ao passo que, em seu retorno, como o Messias prometido,Ele virá com os seus, enquanto que o sentido primordial deseu retorno com poder e grande glória, diz respeito a Israel eàs nações.

b) A segunda fase – Na segunda fase, após o arrebatamento,quando terão lugar o tribunal de Cristo, as bodas e a ceia dasbodas do Cordeiro, o Senhor Jesus voltará com poder e grandeglória, com a finalidade de aniquilar o anticristo e todo o podergentílico constituído por ele. Após seu aniquilamento edestruição de suas hostes no Armagedom, Cristo se voltarápara o ‘vale de Josafá’, a fim de fazer um julgamento seletivocom vista ao ingresso no reino milenar. A duração que deduzmarcar a extensão do templo entre o arrebatamento e a voltade Cristo em glória é de sete anos, isto é, no final da

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septuagésima semana profética de Daniel 9. Neste seuretorno, Cristo não virá ‘para os seus santos’, e, sim, ‘com osseus santos’, conforme já tivemos a ocasião de expor emoutras notas expositivas. O grande cortejo que oacompanhará do céu até a terra, será composto de anjos edos santos. Nenhum deles virão para lutar. Nem o exércitocomposto de anjos, nem a multidão formada pelos remidostomarão parte alguma na sombria batalha ali no Armagedom.Cristo fará toda a batalha sozinho, como sozinho Ele executousua obra redentora na cruz. Ali, também, Ele fará tudosozinho, como Ele próprio declara: “Eu sozinho pisei no lagar,e dos povos ninguém houve comigo, e os pisei na Minha ira,e os esmaguei no Meu furor, e o seu sangue salpicou os Meusvestidos, e manchei toda a Minha vestidura” (Is 63. 3). Areferência de que as vestes de Cristo serão manchadas desangue encontra seu contexto em Apocalipse 19.13, quandodiz que Ele “...estava com uma veste salpicada de sangue”.Este sangue que será derramado e salpicará as vestes deCristo não se refere ao seu sangue que Ele, por amor aomundo, derramou na cruz do calvário. Pois o guerreirovingador não diz “o meu” sangue, e, sim, “o seu” sangue,isto é, o sangue de seus inimigos, que será derramado no diada vingança. Nesta sua grande conquista, Cristo virá paraIsrael como “o grande libertador prometido”. Por esta razão,torna-se importante um estudo acurado, enriquecido eaprofundado sobre as duas fases da volta de Cristo: a doarrebatamento e a de Sua volta em glória. Em Suamanifestação com o poder e grande glória, Ele Se manifestarácom os anjos do Seu poder. Nesta Sua vinda, Ele virá “...comolabareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecema Deus e dos que não obedecem ao evangelho de Cristo” (2 Ts1.7-8). As duas fases da vinda de Cristo – entre a sexta esétima dispensações haverá um intervalo. Este intervalo émarcado pela última semana profética de Daniel 9, conformejá tivemos a ocasião de falar nesta assunto acima. Ele vai doArrebatamento da Igreja até a introdução do estabelecimentodo reino milenar, que será governado por Cristo e seus santos.

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c) O grande discurso de Jesus proferido no Monte das Oliveiras– Este é o quinto e último discurso das cinco seções de ensinosque o Evangelho de Mateus registra.

1º. O primeiro – é o Sermão do Monte (5 – 7).2º. O segundo – fala da obra e da conduta dos discípulos

(9. 35 – 11. 3).3º. O terceiro – fala dos mistérios especiais do reino de Deus

(13).4º. O quarto – fala dos problemas comunitários (18. 1 – 19.

2).5º. O quinto – fala do futuro da Igreja, de Israel e das

nações.Este último sermão de Jesus começa em 24.1 e termina em

26.1. Nele, o Senhor tanto falou de sua vinda para oarrebatamento, como também de sua volta com poder e grandeglória, para efetuar a destruição do anticristo e de suas hostes e,por fim, ao poder gentílico mundial no Vale do Armagedom. Neste“Pequeno Apocalipse”, conforme tem sido chamado pela maioriados comentadores, estão incluídos elementos do Primeiro eSegundo Adventos de Cristo – sendo que apenas cada um porsua ordem na cronologia do tempo. O sermão está baseado emtrês perguntas, feitas por quatro de seus discípulos: Pedro, Tiago,João e André. As perguntas foram estas:

• Quando serão essas coisas – a destruição do templo(v.3a).

• Que sinal haverá da tua vinda (v.3b).• E do fim do mundo (v.3c).d) A resposta de Cristo – Começando a responder, o Senhor

abordou temas que vão desde a destruição de Jerusalém noano 70 d.C. até a Sua Parousia (segunda vinda com poder egrande glória). Seguindo as regras do procedimento em estudoescatológico, não podemos deslocar estas passagens deMateus 24 a 26, do arrebatamento da Igreja e os associarunicamente à Parousia de Cristo, dizendo que estas palavrasde Jesus apontam para Seu retorno à terra em Seu segundo

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advento. Com efeito, porém, mesmo que isso seja inteiramenteassim, as lições que dizem respeito ao arrebatamento estãotambém aqui em foco. Com efeito, porém, devemos ter emmente alguns acontecimentos a vinda de Cristo para oarrebatamento e a sua vinda em glória para aniquilar oanticristo e estabelecer seu reino de na terra.

1º. No retorno de Cristo para a guerra sombria – todo oolho o verá. Esta expressão proferida por Cristo quandorespondia ao sumo sacerdote no tocante a sua missão divina,e relembrada por João quando escrevia seu Apocalipse, nãose refere ao arrebatamento da Igreja, conforme alguns têmsugerido. Ela aponta para o Segundo Advento de Cristo,quando “todo o olho o verá” (Mt 26.64; Ap 1.7). Neste retornodo Filho do homem, Ele será visto fisicamente sobre o céuazul da Palestina. Primeiro, os judeus verão os céus abertos econtemplarão Jesus “assentado à direita do Poder”. Os judeus,neste momento, se encontrarão cercados de todos os lados,mormente a cidade de Jerusalém (cf. Lc 21.20). Eles, que tinhamsido enganados pelas falsas promessas do anticristo, que lhestinha dito que ele era o Cristo, o Messias prometido aos pais,agora, mergulhados nesta crise profunda, sem precedente nahistória humana, se voltarão para Deus e, numa oraçãocoletiva, pedirão a Ele que enviou o Messias. Haverá, nestemomento, uma operação sobrenatural do Espírito Santo,produzindo, no povo eleito, um arrependimento nacional etodos, sem exceção, se converterão ao Senhor. Mas estearrependimento começará pela elite real, isto é, pelos líderesdo povo, representados aqui pela “casa de Davi” e seestenderá à nação inteira. Então “olharão para Mim, a quemtraspassaram” e “chorarão amargamente por Ele, como sechora amargamente pelo primogênito”. Este clamor estender-se-á para fora das portas de Jerusalém “...e toda a terrapranteará, cada linhagem à parte: a linhagem da casa de Davià parte. E suas mulheres à parte, e a linhagem da casa deNatã à parte, e suas mulheres à parte. A linhagem da casa deLevi, à parte, e suas mulheres à parte; a linhagem de Simei à

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parte, e suas mulheres à parte. Todas as mais linhagens àparte, e suas mulheres à parte” (Zc 12.10-14). Comovido como clamor e angústia de seu povo, Deus ordenará a Jesus quesaia de seu trono a fim de lhe socorrer. Então o Senhor Selevantará de seu trono e, sobre os olhos de todos, descerá emuma nuvem em direção ao Monte das Oliveiras.

2º. A volta de Cristo com poder e grande glória não será orapto da Igreja. Este acontecimento será diferente do queacontecerá em seu retorno à terra para buscar sua Igreja.Nele, os olhos dos pecadores não contemplarão Jesus nemSeu exército composto de anjos e de santos. Sua vinda seráinvisível e silenciosa aos olhos daqueles que se encontramlonge de Deus. Mas, neste episódio, quando Ele vier para oVale de Armagedom, com a finalidade de destruir o podergentílico mundial, todo “o olho o verá”. O anticristo, seusexércitos e também aquelas “tribos da terra” que desejavamdestruir a nação eleita de Israel se “lamentarão sobre Ele”,pois sua presença terá como finalidade neutralizar o intentomortal de todos aqueles que tinham fomentado oaniquilamento de Israel. A besta e suas tropas retirar-se-ãode Jerusalém para o vale de Armagedom. Fica, portanto,evidenciado que parte do grande discurso do Senhor no Montedas Oliveiras visava, em primeiro lugar, advertir os salvos notocante a sua volta para o arrebatamento e, por extensão,prepará-los com vista ao fim da Era presente e à introduçãodo mundo vindouro. Com efeito, porém, nas passagens deMateus 26.64 e Apocalipse 1.7, que falam que, por ocasião doretorno de Cristo a terra, “todo o olho o verá”, se referecompletamente do retorno de Cristo à terra com poder e grandeglória. Ele, portanto, será visto fisicamente sobre o céu azulda Palestina. Primeiro, os judeus verão os céus abertos econtemplarão Jesus “assentado à direita do Poder”.Simultaneamente, o Senhor se levantará de seu trono e, sobreos olhos de todos, descerá em uma nuvem em direção ao Montedas Oliveiras. Em Seu retorno à terra para buscar Sua Igreja,os olhos dos pecadores não contemplarão Jesus nem seu

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exército de anjos e de santos. Ela será invisível e silenciosaaos olhos dos pecadores. Mas, neste episódio, quando Ele virápara o Vale de Armagedom, com a finalidade de destruir opoder gentílico mundial, representado pelo anticristo e suashostes, todo “o olho o verá”.

2. O lamento do anticristo e de suas hostes. O anticristo,seus exércitos e também aquelas “tribos da terra” quedesejavam destruir a nação eleita de Israel se “lamentarãosobre ele”, pois, com a presença de Cristo, será neutralizadoseu intento mortal que tinham fomentado contra Israel. Abesta e suas tropas se retirarão de Jerusalém para o vale deArmagedom. Ali ela procurará organizar um ataque fulminantecontra Jesus e seus exércitos celestiais. Ela, então, invocará opoder do dragão, pedindo a ele que envie, em seu auxílio,tropas do mundo das trevas capazes de combater as hostesde Cristo. O dragão lhe enviará 200 milhões de cavaleiros com“couraças de fogo, e de jacinto, e de enxofre” (Ap 9.16-17).Tais cores projetadas no mundo das trevas são apresentadascomo cores psicodélicas de “vermelho fogoso, azul fumegantee amarelo sulfírico”, para causarem cisma e extremo terror.Também o preparo de um exército terrestre sem precedentena história humana, será organizado por três espíritosimundos que serão enviados com o poder de realizaremprodígios e persuasão, cuja finalidade é convencer os “...reisde todo o mundo, para os congregar para a batalha, naquelegrande dia do Deus Todo-poderoso” (Ap 16. 14b). Com efeito,porém, todos estes esforços do grande inimigo de Deus e doshomens serão em vão. Cristo usará o seu supremo poderpessoal e toda a força do inimigo (seja ela terrena ou espiritual)cairá por terra, ali naquele vale (cf. Is 63.6; Ap 19.19-21).Conforme já ficou demonstrado, o retorno de Cristo trará ànação inteira de Israel um arrependimento nacional. E, comoresultado disso, haverá salvação para cada linhagem do povoescolhido. “E assim todo o Israel será salvo, como está escrito:de Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades. Eeste será o meu concerto com eles, quando Eu tirar os seus

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pecados” (Rm 11.26-27). A conversão da nação inteira de Israelé mencionada em várias passagens das Escrituras. Após tercomemorado sua grande vitória sobre os inimigos do bemcom os 144 mil no monte Sião, haverá uma conversão emmassa do povo eleito. Obtendo o perdão de Cristo e reafirmandoos acordos do concerto entre a nação de Israel e Cristo, o povoeleito estará pronto e preparado para ingressar no Milênio.

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I. OS CONFLITOS DO ORIENTE MÉDIO

1. Os conflitos teocráticos. Nenhum ponto do planetaconcentra número tão grande de conflitos quanto o OrienteMédio. A região debate-se sobre muitas questões deimplicações explosivas: algumas de natureza teocrática eoutras de natureza política. E, todos eles, envolvem Israel,árabes adjacentes e palestinos.

a) A raiz do Conflito teocrático – O começo de formaçãodestes conflitos, ainda que de forma latente, começou quandoAbraão, cansado de esperar o cumprimento da promessa deser pai de um filho por meio de Sara, tomou a Agar por suaconcubina. Ela lhe deu um filho e chamou o seu nome Ismael.Ismael gerou doze príncipes segundo as suas famílias. Estasfamílias se organizaram em pequenas tribos e passaram ahabitar desde “Havilá até Sur, que está em frente do Egito,indo para Assur...” (Gn 25.16,18), ocupando assim a partecentral da Arábia. Os coreixistas de Meca, tribo de Maomé,eram seus descendentes. Uma das doze tribos chamava-senabateus que fundaram o reino nebaiotano, atualmenteocupado pela Jordânia. Quando Abraão ficou viúvo, casoucom Cetura e esta lhe deu seis filhos: Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã,Jisbaque e Suá. Abraão, antes de sua morte, elevou-os acategoria de chefes tribais e, vivendo ele ainda, despediu-os“ao oriente, para a terra oriental”. Num incidentecircunstancial, as duas filhas de Ló conceberam de seu próprio

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pai. A primogênita teve um filho e chamou o seu nome Moabe:este é o pai dos moabitas, até o dia de hoje. E a menor tambémteve um filho e chamou o seu nome Benamí: este é o pai dosfilhos de Amom, até o dia de hoje (Gn 19.37-38). QuandoRebeca concebeu, percebeu que, em seu ventre, havia duascrianças e que ambas lutavam dentro dela. Então ela foiperguntar ao Senhor porque aquelas duas crianças já lutavamantes mesmo de nascerem. O Senhor lhe respondeu, dizendo:“Duas nações há no teu ventre. E dois povos se dividirão dastuas entranhas, e um povo será mais forte do que o outropovo...” (Gn 25.21-23). Observando cuidadosamente, todosestes povos acima mencionados tinham suas raízes nalinhagem semítica: passando por Abraão, Ló, Ismael e Esaú.Como procediam de uma só linhagem, tinham entre si muitascoisas em comum. Esaú, além do parentesco com Ismael, aindase aproximou deste, por meio de Maalate, filha de Israel, irmãde Nebaiote. Pouco a pouco estas famílias foram seaproximando. Umas por meio de casamentos, alianças comcaráter de defesa, comercial e religioso e outras circunstânciasadversas. Os filhos de Abraão com Cetura emigraram para aPenínsula da Arábia. Os filhos de Ismael uniram-se com osmidianitas e com uma parte dos edomitas que falavam oaramaico e o árabe; os filhos das filhas de Ló juntaram-seaos edomitas e, posteriormente, todos estes povos se fundiramem tribos árabes.

b) O que originou o sentimento hostil do conflito entreisraelitas e árabes – Todos estes povos traziam em si umsentimento de ódio contra o povo de Israel e alegavam entresuas tribos os seguintes motivos:

1º. Os ismaelitas. Os ismaelitas queixavam-se pelo fato desua genitora, Agar, ter sido despedida, segundo eles, sem justacausa. De acordo com as Escrituras, Abraão despediu a Agare seu filho Ismael, apenas dando-lhes pão e um odre de água(Gn 21. 14).

2º. Os filhos de Cetura. Os filhos de Cetura, queixavam-sepor Abraão ter dado tudo quanto possuía a seu filho Isaque e

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a eles, somente presentes, isentando-os da partilha legal,justa e proporcional de tudo aquilo que as leis tribaisformalizavam em seus dias. “E Abraão tomou outra mulher;e o seu nome era Quetura; E deu-lhe à luz Zinrã, Jocsã, Medã,Midiã, Jisbaque e Suá. E Jocsã gerou Seba e Dedã; e os filhosde Dedã foram Assurim, Letusim e Leumim. E os filhos deMidiã foram Efá, Efer, Enoque, Abida e Elda. Estes todos foramfilhos de Quetura. Porém Abraão deu tudo o que tinha aIsaque; mas aos filhos das concubinas que Abraão tinha, deuAbraão presentes e, vivendo ele ainda, despediu-os do seufilho Isaque, enviando-os ao oriente, para a terra oriental”(Gn 25. 1-6).

3º. Os moabitas e amonitas. Os moabitas foram um povonômade que se estabeleceu a leste do Mar Morto por volta doséculo XIII a.C., na região que mais tarde seria chamada deMoabe. Eram aparentados com os Hebreus, com os quaistiveram vários conflitos. Foram combatidos e subjugados porDavi, rei de Israel. Os Moabitas readquiriram a independenciadepois do cisma das 12 tribos hebréias. Voltaram-se aonomadismo e tempos depois Moabe foi anexado como parteda provincía romana da Arábia.

Segundo a Biblia (Gn 19.30-38), deu-se origem o povoMoabita através de um incesto, promovido pela filha maisvelha de Ló, Sobrinho de Abraão, logo após a destruição deSodoma e Gomorra. Depois de ser tirado de Sodoma pelosanjos, Ló não achou mais lugar para viver nas cidades,especialmente Zoar, e foi-se para as montanhas e habitou emuma caverna. Sua filha mais velha em uma conversa com asua irmã mais nova, disse que o pai, Ló, já era homem velhoe não havia nenhum outro filho homem para dar continuidadena linhagem do pai, coisa que o povo da época, levava muitoa sério. Elas embebedaram o pai e as conceberam cada uma,um filho do próprio pai. A mais velha gerou Moabe, origemdo povo Moabita. Hoje, Moabe é parte do Reino da Jornânia.Os moabitas e amonitas alegavam que Deus preservou osbens de Abraão, mas permitira que os seus fossem destruídos,

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quando Sodoma, Gomorra e as demais cidades da campinaforam reduzidas a cinza por meio de fogo do céu.

4º. Os amonitas (Gn 19. 30-38). Os amonitas, cujo poderiofora rompido por Eúde, um dos juízes de Israel, tinham sefortalecido novamente e estavam saqueando Israel. Deusconcedeu a Jefté uma grande vitória sobre os amonitas e libertouIsrael. O aspecto lastimável da história de Jefté foi o sacrifíciode sua filha como resultado de um voto feito precipitadamente.Segundo a Bíblia, em Gênesis 19.30-38, diz que a origem dosamonitas está no filho (Benami) que a filha menor de Ló(sobrinho de Abraão) teve com o seu próprio pai.

5º. Os edomitas. Os edomitas alimentavam ódio mortalcontra Israel, porque Jacó, usando de astúcia, tomara o direitode primogenitura de seu pai Esaú. Todos estes sentimentosrecaíram no passado e atualmente sobre Israel. As demaistribos, que se fundiram ao longo dos séculos em tribos árabes,foram também, por força de circunstâncias, adquirindo poucoa pouco ódio contra o povo eleito.

2. O quadrilátero do conflito do ponto de vista político.Atualmente Israel faz parte de um quadrilátero conflitante.Este conflito envolve Israel, palestinos, árabes e U.S.A.Quando Israel é atacado por algum país árabe ou pelospalestinos de forma violenta e convencional: Israel contra-ataca alegando defesa própria. Em qualquer desses conflitos,os E.U.A. entram em cena. Como estes países não pode atacarfrontalmente os E.U.A. atacam Israel, como em 1990-1991,durante a guerra do Golfo, quando Israel foi atingido commísseis Scud, lançados pelo Iraque. Em represália, os E.U.A.atacaram o Iraque. O conflito entre Israel e os árabes teveinício há mais de 3 mil anos, quando Esaú e Jacó disputavamo poder de primogenitura no ventre de sua mãe. Os E.U.A.,num contexto profético, tornaram-se participantes da teocraciadivina, por ficarem sempre ao lado de Israel (Mt 25.40) epoderiam, a qualquer momento, atacar novamente o Iraque,o que, aliás, efetivamente fizeram em 2004, depondo o tirânicogoverno de Saddam Hussein. O Iraque chamava-se no

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passado Mesopotâmia. Ali floresceram os sumérios, osacádios, os babilônios e os assírios, nações estas, que aqui eali, fazem parte do contexto profético. Conquistada por persas,gregos e romanos, tornou-se o centro de um vasto ImpérioÁrabe nos séculos VIII e IX. Assim, pelo que se observa, esteconflito não terminará agora, a menos que haja umaintervenção divina pelo Príncipe da Paz, que é Jesus. Ele falouque a paz de Israel depende dEle e não de organizaçãohumana. Ele disse: “Ah! se tu conhecesses também, ao menosneste dia, o que à tua paz pertence!” (Lc 19.42). Ele tambémfalou da restauração de Israel e do povo árabe, quando disse:“Olhai para a figueira, e para todas as árvores; quando játêm rebentado, vós sabeis por vós mesmos, que perto está jáo verão” (Lc 21.28-29). Nesta parábola de Jesus, a figueirarepresenta Israel e as outras árvores, os árabes. Em 1948, aeconomia de Israel floresce com o apoio estrangeiro e remessasparticulares de dinheiro. Com o descobrimento do petróleo,os árabes descobrem nele uma economia florescente e usa-ocomo uma arma de guerra. Usando a Organização dos PaísesExportadores de Petróleo (Opep), boicotaram o fornecimentoaos países que apóiam Israel e provocaram pânico mundialcom o aumento dos preços dos seus derivados. Estes conflitoscomeçaram movidos por sentimentos familiares e seestenderão até que haja uma intervenção divina. Sem esta,qualquer esforço diplomático serve de paliativo, mas nãodebelará o problema para sempre. A presença de Jesus aquina Terra marcou uma nova fase na vida do mundo e do povohebreu. Os árabes, também como povos teocráticos, fazemparte deste contexto. O desejo de Deus é congregar em Cristotodas as coisas e todos os homens. Até mesmo aqueles quese encontram “separados da comunidade de Israel, estranhosaos concertos da promessa” – como os árabes – por exemplo!

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II. QUESTÕES DE IMPLICAÇÕES EXPLOSIVAS

1. Os conflitos existentes. Conforme já procuramos expornas notas anteriores, no tocante aos conflitos existentes naregião do Fértil Crescente, passaremos também a analisaraqui, cinco pontos conflituosos naquela região.

a) O primeiro ponto de discórdia é o conflito entre Israel eos territórios palestinos – O enfrentamento, que persiste hádécadas, agravou-se com a violenta cisão dos dois principaisgrupos palestinos, o Hamas e Fatah, que discordam sobre aforma de agir diante do Estado de Israel. Enquanto o Fatahquer negociar com os israelenses uma forma de convivência,o Hamas defende o fim do Estado de Israel. A disputa, queleva o Hamas a dominar a Faixa de Gaza e o Fatah a assumiro controle na Cisjordânia, pode dividir de vez o território doprojetado Estado palestino.

b) A segunda questão explosiva na região é a aceleradadesagregação do Iraque – Desde a queda de Saddam Hussein– e do fracasso norte-americano em estabilizar a situação nopaís –, a nação vive um quadro trágico de guerra civil. Em2007, os confrontos entre xiitas e sunitas intensificam-se, comconflitos abertos nas ruas e atentados terroristas. Estima-seque tenham morrido cerca de 3 mil pessoas por mês, masninguém sabe ao certo o total de baixas. As estatísticas variamde 50 mil a 650 mil civis mortos desde o início da ocupaçãonorte-americana, em 2003. O país vive uma crise imensa comos danos à infra-estrutura e um colapso no abastecimento.

c) O Irã, república islâmica dirigida por xiitas, é o terceiroponto de tensão – A questão aqui é a pressão internacional,sobretudo dos EUA, para que o governo iraniano interrompaseu programa de energia nuclear. Embora o governo assegureque a tecnologia será usada para fins pacíficos, as potênciasocidentais temem que a verdadeira intenção seja a produçãode armamentos. Em 2006, a ONU pede aos iranianos quesuspendam o programa, sem sucesso. Por causa disso, em

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2007 o Conselho de Segurança define sanções econômicascontra a nação. O governo xiita novamente dá de ombros.Um relatório de maio de 2007 da Agência Internacional deEnergia Atômica (AIEA) confirma que o Irã acelera o programade enriquecimento de urânio – que até certo ponto serve comocombustível, mas que em níveis mais altos pode ser usadopara produzir uma bomba nuclear. Uma ofensiva militar norte-americana contra o Irã parece pouco provável, devido aodesgaste com a ocupação do Iraque. Mas os analistas nãodescartam inteiramente essa hipótese. Os EUA têm outropretexto para a invasão: o Irã é acusado de armar milíciasxiitas, no Iraque, e o Hezbollah, no Líbano. Mas meter a mãonesse vespeiro é correr o risco de aprofundar ainda mais acrise no Oriente Médio.

d) O quarto foco de desestabilização no Oriente Médio estáno Líbano, que procura conter a influência da Síria sobre suavida política – O braço dos sírios no governo libanês é oHezbollah, grupo xiita que domina a região sul do país. Naseleições de 2005, a facção conquistou 35 cadeiras noParlamento e, em seguida, entrou no ministério. A nação passaa ter um presidente aliado dos sírios, mas um primeiro-ministro contrário a eles. O Hezbollah continua a pressão pelarenúncia do primeiro-ministro, que eles chamam de fantochedos EUA, em nome de um governo de unidade nacional.Segundo fontes do governo e do próprio Hezbollah, o grupoxiita possui de 20 mil a 30 mil mísseis e foguetes, prontospara ser acionados a qualquer momento. O país vive umperíodo de greves, confrontos nas ruas entre governistas eopositores e assassinato de políticos. Para piorar a situação,o Hezbollah atrai para o Líbano ataques de Israel. Osbombardeios israelenses ocorridos entre julho e agosto de2006 resultam em 1,2 mil civis mortos. Todos esses problemasse interligam num emaranhado de relações. Os EUA acusamos regimes do Irã e da Síria de sustentar movimentosterroristas. Ao mesmo tempo, a presença das tropas deocupação dos Estados Unidos na região há mais de quatro

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anos tem servido para estimular as facções mais radicais emdiversos países, fazendo crescer muito na população local oantagonismo aos norte-americanos e a seus aliados.1

e) O quinto é a divisão de Jerusalém entre palestinos eisraelenses – Antes de focalizarmos o assunto que envolve apartilha de Jerusalém entre árabes e israelenses. Já foramfeitas várias tentativas para que esta divisão se realize, masaté agora, Israel tem resistido fortemente para que isso seconcretize.

2. Jerusalém. A cidade e sua história. Jerusalém, os judeusafirmam que a ‘cidade eterna’ é Jerusalém e não Roma. Ela,portanto, reina sobre todas as cidades do mundo. Seu reinonão tem nada de material. Sua grandeza reside em ter sidoeleita por Deus, há mais de trinta de séculos. Para proclamara Santidade de seu nome como baluarte da fé monoteísta.Dos seus montes áridos, os filósofos, os profetas, e Cristopregaram as leis de moral e amor ao próximo. Na suas terras,foi acesa a chama da fé que estabeleceu os ideais de justiça ecrença religiosa nos povos cegos pelo pecado e pala idolatria.“Porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor”(Is 2. 3). Ela é a capital religiosa de metade da raça humana.Para os judeus, ela é o símbolo de passado glorioso e aesperança de seu futuro. Para os cristãos, ela é a cidade dosúltimos ensinamentos de Jesus, aquela que o viu morrer eressuscitar. Para os muçulmanos, é a cidade onde (crê-se) oProfeta Maomé, ascendeu aos céus. Jerusalém, fonte de fé epaz, a mais sagrada cidade do mundo, tem sido também umacidade de terror, guerra e sangue. Através de sua história, aespada não cessou de ferir seus filhos. Houve mais guerrasante seus portões do que em outra qualquer cidade do mundo.Andar em Jerusalém é andar sobre um mar de sanguehumano. Jerusalém foi sitiada mais de cinquenta vezes,conquistada mais de trinta e destruída 10 vezes. Suas raízesremontam da antigüidade. Ela foi mencionada na Bíblia pelaprimeira vez no tempo de Abraão, sob o nome de ‘Salém’ (Gn14 18). O profeta Ezequiel descreve que sobre a origem de

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Jerusalém, dizendo: “Assim diz o Senhor Jeová a Jerusalém:A tua origem e o teu nascimento procedem da terra doscananeus: teu pai era amorreu, e a tua mãe hetéia” (Ez 16. 3,45). A história de Jerusalém, portanto, encontra-se marcadade acontecimentos. No século X a.C. Davi toma a cidade dosjebuseus estabelecendo nela a capital de seu reino e traz aArca da Aliança a Jerusalém. 965-922 a.C. Salomão embelezaa cidade e constrói o Templo. 587 a.C. Os babilônicos tomam acidade, destroem o Templo e levam seus moradores para ocativeiro babilônico. 538 a.C. – Os judeus retornam a Jerusaléme reconstroem o Templo. 332 a.C. – Alexandre Magno conquistaJerusalém. 168 a.C. – Antíoco Epifanes arrasa suas muralhas.Em 167-163 a.C. – os judeus recuperam sua independênciasob a dinastia dos asmoneus. 63 a.C. – os romanos tomam acidade. 37 a.C. – Herodes reina sobre os judeus. Na qualidadede grande construtor, ele embeleza Jerusalém, constrói suasmuralhas e reconstrói o Templo mais magnificante do que ofez Salomão. A Jerusalém de Herodes foi a cidade que Jesusconheceu. 70 – Cumpre-se a profecia de Jesus (Lucas 19:41-44, 21:20-24). Jerusalém foi destruída por Tito depois desufocar a primeira revolta dos judeus. 132-135 – Depois dedominar a segunda rebelião dos judeus liderados por BarKochba, Adriano reconstrói Jerusalém, convertendo-a numacidade pagã e dando-lhe o nome de Aelia Capitolina. Templosromanos são erigidos sobre os lugares santos judeus e cristão.Os judeus são proibidos de entrar na cidade, sob pena de morte.Em 330 – Constantino converte Jerusalém em uma cidadecristã. 614 – Os persas conquistam Jerusalém e destroem todasas suas igrejas. 636 – Jerusalém passa a ser dos árabes,ficando sob seu domínio cerca de 500 anos. 1099 – OsCruzados conquistam Jerusalém e a converterem na capitaldo Reino Latino do Oriente. Em 1187 – ela é reconquistadapelos muçulmanos liderados por Saladino. 1517 – A cidadecai nas mãos dos turcos e fica sob seu domínio nos próximos400 anos. 1917 – Jerusalém é tomada pelos Aliados,comandados pelo General Allenby, do Exército inglês. 1948 –

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Como resultado da guerra entre árabes e judeus, Jerusalémfica dividida entre Israel e Jordânia. 1949 – Jerusalém seconverte na capital do Estado de Israel. 1967 – Durante aGuerra dos Seis Dias, Israel toma a Cidade Velha, que seencontrava em mãos da Jordânia e Jerusalém reunifica-se.

a) Jerusalém: como era e como é atualmente – Jerusalémfoi sitiada mais de 50 vezes, conquistada mais de 30 edestruída 10 vezes. As muralhas de Jerusalém, como vemoshoje, são uma soma de diferentes períodos de construção nodecorrer dos séculos. Mas, foi na época de Suleimã, oMagnífico, em 1538 a 1542 d.C. que elas adquiriram sua formaatual. Nessas muralhas, de aproximadamente 3 km decomprimento e 13 m de altura, há 34 torres e 8 portões.Descrevendo-os do leste para o norte:

1º. O portão de ouro (leste).2º. O portão de Santo Estevão (porta dos leões = leste).3º. O portão de Damasco (norte).4º. O portão de Herodes (norte).5º. O novo portão (norte).6º. O portão de Jafa (ocidental).7º. O portão do lixo (sul).8º. O portão de Sião (sul).Nos dias de Neemias a muralha tinha uma extensão maior

e nela foram construídas doze portas, talvez comreminiscências na cidade da Jerusalém celestial (Ap 21. 13). Acidade antiga do tempo dos jebuseus – media-se cerca de2727,5 m. Totalizando com as portas: 2868 m. Da porta dovale até a porta do monturo media-se 1000 côvados (500 maproximadamente).

b) Jerusalém e suas oito construções – Na construção feitapor Neemias e seus colaboradores, houve algumas junçõesdo muro principal com outras extensões de muros que faziamparte das 8 reconstruções da cidade – incluindo sua destruiçãopor Nabucodonosor. Entre elas:

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1º. O muro largo (Ne 3. 8).2º. O muro do viveiro de Selá (Ne 3. 15).3º. O muro de Ofel (Ne 3. 27).Tomando como base 500 metros de uma porta principal à

outra e medindo o muro no sentido simétrico: temos cerca de6000 m – cerca de 6 quilômetros. Eram suas dimensões,portanto, nos dias de Neemias (Ne 3. 13).

3. O desejo de partilha. Pelo plano de partilha da Palestina,Jerusalém deveria permanecer sob tutela internacional. Israelocupou a porção ocidental da cidade em 1948/1949 e a orientalem 1967. Desde então, o governo israelense instala colonosjudaicos no setor oriental para justificar a soberania sobre aárea, reivindicada pelos palestinos como a capital de seu futuroEstado. Reconhecer a parte oriental de Jerusalém como a capitaldo Estado Palestino, se isso vier a acontecer, tendo o anseionão só dos palestinos, mas também, em parte, da comunidadeinternacional. Em 2009 um comunicado diz o seguinte: UEreconhecerá divisão de Jerusalém, diz “Ha’aretz”. De AgenciaEFE – 1 de Dez de 2009. Jerusalém, 1º de dezembro (EFE –2009) – A União Européia (UE) reconhecerá publicamente napróxima semana a divisão de Jerusalém, para que sirva decapital a dois Estados, Israel e Palestina, segundo umdocumento interno comunitário citado hoje pelo diárioisraelense “Ha’aretz”. A minuta do documento, que foielaborado pela Suécia, atual presidente de turno da UE, deixaimplícito também que os 27 países do bloco europeu apoiarãouma declaração unilateral de independência por parte dospalestinos, segundo a fonte. Israel lançou uma campanhadiplomática para tentar frustrar a declaração, masrepresentantes israelenses em Bruxelas não acreditam que aUE volte atrás. O reconhecimento público europeu à divisãode Jerusalém acontecerá entre os dias 7 e 8 de dezembro, emreunião de ministros em Bruxelas. No mesmo encontro,espera-se que os Estados-membros adotem uma declaraçãosobre sua postura unificada em relação ao conflito do OrienteMédio. Segundo o diário israelense, a declaração expressará

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pela primeira vez o apoio da UE à solução de dividir Jerusalém,um dos problemas de maior destaque no conflito entreisraelenses e palestinos. Em Jerusalém residem cerca de 450mil judeus e 230 mil palestinos, e embora tenha sido unificadapor Israel em 1981 como sua capital “eterna e indivisível”, acomunidade internacional nunca reconheceu essa anexação.Nas negociações com Israel, a Autoridade Nacional Palestina(ANP) sempre manteve a exigência de ter a parte oriental comosua capital. Ao pedir às partes que retornem imediatamente àmesa de negociações, seguindo um cronograma, a UEsentenciará que o objetivo “um Estado palestinoindependente, democrático e viável com continuidadeterritorial, que inclua Cisjordânia, Gaza e tenha JerusalémOriental como capital”. O documento também destaca oproblema das fronteiras, e afirma que a UE não vai reconhecernenhuma alteração nos limites estabelecidos em 1967, amenos que a ANP dê seu consentimento a estes alterações. ²

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I. O FLORESCIMENTO DE ISRAEL

1. O futuro de Israel predito por Jesus. A recomendaçãode Jesus a seus discípulos quando falava do futuro da Igreja,de Israel e das nações gentílicas, foi esta: “E disse-lhes umaparábola: Olhai para a figueira, e para todas as árvores;quando já têm rebentado, vós sabeis por vós mesmos, vendo-as, que perto está já o verão. Assim também vós, quandovirdes acontecer estas coisas, sabei que o reino de Deus estáperto” (Lc 21. 29-31). A figueira é uma das árvores frutíferasmais comuns da Palestina. Seu florescimento eraproverbialmente reconhecido como um sinal certo da chegadada primavera. A figueira é uma das três árvores que nasEscrituras servem como símbolo de Israel. Sendo as outrasvideira e a oliveira. A videira, cultivada com tanto cuidado,tinha dado uvas bravas (Is 5. 1-4). A oliveira tinha sidoinfrutífera e seus ramos foram quebrados (Rm 11. 17). Afigueira não tinha nada senão folhas, ou figos maus (Jr 24.8), apesar de grande exteriormente, não tinha frutos paraDeus. Numa interpretação literal e sem muita figura deretórica, a figueira que aqui está em foco é Israel. As outras‘árvores’ que são mencionadas por Jesus referem-se às naçõesárabes que rodeiam Israel. De acordo com as palavras doSenhor, quando fazia sua despedida no monte das Oliveiras,tanto Israel como as nações vizinhas passariam por

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transformações profundas e também seriam alvos deacontecimentos admiráveis.

2. O Sionismo. O florescimento da nação israelita começoucom o movimento chamado Sionismo, movimento criado porTheodor Herzl. Em 1896, Theodor Herzl, publica o livro “DerJudenstaat” (O Estado Judaico). Herzl pregava que o problemado anti-semitismo só seria resolvido quando os judeusdispersos pelo mundo pudessem reunir-se e estabalecer-senum Estado nacional independente, mas teve o seu pontomarcante com a criação do Estado Judeu. A consolidação destemovimento, deu-se em 1947, quando a ONU, procurandosolucionar os problemas na região, vota a favor da divisãoda Palestina em dois Estados: um para os judeus e outro paraos árabes. Os árabes rejeitam o plano. Em 14 de maio de 1948,é proclamado o Estado de Israel, que tem Davi Ben-Gurioncomo primeiro ministro. Logo a seguir, países árabes enviamtropas para impedir a sua criação. A guerra termina em 1949,com a vitória de Israel, que passa a controlar 75% do territórioda Palestina, um terço a mais do que o determinado pela ONU.O restante da área da Cisjordânia é incorporado à Jordânia.Intimidados, cerca de 800 mil árabes fogem de Israel. Oacúmulo de tensões entre árabes e israelitas leva a umasegunda guerra. Israel lança um ataque contra o Egito, a Síriae a Jordânia, em 5 de junho de 1967. O episódio, conhecidocomo Guerra dos Seis Dias, termina em 10 de junho com avitória de Israel e a conquista do Sinai, da Faixa de Gaza, daCisjordânia, das Colinas de Golã e da zona oriental deJerusalém, que é imediatamente anexada ao Estado de Israel.Desde então, foram sendo criadas organizações dentro e forada Palestina, como defensoras do Povo Palestino. YasserArafat, um engenheiro, nascido em Jerusalém e general doexército palestino com forte liderança, funda a organizaçãoAl Fatah, que estabelece seu primeiro quartel general em Argel,em 1962.

3. A OLP. Em 1964, uma reunião de chefes de Estadosárabes, no Cairo, cria a OLP (Organização Para a Libertação

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da Palestina), com sede em Jerusalém. Em represália, a aviaçãoisraelense faz constantes bombardeios na Síria e Líbano, ondea OLP mantém bases militares. Em outubro de 1974, paísesárabes reunidos em Rabat, no Marrocos, reconhecem a OLPcomo único representante do povo palestino. Yasser Arafat,como presidente da OLP, tornou-se o símbolo e mediador dapaz e libertação do povo palestino. Esforços violentos ediplomáticos vêm sendo empregados de todas as formas paraa reconciliação de ambas as partes. Com efeito, porém, tantoIsrael como os palestinos são povos teocráticos e as profeciasdizem que estes conflitos continuarão entre judeus e árabes.A miscigenação familiar, costumes, línguas e religiões têmdificultado um acordo de paz entre estes dois povos. Com amorte de Yasser Arafat, em 11 de novembro, de 2004, nacapital francesa, Paris, nova liderança passou a ocupar o seulugar, deixado vago por meio de sua morte. Espera-se,portanto, que doravante, a partir de 09 de janeiro de 2005, onovo presidente da Autoridade Palestina (ANP), MahmoudAbbas, e os demais integrantes de seu governo, procuremuma aproximação com o Estado de Israel, e assim, com aintermediação dos Estados Unidos e de outras naçõesinteressadas, seja selado um concerto de paz para ambos ospovos – judeu e árabe – algo que teve grande impulso com aretirada das colônias judaicas da Faixa de Gaza em agosto de2005. O conflito entre Israel e Palestinos começou, conformejá falamos, com a criação do atual Estado de Israel. Hoje,porém, este conflito ultrapassou as fronteiras e se espalhoupor todo o Oriente Médio. O Estado Novo de Israel tem suaorigem no sionismo, movimento surgido na Europa no século19 e que prega a criação de um país livre e sem perseguiçõesaos judeus.

O mapa na próxima página mostra as dimensõesgeográficas onde estão situadas as nações do Crescente Fértil.

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II. O NOVO ESTADO DE ISRAEL

1. Israel – Israel é um país no Oriente Médio, naextremidade sudeste do mar Mediterrâneo. É uma repúblicademocrática parlamentar fundada em 14 de Maio de 1948. Éo único estado judeu em todo o mundo. Embora Israel nuncatenha definido oficialmente as suas fronteiras, atualmentedivide com o Líbano a norte, Síria e Jordânia ao leste e Egitono sudoeste. A Cisjordânia e a Faixa de Gaza também sãoconfrontantes. A capital declarada (mas não reconhecida pelacomunidade internacional) do país e sede do governo éJerusalém, que é também a residência do presidente da nação,repartições do governo, suprema corte e o Knesset(parlamento). A Lei Básica estabelece que “Jerusalém, completae unida, é a capital de Israel” apesar de a Autoridade Palestinaver Jerusalém Oriental como futura capital da Palestina e asNações Unidas e a maioria dos países não aceitarem a Lei

Este mapa mostra as dimensões geográficas onde estão situadas as naçõesdo Crescente Fértil.

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Básica, argumentando que o status final deve esperar futurasnegociações entre Israel e a Autoridade Palestina. A maioriados países mantém sua embaixada em Tel Aviv.

A – Israel contemporâneo. A história contemporânea deIsrael, pode ser marcada por dois acontecimentos. O primeiro:iniciado com o Sionismo através de Theodor Herzl, em 1896.O segundo: Com a proclamação do Estado de Israel, em 14 demaio de 1948.

B – A economia de Israel. Desde que foi criado o Estado deIsrael, em 14 de maio de 1948, o perfil de sua economia sealterou profundamente, apesar do pouco tempo de existência.No início, o país se mantinha com as doações vindas de judeusdo mundo todo, principalmente dos Estados Unidos e paísesda Europa e, com a produção agrícola, com destaque para alaranja. Um pouco mais tarde, por causa de sua situaçãogeopolítica, Israel acabou por desenvolver sua indústriabélica, onde se sobressaem as submetralhadoras e fuzis. Opaís possui também uma forte indústria aeroespacial, derenome mundial, liderada por firmas como Israel AerospaceIndustries, Elbit Systems e Elta e que, ao longo dos anos,desenvolveu e fabricou satélites, veículos lançadores desatélites, aviões não tripulados, tecnologia de ponta paracaças, radares avançados e vários outros produtos. O paísatua fortemente também nas áreas de energia solar e energiageotérmica. A empresa de energias geotémicas Ormat énegociada, junto com outras várias empresas de tecnologiaisraelenses, na Bolsa de Valores de Nova Iorque. Tanto nóscristãos como o mundo todo, sabe do desenvolvimento e doprogresso dessa nação. Israel é considerada o país maisavançado do Oriente Médio em termos de liberdade deimprensa, regulamentações empresariais, competiçãoeconômica, liberdade econômica e índice de desenvolvimentohumano médio. Os brotos da figueira – Israel – Depois quefoi criado o Estado Judeu em 14 de maio de 1948, váriosacontecimentos têm marcado a vida do povo eleito e das naçõesque o rodeiam. Podemos observar que tanto territórios

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ocupados por Israel como cidades tradicionais desta nação vêmsendo devolvidos ao povo palestino. Parece que a restauraçãodo reino a Israel fazia parte do pensamento de Jesus, e porextensão aos seus discípulos. O desejo de que a figueiraflorescesse teria sido imediato com a aceitação de Cristo, comoseu Rei. Mas a nação não entendeu assim, e com a rejeição deJesus, ficou adiado para depois, com o ressurgimento do Estadode Israel. Embora em sentido geral – isso somente seráconsolidado no Milênio. Contudo, foi somente em 14 de maiode 1948, que o Estado de Israel foi estabelecido e a partir daí,vem tomando conta do pensamento judaico a restauração eestabelecimento da Monarquia Judaica. Contudo, esteestabelecimento do Estado de Israel, não era o Reino Davídicoprometido em vários elementos proféticos.

2. A restauração plena do reino à Israel só terácumplemento real no Milênio. Muitos pensaram que, com arestauração do Estado de Israel em 1948, seria restaurada amonarquia judaica, talvez pensando que a frase dita pelo profetaAmós 9. 11 tivesse aplicação literal com respeito a esteacontecimento. Os próprios apóstolos pensavam também destamaneira. Quando Jesus falou da descida do Espírito Santo emSua plenitude, perguntaram ao Senhor, dizendo: “Senhor,restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?” (At 1. 6). A Históriatem comprovado que todos os reinos do mundo tiveram início,prosperaram e depois foram extintos. Alguns destes impériosnão duraram mais do que cem anos. Talvez as sucessivasdinastias egípcias tenham sido as que mais duraram na históriadas grandes civilizações. Contudo, hoje elas não mais existem.Tanto estes impérios, como estas dinastias, tiveram suasorigens na vontade e nos interesses humanos. Na sua maioria,estes sistemas não foram levantados para servir a vontadedivina – mas unicamente aos interesses humanos.

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III. ACONTECIMENTOS ATUAIS

1. O desejo de restauração da monarquia judaica. Apoucos dias arqueólogos encontram as ruínas do Palácio deDavi em Jerusalém, o que ascendeu o desejo de muitos judeuspela volta da monarquia judaica. Ao ser constituído rei sobretodo o Israel, Davi partiu com seus homens e conquistou acidade de Jerusalém do poder dos jebuseus. O reduto maisforte daquela cidade era a conhecida fortaleza de Sião. Davi,então, como sinal de vitória e domínio sobre aquela gente, foimorar na fortaleza conquistada. Dando- lhe também um novonome, que passou a ser chamada a partir dali, de “a cidade deDavi” (2 Sm 5. 7-9). Posteriormente porém, sabendo da notíciade que Davi tinha sido constituído rei sobre todo o Israel,Hirão, rei da cidade portuária de Tiro, enviou uns mensageirosa Davi com finalidade de lhes edificar uma casa. Assim estáescrito sobre este acontecimento: “E Hirão, rei de Tiro, envioumensageiros a Davi, e madeira de cedro, e carpinteiros, epedreiros, que edificaram a Davi uma casa” (2 Sm 5. 11). Estacasa que os servos de Hirão edificaram para Davi, foiposteriormente chamada de “casa real” (2 Sm 11. 2). Desdeque estas coisas aconteceram até nossos dias, passaram-secerca de 3000 anos. Contudo, agora, surge uma nova notíciaatravés da arqueologia, que relembra todos estes fatos. Anotícia do possível achado do Palácio do Rei Davi emJerusalém. “Uma arqueóloga israelense diz ter descoberto emJerusalém Oriental o lendário palácio do rei bíblico Davi, elevao sentimento judaico em favor de uma monarquia. Adescoberta é rara e importante: um grande edifício público doséculo 10 a.C., junto com fragmentos de cerâmica da época deDavi e Salomão e um sinete (usado para carimbar documentos)que pertenceu a um funcionário mencionado no livro do profetaJeremias. A descoberta provavelmente vai se tornar mais umargumento numa das maiores controvérsias da arqueologiabíblica... Baseada na Bíblia e em um século de arqueologia nolocal, Mazar, 48, especulou que uma famosa escadaria com

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degraus de pedra escavada antes era parte da fortaleza queDavi conquistou...Seu palácio ficaria depois do perímetrooriginal dos muros da cidade, no caminho para a Esplanadado Templo, edificado por seu filho, Salomão... Afirma ela –‘Quando os filisteus (grandes inimigos dos israelitas) vinhamlutar, a Bíblia diz que Davi descia de sua casa para a fortaleza...Fiquei pensando: descia de onde? Então imaginei que talvezhouvesse algo aqui (em Jerusalém Oriental)’...Mazar acreditater achado a resposta: um grande edifício público, com pelomenos alguma cerâmica da época, e um sinete governamentalde Jeucal, filho de Selemias, mencionados no livro de Jeremias.O prédio pode ser razoavelmente datado com a cerâmica achadaainda debaixo dele. Sob o Palácio encontrou fragmentos dosséculos 12 a.C. ou 11 a.C., pouco antes da conquista da cidadepor Davi. Acima estavam as fundações de um edifíciomonumental, com pedras grandes usadas para fazer muros de1,8 m de espessura. Num canto havia cerâmica dos séculos 10ao 9 a.C., mais ou menos da época do reino unido de Israel”.1

O desejo de nosso Senhor, quando Se humanizou, eraconstituir um reino de paz e prosperidade para o povo de Israel.Com o estabelecimento deste reino, a antiga Dinastia Davídica,que governara Israel por muitos anos, entraria em vigor. Jesus,nesse caso, por direito e por ser “...da casa e família de Davi”,seria o primeiro a ocupar este trono (cf. Lc 1.32; 2.4). Contudo,isso não foi possível, porque a nação do povo eleito nãoreconheceu o Filho de Deus, como sendo o Messias prometido,da linhagem de Davi na sucessão da monarquia. Com efeito,porém, a promessa divina do estabelecimento de um reinoque nunca terá fim, permaneceu de pé. Esta promessa diziaque seria restaurado o tabernáculo de Davi e estabelecido umreino de duração eterna. O seu Rei também nunca seriadestronado nem seu governo corrompido. Este reino é o reinode Deus – que começaria na esfera visível do reino dos céus.“E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino nãoterá fim” (Lc 1.33). O reino dos céus que, de acordo com opensamento geral das Escrituras, seria a base principal do

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reino davídico, deveria ser passado e não futuro. Contudo,com a rejeição por parte de Israel tanto do Rei como do reino,seu adiamento o tornou futuro e não passado. O final daseptuagésima semana profética de Daniel era a parte principalpara que, nela, o Messias pudesse “extinguir a transgressão,e dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer ajustiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir oSanto dos santos” (Dn 9.24). Todas estas coisas estavamrelacionadas a Israel, mas, com a sua rejeição, estes atos doMessias foram adiados. Aguardando, portanto, uma outraocasião futura quando a última semana do calendáriosucessivo das setenta semanas dará início a seu cumprimento,conclusão e finalização. O pensamento inicial de Jesus, quandocomeçou a Sua pregação, era estabelecer “o reino dos Céus”para os judeus no sentido político e davídico e, depois,estabelecer “o reino de Deus” nos corações. Portanto, restaum tempo futuro quando este reino será estabelecido na terra,tendo como centro principal a cidade de Jerusalém. Algunsestudiosos da Bíblia opinam que “O Reino dos Céus e o Reinode Deus”, se referem a mesma coisa. Não tendo, portanto,assim, diferença alguma, mas apenas são sinônimos.Entretanto, quando passamos a analisar um e outro, do pontode vista divino de observação, descobrimos que não se tratada mesma coisa. Com a presença de Jesus aqui na terra, oreino dos céus tornou-se a esfera central do reino de Deus.Cristo veio para reinar sobre Israel e Se apresentou comosendo o Messias prometido para o povo eleito. Assim estáescrito: “Este [Jesus] será grande, e será chamado de Filho doAltíssimo e o Senhor Deus Lhe dará o trono de Davi, Seu pai.E reinará eternamente na casa de Jacó, e o Seu reino não teráfim” (Lc 1.32-33). João descreve a chegada do Messias paraestabelecer Seu reino aqui na terra com base de domínio nanação judaica. “Veio para o que era Seu, e os Seus [os judeus]não O receberam” (Jo 1.11). O reino de Deus “estava próximo”,enquanto que o reino dos céus já tinha “chegado”. Foi esta apregação do João Batista no início de seu ministério. Elepregou dizendo: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino

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dos céus” (Mt 3.2). Os judeus rejeitaram o rei e o reino e estefoi transferido para um outro povo [que forma a igreja napresente dispensação]. Desta maneira, o “reino” se aproximoudos judeus, mas foi desprezado, e aguarda a sua aceitação como retorno de Cristo a terra com poder e grande glória. Destaforma, portanto, o reino foi adiado e voltará com manifestaçõesvisíveis durante a Era Milenar. Durante este período de rejeiçãopor parte de Israel, Deus está visitando os “gentios” e tirandodeles “um povo” para o Seu nome (At 15.14).

a) A rejeição do reino na pessoa de João Batista – Apregação de João tinha como objetivo preparar o povo daaliança para a aceitação do reino oferecido pelo Messiasprometido a Israel. Mas sua pregação não fora aceita nestesentido pelas autoridades judaicas. Eles ficaram em dúvidacom respeito a este ponto. Certa feita, Jesus perguntara aospríncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo donde procediao batismo de João. Então Ele disse: “O batismo de João dondeera? Do céu, ou dos homens?”. A resposta deles foi a seguinte:“Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: Então por que não ocrestes? E, se dissermos: Dos homens, tememos o povo,porque todos consideram João como profeta, e respondendoa Jesus, disseram: Não sabemos...” (Mt 21.25-27). Aqui,portanto, e em outros elementos informativos do NovoTestamento, vemos uma espécie de rejeição das autoridadesjudaicas com relação à fonte do poder de Jesus e à autoridadecom que João batizava. Isto, portanto, significava a rejeiçãodo reino e suas formas de expressão exteriores.

b) A rejeição do reino na pessoa de Cristo – De acordo comas informações encontradas em o Novo Testamento, o reinodos céus fora oferecido primeiramente aos judeus e depoisaos gentios. Sendo que os judeus o rejeitaram sem nenhumainvestigação pró-ou-contra. Em várias ocasiões, este reinofoi oferecido ao povo eleito e, em todas elas, foi rejeitado.

1º. Na pessoa de Jesus – primeira ocasião: Tratando-se denosso Jesus Cristo, o reino fora rejeitado em varias ocasiões, asaber: Quando Jesus pronunciou palavras de juízo contra as

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três cidades impenitentes: Corazim, Betsaida e Cafarnaum.Assim falou o Mestre: “Então começou Ele a lançar em rostoàs cidades onde se operou a maior parte dos Seus prodígios onão se haverem arrependido, dizendo: Ai de ti, Corazim! Ai deti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidon fossem feitos osprodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriamarrependido, com saco e com cinza. Por isso Eu vos digo quehaverá menos rigor para Tiro e Sidon, no dia do juízo, do quepara vós. E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serásabatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sidofeitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecidoaté hoje. Porém Eu vos digo que haverá menos rigor para os deSodoma, no dia de juízo, do que para ti” (Mt 11.20-24).

2º. Na pessoa de Cristo – segunda ocasião: Quando osjudeus rejeitaram a proposta de Pilatos em soltar a Jesus ecrucificar Barrabás. Em João 19.14-15, temos os matizes destarejeição. “E era a preparação da páscoa, e quase à hora sextae disse [Pilatos] aos judeus: Eis aqui o vosso Rei. Mas elesbradaram: Tira, tira, crucifica-O. Disse-lhes Pilatos: Hei decrucificar o vosso Rei? Responderam os principais dossacerdotes: Não temos rei, senão a César”.

c) A rejeição do reino na pessoa de Paulo: pôr intermédiodo apóstolo Paulo – Deus também oferecera este reino aosjudeus, mas, maiormente, como “reino de Deus” e não maiscomo “reino dos céus”, mas novamente fora rejeitado comonas vezes anteriores. Em Atos 28.23-29, está dito assim: “Ehavendo-lhe eles assinalado um dia, muitos foram ter comele à pousada, aos quais declarava, com bom testemunho, oreino de Deus, e procurava persuadi-los, à fé em Jesus, tantopela lei de Moisés como pelos profetas, desde pela manhã atéà tarde. E alguns criam no que se dizia, mas outros não criam.E, como ficaram entre si discordes, se despediram, dizendoPaulo esta palavra: Bem falou o Espírito Santo a nossos paispelo profeta Isaías, dizendo: Vai a este povo, e dize: De ouvidoouvireis e, de maneira nenhuma, entendereis; e, vendo, vereis,e, de maneira nenhuma, percebereis. Porquanto o coração

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deste povo está endurecido, e, com os ouvidos, ouvirampesadamente, e fecharam os olhos, para que nunca com osolhos vejam, nem com os ouvidos ouçam, nem do coraçãoentendam, e se convertam, e eu os cure. Seja-vos, pois notório,que esta salvação de Deus é enviada aos gentios, e eles aouvirão. E, havendo ele dito isto, partiram os judeus, tendoentre si grande contenda”.

2. Quando seria estabelecido o reino. “E, interrogado pelosfariseus (Jesus) sobre quando havia de vir o reino de Deus,respondeu-lhes, e disse: O reino de Deus não vem comaparência exterior” (Lc 17.20). A grande preocupação dos judeusdos dias de Jesus era com o estabelecimento de um reinoterrestre em que nele, eles, especialmente os fariseus e outrasautoridades judaicas, pudessem exercer suas funções políticase formais. Mas o Senhor lhes mostrou um outro caminho maisexcelente do que aquele que eles almejavam, isto é, doravante,seria estabelecido um reino celestial que encheria toda a terrae não tão somente o território de Israel. Este reino era o reinode Deus cuja missão e finalidade era abrangente a todos oshomens, e não apenas a uma minoria privilegiada.

a) As ocasiões em que o reino foi oferecido aos homens –Podemos observar que, em três ocasiões, antes da ressurreiçãode Cristo, o reino de Deus fora oferecido e, em todas elas, foirejeitado. Depois da ressurreição do Senhor e com a descidado Espírito Santo, o reino é novamente oferecido tanto aosjudeus como aos gentios.

1º. Aos judeus. Aos judeus, no dia de Pentecoste, havendouma aceitação pelo menos daqueles que presenciaram amanifestação sobrenatural do glorioso batismo, conformedescreve o escritor sagrado em Atos 2.37-41, que diz: “E,ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, eperguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos,varões irmãos? E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cadaum de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdãodos pecados; e recebereis o Dom do Espírito Santo, porque apromessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os

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que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.E, com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava,dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. De sorte queforam batizados os que, de bom grado, receberam a suapalavra e, naquele dia, agregaram-se quase três mil almas”.

2º. Aos samaritanos. Em uma outra oportunidade, o reinofora oferecido ao povo samaritano, através de Filipe, que lhespregara a Cristo e, como confirmação de que aquela genterecebera o reino com suas manifestações visíveis, a Igreja deJerusalém enviara para lá Pedro e João para ministrar opoderoso batismo com o Espírito Santo. Assim, novamente,escreve Lucas nos Atos dos Apóstolos 8. 14-17: “Os apóstolos,pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria receberaa Palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Os quais,tendo descido, oraram por eles para que recebessem o EspíritoSanto. (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido, massomente eram batizados em nome do Senhor Jesus). Então lhesimpuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo”.

3º. Aos gentios. Logo depois de Atos 9, encontramos o reinosendo oferecido aos gentios, na pessoa de Cornélio, que, debom grado, recebera as Boas Novas do reino e fora batizadoele, sua casa e seus amigos presentes naquela ocasião (At –10). Ainda hoje, alguns rejeitam a Cristo e ao Seu reino deglória, mas uma outra parte de almas sinceras, que busca emDeus Seu perdão, aceita-o de todo o coração!

b) Israel podia ter desejado o reino de Deus e tudo aquiloque ele representa – Mas, pelo contrário, seu desejo se centravapelo sistema monárquico. Embora ainda não está bem explícitopelas autoridades políticas religiosas de Israel se, em seuscorações, eles desejam um sistema monárquico para o futurogoverno de Israel. No início do primeiro século d.C., parece queeste pensamento se encontrava bem patente no pensamentojudaico. Os discípulos de Cristo, por exemplo, quando sereuniram com Jesus logo após a Sua ressurreição,“...perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás Tu, nestetempo o reino a Israel?” (At 1.6). A restauração do reino de

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Israel falava do Tabernáculo de Davi que se encontrava caído.Restritamente falando, “o tabernáculo de Davi” poderia sercomparado com o “tabernáculo de Deus” e, neste sentido, eleapontava diretamente para o templo e suas cerimônias. Comefeito, porém, esta profecia do profeta Amós apresenta umsentido maior e mais vasto. Ela descreve a nação inteira deIsrael como sendo o “tabernáculo de Davi”. Ele então o descreveassim: “Naquele dia, tornarei a levantar a tenda de Davi, quecaiu, e taparei as suas aberturas, e tornarei a levantar as suasruínas, e a edificarei como nos dias da antiguidade. Para quepossuam o restante de Edom, e todas as nações que sãochamadas pelo Meu nome, diz o Senhor, que faz estas coisas”(Am 9.12-13). Ora, todos nós sabemos que esta profeciaapontava primeiramente para a dispersão do povo eleito. Quasedois mil anos de fora de sua terra natal, a terra de Israel, isto é,a “tenda de Davi” tinha caído primeiramente sob o poder doscaldeus quando Israel foi levado cativo para a Babilônia e otemplo tinha sido destruído. Depois, pelas mãos dos romanosno ano 70 d.C. Quando nosso Senhor dava Suas últimasinstruções aos discípulos antes de ser assunto aos céus,prometendo-lhes o glorioso poder em plenitude do EspíritoSanto, eles perguntaram a Jesus, dizendo: “Senhor, restaurarásTu neste tempo o reino a Israel?”. O Senhor lhes respondeu elhes disse: “Não vos pertence saber os tempos ou as estaçõesque o Pai estabeleceu pelo Seu próprio poder” (At 1.6-7). Paraos discípulos, a descida do Espírito Santo efetuaria arestauração de Israel. Mas nosso Senhor falou para eles que oEspírito viria para Sua Igreja, para restauração do pecador nosentido espiritual. A restauração de Israel dar-se-ia numa outradata posterior (cf. Ez – 37). Tiago, quando tomou a palavra noConcílio de Jerusalém, lembrou aos presentes esta profecia deAmós com relação a Israel e disse que, antes desta restauração,Deus tinha um compromisso com os gentios, por causa darejeição dos judeus, no que diz respeito a Cristo. Ele falou assim:“Varões irmãos, ouvi-me: Simão relatou como primeiramenteDeus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o Seunome. E com isto concordam as palavras dos profetas, como

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está escrito: Depois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculode Davi, que está caído, levantá-lo-ei das suas ruínas, e tornareia edificá-lo. Para que o resto dos homens busque ao Senhor, etodos os gentios, sobre os quais o Meu nome é invocado, diz oSenhor, que faz todas estas coisas, que são conhecidas desdetoda a eternidade” (At 15.13-18). Neste vaticínio de Amós, noque tange a restauração do reino de Israel, dois pontosimportantes devem ser aqui analisados, a saber:

1º. Primeiro. O poder de governar com plenos poderes nãoseria de imediato restabelecido ao tabernáculo de Davi, isto é,a nação eleita. Deus ainda tinha outras obras no plano daredenção para serem realizadas, antes que isso acontecesse.Também, isso não seria restabelecido totalmente ao povo deDeus, com a vinda do Messias em Sua fase humanizada, vistoque o povo eleito o rejeitaria. Assim, este governo de Israelsomente seria restabelecido numa data posterior, o que, defato, aconteceu dois mil anos depois, quando, em 1947,encerrado o conflito produzido pela Segunda Guerra Mundial,os ingleses retiraram seu domínio da Palestina e delegaram àOrganização das Nações Unidas [ONU] a tarefa de solucionaros problemas da região. Sem uma consulta prévia aos árabespalestinos, em 1947, a ONU votou a favor da divisão daPalestina em dois Estados:

• Um para os judeus.• E outro para os árabes palestinos.Estes últimos rejeitaram o plano.Em 14 de maio de 1948, é proclamado o Estado de Israel, que

tem David Ben-Gurion como primeiro-ministro. É aí, portanto,que Deus “restaurou o reino a Israel” como nação. Aguardando,porém, uma restauração espiritual que, sem dúvida, se darádurante o Milênio de Cristo, quando este vier para reinar.

2º. Segundo. Antes da restauração de Israel, Deustrabalharia na preparação e formação de uma outra naçãosanta [a Igreja]. “...Primeiramente [relatou Simão], Deusvisitou os gentios, para tomar deles um povo para o Seu

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nome”. Depois, então, é que viria a restauração do povoescolhido. “Depois disto, voltarei [isto é, depois que tivertomado este povo], e reedificarei o tabernáculo de Davi”. Estepovo mencionado nesta profecia de Amós é interpretado porTiago, o irmão do Senhor, como sendo a Igreja que, no sentidoespiritual, ocupou a posição de Israel por ter este rejeitadoseu Messias como Salvador e Rei (cf. Mt 21.42-43). Assimsendo, a Igreja tornou-se a esfera central do “reino de Deus”aqui neste mundo, que não apresenta, pelo menos em tese,um reino material, mas inteiramente espiritual, como édescrito pelo apóstolo Paulo quando diz: “Porque o reino deDeus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegriano Espírito Santo. Porque quem assim serve a Cristo agradávelé a Deus e aceito aos homens” (Rm 14.17-18).

c) A esfera do Reino Davídico e Espiritual – Do ponto devista tanto político como divino, quando nós nos baseamosna pregação de João Batista e nos ensinamentos de Jesus,fica subentendido que, se os judeus tivessem recebido Jesuscomo sendo Ele o verdadeiro Messias prometido por Deus paralibertação do Seu povo, nosso Senhor, então, teria estabelecidoo Reino Davídico e o teriam chamado este reino, de “reino doscéus”. Israel seria, então, tanto a esfera terrestre do reinodos céus, representado pela presença física de Cristo, comotambém poderia ser a esfera espiritual do reino de Deusrepresentado pelo próprio Filho de Deus. A vontade de Deusteria sido aceita e Ele estabeleceria Seu reino e Seu domínioem cada coração. Certa feita, Jesus chegou até a dizer para osfariseus quando estes interrogaram o Mestre com relação aoreino de Deus. “...Eis que o reino de Deus está entre vós” (Lc17.21). Algumas traduções trazem dentro de vós. Mas pareceque entre vós está mais de acordo com a tese e argumentoprincipal. Dentro de vós traria a ideia de dentro do coração eentre vós formula o conceito de algo que, mesmo estando entreos judeus, não fora por eles aceito. Com respeito à Igreja, comefeito, esta expressão torna-se coloquial, porque aqueles quenasceram de novo, “entraram no reino” e o “reino entrou

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também neles” (cf. Jo 3.5; Rm 14.17), quer dizer, a vontade deDeus foi aceita tanto nos corações como em toda a maneirade viver daqueles que aceitaram Jesus e o plano da redençãooferecido por Deus. Assim, a diferença destas duas expressõesé que o reino dos céus que fora rejeitado pelos judeus nosdias de Jesus, foi adiado e somente voltará a ser estabelecidodurante o reino milenial de Cristo. Ao contrário, o reino deDeus foi estabelecido nos corações dos salvos durante aDispensação da Graça e nele estão incluídos todos os domíniosda existência. O Dr. C. I. Scofield, erudito americano e editorda Bíblia, diz que “o reino dos céus” pode ser “o reino de Deus”.Mas o reino de Deus não pode ser necessariamente a mesmacoisa que o reino dos céus. Ele, a seguir, apresenta cincopontos importantes que salientam esta diferença:

1º. O reino de Deus é universal. Nele estão incluídas todasas criaturas voluntariamente sujeitas a Sua vontade, sejamos anjos, a Igreja, ou os santos do passado, do presente e dofuturo (Lc 13.28-29; Hb 12. 22-23; Ap 11.15), todas asdispensações da história humana podem ser apropriadamentechamadas dispensações do reino de Deus. É o mais inclusodos dois termos. Enquanto que o reino de céus é messiânico,mediatorial e davídico, e tem por alvo o estabelecimento doreino de Deus sobre a terra (Mt 3.2; 1 Co 15.24-25).

2º. Visto que o reino dos céus é a esfera terrestre do reinouniversal de Deus, os dois têm quase tudo em comum. Por estemotivo, muitas parábolas e outros ensinos são referidos ao reinodos céus em Mateus e ao reino de Deus em Marcos e Lucas. Mastanto as omissões como os acréscimos são significativos.

3º. O reino de Deus não vem com aparência exterior. Vistoser o reino de Deus um reino espiritual, ainda que com domíniomaterial, sua aparência não apresenta um panorama exterior(Lc 17.20), mas é maiormente interior e espiritual (Rm 14.17),enquanto que o reino dos céus é orgânico, e será manifestadocom glória na terra (Zc 12.8; Mt 17.2; Lc 1.31,33; 1 Co 15.24).

4º. Entra-se no Reino de Deus somente pelo novonascimento. Esta foi a revelação feita por Jesus ao dr.

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Nicodemos, príncipe dos judeus (Jo 3.5-7), mas o reino doscéus é a esfera da profissão que pode ser verdadeira ou falsa(Mt 13.3; 25.1, 11, 12).

5º. Quando o reino dos céus se tornará o Reino de Deus. Oreino dos céus se tornará o Reino de Deus quando Cristoentregar o Reino a Deus, o Pai (1 Co 15.24, 25). O apóstoloPaulo diz, nesta passagem, que convém que Jesus reine atéhaja posto a todos os inimigos debaixo de Seus pés! Assim,no toque da sétima trombeta, o Reino dos Céus, representadopelo Milênio, entrará na terra com poder e grande glória e,depois do Juízo Final, quando “todos os inimigos de Cristo”tiverem sido vencidos por Seu supremo poder pessoal, o Reinodos Céus, então, converter-se-á no Reino Eterno de Deus paratodo o sempre.2

Paulo alude a este tempo, em termos de grande expectativa.Ele diz: “Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino aDeus, ao Pai e quando houver aniquilado todo o império, etoda a potestade e força. Porque convém que reine até que hajaposto a todos os inimigos debaixo de Seus pés (...) e, quandotodas as coisas Lhe estiverem sujeitas, então também o mesmoFilho Se sujeitará Àquele que todas as coisas Lhe sujeitou, paraque Deus seja tudo em todos” (1 Co 15.24, 25, 28). A pregaçãodo evangelho eterno no final da grande Tribulação, como fasepreparatória para que os corações aceitem o estabelecimentodo Milênio de Cristo, também é parte integrante do reino deDeus. Na descrição de João em Apocalipse 11.15, fica evidenciadoeste conceito de conscientização e preparação. A sétima trombetaassinala o tempo em que o “MISTÉRIO DE DEUS” deve sercumprido “no céu e na terra”. Ela nos mostra um teor diferentedaquelas que foram tocadas anteriormente. Seu toque não traznenhuma destruição, mas anuncia uma nova aurora de fé e deesperança para os santos e também para toda a humanidade.João, o profeta de Deus, descreve este toque assim: “E TOCOUO SÉTIMO ANJO A SUA TROMBETA, E HOUVE NO CÉUGRANDES VOZES, QUE DIZIAM: OS REINOS DO MUNDOVIERAM A SER DE NOSSO SENHOR E DO SEU CRISTO, E ELE

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REINARÁ PARA TODO O SEMPRE” (Ap 11.15). Não devemosconfundir esta sétima trombeta com “a trombeta de Deus”tocada por ocasião do arrebatamento. A que Paulo fala em 1Tessalonicenses 4.16, tinha como missão anunciar oarrebatamento e o encerramento em plenitude da dispensaçãoda graça. Esta aqui, porém, que é a última também de umasérie de sete, anuncia a introdução do Milênio do Filho de Deusaqui neste mundo que é o “...mistério da Sua vontade, de tornara congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação daplenitude dos tempos [o Milênio], tanto as que estão nos céuscomo as que estão na terra” (cf. Ef 1.9-10). Em quatropassagens do Apocalipse, encontramos a palavra “mistério”.Em duas destas passagens, as palavras encontram-serelacionadas com o bem e em duas outras, relacionadas com omal. Por exemplo, relacionadas com o bem:

(I) “O mistério das sete estrelas, que viste na minha destra,e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os sete anjosdas sete igrejas, e dos sete castiçais, que viste, são as seteigrejas” (Ap 1.20).

(II) “Mas, nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar asua trombeta, se cumprirá o segredo de Deus, como anunciouaos profetas, Seus servos” (Ap 10.7). O senhorio de Cristoassumirá suas dimensões apropriadas à face da terra. Atémesmo os céus hão de expressar agradecimento à pessoa doFilho de Deus na era futura. O propósito de Deus também serárealizado e Sua vontade será aceita “assim na terra como nocéu” (Mt 6.10). Será esse o tempo em que o próprio Filho deDeus resigna Seu reinado medianeiro em relação ao Pai, paraque Deus seja “...tudo em todos”. Posteriormente, porém, Cristotambém é concebido como “tudo em todos” (Ef 1.23; Cl 2.11).

IV. O DESEJO DE RESTAURAR O SINÉDRIO

1. Israel deseja recriar o antigo Sinédrio. Conhecida noNovo Testamento como o Sinédrio. (Sanhedrin). Forma

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helenizada da palavra grega Synedrion que significa“assembléia”. Refere-se a Suprema Corte Judaica. Eracomposto por setenta membros (juízes) e um presidente,chamado de Nasi. Por via de regra, o presidente era sempre osumo sacerdote. Para os rabinos, o Sinédrio foi criado porMoisés quando recebeu ordem de Deus para fazê-lo (Nm11.16,24). O Sinédrio consistia, também, de setenta anciãos,com o Patriarca ou Nasi (presidente) como o septuagésimoprimeiro membro e juiz presidente, como Moisés. O Sinédrioera, ao que tudo indica, um organismo da classe alta,principalmente. Era composto, na maior parte, de membros danobreza e dos mais elevados sacerdotes do Templo,identificados, quase sempre, com o grupo dos saduceus. OTalmud faz até uma referência bem clara do Sinédrio como sendo“o Tribunal dos Saduceus”. O Sinédrio tinha o poder de vida oumorte. Sinédrio. As funções do Bet Din (em hebraico, significa:“Casa da Lei” ou “Corte Jurídica”) já preexistiam no período doSinédrio sob três formas. Está no Talmude: “A princípio, asdisputas em Israel eram julgadas somente pela sorte de setentae um (Sinédrio) na Câmara da Pedra Cinzelada (na área doTemplo em Jerusalém), e outras cortes de vinte e três (os juízespara casos criminais) situadas em cidades da terra de Israel e,ainda, outras cortes de três (para casos civis). Em épocasposteriores, o Bet Din consistia de um tribunal de três juízes,que só se reuniam nos grandes centros judaicos”. Os juízes,em número de três, era para que não houvesse julgamentofeito só por uma ou duas pessoas, pois ninguém pode julgarsozinho, a não ser UM (isto é, Deus), era um dos conselhosdos Pais da Mishnah. “Juízes e oficiais porás em todas as tuasportas, que o Senhor teu Deus te der entre as tuas tribos, paraque o julguem o povo com juízo e justiça” (Dt 16.18).

Quando Deus outorgou a Torá ao povo judeu, no Sinai, Elelhes ordenou constituir um sistema de tribunais para preservara justiça e executá-la segundo as leis que Ele transmitira aMoisés. Essas cortes jurídicas deveriam ter autoridadeabrangente, abarcando todas as facetas da legislação judaica,

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quer fossem de teor civil, criminal ou religioso. Era sua missãomanter e ensinar o judaísmo e, sempre que necessário, julgaros atos do homem perante Deus e, sobretudo, perante seusemelhante. A dicotomia existente entre a legislação civil e areligiosa na maioria dos países e sociedades inexiste na Torá.Toda e qualquer matéria sobre a Lei Judaica é regida pelosmandamentos divinos, encontrados em detalhe na Torá Escritaou esmiuçados, em todas as suas interpretações, pela Torá Oral.Essas leis foram ministradas por Deus a Moisés ao pé do Sinaie posteriormente transmitidas – sem interrupção – pelos sábios,de geração em geração.

Até os dias de hoje, um judeu que se tenha envolvido emuma disputa com um correligionário, é obrigado, de acordocom a lei da Torá, a levar essa pendência a um tribunal judaico– um Beit Din, literalmente, “uma casa da legislação”. É vedadoa um judeu encaminhar sua reivindicação a um tribunalsecular ou não judeu, a não ser que, tendo primeiramenteapresentado seu caso a um tribunal judeu, a parte oponentea isto se recuse. Maimônides escreveu que aquele que desafiaesse preceito judaico e tramita sua queixa em uma corte dejustiça laica ou secular, é considerado como tendo blasfemadoe atacado a Torá, pois, ao assim agir, deu provas de desdenharas Leis promulgadas por Ele. Desnecessário mencionar, masé proibido um judeu delatar outro judeu às autoridades paraser julgado por uma corte não-judaica.

Um Beit Din consiste de um grupo de juízes que ouvem oscasos e proferem a sua sentença. Na lei judaica, não há afigura do júri; são os próprios juízes que interrogam astestemunhas, analisam as evidências e questões relativas aocaso, para então aplicar o veredicto e proferir a sentença.Quando há desacordo entre os juízes, prevalece a maioriasimples. No entanto, em épocas ancestrais, quando as cortesjudaicas julgavam um caso capital, era necessária uma maioriade no mínimo dois juízes para sentenciar que o réu eraculpado. a) Composição e estrutura do Sanhedrin – Na leijudaica, há três instâncias nos tribunais, cada qual com

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jurisdição sobre determinadas especialidades. Esses níveis sãodiferenciados pelo número de juízes que compõem o tribunale, também, pelo grau de conhecimentos dos mesmos sobre osassuntos da Torá, bem como seus atributos pessoais desabedoria, dons e habilidades.

1º. O nível mais baixo dos tribunais judaicos – o único queainda funciona, em nossos dias – é composto por três juízes.Esta classe de tribunal, conhecido simplesmente como BeitDin, ocupa-se geralmente de demandas pecuniárias:empréstimos, furtos, dano à propriedade e ao indivíduo.

2º. A instância intermediária, que deixou de existir háquase dois milênios, era formada por vinte e três juízes econhecida como Sanhedrin Ktaná – Sanhedrin Inferior. Estascortes examinavam casos capitais. As leis que regiam ojulgamento de um crime grave, sujeito à pena capital, eramextremamente complexas e se tomavam todas as precauçõespara evitar uma aplicação indevida da força da lei. Osprocessos sempre pesavam a favor do acusado, pois a leijudaica dificultava muito – de fato, quase impedia – que umapessoa fosse sentenciada à morte. No entanto, se alguém fossecondenado à morte pelo Sanhedrin Ktaná, não havia o recursode apelação. Uma vez pronunciado um veredicto de culpa,procedia-se à execução imediata da sentença. A razão paratal era poupar o condenado da angústia da espera, dia apósdia, até o momento de sua inevitável execução. Em toda ahistória judaica, raramente se sentenciaram pessoas à morte.Nos casos em que isso ocorreu, a intenção era preservar aintegridade da sociedade judaica ou corrigir uma grandemaldade cometida. Ademais, o Talmud e o misticismo judaicoensinam que até mesmo o castigo capital tinha um objetivohumanitário: a execução do autor de um crime passível demorte era a forma de expiação para seu pecado; ajudava-o apurificar sua alma e, portanto, permitia que merecesseparticipar do Mundo Vindouro. Na tradição judaica, a vidahumana tem valor inestimável e, quando os sábios quecompunham o Sanhedrin deviam condenar alguém à morte,

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faziam-no com profunda apreensão e coração pesado.Comenta o Talmud que um tribunal que pronuncia uma penacapital uma única vez em sete anos e, segundo os mesmossábios, uma única vez em setenta anos – era considerado um“tribunal destrutivo”. Rabi Akiva declarou que se dependessedele, nenhum ser humano jamais seria executado.

b) A terceira e mais alta das cortes do sistema jurídicojudaico era um tribunal – Composto por setenta e um juízes,dentre os maiores sábios de Israel, e era conhecida como “oGrande Sanhedrin”. O primeiro Grande Sinédrio foi convocadono Deserto de Sinai e era encabeçado por Moshé (Moisés).

A partir de então, o principal juiz do Sanhedrin assumia otítulo oficial de Rosh Ha’Yeshivá - “Presidente da Assembléia”.Mais tarde, passaram a se referir a essa personalidade comoo Nassi - o “Príncipe”. Em matéria pertinente à lei e à justiçajudaica, o Nassi era o líder de fato do povo judeu. Erainvalidada qualquer sentença pronunciada pelo Sanhedrinsem a presença do Nassi. O juiz que ocupava o segundo lugarnessa hierarquia tinha a função de assistente do Nassi e eraconhecido como o Av Beit Din – o “Pai da Corte Rabínica”.

O Grande Sanhedrin examinava crimes capitais queestavam além da jurisdição da Corte Inferior e, se porventura,um caso não pudesse ser julgado adequadamente pelasdemais cortes, era também transferido para a corte suprema.Esta tinha a responsabilidade de julgar os casos maischocantes e notórios, como os que diziam respeito a um falsoprofeta ou a uma cidade inteira que se tivesse subvertido àidolatria. Se o Cohen Hagadol – o Sumo Sacerdote de Israel –fosse culpado de um delito máximo, seria julgado pela instânciasuprema. Esta Corte Superior também se pronunciava sobrequestões que afetassem todo o povo judeu, como a indicaçãode um rei ou do Sumo Sacerdote, a demarcação do calendáriojudaico, uma declaração de guerra e a nomeação dos juízesdo Sanhedrin Inferior. Suas sentenças vinculavam todas ostribunais inferiores e somente podiam ser revogadas por outradecisão judicial do Grande Sanhedrin. Se algum juiz se

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recusasse a aceitar a sentença desse tribunal máximo e, depúblico, continuasse a aplicar sua opinião contrária, erapassível de condenação à morte. Durante todo o tempo emque existiu o Sanhedrin, era sua a palavra final e autoritáriaem todas as questões pertinentes à Lei da Torá. Como umbraço legislativo do poder, o Sinédrio possuía autoridadeoutorgada por Deus para promulgar leis que tinham vinculaçãolegal sobre todo Israel. Qualquer legislação promulgada poresse tribunal é chamada de Lei Rabínica e, apesar de vez poroutra admitir certa flexibilidade, o Sanhedrin tinha podercompulsório e tão vinculativo quanto um mandamento bíblico.Tamanha autoridade foi-lhe imputada por Deus, Ele próprio,em Sua Torá, como está escrito: “Conforme o mandado da leique te ensinarem... farás” (Dt 17.11). Aquele que acreditavana autoridade da Torá era obrigado a aceitar as determinaçõese as decisões judiciais do Grande Sanhedrin.

Sua função mais importante era a preservação, interpretaçãoe transmissão da Torá Oral. Esta consiste de todas asinterpretações e elucidações do corpo de leis escritas, bem comodas inúmeras leis que foram outorgadas a Moisés por Deus eque, por um propósito determinado, jamais foram escritas.Desde o Sinai, a Torá Oral foi transmitida oralmente e confiadaa uma assembléia de anciãos que a preservaram e ensinaram.Foi transmitida dos mestres para os discípulos durante quase1.500 anos, dos dias de Moshé (Moisés) até depois de osromanos terem destruído Jerusalém. Ao longo de todo esseperíodo, a Lei e as tradições judaicas foram sagradamentepreservadas pelo Sanhedrin. Somente após ter sido exilada e,por fim, dispersada aquela santa assembléia de sábios, é quea Torá Oral foi escrita na forma do Talmud e do Midrash. Apósser construído o Templo Sagrado de Jerusalém, o GrandeSanhedrin reunia-se e decidia sobre as matérias julgadas emuma de suas câmaras, conhecida como a Câmara da PedraTalhada. O Grande Sanhedrin somente se investia de seusplenos poderes quando despachava desse local. Esse tribunalsupremo podia ser instituído em qualquer parte da Terra de

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Israel, porém, se não se reunisse na Câmara da Pedra Talhada,sua autoridade e seus poderes sofriam drásticas limitações.

c) Os sábios do Sanhedrin – Para que um judeu fossequalificado a servir no Sinédrio, tinha que possuir grandesabedoria, conhecimento e sagacidade. Acima de tudo, tinhaque ter notável domínio das questões da Torá, bem como vastoconhecimento de outras disciplinas que poderiam terrelevância no julgamento de uma ação. Os juízes que ocompunham deviam, também, ser fluentes em vários idiomaspara que pudessem julgar um réu ou examinar testemunhasque falassem uma língua estrangeira. Deviam, também, essesmagistrados, ter conhecimentos sobre outras religiões, bemcomo sobre práticas da idolatria e do ocultismo, de modo apoder ajuizar e pronunciar veredictos em casos que versassemsobre tais temas. Por essa razão, mesmo as matérias cujoestudo era vedado ou não recomendado aos judeus, eramconhecidas a fundo pelos juízes do Sanhedrin, pois quepoderiam ser requisitadas durante um julgado. Todos osjuízes, mesmo os que integravam a instância inferior dostribunais, possuíam atributos e qualidades pessoaisirrepreensíveis. Seu caráter tinha que ser exemplar e suaintegridade, impecável. Como o disse Maimônides, tinham queser homens sábios, humildes, tementes a Deus,incorruptivelmente honestos, amantes da verdade; tinhamque possuir boa disposição no trato com seus semelhantes ea reputação ilibada. E para que o tribunal do Sanhedrinimpusesse o maior respeito possível ao povo, seusmagistrados deviam ainda ser indivíduos maduros e de boaaparência. Portanto, dava-se preferência a que tivessemquarenta anos, no mínimo, exceção feita a alguém que tivessesabedoria e conhecimentos incomparáveis. Para a autoridademáxima do Sanhedrin, dava-se preferência a alguém quetivesse entrado na casa dos cinquenta. Em hipótese alguma,uma pessoa com menos de dezoito anos era indicada paracompor a Corte Suprema do judaísmo. Tampouco tinha assentonessa assembléia o homem estéril ou sem filhos – pois que

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conforme explicavam os Sábios, o homem se torna maismisericordioso depois de ser pai. Considerava-se inválida,portanto, a composição de um Sanhedrin se um de seusmembros se enquadrasse nesta condição. A pessoa que tivessesido culpada de roubo ou de qualquer transgressão queenvolvesse ganho pecuniário era considerada inapta para anobre função. Obviamente, não podia ter assento em umjulgamento o juiz que tivesse algum parentesco com oindiciado, litigantes ou uma das testemunhas. Para comporum Sanhedrin, o magistrado tinha que ser ordenado com umaSemichá. No entanto, esta não deve ser confundida com aordenação que é pronunciada, hoje, na formatura de umrabino. Essa Semichá também era um pré-requisito para osjuízes do Sanhedrin Inferior, mesmo que se tratasse apenasde um tribunal de três membros para julgar algo tão trivialcomo uma multa. A instituição da Semichá era uma formasingular de ordenação que remontava à época de Moisés, querecebera a sua de Deus. Era transmitida de mestre a discípulo,em uma corrente inquebrantável, até ter caducada a suavigência, no final do século IV da era comum. A cerimônia deoutorga da Semichá somente podia ser realizada na Terra deIsrael. Quando a perseguição das autoridades romanas aosjudeus fez com que a maioria da população fosse exilada daTerra, foi interrompida a significativa ordenação da Semichá.No ano de 28 a.C., quando os romanos dominavam a Terra deIsrael, o Sanhedrin foi destituído de grande parte de seu poder.Sua assembléia deixou de se reunir na Câmara da PedraTalhada, transferindo-se para outro cômodo do Monte doTemplo, em nítida indicação de que tinha sido forçada a abdicarde sua autoridade de julgar casos capitais. Posteriormente,deixou por completo o recinto do Templo, transferindo-se paraJerusalém. Quando a mais sagrada das cidades foi destruídapelas legiões romanas, em 70 d.C., o Sanhedrin foi para Yavne.Durante o século seguinte, sua sede alternou-se entre Yavnee Usha. De lá, transferiu-se para Shafaram, Beth Shearim,Séforis e Tiberíades. Continuou a funcionar em Tiberíades atépouco antes de ser completada a compilação do Talmud.

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Durante as perseguições de Constantino, entre 337-361 d.C.,o Sanhedrin foi forçado a passar à clandestinidade e acaboupor ser dissolvido.

2. A autoridade do Sanhedrin. Ordena a Torá que todo opovo judeu obedeça ao que determinam as decisões judiciaisdo Sanhedrin e suas sentenças. É proibido contestar oumesmo ignorar sua autoridade, pois que Deus ordenou emsua Torá: “Conforme o mandado da lei que te ensinarem econforme o juízo que te disserem, farás; da sentença que teanunciarem não te desviarás, nem para a direita nem para aesquerda” (Dt 17.11). As determinações do Sanhedrin tinhamque ser aceitas ainda que parecessem ilógicas ou erradas. Noentanto, esta corte não tinha o poder de promulgar um decreto– jamais o tendo feito – que abolisse um mandamento da Toránem de proibir algo que a Torá expressamente permitia. Mas,por outro lado, tinha o poder de promulgar uma legislaçãoconsoante com as necessidades da época. Qualquer leidecretada pelo Sanhedrin é chamada de MandamentoRabínico. E quem, porventura, desrespeitasse ummandamento rabínico estaria transgredindo a própria Torá.Os juízes, apesar de humanos e falíveis, eram guiados peloespírito de Deus, que os ajudava a perseguir a verdade e ajustiça. Com efeito, a Torá e o Talmud referem-se,ocasionalmente, aos magistrados do Sanhedrin como Elo-im,que é um dos Nomes que a Torá utiliza para se referir a Deus,Todo Poderoso! Por definição, suas sentenças representam aVontade Divina. Era, portanto, algo extremamente sériocontestar a autoridade do Sanhedrin. Em determinados casos,quem o fizesse poderia ser condenado à morte, pois estáescrito: “Se um homem, pois, agir com soberba e não derouvidos ao... juiz, tal homem morrerá; e assim eliminarás omal de Israel” (Dt 17.12). Era a autoridade desse tribunalsupremo o que garantia a preservação da Torá e que fazia serúnico e unificado o judaísmo, não estando sujeito aoscaprichos e interpretações de quem quer que fosse. Os Sábiosque o compunham eram os líderes – as mentes mais elevadas,

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os homens mais santos de Israel. Até em nossos dias, quandonão mais existe a grande assembléia do Sanhedrin,menosprezá-lo é mostrar total desrespeito ao povo judeu, àTorá e mesmo a Deus. Como vimos acima, tratava-se de umaCorte Suprema humanitária e justa, que funcionava sob osauspícios do Juiz Celestial. E, assim sendo, fazia tudo a seualcance para evitar sentenciar pessoas à morte. É umainverdade histórica, o libelo de sangue que, infelizmente, aindaperdura, de que o Sanhedrin teria julgado Jesus, um judeu,no ano de 33 de nossa era, sentenciando-o à morte e, a seguir,entregando-o aos romanos para que o executassem. Comovimos acima, o Sanhedrin deixou de examinar casos capitaisno ano de 28 d.C., quando se retirou da Câmara de PedraTalhada. E o que é ainda mais grave em tal acusação infundadaé o absurdo teológico que encerra. É um despropósito e umaironia sugerir que os maiores mestres nas questões da Toráteriam violado grosseiramente a Sua Lei, que proíbe, de formainarredável, a um judeu entregar outro judeu para ser julgadopor autoridades não judias – muito menos se este atoredundasse em sua execução. É mister, também, que fiquemuito claro que o Sanhedrin, de acordo com a sagrada Torá,não podia julgar casos capitais – como nunca o fez – navéspera de Shabat, de Pessach nem de qualquer de suas datassagradas, pois é contra a lei judaica executar quem quer queseja nos Dias Santificados. Quando o Sanhedrin era forçadoa condenar um judeu à morte, ainda que pelo mais hediondodos crimes ou pecados, essa assembléia de homens sábiosempenhava-se ao máximo para preservar a dignidade doindiciado e minimizar sua dor física. No dia da execução doculpado, todos os juízes jejuavam, em sinal de luto pelo réujudeu – um de seus irmãos – que eles próprios haviamcondenado à morte. Os magistrados que compunham oSanhedrin tinham consciência de sua terrível responsabilidade:a de se tornarem parceiros Divinos ao ser o braço da justiça nomundo que Ele criou. Ao tentar emular o Juiz de toda a Terra,eles temperavam a justiça com misericórdia, decretando a pena

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capital muito raramente, apenas quando de fato não lhesrestava alternativa.

3. A restauração do Sanhedrin. Referindo-se aoSanhedrin, a Torá afirma: “deverás... subir ao local...”,indicando que o lugar escolhido para acolher a Suprema Corteera um dos mais elevados na Terra de Israel. Ao tentardeterminar o lugar escolhido por Deus para a construção doTemplo Sagrado, o Rei David e o Profeta Samuel guiaram-sepor esse versículo. O fato de o local escolhido ter sidodeterminado por um verso da Torá que, por sua vez, se refereà localização do Sanhedrin, nos revela que a razão primáriapara a existência do Templo Sagrado era a de sediar a magnainstituição. Com efeito, uma das principais funções do Temploera a educativa “...para que aprendas a temer o Eterno, teuDeus, todos os dias de tua vida” (Dt 14. 23). A principal fontede instrução era o Sanhedrin, cujos magistrados ensinavama Torá a todo o povo de Israel. E a Lei de Moisés era preservadapelo Sinédrio, que, desta maneira, evitava sua interpretaçãoerrônea e aplicação indevida, pois isso daria motivo a fricçãoe dissidência no seio do povo judeu. Pois que nos ordena aTorá: “Uma mesma Lei, um mesmo estatuto (Torá) haverápara vós...” (Nm 15.16). Hoje, quase dois mil anos depois dedestruído o Templo, o Sanhedrin continua a desempenhar umpapel dominante na vida do povo judeu. Foi essa corte quemoldou o judaísmo. Uma tradição diz que a restauração doSanhedrin precederá a chegada do Messias. Pois que este seráRei de Israel e, portanto, precisa ser confirmado por umaordenação direta do Sanhedrin. Eis que Deus disse a Seuprofeta: “Restituir-te-ei os teus juízes, como eram antigamente,os teus conselheiros, como, no princípio, depois te chamarãoCidade da Justiça, Cidade da Fé. Sião será redimida pelo direitoe os que se arrependem, pela justiça” (Is 1.26-27). Por outrolado, um ensinamento nos diz que o Sanhedrin serárestaurado após uma parcial reunião dos exilados judeus,antes que seja reconstruída e restaurada Jerusalém e que oProfeta Eliahu (Elias) se apresentará perante esta Corte

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Suprema dos judeus, ao anunciar a chegada do Messias. Porisso, na Amidá, a oração recitada três vezes ao dia, os judeusrogam a Deus que “restitua nossos juízes, como no passado,e nossos conselheiros, como outrora”. Por trás desse rogo,sente-se a nostalgia judaica que clama pela reconstrução doTemplo Sagrado de Jerusalém, para que todos os judeus voltema se reunir na Terra de Israel e Deus contemple a humanidadecom uma era de prosperidade e paz absoluta. 3

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I. O FLORESCIMENTO DAS NAÇÕES ÁRABES

1. As nações que se situam à margem de Israel. Além daFigueira – que é Israel, o Senhor orienta a seus discípulos epor extensão a nós, a olharmos para as outras árvores.“Olhai... para todas as árvores” (Lc 21. 29). Estas outrasárvores de que falou Jesus, representam aos povos teocráticos– especialmente as nações árabes que habitam dentro doperímetro chamado de CRESCENTE FÉRTIL e seus arredores.Não iremos aqui enfocar a origem e história de cada país.Mas tão somente sua posição geográfica, independência eeconomia: isto é, florescimento e desenvolvimento destasnações, a partir do século XX e s, quando milagrosamentetambém adquiriram suas independências e descoberta dopetróleo e outros derivados em seus territórios. O termoOriente Médio define uma área de forma pouco específica, ousem definição de fronteiras precisas. Os países que seconsideram fazendo parte dele, são ocupados por povosárabes, num total de dezessete países.

2. As nações comparadas as outras árvores. Para muitosestudiosos das profecias, a unificação dos povos árabes,através de Maomé, contribuiu para o cumprimento destagrande profecia. Isto é, o florescimento das outras árvores.Maomé ou Muhammad (seu nome completo é: AbulqasinMohammad ibn Abdullah ibn Abd al-Muttalib ibn Hashim).Meca, c. 570 – Medina, 8 de Junho de 632) foi um líder religioso

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e político árabe. Segundo a religião islâmica, Maomé é o maisrecente e último profeta do Deus de Abraão. Para osmuçulmanos, Maomé foi precedido em seu papel de profetapor Jesus, Moisés, Davi, Jacob, Isaac, Ismael e Abraão. Comofigura política, ele unificou várias tribos árabes, o que permitiuas conquistas árabes daquilo que viria a ser um impérioislâmico que se estendeu da Pérsia até à Península Ibérica.

II. O PROGRESSO SUSSESSIVO DO FERTILCRESCENTE

1. Afeganistão. Afeganistão (oficialmente, RepúblicaIslâmica do Afeganistão), é um país sem saída para o mar nocentro da Ásia. É comumente designado como um país da Ásiacentral, da Ásia meridional e do Oriente Médio. Possui vínculosreligiosos, etno-linguísticos e geográficos com a maioria dospaíses vizinhos. Limita com o Paquistão ao sul e ao leste, como Irã a oeste, com o Turcomenistão, o Uzbequistão e oTadjiquistão ao norte, e com a China a nordeste. O nome dopaís significa “terra dos afegãos”. Sua capita é Cabul.

A – O Afaganistão contemporêneo. O Afeganistãocontemporâneo surge depois de sua independência do ReinoUnido. No final do século XIX, o Afeganistão tornou-se umEstado-tampão envolvido no “Grande Jogo” entre o ImpérioBritânico e o Império Russo. Em 19 de agosto de 1919, após aterceira Guerra Anglo-Afegã, o país recuperou a suaindependência plena do Reino Unido.

B – A economia afegã. A economia do Afeganistão, temsido bastante fragilizada e tem tornado o país extremamentepobre, muito dependente da agricultura (principalmente dapapoula – matéria-prima do ópio) e da criação de gado. Aeconomia tem declinado fortemente desde o final dos anos1970, quando Afeganistão vem sofrendo uma guerra civilcontínua e brutal, que incluiu intervenções estrangeiras comoa invasão soviética de 1979 e a recente ação chefiada pelos

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EUA que derrubou o regime dos talibãs. Com a recente agitaçãopolítica e militar, e uma severa seca veio se juntar àsdificuldades da nação entre 1998 e 2001. A maior parte dapopulação continua a ter alimentação, vestuário, alojamentoe cuidados de saúde insuficientes, e estes problemas sãoagravados pelas operações militares e pela incerteza política.A inflação continua a ser um problema sério. Contudo, depoisdo ataque da coligação liderada pelos EUA que levou à derrotados Talibã em Novembro de 2001 e à formação da AutoridadeAfegã Interina (AAI) resultante do acordo de Bona deDezembro de 2001, os esforços internacionais para reconstruiro Afeganistão foram o tema da Conferência de Doadores deTóquio para a Reconstrução do Afeganistão em Janeiro de 2002,onde foram atribuídos 4,5 bilhões de dólares a um fundo a seradministrado pelo Banco Mundial, com esta e outras ajudas, aeconomia do país está florescendo consideravelmente.

2. Arábia Saudita. A Arábia Saudita, oficialmente Reinoda Arábia Saudita é o maior país da península Arábica,situada no Médio Oriente, limitado a norte pela Jordânia,Iraque e Kuwait, a leste pelo golfo Pérsico (através do qualtem fronteiras com o Irã e o Bahrein), Catar, Emirados ÁrabesUnidos e Omã, a sul pelo Iêmen e a oeste pelo mar Vermelhoe o golfo de Acaba, através dos quais faz fronteira com oEgipto, servindo o mar Vermelho, também, de ligação à Eritreiae ao Sudão. Sua capital é Riade.

A – A Arábia contemporânea. Apesar de Arábia ter setornado bastante conhecida no tempo de AbulqasinMohammad ibn Abdullah ibn Abd al-Muttalib ibn Hashim(Maomé), e o Estado Saudita surgido na Arábia Central em1744, a Arábia contemporânea surge pelo Tratado de Jidá,assinado a 20 de Maio de 1927, o Reino Unido reconheceu aindependência do reino de Abdul Aziz (então conhecido comoReino de Hijaz e Nejd). Em 1932, estas regiões foram unificadascomo o Reino da Arábia Saudita.

B – A economia saudita. A descoberta de petróleo em 3 deMarço de 1938 transformou o país. A extração e exportação

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do petróleo constitui a atividade econômica mais importante,sendo a Arábia Saudita o maior produtor da Organização dosPaíses Exportadores de Petróleo (OPEP), onde tem se firmadocomo maior produtor aumentando suas exportações. Tambémsão produzidas quantidades significativas de gás natural. Atéhá pouco tempo, a produção agrícola era limitada pelainexistência de água e pela grande salinidade do solo. Agora,graças à irrigação, a Arábia Saudita tornou-se num grandeprodutor de trigo. A tâmara, o tomate, a melancia, a cevada,a uva, o pepino, a abóbora, a berinjela, a batata, a cenoura ea cebola são também culturas importantes. Os principaisparceiros comerciais da Arábia Saudita são os Estados Unidosda América, o Japão, o Reino Unido, a Alemanha, a França ea Coréia do Sul.

3. Bahrein. O Bahrein ou Bahrain é um pequeno estadoinsular do Golfo Pérsico, com fronteiras marítimas com o Irãa nordeste, com o Catar a leste e com a Arábia Saudita asudoeste. A sua capital é Manama. O nome do país vem dalíngua árabe para “dois mares”. A referência exata a estes“dois mares” continua a ser assunto de debate. Algunsidentificam os “dois mares” como as águas da baia nos doislados da ilha. Outros acreditam que o nome se refere à posiçãodo país como uma ilha do golfo pérsico, separada por “doismares”, a Arábia ao sul e o Irã ao norte. Ainda há os quesugerem que o primeiro mar está em volta do Bahrein e osegundo “mar” metaforicamente representa a abundâncianatural de águas termais sob a própria ilha.

A – O Bahrein contemporâneo. O Bahrein contemporâneosurge após a sua independência. As ilhas de Bahrein foramsempre compradas, vendidas e cobiçadas desde a antigüidade,principalmente devido à sua posição geoestratégica privilegiadana região do Golfo. De 1521 a 1602, o país foi ocupado pelosportugueses. Em 1602 e com a ajuda dos ingleses as ilhas foramtomadas pelo Império Persa tornando-se uma base estratégicae militar muito importante. Ahmad bin Khalifa, um príncipeoriundo da Arábia Saudita, conquistou as ilhas e obteve a

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sua independência do Império Persa em 1783. Vários tratadosforçados, feitos no século XIX, determinaram que oarquipélago se transformasse num protetorado militar ecomercial britânico. O Bahrein conseguiu novamente aindependência (saindo da situação colonial de protetoradoocupado militarmente) em 1971 e transformou-se em emirado.

B – A economia do Bahrein. A economia do Bahrein baseia-se na produção e o refinamento de petróleo que responde poraproximadamente 60% das exportações, 60% dos rendimentosdo governo local e 30% do PIB. Com uma rede desenvolvidade transporte e comunicação, Bahrein sedia diversas firmasmultinacionais com negócios no Golfo. Em 1932, foi descobertopetróleo em Awali, no centro da ilha de Bahrein. A extraçãodo óleo era controlada por petrolíferas norte-americanas, maspassou em grande parte para a administração da BAPCO(Bahrein Petroleum Company). A extração de gás natural epetróleo adquiriu fundamental importância ao país. Oarquipélago se tornou centro produtor e ponto de refinação eembarque do óleo cru vindo da Arábia Saudita, que o enviapor um oleoduto submarino. Com a renda do petróleo, diversosprojetos industriais em outros segmentos estão emandamento, nas áreas de cimento, alumínio e construçãonaval. As antigas atividades piratas dos nativos foramsubstituídas pelo tráfego de frota mercante moderna. Odesenvolvimento das atividades bancárias e de serviçostransformou Bahrein num dos principais centros financeirose comerciais do Médio Oriente. Esta situação é exemplificadapor uma moderna rede de comunicações e pelo aeroportointernacional situado na ilha de Muharraq. Outrosseguimentos ligados a economia como agricultura,horticultura e outros também vêm se desenvolvendo.

4. Catar. Estado de Catar, é um país da Península Arábica,que ocupa uma península do Golfo Pérsico e algumas ilhasadjacentes. É rodeado por esta extensão marítima, exceto asul, onde tem pequenas fronteiras terrestres com os EmiradosÁrabes Unidos e com a Arábia Saudita. Tem fronteiras

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marítimas com o Irã, a norte, o com o Bahrein, a oeste. A suacapital é Doha.

A – O Catar contemporâneo. O Catar contemporâneo, surgedepois de sua independência. O Catar é um dos muitos novosemirados na Península Arábica. Depois de ser dominado pelosPersas durante milhares de anos e, mais recentemente, peloBahrein, os turcos otomanos e os britânicos, o Catartransformou-se num país independente a 3 de Setembro de1971. Ao contrário da maior parte dos emirados vizinhos, oCatar recusou tornar-se parte da Arábia Saudita ou dosEmirados Árabes Unidos.

B – A economia de Catar. No tocante a economia do Catar,veio através da descoberta de petróleo, com início na décadade 1940, transformando por completo a economia da nação.Antes, o Catar era uma região pobre, dependente da pesca edas pérolas, com pobreza generalizada. Hoje, o país tem umnível de vida elevado e todas as amenidades de uma naçãomoderna.

5. Chipre. Chipre é uma ilha situada no mar Egeu oriental aosul da Turquia, cujo território é o mais próximo, seguindo-se aSíria e o Líbano, a leste. Capital Nicósia. Segundo leisinternacionais, a ilha de Chipre no seu todo é um paísindependente. Mas, apesar disso, encontra-se dividida entre umEstado que ocupa os dois terços ao sul da ilha – o Chipre grego –e a república turca, que ocupa o terço norte da ilha e que éreconhecida somente pela própria Turquia. Ambos os estadospossuem a cidade de Nicósia como a sua capital. O nome dailha e do país deriva da palavra grega para cobre, kýpros.

Por isso, alguns autores especulam que a melhor traduçãodo nome em português seria Cipro, em vez do galicismo Chipre.Chipre é uma das grandes ilhas do mar Mediterrâneo(juntamente com a Sicília, Sardenha, Córsega e Creta), a maisoriental de todas, localizada entre a costa sul da Anatólia e acosta mediterrânica do Médio Oriente. Geograficamente,pertence à Ásia, embora culturalmente e historicamente sejaum misto de elementos europeus e asiáticos, com os europeus

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a predominar, dado o seu passado grego e os dois terços atuaisde população de origem grega.

A – O Chipre contemporâneo. O Chipre contemporâneo,surge em 1960, quando Chipre, Grécia e o Reino Unidoassinam um tratado que declara a independência da ilha,ficando os britânicos com a soberania das bases de Akrotiri eDhekelia. Makarios assume a presidência, mas a constituiçãoindicava que os turco-cipriotas ficariam com a vice-presidência,com poder de veto, o que dificultou o funcionamento do estadoe as relações entre greco -cipriotas e turco-cipriotas,desembocando em explosões de violência intercomunitária em1963 e 1967. A 15 de julho de 1974 um golpe pró-helênicodepôs o governo legítimo, o que provocou a reação de Turquia,que invadiu e ocupou militarmente a parte norte da ilha. Estafoi a origem da República Turca de Chipre do Norte, um estadode fato que só é reconhecido pela Turquia e pela Organizaçãoda Conferência Islâmica. A República de Chipre é aceita comomembro da União Européia em 2004, ao mesmo tempo que seaplica um plano para a reunificação apoiado pelas NaçõesUnidas, apesar de um referendo em que 76% dos greco-cipriotas terem votado contra. A economia de Chipre estáclaramente afetada pela divisão da ilha em dois territórios.

B – A economia cipriota. A economia deste pequeno paístem sido economia altamente vulnerável, mais estabilizadadepois da entrada na União Européia, com uma fortedependência do setor serviços e problemas de isolamento comrespeito ao resto da Europa. Nos últimos vinte e cinco anos,Chipre passou a depender da agricultura (onde só a produçãode cítricos tem relativa importância comercial), a ter umaestrutura mais conforme com o contexto europeu, com umapresença importante do setor industrial que sustenta a maiorparte das exportações e emprega ao 25% da população. Cercade 70% depende do setor serviços, e em concreto do turismo.A localização geográfica próxima ao Oriente Médio provocagrandes oscilações de ano em ano ao tempo de converter-seem destino turístico. A frota de navios com matrícula cipriota

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é a quarta mais importante do mundo e reporta volumososrendimentos. Em 1 de Janeiro de 2008 a República do Chipreadotou também o Euro como moeda local, menos de quatroanos após entrar para a União Européia.

6. Egito. Um dos antigos nomes egípcios para o país, Kemetou “terra negra” (de kem, “negro”), advém do solo fértil negrodepositado pelas cheias do Nilo, distinto da “terra vermelha”(dechret) do deserto. O nome passou às formas kîmi e kîmena fase copta da língua egípcia e aparece no grego primitivo.Outro nome significava “terra da ribeira”. Os nomes do Altoe do Baixo Egito eram Ta-Sheme’aw, “terra da junça”, e Ta-Mehew - “terra do norte”, respectivamente. Mizr, o nome árabemoderno e oficial para o país (na pronúncia egípcia, Macr), éde origem semita, diretamente relacionado com outros termossemíticos para o Egito, como o hebraico Mizraim), literalmente“os dois estreitos” (referência ao Alto e Baixo Egitos). A palavrapossuía originalmente a conotação de “metrópole” ou“civilização” e também significa “país” ou “terra de fronteira”.Faz fronteira com a Líbia a oeste, o Sudão a sul e Israel e aFaixa de Gaza a nordeste. O fato da Península do Sinai ficarna Ásia, faz do Egito um Estado transcontinental. O paíscontrola o canal de Suez, que liga o Mediterrâneo ao marVermelho e, por conseguinte, ao oceano Índico. O termoportuguês “Egito” foi recebido do grego antigo (Aígyptos), pormeio do latim Aegyptus, e já era registado no vernáculo noséculo XIII. A forma grega, por sua vez, advém do egípcio Ha-K-Phtah, “morada de Ptá”, denominação de Mênfis, capital doAntigo Império. Entre 1882 e 1906, surgiu um movimentonacionalista que propunha a independência. O Incidente deDinshaway (em que soldados britânicos abriram fogo contraum grupo de egípcios) levou a oposição egípcia a adotar umaposição mais forte contra a ocupação do país pelo ReinoUnido. Fundaram-se os primeiros partidos políticos locais.Após a Primeira Guerra Mundial, Saad Zaghlul e o PartidoWafd chefiaram o movimento nacionalista egípcio, ganhandoa maioria da assembléia legislativa local.

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A – O Egito contemporâneo. O Egito contemporâneo teveinício quando os britânicos exilaram Zaghlul e seuscorreligionários para Malta em 8 de Março de 1919, o paíslevantou-se na primeira revolta de sua história moderna. Asconstantes rebeliões por todo o país levaram o Reino Unido aproclamar, unilateralmente, a independência do Egito, em 22de Fevereiro de 1922. O novo governo egípcio promulgou umaconstituição em 1923, com base num sistema parlamentaristarepresentativo.

B – A economia egípcia. Depois de sua independência, aeconomia do Egito tem um PIB de aproximadamente 200bilhões de dólares, segundo o método PPP. Além de outrasfontes, o Egito tem quatro principais fontes econômicas:

a) O turismo que tem como atrações as pirâmides, Museude Antiguidades egípcias e o litoral do Mar Mediterrâneo.

b) A extração e a exportação de petróleo, que gera empregoe lucros para o governo.

c) Os impostos e as taxas alfandegárias que são cobradassobre os navios que passam pelo canal de Suez.

d) E em último vem as ajudas que são arremetidas poregípcios que vão para outros países e mandam dinheiro parasuas famílias. Além das fontes mencionadas há tambémagrícola, baseada na enchente do Nilo e seus derivados.

7. Emirados Árabes Unidos. Emirados Árabes Unidos(Emirados Árabes Unidos). Situam-se no sudoeste da Ásia,têm costa no golfo de Omã e no golfo Pérsico e fronteiras comOmã e com a Arábia Saudita. O país é uma planície costeiraplana e estéril que se funde no interior com as dunas de areiado deserto arábico. Há também montanhas no leste do país.A sua localização estratégica ao longo das aproximações desul ao estreito de Ormuz faz do país um ponto de trânsitovital para o petróleo bruto mundial.

A – Os Emirados Árabes Unidos contemporâneo.Considera-se que os Emirados Árabes Unidos são um dosquinze estados que constituem o chamado “Berço da

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Humanidade”. Os Emirados Arábes Unidos é um Estado Novoe seu sucesso começou desde sua criação. A ocupação britânicase inicia no século XVII e em 1892 a região se tornaprotetorado do Reino Unidos. Em 1971, as tropas britânicasse retiraram, e seis emirados – Abu Dhabi, Dubai, Sharjah,Aiman, Um al Qaiuan e Pl Pujayrah – formam uma federaçãocom o nome Emirados Árábes Unidos (EAU), a eles se junta,no ano seguinte, o emirado de Ra’s al Khaymah.

B – A economia dos Emirados Árabes Unidos. Baseada nopetróleo, com isso, os E.A.U. tornaram-se um dos países maisricos do mundo. Existem comprovadas reservas de mais de90 bilhões de barris de petróleo no território. Hoje o turismotambém é uma atividade forte na região, principalmentefrequentada por estadunidenses. A cada dia, os EmiradosÁrabes Unidos vêm construindo uma sociedade maisdesenvolvida. Seja através de investimentos oníricos, como aconstrução de ilhas artificiais, seja com a construção de umasociedade mais aberta à diversidade, sendo Dubai o principalemirado em desenvolvimento do país.

8. Iêmen. Iêmen é um país árabe que ocupa a extremidadesudoeste da península da Arábia. É limitado a norte pelaArábia Saudita, a leste por Omã, a sul pelo mar da Arábia epelo golfo de Áden, do outro lado do qual se estende a costada Somália e a oeste pelo estreito de Bab el Mandeb, que osepara de Djibouti, e pelo mar Vermelho, que providência umaligação à Eritreia. Além do território continental, o Iêmen incluitambém algumas ilhas situadas ao largo do Corno de África,das quais a maior é Socotorá. A capital é Sana. A região échamada pelos romanos de Arábia Feliz, por causa de suasterras férteis. Até 1990, o Iêmen era dividido em dois: o Iêmendo Norte e o Iêmen do Sul.

A – O Iêmen contemporâneo. O Iêmen contemporâneo teveduas etapas para sua independência: a primeira delas, é oIêmen do Norte. A República Árabe do Iêmen tinha-se tornadoindependente do Império Otomano em Novembro de 1918. Ea segunda, o do Iêmen do Sul. Chamada de República

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Democrática do Iêmen (ou Iêmen do Sul), alcançou aindependência do Reino Unido em 30 de Novembro de 1967.Em 1839, os ingleses ocupam o porto e estabelecem umprotetorado que inclui as áreas tribais do sul da penínsulaArábica. Em 1967 concedem-lhe a independência. Em 22 deMaio de 1990 foi criada a República do Iêmen, resultado daunificação entre os dois povos. A ilha de Socotorá, localizadaestrategicamente na entrada do golfo de Áden, foi incorporadaao território iemenita em 1967. Em maio de 1990, o Iêmentorna-se uma única nação.

B – A economia do Iêmen. A economia do Iêmen épredominantemente rural e agrícola. É favorecida, nesseaspecto, por ser a única região da península arábica comchuvas regulares. Das rendas originadas pelas exportações,95% são devidas ao petróleo. É, no entanto, o país mais pobredo Oriente Médio. A expulsão de mais de um milhão detrabalhadores iemenitas da Arábia Saudita durante a Guerrado Golfo, em 1990 teve como consequência um acentuadodeclínio econômico. Contudo, sua economia vem sedesenvolvendo de forma ascendente.

9. Irã. Irã, oficialmente República Islâmica do Irã, é umpaís asiático do Médio Oriente que limita a norte com aArmênia, o Azerbaijão, o Turquemenistão e o Mar Cáspio, aleste com o Afeganistão e o Paquistão, a oeste com o Iraque ea Turquia, a sul com o Golfo de Omã e com o Golfo Pérsico. Asua capital é Teerã. Conhecido no Ocidente até 1935 comoPérsia, passou desde então a ser conhecido como Iran(transliterado em Portugal como Irão e no Brasil como Irã),palavra que significa literalmente “terra dos arianos” (nosentido étnico do termo e não no seu sentido religioso, ligadoao arianismo). Pérsia (do latim Persia, através do grego antigoÐåñóßò ou Persís) é oficialmente admitido como um sinônimopara Irã, embora esta última tenha se tornado mais usual noOcidente, depois de 1935. O país sempre foi chamado “Irã”(Terra dos Arianos), pelo seu povo, embora durante séculostenha sido referido pelos europeus como Pérsia (de Pars ou

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Fars, uma província no sul do Irã) principalmente devido aosescritos dos historiadores gregos. Em 1935 o governoespecificou que o país deveria ser chamado Irã; entretanto,em 1959 ambos os nomes passaram a ser admitidos. No usocorrente, o termo Pérsia costuma ser reservado para referir-se ao Império Persa em uma ou mais de suas diversas faseshistóricas (século VII a.C.–1935 d.C.), fundado originalmentepor um grupo étnico (os persas) a partir da cidade de Anshan,no que é hoje a província iraniana de Fars, e governado pordinastias sucessivas (persas ou estrangeiras), quecontrolavam o Planalto Iraniano e os territórios adjacentes.

A – O Irã contemporâneo. O Irã contemporâneo, surge comaspiração por modernizar o país que à revoluçãoconstitucional persa de 1905-1921 e à derrubada da dinastiaQadjar, subindo ao poder Reza Pahlavi. Este pediu formalmenteà comunidade internacional que passasse a referir-se ao paíscomo Iran (Irã ou Irão, em português). O Irã contemporâneo.O Irã contemporâneo, surge depois de 1941, durante aSegunda Guerra Mundial, o Reino Unido e a União Soviéticainvadiram o Irã, de modo a assegurar para si próprios osrecursos petrolíferos iranianos. Contudo, apesar dessasinvasões e grande influência do Reino Unido e da UniãoSoviética, o Irã sempre manteve sua independência. Os Aliadosforçaram o xá a abdicar em favor de seu filho, MohammadReza Pahlavi, em quem enxergavam um governante que lhesseria mais favorável. Em 1953, após a nacionalização daAnglo-American Oil Company, um conflito entre o xá e oprimeiro-ministro Mohammed Mossadegh levou à deposiçãoe prisão deste último.O reinado do xá tornou-seprogressivamente ditatorial, especialmente no final dos anos1970. Com apoio americano e britânico, Reza Pahlavicontinuou a modernizar o país, mas insistia em esmagar aoposição do clero xiita e dos defensores da democracia. Em1979, a chegada do Aiatolá Khomeini, após 14 anos no exílio,dá início à Revolução Iraniana – apoiada na sua fase inicialpela maioria da população e por diferentes facções ideológicas

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– provocando a fuga do Xá e a instalação do Aiatolá RuhollahKhomeini como chefe máximo do país. Estabeleceu-se umarepública islâmica, com leis conservadoras inspiradas noIslamismo e com o controle político nas mãos do clero. Osgovernos iranianos pós-revolucionários criticaram o Ocidentee os Estados Unidos em particular pelo apoio dado ao Xá; asrelações com os EUA foram fortemente abaladas em 1979,quando estudantes iranianos tomaram funcionários daEmbaixada americana como reféns. Posteriormente, houvetentativas de exportar a revolução islâmica e apoio a gruposmilitantes anti-Ocidente como o Hezbollah do Líbano. A partirde 1980, o Irã e o Iraque enfrentaram-se numa guerradestruidora que durou oito anos.

B – A economia do Irã. A economia do Irã, foi um paísessencialmente agrícola até aos anos 60 do século XX. A partirde então ocorreu uma decolagem da indústria, nomeadamenteda indústria petroquímica, têxtil (situada principalmente emIsfahan e na região da costa do Mar Cáspio), automóvel, deconstrução de equipamentos eletrônicos, de papel e alimentar.A Revolução Islâmica teve consequências sobre odesenvolvimento econômico, uma vez que se verificou umaredução drástica do investimento estrangeiro. A atividadeturística, que tinha sido promovida pela dinastia Pahlavi atravésde medidas como a construção de hotéis e a pavimentação deestradas, praticamente desapareceu após a revolução. Asituação econômica viu-se agravada com guerra com o Iraquee pela queda do preço do petróleo a partir de 1985. A subidado preço do petróleo a partir de 2003 beneficiou o Irã, queutilizou o dinheiro para programas sociais. Os poços depetróleo encontram-se situados no sudoeste do país, juntoao Golfo Pérsico. Outros setores da economia também vemcontribuindo para a vida econômica do país. Segundo dadosde 2005 a agricultura contribui com 11,6% no Produto InternoBruto do Irã, empregando 30% da população. As principaisculturas agrícolas são o trigo e a cevada, seguidas por outroscereais como o centeio, o milho e o sorgo. No nordeste do país

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tem ocorrido uma expansão da cultura do algodão. Nas regiõespantanosas situadas junto ao Mar Cáspio produz-se arroz.Outras culturas são a do tabaco, chá e beterraba açucareira.O Irã é conhecidas pela produção de frutas, frescas e secas.Das primeiras destacam-se os citrinos das zonas do MarCáspio, as uvas, maçãs, peras e pêssegos da região central dopaís e as bananas da região próxima ao Golfo Pérsico. Entreos frutos secos salienta-se o pistachio. O setor da pecuária édominado pelo gado ovino e caprino, com uma menor presençado bovino; encontra como zona favorável ao seudesenvolvimento as zonas do noroeste do país, ricas empastos. A criação de camelos para utilização como meio detransporte ainda é prática corrente. A pesca também ocupaum importante lugar na economia, fornecendo produtos paraconsumo interno e externo, embora o seu potencial não tenhasido ainda completamente explorado. No Mar Cáspioencontram-se espécies como o salmão, a tainha e o esturjão;a partir das ovas desta última espécie se produz o caviar, sendoo iraniano um dos mais famosos do mundo. Por sua vez noGolfo Pérsico pescam-se espécies como a perca, a sardinha eo camarão. Nos rios do país pesca-se a truta, o barbo e outrospeixes de água doce. As principais importações do Irã são osprodutos alimentares, maquinaria, o equipamento detransporte, ferro e aço. Quanto às exportações, destacam-se,para além do petróleo, os tapetes, os frutos secos, as manadasde gado e as especiarias. Os principais países com os quais oIrã mantém relações comerciais são a Alemanha, a China, oJapão, a Itália e a África do Sul, entre outros.

10. Iraque. Iraque é um país do Médio Oriente, limitado anorte pela Turquia, a leste pelo Irã, a sul pelo Golfo Pérsico, peloKuwait e pela Arábia Saudita e a oeste pela Jordânia e pela Síria.Sua capital é a cidade de Bagdá (Bagdad), no centro do país, àsmargens do rio Tigre. Ocupa parte de que outrora era chamadaMesopotâmia. O rio Tigre (em árabe Dijla, em turco: Dicle; naBíblia Hiddekil) é o mais oriental dos dois grandes rios quedelineiam a Mesopotâmia, junto com o Eufrates, que corre desde

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as montanhas de Anatólia através do Iraque. De fato, o nome“Mesopotâmia” significa terra entre os rios.

A – O Iraque contemporâneo. O Iraque contemporâneo,ou moderno nasceu em 1920, quando o Império Otomanodepois de muitos conflitos com os Mongóis foi desmembrado,depois da Primeira Guerra Mundial. Uma decisão da Liga dasNações pôs o novo país sob a tutela do Reino Unido, o quefaz eclodir uma rebelião independentista. Os iraquianos sãoárabes em sua maioria, e no norte há uma importante minoriacurda (15%).

B – A economia do Iraque. A religião mais professada é aislâmica, e a maioria dos muçulmanos xiitas (60% dapopulação) habita o sul tem passado por período prósperoem sua economia. Mas as guerras com o Irã e com o EstadosUnidos: duas vezes, tem fragmentado sua economia de formaacentuada. Dois dos principais produtos exportados são opetróleo e as tâmaras. Mas após os atentados de 11 desetembro de 2001, o país deixou de exportar 80% de suaprodução de tâmara devido ao bloqueio econômicointernacional. A economia do Iraque ficou arruinada por umadécada de sanções econômicas internacionais. Estima-se quea recuperação da indústria de petróleo do Iraque, que estáem frangalhos, levará três anos, a um custo de vários milhõesde dólares. A maioria da população depende totalmente dascestas básicas distribuídas pelo governo.

11. Jordânia. Jordânia é um país do Médio Oriente, limitadoa norte pela Síria, a leste pelo Iraque, a leste e a sul pelaArábia Saudita e a oeste pelo Golfo de Aqaba (através do qualfaz fronteira marítima com o Egito), por Israel e pelo territóriopalestiniano da Cisjordânia. Capital: Amã. No fim da PrimeiraGuerra Mundial, o território que agora compreende Israel, aJordânia, a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém foiconcedido ao Reino Unido como o Mandato Britânico daPalestina. Em 1922, a Grã-Bretanha dividiu o controleestabelecendo o semi-autônomo Emirado da Transjordânia,regido pelo príncipe hashemita Abdullah, enquanto continuou

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a administração do restante da Palestina sob um altocomissariado britânico.

A – A Jordânia contemporânea. A Jordânia contemporânea,começou com o fim do domínio sob a Transjordânia,oficialmente em 22 de Maio de 1946, e em 25 de Maio, o paístornou-se independente como Reino Hashemita daTransjordânia.

B – A econômia da Jordânia. O tratado especial de defesacom o Reino Unido acabou em 1957. A partir dai, a economiada Jordânia é um pouco pequena. Contudo, vem melhorandomuito desde a sua independência. Seu PIB per capita cresceu351% nos anos setenta. Encolhendo para 30% nos anosoitenta. Recuperando-se um pouco nos anos noventa. Aeconomia da Jordânia depende da exploração de fosfatos,carbonato de potássio, do turismo, da comercialização defertilizante e de outros serviços. Estas são suas fontesprincipais do salário da moeda corrente. Na falta de florestas,reservas de carvão, energia hidrelétrica e de depósitos depetróleo comercialmente viáveis.

12. Kuwait. Kuwait. O Kuwait é um pequeno país napenínsula Arábica, limitado a norte e oeste pelo Iraque, a lestepelo Golfo Pérsico, do outro lado do qual se estendem as costasdo Irã, e a sul pela Arábia Saudita. Capital: Kuwait.

A – O Kuwait contemporânea. O Kuwait contemporâneo,começa quando em 1961, o tratado com o Reino Unido expira,o que leva a declaração formal de independência do Kuwait.

B – A economia do Kuwait. Se caracterizou, inicialmente,na exploração da pesca de pérolas como principal fonte derenda e de exportação. Seus principais parceiros comerciaisneste ramo são a Índia, os países da Península Arábica e doleste da África. Depois mostra vigor na década de 1950, quandose constata o grande potencial petrolífero do país.

13. Líbano. Antiga Fenícia. Líbano (em árabe transl.Lubnân) é um pequeno país montanhoso situado no MédioOriente. Faz fronteira a sul com Israel, a norte e a leste com a

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Síria, sendo banhado a oeste pelo Mar Mediterrâneo. A suacapital, e maior cidade, é Beirute.

A – O Líbano contemporâneo. O Líbano contemporâneo,foi marcado por sua sua independência que foi conquistadaem 1943, sendo o país considerado, sob o ponto de vistafinanceiro, a Suíça do Oriente. Por ali eram feitas grandesnegociações de petróleo. Sob o ponto de vista turístico, eracomparado ao Mónaco do Oriente; possuía cassinos e hotéisde primeira grandeza.

B – A economia do Líbano. A economia do Líbano, tal comoa sua qualidade de vida, ja chegou das mais prósperas detodo o Oriente Médio. Com o término do último conflito internoe a recuperação da estabilidade política, o país mobilizou-sena reconstrução. Para realizá-la, o Líbano recebeu de imediatobilhões dolares de vários países da Europa e, atualmente,também dos Estados Unidos da América. Com a infra-estruturareconstruída, a economia voltou a crescer com uma das maisaltas taxas do mundo, tornando-se um pólo de crescimentona região. A capital, Beirute (apelidada de “a Paris do Oriente”)voltou a ganhar destaque no cenário regional, sediando várioseventos. O país voltou a ser chamado de “Suíça do Oriente”devido às atividades financeiras ali realizadas. A reconstruçãode monumentos e infra-estrutura tem atraído o turismo quecresce a cada ano. Atualmente, o Líbano possui um dos maiselevados padrões de vida do Médio Oriente (há poucos anos –quando a guerra civil ainda fazia parte do quotidiano do país,o país tinha a pior qualidade de vida da região). Indústriasprincipais: atividades financeiras, turismo, processamento dealimentos, joalheria, cimento, têxteis, produtos minerais equímicos, refino de petróleo, metalurgia.

14. Omã. O Sultanato de Omã é um país situado na Arábia,mais especificamente na extremidade oriental da PenínsulaArábica. Capital: Mascate. O país é constituído por trêsterritórios descontínuos. Os dois territórios menores estãoencravados nos Emirados Árabes Unidos, sendo constituídospelo Enclave de Madha e pela Península de Musandam e

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territórios adjacentes, no Estreito de Ormuz que separa o GolfoPérsico do Golfo de Omã. O território maior limita a norte como Golfo de Omã (do outro lado do qual se estendem as costasdo Irã e Paquistão), a leste e sul com o Mar da Arábia e aoeste com o Iêmen, com a Arábia Saudita e com os EmiradosÁrabes Unidos.

A – O Omã contemporâneo. Em 1659, os Otomanos tomamo Omã e expulsam os portugueses. Em 1741 os Otomanosforam expulsos pelo então proclamado Sultão bin Sultan alBusaid. Inicia-se a era de ouro do sultanato, que expandesuas fronteiras e obtém várias colônias no Oceano Índico(Zanzibar e Comores, na África e o Baluchistão, na Ásia) queforam perdidas no colapso que o país sofreu, em 1891, quandovirou um mero protetorado britânico, tornando-se novamenteindependente em 1971.

B – Economia de Omã. Até meados do século XIX, Omã eraum entreposto de escravos e armas. Com o fim da escravidão,a região perdeu muito de sua prosperidade, e a economia ficoureduzida à agricultura, ao comércio de camelos e caprinos, àpesca e o artesanato tradicional. Hoje, graças ao petróleo, aeconomia tem apresentado grande desenvolvimento nosúltimos 30 anos. O governo prossegue com a privatização deserviços públicos e com o desenvolvimento de leis comerciaisque facilitem o investimento externo e organizem o orçamentodo país. O Omã continua a liberalização de seu mercado parase adequar às regras da Organização Mundial do Comércio.Para reduzir o desemprego, o governo vem encorajando asubstituição de mão-de-obra estrangeira por trabalhadoresdo próprio país. Cursos de tecnologia de informação, técnicasde administração e língua inglesa para cidadãos do paísapóiam este objetivo

15. Palestina. Palestina, é a denominação histórica dadapelo Império Britânico a uma região do Oriente Médio situadaentre a costa oriental do Mediterrâneo e as margens do RioJordão. O seu estatuto político é disputado acesamente. Área

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geográfica da Palestina, conforme definida pelo ImpérioBizantino, no final do século IV, com as fronteiras das diocesesda Palaestina Prima e Palaestina Secunda.

A – A Palestina contemporânea. A área correspondente àPalestina até 1948 encontra-se hoje dividida em três partes:uma parte integra o Estado de Israel; duas outras (a Faixa deGaza e a Cisjordânia), de maioria árabe-palestina, deveriamintegrar um estado palestiniano-árabe a ser criado – de acordocom a lei internacional, bem como as determinações das NaçõesUnidas e da anterior potência colonial da zona, o Reino Unido.Todavia, em 1967, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia foramocupadas militarmente por Israel, após a Guerra dos Seis Dias.Há alguns anos, porções dispersas dessas duas áreaspassaram a ser administradas pela Autoridade Palestiniana,mas, devido aos inúmeros ataques terroristas que sofre, Israelmantém o controle das fronteiras e está atualmente aconstruir um muro de separação que, na prática, anexaporções significativas da Cisjordânia ocidental ao seuterritório. A população palestina dispersa pelos países árabesou em campos de refugiados, situados nos territóriosocupados por Israel, é de Maio de 1948, um dia depois dafundação do Estado de Israel, sete exércitos de países da LigaÁrabe atacaram Israel. Durante a Guerra árabe-israelense,estimulada pelos países árabes, a maioria da população árabeda Palestina foge para os países vizinhos (Libano, Jordânia,Síria e Egito) em busca de segurança. Com a vitória de Israel,a maioria desses refugiados, quase l milhão, fica impedida deregressar às suas terras. É na sequência do trabalho efetuadono apoio a estes refugiados que nasce o Alto Comissariadodas Nações Unidas para os Refugiados. Após um períodoinicial de estadia nos países árabes vizinhos, muitos destesrefugiados são expulsos desses países de acolhimento,dirigindo-se para o sul do Líbano, onde permanecem emcampos de refugiados até hoje. Em 1964, o Alto Comissariadoda Palestina solicitou à Liga Árabe a fundação de umaOrganização para a Libertação da Palestina (OLP), cujo missão

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estatutária é a destruição do Estado de Israel. Em 1988, aOLP proclamou o estabelecimento de um estado palestino. Oprincipal líder da organização foi Yasser Arafat, falecido em2004. Arafat, após anos de luta contra Israel, renegou a lutaarmada, a violência e o terrorismo e iniciou as negociaçõesque levaram aos Acordos de Paz de Oslo. Desde 1994 parte daPalestina está sob a administração da Autoridade NacionalPalestiniana, como resultado dos Acordos. Atualmente aPalestina é governada pelo primeiro-ministro Ismail Haniyeh,do Hamas, e pelo presidente Mahmoud Abbas, do Fatah, tendohavido confrontos armados entre os dois grupos em Gaza em2007. A devolução de cidades e territórios israelenses ao povopalestino mostra-nos como estas palavras do Senhor vem secumprindo. A primeira de uma lista de outros nomes foi acidade de Jericó para gestão da Autoridade Palestina, fato esteque perece algo estranho aos olhos do povo de Deus em geral.Visto que Jericó passou a fazer parte integral do mapa daTerra Prometida a Abraão, pelo Deus Todo-poderoso. Contudo,do ponto de vista divino de observação, isso não deve serencarado com tanta peculiaridade, como sendo uma coisainusitada e espantosa ao pensamento cristão. Com a chegadado povo de Israel à Terra Prometida, Jericó foi a primeira cidadetomada pelas tribos de Israel depois que cruzaram o Jordão.Josué, após destruir e queimar a cidade de Jericó, amaldiçoouaqueles que um dia a reconstruíssem, dizendo: “maldito diantedo Senhor seja o homem que se levantar e reedificar estacidade de Jericó...” (Js 6.26). Esta maldição de Josué recaiusobre o reinado de Acabe, rei de Israel. “Em seus dias Hiel, obetelita, edificou a Jericó. Morrendo Abirão, seu primogênito,a fundou, e morrendo Segube, seu último, pôs as suas portas;conforme a palavra do Senhor, que falara pelo ministério deJosué, filho de Num” (1 Rs 16.34). De acordo com aquilo queaqui está em foco, parece que Jericó não passou a fazer parteda escolha e admiração do Deus de Israel, isto é, nunca foibem aceita aos olhos divinos, como outras cidades que faziamparte dos limites do Estado de Israel, tais como Ramá, Belém,Jerusalém e outras principais de Israel. Com efeito, porém,

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até a batalha do Armagedom, quando Cristo ali destruir todoo poder gentílico mundial, a transferência de cidadespalestinas como Jericó, Tulkarem, Ramallah, Qalqilya e Belém(do ponto de vista político) e outras como Aiate, Migrom,Micmás, Geba, Ramá, Gibeá de Saul, Galim, Laís, Anantote,Madmena, Gebim e Nobe (do ponto de vista profético) podemser entregues à Autoridade Palestina que representa nomomento, em termos escatológicos, uma parte deste poder.Portanto, “até que os tempos dos gentios se completem”, aspossibilidades de acordos formais para entrega de territóriose cidades de Israel serão possíveis (cf. Is 10.28-32; Lc 21.24),como, por exemplo, a recente retirada dos judeus da Faixa deGaza. Com efeito, porém, fatos desta natureza e outrosacontecimentos que vêm tendo lugar dentro da esferateocrática ocupada pelos povos da Bíblia fazem partem daestratégia ‘política e militar’ de Israel. Mas, em sentidoprofético, estes acontecimentos também apontam para a vindade nosso Senhor Jesus Cristo.

B – A economia da Palestina. O Território Ocupado daPalestina registrou um crescimento econômico marginal noano passado, e o desemprego manteve-se elevado com apolítica de fechamento da fronteira israelense com aCisjordânia e o bloqueio na Faixa de Gaza que continuam ainibir o potencial do território para a rápida expansãoeconômica, relataram as Nações Unidas ontem. Em seurelatório anual sobre o auxílio aos palestinos, a Conferênciada ONU sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) estimaque o produto interno bruto (PIB) do Território aumentou 6,8%em 2009, mas a taxa de desemprego caiu apenas 1,6%.

A UNCTAD afirma que a economia palestina é ainda retidapela precipitação da operação militar israelense em Gaza em2008 e 2009 e pelos custos da política de fechamento de Israelna fronteira com a Cisjordânia e o contínuo bloqueioeconômico de Gaza. O impasse no desenvolvimento palestinoé o setor de bens comercializáveis, cuja competitividade élimitada pelo fechamento, utilização de moedas estrangeiras

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(o shekel israelense, o dólar americano e o dinar jordaniano)e uma base produtiva desgastada, de acordo com o relatório.A revitalização do setor de bens comercializáveis e areconstrução da capacidade produtiva são essenciais para odesenvolvimento da economia palestina. Embora o apoio dedoadores seja vital, a sua eficácia econômica só serásuficientemente realizada quando a política de fechamentode Israel e o bloqueio de Gaza forem suspensos.

A UNCTAD tem um mandato para auxiliar os palestinos aaliviar os efeitos das condições econômicas adversas e criarcondições favoráveis para a construção de um Estado palestinosoberano e viável. A renovação do setor privado no Territóriocontinua a ser dificultada pelas restrições de Israel à circulaçãodentro do Território e nas fronteiras, além dos efeitos do murode separação israelense, assentamentos e confisco de terras.Esses fatores têm privado os setores produtivos de seusrecursos mais importantes enquanto infla os custos detransação a níveis proibitivos e, portanto, reforçando umamudança econômica para atividades de baixo valor agregado.A situação em Gaza é muito pior do que na Cisjordânia, onde ochamado “túnel econômico” e a economia informal expandiramaté uma taxa inédita para compensar o colapso do setorprodutivo. Apesar das significativas reformas fiscais, o déficitpúblico da Autoridade Nacional Palestina (ANP) em uma basede “compromisso” deteriorado em 2,6%, atingiu 1,6 bilhão dedólares no ano passado. O relatório adverte que enquanto asreformas fiscais e uma redução do déficit público podem serobjetivos políticos importantes, eles não devem ser realizadosde modo que piore os já graves níveis de pobreza, nem devemminar a capacidade dos governos locais para oferecer serviçose responder às necessidades de seus constituintes. Superar acrise econômica palestina, o desemprego generalizado e aprofunda pobreza não é possível a não ser que todas as medidasrestritivas israelenses sejam suspensas, afirma o relatório daUNCTAD, observando que “medidas paliativas” não relançamo crescimento sustentado ou promovem o desenvolvimento,e o apoio dos doadores tem suas limitações.

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Análises da UNCTAD do cenário quantitativo estimam queuma injeção de 1,6 bilhão de dólares em ajuda para oinvestimento público em 2010-2012 sob condições do bloqueiocontínuo pode aumentar o PIB anual em menos de 1%, emmédia. No entanto, o mesmo nível de investimento em umcenário de total suspensão do bloqueio de Gaza e umaflexibilização do fechamento das fronteiras com a Cisjordâniapode aumentar o PIB anual em 14%, em média, e poderia ajudara impulsionar a criação de 80 mil empregos por ano.¹

16. Síria. Síria, oficialmente República Árabe da Síria éum país árabe no Sudoeste Asiático, e faz fronteira com oLíbano e o Mar Mediterrâneo a oeste, Israel no sudoeste,Jordânia no sul, Iraque a leste, e Turquia no norte.

A – A Síria moderna ou contemporânea. Começou comomandato francês e obteve sua independência em Abril de 1946,como uma república parlamentar. O pós-independência foiinstável, e um grande número de golpes militares e tentativasde golpe sacudiram o país no período entre 1949-1970. A Síriaesteve sob Estado de sítio desde 1962, que efetivamentesuspendeu a maioria das proteções constitucionais aos cidadãos.O país vem sendo governado pelo Partido Baath desde 1963,embora o poder atual esteja concentrado na presidência e umpequeno grupo de políticos e militares autoritários. Atualmente,há na Síria, incerteza política e convulção social.

B – A economia da Síria. Embora tendo enfrentado muitoscontratempos, tanto na política interna como externa, a Síriavem apresentando um crescimento vertiginoso em seu PIB:5,9% ao ano (1990-1998). Renda per capita: US$ 1.020 (1998).Força de trabalho: mais de 5 milhões (1998). Agricultura:algodão em pluma, frutas, legumes e verduras, azeitona.Pecuária: bovinos, ovinos, caprinos, aves. Pesca: 7,7 mil t(1997). Mineração: gás natural, petróleo, fosforito. Indústria:química, petróleo, carvão, petroquímica, têxtil, couro, calçados,alimentícia, bebidas. No setor de exportações e importaçõesvem movimentando uma cifra volumosa em bilhões.Atualmente conta com vários parceiros comerciais, entreoutros: Alemanha, Itália, França, Arábia Saudita e Turquia.

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17. Turquia. Turquia, cujo nome oficial é República daTurquia, é um país eurasiático constituído por uma pequenaparte européia, a Trácia, e uma grande parte asiática, aAnatólia. Limita com oito países: a Bulgária a noroeste, aGrécia a oeste, a Geórgia a nordeste, a Armênia, o Irã e oNakichevan azerbaijano a leste, e o Iraque e a Síria a sudeste.É banhada pelo Mar Negro ao norte, pelo Egeu e o Mar deMármara a oeste e pelo Mediterrâneo ao sul. Sua capital éAncara. Nos termos da constituição turca, a Turquia é umarepública democrática, secular e constitucional cujo sistemapolítico foi estabelecido em 1923, após o fim do ImpérioOtomano. Atualmente, negocia sua adesão como membropleno da União Européia.

A – A Turquia contemporânea, ou a moderna Turquia oucontemporânea vem se modernizando a partir de 1923. Emsetembro de 1922, as forças estrangeiras de ocupação haviamsido expulsas. Em 1º de novembro, a Grande AssembléiaNacional Turca aboliu o cargo de sultão, pondo termo a 631anos de domínio otomano. Em 1923, o tratado de Lausannereconheceu a soberania da nova República da Turquia. Kemal– que viria a ser conhecido como Atatürk (“pai dos turcos”) –tornou-se o primeiro presidente da República e instituiureformas abrangentes com o objetivo de modernizar o país.

B – A economia da Turquia. A economia da Turquiaconstitui-se num misto complexo de indústria e comérciomodernos e um setor agrícola tradicional que, em 2005, aindaera responsável por 30% dos empregos. A Turquia dispõe deum setor privado forte e em rápido crescimento, mas o Estadoainda desempenha uma papel preponderante nas áreas deindústria de base, bancos, transporte e comunicações. ATurquia iniciou uma série de reformas nos anos 1980 com oobjetivo de reorientar a economia de um sistema estatista eisolado para um modelo mais voltado para o setor privado.As reformas provocaram um crescimento econômicoacelerado, embora com episódios de forte recessão e crisesfinanceiras em 1994, 1999 e 2001. A incapacidade de

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implementar reformas adicionais, combinada com déficitspúblicos grandes e crescentes e corrupção generalizada,resultou em inflação alta, volatilidade econômica e um setorbancário fraco. O governo viu-se então forçado a deixar a liraturca flutuar e a adotar um programa de reformas econômicasmais ambicioso, inclusive com uma política fiscal mais rígidae com níveis sem precedentes de empréstimos do FMI. Em 2002e 2003, as reformas começaram a dar resultados e o governologrou estabilizar as taxas de juros e pagar a dívida pública.Desde então, a inflação e a taxa de juros têm decrescidoconsideravelmente. A economia cresceu à ordem de 7,5% aoano entre 2002 e 2005. Em 1º de janeiro de 2005, a lira turcafoi substituída pela nova lira turca, com o corte de seis zeros.2

III. O PENSAMENTO ÁRABE ERA A POSSE DETODA TERRA SANTA

1. O pensamento de conquistar a posse de toda a TerraSanta, teve início com Maomé. Maomé, cujo nome completoé: Abulqasin Mohammad ibn Abdullah ibn Abd al-Muttalibibn Hashim. O nome Maomé (570-632) é uma alteraçãohispânica de Mohamad, que significa digno de louvor. Comsua morte, Abu Beker, o seu sucessor, começa a expansãoárabe, em 634. A Guerra Santa inspira o seguidor do Corão acombater ferozmente, em nome da recompensa do paraíso apósa morte. Há também a necessidade de unificar o mundo árabe,transformando-o num verdadeiro Estado. O avanço faz-sede início, rumo à Síria. Omar (633-644) conquista o Egito e aMesopotâmia. O Estado torna-se um império teocrático militar,em que o rei é o chefe político, religioso do Exército. No períododos Omíada, são conquistados o norte da África, a PenínsulaIbérica e a Sicília. Com a conquista destas e de outras regiões,cria-se um poderoso exército chamado de Sarraceno.Sarraceno, portanto, a partir deste princípio de formação, erao nome que recebia o povo muçulmano que vivia no OrienteMédio e as tribos de cavaleiros nômades na Era Medieval. A

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civilização Sarracena nasceu precisamente na Arábia e suasterras estendiam-se desde a Síria até a Arábia Saudita. Oscavaleiros sofreram influência da crença da época e tornaram-se muçulmanos. Com o objetivo de reunir terras e constituirum Império Sagrado, no século VII d.C, os Sarracenosbuscaram dominar terras vizinhas. No ano de 632 d.C, osSarracenos já haviam anexado aos seus domínios a cidadede Meca e já formavam um Império gigantesco. Motivadospelos preceitos do Islamismo, os Sarracenos conquistaramterras do Egito e da Palestina e no ano 700 as terras da Pérsiae do norte da África também já se encontravam anexadas emseus territórios.

2. As revoltas internas do Império Muçulmano. Por voltado ano 656, as revoltas internas no Império Muçulmano fizeramcom que o poderio fosse dividido em dois grupos: os Xiitas e osSunitas. Por outro lado, os muçulmanos que se situavam naÁfrica atacaram a Espanha e passaram a chamar-se Mourosque formaram um reinado sólido durante a Idade das Trevas. Aexpansão territorial prosseguiu até alcançar a China, que deuinício ao importante processo de comercialização que envolvia aChina e o Oriente. Durante o século 15, os Sarracenos tentaraminutilmente tomar Constantinopla e foram atacados por naviosde guerra gregos. O poderio do Império Turco surgiu no séculoXI e resultou na tomada da Ásia Menor e em grande porção doOriente Médio. No século XII, Saladino, um grande sultão,concedeu aos muçulmanos o direito de requerer as terras deJerusalém. Saladino também proporcionou a reunificação doEgito e de outros Impérios transformando-os num só: O ImpérioSarraceno. Quando os cruzados declararam guerra ao mundomuçulmano, a missão principal deles era a reconquista da cidadede Jerusalém e de outros lugares chamados ‘sagrados’ quetinham sido conquistados pelos Sarracenos. Certosacontecimentos que vêm envolvendo tanto Israel como as naçõesárabes, chamadas de nações teocráticas, apontam para o tempodo fim. Jesus falou, dizendo: “Igualmente, quando virdes todasestas coisas, sabei que ele está próximo às portas” (Mt 24. 33).

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Estas coisas que Jesus falou é tudo aquilo que envolve Israel eestas nações mencionadas. O Senhor Jesus advertiu aos seusdiscípulos, dizendo: “Ora, quando estas coisas começarem aacontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porquea vossa redenção está próxima”. Depois ele acrescentou: “Assimtambém vós, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que oreino de Deus está perto” (Lc 21. 28, 31).

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I. QUANDO SERÁ EDIFICADO O NOVOTEMPLO

1. Os templos que ocupam a esplanada. Uma dasquestões que tem sido debatida entre os estudiosos daescatologia é que templo será aquele que durante a GrandeTribulação, o anticristo “...se assentará, como Deus...querendoparecer Deus” (2 Ts 2. 4b). A possibilidade do anticristo ocuparuma das mesquitas construídas na Esplanada, é conjecturapor alguns intérpretes de índoles liberais. Então surgem asseguintes perguntas: o anticristo pode se assentar como Deus,em alguns destes lugares:

a) Seria uma tenda improvisada – montada – no Muro dasLamentações – Ligado a Esplanada do Templo, encontra-se“O Muro das Lamentações”, considerado o lugar mais sagradoe venerado pelo povo judeu por tratar-se da única relíquia doúltimo Templo. O Muro Ocidental é uma parte da muralhaque Herodes construiu no ano 20 a.C., em redor do SegundoTemplo. Esse muro, construído com grandes pedras ligadascom chumbo, vai até a extremidade em baixo do montículo eo rodeia por inteiro. É de forma quadrangular, tão alto e tãoforte, que não se poderia contemplá-lo sem admiração. Aspedras de tamanho extraordinário, fazem frente para fora eestão ligadas entre si, por dentro, com ferro, para poderemresistir a todas as injurias do tempo. Depois que este muro

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foi erguido, tão alto quanto o vértice do montículo, encheu-setodo o vazio que havia dentro dele.1

b) A Mesquita construída – Foi construída pelo Califa Abelel Malik Ibn Merwan (a Mesquita de Omar) que ocupa o localdo antigo templo, construído por Salomão, Zorobabel ereconstruído por Herodes, o Grande.

c) El-Aksa (a Mesquita Distante), construída também naEsplanada do Templo – Com efeito, porém, mesmo existindoestas possibilidades, as evidências apontam para a construçãode um novo templo no local onde se encontra a Mesquita chamade o Domo da Rocha ou Cúpula da Rocha. A Mesquita de El-Aksa (A Mesquita Distante) ao sul da esplanada do Templo, foiconstruída entre os anos 709 e 715 pelo Califa El-Walid, filhode Abdel Malik, o construtor do Domo da Rocha. Pouco restada construção original na atual estrutura, já que El-Aksa foidestruída e reconstruída inúmeras vezes. A Mesquita fica quaseexatamente no lugar do Palácio de Salomão e foi construídasobre os alicerces de uma igreja bizantina. Durante a ocupaçãodos Cruzados, os reis latinos a usaram como seu palácio e,mais tarde, a converteram no quartel general dos Cavaleirosda Ordem dos Templários. Ao contrário do Domo da Rocha,que serve somente para orações individuais, a Mesquita de El-Aksa é utilizada para as orações em grupo.²

Os muçulmanos reivindicam Jerusalém e a esplanada doTemplo baseando-se em uma passagem do Corão. Mesmo queJerusalém não seja mencionada uma única vez no livrosagrado islâmico, a Sura 17 fala de uma “mesquita distante”:“Glorificado seja Aquele que, certa noite, levou seu servo daMesquita Sagrada à distante Mesquita de Al-Aqsa” (Sura 17.1).Mas será que existe realmente alguma base para o argumento,tantas vezes usado pelos islamitas, de que essa “mesquitadistante” (Al-Masujidi al-Aqtza) é a atual mesquita de Al-Aksaem Jerusalém? A resposta é negativa. No tempo de Maomé,que morreu no ano 632 depois de Cristo, Jerusalém era umacidade cristã do reino bizantino. Apenas seis anos mais tarde,em 638 d.C., Jerusalém foi conquistada pelo califa Omar. Nesse

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tempo só havia igrejas em Jerusalém. Inclusive no Monte doTemplo havia uma igreja em estilo bizantino, a chamada igrejade Santa Maria de Justiniano. A mesquita Al-Aksa foi edificada20 anos após a construção do Domo da Rocha pelo califa Abdel Malik (691-692). O nome “Mesquita de Omar” dado ao Domoda Rocha induz ao erro, pois não foi o califa Omar que oconstruiu. Por volta do ano 711, ou seja, aproximadamente80 anos após a morte de Maomé, a igreja bizantina que existiano Monte do Templo foi transformada em mesquita pelo filhode Abd el Malik, Abd El-Walid. Ele não fez modificações naconstrução original, que era uma “basílica”, com uma fileirade colunas dos dois lados do retângulo da nave central. AbdEl-Walid apenas acrescentou-lhe uma cúpula para que ela separecesse com uma mesquita. A partir daí passou a chamar aantiga igreja de Al-Aksa, para que seu nome lembrasse amesquita distante mencionada na Sura 17 do Corão. 3

2. Os esforços de Israel para reconquistar a Esplanadado Templo. Desde que os muçulmanos ocuparam a posse dolocal, onde outrora fora o Templo, já houve cerca de 50tentativas diplomáticas ou violentas por parte de Israel, para areconquista do local. Porém, sem sucesso. Alguns têm pensadoque um míssil disparado pelo inimigo ou um terremoto possamdestruir o santuário que ali se encontra e abrir caminho parauma nova construção. Durante a guerra dos EUA e Iraque, em1990, quando este último atacou a Israel com mísseis, pensou-se bastante nisso. Informações recentes vindas de Israel, falamna possibilidade e desejo dos judeus construírem um templona esplanada, num espaço entre a Mesquita de Omar e aMesquita Al-Aksa. Tanto judeus ortodoxos como judeuscristãos, pensam que isso pode ser possível.

II. OS TEMPLOS QUE FORAM CONSTRUIDOSDENTRO E FORA DE ISRAEL

1. O Tabernáculo original construído por Moisés. A

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história da construção do Tabernáculo de Deus e,posteriormente, o Templo, envolve vários períodos e diversoslugares, conforme veremos neste capítulo. Antes de darmossequência no decorrer do tempo, no tocante às construçõessucessivas dos templos históricos e escatológicos, é importanteobservarmos que estas construções suntuosas foramlevantadas em substituição ao Tabernáculo, que foraoriginalmente erigido no deserto. O Tabernáculo – cerca depelo menos 50 capítulos (13-Êxodo, 18-Levítico, 13-Números,2-Deuteronômio, 4-Hebreus) na Bíblia falam da construção,do ritual, do sacerdócio, do transporte do tabernáculo e detodo o seu significado. Também muitos outros lugares naEscritura falam em linguagem figurada em relação aotabernáculo. O que me espanta é a frequência com que esteassunto é negligenciado e considerado insignificante. OTabernáculo representava a presença de Deus. Era uma espéciede tenda, cuja confecção obedecia às ordenanças recebidas.Assim é que cortinas, suportes, medidas – tudo era feito dentrode leis próprias. Na sua confecção, foram utilizados tecidosespeciais, como linho e cetim de várias cores, peles de animais,ouro, cobre e outros materiais nobres. Até os pregos eramfeitos de cobre. Era severamente guardado dia e noite. Osisraelitas armavam as suas tendas ao redor e nas imediaçõesdele, numa época em que o povo de Israel era eminentementenômade e, em particular, nesta oportunidade, fazia umaviagem pelo deserto, saindo do Egito com destino a Canaã. Apresença de Deus era marcada, durante o dia, por uma nuveme, durante a noite, por uma coluna de fogo. Quando a nuvemse movia, todo o povo levantava acampamento e a seguia. E,enquanto ela permanecesse parada, todos também paravam.Somente uma única vez em sua trajetória, a nuvem deixou avanguarda e voltou sua posição para a retaguarda. Foi quandoos egípcios chegaram bem perto de Israel, a ponto de atacá-lo. Então “...a coluna de nuvem se retirou de diante deles e sepôs atrás deles. E ia entre o campo dos egípcios e o campo deIsrael; e a nuvem era escuridade para aquele, e para estesesclarecia a noite; de maneira que, em toda a noite, não chegou

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um ao outro” (Êx 14.19-20). O tabernáculo tinha três divisõesprincipais: a tenda da congregação, destinada ao povo, quandoali ia para entregar ofertas ao Senhor ou participar de festasreligiosas; o Santíssimo, acessível apenas aos sacerdotes, queali faziam sacrifícios de animais pelos judeus e o Santo dosSantos, reservado ao sumo sacerdote, com uma diferença:ele só podia entrar ali uma vez por ano, para fazer expiaçãopelos pecados do povo. Há uma particularidade interessantesobre a área do Santo dos Santos. Prevendo a possibilidadede que acontecesse algum incidente com o sumo sacerdotequando ali estivesse – um desmaio ou, até, a morte – deverialevar, atada à barra de suas vestes, uma campainha e,amarrada em sua perna, uma corda. Se a sineta parasse desoar por um tempo razoável, os ministrantes que estivessemdo lado de fora deveriam puxar o sumo sacerdote para forapela corda (Êx 28. 34-35).

2. O Templo propriamente dito. Em hebraico: BET HÁ-MIKDASH. Ou simplesmente: BAYIT, que significa: “A Casa”.A construção de três templos no local do monte Moriá écomprovada pela história bíblica e secular, foram construídospara substituição do Tabernáculo e um templo provisório(segundo nos parece), que tanto foi e podia ser chamado de‘Templo do Senhor’ como de ‘tabernáculo’. Porém, antes quepassemos a descrever os templos e quando foram construídos,não se pode deixar de mencionar um templo, aquele no qualfoi posta a Arca da Aliança depois da saída do Egito e porocasião do assentamento do povo israelita na Palestina (Js18.1). Este templo foi chamado no livro de Juízes de “Casa deDeus” (Jz 18.31). No primeiro livro de Reis (1 .9), ele é chamadode “Templo do Senhor” e, mais adiante, de Tabernáculo.Deveria tratar-se de uma construção de pedras porque, cercade 650 a.C., Jeremias assim diz: “ide a Minha casa em Silo eolhai o que fiz por causa da malvadeza do Meu povo de Israel(Jr 4.12). Isto significa que, no tempo de Jeremias, aindaexistiam as ruínas desta “Casa de Deus” e, por conseguinte,não poderia ter sido uma simples tenda, ou um pavilhão

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construído com materiais facilmente perecíveis como panosou madeiras, pois, neste caso, depois de quatrocentos anos,tudo estaria integralmente corroído pelas intempéries. Teriasido uma construção em pedras mas suas formas e dimensõessão imprecisas. Podemos todavia conjeturar tratar-se de umedifício modesto em parte também destinado, como se concluilendo a história de Samuel, a moradia de uns poucosoficiantes dedicados ao funcionamento do culto, com encargosparecidos com os de um sacristão, como, por exemplo, abrirtodas as manhãs a porta do santuário. Resumidamente setem a impressão de uma construção reduzida, austera e semqualquer luxo (cf.1 Sm 1. 7, 9, 24; 3. 3). O primeiro templo foiconstruído por Salomão, rei de Israel. O segundo, por Neemiase pelos que vieram do cativeiro, e o terceiro, foi uma demoliçãodeste e, em seu lugar, uma nova construção por Herodes.

3. O Primeiro Templo construído por Salomão. Seusalicerces foram postos no mês de Zive (maio) do ano 480 dasaída dos filhos de Israel do Egito (1 Rs 6.1) no quarto ano doreinado de Salomão. Sua construção durou sete anos e foiconcluída no mês de Bul (novembro), durando assim, seteanos (1 Rs 6.37-38). A cronologia de Josefo não se coadunacom aquela que aqui está em foco. Ele diz que os alicercesforam postos para edificação do Templo em 592 depois da saídados filhos de Israel do Egito, mil e vinte anos depois que Abraãosaíra da Mesopotômia, para vir à terra de Canaã, milquatrocentos e quarenta anos depois do dilúvio, três mil centoe dois anos desde a criação do mundo. Tudo isso se passavano undécimo ano do reino de Hirão, cuja capital, chamadaTiro, tinha sido construída duzentos e quarenta anos antes.Contudo, no tocante a data de lançamento dos alicerces econclusão, Josefo combina com as mesmas da Bíblia. Tambémé dito por Josefo que os alicerces do templo foram feitos muitoprofundos e, para que pudessem resistir a todas asinclemências do tempo e se sustentarem sem balançar, agrande massa que se devia construir por cima deles, as pedrascom que se deveriam encher eram tão grandes que tal trabalho

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era não menos digno de admiração do que os soberbosornamentos e os maravilhosos enfeites, aos quais deveriamservir de base; todas as pedras que nele se empregaram desdeos alicerces até a cobertura eram muito brancas.4

O que mais impressionava no Templo de Salomão não eratanto suas dimensões simétricas e, sim, sua ornamentação ebeleza e a significação religiosa e espiritual que elerepresentava. Ele não era tão grande, como, por exemplo,alguns dos famosos santuários dos egípcios, dos babilôniose dos gregos. A estrutura do Templo era formada de trêspavimentos. Como os templos cananitas, seu interiorcompunha-se de um vestíbulo (ulam), um santuário externo(hechal) e um santuário interno, “Santo dos Santos” ou“Sagrado dos Sacratíssimos” (debir). Seguindo o esquema detodos os templos pagãos, ele tinha, ao longo das paredes ecolunatas do pátio interno e externo, câmaras administrativas,de serviço e de utilidade para uso dos sacerdotes e levitas; alieram guardados os tesouros do Templo, as vestes cerimoniais,os materiais de iluminação, para as duas menorot (sing.menorah), os instrumentos musicais do serviço do Templo eas facas do sacrifício. Ali também havia engradados para alojaros animais a serem sacrificados, áreas para o esquartejamentodas carcaças e a retirada do couro, uma padaria onde seassava diariamente o pão sagrado, um banheiro para apurificação ritual dos sacerdotes e um depósito de lenha. OTemplo era construído em pedra lavrada, mas as paredes e ostetos de seu interior eram forrados de cedro e incrustados deouro. O chão e as portas dobráveis eram feitos de abeto, osportais eram de madeira de oliveira. Todo o interior eraornamentado com figuras entalhadas que representavamquerubins, palmeiras, flores e botões, tudo também recoberto deouro. A santidade de todas as partes do Templo e de todos osterraços, escadarias, portões e pátios era bem definida. Havia,porém, um local que era considerado incomensuravelmentesagrado e inviolável. Era o santuário interno – o Sagrado dosSacratíssimos, onde ficava a Arca com as Tábuas de Moisés.

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Segundo a lei sacerdotal, só o sumo sacerdote podia penetrarnesse santuário interno e assim mesmo só em Iom Kipur, oDia de Expiação. Qualquer outra pessoa que se atrevesse aentrar nesse recinto sagrado merecia a morte. A morte tambémera a pena para todo não-judeu que fosse encontrado emqualquer parte da área do Templo, não só no Sagrado dosSacratíssimos. Essa atitude era tão tradicional e essa lei tãorigidamente observada que, quase mil anos depois daconstrução do Primeiro Templo por Salomão, o Rei Herodesfez colocar um bloco de pedra diante da entrada da área doTemplo. Ostentava a seguinte ameaçadora advertência emgrego: “Nenhum estranho [não-judeu] poderá penetrar nesterecinto e nas cercanias do santuário. Quem for apanhado sópoderá culpar a si mesmo por sua morte”.

O Sagrado dos Sacratíssimos era construído sobre umaplataforma elevada dentro do Templo. Era separado dosantuário externo, o hechal, por um enorme véu ou cortina epor uma corrente de ouro. Era, portanto, mais como se foraum santuário dentro de um santuário e foi construído sob aforma de um cubo perfeito, sendo que cada uma de suadimensões era exatamente 20 cúbitos ou cerca de 12 metros.Sua ornamentação e os materiais empregados eram idênticosao do resto do edifício. Os objetos decorativos mais destacadostalvez fossem as duas grandes figuras entalhadas dequerubins modeladas nos anjos alados criados pelosbabilônios e provavelmente calcados nos modelos babilônicosde uma face humana, o corpo de um animal, e duas asasabertas que, em épocas posteriores, foram associadaspictoricamente com a concepção dos anjos dos artistasocidentais. Os dois querubins eram entalhados em cedro efolheados a ouro. Suas asas se encontravam no centro doSagrado dos Sacratíssimos formando um arco protetor, comoas mãos do sumo sacerdote elevadas em bênção. De ponta aponta mediam cerca de 6 metros. Era popular a crença de que,sob essas asas, na Arca da Aliança onde estavam guardadasas tábuas de pedra de Moisés, habitava a Shechinah – a

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Radiância Divina da Presença de Deus.O destacado artista escultor desses querubins, que também

havia desenhado e esculpido os altares e todos os vasossagrados e objetos rituais do Templo, era um meio-judeu deTiro de nome Hiram. O rei de Tiro o havia cedido a Salomãopara a construção do santuário. Ele tinha, ao que se presume,um domínio absoluto das artes decorativas e arquitetônicas,a julgar pelos vasos do Templo e pelos objetos cerimoniaisrepresentados em relevo esculpido no Arco de Tito em R. Ocronista bíblico observou que ele sabia “trabalhar com ouro eprata, em bronze, em ferro, em pedra e em madeira”. Tambémera em exímio tecelão e tintureiro e demonstrava possuirgrande habilidade “com a púrpura, o azul e o linho fino e ocarmesim”. Na entrada para o interior do Templo, perto dogrande altar de latão sobre o qual eram depositados ossacrifícios animais, ficavam dois pilares de bronzeconfeccionados pelo engenhoso Hiram. Eram chamados, porrazões estranhas e desconhecidas, “Jachin e Boaz”. Tinhamcerca de 9 metros de altura e eram coroados por capitéis dedez pés adornados com uma decoração de lírios entalhados.Alguns arqueólogos conjecturam que os pilares eram ocospor dentro, e que o seu interior servia de fornalhasgigantescas onde se consumiam as oferendas queimadas. Adedução a que se chega é que a primitiva matzevah – a pedragrande, não lapidada, “colocada” em épocas primitivas noslugares elevados para receber oferendas de óleo e de sanguede animais – na fase mais evoluída do Primeiro Templo deulugar às colunas de bronze, mais atraente e eficazes, de Jachine Boaz. Hiram também foi o responsável pelo grande lavabochamado o “mar fundido”, pelos dez lavabos móveis pequenossobre rodas, as pás, as bacias e as menorah (os candelabrosde sete braços). Além da menorah que Bezaleel havia feitopara o Tabernáculo séculos antes, Hiram desenhou dez outraspara o Templo. De cada lado do santuário ficavam cinco delas.Para a limpeza dessas menorah havia pinças e bacias,caldeirões e espevitadeiras, tudo feito em ouro. O requintadoserviço do Templo exigia uma grande variedade de outros

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objetos rituais e de vasilhames. Havia, por exemplo, um altarde ouro que era reservado exclusivamente às oferendas deincenso e uma mesa de ouro, de dez palmos de comprimentopor cinco de largura, sobre a qual eram colocados doze pãessagrados feitos de farinha refinada. Estes permaneciamexpostos sobre a mesa “em presença” do Senhor durante umasemana inteira; eram então ingeridos ritualmente pelossacerdotes como pão sacro. O “mar fundido” era um enormelavabo destinado às abluções frequentes dos sacerdotes, quetinham que lavar as mãos e pés antes de entrar no santuário.O lavabo tinha em diâmetro de cerca de 6 metros e a grandeconcha repousava sobre as costas de doze bois de ferrofundido. Sua beirada era circundada por um baixo-relevo debotões de lírios e de flores abertas. Os dez lavabos sobre rodaseram feitos de bronze; eram ornamentados em relevo comfiguras de querubins, leões e palmeiras. Não deverá causarsurpresa que o Templo de Salomão, que foi desenhado,construído e decorado por arquitetos, escultores, ourives eoutros artesãos qualificados importados de Tiro, na Fenícia,revelasse traços no desenho e artesanato de peças rituais ecerimoniais em uso nos templos fenícios. O historiador gregoHeródoto descreveu dois pilares que ele havia visto na frentedo templo de Tiro. Por essa descrição, eles parecem muitosimilares, tanto em forma quanto em função no culto, aos deJachin e Boaz.

De qualquer forma, a arquitetura do Oriente Próximosemítico, ao contrário da dos egípcios, gregos ou romanos,nunca teve uma aparência própria, específica. Era eclética,com elementos selecionados de várias nações e culturas. O“mar fundido” israelita, por exemplo, era só uma réplica doApsu, o lavabo que os sacerdotes babilônicos usavam em seusritos do templo, com a diferença de que o original babilônicoera cinzelado em pedra e enfeitado refinadamente comesculturas em relevo. O Templo de Jerusalém, também, comotodos os outros santuários do Oriente Próximo (que seguiaminvariavelmente o modelo babilônico em inúmeros detalhes),

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foi construído “num lugar elevado” – no Monte Moriá. Muitoprovavelmente, também, a maneira de levar os sacrifícios emIsrael era semelhante à de seus vizinhos. A prática usada emJerusalém de se apelar para os grandes coros de cantoreslevitas e instrumentalistas, a fim de obter efeitos espetacularese emocionantes, era uma característica definida do serviçoreligioso do Egito, da Babilônia, de Canaã, da Grécia e de outrospaíses. Isto naturalmente não significa, em absoluto, que nadahavia de original nem no próprio Templo nem nos ritos quese realizavam ali. O gênio de Israel apunha seu próprio selode individualidade aos elementos tomados de empréstimo àsculturas de outros povos. Provavelmente nada que se encontreem toda bibliografia religiosa pode igualar em eloquência líricaa salmodia hebraica profunda, a qual tinha uma importâncialitúrgica tão grande no serviço do Templo.

O Templo que Salomão havia construído passou, em seusmil anos de existência, por várias transformações, mas foramsomente reconstruções de pequena monta, de caráter externo,uma vez que existia uma tradição sacrossanta de que o planooriginal não podia ser alterado em sua essência emcircunstância alguma. No ano de 586 a.C., cerca de quatroséculos depois de Salomão haver dedicado seu santuário noMonte Moriah, foi este destruído por Nabucodonosor, o rei daBabilônia. Ele o despojou de seus tesouros sagrados – osvasilhames rituais e todos os objetos cerimoniais – e oscarregou, junto com a fina flor do povo, para o cativeiro.Quando, porém, o príncipe judeu Sassabasar obtevepermissão do Rei Ciro de conduzir de volta à Terra de Israel,em 538 a.C., o primeiro contingente de exilados a fim de iniciara restauração do Estado Judeu, foram-lhe entregues todos osvasilhames do Templo e demais pertences que haviam sidoroubados por Nabucodonosor.

A reconstrução do Templo arruinado não teve início senãono reino de Dario. O trabalho começou em 519 a.C. e terminoutrês anos depois. Desta feita o tesouro mais sagrado do Templo– a Arca da Aliança – não estava mais no Sagrado dos

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Sacratíssimos. Ela havia desaparecido misteriosamente juntocom o Urim e Tumim – os objetos divinatórios usados noescudo sacerdotal pelo sumo sacerdote. A única referência aesta perda é encontrada no Talmud, que foi escrito séculosmais tarde. O Templo foi reconstruído uma segunda vez em20-19 a.C., por Herodes, rei da Judéia. Todas as mudançasque ele fez na estrutura também não eram fundamentais. Oplano básico geral e o arranjo interior do Templo de Salomãoconservaram-se quase os mesmos, mas o edifício ficou umpouco mais alto e foi embelezado por uma fachada greco-romana que se adaptava ao gosto helenístico predominantena época. De passagem, deve-se observar que, do edifício doTemplo, nada resta de pé hoje em dia que possa serconsiderado autêntico, com exceção da localização. A paredeoriental externa da área de Haram, popularmente conhecidacomo “o Muro das Lamentações” – em hebraico, Kotel Maaravi– que consiste de enormes blocos de pedra lavrada, é a únicareminiscência material do Templo de Herodes.

Atualmente a única parte que restou do Templo é o “Murodas Lamentações”. Ligado a Esplanada do Templo, encontra-se “O Muro das Lamentações”, considerado o lugar maissagrado e venerado pelo povo judeu por tratar-se da únicarelíquia do último Templo. O Muro Ocidental é uma parte damuralha que Herodes construiu no ano 20 a.C., em redor doSegundo Templo. Esse muro, construído com grandes pedrasligadas com chumbo, vai até a extremidade em baixo domontículo e o rodeia por inteiro. É de forma quadrangular,tão alto e tão forte, que não se poderia contemplá-lo semadmiração. As pedras de tamanho extraordinário fazem frentepara fora e estão ligadas entre si, por dentro, com ferro, parapoderem resistir a todas as injúrias do tempo. Depois queeste muro foi erguido, tão alto quanto o vértice do montículo,encheu-se todo o vazio que havia dentro dele.5

No ano 70 d.C., durante a destruição de Jerusalém, Titodeixou de pé esta parte da muralha com seus enormes blocosde pedra, a fim de mostrar, às gerações futuras, a grandeza

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dos soldados romanos que foram capazes de destruir o restode edificação. Durante o período romano não era permitida,aos judeus, a entrada em Jerusalém. Contudo, durante operíodo bizantino, lhes foi permitido entrar, uma vez por ano,no aniversário da destruição do Templo, quando lamentavama dispersão de seu povo e choravam sobre as ruínas do TemploSagrado. Daí o nome dado a esta parte da muralha antiga: “OMuro das Lamentações”. Este santuário foi saqueado e depoisqueimado por Nebuzaradão, capitão da guarda, do rei deBabilônia, Nabucondosor. Isso deu-se “...no quinto mês, nosétimo dia do mês” (2 Rs 25.8-9).

4. O Segundo Templo construído por Zorobabel. EsteTemplo é conhecido como ‘o Templo de Zorobabel’, visto que aordem de construção do mesmo partiu de Deus para Zorobabel.Ele disse: “As mãos de Zorobabel têm fundado esta casa;também suas mãos a acabarão...” (Zc 4.9). Contudo, outrasgrandes expressões do povo de Israel, tanto do poder políticocomo do religioso, trabalharam na edificação deste suntuososantuário. Esta obra foi iniciada, começando pelo Altar doholocausto. Os judeus (incluindo a grande leva de sacerdotes)que tinham chegado há pouco do cativeiro, lançaram-se à obracom grande ardor (Ed 3.1-6; Ag. 1 e 2). Depois da edificaçãodo Altar, eles lançaram os alicerces do Templo propriamentedito (Ed 3.8-13), o que se deu também no mês segundo, nosegundo ano da vinda do cativeiro (Ed 3.8-10). Os inimigosembargaram a obra por nove anos (alguns opinam que foramtreze). Reum, o chanceler, e Sinsai, o escrivão, e os mais desua companhia, receberam uma carta do rei Artaxerxesproibindo aquela obra. Então eles foram a Jerusalém, aosjudeus, e os impediram à força de braço e com violência. Entãocessou a obra da casa de Deus (Ed 4.23-24). Josefo diz: “QuandoReum, Sinsai e os outros, apenas receberam essa carta, forama Jerusalém, com grande séquito e proibiram aos judeusreconstruir a cidade e o Templo. Assim o trabalho ficouinterrompido durante nove anos, e até o segundo ano doreinado de Dario, rei da Pérsia”. Quando retomada foi a obra,sua conclusão deu-se no dia três do mês de Adar (março) no

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sexto ano de Dario (Ed 6.15). De acordo com Josefo, durousete anos esta construção. Este foi o Templo que, passadoscinco séculos, Herodes, o Grande, o reformou, como uma dasmais notáveis edificações do Império Romano. Na opinião dealguns judeus dos dias de Jesus, esta obra fora uma edificaçãoe não apenas uma reconstrução, conforme veremos no terceiroponto desta argumentação (cf. Jo 2.20).

5. O Terceiro Templo construído por Herodes – o Grande.Josefo informa que Herodes, procurando se redimir de seuscrimes para com os judeus, propôs construir no lugar do antigoTemplo, um novo Templo, maior e mais admirável. Reuniu opovo e falou: “Vós sabeis que o Templo que nossosantepassados lhes construíram, depois de seu regresso docativeiro de Babilônia, é menos alto de sessenta côvados doque o que fora construído por Salomão, mas a eles não devemosdar a culpa disso, pois tinham desejado torná-lo mais suntuosoque o primeiro, mas estando então sujeitos aos persas, comodepois aos macedônios, foram obrigados a seguir as medidasque os reis Ciro e Dario, filho de Histapes, lhes haviam dado...”.6

Depois que tudo estava assim preparado, mandou demoliros velhos alicerces, para serem reconstruídos e, sobre eles,ergueu-se o Templo de cem côvados de comprimento e cento evinte de altura. Mas os alicerces, ao depois, cederam e essaaltura ficou reduzida a cem côvados. Josefo ainda informaque os antepassados quiseram, no reinado de Nero, levantaro Templo, daqueles vinte côvados de que fora abaixado. Estetrabalho foi realizado com pedras duras e muito brancas, docomprimento de vinte e cinco côvados, por oito de altura edoze de largura. Todos eles foram construídos sobre o MonteMoriá. O esplêndido Templo erguido por Salomão foi destruídono ano de 587 a.C. por Nabucodonosor, que levou os judeuspara o cativeiro na Babilônia. Cinquenta anos mais tarde, elesretornaram lá e o Templo foi reconstruído por Zorobabel, masem proporções reduzidas. Alcançou novamente grandeesplendor durante o reinado de Herodes, o Grande, quequerendo expiar seus crimes e fazer-se popular entre os

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judeus, o reconstruiu. A construção começou no ano 20 a.C. enão terminou antes de 24 ou 26 d.C.

De acordo com Josefo, Herodes, o Grande, além de terreconstruído o templo – chamado de o ‘terceiro templo’, construiuainda mais dois templos fora das muralhas de Jerusalém.

a) Herodes constrói um templo em Samaria – Josefo diz:“Não foi somente com palácios que ele (Herodes) quisconservar seu nome na posteridade e imortalizar sua memória.Ele mandou também construir, no território da Samaria, umacidade extraordinariamente bela, que tinha vinte estádios deperímetro e à qual chamou Sebaste, isto é, Augusta. Dentrooutros edifícios com que a embelezou, lá construiu umgrandioso templo diante do qual havia uma praça de trêsestádios e meio e a consagrou a Augusto”.7

b) Herodes constrói um templo em um lugar chamadoPânio (Banias) – Herodes, para testemunhar sua gratidão (aoImperador Augusto), ergueu em sua honra, num lugarchamado Pânio, pereto da nascente do Jordão, um outrotemplo, todo de mármore branco...”.8

Alguns comentaristas são de opinião que os ‘46’ anosalegados pelo judeus na construção do Templo se referem aoperíodo de 20 a.C a 26 d.C. pois sua construção teve início emcerca de 20 a.C e foi concluída em 24 ou 26? d.C. (cf. Jo 2.20).Este, portanto, foi o Templo que Jesus conheceu. No ano 70d.C., o Templo foi totalmente destruído pelas tropas de Tito,filho de Vespasiano. Este tentou conservar intacto o Templo, jáque era uma das maravilhas do mundo, mas seus soldados oincendiaram, atirando, em seu interior, uma tocha acesa. AMinorah, o candelabro de 7 braços, foi salva e levada por Tito,triunfalmente, para Roma. Em 135, depois de aplacar a Segundarebelião judaica, Adriano profanou o lugar, do antigo Templo,erigindo ali um Templo dedicado a Júpiter. Os primeiros cristãosconsideraram o local como um lugar amaldiçoado por Deus e oMonte Moriá se converteu num amontoado de escombros.9

6. O templo do monte Gerizim. Os samaritanos, vendoque os judeus afligidos por tantos males, evitavam dizer que

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tinham a mesma origem, que eram da mesma raça e que oseu templo em Gerizim era consagrado ao Deus Todo-poderoso...eles tinham construído sobre o monte Gerizim umtemplo em honra a um Deus anônimo, onde imolavam vítimas.O monte Gerezim é uma das mais altas montanhas daCisjordânia, elevando-se a 881 metros acima do nível do mar.Situa-se na parte norte da Cisjordânia, ao sul do monte Ebal,do qual esta separado por um vale estreito. Na saída ocidentaldeste vale esta a cidade bíblica de Siquém, atualmente Nablus.O monte Ebal chama-se atualmente Jebel et-Tor e é umamontanha parcialmente estéril. Duas aldeias estão situadasno cume do monte, Kiryat Luza (samaritana) e Har Bracha(judaica). Os montes Gerizim e Ebal não possuíam qualquertipo de vegetação, quando então o governo britânico, no anode 1920, realizou um reflorestamento na parte norte do monteGerizim. Moisés mandou que após os israelitas atravessaremo rio Jordão, deveriam ir aos montes Ebal e Gerizim e que astribos de Simeão, Levi, Judá, Issacar, José e Benjamimpermanecessem nas encostas do Monte Gerizim,pronunciando as bênçãos para aqueles que guardassem a leide Deus (Dt 11. 29; 27.12-13). Depois que os israelitasinvadiram Canaã, cumpriram esta ordem de Moisés (Js 8. 33).O monte Gerizim era considerado sagrado pelos samaritanos.Quando os judeus regressaram do exílio, os samaritanosconstruíram aí um templo. Segundo o historiador Flávio Josefoeste templo foi construído no tempo de Alexandre, o Grande.Ele foi erigido por Sambalate, o horonita, governador daSamaria, para o seu genro Manassés, que fora expulso dosacerdócio pelo seu irmão Jadua, sumo-sacerdote emJerusalém (Ne 2. 10; 13. 28). João Hircano I ou Simeão, o Justodestruiu este templo no ano de 128 a.C., mas os samaritanoscontinuaram a utilizar este monte como o seu local de sacrifícioe adoração e ainda o usam até hoje em dia. Este culto foimencionado pela mulher samaritana na conversa com Jesusjunto ao poço de Jacó (Jo 4. 21-21).10

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7. O Domo da Rocha construída pelo Califa Abel el MalikIbn Merwan. Atualmente o que ocupa o local que outrora eraocupado pelo Templo construído por Herodes, é a ‘Mesquitade Omar’, conhecida também como “O Domo da Rocha”.Quando no ano de 636 d.C., os muçulmanos conquistaramJerusalém, os escombros foram retirados e o Califa Omarconstruiu, ali, uma mesquita, identificado-a como o lugar deonde o Profeta Maomé teria ascendido aos céus em seu cavaloalado. No ano de 691 d.C., Abel el Malik Ibn Merwan, o califados Omaias, transformou aquela pequena mesquita de Omarna que atualmente existe. O Domo da Rocha, como também éconhecido, cuja importância no islamismo vem depois daKaaba, em Meca, e do túmulo do Profeta, em Medina, é umadas mais belas mesquitas do mundo islâmico. Durante osúltimos séculos que se seguiram depois de sua construção, oDomo da Rocha foi reparado numerosas vezes, mas suaslinhas principais são conservadas desde o ano 691 d.C..Quando os cruzados conquistaram Jerusalém em 1099, amesquita foi convertida na Igreja do Templum Domini. Depoisda expulsão dos cruzados nos Cornos de Hittin, no ano de1187, a cruz que brilhou durante 88 anos sobre o domo foiretirada e a lua crescente voltou ao seu lugar. Desde então, oDomo da Rocha tem sido um santuário muçulmano.11

8. Um templo fora de Israel construído por Onias. Forada cidade de Jerusalém, Josefo fala da construção de um templopara adoração dos judeus, em Heliópolis no Egito. “Onias,filho de Simão, um dos grão-sacrificadores, fugira deJerusalém, quando Antíoco, rei da Síria, fazia guerra aosjudeus e se retirou para Alexandria. Ptolomeu, que entãoreinava no Egito, recebeu-o mui favoravelmente, pelo ódioque tinha de Antíoco, e com promessa de Onias de atrair osde sua nação ao seu partido, se ele lhe concedesse um favor,o príncipe prometeu-lho, se fosse algo que ele pudesse cumprir.Onias então pediu-lhe que lhe permitisse construir um templono seu reino, onde os judeus pudessem servir a Deus, segundoos preceitos de sua religião e lhe garantiu que aquela graça

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os teria presos ao seu serviço, aumentaria ainda o ódio queeles tinham de Antíoco, porque ele tinha destruído o templode Jerusalém e faria vários deles passar para o Egito, paragozar da liberdade de viver segundo suas leis. Ptolomeuaprovou essa proposta e lhe deu um terreno na região deHeliópolis, a cento e oitenta estádios de Mênfis. Onias mandouconstruir um templo e um castelo, que não era semelhante aode Jerusalém, mas tinha uma torre parecida, cuja altura erade sessenta côvados e tinha sido construída com pedrasenormes. Lá mandou fazer também um altar à imitação do deJerusalém, colocou ornamentos semelhantes, exceto o grandecandelabro, no lugar do qual havia uma lâmpada de ouroque brilhava como uma luz, inferior à estrela da manhã eestava pendurada a uma corrente. As portas desse temploeram de pedra e a torre, de tijolos. Obteve também daliberalidade do soberano uma grande quantidade de terras euma renda em dinheiro, a fim de que os sacrificadorespudessem prover às despesas necessárias ao culto de Deus.Onias não resolveu tentar esse empreendimento, pelo afetoaos mais ilustres dos judeus, que moravam em Jerusalém,contra os quais, ao contrário, a lembrança de sua fuga oanimava; mas seu fim era levar o povo a abandoná-los paravir para junto dele e havia mais de seiscentos anos que oprofeta Isaías tinha predito que aquele templo construído noEgito, por um judeu, seria destruído. Logo depois da ordemrecebida do imperador foi ao templo, tirou-lhe uma parte dosornamentos e mandou fechá-lo. Depois de sua morte, Paulino,seu sucessor no governo, obrigou os sacrificadores comgraves ameaças a entregar-lhe todos os ornamentos queexistiam, tomou-os, mandou fechar o templo, e proibiu a quemquer que fosse lá ir adorar a Deus; aboliu assim até osmenores sinais do culto divino. Fazia então trezentos equarenta e três anos que aquele templo tinha sidoconstruído”.12

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III. OS TEMPLOS ESCATOLÓGICOS

1. O Templo Pré-tribulacionista construído pelos judeusou pelo anticristo? Além dos Templos que já mencionamosacima, espera-se, que ainda dois templos sejam edificados noMonte Moriá: o pré-tribulacionista e o que será utilizadodurante o Milênio. As citações de Daniel 8.11-14; 9.27; Mateus24.15; 2 Tessalonicenses 2.4; Apocalipse 11.1 parecem apontarpara a construção do Templo pré-tribulacionista. O Temploque será erguido, e que certamente será profanado peloanticristo, tem sido bastante discutido pelos judeus e peloscristãos de todo o mundo. Quando Israel conquistou a partevelha da cidade de Jerusalém com as ruínas do Templo, em1967, o velho historiador judeu Israel Eldad, teria dito: “Agoraestamos no mesmo ponto em que Davi estava, quandolibertou Jerusalém das mãos dos jebuseus”. E acrescentou:“Daquele dia até o momento em que Salomão construiu oTemplo passou-se apenas uma geração. Assim tambémacontecerá conosco” (Times).13

a) A construção do Templo se dará durante os três anos emeio da Grande Tribulação – De acordo com a cronologiaprofética, o Templo será edificado sobre o monte Moriá, nos trêsprimeiros anos e meio da Grande Tribulação. João recebe ordemde Deus para medir o Templo, o altar e os que neles adoram, nofinal deste primeiro período (Ap 11. 1). Isso indica que o Templojá encontra-se levantado, quando esta medição for feita.

b) O átrio do Templo não foi medido – “E deixa o átrio queestá fora do templo, e não o meças; porque foi dado às nações,e pisarão a cidade santa por quarenta e dois meses” (Ap 11.2). Enquanto isso não acontece, as negociações diplomáticascontinuam com vista a este fim. Nas cerimônias e orações deIsrael conhecidas como “As Dezoito Bênçãos”, nelas sãoapresentados temas e termos religiosos muito amplos e queabrangem vários assuntos. Dentre muitos outros, o desejoda construção do Templo e a vinda do Messias. Elas dizem:“Louvem a Deus por Seus atributos. Implorem o bem-estar

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de Israel e a concessão da proteção de Deus contra seusinimigos. Peçam que lhes seja concedida a sabedoria e oarrependimento, a libertação de dificuldades, doenças epobreza. Expressem o sonho persistente do povo judeu, doretorno a Sião dos remanescentes espalhados por todo omundo, da vinda do Messias, da reconstrução de Jerusalém edo Templo, e da restauração dos seus ritos. Finalmente, comoocorre frequentemente na oração judaica, alcancem um clímaxna expressão ardorosa do desejo de paz”. Há umapossibilidade de que a construção do Templo chamado pré-tribulacionista se dê durante a metade da semana proféticade Daniel. Durante os três anos e meio, que é a parte inicialda Grande Tribulação, o anticristo fará uma aliança com opovo judeu. Aproveitando este falso período de paz econcessão a certas reivindicações para a nação eleita, a naçãointeira, liderada pela tribo de Levi, construirá o Templo sobreo Monte Moriá. A construção do santuário em foco deverá serrealizada em apenas ‘três dias’, usando-se todos os recursosoferecidos pela tecnologia moderna, pensam e dizem algunsdos rabinos e arquitetos modernos de Israel. Após serinaugurado com grande fervor e júbilo, talvez, deduzimos,com a presença do próprio anticristo que, numa demonstraçãode poder e força, deixará cair sua máscara e assumirá suaverdadeira identidade daquilo que ele é, quando se levantará‘contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de que seassentará no templo de Deus, querendo parecer Deus’ (2 Ts2.4). Após este ato de sacrilégio e profanação por parte doanticristo, tornando impuro o santo lugar, os judeus romperãocom ele a aliança que tinha feita no início da última semanaprofética de Daniel. Ele, então, num gesto de represália evingança, dará início a uma perseguição sombria chamadade Grande Tribulação. Durante a vida terrena de nosso SenhorJesus Cristo, o Seu corpo humano era considerado como sendo“o Templo de Deus”. Certa feita, Ele próprio falou do ‘templode Seu corpo’ quando disse aos judeus de seus dias: “derribaieste templo, e em três o levantarei” (Jo 2.19). Cremos, e asevidências nos confirmam que ‘o espírito do anticristo’ que já

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atuava no mundo, procurou, de alguma maneira, profanareste santuário feito pelas mãos divinas. Mas, de formanenhuma, isso foi possível. Com a morte de Cristo e a formaçãoda Igreja, esta passou a representar ‘o corpo de Cristo’ aquina terra. E, sem dúvida alguma, o mesmo sentimento perversoque atuou nos ‘muitos anticristos’ e atuará no anticristo, têmprocurado, de forma silenciosa e enganosa, profanar o corpodo Senhor aqui no mundo. Frustrado em seu intento e nãotendo conseguido êxito em nenhuma de suas tentativas, oanticristo, a qualquer custo, procurará profanar agora oTemplo físico que será edificado sobre o monte Moriá. Jesusprofetizou a presença do anticristo na Terra de Israel, quandodisse: “Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; seoutro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis” (Jo 5. 43).

2. O Templo milenar construído pelos filhos de Zadoque.Alguns rabinos e teólogos têm discutido que o Templo da Eramilenar que, parece, será construído pelos filhos de Zadoque,da família de Eleazar (Ez 40.46; 43.19), não será edificadosobre o Monte Moriá, como foram ali construídos os outrossantuários anteriores. O grande edifício que aparece comocentro de adoração durante o Milênio, está edificado “sobreum monte muito alto...para a banda do sul”. O que deve estaraqui em foco, é o sul da cidade de Jerusalém (cf. Ez 40.2).Suas dimensões são gigantescas e sua configuração dumabeleza admirável. Em Ezequiel 41.13-15; Zc 14.20 aparecemas dimensões do Templo milenar, que será utilizado duranteos 1000 anos do reinado de Cristo. Suas medidas podem sercomputadas assim: o Templo propriamente dito: 100 côvadosde cumprimento. Depois vêm seus pilares: ombreiras=RSV: 5côvados (40.48) + vestíbulo 12 (40.49) + pilares 6 (41.1) + anave propriamente dita: 40 (41.2) + pilares 2 (41.3) + Santodos Santos 20 (41.4) + parede 6 (41.5) + câmara lateral 4(41.5) + parede externa 5 (41.9) = 100. A área aberta e oedifício ao oeste do Templo estendiam-se por mais 100Côvados, – a área aberta 20 (41.10) + o edifício 70 (41.12) +duas paredes do edifício 10 (41.12) = 100. A frente original

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do Templo e da sua área aberta também era de 100 côvados,medida esta que era igualada pela largura global do edifícioao lado ocidental (90 + duas paredes de 5 côvados cada =100 côvados). Atualmente vem sendo questionado pelosrabinos e estudiosos das Escrituras que o Templo que seráconstruído sobre o Monte Moriá não ocupará toda a extensãodo monte, pois João, no Apocalipse, recebeu ordem somentepara medir: “o templo (quer dizer sua área), e o altar, e os queneles adoram” (Ap 11.1). O átrio, disse o ser celestial que falavacom ele: “...deixa o átrio que está fora do templo, e não o meças;porque foi dado as nações, e pisarão a cidade santa por quarentae dois meses” (Ap 11.2). De acordo com as instruções do anjodadas a João, o átrio que ficou fora das medidas do templo e doaltar correspondiam a toda esplanada que vai do Domo daRocha, chamada de Mesquita Sagrada, até a Mesquita El-Aksa,chamado de Mesquita Distante. O trecho entre uma e outra naexplanada do Templo, como é chamado, segundo se afirma,indica o percurso feito por Maomé antes de ser assunto aoscéus. “Digno de elogios é aquele que levou seu servo (Maomé)de noite, desde a Mesquita Sagrada (Cúpula da Rocha) até aMesquita Distante (El-Aksa), cujos recintos temos abençoado”(Alc. Sura 17.1). Esta área não ocupada pela construção doNovo Templo que servirá de centro de adoração durante a EraMilenar, corresponde não só a esplanada, mas também a cidadede Jerusalém.

O profeta Ezequiel faz menção em seu livro da construçãode um templo e também dos sacrifícios sacerdotais que neleserão oferecidos. Já o apóstolo João no Apocalipse, faz mençãode um templo futuro e de alguns de seus utensílios que faziamparte da mobília do Tabernáculo original e do Templo feitopor Salomão. O altar que servirá de base para os sacrifíciosda Era Milenar será diferente do altar construído por Moisése seus colaboradores, a fim de que nele os sacerdotesoferecessem sacrifícios no Tabernáculo original. Ali, asdimensões do altar eram assim: “Farás também o altar demadeira de setim; cinco côvados será o cumprimento, e cinco

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côvados a largura (será quadrado o altar), e três côvados asua altura” (Êx 27. 1). Aqui, o altar descrito por Ezequiel, queservirá de base para os sacrifícios futuros, são estas: “E estassão as medidas do altar, por côvados (o côvado é um côvado eum palmo): a parte inferior será de um côvado de altura, eum côvado de largura, e a sua borda, em todo o seu contorno,de um palmo; e esta é a base do altar. E estas são as medidasdo altar, por côvados (o côvado é um côvado e quatro dedos);a parte inferior será de um côvado de altura e um côvado delargura, e a sua borda, em todo o seu contorno, de um palmo;e esta é a base do altar. Do fundo, desde a terra até à listra debaixo, dois côvados, e de largura, um côvado; e, desde apequena listra até à listra grande, quatro côvados, e a largura,um côvado. E o Harel, de quatro côvados; e, desde o Ariel atécima, havia quatro chifres. E o Ariel terá doze côvados decomprimento e doze de largura, quadrado nos quatro lados.E a listra, catorze côvados de comprimento e catorze delargura, nos seus quatro lados; e o contorno, ao redor dela,de meio côvado, e o fundo dela, de um côvado, ao redor; e osseus degraus olhavam para o oriente” (Ez 43. 13-17). Apesardo profeta falar que os sacrifícios (especialmente o bezerro)serão oferecidos para ‘expiação do pecado’, parece que osentido lógico aponta para a lembrança e rememoração deuma expiação consumada – apontando firmemente para aexpiação de nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Hb 9. 11-26). Estessacrifícios não serão mais oferecidos para que com eles sejamexpiados os pecados de alguém no que diz respeito à salvação.Tudo que o homem dependia para ser salvo, Cristo já realizouna cruz e através de Sua morte foi consumado todo o planoda redenção. Aqui, trata-se, portanto, de sacrifícioscomemorativos – lembrando assim, tudo o que Cristo fez pormeio de Sua morte em favor do mundo. No tocante ao templopré-tribulacionista alguns rabinos mais arrojados têm opinadoque a construção do novo Templo pode ser efetuada numperíodo de apenas três dias, levando-se em conta o novosistema arquitetônico de construção pré-moldada, empregadopela tecnologia moderna (cf. Jo 2.19). O grande desejo de Israel

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na construção do novo Santuário prende-se ao fato de que oTemplo foi sempre o símbolo marcante da presença de Deusno meio de Seu povo. Assim, por exemplo, como acontece nomundo cristão, que reconhece a Jesus como sendo o centro deadoração e supremo Legislador. Em figura de linguagem, aIgreja é tomada para representar a presença de Jesus aqui nomundo e é descrita, portanto, como sendo ‘o templo de Deus’.Paulo a descreve assim por amor de seu argumento. Ele diz:“Não sabeis vós que sois o templo de Deus, e que o Espíritode Deus habita em vós?” (1 Co 3.16). Neste sentido figurativo,a ela pode tanto ser vista como um “edifício” como uma “casa”,dependendo apenas do contexto, conforme veremos a seguir:

a) Um templo – Durante a vida humana de Jesus aqui naterra, Seu corpo foi chamado também de um “templo” ondeDeus habitava (cf. Jo 2.19-21). O crente fiel torna-se tambémo santuário onde Deus e Jesus passam a habitar (Jo 14.23). Ohomem também é o templo de Deus, e da mesma maneira temtrês partes (1 Co 3.16; 1 Ts 5.23). Também é dito que a palavrade Deus penetra nestas três divisões do homem. “Porque apalavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do queespada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da almae do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discerniros pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12).

1º. O corpo – Átrio Exterior. O corpo é como o átrio exterior,ocupando uma posição exterior com sua vida visível a todos.Aqui o homem deve obedecer a cada mandamento de Deus. Aquio Filho de Deus serve como substituto e morre pela humanidade.

2º. A alma – O lugar Santo. Por dentro está a alma dohomem, que constitui a sua vida interior e inclui sua emoção,vontade e mente. Tal é o Lugar Santo de uma pessoaregenerada, pois seu amor (fileo), vontade e pensamento estãoplenamente iluminados para que possa servir a Deus como osacerdote do passado fazia.

3º. O espírito – O Santo dos Santos. No mais interior, alémdo véu, jaz o Santo dos Santos, no qual nenhuma luz humanajamais entrou e olho humano algum jamais penetrou. Ele é o

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“esconderijo do Altíssimo”, a habitação de Deus. O homemnão pode ter acesso a ele, a menos que Deus queira rasgar ovéu, como fez por ocasião da morte de Cristo (Mt 27.51). Ele éo espírito do homem. Este espírito jaz além da consciênciaprópria do homem e acima da sua sensibilidade. Aqui o homemune-se a Deus e tem comunhão com Ele, mas sempre por meiodo corpo. Nenhuma luz é fornecida para o Santo dos Santosporque Deus habita ali. E assim está dito: “...O Senhor disseque habitaria nas trevas” (1 Rs 8.12b). No Santíssimo Lugar,portanto, era desnecessária a luz porque “Deus é luz” e,habitando na “luz inacessível” – “cobre-se de luz como umacortina” (S1 104.2b; 1 Tm 6.16; 1 Jo 1.5). Já no Santo Lugarexistia a luz fornecida pelo candeeiro de sete braços. O átrioexterior fica sob a ampla luz do dia. Todos estes servem comoimagens e sombras para uma pessoa regenerada. Seu espíritoé como o Santo dos Santos habitado por Deus, onde tudo érealizado pela fé, além da vista, sentido ou entendido pelocristão. A alma simbolizava o Lugar Santo, pois ela éamplamente iluminada com muitos pensamentos e preceitosracionais, muito conhecimento e entendimento concernenteàs coisas do mundo idealista e terrenal. O corpo é comparadoao átrio exterior, claramente visível a todos.

A Igreja também é a habitação do Espírito Santo de Deus,coletivamente falando, tal como, nos tempos do antigo pacto,o templo era o lugar principal onde Deus manifestava a Suapresença. Esse local geográfico é, no pensamento, a Igrejacristã, e é isso que é ensinado neste versículo que está emfoco. Em Romanos 8.9, a mesma questão é declarada emtermos individuais. Portanto, é evidente que a Igreja é Suaprópria casa: “A qual casa somos nós” (cf. Hb 3.6; 1 Pe 2.5).Na cidade celestial a presença de Deus e de Cristo, substituiráa imagem visual de um templo. João escreve: “...nela não vitemplo, porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-poderoso,e o Cordeiro” (Ap 21. 22b).

b) Uma casa – Neste sentido tanto Paulo como Pedroempregam esta figura com respeito à Igreja. Paulo diz para

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Timóteo: “Mas, se tardar, para que saibais como andar ‘nacasa de Deus’, que é a igreja do Deus vivo...” (1 Tm 3.15a) ePedro completa, dizendo: “Vós também, como pedras vivas,sois edificados ‘casas espirituais’ e sacerdócio real...” (1 Pe2.5a). A construção de uma casa ou um edifício envolve váriasetapas, desde o projeto até a conclusão dos mesmos. O projetopertence à área da engenharia chamada arquitetura, o projetonormalmente é feito por um arquiteto. A parte estrutural, ocálculo estrutural normalmente é feito por especialistas em‘cálculos estruturais’ – uma área da engenharia civil, porémespecializada. Após o cálculo estrutural pronto, conhecemoso peso da obra e o projeto é passado para outra área daengenharia civil especializada em fundação. A execução daobra prossegue sendo feita por um engenheiro civil, o qualchamamos de residente. Sua função será obedecer ao projetoarquitetônico, estrutural, elétrico e hidráulico acompanhadopor um mestre de obras que pode ser um técnico ou mesmoum leigo, com noções técnicas que servirá como intérprete dalinguagem técnica e leiga. Do ponto de vista espiritual, oapóstolo Paulo era um arquiteto por excelência. Ele falou,dizendo: “Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu,como ‘sábio arquiteto’, o fundamento, e outro edifica sobreele; mas veja cada um como edifica sobre ele” (1 Co 3.10).Como casas espirituais, fomos edificados por Jesus Cristo.“Cristo, como Filho sobre Sua própria casa, a qual casa somosnós” (Hb 3.6). Fica, portanto, evidenciado que, nesta figurade linguagem, a Igreja está bem representada. Mas chegaráum tempo quando a Igreja terminará sua missão real erepresentativa – então Deus, o Todo-poderoso, Se constituirácomo o próprio santuário de adoração para todos os foram esão santificados: os homens e os anjos. O Apocalipse fazmenção oito vezes ao “Templo de Deus que está no céu” (11.19;15.5,6,8; 16.1,17). Junto a estas menções, também se fazreferência a um “Tabernáculo do testemunho” que se encontrano céu (13.6; 15.5; 21.3). Na antiga aliança, a Arca foi postaoriginalmente dentro do Tabernáculo e, com a construção do

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Templo por Salomão, ela foi transferida para dentro do Templo,que substituiu o Tabernáculo original levantado no deserto.Mas aqui, no texto em foco, a Arca da aliança encontra-sepostada dentro do Templo e este edificado dentro doTabernáculo celestial (cf. Ap 11.19; 15). Para a maioria dosestudiosos das Escrituras, o reaparecimento da Arca e asmenções feitas a respeito do Templo, o Altar e ao Tabernáculo,indicam que o tempo da restauração messiânica chegou (cf.At 3.19-21; Ap 21.3). Com efeito, porém, quando a Jerusalémcelestial for constituída como capital do novo céu e da novaterra, o próprio Deus será uma espécie de Templo espiritual,onde Seus filhos encontrarão toda a razão do viver e daadoração. O apóstolo João descreve isso num estado deexpectação e admiração imensurável. Ele diz: “E nela (nacidade celestial) não vi templo, porque o seu templo é o SenhorDeus Todo-Poderoso, e o Cordeiro” (Ap 21.22). Tanto o SenhorDeus como o Cordeiro serão ali o centro de adoração. Aqui,portanto, cumpre-se o que Jesus falou de Si mesmo aos judeuse quando ensinava a mulher samaritana:

1º. Jesus Se comparou a Si mesmo com um templo, dizendo:“Derribai este templo e, em três dias, o levantarei. Disseram,pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado estetemplo, e Tu o levantarás em três dias? Mas Ele falava dotemplo do Seu corpo” (Jo 2.19-21).

2º. O Senhor Jesus mostrou à mulher samaritana que, apartir daquele momento que ela tinha encontrado o Messiasprometido, não era mais necessário ir ao monte Gerizim ou aJerusalém e, sim, volta-se para Deus e adorá-lO em espírito eem verdade (Jo 4.20-23).

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I. O PECADO DE APOSTASIA

1. A apostasia. “Ninguém de maneira alguma vos engane;porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e semanifeste o homem do pecado, o filho da perdição” (2 Ts 2. 4).O termo ‘apostasia’ só aparece quatro vezes na Bíblia: duasno plural (Jr 2.19; 5.6) e duas no singular (Jr 8.5; 2 Ts 2.3). Oescritor da Epístola aos Hebreus, parece querer ligar o pecadoimperdoável com o da “apostasia”, manifestada pela descrençano poder do Espírito Santo e na eficácia da palavra de Deus.Ele diz: “Porque é impossível que os que já uma vez foramiluminados, e provaram o Dom celestial, e se fizeramparticipantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra deDeus, e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outravez renovados para arrependimento; pois assim, quanto aeles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem aovitupério” (Hb 6.4-6). A apostasia leva a pessoa a retrocederna vida espiritual e impossibilita o sentimento dearrependimento. A missão sombria da apostasia é neutralizara operação miraculosa do Espírito Santo e desviar a mente daverdade divina revelada nas Escrituras. Foi este, portanto, osentido (de desvio da fé) empregado por Jeremias, quandodenuncia a Israel do pecado de apostasia. Então ele diz: “Atua malícia te castigará, e as tuas apostasias te repreenderão;

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sabe, pois, e vê que mal e quão amargo é deixares ao Senhorteu Deus, e não teres em ti o meu temor, diz o Senhor Deusdos Exércitos...Dize-lhes mais: Assim diz o Senhor: Porventuracairão e não se tornarão a levantar? Desviar-se-ão, e nãovoltarão? Por que, pois, se desvia este povo de Jerusalém comuma apostasia tão contínua? Persiste no engano, não quervoltar” (Jr 2.19; 5.6; 8.4-5). No Novo Testamento, muitasheresias disseminadas por seitas gnósticas atingiram nãosomente as igrejas dos gentios, mas contaminou também umaboa parte das igrejas judaicas, às quais a Epístola aos Hebreusse dirigia.

2. Definição da apostasia. Apostasia (em grego antigoapóstasis, “estar longe de”), não se refere a um mero desvioou um afastamento temporário em relação à sua fé e à práticareligiosa. Tem o sentido de um afastamento definitivo edeliberado de alguma coisa, uma renúncia de sua anterior féou da sã doutrina. Pode manifestar-se abertamente ou de modooculto (2 Pe 2.1). O apóstolo Paulo advertiu aos cristãos doNovo Testamento dizendo que, antecipando a vinda doanticristo, viria como sombria precursora a apostasia. Assimdisse ele: “Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porquenão será assim sem que antes venha a apostasia, e semanifeste o homem do pecado, o filho da perdição” (2 Ts 2.3).O termo ‘apostasia’ é usado muitas vezes para designar tudoaquilo que é ‘espúrio’ ou ‘rejeitado’. Contudo, apostasia, noconceito das Escrituras, apresenta um sentido mais vasto emais sombrio que vai além daquilo que é humano ou apenassocial. Está profetizado no Novo Testamento que a apostasiaprocurava se infiltrar no seio da Igreja cristã. Para muitosestudiosos das Escrituras, apostasia é o mesmo que abominaçãoda desolação. Assim, em vários períodos da história do povode Israel e da Igreja Cristã, a apostasia esteve presente comoarma sombria e avassaladora.

a) Atos sacrílegos – Incluindo coisas sagradas: AT. Aprofanação feita por Antíoco Epifânio quando ofereceu umanimal imundo sobre o Templo em Jerusalém, foi um ato de

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abominação. Ele fez isso e outras profanações, sendo ele,portanto, um protótipo do anticristo, durante o tempo sombrioda Grande Tribulação. Este tal feito abominável foiconsiderado pelos judeus como sendo apostasia. A profanaçãofeita por Antíoco Epifânio para os judeus que consideravamJerusalém como cidade santa e o Templo, o lugar mais sagradoda terra, foi, portanto, na concepção judaica uma verdadeiraprofanação que trazia em seu bojo a cara da apostasia. Anosdepois, Calígula, planejou a destruição do templo deJerusalém. E no tempo da destruição de Jerusalém, no ano 70d.C., os romanos ofereceram sacrifícios às suas insígnias,posta diante da porta oriental, quando proclamaram Titoimperador; mas, uma vez mais, isso serviu como emblemaexpressivo da apostasia, que surgiria no seio da cristandadee durante o reinado do anticristo. Contudo, o auge culminanteda apostasia institucionalizada, se dará, quando o próprioSatanás será adorado na pessoa do anticristo. Isso se daráatravés de ação e do poder do anticristo (Ap 13. 4).1

b) Atos sacrílegos – Incluindo coisas sagradas: NT. No ano70 d.C., quando o Templo foi totalmente destruído pelas tropasde Tito, filho de Vespasiano, muitos judeus chegaram a pensarque a nuvem negra da apostasia tinha chegado. O comandanteVespasiano fez grande esforço e tentou conservar intacto oTemplo, já que era uma das maravilhas do mundo, mas seussoldados o incendiaram, atirando em seu interior uma tochaacesa. A Minorah, o candelabro de 7 braços, foi salva e levadapor Tito triunfalmente, para Roma. Em 135, depois de aplacara segunda rebelião judaica, Adriano profanou o lugar doantigo Templo, erigindo ali um Templo dedicado a Júpiter. Osprimeiros cristãos consideraram o local como um lugaramaldiçoado por Deus e o Monte Moriá se converteu numamontoado de escombros. Com efeito, porém, este ato contrao Templo de Jerusalém foi um ato de destruição do que umestabelecimento da apostasia.2

3. Apostasia envolvendo pessoa – campo mental. Nocampo mental a apostasia se manifesta também em forma de

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heresia. Ela tem aparência religiosa, inofensiva e cordial.Contudo, seus efeitos são perniciosos e avassaladores. O SenhorJesus advertiu com veemência sobre a vinda de falsos profetase falsos ensinadores que introduziriam encobertamente estasheresias de perdição. Então Ele disse: “Acautelai-vos, porém,dos falsos profetas...” (Mt 7.15a). E mais adiante, Ele diz: “Esurgirão muitos falsos profetas...” (Mt 24.11). Também oapóstolo Pedro adverte a Igreja Cristã do primeiro século,dizendo: “E também houve entre o povo (hebreu) falsosprofetas...” (2 Pe 2.1a). Estes falsos profetas que se levantaramno Antigo Testamento, e aqueles que iriam se levantar duranteo período da dispensação da graça, trariam muitasperturbações ao povo de Deus.

4. Os três estágios da apostasia. Teologicamente falando,podemos classificar três graus de apostasia:

a) Apostasia inicial – A apostasia inicial é aquela que seinicia aparentemente inofensiva, mas depois se desenvolvena apostasia geral e perniciosa.

b) Apostasia religiosa. Esta sempre tem início com a“heresia”. Qualquer tipo de heresia que, no começo, parecealgo pequeno e inofensivo, depois, com o passar do tempo,pode levar a pessoa a um estágio maior – que é o da apostasia.Nesse seu primeiro estágio, ela entra encobertamente no seiocristão como heresia de perdição. A princípio, pareceinofensiva, mas, logo a seguir, apresenta sua face sombria edestruidora. O apóstolo Paulo advertiu aos crentes deTessalônica dizendo: “Ninguém, de maneira alguma, vosengane, porque não será assim sem que antes venha aapostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho daperdição”. A apostasia é introduzida na mente humana pelo‘filho da perdição’. De igual modo, também acontecerá o mesmocom as heresias. Foi, este, portanto, o título que apóstolo Pedrodeu ao sombrio ensino que os falsos doutores encobertamenteintroduziriam no sistema cristão. A heresia ensinada por estesmestres do mal deriva da palavra háiresis e significa escolha,seleção, preferência. Daí surgiu a palavra seita (latim secta –

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doutrina ou sistema que diverge da opinião geral e é seguidopor muitos), por efeito de semântica. Do ponto de vista cristão,heresia é o ato de um indivíduo ou de um grupo que se afastado ensino da Palavra de Deus, e adota, e divulga suas própriasideias, ou as ideias de outrem, em matéria de religião.Geralmente é um grupo não-ortodoxo, esotérico (do gregoesoterikós, que significa conhecimento secreto, ao alcance depoucos). Reforçando, podemos dizer que, nos conceitos acimaapresentados, heresia e seita, em sua própria definição, sãocontraditórias e separatistas daquilo que dizem,verdadeiramente, as Sagradas Escrituras, a própria Palavrade Deus. Em resumo, é o abandono da verdade. O termoháiresis aparece no original em Atos 5.17; 15.5; 24.5; 26.5;28.22. Por sua vez, heresia aparece em outros textos (1 Co11.19; Gl 5.20; 2 Pe 2.1).

c) Apostasia moral. A apostasia moral tem sua origem emdeterminadas influências demoníacas. Tanto gregos comojudeus criam na existência e influência dos demônios sobre ocomportamento humano (Ez 23. 21). Entre os gregos, a partirde Pitágoras (500 a.C.), tinha vários significados a palavra“demônio”, às vezes era considerado um deus, ou umadivindade no sentido geral: o gênio ou a fortuna, a alma dealguém que pertenceu à Idade de Ouro e que se tornara agoraem divindade tutelar, um deus de categoria inferior. Aetimologia da palavra “demônio”, “daimõn” em grego, deriva-se de “doiomai”, que traz em si a ideia de “dividir”, “partilhar”.

b) O conselheiro de Sócrates – Sócrates, segundo Platão,tinha um espírito como seu mensageiro, que ele reputava comosendo um demônio. Dissuadia-o, mas nunca o aconselhava.Filo pensava que demônios tinham a mesma natureza que osanjos, só que os anjos se conservavam a certa distância daTerra e eram empregados de Deus como mensageiros.Evidentemente, Filo conservou isso do pensamento grego.Flávio Josefo, mesmo sendo judeu, mas que tinha índolehelenizada, empregava demônio, “daimonia”, especialmentesó para espíritos malignos. Em várias passagens do Novo

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Testamento, mostram que os demônios são seres reais. Nissose dá o fato de poderem ser contados (Lc 8.2), não gostam deandar só, mas em bandos e, às vezes, muitas companhias(Mc 16.9; Lc 11.26). Eles mesmos disseram: “Legião [6 mil] éo meu nome, porque somos muitos” (Mc 5.9b). Eles têmpersonalidade: falam, gritam, clamando com grande voz etc.(Mt 8.31; Mc 1.26; Lc 8.28). Os demônios já foram anjos nopassado, contudo, foram desincorporados por Deus erebaixados da categoria de anjos, para a de espíritos malignos.

5. Lilith – O demônio feminino da noite. Lilith é referidana Cabala como a primeira mulher de Adão, sendo que em umapassagem (Patai81:455f) ela é acusada de ser a serpente quelevou Eva a comer o fruto proibido. No folclore popular hebreumedieval, ela é tida como a primeira esposa de Adão, que oabandonou, partindo do Jardim do Éden por causa de umadisputa sobre igualdade dos sexos, chegando depois a serdescrita como um demônio. Lilith é um demônio feminino quetem posição central na demonologia judaica. A figura poderemontar à demonologia babilônica e suméria, que identificaespíritos masculinos e femininos semelhantes – Lilu e Liliturespectivamente – que não têm relação etimológica com apalavra hebraica lailab (noite). Esses mazikim, ‘espíritosdaninhos’, têm vários papéis: um deles, o Ardat-Lilith, atacahomens, enquanto outros põem em perigo as parturientes eseus filhos. Era essa uma das razões por que as mulheresgestantes e as crianças usavam amuletos que continhampedaços de pergaminhos com passagens das EscriturasHebraicas, a fim de serem protegidas contra os poderesinvisíveis – as primeiras contra as maquinações de Lilith, aTentadora, e as últimas, contra o mau-olhar invocado porpessoas invejosas. Os assírios desenvolveriam uma crença daexistência de demônios femininos alados que estrangulavamcrianças. Foram encontradas inscrições hebraica e cananéia emArslan-Tash no norte da Síria e que data aproximadamente doséculo VII e VIII a.C. em que seus moradores pedem proteção

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contra Lilith e contra seus estranguladores, para que nãoentrem nas casas. “Aquele que voa em lugares de escuridão –passa rapidamente, rapidamente: Lil[ith]”. Nas Escrituras, hápelo menos uma referência sobre Lilith: denominada de‘demônio feminino da noite’. É em Isaías 34.14, que diz: “E oscães bravos se encontrarão com os gatos bravos e o sátiroclamará ao seu companheiro...”. kioiko. Isaías faz referênciaao demônio feminino da noite chamado Lilith, que seria um“fantasma” (Is 34.14). Esse demônio feminino viria tentar oshomens, durante o sono, sendo capaz de efetuar atos sexuaiscom eles. Outras possíveis referências às atividades demoníacas,tais como “mortandade que assole ao meio dia”, “espantonoturno”, “peste que anda na escuridão”, “a sanguessuga” –eram expressões poéticas que traziam em si a presença dosdemônios (Sl 91.3, 5, 6; Pv 30.15). O objetivo final de Lilith eralevar tanto os homens como as mulheres, às práticas sexuaisbizarras e pervertidas entre pessoas de formação religiosa.

6. Lilu – O demônio babilônico sem função definida. OLilu babilônico é mencionado como certo tipo de demôniomasculino sem função definida, Lilith aparece como demôniofeminino com rosto de mulher, cabelo comprido e asas. Umhomem dormindo sozinho numa casa pode ser tomado porLilith. Dizia-se que Lilith tinha um filho chamado Hormiz, ouOrmuzd e que Lilith tinha um outro nome, Adrath, filha deMahalath, que sai à noite com 180.000 anjos perniciosos.Muitas lendas e fantasias são atribuídas a Lilith. Uma delasé que Adão, depois de ter se afastado de Deus, gerou demôniosinconscientemente. “Ele foi encontrado por uma Lilithchamada Piznai que, tomada por sua beleza, deitou com ele eteve demônios masculinos e femininos”. A partir dessasantigas tradições, a imagem de Lilith fixou-se na demonologiacabalística. Aqui também ela tem dois papéis primários: a deestranguladora de crianças e de sedutora de homens, de cujaspoluções noturnas ela tem um número infinito de filhos. Elaé chamada também, por aqueles que a rejeitam, de a meretriz,a iníqua, a falsa e as trevas.3

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No Novo Testamento, há menção na crença da existênciade espíritos do mal. Certa feita, os discípulos gritaram commedo quando viram a Jesus, pensando ser ele um dessesespíritos da noite. “... Assustaram-se, dizendo: É um fantasma.E gritaram com medo” (Mt 14.26). Há outras referências quepodem indicar esse significado do pensamento. Por exemplo,o termo “sã’ir” significa cabeludo e aponta para o demôniocomo um sátiro. O termo de Levítico 17.7 faz referência “aoscabeludos”, que seria uma alusão aos sátiros. O sentido dessapalavra é “bode”, mas, nas referências pagãs, há deuses oudemônios que habitavam em lugares ermos (cf. Is 13.21;34.14). A adoração aos sátiros (demônios) já era práticabastante conhecida pelos antigos povos do Fértil Crescente.

a) Apostasia oficializada – O escritor da epístola aos Hebreusafirma que o sistema de apostasia pouco a pouco pode seroficializado, isto é, aquilo em sentido tópico pode ser ampliadoou direcionado (quer dizer, ensinado). Novamente o escritorsagrado diz: “Porque é impossível que os que, já uma vez foramiluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeramparticipantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra deDeus, e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outravez renovados para arrependimento, pois assim, quanto a eles,de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério”(Hb 6.6). O conceito do escritor nesta passagem é que a apostasialeva a pessoa a retroceder na vida espiritual e impossibilita osentimento de arrependimento. A missão sombria da apostasiaé neutralizar a operação miraculosa do Espírito Santo. Ela, aapostasia, obscurece a mente que foi iluminada pelo EspíritoSanto quando produziu na pessoa o arrependimento.“Recaíram”, usado aqui pelo autor sagrado, é o equivalente deHebreus 3.12, onde “um coração mau e infiel” leva a criaturahumana a “se apartar do Deus vivo”. Essa apostasia éintroduzida no ambiente cristão por ensinos “doutrinários”,visto que aqueles que a ela se atêm, “...crucificam o Filho deDeus, e o expõem ao vitupério”. Há, em nossos dias, muitosensinos que são verdadeiras heresias e estas heresias afastam

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as pessoas do conhecimento que o evangelho traz para oscorações dos homens. Até mesmo “...aqueles que se estavamafastando dos que andam em erro” (2 Pe 2.18), são engodadospor estas heresias doentias. A ‘recaída’ fala de alguém que estavase recuperando de uma doença, mas, por falta de esforço,negligenciou sua total recuperação. O nosso sucesso espiritualdepende de uma vida de comunhão contínua com Deus e comos poderes do mundo futuro – afastando-se desta comunhão,o cristão começa paulatinamente a enfraquecer, pois sua almadoente não tem nenhum poder de reação, o que, muitas vezes,leva a pessoa a um estado pior do que o primeiro. Pedro advertiusobre isso dizendo: “Porquanto se, depois de terem escapadodas corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor eSalvador Jesus Cristo, forem, outra vez, envolvidos nelas evencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro”(2 Pe 2.20).

b) Apostasia imposta – Nesta fase final da apostasia, aimposição já é feita através do próprio Estado com autorizaçãode um líder. Uma grande parte dos moradores da terra queviver nos dias do anticristo será forçada a se tornar apóstataaté mesmo contra sua vontade. A besta que subiu da terra“faz que a terra e os que nela habitam adorem a primeirabesta, cuja chaga mortal fora curada (...) e faz que a todos,pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes sejaposto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas” (Ap13.12,16). Portanto, os sintomas da apostasia manifestar-se-ão com maior força nos últimos tempos, pois, de acordo oensinamento do Novo Testamento, a apostasia se manifestariacomo fermento na massa no limiar do tempo que antecede àvinda de Jesus. Pelo menos foi isso que os escritores do NovoTestamento deixaram escrito como advertência para o povode Deus. O próprio Paulo adverte dizendo: “Mas o Espíritoexpressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarãoalguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e adoutrinas de demônios” (1 Tm 4.1). Na passagem em foco, oEspírito Santo diz, por meio de Paulo, que “...nos últimostempos, apostatarão alguns da fé...”. Esta expressão no grego

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do Novo Testamento significa “levar à revolta”, “desviar”;quando usado o verbo “aphistemi”, na voz transitiva, significa“afastar-se”, “retirar-se”, “apostatar” e outras forma deexpressão. Quando ligada diretamente ao mundo religioso,significa “descer um degrau” – quer dizer, “descer moralmentee espiritualmente”. Este verbo significa rejeitar uma posiçãoanterior, aderindo à posição diferente e contraditória àprimeira; perder a primeira fé, repelindo-a em favor de outracrença. Paulo afirma que isso pode se dar motivado porespíritos malignos, cuja atividade consiste em enganar aoshomens, desviando-lhes a atenção para longe de Cristo (cf. Jr2.19; 5.6; 8.5; 2 Ts 2.3). Era uma ideia muito comum, nojudaísmo, que, por detrás das práticas idólatras, haviaespíritos enganadores, que prejudicavam os homens norelacionamento com o verdadeiro Deus e a verdadeiraadoração. Esta deve ser uma das razões por que, naatualidade, já existem tantas fórmulas de engano. O dr. C.Larkin adverte-nos que uma condenação incondicional deDeus repousa sobre o espiritismo. A razão disso é que talsistema procura afastar as pessoas da verdadeira fé em JesusCristo e na providência divina. Sua isca, através da qual eleatrai os que estão à sua disposição, é o interesse natural quea mente humana tem naquilo que está além da presente esferada vida, especialmente este interesse se reanima quandoalguém da família morre.

II. OS PASSOS QUE PODEM LEVAR A APOSTASIA

1. Os passos da apostasia. O termo ‘apostasia’ vem doAntigo Testamento conforme já tivemos a ocasião demencioná-la no profeta Jeremias (Jr 2.19; 5. 6; 8.5) e apareceduas vezes no Novo Testamento como substantivo (2 Ts 2.3;1 Tm 4.1) e, em Hebreus 3.12, como verbo (grego aphistemi,traduzido “apartar”). O termo grego é definido como decaída,deserção, rebelião, abandono, retirada ou afastar-se daquiloque antes estava ligado.

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a) Apostatar – Significa cortar o relacionamento dacomunhão estabelecida com Cristo, ou apartar-se da uniãovital com Ele e da verdadeira fé nEle. Sendo assim, a apostasiaindividual é possível somente para quem já experimentou asalvação, a regeneração e a renovação pelo Espírito Santo(Lc 8.13; Hb 6.4,5), não é simples negação das doutrinas doNovo Testamento pelos inconversos dentro da igreja visível.A apostasia pode envolver também a apostasia teológica, istoé, a rejeição de todos os ensinos originais de Cristo e dosapóstolos ou alguns deles (1 Tm 4.1; 2 Tm 4.3).

b) A apostasia isolável – Isto é, aquilo que leva o crente a seisolar de Cristo e volta a ser escravo do pecado e da imoralidade(Is 29.13; Mt 23.25-28; Rm 6.15-23; 8.6-13; Hb 10. 26).

c) A Bíblia adverte – A palavra divina adverte fortementequanto à possibilidade da apostasia, visando tanto nos alertardo perigo fatal de abandonar nossa união com Cristo, comopara nos motivar a perseverar na fé e na obediência. O propósitodivino desses trechos bíblicos de advertência não deve serenfraquecido pela ideia que afirma: “as advertências sobre aapostasia são reais, mas a sua possibilidade, não”. Antes,devemos entender que essas advertências são como umarealidade possível durante o nosso viver aqui e devemosconsiderá-las um alerta, se quisermos alcançar a salvação final.Algumas passagens do Novo Testamento que contêm inúmerasadvertências contra a apostasia, são: (Mt 24.4, 5,11-12; Jo 15.1-6; 1 Co 15.12-20; Cl 1.21-23; 1 Tm 4.1,16; 6.10-12; 2 Tm 4.2-5;Hb 2.1-3; 3.6-8, 12-14; 6.4-6; 10.26; Tg 5.19, 20; 2 Pe 1.8-11; 1Jo 2.23-25). Existem vários exemplos onde a apostasiapropriamente dita podem ser encontrados nas seguintespassagens: (Êx 32; 2Rs 17.7-23; Sl 106; Is 1.2-4; Jr 2.1-9; At1.25; Gl 5.4; 1 Tm 1.18-20; 2 Pe 2.1,15, 20-22; Jd vv.4,11-13).

Um cristão, pelo que entendemos, não é capaz de blasfemarcontra o Espírito Santo. Contudo, por falta de cuidado de umaplena comunhão com Deus, ele pode apostatar. Por exemplo:

2. Os pecados chamados de capitais . Alguns(especialmente o pensamento escolástico) querem ligar os sete

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pecados capitais com a apostasia, pois os mesmos sãorelacionados na lista dos pecados imperdoáveis.

a) Sete pecados capitais – Os pecados capitais são divididosem sete principais fontes de atos pecaminosos. Eles sãodescritos assim:

• O orgulho.• A avareza.• A luxúria.• A ira.• A gula.• A inveja.• A preguiça. Os pecados capitais são divididos em sete principais fontes

de atos pecaminosos, conforme já tivemos ocasião dedescrevê-los acima. Eles foram chamados de capitais, segundoeste conceito de classificá-los, porque estes atos temgeralmente sua raiz no orgulho.

b) O pecado venial – O pecado venial, é o que não éconsiderado mortal e, é praticado segundo os teólogos da EraMedieval, por desobediência em matéria leve ou por não terpleno conhecimento. Segundo se crer, o pecado venial, emboraprepara o caminho para o pecado mortal e seja o maior maldepois do pecado mortal, ainda não destrói completamente aamizade da alma com Deus. É uma enfermidade da alma enão a morte. Eles foram chamados de capitais, segundo esteconceito de classificá-los, porque estes atos têm geralmentesua raiz no orgulho. Por esta razão os tais pecados não devemser confrontados com a blasfêmia contra o Espírito Santo,isto é, portanto, o que defendem os teólogos escolásticos.Depois do pecador receber a salvação e passar a viver emsintonia com o pecado. O pensamento geral das Escrituras éque Jesus salva ‘do’ pecado. Diferente do pensamento queacha que Jesus salva ‘no’ pecado. Quando não se nota estadiferença, o cristão pode pouco a pouco regredir até o primeiroestágio da apostasia. Alguns deles são:

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1º. Quando as realidades do mundo chegam a ser maioresdo que as do reino celestial de Deus, o crente deixapaulatinamente de aproximar-se de Deus através de Cristo(Hb 4.16; 7.19, 25; 11.6).

2º. Por causa da aparência enganosa do pecado, a pessoase torna cada vez mais tolerante do pecado na sua própriavida (1 Co 6.9,10; Ef 5.5; Hb 3.13). Já não ama a retidão nemodeia a iniquidade (Hb 1. 9).

3º. Por causa da dureza do seu coração (Hb 3.8,13) e dasua rejeição dos caminhos de Deus (Hb 3.10), não faz caso darepetida voz e repreensão do Espírito Santo (Ef 4.30; 1 Ts5.19-22; Hb 3.7-11).

4º. O Espírito Santo se entristece (Ef 4.30; Hb 3.7, 8); seufogo se extingue (1 Ts 5.19) e seu templo é profanado (1 Co3.16). Finalmente, Ele Se afasta daquele que antes era crente(Jz 16.20; Sl 51.11; Rm 8.13; 1 Co 3.16,17; Hb 3.14).

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I. OS FALSOS PROFETAS

1. Balaão. Neste argumento mostraremos a luz docontexto, várias categorias de falsos líderes políticos ereligiosos. Como também de igual modo, aqueles queprepararão o caminho para o anticristo. O Senhor Jesusadvertiu com veemência sobre a vinda de falsos profetas.Então Ele disse: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas...”(Mt 7. 15a). E mais adiante, Ele diz: “E surgirão muitos falsosprofetas...” (Mt 24. 11a). Também o apóstolo Pedro advertiu aIgreja Cristã do primeiro século, dizendo: “E também houveentre o povo (hebreu) falsos profetas...” (2 Pe 2. 1a). Estesfalsos profetas que se levantaram no Antigo Testamento eaqueles que iriam se levantar durante o período dadispensação da graça, trariam muitas perturbações ao povode Deus, conforme veremos a seguir.

Balaão – de início aparece no cenário profético como vindode Deus. Contudo, levado pela ganância, sua vida e ofícioparecem mudar de configuração. Era filho de um homemchamado Beor ou Bosor (2 Pe 3. 15) e era natural da cidade dePetor, na Mesopotâmia, que está junto ao rio Eufrates (Nm22.5; Dt 23.4). Balaão era o tipo de profeta venal – somenteexercia o Dom de Deus, se alguém lhe pagasse. Ele foi ‘alugado’por Balaque, rei dos moabitas, para vir e amaldiçoar o povo

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de Israel. E ele, desgostoso com isso, procurou colocar tropeçodiante de Israel pelo caminho da sensualidade. Chamado aquide ‘adivinho’ (Js 13.22). Pedro descreve com suas palavras,mostrando os sentimentos entenebrecidos daqueles que seafastaram de Deus, comparando-os a Balaão, o profeta venal(que se pode vender) que não somente errou, mas fez tambémerrar uma boa parte do povo de Deus. Assim diz o apóstolo:“Mas, principalmente aqueles que, segundo a carne, andamem concupiscência de imundícia e desprezam as dominações;atrevidos, obstinados, não receando blasfemar dasdignidades...mas estes, como animais irracionais, que seguema natureza, feitos para serem presos e mortos, blasfemandodo que não entendem, perecerão na sua corrupção, recebendoo galardão da injustiça; pois tais homens têm prazer nosdeleites cotidianos; nódoas são eles e máculas, deleitando-seem seus enganos, quando se banqueteiam convosco, tendoos olhos cheios de adultério, e não cessando de pecar,engodando as almas inconstantes, tendo o coração exercitadona avareza, filhos de maldição; os quais, deixando o caminhodireito, erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de Bosor,que amou o prêmio da injustiça, mas teve a repressão da suatransgressão; o mudo jumento, falando com voz humana,impediu a loucura do profeta”. Outras passagens dasEscrituras tratam também diretamente dessa forma de pecadoe suas diversificadas formas de expressão. Esta figuraduvidosa chamada de Balaão, filho de Beor ou Bosor, causougrandes males ao povo de Deus, em sua caminhada do Egitopara a terra prometida. Agora, séculos depois, ele aparecenovamente nos escritos sagrados do Novo Testamento (2 Pe2.15-16; Jd v.11; Ap 2.14).

a) As características naturais de Balaão são:1º. A “doutrina errada”.2º. O “caminho errado”.3º. A “loucura: pensamento errado”.4º. E “o erro: dum coração errado – inclinado para o erro”.

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b) Os sintomas de Balaão são: qualidades negativas desua vida e na vida daqueles que voluntariamente têm seguidono caminho do erro, são estas:

• Olho mau: malícia.• Espírito orgulhoso: egoísmo.• Alma sensual: imoralidade.• Mente perturbada: loucura.Nas características naturais de Balaão, que acabamos de

descrevê-las acima, todas elas, sem exceção, partem de umcoração ausente de Deus. Pirke Aboth descreve essasqualidades negativas de Balaão, dando o seguinte gráfico:

1º. O seu erro. “O erro de Balaão era que, raciocinandosegundo a moralidade natural, e assim vendo em Israel, elesupôs que Deus Justo teria de amaldiçoá-los. Era cego paracom a moralidade da cruz de Cristo, mediante a qual Deusmantém e reforça a autoridade (...) de tal modo que vem a serjusto e justificado do pecador arrependido que olha para Cristo”.

2º. O seu caminho. No tocante ao caminho de Balaão, diz omesmo autor: “Balaão foi o típico profeta alugado, ansiosoapenas por mercadejar com o dom de Deus. Este é o “caminhode Balaão”. Ele significa “o caminho do engano e da cobiça”.

3º. A sua doutrina. E no tocante a “doutrina de Balaão”,no texto de Apocalipse 2.14, Dr. I. C. Scofield comenta daseguinte maneira: “Era o seu ensino a Balaque, rei dosmoabitas, corromper o povo israelita, o qual não podia seramaldiçoado (Nm 31.15-16), tentando-os a se casaremilicitamente com mulheres moabitas, contaminando assim seuestado de separação e abandonando seu caráter de peregrinos(Nm 22, 23, 24, 31)”.

4º. A sua “loucura” foi seduzir o povo de Deus para queeste se prostituísse e isso, em Israel, e perante os olhos divinos,era considerado como sendo “loucura” (2 Sm 13.12-13).

2. Um profeta velho de Betel. Este profeta velho quemorava em Betel, durante o reinado de Jeroboão, usou o

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prestígio e o dom para enganar ao homem de Deus. Quandoo profeta do Senhor lhe explicou sua missão e sua mensagem.Ele o persuadiu com a seguinte mensagem: “E ele disse:Também eu sou profeta como tu, e um anjo me falou pelapalavra do Senhor, dizendo: Faze-o voltar contigo a tua casa,para que coma pão e beba água. (Porém mentiu-lhe)”. Esteprofeta que já se encontrava aposentado (tecnicamentefalando), não tinha sido e nem era um falso profeta. Mas avontade de aparecer e exercer liderança, o levou a este erro ede fazer errar fatalmente o homem de Deus – levando-o àmorte (1 Rs 13. 11-24). Este homem de Deus, bem poderia terjulgado a profecia do profeta velho (1 Co 14. 29; 1 Ts 5. 20-21), mas confiou na sua idade. Ele teria discernido que Deusnão se contradiz. O que Deus fala aqui – Ele mantém ali. Elemesmo diz: “Porque eu, o Senhor, não mudo” (Ml 3. 6). Oséiascompara um profeta descuidado como sendo ‘um laço decaçador’ (Os 9. 8). Este, portanto, foi um verdadeiro laço contraa missão e vida daquele que Deus usara, para realizar tãogrande façanha!

3. Os profetas da corte acabiana. Os profetas que aquiestão em foco, parece se dividirem em três grupos:

a) Os profetas de Baal – O título de Baal com o significadogeral de Senhor, Deus protetor, era dado a vários deuses equalificado ainda por vários nomes conforme veremos a seguir.Por exemplo: quando se usava a terminologia: Baal-Peor (odeus da montanha de Peor), torna-se termo designativo comoo deus lá de cima ou mesmo o deus superior. Merodaque eraportanto o Baal da Babilônia. Tais divindades se tornam tãoinfluentes em Israel, que chegaram a assumir váriossignificados e aplicações tais como:

1º. Referindo-se a lugares. Baal-Zefom (Êx 14. 2); Baal-Gade (Js 13. 5); Bamote-Baal (Js 13. 17); Bete-Baal-Meom (Js13. 17); Quiriate-Baal (Js 15. 60); Jeru-baal (Jz 7. 32); Baal-Berite (Jz 9. 4); Baal-Tamar (Jz 20. 33); Baal-Perazim (2 Sm 5.20); Baal-Meom (1 Cr 5. 8); Baal-Hermom (1 Cr 5. 23); Baal-Hamom (Ct 8.11).

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2º. Referindo-se a pessoas. Baal (1 Cr 8. 30); Es-Baal (1 Cr8. 33); Meribe-Baal (1 Cr 8. 34); Baal-Hanã (1 Rs 1. 49).

3º. Referindo-se ao deus dos cananeus. Baal era o singulare os baalins o plural. Entre os quais existiam deuses e deusas.El e Baal eram os deuses reais do panteão cananeu.Posteriormente, seu lugar foi tomado com a chegada do povoeleito, pelo Deus de Israel. Contudo, houve certasdiferenciações. El era o mito cananeu, El criou o mundo(ninguém sabe qual mundo), ao passo que Baal deu aquelemundo fecundidade e estático, absorto em si próprio, distante,inacessível, ao passo que Baal era mais dinâmico, ativo,presente. Segundo vida sempre novas, renovadas. El era odeus distante; Baal, o deus próximo. Havia o Baal-Zebube,deus de Ecrom, que era invocado pela nobreza (2 Rs 1. 2). Osmitos e costumes descritos em alguns achados arqueológicos,falam dos mais horrendos barbarismo, transbordam de cultosmágicos, de uma sensualidade torpe, primitiva e grosseira, adeuses e semideuses. Tinham particular significação os ritosrelacionados com as deusas da fecundidade. Os povos antigosde Canaã “...não se importaram de ter conhecimento de Deus,assim Deus os entregou a um sentimento perverso, parafazerem coisas que não convêm”. De acordo com Fílon deBíblos, sábio fenício, que viveu cem anos a.C. e, posteriormenteEusébio, Bispo de Cesaréia, descrevem que o deus El ocupavao primeiro lugar sobre os baalins de Canaã. Sua esposa eraAchira, deusa também citada na Bíblia. Ele casou com suastrês irmãs, uma das quais era Astarote. Fílon informa que Elnão só matou seu irmão, mas também o próprio filho; cortoua cabeça da sua filha; castrou seu pai e a si próprio e obrigouseus companheiros a fazerem o mesmo. A ordem de Deus paracom Israel, era que entrando em Canaã, destruísse todos osseus habitantes. Se isso tivesse feito Israel, quando ali chegou,toda esta grosseira idolatria teria sido aniquilada. Mas, o povoeleito não o fez. Pelo contrário, “...deixaram ao Senhor, eserviram a Baal e a Astarote” (Jz 2. 13). O culto da deusa dafertilidade, tornou-se algo cotidiano na vida dos cananeus. A

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de que em cada umas casas havia uma cova tumular, onde oshabitantes de Ugarit depositavam seus mortos. Tubos debarro de formas estranhas penetravam nas profundezas. Alieram colocados: vinho e azeite, carne e sangue de animaissacrificados aos mortos. Depois, estes foram substituídos porcrianças indefesas que eram assassinadas sem misericórdiaem nome desta ou daquela divindade. Nos ritos das deusasda fertilidade, a mandrágora representava um grande papel.Os antigos cananeus e fenícios atribuíam à carnuda raizpropriedades afrodisíacas. Segundo eles, tinha a faculdadede provocar amor e de curar a esterilidade. Esta crença foiabsorvida pela família de Jacó. Raquel, a esposa mais jovemde Jacó, sendo estéril, negociou com sua irmã Léia, uma visitade Jacó à sua tenda, em troca das mandrágoras de Ruben,filho de Léia (Gn 30. 16).

b) Os profetas de Azera – Asera. Esta fazia parte dopanteão cananeu. Não era figura de uma pessoa – era umaárvore considerada sagrada, que crescia perto do altar, quemuitas vezes era edificado em um bosque, plantado em umlugar alto. Durante seu governo, para agradar a Jezabel,Acabe plantou um bosque, contrariando, assim, a vontadedo Senhor que proibia tal prática com finalidade idolátrica (1Rs 16. 33), quando advertiu, dizendo: “Não plantarás nenhumbosque de árvores junto ao altar do Senhor teu Deus, quefizeres para ti” (Dt 16. 21). Alguns acreditavam que adivindade estivesse presente na Asera, foi aceita como deusa,e identificou-se com Astarote, deusa fenícia (Ashtart),reconhecida tanto como deusa da guerra e destruição comode amor e vida. Um outro nome que aparece é a “árvore dejustiça” (Is 61. 3), referindo-se aos “tristes de Sião”, quemediante a operação divina, a tristeza seria substituída pelaalegria. A árvore de justiça, portanto, nesse caso, representavauma nova vida cheio das bênçãos do Senhor. Alguns têmsustentado que no passado haviam árvores com estes nomes.A árvore verde era tomada como símbolo da fertilidade, emcuja a sombra o povo se prostituía, tanto no sentido religioso

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como no sentido do adultério (Sl 37. 35). Com efeito, porém,nenhuma dessas árvores acima mencionadas, fazem parteda árvore da vida ou da árvore do bem e do mal. Aquelas,eram sem dúvida, diferentes das que o povo venerava nopassado e das que conhecemos agora.

c) Os profetas de Zedequias, filho de Quenaaná – EsteZedequias que aparece aqui ao lado de um grupo de falsosprofetas que, através de sua orientação estavam induzindoAcabe para ir a guerra. Indica que ele era o chefe desse grupo.“Então rei de Israel ajuntou os profetas até quase quatrocentoshomens...e todos os profetas profetizavam na sua presença.E Zedequias, filho de Quenaaná, fez para si uns chifres deferro, e disse: Assim diz o Senhor; Com estes ferirás aos sírios,até de todo os consumir. E todos os profetas profetizavamassim” (1 Rs 22. 6, 10-12). Os profetas de Baal e de Asera,foram destruídos pelo profeta Elias. Mas aqui, surge derepente outro grupo de quase quatrocentos homens. Todos,porém, fracassaram fragorosamente diante da autoridade deum verdadeiro profeta do Senhor – chamado Micaías.

4. Noadias . “Lembra-te, meu Deus, de Tobias e deSambalate, conforme a estas suas obras, e também daprofetisa Noadias, e dos mais profetas que procuravamatemorizar-me” (Ne 6.14). O objetivo de Noadias e dos demaisprofetas que tinham sido alugados por Sambalate e toda asua equipe não tinha, como alvo principal, juntar um grupoem torno de si, como sempre procuravam fazer os falsoslíderes religiosos do engano. Aqui, porém, o alvo principalera o enfraquecimento no entusiasmo do povo de Deus e, pormeio dele, fazer cessar a obra que caminhavavertiginosamente. Todavia, com a conclusão do muro aos“vinte e cinco de Elul, em cinquenta e dois dias (...) os inimigos,temeram (...) e se abateram muito em seus olhos, porquereconheceram que (...) Deus fizera esta obra” (Ne 6.15-16). Amaneira mais viável e necessária que o povo de Deus sejalivre de falsos profetas e de enganadores é pedir ao Senhor oDom do discernimento, isto é, poder para discernir os espíritos.

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Neemias, quando foi convidado por Delaías, o filho deMeetabel, para que, juntos, fossem se trancar no Templo deDeus, alegando ele (Delaías) que, naquela mesma noite, osinimigos de Neemias lhe matariam, tudo parecia crer que estevaticínio tinha vindo de Deus e era verdadeiro. Contudo,Neemias não se deixou intimidar. Ele se encontrava cercadode todos os lados de inimigos poderosos que, a todo custo,queriam a sua morte. A promessa de proteção para quem seencontrava ameaçado de morte era mais que importantenaquele momento. Mas o grande homem de Deus que seencontrava à texto do governo daquela gente, que há poucotinha vindo do cativeiro, foi capacitado por Deus com o poderde discernimento e, em resposta, disse: “Um homem como eufugiria? E quem há, como eu, que entre no templo e viva? Demaneira nenhum entrarei. E conheci que eis que não era Deusquem enviara, mas esta profecia falou contra mim, porquantoTobias e Sambalate o subornaram” (Ne 6.10-12).

5. Hananias. O falso profeta Hananias é uma figura poucoconhecida nas Escrituras. Contudo, ele aparece no tempo emque Nabucodonosor tinha cercado a cidade de Jerusalém, como intuito de desfazer as palavras que Jeremias tinha recebidodo Senhor, para falar aos filhos de Israel. Sua mensagem e deseus colegas era esta: “Não servireis ao rei de Babilônia”,opondo-se, portanto, à verdadeira mensagem que Jeremiastinha recebido do Senhor e transmitido para o povo. Ela diziaassim: “Se voluntariamente saíres aos príncipes do rei deBabilônia, então viverá a tua alma, e esta cidade não sequeimará a fogo, e viverás tu e a tua casa. Mas, se não saíresaos príncipes do rei de Babilônia, então será entregue estacidade na mão dos caldeus, e eles a queimarão a fogo, e tunão escaparás da mão deles”(Jr 38.17-18). O resultado dovaticínio de Hananias foi o contrário de tudo aquilo que Deustinha falado por boca de Jeremias. Ele morreu no ano, nosétimo mês e Nabucodonosor veio, destruiu o Templo equeimou a cidade a fogo e levou o povo cativo. Assim, portanto,suas predições não tiveram nenhum cumprimento, visto quenão procediam da parte do Senhor Deus de Israel (Jr 28.17).

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6. Elimas, o encantador. Elimas, da Ilha de Pafos era ummágico e encantador. Contudo, aparece também no textodivino, como sendo ‘um falso profeta’. Isso nos leva a entenderque exercia as duas profissões ao mesmo, dependendo apenasda conveniência e do lucro que ele se apresentava. “E,havendo atravessado a ilha até Pafos, acharam um certo judeumágico, falso profeta, chamado Bar-Jesus” (At 13.6). Muitasvezes estes encantadores exerciam suas mágicas em formade profecia, que partia diretamente dum demônio (1 Tm 4. 1).Significa “murmuradores de palavras”, de onde vem“esconjurar, exorcizar”. Eram encantadores que usavamfórmulas mágicas, atuados por espíritos enganadores. O livrode Atos registra alguns episódios marcantes com respeito àatuação destes poderes das trevas, exercidos por pessoas quese tornaram escravas de Satanás. Simão, na cidade deSamaria (At – 8); Elimas, na ilha de Pafos (At 13.6-11); osfilhos de Ceva, judeu (At 19.13-16) e, finalmente, na cidadede Éfeso, envolvendo um grande número de outras pessoas(At 19.17-19). A finalidade do grande inimigo de Deus e doshomens é disseminar sua erva daninha em qualquer coraçãoque se encontra vazio da graça divina. A influência do poderdas trevas em sua extensão tem marcado sua presença emtodos os segmentos da sociedade. Algumas destas influênciassão apresentadas diante dos olhos dos homens de forma cruele agressiva (como na magia negra e tudo aquilo que elarepresenta) – outras de maneira mais inofensiva(aparentemente). Todos eles, se têm feito anticristo e os muitosanticristos como declara a palavra divina – “Também agoramuitos se têm feito anticristos” (1 Jo 2.18). Esta expressão,que aqui está em foco, é quase idêntica àquela que se encontraem 4.3, da 1 epístola de João, que fala do “espírito doanticristo” O anticristo e os muitos anticristos e o espírito doanticristo são distintos nas ações, mas, pertencem todos àmesma origem. O que caracteriza a todos eles é a negação daencarnação do Verbo (a palavra), o Filho eterno, Jesus, comoCristo (Mt 1.16; Jo 1.1). Os “muitos anticristos” precedem epreparam o caminho para o anticristo, que é a besta que “subiu

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do mar”. O anticristo e o espírito do anticristo. Em 1 João 2.18,fala-se do anticristo e de muitos que se fizeram anticristos. Eainda, em 4.3, de “o espírito do anticristo”. O “espírito doanticristo” deve ser distinguido de “o anticristo” e de “muitosanticristos”, embora todos procedam da mesma fonte. “O espíritodo anticristo”, em sentido amplo, já se encontra operando nomundo, procurando enfraquecer, negar e rejeitar a verdadesobre a pessoa de Jesus Cristo. “A distinção, assim, é clara, o“espírito do anticristo” instrui aos “muitos que se fizeramanticristos”, a negarem que exista um Cristo. Enquanto que opróprio anticristo afirma ser ele “o próprio Cristo”.

Os magos e encantadores, destacando-se também entreeles os feiticeiros, procuravam explorar mais o pensamentogentílico mundial. A razão disso é que as mentes destas gentesse encontram bem distantes da Lei do Senhor e da fé em Jesus.Paulo lembra aos cristãos de Éfeso que a situação do mundogentílico era tenebrosa e rejeitada aos olhos de Deus. Eledisse:”...naquele tempo estáveis sem Cristo, separados dacomunidade de Israel, e estranhos aos concertos da promessa,não tendo esperança, e sem Deus no mundo” (Ef 2.12b).Aquela cidade sem Deus, conforme diz aqui o apóstolo, tornou-se um campo fértil para que nele o inimigo semeasse toda aespécie de semente do mal. Mas o diabo não age só. Ele contacom seus agentes cujas mentes se tornaram escravas da suavontade. Por esta razão, nos grandes impérios do passado enos grandes seguimentos das sociedades modernas, eles agemnas mentes e nos corações de certos governantes – obrigando-os a fazerem a sua vontade. Contudo, naquela cidade, Deusoperou de forma eficaz – trazendo aquela gente uma libertaçãonotória. De sorte que, “...muitos dos que seguiam artesmágicas trouxeram os seus livros e os queimaram napresença de todos e, feito a conta do seu preço, acharam quemontava a cinquenta mil peças de prata” (At 19. 19b).

7. Jezabel, de Tiatira. “Mas tenho contra ti que tolerasJezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar osmeus servos...” (Ap 2. 20a). As Escrituras apresenta duas

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mulheres com este nome: uma no AT e a outra no NT. Voltandonossa atenção para o Antigo Testamento, encontramos aliuma rainha com este nome, ela era “...Jezabel, filha de Etbaal,rei dos sidônios” (1 Rs 16.31). Ela enganou o povo de Israel aservir a Baal, um ídolo do paganismo, em detrimento de suafé no verdadeiro Deus de Israel. Agora aqui, no texto em foco,aparece também uma outra mulher com este mesmo nome.Ela se diz profetisa. Através de sua falsa atuação, por meiodaquilo que era chamada de ‘profecia’, ela procuravapersuadir os filhos de Deus a se afastarem dos seuscaminhos. O próprio Jesus denunciou-a, dizendo que a missãoprimordial de Jezabel ali, na igreja de Tiatira, era “ensinar eenganar os Meus servos, para que se prostituam e comamdos sacrifícios da idolatria” (Ap 2.20). Embora muitos queiramopinar que a Jezabel de Tiatira representava uma seitagnóstica, ela parece ser uma pessoa e não tão somente umaseita. A passagem fala claramente de uma pessoa, pelo usodo pronome “ela”. Em inglês, o pronome “he” é usado somentepara pessoas (embora do sexo masculino). Devemos ter issoem mente para compreensão do significado do pensamento,pois, em português, “ela” é usado tanto para pessoas comopara animais e outras coisas. Seja qual for o sentido que elaaqui represente, sua missão sombria era o engano e, por meiodele, levar o povo de Deus ao enfraquecimento espiritual,afastando-o daquela perfeita fé em Jesus.

8. O falso profeta do anticristo. O título de ‘falso profeta’não aparece de imediato aqui, quando fala da segunda besta(Ap 13. 11). Mas depois sim (Ap 16. 13; 19. 20; 20. 10). Apalavra grega “therion” que é empregada para indicar aprimeira besta, é exatamente a mesma palavra empregadapara descrever a segunda Besta que “subiu da terra”. O fatode a mesma ter “dois chifres” semelhante de um Cordeiro,representa simuladamente um aspecto de docilidade emansidão, porém, essa forma sutil de engano logo serádesmentida porque seu falar a denuncia – é a voz do dragão.Em outra significação do pensamento, o chifre é símbolo de

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poder físico, moral ou real, e os dois chifres da besta nestasecção representam a combinação de rei e profeta. Esses “doischifres” também podem falar do poder combinado de regiõesnaturais (Israel: centro religioso e Roma: centro político). Suaautoridade abrange 2 reinos (religioso e político).

II. OS FALSOS MESSIAS

1. Judas, o Galileu. Antes mesmo da vinda do Messiasverdadeiro, Jesus Cristo, o Ungido do Senhor, alguns játinham se intitulado de “o Messias”. Com efeito, porém, foidepois do nascimento de Cristo, quando a notícia de suaexistência humanizada entre os homens se propagou, quecomeçaram a surgir aqui e acolá pessoas que arrogavam parasi este título. Veremos, aqui, portanto, no decorrer da História,alguns destes falsos messias, começando com Judas, o Galileu.“Depois deste (Teudas) levantou-se Judas, o galileu, nos diasdo alistamento, e levou muito povo após si, mas também estepereceu, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos”(At 5.37). Josefo parece ligar o ‘alistamento’ que aqui está emfoco com o ‘alistamento’ ordenado por César Augusto, quandoCirênio era presidente da Síria (Lc 2.1-2). O que causa aquium pouco de dificuldade no tocante a Judas, o galileu e Teudas,é a cronologia do tempo, visto que a expressão usada porGamaliel, dar a entender que Teudas foi antes de Judas e nãodepois. Contudo, Josefo fala, em suas Antiguidades, queJudas, o galileu, liderou esta revolta no ano 6 d.C. Ele diz que,nessa época do alistamento, se levantou um certo Judas, dacidade Gamala, ajudado por um fariseu de nome Sadoque, eincitou o povo a se rebelar, dizendo que o alistamento (censo)não era que uma manifesta declaração de que os queriamreduzir à escravidão e, para exortá-los a manter sua liberdade,ele lhes disse que, se o resultado de sua revolta fosse feliz,eles gozariam de grandes privilégios e glórias, como tambémseus bens não seriam confiscados pelo Império Romano. Opovo ficou tão impressionado com estas palavras que

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imediatamente se preparou para a rebelião. A vaidade quetiveram Judas e Sadoque de fundar uma quarta seita e atrairpara eles todos os que queriam as perturbações e a agitaçãofoi a causa de tão grande mal. Alguns historiadores têmpensado que o ódio dos imperadores romanos contra osjudeus, e um dos motivos principais que abriu caminho paraa destruição de Jerusalém no ano 70 d.C., se originou destainsurreição de Judas, o galileu. Judas perturbou toda a Judéiae lançou a semente de tantos males, como a criação dumaseita que, posteriormente, foi chamada de ‘partido dos zelotes’.Judas e o seu consorte eram assassinos e latrocidas,saqueavam e roubavam tanto a amigos indiferentes, como ainimigos. Matava-se pelo desejo de enriquecer as pessoas maisilustres e ricas. Nem ele nem sua seita prosperaram. Ele teveum final infeliz. Segundo o doutor Gamaliel, ele pereceu etodos os que lhe seguiam foram dispersos (At 5.37). É possívelque Judas de Gamala tivesse procurado ser uma imitação deJudas, o Macabeu. Vários de seus descendentes lutaram pelaliberdade do povo judeu. Seus filhos, Simão e Jacó, tornaram-se participantes de atividades contrárias ao Império Romanoe, por ordem deste, morreram crucificados por volta de 47d.C.

2. Teudas. “Porque, antes destes dias, levantou-se Teudas,dizendo ser alguém e este se ajuntou o número de unsquatrocentos homens; o qual foi morto, e todos os que lhederam ouvidos foram dispersos e reduzidos a nada” (At 5.36).De acordo com informações históricas, Teudas autoproclamou-se messias no ano 44 d.C. Tendo-se na conta de profeta natradição de Moisés, conduziu muitos de seus seguidores atéas margens do Jordão com a promessa de que ali demonstrariaseus poderes proféticos dividindo as águas, a fim de fazê-losatravessar para a outra margem sem que se molhassem, assimcomo Moisés havia feito com seus ancestrais no Mar Vermelho.Pressentindo o perigo, o procurador romano enviou cavaleirosem seu encalço. Muitos foram mortos, e os que sobreviveramforam aprisionados. O próprio Teudas foi crucificado – era a

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forma romana usual de executar os criminosos, assim comoa decapitação.

3. O egípcio. “Não és tu porventura aquele egípcio que,antes destes dias, fez uma sedição e levou ao deserto quatromil salteadores?” (At 21.38). Este egípcio que aqui está emfoco surgiu entre os anos de 55 e 60 d.C. Seu aparecimentofoi repentino e o mesmo se intitulou como sendo um misteriosomessias. Foi descrito como sendo um guerreiro habilidoso,seu nome era Benjamin, e de nacionalidade egípcia. Elereacendeu a chama da revolta no povo e se proclamou a simesmo o ‘Messias’, isto é, “o Ungido do Senhor”. Conseguiujuntar, em torno de si, trinta mil seguidores combativos, quereuniu no monte das Oliveiras em Jerusalém e lhes anunciouque, com os poderes que Deus lhe havia dado, faria com queas paredes da cidade ruíssem, assim como Josué havia feitocom as muralhas de Jericó, e então entraria na cidade santaem triunfo. De acordo com Josefo, o falso profeta egípciofascinou tanto o povo que chegou a reunir perto de trinta milhomens. Levou-os para o monte das Oliveiras, e,acompanhado por algumas pessoas que confiavam nele,marchou contra Jerusalém, com o fim de expulsar de lá osromanos e de se apossar da cidade e lá estabelecer o seu trono.Aparentemente, porém, ele não calculou a possibilidade de oprocurador Felix marchar contra ele com suas legiões, comona realidade aconteceu. Muitos de seus seguidores deBenjamin foram mortos. Mas ele mesmo conseguiu fugir,levando consigo ‘quatro mil salteadores’. O tribuno da coorteachou que Paulo que já se encontrava preso e algemado, eraaquele egípcio que, no momento, era um dos homens maisprocurados do mundo. Quando Paulo falou para ele na línguagrega, o tribuno ficou atônito e lhe perguntou: “Sabes ogrego? Não és tu aquele egípcio que, antes destes dias, fezuma sedição e levou ao deserto quatro mil salteadores?”. Nocampo jurídico, isso se chama ‘erro de identificação’ – confundirum homem bom e representante do bem com um homem ruime representante do mal. Paulo, então, sem mais delonga, fala

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agora em hebraico, dirigindo-se à multidão e à soldadesca,que não era aquele homem tão procurado pelas autoridadesdo Império Romano e disse: “Na verdade que sou um homemjudeu, cidadão de Tarso, cidade não pouco célebre naCilícia...”(At 21.39). Com este esclarecimento, Paulo fezsilenciar a multidão enfurecida e mudar a atitude do própriocomandante.

4. Menachem . (três anos antes da destruição deJerusalém), surgiu um novo messias. Chamava-se Menachem,e era filho (neto?) de Judas, o galileu. Também ele se proclamoucomo sendo o ‘Messias’ e organizou seus seguidores zelotesnum ataque de surpresa bem sucedido à importante fortalezade Massada. Menachem chegou a capturar a fortaleza e,apossando-se de armas naquele local, amou seus homens emarchou sobre Jerusalém, capturando a fortaleza de Antôniadas mãos da guarnição que a defendia. Este falso messiastambém fracassou e seus seguidores foram reduzidos a nada,como tinha acontecido 61 antes com seu avô Judas, o galileu.

5. Bar Kochba. Seu verdadeiro nome era Shimon BarKosiba. A última figura dessa categoria foi a de Simão BarKochba, que organizou a rebelião contra o Imperador Adrianoem 123-135 d.C. A revolta havia sido provocada pelos decretosimperiais, elaboradas com o objetivo de quebrar a unidade dosjudeus como povo e como entidade religiosa. Foi Akiva benJosé, o mais influente de todos os Sábios Rabínicos, quemsaudou Bar Kochba como o Messias. Baseou seureconhecimento nos versos das Escrituras: “Surgirá uma estrela[Bar Kochba significa “filho de uma Estrela”] provinda de Jacob,e um cetro se elevará de Israel, e atacará pela direção de Moab.”O pronunciamento ardente de Akiva provocou a seguinteresposta zombeteira de seu cético colega rabino Johanan bemTorta: “Ó Akiva! Antes que o filho de David apareça, a gramabrotará em tuas faces!”. Durante três anos sustentou a lutacontra Roma, com uma perda considerável de vidas judaicas– 580.000 foram mortos nas batalhas, e isto além de muitosmilhares mais que morreram de peste ou inanição. Quando

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tudo terminou, o historiador romano Dio Cassio comentoulaconicamente: “Toda a Judéia se transformou quase numdeserto.” A fortaleza de Betar, o último baluarte da rebelião,caiu em 135, e Bar Kochba ali pereceu. Com o fracasso darevolta e a morte trágica de Bar Kochba, os rabinos chegaramigualmente à conclusão de que Bar Kochba fora um falsomessias e, por isso, lhe mudaram o nome para Bar Koziba, ou“filho da mentira”.

6. David Alroy. Em 1117, outro “Messias” revelou-se aosjudeus em Córdova, e outro ainda o fez cerca de uma décadamais tarde. De todos esses salvadores, porém – fossem elesvisionários iludidos ou simplesmente aventureiros – o primeiroa prender a atenção generalizada dos judeus foi David Alroy.Nascido no Curdistão, na Pérsia, proclamou-se como o Messiasem torno de 1160. Assegurou a seus seguidores que Deus ohavia enviado para libertar os judeus do jugo do Islame epara levar a efeito a sua volta à terra de seus antepassados.Reuniu um exército indefinido, que foi logo esmagado naprimeira refrega. Afinal, Alroy fugiu, mas foi assassinado certanoite enquanto dormia. Depois deste, apareceram no Iêmenvários falsos rumores de que alguns judeus se diziam ser o“messias”. Os imaginativos judeus do Iêmen eramespecialmente sensíveis à febre messiânica. Vez por outraapareciam entre eles visionários alucinados, que seanunciavam como “o Messias” ou seu “prenunciador”. Osjudeus iemenitas seguiam-nos entusiasticamente, semhesitação. Quando a atenção de Maimônides foi atraída parao aparecimento, em 1172, no Iêmen, de um precursor ouarauto de Messias, manifestou-se, com seu bom sensocaracterístico, em sua famosa “Carta ao Iêmen”. Ridicularizoutodas as especulações messiânicas, qualificando-as de fúteise irracionais, e os pretensos Messias como charlatães ouloucos. Vinte anos mais tarde, em resposta a uma indagaçãosobre o assunto, feita pelos judeus de Marselha, deu-lhes asua opinião de que “o pobre homem, embora parecesse estarbem e ser temente a Deus, era louco e totalmente ignorante.Tudo o que ele dizia ou fazia era mentira ou ilusão”.

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7. Moisés de Creta. A derrota da guerra de Bar Kochba foium desastre que afetou negativamente o surgimento deMessias nos séculos seguintes. No entanto, a esperançapemaneceu. De acordo com um cálculo baseado no Talmude,o Messias seria esperado em 440. Esta expectativa, em ligaçãocom os distúrbios no Império Romano em face das invasões,podem ter levado a incentivar o Messias que apareceu nestaépoca em Creta e que angariou o apoio da população judaicapara o seu movimento. Ele denominou-se Moisés e prometeuliderar o seu povo, como o antigo Moisés, levando o seu povode volta à Palestina, atravessando o mar. Os seus seguidores,convencidos por ele, deixaram as suas possessões e esperarampelo dia prometido, quando sob o seu comando, muitos selançaram para o mar, alguns morreram, outros foram salvos.O pseudo-messias desapareceu sem rastro.

8. Abraão Abulafia. O ardor com que a esotérica Cabala,combinando a linguagem judaica bíblica e a ética com oocultismo primitivo e a magia numerológica, era estudada naIdade Média, só fez acrescentar um ingrediente intoxicante àquestão messiânica. O primeiro de uma série de “Messias”cabalísticos foi Abraão Abulafia, que se destacou na últimaparte do século XIII. Ele atraiu a atenção pública pela primeiravez quando declarou sua intenção de visitar o Papa Nicolau IIem Roma para convertê-lo à religião judaica por meio de seussecretos poderes cabalísticos. Quando as autoridades daIgreja, em Roma, tomaram conhecimento de seus planos,lançaram-no a um calabouço. Tido como insano, foi finalmentelibertado, para ressurgir em Messina, na Sicília, onde maisuma vez se apresentou como “o Messias”; disse ali que Deushavia lhe falado “cara a cara”, assim como Ele havia falado aMoisés. Embora encontrasse muitos adeptos entre osignorantes e os emocionalmente instáveis, foi publicamentequalificado de charlatão por Salomão Ibn Adret, umimportante rabino da época.

9. Nissim ben Abraão. Poucos anos mais tarde, em 1295,outro cabalista, Nissim ben Abraão, apresentou-se como sendo

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“o Messias” em Ávila, na Espanha. Fixou o último dia do mêsde Tamuz daquele ano como a data em que seria iniciada aera messiânica. Todos os que acreditavam nele começaram ajejuar; desfizeram-se de suas posses e de seu dinheiro, eesperaram impacientemente pela chegada do dia apocalíptico.Impostor e mercenário, foi eventualmente desmascarado edesapareceu prudente e sorrateiramente. Amargamentedesiludidos, muitos de seus seguidores tornaram-se cristãos.

10. Asher Lãmmlein. Esse incidente foi repetido, numaescala muito maior, em 1502, na Alemanha. Ali o cabalistaAsher Lämmlein assumiu o papel de Elias, o prenunciador doMessias. Declarou em 1502 que aquele seria o ano em que oSalvador apareceria. A inevitável desilusão que isto causou,resultou, mais uma vez, em inúmeros casos de abandono dafé e consequente conversão.

11. David Reuveni. Uma geração mais tarde, os cabalistasmísticos, por meio de seus cálculos numerológicos, chegaram,com absoluta certeza, à conclusão que a era messiânica estavapara se iniciar. Como que, por coincidência, no ano de 1528,apareceu subitamente no Oriente um suposto “príncipe”, deaspecto romântico, de nome David Reuveni. Dizia ele ter vindocomo embaixador plenipotenciário e extraordinário de seuirmão José, o governante do reino judeu de Khaibar, na Arábia.Fez, subsequentemente, uma série de aparições sensacionaisnas cortes reais da Europa. Em nome dos judeus de Khaibar,propôs separadamente ao Papa em Roma, ao imperador CarlosV, e ao rei João III de Portugal, uma aliança militar contra osTurcos. A própria teatralidade de seu aparecimento emPortugal, apoiado na recomendação entusiástica do Papa,provocou o mais vivo interesse entre os milhares de marranosou cristãos novos, que, por medo à Inquisição, vinhamescondendo sua lealdade para com o judaísmo sob um falsocatolicismo. Era uma esperança de socorro através de umaintervenção divina que os incitava, em seu desespero porcausa de seus sofrimentos e sentimentos religiosos, a acorrera Reuveni e a proclamá-lo “o Messias”. O líder desse

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“reconhecimento messiânico” entre os judeus marranos dePortugal foi o brilhante, porém mentalmente desequilibrado,jovem intelectual, Diego Pires (1500-32), que, sob o nome deSalomão Molcho, havia voltado abertamente para o seio dopovo judeu, a despeito dos perigos, e se havia tornado adeptoda Cabala “prática”. Era óbvio que Reuveni não tinhaqualquer intenção de fazer o papel de Messias, elecompreendeu muito bem o perigo mortal em que isto ocolocaria – bem como a todos os marranos – caso a SantaInquisição da Igreja viesse a tomar conhecimento de suapretensão. Apesar, porém, da veemência com que negava ser“o Messias”, o obcecado Molcho e seus seguidores marranosnão o deixavam de mão. O furor que esse caso suscitou,resultou, finalmente, na prisão de Molcho e de Reuveni. Oprimeiro foi queimado vivo por ordem de Carlos V em Mântua.Do destino dado ao segundo não se têm notícias.

12. Shabetai. A Idade Média foi uma época de atraso e deestagnação intelectual para os judeus da Europa – fechadosem guetos, doutrinados desde a infância com as lendas doMessias, e ensinados a “reconhecer” todos os “sinais” – todasas “dores do parto” do Mashiach (Messias) e da Redenção.Nessas circunstâncias desesperadoras, não era de espantarque outro “Messias” auto-imposto tivesse surgido em respostaao clamor dos judeus perplexos, necessitados de ajuda divinaimediata. Esse “Redentor”, possuidor de uma personalidademagnética, era um jovem de vinte e um anos, e seu nome eraShabetai Tzevi (em iídiche: Shabsai Tzvi; 1626-76). Ele haviaestudado a Cabala em sua cidade natal de Izmir (Esmirna) eera grande conhecedor de todos os aspectos da culturaesotérica messiânica. Com suprema autoconfiança,apresentou-se em 1648, como sendo o “Messias ben David”.A Assembléia Rabínica de Esmirna, horrorizada pelaspretensões “blasfemas” que ele evidenciava, exarou contraele a mais severa das excomunhões e ordenou queabandonasse imediatamente a cidade. Mas a simplesanunciação de Shabetai de que ele era o “Mashiach”

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desencadeou uma histeria religiosa sem paralelo na história,histeria essa que contagiou todos os elementos dos atrasadosguetos da Europa. Essa excitação popular foi intensificadaquando Shabetai Tzevi teve suas pretensões defendidas porNatan de Gaza. Era uma ativo iniciado na Cabala, que se haviaerigido em “prenunciador do Messias” – o papel atribuído pelalenda e pela tradição ao profeta Elias. Natan escreveupronunciamentos eloquentes e publicou manifestos de teorprofético que enviou a todas as comunidades judaicas daEuropa, do Oriente Próximo, e do norte da África. Exortou osjudeus de toda parte a confessarem os seus pecados, a fazerempenitência, e a se prepararem para a chegada do Reino deDeus renunciando aos bens corruptores do mundo. Onde querque fosse, Shabetai atraía grandes multidões de homens emulheres histéricos reunidos para lhe prestar homenagemcomo “o ungido do Senhor”. Acenando com palmas e ramosde murta (assim também os seguidores de Jesus haviamsaudado a sua entrada em Jerusalém), recebiam-no por todaa parte com o grito de “Salve nosso rei Messias!”. Essa loucurase espalhou como um incêndio na floresta. Milhares de adeptosdevotos – tanto ashkenazim quanto sefaradim, como tambémjudeus orientais – acorreram ao chamado messiânico deShabetai. Delegações agitadas chegavam de países distantescom mensagens de admiração e presentes valiosos para “oRedentor”. Comunidades inteiras começaram a se prepararpara o advento da era messiânica quando Shabetai Tzeviprometeu que os conduziria em cortejo triunfal até o MonteSião. Um escritor cristão da Ucrânia, testemunha ocular dosacontecimentos, observou com espanto: “Alguns [judeus]abandonaram suas casas e propriedades. Recusavam-se afazer qualquer trabalho que fosse, alegando que o Messiaschegaria em breve e os transportaria numa nuvem aJerusalém. Outros jejuaram durante dias, negando alimentoaté aos pequeninos”. Mas “o Messias” havia exagerado suasbazófias ao anunciar a seus seguidores em 1665 que, no anoseguinte, entraria em Adrianópolis e derrubaria do trono osultão da Turquia, que também era o governante da Terra

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Santa. Prometeu que depois conduziria pessoalmente osremanescentes dispersos de Israel de volta ao Monte Sião, afim de estabelecer ali o Reino de Deus que os Profetas deantanho haviam prenunciado. Quando, porém, Shabetaichegou a Adrianópolis, as autoridades turcas imediatamenteo prenderam e o lançaram nos calabouços da fortaleza deAbidos. Tão indestrutível, porém, era a fé de seus seguidores,que estes não se sentiram nem um pouco desencorajados peloseu aprisionamento. Ao contrário, interpretaram o incidentecomo sendo, tão-somente, o cumprimento da descrição que oProfeta Isaías fizera do “Messias sofredor”, que os homensdesprezariam, maltratariam, e perseguiriam antes queestivessem preparados para reconhecê-lo. Na realidade,estavam certos que o Sultão não conseguiria atingirfisicamente a Shabetai, o “escolhido” de Deus. Desta forma,milhares de pessoas, por toda parte, enquanto aguardavamsua esperada libertação, preparavam-se para o clímaximinente que abalaria todo o mundo. O clímax veio, mas nãoda maneira cataclísmica que os fiéis haviam esperado. QuandoShabetai Tzevi se viu ante as autoridades turcas que lheofereciam a escolha de se converter ao islamismo ou serdecapitado, o “ungido do Senhor” demonstrou suficienteapreço por sua cabeça para se tornar maometano. O choque ea desilusão da grande massa de adeptos depois desse ato detraição pode muito bem ser imaginado. Eles execraram o seunome e rezaram para que fosse apagado para sempre damemória dos homens. No entanto, seu efeito hipnótico sobrealgumas pessoas era ainda tão grande que, não obstante asprovas objetivas e concludentes de sua covardia, continuavama acreditar nele e em sua indicação messiânica por Deus.Paradoxalmente, tentaram eles até racionalizar sua condutaerrada com toda espécie de exegese mística e seguiram o seuexemplo convertendo-se ao Islamismo. A seita maometanaDonmeh da Turquia congrega os descendentes atuaisdaqueles adeptos inflexíveis de Shabetai Tzevi. É verdade quesurgiram vários outros visionários messiânicos e aventureirosdepois do fracasso de Shabetai Tzevi. Não tiveram, porém,

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qualquer efeito. Isto porque as marcas do desencanto entreos judeus, depois de sua experiência com “o Messias deEsmirna” foram profundas e duradouras. Para que o leitortenha uma maior compreensão do significado do pensamento,com respeito aos falsos ‘messias’, estudaremos o anticristo eseu falso profeta em um capítulo separado. 1

13. Os líderes dos sicários no ano 70. Algunshistoriadores são de opinião que os revoltosos contra odomínio romano, quando os exércitos romanos cercavam acidade de Jerusalém, João de Giscala, Simão, filho de Gioras eEliazar que se refugiou com um grupo de seguidores nafortaleza de Massada, fazem parte, também, dos ‘muitosfalsos messias’, embora em menor escala e em contextolocalizado. Estes revoltosos, pertencentes ao partido doszelotes, usando suas atrocidades e palavras fingidas,obrigaram a muitos do povo a seguirem suas ideias. Osdiscursos destes falsos enganadores era que Deus podiadestruir os exércitos romanos e, assim, os judeus saíremvitoriosos. Todos eles, sem exceção, foram derrotados emortos, como também foram vítimas da mesma sorte todosaqueles que lhes seguiam.2

III. OS FALSOS DOUTORES

1. Os doutores da Lei. Pedro advertiu, dizendo: “...entrevós (a Igreja) haverá também falsos doutores, queintroduzirão encobertamente heresias de perdição...” (2 Pe2.2a). Alguns destes perturbadores viriam de fora e outros,surgiram do meio do cristianismo. Foram vários. Os doutoresda Lei dos dias de Jesus e da Igreja do primeiro século, tinhamformação legal, mas seus ensinos eram falsos. Jesus osdenunciou, dizendo: “Ai de vós também, doutores da lei, quecarregais os homens com cargas difíceis de transportar, e vósmesmos nem ainda com um dos vossos dedos tocais essascargas...Ai de vós, doutores da lei, que tirastes a chave daciência; vos mesmos não entrastes, e impedistes os que

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entravam” (Lc 11. 46, 52). Estes doutores procuravam a todocusto, impedir a aqueles que procuravam entrar na graça deDeus – mas eram impedidos. De igual modo, tinham tirado achave da ciência – o livre exame das Escrituras, com afinalidade de que os homens as lendo, pudessem searrepender. Tal procedimento é semelhante ao daqueles quePaulo denunciou em 1 Timóteo 4. 1-3, cujo o ministério doensino é o ministério da proibição.

2. Os falsos apóstolos – de índole gnósticas. Foramchamados por alguns historiadores de ‘doutores dopensamento’. Esses, mesmo sendo vistos do ponto de vistade observação como agentes religiosos, contudo, podemtambém ser analisados do ponto de vista político, visto queos mesmos queriam arrogar para si todo o sistema orgânicoa administrativo da Igreja – segundo as informações daHistória Eclesiástica. Alguns ensinavam que esse Cristoapareceu na pessoa de Jesus, mas que Jesus nunca foirealmente um ser humano físico. Esse tipo de cristologia éconhecido por docetismo, da palavra grega dokêo que significa“aparecer” ou “parecer”. Portanto, para esses gnósticos, Jesusapenas parecia um ser humano. Toda sua existência na terrafoi uma farsa na qual fingiu ser carne e sangue pelo bem dosdiscípulos. Outros gnósticos ensinavam uma cristologiadualista na qual “Cristo” entrou em Jesus no batismo e oabandonou pouco antes de Sua morte. Por exemplo, Ele teriausado as cordas vocais de Jesus para ensinar os discípulos,mas nunca foi realmente um ser humano. O gnosticismo erauma forma diferente de evangelho de salvação, com uma ideiadiferente da condição humana, para a qual a salvação é asolução, e uma ideia diferente da própria solução. O períodode surgimento desse evangelho alternativo na história é muitocontroverso. Alguns estudiosos acreditam que ele já existiaantes do cristianismo entre os judeus no Egito, por exemplo.No entanto, nenhum registro do gnosticismo não-cristão foidescoberto, ao passo que muitos documentos do gnosticismodo século II foram encontrados, incluindo evangelhosgnósticos como o Evangelho segundo Tomé. É mais provável

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que o gnosticismo tenha surgido entre os cristãos no Egitoem fins do século I e no início do século II, mas o gnosticismocertamente teve precursores. Indícios e ecos do gnosticismopodem ser facilmente identificados em alguns dos escritos dosapóstolos. As epístolas de João, por exemplo, ressaltam queCristo veio da carne: “De fato, muitos enganadores têm saídopelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veioem corpo. Tal é o enganador e o anticristo” (2 Jo v.7). É quaseque certo que João já combatia o protognosticismo nascongregações cristãs no século I. Como e porque o gnosticismosurgiu entre os cristãos são questões extremamentepolêmicas. Não existem respostas concretas. Algunsestudiosos sugerem as influências das religiões da Índia sobreos cristãos egípcios. Outros ressaltam o sincretismo entre ocristianismo e várias religiões de mistério no Império Romano.Alguns vêem no gnosticismo uma forma intensa dastendências já latentes dentro da filosofia e cultura gregas demodo geral, posto que rejeitavam a existência material eexaltavam a realidade espiritual. Talvez as respostasdefinitivas a tais perguntas nunca surjam. Os gnósticos,restritamente falando, não são considerados como “muitosanticristos”. Mas sua filosofia e seus ensinamentos continhamalgo daquilo que os falsos cristos procuravam ensinar.Oscilando entre todos estes grupos já mencionados, surgiuum novo grupo para desviar o pensamento dos seguidoresde Cristo, daquilo que Ele foi e é para Seu povo. Os seguidoresdeste grupo autoproclamaram-se de “apóstolos de Cristo” (cf.2 Co 11.13; Ap 2.2). Tratava-se dos chefes gnósticos quetinham arrogado para si o título de apóstolos de Cristo. OsGnósticos e os Agnósticos – Existe diferença entre o termo“gnóstico” e “agnóstico”, conforme veremos no presenteargumento. Este termo provém de duas palavras gregas (a,“não”; gnõsis “conhecimento”). O termo foi criado porT.H.Huxley (1825-1895) para indicar literalmente “não-conhecimento”, o oposto de gnosticismo. Enquanto o agnósticoindica alguém que alega “não conhecer”, gnóstico indica“conhecimento por excelência”. Assim, os dois termos

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passaram a significar duas linhas de pensamentos em relaçãoa Deus:

a) Os gnósticos – Estes afirmam que Deus existe, mas queSua existência e natureza não são conhecidas. Adiantavam,também, que Deus é inabordável e que, por isso, não existiaum mediador que pudesse conduzir o homem até Ele. Afinalidade deste grupo era degradar o Filho de Deus, negandoSua existência divina – reputando-o, apenas, como merohomem.

b) Os agnósticos – Doutrina segundo a qual não é possívelter certeza sobre as questões religiosas – como a existênciaou não de Deus – já que elas não podem ser confirmadas nemnegadas cientificamente. Os agnósticos não são ateus nemcrentes, mas assumem ignorância em relação àquilo que estáalém do conhecimento racional. O termo agnóstico vem doadjetivo grego agnósticos, que significa ignorante. Estesprocuravam negar a Deus e Sua existência, dizendo que nãose pode conhecer a Deus. Os agnósticos ensinavam que amente humana era impossibilitada de conhecer a realidade e,com suas doutrinas, negavam a Deus e, por extensão, osacrifício redentor de Seu Filho Jesus. Lamentavelmente,muitos cristãos dos primeiros séculos deram ouvidos a estasdoutrinas erradas, tornando-se presas tanto dos agnósticoscomo dos gnósticos, apesar de o Espírito Santo, por boca dePaulo e de outros escritores do Novo Testamento, tê-losadvertido. Entre os gnósticos, havia os tradicionais heréticos,que eram especialistas em introduzirem “encobertamenteheresias de perdição” e, após conseguirem que alguémseguisse suas dissoluções, exigiam dos tais que fizessem umaconfissão pública, negando “o Senhor que os resgatou” (1 Pe2.1-2). Lamentavelmente, muitos seguiram estas heresiasensinadas pelos falsos doutores e trouxeram “sobre si mesmosrepentina perdição”. O apóstolo Pedro encontrou um destesgrupos dentro do cristianismo, que tinha aderido a esta formade heresia, existente no primeiro século da Era Cristã. Paulo,também, faz referência a um grupo que negavam a

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ressurreição de Cristo e um outro que diziam que aressurreição do Senhor já era feita (1 Co 15. 2; 2 Tm 2. 17-18).

IV. AS FALSAS LIDERANÇAS INDEPENDENTES

1. Caim. Caim, foi o precursor das falsas religiões elideranças independentes, conforme veremos mais adiante.A frase ‘Liderança Independente’ é tomada aqui nesteargumento, para descrever os que usam os ditames dumareligião para enganar. As Escrituras nos advertem sobre ‘falsosenganadores” e “falsos cristos” que viriam até dizendo: “Eusou o Cristo” (Mt 24. 5) e o apóstolo Pedro relembrando estaspalavras de Jesus, nos advertiu sobre isso, dizendo: “Etambém houve entre o povo (hebreu) falsos profetas, comoentre vós haverá também falsos doutores...” (2 Pe 2.1). Assim,o aparecimento de muitos falsos profetas e surgimento demuitos pseudo-messias apontam para ‘a última hora’ dadispensação da graça. O apóstolo João alerta-nos que osurgimento destes enganadores indica claramente para estetempo do fim. “Filhinhos (diz o apóstolo), é já a última hora e,como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos setêm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a últimahora” (1 Jo 2.18). O cuidado do apóstolo para que os filhos deDeus não fossem enganados é porque o engano sempre operana esfera mental. Podíamos aqui dividir a humanidade emtrês categorias e, nelas, os falsos enganadores procuramtrabalhar em suas áreas mentais com a finalidade de miná-las com seus sombrios ensinos: Israel, a Igreja e ahumanidade em geral. Este poder do mundo exterior podetambém ser dividido em três classes de representantes: osfalsos messias, os falsos profetas e a magia em todas as suasformas de expressão. O campo fértil para os falsos messias eos falsos profetas em particular seria e é o povo de Israel. Anação inteira tem, como esperança futura, a vinda do Messiasprometido aos pais pelo Deus de Israel. Em toda a extensãoda história de Israel, começando no Êxodo até os dias atuais,

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uma boa parte da nação tem sido enganada com oaparecimento de falsos messias. A Igreja Primitiva, em suamaioria, era composta de crentes judeus e, para eles, Jesusdeixou uma solene advertência, dizendo: “Acautelai-vos, queninguém vos engane, porque muitos virão em Meu nome,dizendo: Eu sou o Cristo e enganarão a muitos” (Mt 24.4-5).A Igreja em si não tem tendência de aceitar alguém que sedeclare o Messias. Uma boa parte dela tinha estado com Jesusdurante Seu ministério terreno. Conhecia a história de Suavida, de Sua morte, ressurreição e de Sua ascensão aos céus.Contudo, ela seria presa fácil para os falsos profetas. Entãonosso Senhor também advertiu esta ala da Igreja, compostaem grande parte de crentes gentios. Ele disse: “...e surgirãomuitos falsos profetas, e enganarão a muitos” (Mt 24.11).Quando escrevia a sua Segunda Epístola, o apóstolo Pedro,parece que retomando estas palavras do Senhor, passoutambém a advertir seus leitores sobre os vaticínios dos falsosprofetas e os ensinamentos dos falsos doutores. Ele disse: “Etambém houve entre o povo (hebreu) falsos profetas, comoentre vós (a Igreja) haverá também falsos doutores, queintroduzirão encobertamente heresias de perdição...” (2 Pe2.2a). Nestas palavras do Senhor Jesus e do apóstolo, quandoambos falavam no tocante ao futuro, claramente procuravamadvertir os cristãos de todos os tempos sobre a onda depseudo-messias e falsos profetas que se levantaria –especialmente aqueles que diriam para seus admiradores: “Eusou o Cristo” ou “Eu sou enviado de Deus”. Mas, a advertênciasobre falsos messias não foi apenas matéria exclusiva de Jesus.Todos os escritores do Novo Testamento falaram e escreveramsobre isso. Com efeito, porém, há um outro campo muito vastoque não se preocupa tanto com estas advertências divinas. Éa humanidade. Então este campo ou esta área de imaginaçãoseria contaminada pelos agentes da magia, em toda a suaforma de atuação. Os magos, feiticeiros, encantadores e oschamados escribas sagrados estiveram e continuam semprepresentes entre as pessoas de todas as camadas sociais, coma finalidade de desviar a atenção destas gentes de tudo daquilo

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que é de Deus e de Seu plano de redenção por Ele oferecido.Durante nosso argumento nesta linha de pensamento, vamosmencionar alguns destes falsos profetas e daqueles que seapresentaram ao povo de Deus e ao mundo em geral comofalsos messias. Usurpadores falsos profetas apareceram entrea nação de Israel, antes dos falsos messias. Dentre elesdestacamos aqueles que procuraram a todo custo implantarum sistema de apostasia ou impureza moral no meio do povode Deus. Estes se opõem a Deus, a Cristo e ao governo divinopor ambos estabelecido. O episódio que deu início a ira deCaim contra seu irmão, foi por causa de religião. Seu sacrifícionão foi aceito, como fora o de Abel. Então ele se irou e, apartir dali, arquitetou o pensamento sombrio de matar a seuirmão. Judas, em sua epístola v. 11: apresenta três homenscaídos do Antigo Testamento, como sendo representantes defalsas ideologias. São eles: Caim, Balaão e Core. Caim –representa o caminho do mal. Balaão – representa todo aqueleque pratica religião pensando somente do lado financeiro.Tudo que faz – faz por torpe ganância (1 Pe 5. 2). Coré – aqueleque sempre está do lado da contradição. Caim, ao ser arguidopor Deus, optou pelo caminho da revolta. Foi-se embora parauma terra deserta e lá constituiu uma sociedade a seu própriomodo. Seus passos nesta trajetória do mal parecem ser estesque aqui se seguem. Alguns cronológicos e matemáticosopinam que o assassinato de Abel ocorreu no ano 128 ou 130da vida de Adão. Ora, nós sabemos que além de Caim, Abel eSete, os três primeiros filhos mencionados, Adão e Eva tiveram“filhos e filhas” (Gn 5. 4). Mas admitamos para sermos bemliberais, que Adão não tivesse tido outros filhos além de Caime Abel. Quantos poderiam ter sido os descendentes diretos deambos até o ano 128, quando ocorreu a morte de Abel?Vejamos a opinião de Grandes Estudiosos e Autoridades noassunto. Alguns rabinos independentes são de opinião que,os descendentes posteriores a Caim e Abel, tenham sidomulheres. Nesse caso, como não existia a lei e as normas queproibiam o casamento entre parentes de primeiro grau, Caim,provavelmente tomou uma de suas irmãs como sua esposa.

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Também a Bíblia não diz que Caim quando matou Abel, “saiuda presença de Adão” e sim: “da presença do Senhor”. Sairda presença do Senhor, não significa nenhum deslocamentogeográfico; pois da presença do Senhor, ninguém pode fugir(cf. Sl 139. 7-12). De igual modo, não é mencionado os anosda vida de Caim: nem antes – nem durante – e nem depois.Assim, vamos supor que somente aos 19 anos o filhoprimogênito de Adão, Caim, tenha tido uma irmã em idade decasar-se. Casando-se aos 19 anos, no ano 128 da criação Adão,um dos dois filhos de Adão poderia ter tido 8 filhos, entrehomens e mulheres. Mais ou menos no ano 55, poderiam terprocedido deles cerca de 60 pessoas. No ano 80, haveria cercade 520. No ano 100, haveria pelo menos 4.100 pessoas. E noano 122 esta população estaria elevada a 33.000. Mas nestalinha de descendência não estamos incluindo os outros filhosde Caim e Abel, nem os filhos dos filhos destes, mas apenasos 8 que poderiam ter tido até o ano 128 da criação do mundo.Incluindo os outros filhos de Adão, e os descendentes destes,a população do mundo não seria inferior a 450.000 pessoasno ano em que morreu Abel. Para lá Caim foi se refugiarcomo homicida, levando sua esposa (talvez sua irmã ousobrinha) e seu filho que se chamava Enoque. Após sair dapresença do Senhor, Caim foi para terra de Node, que ficavada “banda do oriente do Éden”. Node quer dizer: “degredo”,“exílio”, e ali, dar início a uma espécie de civilização. Suasprincipais atividades e culturas daquela terra. Ali, naquelasociedade nodiana, são mencionadas algumas atividadeshumanas (algumas boas e outras maus), conforme veremosa seguir. Edificação de cidade.

• A poligamia.• Fazer justiça a seus próprios modos e pelas próprias

mãos.• Fazer tendas.• Criar gado.• Tocar harpa e órgão.

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• Fabricar obra de cobre e de ferro (Gn 4. 16-24).Parecem-nos que, no dilúvio, esta civilização foi destruída

da face da terra.2. Janes e Janbres. Uma outra casta que tem se levantado

ao longo da história, procurando atrapalhar os passosdaqueles que se aproximam de Deus, são os magos eencantadores. No argumento em foco, iremos focalizar doishomens que são citados no Novo Testamento – embora suasações maléficas tenham sido realizadas no tempo do AntigoTestamento. Eles são Janes e Jambres, que resistiram a Moisésna corte faraônica. “E, como Janes e Jambres resistiram aMoisés, assim também estes resistem à verdade, sendohomens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”(2 Tm 3.8). Janes e Jambres são os nomes dos magos que seopuseram contra Moisés e Arão na corte de Faraó, quandoestes credenciados por Deus, realizavam os milagres comoprovas de que o Senhor os tinha enviado. Eles eram os chefesdos “sábios e encantadores e magos do Egito” (Êx 7.11). Naprimeira referência ao poder das trevas que atuava na cortede Faraó, aparece toda a casta dos encantadores. Depois,porém, aparecem somente “os magos” – o que significa queJanes e Jambres entraram em evidência, visto que se tratavade uma questão de grande magnitude (Êx 7.22). Eles eram oschefes dos demais magos e encantadores no Egito. Janes eJambres realizaram milagres com seus encantamentos,semelhantes àqueles realizados pelos dois grandes servos deDeus. Contudo, quando chegou à praga dos piolhos, Deuscredenciou Moisés a realizar milagres que eles não puderammais imitar. Foi então quando eles exclamaram a Faraó: “Istoé o dedo de Deus” (Êx 8.19). Os nomes Janes e Jambres (emalgumas traduções Mambres) não figuram nas páginas doA.T., nem mesmo nos escritos de Filo ou de Josefo, no tocanteao conflito de Moisés com os mágicos do Egito. No entanto,são frequentemente citados, em outros escritos rabínicos, taiscomo no Talmude, no Targum de Jônatas e em muitos outros,de onde passaram para a literatura cristã primitiva. Com efeito,

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porém, esses dois homens se encontravam entre os mágicosegípcios, na corte de Faraó, os quais tentaram impedir alibertação dos israelitas, ao repetirem vários dos milagresrealizados por Moisés. Alguns escritos chegaram a sugerirque Janes e Jambres eram irmãos e os dois eram filhos deBalaão, o profeta de Petor, na Mesopotâmia (Nm 22.5). Pelomenos, desde o primeiro século de nossa era, havia emcirculação uma espécie de livro judaico que provavelmenteridicularizava e desmascarava Janes e Jambres, transformando-os em um típico exemplo do modo como a sabedoria dos ‘sábios’que se opõem à verdade é desmascarada naquilo que realmenteé, ‘insensatez’. A sorte dos oponentes de Paulo seriaexatamente o fim dos opositores de Moisés. A despeito dealgum sucesso da parte deles, ‘não irão muito longe’. A loucuradeles foi amplamente desvendada, quando os doisfracassaram diante da praga dos piolhos. Eles, portanto, nãopuderam ir avante, porque a todos foi manifesto seu desvarioperante Moisés e até mesmo dos próprios súditos de Faraó.Os nomes de Janes e Jambres figuram em um Targum deJônatas, em mais de um lugar, em um dos quais temos o seucomentário sobre a passagem de Êxodo 1.15. Numênio, ofilósofo, refere-se a Janes e Jambres como escribas egípcios,famosos por seus escritos acerca das artes do ocultismo. OTargum de Jônatas sobre Números 22.22. Porém, o Targumde Jônatas sobre Êxodo 1.15 acrescenta a informação de queJanes e Jambres tinham se convertido ao judaísmo e tinhamseguido o povo de Deus quando saíram do Egito e que, noVale do Repouso, tinham sido os inspiradores da feitura dobezerro de ouro. Os documentos encontrados em Cumrandizem que eles eram irmãos, sem, porém, dizer com precisãoseus nomes, como em 2 Timóteo 3.8. Numa das partes dosRolos de Cumran, lê-se o seguinte: “Pois, antigamente,surgiram Moisés e Aarão, por meio do príncipe das luzes, masBelial suscitou Jahaneh e seu irmão, em sua astúcia, quandoIsrael foi salvo pela primeira vez...”. Os dois irmãos são osímbolo da oposição ou luta entre o bem e o mal. Ao nome

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Johaneh (João) teria sido acrescentado o do irmão Jam(b)re,do aramaico mamre (= apóstata), que se tornou nome própriono ambiente grego. Os nomes dos dois magos opositores, taiscomo aparecem no nosso texto, são transcritos nas versõesou paráfrases aramaicas de Balaão, por esta razão algunstêm opinado que eles eram seus filhos. Também, Plínio, oJovem, considera Janes um dos fundadores da magia judaica;cf. APULEIO, Apol., 90, que menciona ao lado de Moisés umcerto Johannes, como mago; EUSÉBIO, citando o filósofoNumeios, fala destes dois, chamado-os de “famosos escribasegípcios – Janes e Jambres”, conhecedores das artes mágicas,que se opuseram a Moisés. Orígenes pensa que o apóstoloPaulo, quando fez a citação de 2 Timóteo 3.8, tenha buscadosuas informações num livro apócrifo de Janes e Mambres.Em alguns escritos rabínicos, conforme já tivermos a ocasiãode falar em notas anteriores, a história dos dois irmãos magosé conhecida e enriquecida de detalhes, mas seus nomes nãocoincidem com os da carta a Timóteo. 3

3. Coré e seus seguidores. “Ai deles! Porque entraram pelocaminho de Caim, e foram levados pelo engano do prêmio deBalaão, e pereceram na contradição de Coré” (Jd v. 11). Estapassagem apresenta três homens caídos do AntigoTestamento: Caim, Balaão e Coré, para representar três linhasde pensamentos errados que seriam introduzidos no seio dacristandade. Coré, sua história, revolta e fracasso vem citadoem Números – 16. Era primo de Moisés e por ser levita queriausurpar o lugar de liderança de Moisés e de Arão no sacerdócio,ofício este que até Moisés tinha desejado, mas Deus não lheconcedeu este direito. Flávio Josefo, escritor e historiador judeuque viveu entre 37 e 103 d.C., cujo pai era sacerdote dalinhagem asmoniana, fala da escolha da Arão, como um atoque procedera diretamente de Deus, para o oficio sacerdotal.Então ele diz: “Tudo estava preparado e não restava maisque consagrar o Tabernáculo. Deus apareceu a Moisés eordenou-lhe que fizesse a Arão, seu irmão, soberanosacrificador, porque era o mais digno do que qualquer outro

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para esse cargo. Moisés reuniu o povo, falou-lhe das virtudesda Arão, de seu interesse pelo bem público, que o tinha feitotantas vezes arriscar a vida. Todos aprovaram, não somentea escolha, mas o aprovaram com alegria. E então Moisés assimlhes falou: “Todas as obras que Deus tinha ordenado, estãoterminadas, segundo sua vontade e segundo nossas posses.Com vós sabeis, Ele quer honrar este Tabernáculo, com Suapresença; mas é preciso, antes de tudo o mais, criar o grandesacrificador, aquele que é mais competente, para bemdesempenhar esse cargo, a fim de que ele cuide de tudo o quese refere ao culto divino e lhe ofereça vossos votos e vossasorações. Eu confesso que, se essa escolha tivesse dependidode mim, eu teria podido desejar essa honra, quer porque todosos homens são naturalmente levados a desejar incumbênciatão honrosa, quer porque vós não ignorais quantasdificuldades e trabalhos sofri por vosso bem e da república;mas Deus mesmo, que determinava Arão, há muito tempo,para esse sagrado ministério, conhecendo-o como o maisjusto dentre vós, o mais digno de ser honrado, deu-lhe seuvoto e julgou em seu favor. Assim Arão oferecer-lhe-á de oraem diante, por vós, orações e votos; Ele os escutará tantomais favoravelmente, quanto, além do amor que vos tem, eleslhe serão apresentados por aquele que Ele escolheu para servosso intercessor junto dele”.4

Coré queria para si aquilo que Deus não lhe dera – aliderança sacerdotal e recebera como punição, Deus ordenoua terra e esta “...abriu a sua boca, e os tragou com as suascasas, como também a todos os homens que pertenciam aCoré, e a toda a sua fazenda...eles e tudo o que era seu‘desceram vivos’ ao sepulcro, e a terra os cobriu...” (Nm 16.32-33). Concomitantemente, “...saiu fogo do Senhor, econsumiu os duzentos e cinquenta homens que ofereciam oincenso” (Nm 16. 35b).

4. Simão, o mágico. Encontramos no Novo Testamento,duas figuras sombrias ligadas ao mundo do encantamento emagia negra. Vamos, portanto, observar como isso atuava

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no passado, quando o inimigo do bem se fazia representarpelos magos, encantadores, feiticeiros e agoureiros nas cortese nas vidas particulares das pessoas. Dentre muitos elementosque foram capacitados pelo diabo para trabalharem no campodo engano, destacamos dois – Simão, o mágico e Elimas, oencantador. Simão, o mágico de Samaria (At – 8), juntamentecom os magos de seus dias, eram os responsáveis pelaastrologia, adivinhação, magia e outras formas deencantamentos, que foram herdadas dos assírios e dos antigosbabilônios. A astrologia, a magia e a adivinhaçãodesempenhavam importante papel na vida religiosa dos assíriose babilônios. Os templos possuíam exorcistas e adivinhos àdisposição do público. Os pais da Igreja primitiva acreditavamque o gnosticismo começara no século I e que Simão, o mágicode Samaria, foi o primeiro gnóstico. De acordo com os pais daIgreja, Simão praticava magia, afirmava ser divino e ensinavaque sua companheira, uma ex-prostituta, era Helena Helenade Tróia reencarnada. O discípulo de Simão, um antigosamaritano chamado Menandero, que lecionou em Antioquiada Síria no final do século I, ensinava que os que acreditavamnele não morreriam. Essa afirmação foi anulada quando elemorreu.

5. Os nicolaitas. Nikh = vitória (no sentido de dominar)laos= ...o povo peculiar (de Israel ou Cristãos); gente,multidão. às vezes se refere ao leigo (conforme o gregomoderno “laikos”=leigo, no sentido de povo comum) Portanto,o nome Nikolaitwn (nicolaítas) composto destas duas palavrastem o sentido de “vitória sobre o povo” ou “os que dominam opovo”. No Novo Testamento encontras: “as obras dosnicolaitas”, e a “doutrina dos nicolaitas” (Ap 2. 6, 15).

a) Quem eram os nicolaítas – Alguns opinam que “...osnicolaítas”, eram discípulos de “Nicolau”, o sétimo diácono(At 6.5). Mas as evidências dizem que não! O texto divinoescrito por São Lucas, afirma ser Nicolau, um homem de “boareputação, cheio do Espírito Santo e de sabedoria” (At 6.3). OApóstolo João, conhecia bem pessoalmente a Nicolau, e sem

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dúvida, no dia de sua separação para o diaconato (o texto emsi não diz que aqueles sete foram separados para diáconos;mas o grego ali existente favorece o significado dopensamento: diáconos, três vezes, ministros, sete vezes eservos, vinte vezes), pôs suas mãos sobre ele (At 6.2, 6), éesta razão, além de muitas outras, motivo para não infligirmosna conduta deste servo de Deus, aquilo que ele não foi. Seassim o tivesse sido, João teria citado seu nome como fez comos outros inimigos da igreja. De acordo com C. I. Scofield, apalavra “Nicolau” quer dizer “Vencedor do Povo”, e o termo“nicolaítas” que vem no superlativo tem quase o mesmosentido: Nico é um termo grego que significa conquistar ousubjulgar. Laitanes é a palavra grega de onde se deriva nossovocábulo “leigo”. Nas cartas do Apocalipse, quando émencionada uma doutrina ou ato de uma pessoa, comumentese usa mencionar seu nome, por exemplo: “doutrina deBalaão” (2.14); “os trono de Satanás” (2.13); “sinagoga deSatanás” (2.9 e 3.9); “as profundezas de Satanás” (2.24);“toleras Jezabel” etc. (2.20). Quanto aos nicolaítas, o estilomuda completamente como pode muito bem ser observado: afrase “as obras dos nicolaítas” (2.6), e “doutrina dosnicolaítas” (2.15). O presente texto diz: “As obras de Nicolau”(a pessoa); nem a “doutrina de Nicolau” (um dos sete). O leitordeve observar a frase pluralizada:”As obras (dos) nicolaítas”e “doutrina (dos) nicolaítas”. Estas expressões referem-se aum grupo e não a uma pessoa. Outro ponto de vista sobre oassunto que deve ser observado é que Nicolau “era prosélitode Antioquia” (At 6.5); separado para o diaconato, servia naigreja de Jerusalém. O livro de Atos dos Apóstolos não fala deNicolau como tendo-se destacado como missionário itinerante,a exemplo de Estevão e Filipe (At 6.8 e 21.8). É evidente quesua esfera de trabalho foi local; ele não alcançou lugaresdistantes como Éfeso e Pérgamo. Pelo que sabemos, não émencionado mesmo antes ou depois de Cristo, um homemchamado Nicolau que tenha fundado uma seita, a não seraquilo depreendido e focalizado do texto em foco. Se essapalavra é simbólica, vemos, neste vocábulo, “nicolaítas”, o

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começo do controle sacerdotal ou eclesiástico sobre ascongregações (igrejas) cristãs individuais. O Sr. A. E.Bloomfield declara o que segue: “Os movimentos das igrejas,visando poder político e prestígio social mediante uniões,federações e alianças mundanas, são ‘doutrinas e obras” dosnicolaítas. Trata-se do esforço de restaurar, por métodoshumanos, aquilo que se perdeu (o primeiro amor)”.

b) Os nicolaítas eram grupos independentes queostentavam lideranças – certos grupos de pessoas revoltadascom o bom andamento das igrejas de Éfeso e de Pérgamo (Ap2. 6, 15). O grupo da igreja de Éfeso, procurava impressionara parte da igreja fiel, com suas obras – umas aparetementepiedosas; e outras, obras sociais de grande vulto. Jesus rejeitoutodas elas. E, advertiu suas igrejas também à rejeitá-las. Estesgrupos se desfizeram naquelas igrejas, mas reviveram emoutras partes no primeiro século. Eles, os nicolaítas refere-seao começo da noção de uma ordem sacerdotal na igreja: “clero”e “leigos”. Tudo nos faz crer, que esta seita denominada de“nicolaítas” faz parte de um “sistema” gnóstico existentenaqueles dias; pode ser isso o sentido real do que temos aqui.“...Em época posterior a Cristo, houve uma seita gnósticaconhecida por “os nicolaítas”, a qual é mencionada porTertuliano de Cartago. Que também era de índole gnóstica”.

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I. O FILHO DA PERDIÇÃO

1. O aparecimento do homem do pecado, o filho daperdição. Quem estuda a história tanto secular como sagrada,sabe que, ao longo da história, apareceram no cenáriomundial, falsos messias e falsos enganadores procurando,através de seus disfarces, usurpar o lugar e a autoridade quepertencem ao verdadeiro Messias – Jesus, o Filho do Deusbendito. Dentre todos os falsos messias que já surgiram eque ainda certamente surgirão no ‘decorrer da história, o maisesperado e mais famoso será o anticristo. Ele, será, portanto,um homem misterioso, denominado aqui como sendo ‘umabesta’, isto é, uma fera. Em sentido animal, besta pode sereferir a qualquer animal selvático ou doméstico. Está escritoque “Deus fez as bestas feras da terra conforme a suaespécie...” (Gn 1.25). Quando lançou maldição sobre a serpentepor ter essa enganado a mulher, o Criador lhe disse: “malditaserás mais que toda a besta, e mais que todos os animais docampo...” (Gn 3.14). Profeticamente falando, porém, se aplicao adjetivo ‘besta’ a pessoa do anticristo. Ele será chamado debesta porque, do ponto de vista divino de observação, é o queele é. Aqueles que têm tendência para a doutrina falsa dareencarnação ou transmigração da alma, sugerem que ‘a bestaque subiu do mar’ seja Nero, o imperador romano já falecido.Os defensores desta teoria apresentam duas possibilidadesdo retorno de Nero na pessoa do anticristo:

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a) Nero reencarnado? – Nero morreu e foi para o abismo(dizem eles) e que, através do processo transmigratório,voltará do mundo dos mortos na pessoa do anticristo, comtoda aquela autoridade que recebeu do dragão, para realizartoda a espécie de falsos milagres durante seu reinado detrevas. Em Apocalipse 11.7, diz-se que a besta que ‘sobe doabismo’ fará guerra às duas testemunhas, e “...os vencerá, eos matará”. A crença egípcia e que, depois, passou para osgregos, da transmigração da alma, era um tanto absurda e éo que podia ser chamado, hoje, de espiritismo disfarçado. Porexemplo, diz-se que a alma de Caim passou a Jetro; seu espíritopara Coré e o corpo para um egípcio. A alma de Eva passoupara Sara, a Ana e a Sunamita e, depois, para a viúva deSarepta. A alma de Raabe passou a Heber, a quenita. A almade Jael passou a Eli. Algumas almas de judeus piedosospassaram para as pessoas dos gentios, de modo que possampleitear em favor de Israel. Algumas almas dos hebreusmaldosos passaram para animais, como a de Israel, quepassou para a jumenta de Balaão e, posteriormente, para oasno do rabino Pinchas Bem Yair. A alma de um caluniadorpode transmigrar para uma pedra, para que se cale e a almade um assassino, para a água. Segundo essa crença, hoje, osisraelitas que matam árabes impunemente voltarão comoárabes para pagar esses crimes. ¹

Pitágoras ensinou que, através de ritos de purificação,entre eles, a filosofia e rígidas regras morais ascéticas, e ainda,pensamentos, sentimentos, palavras e atos puros, tentava-se capacitar a alma a libertar-se das sucessivas Rodas deReencarnações e mortes e, quando a alma estivesseplenamente purificada, então seria digna de voltar à PátriaCeleste e se unir ao Uno. Considerando a alma, a cabala(ciência esotérica dos judeus) ensinava que todas as almasforam criadas ao mesmo tempo, quando o mundo foiprecipitado por meio da luz. Se, durante sua associação como corpo, a alma se tem mantido a si mesma livre de todacontaminação, torna-se, depois da morte, uma parte do mundo

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dos dez Sefiroth. A cabala acreditava na transmigração dasalmas e numa recompensa ou castigo depois da morte.Aquelas almas que, na terra, eram versadas na cabala são asque vão apresentar-se na vinda do Messias Mechi‘akh(Ungido), esta alma do Messias é a última alma criada nocomeço do mundo, quando todas elas foram feitas. Segundoo Zoar, livro dos Esplendores (é o Gênesis da Luz), a almahumana tem três ramificações:

1º. Alma palavra que ocorre por 1.600 vezes na Bíblia. dohebraico Nefesh, em grego psykhé, em latim De anima (almavegetativa, corresponde à água) ou força vital do homem,que corresponde ao sangue, e é comum entre os homens eanimais; por isso, a Bíblia proíbe que o homem se alimentede sangue.

2º. Ruach (alma intelectual. Corresponde ao ar) é a uniãoentre Ne-fesh e neshamah que corresponde à vida interior,intelectual ou mental da alma.

3º. Neshamah (sopro, alma espiritual. Corresponde aofogo). Estes três graus da alma, de acordo com a cabala,correspondem, em suas relações, com os mundos superior einferior. O tempo da perfeição espiritual do Universo chegaráquando todas as almas criadas no tempo da criação do mundotiverem sido revestidas de corpos. O fato de eles escolheremNero e não outro, foi devido às suas atrocidades cometidascontra os cristãos do primeiro século. Uma delas, ele teriaincendiado Roma e, para se livrar da culpa, mandou divulgarem todo o império que tinha sido os cristãos. Além desta culpainfringida sobre os cristãos, ele ordenou, por várias vezes,que eles fossem mortos na fogueira. 2

b) Nero ressurgido dos mortos? – Além deste processobaseado na transmigração da alma, existe uma outra opiniãocom respeito a Nero e o anticristo. Há aqueles que defendemque, para que o anticristo seja uma figura oposta, mas queprocurará imitar a Cristo em tudo, também passará por espéciede ‘morte e ressurreição’. Neste caso, a passagem deApocalipse 13. 3, que diz: “E vi uma de suas cabeças como

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ferida de morte, e a sua chaga mortal foi curada...”, confirmariaeste pensamento. Com efeito, porém, mesmo havendo estainterpretação, parece que esta passagem não está falando damorte e ressurreição do anticristo, e, sim, do ressurgimentodo antigo império romano no fim dos tempos. Esta cabeçaferida de morte é aquela (o Império do Ocidente) que foigolpeada por Odoacro, rei dos hérulos. A cisão do Império emImpério do Ocidente com sede em Roma, e Império Romanodo Oriente, ou Império Bizantino, com capital emConstantinopla, contribuiu, posteriormente, para aquilo queos historiadores passaram a chamar de ‘morte do impérioromano’. Costuma-se dizer que o Império Romano durou até476 d.C. quando os invasores hérulos, comandados porOdoacro, depuseram o imperador Rômulo Augústulo. Mas esseacontecimento marca apenas o fim do Império Romano noOcidente. A metade oriental, mais rica e mais populosa –sobreviveu como Império Romano do Oriente até a metade doséculo XV. Em 395, acossado pelas migrações e invasões dosbárbaros, Teodósio divide o Império em Império Romano doOcidente, com centro em Roma, e Império Romano do Oriente,ou Império Bizantino, com capital em Constantinopla. OImpério do Ocidente subsistiu por 80 anos e se extinguiu em476, com a deposição de Rômulo Augústulo, o últimoimperador romano, quando Odoacro, rei dos hérulos, seapoderou de Roma. A queda deste Império marca o fim daAntiguidade e o começo da Idade Média. Hoje, Roma existe,mas não o Império.

2. O anticristo será um homem ressurgido dos mortos?.Existe uma outra corrente de pensadores que opinam de outraforma, dizendo que, assim como Jesus morreu e foi levantadoda morte pelo poder de Deus; e que também de uma maneiraparecida, o acontecimento da morte das duas testemunhas esuas ressurreições, assim também, o anticristo procuraráimitar tanto um acontecimento como o outro. Assim, suacabeça principal seria golpeada por um de seus súditos, deorigem judaica (em sentido real ou aparentemente). Em

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seguida, através de seus órgãos de comunicação, seriadivulgada uma nota com a notícia de sua morte. Logo apóseste noticiário, o mundo todo que se encontra sob o domínioe orientação da besta lamentará a sua morte como perdairreparável. Em meio a todos estes rumores, uma outra notíciasurge de repente e toda a imprensa do mundo começa adivulgar que, durante o velório da besta, ela ressurgiu dosmortos. A notícia de sua ressurreição, que partirá diretamentede seu trono, foi de tal monta que “...toda a terra semaravilhou” (Ap 13.3,12). Certa feito ocorreu um boato nanotícia internacional, originado de fonte chinesa, que MaoTsetung, o líder chinês tinha morrido misteriosamente e depois,apareceu dizendo a seus súditos, que tinha ressurgidos dosmortos nas águas de um rio. Boato desta natureza não serádifícil de aparecer com respeito a besta.

II. A ORIGEM DO ANTICRISTO

1. De onde surgirá o anticristo. No tocante a origem doanticristo, podemos sugerir três interpretações lógicas, asquais nos levarão ao significado do pensamento que aqui estáem foco:

a) A besta que “subiu do abismo” – “E quando acabarem oseu testemunho, a besta que sobre do abismo lhes faráguerra...” (Ap 11. 7a). Aqui fala de onde procede a origem dabesta e de seu poder espiritual. E esta é a primeira referênciadireta que se faz a esta figura sombria no Apocalipse, diz queela ‘sobe do abismo’. Isto mostra claramente que origem eformação, foram ambas, adquiridas do dragão, que lhe deu“...o seu poder, e o seu trono, e grande poderio” (Ap 13. 2b).Aqui, portanto, surge o contraposto entre o anticristo e apessoa de Cristo. O dragão usando de engano para com osseus súditos, quer imitar a Deus, e usa o anticristo para imitara Cristo, no tocante a sua origem e manifestação ao mundo.Jesus Cristo, o Filho de Deus, foi concebido pela virtude doEspírito Santo no ventre da virgem Maria – onde o seu corpo

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foi preparado e nasceu na plenitude dos tempos na cidade deBelém (Lc 1. 35; 2. 7, 11; Hb 10. 6). Todo este processoenvolvendo a pessoa de Cristo, é chamado de “mistério dapiedade”, conforme falou Paulo por amor de seu argumento,quando disse: “E sem dúvida alguma grande é o mistério dapiedade: Aquele que se manifestou em carne, foi justificadoem espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios. Crido nomundo, e recebido acima na glória” (1 Tm 3. 16). Por outrolado, se opondo ao “mistério da piedade”, o dragão se vale do“mistério da injustiça” e prepara um nascimentoaparentemente fantasioso no ventre de uma de suas súditas,que já fora escolhida por ele para essa finalidade (cf. Sl 58. 3).Então nascerá aquele “...cuja a vinda é segundo a eficácia deSatanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira” (2Ts 2. 7, 9). Esta ideia sombria já existe na mente daqueles quese tornaram escravos da magia negra e suas formas deexpressão. Alguns deles até já divulgam e escrevem tais ideias,dizendo que, em um certo tempo, o príncipe das trevas faráque uma de suas escolhidas, conceba uma criança, dotada depoderes e habilidades para governar o mundo.

b) A besta que ‘subiu do mar’ – “E eu pus-me sobre a areiado mar, e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças edez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre assuas cabeças um nome de blasfêmia” (Ap 13. 1). Aqui fala deseu poder político – a segunda referência direta à besta noApocalipse, diz que ela subiu do mar. Uma boa parte doscomentadores do Apocalipse, opinam que o ‘mar’ que aquiestá em foco, deve ser tomado em sentido simbólico e nãogeográfico. Ainda que o Mar Mediterrâneo serviu de baseorientativa para o Antigo Império Romano. Assim, as águasaqui representam as nações gentílicas do mundo (Ap17.15).A besta que subiu do mar, é o Império Romano. Estainterpretação diz: “No apocalipse se diz que essa besta – umestado pagão – terá sete cabeças e dez chifres. Ora, de JúlioCesar até o tempo em que São João escreveu o Apocalipse,houve dez imperadores romanos:

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1º. Júlio Cesar.2 º. Otávio Augusto.3º. Tibério.4º. Calígula.5º. Cláudio.6º. Nero.7º. Galba.8º. Ótão.9º. Vitélio.10º. Vespasiano.Desses dez imperadores, somente sete foram, de fato,

considerados Imperadores, pois que Galba, Otão e Vitélio, nãoforam colocados nos Anais do Império como soberanos poisque não realizaram certas condições para tal. Daí o Apocalipsefalar de dez chifres e sete cabeças. A sexta cabeça, diz oApocalipse, fez guerra aos santos e os matou. Ora, Nero, osexto imperador, perseguiu os cristãos em Roma, e matou SãoPedro e São Paulo. Está dito no Apocalipse que esse chifre foiferido de morte e não morreu. Nero foi ferido mortalmente,quando de sua deposição do trono imperial, mas constavaque não havia morrido. Durante muito tempo o povo esperavao retorno de Nero”.

c) A besta que ‘subiu da terra’ – “E vi subir da terra outrabesta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; efalava como dragão” (Ap 13. 11). Aqui fala de seu poderreligioso – Podemos opinar que anticristo receberá poderes:espiritual do dragão – político dos gentios – e religioso dosjudeus, quando com ele fizerem uma aliança (Dn 9. 27). Estabesta que é interpretada como sendo o ‘falso profeta’ doanticristo, surge no cenário mundial para consolidar o poderterreno do anticristo. João Batista confirma este argumento,dizendo: “Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele quevem da terra é da terra e fala da terra” (Jo 3. 31). Esta figurasombria que subiu da terra, terá toda habilidade e capacidade

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de persuadir a mente religiosa desprovida da graça divina, deseguir a besta que subiu do mar. Com sua capacidade depersuasão, ele fará que os judeus e outros povos, façamaliança ou concerto com o anticristo. Um dos pontos principaisdesta aliança, tem como objetivo estabelecer a paz no OrienteMédio. Contudo, o propósito do anticristo não é procurar apaz entre judeus e árabes. Seu intuito é tomar o lugar santo,onde está edificado o Templo (Dn 11, 31; 2 Ts 2. 4). A bestaque subiu do abismo e a que subiu do mar: as duas são oanticristo (Ap 11. 7: 17. 8). A besta que subiu da terra é ofalso profeta do anticristo. Os dois e o dragão, formam umatríade (Ap 16. 13). Geograficamente falando, opina-se que oanticristo pode surgir dum país pequeno, sem muita expressãopolítica ou comercial. Esta linha de pensamento sugere queum líder religioso de projeção mundial deva surgir nocontinente asiático, tomando como exemplo Moisés, Jesus,Buda, Maomé, Confúcio e outros menos conhecidos. Assim,um líder político, com tamanha projeção, da mesma forma,deverá nascer dentro dos limites do continente europeu. Assimo anticristo, de acordo com esta interpretação, somente poderánascer na Europa – ainda que estenda suas pretensõesreligiosas ao continente asiático – especialmente em Jerusalém.3

2. A versatilidade do anticristo. De acordo com asEscrituras, o anticristo se apresentará no cenário mundialportando vários nomes e identidades. Dentre outros, citaremosestes:

a) O ímpio – E “...ferirá a terra com a vara de sua boca, ecom o sopro dos seus lábios matará o ímpio” (Is 11. 4b).Quando se diz que alguém é ímpio, então pensa logo emalguém não tem piedade. Isto é, um individuo insensível,desumano e cruel. Do ponto de vista divino de observação, oanticristo será tudo isso e muita mais. O termo ‘ímpio’ e‘impiedade’ tornam-se clássico depois que foi usada para nacondenação de Anaxágoras de Clazômenas. Impiedade foi aacusação de ato ou expressão ímpia, ou irreligiosidade, feitaa Anaxágoras de Clazômenas, quando ele questionou a

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divindade do Sol e da Lua, dizendo que o primeiro era apenasuma pedra de fogo e, o segundo, um pedaço de terra. Assim,foi preso, mas conseguiu fugir para Lampsaco (Jônia), ondemorreu. Mas a expressão já era usada pelos antigos em formaproverbial. “Como diz o provérbio dos antigos: Dos ímpiosprocede a impiedade” (1 Sm 24. 13a). A injustiça é como ainveja. Ela é uma arma sombria, usada por Satanás no campoda destruição. Por esta razão, Deus que é o Justo Juiz,manifesta sua ira contra tal atitude por parte dos homens.Paulo descreve também este pecado grosseiro, dizendo:“Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda aimpiedade e injustiça dos homens...” (Rm 1. 18a). Em algumasversões atualizadas, na passagem de 1 João 5. 17, diz “toda ainjustiça é pecado”, ao invés de “toda a iniquidade é pecado”.Essa é, talvez, a definição mais comum da injustiça. A lei fixauma linha divisória entre o bem e o mal, entre o justo e oinjusto, e qualquer passo que a transponha, é injustiça. A leide Deus fala de um reino para aqueles que são justos (Mt 13.43), como também, de igual modo, um castigo eterno para osinjustos (Ap 22. 11). Os sábios helenistas que viveram antesde Cristo, usavam a palavra grega “adikia”, para designar“delito contra Deus; dívida contraída, que não fora perdoada”(cf. Mt 6. 12). A Bíblia reputa os filhos das trevas como sendo“inimigos de toda a justiça”. Por isso são injustos (At 13.10etc). Do ponto de vista escatológico, Jesus é “O Justo” (Is 53.11), enquanto que o anticristo, será “o iníquo” (2 Ts 2. 8).Paulo afirma que os “injustos” ficarão fora do céu (1 Co 6. 9).O anticristo incorporará em si toda forma de impiedade. Seugoverno será desumano e cruel em todas as forma deexpressão. Ali não haverá perdão. Até mesmo se algum deseus súditos chegar a transgredir numa pequena norma dasque foram implantadas por ele – voltando arrependido – nãoencontrará o perdão – mas será morto sem misericórdia.

b) O príncipe que há de vir – Quando abrimos as Escrituraspodemos observar que em várias passagens escatológicas quefocalizam a pessoa do anticristo, é também descrito o seu

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caráter e natureza sombria. O que indica, portanto, que eleserá um homem de uma versatilidade inconcebível, emqualquer esfera da existência do mal. São inúmeros os nomese apelativos que são usados para descreverem a vida e asobras deste agente das trevas. Contudo, os mais usados econhecidos e, que se destacam são estes: A passagem de Daniel9. 25, fala de um Príncipe vindouro. Ele é o Messias, prometidoa Israel e à humanidade. Com efeito, porém, quando chegamosno versículo 26 do texto em foco, entra em cena um outropríncipe. Ali, também se diz que o seu povo destruirá a cidadede Jerusalém e o santuário do Senhor, nela erigido. Estepríncipe é o anticristo. Ele será chamado tanto de “príncipe”como de “rei”. O substantivo masculino ‘príncipe’, indicaclaramente que o anticristo pertence à uma linhagem realadormecida (cf. Dn 11. 40). Neste texto é dito que ele é o ‘reido norte’, e ainda em Apocalipse 17. 10-11, diz que ele é umrei, que pertence à uma dinastia que tivera sete governantes– enquanto ele (o anticristo) seria o oitavo. Muitos têmpensado que o anticristo pode possuir dupla nacionalidade(uma romana e a outra judaica), e que ambas tinham raízesem ancestrais monárquicos. Este direito facilitaria sua aliançacom o povo judeu por um certo período de tempo. O certo éque “...ele (o anticristo) firmará um concerto com muitos poruma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifícioe a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá oassolador, e isso até a consumação; e o que está determinadoserá derramado sobre o assolador” (Dn 9. 27). Tem sidoafirmado por alguns que o hebraico “herith” (aliança),empregado aqui, não pode ser uma “aliança” entre homens,mas tem de referir-se a uma “aliança” da parte de Deus. Eles,porém, se esquecem de que o mesmo termo hebraico (herith)é usado acerca da aliança entre Acabe e Bene-Hadade (1 Rs20. 34), da aliança entre Efraim e a Assíria (Os 12. 1), e tambémda aliança entre Antíoco e Ptolomeu (Dn 11.22). Essa“aliança” ou “concerto” entre o anticristo e os judeus, portrês anos e meio aproximadamente, é o que o profeta Isaíaschama de “concerto com a morte” (Is 28.15), e que logo a

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seguir o mesmo profeta vaticina também o rompimento desteconcerto, dizendo: “O vosso concerto com a morte se anulará;e a vossa aliança com o inferno não subsistirá; e, quando odilúvio (inundação – Dn 9. 26) do açoite passar, então sereisoprimidos por ele” (Is 28.18). O objetivo do anticristo nesteconcerto é exclusivamente tomar o lugar santo (o Templo) eprofaná-lo (Dn 11. 31). Usando os títulos de príncipe e de rei,o anticristo procurará provar para seus súditos que ele é umrei igual a Jesus. Também de maneira sutil deseja imitar oreino de Deus em seu aspecto universal, que jamais terá fim.Mas seu embuste durará pouco, pois quando o Senhor efetuarsua prisão e a de seu consorte, seu reino que não é eterno,desabará e será destruído (cf. Dn 2. 44-45).

c) O homem do pecado – Desde que o querubim ungido pecou,e, que se transformou no diabo, e posteriormente quando os‘olhos de Adão e sua mulher foram abertos’ indicando que elestinham cometido o primeiro pecado da história humana e daípor diante, o pecado tem seguido uma forma crescente eagressiva (Gn 3. 7). Aqueles que procuram defender que omundo vai melhorar moralmente mesmo antes do Milênio deCristo, não estão pensando de acordo com tudo aquilo que dize prediz a palavra de Deus. A partir de Gênesis 3. 9, aparece aprimeira pergunta de Deus (esta é a segunda pergunta daBíblia), porque infelizmente, a primeira foi feita pela serpente,quando perguntou à mulher: “É assim que Deus disse: Nãocomereis de toda a árvore do jardim?” (Gn 3. 1). Mas a perguntamoral que aparece pela primeira vez foi de fato, feita por Deusquando arguiu o homem, dizendo: “...onde estás?”. Esta serefere a responsabilidade humana, “...onde estás?”. A perguntafoi dirigida a Adão, que fugiu – escondendo-se de Deus. Porquê? por causa do medo; por quê? por causa da santidadedivina; por causa da ira de Deus (cf. Gn 3. 6; 4. 14; Is 6. 5; Ap 6.16-17). Em o Novo Testamento, a primeira pergunta é feita peloshomens acerca de Deus (Filho), quando perguntaram paraHerodes: “...onde está aquele que é nascido rei dos judeus...”(Mt 2. 2). Mas de qualquer modo, as Escrituras são proféticas ese combinam entre Si em cada detalhe. A primeira pergunta

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religiosa foi feita ao “primeiro homem, Adão”; em o NovoTestamento é feita a primeira pergunta religiosa a respeito deCristo – “O último Adão” (cf. 1 Co 15. 45). A segunda perguntamoral de Deus é feita a Caim: “...onde está Abel, teu irmão?”. Oanticristo como homem do pecado, procurará a qualquer custo,implantar todas as modalidades de depravação moral na mentede seus súditos, visto que seu objetivo principal é corromper ea destruir todos os valores morais – produzindo com isto adesintegração das famílias.

d) O filho da perdição – O filho da perdição é o título aplicadoa dois personagens no Novo Testamento: Judas Iscariotes e oanticristo. Ambos também seguirão o mesmo destino: oabismo (At 1. 25; Ap 19. 20; 20. 10). Judas Iscariotes foi uma“figura sombria” do Ministério de Jesus. Judas, era filho deum certo Simão Iscariotes, provavelmente originário da cidadede Queriote-Hezrom, acerca de vinte quilômetros ao sul deHebrom (Js 15. 25). Ele é sempre citado em último lugar naslistas apostólicas e é sempre identificado pelo adjetivo“traidor”. Era originalmente da Judéia, e foi o único apóstoloque não era galileu. Chegou a ser o tesoureiro do grupo, enão sofreu nenhuma mudança no nome nem no caráter.Alguns eruditos têm pensado que a palavra “Iscariotes” querdizer “assassino”. Outros, porém, veem aí uma alusão aQueriote, lugar localizado em Moabe (Jr 48. 24), ou então aQueriote-Hezrom, acerca de vinte quilômetros ao sul de Hebrom(Js 15. 25). Ou ainda há um outro pensamento, que, seu nome“Iscariotes” pode ter mesmo o sentido de “um traidor”.Horrorizada, a Igreja Primitiva dizia: “Um dos doze é que traiua Jesus”. E enfaticamente, argumentava: “Judas ter-se-iarealmente se convertido?”. Algumas passagens das Escriturasmostram-nos com clareza seu caráter anterior. Ele era:

1º. “Um perseguidor” (Sl 69. 26).2º. “Um ladrão” (Jo 12. 6).3º. “Um hipócrita” (Lc 22. 48).4º. “Um diabo” (Jo 6. 70).

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5º. “Um traidor” (Lc 22. 21).6º. “Um suicida” (Mt 27. 5).7º “Um guia do mal” (At 1. 16).8º. “Um precipitado” (At 1. 18).Sua má índole o levou à apostasia e ao suicídio final: sendo

esse, sem dúvida, o destino de todo traidor (Mt 27. 3-5; At 1.25). O anticristo é o contraposto da pessoa de Jesus. Este é oFilho de Deus – ele será o filho da perdição. Por esta razão, omesmo terá como herança o Lago de Fogo, que é a perdiçãoeterna de todo aquele que vive e parte para o outro lado davida sem a proteção da redenção do Filho de Deus. O anticristo,portanto, será chamado de “filho da perdição”, porque do pontode vista divino de observação, é o que ele é. Sua origem principalé a perdição. De lá ele virá e para lá tornará, pois assim estáescrito pelo profeta de Deus, que afirma: ele (o anticristo) ‘subirádo abismo’ e que ‘irá à perdição’ (Ap 11. 7; 17. 11).

e) O iníquo – Este termo aplicado à pessoa do anticristoindica claramente sua natureza contraposta a do Filho deDeus. Assim Jesus é o Justo – ele será o iníquo (2 Ts 2.8). Oanticristo usará de todos os meios a fim de que a iniquidadepossa avançar numa escala ascendente. Ele fará isto visandoferir o sentimento amoroso e a equidade de Deus. “Toda ainiquidade é pecado: e há pecado que não é para morte” (1 Jo5. 17). A palavra “iniquidade” é tomada como personificaçãodo pecado quando este é praticado no sentido cruel. Nohebraico essa palavra, é “hattã’th” e sua variante “awôn”,que significa desobediência merecedora pela culpa de umgrande castigo (Jó 19. 29; Hb 2. 2). Nas Escrituras do AntigoTestamento, a iniquidade já era reconhecida como tendosentido especial que, designava o pecado em sua forma maiscruel e brutal. Davi descreve a natureza daqueles que apraticavam, dizendo: “Não terão conhecimento os obreirosda iniquidade, que comem o meu povo, como se comessempão? Eles não invocam ao Senhor” (Sl 14. 4); enquanto quenosso Senhor Jesus Cristo retrata a iniquidade como aquele

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elemento mortal que separa o homem de sua caminhada,quando exclama: “Apartai-vos de mim, vós que praticais ainiquidade” (Mt 7. 23) e com relação a Deus o profeta Isaíasapresenta o seguinte gráfico: “...as vossas iniquidades fazemdivisão entre vós e o vosso Deus...” (Is 59. 2). Aqui está,portanto, o verdadeiro sentido da iniquidade: “aquilo quesepara”, ou de acordo com o conceito rabínico “aquilo quecoloca longe”. Isto é, que distancia.

III. O ANTICRISTO E OS MUITOS ANTICRISTOS

1. Além do anticristo há outros anticristos. O apóstoloJoão, falou aos seus discípulos e por extensão a todos nós,que além do anticristo, a besta que subiu do mar, havia já nomundo muitos que se tinham feito anticristos. Assim ele disse:“Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem oanticristo, também agora muitos se têm feito anticristos” (1Jo 2. 18). Esta expressão que aqui está em foco, é quaseidêntica àquela que se encontra em 4. 3, da 1 epístola de João,que fala do “espírito do anticristo”. O anticristo e os muitosanticristos e o espírito do anticristo são distintos nas ações,mas, todos pertencem à mesma origem. O que caracteriza atodos eles é a negação da encarnação do Verbo (a palavra), oFilho eterno, Jesus, como Cristo (Mt 1. 16; Jo 1. 1). Os “muitosanticristos” precedem e preparam o caminho para o anticristo,que é a besta que “subiu do mar”.

a) O anticristo e o espírito do anticristo – Em 1 João 2.18,fala-se do anticristo e de muitos que se fizeram anticristos. Eainda em 4.3, de “o espírito do anticristo”. O “espírito doanticristo” deve ser distinguido de “o anticristo” e de “muitosanticristos”, embora todos procedam da mesma fonte. “Oespírito do anticristo”, em sentido amplo, já se encontraoperando no mundo, procurando enfraquecer, negar e rejeitara verdade sobre a pessoa de Jesus Cristo. “A distinção, assim,é clara: o “espírito do anticristo” instrui aos “muitos que sefizeram anticristos” a negarem que exista um Cristo.

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Enquanto que o próprio anticristo afirma ser ele o próprioCristo”.4

De acordo com as profecias bíblicas, o anticristo surgirá dedentro de uma estrutura dos antigos impérios que tiveramconotações mundiais e que foram consolidados no ImpérioRomano. O capítulo 11 de Daniel descreve uma sucessão dedinastias até chegar ao reino do anticristo, representado pelorei do norte. Durante o tempo sombrio da Grande Tribulação,quando os homens se encontrarem em um estado de“perplexidade” [beco sem saída], o anticristo aproveitar-se-ádessa situação para oferecer à humanidade as suas falsaspromessas. Ele será portador de um grande poder depersuasão, com o qual convencerá as pessoas com facilidade.Ele será um verdadeiro gênio do mal. Ele será habilidoso como:

b) O mentiroso – O anticristo fará da mentira o refúgio deseu governo e a base de suas palavras. Assim, do ponto devista divino de observação, o anticristo procurará negar aorigem de nosso Senhor Jesus e Sua obra redentora. Tambémprocurará, a todo custo, ocultar a concepção virginal do Filhode Deus, dizendo que, cientificamente, isso é impossível. Masa Escritura diz que ele é mentiroso, porque a evidência centralda encarnação de Jesus, Sua vida, morte e ressurreição nãopodem ser negadas. Assim disse João em sua primeira epístola:“Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é oCristo? É o anticristo, esse mesmo que nega o Pai e o Filho” (1Jo 2. 22). O falso profeta do anticristo é também caracterizadocomo sendo o mentor intelectual de todo o engano. Ele “enganaos que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido quefizesse em presença da besta...” (Ap 13. 14). Assim, todos ostrês – o dragão, o anticristo e o falso profeta – são atuadospor “...três espíritos imundos, semelhantes a rãs” (Ap 16. 13a).Estes espíritos imundos, que saíram da “...boca do dragão, eda boca da besta, e da boca do falso profeta”, são espíritoscom alto poder de comunicação e persuasão, cuja missão éfazerem prodígios para confundirem as mentes daqueles,“cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro

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que foi morto desde a fundação do mundo”. Estes três espíritosimundos serão capacitados por Satanás para produzirem“...sinais e prodígios de mentira”. Assim eles conseguirão aadesão “...dos reis de todo o mundo, para os congregar paraa batalha, naquele dia do Deus Todo-Poderoso”.

2. A besta propriamente dita. Aqui, agora, portanto,temos a manifestação do anticristo em seu estágio final. Eleaparece como sendo uma besta, porque do ponto de vistadivino de observação é o que ele é. A palavra para “besta”neste capítulo não é a mesma usada no capítulo 4.6 e ss:(“zoon, o que vive”), mas, a palavra grega “therion”, quesignifica “uma fera”. Ela era usada na literatura grega ehelenista para indicar animais “perigosos”. Usava-se tambémpara indicar seres animalescos, de natureza sobrenatural, ouindivíduo de natureza bestial. No presente texto, João usa apalavra para descrever a “figura sombria do Anticristo”. EstaBesta será uma pessoa e não apenas uma personificação domal, ela é chamada de “Besta”, porque do ponto de vista divinode observação é o que ela é. A passagem fala claramente deuma pessoa, pelo uso do pronome “ela” (Ap 13.4; 17.11;19.20). “Em inglês, o pronome é “he”, usado somente parapessoas. Deve-se ter isto em mente para compreensão dosignificado do pensamento, pois em português, “ela” é usadotanto para pessoas animais ou coisas”. Ao ser denominadode ‘besta’, significa que o anticristo será o monstro maishediondo que o mundo já conheceu; somos forçados a crerque ele tenha duas nacionalidades: uma romana e a outrajudia. Sobre a primeira (Dn 2.44; 7.7 e s; 8.9 e s; 9.27; Ap 13.1e s); sobre a segunda (Dn 11.37, 38, 45; Mt 24.15; Mc 13.14;Jo 5.43; 2Ts 2.4; 1Jo 2.18; 2Jo v.7). Em figura de retórica verAtos 22.28. Sobre sua raça ver Ezequiel 21.25-27; 28.2 e s;Dn 8.23-25; 9.27; Mt 12.43-45. Semelhantemente, ele exercerásuas atividades em duas capitais: (Roma – centro político) e(Jerusalém – centro religioso). Os rabinos judaicos ensinamque ele será da tribo de Dã: “Dã será (no futuro) serpentejunto ao caminho, uma víbora junto à vereda” (Gn 30.6; 49.17).

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Os místicos contemporâneos dizem que o Anticristo nasceu a5 de fevereiro de 1962, na Palestina; foi para um dos paísesárabes. Atualmente se encontra em silêncio em Jerusalém.Não sabemos se isso é real, ou fictício, mas será umacoincidência curiosa que adicionando os números da datadesse ano, temos 1 + 9 + 6 + 2 = 18, ou seja, três x6 ou 666.Não devemos duvidar se há ou não nisso significação especial,pois a Bíblia afirma que “...já o mistério da injustiça opera”(2Ts 2.7). “E eu pus-me sobre a areia do mar, e vi subir domar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobresuas cabeças dez diademas, e sobre as suas cabeças um nomede blasfêmia” (Ap 13. 1). Na visão de Daniel a besta que aquiestá em foco, diz que ela subiu do mar Ele diz que “...quatroanimais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar”(Dn 7. 3). E aqui no Apocalipse, a primeira referência diretaque é feita sobre a besta, diz que ela “sobe do abismo” (Ap 11.7). E agora aqui, no texto em foco, diz que ela “sobe do mar”.Para muitos comentadores renomados, o fato da besta tersubido do mar, demonstra o seu caráter de um monstromarítimo. O mar também tem o seu equivalente ao abismotanto na poesia como em sentido real (cf. Êx 15. 5, 8 etc.). Asegunda besta “sobe da terra” (Ap 13. 11). Alguns opinamque pelo fato da primeira besta ter subido do mar e a segundater subida terra, tornam-se correspondentes entre o beemote,o monstro terrestre e o leviatã, o monstro marinho, amboscitados em Jó 40. 15; 41. 1, como criaturas que tipicamentefalando, servem de emblema expressivo dos inimigos queatacariam ao povo de Deus (Is 27. 1; 51. 9; Ez 32. 2). EmApocalipse, do princípio ao fim, o anticristo é sempre chamadode ‘a besta’. Nele, cerca de 27 vezes se faz referências imediatasa este inimigo de Deus, e em algumas delas, é acrescentadaao seu consorte – isto é, o seu falso profeta (Ap 11. 7; 13. 1, 2,3, 4, 12, 14, 15, 17, 18; 14. 9, 11; 15. 2; 16. 2, 10, 13; 17. 3, 7,8, 11, 12, 13, 16, 17; 18. 19, 20; 20. 10). O termo ‘besta’ usadonas Escrituras – especialmente no Apocalipse – descreve anatureza feroz e voraz do anticristo. Sua crueldade na maneirade pensar e no executar de suas ações, indicam portanto, que

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será realmente aquilo que indica o seu nome. Daniel odescreveu como sendo “uma fera terrível”, capaz de destruire reduzir em pedaços a todos que a ele se opuserem (Dn 7. 7,19, 23). Assim fica demonstrado, portanto, que o anticristoagirá não tão somente pela habilidade e capacidade humanas– mas com o ‘grande poderio’ que recebera do dragão no iníciode seu governo (Ap 13. 2). Quando voltamos nossa atençãopara o passado, devemos observar que o fator maispreponderante que chamou a atenção do profeta Daniel,quando viu em sua visão apocalíptica o animal terrível, quetambém subia do mar, foi que aquela ponta pequena que subiupor último, tinha “uma boca que falava grandiosamente”.Mais na frente ele novamente afirma que daquela boca vinham“grandes palavras”. No contexto subsequente, diz que estasgrandes palavras eram dirigidas “contra o Altíssimo”, isto é,contra Deus (Dn 7. 8, 11, 25). O leitor deve observar como asEscrituras são proféticas e combinam entre Si em cada detalhe.Aquela boca que aparece em Daniel que falava contra Deus, éagora transferida para a besta que subiu do mar, com afinalidade de “proferir grandes coisas e blasfêmias”. Durantetrês anos e meio, a besta promoverá uma campanha injuriosacontra Deus, contra Seu tabernáculo e contra aqueles quehabitam no céu (Ap 13. 5-6). Com isto, a besta tenta a qualquercusto, minar a fé daqueles que encontram-se adorando a Deusem meio a Grande Tribulação e afastá-los da esperança futuraque os mesmos encontrarão em Jesus. O anticristo terá um‘reino’ e um ‘trono’ dando-nos a entender que seu governoserá moldado numa realeza ditatorial (Ap 16. 10).

3. O pensamento de um governo centralizado.Recentemente um Rabino propõe “ONU das religiões”. Ideaispropostos podem esconder sinais da vinda do anticristo. Emmeio às críticas e manifestações contra a violência e mortescausadas em nome das religiões, o rabino-chefe de Israel, YonaMetzger, sugeriu a criação de uma “Organização das NaçõesUnidas de Grupos Religiosos (ONUGR)”. O objetivo divulgadoé o de promover um futuro de paz e segurança à humanidade.

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A ideia foi bem recebida pelo Imã de Gaza, Imad al-Faluji. Eleafirmou que os políticos mentem, ao contrário dosrepresentantes religiosos que trabalham por um bem maior.A proposta foi feita durante o Congresso Internacional de Imãse Rabinos para a Paz, em Sevilha, na Espanha, em abril desteano. O ideal presente na nova organização parte do princípiode que as guerras nunca serão eliminadas, a não ser quealguma forma de governo mundial substitua a era das Nações-Estado. É um lema da Nova Ordem Mundial. Acredita-se que,se não for dessa forma, a unidade política do mundo nuncaserá alcançada sem dar um fim aos conflitos religiosos. Naconferência aberta no Congresso de Sevilha, os ativistasparticipantes disseram que o mundo está em crise e é hora deagir para restaurar a justiça, o respeito e a paz. Segundo eles,agora é a hora para iniciativas concretas. A proposta contacom apoio amplo figuras influentes, como Frederico Major,co-presidente da Aliança para Civilizações, apoiado pelasNações Unidas.

a) As Intenções – Apesar das ideias representarem umaboa intenção para a comunidade internacional, com tolerânciae respeito às diferenças religiosas, existe um problema crucialpara a fé cristã. É que os planejadores da Nova Ordem Mundialdefendem uma concepção global de fé e religião, denominada“Interfaithism”, onde todos os caminhos – apesar de suasdiferenças – são válidos para chegar a Deus. Assim, apretensão central é convencer os líderes religiosos de abrirmão de suas doutrinas em nome de um bem maior, para queseja possível alcançar paz e segurança. Diante do cenário deguerra que assola o Oriente Médio e a própria Terra Santa, osideais da Nova Ordem Mundial são sedutores. Contudo,contrariam a verdade descrita na Bíblia e, consequentemente,podem afastar a humanidade de reconhecer que o únicocaminho é o Senhor Jesus Cristo.

b) Profecias acerca do Anticristo – Não é difícil, portanto,imaginar que o planejamento da “ONU das Religiões” possaser o início da preparação para a vinda do anticristo, onde os

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homens clamarão que a paz e a segurança foram encontradas.No livro de I Tessalonicenses 5.13, o apóstolo Paulo faz umaprofecia clara sobre o assunto. “Pois que, quando disserem:há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição,como as dores de parto àquela que está grávida, e de modonenhum escaparão”. Além disso, como a Nova Ordem Mundialprega que a humanidade deve aceitar que todas as crençassão válidas para se chegar a Deus, ela semeia que todos devemnegar que Jesus seja o único caminho para a salvação. Para acristandade, essa mudança de comportamento significa negarque tudo o que, hoje, é reconhecido como verdadeiramenteproveniente de Deus. Na segunda carta aos tessalonicenses,o apóstolo Paulo deixa claro que o anticristo pousará comoDeus e será contrário a tudo o que provém Dele. “O qual seopõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou seadora; de sorte que assentará, como Deus, no templo de Deus,querendo parecer Deus” (2 Ts 2.4). Ainda no mesmo livro ecapítulo, o apóstolo Paulo ainda da mais detalhes sobre o“filho da perdição”. “Porque já o mistério da injustiça opera;somente há um que, agora, resiste até que do meio seja tirado;e, então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfarápelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da suavinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, comtodo poder, e sinais, e prodígios de mentira” (2 Ts 7, 8, 9).

4. A destruição do anticristo. O anticristo, seus exércitose também aquelas “tribos da terra” que desejavam destruir anação eleita de Israel se “lamentarão sobre ele”, pois, com apresença de Cristo, será neutralizado seu intento mortal quetinham fomentado contra Israel. A besta e suas tropas seretirarão de Jerusalém para o vale de Armagedom. Ali elaprocurará organizar um ataque fulminante contra Jesus eseus exércitos celestiais Ela, então, invocará o poder dodragão, pedindo a ele que envie, em seu auxílio, tropas domundo das trevas capazes de combater as hostes de Cristo. Odragão lhe enviará 200 milhões de cavaleiros com “couraçasde fogo. E de jacinto, e de enxofre” (Ap 9.16-17). Tais cores

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projetadas no mundo das trevas são apresentadas como corespsicodélicas de “vermelho fogoso, azul fumegante e amarelosulfírico”, para causarem cisma e extremo terror. Também opreparo de um exército terrestre sem precedente na históriahumana, três espíritos imundos serão enviados com o poderde realizarem prodígios e persuasão, cuja finalidade éconvencer os “...reis de todo o mundo, para os congregar paraa batalha, naquele dia do Deus Todo-poderoso”. Com efeito,porém, todos estes esforços do grande inimigo de Deus e doshomens serão em vão. Cristo usará o seu supremo poderpessoal e toda a força do inimigo (seja ela terrena ou espiritual)cairá por terra, ali naquele vale (cf. Is 63.6; Ap 19.19-21).

5. A prisão do anticristo e de seu falso profeta. oanticristo, seu falso profeta e todas as suas hostes, serãodestruídos por Cristo – o Ungido do Senhor. Os “...dois foramlançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre”, enquantoque os demais (suas hostes) “...foram mortos com a espadaque saia da boca do que estava assentado sobre o cavalo”(Ap 19. 20-21). O triunfo de Cristo por ocasião de seu retornoà terra, trará à nação inteira de Israel um arrependimentonacional. E, como resultado disso, haverá salvação para cadalinhagem do povo escolhido. “E assim todo o Israel será salvo,como está escrito: de Sião virá o Libertador, e desviará deJacó as impiedades. E este será o meu concerto com eles,quando Eu tirar os seus pecados” (Rm 11.26-27). A conversãoda nação inteira de Israel é mencionada em várias passagensdas Escrituras. Após ter comemorado sua grande vitória sobreos inimigos do bem com os 144 mil no monte Sião, haveráuma conversão em massa do povo eleito. Obtendo o perdãode Cristo e reafirmando os acordos do concerto entre a naçãode Israel e Cristo, o povo eleito estará pronto e preparadopara ingressar no Milênio.

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I. SEU NUMERO É – 666

1. Três ordens de números. Devemos observar que não ésomente o número que se encontra relacionado com ‘o nomedo anticristo’. Mas um sinal, um nome e a imagem tambémsão mencionados. Sendo que o número apresenta (“trêsordens de números”) e duas maneiras subsequentes, assimmencionados:

a) =”O seu número é seiscentos e sessenta e seis” (Ap13.18).

b) =”A besta que era e já não é, é ela também o oitavo”(Ap 17.11a).

c) =(A besta) “...é dos sete” (Ap 17.11b).Portanto, pode-se buscar o número da besta, em os

números 6, 7 e 8, e não tão somente no número 666. Tambémhá duas maneiras subsequentes: ligando o anticristo com otermo ‘primeiro’ e com a ‘última hora’. “Porque isto nãoacontecerá sem que ‘primeiro’ venha a apostasia e sejarevelado o homem do pecado; o filho da perdição”. E ainda:“Ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm

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O NÚMERO MISTERIOSODA BESTA – 666

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feito anticristos; por onde conhecemos que é já ‘a última’ hora”(2 Ts 2.3; 1 Jo 2.18 – ARA). O que chama a nossa atenção,nestas duas expressões, são as palavras primeiro e última,como algo relacionado ao anticristo.

Há também uma referência de número cardinal em relaçãoa besta, quando se diz: “e exerce todo o poder da (‘primeirabesta’) na sua presença” (Ap 13.12) e de um número ordinal,“estes (‘dois’) foram lançados vivos no ardente lago de fogo”(Ap 19.20). A Teologia Escolástica sugere uma interpretaçãocuriosa no tocante ao número 666. “Os povos antigos nãousavam o sistema arábico (o nosso) para expressar osnúmeros, mas sim, as próprias letras do alfabeto. Os romanosusavam apenas 7 letras. Também os judeus e os gregosatribuíam números às letras de seus respectivos alfabetos,mas de forma muito mais ampla que os romanos, já que todaletra (grega ou hebraica) possuía um certo valor. AlfabetoGrego: Alfa = 1; Beta = 2; Gama = 3; Delta = 4; Epsilon = 5;Stigma = 6 (antiga letra grega que depois de certo tempodeixou de ser usada); Zeta = 7; Eta = 8; Teta = 9; Iota = 10;Kapa = 20; Lamba = 30; Mu = 40; Nu = 50; Xi = 60; Omicron= 70; Pi = 80; Ro = 100; Sigma = 200; Tau = 300; Upsilon =400; Phi = 500; Chi = 600; Psi = 700 e Omega = 800. AlfabetoHebraico: Alef = 1; Bet = 2; Guimel = 3; Dalet = 4; He = 5;Vau = 6; Zayin = 7; Chet = 8; Tet = 9; Yod = 10; Kaf = 20;Lamed = 30; Mem = 40; Num = 50; Sameq = 60; Ayin = 70;Pe = 80; Tsadi = 90; Kof = 100; Resh = 200; Shin = 300; Tau= 400. São João era de origem hebraica e escreveu o Apocalipseem grego. Se fizermos a gematria da expressão grega “NVRNRSQ” (César Nero), usando o alfabeto hebraico, totalizaremos666, pois: N(50)V(6)R(200)N(50) R(200)S(60)Q(100)=666. Ascomunidades da Ásia Menor falavam o grego, mas conheciamos caracteres hebraicos. São João misturou aí os dois idiomas,ou seja, o grego e hebraico por esse fato. Se, acaso, o livrocaísse nas mãos das autoridades romanas, que não conheciamo hebraico, não colocaria em risco seus leitores. Nero (†67)foi o primeiro grande perseguidor dos cristãos e, na época em

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que foi escrito o Apocalipse (anos 96 d.C.), Domiciano voltavaa perseguir os cristãos com mais força e crueldade. Era “umnovo Nero”. De maneira figurada o 666 pode ser símbolotambém de toda força, cultura, pessoa, sistema que combatacontra Deus e a sua santa Igreja. São João dizia, no século. I,que o anticristo já estava no mundo. Se ele já se encontravano mundo – cremos que não em pessoa, mais em suas açõeshostis: todas estas coisas e muita mais já operavam.

2. Número ‘1º’ ao ‘8º’ Imperador Romano. “E são tambémsete reis; cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo;e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo. E abesta que era e que já não é, é ela também o oitavo, e é dossete...” (Ap 17. 10-11b). Baseados nestas e em outrasevidências levaram aos estudiosos a interpretar que a Bestado Apocalipse era o próprio Imperador Romano, perseguidordos cristãos. Assim, a passagem em foco (segundo eles),reafirma esta interpretação. O texto divino que já fora citadoacima, diz: “E são também sete reis; cinco já caíram, e umexiste; outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém quedure um pouco de tempo. E a besta que era e que já não é, éela também o oitavo, e é dos sete, e vai a perdição”. Os reis deque trata a citação são os imperadores romanos.Considerando, cronologicamente, os imperadores a partir davinda de Cristo, até a época da redação do livro do Apocalipse:cinco já caíram – Augusto (31 a.C. – 14 d.C.), Tibério (14 –37d.C), Calígula (37 – 41d.C), Cláudio (41 – 54 d.C) e Nero (54– 68 d.C). Um existe – Vespasiano (69 – 79 d.C). “Outro aindanão é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco detempo”. O sétimo que ia durar um pouco de tempo – É Tito (79– 81 d.C: governou só dois anos!). “E a besta que era e que jánão é, é ela também o oitavo, e é dos sete...” (Ap 17. 11b) –Seria Domiciano (81 – 96 d.C). E as duas bestas – uma quesubiu do mar e a outra que subiu da terra (Ap – 13) quemsão? A primeira besta, que sobe do mar (v. 1), é o próprioimperador de Roma, Domiciano (como foi explicado); o mar éo Mar Mediterrâneo, onde se localizava Roma, a capital do

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Império. Sua autoridade vem de Satanás (v. 2) e as palavrasblasfêmicas que profere (v. 5) se referem ao culto de adoraçãoao imperador imposto por Domiciano a todos os povos doImpério. A segunda besta, que sai da terra (v.11), classificadacomo “falso profeta” (Ap 16. 13; 19. 20; 20. 10), é a ideologiado culto imperial favorecido pelas religiões pagãs. E a grandeprostituta descrita com nitidez no capítulo 18 do Apocalipse,significa a Roma pagã e idólatra. Os reis das terras que seprostituíram com ela (v. 9), são os povos que adotaram o cultode adoração ao imperador.” = adaptado.1

3. Número de 7 a 8. Alguns são de opinião que o númerodo anticristo deve ser procurado também nas colunas dosnúmeros 7 e 8. A razão é a seguinte: o anticristo seráinformado pelo seu falso profeta, que algumas religiões teístas,acham que os números 7 e 8 são sagrados. O número 7 – foiusado na criação formando uma totalidade. Este número serelaciona com Deus. “...O sétimo dia é o sábado do Senhorteu Deus” (Êx 20. 10). O número 8 se relaciona com Cristo. Acircuncisão foi efetuada no oitavo dia. Nele, foi-lhe “...dado onome JESUS”, que é o nome sobre todo o nome (Lc 2. 21; Fp2. 9-10). O número 6, pelo contrário, relaciona-se com ohomem e seu trabalho. “E criou Deus o homem à suaimagem...”. Depois da criação do homem, está escrito: “E viuDeus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom. E foi atarde e a manhã o dia sexto” (Gn 1. 27, 31). Agora vem ocontexto do significado do pensamento. “Seis dias trabalharás,e farás toda a tua obra” (Êx 20. 9). O número 8 – é aceito poralguns como um número sagrado, para representar Cristo.Todos estes números são explicados na numerologiapitagórica, conforme veremos mais adiante neste mesmoargumento, com significação especial. O número 6 –representa o homem caído. Os rabinos dizem que a significaçãodivina de 7, 8 e 6 é de 777 – 888 – 666. O anticristo podequerer usar estes números, para imitar a Deus, a Cristo e aohomem, em sua conquista pelo poder. Assim “...a besta queera e já não é, é ela também ‘o oitavo’, e é ‘dos sete’...” (Ap 17.

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11). E “...o seu número é 666” (Ap 13. 18). Na unificação dapenínsula Itálica, onde cremos que o anticristo assentará oseu trono, no passado, tinha sete divisões territoriais. A cidadede Roma encontra-se edificada sobre sete montes, e éinteressante observar que, antes da unificação do ano 1870de nossa Era, a península itálica estava dividida em ‘seteEstados principais’. Após a Revolução Liberal de 1848,intensificam-se os ideais italianos de união do território –dividido até então em sete Estados Principais, os quais eram:os reinos da Sardenha, Piemonte, Duas Sicílias e Lombardo-Veneziano; os Estados da Igreja e os ducados de Toscana eMódena. A unificação é defendida por dois grupos: o JovemItália (média burguesia e proletariado), que quer um Estadorepublicano, e o Risorgimento (ressurgimento da altaburguesia), que quer uma monarquia liberal. Após longa lutaliderada pela Sardenha-Piemonte e tendo como principaisatores o Conde de Cavour e Giuseppe Garibalde, em 1861, osoberano dessas províncias, Vittorio Emanuel II, é proclamadorei. O Estado se consolida em 1870 com a conquista de Roma.2

4. Buscando o número 666 dentro dos limites do antigoimpério romano . Alguns estudiosos das prediçõesescatológicas, opinam que devemos buscar o número 666dentro dos limites do antigo império romano. O texto divinodiz que 666 é o “número de um homem”. Contudo, faz tambémreferencia ao “sinal”, “ou o nome” da besta. Parece que o sinale o nome formam a mesma coisa, ou tenham a mesmasignificação. O anticristo além do número, terá também seupróprio nome (cf. Jo 5.43). Um fato notável devemos observaraqui: o primeiro rei que fundou o governou Roma, foi Rômulo(754 a.C.). O império romano durou 1.209 anos (de 754 a 455d.C.). Seu último imperador foi Rômulo Augusto, que reinoude 435 a 455 d.C. Nesta data, Odoacro, rei dos hérulos,apoderou-se de Roma, terminando, assim, o império ou arealeza. Hoje todos sabem que Roma existe, mas não oimpério. Se o nome pessoal do Anticristo for Rômulo (cf. Ec3.15), na língua portuguesa, se compõe de “6” letras. Segundo

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a profecia, o número do seu nome (do Anticristo) pode sercalculado “ porque é o número de um homem” (13.18).Observemos: O primeiro Rômulo da fundação do império (6letras); O segundo Rômulo do fim do império (6 letras); Oterceiro Rômulo? do império restaurado? (6 letras). Em cadanome “6” letras, total: “666”; isso é interessante! O númerodenota uma pessoa específica, e sua identificação deve serdescoberta em alguma espécie de cálculo numérico, medianteo qual o número é transformado em um “nome”. De acordocom a numerologia pitagoreana, o “666” é o chamado númerotriangular, sendo a soma dos números de “1” a “36”, inclusive;além disso, o “36” é, em si mesmo, a soma dos números de“1” a “8”. Portanto, o “666” se reduz ao “8”; e esse é o númerosignificativo em Ap 17.11: “é ela (a Besta) também o oitavo”.O número “666” é o número de “um homem mal”, sendo aunidade de “6” impressa sobre ele em sua criação e na suahistória subsequente.

a) O número ‘6’ relacionado ao homem – O homem foicriado no sexto dia (Gn 1.26, 27, 31), e deve trabalhar tambémseis dias (Êx 20.9), e seis anos em sete (Lv 25.2). O escravohebreu deve servir por seis anos (Dt 15.12). A sexta cláusulado Pai Nosso, trata da causa do pecado (Mt 6.12); o sextomandamento: “Não matarás” fala do pecado mais horrendono campo moral (Êx 20.13). Golias, o general filistino, tinhade altura seis côvados e um palmo, sua lança pesavaseiscentos siclos de ferro, e sua armadura era composta deseis peças (1Sm 17.4-7; 21.9).

b) No campo espiritual: “T (grego, tau)E (grego, epsilon)I (grego, iota)T (grego, tau)A (grego, alpha)N (grego, nu)Vale 300 Teitan = Satanás (dragão, antiga serpente)

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Vale 5Vale 10Vale 300Vale 1Vale 50666". 3

c) No campo social – “O rei Salomão amou muitas mulheresestranhas, e isso além de filha de Faraó, moabitas, amonitas,iduméias, sidônias e heteias” (1Rs 11.1). Na segunda epístolade Paulo a Timóteo diz: “...deste número (666) são”:

1º. “...Homens amantes de si mesmos. Avarentos,presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais emães...” (6).

2º. “...Ingratos, profanos, sem afeto natural,irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes...” (6).

3º. “...Cruéis, sem amor para com os bons, traidores,obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do queamigos de Deus” (6).

Assim sua somatória é: “666”. O Dr. Wim Malgo salientaque “o número 6 é o número dos dias da semana sem o sábado,ou também o número da criação sem o Criador; o número domundo sem Deus”.

d) Nas monarquias – Nas passagens de (2 Rs 25.1-3; Jr39.1-2; 52.4-6) está escrito: “...era o ano nono...no mêsdécimo... era o undécimo ano... no quarto mês, aos nove domês...”. Isso são exatamente: “3 x 6 meses: 666”. Segundo osAnais da História, a dinastia fundada por Sinaqueribe, durou666 anos. A estátua do rei Nabucodonosor, erigida no “campode Duna”, tinha de altura 60 côvados e de largura 6, enquantoque a banda de música era composta de seis peças (Dn 3.1, 7,10). O império romano pisou a cidade de Jerusalém 666 anos,da batalha de Actium, 31 a.C. até a conquista sarracena, 635d.C. O pacto Stálin – Hitler para tomar e dividir a Polônia,deu-se em 20 de agosto de 1939. Deste Pacto resultou a

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segunda guerra mundial, que terminou em 22 de junho de1941. Exatamente 666 dias.

e) Na forma numérica – “D. Smith, Quando o nome de“Nero Caesar” passa para o equivalente hebraico é “NromKsr”. Nas línguas primitivas comumente usavam-se letras paraa numeração e contras, como era o caso do sistema romano.O V valia 5; o X, 10 o C, 100 etc. Assim, no hebraico oequivalente numérico seria: N igual a 50; R, 200; O, 6; N, 50;K, 100; S, 60 e R, 200. O total dava 666".

f) No contexto profético – Lendo a passagem de Ed 2.13,nos deparamos com a expressão repentina: “Os filhos deAdonicão, seiscentos e sessenta e seis”. O nome deste cativosignifica: “que é senhor dos meus inimigos”: tem sentidoespecial na terminação do sufixo (“cão”). No Novo Testamento,o versículo (“666”), Mateus 20.18, traz o terceiro anúncio desofrimentos com as palavras: “Eis que vamos para Jerusalém,e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes,e aos escribas, e condená-lo-ão à morte”.

g) No alfabeto inglês – A começar com a letra A valendo100; com o B valendo 101; o C, 102; e assim por diante, asletras seguintes terão valor certo. Assim, H será 107; I, 108;T, 119; L, 111; E, 104; R, 117. Total (Hitler) dará 666. No dizerdo vidente João em sua 1 epístola 2.18: “...muitos se têm feitoanticristos...” Isso nos leva a entender que, todos esseshomens e sistemas, em algum significado do pensamento,foram representantes do Anticristo. Tudo nos leva a crer, queo anticristo será o governante “666” de um sistema políticomundial, partindo de Ninrode até o “filho da perdição”, quandoentão terminará esse sistema político-gentílico-mundial. 4

5. A significação do número 666. O número 666 tem sidoprocurada de várias maneiras e em várias pessoas. Na Bíblia,por exemplo, este número ocorre por três vezes (1 Rs 10. 14;Ed 2. 13; Ap 13. 18=ARC). Na matemática universal, napitagoriana, na Alta Numerologia Mística, na Gematria, naCabala e em outras formas de expressão. Portanto, ao longodeste capítulo, veremos todos estes conceitos e interpretações.

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Antes, porém, que passemos a discutir sobre o número 666,que se diz ser “o número de um homem”, isto é, que é umnúmero que deve ser aplicado a “um homem”, e não a “todosos homens”, observemos certos números que oferecem eapresentam significação especial. Os números são pequenasfiguras dispostas em ordem de 1 a 10 e o simbolismo e asignificação de cada um deles, separados ou em conjunto,variam de acordo com cada povo e cultura. Um número podesignificar uma coisa para um e não significar a mesma coisapara outro. Para muitos rabinos e teólogos cristãos, o númeroque trazia sentido de perfeição era 7. Pitágoras já discordavaque 7 fosse número perfeito, visto que era ímpar e não, par.Para ele, 7 apresentava totalidade, por ser composto de 6 emais 1. Assim, no conceito pitagórico, o número somente podiaapresentar perfeição se fosse par, por exemplo, 10. Contudo,o número 7 assumiu maior significação para o povo de Israele para o povo cristão, porque, nas Escrituras, ele é mencionadocom significação especial. Sete são os dias da semana (Gn2.3). Sete foram os altares que Balaão pediu para que fossemedificados para que, neles, fossem sacrificados sete bezerrose sete carneiros (Nm 23.1). Sete lâmpadas tinha o candelabroe todas se encontravam ligadas a um só pedestal,representando a unidade de Israel, que, apesar de ser compostopor doze tribos, formavam uma só unidade pelo pedestal dalei divina (Êx 25.37). Sete foi o número dos sete diáconosescolhidos da Igreja Cristã (At 6.3). Em toda a extensão dasEscrituras, o número “7” pode ser visto por toda a parte e, noApocalipse, conforme veremos mais adiante, ele é proeminente.O sete, portanto, tornou-se entre o povo de Deus como cifrasagrada por excelência, composta do 4 mais o 3. Dirige o ritmosagrado do tempo para bênção ou castigo, que pode ir dumasemana composta de sete dias, até quatrocentos e noventaanos (Nm 12.15). Deus deu o cativeiro a Israel por 70 anos,requerendo setenta vezes em que o ano sabático foi quebrado.Deus estava apenas requerendo o “dízimo” dos anos em queIsrael passou sem ter observado o quarto mandamento, orepouso do Sábado, pois, durante os 490 anos de monarquia,

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esta lei não foi observada, como devia ter sido, por 70 vezes.– Dez jubileus de quarenta e nove anos. – Deus estava apenasrequerendo o “dízimo” dos anos em que Israel passou semter observado o quarto mandamento, o repouso do Sábado,pois, durante os 490 anos de monarquia, esta lei não foiobservada, como devia ter sido, por 70 vezes. No julgamentode Nabucodonosor, quando ele foi atacado de licantropia, seusofrimento teve a duração de ‘sete tempos’, que indicava umjulgamento perfeito e justo da parte de Deus (Dn 4.16). Osmísticos antigos apresentavam vários significados para osnúmeros. Algumas dessas significações, eram, e são, aindapuras ilusões. Observando a harmonia dos números e seusvalores místicos e históricos, podemos ver que muitas dessascoisas levavam, como ainda hoje levam, as pessoas para omundo da superstição e, com isso, a fé das pessoas é desviadado verdadeiro alvo que é Jesus. Há também uma interpretação,que procura achar o número 666 – numa ordem cronológicasucessiva, incluindo o nome daqueles que de uma maneiraou de outra, governaram Roma: desde sua fundação até oanticristo (cf. Ec 6. 10). Vamos observar alguns conceitosnumerológicos de UM a DEZ.

6. Os valores hindus dos números. Na antiga Índia, emsânscrito, certas palavras eram usadas como equivalentes dosnúmeros inferiores:

Um – eles diziam Lua ou TerraDois – usavam muitas palavras designativas de coisas que

ocorrem em par, como: olho, asa, braço, perna etc.Três – usavam Rama, fogo ou guna, pois conheciam três

Ramas, três tipos de fogo e três tipos de gunas ou qualidades.Quatro – usavam Veda, idade ou oceano;Seis – usavam estações;Sete – usavam sábio ou vogal;Doze – chamavam de Sol ou Zodíaco;Vinte – eles usavam unhas, significando as das mãos e

dos pés.

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II. PARTINDO DO ZERO E DO NADA

1. Ordem crescente dos números. Observemos aqui,portanto, como eram interpretados certos números, usandodiferentes conceitos:

ZERO – E O – NADA. O número zero representa o nada, ovazio ou a ausência. Mas o conceito matemático de zero e anoção de vazio são coisas distintas. Os primeiros exemplosdo zero são registrados há 5 mil anos. Os sumérios usavamdois pequenos símbolos cuneiformes para marcar a ausênciade um número em determinado lugar. Da Babilônia, o zero foitransmitido à Índia pelos gregos, foram os mercadores árabesque divulgaram o número no mundo ocidental. A noção donada faz parte de mitos mais antigos do que o número.Praticamente todos os mitos explicam que antes da criaçãohavia só o vazio. A teoria do Big Bang, por exemplo, nãodescreve o que havia antes da explosão primordial que, donada, gerou tudo o que nos cerca (segundo este conceito). Noentanto, na física quântica o vazio é povoado por um mar departículas virtuais que aparecem e desaparecem de acordocom o princípio da incerteza de Heisenberg. Esse vazio quânticoproduz efeitos que foram observados em laboratório, como oefeito Casimir. 5

UM. Unidade ou UM, recebeu muitos significados. Ospitagóricos deram-lhe muitos nomes: Deus, a primeira causade todas as coisas. Macho e fêmea, juntos produzem todas ascoisas; do ímpar procedem tanto o par como o ímpar. O número(“1”) é indivisível e permanece imutável, ainda quemultiplicado por si mesmo sempre é o mesmo, assim como amônada, que, multiplicada por si mesma, permanece a mesmaaté o infinito.

DOIS. O conceito pitagórico não apresentava o número‘dois’ com tanto firmeza, como faziam com o número ‘1’ e onúmero ‘10’ por exemplo. Eles classificavam dois tipos deprazer: o primeiro, de lascívia e entregues às satisfações doventre, como as canções assassinas das sereias e, o segundo,

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dos prazeres honestos e justos que não acarretamarrependimento. A dualidade dá-nos os contrastes do Bem edo Mal, tais como o humano e o divino, noite e dia, luz etrevas, conhecimento e ignorância, úmido e seco, quente efrio, saúde e doença, verdade e erro, masculino e femininoetc. A juventude é melhor que a velhice apoiada no bordão.Quando olhado do lado positivo, o número ‘dois’ sempre eravisto como apresentando vantagem. Duas pernas são melhoresdo que três. Do ponto de vista divino de observação, o númerodois sempre apresenta algo de bom e positivo para a pessoahumana. Quando um sonho passa da categoria ‘1’ para acategoria ‘2’, isto é, quando se repete, seu cumprimento estáàs portas. Seguindo neste conceito, assim dois é melhor do queum (Ec 4.9). “Também vos digo que, se dois de vós concordaremna terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso será lhesserá feito por Meu Pai, que está nos céus” (Mt 18.19).

TRÊS. O número três é a causa de tudo que tenha dimensãotríplice. Por exemplo, dizem os pitagóricos que todas asreligiões têm sua Trindade: o cristianismo, Pai, Filho e EspíritoSanto; os hindus, Brahma, Visnu e Shiva; os egípcios, Osíris,Ísis e Horus. Na mitologia dos escandinavos, o três é umnúmero importante: o grande freixo Yggdrasil sustentava omundo, tinha 3 raízes, uma se espalhava para Asgard, ahabitação dos deuses; a outra para Jotenheim, o país dosgigantes e a terceira para Nifleheim, a região do desconhecidoe as três deusas do destino são: Urda – o passado, Verdandi– o presente e Skulda – o futuro. O Talmude está repleto dedados curiosos sobre a Tríada. Ele diz: três preciosas dádivasforam dadas aos judeus: a lei de Moisés, a terra de Israel e oparaíso. Três coisas acalmam o homem: a melodia, a paisageme os doces aromas e três coisas melhoram o homem: uma boaesposa, uma bela casa e uma boa conta no banco. No conceitoteológico, o número três é o símbolo da Trindade. Três vezesos serafins da visão de Isaías clamavam: Santo! Santo! Santoé o Senhor (Is 6.3). Três vezes os seres viventes que aparecemem Apocalipse 4.6 e desaparecem em 19.4, aclamavam amajestade divina, dizendo: Santo! Santo! Santo é o Senhor

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Deus, o Todo-poderoso, que era, e que é, e que há de vir (Ap4.8). Elias, numa atividade espiritual de grande poder, mediu-se três vezes sobre a criança morta e ela voltou a vida (1 Rs17.21). Contudo, parece que isso não era regra geral namaneira de Deus operar. Eliseu operou milagre idêntico, esomente se mediu sobre a criança morta por duas vezes (2 Rs4.34-35). Muitas vezes, as interpretações que se fazem de cadanúmero tomam mais um sentido simbólico do que real. Porexemplo, a título de curiosidade, observemos o apóstolo Pedroe a alguns acontecimentos ligados à sua vida:

• Três nomes tinha esse apóstolo: Pedro, Simão e Cefas.• Ele, Tiago e João estiveram com Jesus no monte da

transfiguração.• Ele, Tiago e João foram selecionados por Jesus como

testemunhas da ressurreição de Talita.• Certa feita, ele pediu que Jesus lavasse três partes de

seu corpo: os pés, as mãos e a cabeça (Jo 13.9).• Três vezes participou de pescas milagrosas (Mt 17.27; Lc

5.4-6; Jo 21.6).• Desejou fazer três tendas: uma para Jesus, outra para

Moisés e outra para Elias (Mt 17.4).• As três colunas da Igreja Primitiva eram: Pedro, Tiago e

João (Gl 1.18).• Recebeu uma visita de Paulo, três anos depois de sua

conversão (Gl 1.18).• Três vezes negou que conhecesse a Jesus.• Quando foi perguntado, por três vezes, se amava a Jesus.• Ele, por três vezes, respondeu que sim.• Recebeu ordem do Senhor para apascentar Seus cordeiros

uma vez e Suas ovelhas duas vezes – perfazendo assim, trêsordens para esta missão (Jo 21.15-17).

• No dia de Pentecostes, quando fora perguntado se aqueleshomens que tinham recebido o batismo com o Espírito Santo,não estavam embriagados, ele disse que não. E acrescentou:

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“Estes homens não estão embriagados, como vós pensais,sendo a terceira hora do dia” (At 2.15).

• Quando fez o convite, quase três mil almas aceitaram aJesus naquele dia (At 2.41).

• Em Atos capítulo três, diz-se que ele e João subiram juntosao templo à hora da oração, a nona. Em nosso calendário,isso significa três horas da tarde (At 3.1).

• No incidente que marcou a morte de Ananias e Safira,houve um espaço de tempo entre a morte de um e a morte dooutro, de ‘quase três horas’ (At 5.7).

• Quando ele se encontrava em Jope, em casa de Simão, ocurtidor, ele teve uma visão que falava da salvação dos gentios.Juntamente com a visão, ouviu a voz de Deus que lhe dizia:“Levanta-te, Pedro, mata e come”. Ele diz que esta voz falou aele por três vezes (At 10.15).

• Enquanto ele meditava sobre aquela grande visão, ouviua voz do Espírito Santo que dizia: “Eis que três varões tebuscam” (At 10.19).

• Chegando à casa de Cornélio, o centurião, este fez umrelato a ele de que tivera uma visão de anjo à hora nona, istoé, três horas da tarde (At 10.30).

• Falando sobre Jesus, ele disse para aqueles ouvintes queDeus O tinha ressuscitado ‘ao terceiro dia’ (At 10.40).

QUATRO. Pitágoras e seus seguidores chamavam o número4 de “o maior dos milagres”, “um deus de outra forma”, “umadivindade multifária”, “a fonte da natureza”, e “portador desua chave”. Entre os árabes, o número 4 trazia tambémsignificação especial e o ligando com a beleza feminina em 9grupos de 4: 4 pretos: cabelo, sobrancelhas, cílios, olhos. 4brancos: pele, branco dos olhos, dentes, pernas. 4 vermelhos:língua, lábios, faces, gengivas. 4 redondos: cabeça, pescoço,antebraço, tornozelos. 4 longos: costas, dedos, braços, pernas.4 largos: fronte, olhos, nádegas, lábios. 4 finos: sobrancelhas,nariz, lábios, dedos. 4 grossos: nádegas, coxas, panturrilhas,joelhos. 4 pequenos: seios, orelhas, mãos, pés. O Talmude

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estabelece a lei de quanto uma mulher deve beber: um copolhe faz bem, dois lhe fazem mal, três a desmoralizam e quatroa transformam num animal. Deus só fez 4 mulheres de perfeitabeleza: Sara, Abigail, Raabe e Ester: Eva não é incluída porquenão foi nascida de mulher.

CINCO. Os pitagóricos chamavam-no de esférico e circular,porque, em toda multiplicação, ele se restaura e parecefinalizando o número; ele é mudança de qualidade, porquetransforma o que tem três dimensões à semelhança de umaesfera, movendo-se circularmente e produzindo ‘luz’, tambémchamado ‘privação de contenda’, porque une em amizade asduas formas de número par e ímpar: o 2 e o 3. Também, éjustiça por projetar as coisas na luz; também é ‘invicto’ poruma razão geométrica que se poderá encontrar no comentáriosobre o primeiro livro de metafísica de Aristóteles. Entre osmísticos, o cinco era chamado de pentagrama e selo deSalomão, e dizem ter sido representada no sinete do anel desteantigo Grão-Mestre dos mistérios. O cinco era considerado devalor peculiar e usado como Amuleto ou Talismã poderoso,para se preservar do mal, e inscrito sobre um portal, podiaafastar os maus espíritos. Encontra-se por todas as partesno Egito e na Grécia. O pentagrama era o emblema dasegurança. O pentáculo, uma espécie de sinete, era o emblemausado por Antíoco Sóter numa bandeira de guerra, que, comela, ganhou a vitória. Na antiga China, o número cinco é umnúmero místico e seu selo é pentagonal, e cada ângulorepresenta um símbolo astrológico: Too ou Saturno, MUH ouJúpiter, ShWUY ou Mercúrio, Kin ou Vênus, e HO ou Marte.Para os gregos, o número cinco também era usado naperfeição relativa. Diziam eles que há cinco colunasarquitetônicas: toscana, dórica, jônica, coríntia e compósita.Os judeus achavam que o número cinco podia trazer em si aperfeição do sentimento racional, há cinco livros nos quaisfoi revelada a vontade divina – o Pentateuco; cinco são osseres racionais do bem: o Pai, o Filho, o Espírito Santo, osanjos (bons) e o homem. Enquanto que, do lado do mal,

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somente existem três: o diabo, os anjos (maus) e os demônios.Jesus predisse sua paixão cinco vezes e sua crucificaçãorecebeu cinco ferimentos: nas mãos, nos pés e no lado. Oscinco irmãos do rico que se encontrava no Hades podiamrepresentar cinco classes de perdidos (Lc 16.28).

SEIS. Neste número faremos um comentário especial, paramelhor compreensão do significado do pensamento.

Seis – adaptado na extensão paraseiscentos e sessenta e seis

“Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta;porque é o número de um homem, e seu número é seiscentose sessenta e seis” (Ap 13. 18b).

1º. O conceito pitagórico com respeito a 666 – Os místicoschamam este número de “a forma da forma, o único númeroadaptado à alma, a distinta união das partes do universo, oque fabrica a alma e, também, a harmonia”. Os pitagóricoschamavam-no a “perfeição das partes”. Quanto ao ‘casamento’,é um número igual à soma da suas partes, e o casamento éuma cerimônia para sancionar a produção de progênie similaraos pais. Também é formado pela multiplicação do primeironúmero ímpar (além da unidade) pelo primeiro par;assemelha-se à união de macho e fêmea, como no casamentoou na androginia. Saúde e beleza, por causa de sua simetria.Foi chamado “Todo-Suficiente”, ou panarkeia em grego.Segundo os pitagóricos, após um período de 216 anos, númeroque é cubo de 6, todas as coisas são regeneradas e dizem sereste o período da metempsicose ou renascimento do homemdepois de cada morte. Os cabalísticos, e depois os místicoscontemporâneos, queriam ligar, em qualquer sentido, onúmero 6 com a história do homem.

• O homem perfeito – Adão foi criado no sexto dia.• O homem perfeito – Jesus morreu no sexto dia da semana.• A semana perfeita de trabalho – deve incluir seis dias.

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• A luta perfeita contra o pecado – deve durar 6 mil anos.Quando multiplicado por si mesmo, como a pêntada, o seis

também aparece sempre na casa da unidade, assim: 6, 36,216, 1296 e 7776. “Numa loja maçônica, há 6 joias, três dasquais são imóveis e ficam expostas na loja para os seguidoresda maçonaria contemplarem, enquanto as outras três sãotransferíveis de um confrade para o outro, por ocasião dasmudanças periódicas de cargos”. Somos informados que osdruidas tinham uma misteriosa preferência religiosa pelonumero 6. Realizavam suas principais cerimônias no 6º diade lua cheia e, nesse dia, começavam o seu ano, iam numgrupo de 6 colher o visco sagrado. Em monumentos e placasque chegaram até nós, frequentemente, encontram-se 6 deseus sacerdotes agrupados. O dr. Kenealy calculou que umMessias, ou Mestre Divino, tem sido enviado ao mundo a cada600 anos – assim, Adão foi o primeiro mensageiro dos deusesjunto à raça humana sobre a terra. Enoque, o segundo, 600anos depois; Fo-Hi, o terceiro, para a China; Brighu, profetahindu; Zaratustra (Zoroastro), o quinto, para a Pérsia. Thota,Taautus, ou Hermes Trismegisto, enviado aos egípcios; Amosis,ou Moisés, que trouxe a Lei judaica, o sétimo, Lao-Tsé, para aChina, 600 a.C; o oitavo, Jesus, seria então o nono, primeiropara os judeus, e depois para os gentios; Maomé, o décimo,que nasceu cerca de 600 d.C; Gengis Kham, o décimo primeiro,1200 d.C, conquistou a Pérsia. Quem terá sido o especialmensageiro de 1800? Alguns têm pensado que 666 aplicadoao anticristo é uma sucessão de números usados em homensiníquos que foram levantados pelo diabo para dificultar oplano de divino na terra. Caim, por ser do maligno, teria sidoo número (“um”) desta lista de mensageiros do mal. Ninrode,o segundo. Na lista de sucessão, Herodes, o Grande e algunsde seus sucessores, estariam incluídos. Calígula, que veiodepois; Nero, que estava vivo quando João escreveu oApocalipse e daí por diante. Dando sequência a essanumerologia, antes do aparecimento do anticristo, alguém naterra, em algum lugar, estaria usando o número (“665”), tendo

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como substituto o anticristo, com o número (“666”). Osantigos egípcios tinham como sumo sacerdote um colégio de6 membros, um certo Aseshra é mencionado como Mestre dasmisteriosas palavras dos 6 e se encontra uma estátua de umcerto EL-ME-RI (6 letras), cujo título gravado é o chefe daHabitação dos seis grandes. Os judeus esperavam que o fimda presente dispensação do mundo chegasse após 6000 anose, na epístola de Barnabé, repete isto como uma crença sensatada antiga Igreja Cristã. A circunferência de um globo foi fixadaem 360 graus, seis sextos; a hora se divide em 60 minutos,cada minuto em 60 segundos. Os tártaros tinham um períodode 60 dias, os chineses também e os asiáticos, geralmente,um período de 60 anos. O grande período babilônico foi de3.600 anos, o Naros, multiplicado por 6. Um períodoastronômico de 600 anos, referido como Naros, o ciclo do Sol,período lunissolar ou ano Sibilino, compreendendo 31períodos de 19 anos, e um de 11 anos, costuma ser citado,com frequência, nas velhas obras sobre os Mistérios. Amistura dos dois triângulos também caracteriza a união entreo Fogo e a Água, pois o antigo símbolo do fogo era o triângulocom o vértice para cima, e o da Água com o vértice para baixo;os símbolos do Ar e da Terra eram dois triângulos similares,cada qual com uma barra cruzada. Com efeito, porém, mesmohavendo todas essas interpretações que mencionamos acima,parece que 666 deve ser aplicado a um só homem. NasEscrituras, este número aparece por três vezes – duas noAntigo Testamento e uma no Novo:

666 – Usado para numerar o peso do ouro que Salomãorecebia por ano (2 Cr 9.13).

666 – Usado para numerar os filhos de um tal de Adonicão(Ed 2.13). Neemias acrescenta mais ‘um’ nesta numeração eos filhos de Adonicão, são “seiscentos e sessenta e sete” (Ne6.18).

666 – Usado para o anticristo que se diz: “seu número éseiscentos e sessenta e seis” (Ap 13.18).

2º. Alta Numerologia Mística – Apenas para estudo

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comparativo – vamos observar o que opina a Alta NumerologiaMística que procurava reprovar certos números, e aprovaroutros como forma de rejeitar os números do mal e aceitar osnúmeros do bem. Alguns dos números que aqui serão citadoseram considerados abomináveis, enquanto que outros eramvenerados como sagrados, na concepção dos defensores daAlta Numerologia Mística.

A Ciência denominada de ‘Alta Numerologia Mística’ fazsuas avaliações a partir do número 14 e começa assim:

Os 14 dias de Funeral, no grau de Mestre; 14 partes emque o corpo de Osíris foi dividido, que lembra Cristo, sacrificadono 14º dia do mês. Há 14 livros do “Apocripha”, que foramescritos originalmente em grego, nunca em hebreu. Em Mateus1, encontramos a genealogia de Jesus, narrada em 3 séries de14 nomes, primeira abrangendo os patriarcas e os juízes; asegunda, os reis e a terceira, os sacerdotes e os governantes.Os antigos médicos consideram o 14º dia o período crítico dafebre. A Lua aumenta e diminui a cada 14 dias.

15 era o número dos Pares dos “EONS”, ou PrincípiosSagrados, no esquema gnóstico de Valentino. 15 é o númeropor Gematria da 8ª Sephira hod, HUD. O 15 é o número deJAH, um nome de Deus, por isso, os judeus, que escreviamletras por números, nunca escreviam JH, 10, 5, para 15, mas,sim, Yv, ou seja: 9,6 = 15. O grande dia de recreação e júbilopara as donzelas judias era o 15º dia do mês de Ab (agosto?).O dilúvio cobriu os montes até a profundidade de 15 côvados.

O 16 significa Felicidade, é um número quadrado. Há 16figuras no baralho de Tarô.

17 foi usado no tratado De Iside et Osiride, Plutarco dizque Osíris foi morto no 17º dia lunar e, portanto, quando aLua estava cheia – e por essa razão os egípcios abominavamo número 17, o que também faziam os pitagóricos –chamavam-no ANTIPHRAXIS (obstrução), porque cai entre oquadrado 16 e o oblongo 18.

O 18 era considerado como proteção contra ladrões. Aos18 anos, uma jovem judia devia subir ao Tálamo Nupcial. O

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candelabro de Ouro do Templo tinha 18 palmos de altura. Há18 bênçãos na liturgia hebraica. Só houve 18 Sumossacerdotes durante a existência do Primeiro Templo deSalomão, em Jerusalém.

20 – O Kiddushin, 29.2 diz que Deus pode amaldiçoar umhomem que não case pelo menos aos 20 anos de idade, poissua vida é uma constante transgressão. Uma mulher que secasa antes do 20 anos pode ter filhos até sessenta; casando-se dos 20 aos quarenta e após quarenta, não terá filhos. 2.Número das letras do alfabeto hebraico, usadas também comonumerais. A concretização de um sonho benéfico pode demorar22 dias. Berachoth, 55.2. Das obras de HERMES TRISMEGISTOforam tirados 22 axiomas sobre a vontade humana, podemser encontrados em Guide to Theosophy, em Tukaram Tatya,Bombaim, 1887. Há 22 Arcanos Maiores num baralho doantigo Tarô, usado para Adivinhação; Éliphas Lévi, em AChave dos Grandes Mistérios, diz que os números de 1 a 19se referem às Chaves da Ciência Oculta, e que os números de19 a 22 são as Chaves da Natureza. A relação entre as letrase esses números não está corretamente impressa em partealguma.

23. Esse dia de setembro é notável porque a Lua que ficacheia a cada 15 dias, depois é chamada LUA da COLHEITA,que surge em três dias sucessivos na mesma hora, em vez deatrasar-se a cada dia.

24. É um mau número; refere-se a Cain, QIN, mas não é asua numeração, que é 100 + 10 + 50 = 160, ou então 100 +10 + 700 = 810.

24. Há 24 aves impuras como alimento; há 24 costelastanto no homem como na mulher.

26. É o número de Jeová, IHVH, 10 + 5 + 6 + 5 = 26 = 8= °°.

26. A língua inglesa usa 26 letras, elas ocorrem emproporções muito diferentes. Num claro exemplo de inglêsmoderno, calculou-se que a proporção entre a freqüência do

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uso das letras era: do A, 85; B, 16; D, 44; E, 120; F, 25; G, 17;H, 64; l, 80; J, 4; K, 8; L, 40; M,30; N, 80; P, 17; Q, 5; R, 62; S,80; T, 90; U, 34; V, 12; W, 20; X, 4; Y, 20; e Z, 2.

27. É o número dos Izeds ou anjos que governavam sob asupervisão dos Sete Amshaspands da Teologia Zoroastriana.

28. Uma divisão do Zodíaco em 28 casas da Lua foiprovavelmente anterior à divisão solar em 12 partes. Osnomes e símbolos podem ser obtidos em sânscrito e em árabe.Proctor acredita que a astronomia solar dos 12 signos surgiucerca de 2170 a.C., num país situado a cerca de 36 graus delatitude norte e num período em que Touro era a primeiraconstelação do Zodíaco.

29. O Rosh Hashanha diz que o período de Revolução daLua é de 29 dias, seis horas e quarenta minutos.

30. Aos 30 anos de idade, Jesus iniciou Seu ministério;José tinha 30 anos quando compareceu perante o Faraó; Davicontava 30 anos de idade quando começou a reinar; 30 peçasde prata foram o galardão que Judas recebeu.

31. É o número de EL, DEUS = Al, 1 + 30. ‘-•’.32. É o número dos Caminhos da Sabedoria, segundo o

Sepher Yetzirah, sendo 10 Sephiroh e 22 letras do alfabetohebraico.

33. Os anos de vida de Jesus; o Rei Davi reinou emJerusalém durante 33 anos; é o número de vértebras da colunahumana.

35. É o número de AGLA, nome cabalístico compostooperador de prodígios. O famoso nome rabínico do Poder“AGLA” é formado das iniciais da sentença: “Tu potens insaeculum Domine”, ATH GBUR LOULM ADNI, asteh giburloulam Adonai. A palavra “Amém” vem de AMN, iniciais de“Adonai melekh na-men”, ADNI MIK NAMN que significa “OSenhor e Fiel Rei”.

36. Plutarco em De Iside et Osiride considera a Tetractyscomo a potência do número 36 e, sobre este, era feito o maiorvoto do juramento pitagórico e era denominado o mundo, em

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consequência de ser composto dos quatro primeiros númerospares e dos quatro primeiros ímpares, pois 1 e 3 e 5 e 7 fazem16; acrescente-lhe 2e4e6e8, e obterá 36.

39. É o número de artigos de fé da Igreja Cristã Protestante.40. Até os 40 anos de idade, o comer é melhor para o homem;

após os 40, o beber lhe agrada mais. Aquele que tenha passado40 dias sem uma aflição, já teve o seu galardão nesta vida.

Por 40 dias, durou o dilúvio; por 40 dias, os espiasesquadrinharam a Terra Prometida; por 40 dias, Goliasdesafiou Israel; 40 dias duraram as penitências de Ezequiel;os Judeus estiveram 40 anos no deserto; esperam-se 40 diaspara se embalsamar os mortos, Gênesis 50.3; a purificaçãodas mulheres após o parto dura 40 dias; duas vezes Moisésjejuou 40 dias, Elias jejuou 40 dias e, por 40 dias, Jesus, nodeserto, jejuou; decorreram 40 dias entre a Ressurreição e aAscensão de Jesus. Moisés esteve 40 anos no Egito, 40 anosna terra de Midiã, e 40 anos no deserto. Os israelitas estiveram40 anos entre os filisteus.

O número 42 é notável por causa do nome de DEUS com42 letras, ensinado pelos cabalistas; havia 42 juízes noTribunal de Osíris.

42. O Talmude da Babilônia, em Kiddushin 71, menciona oNome de 42 letras, e é dado por Ignatz Stern como sendocom-posto dos nomes divinos da Bíblia; assim Eheieh ashereheíeh, Al, Jah, Jeová, Elohim, Jehovah Saboath, El Chai eAdonai. AHIH AshR; AHIH; IH; IHVIH; AL; ALHIM; IHVH;TZBAVT; AL CHI; ADNI, ou 4, 3, 4, 2, 5, 2, 5, 4, 5, 2, 2, 4 = 42.Uma curiosidade: os Dez Sephiroth que indicam os atributosde DEUS, estas letras quando somadas e se acrescentandoum V antes da última, re-sultarão nesse mesmo número 42;se Chesed for chamado Gedulah, como era comum entre oscabalistas.

45. O número de Adão, ADM. Anatole Dysis ArktosMesembia, os 4 cantos do mundo.

46. O mundo é preservado por causa de 45 justos. Chullin, 92.

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49. Moisés recebeu 49 razões para que cada coisa fossetida como pura ou impura, assim diz o Talmude.

50. É o número das Portas de Binah (BINH), o entendimento.A Kabalah diz que nem Moisés foi além da 49ª.

67. Número de Binah, Mãe sublime, a 3a Sephira.70. Número de SUD, Sod, uma doutrina secreta e assembleia

privada: o nome mais antigo da Kabalah; também MN, Yayin,vinho, que significava um segredo.

73. Número de Chokmah (ChKMH), Sabedoria, a 2ª Sephira.

79. Boz, Boaz, o Pilar de bronze à esquerda do Templo deSalomão.

80. Número de Yesod, fundamento, 9a Sephira.90. Jaquim, Pilar direito do Templo de Salomão.

99. Os muçulmanos têm 99 nomes atribuídos a Deus.

152. É o número de Maria, nome grego da Virgem, sendo40 + 1 + 100 + 10 + 1 = 152.

200. Número de ossos do corpo humano.207. Este é o número Ain Suph, AIN SVP, o Ilimitado, e de

AU, AVR, Luz, e de Adonai Olam, ADNI OVLAM, Senhor doUniverso.

216. Cubo de 6. 216 anos, o Período da metempsicosePitagórica.

231. A soma dos números de 1 a 21, as Portas do SepherYetzirah.

270. Mundos do Idra Rabba, ou Assembléia Sagrada Maior.280. 280 dias é o tempo da gravidez natural humana, é

dez vezes o período lunar de 28 dias.284. Número de Theos, Deus em letras gregas.

300. As riquezas de Korah eram tão vastas que foramnecessárias 300 mulas para carregá-las. Havia 300 tipos dedemônios em Sichin. O véu do templo precisava de 300sacerdotes para puxá-los para o lado e 300 para lavá-lo.

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318. Hélio, o Sol.345. Este é o número de El Shaddai, AL ShDI, Deus Todo-

Poderoso; e de ShILH, (Shemah), nome de Deus Absoluto;também de MShH, Moisés, e ShILH, Shiloh.

365. Numeração grega Abraxas, palavra-talismã dosgnósticos.

474. Número de Daath, DOT, Sabedoria Secreta, a uniãoentre Chokmah e Binah.

496. Número de Malkuth (MLKT), o Reino da 10a Sephira.543. Número do nome místico Aheie Asher Aheie, “Eu sou

o que sou” (AHIH AShR AHIH).608. Este é um número muito notável e representa o Sol.

Martianus Capella, do século V, diz “O Sol é chamado na Itáliade Deus Sol; no Nilo, Serápis; em Mênfis, Osíris; ele também éAttis; Adónis, em Biblos; e Ammon, na Líbia; também Typhon,Mithra e Plutão, seu nome sagrado é de 3 letras, que dão onúmero 608”.

620. É o número de Kether, KTR, a coroa, ou primeiraSephira.

646. A numeração total de Elohim, ou Aleim, ALHIM, istoé, 1 + 30 + 5 + 10 + 600; ou, evitando o uso do M final,obtemos 1 + 30 + 5 + 10 + 40; desprezando as dezenas 1 +3+ 5+1 +4, e colocamos essas cifras num círculo, obtemos asequência 31415, notável, pois é o valor de n, ou a relaçãoentre diâmetro e circunferência de qualquer círculo. Elohimtanto é palavra singular como plural.

666. É o número da Besta, número de um Homem. Temsido associado a Satanás, a Maomé, ao Papa e a uma centenade outros. É também o número de SVRT, palavra hebraica paradesignar o Sol. Aparece no Apocalipse 13.18.

666. É também o diâmetro de um círculo cuja circunferênciamede 2093, que é a diagonal de um quadrado cujo lado é 1480,o número de Cristo. É também a soma dos números de 1 a 36.É, ainda, o número de Syene em grego, um lugar no Egito emque, se se abrir um poço, ao que dizia Eratóstenes, os raios

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do Sol, no Solstício de Verão, incidirão perpendicularmentesobre ele.

754. a.C. Data da Fundação da Cidade de Roma.

780. OPHIS – serpente, e SOPHIA – sabedoria.801. É o número de ALFA e ÔMEGA, 1 + 800, a “Peristia”

ou Pomba, veículo do Espírito Santo, isto é, 80 + 5 + 100 +10 + 200 + 300 + 5+ 100+ 1 =801.

813. É a numeração de ARARITA, uma palavra cabalísticamuito importante, cujas letras foram tiradas das iniciais dasentença: “Um princípio de sua Unidade, um começo de suaindividualidade, sua vicissitude é UM” ou, pelo menos, é essaa tradução de S. L. MatheRs

888. É o número de lesous, Jesus, o grande contraste como 666, número da Besta.

974. Este foi o número de gerações desde a escritura daLei pelo Divino antes que criasse o Homem.

999. No Juízo, embora haja 999 que condenem um homem,ele será salvo se UM pleitear por ele.

1000. A serpente de mil cabeças é Sesha ou Ananta, osímbolo hindu para a eternidade.

1000. A filha do Faraó, que Salomão desposou, falou-lhede 1000 formas de instrumentos musicais e lhe ensinou oscânticos em louvor de todos os ídolos.

1000. É o cubo de Dez, um símbolo de perfeição. Aespessura da crosta terrestre é de 1000 varas; abaixo dissohá um abismo de 15000 varas. Succah, 53.2. Se tiveres umsegredo, confia-o apenas a UM em 1000.

1004. Em 1004 a.C., ocorreu a Consagração do Templo deSalomão.

1081. Número do Tiphereth, a Sephira central, o Sol, Beleza,Microprosopus, Deus Sol.

1263. Número da palavra GNOSIS.1271. He GNOSIS, A Gnose, e Stauros, a Cruz de Jesus.

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1322. Primeiro ano do ciclo egípcio de Sothis, a.C; RamsésII subiu ao trono nesse ano.

1378. Ano ao qual se atribui o nascimento de ChristianRosenkreutz, fundador da filosofia Rosacruz.

1408. Christian Rosenkreutz fundou sua sociedade secretana Germânia.

1459. Data da escrita do Romance Hermético das NúpciasQuímicas, de Ch. R.

1461. Período egípcio de Sothis, calculado pela elevaçãohelíaca de Sírio, a Canícula, no Solstício.

1480. CRISTO, em numeração grega, significando UNGIDO.De acordo com “O Cânon”, esse número simboliza umaimportante medida dos Cosmos; foi a fundação do Panteísmocientífico sobre o qual a Teologia cristã foi edificada; faziaparte da Gnose e se derivou dos astrônomos sacerdotais doEgito.

1484. Ano da morte de Christian Rosenkreutz: a criptafunerária se fechou sobre seu corpo e sobre os segredos daOrdem que ele fundou.

1604. A cripta de Ch. Rosenkreutz é aberta por seussucessores após 120 anos de estudo secreto e benevolência.

1614. Imprimiu-se Fama Fraternitatis Rósea Crucis.1717. A grande Loja Maçônica foi fundada.

1752. Dia de Ano Novo transferido de 25 de março para 1ºde Janeiro.

1865. O companheiro Robert Wentworth Little fundou aSociedade Rosacruz da Maçonaria da Inglaterra em suapresente forma.

1892. O Dr. Wm Wynn Westcott tornou-se Mago Supremo.1911. Em nossa era é o ano 5013º do Kali Yuga dos sábios

hindus; este Yuga deve continuar por 432.000 anos.2000. Uma jornada de um sábado era de 2000 passos. O

Rabi Gamaliel mandou fazer um tubo pelo qual se podiam

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ver objetos a 2000 côvados de distância; esta é a primeiraideia de telescópio. Eiruvim 43.2

2368. Número grego de Jesus Cristo.3000. Rav Hammunah diz que Salomão pronunciou 3000

provérbios. Durante os dias da lamentação pela morte deMoisés, 3000 preceitos foram esquecidos.

3761. A era judaica era calculada para começar 3761 anosantes da era Cristã.

4231. Após esse número de anos, contados a partir dadispersão, disse Rashi, os judeus serão reintegrados na possede sua terra.

6000. O mundo foi feito para durar 6000 anos; 2000 anosde Desordem; 2000 anos de Lei; e 2000 anos mais antes doadvento do Messias, mas Sua Vinda tem sido retardada pornos-sas iniquidades, é o que diz o tratado talmúdico.

25000. De acordo com Ezequiel, a cidade mística deJerusalém era circundada por uma praça quadrangular quemedia 25000 quartos de acre de lado, a que chamou deOblação Sagrada, e era para uso dos sacerdotes, os filhos deZadoque.

3,14159. Valor de ð, ou razão entre o comprimento dodiâmetro e o da circunferência de um círculo.

A LEI de BODE. Ela apresenta um curioso problemaaritmético e astronômico.

Tome a série de números 0 3 6 12 24 48 96 192Adicione cada um deles 4 4 4 4 4 4 4 4E se obterão os números 4 7 10 16 28 52 100 196Estes números mostram a relação dos antigos planetas

como o Sol, quanto à distância, na seguinte ordem: Mercúrio,Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano. O planetacorrespondente a 28 está faltando, talvez substituído porasteróides. Urano foi descoberto em 1781.

O Ano Platônico, ou Grande Período, de acordo com TychoBrahe, é de 25816 anos; Ricciolus, 25920 anos; Cassini, 24800anos; Norman Lockyer agora dá 24450 anos.

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É o período de tempo determinado pela revolução dosequinócios, ou o espaço de tempo que as estrelas e asconstelações voltam a ocupar seus antigos lugares comrespeito aos equinócios, por meio de uma constante precessão.

Os equinócios, retrogradando ou movendo-se para oeste,encontram-se com o Sol, constantemente mais cedo. No tempodas mais antigas observações gregas, os pontos equinociaissituavam-se nas primeiras estrelas de Aries e Librarespectivamente; situam-se agora em Peixes e Virgem. Quandoesses nomes foram dados, o Sol ingressou em Áries noequinócio da primavera, e signo, e constelação coincidiam;agora não coincidem mais, portanto, não nos deixemosconfundir pelo fato de ainda chamarmos o primeiro signo daprimavera de Áries, embora o Sol esteja nessa época realmenteem Peixes: a cada 2160 anos, o Signo é mudado. Precedendoa Áries, o Sol, no equinócio da primavera, ingressava em Touro.

3º. O Alfabeto Hebreu com seus valores numéricos esignificados primitivos – Veja este primeiro quadro do AlfabetoHebraico e, depois, a sua conclusão no segundo quadro:

ÀLEF

BETH

GIMEL

DALETH

HE

VAU

ZAYN

HETH

TETH IÔD

KAF

A

B

G

D

H

U,V

I

C

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

20

BOI

CASA

CAMELO

PORTA

FURO (ar)

PREGO (terra)

ARMA BARREIRA

SERPENTE MÃO(MASC. FOGO)

PALMA

LÂMED

MEM

NUN

SAMECH

AYIN

PE

ÇADÊ

KÔPH

RÊSH

SHIN

TAU

L

M

N

O

P

R

SH

T

30

40

50

60

70

80

90

100

200

300

400

LÁTEGO

ÁGUA

PEIXE

(não tem)

OLHO

BOCA

ANZOL

NUCA

CABEÇA

DENTE

SINAL

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O NOME de DEUS É = IÔD, HE, VAU, HE,que é a fonética das 4 letras em hebraico, cujo valor

numérico é:10 + 5 + 6 + 5 = 26 = 8 = “ = infinitoI H V HSegundo o alfabeto hebreu, as letras lêem-se da direita

para a esquerda, então, o nome de DEUS é de acordo com asletras: HE, VAU, HE, IÔD, cujo valor numérico é: 5 + 6 + 5 +10 = 26 = 8 = “ = infinito e o significado de cada letra parao latim seria HVHI, agora, se colocamos os significadosprimitivos de cada letra IÔD - MÃO (MAS. FOGO), HE = FURO(FEMINI-NO), VAU = PREGO (MASC.); HE = FURO(FEMININO), nós teremos outro significado que deixo a meusleitores adivinhar. O Demiurgo dos Judeus é chamado em inglêse português de JEOVAH, quando invertemos a ordem paranossa língua, ou seja, da esquerda para direita, lê-se IÔD,HE, VAU, HE, ou seja, nós pronunciamos o nome na fonéticae, como foi invertido, já não é a mesma coisa, e ainda estámal pronunciado. Antigamente, os sacerdotes hebreus,quando pronunciavam o nome de DEUS batiam um gongopara que o povo não escutasse ou conhecesse seu nome. Estaé a palavra mais poderosa que existe no cosmo. O verdadeironome é EU SOU O QUE EU SOU. (Ex 3.14).

JEHOVAH (hebreu YAHVEH de origem e significadoduvidosos), nome pessoal de DEUS, ou um SER SUPREMOna teolo-gia hebraica e escrito filosóficos, tornou-se comumsomente desde o século 14, O DEUS nacional de Israel desdeos tempos mosaicos. Seu nome não era pronunciado em suaoriginalidade, nem tampouco escrito por causa de suasantidade, mas era substituído por ELOHIM ADONAI.

O TETRAGRAMATOM, um termo usado por Josefo e peloTalmude palestino para substituir o nome impronunciável deDEUS, é idêntico ao termo SHEM HA-MEFORASH, SHEM HA-ME-YUAD. A palavra representada pelas letras inglesas YHWHou JHVH, da qual é elaborada a palavra JEHOVAH e é impressa

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262 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO

na bíblia 5410 vezes, mas sempre pronunciada ADONAI. Ouso geral do nome foi abandonado 300 anos antes de Cristo,alguns comentaristas reivindicavam essa pronúncia que jáfoi conhecida na Babilônia cerca do ano 1000.

Autores cabalistas, porém, mantêm que as 4 letras eramou foram uma redução do nome com 12, 26, 42 e 72 letras eisto faz parte do seu misticismo. A explicação mais simplespara evitar sua pronúncia do nome está na obediência aoterceiro mandamento. Também existe uma objeção ao seu usocomo um talismã, na crença de sua potência muito difundidanos antigos cultos. É este o conceito de alguns dos pensadoreshebreus que vêm citados na Enciclopédia do conhecimentohebraico.

Todos os povos da antiguidade tinham um nome para suaSUPREMA DEIDADE, composto de 4 letras e, por isso, onúmero 4 é um número divino. A seguir, os nomes emdiferentes línguas: o egípcio, TEUT, TAUT, THOTH, AMON; osamaritano, J ABE; o árabe, ALAH, ALÁ; o alemão, GOTT; olatim, DEUS; o espanhol, DIOS; o francês, DIEU; o turco,ESAR; o assírio, ADAD; o persa, SYRE ou SIRE (onde se derivaSIR, em inglês, senhor); o grego, THEOS; o tártaro ITGA; osgnósticos de Alexandria chamavam-no de IAOU. A frasesânscrita sagrada de 4 sílabas: “AUM MANI PADME HUM”,quer dizer, “OH! A JÓIA NO LOTUS” significa: “A CENTELHADIVINA DENTRO DO HO-MEM”. Em hebreu, temos AHEIEASHER AHEIE (EU SOU O QUE SOU) cujo número místico é543 = 12 = 3 ou a TRINDADE. Há uma curiosa associaçãohebraica entre o tetragrama sagrado IHVH, o nome de DEUS,e o HOMEM, formado à Sua imagem, pois se o YOD, o HE, oVAU e o HE forem desenhados verticalmente, o YOD pareceráa cabeça, o HE, dois braços, o VAU será o corpo ereto e o HErepresentará as duas pernas. Os gnósticos coptasrepresentavam o JEOVÁ dos hebreus, por um curioso arranjodas 7 vogais sem uma consoante, assim: IEHOOUA (o H é oeta grego, o E longo; e o primeiro O é o O grego longo, ÔMEGA).Os Rabis cabalistas escondiam suas doutrinas secretas sobre

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a Essência Divina de DEUS CRIADOR, sobre o nomeTETRAGRAMATOM, ou nome inefável que chamaram deJEOVÁ ou IEVE.

Os cabalistas prezam as 12 mutações do TetragramaSagra-do assim: IHVH, VHIH, HIHV, HVHI, IHHV, IVHH, HVIH,VIHH, HHVI, HHIV, HIVH, VHHI e tinham também em altaestima o nome de DEUS com 12 letras: HIH HWH-VIHIHsignificando: FUIT, EST, ERIT ou “FOI, É, SERÁ”.

O alfabeto grego é usado para desvendar os enigmas doNovo Testamento. Temos aqui um misterioso nome gnósticochamado ABRAXAS. A cada letra é dado seu valor numérico:A = 1; B = 2, R = 100; a = 1; X = 60; a = l e S = 200, a somaé 365, o número dos dias do ano. Este número fornece a chavepara o mistério de ABRAXAS, que é simbólico dos 365 aeonsou os Espíritos dos Dias, juntados todos numa personalidadecomplexa. ABRAXAS é o símbolo de 5 criaturas e, como acircunferência do ano, atualmente, consiste em 360 graus,então, cada uma das deidades emanando é um quinto (1/5)de seu poder ou 72, um dos mais sagrados números do VelhoTestamento dos judeus e seu sistema cabalístico. Este mesmométodo é usado para achar o valor numérico dos nomes dosdeuses gregos e judeus. Todos os números maiores podemser reduzidos a um dos 10 números originais, e o 10 para 1.Portanto, todos os grupos de números que resultam datradução dos nomes das deidades para seu equivalentenumérico têm base em um dos primeiros 10 números. Por estesistema, no qual os dígitos são todos agregados, o 666 somadoassim: 6 + 6 + 6 = 18, também equivale a 9. De acordo com a“REVELAÇÃO DA BÍBLIA”, o número 144.000 que serãosalvos, segundo a seita “Testemunhas de Jeová”, vem a sersomado desta forma: 1+4 + 4 + 0 + 0 + 0, o que equivale a9 e, assim, prova-se que ambos - a besta da Babilônia e onúmero dos que serão salvos - refere-se ao HOMEM MESMO,cujo símbolo é o número 9. Este sistema pode ser usado comsucesso com os valores das letras hebraicas e gregas. Osistema original pitagórico de filosofia numérica não contém

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nada para justificar a prática aluai de trocar o nome ousobrenome com a esperança de melhorar o temperamento e acondição financeira alterando a vibração do nome ousobrenome.

4º Continuação do Alfabeto Hebreu com seus valoresnuméricos e significados primitivos – Observe o quadro aseguir, para uma melhor compreensão do significado dopensamento:

5º. O pensamento do Sefer Ietsirah (“O Livro da Criação”)– Em alguns dos segmentos do pensamento da Cabala jácitado neste argumento, as provas da existência de todos osseres reais foram criados pela interligação das 22 letras doalfabeto hebraico, e especialmente através dos ‘231 portões’,isto é, das combinações das letras em grupos de duas, talvezrepresentando as raízes do verbo hebraico que se baseavamem duas consoantes, o número lógico de 231 portões oucombinações, que estão enumerados em vários manuscritos.O Sefer Ietsirah (Livro da Criação), encontrado na Guenizahdo Cairo e publicado por A. M. Habermann em 1947, procura

ÀLEFBETHGIMELDALETH

HEVAUZAYN

HETH

TETHIÔDKAF

ABGD

HU, V

IC

1234

5678

91020

O HOMEMCASAÓRGÃOPORTA

SOPRO VITALLUZARMATRABALHO

ABRIGOMANDO >VFORMA

LÂMEDMEMNUNSAMECH

AYIN

PEÇADÊKÔPH

RÊSH

SHINTAU

LMNS ouÇ

0p

RSHT

30405060

708090100

200300400

ELEVAÇÃOMULHERFRUTOMOVIMENTOCIRCULAR

MATÉRIAPALAVRATERMOINSTRUMENTOCORTANTECABEÇADENTESINAL.

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provar que isso é assim. De alguma forma, tudo o que existecontém estes elementos linguísticos e existe em decorrênciado seu poder, cuja base é um só nome, isto é, o Tetragrama(em grego, Tetragramaton) ou, talvez, a ordem alfabética, que,na sua totalidade, é considerada como um único nome místico.O processo do mundo (dizem eles) é essencialmente umprocesso linguístico baseado na combinação ilimitada dasletras. As 22 letras básicas são divididas em três grupossegundo o sistema fonético especial.

(I) O primeiro contém as três matrizes – imot ou umot (quesignificam elementos, na linguagem da Mishnah) – alef, mem,sbin, que, por sua vez, representam a fonte dos três elementosmencionados num contexto diferente e – ar, fogo, água – etodos os outros surgem destes. Estas três letras também têmum paralelo com as três estações do ano (segundo um sistemacriado por escritores gregos e helenistas) e as três partes docorpo: cabeça, torso e abdome.

(II) O segundo grupo consiste de sete letras ‘duplas’, istoé, aquelas consoantes que têm um som duro ou macioconforme sejam escritas com ou sem um daguesb (bet, guimel,dalet e kaf, pe, resh, tav). A presença da letra resh neste grupodeu origem a várias teorias. Por meio das letras ‘duplas’, foramcriados sete planetas, os sete céus, os sete dias da semana eos sete orifícios do corpo (olhos, ouvidos, narinas e boca) eelas também aludem aos opostos básicos (temurot) na vidado homem.

(III) O terceiro grupo formado pelas 12 letras “simples”restantes (ba-peshutot), correspondem ao que o autorconsidera as atividades principais do homem, os 12 signosdo Zodíaco na esfera celeste, os 12 meses e os 12 membrosprincipais do corpo (bamanhiguim). Além disso, ele fornecetambém uma divisão fonética das letras inteiramente diferente,segundo os cinco lugares da boca onde elas são articuladas(guturais, labiais, velares, dentais e sibilantes). Esta é aprimeira vez que essa divisão aparece na história dalinguística hebraica e pode ser incluída na primeira divisão

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deste sistema. A combinação destas ‘letras básicas’ contém araiz de todas as coisas e também o contraste entre o bem e omal.6

6º. Guemetria – A guematria é uma das regrashermenêuticas agádicas para a interpretação da Torah.Consiste em explicar uma palavra ou grupo de palavras deacordo com o valor numérico das letras ou em substituí-laspor outras letras do alfabeto de acordo com um sistemaestabelecido. Enquanto a palavra guematria é normalmenteempregada neste sentido de manipulação de acordo com ovalor numérico, às vezes é encontrada com o sentido de“cálculos”. Do mesmo modo, onde se lê nas presentes ediçõesdo Talmud que Iochanan b.Zakai conhecia “as revoluções ecálculos celestes”.

O uso de letras para significar números era conhecido dosbabilônios e dos gregos. O primeiro uso da guematria ocorreem uma inscrição de Sargão II que afirma que o rei construiuo muro de Khorsabad com côvados de comprimento paracorresponder ao valor numérico de seu nome. O uso daguematria foi difundido na literatura dos Magos e entre osintérpretes de sonhos no mundo helenístico. Os gnósticosequiparavam os dois nomes sagrados Abrazas e Mithras combase no valor numérico equivalente de suas letras (365,correspondente aos dias do ano solar). Seu uso provavelmentefoi introduzido em Israel durante a época do Segundo Templo,até no próprio Templo, sendo usadas letras gregas para indicarnúmeros.

Na literatura rabínica, a guematria numérica aparece pelaprimeira vez em declarações de tanaim do século II. Éempregada como elemento comprobatório e mnemônico porR. [Rabi] Natan. Ele afirma que a frase Eleh há-devarim(“Estas são as palavras”), que ocorre em Êxodo 35:1, indicaas 39 categorias de trabalho proibidas no Shabat: o pluraldevarim indica dois, há perfaz três, enquanto o equivalentenumérico de eleh é 36, fazendo um total de 39. R.[Rabi] Judáinferiu do versículo “Das aves do céu até as feras,

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desapareceram e se foram”, que, por 52 anos, nenhum viajantepassara pela Judéia, já que o valor numérico de behemah(“fera”) é 52. A Baraita das 32 Regras cita como exemplo deguematria a interpretação de que os 318 homens referidosem Gênesis 14:14 eram, de fato, apenas Eliezer, o servidor deAbraão, já que o valor numérico de seu nome é 318. Essainterpretação também para o nome de Bar Kapara pode seruma resposta à interpretação cristã, na Epístola de Barnabé,que deseja encontrar nas letras gregas ô é ç, cujo valornumérico é 318, uma referência à cruz e às duas primeirasletras do nome de Jesus, através do que Abraão conquistousua vitória; o homilista judeu usou o mesmo método pararefutar a interpretação cristã.

Esta ciência recebe o nome de Kabbalh ou Qabalah, Cabbalaou caballo ou mesmo cabala, palavras originadas de QBL,doutrina recebida da raiz QBL (árabe) que significa receber(tradição). Alguns procuram dividir a cabala em dois usosseparados dos termos: Kabalah iiunit (“Cabala especulativa”)e Kabalah ma´assit (“Cabala prática”). Os cabalistas acreditamque os iniciados foram treinados pelos anjos antes da quedado homem. O anjo Raziel foi enviado do céu para instruir aAdão nos mistérios da Cabala, e diferentes anjos, em diferentesépocas, foram os instrutores de Davi, Moisés, Isaque e Sim,filho de Noé, cujos anjos teriam sido Michael, Metraton e Tofiel.A simbologia da cabala é tão simples como o alfabeto, profundae infinita como a Palavra, pode ser segurada na palma damão duma criança e é composta de 10 cifras, 22 letras, umcírculo, um quadrado e um triângulo. Está incluída naTrindade das palavras, letras e números e cujos teoremas sãomais simples e luminosos que os de Pitágoras, todos esteselementos são a essência da Cabala. Todas estas ciênciasnumerológicas encontram-se cercadas de mistérios e quemnelas se aprofundam, têm suas mentes colocadas para bemdistante de Deus. Conforme o leitor acabou de ver e ler o quea Alta Numerologia Mística e a Ciência Esotérica Judaica, aCabala, procuram, a todo custo, apresentar são explicações

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numerológicas, procurando assim, satisfazer a curiosidadehumana. Com efeito, porém, nem tudo que é dito e afirmadoneste ou naquele campo místico, deve ser seguido ou aceitosem restrição. Sabemos ser natural que os estudiosos dasprofecias, procurem as interpretações corretas das mesmas:encaixando-as no tempo e no espaço. Mas, é evidente quealgumas destas profecias são de difíceis interpretações (Dn12.8; 2 Pe 3.15-16). Contudo, devemos procurar o verdadeirosentido desta ou daquela predição e “conferindo uma ‘coisacom a outra’ para achar a causa” (Ec 7.27). Embora seja ditoque se deve calcular “...o número da besta, porque é o númerode um homem”, tem sido um tanto difícil encontrar-se apessoa, ao longo da história, que portasse este número, vistoque, de acordo com o texto onde o assunto está em foco, fala-se de alguém que ainda não surgiu no cenário da história – ese surgiu – ainda se encontra oculto e no anonimato. Cremosque, no tempo certo, para o cumprimento real, literal e objetivodesta grande profecia, Deus e o tempo – ambos revelarão qualseja o verdadeiro número do anticristo e também a pessoaque o conduzirá.

SETE. O número ‘7’ é um dos números a que maiorsignificação tem sido dada. Em relação à vida, o 7 domina:nos primeiros 7 anos despontam os dentes, 7 anos depoisaparece a semente prolífera. Aos 14, aparece a barba comosinal de idade adulta. Aos 21 anos, o vigor atinge seu pontomáximo, aos 28 é época do casamento. Aos 35, chega o augeda inteligência, aos 42, vem a maturidade da razão. Aos 49anos, aparece a perfeição de ambas. Aos 56 anos, aparece oequilíbrio e a brandura e as paixões se apaziguam. Aos 63anos, vem o fim da vida desejável, mas não vida terminal. Osfilósofos dizem que a alma humana tem cinco focos protetores:os cinco sentidos, a voz e o poder gerador: somando 7 aotodo. O corpo humano tem 7 partes visíveis: cabeça, tórax,abdômen, duas pernas e dois braços, e há 7 órgãos internos:estômago, fígado, coração, pulmões, baço e dois rins; e acabeça, a parte pensante, tem 7 partes externas: dois olhos,

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duas orelhas, duas narinas e uma boca. O homem se renovade 7 em 7 anos. Na simbologia das religiões, o sete não aparecesomente como símbolo de perfeição ou totalidade. Por exemplo,em Apocalipse 17.10-11, sete sistemas de governos opressoressão descritos formando uma totalidade. “Cinco já caíram, eum existe; outro ainda não é vindo”. Também “a besta queera e já não é, é ela também o oitavo, e é dos sete”. Na Bíblia,este número aparece na maioria dos casos, com significaçãoespecial.

Os rabinos afirmam que o versículo primeiro de Gênesis 1.1 consiste de ‘7’ palavras hebraicas e ‘28’ letras (7x4). Hánele três substantivo: Deus – Céus – e Terra. Seu valornumérico é de 777 (7x11). O verbo ‘criou’ tem o valor 203(7x29). O objeto está contido nas três primeiras palavras –com 14 letras (7x2). As outras quatro letras contém o sujeito– também com 14 letras (7x2) e assim por diante. Na morte deCristo, por exemplo, se faz alusão às 7 palavras da cruz.Alguns dos milagres divinos foram precedidos por 7 gestosde fé. Jacó inclinou-se ‘sete vezes’ antes de encontrar comEsaú, seu irmão e seu coração foi abrandado (Gn 33.3); nosonho de Faraó, as ‘sete vacas gordas’ e as ‘sete espigas cheias’indicavam sete anos de fartura na terra do Egito (Gn 41.26);Elias orou ‘sete vezes’ para que chovesse e sua oração foirespondida por uma copiosa chuva (1 Rs 18.43-44). Após terespirrado ‘sete vezes’, o filho da sunamita ressuscitou (2 Rs4.35); Naamã, o general siro, mergulhou ‘sete vezes’ no Jordãoe foi restaurado de sua lepra etc. (2 Rs 5.14). O livro doApocalipse, conforme veremos mais à frente, encontra-semarcado ao redor pelo número 7. Nada menos de 53 vezes eleestá ali em foco.

OITO. Assim como o sétimo foi o dia da criação original,também o 8, segundo W. F. Shaw, pode ser considerado o Diada Regeneração. Na arca de Noé, 8 almas foram salvas, e oNoé foi o oitavo a descer, seu nome era NVcH = 8 vezes 8 =64. Um judeu chegou a sugerir que 888 é o número especialde Jesus como “Aquele que é a ressurreição e a vida”. Ele é o

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grande opositor do 666, o número da Besta, que, numatendência imitativa, usa outra numeração e aparece comosendo o ‘oitavo’ de uma sucessão de homens maus (Ap 17.11).Os pitagóricos consideravam o número 8 “todo poderoso”.Eles tinham um provérbio: ‘todas as coisas são Oito’. É oprimeiro cubo de energia, e o único uniformemente par dentroda Década. Na Aritimética de Nicômaco, chamam-no deHarmonia Universal, pelas razões musicais que estãocompreendidas neste número. Para os judeus, o número 8tinha uma significação especial. Costumavam circuncidar seusmeninos no oitavo dia do nascimento. Em sua genealogia,tinha que constar: “fui circuncidado ao oitavo dia” (cf. Fp 3.5).Por ocasião da festa da dedicação, os judeus acendiam 8 velase essa festa durava 8 dias (cf. Jo 10.22).7

NOVE. Os matemáticos pitagóricos defendiam que o noveé o primeiro quadrado de um número ímpar. Dizia-se que éigual ao Oceano, fluindo em torno dos outros números dentroda década. Nenhum número elementar ulterior é possível, porisso, ela é igual ao horizonte, já que todos os números sãopor ela imitados. Era chamado pelos gregos de “Prometeu”, e“Liberdade da luta”, e “Vulcano” porque a ascensão dosnúmeros se limita a 9, assim como a ascensão das coisasdecompostas pelo fogo que está limitada pela esfera do ar éestruturada de acordo com o sistema noventário. Osprimitivos judeus cristãos achavam que o 9 tinha significaçãoespecial. À nona hora, Jesus deu Seu último brado na cruz eexpirou em seguida. Também o 9 podia servir para representara grandeza. A cama de Ogue, rei de Basã, que pertencia àfamília dos gigantes, era de nove côvados de comprimento(Dt 3.11). Quando usado no sentido negativo, 9 podiarepresentar a ingratidão (Lc 17.17). De acordo com a tradiçãojudaica, só nove pessoas entraram vivas no Paraíso: Enoque;Elias; Messiah; Eliézer, o servo de Abraão; Hirão, rei de Tiro;Ebede Meleque, o etíope; Jabez, filho de Jehuda; o príncipeBathia, filho do Faraó e Sara, filha de Aser. Alguns rabis e oRabi Yoshus filho de Levi, mas ele não entrou pela porta e,

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sim, escalando o muro. As bem-aventuranças são novecontidas num só ensino de Jesus (Mt 5.1-11); nove são osdons espirituais tecnicamente falando (1 Co 12.1-10), tambémnove são os componentes do fruto do Espírito (Gl 5.22).

DEZ. Os pitagóricos adoravam o número dez por suasvirtudes e o chamavam Deidade. Para eles, este era, de todosos números, o que continha a essência completa. Chamavam-no, muitas vezes, de céu, eternidade e Sol. Quando se falavano número dez, usava-se a palavra ‘todo completo’ ou‘totalmente consumado’. Para eles, o número dez tinha muitossignificados e formas de aplicação. Como Deidade, ele é umcírculo, com centro visível, mas sua circunferência é demasiadovasta para poder ser vista. Também conhecido como‘eternidade’, que é vida infinita, porque contém todo númeroem si mesmo, e o número é infinito. É chamado ‘fonte danatureza eterna’ porque se lhe tomamos a metade, cinco, comonúmero médio, e adicionarmos o número imediatamentesuperior e o número imediatamente inferior, isto é, 6 e 4,perfazemos 10, e os dois seguintes de maneira semelhante: 7e 3 perfazem 10 e, assim, sucessivamente 8 e 2, 9 e 1 dão omesmo resultado. Dez era também chamado de ‘númerocircular’, porque 10 vezes 10 é 100 e 100 vezes 100 é 1000.

2. Para os judeus e significação do número dez. Os judeusadmitiam que o número dez sempre era tomado pararepresentar uma simetria perfeita. Neemias interpreta ‘dezgerações’ do Deuteronômio 23.3 como significando ‘parasempre’ (Ne 13.1); as mãos que trabalham e os pés quecaminham têm cinco dedos em cada parte e 10 quando vistosaos pares; dez virgens era o número perfeito para acompanharum cortejo nupcial (Mt 25.1). Nas profecias de caráterescatológico, muitas vezes o número ‘dez’ era usado paraacontecimentos futuros (Dn 7.24; Ap.2. 10; 17.16).

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III. QUANDO OS NÚMEROS APRESENTAMSIGNIFICAÇÃO ESPECIAL

1. Expressões idiomáticas. Algumas expressões ou frasesda Bíblia são tomadas para representar extensão de tempo.Por exemplo, na pergunta do ser celestial ao homem vestidode linho fica subentendido este significado do pensamento.“Que tempo haverá até ao fim das maravilhas?” (Dn 12.6b),perguntou o ser celestial ao homem vestido de linho. Aresposta do homem vestido de linho a esta pergunta, foi:

“Depois de um tempo, e tempos, e metade de um tempo” –[3 anos e meio] – “e quando tiverem acabado de destruir opoder do povo santo, todas estas coisas serão cumpridas”(Dn 7.25).

Para que o leitor tenha uma maior compreensão dosignificado do pensamento, mencionaremos algumas frasesque sempre estão presentes em contextos escatológicos. Porexemplo:

• “Sete semanas” (Dn 9.25a).• “Sessenta e duas semanas” ® (Dn 9.25b).• “Uma semana, e na metade da semana” – 7 anos (Dn

9.27).• “Metade da semana” – 3 anos e meio (Dn 9.27).• “Um tempo, dois tempos e metade de um tempo” – 3

anos e meio (Dn 12.7).• “Mil duzentos e noventa dias” – 3 anos e 7 meses (Dn

12.11).• “Mil trezentos e trinta e cinco dias” – 3 anos, 8 meses e

15 dias (Dn 12.12).• “Quarenta e dois meses” – 3 anos e meio (Ap 11.2).• “Mil duzentos e sessenta dias” – 3 anos e meio (Ap 11.3).• “Mil duzentos e sessenta dias” – 3 anos e meio (Ap 12.6).• “Um tempo, e tempos, e metade de um tempo” – 3 anos e

meio (Ap 12.14).

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• “Quarenta e dois meses” – 3 anos e meio (Ap 13.5).

2. Os números em linguagem profética. Queremoslembrar ao leitor que, quando se trata de linguagem profética,“um dia” é que vale “um ano” (cf. Nm 14.34; Ez 4.6). Algunstêm opinado que, em lugar de se ler “duas mil e trezentastardes e manhãs”, devia se ler [“dois mil e trezentosholocaustos faltarão”], o que dá um total de mil cento ecinquenta dias, número que corresponde ao número de anosem que o santuário voltou a ser purificado. Em Daniel eApocalipse, encontramos, com exclusividade, algumas dessasexpressões com significações especiais. Quase todas elas, compequenas exceções, apontam para o período da GrandeTribulação. São citados vários períodos conforme já tivemosocasião de vermos acima nesta seção; contudo, o espaço maiorde todos eles de “...uma semana” (sete anos) e “...duas mil etrezentas tardes e manhãs” (6 anos e 5 mesesaproximadamente), o anjo celestial reafirma para Daniel nofim da visão, dizendo: “...a visão da tarde e da manhã, quefoi dita, é verdadeira” (v. 26). A Grande Tribulação, que seprolongará por sete anos, terá seu auge nos três anos e meiofinais [a última metade da semana profética de Daniel] – (Dn9.25-27; Mt 24.21). Seu ponto marcante dar-se-á com a vitóriado arcanjo Miguel sobre os exércitos espirituais de Satanás(Dn 12.1; Ap 12.7 e s), e terminará com a ressurreição corporaldos santos da Grande Tribulação. Embora o período final destetempo sombrio tenha a duração de apenas 1.260 dias(Ap.12.6), um período adicionado de mais de trinta dias pareceser exigido para a purificação e restauração do templo (Dn12.11). E ainda outro período de quarenta e cinco dias antesque seja experimentada a plena bênção do reino milenar (Dn12.12). Ainda em Daniel, vv. 11-12 do capítulo em foco, lemosque “desde o tempo em que o contínuo sacrifício for tirado, eposta a abominação desoladora, haverá mil duzentos enoventa dias. Bem-aventurado o que espera e chega até miltrezentos e trinta e cinco dias”. Esta abominação será postano lugar santo, no início da segunda metade dos sete anos –

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o período propriamente dito da Grande Tribulação. Taisperíodos e sua cronologia seguem mais ou menos assim:

a) Um período de 1.260 dias (três anos e meio) até adestruição e prisão da besta e de seu consorte (Dn 12.7,11;Ap.19.19,20).

b) Um período de 1.290 dias (Dn 12.12), acrescentado demais 45 dias.

c) Um período de 1.335 dias.Está escrito em Mateus 24.22, que, “se aqueles dias (1.335)

não fossem abreviados (para 1.260), nenhuma carne sesalvaria, mas, por causa dos escolhidos (os judeus), serãoabreviados aqueles dias”. O leitor deve observar bem a frase“abreviados”. Com a interpretação que pode ser depreendidados versículos acima, podemos chegar à seguinte conclusão:A Grande Tribulação terminará no final dos 1.260 dias (partefinal dos sete anos) – Apocalipse 12.6,14. Durante os trinta(30) dias que seguem, se dará o julgamento das nações vivasno vale de Josafá; no período dos 45 dias restantes, a terrapassará por uma espécie de “purificação”. (O número 30 ou40 fazem parte da lei da purificação). E a bem-aventurançadescrita em Daniel 12.12 terá seu cumprimento na introduçãodo reino milenar de Cristo, quando a felicidade, perdida pelohomem no Éden, voltará novamente para os habitantes daterra – contudo, vista em um outro prisma. Assim, portanto,em certas passagens das Escrituras, os números são tomadospara representarem certos períodos de tempo.

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I. CURIOSIDADE ADMIRÁVEL

1. O número “1” em forma cardinal e ordinal:

OS NÚMEROS DOAPOCALIPSE

C A P Í T U L O 1 1

• Primeiras obras (2.5, 19).• Primeiro e o último (2.8).• Primeira voz (4.1).• Primeira ressurreição

(20.5).• Primeira terra (21.1).• Primeiro anjo (8.7).• Primeiro céu (21.1).• Primeiras coisas (21.4).• Primeiro fundamento era

jaspe (21.19).• Primeiro e o derradeiro

(22.13).• Primeira besta (13.12).• Um semelhante ao Filho

do homem (1.13).• Um vestido comprido

(1.13).• Um cinto de ouro (1.13).

• Um desgraçado (3.17).• Um trono (4.2).• Um assentado sobre o

trono (4.2).• Um livro (5.1).

• Um livrinho aberto (10.2).• Um como mar de vidro

(4.6).• Um leão (4.7).• Um dos anciãos (5.5).• Um dos quatro animais

(15.7).• Um arco (6.2).• Um dinheiro (6.6).• Um cavalo branco (6.2).• Um cavalo preto (6.5).• Um cavalo amarelo (6.8).• Um pouco de tempo (6.11).

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• Um grande temor de terra(6.12).

• Um ai (9.12).• Um grande sinal no céu

(12.1).• Um grande dragão

vermelho (12.3).• Um filho (12.5).• Um varão (12.5).• Um tempo (12.14).• Um pouco de tempo

(17.10).• Um novo nome (2.17).• Um ladrão (3.3).• Um deserto (17.3).• Um de per si (4.8).

2. O número “2” dois:

• Um nome de blasfêmia(13.1).

• Um existe (17.10).• Uma pedra branca (2.17).• Uma águia voando (4.7).• Uma grande espada (6.4).• Uma coroa (6.2).• Uma besta (13.1).• Uma voz (6.6).• Uma porta aberta (3.8).• Uma vara (11.1).• Uma medida de trigo (6.6).• Uma nuvem (11.12).• Uma mulher (17. 3).• Uma hora (17. 12).

• Segundo selo (6.3).• Segunda morte (20.14).• Segundo animal (6.3).• Segundo anjo (8.8).• Segundo ai (11.14).• Segundo fundamento,

safira (21.19)• Duas testemunhas (11.3).

• Duas oliveiras (11.4).• Duas asas (12.14).• Dois ais (9.12).• Dois castiçais (11.4).• Dois profetas (11.10).• Dois chifres (13.11).• Dois foram lançados vivos

no lago de fogo e enxofre(19.20).

3. O número “3” três:

• Terceiro anjo (8.10).• Terceiro selo (6.5).

• Terceiro fundamento,calcedônia (21.19).

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OS NÚMEROS NO APOCALIPSE 277

• Terça parte da terra (8.7)• Terça parte das árvores

(8.7).• Terça parte do mar (8.8).• Terça parte das criaturas

(8.9).• Terça parte das naus (8.9).• Terça parte dos rios (8.10).• Terça parte das águas

(8.11).• Terça parte do sol (8.12).• Terça parte da lua (8.12).• Terça parte das estrelas

(8.12; 12.4).

• Terça parte escura (8.12).• Terça parte do dia (8.12).• Terça parte dos homens

(9.15).• Três medidas de cevada

(6.6).• Três ais (9.12).• Três pragas (9.18).• Três dias e meio (11.9).• Três espíritos imundos

(16.13).

• Três partes (16.19).• Três portas (21.13).

4. O número “4” quatro:

• Quarta parte da terra(6.8).

• Quarto anjo (8.12).• Quarto selo (6.7).• Quarto fundamento,

esmeralda (21.19).

• Quatro animais (4.6).• Quatro anjos (7.1).• Quatro cantos da terra

(7.1).• Quatro ventos (7.1).

5. O número “5” cinco:

• Quinto anjo (9.1).• Quinto selo (6.9).• Quinto fundamento,

sardônica (21.20).

• Cinco meses (9.5).• Cinco já caíram (17.10).

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278 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO

• Sete Espíritos (5.6).• Sete anjos (8.2).• Sete trombetas (8.2).• Sete anjos (8.6).• Sete trombetas (8.6).• Sete trovões (10.4).• Sete trovões (10.4).• Sete mil homens (11.13).• Sete cabeças (12.3).• Sete diademas (12.3).• Sete cabeças (13.1).• Sete anjos (15.1).• Sete últimas pragas (15.1).• Sete anjos (15.6).• Sete pragas (15.6).• Sete anjos (15.7).• Sete salvas (15.7).• Sete pragas (15.8).• Sete anjos (15.8).• Sete anjos (16.1).• Sete taças (16.1).• Sete anjos (17.1).

6. O número “6” seis:

• Seis asas (4.8).• Sexto selo (6.12).• Sexto anjo (9.13).

• Seiscentos e sessenta eseis (=comentado emoutras notas expositivas –13. 18*).

• Sexto fundamento, sárdio(21.20).

7. O número “7” sete:

• Sete igrejas (1.4).• Sete espíritos (1.4).• Sete igrejas (1.11).• Sete castiçais (1.12).• Sete castiçais (1.13).• Sete estrelas (1.16).• Sete estrelas (1.20).• Sete castiçais (1.20).• Sete estrelas (1.20).• Sete igrejas (1.20).• Sete castiçais (1.20).• Sete igrejas (1.20).• Sete estrelas (2.1).• Sete castiçais (2.1).• Sete Espíritos (3.1).• Sete estrelas (3.1).• Sete lâmpadas (4.5).• Sete Espíritos (4.5).• Sete selos (5.1).• Sete selos (5.5).• Sete pontas (5.6).• Sete olhos (5.6).

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OS NÚMEROS NO APOCALIPSE 279

• Sete taças (17.1)• Sete cabeças (17.3).• Sete cabeças (17.7).• Sete cabeças (17.9).• Sete montes (17.9).• Sete reis (17.10).• Sete, e vai a perdição

(17.11).• Sete anjos (21.9).• Sete taças (21.9).• Sete pragas (21.9).• Sétimo fundamento,

crisólito (21.20).

a) Sete bem-aventuranças: 1ª. Bem-aventurado aquele quelê (1.3). 2ª. Bem-aventurados os mortos que desde agoramorrem no Senhor (14.13). 3ª. Bem-aventurado aquele quevigia (16.15). 4ª. Bem-aventurados aqueles que são chamadosà ceia das bodas do Cordeiro (19.9). 5ª. Bem-aventurado esanto aquele que tem parte na primeira ressurreição (20.6).6ª. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profeciadeste livro (22.7). 7ª. Bem-aventurados aqueles que lavam assuas vestiduras no sangue do Cordeiro (22.14).

b) Sete louvores: 1º 1.4-7. 2º. 5.9-10. 3º. 5.12. 4º. 5.13 . 5º.7.10 . 6º. 11.15 7º. 19.6-7.

c) Sete notas triunfais sobre a dignidade do Cordeiro: 1ª.Poder. 2ª. Riquezas. 3ª. Sabedoria. 4ª. Força. 5ª. Honra. 6ª.Glória. 7ª. Ações de graças (5.12).

d) Sete cores do Arco Celeste: O Arco Celeste é formado porsete cores como símbolos da misericórdia divina nas setedispensações. Elas são estas: 1ª. Vermelho. 2ª. Laranja. 3º.Amarelo. 4ª. Verde. 5ª. Azul. 6ª. Anil. 7ª. Púrpura (4.3; 10.1).

e) O Altar é mencionado sete vezes: 1ª. (6.9). 2ª. (8.3). 3ª.(8.5). 4ª. (9.13). 5ª. (11.1). 6ª. (14.18). 7ª. (16.7).

f) O diabo é chamado por sete nomes diferentes: 1º.Satanás (2.9). 2º. Diabo (2.10). 3º. O anjo do abismo (9.11).4º. Abadom (9.11). 5º. Apoliom (9.11). 6º. O Dragão vermelho(12.3). 7º. Antiga serpente etc (12.9).

g) Uma foice afiada: A palavra ‘foice’ ocorre por sete vezesno Apocalipse: 1ª. 14.14. 2ª. 14.15. 3ª. 14.16. 4ª. 14.17. 5ª.14.18ª. 6ª. 14.18b. 7ª. 14.19.

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280 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO

h) Sete elementos da natureza são citados em só seção (6.12-14): 1º. Terremoto. 2º. Sol. 3º. Lua. 4º. Estrelas. 5º. Céu.6º. Montes. 7º. Ilhas (6.12-14).

i) Sete categorias de pessoas são atingidas em só versículo(6. 15): 1º. Reis. 2º. Grandes. 3º. Ricos. 4º. Tribunos. 5º.Poderosos. 6º. Servos. 7º. Livres.

j) Sete personagens em destaque: Na metade final daseptuagésima semana profética de Daniel, entram em açãosete personagens principais: 1º. A mulher vestida do sol (12.1).2º. O dragão (12.3). 3º. O menino (12.5). 4º. Miguel (12.7). 5º.A descendência da mulher (12.17). 6º. A 1ª besta – saída domar (13.1). 7º. A 2ª besta – saída da terra (13.11).

k) Há sete promessas – uma ligada a cada igreja paraaquele que vencer: 1ª. (2.7). 2ª. (2.11). 3ª. (2.17). 4º. (2.26).5º. (3.5). 6º. (3.12). 7º. (3.21).

l) Sete visões em um só capítulo: No capítulo 14encontramos sete visões separadas; visões separadas em si,sem conexão: 1ª. 14.1-5. 2ª. 14.6-7. 3ª. 14.8. 4ª. 14.9-12. 5ª.14.13. 6ª. 14.14-16. 7ª. 14.17-20.

8. O número “8” oito:

• Oitavo rei (17.11).• Oitavo fundamento, berilo (21.20).

9. O número “9” nove:

• Nono fundamento, topázio (21.20).

10. O número “10” dez:

• Décima parte (11.13).• Dez dias (2.10).

• Dez chifres (12.3; 13.1;17.3,16).

• Dez diademas (13.1).• Dez reis (17.12).

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OS NÚMEROS NO APOCALIPSE 281

11. O número “11” onze:

• Undécimo fundamento, jacinto (21.20).

12. O número “12” doze:

• Duodécimo fundamento,ametista (21.20).

• Doze estrelas (12.1).• Doze portas (21.12).• Doze anjos (21.12).

• Doze tribos de Israel(21.12).

• Doze pérolas (21.21).• Doze fundamentos (21.14).• Doze apóstolos do Cordeiro

(21.14).• Doze frutos (22.2).

V. NÚMEROS QUE MARCAM O TEMPOSUCESSIVO

1. Horas:

• Meia hora (8.1).• Uma hora (17.12).

2. Dias:

• Um dia (9.15).• Três dias e meio (11.9,11).• Dez dias (2.10).• Mil duzentos e sessenta dias (11.3; 12.6).

3. Meses:

• Um mês (9.15).• Mês em mês (22.2).

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282 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO

• Cinco meses (9.5,10).• Quarenta e dois meses (11.2; 13.5).

4. Anos:

• Um ano (9.15).• Mil anos (20.2-7).

5. Tempos psíquicos:

• Um tempo (12. 14a).• Tempos (12. 14b).• Metade de um tempo (12. 14c).• Um pouco de tempo (17. 10b).

VI. MEDIDAS DE ÁREAS E EXTENSÃO

1. Medidas de áreas:

• Vinte e quatro tronos (4.4).• Mil e seiscentos estádios (14.20).• Doze mil estádios: o seu cumprimento, altura e largura

eram iguais (21.16).

2. Medidas de extensão:

• 144 côvados (21.17).• Doze mil estádios (21.16).

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OS NÚMEROS NO APOCALIPSE 283

VII. NÚMEROS CALCULÁVEIS EINCALCULÁVEIS PARA PESSOAS E SERES

1. As doze tribos de Israel:

• Doze mil da tribo de Judá (7.5).• Doze mil da tribo de Ruben (7.5).• Doze mil da tribo de Gade (7.5).• Doze mil da tribo de Aser (7.6).• Doze mil da tribo de Naftali (7.6).• Doze mil da tribo de Manassés (7.6).• Doze mil da tribo de Simeão (7.7).• Doze mil da tribo de Levi (7.7).• Doze mil da tribo de Issacar (7.7).• Doze mil da tribo de Zebulom (7.8).• Doze mil da tribo de José (7.8).• Doze mil da tribo de Benjamim (7.8).

2. Outros números para pessoas e seres:

• Vinte e quatro anciãos (4.4).• Sete mil homens (11.13).• O número dos assinalados: cento e quarenta e quatro

mil (7.4).• Milhares de milhares (5.11).• Milhões de milhões (5.11).• Duzentos milhões (9.16).

3. Números incalculáveis:

• Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, aqual ninguém podia contar (7.9).

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284 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO

• Gogue e Magogue, cujo o número é como areia do mar(20.8).1

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I. BABILÔNIA OU ROMA IMPERIAL

1. Um sistema chamado de Grande Babilônia. Aexpressão “a grande babilônia” que encontramos noApocalipse, nos textos 14. 8; 16. 19; 17. 5; 18. 2,10, 21, pareceindicar uma organização envolvendo: política, religião ecomércio – todos com alcance mundial, moldados norenascimento de uma cidade literal, chamada de ‘GrandeBabilônia’, que implantará nela e nas demais cidades domundo, um sistema místico (político, religioso e comercial),cheio de ganância, luxúria e prostituição. Com efeito, porém,a testa deste sistema, estará o anticristo, operando “...comtodo o poder, e sinais e prodígios de mentira”. Controlando otal sistema, ninguém durante o reinado deste iníquo, poderáfazer transação alguma, pequena ou grande, comercial,política, social ou religiosa dentro do tal sistema, se não tiver“...na sua mão direita, ou nas suas testas”, o “...sinal, ou onome da besta, ou o número de seu nome”. Tal procedimentode por este código em cada habitante da terra, será feito pelopróprio Estado, governado pelo anticristo. Ele dará ordem aosseus súditos encarregados desta tarefa para que, seja postoo tal sinal nos “...pequenos e grandes, ricos e pobres, livres eservos...”. Aquele que recusar – será morto sem misericórdia(Ap 13. 15-17). Assim, as Babilônias que aparecem noscapítulos 17 e 18 do Apocalipse, são interpretadas pela maioriados comentadores como sendo um sistema místico e

UM SISTEMA CHAMADODE GRANDE BABILÔNIA

C A P Í T U L O 1 2

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286 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO

representativo. Contudo, a possibilidade da reedificação deuma grande cidade, com o nome de grande Babilônia naquelaregião, onde a Babilônia antiga fora edificada, ou dentro doslimites do antigo império romano, não pode ser descartado(cf. Ec 3. 15). Com efeito, porém, para que o leitor tenha umamaior compreensão do significado do pensamento, iremosapresentar neste argumento estas possibilidades, começando coma origem de Babilônia até a Babilônia mística que se levantarános dias do anticristo (Ap 14. 8; 16. 19; 17. 5; 18. 2, 10, 21).

2. A origem da antiga Babilônia. A palavra “Babilônia”vem do hebraico “Bãbel”, do grego “Babylõn”. Mas seu nomeoriginal é sumeriano: “Kadingir”. Três coisas devem ser aquidestacadas: Babilônia – o Império e Babilônia – a cidade – aBabilônia Escatológica. Babilônia foi a capital da antigaSuméria e Acádia, no sul da Mesopotâmia (hoje no modernoIraque, localiza-se a aproximadamente 80 km ao sul deBagdá). O nome (Babil ou Babilu em babilônico) significa“Porta de Deus”, ou “porta dos céus” mas os judeus afirmamque vem do Hebraico Antigo o termo Babel, que significa“confusão”. Essa palavra semítica é uma tradução do sumérioKadmirra.

a) Babilônia – o império. Historicamente falando, osbabilônios estabeleceram-se ao norte da região dos sumérios.Fundaram ali Babilônia, sua capital. Segundo a tradiçãosuméria, Quish foi a primeira cidade da primeira civilizaçãomesopotâmica; depois, surgiram Ur (terra do nascimento dopatriarca Abraão), Uruk, Lagash, Eridu e Nipur. Eram cidades-estados, com autonomia religiosa, política e econômica. Cadacidade era governada por um sacerdote, ajudado por umconselho de anciãos, forma que evoluiu para uma espécie deautocracia, isto é, um governo pessoal, despótico. O chefepolítico, representante do deus principal, chamava-se ‘patesi’.Com o tempo, o ‘patesi’ instituiu o direito à hereditariedade,fundando as dinastias, por volta de 2850 a.C. A mais famosafoi a de Lagash, que anexou Ur. O rei semita Sargão unificouas cidades sumérias por volta de 2330 a.C., criando o Primeiro

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UM SISTEMA CHAMADO DE GRANDE BABILÔNIA 287

Império Mesopotâmico. Sua cidade mais famosa foi Acad, quedeu origem ao termo acádios. O enfraquecimento sumério crioucondições para a ascensão dos semitas, concentrados em tornoda Babilônia. Por volta de 1750 a.C., Hamurabi, um reibabilônico, conquista a Suméria e a Assíria. Transformou alíngua acádia em língua oficial e Marduck, deus babilônico, emprimeiro deus supremo da Mesopotâmia. Hamurabi conseguiuconquistar toda a Mesopotâmia, fundando um vasto impérioao qual impôs a mesma administração e as mesmas leis.

b) O Código de Hamurabi. O povo babilônico era muitoavançado para a sua época, demonstrando grandesconhecimentos em arquitetura, agricultura, astronomia edireito. Iniciou sua era de império sob o amorita Hamurabi,por volta de 1730 a.C., e manteve-se assim por pouco mais demil anos. Hamurabi foi o primeiro rei conhecido a codificarleis, utilizando no caso, a escrita cuneiforme, escrevendo suasleis em tábuas de barro cozido, o que preservou muitos destestextos até ao presente. Daí, descobriu-se que a culturababilônica influenciou em muitos aspectos a cultura moderna,como a divisão do dia em 24 horas, da hora em 60 minutos edaí por diante. De entre os seus soberanos, o mais famoso foiHamurabi (1792 a 1750 a.C.). O mais antigo e completo códigode leis que a história registra foi de realização sua. Hamurabitambém nomeou governadores, unificou a língua, a religiãoe fundiu todos os mitos populares em um único livro: aEpopéia de Marduk – que era lido em todas as festas de seureino. Também cercou sua capital, fortificando-a. Ele criou oCódigo de Hamurabi, cujas leis, em resumo, seguem um mesmoprincípio. Pontos principais do código de Hamurabi: Olho porOlho, Dente por Dente.

• 218 – Se um médico fizer uma larga incisão com umafaca de operações e matar o paciente, suas mãos deverão sercortadas.

• 219 – Se um médico fizer uma larga incisão no escravode um homem livre, e matá-lo, ele deverá substituir o escravopor outro.

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288 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO

• 221 – Se um médico fizer curar um osso quebrado meláveldo corpo humano, o paciente deverá pagar ao médico cincoshekels.

• 229 – Se um construtor construir uma casa para outrem,e não fizer a casa bem feita, e se a casa cair e matar seu dono,então o construtor será condenado à morte.

• 230 – Se morrer o filho do dono da casa, o filho doconstrutor deverá ser condenado à morte...etc.

Além destas existiam outras recomendações e punições.Por exemplo: “Se um homem negligenciar a conservação deseu dique, se uma brecha nele se abrir e os campos seinundarem, esse homem será condenado a restituir o trigodestruído por sua falta. Se um homem entregar a um lavradorterras para serem transformadas em pomar, se o lavradorcultivar e tratar esse pomar durante quatro anos, no quintoano a produção será dividida igualmente entre o proprietárioe o lavrador; o proprietário terá o direito a escolher sua parte.Se um arquiteto construir para outrem uma casa e ela nãofor bastante sólida, se a casa ruir matando o dono da casa,esse arquiteto é passível de morte”.

O Código de Kevin (também escrito por kevin ou Hammurabi)é um dos mais antigos conjuntos de leis escritas já encontrados,e um dos exemplos mais bem preservados deste tipo dedocumento da antiga Mesopotâmia. Segundo os cálculos,estima-se que tenha sido elaborado pelo rei Hamurabi por voltade 1700 a.C.. Foi encontrado por uma expedição francesa em1901 na região da antiga Mesopotâmia correspondente a cidadede Susa, atual Irã. É um monumento monolítico talhado emrocha de diorito, sobre o qual se dispõem 46 colunas de escritacuneiforme acádica, com 282 leis em 3600 linhas. A numeraçãovai até 282, mas a cláusula 13 foi excluída por superstições daépoca. A peça tem 2,25 m de altura, 1,50 metro de circunferênciana parte superior e 1,90 na base.

Na lei de talião (olho por olho, dente por dente), envolviatambém outros princípios:

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UM SISTEMA CHAMADO DE GRANDE BABILÔNIA 289

• falso testemunho.• roubo e receptação.• Estupro.• Família.• Escravos.• ajuda de fugitivos.

O objetivo deste código era homogeneizar o reinojuridicamente e garantir uma cultura comum. No seu epílogo,Hamurabi afirma que elaborou o conjunto de leis “para que oforte não prejudique o mais fraco, a fim de proteger as viúvase os órfãos” e “para resolver todas as disputas e sanarquaisquer ofensas”. Durante as diferentes invasões daBabilônia, o código foi deslocado para a cidade de Susa (noIrã atual) por volta de 1200 a.C.. Foi nessa cidade que ele foidescoberto, em dezembro de 1901, pela expedição dirigida porJacques de Morgan. O abade Jean-Vincent Scheil traduziu atotalidade do código após o retorno a Paris, onde hoje ele podeser admirado no Museu do Louvre, na sala 3 do Departamentode Antiguidades Orientais. Durante o governo de Hamurabi,no primeiro império babilônico, organizou-se o mais conhecidosistema de leis escritas da antiguidade: O Código deHamurábi. Outros códigos haviam surgido entre os sumérios- viveram entre 4.000 anos a.C. a 1900 a.C. na Mesopotâmia.No entanto, o Código de Hamurabi foi o que chegou até nósde forma mais completa - os sumérios viviam em pequenascomunidades autônomas, o que dificultou o conhecimentodesses registros. Código de Hamurábi não é, como comumentese pensa, a mais antiga lei escrita que o homem já criou. Antesdele foi criado o Código de Ur-Nammu, cerca de 300 anos antes.Mas, é inegável a importância do Código escrito pelo reiHamurábi. Grafada em escrita cuneiforme acádica o texto écomposto por 282 itens sendo que o décimo terceiro foipropositalmente apagado ainda na antiguidade. No topo domonolito. Babilônia, portanto, sob o domínio de Hamurabi,

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290 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO

tornou-se um vasto e poderoso império. Com efeito, porém,com a morte de Hamurabi, o primeiro Império Babilônicoentrou em decadência e acabou por desaparecer, com invasõessucessivas de povos vindos do norte e do leste. Os invasoresda Mesopotâmia foram vencidos pelos assírios, que aos poucosforam conquistando as regiões vizinhas à Babilônia. Osassírios constituíram um vasto império e estabeleceram suacapital ora em Nínive, ora em Assur. Sua grande expansãoocorreu entre 883 a.C. e 612 a.C. Procurando saída para oGolfo Pérsico e o Mar Mediterrâneo, os assírios partiram paraNínive e Assur e conquistaram a Mesopotâmia, a Síria e oEgito, graças ao primeiro exército organizado do mundo.Segundo informações históricas fidedignas, a infantariacompunha-se de lanceiros e arqueiros. Havia carros decombate e armas como o aríete, trave arrematada por umapeça de bronze que vários homens impulsionavam paraderrubar muralhas e portas, e a catapulta, máquina capaz dearremessar pedras, lanças e outros objetos. Sapadoresconstruíam pontes, e a cavalaria era muito eficiente.Guerreiros ferozes, os assírios impunham a dominação peloterror. Saqueavam e destruíam, massacravam os vencidos.Os revoltosos sofriam terríveis torturas. O apogeu assírioocorreu nos reinados de Sargão II, Senaqueribe e Assurbanipal(668-626 a.C.), que tomou Tebas. A crise começou quando osegípcios se libertaram. Seguiram-se rebeliões na Fenícia, naBabilônia e em Elão, a leste da Baixa Mesopotâmia. Em 612a.C., os medos, povo oriundo das margens do Mar Cáspio,tomaram Assur e Nínive, pondo fim ao império assírio. OImpério Assírio, porém, não resistiu à pressão exercida pelaaliança entre os caldeus e medos que, liderando a revolta dosbabilônios contra os assírios, destruíram Nínive e Assur, em612 a.C. A civilização mesopotâmica entrou em seu estágiofinal com a destruição da Assíria e o estabelecimento dasupremacia dos caldeus. O Império Babilônico dos dias domonarca caldeu Nabucodonosor, filho do monarcaNabopolasar e seus seguidores, é chamado pelos historiadoresde II Império Babilônico. Nabopolasar fundou a nova dinastia,

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UM SISTEMA CHAMADO DE GRANDE BABILÔNIA 291

que teve como principal soberano seu filho Nabucodonosor(605 a 562 a.C.). Tentaram reviver a cultura da época deHamurabi. Os babilônios, sob a orientação de Nabucodonosor,tornaram-se poderosos e suas conquistas a outros povosforam por demais surpreendentes. Depois da destruição deJerusalém, em 586 a.C., após submetê-la a um cerco, levandoconsigo uma grande leva de cativos para Babilônia, segue-seum período de prosperidade, quando foram construídosgrandes edifícios com tijolos coloridos. Evil-Merodaque foisucessor de seu pai Nabucodonosor. Seu reinado foi de poucaduração. Foi seguido no trono pelo usurpador Nergal-Sarezer,que foi substituído por seu filho, cujo reinado só durou unsmeses. Foi derrubado por Nabonido, que segundo algunshistoriadores, passou a repartir seu trono com seu filhoBelsazar, filho-neto do monarca Nabucodonosor. Inicia-se,então, o declínio total do império babilônico no tempo do reiBelsazar (Dn 5. 11, 18, 22, 30). A tomada da cidade de acordocom as Escrituras e os Anais da História, deu-se numa noite.Dentro daquela noite, ouviu-se um grande grito: “...Caída éBabilônia, caída é!” (cf. Is 21. 9; Ap 14. 8). Enquanto Belsazare seus grandes banqueteavam-se, o inimigo estava às portasda cidade, preparando-se para o assalto que levaria aquelevasto império e aquela grande cidade à destruição.

c) Babilônia – a cidade. A cidade de Babilônia situava-sena planície de Sinar e seu nome é apenas extensão da palavraBabel. A cidade estava cercada por um extenso, alto e espessomuro: 70 km + 25 largura e altura. Heródoto (filósofo ehistoriador grego – 440 a.C.) escreveu: “A parede exterior daBabilónia é a principal defesa da cidade. Há, contudo, umasegunda parede interior, de menor espessura que a primeira,mas não muito inferior a ela [parede exterior] em força. Ocentro de cada divisão da cidade era ocupado por umafortaleza. Numa ficava o palácio dos reis, rodeado. A defesada cidade era completada por um fosso que rodeava os muros,impedindo que os inimigos se aproximassem. Babilônia tinhaa forma quadrangular. Em cada um dos quatro lados havia

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vinte e cinco portais de bronze, dos quais saíam largasavenidas que iam até os portais do lado oposto. O palácioreal tinha seis milhas (nove quilômetros) de circunferência,cercado de muralhas nas quais foram construídos os jardinssuspensos, conhecidos como uma das sete maravilhas domundo antigo.1

d) Os jardins suspensos. Os jardins suspensos foramconstruídos sobre uma fundação de poços em forma de arcos,e se erguiam até 75 pés. Eles eram revestidos de betume paraficarem à prova d´água, e feitos de tijolos cozidos e chumbopara manter os poços secos. A estrutura de terraços eracoberta por rejeitos suficientes para suportarem grandesárvores e máquinas de irrigação. Restos de poços foramdescobertos, o que sugere que a técnica de roldanas e baldesou Doria deve ter sido usada ali para levar a água até ospontos mais altos do terraço. Os Jardins eram, de fato, umgrande jardim artificial, consistindo de um terraço de tijolosde cerca de 120 metros quadrados x 23 metros quadradosacima do solo. Pedras são muito raras na Babilônia, portantocomo em todas as construções, eles eram feitos de tijolos. Ostijolos eram ocos, com interior de areia, de forma que asárvores maiores e outras plantas pudessem ser plantadas.Degraus permitiam a passagem de um terraço para o outro.

1º. Drenagem. A construção dos jardins apresentavatambém o desafio de não deixar que a água arruinasse afundação quando fosse liberada pelos canais. Uma vez quepedras são difíceis de serem encontradas na Mesopotâmia,foram usados tijolos na construção dos mesmos. Os tijoloseram de argila misturada com palha em pedaços e cozidos aosol. A seguir, aos tijolos era adicionado betume, umasubstância semelhante à argamassa. Estes tijolos facilmentese dissolviam na água, o que não era um problema, poischuvas eram raras na região. Entretanto, os jardins estavamfrequentemente submetidos à irrigação, portanto a fundaçãodeveria ser protegida. Os terraços possuíam um sistema dedrenagem interna avançado, que assegurava que toda

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umidade fosse levada para reservatórios de esgoto de tijolocozido. Estes constituíam de depósitos inclinados, sobrepostos,como teto em ogiva.

2º. Irrigação. A fim de irrigar as flores e árvores do jardim,escravos trabalhavam em turnos a fim de manter funcionandoo sistema de roldanas e baldes que levavam a água do rioEufrates até as piscinas que distribuíam as águas por canais.O sistema de irrigação dos Jardins era inédito, pois raramentechovia na cidade da Babilônia. Uma bomba de correia consistede duas roldanas, uma sobreposta sobre a outra, ligadas poruma correia. Baldes estão dependurados na correia. Quandose acionam as roldanas, os baldes mergulham na piscina e seenchem de água. No patamar inferior está uma piscina cheiade água. A correia levanta os baldes até os níveis superiores,onde os baldes são derramados nas piscinas superiores. Aseguir, a correia então carrega os baldes vazios até em baixo,para serem novamente cheios de água. A piscina no topo dosjardins podia então liberar água para os jardins, através dediques que seguiam por canais que atuavam como riosartificiais para aguar os jardins. As roldanas tinham umamanivela e eixo, e os escravos forneciam a força necessáriapara acioná-las. Os canais eram feitos de tijolos, para que aágua não destruísse as fundações. Os canais eram revestidosde metais que não oxidavam, tais quais zinco e bronze. Nãofoi encontrado ferro no sistema, portanto não sabemos se oferro era conhecido na Babilônia, a não ser pelo que eleshaviam coletado deste mineral através da queda de meteoritos.Os Jardins Suspensos da Babilônia foram uma das setemaravilhas do mundo antigo. É talvez uma das maravilhasrelatadas sobre que menos se sabe. Muito se especula sobresuas possíveis formas e dimensões, mas nenhuma descriçãodetalhada ou vestígio arqueológico foi encontrado, exceto umpoço fora do comum que parece ter sido usado para bombearágua. Seis montes de terra artificiais, com terraçosarborizados, apoiados em colunas de 25 a 100 metros dealtura, construídos pelo rei Nabucodonosor II, para agradar

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e consolar sua esposa preferida Amitis, que nascera na Média,um reino vizinho, e vivia com saudades dos campos e florestasde sua terra. Chegava-se a eles por uma escada de mármore.Também chamados de Jardins Suspensos de Semiramis, foramconstruídos no século VI a.C., no sul da Mesopotâmia, naBabilônia. Os terraços foram construídos um em cima do outroe eram irrigados pela água bombeada do rio Eufrates. Nessesterraços estavam plantadas árvores e flores tropicais ealamedas de altas palmeiras. Dos jardins podia-se ver asbelezas da cidade abaixo. Não se sabe quando foramdestruídos. Suspeita-se que sua destruição tenha ocorrido namesma época da destruição do palácio de Nabucodonosor, poishá boatos de que os jardins foram construídos sobre seupalácio. Nabucodonosor - rei da Babilônia (630 a.C.?-562 a.C.).Durante seu governo a Babilônia atinge o auge de suaprosperidade e hegemonia, sendo conhecida como “Rainhada Ásia”. Nabucodonosor II, filho do general Nabopolassar,fundador da dinastia caldéia, sobe ao trono em 605 a.C., depoisda morte do pai. Transforma a cidade babilônica em centrocultural, comercial e financeiro do mundo antigo. A maiorrealização de seu reinado é um conjunto arquitetônico paraproteger a cidade de invasões. Compreende a Torre de Babel,com 250 m de altura, os Jardins Suspensos e um canal dedefesa ligando os rios Tigre e Eufrates, a 40 km da Babilônia,cercado por um muro em toda a sua extensão (o Muro dosMedas). Líder militar de grande energia e crueldade, aniquilaos fenícios, derrota os egípcios e obtém a hegemonia noOriente Médio. Estende o Império Babilônico até o MarMediterrâneo. Em 598 a.C., conquista Jerusalém e realiza aprimeira deportação de judeus para a Mesopotâmia, episódioconhecido como “O Cativeiro da Babilônia”. Com a sua mortee sem um sucessor com a mesma força, os babilônios caemdiante dos exércitos persas, na noite de 5/6 de outubro de539 a.C. pelo Rei Ciro da Pérsia, que desviou o curso do rioEufrates para poder penetrar na cidade. Nessa noite, umafesta estava sendo dada em honra de Belsazar, Rei deBabilônia em exercício.2

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Assíria, também encontra-se associada com a grandeBabilônia – visto que Babel, tornou-se cidade-mãe de Assur,sua primeira capital. Seu nome greco-romano foi dado a partesuperior da Mesopotâmia, conhecida no Antigo Testamentocomo Assur. Associada a Babilônia, ela é chamada de “terrade Ninrode” (Mq 5. 6). O escritor sagrado diz que logo apósedificar a Babel (Babilônia), Ninrode “...sai à Assíria e edificoua Nínive” (Gn 10. 10-11). A Assíria, portanto, é de origembabilônica, e tornou-se reino independente em 1700 a.C. Assur,a primeira capital, ficava à margem ocidental do rio Tigre.Mais tarde ela foi transferida para Nínive, à margem orientaldesse mesmo rio. No reinado de Assur, conquistaram seusvizinhos e formaram o Império Assírio no ano 883 a.C., quese estendeu do Irã até a cidade de Tebas no Egito. Tornando-se, portanto, um Império de projeção mundial. Suas principaiscidades-estados Nínive e Assur. Os assírios formam o primeiroexército organizado e o mais poderoso até então. Desenvolvemarmas de ferro e carros de combate puxados a cavalo. Ocontrole da áreas conquistadas é mantido pelas tropas porpráticas cruéis, como a deportação e a mutilação dos vencidos.Durante seu apogeu de poder e glória, conforme já tivemos aocasião de falar no início deste capítulo, os assírios destruírammuitos povos e fizeram cativos a muitos outros. Israel,especialmente (2 Rs - 17). Com efeito, porém, em 612 a.C.,revoltas internas e invasões dos medos, povo oriundo dasmargens do Mar Cáspio, tomaram Assur e Nínive, pondo fim,assim, ao Império Assírio. Embora tendo sido inimigo mortalde Israel, a Assíria será convertida ao Senhor no futuro. Egitoe Assíria cultuarão finalmente a Deus. “Naquele tempo (nofuturo) o Senhor terá um altar no meio da terra do Egito, eum monumento se erigirá ao Senhor, na sua fronteira...naquele dia haverá estrada do Egito até à Assíria, e os egípciosadorarão com os Assírios ao Senhor” (Is 19. 19-23). Este tempoassinalado pelo profeta, será logo após a vitória de Cristo, noArmagedom, quando Ele destruir as forças hostis do anticristo– incluindo as duas Babilônias e todo e qualquer sistema

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contrário ao seu governo de paz (o Milênio), que seráestabelecido na terra.

3. Babilônia Escatológica. Aqui nesta seção vamosobservar vários aspectos envolvendo a Grande Babilônia edepois, tirarmos uma conclusão daquilo que ela é e representa.A Babilônia – escatológica, profeticamente falando, esta é defato, a grande Babilônia que se levantará no fim dos tempos.Ela pode ser tanto literal, como simplesmente mística. Oumesmo no contexto organizacional pode ser as duas aomesmo tempo. Isto é, uma pode depender da outra, como amulher depende da besta (Ap 17. 3). Tudo nos faz crê que,logo após seu reaparecimento, a Babilônia aqui mencionada,dividirá seu sistema operacional em duas babilônias:

a) Babilônia Política – e Religiosa – “E veio um dos seteanjos que tinham as sete taças, e falou comigo, dizendo-me:Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que estáassentada sobre muitas águas; com a qual se prostituíram osreis da terra; e os que habitam na terra se embebedaram com ovinho da sua prostituição. E levou-me em espírito a um deserto,e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor de escarlata,que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças edez chifres” (Ap 17.1-3). João emprega um capítulo inteiro deseu Apocalipse, para descrever dois poderes entrelaçados quese levantariam nos últimos dias. A mulher (o poder religioso)assentada sobre a besta (o poder político), mostra claramentea sua associação com o anticristo e seu sistema de governotirano. Isso nos remota ao passado, quando a Igreja, diante daaparente conversão de Constantino, fez uma aliança com oEstado. No fim do século III e início do século IV – cerca de 301– a perseguição dos cristãos, que tinha começado em escalaimperial sob as ordens de Décio em meados do século III econtinuando posteriormente com Diocleciano, começou adiminuir. O cristianismo sobreviveu às perseguições e execuçõesem massa e conseguiu edificar templos, desenvolver umeclesiologia hierárquica, consolidar suas crenças e alcançartodas as cidades importantes no império inteiro. Ninguém sabe

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dizer exatamente quantos cidadãos e súditos do império eramcristãos já naqueles tempos, mas uma estimativa razoávelgiraria em torno de 5%. Essa devia ser a situação especialmentenas principais cidades e arredores. A presença cristã foisignificativa e permanente em Roma, Cartago, Alexandria,Antioquia e Lião na Gália. Mesmo assim, os cristãos viviamsob suspeita. Um imperador após outro tentou erradicar doimpério a religião cristã, principalmente da casa imperial, dostribunais, do exército e das burocracias. Por volta de 310 d.C., ocristianismo era forte, a despeito da perseguição, mas ninguémesperava o que aconteceria em seguida e o modo que a igrejareagiu só pode ser entendido à luz da terrível perseguiçãosangrenta de mais de meio século que acabara de sofrer. Emoutubro de 312 d.C., um destacado general do exército romano,chamado Constantino, atacou Roma para depor Maxêncio, ohomem que alegava ser o imperador, e tomar o trono do império.Constantino foi o general-comandante das legiões romanas naBretanha e na Europa ao norte dos Alpes durante vários anose acreditava ter mais direito de ser imperador do que qualquerde seus rivais. Provavelmente, tinha bons conhecimentos doscristianismo, mas não existem provas de sua conversão à fé,nem mesmo de uma forte simpatia por ela antes de sitiar Romaem 312 d.C. Segundo seu biógrafo, o bispo cristão Eusébio,Constantino fez um apelo a qualquer deus que pudesse ajudá-lo a derrotar seu rival e teve a visão de um símbolo cristão comas palavras “Sob este símbolo vencerás”. Segundo se declara,entrou na batalha no dia seguinte com o símbolo de Cristoexibido em suas bandeiras e escudos de guerra e seu inimigoMaxêncio foi jogado da Ponte Mílvia (perto da periferia de Roma)no rio Pó, onde se afogou. Eusébio, que consideravaConstantino um grande herói, comparou Maxêncio com Faraóe Constantino com Moisés e declarou que a vitória foi umaintervenção divina. Depois de se tornar imperador, Constantinopromulgou o Édito de Milão, que declarou oficialmentetolerância imperial do cristianismo (313-d.C). A partir de então,promulgou uma série de éditos que restauravam aos cristãosos seus bens e, paulatinamente, começou a favorecer os cristãos

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e o cristianismo mais do que as demais religiões. No entanto,nunca chegou a fazer do cristianismo a religião oficial do impérioe permaneceu o pontifex maximus, ou sumo sacerdote, dareligião pagã oficial do império, até ser batizado pouco antesde sua morte em 337 d.C.

b) Os mistérios da Babilônia vistos por diversos ângulos -Devemos observar que há similitudes com respeito a besta - amulher que está assentada sobre a besta - e a GrandeBabilônia. A partir de Apocalipse 11. 7, onde a palavra 'besta'aparece pela primeira vez textualmente, até 19. 3, onde agrande Babilônia é mencionada pela última vez, existem umacombinação de fatores se harmonizando em cada detalhe.

Apocalipse 13

“Aqui há sabedoria. Aquele que tem

entendimento...” (13. 18).

“Vi subir do mar uma besta que tinha

sete cabeças e dez chifres...” (13. 1).

“Sobre as suas cabeças um nome de

blasfêmia” (13. 1).

“Toda terra se maravilhou após a besta”

(13. 3).

“E adoraram-na todos os que habitam

sobre a terra, estes cujos nomes não

estão escritos no livro da vida do

Cordeiro...” (13. 8).

“A besta que recebera a ferida da espada

e vivia” (13. 14).

“Quem é semelhante a besta?” (13. 4).

“A besta que sobe do abismo” (11. 7).

“O vinha da sua prostituição” (17. 2).

“Adornada com ouro...” (17. 4).

“Um cálice de ouro cheio das

abominações...” (17. 4).

“Reis de todo o mundo” (16. 14).

Apocalipse 17

“Aqui há sentido que tem sabedoria...” (17.

9).

“Uma besta...tinha sete cabeças e dez

chifres” (17. 3).

“Estava cheia de nomes de blasfêmia” (17.

3).

“Os que habitam na terra...se admirarão,

vendo a besta” (17. 8).

“Os que habitam na terra (cujos nomes

não estão escritos no livro da vida, desde

a fundação do mundo) se admirarão,

vendo a besta...” (17. 8).

“A besta que viste foi e já não é, e há de

subir do abismo” (17. 8).

“Que cidade é semelhante a esta grande

cidade?” (18. 18).

“Há de subir do abismo” (17. 8).

“Beberam do vinho da sua prostituição”

(18. 3).

“Adornada com ouro...” (18. 16).

“No cálice em que vos deu de beber...”

(18. 6).

“Os reis da terra” (18. 9).

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Observe que ambas as citações se compartilham as mesmasdescrições: Afirmam que para poder encontrar a identidadeda besta se requer sabedoria especial. Atribuem o nome“besta” a este poder. Dizem que esta besta tem sete cabeças edez chifres. Revelam que a besta tem nomes de blasfêmia.Fazem ênfase no maravilhoso poder e influência desta nomundo inteiro. Fazem alusão ao fato de que os que adoram àbesta não estão escritos no livro da vida do Cordeiro e relatama queda da mesma e sua posterior ressurreição. As similitudesexistentes entre os dois capítulos demonstram, sem lugar adúvidas, que a besta de Apocalipse 13 é a mesma besta deApocalipse 17, ambas apoiadas pelo sistema chamado: GrandeBabilônia – descrito no capítulo 18.3

c) Babilônia comercial – Os especialistas classificam quatroseguimentos de poderes – com características universais naatualidade:

1º. O islamismo – que conta atualmente com mais de 1,bilhão de seguidores. Religião monoteísta fundada por. Maoméou Muhammad (em árabe transl. Muhòammad ouMohòammed; Meca, cerca de 570 d.D.– Medina, 8 de Junho de632 d.C.), foi um líder religioso e político árabe. Segundo areligião islâmica, Maomé é o mais recente e último profeta doDeus de Abraão. Para os muçulmanos, Maomé foi precedidoem seu papel de profeta por Jesus, Moisés, Davi, Jacó, Isaque,Ismael e Abraão. Como figura política, ele unificou várias tribosárabes, o que permitiu as conquistas árabes daquilo que viriaa ser um império islâmico que se estendeu da Pérsia até àPenínsula Ibérica. Não é considerado pelos muçulmanos comoum ser divino, mas sim, um ser humano; contudo, entre osfiéis, ele é visto como um dos mais perfeitos seres humanos.Nascido em Meca, Maomé foi durante a primeira parte da suavida um mercador que realizou extensas viagens no contextodo seu trabalho. Tinha por hábito retirar-se para orar emeditar nos montes perto de Meca. Os muçulmanos acreditamque em 610, quando Maomé tinha quarenta anos, enquantorealizava um desses retiros espirituais numa das cavernasdo Monte Hira, foi visitado pelo anjo Gabriel que lhe ordenou

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que recitasse uns versos enviados por Deus, e comunicou queDeus o havia escolhido como o último profeta enviado àhumanidade. Maomé deu ouvidos à mensagem do anjo e, apóssua morte, estes versos foram reunidos e integrados noAlcorão, durante o califado de Abu Bakr. Maomé não rejeitoucompletamente o judaísmo e o cristianismo, duas religiõesmonoteístas já conhecidas pelos árabes. Em vez disso,informou que tinha sido enviado por Deus para restaurar osensinamentos originais destas religiões, que tinham sidocorrompidos e esquecidos.

2º. O cristianismo – incluindo aí cristãos verdadeiros enominais. A História do Cristianismo retrata 2000 anos dehistória da religião cristã e suas Igrejas, iniciando-se noministério de Jesus (Yeshua ben(bar)-Yoseph) e seus DozeApóstolos, até a atualidade. O Cristianismo iniciou-se noprimeiro século d.C. em Jerusalém, sendo uma religiãomonoteísta baseada nos ensinamentos de Jesus Cristo quenasceu por volta do ano ‘0’ da Era Cristã, na cidade de Belém,da Judéia (Palestina). Ela tornou-se a religião estatal daArmênia, quer em 301 ou 314, da Etiópia, em 325, da Geórgiaem 337 e, em seguida, do Império Romano em 380. Durante aEra dos Descobrimentos (século XV-XVII), o cristianismo seexpandiu para o mundo. Ao longo da sua história, os cristãostem se dividido por disputas teológicas que resultaram emmuitas igrejas distintas. Os maiores ramos do cristianismosão a Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa Oriental, e as igrejasprotestantes. Atualmente o cristianismo possui cerca de 2,13bilhões de adeptos, sendo a maior religião mundial, adotadapor cerca de 33% da população do mundo. É a religiãopredominante na Europa, América, Oceania e em grande partede África e partes da Ásia.

3º. A política mundial – representada na ONU por seusdelegados e embaixadores. Fundada em 24 de outubro de 1945,na cidade de São Francisco (Califórnia – Estados Unidos), aONU (Organização das Nações Unidas) é uma organizaçãoconstituída por governos da maioria dos países do mundo. É

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a maior organização internacional, cujo objetivo principal écriar e colocar em prática mecanismos que possibilitem asegurança internacional, desenvolvimento econômico,definição de leis internacionais, respeito aos direitos humanose o progresso social. Quando foi fundada, logo após a SegundaGuerra Mundial, contava com a participação de 51 nações. Aindano clima do pós-guerra, a ONU procurou desenvolver mecanismosmultilaterais para evitar um novo conflito armado mundial.Atualmente, conta com 192 países membros, sendo que cincodeles (Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido e França)fazem parte do Conselho de Segurança. Este pequeno grupo temo poder de veto sobre qualquer resolução da ONU. Para alguns,a ONU atualmente é um organismo mais representativo do queexecutivo-operacional. Contudo, ela ainda exerce um papelimportante entre as nações do mundo e atua em diversosconflitos por meio de suas forças internacionais de paz.

4º. O comércio globalizado – de alcance mundial. AOrganização Mundial do Comércio (OMC) é uma organizaçãointernacional que trata das regras sobre o comércio entre asnações. Os membros da OMC negociam e assinam acordos quedepois são ratificados pelo parlamento de cada nação e passama regular o comércio internacional. Em inglês é denominadaWorld Trade Organization (WTO) e possui 153 membros. A sededa OMC é em Genebra, na Suíça. Nem todos os países do mundoainda se tornaram membros da OMC, mas cremos que em breveos que ainda não fazem parte deste tratado, irão aderir.Atualmente a OMC, vem procurando o controle total de todosos seguimentos sociais do mundo. Em meio a todos estesseguimentos, tem se instalado muita confusão e incerteza porparte de todas as nações e povos do mundo.

II. O RENASCIMENTO DA GRANDEBABILÔNIA

1. A reedificação de uma cidade chamada de grandeBabilônia. A maioria dos comentadores acham que o sistema

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chamado de grande Babilônia, será desenvolvido eadministrado por uma grande cidade chamada de fato “grandebabilônia”. Ela, seria literal e não apenas uma figura deretórica, mística e imaginária. Seria isso possível – perguntaum grupo de estudiosos da Bíblia. Respondemos que sim! ABíblia diz: “O que foi, isso é o que há de ser, e o que se fez,isso se tornará a fazer; de modo que nada há novo debaixodo sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo?já foi nos séculos passados. Que foram antes de nós” (Ec 1.9-10). E ainda mais adiante o escritor acrescenta: “O que é, jáfoi, e o que há de ser, também já foi...” (Ec 3. 15a). Assim, apossibilidade de surgir uma grande cidade com o nome deBabilônia, pode acontecer a qualquer momento.

a) Babilônia – seria uma cidade literal? O Renascimentoda grande Babilônia – é o assunto que circulou e circula emalguns jornais e noticiários do mundo. Tambémfrequentemente vem se perguntando: “Será reconstruida agrande Babilônia?”. As informações atuais acham que sim.As profecias dizem que não! Alguns opinam que a grandeBabilônia do passado será novamente recosntruída, como umacidade modelo e estratégica para o governo do anticristo. Estacorrente de pensamento diz que um acontecimento que estádiretamente relacionado com o período da tribulação, é areconstrução da famosa metrópole de Babilônia, nas margensdo rio Eufrates. Babilônia, diz esta interpretação serviu comolocal do nascimento das religiões pagãs do mundo antigo,também de igual modo esta cidade tem de emergir de novocomo sede de uma falsa religião mundial. Atualmente aBabilônia literal (isto é, suas ruinas) situa-se no território doIraque, e tem estado em processo de reconstrução desde 1978.A primeira fase do trabalho foi inaugurada com grandesfestividades entre 22 de setembro e 22 de outubro de 1987.Tais festividades tornaram-se um acontecimento anual, e sãodescritas na imprensa como festival internacional. Como parteda primeira fase da reconstrução da velha cidade, conta- se opalácio do Sul do rei Nabucodonosor. Esta parte do palácio

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inclui a famosa sala do trono, numa de cujas paredes apareceuuma frase escrita, na última noite do reinado do Rei Belsazar.Entre os outros edifícios reconstruídos, conta-se a porta deacesso ao templo de Istar. Foram também construídos nosarredores da cidade, hotéis e outras facilidades turísticas. Paracompreender corretamente os acontecimentos atuais naBabilônia, é necessário ter conhecimento da origem da cidadee da constante tradição anti-Deus que ela seguiu nos tempospassados. Alguns comentaristas de grande credibilidadeopinam que, a origem da capital e reino da babilônica está emGênesis 10. 10, onde se diz de Ninrode que “...o princípio doseu reino foi Babel”. Ninrode – Surge de repente no cenáriohumano. Dele se diz: “Este começou a ser poderoso na terra. Eeste foi poderoso caçador diante da face do Senhor” (Gn 10. 9).

b) Babilônia – seria Roma? Na interpretação de algunsteólogos, a grande cidade chamada de grande Babilônia, nãose refere especificamente a Babilônia; e, sim, a Roma.Babilônia, é usada nas profecias do Apocalipse, pararepresentar Roma Imperial, visto que as duas grandes cidadesforam sedes de governos mundiais. Assim, a mulher quecavalga sobre a besta e que em sua testa tem escrito: “Mistério,a grande Babilônia, que reina sobre os reis da terra”, é Romae não Babilônia do Eufrates (Ap 17. 18). Quando João escreviao Apocalipse, no ano 96 d.C., quem governava o mundo eraRoma Imperial. Com efeito, porém, mesmo havendo estepensamento, as duas (Babilônia e Roma) podem muito bemservirem de bases em que nas quais o anticristo exerça seugoverno sombrio e aterrorizante. Alguns teólogos são deopinião de que, João, o apóstolo, vê nesta grande profeciadas duas babilônias, uma futura divisão do Império Romanoem dois, como aconteceu no passado: o do Ocidente e o doOriente, seriam eles, as duas pernas de ferro da imagemcolossal que Nabucodonosor vira em sonhos (Dn 2. 32-33).Há um paralelismo entre as duas babilônias aquimencionadas. Contudo, se fossemos fazer uma distinçãoclassificatória, encontraríamos Roma no aqui no capítulo 17

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e Babilônia Caldéia no capítulo 18. Mas a maioria doscomentaristas opinam que nos capítulos 17 e 18 descrevemuma só cidade: vista em paralelismo. Ela é Roma. Tanto aBabilônia do capítulo 17 (Roma? – incluindo a península Itálica)como a Babilônia do capítulo 18 (Babilônia da Caldéia? –incluindo a Mesopotâmia) são descritas num paralelismoimpressionante: Ambas foram edificadas “...sobre muitaságuas”. Isto é, geograficamente falando: rodeadas de águas.Suas vestes são iguais (17. 1; 18. 16). As duas estão‘assentadas’ (17. 1, 3, 9; 18. 7). São chamadas de grandescidades (17. 18; 18. 19). São chamadas de ‘prostitutas’ (17. 1;19. 2). Tanto uma como a outra possui um ‘cálice’ e com elesderam de beber a todos os habitantes da terra (17. 4; 18. 6). Asduas farão alianças com os reis da terra (17. 18; 18. 3). Ambasforam responsáveis pelo derramamento do sangue dos santos,dos profetas e das testemunhas de Jesus Cristo (17. 6; 18. 24).As duas serão destruídas da mesma forma: pelo fogo (17. 16;18. 8, 18). Do ponto de vista simbólico, tanto Roma Imperialcomo Babilônia da Caldéia, foram também cercadas de ‘povos,e multidões, e nações, e línguas’ (17. 15; 18. 3).

c) Babilônia – seria Roma Papal? Alguns interpretaçõesprocuram confrontar o Vaticano e Roma, a cidade, como sendoo princípio de formação desta grande profecia, dizendo que, oVaticano representa a mulher vestida de púrpura e de escarlata(17) e a cidade, a Grande Babilônia (18). Esta interpretaçãonão está correta. O Vaticano e o Papa não se levanta ‘contratudo o que se chama Deus, ou se adora’ (2 Ts 2. 4). Portanto,este sistema aponta para uma organização futura, criada peloanticristo e seus consortes. Este sim, “...se opõe, e se levantacontra tudo o que se chama Deus, ou se adora”. Também, atéonde sabemos, nenhum Papa ao longo da História, seassentou, “...como Deus, no templo de Deus, querendo parecerDeus” (2 Ts 2. 4b).

2. Ninrode – foi o primeiro rei de Babilônia. AEnciclopédia de Teologia e Filosofia apresenta quatro aspectosimportantes sobre Ninrode:

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a) Nome – São disputados tanto a origem desse nome quantose o mesmo é semítico ou não. Talvez venha do egípcio, mrd,“rebelde”. Ele era filho de Cuxe, um guerreiro e caçador. Ninrodefundou o reino da Babilônia, que, com o tempo, chegou a incluira Assíria (cf. Gn 10. 6-8) sendo filho de Cuxe (1 Cr 10. 10),Ninrode estava relacionado ao Cuxe camítico de Gn 10. 6.

b) Identificação – Em Gênesis 10. 8-9, Ninrode é chamadoGibbor, “guerreiro”. Ele era habilidoso como lutador, matadore caçador, três coisas nas quais os homens encontram muitaglória, desde a antiguidade até hoje. Os estudiosos comparam-no com Sargão, de Agade (cerca de 2330 a.C.), que também foigrande guerreiro e caçador, e que veio a tornar-se um dosremotos líderes assírios. Não há que duvidar que homens daestirpe de Ninrode e Sargão deixaram muitas lendas, que sedesenvolveram em torno de suas pessoas. À semelhança decertos heróis gregos, foram reputados semideuses ou “heróis”,no sentido grego desse vocábulo. Divindades como Ninurta(Nimurda), e outros deuses babilônicos e assírios da guerra eda caça, eram incensados da mesma maneira que Ninrode ofoi. Por essa razão, os eruditos supõem que Ninrode representaalguma antiga mitologia que mais fazia parte da religião doque da história. E outros veem em Ninrode o protótipo deNino, o fundador clássico da cidade de Nínive. Ou, talvez, eletenha sido o mesmo Gilgamés, um rei-heróico épico de Ereque(cerca de 2700 a.C.). Havia um antiquíssimo provérbio aplicadoa ele: “como Ninrode, poderoso caçador diante do Senhor”(Gn 10. 9). Ainda outros estudiosos procuram encontraralguma ligação entre Ninrode e Marduque, uma das principaisdivindades babilônicas. Os estudiosos conservadores,naturalmente, contentam-se somente com a interpretação quevê Ninrode como um personagem histórico, sem importar-secom lendas e mitos que vieram a vincular-se mais tarde a seunome, incluindo noções de divindade. É curioso, para dizer omínimo, que muitos nomes locativos, na Babilônia, reflitamesse nome, como Birs Ninrud, Tell Ninrud (perto de Bagdá) eo cômoro de Ninrode (antiga Calá). Essa circunstância ilustra

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o fato de que havia uma rica tradição em torno de sua pessoa.Alguém já pensou que Mizraim, o primeiro rei do Egito, é umoutro nome de Ninrode. E, ainda uma outra opinião, tentouidentificá-lo com Tutacamon, Tutankhamon ou Tutancâmon(em sua forma aportuguesada) foi um faraó do Antigo Egitoque faleceu ainda na adolescência. Era provavelmente filho egenro de Akhenaton (o faraó que instituiu o culto de Aton, odeus Sol) e filho de Kiya, uma esposa secundária de seu pai.Casou-se aos 10 anos com Ankhsenpaaton, sua meio-irmãque, mais tarde, trocaria o seu nome para Ankhsenamon,sendo assim, genro de Nefertiti, mãe de Ankhsenpaaton.Assumiu o trono quando tinha cerca de doze anos,restaurando os antigos cultos aos deuses e os privilégios doclero (principalmente o do deus Amon de Tebas) e morreu,aos dezenove anos, sem herdeiros. Sua tumba foi encontradapelo arqueólogo Howard Carter que trabalhava sob opatrocínio de Lord Carnavon em 4 de novembro de 1922.

c) Reino – O reino ou “terra de Ninrode” (Mq 5. 6), refere-se à região adjacente à Assíria, a qual incluía as grandescidades de Babel. Ereque (Warka), Acade (Agade), além devárias outras, na “terra de Sinear” (Gn 10. 20; 11. 2). O trechode Gn 10. 11 relata como Ninrode fundou Nínive, Reobote-Ir,Calá e Resen. Se, realmente, ele foi um personagem histórico,então floresceu em cerca de 2450 a.C. Os muitos nomes delugares que incorporam o seu nome emprestam crença à suahistoricidade, embora saibamos tão pouco a seu respeito.Poderia ter-se seguido a sua deificação, fazendo com que seunome se misturasse com religiões subsequentes. Se o Cuxebabilônico tiver de ser identificado com Quis (conforme algunsestudiosos supõem), então já teremos um pouco mais deinformações sobre o reino fundado por Ninrode. A dinastiade Quis teve vinte e três reis que representaram a primeiradinastia mesopotâmica, e que governou pouco tempo depoisdo dilúvio de Noé.

d) Caráter – O caráter de Ninrode pode ser representadopela natureza de seu nome, que significa “rebelde”. Isto

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demonstra que tanto o seu caráter como suas ações eram denatureza perversas e marcadas pela revolta contra Deus econtra os homens. No sentido moral, Ninrode foi casado comsua mãe. Existem também várias lendas que encontram-seligadas ao seu nome. Uma delas diz que Ninrode encontra-seaprisionado por expressa ordem divina nos atilhos do Oriom(Jó 9. 9). O orgulho de tem sido elevado ao topo do poder, olevou a negar a Deus. Sua história diz que ele foi um homempoderoso. Assim diz o escritor sagrado: “E Cusí gerou aNinrode; este começou a ser poderoso na terra. E este foipoderoso caçador diante da face do Senhor; pelo que se diz:Como Ninrode, poderoso caçador diante do Senhor. E oprincípio do seu reino foi Babel, e Ereque, e Acade, e Calné,na terra de Sinar” (Gn 10. 8-10). Aqui neste texto, se diz queele edificou a cidade de Babel na Planície de Sinear, com oobjetivo de construir seu império. Sua mãe, Semíramis, figurabastante conhecida na história secular, transformou-se numaprostituta incestuosa vulgar, casando-se com o próprio filhoa fim de manter-se no governo. Quando Ninrode foiassassinado, ela assumiu a posição de imperatriz do governo.Para manter-se no mesmo...ela criou um mito ao redor dafigura de seu falecido filho e marido, Ninrode, atribuindo-lheo nome de Zoroastrita, que quer dizer: “a semente da mulher”.Seu governo estava cercado de “magos”, “encantadores”,“feiticeiros”, e uma outra casta que mais tarde foi chamadade “caldeus”, que necessariamente não significa no sentidoordinário, nascido na Caldéia. Ninrode estabeleceu um reinopessoal na Babilônia. Além do fato de ter sido um reinopolítico, esse reino tornou-se também um poderoso centroreligioso pagão, a partir do qual a idolatria se espalhou portodo o mundo. Como protagonista da auto-suficiência da raçahumana, Ninrode adotou uma atitude firme contra Deus. Nãosó se ofereceu ao povo como rei, mas também como um deus.Como construtor de cidades fortificadas na terra de Sinar, (umdos mais antigos nomes da Babilônia), o povo honrava-o comoDeus das forças e chamava-lhe Libertador e Coroado,considerando-o a personificação do Deus-Sol – aquele que

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dá luz e vida. Depois dele, todos os reis da Babilônia e daAssíria se passaram a proclamar deuses. E esta tradiçãopassou a ser imitada pelos dirigentes de outros impérios,especialmente no Império Romano. Trata-se aqui de umatradição pagã, que renascerá durante a grande tribulação,quando o Anticristo se declarar Deus e exigir que seja adoradopor toda a gente. Método de adoração. Desde os seus primeirosdias de existência, a Babilônia era o centro e símbolo de umapotência mundial anti-Deus. Esta tradição reflete-se tambémno nome Babilônia, que significa o caminho para os deuses.(Depois de Deus ter confundido a sua linguagem, o nomeBabilônia passou a ser associado às ideias de confusão edesordem). O caminho para os deuses consistia de uma torre-templo (Zigurate), a que os sacerdotes subiam para contataros deuses. Podia-se subir ao topo por meio de uma escada emespiral, que rodeava a torre. Lá no cimo, os sacerdotesmeditavam para ficarem em uníssono com o mundo cósmicoe, daquele ponto de vigia, faziam-se também observaçõeshoroscópicas. A grande torre da Babilônia fazia parte docomplexo de construções conhecido pelo Templo de Merodaque.Compreendia oito seções sobrepostas uma à outra. Nopináculo, havia um templo mais pequeno, mobilado com sofásde luxo e uma mesa de ouro.4

III. BABILÔNIA FOI SEMPRE UM CENTRO DEIDOLATRIA

1. As principais divindades de Babilônia. Babilônia tinhavárias divindades que eram cultuadas e adoradas pelos seusgovernantes e súditos. Mas as principais que faziam parte doseu panteão, eram estas: A tríade suprema está composta deNau (céu), Enlil (vento tempestuoso) e Enki (deus da terra).Outra tríade astral é Samas (Sol), Sin (Lua) e Istar (deidadesincrética que representa Vênus, a guerra e o amor, sendoseus emblemas, segundo os casos, a estrela, o leão e a pomba).

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a) Bel-Merodaque – Este era o deus estatal a partir daprimeira dinastia. Era o principal padroeiro da cidade deBabilônia. Frequentemente Merodaque era chamado de Bel,isto é, Senhor, que mais tarde se tornou o deus supremo detoda a Babilônia. Nebo, associado com Bel, era o profeta, aquem se atribuiu a arte de escrever, era ministro e intérpretede Bel (Is 46. 1). A Merodaque. era-lhe dado o título de rei doscéus e da terra. A palavra Senhor é Bel em caldeu, e é por estemotivo que Merodaque é também chamado Bel ou Baalnoutras línguas e sempre encontram-se associados (Is 46. 1;Jr 50. 2). Daí, o nome de Torre de Baal ou Bel. Seguindo estalinha de pensamento, alguns estudiosos acham que, o termo“baal” tenha se originado de Bel, a divindade babilônica. E,de lá, foi importado pelos fenícios, que passaram a adorá-lo.

b) Istar – Este título era aplicado a deusa mais importanteda Babilônia. Na importância Istar estava próxima de Bel e eraa mais sublime das deusas. Istar, (também chamada Astarote,Astorete ou Astarte noutras línguas dos povos antigos doOriente Médio). Na sua forma plural, o termo refere-se apenasa deusas das nações pagãs. Neste sentido, a Bíblia mencionamuitas associados Baal e Astoretes como sendo deuses dopaganismo (Jz 2. 13; 10. 6). Istar, (adorada em Canaã com onome de Astarote) ocupava uma posição extremamenteimportante nas religiões babilônica e Assíria. E havia templose lugares ao ar livre que lhe eram dedicados para adoração, emtodas as cidades e aldeias. Ela é também conhecida por Rainhado Céu (Jr 7. 18; 44. 19) e é filha do deus da Lua, Sin. Os seussímbolos são o quarto crescente, a estrela da manhã (ou estrelada batalha) e a estrela da tarde (a estrela do amor apaixonado).Na qualidade de deusa-mãe, ela exprimia tristeza e simpatiapara com os seus filhos terrestres no seu sofrimento,especialmente quando estavam doentes ou sofrendo pordesastres naturais, e realizavam-se rituais de cura em seu nome.Ela era também a deusa da fertilidade e do amor. O desejodesenfreado era de tal modo uma característica sua, que osseus templos e locais de adoração se tornaram centros de

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imoralidade. As mulheres abandonavam a sua castidade, etornavam-se prostitutas no templo de Istar, ao serviço da deusa.Mas para elas, esta atitude constituía uma forma de devoção,para dar honra a Istar, e, assim, não perdiam a estima dasociedade. Istar era também a deusa assíria da guerra. Ela erade tal maneira assustadora, que os exércitos inimigos tremiamquando os guerreiros assírios lhe cantavam canções de louvor.Na parte já reconstruída da Babilônia, a porta de Istar já foirestaurada, e os turistas podem atravessá-la para entrar nasala do trono do rei. Se o culto a Istar for restaurado naBabilônia, o que espera essa parte do mundo é um período decrescente idolatria, imoralidade e guerras de conquista. Deacordo com a mitologia babilônica.

1º. Istar tinha um amante: Tamuz. Os mitos em torno dessesdeuses afirmam que Istar assassinava seu amante Tamuz –o deus da primavera no verão e ele ressuscitava na primavera(Ez 8. 14). Por causa desta ação, desenvolveu em si umsentimento de culpa, e desceu ao mundo das trevas ondeencontrou Tamuz e o restituiu à vida. Portanto, ele é o símboloda morte e da ressurreição. Era hábito do mundo pagão, usarum amuleto na forma do T em Tamuz, como símbolo ouelemento decorativo, em roupas e edifícios. Nos arquivosmitológicos, Tamuz é às vezes descrito como filho de Semíramis,que é a personificação da rainha do céu. O conceito religiosoda Madona e do menino, no Catolicismo Romano, é claramenteuma perpetuação desta tradição babilônica. A verdadeirarazão por traz da deificação de Maria em 381 a.D., foi criaruma rainha dos céus ‘Cristã’ com o menino.

2º. Outras divindades adoradas em Canaã, tiveram suasorigens na Babilônia. Entre outras: Ramom, ou Adadade, erao deus da atmosfera, cujo nome aparece em Gate-Rimom,cidade de Israel (Js 21. 25). Dagom e Moloque foram tambémimportados da cidade de Babilônia (Lv 20. 1-5; 1 Sm 5. 2 ).Outros deuses foram importados de Babilônia para Canaã:Sucote-Benote, Nergal, Asima, Nibaz, Tartaque, Adramelequee Anameleque (2 Rs 17. 29-31).

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c) Shamash – (Ou Samas) Era um outro deus deimportância no panteão assírio-babilônico, era Shamash, odeus-Sol. Ele desprezava a escuridão e o mal, e era tido comoo autor de boas leis. Era tambem o chefe dos adivinhos doreino. A adoração do Sol espalhou-se por várias civilizações,e existe aínda hoje com grande relêvo. O símbolo do deus-Solé familiar na Igreja Mórmon, e na Igreja Católica Romana opapa é muitas vezes equiparado ao Sol. No movimento NovaEra, o Sol, com os seus raios de luz, é tambem um símbolomuito comum.

d) Anat – Era também considerada como uma deusa e erairmã e esposa de Baal, o deus das tempestades e das chuvas.Não temos certeza concreta se ela veio da Babilônia – masparece que sim. Uma cabeça de touro era o seu símbolo. Baalfertilizava os prados com chuva para que o gado engordasse.Preocupava-se também com sua reprodução. Dizia-se quequando ele morria em determinadas estações do ano, seu filhoassume essas funções. As deusas a fecundidade eramsobretudo veneradas nos montes e nos lugares elevados. Ali,plantavam-lhes bosques, erguiam-lhes colunas sagradas, esob as árvores efetuavam-se os cultos, como é referidorepetidamente na Escritura: “Porque também eles edificaramaltos, e estátuas (pilares, obeliscos), e imagens do bosquesobre todo o alto outeiro e debaixo de toda a árvore verde” (1Rs 14. 23). Quando o povo escolhido de Deus, fixou suamorada na terra de Canaã, começou a se prostituir “debaixode árvore verde”. Alguns opinam que tratava-se do nobreloureiro, como alguns tradutores o tem feito. Não se sabe bemo motivo, porque o povo escolhia um bosque cheio de árvoresfrondosas para oferecerem seus sacrifícios aos seus deuses.Além dos profetas de Baal, que eram em número de 450, haviatambém 400 que eram chamados de “profetas de Asera” (1Rs 18. 19).

2. Babilônia foi sempre cercada de poderes das trevas.Além de Babilônia ter se tornado um centro de idolatria, elatambém estava impermeada em todos os seus seguimentos,

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pelas forças do mal. O governo estava cercado de “magos”,“encantadores”, “feiticeiros”, e uma outra casta que maistarde foi chamada de “caldeus”, que necessariamente nãosignifica no sentido ordinário, nascido na Caldéia. Séculosdepois, esta casta aparece na corte babilônica, comoorientadores principais do monarca Nabucodonosor (Dn 2.2).

a) Os magos – Significava os escribas sagrados – umaordem de sábios que tinha a seu cargo os escritos sacros, quevieram passando de mão em mão desde o tempo da Torre deBabel. Algumas literaturas das mais primitivas que seconhecem na terra eram constituídas desses livros da magia,astrologia, feitiçaria etc. (cf. At 19.19).

b) Os encantadores – Significa “murmuradores depalavras”, de onde vem “esconjurar, exorcizar”. Eramencantadores que usavam fórmulas mágicas, atuados porespíritos enganadores. Simão, o mágico, de Samaria e Elimas,o “encantador”, da Ilha de Pafos, pertenciam a essa classe(At 8. 9; 13. 8).

c) Os feiticeiros – Eram dados à magia negra. A mesmapalavra empregada a respeito dos encantadores egípcios Janese Jambres – que resistiram a Moisés na corte de Faraó (Êx7.11; 2 Tm 3.8).

d) Os caldeus – Denominava a casta sacerdotal deles todos,onde se lê a palavra “caldeu” (menos nascidos na Caldéia),pode-se traduzir igualmente por “astrólogo”, comocostumeiramente vem sendo usado no mundo moderno. Aastrologia, a magia e a adivinhação desempenhavamimportante papel na vida religiosa dos assírios e babilônios.Os templos possuíam exorcistas e adivinhos à disposição dopúblico. A magia tinha por fim contrabalancear a influênciamaléfica dos maus gênios, aos quais eram atribuídos todosos males terrenos: doenças, pestes, acidentes naturais etc. Aadivinhação revelava as intenções dos deuses a respeito doshomens, dando oportunidade a estes para se precaver anteos seus decretos. A astrologia indicava os dados principaisdo destino do homem. Tratava-se, pois, de uma religião toda

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presa ao serviço dos deuses, que redundava em um sacerdóciomuito rendoso, como se lê na história dessa gente. Podemosobservar que, nos dias atuais, todos estes sistemas vêm sedesenvolvendo de forma assustadora em todas as partes domundo. A astrologia vem avançando com cifras astronômicas,através dos meios de comunicação. Todas estas forças do malvem causando perturbações psíquicas nas pessoas; abalandoo sistema nervoso até mesmo das crianças e adolescentes,fomentando incerteza no tocante ao futuro e outros malesnocivos que a História vem mostrando a cada dia. As forçaspsíquicas estão sendo usadas erroneamente para promovero satanismo com todas suas formas de expressão. As profeciasbíblicas preveem que, nos últimos tempos, as forças do malse multiplicarão, procurando, a qualquer custo, controlar omundo. Os falsos profetas, com poderes psíquicos fora docomum, atrairão muitos discípulos. Estas forças ocultas jásão quase que comuns no pensamento moderno. O que temtrazido muitas dificuldades na credibilidade das almas sincerasque buscam em Deus a fonte de todo bem. A medida que estespoderes avançam ganhando espaço em cada reduto dasociedade humana, vão minando a mente humana, a crer nosobrenatural como solução de seus problemas. Estas forçasdo mal vem procurando, de todas as formas, perverter averdadeira compreensão de tal maneira que levarão muitos ànegação da verdadeira apreciação do trabalho de Deus naSua criação. Lamentavelmente, até alguns que tinhamexperimentado a misericórdia de Deus, serão envolvidos comestas forças nocivas e “...negarão ao Senhor que os resgatou”.Muitas mentes em nossos dias já se encontram tãoentenebrecidas que o próprio culto satânico, que foradesenvolvido pelos primitivos povos de Canaã, nos quais eramsacrificadas vidas humanas, estão sendo aceitos, não maiscomo prática bizarra, mas como prática civilizada. E, paratristeza e vergonha dos bons princípios e da moral religiosa,estas práticas ilícitas são aceitas quase que sem restrições,pelas nações que são consideradas desenvolvidas do nossoplaneta. Portanto, não deve admirar que Babilônia sempre

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foi e será um local apropriado que dar origem certas religiõespagãs, que se levanta contra Deus e contra a obra redentorade nosso Senhor Jesus Cristo.

3. Babilônia sempre foi confusa e misteriosa. Desde suaorigem até sua consumação, Babilônia foi e sempre será umcentro de ideias erradas contra Deus e sua criação. De acordocom informações recentes, que já são divulgados muitosconceitos errôneos babilônicos, como por exemplo o princípiofeminino da origem de Deus. Vários escritores da Nova Era,fazem menção de uma MÃE PLANETÁRIA, identificando-acomo uma presença espiritual, sentida na altura donascimento de cada criança. Além de um corpo físico, afirmamque a criança tem também um corpo astral, que a torna partede uma comunidade cósmica sob os cuidados de uma deidadecelestial, ou Mãe Planetária. Faz-se também referência a estaentidade chamando-a de Nossa Senhora. Este princípiofeminino da divindade existia em várias religiões, com osnomes de Isis, Venus, Istar e Virgem Maria. Isis é a rainhaegípcia da Natureza, Venus é a deusa do amor na mitologiaromana, Istar é a antiga e poderosa rainha dos céus daBabilônia, cujo santuário está a ser reconstruído num localantigo e a deificada Maria é a réplica ‘cristã’ desta mãe comumda humanidade. Todas estas divindades que vieram dopaganismo e que através delas, são implantados váriasmodalidades de filosofias e conceitos errôneos daquilo que éDeus e da obra redentora de seu Filho, Jesus Cristo, trazemconfusão mental e até psicológica nas pessoas que as seguem.A Babilônia que tem em sua testa o emblema expressivo,dizendo: Mistério, é a mãe das prostituições e abominaçõesda terra. E o texto sagrado ainda acrescenta que ela embriagoua todos com “...o vinho da ira da sua prostituição” (Ap 18.3).A grande Babilônia política e religiosa é descrita como tendoreinado sobre os reis da terra (Ap 17. 18). Sabemos que estareferência pode se referir tanto a Babilônia do passado, comoa Roma Imperial. Ambas foram responsáveis pelo sofrimentotanto dos judeus como dos cristãos. Babilônia foi responsável

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pelo cativeiro do povo hebreu e Roma é responsável do “...osangue dos santos, e do sangue das testemunhas de Jesus”(Ap 17. 6). Todas estas crueldades que foram praticadas contrao povo de Deus, serão punidos pelas mãos dos próprios aliadosda mulher denominada de grande prostituta e grandeBabilônia. Depois de uma associação de três anos e meio, oanticristo mandará, através de seus súditos executar aquelade ponto místico de observação, é considerada como sendosua ‘esposa’ (Ap 17. 3). Isto é, a mulher vestida de corescarlata (o poder religioso – a mulher – que cavalga sobre opoder político – a besta). E isso será o fim da Babilônia Mística,que reinou sobre os reis da terra. O profeta do anticristoimplantará uma falsa religião – dentro deste sistemapervertido que aqui está em foco. Será um sistema religiosofalso que enganará aqueles “...cujos nomes não estão escritosno livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundaçãodo mundo” (Ap 13. 8b).

a) O desejo do anticristo é implantar um sistema único deadoração – A besta que subiu da terra (o falso profeta) atuadopelo dragão, fará, através de leis, normas e outras formas deexpressão, “...que a terra e os que nela habitam adorem aprimeira besta, cuja chaga mortal fora curada” (Ap 13. 12b).Tal procedimento será recebido e executado pela primeiraBabilônia que aqui está em foco (Ap17.18). Com o epíteto“mistério!”, ela cuidará misteriosamente da parte política edo sistema religioso implantado pelo anticristo e seu consorte– o falso profeta. Enquanto que a outra Babilônia que vemcitada no capítulo 18, cuidará de todo o sistema comercialcom todos os gêneros de distrações mundanas e práticasimorais (Ap 18.3). Ambas representam legenda e extensão.As duas se fundirão em uma só, pois os seus governantes esúditos, “...tem um mesmo intento”, falando e agindo namesma direção – a da perdição (Ap 17. 13). A primeiraBabilônia – a política e religiosa, será a principal mentora detodo o sistema que será desenvolvido nela e na outra Babilôniacomercial, pois se diz claramente que “...na sua testa estava

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escrito o nome: Mistério, a grande Babilônia, a mãe dasprostitutas e das abominações da terra” (Ap 17. 5). Só aquelesmembros da falsa religião mundial que abandonarem a suaafiliação em qualquer religiosa, especialmente “...a religiãopura e imaculada para com Deus”, adorarem a Besta eaceitarem o seu número, escaparão à aniquilação da mãe dasprostitutas. Os demais, serão mortos sem misericórdia. NaBabilônia política-religiosa, será criado um centroadministrativo semelhante – porém mais organizado do quea ONU. Tal pensamento, já circula no Oriente Médio, conformeveremos a seguir. Recentemente, o Rabino chefe de Israel,sugeriu uma ONU das religiões. A ideia de um mundounificado e de um governo único e universal vem sendomatéria do dia em muitas partes do universo. A ideia de umlíder religioso com poder universal partiu de Israel comaprovação do conselho rabínico, conforme explicado em notasanteriores. Dessa organização, será emanado o poder eautoridade do anticristo, para todos os seguimentos políticos,sociais e religiosos do mundo. De igual modo, será tambémconstruído um centro comercial que incluirá todas asmodalidades de negociações, diversões, prostituiçõespraticadas dentro da sociedade e conduta humana. Todas asorientações para isso ou aquilo, partirão dali. A Babilôniacomercial, conforme é chamada neste argumento, que vemcitada logo após a Babilônia política-religiosa, será reedificadapara desempenhar um papel importante na grande tribulação,a favor do anticristo e de seu sombrio governo. O anticristoserá capacitado por poderes do mundo exterior para organizare preparar grandes organizações nacionais e internacionaisse precipitem a ser acomodadas na Babilônia, e que vastosprojetos de obras incriveis e construção sejam iniciados ecompletados num curto espaço de tempo, com a finalidade deimpressionar os que habitam sobre a terra (Ap 13. 13-14).

b) A unificações das duas Babilônias – O anticristo seráinformado pelo dragão, que em certo tempo da históriahumana, Deus confundiu as línguas dos povos e espalhou-

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os dali sobre a face de toda a terra. Por esta razão o nomedaquele lugar e daquela cidade foi chamado de Babel (Gn 11.7-9). Agora, no tempo do fim, ele cria um sistema único decomércio, política e de religião, procurando que por meio dostais possa unir a todos (cf. Ap 13. 16-17). Esta grande Babilôniaassumirá um caráter megalópolis mundial, como ponto deconvergência de todas sociedades, culturas e civilizações domundo. Certamente o dragão orientará ao anticristo que uniãoestas nações que foram separadas, na altura da confusãodas suas linguagens. Em breve se fará uma tentativa para asreunir de novo, no mesmo logar de onde haviam sido dispersasquando foram punidas por Deus ali no passado. A primeiraconferência de nações unidas com a finalidade de formaremum acordo para uma mesma finalidade, se deu num “...valeda terra de Sinar” (Gn 11. 2). A ‘impiedade’ representada poruma mulher, é levada dentro duma efa – por duas outrasmulheres, para edificarem uma casa ‘na terra de Sinar’ (Zc 5.7-11). Do ponto de vista divino de observação, a mulher aquiem foco, é a deusa Asherah em Judá, constituído pela imagemda deusa – o efa – o aparato litúrgico em torno dela – asmulheres com asas – o poder político-religioso que avenerava. O profeta Zacarias diz que a mulher se encontrava“...assentada no meio de uma efa”. E depois levanta os seusolhos, como ele mesmo diz: “...e eis que duas mulheres saíram,agitando o ar com as suas asas, pois tinham asas como as dacegonha; e levantaram a efa entre a terra e o céu. Então eudisse ao anjo que falava comigo: Para onde levam estas aefa? E ele me disse: Para lhe edificar uma casa na terra deSinar; e, estando ela acabada, ela será posta ali em seu própriolugar” (Zc 5. 7-11). O profeta de Deus diz que a primeira mulherque aparece em sua visão, é a impiedade. Ela será transportadapara a Babilônia por duas mulheres, que têm asas de cegonha.A significação figurada da passagem de Zacarias, pode serexpressa desta maneira: a mulher é interpretada como sendoa impiedade. Ela tenta fugir da prisão – talvez para a terra deIsrael. Mas o anjo é mais forte do que ela, e joga-a de volta aoefa. Posteriormente, duas forças do mal (duas mulheres)

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conduzem ela para um lugar apropriado: a terra de Sinar.Exatamente onde foi edificada a cidade denominada deBabilônia, que é citada seis vezes no Apocalipse, nas seguintespassagens (14.8; 16.19; 17.5; 18.2, 10, 21).

Com efeito, porém, uma interpretação aproximativa,profeticamente falando, entende que, a mulher chamada‘impiedade’ é a grande Babilônia, enquanto que as outras duas:as duas bestas – o anticristo e o falso profeta (cf. Ap 17. 3-5). Opensamento de construir uma cidade, onde será implantadoum poder central, será desenvolvido pelo anticristo, o homemdo pecado, com a intenção de construir uma cidade e um sistemaentre o Oriente e o Ocidente, como símbolo da unidade global edo internacionalismo de todos os seguimentos e modalidadesde vida da pessoa humana. O anticristo usará todos poderesvisíveis e invisíveis para conseguir tudo que for necessário paraa criação e desenvolvimento deste sistema denominado degrande Babilônia.

IV. A TORRE DE BABEL

1. A torre de Babel. Voltemos nossas atenções novamentepara a forma grega do nome, Babilônia, que vém do acadianoBâb-ilu, que significa “Portão de Deus”, ou “porta dos céus”.Tal sentido aponta claramente para enfatizar o significado dopensamento que aqui está em foco. Construir grandes templosmodelados como torres (os zigurates) da antiga Suméria (Sinarbíblica, no sul do Iraque moderno). Estes templos enormes,quadrados e com escadas eram vistos como portões para osdeuses virem à terra, escadas literais para o céu. Quem visitaesta parte do Oriente Médio, no antigo Golfo, pode ver ali ouacolá, inscrição com a frase: “alcançando o céu”, semprecomum nos templos-torres. Este é o tipo de estruturarelembrando a torre de Babel.

a) Babel foi construida com trabalho forçado – Tudonos leva a crê, que a construção da torre de Babel, foi realizada

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com mão-de-obra forçada. Ninrode era um ditadorincompassível, e através de sua brutal compreensão levou atodos a execução daquela obra. Temos notícias que, em muitoslugares do passado, um grande projeto de construção, erausado o trabalho forçado de diversas populaçõesconquistadas ou súditas, e o domínio que cobria a Babilôniateria tido algumas línguas não Semitas, como o Hurrita, oCassita, o Sumério, e o Elamita, entre outros. Amar-Sin (2046-2037 a.C.), terceiro monarca da Terceira dinastia de Ur, tentouconstruir um zigurate em Eriduque nunca foi terminado. Temsido sugerido que Eridu seria o local onde teria estado a torrede Babel, e que a história teria sido mudada mais tarde paraa Babilônia Enmerkar (i.e. Enmer o Caçador) rei de Uruk,sugerido por alguns como sendo o modelo para Ninrode, foitambém um construtor do templo de Eridu. Há uma históriaparecida à da Torre de Babel na Mitologia suméria chamadaEnmerkar e o Senhor de Aratta, na qual os dois deuses rivais,Enki e Enlil acabam por confundir as línguas de toda ahumanidade como efeito colateral da sua discussão. AsEscrituras afirmam que Babel era parte do reino de Ninrode,“...o poderoso caçador diante da face do Senhor”. E seacrescenta: “...o princípio de seu reino foi Babel” (Gn 10. 9-10). A construção da torre de Babel por Ninrode não estáespecificamente mencionado na Bíblia. Contudo, Ninrode éfrequentemente associado com a construção da torre noutrasfontes. Uma teoria recentemente proposta por David Rohlassocia Ninrode com Enmerkar, e propõe que as ruínas daTorre de Babel são na verdade as ruínas muito mais velhasdo zigurate de Eridu, a sul de Ur, em vez de Babilônia. Entreas razões para esta associação estão o grande tamanho dasruínas, a idade mais velha das ruínas, e o fato de um título deEridu ser NUN.KI (“lugar poderoso”), que mais tarde se tornouum título da Babilônia. Além do pensamento de construir umacidade denominada a grande Babilônia, há também uma ideiada construção de uma torre, denominada de torre de Babel,no mesmo local onde fora construída aquela do passado. Esta

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ideia da moderna Torre da Babilônia, está a ganhar terrenorapidamente em todo o mundo, e a sua materialização finalserá também rápida. Alguns teólogos opinam que, nos diasdo reinado do anticristo, será reconstruída a antiga cidade etorre de Babel, que posteriormente se tornará a grandeBabilônia. Mas se consideramos a sentença divina predita peloprofeta Isaías, ela jamais será reedificada: “E Babilônia, oornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus serácomo Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou. Nuncamais será habitada, nem reedificada de geração em geração:nem tão pouco os pastores ali farão deitar os seus rebanhos.Mas as feras do deserto repousarão ali...” (Is 13.20). No quediz respeito a reconstrução da torre de Babel as Escriturasguardam silêncio. Há, em nossos dias, projeto para a“reconstrução” da torre de Babel; declara um boletim do serviçonoticiário religioso do Iraque, 1980: “A reconstrução da torrede Babel mencionada na Bíblia (Gn 11.1-11) está sendoestudada por uma equipe de acadêmicos da Universidade deKioto, Japão. Um porta-voz da equipe anunciou que o governoiraquiano solicitou auxilio de técnicos japoneses no sentidode criar uma “cidade-museu” no local da antiga cidade daBabilônia, para servir de atração turística na região doEufrates, a cerca de 88 quilômetros ao sul de Bagdá”.

b) Babel foi edificada para representar domínio universal– Babel foi construída com a finalidade de ter controle absolutosobre a expansão das famílias sobre a face da terra. “E eratoda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala. Eaconteceu que, partindo eles do oriente, acharam um vale naterra de Sinar; e habitaram ali. E disseram uns aos outros:Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolopor pedra, e o betume por cal. E disseram: Eia, edifiquemosnós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, efaçamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobrea face de toda a terra. Então desceu o Senhor para ver a cidadee a torre que os filhos dos homens edificavam; E o Senhordisse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e

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isto é o que começam a fazer; e agora, não haverá restriçãopara tudo o que eles intentarem fazer. Eia, desçamos econfundamos ali a sua língua, para que não entenda um alíngua do outro. Assim o Senhor os espalhou dali sobre aface de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade. Por issose chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu oSenhor a língua de toda a terra, e dali os espalhou o Senhorsobre a face de toda a terra” (Gn 11. 1-9). O desejo primordialdaquela gente que se rebelara contra Deus, era a construçãode “uma cidade e uma torre”. Do ponto de vista divino deobservação, isso apontava para a cidade de Babilônia e a torrede Babel. Este plano de centralização proposto pelo homemparece ter sido considerado por Deus como indesejável. Elerepresentava um ato de auto-suficiência humana e de rebeliãocontra Deus. A partir daí, o significativo que ‘Babel’(Babilônia), trás, no relato bíblico de Gênesis até Apocalipse,é de federação humana materialista e humanista em oposiçãoa Deus. E é este, portanto, o mesmo sentido que observamosna Babilônia Escatológica que se levantará no fim dos tempos.

2. Os Zigurates. Os atuais zigurates estão entre as maioresestruturas religiosas e são construídas, em lembrança remontaaos princípios da História e são postados com a finalidade derelembrarem a antiga torre de Babel. A narrativa divina,conhecia bem o propósito para que aquela torre foraconstruida. E, ao invés de lhe dar sentido de “porta de Deus”ou “porta dos céus”, diz simplesmente que Babel significa“confusão” (Gn 11. 9). Moisés não escreveu tal significado dasua própria imaginação. Ele recebeu de Deus o significado eusou nesta passagem a expressão hebraica que a torre merece.Babel, em hebraico Bavél, da raiz do verbo ba.lál, que significa“confundir”. Curiosamente, Bab e El sugere uma combinaçãodo acadiano Bab (“porta”, “portão”) com o hebraico El (“Deus”,abreviatura usada para Elóhah e Elohím). Segundo o Gênesis,seria Nimrod ou Ninrode (Ninus), filho de Cus, que teriamandado construir a Torre-templo de Babel. Alguns acreditamque tenha sido Cus quem iniciou a sua construção, antes da

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confusão das línguas (idiomas). Após isso, seu filho Ninrode,teria continuado a urbanização do local, dando origem à futuracidade de Babilônia. Segundo a Hipótese documentária, apassagem deriva da fonte Javista, um escritor cujo trabalhoestá cheio de Paranomásias, e como muitas das outrasparanomásias no texto Javista, o elemento da história que serefere à confusão das línguas é visto por muitos como umapseudo-etimologia para o nome Babel, relacionado com umahistória mais histórica do colapso de uma torre. A Linguísticahistórica luta há muito tempo contra a ideia de uma linguagemúnica original (Língua adâmica). Tentativas de identificar estalíngua com uma língua atual têm sido rejeitadas pelacomunidade acadêmica. Foi este o caso do Hebreu, e do Basco(como foi proposto por Manuel de Larramendi). Ainda assim,o bem documentado ramo de linguagens com antepassadoscomuns (como as modernas línguas européias vindas doantigo Indo-Europeu) aponta na direção de uma única línguaancestral. O tema principal da disputa é a data, que muitosestudiosos poriam vários milhares de anos antes da própriadata da Bíblia para o fim da Torre de Babel.

V. A DESTRUIÇÃO DA GRANDE BABILÔNIA

1. A queda de Babilônia. A primeira proclamação sobreBabilônia feita pelo anjo: “Caiu, caiu a grande Babilônia”, éabonada pelos tempos aoristos no grego hodierno (epesen,epesen, “caiu, caiu”) representam a ação como completa. Aqueda da Babilônia da Caldéia foi vaticinada 51 vezes só numaprofecia! (Jeremias capítulos 50 a 51), e, segundo estevaticínio, houve um grande pranto aqueles que tiraramproveito de tudo que era seu (Is 47. 1-15; Jr 51.8). Aqui oquadro é o mesmo: os reis da terra se porão de longe “...pelotemor do seu tormento, dizendo: Ai! ai daquela grandeBabilônia”. Babilônia outra era a capital dos amoritas(semitas, vindos do deserto da Arábia), que até então, erauma pequena cidade do Eufrates. Graças ao enfraquecimento

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dos Acadianos e posteriormente dos Sumérios, a Babilôniacresceu e evoluiu, tornando-se então, um império e umcobiçado centro comercial. O poder cai nas mãos dos cruéisassírios, que formavam um poderoso império que se iniciouem 1200 a.C., até 612 a.C. quando Nabopolasar (da Babilônia),aliado aos Medos (povo que vivia no planalto iraniano),atacou Nínive, capital do Império Assírio, retomando o poderpara a Babilônia, e se iniciando assim o Segundo ImpérioBabilônico (ou Caldeu), que se tornou a mais notável cidadedo Oriente.

A queda e destruição da grande Babilônia, é um dosassuntos principais das profecias do Antigo Testamento econfirmada no Apocalipse, em vários de seus elementosproféticos. As profecias que tratam da queda da Babilôniasão tão absolutas e estão tão claramente definidas, que nãoexiste período algum em toda a história da Babilônia e daAssíria, em que se tenham cumprido completamente. São deconsiderar as seguintes afirmações: “E Babilônia, o ornamentodos reinos, a glória e a soberba dos caldeus, será como Sodomae Gomorra, quando Deus as transtornou” (Is 13. 19). OJeremias refere-se à destruição de Babilônia, em vários de seusvaticínios. Como por exemplo, nos seguintes: “Pagarei aBabilônia, e a todos os moradores da Caldéia, toda a suamaldade, que fizeram em Sião, à vossa vista, diz o Senhor.Eis-me aqui contra ti, ó monte destruidor, diz o Senhor, quedestrói toda a terra; e estenderei a minha mão contra ti, e terevolverei das rochas, e farei de ti um monte de incêndio. Enão tomarão de ti uma pedra para esquina, nem pedra parafundamentos, porque te tornarás numa assolação perpétua,diz o Senhor” (Jr 51. 24-26). Um grande comentador dopassado, Dr. J.A. Seiss afirmou já em 1865, nas suas cartassobre o Apocalipse, que a cidade da Babilônia tem de serreconstruída, para que o Senhor possa finalmente destruí-lacomo Sodoma e Gomorra. O dia do Senhor assinalaria a datapara a queda da grande babilônia. Portanto, não se refere asua destruição passado. Ela será futura (Is 13.6), por esta

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razão – pensa-se: é necessário que ela seja reedificada, comouma cidade literal dentro dos limites do Golfo Pérsico. Tal épocade sua destruição, coincidirá provavelmente com a batalhade Armagedom, no final da grande tribulação. Os estudiososcontemporâneos lembram os escritos de um comentador degrande respeito que em 1918, afirma que a Babilônia nuncafoi totalmente destruída ou desabitada. Por esta razão, dizele, a destruição final, súbita e esmagadora, se dará no finaldos tempos. Então a partir daí, nenhumas pedras das ruínasda Babilônia seriam utilizadas e cidade não seria maisreedificada como dia o vaticínio divino. “Nunca mais seráhabitada, nem reedificada de geração em geração; nem o árabearmará ali a sua tenda, nem tão pouco os pastores ali farãodeitar os seus rebanhos” (Is 13. 20). Várias cidades e vilastêm sido de fato construídas com tijolos recuperados dasruínas da Babilônia. Antes do começo da presentereconstrução da Babilônia em 1978, o Iraque retirou milharesde tijolos do local, para fins de construção. Desde o início doprograma oficial de reconstrução, já foram levantadasestruturas majestosas sobre as fundações da antiga Babilônia.Estes acontecimentos reforçam o ponto de vista bíblico, de quea grande queda da cidade tem ainda de acontecer. As duasBabilônias. Em Apocalipse 17 e 18, respectivamente, Joãomenciona duas Babilônias, e ambas, organizarão um sistemapolítico-comercial de alcance mundial. Tal sistema será corrupto,pernicioso e confuso em todos os seus aspectos (Ap 17. 5).

2. A destruição de Babilônia será no dia do Senhor. Oanjo de Deus convida a João para lhe mostrar a ‘condenaçãoda grande prostituta’. Então ele diz: “Vem, mostrar-te-ei acondenação da grande prostituta”. Contudo, para que nãohouvesse nenhuma dúvida por parte do apóstolo, omensageiro divino lhe mostra também quem é a grandeprostituta, Ele diz novamente: ela é Babilônia. A mãe dasprostituições da terra (Ap 17. 1, 3-5). Sua destruição se daráno final da Grande Tribulação. A queda final da Babilônia

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acontecerá no fim da grande tribulação (Ap 14. 8; 16, 17-19;18. 2, 10, 21). O julgamento divino sobre Babilônia e todo osistema confuso de alcance mundial, não será progressivoou em estágio de declinação. Porém, repentino, súbito eesmagador. Das escrituras acima citadas, torna-se evidenteque não se registrará uma decadência e declínio graduais dacidade durante um longo período de tempo. A destruição daBabilônia ocorrerá “...numa hora” (Ap 18. 10). Como no casode Sodoma e Gomorra e as cidades da capina. Assim diz apalavra divina quando fala deste acontecimento: “E Babilônia,o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus,será como Sodoma e Gomorra, que Deus as transtornou” (Is13. 19). Torna-se evidente que a destruição aqui também serápelo fogo. Contudo, não se trata de um incêndio natural, masserá fogo e enxofre vindos do céu que, como um manto, cobrirátoda aquela área onde se encontra estabelecido o sistemacorrupto e nocivo da grande Babilônia.

a) A primeira destruição – A Babilônia teve início com odeclínio do império de Sargão I. Era a capital dos amoritas(semitas, vindos do deserto da Arábia), que até então, erauma pequena cidade do Eufrates. Graças ao enfraquecimentodos Acadianos e posteriormente dos Sumérios, a Babilôniacresceu e evoluiu, tornando-se então, um império e umcobiçado centro comercial. O poder cai nas mãos dos cruéisassírios, que formavam um poderoso império que se iniciouem 1200 a.C., até 612 a.C. quando Nabopolasar (da Babilônia),aliado aos Medos (povo que vivia no planalto iraniano),atacou Nínive, capital do Império Assírio, retomando o poderpara a Babilônia, e se iniciando assim o Segundo ImpérioBabilônico (ou Caldeu), que se tornou a mais notável cidadedo Oriente. Os arameus, assírios e os caldeus lutaram duranteséculos pelo controle da Babilônia. O Rei assírio Assurbanípalvenceu a luta em 648 a.C., e foi sucedido por NabucodonosorII. Ciro II da Pérsia, mais conhecido como Ciro, o Grande, foirei da Pérsia entre 559 e 530 a.C., ano em que morreu embatalha com os Massagetas. Pertencente à dinastia dos

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Aquemênidas, foi sucedido pelo filho, Cambisses. Ciro foi umpríncipe persa com ascendência na casa real dos medos, atéentão o povo dominante do Planalto Iraniano. A versão dahistória do nascimento de Ciro, segundo Heródoto, consta queo rei medo Astiages, seu avô, teve um sonho em que umavideira crescia das costas de sua filha Mandame, mãe de Ciro,lançando gavinhas que envolviam toda a Ásia. Sacerdoteslhe advertiram que a videira era seu neto Ciro (cujo nomepersa era Kurush), e que ele tomaria o lugar do velho reinoda Média no mundo. Então o rei medo mandou seu mordomoque o matasse nas montanhas. O mordomo, chamadoHarpago, se comoveu com a beleza da criança e o entregouaos cuidados de um pastor. Ao descobrir a traição, Astíagesesquartejou o filho de Harpago, e o serviu em um jantar parao mordomo, que apenas soube o que estava comendo quandolevaram a última travessa à mesa: a cabeça de seu filho. Cirofinalmente se tornaria rei dos persas, até então um povotributário dos medos. Então uma rebelião liderada porHarpago derrotou Astíages, que foi levado a Ciro parajulgamento. O rei persa poupou a vida de seu avô, masmarchou para a capital da Média, Ecbátana, e tomou ocontrole do vasto território medo. Em 539 a.C. Ciro conquistoua Babilônia. Os registros bíblicos informam que Ciro teriarecebido uma mensagem divina que o ordenava a enviar devolta à Palestina todos os Judeus cativos naquela cidade. Dequalquer forma, foi o autor de famosa declaração que em 537a.C. autorizava os judeus a regressar à Judéia, pondo fim aoperíodo da Captividade Babilônica. Em uma noite de 5/6 deoutubro de 539 a.C, Ciro acampou em volta de Babilônia comseu exército. Enquanto os babilônicos festejavam,engenhosamente Ciro desviava as águas do Rio Eufrates paraum lago artificial. Eles puderam atravessar o rio com a águana altura da cintura e entraram sem lutar, visto que os portõesestavam abertos. A semelhança entre a primeira e sua últimadestruição. Quando o primeiro sistema babilônico foi destruídopelo foco, o fumo do seu incêndio transformou-se em umanuvem escura sobre a planície de Sinar, e literalmente podia

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ser visto pelas tripulações dos navios do Golfo Pérsico quecertamente se lamentaram vendo a perda de tudo aquilo!. Asentença do passado sobre a Babilônia imperial será revividaaqui: a primeira se tornou em montões de ruínas, e, comosabemos, hoje essas ruínas estão expostas comoadmoestações. “As ruínas da antiga Babilônia, outrorachamada “a grande”, começam a seis quilômetros e meio acimada aldeia de Hillah, e estendem-se a cinco quilômetros e meiopara noroeste. Aos três montões principais, os árabes dão onome de Babil Kasr e Amram; estão no oriente do rio, e, emuma seção da antiga cidade, que num período remoto tinha aforma triangular, limitada pelo rio e por muros”. Nos textos econtextos que focalizam a condenação da Grande Babilônia,o Espírito de Deus dá ênfase chamando-a: uma vez a grandeprostituta (17.1), duas vezes a prostituta (17.15-16), uma veza mãe das prostituições (v.5), e seis vezes, a mulher (vs. 3, 4,6, 7, 9, 18). Literalmente falando, a cidade de Babilônia é citadacerca de 260 vezes na Bíblia, 27 vezes em uma só profecia (Jrcapítulos 50 e 51). O profeta Isaías diz que a queda destegrande poder, terá lugar, no “dia do Senhor” (Is 13.13). Oanjo anuncia este grande juízo sobre a imponente cidade, e,neste capítulo, o segundo anjo (v. 21) anuncia com grandepoder a consumação do mesmo.

b) A segunda destruição – Assim como foi no passado,aqui também, no texto em foco, veja como as Escrituras sãoproféticas e se combinam entre si em cada detalhe! Osmarinhos do tempo do fim, estando postados de longe,lamentarão a queda da grande Babilônia! “E todo o piloto, etodo o que navegava em naus, e todo o marinheiro, e todosos que negociavam no mar se puseram de longe, e, vendo ofumo do seu incêndio, clamaram, dizendo: Que cidade ésemelhante a esta grande cidade? E lançaram pó sobre suascabeças, e clamaram, chorando, e lamentando, e dizendo: Ai,ai daquela grande cidade! Na qual todos os que tinham nausno mar se enriqueceram em razão da sua opulência; porquenuma hora foi assolada” (Ap 18. 17, 19). Os mercadores emarinheiros vão chorar e lamentar a destruição da cidade,

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com todas as suas riquezas, pompa e glória. A região do GolfoPérsico, depois da descoberta do petróleo, tornou-se um doslugares mais cobiçados do mundo. No Golfo se movimentaatualmente navios petroleiros indo e vindo de todas as partesdo mundo. Mas, agora, com a queda de babilônia toda a aquelafortuna será levada ao campo da destruição; e no local ondefora edificada a grande Babilônia, haverá uma crateradesolada, onde não aparecerá nenhum sinal de vida. Agora –para sempre: “Nunca mais será habitada, nem reedificada degeração em geração...” (Is 13. 20a).

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I. AO QUE VENCER

1. As sete promessas sucessivas aos vencedores. Deacordo com o ensinamento geral das Escrituras, somenteentrarão no mundo do futuro, os vencedores de todos ostempos. Ao contrário daqueles que foram vencidos pelo pecadodurante sua existência terrena. Eles, lamentavelmente, fazemparte dos que ficarão ‘fora’ do céu descritos em Apocalipse22. 15. Com efeito, porém, neste capítulo estudaremos sobreas ‘sete promessas sucessivas’ que foram feitas por Jesus aosvencedores que se encontravam nas igrejas da Ásia Menor epor extensão, aos vencedores de todos os tempos. Algumasdestas promessas são desdobradas em outras que, redundamem manifestação da equidade de Deus, que procurarecompensar a seus filhos além daquilo que eles merecem.Vejamos, portanto, a seguir, a cada promessa mencionada esua significação especial. “Ao que vencer, dar-lhe-ei a comerda árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus” (Ap2.7). Quando Adão e sua esposa fracassaram no Jardim doÉden, foi-lhes proibido o direito de comerem da árvore da vida.O Senhor após ter “lançado fora o homem, pôs querubins aooriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada queandava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida”(Gn 3.24). Mas agora aqui, tudo quanto o homem, por causado pecado, é reencontrado novamente em Cristo. Contudo,ela se restringe somente àquele ‘que vencer’. Esta garantia

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de Cristo dizendo “ao que vencer” aponta para a vitóriaindividual de cada um que em Cristo se tornou vitorioso.Contudo, ela é extensiva em sentido abrangente e coletivo,quando se diz: “Mas, em todas estas coisas, somos mais doque vencedores, por Aquele que nos amou” (Rm 8.37).

2. As inúmeras variedades de promessas para os quesaírem vitoriosos. Em várias passagens das Escrituras, sãoapresentadas inúmeras categorias de promessas, que sãodestinadas a vencedores de todas as dispensações. Mas, emnenhuma passagem, existe promessa dedicada àqueles sãoconsiderados vencidos ou derrotados. Todas as promessasdo Senhor apoiam-se no expressivo “ao que vencer!”. Paraestes que são representados pelas sete igrejas da Ásia Menor,o Senhor lhes deu o direito de serem participantes de “seteprincipais bênçãos na plenitude divina”. Sendo que,restritamente falando, em algumas dessas bênçãos sãoacrescentadas outras como recompensas da equidade de Deus.O Senhor destacou para cada igreja da Ásia Menor (atualporção da Turquia asiática), uma promessa dedicada paraaquele crente que, por meio dele, se tornar um vencedor.Algumas destas promessas foram acrescentadas mais de umarecompensa, como podemos observar nas igrejas. Dentremuitas outras, destacamos estas: Pérgamo, Tiatira, Sardo eFiladélfia. Mas, num contexto geral, existem outras alusõesfeitas com respeito a todos aqueles que se encontram ao ladode Cristo. Assim, além daqueles que serão declarados comovencedores durante o período da dispensação da graça, comono caso das sete igrejas, são mencionados os que “...venceram(o dragão e suas hostes) pelo sangue do Cordeiro e pelapalavra do seu testemunho” (Ap 12.11). Outrossim, fala-setambém naqueles “que saíram vitoriosos da besta, e da suaimagem, e do seu sinal, e do número do seu nome...” (Ap15.2). E de tudo, quando a Igreja já se encontra dentro doslimites da eternidade, o Senhor relembra e reforça as Suaspromessas a todos os vencedores, elevando-os a posição desúditos e de filhos. Então ele diz: “Quem vencer, herdará todas

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as coisas, e Eu serei Seu Deus, e Ele será Meu filho” (Ap 21.7).Em qualquer batalha da vida em que o ser humano éenvolvido, existem os vencidos e os vencedores. O primeirogrupo é composto por aqueles que foram vencidos pelo pecadoe que se tornaram escravos, vencidos por suas paixões econcupiscências. “Porque de quem alguém é vencido, do talse faz também servo” (2 Pe 2.19). Mas existem os santos queforam redimidos pelo sangue de Jesus, que jamais aceitamderrotas em suas vidas. São para eles, portanto, que o Senhorassegura a ‘promessa da vida presente e da que há de vir” (1Tm 4.8). Assim, conforme já tivemos a ocasião de falar sobreisso em outras notas expositivas, a garantia de bem-estarpara aqueles que vivem na luz, são mencionadas nasEscrituras, isto é, de Gênesis a Apocalipse, com a divinaprecisão e em alto relevo.

II. AS RECOMPENSAS OFERECIDAS AOSVENCEDORES

1. Quem vencer – comerá da árvore da vida. Asrecompensas oferecidas aos vencedores de todos os tempos,encontram-se descritas nos pontos seguintes deste capítulo.“Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que estáno meio do paraíso de Deus” (Ap 2.7). Quando Deus criou oreino vegetal, a árvore da vida não aparece como fazendoparte desta imensa floresta. Ela somente aparece depois coma plantação do jardim do Éden. Pelo que se deduz das palavrasdo Criador, em Gênesis 3.22, a árvore da vida tinha em simesma o poder da imortalidade. Quem dela comece, viveriaeternamente. O grande erro do homem foi comece o fruto daárvore errada: a árvore da morte e não a da vida. Agora,Deus o proíbe de comer da árvore da vida, para ele e suaprole não vivessem eternamente na miséria. A providênciadivina, neste sentido, foi lançar o homem para fora do jardimdo Éden. “E havendo lançado fora o homem, pôs querubins

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ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada queandava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida”(Gn 3.24). Se o homem tivesse comido da árvore da vida antesde pecar, seria capaz de viver eternamente num estado desantidade. Pouco se fala da “árvore da vida” nas Escrituras.Ela somente aparece aqui em Gênesis 2.9; 3.22, 24 e Apocalipse2.7; 22.2,19. A árvore da vida apresenta três sentidosdiferentes – Nas passagens onde a árvore da vida aparece,traduz três significados, a saber:

a) Vida sem fim – “Então disse o Senhor Deus: Eis que ohomem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, paraque não estenda a sua mão, e tome também da árvore davida, e coma e viva eternamente” (Gn 3.22).

b) Alimento – “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espíritodiz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore davida, que está no meio do paraíso de Deus” (Ap 2.7; 22.2). Láno Jardim, o homem comeu da árvore errada e morreu. Masaqui Jesus o convida a comer da árvore certa e viver – querdizer — viver eternamente.

c) Herança – “E, se alguém tirar quaisquer palavras dolivro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida,e da cidade santa, que estão escritas neste livro” (Ap 22.19).Pensando na árvore da vida como fonte de alimentação, paraos remidos do Senhor, alguns chegaram a sugerir que o “manáescondido” seja o fruto da árvore da vida, visto que os doisrepresentam Cristo, que é o Pão da Vida, e quem dele sealimenta, passa a ter vida, e vida com abundância. Com efeito,porém, tudo indica que, no simbolismo, isso é possível.Contudo, literalmente falando, parece que um é diferente dooutro, ainda que, em Cristo, isso possa coexistir. Ele é o Pãoda vida que alimenta o mundo com a Sua palavra e nutre SuaIgreja com Sua presença. No Paraíso de Adão – ainda queplantado por Deus — foi vedado ao homem o direito de comerda árvore da vida. Tal proibição foi ocasionada pelo pecadodo homem. Adão era santo, mas se tornou um pecador. Ele,portanto, doravante, não podia comer do fruto da vida,

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produzido por aquela árvore. Se houve uma remoção doParaíso para a imediata presença de Deus, com ele tambémfoi conduzida a árvore da vida.

2. Quem vencer – comerá do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca. “Ao que vencer darei eu a comerdo maná escondido (...) e lhe darei uma pedra branca” (Ap2.17). Ao vencedor da Igreja de Pérgamo, Jesus fez-lhe duaspromessas: comer do maná escondido e receber como troféuuma pedra branca.

a) O maná escondido – A história do maná começa assim:“E, alçando o orvalho caído, eis que sobre a face do desertoestava uma coisa miúda, redonda, miúda como a geada sobrea terra. E, vendo-a os filhos de Israel, disseram uns aosoutros: Que é isto?=[Man hu?]...” (Êx 16.14-15). O maná,mesmo tendo caído no deserto, era “pão do céu”. Seu sabornão era terrestre. Era uma figura de Cristo na Sua humilhaçãoaqui no mundo, o verdadeiro pão do céu (Jo 6.32). O trigo erada terra. Seu sabor era do lugar onde se encontrava. Era umafigura de Cristo que — mesmo sendo Deus – nasceu naPalestina e ali foi exaltado por Deus. O maná que caía nodeserto – mas que não era do deserto – representa Cristo –que estava no mundo – mas não era do mundo. Este seencontrava num vaso de ouro. Este vaso representa o crentefiel que guarda em seu coração a Cristo e sua palavra (Sl119.11). O sábio alemão Werner Keller procura, através deinformações clássicas, apresentar uma explicação natural parao maná. Ele diz que o maná é um exemplo verdadeiramenteclássico de como certas ideias e conceitos preconcebidos semantêm, por vezes obstinadamente, através das gerações ecomo é difícil fazer prevalecer a verdade. Dir-se-ia que ninguémquer admitir que o ‘pão do céu’ exista realmente. E, contudo,não faltam escritos fidedignos sobre sua existência. “Em todosos vales, em volta do monte Sinai, encontra-se até hoje o pãodo céu, que os monges e os árabes apanham, conservam evendem aos peregrinos e aos estrangeiros que por aquiaparecem”; palavras do decano de Mogúncia, Breitenbach,

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no ano de 1483. Sobre sua peregrinação no Sinai, ele aindadiz: “O dito pão do céu cai pela manhã, ao amanhecer,exatamente como o orvalho ou a geada, e pende como gotasna erva, nas pedras e nos ramos das árvores. É doce como omel, e gruda aos dentes quando se come, e nós compramosalgumas partes”. Um outro testemunho diz que o maná nãoera outra coisa senão uma secreção das árvores e arbustosda tamargueira, quando, picados por uma espécie decochonilha, característica do Sinai. Cem anos mais tarde,houve uma verdadeira expedição em busca do maná. Obotânico Friedrich Simon Bodenheimer e Oskar Theodor, daUniversidade Hebraica de Jerusalém, seguiram para apenínsula do Sinai a fim de esclarecerem finalmente a tãodebatida questão do fenômeno do maná. Durante váriosmeses, os dois cientistas exploraram extensamente os valessecos e os oásis em volta do monte Sinai. Seu comunicadocausou sensação. Eles não só haviam trazido a primeirafotografia do maná, não só os resultados de suas pesquisasconfirmavam as declarações de Breitenbach e Ehrenberg, comomostravam também o realismo com que a Bíblia descrevia aperegrinação dos filhos de Israel pelo deserto. Sem acochonilha mencionada pela primeira vez por Ehrenberg, nãohaveria, com efeito, maná. Esses pequenos insetos vivemsobretudo nas mencionadas tamargueiras, nativas do Sinai,que pertencem às acácias. Essas árvores expelem uma secreçãoresinosa características que, segundo os dados deBodenheimer, têm a forma e o tamanho da semente do coentro.Ao cair é branca e, só depois de ficar muito tempo no solo,adquire uma cor de pardo-amarelada. Naturalmente, os doispesquisadores não iam deixar também de provar o maná. “Ogosto dos grãozinhos cristalizados do maná é de uma doçuracaracterística”, diz Bodenheimer. “A coisa a que mais se podecomparar é ao açúcar de mel, produto do mel de abelha velho.”“Era como a semente de coentro, branco”, diz a Bíblia, “e oseu sabor como o da farinha amassada com mel” (Êx 16.31).A ocorrência do maná depende de uma chuva de invernofavorável e é diferente de ano para ano. Nos anos bons, os

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beduínos do Sinai recolhem até um quilo e meio por homemcada manhã. Uma porção respeitável que chega perfeitamentepara satisfazer um adulto. Os beduínos fazem das gotas domaná uma massa muito apreciada e rica em vitaminas, queusam como complemento de sua alimentação frequentementemonótona. O maná é até um artigo de exportação e bemconservado. As tamargueiras com maná continuamproliferando no Sinai e ao longo do deserto da Arábia até omar Morto.1

Confirmando o que dizem muitos habitantes do deserto,Josefo, historiador judaico, diz: “Cai ainda hoje, naqueleslugares, orvalho semelhante a este que Deus mandou em favorde Moisés. Os hebreus chamaram-no maná, o que nossa línguacorresponde a uma espécie de interrogação, como que diz:‘Que é isto?’. Comumente o chamaram de maná. Receberam-no, pois, com grande alegria, como vindo do céu e com ele sealimentaram durante quarenta anos, enquanto viveram nodeserto”.2

Com efeito, porém, o maná que o Senhor mandou para osfilhos de Israel era parecido com o que cai ainda hoje no desertodo Sinai. Ele era “...uma coisa miúda, redonda, miúda como ageada sobre a terra...era como semente de coentro branco, eo seu sabor como bolos de mel” (Êx 16.14, 31). Contudo, elenão era do deserto – era trigo do céu – o pão dos poderosos(Sl 78.24-25). O maná somente cessou quando os filhos deIsrael chegaram na fronteira de Canaã, “...e comeram do trigoda terra do ano antecedente, ao outro dia, depois daPáscoa...cessou o maná no dia seguinte” (Js 5.11-12).

b) Quem vencer receberá uma pedrinha branca – “Receberuma pedrinha branca” (Ap 2.17). A pedrinha branca eraempregada em diversos fins na antiguidade e cada um delesdava um sentido simbólico a aquele que a recebia. Contudo,alguns têm sugerido que a pedrinha branca era conferida aohomem que tinha sido absolvido de algum processo ou tinhasaído vencedor em alguma competição. E, como prova de quetinha sido absolvido pelo juiz, ou tinha chegado a linha final

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em primeiro lugar, era-lhe conferido esta pedra e ele a conduziaconsigo, como prova perante os olhos de todos que estavadoravante isento da culpa. Em sentido contrário, era feito comrelação aquele que tinha sido condenado pelo tribunal. Ela,em lugar de conduzir uma pedrinha branca, conduzia umapedra de cor preta, como sinal de sua condenação. Naquelaspedrinhas brancas ou pretas eram colocados dois nomes,falando em sentido hodierno para melhor ser entendido pornossa mente natural, absolvição ou condenação. Mas, napedrinha que o vencedor receber aqui das mãos de Cristo,parece que não está escrito nem uma coisa nem outra. Estáescrito, sim, “um novo nome” que cada cristão receberá naeternidade. Também, por extensão, parece que este novo nomeque se encontra escrito na pedrinha branca refere-se ao nomemisterioso que trará o Filho de Deus, quando vier à terra compoder e grande glória (Ap 19.12). Ele diz respeito ao novonome social, que a Igreja receberá nas bodas do Cordeiro,quando for oficializado ali seu casamento com o noivo celestial.Este nome, portanto, confere-lhe o direito de filiação comJesus, o Filho de Deus (cf. Is 56.5; Jr 15.16; Ap 2.17; 19.12).Todavia, convém notar que o “novo nome” de Apocalipse 2.17está escrito na “pedrinha branca” que o vencedor receberá,enquanto que o “novo nome de Cristo” será escrito sobre opróprio vencedor. Seja como for, com o nosso novo nome, dadoa nós por Cristo e com o novo nome de Cristo sobre nós,podemos cantar o hino da vitória eterna: “Somos mais doque vencedores!”.

3. Quem vencer – não receberá o dano da segundamorte. “O que vencer não receberá o dano da segunda morte”(Ap 2.11). Quando o homem pecou, fazendo aquilo que seriacontrário a vontade divina, ele contraiu para si e para ahumanidade quatro gêneros de morte, a saber:

a) A morte moral – Adão e sua esposa esconderam-se dapresença da santidade divina quando ouviram a voz do Senhorque passeava no jardim pela viração do dia, porqueconheceram que estavam nus. Adão alegou a Deus dizendo:

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“Ouvi a Tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, eme escondi” (Gn 3.10). Fisicamente falando, tanto Adão comosua esposa não estavam mortos. Eles continuavam a viver esomente 930 depois é que Adão veio a morrer. O problemaaqui era de ordem moral. O homem agora encontrava-se mortoao olhos de Deus quando este o inquiriu do ponto de vistamoral (cf. Gn 20.3).

b) A morte física – Com o pecado de Adão no jardim doÉden, a morte por ele contraída passou a ser uma espécie deveículo transmissor. Partindo de um só homem (Adão), elapassou a atingir todos os homens. Até mesmo aqueles quenão pecaram à semelhança de Adão. É isso que o apóstoloPaulo, quando discorria sobre a natureza do pecado, disse:“Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, epelo pecado a morte, assim também a morte passou a todosos homens, por isso que todos pecaram” (Rm 5.12). Doravantea sentença de morte passou de Adão aos seus descendentes.Assim “aos homens está ordenado morrerem uma vez vindodepois disso o juízo” (Hb 9.27b).

c) A morte espiritual – Este gênero de morte mostra o estadodo pecador antes de aceitar Jesus como Salvador. Paulo faloupara os crentes de Éfeso que, mesmo eles estando vivosfisicamente falando, encontram-se “mortos em ofensas epecados” (Ef 2.1). Este tipo de morte ainda não é a morteeterna que afasta toda e qualquer possibilidade do homemser salvo. Ela apresenta um estado intermediário entre asalvação e a perdição da pessoa humana. Contudo, se o homemnão optar pela salvação em Jesus, enquanto viver, esta morteespiritual intermediária pode conduzi-lo à segunda morte, queé a morte eterna, a qual caindo em suas garras, o homemperde toda a possibilidade de ser salvo ou de alcançar ocaminho da redenção.

d) A segunda morte – A segunda morte refere-se àdestruição eterna de que a pessoa humana sem Deus, podenela cair. Ela aponta para o estado eterno e permanente deum lugar onde quem a ele chegar permanecerá numa existência

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triste e inativa. Em Apocalipse, encontramos, em várioslugares, referências sobre a “segunda morte” (2.11; 20.6,14;21.18), sendo destinada aos vencidos, mas, que dano algumcausará aos vencedores. Lamentavelmente, aqueles queviveram sem Deus e o temor que Lhe é devido, somente irãoherdar a segunda morte como recompensa de sua vidadissoluta. Ao contrário daqueles que viveram e morreram naesperança da redenção de Jesus. Estes herdarão a vida eternae o direito de comerem da árvore da vida, que está no meio doparaíso de Deus, plantado na cidade celestial.

4. Quem vencer – terá poder sobre as nações e receberáa estrela da manhã. “Ao que vencer (...) eu lhe darei podersobre as nações (...) e lhe darei a estrela da manhã” (Ap 2.26,28). À semelhança da igreja de Pérgamo, o vencedor aqui naigreja de Tiatira tem direito a duas promessas: receber podersobre as nações e receber ainda a estrela da manhã.

a) Receber poder sobre as nações – O poder de dominar asnações do mundo fora conferido ao povo de Israel, quandoeste observava a Lei do Senhor. Mas este poder conferido aIsrael trazia em si mais um sentido político e bélico. Ele eramantido mediante a comunhão constante do povo de Israelcom Deus. Quando o poder pecava, e Deus Se afastava de Seupovo, o fracasso vinha de imediato. A confirmação de reinarsobre todos os povos teria sido realizada a Israel se ele tivessereconhecido e aceitado o Senhor Jesus como o Messiasprometido, quando Ele veio em Seu estado de humilhação. MasIsrael rejeitou este direito e, doravante, ele foi transferido paraum outro povo – a Igreja (Jo 1.11-12; Rm 11.25). Em sentidoespiritual, a Igreja faz parte do governo teocrático de Cristoaqui neste mundo. Mas a verdadeira participação de reinarsobre as nações terá seu real cumprimento, em sentido literal,durante o reino milenar do Filho de Deus, quando os apóstolosreceberão o poder de julgar as doze tribos de Israel e a Igreja,como um todo, de reinar sobre todos os habitantes do mundo.

b) Receber a estrela da manhã – A terminologia aqui estáabreviada e consta somente a ‘estrela da manhã’, indicando

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talvez a estrela da manhã da aurora do “dia da eternidade”(2 Pe 3.18). A estrela da alva, como é conhecida, é a que maisse encontra perto de nós. Mas, em Apocalipse 22.16, Jesus seapresenta a si mesmo como sendo (“a resplandecente estrelada manhã”). Antes, porém, Ele afirmava ser “a raiz e a geraçãode Davi”. Estrela e raiz pertencem a mundos diferentes. Masaqui se diz que Jesus é cidadão de ambos os mundos. SomenteEle podia conciliar, em Sua pessoa, ofícios e funções opostoscomo estes. Ele é pastor e ovelha, sacerdote e sacrifício, vinhoe videira, Senhor e servo, Rei e súdito. Só Ele, portanto, é“tudo em todos” (Cl 3.11). A raiz é local, pregada a um lugar.Procede de uma semente em determinado solo e devepermanecer onde encontra alimento. A estrela, por outro lado,é universal, derrama luz e influência sobre o mundo. Assim éCristo. Ele nasceu como “raiz duma terra seca” na Palestina,mas tinha vindo do céu, da mais alta e sublime corte celestial.Em Isaías 14.12, o inimigo de Deus e dos homens é tambémchamado de “estrela da manhã”. Mas, devemos ter em nossasmentes que, quando este título é aplicado ao Senhor Jesus,passa por uma modificação considerável no significado dopensamento. O diabo é descrito como sendo a “estrela damanhã” ou “filha da alva”. Jesus, pelo contrário, é apresentadocomo sendo “a resplandecente estrela da manhã” (Ap 22.16).Cremos que o acréscimo “resplandecente”, juntando-se à frase“a estrela da manhã”, tenha sido adicionado pelo próprioSenhor Jesus, com a finalidade de não trazer nenhuma dúvidano tocante a Sua identificação com este título (especialmenteentre os anjos) que aqui está em foco.

5. “Quem vencer...” – O versículo inteiro apresenta trêspromessas ao vencedor: “Quem vencer será vestido de vestesbrancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livroda vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diantedos seus anjos.” Três coisas importantes envolvem aqui estapromessa do Senhor, conforme apresente o texto divinoimediato, que diz: “O que vencer será vestido de vestes brancase, de maneira nenhuma, riscarei o seu nome do livro da vida;e confessarei o seu nome diante de Meu Pai e diante dos Seus

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anjos” (Ap 3.5). Poderemos observar nesta promessa doSenhor várias modalidades importantes:

a) As vestes brancas – Podem apontar para duas direçõesprincipais:

1º. Isso pode aponta para a ressurreição ou transformação donosso corpo. Paulo apresenta a ressurreição e transformação (dosvivos) como uma espécie de revestimento. Ele diz: “Porque convémque isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e queisto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que écorruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal serevestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que estáescrita: Tragada foi a morte na vitória” (1 Co 15.53-54). Com estainterpretação que o apóstolo dá aqui à Igreja de Corinto, o corpoda ressurreição pode ser comparado a um vestuário de glória.

2º. As vestes brancas também falam da santidade e justiçados santos. Em Apocalipse 19.8, o apóstolo João deixa bemclaro o significado deste argumento, quando fala que a Igreja“foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro eresplandecente...”. Depois ele conclui dizendo: “Porque o linhofino são as justiças dos santos”. Alguns da Igreja de Sardotinham manchado suas vestes, mas outros, não. A estesoutros que não contaminaram seus vestidos, o Senhor lhesassegura o direito de andar com Ele, “...porquanto (disseJesus) são dignas disso”.

b) Jesus não riscará o seu nome do livro da vida – Agarantia de Deus a Moisés é que somente riscaria de Seu livro(o livro da vida) aquele que pecasse contra ele (Êx 32.33). E osalmista acrescenta que somente seriam apagados do livroda vida os nomes daqueles que traíssem o Messias (Sl 69.28).Com efeito, porém, para aqueles que permanecessem fiéis aCristo e à Sua palavra, jamais seus nomes sairiam das páginasdeste livro. O livro da vida do Cordeiro, como é chamado emoutras passagens, é o livro que dá admissão ao mundo eterno,e a promessa do Senhor aqui é de que de “maneira nenhuma”riscará o nome daquele que permanecer como vencedor fieldo livro da vida. (Ap 3.5; 13.8; 17.8; 20.12,15; 21.27).

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c) Jesus confessará o seu nome diante do Pai e dos anjos –Esta promessa lembrada pelo Senhor, citada aqui, de queconfessaria diante do Pai e de Seus santos anjos, o nomedaquele que não se envergonhasse dEle e de Suas palavras,já tinha sido feita por Ele durante a Sua vida terrena, quandodisse em Mateus 10. 32: “Portanto, qualquer que Me confessardiante dos homens, Eu o confessarei diante de Meu Pai, queestá nos céus”. Na passagem de Lucas 12.8, é acrescentadono texto “os anjos de Deus”, isto é, “...aquele que Me confessardiante dos homens também o Filho do homem o confessarádiante dos anjos de Deus”. A confissão que aqui está em foconão se refere apenas ao ato de proferir palavras, e menosainda ao fato de alguém confessar-se cristão numa igreja.Ela significa mais do que isso. A confissão aqui, a qual JesusSe refere, é à confissão dada pela vida inteira, o que envolvea vida cristã dentro e fora da comunidade a que se pertence.Assim, como forma de recompensa àquele que aqui na terrade Cristo não se envergonhou – também agora no céu, o Filhodo homem, dele não Se envergonhará.

6. “A quem vencer...” – O versículo completo apresentaquatro promessas ao vencedor: “Quem vencer eu o fareicoluna no templo do Meu Deus, e dele nunca sairá, e escrevereisobre ele o nome do Meu Deus, e o nome da cidade do MeuDeus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do Meu Deus, etambém o Meu novo nome. Para o vencedor da igreja deFiladélfia, o Senhor multiplica Suas promessas. Agora ao invésde uma ou duas, aparecem cinco: “A quem vencer, Eu o fareicoluna no templo do Meu Deus, e dele nunca sairá, e escreveisobre ele o nome do Meu Deus, e o nome da cidade do MeuDeus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do Meu Deus, etambém o Meu novo nome” (Ap 3.12).

a) Ser coluna no templo de Deus – Tiago, Cefas (Pedro)e João foram considerados como as colunas na Igreja deJerusalém (Gl 2.9). Agora, no tempo presente, o mesmo se dizda Igreja, que é chamada de “Coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3.15). Com efeito, porém, esta união com Deus e com Cristo

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dar-se-á de forma individual e consciente por parte de cadacristão. Ela nada tem a ver com a ideia errônea datransmigração da alma. Tanto a ideia panteísta e outras ideiasherdadas do antigo Egito ensinavam que, no destino final daalma, esta se fundia em Deus e ali perdia a sua individualidade.A crença egípcia e que, depois, passou para os gregos, datransmigração da alma, era um tanto absurda e é o que podiaser chamado, hoje, de espiritismo disfarçado. O desejo do Senhoré que cada crente, não só no sentido coletivo, mas também nosentido individual, seja considerado como sendo uma coluna.Não se refere a coluna de qualquer edifício que existe por aí emqualquer lugar do mundo. Não! Ele abrange um sentido novoe sem igual. Cada cristão vencedor será feito por Jesus “colunano templo de Deus” que está edificado na cidade celestial. Comona cidade celestial João não viu templo, porque o “seu templo éo Senhor Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro”, fica evidenciado,portanto, que cada cristão ali será uma parte da essência deDeus e de Cristo, participando da natureza divina na maisperfeita união (Ap 21.22). Jesus ensinou que seria necessárioque cada crente estivesse enxertado em sua pessoa. Ele disse:“Estai em Mim, e Eu em vós” (Jo 15.4a).

b) Ter o direito de morar e adorar no Templo de Deusperpetuamente – “Dele nunca sairá”. Aqui, portanto, secumpre tudo aquilo que o salmista tanto desejava realizardurante a sua vida terrena, de poder morar na casa do Senhortodos os dias da sua vida. Assim disse ele: “Uma coisa pediao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhortodos os dias da minha vida, para contemplar a formosurado Senhor, e aprender no Seu templo” (Sl 27.4).

c) Ter (escrito) em sua testa o nome de Deus – Os nomes deJesus e de Deus encontram-se escritos nas testas dos cento equarenta e quatro mil assinalados, que são vistos com oCordeiro, no monte Sião. A besta, durante seu reinado detrevas, tinha também posto um nome na mão e na testa deseus súditos, que servia como selo de garantia para que elespudessem “comprar ou vender”. Contudo, este selo deve ser

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chamado de “selo da morte”, porquanto ele veio do abismo,isto é, do mundo dos mortos e irá a perdição. Mas estes144.000 foram assinalados, em suas testas, com os nomes deDeus e de Cristo, nomes estes que, em si mesmos, representama imortalidade (Ap 7.3; 14.1). O anjo que deu ordem aos quatroanjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, tinha oselo do Deus vivo – no selo, evidentemente, vinham escritosos nomes de Deus e o de Seu Filho Jesus Cristo.

d) Ter (escrito sobre ele) o nome da Jerusalém celestial – Acidade que aqui está em foco é a Jerusalém celestial. Elaaparece descrita minuciosamente no capítulo 21 de Apocalipsee, no próximo capítulo, procuraremos fazer uma ligeiradescrição da ‘cidade de Deus’, que aqui chamada de “a grandecidade, a santa Jerusalém”. Mas, para que o leitor tenha umamaior compreensão do significado pensamento e da teseprincipal que aqui está em foco, começaremos a descrição dacidade celestial, tomando como pano de fundo, a Jerusalémque agora existe como reminiscência da Jerusalém que é decima, a qual é mãe de todos nós.

7. Quem vencer – se assentará no trono de Cristo. “Aoque vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono,assim como Eu venci, e Me assentei com Meu Pai no Seu trono”(Ap 3.21). A última promessa do Senhor nesta série sucessivaé conceder o direito de cada vencedor de se assentar com Eleem Seu trono. Existem dois tronos que pertencem a Cristo, oUngido do Senhor, por direito e por resgate: um terrestre e ooutro, celestial. O trono terrestre é o trono de Davi, Seu pai.Pela linhagem de Davi, como monarca de Israel, este trono darealeza, pertence a Cristo, como raiz e geração de Davi. Masos Seus compatriotas não lhe deixaram que Ele Se assentassenesse trono e reinasse sobre eles. E até disseram: “Nãoqueremos que este reine sobre nós” (Lc 19.14). Quando o anjoGabriel falou a Maria a respeito de Jesus que nasceria de Suasentranhas, embora fosse gerado nela pela virtude do EspíritoSanto, acrescentou dizendo: “Este (Jesus) será grande, e seráchamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus Lhe dará o trono

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de Davi, Seu pai” (Lc 1.32). Este trono, portanto, refere-se aocomando de toda a nação de Israel; contudo, em sentido real,ele será ocupado por Cristo e, através dEle, exercerá Seu reinode paz, durante o Milênio. Mas o trono que aqui está em foco,no qual se assentará, ao lado de Cristo, todo aquele que fordeclarado vencedor, é o trono da majestade. Ele pertence aCristo também por direito de filiação divina entre ele e o Pai.Na atual dispensação, ele se encontra vazio. Nenhumpersonagem celestial encontra-se nele assentado. QuandoCristo morreu e ressuscitou, Ele completou a missão divinaredentora que do Pai tinha recebido. Deus ficou tão satisfeitocom tudo aquilo que Seu Filho fez e realizou, que O convidoupara que Ele Se assentasse no Seu próprio trono. Isto é descritopor João em Apocalipse 12 5, quando diz: “E o seu Filho foiarrebatado para Deus e para o Seu trono”. Dado este feitoglorioso por parte de Deus, o trono de Jesus ficou vazio aolado do trono de Deus, que é chamado de ‘o trono da majestade’(Hb 8.1), e o de Jesus é chamado de “o trono do Cordeiro” (Ap22.1). Assim, portanto, o trono exclusivo de Cristo encontra-se reservado ao lado de Deus, aguardando a Sua noiva (aIgreja) quando esta for arrebatada por Ele. Cremos que, depoisda celebração das bodas, ali no céu, Jesus conduzirá Suaesposa, que, doravante, passou a ser chamada de “esposa, amulher do Cordeiro”, e com ela Se assentará neste trono deglória, harmonia e amor e nele e por ele reinará eternamente.O trono da majestade divina encontra-se edificado no centroda cidade celestial.

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I. A DESCRIÇÃO DA CIDADE DE DAVI

1. A Jerusalém terrestre. A Jerusalém terrestre erachamada no passado de “Jebus” e depois de “Salém”. Nosdias de Davi, passou a ser chamada de “a fortaleza de Sião”,em alusão ao monte Sião, onde a cidade se encontravafortificada. Com a conquista feita por Davi e seus homens,houve uma modificação de nome e ela passou a ser chamadade “a cidade de Davi” (2 Sm 5.7,9). Segundo os historiadores,a cidade de Jerusalém terrena foi sitiada mais de 50 vezes,conquistada mais de 30 e destruída 10 vezes. As suasmuralhas, como as vemos hoje, são uma soma de diferentesperíodos de construção no decorrer dos séculos. Mas, foi naépoca de Suleimã, o Magnífico, em 1538 a 1542 d.C., que elasadquiriram sua forma atual. Nessas muralhas, deaproximadamente 3 km de comprimento e 13 m de altura, há34 torres e 8 portões. Descrevendo-os do leste para o norte:

• O portão de ouro (leste).• O portão de Santo Estevão (porta dos leões = leste).• O portão de Damasco (norte).• O portão de Herodes (norte).• O novo portão (norte).• O portão de Jafa (ocidental).

A NOVA JERUSALÉM – ACAPITAL CELESTIAL DOMUNDO DO FUTURO

C A P Í T U L O 1 4

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• O portão do lixo (sul).• O portão de Sião (sul).2. Como era Jerusalém no passado. Nos dias de Neemias,

a muralha tinha uma extensão maior e nela foram construídasdoze portas, talvez com reminiscências na cidade da Jerusalémcelestial (Ap 21.13).

• A porta do gado (Ne 3.1).• A porta do peixe (Ne 3.3).• A porta velha (Ne 3.6).• A porta do vale (Ne 3.13).• A porta do monturo (Ne 3.14).• A porta do fonte do dragão (Ne 2.13; 3.15).• A porta sacerdotal (Ne 3.20).• A porta dos cavalos (Ne 3.28).• A porta oriental (Ne 3.29).• A porta de mifcade (Ne 3.31).• A porta de Efraim (Ne 8.16).1º. A importância da Igreja na terra e na cidade celestial.

Quando se fala da Igreja no Novo Testamento, em uma figurade retórica, ela está associada a vários elementos da cidadecelestial. O próprio Jesus, em figura de linguagem, comparoua Igreja como sendo uma cidade edificada sobre um monte –“Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte”(Mt 5.14). Uma cidade na Antiguidade, com suas portas eferrolhos, era um centro da atividade e cooperação, harmoniae governo, e, edificada sobre “um monte”, é bem evidente. AIgreja como cidade, seu muro é comparado a Salvação e suasportas, a louvor (Is 60.18). No livro de Neemias, capítulos 2 e3, encontramos os judeus (a igreja do Antigo Testamento)restaurando as 12 portas da cidade de Jerusalém e Joãodescreve a Jerusalém celestial com doze portas apontando paraas direções cardeais (Ap 21.12-14). Na atual dispensação, aIgreja também pode ser descrita como o centro de expansão

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do reino de Deus, como uma cidade que contém suas portas,como via de acesso à imediata presença do Senhor (cf. Sl 46.4).Em muitos episódios das Escrituras, as coisas que existemna terra (com exceção) são “...sombra das coisas celestiais” e“...figuras das coisas que estão no céu...” (cf. Hb 8.5; 9.23).Assim, se na antiga Jerusalém terrestre havia doze portas,era, por assim dizer, uma cópia da Jerusalém celestial.Conforme a citação acima mencionada, essas portas estavamtambém em direção cardeais: ladeavam, por todas as bandas,a cidade de Davi. Isso pode ser comparado também aoacampamento de Israel, onde havia arranjo das tribos deacordo com direções dos pontos cardeais.

• A leste ficava Judá, Issacar e Zebulom.• Ao sul, Rúben, Simeão e Gade.• A oeste, Efraim, Manassés e Benjamim.• Ao norte, Dã, Asser e Naftali (Nm – 2).2º. As trevas e a luz. Muitas vezes, nas Escrituras, o

mundo é associado às trevas, à ignorância, à esfera daescuridão. Jesus, em contrário de tudo isso, é chamado de Solda Justiça e de luz do mundo. Ele é “a luz [que] resplandecenas trevas, e as trevas não a compreenderam” (Jo 1.5). E ainda:“E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homensamaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obraseram más” (Jo 3.19). Segundo os ensinos de Jesus, sem essailuminação o mundo seria um lugar tenebroso. Seusdiscípulos, portanto, pois, devem ser uma “cidade edificadasobre um monte” para que todos ao redor dela, possam ver aluz que é Jesus. Perto do lugar onde Jesus se encontravaensinando essas coisas, havia uma cidade edificada sobre omonte Tabor, chamada “Safed” e ali, uma fortaleza edificadasobre o monte. Alguns acreditam que a localidade talveztivesse inspirado Jesus a pronunciar tais palavras. A fortalezade Tabor seria visível do monte onde ele se achava. Mesmo ànoite, a despeito das luzes serem fracas, posto estar situadaem um monte, a cidade era visível de longe. Na presente

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dispensação, a Igreja, aqui na terra, representa o larprovisório dos remidos do Senhor e nela a porta da salvaçãocontinua aberta, até que se escute aquele “grito da meia noite”que marcará o fim de um período e o começo de um outro:“...fechou-se a porta!”. No Céu, também, há doze portasprincipais, mostrando a grandeza da bondade de Deus paratodas as dimensões da existência. De igual modo, Paulocomparou a Igreja como sendo o Corpo de Cristo, dizendo:“Ora vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular”(1 Co 12.27). Para a Igreja do Senhor que estava em Éfeso,Paulo descreve o seguinte: “Porque somos membros do Seucorpo (...) grande é este mistério: digo-o, porém, a respeito deCristo e da igreja” (Ef 5.30,32). Quando aceitamos Jesus comonosso Salvador e nascemos de novo (Jo 3.3), tornamo-nosmembros do corpo invisível de Cristo, pelo fato de termos sidobatizados nas águas de sua morte (cf. Lc 12.50; Rm 6.2-4; Ef4.5), enquanto que, quando somos batizados nas águas, nostornamos membros do corpo visível de Cristo, que é a SuaIgreja. “Assim podemos observar que, quando Deus visitou ohomem para mostrar-lhe a Sua glória, Ele veio num corpo –em carne humana. Jesus era Deus encarnado. Agora eu e vocêsomos o Seu corpo. Você [é] a Igreja. A Igreja é o corpo deCristo. Você [é] o corpo de Cristo em sua comunidade. Deusministrava através de Cristo. Cristo ministra através de SuaIgreja. Acerca de dois milênios atrás, Cristo ministrou atravésde um corpo humano. Hoje o Seu corpo é a Igreja. E a Igrejasou [o meu corpo] e você [o seu corpo]. Quando visitamos osenfermos ou os pecadores, Jesus está em nós ministrandosalvação e curas divinas”. (T. L. Osborn).

Agora poderemos levantar a seguinte objeção aplicada emduas figuras, “corpo” e “esposa”, sendo a mesma entidadeespiritual: “Uma vez que o Novo Testamento chama a Igrejade “corpo” de Cristo, como podemos chamar o mesmo povo de“esposa” do Cordeiro (Ap 19.7), pois a “esposa” não pode sero “corpo” do próprio esposo. Contudo, está de perfeito acordocom a Bíblia, pois tanto no Antigo Testamento (Gn 2.21-24)

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como no Novo Testamento (Ef 5.28-32), não obstante seremmarido e mulher pessoas distintas, são considerados comoformando “uma só carne”. Não há, portanto, incoerência naaplicação das duas metáforas à mesma relação existente entreCristo e Sua Igreja. Na qualidade de corpo, a Igreja participada vida de Cristo que é a cabeça; na qualidade de Esposa,participará eternamente de Seu amor. No pensamentoapostólico, a Igreja é o órgão por meio do qual Cristo estápresente e ativo no mundo, no intervalo entre sua ressurreiçãoe sua volta para o arrebatamento. O corpo de Cristo tomaforma quando se reúne para o culto na presença de seu Senhore quando a Ceia é celebrada (cf. 1 Co 10.16 e s). A figura deum corpo vivo continua em uma outra figura de linguagemdescrevendo a Igreja como sendo uma noiva. Ele diz: “Portantoestou zeloso de vós com zelo de Deus, porque vos tenhopreparado para vos apresentar como uma virgem pura a ummarido, a saber, a Cristo” (2 Co 11.2).

3. Três livros femininos. Na Bíblia, encontramos trêslivros femininos: Rute, Ester e Cantares de Salomão.

a) No livro de Rute, apresenta-se uma figura da noivaprocurando amar a Cristo.

b) No livro de Cantares, apresenta-se uma figura da noivajá amando a Cristo.

c) E, no livro de Ester, apresenta-se uma figura da noivacasada com Cristo e reinando num País distante (o Céu).

No livro de Cantares, o amor de Cristo e sua Igreja édesenvolvido, enquanto que, nos demais, é apenas apresentado.O rei Salomão foi uma figura de Cristo; a Sulamita, uma figurade Sua Igreja. No poema ali apresentado, podemos ver o seguinteenlace: o rei Salomão visita sua vinha no Monte Líbano. Chegade improviso onde está uma formosa donzela sulamita. Ela foge,mas ele vai visitá-la, disfarçado de pastor e a persuade a casar-se com ele. Logo vem recebê-la como rainha. Encaminham-separa o palácio real. Em primeiro lugar, era indubitavelmente umcanto de amor terrestre, mas muito puro e muito lindo...para

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aqueles que vivem vidas simples, estes cânticos são cheios deformosura e expressam a linguagem do amor humano, quetambém teve origem numa fonte divina. Finalmente, nasexperiências espirituais, expressam a realidade daqueles que têmsido ganhos por Deus em Cristo, a Quem amam e conhecem,como o Noivo mais importante do Universo!. A noiva de Cristo,comparada como uma “virgem”, fala da pureza, da santidade einviolabilidade a ela inerentes. Agora, aqui no Apocalipse, Joãocompleta dizendo que a Igreja é a Esposa, a mulher do Cordeiroe diz: “Regozijemo-nos, e nos alegremos, e lhe demos glória,porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já Sua esposa seaprontou (...) vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro”(Ap 19.7; 21.9). Cristo, nosso Salvador, honrou com Sua presençae transformou, com Seu poder divino, as bodas de Caná daGaliléia, realizando ali Seu primeiro milagre. Desse modo, Elemostrou o valor que tem o casamento com uma manifestaçãosobrenatural. A união entre Cristo e Sua esposa fala da presençaíntima no viver dos dois. Assim, Cristo vive por Si mesmo e aIgreja, por causa de Cristo. Tudo isso e muito mais bem podeilustrar a união co-eterna, duradoura e permanente que haveráentre Cristo e Sua Igreja, agora, no presente, como noiva e, naeternidade, como esposa. O casamento do Cordeiro será, semdúvida, o maior e mais sublime acontecimento da históriahumana e angelical. Alguns textos das Escrituras descrevem aformosura da esposa de Cristo. Ela aparecerá diante de Deus, edos Seus santos, e dos amigos do Noivo.

II. A DESCRIÇÃO DA CIDADE DE DEUS

1. Descrição em detalhes da cidade divina. “E levou-meem espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a grandecidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu” (Ap 21.10). Quando voltamos nossa atenção para a cidade de Deus,observamos nela uma série de particularidades em suadescrição e pujança, que ultrapassam todos os limites daimaginação humana.

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a) Ela é ‘grande’ – o que oferece lugar para todos os santosde todos os tempos.

b) Ela é ‘santa’ – o que revela a sua pureza e dignidade.c) Ela descia de Deus – o que mostra a sua origem, riqueza

e valor.d) Ela é edificada sobre um monte – o que mostra a sua

vista e esplendor.e) Ela tinha a ‘glória de Deus’ – o que mostra sua honra e

dignidade.f) Ela tem luz semelhante a uma pedra preciosíssima – isto

é – a sua luz é sobrenatural e vem diretamente da face doCordeiro. O próprio Cordeiro é sua lâmpada – por isso ela échamada de “a glória de Deus” (21.23).

g) Ela tem doze portas que eram ‘doze pérolas’ – O quemostra o valor aquisitivo da cidade. Todas as riquezas domundo, somando-se as de todos os tempos da históriahumana, são insuficientes para comprar uma casa ou mesmoum pequeno terreno! Na cidade divina. A moeda corrente compoder de compra na Jerusalém divina é somente o ‘sangue doCordeiro!’. Fora dele, ninguém terá acesso à cidade do grandeDeus (cf. Ap 5.9).

h) Ela tem em cada porta um anjo guardião – O que mostrasua segurança perfeita e eterna.

i) Ela tem em suas portas os nomes das doze tribos de Israelestão – em Ezequiel 48.31-34, há uma descrição semelhante aesta que aqui está em foco, aplicada a nova Jerusalém durantea era milenial. Isso aponta para a durabilidade e eternidade dacidade do Senhor, isto é, em qualquer tempo, seja ele sucessivoou eterno – ela sempre será a mesma!

j) Ela tem uma praça – Nesta praça podem se reunir todosos remidos todas as vezes que quiserem e ali falarem de todasas bondades do Senhor! Também lembrar de Sua morte e tudoaquilo que ela representa para eles (A p 22.1-2).

k) Ela tem, nos fundamentos do seu muro, o adorno depedras preciosas – Na Jerusalém terrestre, as doze portas eram

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feitas de madeira e bronze, mas as da Jerusalém celestial são“doze pérolas”, isto é, “cada uma das portas era uma pérola”.

2. O muro da cidade divina. (Curiosidade). Ela tem umalto muro – este muro não acompanhava a altura da cidade,que tinha doze mil estádios de altura – mas apenas se podiamedir nele 144 côvados (21.17). Ele é tomado aqui apenaspara representar a segurança e proteção que haverá na cidadecelestial. Mas esta segurança não se refere a uma proteçãofísica e natural, pois ali não entra nada que contamina –especialmente maus feitores! “E o muro da cidade tinha dozefundamentos, e neles os nomes dos doze apóstolos doCordeiro” (Ap 21. 14). “...doze apóstolos do Cordeiro”. Devemosobservar que, cada vista da cidade se menciona o (“Cordeiro”),e a referência sétupla a ele (21.9, 14, 22, 23, 27; 22.1, 3) indicaque embora Cristo entregue o reino ao Pai, não obstantepartilha-o com os remidos. Os Apóstolos do cordeiro, mostramnisso sua importância, tanto naquilo que eram como naquiloque faziam. Porém, Cristo Jesus é quem dá por empréstimo oseu valor àqueles, o que significa que eram grandes somentepor sua causa. Não obstante, os Apóstolos e profetas sãograndes, tal como todos os homens o são, uma vez que sejamtransformados segundo a imagem de Cristo, já que participaçãoda sua natureza divina. Na nova Jerusalém o divino secombinará com o humano, da mesma maneira que o númerotrês, multiplicado pelo número do mundo “quatro”, resultaem doze. Assim cumpre-se a frase: “...para o humano se tornardivino, foi necessário que o divino torna-se humano”. Nacidade do Deus vivo, o humano se encontra com o divinoabsorve o humano, menos a individualidade (2 Co 5.4). ¹

III. O ADORNO DA CIDADE CELESTIAL

1. Jaspe. João descreve também que os fundamentos dacidade estavam todos adornados com pedras preciosas. Entãoele diz: “E os fundamentos do muro da cidade estavam

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adornados de toda a pedra preciosa. O primeiro fundamentoera jaspe; o segundo, safira; o terceiro, calcedônia; o quarto,esmeralda; o quinto, sardônica; o sexto, sardio; o sétimo,crisólito; o oitavo, berilo; o nono, topázio; o décimo, crisópraso;o undécimo, jacinto; o duodécimo, ametista” (Ap 21.19-20). Ascoleções de pedras preciosas mais importantes na Bíblia são asdo peitoral do sumo sacerdote e as de Apocalipse 21.19-20. Oprimeiro adorno começa com jaspe. Segundo antigos e novosexpositores, é a tradução da palavra hebraica “jashpeh” (Êx28.20; 39.13; Ez 28.13; Ap 4.3; 21.11,18,19). No Apocalipse,alguns pensam no diamante. Os predicados “pedrapreciosíssima” e “cristalina” não permitem ver aqui o jaspe.Segundo Plínio, o jaspe não é cristalino. A denominação dessapedra preciosa baseia-se na Septuaginta, em sua tradução deIsaías 54.12. Se João vê a Majestade de Deus em seu resplendor,isso obriga a pensar no diamante. O nome hebraico que temsom semelhante a jaspe não justifica que se pense em nossojaspe atual. Essa pedra preciosa é opaca, translúcida apenasnos cantos, tem ruptura semelhante a uma concha e texturafina. Ele é encontrado em marrom, vermelho, amarelo, verde,branco, com veios ou listas, em esferas, com desenho de coresconcêntrico. Plínio cita várias espécies de jaspe; os antigosdavam-lhe maior valor quando tinha um pouco de cor púrpura.A expressão hebraica é frequentemente traduzida por “ônix”ou “berilo”. Outros pensam aqui na “opala” nobre, clara comoágua e com magnífico jogo de cores, que não é citada na Bíblia.

2. Safira. “Sapphir” em hebraico. Essa pedra é citada comosendo preciosa (Êx 24.10; Jó 28.6, 16; Ct 5.14; Is 54.11; Lm4.7; Ez 1.26; 10.1), tem a cor azul do céu. Ela é a pedrafundamental e da qual é construída a glorificada cidade deDeus. A descrição profética compara a beleza de Salomão (Ct5.14) com safiras. A aparência dos nazireus (Lm 4.7) écomparada com a lisura e o brilho resplandecente das safiras.Todas as passagens bíblicas citadas lembram a nobre e famosasafira dos antigos egípcios, de bela cor e brilho vivo. Os antigosa recebiam da Etiópia e da Índia. Plínio e Teofrasto

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consideravam que a lazurita azul, coberta de grãos de sulfitode sódio ou pontos dourados, era a safira. Ela era obtida nasminas do Alto Egito. Plínio diz: “O ouro transparece empontos.” Jó 28.6 diz da safira: “têm pós de ouro” (ARC).

3. Calcedônia. Esta pedra é citada somente no Apocalipse(Ap 21.19). Essa espécie de quartzo tem ainda outros nomesna mineralogia. Na Idade Média, essa pedra preciosa erachamada assim por causa da cidade de Calcedônia, localizadadiante de Bizâncio. Dali ela era comercializada. Plínio cita umaesmeralda calcedônia que tinha brilho esverdeado e um jaspecalcedônio. Outros consideram que a calcedônia é o rubi. 4. Esmeralda. No hebraico “bareketh” (Êx 28.17; 39.10; Ez28.13), a partir da raiz “barak” = “brilhar, reluzir”, édenominada assim por causa do seu brilho. Os antigos sempretraduziam essa expressão do texto original por “esmeralda”(Ap 21.19). Após o diamante, ela era a mais valorizada. Apedra preciosa que brilha em cor verde agradável para os olhos,transparente e luminosa, era trazida na Antiguidade deChipre, do Egito, da Etiópia, da Pérsia, da Bactriana, da Cítiae da Núbia. Plínio explica que o verde da esmeralda sobrepujaa qualquer verde na natureza e oferece o mais agradávelfortalecimento para os olhos. A Antiguidade Clássica conheciadoze espécies de esmeraldas, todas pedras verdes: o dioptásioou esmeralda de cobre, o prásino, a malaquita e semelhanteseram considerados esmeraldas, também a fluorita e espéciesde jaspe verde estão incluídas no nome. Pesquisasmineralógicas mostraram que a esmeralda é mais dura doque o quartzo, mas mais mole que o topázio. Distingue-seentre esmeraldas lisas, nobres, e listadas ou comuns. Aesmeralda nobre tornou-se famosa pela sua singular corverde, encontra-se como cristal encravado em diferentes tiposde rochas. Notícias sobre tamanhos colossais de esmeraldassão explicadas pelas diferentes espécies de pedras verdes queeram consideradas como tais pedras preciosas.

5. Sardônio. Em Apocalipse 21.20, é uma variedade dacalcedônia. Os antigos apreciavam muito. Segundo Plínio,

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havia tal pedra no anel de Polícrates. Conforme Heródoto,tratava-se de uma esmeralda. Originalmente o nome se referiaa uma cornalina transparente, revestida de brilhoesbranquiçado em forma de unhas. O nome foi passado acalcedônias de diversas cores, principalmente às de coresbásicas preta e azulada, cobertas de uma camada de vermelho-cinabre e uma branca gordurosa, que, através de coloraçãovermelha, muda lentamente para vermelho-cinabre. Osardônio também foi imitado através de artifíciosespecializados. Ele era obtido de preferência da Índia e Arábia.Agora a cornalina de listas brancas é denominada sardônio.

6. Sárdio . Hebraico “odem” = uma pedra preciosavermelha, na opinião de alguns a “cornalina” ou o “rubi” (Êx28.17; 39.10). A maioria dos antigos tradutores gregos elatinos consideravam-no como “sárdio” (comp. Ap 4.3). Trata-se da cornalina mais próxima, uma espécie de calcedônia decoloração vermelha bem distribuída, assim chamada pelosantigos por causa da cidade de “Sardes”. A melhor qualidadevinha da mais clara eram chamadas femininas, às escuras,passando para o marrom-avermelhado, masculinas.

7. Crisólito. Em Apocalipse 21.20, significa “pedra de ouro”em grego [assim é traduzida na Septuaginta e em Josefo]. Apalavra hebraica é “tharshish” (Êx 28.20; 39.13; Ez 1.16;10.9).O nome “tharshish” provavelmente foi usado porque naviosde Társis traziam a pedra da colônia fenícia na Espanha paracomercializá-la. Antigos tradutores, a Septuaginta e Teodósiomantêm a palavra “társis” (Ez 1.16; Ct 5.14; Dn 10.6), dando-a também como “crisólito” (Êx 28.20; 39.13; Ez 28.13; 10.9;Dn 10.6). “Anthrax” = “carbúnculo” (Ez 10.9) e “jacinto” (Ct5.14, Vulgata). A maioria dos tradutores mais recentes aceitao “crisólito” e pensa, como Plínio, no “topázio”, que tambémera encontrado na Espanha, distinguindo-se através do seubelo brilho e da sua coloração mais luminosa do amarelo maisescuro do ouro citado juntamente com ele. Os mais bonitoscrisólitos da Índia destacam-se pelo seu brilho dourado, jáque o crisólito atual é de cor verde-pálido. Segundo a tradição

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judia antiga, tratar-se-ia de uma pedra branca, semelhante àespuma do mar.

8. Berilo. É o equivalente grego do hebraico “shoham”,que os antigos também traduzem por “ônix”, “sardônio” e“sárdio”. A expressão hebraica “shoham”, conforme sua raiz“shum” – “alho-poró”, designaria o crisópraso, que tem corverde semelhante a essa planta. Alguns entendem que se tratado berilo, uma pedra preciosa transparente, pálida, que osjoalheiros chamam de “água-marinha”, uma espécie deesmeralda, muitas vezes de coloração azulada, esverdeadaou amarelada, sendo às vezes recoberta de branco. Os antigosacreditavam que somente a Índia era o lugar onde se podiaencontrá-lo. Ele é citado várias vezes na Bíblia (Gn 2.12; Êx28.9.20; 35.9,27; Jó 28.16; Ez 28.13; Ap 21.20). Uma derivaçãode berilo é o brilhante, um diamante lapidado.

9. Topázio. “Pitedah” em hebraico (Êx 28.17; 39.10; Jó28.19), chamado de “pita” pelos indianos, mencionado como“topázio” nas traduções, é descrito como amarelo-douradopelos gregos. Ele aparece em cristais em forma de coluna ouem massas semelhantes a cristal. Essa pedra preciosaparcialmente transparente tem brilho forte, às vezes clarocomo água e refulgido em todas as nuances do amarelo.Segundo Deodoro, ele era encontrado em uma ilha no MarVermelho, cuja riqueza em topázios foi explorada pelos reisdo Egito. Plínio a chama de Ilha dos Topázios. Ele descreve otopázio como uma pedra preciosa verde, apesar de lhe serconhecido também um de cor cinza-esfumaçada e amarelo-mel. O topázio também foi muitas vezes confundido com ocrisólito. Fala-se de uma “fisalita” comum (pedra natural),branco-esverdeada em amarelo-palha. Há exemplares embranco, amarelo, verde, azul-pálido, também em rosa e violeta,é transparente e procurado pela sua especial dureza e seubrilho vivo. O Targum a respeito de Jó 28.19, que explica“pitedah” como sendo “pérola verde”, não impede que seconsidere o topázio como amarelo-ouro. Segundo o indiano-sânscrito “pita”, o hebraico “pitedah” significaria “amarelo”.

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É improvável que tenha havido alteração de letras entre ogrego “topazin” e o hebraico “pitedah”. Plínio explica a palavrapela língua dos habitantes primitivos da Ilha de Topázios, naqual “topazin” significa “procurar”.

10. Crisópraso. Citado somente em Apocalipse 21.20, é umacalcedônia de coloração verde-maçã, causada pelo dióxido deníquel, de brilho gorduroso, rude, transparente. Plínioconsidera-o como o mais nobre “crisoberilo”. Ele é identificadocom o atual “topázio”.

11. Jacinto. Mencionado em Apocalipse 21.20. Na opiniãodos antigos, ele corresponderia ao hebraico “leshem” (Êx28.19; 39.12). Na Antiguidade, a palavra do texto original étambém traduzida por “licurion”, que seria idêntico ao jacinto.Na minerologia, ele é a chamada “zirconita”, uma pedrapreciosa brilhante como o vidro ou diamante, poucotransparente, de coloração vermelha ou amarela, que perdesua cor no fogo. Ele foi muito gravado. Os antigos recebiam-no da Etiópia. Lutero, conforme sua anotação em Êxodo 26.1,somente conhecia a pedra e a flor do mesmo nome em amareloou dourado.

12. Ametista. Em Êxodo 28.19, 39.12 e Apocalipse 21.20, adenominação grega do hebraico “achlamah”, uma derivaçãode “chalam” = “sonhar”, porque ela teria o poder de concedersonhos. O nome pode ter sua origem em uma superstição comoa palavra grega “amethystos” – “não embriagado”, porquedeveria proteger contra a embriaguez. Ele teria também suaorigem no fato de a cor chegar até à do vinho, mas passandoprimeiro para o violeta e que o púrpura se enfraqueceria até àcor do vinho. Trata-se de uma pedra semi-preciosa transparente,violeta ou azul-escura, raramente esbranquiçada, cinzenta ouesverdeada. Plínio preferia as pedras indianas dessa espécie.2

Nossa ordem aqui dos nomes apostólicos seguiu a ordemcronológica estabelecida na escolha dos doze. Com efeito,porém, a celestial pode ser outra!. A grande cidade seráhospedeira de Deus. Seu nome é: “Jehovh Shmamah” – oSenhor está ali (Ez 48.35). Suas dimensões e fulgor oferecem

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satisfação a todos os seus habitantes. Por esta e outras razõesinfinitas que ultrapassam qualquer possibilidade deentendimento da mente humana, eles se julgam felizes, emtrazer sobre si o nome da cidade onde moram, da qual oartífice e construtor é Deus.

IV. OS HABITANTES DA CIDADE DIVINA

1. O direito de ser morador na cidade celestial. O direitode morar na cidade divina, somente será concedido àquelesque foram declarados como sendo “mais do que vencedores”.A eles, este direito lhes será assegurado e entrarão na cidadepelas portas (Ap 22.14), conforme veremos nos tópicosseguintes:

a) Os vencedores da época da graça – A promessa final doSenhor, que abrange esta série de vencedores, é extensiva atodos de um modo geral. Em Romanos 8.37, Paulo afirma quetodos aqueles que vencerem serão declarados: “mais do quevencedores”. Esta posição dá direito aos vencedores de setornarem herdeiros de todas as coisas que pertencem a Deuse a Cristo.

b) Os vencedores da Grande Tribulação – Para osvencedores deste tempo de angústia “...foram dadas a cadaum compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassemainda um pouco de tempo” (Ap 6.9-11). Depois, numa novavisão, eles são descritos novamente num estado de pureza efelicidade, conforme lemos em Apocalipse 7.9-17. Estes sãoos mesmos que aparecem diante do ‘mar de vidro misturadocom fogo’. Eles são “...os que saíram vitoriosos da besta, e dasua imagem, e do seu sinal, e do número do seu nome”. AliJoão os viu cantando “o cântico de Moisés, servo de Deus, e ocântico do Cordeiro” (Ap 15.2-4). Finalmente, numa outra cenacelestial, João diz que eles receberão como recompensa aressurreição de seus corpos e o direito de reinar com Cristodurante mil anos (Ap 20.4).

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c) Os vencedores de todos os tempos – “Quem vencer (istoé, qualquer um que vencer), herdará todas a coisas, e sereiseu Deus, e ele será Meu filho” (Ap 21.7). O direito primordialaqui declarado por Deus é o de filiação divina. Só podemosnos tornar herdeiros de Deus e co-herdeiros de Deus, por meiodo processo de adoção, com o direito de clamar: Aba – isto é –Pai. Embora existam cinco maneiras que Deus pode usar e,através de cada uma delas, levar a posição de filho, alémdaquela chamada de ‘geração’, o caminho mais viável paraconseguir este direito é o da ‘adoção’.

1º. Por meio da criação (os anjos).2º. Por meio de formação (os homens).3º. Por meio de eleição (Israel).4º. Por meio de geração (Cristo).5º. Por meio de adoção (os cristãos).d) Ter (escrito sobre si) o novo nome de Cristo – Esta é a

quinta promessa que o Senhor Jesus fez para o vencedor daIgreja de Filadélfia (Ap 3.12e). O novo nome de Cristo é umnome celestial. Nenhuma boca santa ou pecadora (com exceçãoda boca de Deus) ainda não o pronunciou. Este é o nomemisterioso que aparece em Apocalipse 19.12. Com efeito,porém, já agora, no tempo presente, o nome Jesus, em simesmo, sem nenhum acréscimo, já significa vitória. E estenovo nome que aqui está em foco – vitória consolidada e eterna!Este novo nome de Cristo será aquele que trará quando voltara este mundo como um guerreiro vingador. Ele não Se referea nenhum de Seus nomes que são conhecidos e pronunciadospor nós. É um nome que ninguém sabe senão Ele mesmo.

2. O novo nome que receberá cada morador da cidadede Deus. Para os judeus, o nome representava a naturezaprofunda do ser que o carrega. Por isso, a criação só estácompleta no momento em que aquilo que veio à existênciarecebe o nome (Gn 2.9). Do ponto divino de observação, onome de Deus é o nome por excelência! (Zc 14.9). Assim,também, o nome Jesus é o nome por excelência. Ele aparece

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de forma nova e sem igual! (Fp 2.9-10). Ele diz respeito aonovo nome social, conforme já tivemos a ocasião de comentarquando nos referíamos ao vencedor da Igreja de Pérgamo,que a Igreja receberá nas bodas do Cordeiro, quando foroficializado ali seu casamento com o noivo celestial. Este nome,portanto, confere-lhe direito de filiação com Jesus, o Filho deDeus (cf. Is 56.5; Jr 15.16; Ap 2.17; 19.12). O direito de seassentar nele concede também o direito, por extensão, de morarna ornamentada cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial,cuja descrição é feita em termos de grande amor e admiração.Veja como João a descreveu: “E me levou em espírito a umgrande e alto monte, e me mostrou a grande cidade, a santaJerusalém, que de Deus descia do céu. E tinha a glória deDeus, e a sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima,como a pedra jaspe, como o cristal resplandecente” (Ap 21.10-11). Toda gratidão a Deus! Amém.

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Capítulo 011 MEDRANO, R. Pitágoras e seus versos dourados. 1ª. Edição,

Gráfica Aduaneira – SP, 1993 (M. I.), p. 53

Capítulo 021 ENCICLOPÉDIA Judaica, vol. 5, Editora e Livraria Sêfer Ltda.

1989. pp.70-722 SILVA, P. S. Escatologia – Doutrina das últimas Coisas. CPAD,

RJ, 11º. Edição, 1998, pp. 36-433 ABRIL, Alm. Editora Abril, 23ª. Edição, 1997, p. 56

Capítulo 031 ALMANAQUE ABRIL. Editora Abril, 3ª. Edição, 2008, p. 812 © De Agencia EFE S.A. – 1 de Dez de 2009

Capítulo 041 O Jornal Folha de São Paulo, na sua edição de Sábado (06/

08/05)2 SCOFIELD, Dr. C. I. (Scofield Reference Bible)3 http://www.morasha.com.br/conteudo/artigos/artigos_view.asp?a=461&p=5

Capítulo 051 WIKIPÉDIA, A Enciclopédia Livre. Acesso: 10/08/20092 WIKIPÉDIA, A Enciclopédia Livre. Acesso: 10/ 08/20091 O Novo Testamento Interpretado: Versículo por Versículo.

1ª. Edição em português, 3ª. Impressão. São Paulo:Milenium Distribuidora Cultura Ltda, 1982, pp. 584-586

2 SILVA, P. S. Apocalipse –Versiculo por Versiculo. CPAD, RJ,28ª. Impressão, 2012, pp. 207-217

notas

Page 362: Escatologia Ok

362 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO

Capítulo 061 AWWAD, S. Terra Santa em Cores (revista), Jerusalém, 1986,

p. 252 AWWAD, S. Terra Santa em Cores (revista), Jerusalém, 1986,

p. 233 WIKIPÉDIA, enciclopédia livre. Acesso: 21/01/20104 FLÁVIO, J. Livro 8ª. CPAD, 8ª. Edição, 2004 [Antiguidades

Judaicas: Art. 327], pp. 382-3835 AWWAD, S. Terra Santa em Cores (revista), Jerusalém, 1986,

p. 236 FLÁVIO, J. Livro 15ª. 8ª. Edição, 2004 [Antiguidades Judaicas:

Art. 676], pp. 7307 FLÁVIO, J. Livro 1ª. CPAD, 8ª. Edição, 2004 [Antiguidades

Judaicas: Art. 84], pp. 10438 FLÁVIO, J. Livro 1ª. 8ª. Edição, 2004 [Antiguidades Judaicas:

Art. 84], pp. 10439 AWWAD, S. Terra Santa em Cores (revista), Jerusalém, 1986,

p. 1910 FLÁVIO, J. Livro 13º. CPAD, 8ª. Edição, 2004 [Antiguidades

Judaicas: Arts.504-505], pp. 592-59311 AWWAD, S. Terra Santa em Cores (revista), Jerusalém, 1986,

pp. 19-2112 FLÁVIO, J. Livro 13º. CPAD, 8ª. Edição, 2004 [Antiguidades

Judaicas: Arts.504], pp. 59213 SILVA, P. S. Escatologia – Doutrina das Últimas. CPAD, RJ,

11ª. Edição, 1998, p. 79

Capítulo 071 JOSEFO, F. História dos Hebreus – Antiguidades Judaicas,

Livro Primeiro, CPAD, RJ, 8ª. Edição, 2004, pp. 569-5702 JOSEFO, F. História dos Hebreus – Antiguidades Judaicas,

Livro Primeiro, CPAD, RJ, 8ª. Edição, 2004, pp. 561-562

Page 363: Escatologia Ok

NOTAS 363

3 ENCICLOPÉDIA Judaica, vol. 9, Editora e Livraria Sêfer Ltda.1989. p. 321

Capítulo 081 ENCICLOPÉDIA Judaica, vol. 6, Editora e Livraria Sêfer Ltda.

1989, pp. 552-5572 FLÁVIO, J. Livro 2º. CPAD, RJ, 8ª. Edição, 2004 [Antiguidades

Judaicas: Arts. 226-233], pp. 1158-11653 O Novo Testamento Interpretado: Versículo por Versículo.

1ª. Edição em português, 3ª. Impressão. São Paulo:Milenium Distribuidora Cultura Ltda, 1982, p. 390

4 FLÁVIO, J. Livro 3º. CPAD, RJ, 8ª. Edição, 2004 [AntiguidadesJudaicas: Art. 120], pp. 1176-177

Capítulo 091 MEDRANO, R. Pitágoras e seus versos dourados. 1ª. Edição,

Gráfica Aduaneira – SP, 1993 (M. I.), p. 532 MEDRANO, R. Pitágoras e seus versos dourados. 1ª. Edição,

Gráfica Aduaneira – SP, 1993 (M. I.), pp. 119-1203 SILVA, P. S. Armagedom, A Batalha Final. 1ª. Edição. CPAD,

RJ, 2002, p. 1914 SCOFIELD, Dr. C. I. (Scofield Reference Bible)

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Acesso: 08/20092 ABRIL, Alm. Editora Abril, 3ª. Edição, 2008, p. 3063 SILVA. P. S. Apocalipse – versiculo por versiculo. CPAD, RJ,

28º. Impressão, 2012, pg. 1864 SILVA. P. S. Apocalipse – versiculo por versiculo. CPAD, RJ,

28º. Impressão, 2012, pg. 185-1875 ABRIL, Alm. Editora Abril, 3ª Edição, 2008, p. 170

Page 364: Escatologia Ok

364 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO

6 ENCICLOPÉDIA Judaica, vol. 9, Editora e Livraria Sêfer Ltda.1989, pp. 23-24

7 MEDRANO, R. Pitágoras e seus versos dourados. 1ª. Edição,Gráfica Aduaneira – SP, 1993 (M. I.), pp. 69-95

Capítulo 111 MEDRANO, R. Pitágoras e seus versos dourados. 1ª. Edição,

Gráfica Aduaneira – SP, 1993 (M. I.), pp. 97-101

Capítulo 121 WIKIPÉDIA, A Enciclopédia Livre. Acesso: 29/01/20102 WIKIPÉDIA, A Enciclopédia Livre. Acesso: 15/07/123 WIKIPÉDIA, A Enciclopédia Livre. Acesso: 13/07/124 CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia.

Vol. 4, São Paulo: Hagnos, 7ª. Edição, 2004, p. 508

Capítulo 131 KELLER, W. A Bíblia Tinha Razão. Composto pela Leonart

Ltda – SP, 1978 – pp. 148-1502 FLÁVIO, J. Livro 3º. CPAD, RJ, 8ª. Edição, 2004 [Art.107 ], p.

158

Capítulo 141 SILVA, P. S. Apocalipse –Versiculo por Versiculo. CPAD, RJ,

28ª. Impressão, 2012, p. 2702 DICIONÁRIO de Nomes Bíblicos. Cit. P/ Wim Malgo. Apocalipse

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