entretecendo fios entre fala e escrita
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Projeto desenvolvido com alunos de 5ª. e 6ª. Séries da
Escola Estadual do Bairro Catarinense no período de
agosto a dezembro de 2010.
Objetivo Geral
Refletir sobre possíveis interfaces entre os modos
de enunciação orais e escritos, a partir dos gêneros discursivos.
Objetivos Específicos
- Refletir sobre o funcionamento do sistema
de escrita.- Distinguir e valorizar as
variantes linguísticas.- Proporcionar atividades que visem à valorização da
linguagem oral.
- Observar as principais diferenças entre o texto oral e o escrito quanto a sua estrutura e funcionamento.
- Identificar características dos gêneros orais e escritos e participar de situações de uso de linguagem oral e de linguagem escrita.
- Utilizar os elementos da narrativa com base na linguagem usada para escrever.
- Conhecer as características discursivas e comunicativas do gênero trabalhado (causos de assombração).
- Reconhecer, organizar e utilizar os recursos linguísticos presentes nos textos (orais e escritos) e aprender procedimentos de revisão.
Gadotti (2003, p. 03) afirma que “[...] precisamos ouvir histórias,
contar histórias, aprender a escutar histórias, ler histórias” Para o autor, além disso, “Para termos futuro, precisamos nos reconhecer no nosso passado,
analisá-lo criticamente, conhecer nossa história e cultivá-la, para
transformá-la” Fim
Causos de assombraçãoSão causos narrados oralmente onde
são relatados fatos inexplicáveis. Essas narrativas fazem parte do
imaginário popular e há casos que são narrados de pai para filho durante
muito tempo.
Sabemos que ouvir e contar histórias são hábitos que existe a bastante tempo em nossa sociedade e que
esses hábitos despertam atenção e curiosidade de jovens, adultos e
crianças. O causo de assombração é uma dessas histórias que ouvimos e
contamos. Elegemos o causo de assombração como gênero discursivo privilegiado para trabalhar com as
relações entre fala e escrita.
Nos causos de assombração prevalece um clima de absurdo e
surpresa, eles possuem vários fatos estranhos que não podem ser explicados à luz da realidade, seu
intuito é causar estranheza no leitor ou deixá-lo maravilhado com
a situação fantástica, irreal apresentada, em quase todos há um personagem misterioso e um final
surpreendente. fim
NARRAÇÃO: Exposição escrita ou oral de um fato ou de vários deles relacionados e seriados.
(Larousse)
Narrador:narrador-personagem: além de narrar os fatos ele participa das ações.
Ex. Nós saimos apressados para ir ao baile.
Narrador-observador: Ele narra os fatos como
observador do que acontece, não participa das ações.
Ex. Ele saiu apressado para ir ao baile.
Foco narrativo (1º e 3º pessoa);
Determinado pelos verbos utilizados no texto.
1ª. Pessoa (eu ou nós)3ª. Pessoa (ele/ela (s))
Personagens:
- protagonista: personagem principal.
-antagonista: que age em oposição ao protagonista.
-coadjuvante: personagens secundários
Tempo:É a época em que ocorre a história ou a duração dela
pode ser cronológico e psicológico;
Ex. Nos idos de 1948, quase ninguém sabia o que
era TV.
EspaçoLugar ou lugares onde a
história se passa.Ex. Naquela sala sombria destacava-se apenas a
luz da vela...
Complicação ou desenvolvimento;
(é a luta entre dois forças ou personagens)
É o momento quando protagonista e antagonista
se enfrentam
- Clímax; (momento de maior intensidade dramática) É quando há o momento de maior suspense dentro da história, quando o texto chaga ao clímax é difícil
parar de ler.
-Desfechocomo os fatos se arranjam
no final da história No final podem ser
apresentados ou não a resolução dos conflitos desenvolvidos na trama.
Fim
Transcrição:“transcrever a fala é passar um texto de sua realização sonora para a forma gráfica
com base numa série de procedimentos
convencionalizados.”(Marcuschi)
Normas para a transcrição segundo o
projeto nurc.
http://www.fflch.usp.br/dlcv/nurc/normas_para_transcricao.htm acesso em 21/04/2010
-Incompreensão de palavras ou segmento: ( )
Ex. e a minha mãe ( ).
- Hipótese do que se ouviu: (parece)
Ex. E disse (porque) era dinheiro
-Prolongamento de vogal ou consoante: ::
Ex. ele:: pagava para ele- Silabação: -
Ex. Eles fi-ca-ram pasmos- Interrogação: ?
Ex. O professor... tinha morrido?
-Qualquer pausa: ...Ex. Ele veio em sonho e...
- Comentários do transcritor: (( ))
Ex. ((risos))- comentários que quebram a
sequência temática: -- --Ex. aqueles barulhos que ele fazia-- ele caminhava -- eles
foram procurar.
- Superposição de vozes: {Ex. na { sala{no quarto?
- indicação de que a fala foi interrompida: (...)
Ex. (...) ele não dava aulas para as meninas
fim
Retextualização: transformação de textos orais em textos escritos. Não é processo mecânico,
mas que envolver operações complexas que interferem tanto no código como no
sentido. (Marcuschi)
1ª. Operação: Eliminação das marcas do processo de produção oral: truncamentos, repetições, preenchedores de lacunas,
marcas interacionais
2ª. Operação:Introdução de pontuação e
paragrafação. Procurar tópicos que podem ser
agrupados em parágrafos.
3ª. Operação:Reestruturação sintática,
concordâncias, encadeamento: nessa operação orações com problemas sintáticos ou com
construções sintáticas típicas da oralidade devem ser
reconstruídas.
• Concordâncias devem ser organizadas e introdução de palavras que farão o encadeamento das ideias.
• Atribuir um título ao texto.
Fim
Língua falada e língua escritaPois é. U purtuguêis é muito fáciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi exatamente cumu si
fala. num é cumu o inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é si iscreve algumas palavras.
Im portuguêis não. É só prestátenção. [...] Quem soube falá
sabi iscrevê. (Jô Soares. Revista Veja. 28 nov. 1990. p.19) Fim
DIÁLOGO TRANSCRITO João_ escuta...cê viu como foi bom o baile da oitava série... ((animado))Pedro_ é:: eu nem fui... tava cansado
((sem muito interesse)) João_ nossa cara cê não sabe que
perdeu ... tinha ca::da gati::nha Pedro_ah é... num tô interessado
nisso... ((já com ar de desinteresse))
João_ para quessa dor de cutovelo... desde que a Cris foi embora que cê ta
assim... brocochô... se anime Pedro_ não dá cara... tô com a cabeça
chei::a... João_ ah::: faz o possível cê não pode
ficar assim né? Não tem só ela no mundo...((meio indignado))
Pedro_ já DISSE num tô com cabeça pra isso...
João_ qual é cara? Pense bem cê ta perdendo tempo... garan::to que ela nem
pensa mais em você... Pedro_ será? ... ((pensativo)) é... talvez
seja isso mesmo... acho que cê tem razão... outra hora a gente se fala... tô indo... ((sai))
João_ vai não... perai... vamo conversar... (Diálogo produzido pela professora Ivone especialmente
para esta Unidade Didática)