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ENSINO DE QUÍMICA: EXPERIMENTAÇÃO COM ENFOQUE
AMBIENTAL
ANATER, Samara1 FOLLADOR, Franciele 2
Resumo
Ensinar a disciplina de Química hoje, continua sendo um grande desafio para todos aqueles que desejam algo mais do que o ensino tradicional proporciona. O presente artigo apresenta, o resultado de um trabalho realizado com estudantes da 3ª ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Nova Esperança – Ensino Fundamental e Médio, localizado em Nova Esperança do Sudoeste, no estado do Paraná. A partir do trabalho desenvolvido no contexto escolar, objetiva-se discutir a importância da utilização de aulas práticas em Química, na sala de aula ou em laboratório. Além disso, pretende-se mostrar que é possível desenvolver os conteúdos de forma contextualizada e significativa, de acordo com a realidade de cada série/turma. Os resultados indicaram que as atividades desenvolvidas foram capazes de assegurar uma transmissão eficaz dos conhecimentos a cerca do reaproveitamento do óleo usado como forma de preservação do meio em que vivem e viverão as futuras gerações. Conclui-se que esta forma de abordagem prática possibilitou um avanço em seu aprendizado, não deixando que os alunos ficassem restritos ao fornecimento de conteúdos químicos teóricos. Palavras-chave: Contextualização. Aulas práticas. Aprendizagem significativa.
INTRODUÇÃO
A finalidade desse trabalho foi o de utilizar a experimentação como forma de
investigação e contextualização, aumentando assim a participação, o interesse e a
capacidade de aprendizagem dos alunos durante as aulas de química, não
separando a teoria da prática, desenvolvendo habilidades, competências e também
uma melhor compreensão dos conceitos químicos presentes, bem como contribuir
para o desenvolvimento conceitual do aluno.
Como também a de promover o ensino de química através da utilização da
experimentação investigativa como forma de conhecimento da realidade,
relacionando os experimentos com atividades presentes no mundo, a qual o aluno
está inserido. Isto o levou a perceber que a química faz parte do seu mundo, não
sendo uma ciência complexa e sem acesso, incompreensível, distante da nossa
vida, fora da nossa realidade, gerando assim uma aprendizagem significativa dos
conteúdos e conceitos químicos.
1 Graduada em Ciência com Habilitação em Química, pelas Faculdades Integradas de Palmas –
FACEPAL – Palmas. Endereço eletrônico [email protected] 2 Professora orientadora PDE. Professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
As atividades, portanto, apresentadas neste artigo se ligam às minhas
experiências enquanto professora de Química. Ao longo dessa trajetória, percebi
que apesar de a química estar presente em tudo à nossa volta, geralmente, os
alunos apresentavam dificuldades de entender os conteúdos específicos e,
consequentemente, não conseguiam associá-los ao seu cotidiano.
Na qual, observou-se também que, do ponto de vista ambiental e da
otimização do tratamento de esgotos, os procedimentos de descarte de óleos
usados pelos alunos/comunidade se mostraram inadequados e incidiam em grandes
erros, que, infelizmente, são muito comuns na sociedade. Sabemos que não há
como negar as estreitas relações da Química com as necessidades básicas dos
seres humanos, como: alimentação, saúde, transporte, moradias, vestuários, entre
outras.
Partindo dessas constatações, no âmbito do Programa de Desenvolvimento
Educacional (PDE/2016), propôs-se a realização de um trabalho voltado
principalmente para o reaproveitamento do óleo de cozinha.
O trabalho foi organizado de forma a contemplar diferentes aspectos, entre
eles: a importância da experimentação no ensino de química; Química orgânica: a
história do sabão, definições, reação química de produção de sabão, forma de
atuação do sabão - limpeza, problemas ambientais gerados pelo descarte
inadequado do óleo de fritura usado, produção de sabão.
De modo geral, o trabalho realizado possibilitou o desenvolvimento de
habilidades e competências nos alunos, bem como a capacidade de compreender
os fenômenos químicos presentes em seu dia a dia. Os assuntos desenvolvidos nas
aulas foram iniciados sempre a partir de algum acontecimento recente ou do próprio
cotidiano, propiciando ao aluno acumular, organizar e relacionar as informações
necessárias na elaboração dos conceitos fundamentais da disciplina. O sucesso do
projeto evidenciou ser possível adotar em contexto escolar a abordagem teórica e
experimental do conteúdo de saponificação.
Alguns com maior profundidade, outros de modo mais superficial, porém,
todos comprometidos com as leituras e a realização das atividades propostas,
reconhecendo que é preciso contextualizar o ensino de química nas escolas, visto
que, as atividades experimentais são capazes de proporcionar um melhor
conhecimento ao aluno.
As reflexões ocorridas nos fóruns e GTR abordaram a importância da
contextualização dos conteúdos específicos de Química com as atividades
experimentais. Os professores, em sua maioria, consideram que, tendo em vista que
a química é uma ciência experimental, fica muito difícil aprendê-la sem a realização
de atividades práticas (laboratório).
No entanto, vale lembrar que essas atividades podem incluir demonstrações
de práticas feitas pelo professor em sala de aula, caso não disponha de laboratório.
Os experimentos podem ser utilizados para confirmação de informações já dadas ou
para despertar a curiosidade dos alunos.
As aulas práticas por mais simples que sejam, quando bem planejadas,
conduzem os alunos ao êxito, no processo ensino aprendizagem, propiciando uma
maior interação destes com o seu mundo, levando-os a serem capazes de realizar
intervenções em seu meio.
O objetivo geral deste trabalho foi abordar os conteúdos de química
experimentalmente e de forma interativa junto aos alunos e com a comunidade
escolar com enfoque ambiental.
REFERENCIAL TEÓRICO
O papel do professor de química é amplo, ultrapassando a mera transmissão
de conhecimentos químicos. Pois, o professor de química deve se preocupar
também com a visão crítica do conhecimento que está sendo transmitido. Essa é
uma condição necessária para que o conhecimento químico tenha significado e valor
educativo para os alunos. A falta de preparo destes profissionais, com a escassez
de materiais adequados para realizar aulas experimentais, apoio das escolas e o
sistema educacional deixa claro esse problema.
De acordo com Santana e Fonseca
O ensino de ciências não deve apresentar respostas prontas e bem articuladas a perguntas pré-concebidas, ele deve acontecer por meio de atividades que problematizem e desafiem o aluno, conduzindo-o na construção do conhecimento científico. Este deve ser apresentado ao aluno como uma linguagem que lhe possibilitará interagir da maneira viva, profunda com o ambiente e o mundo. Enfim, pensarmos o ensino de ciências baseado em atividades que sensibilizem, estimulem a criatividade e extinguem o espirito curioso e inventivo de crianças e jovens, enfocando os fenômenos mais simples do dia a dia (2009, p.06).
A química torna-se relevante se relacionar como o dia a dia das pessoas. As
transformações que ocorrem no planeta terra se relacionam com a química sejam
essas transformações naturais ou produzidas pelo homem e que podem causar
consequências irreparáveis ao meio ambiente.
Baird (2002) salienta que a química desempenha um papel fundamental ao
meio ambiente do nosso planeta, embora seja comum as pessoas culparem os
químicos sintéticos e seus criadores pelos problemas da poluição mais comum,
passa despercebido que a maioria dos problemas ambientais de décadas ou séculos
passados foram em parte solucionados pelo conhecimento químico.
A química está no cotidiano do aluno de qualquer idade, de qualquer classe
social. A importância de se conhecer a vida cotidiana está principalmente no fato de
que tudo aquilo que é ensinado deve vir do cotidiano e retornar a ele para ser
confirmada a validade. Ao pensar as linhas evolutivas dos conceitos químicos
representa seguir duas direções do processo educativo. A primeira delas,
Depara-se com a vida cotidiana e sua “ciência” automática, quase inconsciente, dispensa e ao mesmo tempo útil, porque está culturalmente enraizada. Na outra direção encontram-se o novo e o desconhecido (MORTIMER, 1997, p. 206).
Cabe ao ensino da química, nos diversos níveis tentar reduzir a distância
entre a vida cotidiana e a ciência. Quando noto essa distância existente entre teoria
e prática e a falta de interesse nas aulas meramente teóricas, e o problemas que
isso representa na aprendizagem, alguma atitude tem que ser tomada para que o
professor disponha de tempo suficiente para trabalhar em práticas (laboratório)
repassando ao aluno esta experimentação.
Consequentemente, o aluno não pode apenas escutar, tem que produzir o
que exige investir em tal competência, todavia o maior problema não é o aluno que
apenas aprende, mas o professor que apenas ensina. Deve ser o professor um
motivador, alguém a serviço da emancipação do aluno. Em vez do “pacote didático e
curricular como medida do ensino de química e da aprendizagem, é preciso criar
condições de criatividade, através da pesquisa, para construir soluções,
principalmente diante de problemas novos” (LOPES, 1990, p.48).
A aula prática é uma sugestão de estratégia de ensino que pode contribuir
para a melhoria da aprendizagem de química, além dos experimentos facilitarem a
compreensão do conteúdo, as aulas tornam-se dinâmicas e apresenta-los de forma
a serem entendidos pelos alunos e relacionar os conhecimentos de química
orgânica com o cotidiano e com o meio ambiente.
No entanto Alberici & Pontes (2004), afirmam que
O lixo se fundamenta hoje em um dos problemas mais graves na atualidade e a reciclagem é a forma mais atrativa de gerenciar os resíduos sólidos urbanos, podendo contribuir para manutenção dos recursos naturais e para o bem estar da sociedade.
Para Valle (2004, p. 217), salienta que
Alguns resíduos podem ser transformados em outras matérias primas através do reaproveitamento ou da reciclagem. As reciclagens permitem que alguns materiais possam ser reprocessados, mantendo suas características. Possibilita a redução do volume de resíduos, conserva recursos naturais, economiza energia, diminui a poluição do ar, da água e do solo.
De todos os resíduos domiciliares, os que são constituídos de restos de
alimentos, produtos deteriorados, jornais, revistas, garrafas, todo tipo de
embalagem, o pior de todos é o óleo de proveniente das frituras por ter sua
composição química orgânica ou inorgânica, pelos riscos ao meio ambiente,
podemos contribuir para economia de recursos naturais e também para o bem estar
da comunidade, com base nesses conhecimentos esse projeto não contempla só
ensinar a produzir sabão, mas tentar sensibilizar e promover atitudes educacionais
que venha a contribuir para a melhoria do ambiente por meio do reaproveitamento
dos resíduos de frituras na produção de sabão caseiro e também testar a qualidade,
durabilidade e a consistência de alguns produtos do projeto.
Devemos considerar que a química é uma das ciências que mais trouxe
benefícios para a sociedade atual, mas há os riscos ambientais causados pela
geração de resíduos que compreendem uma infinidade de substancias, gerada
pelas mais diferentes atividades como as industriais e laboratoriais, sendo esses
uma preocupação especial devido a seus compostos, toxidades, características
bioquímicas, físico-químicas, tendo o homem como agente transformando que de
alguma forma podem causar dano ao meio ambiente, se não forem controlados
racionalmente visando sua conservação.
Pequenos geradores de resíduos como a instituição de ensino e pesquisas
consideram-se pelos órgãos fiscalizadores que não são atividades compactastes,
mas devem ter desde que seja por reaproveitamento, reuso, troca em banco de
resíduos, recuperação entre outros, esse material de laboratório. As realizações de
experimentos obrigam que o manuseio destes produtos e seus resíduos sejam feito
dentro das normas de segurança e o descarte conforme a substancia é entregue a
vigilância sanitária, todos esses paradigmas, problemas, soluções, se da pelo
processo de conscientização que levam o individuo e a sociedade a pensar em pro
do meio ambiente.
Segundo Zeppone (1999, p. 8) afirma que
Algumas práticas já realizadas em instituições de ensino, pode-se observar que as atividades desenvolvidas no âmbito escolar que propuseram o próprio ambiente escolar como objeto de observações, detectamos que aproveitamento desses métodos foi proveitoso por ser uma atividade que levou primeiramente em consideração o relacionamento entre alunos e professores, seguindo toda uma etapa estruturada, até observações fora do ambiente escolar, fazendo com que os alunos pudessem compreender em todos os aspectos, o quanto o nosso ambiente é diversificado e mostrando o quanto nosso ambiente natural e constituído é importante para o bem estar das pessoas.
Bem sabe-se que este projeto esta mais afim de conscientizar educandos e
educadores em geral, para que os mesmos levem a importância de fazer o
reaproveitamento dos lixos domésticos, de laboratório, fazendo com que tenham
conceitos de lixo, resíduos, reciclagem, realizadas em estudos e práticas que a
educação ambiental só será eficaz, se levar os alunos e comunidade escolar a terem
percepção do mundo que os cercam. Como salienta Kindell (2006) que “envolvendo-
os de forma a despertar uma consciência crítica que busca soluções para o
problema.”
Diante deste contexto despertou entre algumas partes do mundo a percepção
de que o meio ambiente necessita de socorro, no entanto Dias (1992, p. 141) diz
que “o desenvolvimento sustentável é simplesmente impossível se for permitido que
a degradação ambiental continue.”
METODOLOGIA
Este trabalho utilizou a pesquisa bibliográfica e também a pesquisa de campo
com a aplicação de questionários durante o primeiro semestre de 2017, que foram
respondidos pelos alunos da 3ª ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Nova
Esperança – Ensino Fundamental e Médio, localizado em Nova Esperança do
Sudoeste, no estado do Paraná antes e depois das aulas expositivas e de
experimentação.
Nesse sentido, a metodologia adotada recebeu uma abordagem qualitativa,
desenvolvida com referências da pesquisa-ação, uma vez que foi aplicada pesquisa
de campo para verificar o que os alunos e a comunidade no geral já sabiam sobre o
tema de pesquisa. “Cabe salientar que a pesquisa qualitativa parte do pressuposto
de que as pessoas agem em função de suas crenças, percepções, sentimentos e
valores, e que para todo comportamento humano há um sentido, uma interpretação”
(Minayo, 1998, apud Tozoni-Reis, 2004, p.151).
Segundo Franco (2005, p. 486), a pesquisa-ação tem caráter formativo:
[...] pois o sujeito deve tomar consciência das transformações que vão ocorrendo em si próprio e no processo. É também por isso que tal metodologia assume o caráter emancipatório, pois mediante a participação consciente, os sujeitos da pesquisa passam a ter oportunidade de se libertar de mitos e preconceitos que organizam suas defesas à mudança e reorganizam sua auto-concepção de sujeitos históricos.
Franco (2005, p. 489) afirma ainda que a pesquisa-ação:
[...] é uma pesquisa eminentemente pedagógica, dentro da perspectiva de ser o exercício pedagógico, configurado com uma ação que cientifica a prática educativa, a partir de princípios éticos que visualizam a contínua formação e emancipação de todos os sujeitos da prática.
Dentre as atividades realizadas destaca-se: aplicação de textos; Exposição de
conceitos teórico-práticos; Uso de recursos didáticos como: livros didáticos, TV, pen
drive com slides sobre o tema de estudo, quadro e giz; Pesquisa no laboratório de
informática sobre a história do sabão e problemas ambientais com resíduos; trabalho
em grupos e apresentação dos resultados aos colegas; Oficinas com
alunos/professores da UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão; Exposição de
fotos, trabalhos feitos e sabão produzido na oficina; Confecção de panfletos, os
quais foram entregues para a comunidade sobre o uso do óleo de cozinha e outros
resíduos na fabricação de sabão. Coleta para fabricação dos produtos de limpeza.
A principal atividade realizada foi o repasse de conceitos de Química através
de aulas teóricas (cadeias carbônicas, grupos funcionais e a reação de
saponificação); regras de segurança em laboratório; Desenvolvimento de sabão em
barra; Visita técnica a empresa que coleta lixo e mantem o aterro sanitário na
cidade, com vistas a promoção da reflexão sobre alternativas para a solução do
problema gerado pelo lixo e percepção dos alunos sobre a composição dos resíduos
descartados ou depositados nos lixos e a quantidade diária de material depositado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Inicialmente a proposta de trabalho foi apresentada à Direção, Equipe
Pedagógica e professores durante a reunião pedagógica do dia 04 de fevereiro,
realizada nas dependências do colégio. Na oportunidade foi mostrada também a
relevância da pesquisa na aprendizagem dos educandos. Antes do início da
aplicação, foi fornecida aos alunos informações sobre o tema, a metodologia a ser
empregada e os objetivos a serem alcançados. Nesse contato os alunos foram
incentivados a participarem de todas as atividades propostas no desenvolvimento do
projeto, pois, seria utilizada uma metodologia que os colocaria em situações
investigativas oportunizando a análise e a reflexão de problemas propostos e onde
os mesmos participaram da construção e/ou reconstrução de seu próprio
conhecimento científico.
Na sequencia a atividade proposta foi a aplicação do texto “O acumulo de lixo
no planeta”. Após a leitura foi realizada uma atividade de fixação com um
questionário onde se indagou sobre: tipos de lixo e locais de geração, relação do
meio ambiente e as transformações químicas, problemas ambientais relacionados
com o uso e descarte de produtos químicos, postura como estudante em relação ao
problema.
Outra atividade foi a discussão: O que você entende por Química? E a
Química em seu cotidiano? Na discussão os alunos foram bem conscientes em
relação ao lixo e ao meio ambiente, os grupos discutiram e se envolveram
assumindo uma postura de cidadãos críticos na reutilização do lixo domiciliar. Um
grupo de alunos acrescentou “que no mundo acumula-se muito lixo e isso é
prejudicial ao meio ambiente e ao próprio homem, a reciclagem está sendo um dos
meios para tentarmos amenizar até mesmo diminuir o máximo de resíduos e
depósitos de lixo”.
Conforme Ruiz (2005), a reflexão acerca da prática da Educação Ambiental
precisa ser compreendida como um processo participativo do aluno, na qual, o
mesmo assume um papel de elemento central do processo de ensino e
aprendizagem esperado, este vem participando ativamente no diagnóstico de
problemas e busca de soluções, sendo preparado, como agente transformador,
através do desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes, por meio de uma
conduta ética, condizente com o exercício cidadania.
É preciso pensar em um ensino de Química que possa contribuir para pode
controlar e prever as transformações que ocorrem na natureza, em uma convivência
harmônica, que esteja pautada em um ensino que potencialize a cultura que esteja
presente na vida cotidiana do aluno, contemplando todo o indivíduo nos seus mais
variados aspectos, como ser histórico e que apresenta dimensões ambientais,
posturas éticas e políticas.
A Educação Ambiental mostrou-se, assim, suas possibilidades em mostrar ao aluno uma nova maneira de enxergar o mundo e construir saberes que considerem a sustentabilidade socioambiental, ao se mostrar capaz de reconstruir relações sociais e ambientais através das práticas e experiências vivenciadas no ambiente escolar, o que abre possibilidades de se levar esse aprendizado para o seu contexto social (CARNEIRO, 2006, p 31).
Nesse sentido foi relevante e satisfatório o grau de conhecimento adquirido
pelos alunos, o qual foi demonstrado pela facilidade em aprender química usando
temas relacionados com o cotidiano, além de alertá-los sobre a importância da
manutenção do ecossistema. Observou-se que a aproximação da Educação
Ambiental ao Ensino da Química é fundamental para formação do cidadão, pois, ao
exigir dos alunos observação, problematização e acompanhamento dos resultados
possibilitaram uma aprendizagem crítica do processo todo. Com isso abriu uma
gama de possibilidades como a inter-relação entre as disciplinas.
Iniciou-se o conteúdo químico orgânica, com slides de compostos orgânicos e
suas reações lembrando sempre do tema resíduos e meio ambientes. Entretanto,
até o século XVII o conhecimento que se tinha sobre as propriedades e composição
dos compostos orgânicos ainda eram discretos, embora a química já fosse bastante
explorada. Farias (s.d), enfatiza que:
Havia pouca produção de materiais orgânicos e, na maioria das vezes eram feitos domesticamente ou em pequena escala. Poucas coisas como, por exemplo, a fabricação de sabão, o refino de açúcar, processos de tingimento e destilação, sendo feito a separação de duas ou mais substâncias por aquecimentos, eram feitas em escalas maiores (FARIAS, s.d, p.1).
Sabemos da importância da Química Orgânica e que está presente em
qualquer atividade de nossa vida como salienta Farias:
Ao ler esse texto tudo está sendo mediado por compostos orgânicos. Para conseguir enxergar, seus olhos estão utilizando um composto orgânico para converter a luz em um impulso nervoso. Quando você mexe o „mouse‟, no teclado, enfim faz qualquer movimento „até dormir‟ o organismo está fazendo uma reação química para transformar a glicose em energia. Para raciocinar e entender o texto ou perceber o mundo, os impulsos nervosos são transmitidos entre os neurônios através da intermediação de moléculas orgânicas (s.d,, p.4).
Na sociedade em que vivemos estamos consumindo e produzindo lixos e
resíduos. Principalmente o lixo doméstico que é uma preocupação, umas delas é o
óleo, o qual é utilizado para as frituras do dia a dia. Deste modo foi assistido o vídeo
“não frite o planeta” de como reutilizar o material, tendo em vista que, possibilitou
aos alunos aprendizagem de conceitos químicos aliados ao meio ambiente. Na
abordagem do vídeo com os estudantes, foram considerados os aspectos relevantes
para a aprendizagem, à produção do conhecimento e também a ação. Nesse
momento, reservou-se um tempo para que os alunos refletissem e opinassem sobre
o conteúdo do vídeo. Aqui a noção prévia dos estudantes foi aproveitada para
engatar um debate, considerando suas experiências e os aspectos culturais.
A partir do conhecimento adquirido após assistirem o vídeo, foi elaborado um
questionário para se aplicar uma pesquisa de campo com a comunidade em geral,
sobre como é feito o descarte do óleo usado nas casas. Foram elaboradas
perguntas relacionadas ao descarte do óleo de cozinha usado, além de questionar a
opinião sobre possíveis danos que este pode causar no meio ambiente, conforme a
forma de descarte e se pode ou não ser reaproveitado. Também se questionou
sobre o papel do cidadão em relação a produção e descarte do lixo domiciliar.
Resultados semelhantes foram encontrados por Costa, Lopes & Lopes (2015), onde
a quantidade de óleo vegetal utilizada mensalmente foi de 2L.
Os resultados foram apresentados pelos alunos a outras duas turmas de 1º e
2º ano e seus professores. Foram elaborados slides para repassar os resultados da
pesquisa e informar a comunidade escolar usando conhecimento e tecnologia.
Houve entrevistas com várias pessoas de idades diferentes, profissões e grau de
escolaridade, e a conclusão principal da pesquisa é que todos os que responderam
ao questionário têm consciência do problema do lixo e se preocupam com o meio
ambiente.
Quanto ao descarte inadequado do óleo de cozinha, Lopes, Bispo & Carvalho
(2009) diz que o óleo de cozinha quando é jogado diretamente na pia pode causar
sérios prejuízos ao meio ambiente, se o produto for descartado nas redes de esgoto
poderá encarecer o tratamento dos resíduos em até 45% e o que permanece nos
rios poderá provocar a impermeabilização dos leitos e do solo, isso contribui para
que ocorram as enchentes.
Para promover a reflexão sobre alternativas e solução para o problema da
geração de lixo e ainda, verificar a percepção dos alunos quanto a composição e
quantidade de resíduos descartados diariamente, foi realizada uma visita na
empresa Sabia Ecológico onde o engenheiro químico da empresa fez a recepção e
relatou como é a empresa, seu funcionamento, sua abrangência. Além disso,
explanou como é o funcionamento de um aterro sanitário e também citou sobre o
novo aterro de materiais industriais que será inaugurado em breve. Os alunos
tiveram a oportunidade de fazer perguntas sobre o tema em questão e sobre a
empresa. Pode-se concluir que a visita foi muito interessante, pois se esclareceu
dúvidas, além da verificação in loco sobre as formas de tratamento e destino
adequado do lixo.
Após a visita retornamos para a sala de aula onde realizou-se leituras
referente ao tratamento do lixo. Após a leitura foi realizada uma mesa redonda onde
tirou-se dúvidas e novos conhecimentos foram gerados, referentes ao tema.
A pesquisa bibliográfica feita pelos alunos sobre a história do sabão e como o
sabão atua na limpeza serviu de amparo para iniciarmos nosso plano de incentivo e
conscientização dos alunos, professores e comunidade em geral. Conforme já foi
mencionado, as aulas teóricas sobre a História do sabão foram preparadas de forma
a evidenciar aos alunos que a obtenção de sabão não é simplesmente um trabalho
manual de misturar ingredientes e sim relacionar com a teoria química.
A atividade da sequencia foi destinada à experimentação da prática da
fabricação de sabão em barra e isso ocorreu em dois momentos, o que foi muito
importante para explicar alguns conceitos de química.
O primeiro momento foi explicado aos estudantes as regras de segurança
para a utilização dos materiais, bem como a separação destes para produção do
sabão em uma oficina na Unioeste Campus de Francisco Beltrão. Os alunos tiveram
a oportunidade de fazer vários materiais de limpeza e higiene sustentáveis. Já no
segundo momento, foi realizada uma aula teórica para os alunos que envolveram os
seguintes conteúdos: cadeias carbônicas, grupos funcionais e a reação de
saponificação.
Corroborando com a pesquisa Costa, Lopes & Lopes (2015), nos falam sobre
alternativas conscientes que vêm sendo desenvolvidas ao longo dos anos, e com
isso, surge a necessidade de divulgar iniciativas para sensibilizar a população a
respeito de medidas simples e práticas que podem ser adotada no cotidiano, como a
reutilização do óleo vegetal utilizado nos domicílios para fritura, de modo que se
possa reverter esse resíduo, que seria descartado muitas vezes de maneira
inadequada, em matéria prima.
Ainda de acordo com Costa, Lopes & Lopes (2015), reutilizar o óleo vegetal é
uma atitude simples, porém, para a preservação do meio ambiente é uma grande
alternativa de preservação. O óleo poderá ser reutilizado de várias maneiras, na
fabricação de tintas, óleos para engrenagens, sabões, dentre outras, neste trabalho
se destacará a reutilização do óleo vegetal para a fabricação do sabão artesanal.
Reis (2008), diz que o sabão tem uma história que remete a antiguidade, que
tem como objetivo limpar a pele. Este produto é obtido através de um processo de
saponificação dos óleos e gorduras em meio alcalino e que ao contrário do que se
espera, não houve muitas alterações em sua técnica. Quimicamente, o sabão é
definido como um sal básico de ácidos graxos. Porém, esse conceito não é muito
popular.
Houve a divisão de responsabilidades, bem como a troca de informações,
com filmagens e fotos dos experimentos. Após a escrita de textos e elaboração de
slides foi feita a exposição e apresentação dos slides que viabilizou a troca de ideias
e conhecimentos entre os alunos e a professora, com a finalidade de estimular a
reconstrução dos conhecimentos em estudo, valorizando a experimentação como
um recurso essencial à aprendizagem dos alunos.
A partir de todo conhecimento que os alunos obtiveram até agora é chegada
a hora de mobilizar a comunidade. Neste sentido, foi elaborado um panfleto com a
participação de todos. Uma campanha de incentivo e mobilização sobre educação
ambiental, com objetivo de incorporar no cotidiano das pessoas a prática e consumo
consciente.
Corroborando com a pesquisa, Costa, Lopes & Lopes (2015), dizem que
através da contextualização da Educação Ambiental, principalmente, nas escolas,
pode-se inserir no cotidiano das pessoas a consciência necessária para contribuir
com a preservação do meio ambiente.
Conforme já mencionado, no ensino de Química, percebe-se grande
dificuldade dos alunos em relacionar a teoria exposta na sala de aula com a
realidade prática. Os conceitos de química são, por vezes, de difícil assimilação por
parte dos educandos dando a impressão de que esses conteúdos estão muito longe
da realidade cotidiana desses adolescentes.
Desta forma, deduz-se que o aluno não aprende as teorias e conceitos
científicos trabalhados em química, quando estão muito distante das situações reais
de seu cotidiano. Dado esta relevância para o ensino de Química, os conteúdos
devem ser contextualizados, melhorando assim a compreensão dos alunos, além de
aproximar a teoria de fatos cotidianos, valorizando assim o conhecimento prévio que
o aluno traz. Trevisan e Martins (2006, p. 2) dizem, “usualmente os conteúdos são
trabalhados de forma descontextualizada, tornando-se distantes, assépticos e
difíceis não despertando o interesse e a motivação dos alunos”.
A realização de práticas, como atividade metodológica, mostrou-se adequada
e indispensável para promover uma aprendizagem eficiente e motivadora em
Química, de forma vinculada ao conhecimento adquirido na vida cotidiana dos
alunos. Essa constatação pode ser confirmada pelo resultado na atividade avaliativa,
nos textos elaborados, apresentação dos trabalhos e no decorrer das aulas nas
diversas situações onde o interesse, dedicação compreensão do assunto pelos
alunos foi de grande valia e que todo conhecimento útil foi aproveitado pelos alunos.
Corroborando com esta pesquisa, Rodrigues (2013), encontrou que as
diversas abordagens das atividades experimentais propostas no trabalho puderam
mostrar que os alunos ficaram mais estimulados a pensar, a discutir, a buscar
resposta e a aprimorar suas habilidades de manipulação de materiais e de estudo
individual e em grupo.
Ainda, que o emprego das atividades experimentais, portanto, apesar de
exigir mais tempo e preparação, deve servir de recurso pedagógico constante nas
aulas tornando-a mais viva e dinâmica, mais atrativa e interessante (RODRIGUES,
2013).
Foi possível observar um maior interesse do aluno em aprender Química, o
que facilitou a explicação da teoria pelo professor. Segundo Trevisan e Martins
(2006), ao expor os conteúdos os professores demonstram dificuldades para
relacionar os conteúdos científicos com os eventos da vida cotidiana, pois “suas
práticas, priorizam a reprodução do conhecimento, a cópia, a memorização,
acentuando a dicotomia teoria e prática presente no ensino” (TREVISAN e
MARTINS, 2006, p. 2). Para as autoras, as propostas mais progressistas,
sistematizadas, indicam a possibilidade de se buscar a produção do conhecimento e
a formação de um sujeito crítico e situado no mundo e relacionando com o seu
cotidiano.
Na pesquisa de Ramos (2014), que encontrou resultados semelhantes a esta
pesquisa, identificou que a atividade experimental, no caso específico de um
conteúdo da área da Física, propicia uma melhor compreensão por parte dos alunos,
mostrando que as aulas experimentais desempenha importância significativa para
uma melhor compreensão dos conceitos físicos.
E ainda, segundo Piletti (1995, p. 103), salienta que “com o conhecimento
cada vez maior das ciências da educação, é natural que os métodos também
passem a ser afetados pelos novos conhecimentos que se adquirem dia a dia a
respeito da aprendizagem”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As análises da atividade avaliativa e todo trabalho feito pelos alunos, as
metodologias utilizadas foram eficientes para o ensino e aprendizagem dos
estudantes participantes. O trabalho realizado demonstrou ser possível a
experimentação como atividade educacional, que pode ser feita em vários níveis,
dependendo do conteúdo, da metodologia adotada e dos objetivos que se quer
atingir com a atividade.
Os alunos precisam ser motivados e estimulados a entrar em contato com
atividades renovadoras, que os tirem da rotina. Do mesmo modo, é primordial que
se incentive, na educação, o trabalho em grupo, com vistas a promover a
aproximação dos conteúdos teóricos, com os de suas vidas cotidianas.
As aulas práticas realizadas, nas quais foram preparados vários tipos de
sabão e materiais de limpeza evidenciaram ser possível despertar e motivar os
alunos para trabalhar vários conteúdos da Química, de forma mais eficiente, em um
ambiente alegre e descontraído, favorecendo o processo de ensino aprendizagem.
Embora as aulas práticas sejam amplamente reconhecidas, elas representam
uma pequena parcela das aulas de Química, pois não temos um número de aulas
suficiente para desenvolver aulas práticas atreladas a todos os conteúdos que
devem ser trabalhados no Ensino Médio, de acordo com as DCEs (Diretrizes
Curriculares Orientadoras da Educação Básica).
Além disso, o professor precisa dispor de tempo para a preparação do
material, pois é fundamental que ele tenha segurança para controlar a classe e
conhecimento para organizar as experiências.
REFERÊNCIAS
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