eroso acelerada e suas interferncias na … · 2016-10-19 · erosÃo acelerada e suas...
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EROSÃO ACELERADA E SUAS INTERFERÊNCIAS NA QUALIDADE DE VIDA:
O EXEMPLO DA ALTA BACIA DO RIO DAS ANTAS NA ÁREA URBANA DE ANÁPOLIS
(GO)1
Andrelisa Santos de Jesus
Mestre em Geografia - Programa de Pós-graduação em Geografia IESA/UFG Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geotecnia - UnB
Luciana Maria Lopes Professora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Geografia - IESA/UFG
José Camapum de Carvalho Professor Associado do Programa de Pós-Graduação em Geotecnia - UnB
RESUMO: A ocorrência de processos erosivos em meio urbano resulta em inúmeros prejuízos pois
implica na destruição de edificações, equipamentos e infraestrutura que dão suporte à cidade. Tais
prejuízos podem ser debitados no setor econômico. Todavia, numa análise mais detalhada, é possível
verificar que esses prejuízos afetam profundamente os setores social e ambiental influindo diretamente
nos parâmetros relacionados à qualidade de vida do citadino. Quando uma erosão danifica uma rua não
esta causando apenas um prejuízo econômico por ter destruído certa estrutura que custou determinado
preço. O prejuízo vai muito além pois sua recuperação vai despender recursos que poderiam ser
investidos em outro setor da sociedade. É importante salientar que, no caso da situação mencionada,
existem ainda problemas de trafegabilidade ou de transtornos ao deslocamento. Então, como mensurar
o prejuízo que um morador teve por não receber o auxílio médico de uma ambulância porque a rua
onde mora não oferece condições de trânsito? Como mensurar o prejuízo de uma pessoa que, ao
transitar numa rua sofre uma queda na incisão erosiva e se fere? Certamente esses prejuízos não podem
ser calculados pois relacionam-se a um parâmetro que não tem preço, a dignidade do cidadão.
Situações como estas são comuns nas áreas urbanas afetadas por erosões e processos relacionados, tais
como assoreamento, alagamentos e inundações. Pesquisa realizada na alta bacia do rio das Antas em
Anápolis (GO) revelou situações como as acima citadas. O objetivo inicial do trabalho era a da
abordagem fenomenológica das diversas erosões que atingem a área. Entretanto, a abordagem
espontânea dos moradores a fim de denunciar os problemas sofridos por causa das erosões suscitaram
a necessidade de cuidadoso exame a respeito do assunto. O presente trabalho visa discutir as
interferências da erosão acelerada e os riscos associados na qualidade de vida da população.
PALAVRAS-CHAVE: Erosão, risco, qualidade de vida.
1 Os resultados apresentados neste artigo são baseados na Dissertação de Mestrado produzida pela primeira autora e defendida em abril de 2007.
ABSTRACT: The occurrence of erosion processes in urban areas results in many losses, it implies the
destruction of buildings, equipment and infrastructure that support the city. Such losses can be charged
in the economic sector, however, a more detailed analysis is possible to verify that these losses deeply
affect the social and environmental sectors, influencing directly the parameters related to quality of life
of the city. When the erosion damage a street, it is not only causing economic injury to have destroyed
a structure that cost a price. The damage goes much further, because their recovery is going to spend
resources that could be invested in another sector of society. It is important to note that in the case of
the mentioned, there are still problems of traffic causing inconvenience to the movement. So how to
measure the damage that one resident was not receiving the medical aid of an ambulance because the
street where you live is not able to transit? How to measure the loss of a person who, when carried in a
street of this type, suffers a decrease in erosive incision and that hurts? Of these losses can not be
calculated because it is related to a parameter that has no price, the dignity of the citizen. These
situations are common in urban areas affected by erosion and related processes, such as siltation,
flooding and flooding. A survey conducted in the high basin of the river Antas in Anápolis (GO)
revealed several situations similar to these. The initial objective of the work in this basin was
phenomenological approach of the various erosions reaching the area, however, the intense
spontaneous approach of the residents to denounce the problems suffered because of erosion caused
the need for a scientific approach more careful about that . Therefore, this paper will discuss the
interference of accelerated erosion and risks on quality of life.
KEYWORDS: Erosion, risks, quality of life.
INTRODUÇÃO
A alta bacia do rio das Antas em Anápolis (GO) é intensamente afetada por processos
erosivos dos tipos sulcos, ravinas e voçorocas além de sofrer com a ocorrência de alagamentos e
inundações. Essa bacia de aproximadamente 17 km2 localizada na porção sudoeste da cidade de
Anápolis (Figura1) integra área urbana em expansão. Nela a ocorrência de tais processos interfere
diretamente no cotidiano da população uma vez que a erosão e os processos a ela relacionados
configuram uma situação de risco ambiental aos habitantes da bacia. Esse estudo ora apresentado foi
objeto de uma dissertação de mestrado defendida em abril de 2007 por Jesus (2007).
Figura 1: Localização da área de estudo
O risco ambiental, sob o ponto de vista geotécnico, pode ser abordado como a possibilidade
de ocorrência de um processo que gere prejuízos socioeconômicos (CERRI e AMARAL 1998). Castro
et al. (2005) apontam a questão do risco ambiental como uma temática relevante, também, para as
abordagens geográficas, podendo se destacar os seguintes aspectos: Quais as escalas de ocorrência e
concentração espacial desses processos? Qual a relação entre escalas de risco/escalas de perdas? Como
a situação de risco influencia a organização espacial?
O presente trabalho considera estes aspectos propondo uma discussão das implicações das
erosões sobre a qualidade de vida da população da bacia estudada. Ao utilizar a categoria qualidade de
vida cria-se a necessidade de se apoiar em um conceito claro. Entretanto, esta tarefa é extremamente
difícil pois tal termo é bastante utilizado pelas mais diversas áreas, tais como: na saúde, onde se
destacam parâmetros de satisfação e conforto dos pacientes mediante determinados tratamentos
médicos. No mercado imobiliário, para agregar valor a imóveis de alto padrão construtivo. Já na área
empresarial a qualidade de vida é estrategicamente avaliada para criar condições de motivação aos
funcionários e, logo, obter maior produtividade. Percebe-se assim, que embora as diferentes áreas do
conhecimento busquem valorar aspectos indicadores, particulares, da qualidade de vida, todos eles se
relacionam a busca da satisfação humana em seus anseios, voltados para o bem estar, e é assim que se
deve entender a busca e satisfação da qualidade de vida.
Esse artigo leva em consideração as abordagens conceituais sobre qualidade de vida
colocados em destaque por Santos e Martins (2002), Braga (2002), GUEDES PINTO (1995), Barbosa
(1995), Fortunato e Ruscheinsky (2003), Ferrão (2004), Leal (1995), Machado (2004), Murta (2006).
A maioria destes trabalhos está vinculada à área da geografia urbana ou à abordagem ambiental vindo
ao encontro das aspirações deste trabalho com temática central voltada aos impactos ambientais
urbanos.
É um consenso entre esses autores que a qualidade de vida é determinada por complexas
condições onde interagem o nível individual e coletivo, aspectos objetivos e subjetivos, elementos
sócio-culturais e econômicos. Aqui a erosão será considerada como um fator embutido nos elementos
socioeconômicos uma vez que sua gênese, em áreas urbanas, pode ter causas sociais e,
necessariamente, possui conseqüências sociais e econômicas que influem diretamente na qualidade de
vida das pessoas.
MÉTODOS E PROCEDIMENTOS TÉCNICOS
A primeira etapa do trabalho foi o inventário dos impactos ambientais que atingem a alta
bacia do rio das Antas. Na segunda etapa foram escolhidos os indicadores de qualidade de vida
pertinentes à realidade da bacia. A escolha dos indicadores subsidiou a elaboração de um roteiro de
entrevistas realizadas em campo com os moradores.
O inventário dos impactos foi feito de acordo com as seguintes etapas: interpretação da
imagem Ikonos II (2001); consulta nos arquivos do Corpo de Bombeiros para averiguar registros de
atendimento a alagamentos, inundações e quedas de pessoas ou animais em erosões; realização de
inúmeros trabalhos de campo nos quais foram percorridas todas as ruas da bacia estudada. Os impactos
foram cadastrados, em campo, segundo sua localização e dimensões e espacializados numa carta de
documentação. Essa espacialização foi feita a partir da criação de um banco de dados no Software
Excel. Tal banco de dados foi salvo na extensão DBF4 (arquivo de banco de dados) que pode ser
aberto pelo Software ArcMap 9.2, onde cada tipologia de impacto formou um shape. Após a plotagem
dos pontos no ArcMap 9.2 o documento foi salvo em extensão EMF e importado no SoftWare
CorelDraw 11, onde foi feita a finalização gráfica.
Posteriormente dedicou-se à delimitação de indicadores de qualidade de vida. A escolha
foi feita com base na bibliografia pertinente na qual a maioria dos autores que trabalham com o tema
recomendam o seguinte: deve-se observar como a população se articula politicamente; como tem
acesso a bens e serviços, num contexto socioambiental mais amplo, onde as condições de moradia,
alimentação, salário, lazer, saneamento, transporte, saúde e relações de vizinhança, entre outros, sejam
levados em consideração. Além disso, Leal (1995) aponta que não se deve utilizar número muito
elevado de indicadores .Desse modo, foram considerados os seguintes fatores para a escolha dos
indicadores de qualidade de vida:
Relevância do indicador segundo as indicações da literatura pertinente;
Adequação dos indicadores aos objetivos do trabalho de forma a demonstrar como as erosões e
alagamentos afetam a qualidade de vida da população;
Disponibilidade e acessibilidade dos indicadores é um fator importante haja vista que a coleta
de dados foi realizada através de entrevistas e, embora a maioria dos moradores tenham se mostrado
solícitos, alguns não puderam ser encontrados em casa em função dos seus trabalhos;
Tempo disponível para execução do trabalho também merece atenção, pois é necessário
mensurar o tempo gasto com a coleta de dados através das entrevistas e também com a tabulação
desses dados.
Diante destas ponderações foram eleitos os seguintes indicadores de qualidade de vida:
aspectos socioeconômicos (situação profissional, escolaridade e rentabilidade), infraestrutura urbana;
riscos e acidentes ligados à erosão e alagamentos; saúde e acesso à informação e lazer; articulação
sócio-política dos moradores e “escolha” do local de moradia.
Optou-se por entrevistar apenas os moradores dos bairros mais afetados por erosões e
alagamentos/inundações destacando-se o bairro Polocentro I, Calixtolândia e Residencial Morumbi.
Foram realizadas vinte entrevistas formais que permitiram uma abordagem de 76 pessoas,
pois em cada entrevista eram colhidos os dados de todos os moradores da casa ou ocupantes do
terreno. As entrevistas foram distribuídas de maneira irregular conforme a acessibilidade aos
moradores. Além disso aconteceram, na ocasião dos trabalhos de cadastro de erosão, diversas
conversas informais com os moradores da maioria dos bairros que compõem a bacia. Considera-se,
portanto, que esta amostra, do ponto de vista qualitativo, é bastante representativa, pois permitiu que
fosse apreendido o sentimento dos moradores. Também foi feita uma vasta pesquisa nos arquivos do
Corpo de Bombeiros nos quais foram examinados os registros de ocorrências relacionadas a erosões e
alagamentos no período de outubro de 2004 a janeiro de 2007.
Acredita-se que, do ponto de vista qualitativo, a metodologia adotada permitiu que, além
de números e percentuais, fosse apreendido também o que há de mais importante e valoroso, os
sentimentos dos moradores. Pretende-se, neste texto, fazer com que esses sentimentos transcendam o
nível estanque dos questionários (utilizados para obtenção de dados) e se expandam de maneira viva
em cada parágrafo. Desse modo, almeja-se que os subtópicos seguintes, mais do que discutir os
indicadores de qualidade de vida, forneçam condições aos moradores de exercerem sua capacidade de
ação no sentido de reivindicarem condições sociais adequadas às suas necessidades.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste item serão apresentados e discutidos os resultados obtidos da utilização dos
procedimentos técnicos anteriormente mencionados. Convém salientar que o objetivo deste trabalho
não é o de discussões fenomenológicas sobre os processos erosivos. Pretende-se demonstrar quão
grande é a dimensão dos riscos relacionados à erosão e como esses riscos interferem na qualidade de
vida da população local influenciando os processos espaciais intrínsecos à bacia. Portanto, os
processos erosivos e outros processos relacionados à dinâmica da erosão serão brevemente descritos
permitindo uma percepção da sua distribuição espacial. Em seguida serão apresentados os dados
pormenorizados dos aspectos referentes à qualidade de vida.
PROCESSOS EROSIVOS
No estudo ora realizado foram identificadas e cadastradas 14 voçorocas, 28 ravinas, 52
pontos afetados por sulcos e 20 pontos afetados pela associação de sulcos e ravinas os quais se
encontram espacializados na carta de impactos ambientais onde foram também plotados pontos de
ocorrência de alagamentos e inundações (Figura 2). A ocorrência isolada de sulcos afeta uma área de
cerca de 69.125,6 m2 enquanto a ocorrência de sulcos associados a ravinas afeta uma área de
aproximadamente 44.434,6 m2 dentro da bacia.
Adotou-se neste trabalho a definição para erosões lineares proposta por Almeida Filho e
Ridente Junior (2001) para os quais sulcos são as incisões que possuem menos de 50 cm de
profundidade, sendo possível desfazê-las com máquinas agrícolas. Se as incisões possuírem acima de
50 cm, e não for possível desfazê-las com máquinas agrícolas, são denominadas ravinas. Já se as
incisões atingirem o lençol freático são denominadas voçorocas.
Figura 2: Carta de documentação dos impactos ambientais da alta bacia do rio das Antas
Os vários focos erosivos dos tipos sulcos e ravinas ocorrem na intersecção entre ruas
asfaltadas e ruas sem pavimentação asfáltica, pois a água tende a correr paralelamente à via
pavimentada, e ao ser interceptada pela junção da rua não pavimentada, nela prova incisões, pois trata-
se de uma área mais frágil à ação da água. As incisões erosivas do tipo sulcos e ravinas também
ocorrem entre a sarjeta e o meio fio, e entre este e os lotes vazios, principalmente nos bairros onde a
densidade ocupacional é baixa. Embora a erosão seja mais pronunciada em ruas sem pavimentação
também ocorre naquelas pavimentadas, principalmente quando não existe sistema de microdrenagem.
A inexistência, na maioria dos bairros, de rede de esgoto, leva alguns moradores a lançarem
as águas servidas das residências diretamente sobre as ruas o que concorre para o surgimento de
pequenos sulcos. As caixas de empréstimo de material laterítico também são locais bastante afetados
por sulcos e ravinas. A extração da couraça ferruginosa, para pavimentação e aterros, expõe a zona
saprolítica correspondente ao horizonte C, quase sempre favorável à formação de incisões erosivas.
Cabe destacar que a opção por criar nessas áreas bacias de infiltração para evitar a erosão e o fluxo
concentrado de água deve ser avaliado geotecnicamente, pois nos casos em que se situam próximo às
vertentes, podem gerar erosão interna e provocar o surgimento de erosões remontante a partir da base
da vertente.
O lançamento de águas em locais impróprios e/ou sem dissipadores que diminuam a
energia cinética da água também é responsável por vários focos erosivos na bacia. Geralmente, as
águas coletadas são lançadas ou a meia vertente ou em cabeceiras de drenagem provocando ravinas
profundas e voçorocas. A canalização do deflúvio em ruas longas no sentido da declividade e
desprovidas de sistema de microdrenagem promove a ação dos fluxos d’água concentrados nas
vertentes inferiores remontantemente provocando a formação de grandes voçorocas. As dimensões das
voçorocas analisadas são bastante variadas sendo que a maior possui em torno de 250 m de
comprimento e 20 m de profundidade na cabeceira.
No que se refere às medidas de contenção das incisões erosivas até abril de 2007 nada foi
observado além do aterramento feito, com entulho e lixo, tanto pela prefeitura quanto por moradores
locais. De acordo com informações verbais obtidas de moradores na bacia do rio das Antas, houve um
período em que era constante a descarga de lixo por parte das empresas de coleta de resíduos da
construção civil. Além disso, alguns moradores confessam lançar lixo nas erosões, na tentativa de
contê-la e/ou por não contar com coleta sistemática do lixo. A disposição desse tipo de material nas
incisões erosivas pode ser tanto uma tentativa de conter o avanço de erosões quanto uma alternativa de
se livrar do lixo, ou até mesmo como uma forma de produzir espaço disponível para edificação de
moradias. Esta hipótese não se aplica apenas aos moradores locais mas também ao poder público que
não disponibiliza mecanismos eficazes de regulamentação e fiscalização da deposição dos resíduos de
construção civil, e que não promove a coleta de lixo doméstico de maneira sistemática no local,
conforme denunciam os moradores. Além disso, não são implementadas, pela Administração Pública,
técnicas adequadas de prevenção e mitigação dos impactos.
Recentemente a prefeitura realizou obras de recuperação das maiores voçorocas com o seu
aterramento. Atualmente, voçoroca localizada na cabeceira do rio das Antas está sendo recuperada
pela VALEC (empreiteira responsável pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento- PAC)
pois o local da voçoroca situa-se no prolongamento do eixo da Ferrovia Norte/Sul em implementação.
Ainda com recursos do PAC algumas ruas foram asfaltadas e receberam sistema de drenagem das
águas pluviais eliminando, portanto, algumas incisões erosivas do tipo sulcos e ravinas. Espera-se que
tenham sido avaliadas as conseqüências dos lançamentos dessas águas canalizadas de modo
concentrado.
A contrapartida dos processos erosivos é a ocorrência dos processos de sedimentação. Isto
significa que o material desagregado das erosões tende a ser transportado para a parte mais baixa do
terreno, onde se sedimenta. Quando a sedimentação é acelerada pela ação humana recebe o nome de
assoreamento. O assoreamento é, para Salomão e Iwasa (1995), um dos mais graves impactos
ambientais resultantes da erosão pois, segundo Silva et al. (2003), provocam alterações físicas e
químicas no canal.
A grande quantidade de sedimentos carreados para o rio das Antas é composta não só por
partículas de solo mas também por fragmentos de lixo e entulho e poluentes químicos. Os processos
erosivos generalizados por toda a alta bacia geram sedimentos suficientes para assorear o rio e um lago
localizado à jusante da bacia no parque Onofre Quinan que é o único parque da bacia estudada e um
dos três da cidade de Anápolis. Em geral os sedimentos que colmatam os canais são colonizados,
principalmente, por typha subulata popularmente conhecida como taboa.
O assoreamento eleva o talvegue diminuindo a capacidade de vazão do curso d’água
também afetado pelo incremento do escoamento superficial resultante da impermeabilização de vastas
superfícies urbanas. O rápido e volumoso escoamento das águas pluviais direto para os canais de
drenagem gera inundações, ou seja, o extravasamento das águas de um curso d’agua para áreas
marginais (Infanti Junior e Fornasari Filho, 1998). As inundações podem ainda ser potencializadas
pelo estrangulamento de seções do rio por aterros, pilares, pontes, estradas e bueiros subdimensionados
ou obstruídos por detritos e sedimentos.
A baixa capacidade de infiltração das áreas urbanas, somada à inexistência ou ineficiência
dos sistemas de microdrenagem, além de incrementar as vazões de pico dos canais também acabam
por provocar o acúmulo das águas pluviais sobre a superfícies originando os chamados alagamentos.
Na alta bacia do rio das Antas foi registrada a ocorrência tanto de alagamentos como de
inundações. Em trabalho de campo foi possível detectar 7 pontos de alagamento, 2 pontos de
inundação e 2 pontos com ocorrência simultânea de inundação e alagamentos (Figura 2). No período
chuvoso o corpo de bombeiros de Anápolis faz vários atendimentos relacionados a problemas de
alagamentos e inundações destacando-se um número significativo de ocorrências na alta bacia do rio
das Antas. Essas ocorrências estão associadas a vários acidentes que vão desde o arraste de pessoas
pela força da água até a danificação de pontes e bueiros.
QUALIDADE DE VIDA
Ferrão (2004) realizou um estudo sobre sustentabilidade e qualidade de vida em
municípios de Portugal onde fez um amplo resgaste teórico sobre o conceito de qualidade de vida
alertando para o fato desse ser discutido de maneira muito vaga. Segundo o autor, a construção de um
conceito mais abrangente sobre qualidade de vida começa em meados dos anos 60 quando as lacunas
do discurso econômico (welfare econômico) começam a ficar evidentes. Desse modo surgem, neste
período, três grandes eixos teóricos que defendem, respectivamente, que o conceito de qualidade de
vida deve englobar a subjetividade, abordando características tais como felicidade e satisfação;
aspectos sociais, como as desigualdades e diversidades culturais e, por fim, a necessidade de englobar
questões ecológicas.
Essas teorias permitiram que a qualidade de vida fosse abordada de maneira mais ampla e
abriram caminho para um aperfeiçoamento teórico que possibilitou o surgimento das seguintes linhas
teóricas: necessidades básicas, capacidade de ação e bem estar subjetivo, as quais serão discutidas
segundo as proposições de Ferrão (2004).
O Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro (CIDE), apoiado na proposta
formulada por Maslow em 1954, desenvolveu uma metodologia que permite avaliar a qualidade de
vida levando em consideração indicadores associados a cada uma das linhas teóricas que compõem a
tríade discutida anteriormente. Nessa metodologia os indicadores são enquadrados numa pirâmide
hierárquica onde as necessidades básicas são a base seguida por oportunidades de ascensão social
(capacidade de ação), o topo referindo-se à auto-satisfação e auto-desenvolvimento (bem estar
subjetivo). Se a base desta pirâmide for deficiente conseqüentemente os demais níveis que a
sobrepõem e serão formados herdando as deficiências de sua base sustentadora.
Segundo GUEDES PINTO (1995, p23), a qualidade de vida é muito mais que um estado, é
um processo que só pode ser abordado mediante a interdisciplinaridade e a convergência de
perspectivas teóricas, “[...] que buscam superar seus limites, romper suas fronteiras, estabelecer o
diálogo entre o natural, o social, o cultural e obviamente, entre todos estes, o político”.
Diante da complexidade e subjetividade do processo que envolve a qualidade de vida
destacam-se os desafios de mensurar, avaliar e produzir índices a esse respeito. Embora existam
metodologias variadas para essa finalidade alguns, como Leal (1995), preferem não quantificar nem
atribuir valores numéricos aos indicadores mas sim considerá-los no seu conjunto a fim de
estabelecer não uma mensuração, mas uma discussão ampla que dê voz à comunidade envolvida.
Tanto no nível da mensuração como no da discussão cabe salientar, como destaca Murta (2006), a
necessidade de indicadores que façam face à objetivos bem determinados, passíveis de aproximar a
realidade e os contextos valorativos dos grupos sociais envolvidos. (FORTUNATO e
RUSCHEINSKY, 2003; BARBOSA, 1995; SANTOS e MARTINS, 2002).
INDICADORES DE QUALIDADE DE VIDA: A EROSÃO COMO UM FATOR AGRAVANTE
Diante do exposto anteriormente destaca-se que não é pretensão deste trabalho mensurar
ou produzir índices de qualidade de vida, mas sim discutir os vários indicadores associados a este
conceito a fim de desvelar as condições de qualidade de vida da população da alta bacia do rio das
Antas, e como essas condições são alteradas face aos riscos impostos pela dinâmica das erosões e
alagamentos e inundações. Parte-se aqui, do princípio de que a precariedade ou inexistência de
determinados indicadores pode proporcionar condições para o desenvolvimento de erosões e
alagamentos e inundações. Estes, por sua vez, podem implicar na deterioração de outros indicadores
como trafegabilidade, risco das pessoas caírem em alguma incisão erosiva ou serem arrastadas pela
força da água, em eventos de alagamento e inundações, dentre outros problemas.
Aspectos socioeconômicos
A escolaridade é um elemento importante para a discussão da qualidade de vida pois o
estudo formal permite que a pessoa ultrapasse sua vivência comunitária e conheça um mundo mais
amplo, adquirindo uma visão mais abrangente e crítica da sociedade em que vive. A bacia conta com
uma ampla rede de escolas públicas, tanto municipais como estaduais, as quais oferecem variados tipos
e níveis de ensino como demonstra a Figura 3.
Quantidade de Escolas
Tipo de Escola Tipo de Ensino
1 Escola Estadual Ensino especial 3 Escola Estadual Ensino fundamenta 1ª e 2ª fases 3 Escola Estadual Ensino médio e fundamental 2ª fase 3 Escola Estadual Ensino médio e fundamental 1ª e 2ª fases 2 Escola Municipal Educação Infantil 3 Escola Municipal Ensino fundamental 1ª fase 3 Escola Municipal Ensino Fundamental 1ª e 2ª fases 6 Municipal e Estadual EJA (Educação de Jovens e Adutos)
Fonte: Plano Diretor de Anápolis (2006) Figura 3: Rede de escolas da alta bacia do rio das Antas.
Mesmo com a existência de muitas escolas, a escolaridade dos moradores entrevistados é
baixa. Entre os moradores entrevistados que se encontram em idade escolar 14% são analfabetos e 35
% pararam de estudar antes de terminar o ensino básico sendo este concluído por somente 10 % dos
moradores. Apenas 1% dos moradores estão cursando faculdade mediante bolsa em instituição
particular. Esse dado nos remete ao item da rentabilidade, tratado logo adiante.
Uma explicação para tantos moradores com ensino básico inconcluso deve-se ao fato das
escolas com ensino noturno ficarem distantes de bairros como o Polocentro (onde foi feita a maioria
das entrevistas), desestimulando os jovens a continuarem estudando. Já o índice de analfabetismo está
ligado às pessoas mais velhas que, quando jovens, não desfrutaram da universalização do ensino
básico tão em voga na atualidade e agora já não tem mais ânimo nem condições para iniciar os
estudos, ainda mais que as escolas são relativamente longe.
O emprego é a possibilidade do indivíduo obter um salário que lhe permita ter acesso a
vários serviços e bens que lhe garantam o mínimo de dignidade. Logo, a situação profissional é um
indicador extremamente importante de qualidade de vida. A situação profissional dos moradores
entrevistados indica dificuldades de acesso ao emprego formal, pois apenas 16% dos moradores ativos
está trabalhando em empregos formais, sendo que 31% trabalham na informalidade sem carteira
assinada, destacando o elevado índice de desempregados, 24%.
Pode-se fazer algumas inferências entre o nível de escolaridade, abordado anteriormente, e
a precária situação profissional dos entrevistados, pois mais da metade dos moradores possuem baixa
escolaridade, o que implica em mão de obra pouco ou não qualificada, podendo residir aí as
dificuldades de colocação no mercado formal de empregos. O alto índice de informalidade e
desemprego dos moradores sem dúvida alguma traz implicações para o indicador rentabilidade que
será abordado a seguir.
A rentabilidade é considerada por Leal (1995) como um importante indicador de qualidade
de vida, haja vista que o acesso a bens e serviços na sociedade capitalista depende da capacidade de
seu pagamento. Este indicador foi obtido através de entrevistas com moradores e de dados do Plano
Diretor de Anápolis (2006). Embora apenas 60% dos moradores entrevistados tenham informado a
renda domiciliar, é possível constatar que nos bairros Polocentro e Calixtolândia ela é bastante baixa,
pois todos os moradores que informaram sua renda vivem com rendimentos inferiores a 3 salários
mínimos.
Essas informações são atestadas pelo Plano Diretor de Anápolis (2006) que aponta o
Polocentro e Paraíso como alguns dos bairros onde existe o maior número de pessoas sem rendimentos
por domicílio. Embora o bairro Polocentro se destaque pela precária rentabilidade das famílias deve-se
mencionar que, de acordo com os dados de renda familiar espacializados em mapa (Plano Diretor de
Anápolis, 2006), a maioria dos bairros da alta bacia do rio das Antas apresentam baixa rentabilidade
pois compõem, juntamente com outros bairros da cidade, uma categoria onde mais de 40% dos
domicílios possuem renda familiar entre 2 e 5 salários mínimos.
Tais condições de precária rentabilidade podem ser, portanto, reflexo da baixa escolaridade
que resulta em subempregos ou desemprego, conforme discutido anteriormente. O baixo desempenho
desses indicadores aponta para uma precária condição sócio-econômica.
Infraestrutura
A abordagem deste indicador será feita considerando alguns componentes indispensáveis
ao meio urbano: iluminação pública, abastecimento de água, rede coletora de esgoto, microdrenagem,
pavimentação e coleta de lixo.
De um modo geral a iluminação pública funciona bem em toda a bacia, mas
especificamente nos bairros amostrados 70% da população a considera de boa qualidade, sendo que
15% a considera regular e 15%, ruim. A maioria dos bairros que compõem a bacia não possui rede
coletora de esgoto, exceto o bairro Paraíso que conta com um atendimento parcial, e os bairros Jardim
Calixto, Jamil Miguel 1ª e 2ª, Nações Unidas, Vila Góis, Vila Nossa Senhora d’Abadia e Jardim
Samambaia. Logo, nenhuma das casas onde foram feitas as entrevistas possui coleta de esgoto. Quanto
à rede de água potável, a grande maioria dos bairros da bacia a possui, com exceção do Residencial
Morumbi e Itatiaia. O Residencial Pedro Ludovico é parcialmente servido por rede pública de água.
Todavia, mesmo em bairros com rede de água existem, pessoas que utilizam poço. Nos bairros onde
foram realizadas as entrevistas 30% das pessoas possuíam água encanada de poço, enquanto as demais
eram servidas apenas pela rede pública de abastecimento. Cabe destacar, que o uso de poço em áreas
com presença de fossa séptica sempre oferece certo grau de risco à saúde humana.
A grande maioria dos bairros da bacia possuem rede de água, com exceção do Residencial
Morumbi e Itatiaia, que dela são desprovidos. O Residencial Pedro Ludovico é parcialmente servido
por rede pública de água. Todavia, mesmo em bairros com rede de água existem pessoas que utilizam
poço. Nos bairros onde foram realizadas as entrevistas 30% das pessoas possuíam água encanada de
poço enquanto as demais eram servidas pela rede pública. A maioria dos bairros que compõem a bacia
não possui rede coletora de esgoto exceto o bairro Paraíso que conta com um atendimento parcial e os
bairros Jardim Calixto, Jamil Miguel 1ª e 2ª, Nações Unidas, Vila Góis, Vila Nossa Senhora d’Abadia
e Jardim Samambaia. Logo, nenhuma das casas onde foram feitas as entrevistas possui coleta de
esgoto.
Segundo o Plano Diretor de Anápolis (2006), não existem dados, precisos, relativos ao
sistema de drenagem pluvial na cidade. Sabe-se que é um sistema deficiente, subdimensionado e com
ligações clandestinas de esgoto doméstico. Isso se comprova por constantes alagamentos e inundações,
principalmente no centro. De acordo com a Secretaria de Infra-Estrutura é necessário executar
794.762,81 metros de rede de águas pluviais em Anápolis. Na bacia estudada raramente são vistas
bocas de lobos. Os locais onde foram aplicadas as entrevistas são totalmente desprovidos de qualquer
estrutura associada à microdrenagem.
Apenas 61% das ruas da alta bacia do rio das Antas são pavimentadas e alguns bairros
como o Polocentro possuem mais de 80% das ruas sem pavimentação asfáltica. Existem ainda os
bairros com pavimentação asfáltica de péssima qualidade que é facilmente erodida pela ação do
escoamento superficial. Das residências onde foram realizadas as entrevistas apenas 5% possuem
asfalto, porém, de má qualidade.
Os mapas do Plano Diretor apontam para uma coleta de lixo feita regularmente em todos
os bairros da cidade. Todavia, nos bairros amostrados para entrevistas isso nem sempre acontece,
sendo que 60% dos moradores afirmaram não terem seu lixo coletado. Deste percentual, apenas 25%
diz queimar o lixo, o restante depositando nas incisões erosivas. Aliás, cabe ressaltar que as casas que
não possuem coleta de lixo não o tem, provalvavelmente, porque o caminhão não consegue trafegar
nas ruas intensamente afetadas por erosões.
No relatório do Plano Diretor (2006) os moradores dos bairros Polocentro, Calixtópolis e
Paraíso reivindicam pavimentação e esgoto sanitário. Os moradores do bairro Vivian Parque fazem as
mesmas reivindicações acrescidas da necessidade de rede de abastecimento de água.
Durante conversa com moradores estes apontaram a falta de infra-estrutura como causa
principal das erosões e alagamentos. Segundo eles, tais problemas poderiam ser solucionados com
asfaltamento das ruas, canalização das águas superficiais e rede de esgoto. No entanto, nas raras
atitudes que a prefeitura tomou para resolver o problema fez apenas o aterramento das erosões, e o
que é mais grave, segundo 10% dos entrevistados incentivou o lançamento de resíduo da construção
civil nas incisões erosivas.
Não é possível, no entanto, atribuir todas as mazelas associadas a erosão a precariedade
ou inexistência das obras de infra-estrutura básica, pois grande parte do escoamento superficial
poderia ser evitada se a população promovesse menor impermeabilização dos lotes ocupados. A
prática da impermeabilização das áreas previstas para não ocupação tem, no mínimo, tripla origem:
a cultura, a precariedade ou inexistência de educação ambiental apontando seus malefícios e a falta
de atuação da Administração Pública municipal coibindo tal prática, mesmo que por meio da
educação ambiental informal.
No Brasil há segregação social e conseqüentemente, segregação de infra-estrutura.
Parkinson et al. (2003) apontam que a população de alta renda se concentra nas regiões onde existe
infra-estrutura instalada, enquanto a população de baixa renda habita em comunidades sem infra-
estrutura. Quando se fala em segregação da população de alta renda, de certa forma, está se dizendo da
segregação do saneamento em geral. Isso pode ser observado em várias cidades brasileiras, onde
populações com baixa renda têm pouco acesso a tal serviço. Anápolis pode ser citada como exemplo
dada a realidade estudada nos bairros da alta bacia do rio das Antas.
Pompêo (2000), apoiado nos dados produzidos pelo Instituto Brasileiro de Administração
Municipal, destaca que os serviços de abastecimento de água deixam de fora 12% da população
urbana, a coleta de esgotos cobre apenas 35% desta população, sendo que apenas 8% do esgoto
produzido possui tratamento adequado. Quanto aos resíduos sólidos, a situação é gravíssima: 76% são
acumulados em “lixões” a céu aberto. No que se refere à drenagem e controle de cheias em áreas
urbanas, as ações são emergenciais, esporádicas e, quase sempre, definidas após a ocorrência de
desastres. Cabe destacar, que materiais recicláveis como o vidro, o papel, o plástico e o entulho da
construção civil são riquezas transformadas em problema por falta de planejamento e coleta seletiva.
Saúde
A deficiência nos serviços de saneamento básico desperta preocupação, pois segundo
Davis (2006), doenças relacionadas a saneamento básico em geral (água, esgoto, lixo) representam
75% das moléstias que afligem a humanidade.
O relatório do Plano Diretor de Anápolis (2006) aponta que existe uma má qualidade da
saúde no município. Isso pode ser atribuído à falta de infra-estrutura (esgoto, água, asfalto, transporte
insatisfatório, arborização, lotes baldios) e questões sociais (desemprego, falta de creches, falta de
segurança, falta de lazer). As pessoas expostas à condições de risco, tais como as mencionadas
anteriormente, podem ter sua saúde afetada. Durante as entrevistas houve o relato de duas doenças
instauradas pelas condições ambientais.
O lixo depositado nas incisões erosivas também contribui com o surgimento de
possíveis problemas de saúde. O lixo exala odores desagradáveis e proporciona condições
favoráveis à proliferação de animais peçonhentos, roedores e insetos, sendo que muitos destes
organismos são vetores responsáveis pela transmissão de doenças ao homem (Figura 4). Além
disso, a decomposição da matéria orgânica e a presença de pilhas e baterias pode contaminar o
lençol freático e as águas superficiais uma vez que as voçorocas estão conectadas ao curso d’agua.
Destaca-se que aterros de lixo e entulho são extremamente instáveis o que é evidenciado por
pequenos sulcos, ravinas, trincas e abatimentos podendo gerar acidentes.
DOENÇAS VETORES MODO DE TRASMIÇÃO Febre tifóide e
diarréias infeciosas Moscas e baratas Transportam nas patas os microorganismos depositando-os em utensílio e alimentos etc.
Peste bubônica Pulgas e ratos Picada do inseto; mordida do roedor ou contato com sua urina.
Tifo murino Pulgas e ratos Picada do inseto; mordida do roedor ou contato com sua urina.
Leptospirose Ratos Contato com a urina dos roedores
Leishmaniose Mosquito do gênero Phlebotomus Picada do mosquito
Febre Amarela e Dengue Aedes aegypti Picada do mosquito
Fonte: Sisinno, 2000. Figura 4: Relação de algumas doenças provocadas por vetores que se proliferam no lixo
Acesso à Informação e Lazer
Ao serem perguntados sobre o tipo de lazer que desfrutam em momentos de folga, os
moradores foram unânimes em apontar a igreja e televisão. Todavia, alguns elegeram só um destes
itens. Entretanto, a maioria dos moradores foi clara em dizer que esta não era uma mera preferência
mas sim a única opção que lhes restava. Em Anápolis existem poucas opções públicas de lazer e a
maioria dos moradores entrevistados não tem condições para pagar outras formas de diversão. Para
alguns, mesmo que o local seja gratuito, o gasto com transporte e as longas distâncias, tanto até o
ponto de ônibus, como até o destino, os fazem terem na TV e na igreja as únicas fontes de distração e
lazer.
De acordo com o Plano Diretor de Anápolis os equipamentos públicos, esportivos e de
lazer da cidade, como um todo, carecem de reformas e manutenção. Além disso, é importante destacar
a necessidade de criar novos espaços com a finalidade de proporcionar lazer à população pois em toda
a bacia só existem três locais públicos de lazer que são: um ginásio de esportes (Carlos de Pina), o
Kartódromo e o Parque Onofre Quinan.
O Kartódromo só pode ser utilizado em dias de eventos esportivos e estes não acontecem
com freqüência, o mesmo ocorrendo com o ginásio. Já o Parque Onofre Quinan está com suas
condições paisagísticas bastante deterioradas pelo assoreamento causado pelos sedimentos
provenientes das erosões estudadas e que já comprometeu um lago. Também está sendo depositado
entulho dentro do parque, mais especificamente dentro do lago e ainda suas cercas estão danificas
prejudicando a segurança do local.
Enquanto os poucos locais de lazer da população estão sendo destruídos resta às crianças
brincarem dentro das incisões erosivas correndo risco de contaminação com lixo e de incidentes com
animais peçonhentos ou vetores de doença, além de sujeitarem-se a acidentes relacionados a
movimentos de massa nos taludes das incisões. Esse tipo de recreação pode ser constatado algumas
vezes durante as visitas de campo quando também se flagrou pessoas pescando em diversos locais do
rio das Antas, em meio à paisagem totalmente impactada, principalmente por grandes quantidades de
lixo.
No relatório do Plano Diretor de Anápolis (2006) são apontadas as reivindicações dos
moradores. A população do bairro Polocentro e Residencial Pedro Ludovico reivindica áreas de lazer e
quadras de esportes. Já os moradores do bairro Calixtópolis demonstram seu anseio por praças
enquanto os moradores do bairro Paraíso e Vivian Parque reivindicam quadras esportivas.
A televisão, além de garantir o lazer dos moradores, junto com o rádio, também cumpre o
papel de informar 90% dos entrevistados. A maioria só sintoniza a Rede Globo obtendo informações
através do jornal local e/ou Jornal Nacional. Isso impede a comparação de notícias e opiniões e
acorrenta o pensamento à informações unilaterais induzindo condições para que ocorra a alienação. No
entanto, no tocante à informação o mais importante inexiste, ou seja, as informações educativas
necessárias a conscientização da população quanto aos problemas ambientais e como evitá-los. Essa
informação constitui um dos pontos mais importantes da educação informal.
Articulação Sócio-Política dos Moradores
Os moradores possuem pouca, para não dizer nenhuma, articulação sócio-política. Ao
serem perguntados se já haviam tomado alguma atitude para resolver os problemas que os prejudicam,
a maioria (55%) nunca o fez. As denúncias em rádio e televisão, e reclamações diretamente na
prefeitura são, na maioria dos casos, individuais e desarticuladas. A atitude de participar de um abaixo
assinado talvez tenha sido a atitude mais articulada sendo que, das pessoas entrevistadas, apenas 10%
dele participaram. Todos os moradores entrevistados demonstraram conhecimento da existência de
uma associação de moradores ao mesmo tempo que manifestaram sua decepção com a pouca
eficiência da instituição sendo que 10% dos entrevistados acorreram à reuniões com o presidente da
Associação de Moradores do Brairro no intuito de tentar resolver problemas locais.
Riscos e Acidentes Associados à Erosões e Alagamentos
Do ponto de vista ambiental risco refere-se à vulnerabilidade de determinada porção do
território (população/equipamentos/organização social e econômica, recursos naturais) com relação a
probabilidade de ocorrência de processos perigosos que podem produzir acidentes variados, com
prejuízos sócio-ambientais.
Os riscos ambientais podem, segundo Ogura (1995), serem separados de acordo com sua
origem nos seguintes tipos: - os naturais, que se referem à riscos associados, exclusivamente, a
processos naturais do meio físico (atmosfera, hidrologia, biologia e geologia), como tsunamis,
erupções vulcânicas, entre tantos outros; - os riscos relacionados a processos vinculados a erros
construtivos e falhas de artefatos e equipamentos tecnológicos, destacando-se o rompimento de
reservatório de água ou de rejeitos de mineração, emanação de radioatividade de usinas nucleares. Por
fim, existem os riscos sóciopolíticos referente à guerras e colapsos sociais. Ogura (1995) destaca que
os riscos tecnológicos e sóciopolíticos podem ser agrupados numa classe denominada de riscos
antrópicos.
Ogura (1995) aponta que os processos erosivos podem gerar uma situação de risco que,
juntamente com as enchentes, podem provocar grandes perdas econômicas. Quando essa situação de
risco se consuma resultando em prejuízos socioeconômicos é denominado de acidente. Logo, pode-se
afirmar que a erosão acelerada instalada sobre a superfície é, sob vários aspectos, um acidente. A perda
de solo agricultável ou urbanizável implica em grandes prejuízos econômicos. Além disso, o
assoreamento enquanto contrapartida da erosão, causa grandes danos aos corpos d’água o que pode se
refletir no sistema de abastecimento de água potável e, ainda, nas áreas urbanas, sendo os gastos com
dragagem de canais bastante onerosos, além do aumento do risco de alagamentos e inundações. Os
processos erosivos, especialmente em meio urbano, também prejudicam, conforme destacam Almeida
Filho e Ridente Junior (2001), as condições de trafegabilidade das ruas, provocam a desvalorização
imobiliária e, entre outras questões, desenvolvem focos de doenças pois muitas erosões são aterradas
com lixo urbano.
As erosões, principalmente de áreas urbanas, são acidentes que, na maioria dos casos,
geram riscos constantes para a população que habita e circula nas suas imediações. A maior parte dos
impactos descritos tem colocado a população em situação de risco iminente e constante tendo sido
relatados diversos acidentes com graves conseqüências sociais.
A dificuldade em transitar pelas ruas da área pesquisada é intensa e em alguns pontos é
difícil transitar mesmo a pé. Essa condição agride de maneira contundente a dignidade dos moradores
que não conseguem receber, em suas residências, entregas de compras em geral em suas residências.
Alguns moradores denunciaram a descriminação do comércio da cidade que, por causa das condições
de trafegabilidade, se nega a realizar entregas. Uma moradora chegou a afirmar que vendeu o carro
porque a rua de sua casa é muito afetada por erosões e freqüentemente ela não conseguia transitar com
o veículo. Até mesmo o ônibus do transporte coletivo tem dificuldade de completar a linha sendo que
30% dos moradores apontam que o transporte coletivo é bom, quando as erosões não atrapalham o
tráfego.
Viaturas da polícia e corpo de bombeiros também possuem dificuldade de se locomoverem
no local. Foram identificados em conversas e entrevistas três casos em que o morador precisava da
assistência dos bombeiros, mas estes não conseguiram chegar ao local. Um desses casos refere-se a
uma grávida que deu a luz na porta de sua casa porque os bombeiros tiveram dificuldade de acesso a
ela. Em outra situação, o atendimento a uma criança doente, pela ambulância, só pode ocorrer porque o
pai caminhou com o filho nos braços até um ponto onde a ambulância conseguiu chegar. Também
foram registrados dois casos nos quais os moradores tiveram dificuldades de retirar pessoas falecidas
de dentro de suas casas, pois no lugar onde deveria existir uma calçada havia um grande incisão
erosiva que comprometia boa parte da rua.
Entrevistas e conversas informais com os moradores da área, bem como uma vasta pesquisa
nos arquivos do Corpo de Bombeiros, onde foram examinados os registros de ocorrências no período
de outubro de 2004 a janeiro de 2007, permitiram a realização de um detalhado levantamento que
aponta para vários problemas associados não só à erosão, mas também a alagamentos (Figuras 5 e 6).
ACIDENTES RELATADOS PELOS MORADORES LOCALIZAÇÃO OCORRÊNCIA
Calixtolândia. Av. Contorno Moradora foi buscar a filha no ponto de ônibus em dia de chuva e caiu dentro de uma ravina.
Calixtolândia. Alagamento de casa provocando perda de móveis e eletrodomésticos.
Calixtolândia Criança vindo da escola em dia de chuva foi arrastada pela água.
Calixtolândia Água invadiu casa. Vivian Parque II Av. XI Criança pequena caiu dentro de uma ravina. Vivian Parque II Av. XI Motoqueiro caiu dentro de voçoroca.
Calixtolândia rua contorno Evolução de ravina destruiu fossa e calçada de uma rua.
Calixtolândia rua Contorno A moradora afirma ter visto 3 pessoas, 2 motos e uma bicicleta serem carregados pela água no local.
Figura 5: Acidentes relatados pelos moradores
ACIDENTES REGISTRADOS PELO CORPO DE BOMBEIROS REGISTRO DATA ENDEREÇO OCORRÊNCIA
SP 579/4909 08/10/05 Resid. Pedro Ludovico Rua Ademar Rodrigues
Qd. 18 Lt.30 Retirar cachorro de erosão
SP 714/5575 06/12/05 São Joaquim Rua 06 Qd.10 Lt.03
Assistência à vítima de desmoronamento de terra.
SP 725/5632 11/12/05 Nossa Senhora D’Abadia Rua Americano do Brasil
Retirar do interior de uma poça d’água o veículo FIAT UNO
SP 230/872 07/04/06
Vila Nossa Senhora da Conceição (Parque
Onofre Quinan )Rua Góis Qd C; Lt 9
Resgate de vítima de alagamento ilhada em sua casa.
SP 550/2874 09/10/06 Nossa Senhora D’Abadia Rua 12 Fundos do Parque
Onofre Quinan
Ao tentar atravessar a ponte onde o nível da água era de 70 cm acima da via o automóvel,Citroen C3, foi parcialmente dominado pela correnteza ficando com a parte dianteira do carro submersa no córrego.
AC 100/3483 15/12/06 São Joaquim Av. Pedro
Ludovico Porto Rico
Regate de viatura da policia técnica científica que havia ficado no meio da avenida por causa de alagamento no local.
Figura 6: Acidentes relatados pelo Corpo de Bombeiros
CONSIDERÇÕES FINAIS
Dos moradores entrevistados, 25% sempre moraram em Anápolis e o restante migrou de
diversos lugares do Brasil. Desses migrantes, 40% vieram juntar-se à família que já estava residindo
em Anápolis. Outros 40% o fizeram na expectativa de conseguir um emprego enquanto os 20%
restantes vieram para realização de tratamentos médicos. Destaca-se que cerca de 47% desses
migrantes exerciam atividades profissionais vinculadas à vida no campo, nas suas cidades de origem.
Setenta e cinco por cento dos moradores entrevistados optaram por residir nos bairros Polocentro e
Calixtolândia por se tratarem de locais onde os preços dos imóveis são baixos viabilizando-se como a
única opção de possuir a casa própria. Os 25% restantes escolheram estes bairros porque a família
neles já residia. Muitos dos moradores que não vieram diretamente residir nestes bairros moraram de
aluguel em outros locais da cidade.
Ao serem perguntados sobre a satisfação em residir no local, 70% se dizem satisfeitos. Esse
elevado grau de satisfação pode, provavelmente, ser atribuído à oportunidade de se ter a casa própria
pois, quando perguntados sobre as vantagens de residir no local, mais de 50% apontam o fator casa
própria e a tranqüilidade (ainda presente nos locais com ocupação rarefeita). Entretanto, um percentual
de 15% manifesta a ausência de vantagens em residir no local, enquanto 80% dos moradores apontam
as erosões, e suas conseqüências, como as maiores desvantagens em lá residir.
Como já discutido, as erosões geram várias condições de risco tendo ocorrido muitos
acidentes de pessoas em incisões erosivas. Logo, mesmo tendo a sensação de satisfação por possuírem
casa própria os moradores, quando perguntados se mudariam do local, caso tivessem condições, mais
de 70% responderam que sim. Uma moradora chegou a afirmar que... “nóis não é tatu pra vive no
buraco...”
Conforme relatos, os moradores gostariam, se pudessem, de se mudarem para outro local os
moradores gostariam, segundo seu relato, de residir em bairros com melhor infra-estrutura e sem
problemas graves de erosão e alagamentos. Alguns chegam a mencionar que desejariam se mudar para
o topo, ou para qualquer lugar plano, ou ainda pra qualquer lugar desde que dotado de infra-estrutura.
Outros poucos moradores apontaram o desejo de se mudar da cidade.
Uma moradora entrevistada no bairro Morumbi diz estar mais satisfeita morando ali,
mesmo com problemas de alagamentos, do que onde morava anteriormente (bairro Polocentro), onde
convivia diariamente com problemas relacionados às erosões. Nos topos planos da bacia, no eixo da
avenida Pedro Ludovico, a oeste, e da avenida Brasil, a leste, encontram-se principalmente lojas
comerciais, enquanto o padrão das residências diminui conforme se aproxima do vale fluvial. Em
conversa informal com um morador da alta vertente ele afirmou que “... conforme as condições foram
melhorando, nós fomos subindo...”.
Isso evidencia que, além do parcelamento do solo não ter sido implementado considerando
as características do meio físico, também não foi feito com base na demanda social, mas sim na
especulação imobiliária. Sendo assim, a parcela da população com menor poder aquisitivo se vê
obrigada a residir em locais sem infra-estrutura e altamente prejudicados por impactos ambientais a
exemplo das erosões, pois estes são os únicos locais onde conseguem ter acesso à casa própria.
Observa-se, portanto, que a segregação econômica é acompanhada de segregação de
infraestrutura que se materializa na segregação sócio-espacial. A falta de infra-estrutura, além de fazer
com que as áreas dela carentes tenham baixos valores, favorece o aparecimento de erosões que, por sua
vez, tornam-nas ainda mais desvalorizadas. Numa pesquisa feita em algumas imobiliárias da cidade
pôde-se observar grandes discrepâncias de valores de imóveis localizados no topo e na baixa vertente.
Um lote na Av. Brasil (topo plano do interflúvio) custa, segundo dados da prefeitura e de imobiliárias,
cerca de R$81,63 o m2, enquanto um lote na baixa vertente, em área afetada por erosões, custa apenas
aproximadamente 13,15 reais o m2.
Por fim, diante da precariedade de todos os indicadores selecionados observa-se que, de
acordo com Leal (1995), a qualidade de vida é classificada como péssima. A categoria péssima
engloba precárias condições sócio-econômicas, baixa qualidade de infraestrutura e de serviços, alto
risco ambiental, pouco ou nenhum acesso a lazer e informação, desarticulação política e uma nítida
segregação sócio-espacial. Portanto, a qualidade de vida dos moradores dos bairros Polocentro,
Morumbi e Calixtolândia é considerada péssima, estendendo-se à bairros onde não foram realizadas
entrevistas, mas com realidade correspondente à constatada nos bairros anteriormente mencionados
destacando-se o Residencial Itatiaia, o Bairro Jibran El Hadj, Conjunto Habitacional Esperança II e
Vivian Parque I e II. Os demais bairros que compõem a bacia apresentam problemas ambientais mais
localizados. São dotados de melhor infraestrutura e serviços, e alguns poucos, localizados à jusante,
próximos ao centro da cidade, possuem ainda melhor padrão de edificação e maior valorização
imobiliária. Tais bairros não se enquadram na categoria de boa qualidade de vida. Todavia, seria
negligência classificar a qualidade de vida de seus habitantes como péssima, pois não se têm subsídios
para isto.
Quanto à caracterização da qualidade de vida como péssima, é importante salientar que
dois indicadores se destacam para determinar essa condição: trafegabilidade e acesso a informação. A
falta de trafegabilidade impede ou dificulta a efetivação do direito fundamental de ir e vir. Se o
indivíduo não pode se deslocar terá dificuldades em acessar outros elementos importantes para seu
bem estar e segurança. O acesso à informação abre espaço para educação informal quanto às questões
ambientais, geralmente, resultando na mudança de comportamento da população quanto à
impermeabilização de áreas não edificáveis, lançamento de lixo em locais impróprios, lançamento
clandestino de esgoto sanitário na rede águas pluviais entre outros.
Embora as populações mais pobres sejam as mais afetadas observou-se que os alagamentos
e inundações na bacia, de certa forma, socializam o problema, haja vista que podem atingir pessoas de
classes indistintas que estejam transitando, principalmente de carro, no momento em que esteja
ocorrendo um destes processos. Além disso, os custos com a mitigação dos impactos estudados são
extremamente altos e oneram toda a sociedade no que concerne a outros bens públicos, como escolas,
praças, parques, ginásios esportivos entre tantos outros que poderiam ser construídos com o orçamento
das obras mitigadoras.
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