enquadramento de atividades de programação com robôs de solo na educação pré-escolar
DESCRIPTION
Esta tese apresenta uma contribuição para o enquadramento das atividades de programação com robôs de solo na educação pré-escolar. Baseia-se na prática de investigação-ação e respetivas observações com crianças de 3, 4 e 5 anos a programar um robôde solo, utilizando uma linguagem de programação baseada num subconjunto da conhecida linguagem Logo, que se realizaram nos anos letivos de 2009/10 e 2010/11, em dois jardins de infância da rede pública com perfis socioculturais diferentes: urbano e rural. Semanalmente foram realizadas sessões que envolveram 65 crianças, das quais 32 participaram nas atividades de ambos os anos letivos. Através da metodologia de investigação-ação, na qual a investigadora e autora foi participante ativa dos objetos de estudo, analisou-se a integração das atividades realizadas com o robô Roamer, acompanhando, apoiando e influenciando as práticas educativas dos contextos em causa. Esteve sempre presente, como padrão global, a necessidade de integração da robótica educativa nas restantes práticas, não a utilização em isolamento, conforme consta das várias recomendações sobre utilização das TIC em contexto educativo.A utilização do robô Roamer, tirando partido das suas caraterísticas de robustez e simplicidade de utilização, permitiu proporcionar às crianças uma experimentação prática e diferente de variados conteúdos. Possibilitou ainda a familiarização das educadoras com a robótica educativa e ampliar o leque de hipóteses de criar atividades. O domínio da matemática, dentro da área de expressão e comunicação, referente às orientações curriculares para a educação pré-escolar, foi aquele que mais se destacou na realização das atividades, sendo que muitos dos objetivos definidos em cada uma das sessões contemplaram este domínio. Para além disso também outras áreas e domínios estiveram presentes.Conclui-se que a integração da robótica no dia a dia do jardim de infância é viável e adequada, passando por haver educadoras abertas à inclusão das novas tecnologias na sua prática; que tenham alguma formação nesta área; com investimento no seu desenvolvimento profissional, capazes de integrar a robótica nas planificações; interessadas nas mais valias que a inovação pode trazer à aprendizagem das crianças; disponíveis para a criação de uma área própria para o robô, integrando-o nos registos do quotidiano; capazes de trabalhar o currículo emergente.TRANSCRIPT
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UNIVERSIDADE DE TRS-OS-MONTES E ALTO DOURO
Enquadramento de atividades de programao
com robs de solo na educao pr-escolar
Tese de Doutoramento em Cincias da Educao
CLOTILDE SAMPAIO DOS SANTOS
O rientadores: Professora Doutora Maria Gabriel Moreno Bulas Cruz
e
Professor Doutor Leonel Caseiro Morgado
Vila Real, 2015
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UNIVERSIDADE DE TRS-OS-MONTES E ALTO DOURO
Enquadramento de atividades de programao com robs de solo na educao pr-escolar
Tese de Doutoramento em Cincias da Educao CLOTILDE SAMPAIO DOS SANTOS
Orientadores: Professora Doutora Maria Gabriel Moreno Bulas Cruz
Professor Doutor Leonel Caseiro Morgado
Composio do Jri:
Doutora Maria Gabriel Moreno Bulas Cruz
Doutor Jos Carlos Teixeira da Costa Pinto
Doutor Leonel Caseiro Morgado
Doutora Lcia da Graa Cruz Domingues Amante
Doutora Maria Angelina Sanches
Doutor Joo Bartolomeu Rodrigues
Vila Real, 2015
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Bolsa de Investigao com a referncia SFRH/BD/37726/2007, financiada pelo POPH QREN Tipologia 4.1 Formao Avanada, comparticipada pelo Fundo Social Europeu e por fundos nacionais do MCTES.
III
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V
Pelo sonho que vamosPelo sonho que vamosPelo sonho que vamosPelo sonho que vamos
Pelo sonho que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? No chegamos?
Haja ou no haja frutos,
pelo sonho que vamos.
Basta a f no que temos.
Basta a esperana naquilo
que talvez no teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que do dia a dia.
Chegamos? No chegamos?
Partimos. Vamos. Somos.
Sebastio da Gama
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VI
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VII
minha filha Lara
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IX
Agradecimentos A concluso deste trabalho fruto de um longo caminho que decidi percorrer, sem ter
bem a noo dos muitos obstculos e dificuldades que iria encontrar. Por outro lado traduz-se
numa enorme satisfao por ter lido e aprendido tanto. So muitas as pessoas que
contriburam para que esta tese esteja, hoje, concluda. Para elas vo os meus sinceros
agradecimentos.
Professora Doutora Maria Gabriel, orientadora desta tese, que com a sua experincia
tanto me ajudou e ensinou. Apoiou-me, encorajou-me, esteve sempre ao meu lado e nunca me
deixou pensar em desistir. Acolheu-me e deu-me bons conselhos, guiando-me pelos caminhos
mais fceis, evitando que me distrasse ou enveredasse por trajetos desnecessrios. Todas as
palavras que possa aqui escrever so poucas, para agradecer o muito que fez por mim.
Ao Professor Doutor Leonel Morgado, orientador desta tese, por ter estado to
presente na orientao e apoio, fundamentais para a terminar. Sempre me deu bons conselhos
e evitou que perdesse tempo com aspetos desnecessrios. A sua disponibilidade, os seus
ensinamentos, os seus comentrios construtivos e as preciosas sugestes foram indispensveis
ao longo deste percurso.
educadora Isabel Rego, que me abriu as portas do seu jardim de infncia e me
mostrou como que uma educadora trabalha. Pela amizade, compreenso, disponibilidade e
pelo tempo que passmos juntas, sempre com uma palavra de esperana e encorajamento. O
seu contributo, to rico, fez com que esta tese ficasse mais completa.
educadora Lusa Queirs, que conheci no incio deste projeto e sempre me recebeu
de braos abertos, com um sorriso no rosto. Com o passar do tempo, com todos os
ensinamentos que me transmitiu e com tudo que aprendi tornou-se uma amiga, daquelas com
as quais sabemos que sempre possvel contar.
A todos os meninos que participaram neste projeto e com os quais passei momentos
especiais, muito obrigada. Sempre me receberam com muita alegria e participaram
entusiasticamente nas muitas sesses que realizmos ao longo de dois anos letivos.
Lara, minha querida filha, por me dar tantas alegrias e me lembrar constantemente
que precisava de concluir esta tese para lhe poder dedicar todo o tempo do mundo.
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X
Ao Germano, pelo seu incentivo, apoio e disponibilidade para ouvir os meus
desabafos, bem como por toda a ajuda que me deu.
Lila, pela preciosa ajuda que me deu sobretudo no tratamento informtico de texto.
O seu apoio foi fundamental.
Nanda, pela colaborao na leitura e reviso da tese.
famlia, pelo apoio prestado para ir em frente, perseguir os meus sonhos e nunca
desistir.
Aos meus pais, por nunca me terem fechado as portas do ensino e me terem
encorajado a prosseguir.
Carla, pela ajuda disponibilizada.
Carolina e Carla Lebres, pelo apoio que deram na construo das carapaas para o
rob, nos jardins de infncia da Timpeira e de Ferreiros, respetivamente.
Marta, pelo apoio dado na preparao da festa de final de ano, no jardim de infncia
da Timpeira.
Ao Miguel e ao Pedro, pelo apoio que me deram ao nvel da informtica.
Marla, por toda a juda que me deu.
A todas as restantes pessoas que contriburam para a realizao deste trabalho: Lena,
Mnica, Mrcia, Jlia, Alice.
Aos tcnicos da seco de audiovisuais da UTAD, tambm agradeo a colaborao
dispensada.
FCT, pelo financiamento deste estudo.
CNOTINFOR pela informao que disponibilizaram.
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XI
Resumo Esta tese apresenta uma contribuio para o enquadramento das atividades de
programao com robs de solo na educao pr-escolar. Baseia-se na prtica de
investigao-ao e respetivas observaes com crianas de 3, 4 e 5 anos a programar um rob
de solo, utilizando uma linguagem de programao baseada num subconjunto da conhecida
linguagem Logo, que se realizaram nos anos letivos de 2009/10 e 2010/11, em dois jardins de
infncia da rede pblica com perfis socioculturais diferentes: urbano e rural. Semanalmente
foram realizadas sesses que envolveram 65 crianas, das quais 32 participaram nas atividades
de ambos os anos letivos.
Atravs da metodologia de investigao-ao, na qual a investigadora e autora foi
participante ativa dos objetos de estudo, analisou-se a integrao das atividades realizadas
com o rob Roamer, acompanhando, apoiando e influenciando as prticas educativas dos
contextos em causa. Esteve sempre presente, como padro global, a necessidade de integrao
da robtica educativa nas restantes prticas, no a utilizao em isolamento, conforme consta
das vrias recomendaes sobre utilizao das TIC em contexto educativo.
A utilizao do rob Roamer, tirando partido das suas caratersticas de robustez e
simplicidade de utilizao, permitiu proporcionar s crianas uma experimentao prtica e
diferente de variados contedos. Possibilitou ainda a familiarizao das educadoras com a
robtica educativa e ampliar o leque de hipteses de criar atividades. O domnio da
matemtica, dentro da rea de expresso e comunicao, referente s orientaes curriculares
para a educao pr-escolar, foi aquele que mais se destacou na realizao das atividades,
sendo que muitos dos objetivos definidos em cada uma das sesses contemplaram este
domnio. Para alm disso tambm outras reas e domnios estiveram presentes.
Conclui-se que a integrao da robtica no dia a dia do jardim de infncia vivel e
adequada, passando por haver educadoras abertas incluso das novas tecnologias na sua
prtica; que tenham alguma formao nesta rea; com investimento no seu desenvolvimento
profissional, capazes de integrar a robtica nas planificaes; interessadas nas mais valias que
a inovao pode trazer aprendizagem das crianas; disponveis para a criao de uma rea
prpria para o rob, integrando-o nos registos do quotidiano; capazes de trabalhar o currculo
emergente.
Palavras-chave: TIC, Robtica, Pr-Escolar, Jardim de Infncia, Ensino-Aprendizagem, Integrao.
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XII
Abstract This thesis presents a contribution for integration of programming activities with
ground robots in preschool and kindergarten education. It is based in action research practice
and its observations, where children aged 3, 4 and 5 programmed a ground robot, using a
programming Language based on a subset of the well-known Logo Language. The activities
took place in the 2009/10 and 2010/11 school years, in two public preschools with different
socio-cultural profiles: urban and rural. Sessions where held weekly, involving 65 children, of
which 32 took part in both years.
Using action research methodology, where the researcher and author was an active
participant of the objects of study, the analysis focused on the integration of activities
developed with the Roamer robot, by monitoring, supporting, and influencing the educational
practices of the preschools. As a general standard, there was constant regard for the need to
integrate educational robots in the overall educational practices, as determined by various
recommendations for the use of ICT in educational contexts, and not use it in isolation.
The use of the Roamer robot, leveraging its sturdiness and ease of use, enabled
children a hands-on and different practice of various educational contents. It also enabled the
preschool teachers to become acquainted with educational robotics and enlarge the range of
options for creating activities. The mathematics domain, within the field of expression and
communication of the Portuguese government guidelines for preschool education, was the
most relevant for conducting activities, and many of the goals set for each session targeted
this domain; but other fields and domains were also targeted.
The conclusion is that it is viable and adequate to integrate robotics in everyday
preschool/kindergarten activities, and this involves having teachers that are open to include
new technologies in their practice; that have some training in this field; that invest in their
professional development; that are able to integrate robotics in their planning; that are
interested in the benefits that innovation can bring to childrens Learning; that are open to
creating a robot-specific area, integrating it in daily records; and that are able to work with an
emerging curriculum.
Keywords: ICT, Robotics, Preschool, Kindergarten, Teaching-Learning, Integration.
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XIII
ndice geral Introduo ................................................................................................................... 1
Captulo I - O currculo em educao de infncia ....................................................... 7
1.1. O desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem .............................................. 9
1.2. Orientaes curriculares para a educao pr-escolar e textos de apoio para educadores de infncia ................................................................................................... 20
1.2.1. rea de formao pessoal e social ......................................................................... 26
1.2.2. rea de expresso e comunicao ......................................................................... 27
1.2.2.1. Domnio da expresso motora, dramtica, plstica e musical ................... 28
1.2.2.2. Domnio da linguagem oral e abordagem escrita .................................... 30
1.2.2.3. Domnio da matemtica ............................................................................. 32
1.2.3. rea de conhecimento do mundo .......................................................................... 38
1.3. Metas de aprendizagem ................................................................................................... 40
1.4. Modelos pedaggicos ...................................................................................................... 44
1.4.1. O Kindergarten de Froebel ................................................................................... 49
1.4.2. A pedagogia Montessori ........................................................................................ 49
1.4.3. Os centros de interesse de Decroly .................................................................... 50
1.4.4. Pedagogia de situao ............................................................................................ 51
1.4.5. Modelo High/Scope ............................................................................................... 52
1.4.6. Modelo Reggio Emilia ........................................................................................... 54
1.4.7. Mtodo Joo de Deus ............................................................................................. 56
1.4.8. A pedagogia de projeto .......................................................................................... 58
1.4.9. Movimento da Escola Moderna Portuguesa .......................................................... 60
Captulo II - Utilizao das TIC em contexto escolar ................................................... 71
2.1. O aparecimento e evoluo da utilizao das TIC nas escolas em Portugal..................... 73
2.2. Situao atual de utilizao das TIC em ambiente pr-escolar em outros pases ............ 83
2.3. O uso das tecnologias no pr-escolar ............................................................................. 98
2.4. Jean Piaget e o construtivismo......................................................................................... 102
2.5. Papert e o construcionismo.............................................................................................. 108
2.5.1. Seymour Papert ...................................................................................................... 108
2.5.2. Construcionismo .................................................................................................... 110
2.6. Linguagem Logo ............................................................................................................. 115
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XIV
Captulo III - Robtica educativa ................................................................................ 119
3.1. Apresentao geral da robtica ........................................................................................121
3.2. Rob Roamer ...................................................................................................................142
3.2.1. O que ? ..................................................................................................................142
3.2.2. Funcionalidades ......................................................................................................150
Captulo IV - Objetivo e metodologia da investigao ................................................ 153
4.1. Objetivos ..........................................................................................................................155
4.2. Definio e caratersticas da investigao-ao ...............................................................156
4.2.1. Em que que a investigao-ao diferente das outras metodologias ................159
4.2.2. Modalidades da investigao-ao .........................................................................160
4.2.3. Processo de investigao-ao ...............................................................................161
4.2.4. Modelos de investigao-ao ................................................................................163
4.2.4.1. Modelo de Kurt Lewin ...............................................................................164
4.2.4.2. Modelo de Kemmis ....................................................................................164
4.2.4.3. Modelo de Elliott ........................................................................................166
4.2.4.4. Modelo de Whitehead ................................................................................167
4.3. Tcnicas e instrumentos de recolha de dados ..................................................................167
Captulo V - Sujeitos envolvidos no estudo ................................................................ 173
5.1. Jardim de infncia de Ferreiros ........................................................................................175
5.1.1. Ano letivo 2009/2010 ...............................................................................................175
5.1.2. Ano letivo 2010/2011 ................................................................................................181
5.2. Jardim de infncia da Timpeira .......................................................................................187
5.2.1. Ano letivo 2009/2010 ................................................................................................187
5.2.2. Ano letivo 2010/2011 ................................................................................................193
Captulo VI - Trabalho emprico ................................................................................. 199
6.1. Escolha e descrio dos contextos educativos .................................................................201
6.1.1. Jardim de infncia de Ferreiros ..............................................................................201
6.1.2. Jardim de infncia da Timpeira ..............................................................................203
6.2. Aspetos gerais da investigao-ao ................................................................................205
6.3. Processo de IA no jardim de infncia de Ferreiros ..........................................................208
6.3.1. Primeiro ciclo .........................................................................................................213
6.3.2. Segundo ciclo .........................................................................................................224
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XV
6.3.3. Terceiro ciclo ......................................................................................................... 231
6.3.4. Quarto ciclo ............................................................................................................ 241
6.3.5. Quinto ciclo ........................................................................................................... 252
6.4. Processo de IA no jardim de infncia da Timpeira .......................................................... 260
6.4.1. Primeiro ciclo ......................................................................................................... 264
6.4.2. Segundo ciclo ......................................................................................................... 269
6.4.3. Terceiro ciclo ......................................................................................................... 276
6.4.4. Quarto ciclo ............................................................................................................ 281
6.4.5. Quinto ciclo ............................................................................................................ 290
Captulo VII - Anlise dos resultados ................................................................................... 311
7.1. Anlise dos questionrios efetuados aos encarregados de educao do jardim de infncia de Ferreiros ....................................................................................................... 313
7.2. Anlise dos questionrios efetuados aos encarregados de educao do jardim de infncia da Timpeira ....................................................................................................... 318
7.3. Indicadores da efetiva integrao do rob ....................................................................... 323
7.4. Outros aspetos ligados ao ensino-aprendizagem com a Roamer ............................................ 333
7.4.1. Expresso de sentimentos ...................................................................................... 334
7.4.1.1. Manifestaes de alegria e entusiasmo ...................................................... 334
7.4.1.2. Distraes ................................................................................................... 335
7.4.1.3. Receios ....................................................................................................... 336
7.4.2. Resoluo de problemas ........................................................................................ 337
7.4.2.1. Discusso matemtica ................................................................................ 338
7.4.2.2. Conscincia das aprendizagens efetuadas .................................................. 338
7.4.3. Manipulao da Roamer ........................................................................................ 339
7.4.3.1. Dificuldades genricas ............................................................................... 339
7.4.3.2. Dificuldades relacionadas com a falta de conhecimentos matemticos .... 341
7.4.3.3. Admisso dos erros .................................................................................... 341
7.4.3.4. Culpar o rob ............................................................................................. 342
7.4.4. Relao educativa .................................................................................................. 342
7.4.4.1. Colaborao entre pares ............................................................................. 342
7.4.4.2. Gesto de conflitos ..................................................................................... 343
7.4.5. Meio de provenincia das crianas ........................................................................ 344
7.4.6. Sugesto de atividades ........................................................................................... 345
7.4.7. Dificuldades de expresso e comunicao ............................................................. 346
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XVI
Concluses, recomendaes e reflexes finais ......................................................................347
Referncias bibliogrficas ......................................................................................................361
Anexos ...................................................................................................................................393
Anexo I Detalhe das sesses (jardim de infncia de Ferreiros) ..........................................395
Anexo II Registos sintticos (jardim de infncia de Ferreiros) ...........................................465
Anexo III Exemplos de avaliaes das crianas (jardim de infncia de Ferreiros) .............481
Anexo IV Exemplos de instrumentos de registo (jardim de infncia de Ferreiros) ............495
Anexo V Detalhe das sesses (jardim de infncia da Timpeira) .........................................501
Anexo VI Registos sintticos (jardim de infncia da Timpeira) .........................................573
Anexo VII Exemplos de avaliaes das crianas (jardim de infncia da Timpeira) ...........589
Anexo VIII Exemplos de instrumentos de registo (jardim de infncia da Timpeira) ..........609
Anexo IX Questionrio apresentado aos pais ......................................................................613
Anexos X CD com programao da histria A casa da Mosca Fosca .............................619
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XVII
ndice de figuras
Figura 1 Organizao do espao JIT (Jardim de Infncia da Timpeira) ............................ 23
Figura 2 rea da informtica JIT ....................................................................................... 24
Figura 3 Espao exterior do JIF (Jardim de Infncia de Ferreiros) ................................... 25
Figura 4 Atividades de expresso motora JIT e JIF ........................................................... 28
Figura 5 Atividade de expresso dramtica JIF ................................................................. 29
Figura 6 Atividade de expresso plstica JIT .................................................................... 29
Figura 7 Atividade de expresso musical JIF .................................................................... 30
Figura 8 rea da biblioteca JIT ......................................................................................... 30
Figura 9 Atividades de escrita JIT ..................................................................................... 31
Figura 10 Atividade livre com o rob Roamer JIT ........................................................... 32
Figura 11 Atividade no computador JIF ............................................................................ 32
Figura 12 Atividade de matemtica que envolveu resoluo de problemas JIT ................ 37
Figura 13 Uso da Roamer em diferentes atividades JIF e JIT ............................................ 43
Figura 14 Dimenses da pedagogia e o espao de ao dos modelos curriculares .......... 46
Figura 15 Exemplos de planos individuais de atividades JIF e JIT ................................... 64
Figura 16 Previso semanal de atividades JIT .................................................................. 64
Figura 17 Exemplo de quadro de tarefas JIT .................................................................... 65
Figura 18 Mapa de presenas JIT ...................................................................................... 66
Figura 19 Dirio de grupo JIT e JIF ................................................................................... 66
Figura 20 Agenda semanal JIT ......................................................................................... 67
Figura 21 Jean Piaget ........................................................................................................ 104
Figura 22 Seymour Papert ................................................................................................. 109
Figura 23 Abordagem instrucionista ................................................................................. 111
Figura 24 Paradigma construcionista ................................................................................ 112
Figura 25 Exemplo de comandos bsicos da linguagem de programao Logo .............. 118
Figura 26 Exemplos de carapaas realizadas com as crianas .......................................... 125
Figura 27 Utilizao da Roamer com carapaa ................................................................. 125
Figura 28 Profi Oeco Tech ................................................................................................ 130
Figura 29 Profi da Vinci Machines ................................................................................... 130
Figura 30 Rob Bionic Woman ........................................................................................ 131
Figura 31 Rob Pleo .......................................................................................................... 131
Figura 32 Rob Pro-Bot .................................................................................................... 132
Figura 33 Bee-Bot ............................................................................................................. 132
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XVIII
Figura 34 Rob Robonova 1 .......................................................................................... 133
Figura 35 Rob Tiro ......................................................................................................... 133
Figura 36 Rob Robopet ................................................................................................... 134
Figura 37 Rob Topobo .................................................................................................... 134
Figura 38 Profi Mchanic & Static ..................................................................................... 135
Figura 39 Rob Robovie ................................................................................................... 135
Figura 40 Rob Irobi ........................................................................................................ 136
Figura 41 Rob My Keepon ............................................................................................. 136
Figura 42 Rob Paro ......................................................................................................... 137
Figura 43 Rob Honda Humanoid .................................................................................... 137
Figura 44 Rob Curlybot .................................................................................................. 138
Figura 45 Rob Aibo ........................................................................................................ 138
Figura 46 Rob Khepera ................................................................................................... 139
Figura 47 Tangible Programming with Trains ................................................................. 139
Figura 48 Robs construdos com o Lego Mindstorms RCX ............................................ 140
Figura 49 LogoBlocks ...................................................................................................... 140
Figura 50 Rob Roamer .................................................................................................... 141
Figura 51 Tortis ................................................................................................................ 141
Figura 52 Carapaas ......................................................................................................... 148
Figura 53 Canetas ............................................................................................................. 148
Figura 54 Fichas de trabalho ............................................................................................. 149
Figura 55 Cartas ................................................................................................................ 149
Figura 56 Placas com nmeros ou letras .......................................................................... 149
Figura 57 Funes das teclas do rob Roamer ................................................................. 150
Figura 58 Notas e sua durao .......................................................................................... 151
Figura 59 Teclas do rob Roamer .................................................................................... 151
Figura 60 Tringulo de Lewin .......................................................................................... 157
Figura 61 Espiral de ciclos da IA ...................................................................................... 161
Figura 62 Modelo de IA de Lewin (1946) .......................................................................... 164
Figura 63 Momentos da IA (Kemmis, 1989) ...................................................................... 165
Figura 64 Ciclo da IA (Elliot, 1993) ................................................................................... 166
Figura 65 Ciclo de IA de Whitehead ................................................................................. 167
Figura 66 Exemplo do uso do dirio de bordo JIF ............................................................ 171
Figura 67 Exemplo do uso da entrevista JIT ..................................................................... 172
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XIX
Figura 68 Unio de freguesias de Borbela e Lamas de lo .............................................. 201
Figura 69 Espao interior e exterior JIF ............................................................................. 202
Figura 70 Unio das freguesias de Vila Real .................................................................... 203
Figura 71 Espao exterior e interior JIT ............................................................................. 204
Figura 72 Processo de IA adotado ..................................................................................... 206
Figura 73 Ciclos de IA ....................................................................................................... 207
Figura 74 Sesses realizadas JIF ........................................................................................ 212
Figura 75 Corrida entre a Roamer e a tartaruga Juju ........................................................ 217
Figura 76 Efetuar o percurso de uma histria inventada pelas crianas ........................... 218
Figura 77 Realizao de um percurso ............................................................................... 220
Figura 78 Realizao de uma atividade com o tapete dos nmeros ................................. 221
Figura 79 Histria A casinha de chocolate .................................................................... 225
Figura 80 Explorar os blocos lgicos com a Roamer ........................................................ 226
Figura 81 Roamer disfarada de Gotinha ping-ping ...................................................... 227
Figura 82 Viagem da Gotinha ping-ping ....................................................................... 227
Figura 83 Apresentao do rob (em grande grupo) ......................................................... 228
Figura 84 rea da Roamer ................................................................................................ 232
Figura 85 Roamer na agenda semanal ............................................................................... 232
Figura 86 Roamer nos quadros de tarefas e frequncia dos espaos ................................. 233
Figura 87 Roamer disfarada de Gato das Botas ........................................................... 233
Figura 88 Utilizao das cartas da Roamer e registo da atividade .................................... 235
Figura 89 Atividade com as cartas da Roamer e nmeros ................................................ 236
Figura 90 Programao da Roamer ................................................................................... 237
Figura 91 Utilizao das cartas da Roamer ....................................................................... 238
Figura 92 Atividade livre com a Roamer .......................................................................... 238
Figura 93 Atividade livre com o rob ............................................................................... 239
Figura 94 Atividade no paint............................................................................................. 242
Figura 95 Exposio de trabalhos realizados pelas crianas ............................................ 243
Figura 96 rea da Roamer com trabalhos realizados pelas crianas ................................ 243
Figura 97 Rasgar/cortar tiras de jornal .............................................................................. 244
Figura 98 Forrar as carapaas ............................................................................................ 244
Figura 99 Pintar as carapaas ............................................................................................ 245
Figura 100 Decorar as carapaas ....................................................................................... 245
Figura 101 Construir a casa do Coelhinho Branco ............................................................ 245
-
XX
Figura 102 Ensaios do teatro ............................................................................................. 247
Figura 103 Ensaios com as carapaas ............................................................................... 248
Figura 104 rea da Roamer com fotografias .................................................................... 248
Figura 105 Preparao do espao para o teatro ................................................................. 248
Figura 106 Apresentao do teatro ................................................................................... 250
Figura 107 Registos efetuados no dirio de grupo ............................................................ 251
Figura 108 Desenhar a Roamer no paint ........................................................................... 253
Figura 109 Problema de matemtica ................................................................................. 254
Figura 110 Registo do problema ....................................................................................... 254
Figura 111 Sesses realizadas JIT ..................................................................................... 263
Figura 112 Desenhos da Roamer disfarada ..................................................................... 264
Figura 113 Roamer disfarada de bruxa ........................................................................... 266
Figura 114 Atividade com as cartas .................................................................................. 268
Figura 115 Registo da atividade (medir o polivalente) ..................................................... 271
Figura 116 Realizao de um jogo com os blocos lgicos ............................................... 273
Figura 117 Realizao de atividades com a Roamer disfarada ....................................... 274
Figura 118 Comunicaes (registo da atividade) .............................................................. 274
Figura 119 Atividade livre com as cartas .......................................................................... 275
Figura 120 Atividade livre com a Roamer ........................................................................ 275
Figura 121 Utilizao do tapete dos nmeros e registo da atividade ................................ 277
Figura 122 Corrida dos robs e registo da atividade ......................................................... 279
Figura 123 Construo do jogo da glria ...................................................................... 279
Figura 124 Apresentao da Roamer em grande grupo .................................................... 282
Figura 125 Explorao de uma histria com o rob ......................................................... 284
Figura 126 Programao do rob ...................................................................................... 284
Figura 127 Roamer disfarada de bruxa ........................................................................... 285
Figura 128 Atividade com as cartas e programao do rob ............................................ 286
Figura 129 Roamer disfarada de Esticadinha .............................................................. 286
Figura 130 Observao/avaliao das crianas em atividades livres ................................ 287
Figura 131 Atividade com o tapete dos nmeros e registo da mesma .............................. 287
Figura 132 Desenhos realizados no paint (Roamer disfarada) ........................................ 288
Figura 133 Crianas a disfarar a Roamer ........................................................................ 289
Figura 134 Exposio dos trabalhos realizados no paint (Roamer disfarada) ................ 289
Figura 135 Rasgar/cortar tiras de jornal ............................................................................ 291
-
XXI
Figura 136 Forrar as carapaas .......................................................................................... 292
Figura 137 Fazer o projeto dos animais ............................................................................. 292
Figura 138 Pintar as carapaas .......................................................................................... 292
Figura 139 Decorar as carapaas ....................................................................................... 293
Figura 140 Exposio do projeto dos animais da histria ................................................. 293
Figura 141 Atividade livre no recreio, com a Roamer ...................................................... 294
Figura 142 Atividades livres com a Roamer disfarada .................................................... 294
Figura 143 Entrevista aos finalistas ................................................................................... 295
Figura 144 Desenhos de matemtica realizados pelas crianas ......................................... 295
Figura 145 Realizao de um jogo com as carapaas da Roamer ..................................... 296
Figura 146 Atividade livre com as carapaas da Roamer .................................................. 297
Figura 147 Atividade no paint ........................................................................................... 297
Figura 148 Fichas de matemtica ...................................................................................... 298
Figura 149 Desenhar o cenrio da histria ........................................................................ 300
Figura 150 Gravao da histria ........................................................................................ 301
Figura 151 Ensaios para o teatro ....................................................................................... 302
Figura 152 Pintar o cenrio da histria .............................................................................. 303
Figura 153 Ensaio geral da histria ................................................................................... 304
Figura 154 Apresentao do espetculo ............................................................................ 305
Figura 155 Programao da Roamer durante o espetculo ............................................... 305
Figura 156 Apresentao de um teatro na festa de fim de ano JIT .................................... 325
Figura 157 Dirio de grupo JIF ......................................................................................... 327
Figura 158 rea da Roamer JIF ......................................................................................... 328
Figura 159 Sala polivalente ............................................................................................... 328
Figura 160 Sala de atividades (perto dos registos) ............................................................ 328
Figura 161 Sala de apoio ................................................................................................... 328
Figura 162 Sala de atividades (perto da biblioteca) ........................................................... 328
Figura 163 Ciclos JIF ......................................................................................................... 353
Figura 164 Ciclos JIT ......................................................................................................... 354
-
XXIII
ndice de tabelas Tabela 1 Tabela sntese de robs mveis educativos........................................................ 141
Tabela 2 Composio do kit do rob Roamer ................................................................... 149
Tabela 3 Programao do rob Roamer ............................................................................ 152
Tabela 4 Modalidades da investigao-ao ..................................................................... 160
Tabela 5 Tcnicas e instrumentos de investigao-ao ................................................... 168
Tabela 6 Apresentao e descrio dos instrumentos utilizados na recolha de dados ...... 172
Tabela 7 Nmero de crianas JIF 2009/10 ........................................................................... 175
Tabela 8 Residncia das crianas JIF 2009/10 ..................................................................... 176
Tabela 9 Habilitaes dos pais/mes JIF 2009/10 ............................................................... 177
Tabela 10 Idade dos pais/mes JIF 2009/10 ......................................................................... 179
Tabela 11 Nmero de crianas JIF 2010/11 ......................................................................... 181
Tabela 12 Residncia das crianas JIF 2010/11 ................................................................... 182
Tabela 13 Habilitaes dos pais/mes JIF 2010/11 .............................................................. 183
Tabela 14 Idade dos pais/mes JIF 2010/11 ......................................................................... 185
Tabela 15 Nmero de crianas JIT 2009/10 ......................................................................... 187
Tabela 16 Residncia das crianas JIT 2009/10 ............................................................................... 188
Tabela 17 Habilitaes dos pais/mes JIT 2009/10 .............................................................. 189
Tabela 18 Idade dos pais/mes JIT 2009/10 ......................................................................... 191
Tabela 19 Nmero de crianas JIT 2010/11 ......................................................................... 193
Tabela 20 Residncia das crianas JIT 2010/11 ................................................................... 194
Tabela 21 Habilitaes dos pais/mes JIT 2010/11 .............................................................. 195
Tabela 22 Idade dos pais/mes JIT 2010/11 ......................................................................... 197
Tabela 23 Tabela de planificao das sesses ................................................................... 205
Tabela 24 Calendarizao das sesses JIF ......................................................................... 211
Tabela 25 Programaes efetuadas (para o teatro) ............................................................ 249
Tabela 26 Disfarces realizados para decorar o rob .......................................................... 259
Tabela 27 Calendarizao das sesses JIT ......................................................................... 262
Tabela 28 Programaes efetuadas (para o teatro da Mosca Fosca) ................................. 303
Tabela 29 Disfarces realizados para decorar a Roamer .................................................... 309
Tabela 30 Aspetos relacionados com a utilizao do rob ............................................... 324
Tabela 31 Vantagens e desvantagens da utilizao da Roamer na sala de atividades JIF . 332
Tabela 32 Vantagens e desvantagens da utilizao da Roamer fora da sala de atividades JIT ..................................................................................................... 333
-
XXV
ndice de grficos Grfico 1 Gnero das crianas JIF 2009/10 ......................................................................... 175
Grfico 2 Idade das crianas JIF 2009/10 ............................................................................ 176
Grfico 3 Provenincia/morada das crianas JIF 2009/10 ................................................... 177
Grfico 4 Habilitao dos pais JIF 2009/10 ......................................................................... 178
Grfico 5 Habilitaes das mes JIF 2009/10 ...................................................................... 178
Grfico 6 Habilitaes dos Pais (total) JIF 2009/10 ............................................................ 179
Grfico 7 Idade dos pais JIF 2009/10 .................................................................................. 180
Grfico 8 Idade das mes JIF 2009/10 ................................................................................. 180
Grfico 9 Gnero das crianas JIF 2010/11 ......................................................................... 181
Grfico 10 Idade das crianas JIF 2010/11 .......................................................................... 182
Grfico 11 Provenincia/morada das crianas JIF 2010/11 ................................................. 183
Grfico 12 Habilitaes dos pais JIF 2010/11 ...................................................................... 184
Grfico 13 Habilitaes das mes JIF 2010/11 .................................................................... 184
Grfico 14 Habilitaes dos Pais (total) JIF 2010/11 ........................................................... 185
Grfico 15 Idade dos pais JIF 2010/11 ................................................................................. 186
Grfico 16 Idade das mes JIF 2010/11 ............................................................................... 186
Grfico 17 Gnero das crianas JIT 2009/10 ....................................................................... 187
Grfico 18 Idade das crianas JIT 2009/10 .......................................................................... 188
Grfico 19 Provenincia/morada das crianas JIT 2009/10 ................................................. 189
Grfico 20 Habilitaes dos pais JIT 2009/10 ...................................................................... 190
Grfico 21 Habilitaes das mes JIT 2009/10 .................................................................... 190
Grfico 22 Habilitaes dos Pais (total) JIT 2009/10 ........................................................... 191
Grfico 23 Idade dos pais JIT 2009/10 ................................................................................. 192
Grfico 24 Idade das mes JIT 2009/10 ............................................................................... 192
Grfico 25 Gnero das crianas JIT 2010/11 ....................................................................... 193
Grfico 26 Idade das crianas JIT 2010/11 .......................................................................... 194
Grfico 27 Provenincia/morada das crianas JIT 2010/11 ................................................. 195
Grfico 28 Habilitaes dos pais JIT 2010/11 ...................................................................... 196
Grfico 29 Habilitaes das mes JIT 2010/11 .................................................................... 196
Grfico 30 Habilitaes dos Pais (total) JIT 2010/11 ........................................................... 197
Grfico 31 Idade dos pais JIT 2010/11 ................................................................................. 198
Grfico 32 Idade das mes JIT 2010/11 ............................................................................... 198
Grfico 33 Grau de conhecimento da integrao do Rob Roamer JIF ............................. 313
-
XXVI
Grfico 34 Modo de informao da utilizao da Roamer JIF .......................................... 313
Grfico 35 Comunicao do educando com os pais sobre a Roamer JIF ......................... 314
Grfico 36 Grau de interesse revelado pela utilizao da Roamer JIF .............................. 314
Grfico 37 Atividades que motivaram mais os educandos JIF .......................................... 315
Grfico 38 Importncia da robtica na aquisio de novas aprendizagens pelos educandos JIF .................................................................................................................... 316
Grfico 39 Grau de importncia da integrao da robtica na educao pr-escolar JIF ................................................................................................................... 316
Grfico 40 Gnero dos encarregados de educao que responderam ao questionrio JIF ................................................................................................................... 316
Grfico 41 Habilitaes literrias dos pais que responderam ao questionrio JIF ............ 317
Grfico 42 Idade dos encarregados de educao que responderam ao questionrio JIF ... 317
Grfico 43 Residncia dos encarregados de educao que responderam ao questionrio JIF ................................................................................................................. 318
Grfico 44 Grau de conhecimento da integrao do rob Roamer JIT ............................. 318
Grfico 45 Modo de informao da utilizao da Roamer JIT ......................................... 319
Grfico 46 Comunicao do educando com os pais sobre a Roamer JIT.......................... 319
Grfico 47 Grau de interesse revelado pela utilizao da Roamer JIT .............................. 320
Grfico 48 Atividades que motivaram mais os educandos JIT ......................................... 320
Grfico 49 Importncia da robtica na aquisio de novas aprendizagens pelos educandos JIT ................................................................................................. 321
Grfico 50 Grau de importncia da integrao da robtica na educao pr-escolar JIT ................................................................................................ 321
Grfico 51 Gnero dos encarregados de educao que responderam ao questionrio JIT .................................................................................................................. 322
Grfico 52 Habilitaes literrias dos pais que responderam ao questionrio JIT ............ 322
Grfico 53 Idade dos encarregados de educao que responderam ao questionrio JIT ... 323
Grfico 54 Residncia dos encarregados de educao que responderam ao questionrio JIT .............................................................................................. 323
-
XXVII
Tabela de siglas
APEI Associao dos Profissionais de Educao de Infncia
APM Associao de Professores de Matemtica
CAF Componente de apoio famlia
CAI Computer Assisted Instruction (Instruo Assistida por Computador)
CAPER Capacitar a Aprendizagem e Promover Estratgias na Utilizao da Robtica
CCI Child-Computer Interaction (Interao criana-computador)
CD Compact Disc
CEB Ciclo do Ensino Bsico
CEI Centros Escolares de Informtica
CIANEI Congresso Internacional de Aprendizagem na Educao de Infncia
CRIE Computadores, Redes e Internet nas Escolas
CSS Childrens School Sucess (Sucesso das crianas na escola)
DATEC Developmentally Appropriate Technology for Early Childhood (Tecnologia adequada ao desenvolvimento para educao pr-escolar)
DEP-GEF Departamento de Programao e Gesto Financeira
DSIFIE Direo de Servios de Investigao, Formao e Inovao Educacional
EDUTIC Unidade para o Desenvolvimento das TIC na Educao
ERA Educational Robotic Application Principles (princpios de aplicao da robtica educativa)
ESE Escola Superior de Educao
ESEI Escola Superior de Educadores de Infncia
ESTA Escola Superior de Tecnologias de Abrantes
EUA Estados Unidos da Amrica
FCCN Fundao para a Computao Cientfica Nacional
FCT Fundao para a Cincia e Tecnologia
GEDEPE Gabinete para a Expanso e Desenvolvimento da Educao Pr-Escolar
GIASE Gabinete de Informao e Avaliao do Sistema Educativo
GIT Global Information Technology (Tecnologia de Informao Global)
-
XXVIII
IA Investigao-Ao
IBM Internacional Business Machines
ICEI Informtica em contextos de educao de infncia
ICT Information and Communication Technologies (vd. TIC)
INE Instituto Nacional de Estatstica
JIF Jardim de Infncia de Ferreiros
JIT Jardim de Infncia da Timpeira
MEM Movimento da Escola Moderna Portuguesa
MIT Massachusetts Institute of Technology
NAEYC National Association for the Education of Young Children (Associao nacional para a educao de crianas pequenas)
NCTM National Council of Teachers of Mathematics
NEE Necessidades Educativas Especiais
OCEPE Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar
POSI Programa Operacional para a Sociedade de Informao
PRODEP Programa de Desenvolvimento Educativo para Portugal
RCTS Rede Cincia, Tecnologia e Sociedade
RDIS Rede Digital de Integrao de Servios
RIA Robotics Institute of America
Sacausef Sistema de avaliao, Certificao e Apoio Utilizao de Software para a Educao e a Formao
TIC Tecnologias de Informao e da Comunicao
uARTE Unidade de Apoio Rede Telemtica Educativa
UMIC Unidade Misso Inovao e Conhecimento
UTAD Universidade de Trs-os-Montes e Alto Douro
-
Introduo
-
3
A integrao das Tecnologias da Informao e da Comunicao (TIC) nas salas de
jardim de infncia tem suscitado muito interesse por parte de professores/investigadores e so
alguns os estudos realizados nesta rea, quer para se aferir as facilidades/dificuldades na
integrao, quer as vantagens e desvantagens da sua utilizao, quer o papel do professor
como mediador no processo de ensino aprendizagem. Mas so ainda insuficientes: o
nmero de estudos neste nvel de ensino continua a ser muito reduzido, principalmente no
que diz respeito anlise dos processos efectivos de integrao da tecnologia no pr-
escolar (Brito, 2010a, p. 39). O mesmo se pode dizer da robtica educativa, enquanto
elemento das TIC, mas de forma ainda mais explcita. H, de facto, um nmero significativo
de estudos j realizados, principalmente fora de Portugal, mas em termos das prticas efetivas
no quotidiano de jardim de infncia, a sua integrao ainda no est devidamente estudada
nem explicitada.
Educadores e pensadores como Seymour Papert buscam, desde h muito, [a]
conciliao entre dispositivos mecnicos e eletrnicos e o processo de ensino-
aprendizagem. A construo de um ambiente em que educadores e educandos
desenvolvam sua criatividade, seu conhecimento, sua inteligncia, seu potencial
em lidar com situaes adversas do cotidiano tem sido um dos principais
motivadores para as tentativas de integrao da robtica nas prticas
educacionais. (Mill e Csar, 2009, p. 221)
A escolha do tema para a implementao deste trabalho, ligado a contextos de jardins
de infncia, esteve relacionada com dois principais fatores: a minha formao como
educadora de infncia e o imenso gosto de trabalhar com crianas. A escolha das tecnologias
e do principal foco da investigao, a integrao da robtica educativa na educao
pr-escolar, prendeu-se com a curiosidade e vontade de experimentar novos desafios. Pela
minha experincia como educadora de infncia tenho constatado que esta rea, na grande
maioria dos jardins, ainda fica aqum do desejado. Hoje em dia as crianas que frequentam
este nvel de ensino j contactam com as novas tecnologias, quer seja atravs do computador e
fotocopiadora, na rea da informtica, da mquina fotogrfica, do projetor multimdia, enfim,
dos instrumentos existentes nas salas. Como referido nas Orientaes Curriculares para a
Educao Pr-Escolar (OCEPE) se a linguagem oral e a abordagem escrita merecem uma
especial ateno na educao pr-escolar, as novas tecnologias da informao e da
comunicao so formas de linguagem com que muitas crianas contactam diariamente
(Ministrio da Educao, 1997, p. 72).
-
4
Relativamente robtica educativa a situao j diferente. No todos os dias que as
crianas veem ou programam um rob, se que alguma vez contactaram com este tipo de
instrumento de trabalho. Na realidade perfeitamente normal que isso venha a acontecer e
chegar o dia em que assim o espero iro ver estes materiais como parte integrante dos
utilizados e disponveis nas salas de pr-escolar. Alguns estudos realizados, como
experincias espordicas e individuais, resultantes na maior parte das vezes de trabalhos no
mbito de teses de mestrado ou doutoramento, demonstram que a robtica ainda no faz parte
integrante das atividades realizadas em contexto de jardim de infncia.
A Robtica Educativa (RE) tem sido apontada nos ltimos anos como uma
das ferramentas educativas emergentes de maior potencial. Entre as vrias
caractersticas que lhe so atribudas, reala-se a sua adequao a uma
aprendizagem baseada na resoluo de problemas concretos cujos desafios
criados promovem o raciocnio e o pensamento crtico de uma forma activa,
elevando tambm os nveis de interesse e motivao dos alunos por matrias
por vezes complexas. (Ribeiro, Coutinho, Costa, 2011a, p. 440)
Com este trabalho, aps apresentar o estado da arte em TIC e em robtica educativa,
pretendo contribuir, atravs de atividades prticas no terreno, para a integrao de robs de
solo na educao pr-escolar.
Optando por trabalhar com um rob especfico, o rob Roamer, pretendia abordar
diferentes aspetos do currculo e especialmente a matemtica de outra forma, tendo em conta
que ainda vista como um grande problema para muitas crianas e jovens. Sabemos que
o desenvolvimento matemtico nos primeiros anos fundamental, dependendo o sucesso das
aprendizagens futuras da qualidade das experincias proporcionadas s crianas (Castro e
Rodrigues, 2008, p. 9).
Para melhor enquadrar a minha investigao procurei perceber o que poderia constituir
o currculo destinado a crianas pequenas e as diferentes formas de o implementar.
Considerando a minha formao inicial, explorei o que se faz no chamado mundo
ocidental1 em educao de infncia, analisando tambm com algum detalhe os principais
documentos que orientam os educadores em Portugal. Salvaguardando as desejveis
diferenas culturais, verifiquei que em todo o lado h a preocupao de ter em conta a
investigao que vai sendo produzida e os contributos dos autores mais relevantes, quer a
1 Europa, Amrica do Norte, Austrlia, Nova Zelndia e Japo.
-
5
nvel nacional quer a nvel internacional. Os ministrios da educao dos diferentes pases
procuram fornecer orientaes aos profissionais e as associaes de educadores e professores
(APEI, NAEYC, APM, NCTM)2 vo contribuindo com estudos e tomadas de posio na tentativa
de melhorar a qualidade do trabalho desenvolvido com as crianas pequenas.
Como objetivos mais ligados ao trabalho a desenvolver estabeleci logo no incio da
investigao a necessidade de caraterizar os contextos em que iria trabalhar; fazer o
levantamento dos equipamentos informticos e robticos presentes nos jardins de infncia em
estudo; perceber at que ponto os referidos equipamentos eram utilizados pelas crianas; ficar
com a noo do tempo necessrio ao planeamento e desenvolvimento das atividades e
materiais indispensveis para a sua realizao; compreender as necessidades de formao dos
educadores, tendo em conta os conhecimentos j adquiridos; finalmente, compreender as
formas e circunstncias que propiciam o enriquecimento das atividades com robs de solo,
por contributo das restantes atividades em curso no jardim e o contributo destas para a
robtica.
Apresento agora a estrutura da tese, tentando descrever sucintamente todos os
captulos que dela fazem parte. Inicio com esta introduo, onde apresento os objetivos do
trabalho, a formulao do problema e descrevo a abordagem que fiz, que me pareceu
adequada para o mesmo. Como integrar a robtica educativa na educao pr-escolar? Esta
a questo chave.
Segue-se o captulo I, onde descrevo os aspetos relacionados com o currculo e a
qualidade em educao de infncia, bem como as orientaes curriculares para a educao
pr-escolar, as metas de aprendizagem e modelos pedaggicos, destacando-se o modelo
pedaggico do Movimento da Escola Moderna Portuguesa (MEM), por ser o empregue nos
dois contextos de investigao onde realizei os trabalhos de campo.
Relativamente ao captulo II, sobre a utilizao das TIC em contexto escolar, apresento
o aparecimento e evoluo das mesmas nas escolas em Portugal e a situao atual das TIC em
ambiente pr-escolar no mundo, bem como em contextos de educao de infncia. De seguida
debrucei-me sobre Piaget e o construtivismo, Papert e o construcionismo e a linguagem Logo,
base da utilizada na programao do rob Roamer.
2 APEI (Associao dos Profissionais de Educao de Infncia) NAEYC (National Association for the Education of Young Children) APM (Associao de Professores de Matemtica) NCTM (National Council of Teachers of Mathematics)
-
6
No captulo III falo sobre a robtica educativa, tentando descrever o estado da arte at
presente data e feita a apresentao geral da robtica e do rob Roamer em particular, na
medida em que este foi o objeto utilizado durante a investigao.
O captulo IV centra-se nos objetivos do trabalho e na descrio da metodologia de
investigao utilizada durante a realizao do mesmo. Apresento as caratersticas,
modalidades, processo e modelos de investigao-ao e as tcnicas e instrumentos de recolha
de dados utilizados nos contextos de educao de infncia onde o trabalho prtico foi
realizado.
Segue-se o captulo V, onde so caraterizados os sujeitos envolvidos no estudo, sendo
apresentadas tabelas e grficos relativamente a alguns dados referentes s crianas e aos
encarregados de educao.
O captulo VI apresenta o trabalho de campo, ou seja, o desenvolvimento da
investigao-ao (IA); fao uma descrio dos dois jardins de infncia onde efetuei a
investigao, seguindo-se os ciclos de ao e reflexo desenvolvidos ao longo de dois anos
letivos, 2009/2010 e 2010/2011.
No captulo VII feita a anlise final dos resultados, onde exponho e interpreto os
dados da investigao.
Seguem-se as concluses, recomendaes e reflexes finais, onde mostro os aspetos
positivos deste trabalho, as dificuldades sentidas durante a realizao do mesmo e algumas
ideias relativamente a futuras linhas de investigao.
tambm apresentada a lista de referncias bibliogrficas utilizadas ao longo do
trabalho, nas quais me apoiei para o efetuar.
Nos anexos incluo todos os registos efetuados ao longo dos dois anos letivos, registos
sintticos dos mesmos, avaliaes de algumas crianas, instrumentos de registo utilizados nos
jardins de infncia em causa, questionrio apresentado aos pais e CD com programao da
histria A casa da Mosca Fosca.
-
CaptuloIOCURRCULOEMEDUCAODEINFNCIA
-
Captulo I - O currculo em educao de infncia
9
1.1. O desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem
H alguns anos falar de currculo em educao de infncia em Portugal era, no
mnimo, considerado estranho. Na linguagem corrente o termo currculo era normalmente
interpretado como sinnimo de programa e por essa mesma razo como algo prescritivo e
muito pouco flexvel. Para os estudiosos o termo era encarado de forma diferente mas tambm
pouco utilizado num nvel de educao em que os contedos a desenvolver no eram
impostos por qualquer organismo oficial. No se pode esquecer que a rede pblica de
educao pr-escolar, em Portugal, s foi lanada em 1977. Antes disso os estabelecimentos
que acolhiam crianas pequenas eram de iniciativa no governamental. O currculo um
conceito de uso relativamente recente entre ns, se considerarmos a significao que tem em
outros contextos culturais e pedaggicos nos quais conta com uma maior tradio
(Sacristn, 1998, p.13).
Sacristn (1998) refere que numa tentativa de sistematizar as diferentes significaes
atribudas palavra currculo, podemos considerar cinco perspetivas diferentes: a que tem a
ver com a sua funo social como ligao entre a escola e a sociedade; a que o v como
projeto ou plano educativo nas suas diferentes vertentes; a formalizao desse projeto na
prtica, explicitando contedos, orientaes, etc.; a que o v como um campo onde se age e se
pode fazer a anlise dos processos instrutivos, estudar as diversas prticas que muitas vezes a
se cruzam e servir de suporte ao discurso que relaciona a teoria e a prtica em educao; e a
que corresponde atividade de investigao quer prtica quer terica, dos que se debruam
sobre todos os aspetos j focados.
O conceito de currculo tambm pode ser entendido em sentido lato ou em sentido
restrito. Em sentido lato pode afirmar-se que currculo tudo aquilo que aprendido na
escola, seja ou no objetivo explcito da atividade educativa. Assim, a melhor forma de lidar
com os colegas, os educadores e restantes funcionrios ser uma aquisio importante para as
crianas, embora no esteja clarificada nas planificaes da instituio. Do mesmo modo, a
melhor forma de poder conversar ou brincar em tempos a isso no destinados tambm
rapidamente aprendida pelos meninos. Este sentido lato aquele que normalmente a
Sociologia gosta de explorar. neste campo que se trabalha a significao de currculo
oculto. Tambm se refere com frequncia a existncia de um currculo informal que
designa o conjunto das experincias vividas pelos aprendentes, incluindo as que acontecem
-
Captulo I - O currculo em educao de infncia
10
sem inteno deliberada. J no campo do desenvolvimento curricular e organizao e
administrao educativas se utiliza com muito mais frequncia o sentido restrito do vocbulo.
Zabalza define-o como o conjunto dos pressupostos de partida, das metas que se deseja
alcanar e dos passos que se do para as alcanar; o conjunto de conhecimentos,
habilidades, atitudes, etc. que so considerados importantes para serem trabalhados na
escola (1994, p.12).
Assim, o currculo muitas vezes definido como tudo aquilo que expressamente
planificado e desenvolvido com os alunos e objeto de avaliao. o chamado currculo
formal.
na Grcia antiga, chamava-se currculo pista por onde os atletas
corriam. Mais tarde passou a chamar-se currculo, tambm prpria corrida.
Estes dois sentidos de currculo cobrem hoje, entre ns, o decurso (o curso) da
educao pr-escolar: a pista e a aco de correr nela, isto , o projecto
curricular e a aco ou o desenvolvimento curricular, como tambm se diz.
(Niza, 2001, p.3)
Em todos os nveis de educao e ensino se pode trabalhar o que no est previsto nas
planificaes mas surge da interao entre alunos e professores na sala de aula ou outros
contextos educativos. Os contedos que da surgem constituem o chamado currculo
emergente que em alguns modelos pedaggicos ou curriculares, como o MEM, assume grande
relevncia. Valoriza os interesses, capacidades e aptides dos intervenientes, conduzindo com
frequncia a projetos, de uma forma geral favorecedores da interdisciplinaridade, da troca de
experincias e da explorao da zona de desenvolvimento prximo de muitas crianas.
O currculo emergente () tem uma nfase social e intelectual e no podemos
de forma alguma separar estas duas reas () contextualizado. Funciona
para () [um] grupo especfico de crianas e os seus pais, e para o jardim-de-
infncia (). um currculo policntrico. () no um currculo centrado
apenas na criana. (Vasconcelos, 1997, pp.250-251)
Em qualquer escola o currculo corresponde, de uma forma geral, quilo que a
sociedade espera dela. As comunidades esperam que a escola eduque. E o que educar? Pode
ser ajudar as crianas, os alunos, a crescer. Nesse sentido precisam, como referem autores
como Formosinho, de ser estimulados, socializados e instrudos.
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Captulo I - O currculo em educao de infncia
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Quer isto dizer que mesmo na linguagem de todos os dias o conceito de
educao usado quer como instruo quer como socializao quer como
estimulao. Educar assim um acto global que no visa s a aprendizagem de
certos conhecimentos, mas () a formao total. (Formosinho, s.d., p.3)
Consoante a idade e o nvel de educao ou ensino assim o currculo se foca mais em
uma ou duas vertentes em detrimento da outra ou outras. Na educao pr-escolar procura-se
implementar sobretudo a estimulao e socializao das crianas, tendo a instruo menos
relevo. medida que se progride nos nveis de ensino, a instruo vai ganhando importncia
em detrimento das outras duas vertentes. Pelo que referimos no de estranhar que na
educao de infncia aquilo que tem a ver com o desenvolvimento pessoal e social das
crianas seja objeto de grande preocupao. extremamente relevante que os meninos
descubram as suas capacidades (pintar, desenhar, cantar, correr) e se habituem a conviver
pacificamente com os outros. Isso implica a interiorizao de regras, hbitos, atitudes e
valores. Tambm se explora e se procura satisfazer a natural curiosidade das crianas e a sua
incessante vontade de experimentar e explorar o que as rodeia. No por isso de estranhar
que a j longa histria da educao de infncia permita constatar a presena de determinado
tipo de atividades nos currculos que ao longo dos anos foram sendo desenvolvidos. Desde
Oberlin a Maria Montessori, o que se fez foi muito mais baseado na intuio do que em
estudos cientficos (Spodek e Brown, 2002). A partir do trabalho de Montessori, a observao,
a experimentao e o estudo cientfico do desenvolvimento e aprendizagem das crianas foi
ganhando terreno. Durante muitos anos as diversas teorias de desenvolvimento marcaram as
diferentes abordagens educao das crianas pequenas, contudo foi-se verificando aos
poucos uma deslocao de foco, passando tambm a ganhar importncia os aspetos relativos
aprendizagem. assim que hoje em dia podemos assistir a diferentes prticas, seguindo ou
no risca modelos pedaggicos, preocupadas com a estimulao, socializao e instruo
das crianas (a importncia dada a cada uma das componentes varia) com vista a proporcionar
o seu desenvolvimento e a necessria base para aprendizagens futuras. O que se verifica que
observar, planear, agir, avaliar, comunicar e articular so tarefas tratadas de diferentes formas
consoante o profissional, a formao que teve e o tipo de prtica que leva a cabo. Todos
procuram proporcionar o desenvolvimento das potencialidades de cada criana, transmitir
regras, valores, hbitos, atitudes e conhecimentos, mas fazem-no de diferentes formas,
valorizando ou desvalorizando as diversas tarefas. O observar e planificar ocupa
relativamente pouco tempo se comparado com o agir em algumas prticas. Tambm a
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Captulo I - O currculo em educao de infncia
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avaliao, a comunicao do que se aprendeu e a articulao com o meio de provenincia das
crianas e o nvel posterior a que se destinam , em muitos casos, reduzida.
Para minimizar os inconvenientes de prticas pouco equilibradas foram surgindo na
maioria dos pases linhas orientadoras para a ao dos educadores, objetivos gerais e metas de
aprendizagem para as crianas/alunos, modelos pedaggicos/curriculares que conferissem
coerncia e intencionalidade s prticas educativas e perfis profissionais de educadores e
professores dos diferentes ciclos.
Tendo em conta o referido, faz parte das preocupaes do educador a organizao do
ambiente educativo, os contedos e atividades a explorar com as crianas e o assegurar a
intencionalidade e continuidade educativa. Em Portugal, de acordo com o perfil especfico de
desempenho profissional do educador de infncia, cabe a este conceber e desenvolver o
respetivo currculo atravs da planificao, organizao e avaliao do ambiente
educativo, bem como das actividades e projectos curriculares, com vista construo de
aprendizagens integradas (Decreto- Lei n. 241/2001 de 30 de Agosto).
Parece-me importante abordar aqui, ainda que de forma no exaustiva, as fontes do
currculo em educao de infncia. De algum modo as diferentes fontes tm acompanhado a
histria da educao de infncia. Aponta-se geralmente como primeira fonte do currculo a
criana e a observao sistemtica que se foi fazendo da sua atividade espontnea. Assim
surgiram, em parte, os currculos propostos por Froebel e Montessori. Como referem Spodek
e Saracho, outras fontes consensualmente apontadas tm sido, desde que surgiram, as teorias
do desenvolvimento e da aprendizagem (Spodek, 1993; Spodek e Saracho, 1998). O
conhecimento humano, disponvel em cada poca, tem sido tambm uma fonte. Como no
podia deixar de ser, h a preocupao de transmitir s novas geraes aquilo que aqueles que
os antecederam j sabem. Essa passagem de testemunho comea logo na educao dos mais
pequenos.
As fontes do currculo na educao de infncia so, em primeiro lugar, o
prprio conhecimento cientfico sobre o desenvolvimento da criana. No
entanto, como os textos de Bernard Spodek e de Jlia Formosinho salientam, a
cultura como fonte curricular uma referncia incontornvel neste mesmo
nvel etrio. (Formosinho, 1996, p.11)
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Captulo I - O currculo em educao de infncia
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Outras fontes do currculo normalmente referidas so, consoante as circunstncias, os
conhecimentos a adquirir no primeiro ciclo do ensino bsico, os testes realizados s crianas
para tentar perceber o que sabem, o contedo das avaliaes a que possam ser submetidas no
final da etapa e tambm, com frequncia, o calendrio com os seus tempos fortes e atividades
mais relevantes. Sabe-se que, consoante os casos, o contedo dos currculos deriva mais ou
menos diretamente das fontes apresentadas. Contudo questionamo-nos com frequncia quanto
legitimidade destas escolhas. Spodek entende que nenhuma delas pode ser considerada uma
origem apropriada do currculo.
Gostaria de sugerir que a origem adequada do currculo em educao pr-
escolar o conjunto dos objectivos que so os fins da educao para as
crianas. Trata-se, no essencial, de uma declarao de valor sobre o que a
criana deve ser. (Spodek, 1993, p.14)
Pelo j exposto percebemos a necessidade de organizar o ambiente educativo quando
se fala na educao das crianas pequenas. Esta organizao inclui as formas de estruturar o
espao, o grupo, o tempo, o prprio meio institucional e a relao com aqueles que o rodeiam
e so interlocutores. Relativamente ao espao podemos encontrar uma grande diversidade de
opes. Consoante as caratersticas do grupo, as dimenses dos espaos a utilizar, a formao
dos educadores e os objetivos a atingir assim podemos ter espaos que quase parecem salas do
1. ciclo ou outros, organizados por exemplo por reas de trabalho, que proporcionam uma
grande autonomia e liberdade de ao s crianas.
Nos ltimos anos, foram dados muitos passos frente e hoje faz parte da
cultura profissional dos professores(as) dessa etapa educacional que o
espao de suas aulas seja um recurso polivalente que podem utilizar de muitas
maneiras e do qual podem extrair grandes possibilidades para a formao.
(Forneiro, 1998, p.229)
Tambm quanto forma de agrupar as crianas nos surgem diferentes alternativas.
Uma das mais comuns o agrupamento por idades por se achar, geralmente, que facilita o
trabalho dos educadores. Contudo igualmente possvel encontrar grupos propositadamente
heterogneos considerando a idade.
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Captulo I - O currculo em educao de infncia
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No podemos perder de vista o potencial educativo da relao das crianas
com outras idades diferentes e interesses em criar experincias educativas e
sociais em que haja maior diversificao. Essa relao beneficia as crianas
menores, pois permite-lhes aprender modelos dos mais velhos, imit-los, ajud-
los, etc., e permite uma interao entre iguais que, se for bem demarcada,
poder ser muito positiva. (Bassedas, Huguet e Sol, 1999, p.99)
Outras formas de organizar turmas tm por base critrios como a afinidade entre as
crianas, o seu nvel de desenvolvimento e/ou os conhecimentos que demonstram possuir.
A cooperao a relao educativa em que nos afirmamos. () ergue-se a
partir de distintas vocaes, papis sociais e idades, que, coexistindo,
enriquecem e transformam as pessoas, as quais, partindo de um agrupamento,
passam a viver um projeto de vida cooperativa. Os que se espantam que
faamos guerra aberta iluso dos grupos homogneos talvez assim entendam
melhor. S a m-f ou a doentia crena na omniscincia do mestre poder
ainda hoje deixar manifestar em pblico to feias e reacionrias intenes.
(Niza, 2012, pp.67-68)
Se se pensar nas chamadas famlias tradicionais e alargadas que eram muito frequentes
h umas dcadas atrs em Portugal e ainda existem em muitas partes do globo, verificamos
que so compostas por muitas crianas em diferentes idades que convivem e interagem
naturalmente entre si. Assim, em espaos no formais e durante as brincadeiras, o mais
frequente era haver meninos em diferentes pontos de desenvolvimento agrupando-se
espontaneamente. A Pedagogia-em-Participao favorece a organizao de grupos
heterogneos em termos etrios que incluam a diversidade cultural envolvente (Oliveira-
Formosinho e Formosinho, 2011, p.32).
Relativamente forma de utilizar o tempo verificam-se igualmente muitas diferenas.
Aquilo que relativamente consensual diz respeito necessidade de rotinas. A realizao de
cada rotina determinar no s o produto imediato dessa actividade, mas tambm outras
conquistas cognitivas ou afectivas vinculadas s actividades que a rotina contm (Zabalza,
1992, p.171).
A rotina baseia-se na repetio de actividades e ritmos na organizao
espcio-temporal da sala e desempenha importantes funes na configurao
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Captulo I - O currculo em educao de infncia
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do contexto educativo () Constitui um marco de referncia que, uma vez
aprendido pela criana () d uma grande liberdade de movimentos, tanto s
crianas como ao educador: provm de uma espcie de estruturao mental
que permite dedicar-se e dedicar as suas energias ao que se est fazendo, sem
preocupao do que vir depois. (Zabalza, 1992, p.169)
Tambm importante alternar atividades mais movimentadas com outras mais calmas,
tarefas que exigem maior concentrao com outras que permitem um maior relaxamento e ser
sensvel forma como as crianas pequenas vivem o tempo.
No trabalho com crianas pequenas, imprescindvel manter uma sequncia
estvel de atividades que d segurana a elas na medida em que lhes permitir
antecipar o que vai acontecer. () os extremos so desaconselhveis: to
ruim a desorganizao () quanto a rigidez. (Paniagua e Palacios, 2007,
p.164)
Isto significa no interromper trabalhos que esto a ser feitos com grande entusiasmo,
a no ser que isso seja absolutamente necessrio, e no prolongar demasiado outros, quando
se verifica que os meninos no so mais capazes de prestar ateno ao que esto a fazer. Ao
longo do dia, durante a rotina diria, h diversos modos de participao e envolvimento das
crianas na coconstruo da aprendizagem experiencial-individualmente, em pares, em
pequenos grupos, em grande grupo (Oliveira-Formosinho e Formosinho, 2011, p.32).
Um educador experiente na gesto do tempo sabe que com crianas pequenas no se
pode ser rgido, necessrio conseguir coordenar diferentes crianas ou grupos no
desempenho de tarefas diversas. Tambm h que enquadrar os imprevistos e proporcionar
transies entre atividades que se coadunem com os diferentes ritmos. As atividades devem
fluir de maneira natural, com margens flexveis entre uma proposta e outra (Paniagua e
Palacios, 2007, p.165).
A organizao do dia fundamental no trabalho do educador. Quanto mais o educador
quiser desenvolver nas crianas a independncia, a autonomia e a capacidade de iniciativa
mais ter que cuidar a organizao do espao, dos materiais e do tempo. S uma sala cuja
organizao foi bem pensada e um dia concebido de acordo com o conhecimento prvio do
grupo, vo possibilitar a ao das crianas sem recurso frequente ajuda dos adultos. Um
funcionamento flexvel muito mais coerente com a diversidade de ritmos e interesses e,
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desde que bem organizado, potencializa uma maior autonomia (Paniagua e Palacios, 2007,
p.165).
Muitos problemas de disciplina, desconcentrao e gesto dos grupos surgem da falta
de planeamento. Quando se pensou bem aquilo que se pretende fazer difcil surgirem
espaos mortos e falta de interesse das crianas. Um perodo prolongado de espera entre a
apresentao de uma proposta e sua concretizao pode diminuir a motivao e a ateno
das crianas (Paniagua e Palacios, 2007, p.165).
O jardim de infncia enquanto instituio que acolhe crianas tambm tem que atender
s suas necessidades, da que seja necessrio pensar os horrios mais adequados, a
distribuio dos espaos consoante as suas funcionalidades, a existncia de reas cobertas e ao
ar livre para a brincadeira dos meninos; tambm deve haver materiais seguros, resistentes,
lavveis, diversificados e que permitam diferentes utilizaes. Os aspectos organizacionais
tm uma grande importncia e influem mais do que parece na qualidade pedaggica e
educativa do centro no qual trabalhamos. () eles deveriam ser submetidos aos aspectos
pedaggicos e educativos (Bassedas, Huguet e Sol, 1999, p.93).
Para que estas instituies cumpram cabalmente os objetivos a que se destinam
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