enfermagem geriatrica

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    CENTRO INTEGRADO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL - CIEP 

    COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

    ENFERMAGEM GERIÁTRICA

    EMENTA:   Assistência a pessoas idosas nos aspectos bio-psico-sócio-cultural e ambiental emsituações diversas preservando a integridade e a dignidade, Estimular ao auto-cuidado e orientar afamília/cuidador a manter o bem-estar e qualidade de vida da população idosa. Fundamentos da Atenção Gerontológica

    I – Introdução a Gerontologia e Geriátrica1.1- Características da População Idosa1.2- Conceitos Básicos de Enfermagem

    1.3 -Teorias do Envelhecimento1.4- Considerações Éticas e Legais

    II - O Papel da Enfermagem Gerontológica  2.1- Comunicação com o Idoso2.2- Aplicação do Processo de Enfermagem ao Cuidado Gerontológico2.3- Realizando uma Avaliação Funcional2.4- Aspectos Psicossociais do Cuidado Gerontológico2.5- Implementando o Cuidado Restaurador

    III - Saúde e Bem-estar do Idoso  3.1- Promovendo a Saúde Fisiológica3.2- Promovendo a Saúde Psicossocial3.3- Efeitos da Medicação no Idoso3.4- Considerações sobre a Administração de Medicamentos

    V - Problemas Comuns que Afetam o Idoso  4.1- Administrando Problemas Fisiológicos Comuns4.2- Administrando Problemas Psicossociais

    VI - Alterações Fisiológicas do Idoso  5.1- O Sistema Tegumentário5.2- O Aparelho Neurológico5.3- O Aparelho Cardiovascular5.4- O Aparelho Musculoesquelético5.6- O Aparelho Respiratório5.7- O Sistema Gastrintestinal5.8- Sistema Geniturinário5.9- O Sistema Endócrino5.10- Os Órgãos Sensoriais

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    I- Introdução a Geriatria e Gerontologia

    A gerontologia  é um campo de estudos interdisciplinar que investiga os fenômenosfisiológicos, psicológicos e sociais e culturais relacionados com o envelhecimento do ser humano. Éum campo multiprofissional e multidisciplinar. Embora a Gerontologia envolva muitas disciplinas, apesquisa repousa sobre um eixo formado pela Biologia, pela Psicologia e pelas Ciências Sociais. Agerontologia difere da geriatria na medida em que esta última é o ramo da medicina (especialidade)associado ao estudo, prevenção e tratamento das doenças e da incapacidade em idades avançadas.Medicina geriátrica  é o ramo da medicina que foca o estudo, a prevenção e o tratamento dedoenças e da incapacidade em idades avançadas. O termo deve ser distinto de gerontologia, que é oestudo do envelhecimento em si.

    Geriatras são médicos especializados no cuidado com o idoso e têm a sua formação variávelem diferentes países, mas geralmente esta passa por uma formação generalista (medicina interna,medicina de família, etc.) e a seguir são treinados nos aspectos específicos da saúde do idoso. Emgeral os geriatras têm de passar por um exame de qualificação para a especialização para obter um

    título ou certificado de especialista.O aumento da expectativa de vida (ou esperança de vida) e o envelhecimento da populaçãomundial têm preocupado cada vez mais cientistas, intelectuais e formuladores de políticas públicas. Ocrescimento da gerontologia nos últimos anos é um reflexo dessas transformações.

    1.2- Conceitos Básicos de Enfermagem no Cuidar da Saúde do Idoso.A Enfermagem Gerontológica abrange os conhecimentos específicos de enfermagem

    acrescidos daqueles relacionados ao processo do envelhecimento, sendo o campo da Enfermagemque se especializa na assistência ao idoso. A equipe de enfermagem deve zelar para que o idosoconsiga aumentar os hábitos saudáveis, diminuir e compensar as limitações inerentes da idade,confortar-se com a angústia e debilidade da velhice, incluindo o processo de morte. Deve ainda atuarestimulando o autocuidado, atuando na prevenção e não-complicação das doenças inevitáveis,individualizando o cuidado a partir do princípio de que cada idoso vai apresentar um grau diferente de

    dependência, diferindo assim a maneira de assistência. Considerando os fatos relatados, mostra-senecessária e urgente a divulgação e discussão das diferenças que o aumento da população idosaacarretará na sociedade como um todo, principalmente na área da saúde, salientando-se o novopapel dos idosos em nossa sociedade, para que tanto os profissionais quanto a população em geralpossam atender de maneira satisfatória novas demandas.A enfermagem abrange todos aspectos, como os cuidados, a capacitação, as orientações e a própriasupervisão com tudo o enfermeiro só tem de proporcionar o bem-estar físico e bio-psico-social, pois ocuidador tendo a capacitação conseqüentemente as questões patológicas vão regredir, por exemplo,a depressão é uma das doenças que mais acomete o idoso devido ao isolamento, e se este idosopossuir um cuidador capacitado o mesmo irá trabalhar na sua auto-estima proporcionando acomunicação, obtendo assim um resultado positivo da sua patologia.Velho: velhice é considerada a terceira idade da vida humana, e essa terceira idade oscila entre o fimda idade adulta média até a declaração, isto é, a confirmação da velhice.

    Biologicamente a velhice é a etapa da vida caracterizada pela queda de força e degeneração doorganismo. Mas há também implicações sociais e psicológicas que influenciam no desenrolar davelhice e que raramente são levados em conta.Idoso  é uma pessoa de idade avançada. A Organização Mundial da Saúde classificacronologicamente como idosos as pessoas com mais de 65 anos de idade em países desenvolvidos ecom mais de 60 anos de idade em países em desenvolvimento.Envelhecimento, nos seres vivos, é o processo de desgaste do corpo, depois de atingida a idadeadulta.Envelhescência: nada mais é que uma preparação para entrar na velhice, assim com a adolescênciaé uma preparação para a maturidade.Senilidade  é uma doença, também conhecida como demência, onde o idoso (às vezes acometeadultos jovens) perde a capacidade de memorizar, prestar atenção, não consegue mais se orientar,fala sem nexo, vai limitando sua vida ao leito, e chega a perder o controle de urinar e defecar. Só 5%

    dos velhos padecem de senilidadeSenescência é o processo natural de envelhecimento ao nivel celular ou o conjunto de fenômenosassociados a este processo. A senescência é um processo metabólico ativo essencial para oenvelhecimento. Ocorre por meio de uma programação genética que envolve deterioração dos

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    telômeros e ativação de genes supressores tumorais. As células que entram em senescência perdema capacidade proliferativa após um determinado número de divisões celulares.1.3- Teoria do Envelhecimento

    Envelhecer é um processo dinâmico, progressivo e inevitável, pois há mudançasmorfológicas, bioquímicas, funcionais e psicológicas ocasionando maior predisposição a processopatológicos que acabam levando a morte. Com o aumento da prevenção de doenças através deprogramas de saúde, avanço da medicina e avanços tecnológicos houve o envelhecimentopopulacional o que levou a ênfase aos estudos geriátricos e gerontológicos.Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS): O conceito de envelhecimento ativo consiste emlevar na medida que envelhecemos uma vida produtiva e saudável na família, na sociedade e naeconomia. Neste sentido devemos levar em conta todas as dimensões da atividade física, mental,social e espiritual.O envelhecimento pode ser explicado por dois conceitos distintos:

    1. Conceito Simplista : é o processo pelo qual o jovem se transforma em idoso.2. Conceito Biológico : são fenômenos que levam à redução da capacidade de adaptação

    sobrecargas funcionais.Com o envelhecimento, ocorre a homeostenose – declínio estimado em algumas funções – e há uma

    maior vulnerabilidade à doenças como: infecções, doenças cardiovasculares, neoplasias malignas,dentre outras.De acordo com a cronologia, em países em desenvolvimento o idoso é o indivíduo que tem 60 anosde idade ou mais. E em países desenvolvidos, o indivíduo que tem 65 anos de idade ou mais. Osindivíduos considerados muito idosos são aqueles que possuem 80/85 anos de idade ou mais.A capacidade funcional ao longo da vida vai reduzindo, na terceira idade é importante manterindependência e prevenir incapacidade, por isso, reabilitar e garantir qualidade de vida. O processonatural de envelhecimento associado às doenças crônicas é o responsável pela limitação do idoso.Nesta fase da vida é importante focar sempre na prevenção, pois nem sempre o indivíduo irámanifestar sintomas de doença, até o idoso aparentemente saudável requer cuidados, pois asmanifestações de doenças nos idosos são: atípicas, sub-clínicas, os sintomas são inespecíficos egeralmente não relatados, o início é insidioso e é muito fácil “perder” um diagnóstico. As principaisocorrências no idoso são (os gigantes da geriatria - 5I: instabilidade, incontinência, iatrogenia,

    imobilidade e insuficiência): imobilidade, insuficiência cognitiva, iatrogenia, instabilidade e quedas,incontinência, delírio, demência e depressão.

    Teoria Biológica

    O envelhecimento como fenômeno biológico tem sido interpretado em ligação com teoriasque explicam as causas do envelhecimento celular e do aparecimento de perturbações de saúde.Neste sentido, tais teorias defendem que todo o organismo multicelular dispõe de um tempo limite devida, em que as probabilidades de sobreviver vão sendo cada vez menores à medida que se avançana idade.

    Lellouch (1992) reafirma que “ as mudanças de textura que a velhice imprime no organismorevelam-se por vezes num tal grau que o estado fisiológico e o estado patológico parecem confundir- se por transições insensíveis não podendo ser distinguidas”.

    A causa do envelhecimento advém das alterações moleculares e celulares que acaba porresultar em perdas funcionais progressivas dos órgãos e do organismo. Neste sentido, à medida quese avança na idade, as células vão diminuindo, as alterações no corpo são visíveis, provocando umadiminuição da estatura e do peso. No entanto, são muitos os fatores que têm influência noenvelhecimento: a variável sexo, no sentido em que a esperança média de vida da mulher é superiorà do homem (Charcot, citado por Lellouch 1992).

    Por outro lado, segundo Gyll este também defende que quanto mais se utilizar uma aptidãointelectual mais ela será protegida do envelhecimento (1980: 70). A prática do exercício físico levou amelhores resultados a nível do raciocínio, memória e do tempo de reação, tal como foi testado porClarkson – Smith e Hartley (1989). Verifica-se ainda no idoso, uma perda da auto – estima o quepode levar ao isolamento.

    Neste sentido, e porque o envelhecimento é a contrapartida do desenvolvimento (Birren eCunningham, 1985), a forma como se vive com o envelhecimento, resulta da forma como o indivíduo

    antes se desenvolveu, ou seja, resulta do comportamento dos indivíduos e dos factores ambientais.

    Teoria Psicológica  

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    Para além das teorias biológicas que nos dão uma ajuda a perceber o processo de envelhecimento,muitas outras teorias tentam também encontrar explicações para o mesmo. Neste sentido, apsicologia tem-se preocupado com a descrição das diferentes maneiras de envelhecer relacionandocom a inteligência, memória, personalidade, motivação, habilidades, pois segundo Constança Paúl(1991), tudo isto, quando exercitado, contribui para a preservação da capacidade funcional e bem –estar dos idosos. Porém esta mesma autora refere que no caso dos idosos considerados maispobres, com baixa escolaridade e baixas expectativas, dado que a sua experiência de vida lhesensinou que elas não seriam preenchidas ou acessíveis, as aspirações dos idosos são baixas edesadaptadas com o meio. (Paúl, 1991: 265).

    Os papéis profissionais e as interações sociais neste período da vida são também fatorespsicológicos que afetam os idosos. Ou seja, no que se refere aos papéis profissionais, é a reforma aprincipal mudança dado que se vêem retirados da atividade profissional e consequentementecolocados em situação de reforma. Porém, a reforma leva a uma alteração brusca nos papéisprofissionais, determinando o fim para a maioria dos idosos.

    Com a mudança de papéis, gera-se um processo de adaptação, em que para alguns, não éinteiramente bem sucedida, resultando muitas vezes em insatisfação ou até mesmo desespero.

    Por outro lado, as pessoas idosas vão-se deparando com perdas ou sucessivas privações,nomeadamente, na saúde, na atividade profissional, perda do cônjuge, dos amigos, entre outros. Taissituações criam no idoso fragilidades psico – afetivas e sentimentos de intensa vulnerabilidade.A sua adaptação a um processo de mudança com perdas e limitações caracteriza o envelhecimentocomo “ o luto que a pessoa de idade vai ter de fazer de uma certa imagem de si própria, comopessoa, como ser social, como membro de uma comunidade”. (Cordeiro, 1987: 236)

    Teoria Social

    As teorias sociológicas assentam tanto no interacionismo simbólico como na Teoria daestrutura social. Rocio Fernandez-Ballesteros fala na Teoria da Subcultura, na qual se constata que avelhice acaba por conduzir a pessoa idosa ao isolamento. Este isolamento foi abordado por Rox(anos 70) postulando que os mais velhos possuem todas as características de qualquer grupo

    isolado.O envelhecimento social da população suscita mudanças no status assim como no seurelacionamento com os outros, em função da crise da identidade.A falta de papel social conduz àperda de auto-estima, (a maior mudança que se verifica é devido ao abandono da sua atividadeprodutiva).

    Uma maior disponibilidade de tempo acarreta a necessidade de se adaptar a novos papéisimpostos pela sociedade transformada.

    No que diz respeito aos contactos sociais, a partir de certo momento, muitos idososmanifestam uma diminuição nos seus relacionamentos. Ou seja, apelam à indisponibilidade detempo, à vida agitada e as suas relações com os seus filhos, netos, colegas e amigos tornam-sedesajeitadas. Para tal não acontecer, é necessário empenho para criarem novos relacionamentos eaprenderem um novo estilo de vida que minimizem essas perdas.

    1.4- Consideração Ética e LegalO Estatuto do idoso, de iniciativa do Projeto de lei nº 3.561 de 1997, foi fruto da organização

    e mobilização dos aposentados, pensionistas e idosos vinculados à Confederação Brasileira dosAposentados e Pensionistas (COBAP), resultado de uma grande conquista para a população idosa epara a sociedade.

    Foi instituída na Câmara Federal, no ano de 2000, uma comissão especial para tratar dasquestões relacionadas ao Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas,considerando-se a idade cronológica igual ou superior a 60 anos e de dispor de seus direitosfundamentais e de cidadania, bem como a assistência judiciária. Além de preocupar-se com aexecução dos direitos pelas entidades de atendimento que o promovem, também voltar-se para suavigilância e de defesa, por meio de instituições públicas.

    Essa política vem sendo implementada no Brasil de maneira gradativa: o aumento acelerado

    da população idosa torna cada vez mais fundamental, a união de esforços para a prática de políticaspúblicas voltadas a este segmento populacional, assim como a conscientização dos seus direitos eespaços a serem conquistados.

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    Com esse objetivo de assegurar os direitos da pessoa idosa, a Secretaria Especial dosDireitos Humanos da Presidência da República realiza um trabalho essencial na divulgação doEstatuto e na implementação de suas ações em parceria com os Estados e Municípios.

    O Estatuto do Idoso vem implementar a participação de parcela significativa do povobrasileiro (os idosos), por intermédio de entidades representativas, os conselhos, que, por sua vez,seguindo a Lei nº 8842, de 4 de janeiro de 1994, têm por objetivo deliberar sobre políticas públicas,controlar ações de atendimento, além de zelar pelo cumprimento dos direitos do idoso, de acordocom o novo Estatuto (art.7o).

    De acordo com o deputado Silas Brasileiro, o projeto de lei justifica-se pela condição defragilidade do idoso em relação às demais pessoas, apontando a proteção à velhice como um direito.O deputado relata que as entidades de atendimento ao idoso podem ser classificas como aquelasque executam atividades lucrativas e atividades filantrópicas (que podem incluir gratuidade parcial outotal de serviços). Contudo, suas obrigações são idênticas frente à questão do atendimento dasnecessidades do idoso, enquanto direito fundamental.

    O Estatuto do Idoso, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, é mais um instrumentopara a realização da cidadania. O idoso possui direito à liberdade, à dignidade, à integridade, àeducação, à saúde, a um meio ambiente de qualidade, entre outros direitos fundamentais (individuais,

    sociais, difusos e coletivos), cabendo ao Estado, à Sociedade e à família a responsabilidade pelaproteção e garantia desses direitos.Pode-se afirmar que o cerne do Estatuto está nas normas gerais que referem sobre a

    ‘proteção integral’; a natureza e essência encontram-se no artigo 2º, quando estabelece a sucessãode direitos do idoso e visualiza sua condição como ser constituído de corpo, mente e espírito – jáprevê a preservação de seu bem-estar físico, mental e espiritual – e identifica a existência deinstrumentos que assegurem seu bem-estar, o qual na lei seria:“Art. 2º - O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, semprejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outrosmeios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde, em condições deliberdade e dignidade.”  

    O grande desafio para este milênio é construir uma consciência coletiva de forma a quetenhamos “uma sociedade para todas as idades”, com justiça e garantia plena de direitos.

    O Estatuto do Idoso

    Política Nacional do IdosoTem como objetivo assegurar os direitos sociais do idoso,para assim promover sua

    autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.No artigo 3º, estabelece: ·A família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao

    idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo a suadignidade, bem-estar e direito à vida; ·O idoso deve ser o principal agente e o destinatário dastransformações a serem efetivadas por meio desta política; ·O idoso não deve sofrer discriminação dequalquer natureza. A regulamentação da Política Nacional do Idoso foi publicada no dia 3 de junho de1996, por meio do decreto 1.948, explicitando a forma de implementação dos avanços previstos na lei8.842/94 e estabelecendo as competências dos órgãos e das entidades públicas envolvidas no

    processo.Objetivo

    O Estatuto do Idoso tem como objetivo promover a inclusão social e garantir os direitosdesses cidadãos uma vez que essa parcela da população brasileira se encontra desprotegida, apesarde as estatísticas indicarem a importância de políticas públicas devido ao grande número de pessoascom mais de 60 anos no Brasil. Segundo Anita Neri o Estatuto do Idoso (Lei 10.741) foi sancionadopelo presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, em 1 de outubro de 2003, porém publicadano Diário Oficial da União em Três (3) de Outubro de 2003 e garantindo e ampliando os direitos dosbrasileiros com mais de 60 (sessenta) anos.

    Mais abrangente que a Política Nacional do Idoso, considera os mais velhos como prioridadeabsoluta e institui penas aplicáveis a quem desrespeitar ou abandonar cidadãos idosos. Entre outrascoisas, além do direito de prioridade, garante:

    •  A distribuição gratuita de próteses, órteses e medicamentos;•  Que os planos de saúde não possam reajustar as mensalidades pelo critério de idade;•  O direito ao transporte coletivo público gratuito e reservas de 10% dos assentos;

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    •  Nos transportes coletivos estaduais, a reserva de duas vagas gratuitas para idosos comrenda igual ou inferior a dois salários mínimos;

    •  No Art. 40 (quarenta), inciso II ( segundo) diz: idoso terá desconto de 50% , no mínimo, novalor das passagens, para aqueles que excederem as vagas gratuitas destinadas a estes,

    tendo renda inferior a dois salários mínimos; portanto cabendo aos órgãos competentesdestinados a definir os mecanismos e critérios para exercício do inciso 2 (dois).•  Que nenhum idoso seja objeto de negligência, discriminação, violência, crueldade e

    opressão;•  Prioridade na tramitação dos processos, procedimentos e execução dos atos e diligências

     judiciais;•  50% de descontos em atividades de cultura, esporte e lazer;•  Reserva de 3% de unidades residências nos programas habitacionais públicos;•  A cargo dos Conselhos Nacional, Estadual e municipais do idoso e do Ministério Público, a

    fiscalização e controle da aplicação do Estatuto.Após sete anos tramitando no Congresso, o Estatuto do Idoso foi aprovado em setembro de 2003

    e sancionado pelo presidente da República no mês seguinte, ampliando os direitos dos cidadãos comidade acima de 60 anos. Mais abrangente que a Política Nacional do Idoso, lei de 1994 que dava

    garantias à terceira idade, o estatuto institui penas severas para quem desrespeitar ou abandonarcidadãos da terceira idade. Veja os principais pontos do estatuto:

    SaúdeO idoso tem atendimento preferencial no Sistema Único de Saúde (SUS).A distribuição de remédios aos idosos, principalmente os de uso continuado (hipertensão,

    diabetes etc.), deve ser gratuita, assim como a de próteses e órteses. Os planos de saúde não podemreajustar as mensalidades de acordo com o critério da idade. O idoso internado ou em observaçãoem qualquer unidade de saúde tem direito a acompanhante, pelo tempo determinado pelo profissionalde saúde que o atende.

    Transportes ColetivosOs maiores de 65 anos têm direito ao transporte coletivo público gratuito. Antes do estatuto,

    apenas algumas cidades garantiam esse benefício aos idosos. A carteira de identidade é ocomprovante exigido. Nos veículos de transporte coletivo é obrigatória a reserva de 10% dosassentos para os idosos, com aviso legível. Nos transportes coletivos interestaduais, o estatutogarante a reserva de duas vagas gratuitas em cada veículo para idosos com renda igual ou inferior adois salários mínimos. Se o número de idosos exceder o previsto, eles devem ter 50% de descontono valor da passagem, considerando-se sua renda.

    Violência e AbandonoNenhum idoso poderá ser objeto de negligência, discriminação, violência, crueldade ou

    opressão.Quem discriminar o idoso, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos

    meios de transporte ou a qualquer outro meio de exercer sua cidadania pode ser condenado e a penavaria de seis meses a um ano de reclusão, além de multa. Famílias que abandonem o idoso em

    hospitais e casas de saúde, sem dar respaldo para suas necessidades básicas, podem sercondenadas a penas de seis meses a três anos de detenção e multa. Para os casos de idosossubmetidos a condições desumanas, privados da alimentação e de cuidados indispensáveis, a penapara os responsáveis é de dois meses a um ano de prisão, além de multa. Se houver a morte doidoso, a punição será de 4 a 12 anos de reclusão. Qualquer pessoa que se aproprie ou desvie bens,cartão magnético (de conta bancária ou de crédito), pensão ou qualquer rendimento do idoso épassível de condenação, com pena que varia de um a quatro anos de prisão, além de multa.

    Entidades de Atendimento ao IdosoO dirigente de instituição de atendimento ao idoso responde civil e criminalmente pelos atos

    praticados contra o idoso.A fiscalização dessas instituições fica a cargo do Conselho Municipal doIdoso de cada cidade, da Vigilância Sanitária e do Ministério Público.A punição em caso de mau atendimento aos idosos vai de advertência e multa até a interdição da

    unidade e a proibição do atendimento aos idosos.

    Lazer, Cultura e Esporte

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    Todo idoso tem direito a 50% de desconto em atividades de cultura, esporte e lazer.

    TrabalhoÉ proibida a discriminação por idade e a fixação de limite máximo de idade na contratação de

    empregados, sendo passível de punição quem o fizer. O primeiro critério de desempate em concursopúblico é o da idade, com preferência para os concorrentes com idade mais avançada.

    HabitaçãoÉ obrigatória a reserva de 3% das unidades residenciais para os idosos nos programas

    habitacionais públicos ou subsidiados por recursos públicos.

    II- O Papel da Enfermagem Gerontológica

    2.1- Comunicação com o idoso

    Idade interfere na comunicação

    Um dos fatores que dimensionam o encontro descrito é a idade. Porém, independente de suaidade, o ser humano é um ser social, por isso a comunicação e o relacionamento são aspectosprimordiais na vida das pessoas. Não existe ser humano sem comunicação. Alguns aspectos tambémdeterminam a maneira como se dá a interação: características de personalidade, classe social, etnia,valores, identificação, etc... Entre eles, a idade é um dos que mais interferem na maneira como osinterlocutores se posicionam porque o comportamento social é regulado por normas, muitas delasatreladas aos diversos papéis sociais desempenhados ao longo da vida.

    O processo de comunicação garante a ligação de mundos dos dois interlocutores na medida emque surgem as motivações e possibilidades de intercâmbio e informações para seremcompartilhadas. A interação comunicativa pode ter como foco a troca de informações, deconhecimentos, de compartilharem experiências com a finalidade de se informar, para determinaçãode tomada de posição em relação a um determinado aspecto, uma opinião ou conselho que a pessoatransmite ao outro e o simples prazer interativo, tal como o bate-papo informal numa atividade de

    lazer.Com o processo de envelhecimento ocorrem mudanças significativas que refletem em vantageme também desvantagem para o indivíduo idoso em relação às solicitações do mundo, o que valetambém para as solicitações comunicativas.

    Mas que alterações a idade provoca na interação verbal?Quais as mudanças relativas ao envelhecimento que interferem na comunicação?O que, do ponto de vista da interação, faz com que admitamos estar interagindo com umindivíduo idoso? É com essas mudanças, que caracterizam os idosos, do ponto de vista da linguagem e seus pré-requisitos. Do ponto de vista de fonoaudiólogos, sociólogos, psicólogos, antropólogos e estudiosos da*etnografia da comunicação reconhecem-se no processo de envelhecimento mudanças nos diversosníveis de organização do ato comunicativo: no nível referente à estruturação conceitual do ato de fala

    pretendido, no de produção e no de compreensão da linguagem.Nas intenções comunicativas, no conteúdo semântico, nas narrativas pessoais. Portanto, dada amultiplicidade de fatores envolvidos nesse domínio, o olhar do estudioso da comunicação estávoltado para os seguintes aspectos:Heterogeneidade dos sinais de envelhecimento da comunicação

    As mudanças manifestam-se de forma bastante heterogênea na população de indivíduos idosos.Alguns indivíduos apresentam maiores modificações na fonação outros na audição, enquanto outrosevidenciam dificuldades no uso social da linguagem, na fluência, no vocabulário, marcas de váriasnaturezas. Por isso, as mudanças que ocorrem no processo de comunicação com o envelhecimentonão são uniformes para todas as pessoas que envelhecem.

    Existem algumas tendências características na comunicação de pessoas idosas que não foge àsensibilidade, às sutilezas e variações das pessoas de outras faixas etárias.

    É muito comum ouvir falar que o idoso é egocêntrico, só fala do passado, é confuso, temdificuldade para entender o que lhe é dito, é esquecido, é surdo, repete inúmeras vezes o mesmoassunto. Se alguém lhe perguntasse o que entende pela expressão “conversa de velhos”, certamentevocê faria observações do tipo: é uma conversa comprida, sem fim, arrastada, pausada, cheia de

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    histórias, lembranças do passado e por aí afora. Se por um lado isso conteria algumas verdades, poroutro, revelaria uma atitude preconceituosa e estigmatizadora. Comprovação clara de que alinguagem é mais do que simples instrumento de comunicação; é também um componente decisivona formação de preconceitos sociais.

    Formas de interpretar a comunicação na velhice, levando em conta a multiplicidade de fatoresDuas visões distintas interpretam o envelhecimento da comunicação. Grosso modo, poderiam

    ser assim resumidas: a que admite os fatores orgânicos do envelhecimento como determinantes dasrelações que a sociedade estabelece com o interlocutor idoso e a que nega o envelhecimento,admitindo que a sociedade é acima de tudo preconceituosa em relação ao envelhecimento, emvirtude da adoção de valores da cultura do jovem.

    A primeira delas considera que as alterações provocadas no plano biológico, cognitivo e afetivodo indivíduo justificam a maneira como a sociedade os avalia. Para eles, o idoso que se põe a narrarum fato organizando os dados sem levar em conta o que o interlocutor já sabe sobre ele, pode estarinfringindo o princípio de cooperação da quantidade de informação que deve ser transmitida durantea interação. Esse princípio da interação comunicativa preconiza que, quando dizemos algo, devemoslevar em conta sua relevância para o interlocutor e para a sua situação. A desconsideração dessa

    indicação pode significar decréscimo de habilidade comunicativa.Isso quando não somos flagrados trocando palavras de forma inesperada, ou que a pessoa élenta demais ou rápida demais, ou que interpretamos de forma equivocada o que nos dizem, etc..Todas as situações de interações estão longe de serem desviantes ou patológicas e fazem parte dofuncionamento normal da linguagem e das condutas humanas.

    Comunicar-se é realmente uma aventura existencial. É importante saber que não existe umfalante ideal e que a comunicação humana é mesmo cheia de percalços e surpresas. O queesperamos que a pessoa seja capaz de compreender o que diz o outro, ao mesmo tempo que se fazcompreender pelo outro. Toda família possui uma forma de comunicar-se através de gestos, olhares,atitudes, expressões faciais que representam os mais variados sentimentos.

    No caso da pessoa idosa, quanto maior o nível de dependência, menor é a sua capacidade dedizer suas necessidades. Em determinados momentos os sentidos da pessoa idosa tornam-se aindamais deficientes em conseqüência de aparelho auditivo funcionando mal, próteses dentárias mal

    ajustadas, óculos inadequados, entre outros. É evidente que nesses momentos a atenção deverá sermuito maior para melhor compreender seus desejos. Essa compreensão ajudará o cuidador amelhorar o seu relacionamento com o idoso.

    A comunicação não é só verbal, ou seja, a comunicação é feita não somente através de palavras,sejam elas faladas ou escritas. Muitas vezes a comunicação não verbal pode ser mais significativa econfiável para conhecermos os desejos dos idosos como, por exemplo, o olhar e o toque.

    Por outro lado, existem algumas situações que podem prejudicar a comunicação e quedevem ser evitadas ou para as quais devem-se buscar soluções para diminuir o seu efeito. É o queocorre, por exemplo, quando muitas pessoas conversam ao mesmo tempo, em um ambiente commuito ruído de qualquer origem ou ainda, o fato de ser fazer exigências quando as pessoas estãomuito cansadas física ou mentalmente.Recomendações para uma boa comunicação com o idoso- Utilizar sempre frases simples, claras e afirmativas;

    - Conhecer o vocabulário utilizado pelo idoso;- Evitar fazer discursos ou ficar falando sozinho durante muito tempo;- Falar sem gritar, de maneira pausada e calma, sem ser muito lento;- Ouvir o idoso com paciência, respeitando seu ritmo de resposta;- Falar de frente de forma que o idoso possa ler seus lábios;- Evitar comunicar-se em ambientes barulhentos;- Respeitar o idoso com suas características pessoais;- Valorizar a experiência do idoso;- Ser amável, paciente e atencioso;- Permitir que o idoso participe do diálogo e das decisões tomadas em casa;- Evitar expressões do tipo “deve”, “não deve”, porque reflete um relacionamento autoritário;- Evitar expressões “vô”, “ vó”, “vozinha” etc...., que depersonalizam e inferiorizam o idoso,procurando chamá-lo pelo nome;

    - Não infantilizar o idoso;- Ser criativo para fazer o necessário nas condições possíveis. Ou seja, ter alternativas decomunicação como utilizar figuras, gestos, palavras familiares para que ocorra a comunicação mais

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    efetiva.- Ter clareza e sinceridade com atitudes essenciais no relacionamento com o idoso e sua família.

    *Etnografia: Estudo descritivo das diversas etnias, de suas características antropológicas, sociais, etc.

    2.2- Aplicação do Processo de Enfermagem ao cuidado Gerontológico

    Papel da enfermagem O enfermeiro é um profissional qualificado de nível superior, responsável pela promoção,

    prevenção, recuperação, e reabilitação dos indivíduos a quem comete os cuidados, seja individual,coletivo ou comunitário. Estando apto ppaarraa atuar nas áreas da saúde assistencial, administrativa, ougerencial. Ainda dentro da área, encontramos pessoas capacitadas como, auxiliares e técnicos deenfermagem, possuindo ffuunnççõõeess especificas designadas pelo enfermeiro. Contudo, a figura principale central relacionado aos serviços e atuações profissionais de atenção á saúde é o paciente. Este,variando de individuo para individuo, pode depender de vários cuidados, e necessidades, tendo aenfermagem que identificar e tomar medidas que aliviem seu sofrimento. Para certosindivíduos/pacientes algumas necessidades básicas são essenciais para manter a satisfação pessoal

    e quando há limitações para a realização dessas práticas diárias, o paciente necessita de cuidadomais próximos.

    Atuação junto aos idosos Os enfermeiros são profissionais de saúde com um papel prioritário no apoio aos idosos,

    patológicos ou não, independentes ou não, com autonomia ou não. São profissionais determinantes,principalmente no processo de reabilitação fazendo com que a assistência seja sistematizadapermitindo assim que se identifiquem os problemas dos idosos de maneira individualizada, colocandoseus conhecimentos teóricos-prático no controle do processo do envelhecimento, e sempre mantendosua formação em continuidade para os estudos clínicos preventivos, curativos e paliativos a essapopulação.

    Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cuidados paliativos são uma abordagemque objetiva a melhoria na qualidade de vida do paciente e seus familiares diante de uma doença que

    ameaça a vida, através da prevenção e alivio de sofrimento, através da identificação precoce eavaliação impecável, tratamento de dor e outros problemas físicos, psicológicos e espirituais.A enfermeira também tem como papel avaliar cuidados da assistência, dar acessoria, planejar

    e coordenar serviços prestados pela enfermagem, orientações e avaliações das ações relacionadas ásaúde dos idosos, comandar no tratamento de feridas, úlceras de pressão, planejando ações deproteção ao surgimento de escaras e complicações das doenças do idoso, estimulando deambulaçãoprecoce, e gerenciando procedimentos em saúde, deve saber investigar e identificar os casos emprioridade, abordar corretamente o idoso, agir coordenadamente com outros profissionais, traçarintervenções eficazes para cada caso.

    Preventivamente, pode utilizar-se de estratégias educativas a saúde, em todos os níveis decomplexidade. Deve ainda estimular o autocuidado, atuando na prevenção e não na complicação dasdoenças inevitáveis, individualizando o cuidado a partir do princípio de que todos os idosos vãoapresentar um grau diferente de dependência, diferindo assim a maneira de assistência.

    A equipe de enfermagem deve zelar para que o idoso consiga aumentar os hábitossaudáveis, diminuir e compensar as limitações inerentes da idade confortar-se com a angustia edebilidade da velhice, incluindo o processo de morte. No entanto, observa-se em muitas instituições aausência do enfermeiro, assim como da equipe multiprofissional (Aires, Paz e Perosa, 2006). Fato justificado pela falta de recursos financeiros, e da consciência dos governantes para tal problemapresente, que futuramente nós, provavelmente vamos enfrentar.

    2.3-Avaliação Funcional

    Avaliação Funcional do Equilíbrio Corporal e do Risco de QuedaA avaliação funcional do equilíbrio corporal e da mobilidade em idosos é um processo que

    envolve a avaliação de vários sistemas envolvidos no mecanismo do controle postural. Várias escalase testes funcionais têm sido desenvolvidos com o propósito de identificar comprometimento do

    equilíbrio e risco de queda em idosos. No entanto, cabe ressaltar que embora sejam úteis nodelineamento do prognóstico funcional, poucos contribuem de fato para o diagnóstico fisioterapêuticoquanto aos aspectos relacionados a habilidades para o desempenho de tarefas de controle doequilíbrio corporal.

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    Organização Mundial de Saúde conceitua e classifica três diferentes domínios em que umdeterminado dano ou lesão pode causar disfunção para o paciente (BRASIL, 1995):1. Deficiência (Impairment) – anomalia ou perda da estrutura corporal, aparência ou função de umórgão ou sistema;2. Incapacidade (Disability) – restrição ou perda de habilidades;3. Desvantagem (Handicap) – restrições ou perdas sociais e/ou ocupacionais experimentadas peloindivíduo.

    Conclui-se que a avaliação geriátrica ampla tem como objetivo identificar as deficiências,incapacidades e desvantagens que os idosos apresentam, quantificando e identificando os maisfrágeis e de alto risco, estabelecendo medidas preventivas, terapêuticas e de reabilitação, resultandoem aconselhamento apenas, ou internação em hospitais ou clínicas de longa permanência. (1)

    2.4- Aspectos psicossociais do cuidado com o idosoMuitos idosos que querem viver em comunidades onde eles são seguros e podem estar perto

    de seus amigos e família. No entanto, esses mesmos idosos querem sua independência o maistempo possível.

    Quando se trata de idosos saúde mental, muitos entram em jogo fatores psicossociais. Uma

    das principais causas de problemas de saúde mental idosos é solidão e depressão. Outros fatoresque afetam idosos com saúde mental são a doença de Alzheimer e os acidentes vascularescerebrais. No entanto, a maioria dos idosos tem alguns problemas mentais porque depressão,alcoolismo, ansiedade e fobia, que continuam a aumentar conforme a pessoa idades.

    A maioria dos idosos e não vai receber tratamento para problemas de saúde mental. Eles nãoquerem que as pessoas pensam que eles são loucos. Então, eles sofrem bastante. Além disso,muitos dos que não têm informação e de correção não têm conhecimento sobre o modo comopsicoterapia poderia ser benéfico para eles. Também foi observado que, se uma pessoa idosa éimóvel, que possam afetar a sua capacidade de ir a uma clínica para buscar ajuda da comunidadepara as doenças mentais.

    Muitos especialistas acreditam que os fatores psicossociais desempenham um papelimportante na saúde mental de uma pessoa idosa. Por exemplo, se uma pessoa idosa estádeprimido, esta depressão pode ser devido à solidão e pode ser facilitado se a pessoa é incentivada

    a se misturam com outras pessoas. Se isto não ajudar, então médico pode receitar antidepressivosou aconselhamento para melhorar a qualidade de vida. No entanto, qualquer terapia que é utilizadopara a saúde mental devem ser cuidadosamente monitorizados.

    III- Saúde e Bem-Estar do Idoso

    3.1- Promovendo a Saúde Fisiológica

    EFEITOS DA ATIVIDADE FÍSICA NOS IDOSOS A prática da AF é recomendada para manter e/ou melhorar a densidade mineral óssea e

    prevenir a perda de massa óssea. A AF regular exerce um efeito positivo na preservação da massaóssea, entretanto, ele não deve ser considerado como um substituto da terapia de reposiçãohormonal. A associação entre tratamento medicamentoso e AF é uma excelente maneira de se

    prevenir fraturas.A AF regular melhora a força, a massa muscular e a flexibilidade articular, notadamente, emindivíduos acima de 50 anos. A treinabilidade do idoso (a capacidade de adaptação fisiológica aoexercício) não difere de indivíduos mais jovens. A AF se constitui em um excelente instrumento desaúde em qualquer faixa etária, em especial no idoso, induzindo várias adaptações fisiológicas epsicológicas, tais como: - aumento do VO2máx - maiores benefícios circulatórios periféricos -aumento da massa muscular - melhor controle da glicemia - melhora do perfil lipídico - redução dopeso corporal - melhor controle da pressão arterial em repouso - melhora da função pulmonar -melhora do equilíbrio e da marcha - menor dependência para realização de atividades diárias -melhora da auto-estima e da autoconfiança - significativa melhora da qualidade de vida.

    A AF regular diminui a incidência de quedas, o risco de fraturas e a mortalidade emportadores de doença de Parkinson. Para maior benefício, a AF nesses pacientes deve incluirtreinamento de equilíbrio, caminhadas e exercícios de força. A AF tem sido preconizada, também,

    para outras doenças neurológicas como esclerose múltipla e doença de Alzheimer.A AF regular nos idosos - particularmente os exercícios nos quais se sustenta o próprio pesoe exercícios de força - promove maior fixação de cálcio nos ossos, auxiliando na prevenção e notratamento da osteoporose. Aumenta ainda a força e a endurance musculares, o equilíbrio e a

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    flexibilidade, com a conseqüente diminuição da incidência de quedas, fraturas e suas complicações.Os idosos portadores de osteoartrose também podem e devem praticar AF regular, desde queadaptada à sua condição.

    RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS Algumas recomendações devem ser observadas para segura e adequada realização de

    exercícios.Recomendações para a realização de uma sessão de exercício físico:§ Realizar exercício somente quando houver bem-estar físico.§ Usar roupas e calçados adequados.§ Evitar o fumo e o uso de sedativos.§ Não se exercitar em jejum. Dar preferência a carboidratos antes do exercício.§ Respeitar os limites pessoais, interrompendo se houver dor ou desconforto.§ Evitar extremos de temperatura e umidade.§ Iniciar a atividade lenta e gradativamente para permitir adaptação.§ Hidratação adequada antes, durante e após a atividade física

    3.2- Promovendo a Saúde PsicossocialImportância da Enfermagem Para os Idosos na Atenção Básica

    Através do Programa de Saúde da Família criado em 1994, o Sistema Único de Saúde doBrasil (SUS) enfoca a atenção básica voltada à comunidade. Nesse contexto, a enfermagem temimplantado e desenvolvido políticas e programas de saúde, para isso o enfermeiro tem que terconhecimentos interdisciplinares, atuar com outros profissionais alem de competências e habilidadesexclusivas da profissão.

    Lugares geograficamente distantes dos grandes centros urbanos estão cada vez mais seintegrando aos programas de atenção básica de saúde, levando com isso o deslocamento deprofissionais de enfermagem para regiões cada vez mais distantes, e é justamente na atenção básicaque os enfermeiros do Brasil estão mostrando sua força, compromisso e competência, dandosustentação as ações de promoção a saúde e prevenção de doenças (SANTOS, 2007).

    Segundo as normas de operacionalização da assistência a saúde (NOAS), a principal função dosenfermeiros na atenção básica é:Prestar assistência individual e coletiva, levando em conta as necessidades da população,

    aliando a atuação clínica à prática de saúde coletiva, realizando cuidados diretos de enfermagem nasurgências e emergências clínicas, realizando consulta de enfermagem, solicitando examescomplementares, prescrevendo ou transcrevendo medicações. Executa as ações de assistênciaintegral a criança, a mulher, ao adolescente, ao adulto e ao idoso. (SANTOS, 2007, p. 403-404).

    Segundo Brunnes & Sudtarth (2005) ações de promoção da saúde antes da criação do PSFestavam quase que limitadas exclusivamente ao âmbito hospitalar, atualmente essas ações migrarampara os ambientes comunitários. Tornar o próprio indivíduo responsável sobre se mesmo éfundamental para uma promoção de saúde bem sucedida, pois cada indivíduo é responsável pelasescolhas que determinam o seu estilo de vida. O enfermeiro deve promover a saúde dos indivíduospertencentes a qualquer faixa etária, pode-se afirmar que a promoção da saúde começa antes do

    nascimento estendo-se até a velhice, uma vez que a saúde da criança pode sofre alterações tantopositivas como negativas dependendo das práticas de saúde da mãe no pré-natal.O Programa Saúde da Família (PSF) é hoje dito como estratégia principal de organização da

    atenção básica no Brasil. Ações de proteção, promoção, recuperação da saúde e prevenção dedoenças são desenvolvidas com enfoque multiprofissional, entre os integrantes da equipe está oprofissional de enfermagem, que tem uma grande responsabilidade na promoção da saúde do idoso.

    Para os idosos a promoção da saúde é tão importante quanto para as outras faixas etárias,apesar de um grande número de idosos apresentarem uma ou mais doenças crônicas e exibiremlimitações em suas atividades; a promoção da saúde apresenta-se de forma positiva, uma vez que osidosos apresentam ganhos significativos para sua saúde, essas limitações e incapacidades nãopodem ser eliminadas, contudo, os idosos podem beneficiar-se ao máximo das ações de promoçãoda saúde desenvolvidas pelos enfermeiros do PSF, que os ajudam a manter a sua independência eum envelhecimento saudável, melhorando assim sua qualidade de vida.

    Como as projeções futuras é que a população idosa brasileira aumente cada vez mais, ficaevidente a necessidade de se abrir às portas da atenção básica, por meio dos profissionais daEstratégia Saúde da Família (ESF) para os nossos idosos. A enfermagem como parte essencial do

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    PSF e como fonte desse estudo, deve prestar aos idosos de sua área de cobertura, uma assistênciaintegral e isso só é possível quando se conhece as particularidades da pessoa idosa.

    3.3- Efeitos da Medicação em IdososNas últimas décadas, tem- se observado um acréscimo do número e da percentagem de

    idosos relativamente à população em geral, como resultado de uma redução de nascimentos e daevolução econômica e médica que favorece a esperança de vida.

    Há 100 anos, apenas 2% da população tinha idade superior a 65 anos.Em 1980, nos E.U.A,12% dos seus habitantes tinham mais de 65 anos, calculando- se que, no ano 2030, estaporcentagem atinja 21%. A percentagem de pessoas com mais de 85 anos aumentou 40% na últimadécada e pensa- se que duplicará no século XXI. Os 12% da população dos E.U.A. com mais de 65anos consomem 20-25% da quantidade total de medicamentos consumidos naquele país.No ReinoUnido, para uma percentagem idêntica em idosos, gastam- se 30% das despesas totais emmedicamentos.

    Cada quatro de cinco idosos possuem uma patologia crônica e crê- se que, com as novastécnicas de diagnóstico, estas patologias serão mais facilmente identificadas.A utilização de técnicasinovadoras, como a que se baseia nas imagens de ressonância magnética nuclear, a tomografia, as

    técnicas radioimunológicas e as que utilizam os anticorpos monoclonais, permitem chegar àelaboração de diagnósticos que, há alguns anos, não seria possível ou que demorariam muito tempo.Como em qualquer outro grupo etário, a terapêutica farmacológica no idoso deve ser eficaz, segura eracional. A OMS e o Comitê de Segurança dos Medicamentos no Reino Unido estabeleceram critériosde MEDICAMENTOS DE RISCO PARA O IDOSO, apontando fármacos e situações que aumentam aprobabilidade de desenvolvimento de transtornos no doente idoso, tendo de citar por exemplo, amaior sensibilidade deste grupo etário aos psicotrópicos, a fármacos que são eliminadospredominantemente por via renal e que, pela acumulação que pode ocorrer naturalmente,desenvolvem efeitos secundários (ADRs).No doente idoso, é de se considerar fortemente o desenvolvimento de interações farmacológicas,atendendo principalmente ao fato de existir uma polifarmácia como conseqüência das patologiasmúltiplas nestes doentes.Sabe- se que a ocorrência de ADRs aumenta com a idade, sendo nasdécadas dos 80 e 90 duas a três vezes maior do que nas idades inferiores a 50 anos.Este fato é

    atribuído à terapêutica múltipla, gravidade das patologias e à idade.ADR/ Interações-Terapêutica múltipla-Gravidade das doenças-Idade avançada

    Ao demonstrar o fato, referimos 200 casos consecutivos admitidos na Unidade Geriátrica deAberdeen, na Escócia, em que 78% dos doentes apresentavam, no mínimo, 4 diagnósticos.Outroestudo demonstrou que doentes ambulatórios com idade superior a 60 anos tomavam pelo menosdois medicamentos. À medida que aumenta o número de medicamentos tomados, verifica- se umamaior incidência de ADRs.

    Encontra- se também demonstrado que as ADRs contribuem de maneira significativa para amorbilidade e para a admissão hospitalar. Num estudo realizado num hospital psicogeriátrico, 16%

    das hospitalizações foram atribuídas a ADRs.Num outro estudo multicêntrico, verificou- se que asADRs eram responsáveis por 10,5% de hospitalizações de idosos. Dentre as ADRs mais freqüentes,podem- se citar a confusão,ataxia, quedas, hipotensão postural, retenção urinária e obstipação.

    ADRs freqüentes no idoso:-Confusão-Ataxia-Quedas-Hipotensão postural-Retensão urinária-Obstipação

    Dentro dos fármacos que são responsáveis mais freqüentemente por ADRs, referem- seantihipertensores, antiparkinsônicos,antipsicóticos e os sedativos. O tratamento do doente idoso exige

    cuidados especiais e uma correta avaliação dos seus objetivos, porque se pode dirigir apenas aoalívio da sintomatologia, à supressão da doença ou à cura.Atendendo à esperança de vida seratualmente longa, vale a pena dirigir a terapêutica para a cura.

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    O idoso pode apresentar muitas situações clínicas em que os sintomas nem sempre sãodevidamente tratados com medicamentos. Por causa do aumento da freqüência dos efeitossecundários e de interações, a eficácia da terapêutica deverá ser avaliada continuamente esuspensos os medicamentos desnecessários

    II . Determinantes Principais Que Alteram A Resposta Aos Fármacos No IdosoJá se referiu o fato da existência de patologias múltiplas no idoso que podem complicar e dificultar odiagnóstico, assim como a escolha de terapêutica adequada. A complexidade terapêutica que obrigaa existência de várias doenças associadas conduz ao aparecimento de erros terapêuticos, a máadesão, a uma maior prevalência de ADRs e de interações medicamentosas no idoso. Quando seavalia uma terapêutica num idoso, há a considerar três peças fundamentais em jogo:

    A considerar no tratamento do idoso - Prescritor- Doente- Medicamento

    Relativamente ao Prescritor, deve- se ter em atenção as dificuldades por que ele passa na

    elaboração de um diagnóstico correto, base para a escolha adequada dos medicamentos. OPrescritor não deverá nunca esquecer que o idoso requer cuidados especiais, iniciando- se estes peladificuldade que o doente tem em compeender as instruções recebidas. O Doente Idoso, peloenvelhecimento natural, possui características próprias resultantes da deterioração mental e física.

    É ele próprio responsável por alguns problemas terapêuticos, nomeadamente os que sãocondicionados pela necessidade de tomar um grande número de medicamentos, pela fraca adesão,pelo número elevado de erros de medicação que comete, os quais se pode afirmar serem induzidospela polifarmácia a que está sujeito. A confusão mental, as falhas de memória, as perturbaçõesvisuais e auditivas, a destreza manual reduzida são fatores que condicionam também a terapêuticano idoso.

    Devemos também considerar alterações sofridas pelos medicamentos neste grupo etário, noâmbito da farmacocinética e da farmacodinamia, as alterações dos processos homeostáticos e aautomedicação. Quando surgem ADRs, torna-se, por vezes, difícil distinguir entre elas e a própria

    doença. Para o efeito há que conhecer a sintomatologia, com exatidão, todos os medicamentos que odoente está a tomar (não esquecendo os da auto medicação) e a relação temporal entre a tomadados medicamentos e o aparecimento das ADRs.

    De um modo geral, os efeitos secundários surgem logo no início da terapêutica até asprimeiras semanas; há no entanto exceções como quando se manifesta um agravamento de umadoença previamente existente:ex.: as insuficiências cardíaca, renal ou hepática, desidratação,hipocaliemia ou disquinesia tardia, casos que surgem geralmente durante terapêuticas prolongadas.Pode ainda suceder que as ADRs surjam após a suspensão da terapêutica, como sucede com osfeitos induzidos pela suspensão de .psicofármacos. A identificação do medicamento responsável poruma ADR é fundamental e pode ser conseguida pela aplicação de vários processos: suspensão dofármaco suspeito da indução da ADR e monitorização do doente com a avaliação dodesaparecimento da ADR e verificação do seu desaparecimento quando da readministração domesmo.

    Esta última fase pode não ser realizável, pelo doente não conseguir suportar os efeitosadversos ou se estes puserem a vida do doente em perigo. Quando as ADRs resultam de umasobredosagem, pode- se proceder à determinação da concentração sérica do fármaco paraconfirmação. Este método apresenta limitações por ter apenas valor retrospectivo e por só se poderaplicar a fármacos com semividas prolongadas.

    Categorias Dos Efeitos Secundários (ADRs)Quer surjam no idoso ou em outro grupo etário, podem ser consideradas em duas classes

    principais:

    Reações DosedependentesPodem se manifestar simplesmente como extensão dos efeitos farmacológicos (ex.:

    hipotensão mais marcada no idoso, hiponatremia pelos diuréticos ou sedação diúrna pelos

    hipnóticos) ou pelo aparecimento de outras propriedades farmacológicas do medicamento (ex.:hipotermia pelas fenotiazinas, sedação e retenção urinária pela mianserina).

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    Reações IdiossincráticasIndependentes da dose e imprevisíveis. Incluem- se nesta classe as reações alérgicas e a

    icterícia provocada pela clorpromazina.Fatores Condicionantes Do Aparecimento Da ADRsPassamos a rever os fatores que contribuem para o aparecimento das ADRs no idoso e comoproceder para minimizar o seu desenvolvimento. Na figura n;úmero 1 esses fatores estãorepresentados esquematicamente e interligados.

    Adesão TerapêuticaNa maioria dos casos o  idoso não segue com rigor as instruções recebidas. Podem ser

    várias as causas desta falta de adesão, como o fato de ele ter  dificuldade em compreender asinstruções dadas pelo médico ou por outros profissionais de saúde.Este fato faz com que os medicamentos não sejam tomados nas doses prescritas ou com osintervalos de tempo recomendados; pode ainda ser alterada a duração da terapêutica ou não seremseguidos os cuidados adicionais recomendados, sem os quais os resultados finais desejados não sãoseguidos.

    A confusão mental está também na origem de muitos erros de terapêutica, que se traduzempor enganos de doses, horário de tomada, troca de medicamentos, etc.O idoso não raramente tomauma dose mais elevada de um medicamento com o objetivo de se curar mais rapidamente ou paraque o resultado do tratamento seja melhor. Pode ainda suceder que se esqueça que já tomou umdado medicamento e, passado algum tempo, repita a dose.Contrariamente, pode- se esquecer de tomar os medicamentos ou voluntariamente não os tomar porrazões de várias ordens (ex.: não gosta do sabor do xarope, atribui ao medicamento uma reaçãodesagradável, tem dificuldade em engolir a cápsula ou o comprimido, está convencido de que omedicamento não lhe é útil, tem dificuldade em a brir o frasco pela redução de sua destreza manual,etc.)

    A visão deficiente  pode também ser responsável por enganos, por dificultar a leitura dasinstruções inscritas na embalagem, por conduzir à troca de um medicamento, principalmente seambos são comercializados pelo mesmo laboratório e apresentam cartonagens com coloração iguais.

    Má adesão- Falta de compreensão- Confusão mental- Visão deficiente- Tremor das mãos- Voluntária

    A obrigatoriedade da medição de volumes rigorosos (ex.: 1 colher de chá, gotas,etc.) podemtambém dificultar a adesão, porque o doente pode não ver cair as gotas; o tremor das mãos podenão permitir manter a colher direita sem verter,etc.Não raramente, o idoso não se apercebe realmente de sua falta de adesão à terapêutica ou entãoesconde- a dos seus familiares e do médico, pelo que há necessidade de se proceder a umavigilância para a detecção destas situações.

    Dentre as medidas que se podem tomar para verificar se o doente toma os medicamentos,

    inclui- se a que se baseia na contagem periódica dos comprimidos para a confirmação.É evidente que se a falta de adesão for voluntária e o idoso se apercebe deste controle passará a jogar fora os medicamentos, em vez de os tomar, evitando assim que a sua falta de adesão àterapêutica seja detectada.Numa situação mais extremista pode- se proceder à pesquisa urinária do fármaco. 

    De um modo geral, quando uma terapêutica é seguida com rigor, o doente sabeexatamente as instruções que recebeu, pelo que também é possível verificar a adesão,pedindo ao doente informações de como está a tomar o medicamento, avaliando- se o grau deconhecimento que possui.Alterações Farmacocinéticas

    Pelas suas características fisiológicas diferentes, podem surgir, no idoso, modificaçõesfarmacocinéticas que vão condicionar uma resposta diferente à ação dos medicamentos e até mesmoo aparecimento de ADRs.

    a)  Absorção e biodisponibilidade

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    Com a idade, o pH gástrico eleva- se, há um atraso no esvaziamento gástrico, uma motilidadereduzida e um decréscimo no fluxo sanguíneo intestinal. Apesar das modificações apontadas, nãotêm sido postas em evidência alterações significativas da biodisponibilidade.Há, no entanto, patologias gastrointestinais que podem alterar a biodisponibilidade farmacológica,como a gastrectomia, estenose pilórica, enterite regional e síndromes de mal absorção.Quando a biodisponibilidade é condicionada por um mecanismo de primeira passagem no fígado,com a idade, a percentagem de fármaco degradado na primeira passagem pode ir reduzindo,aumentando a disponibilidade no idoso o clordiazepóxido, a digoxina e a prazosina.

    b)  DistribuiçãoA distribuição dos fármacos é condicionada pela composição corporal, pela ligação às proteínasplasmáticas e pelo fluxo sanguíneo orgânico.No idoso há uma redução do teor de água total corporal, pelo que uma dada dose administradanum idoso pode determinar uma concentração sérica mais elevada, se o fármaco se distribuirpredominantemente na água corporal.A gordura corporal em relação ao peso aumenta no idoso, até aos 85 anos,  reduzindoposteriormente.

    Este aumento é responsável pelo maior volume de ditribuição dos fármacos lipossolúveis (ex:benzodiazepinas ), resultando daqui uma redução da concentração e uma maior duração de açãofarmacológica.Apesar de tudo, em termos práticos, estas alterações não são significativas.Tendo em consideração que o efeito farmacológico depende da distribuição e da ação domedicamento no órgão alvo e que estes parâmetros são dependentes da ligação do fármaco àsproteínas plasmáticas, no idoso, pela redução da relação albumina/globulina, os fármacos que seligam predominantemente à albumina podem apresentar uma fração livre mais elevada (fraçãofarmacologicamente ativa) ou vice- versa, se o fármaco se ligar mais à globulina.Estas alterações na ligação modificam a distribuição e os processos de eliminação, os quais sãocondicionados pela fração livre.Dentre os fármacos que pode,m ser afetados pela alteração da relação entre as proteínas figuram:Os que ligam à albumina- ex: diazepam, fenitoína,, varfarina.

    Osque ligam à glicoproteína- ex: antidepressivos, antipsicóticos e bloqueadores beta adrenérgicos.c)  Eliminação

    Os principais processos de eliminação dos fármacos é o metabolismo hepático e a excreçãorenal. Quando há redução de eliminação, o fármaco apresenta um efeito mais prolongado e aconcentração plasmática aumenta, se a dose não é ajustada ao doente. Relativamente aosprocessos metabólicos hepáticos, sabe- se que a massa e o fluxo sangüíneo hepáticos se reduzem com a idade, no entanto, contrariamente ao que se poderia esperar, não há   redução das reaçõesmetabólicas, em geral, havendo apenas uma diminuição nos processos oxidativos.No que se refere à excreção renal,  sabe- se que o fluxo sangüíneo renal, o índice de filtraçãoglomerular e a função tubulardeclinam com a idade, sendo a filtração glomerular reduzida 35% empessoas com 90 anos. Deve-se notar que , através da depuração da creatinina, esta modificação nãoé visível, porque paralelamente o idoso apresenta uma massa muscular menor e uma produção de

    creatinina inferior, pelo que se mantêm os valores normais de creatinemia. Para o cálculo exato dadepuração da creatinina é conveniente utilizar fórmulas que entrem em consideração com a idade,como a seguinte:

    Clcr (ml/ min) = (140 - idade) x peso ( kg )72 x cretinemia (mg / dl )

    Clcr - Depuração da cretinina Para o cálculo da Clcr para mulheres, há que multiplicar pelo factor 0,85.Atendendo à redução das capacidades de excreção renal, os medicamentos eliminadosprimariamente pelos rins e que apresentem uma margem terapêutica estreita podem dar origem aodesenvolvimento da toxicidade por acumulação, se não houver o cuidado de adptar a posologia aeste grupo etário ( ex: aminoglicosidos, digitálicos, tetraciclina, cimetidina,etc.).Fatores FarmacodinâmicosPara que um exerça o seu efeito, há que considerar a sua ação à nível de receptor e os processos

    homeostáticos do doente, que podem estar alterado no idoso :a)  Sensibilidade dos receptoresA resposta dos receptores que, hoje em dia, está melhor estudada no idoso é a função beta-

    adrenoreceptor, no entanto existem divergências de opinião entre os investigadores, parecendo

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    contudo que neste grupo etário a intensidade da resposta é menor . Relativamente aos receptoresdas benzodiazepinas, parece que eles qpresentam uma maior sensibilidade no idoso.

    b)  Alterações da homeostaseAs alterações da homeostase no idoso são responsáveis freqüentemente por ADRs e pelo

    aumento da sensibilidade dos efeitos farmacológicos.As alterações homeostáticas do idoso mais evidentes são as do aparelho cardiovascular que setraduzem pelo desenvolvimento de uma taquicardia menos marcada do que no jovem, como respostaa certos estímulos , e uma menor adaptação ao efeito dos antihipertensores.

    O controle dos barorreceptores é menos eficiente, tornando- o mais sensível a variações dapressão arterial provocadas não s'po pelos anti- hipertensores mas também por diuréticos,antihistamínicos, antidepressivos,fenotiazinas, etc. 

    Também, os termorreceptores  estão  menos sesíveis a variações de  temperatura, o quetorna as pessoas deste grupo etário mais vulneráveis à  hipotermia induzida pelo ambiente ou poração de medicamentos (ex: antidepressivos, fenotiazinas, narcóticos, barbitúricos, etc.)As funções  intestinal e urinária resistem menos ao "stress" e ao efeito de laxantes, diuréticos,fenotiazidas, benzodiazepinas, anticolinérgicos, etc.

    Homeostase alterada por:

    - Alterações do aparelho cardiovascular- Menos sensibilidade dos : barorreceptores, termoreceptores - Alterações das funções : inestinais, urinárias- Estabilidade corporal comprometida 

    O idoso tem a estabilidade corporal comprometida, o que o torna mais susceptível a desequilíbriosinduzidos por medicamentos (ex: nitrazepam ).Do mesmo modo também a sensibilidade a fármacos quem elevam a glicemia é maior ( ex:glucocorticóides, diuréticos, etc.).

    c)  Factores nutricionaisOs aspectos nutricionais do idoso, normalmente deficientes, podem ter repercussões a nível da

    resposta farmacológica como conseqüência de modificações da farmacocinética; tivemos já ocasiãode referir as implicações da hipoalbuminemia. São também de referir as interações em nível daabsorção de medicamentos com demora ou redução do teor absorvido quando os fármacos são

    tomados com o estômago cheio ( ex: propranolol, metroprolol, nitrofurantroina, hidroclorotiazida, etc.).d)  PatologiasHá doenças comuns do idoso que podem ser responsáveis por alterações da resposta

    farmacológica, como as lesões da mucosa gástrica, obstipação, insuficiências coronária e cardíaca,hipertrofia prostática, doença orgânica cerebral, etc.V . Sintomas E Fármacos Que Mais Freqüentemente Determinam ADRs No IdosoO sistema nervoso central (SNC) é um dos mais sensíveis às ADRs, manifestando- se delírio,confusão, convulsões, pesadelos, sonhos vivos, insônias, sedação, depressão, reaçõesextrapiramidais e até mesmo quedas resultantes da ação dos medicamentos sobre o SNC.

    Quadro 1- Fármacos que provocam freqüentemente efeitos secundários nos idososConfusão mental Depressão QuedasHipnóticos

    TranqüilizantesAntidepressivosAntipsicóticosAnticolinérgicosNSAIDSLevodopaBromocriptinaAntidiabéticos(por hipoglic.)CorticoidesDigitálicosFenitoínaCimetidina

    Metidopa

    ReserpinaBloqueadores bTranqüilizantesLevodopa

    Hipnóticos

    TranqüilizantesAntidepressivosAntihistamínicosCarbamazepinaFenitoinaNitroglicerinaFármacos que det.Hipotensão postural

    Há certos grupos farmacológicos que, pela sua margem terapêutica estreita, toxicidade epossibilidade de acumulação, exigem cuidados especiais e adaptação posológica. Dentre eles estão

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    os digitálicos, ansiolíticos, hipnóticos, antidepressivos, fenotiazinas, antihipertensores, antidiabéticosorais, anticoagulantes, etc.

    Quadro 2- Fármacos que provocam freqüentemente efeitos secundários nos idosos (cont. )Hipotensão postural Obstipação Incontinência

    urináriaHipotensoresDiuréticosAntianginososBloqueadores bHipnóticosTranqüilizantesAntidepressivosAntipsicóticos

    AntihistamínicosLevodopaBromocriptina

    CodeínaDextropropoxifenoEstupetacientesAnalgésicosDiuréticosAnticolinérgicosVerapamilNifedipina

    AntipsicóticosAntidepressivos

    DiuréticosHipnóticosTranqüilizantesAntipsicóticosPrazosinaLabetalolBloqueadores bFarm. Obstipantes

    Nos quadros números 1 e 2 apresentamos alguns fármacos que ocasionam hipotansão postural,obstipação, incontinência urinária, confusão mental, depressão e que podem ser responsáveis pelosefeitos secundários mais exacerbados no idoso.Muitos autores chegam a recomendar fármacos para administração nos idosos e a proibir o usode outros mais suscetíveis de provocar efeitos secundários graves.

    3.4- Considerações sobre a administração de Medicamentos em IdososO uso de medicamentos entre os indivíduos acima de 65 anos é fator de preocupação, dada a

    possível ocorrência de reações adversas num organismo mais frágil. Dois aspectos podem agravar oproblema: a qualidade da regulamentação sanitária e da assistência médico-farmacêutica.

    Os órgãos de regulamentação - no Brasil denominados vigilância sanitária - autorizam o registrode produtos farmacêuticos insuficientemente testados, sem comprovação satisfatória de eficácia e desegurança, sem monitoração pós-comercialização, e com efeitos semelhantes aos de outros, járegistrados. Como resultado, o perfil dos produtos oferecidos ao consumidor retrata as motivaçõeseconômicas dos fabricantes, e não as necessidades dos usuários.

    Quanto à qualidade da assistência médica, suas distorções são conhecidas por todos: redeprivada voltada para o lucro e rede pública tornada inoperante pelo processo de privatização doEstado. Resultado: baixas cobertura e resolutividade, principalmente para aqueles que contamapenas com o SUS. A qualidade da assistência farmacêutica e da prescrição é igualmenteinadequada: difusão insuficiente de informação científica, farmácias comerciais praticantes vorazesda empurroterapia, desarticulação entre os profissionais de saúde - médicos, farmacêuticos,dentistas. Além disso, há uso vicário dos produtos farmacêuticos; eles são empregados comosucedâneos de um estilo de vida saudável, e tomados mais pelos seus valores simbólicos do que por

    suas propriedades terapêuticas.Face às distorções na produção, na regulamentação, na prescrição e no uso de medicamentos,não é de estranhar que quase ¼ dos idosos receba no mínimo um fármaco impróprio (Gurwitz, 1994)!

    Cerca de 90% dos idosos consomem pelo menos um medicamento, e 1/3 deles cinco ou mais,simultaneamente (Stuck et al., 1994.; Polloow et al., 1994). Seu uso irracional se traduz em consumoexcessivo de produto supérfluos, ou não indicados, e subutilização de outros, essenciais para ocontrole das doenças. A média de produtos usados por pessoa oscila entre 2 e 5 (Chrischilles et al.;Laukkanen, 1992.; Anderson & Kerluke, 1996). São preditores do uso a idade avançada (Baedel,2000), o sexo feminino, as piores condições de saúde e a depressão (Chrischilles,1990; Chrischilles,1992). Entre as classes terapêuticas mais consumidas estão os produtos os cardiovasculares, os anti-reumáticos, e os analgésicos.

    Potencial para efeitos adversos 

    Há diversos indicadores úteis para avaliar o potencial danoso dos medicamentos usados numapopulação, entre os quais a proporção de multiusuários; de usuários de produtos inadequados, queinteragem entre si, ou de produtos redundantes (com a mesma finalidade terapêutica).

    Numa população razoavelmente sadia, a proporção de usuários de múltiplos medicamentos -

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    acima de 5 produtos, por pessoa, em média - é um indicador de baixa qualidade da prescrição,embora usar muitos medicamentos não seja, sempre, conseqüência de prescrição inapropriada. Écomum os idosos apresentarem múltiplas patologias e serem, portanto, candidatos ao "multiuso". Mashá, quase sempre, um conjunto de medidas não farmacológicas, dietéticas, higiênicas, e de hábitosmais saudáveis, capazes de evitar as doenças ou diminuir as conseqüências negativas dasexistentes. Infelizmente, as substâncias químicas têm sido seus sucedâneos, nem sempre maiseficazes. Entre as conseqüências negativas da polifarmacoterapia estão as interações (medicamento-medicamento, ou medicamento-alimento); o descumprimento das prescrições de produtos essenciaispara o controle das doenças; e os gastos excedentes com os de uso supérfluo.

    Nem todos os fármacos usados pelos adultos são indicados para os que têm acima de 65 anosde idade. Há vinte deles, potencialmente, contra-indicados para os idosos, entre os quais osbenzodiazepínicos e os hipoglicemiantes orais de meia-vida longa; os barbituratos de curta duração;os antidepressivos com forte ação anti-colinérgica; os analgésicos opióides, como o propoxifeno;associação em doses fixas de antidepressivos e antipsicóticos; a indometacina; alguns relaxantesmusculares como a orfenadrina e o carisoprodol (Gurwitz, 1994). A proporção de usuários defármacos inadequados é um importante indicador de qualidade da assistência. Entre os idosos norte-americanos moradores em instituições, mais que 20% recebem uma prescrição irracional de

    proproxifeno, benzodiazepínico de ação prolongada, dipiridamol ou amitriptilina. Essa proporçãoaumenta com o tempo de permanência na instituição e com o número de fármacos prescritos (Sporeet al, 1997).

    Entre os idosos não internados em instituições o quadro é similar. Quase ¼ dos norte-americanos com 65 anos de idade, ou mais, não asilados, recebem pelo menos um fármacocontraindicado (Willcox et al, 1994). Na Califórnia/EUA, 14% dos idosos usam medicamentosimpróprios, sendo os mais comuns os benzodiazepínicos de ação prolongada, a amitriptilina e aclorpropamida. Os sintomas depressivos aumentam a probabilidade de usar medicação inadequada(Stuck et al., 1994).

    O caráter lucrativo dos serviços e das instituições privadas a abrigar os idosos, a abordagemideológica da equipe de enfermagem (holística, ou não) e a interação dos médicos com a indústriafarmacêutica, são elementos que afetam o resultado do uso dos tratamentos farmacológicos. Umestudo realizado em 33 clínicas geriátricas suecas, mostrou que o treinamento precário da equipe de

    enfermagem, resultou na falta de adesão aos critérios técnicos de uso adequado de psicotrópicos.Isso resultou no seguinte quadro: 367 residentes receberam prescrição de antidepressivos semregistro de diagnóstico de depressão, e 26 sem prescrição de antidepressivos apresentaramdiagnóstico de distúrbios depressivos (Schimidt et al, 1998).

    Um outro estudo estimou em 20% a proporção de regimens terapêuticos(fármaco/dose/freqüência) com um evento de "mal uso". Entre os eventos identificados, 54,4% foramdosagem, indicação ou nível de uso impróprios; 36,8% interações e 8,8% uso redundante deprodutos da mesma classe terapêutica. A aspirina e o diazepam foram as substâncias maisfreqüentemente mal usadas (Bernstein, 1989).

    No Brasil, foi possível descrever o uso inadequado de medicamentos pelas participantes de umcentro de convivência para idosos, situado no Rio de Janeiro (Unati/Uerj). Entre as 634 entrevistadas,38% usaram 5 ou mais produtos; 16% eram susceptíveis de apresentar interações, e 14% desinergismo por uso de 2 ou mais fármacos com a mesma função. Dezessete por centro dos produtos

    consumidos eram contra-indicados para os idosos, apesar de quase 90% do total terem sidoprescritos por médicos (Mosegui et al, 1999). Na mesma amostra, a freqüência de uso diário debenzodiazepínicos por 12 meses ou mais - prática condenável - foi 7,4% (Huf et al, 2000).

    Atualmente, o uso de medicamentos pelos idosos tem gerado preocupação quanto aos gastosexcessivos e aos possíveis efeitos, benéficos ou indesejáveis. O aprimoramento da farmacoterapiadepende, entre outras medidas, da atuação no campo da prescrição.

    Frente ao paciente idoso, deve-se idoso: estimular o emprego de medidas não farmacológicas;acompanhar, com revisão periódica, o conjunto dos medicamentos, e dos possíveis efeitos adversosdos mesmos; preferir monodrogas (um produto, uma substância), em detrimento das associações emdoses fixas; preferir fármacos de eficácia comprovada através de evidências científicas; suspender ouso, sempre que possível; verificar a compreensão da prescrição, e das orientações farmacológicas,ou não farmacológicas; simplificar os esquemas de administração; prestar atenção aos preços dosremédios prescritos.

    Regras gerais e cuidados a ter em consideração na preparação e administração medicamentos:•  não conversar durante o processo de preparação de medicamentos.•  enquanto prepara o medicamento deve ter sempre à frente a bula do medicamento e a

    prescrição médica.

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    •  ler o rótulo do medicamento três vezes, e antes de cada uma das seguintes etapas compare-o com a prescrição médica:

    •  de retirar o recipiente do armário;•  de colocar o medicamento no recipiente para administrar;•

      de repor o recipiente no armário.•  na bandeja de medicamentos deve colocar sempre juntos o cartão e o recipiente de

    medicamentos.•  não tocar com a mão em pastilhas, drageias, cápsulas, comprimidos.•  antes de administrar o medicamento, deve-se esclarecer ao paciente qualquer dúvida

    existente.•  lembrar a regra dos 5 certos•  somente após administratar a medicação é que se deve dar baixa, nunca antes.•  fazer sempre a anotação no relatório sempre que o medicamento não for administrado

    indicando qual o motivo.•  qualquer efeito dos medicamentos ou queixas do paciente, devem ser anotados de forma

    detalhada.•  ao despejar o medicamento no copo graduado deve garantir que se efectua este processo

    numa superficie plana. (ver em baixo nota 1)

    NOTA 1: Correspondência•  colher de sopa (15ml)•  colher de sobremesa (10ml)•  colher de chá (5ml)•  colher de café (3ml)

    IV- Problemas comuns que afetam o idoso

    4.1- Administrando Problemas Fisiológicos Comuns

    FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO O envelhecimento é um processo contínuo durante o qual ocorre um declínio progressivo de

    todos os processos fisiológicos. Mantendo-se um estilo de vida ativo e saudável pode-se retardar asalterações morfofuncionais que ocorrem com a idade.

    ALTERAÇÕES CAUSADAS PELO ENVELHECIMENTOCom o declínio gradual das aptidões físicas, o impacto do envelhecimento e das doenças, o

    idoso tende a ir alterando seus hábitos de vida e rotinas diárias por atividade e formas de ocupaçãopouco ativas. Os efeitos associados à inatividade e a má adaptabilidade são muito sérios. Podemacarretar numa redução no desempenho físico, na habilidade motora, na capacidade deconcentração, de reação e de coordenação, gerando processos de auto-desvalorização, apatia,insegurança, perda da motivação, isolamento social e a solidão".

    As capacidades físicas, as modificações anatomo-fisiológicas, as alterações psicossociais e

    cognitivas, são regredidas ao decorrer do processo de envelhecimento, bem como:capacidades físicas - há uma diminuição de: coordenação motora grossa e fina, habilidades,equilíbrio, esquema corporal, visão e audição;

    modificações anatomo-fisiológicas -   hipotrofia cerebral e muscular, diminuição da elasticidadevascular e muscular, concentração de tecido adiposo, tendência à perda de cálcio pelos ossos,desvios de coluna, redução da mobilidade articular, altura, densidade óssea, volume respiratório,resistência cardiopulmonar, freqüência cardíaca máxima, débito cardíaco, consumo máximo deoxigênio (VO2máx.) e mecanismos de adaptação (hemodinâmicos, termorreguladores, imunitários ehidratação), insuficiência cardíaca;

    função cognitiva -   é expressa pela velocidade de processamento das informações, assiminfluenciada pela quantidade de motivação e estimulação. Com isso, só sofrerá alterações negativasse não for estimulada.

    Alterações psicossociais   - ocorre, a diminuição da sociabilidade, a depressão, mudanças nocontrole emocional, isolamento social e baixa auto-estima, ocasionadas pela aposentadoria, peladificuldade auditiva, visual e motora, pela síndrome do ninho vazio (saída dos filhos, de casa), pelaimpotência sexual, entre outras.

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    Além do mais, essas alterações podem ocasionar várias patologias físicas e psíquicas. Cabe anós, educadores físicos, usarmos da nossa profissão, como um dos meios de minimizar e prevenirestas, tornando-os indivíduos/idosos mais saudáveis, mais aptos, bem dispostos, independentes,reintegrados, com melhores condições de vida, valorizando-se e sendo valorizado.PIRES et al. (2002, p.1) consideram que, "a velhice sempre é vista como um período de decadênciafísica e mental. É um conceito equivocado, pois muitos cidadãos que chegam aos 65 anos, já queesta é a idade oficializada pela Organização das Nações Unidas, como limite entre fase adulta evelhice, ainda são completamente independentes e produtivos. Acreditamos na decadência sim, masda sociedade que perde, não dando valor ou criando espaços adequados para as necessidades denossos velhos. A população idosa, em nosso país, cresce a cada dia e com ela as dificuldades e asnecessidade de adequar soluções eficientes, junto aos órgãos públicos, com o objetivo de tornardigna a vida de nossos idosos". 

    4.2- Administrando Problemas Psicossociais

    A velhice é um período normal do ciclo vital caracterizado por algumas mudanças físicas,mentais e psicológicas. É importante fazer essa consideração pois algumas alterações nesses

    aspectos não caracterizam necessariamente uma doença. Em contrapartida, há alguns transtornosque são mais comuns em idosos como transtornos depressivos, transtornos cognitivos, fobias etranstornos por uso de álcool. Além disso, os idosos apresentam risco de suicídio e risco dedesenvolver sintomas psiquiátricos induzidos por medicamentos.Muitos transtornos mentais em idosos podem ser evitados, aliviados ou mesmo revertidos.Conseqüentemente, uma avaliação médica se faz necessária para o esclarecimento do quadroapresentado pelo idoso.Diversos fatores psicossociais de risco também predispõem os idosos a transtornos mentais.Esses fatores de risco incluem:

    Perda de papéis sociais

    Perda da autonomia

    Morte de amigos e parentes

    Saúde em declínio

    Isolamento social

    Restrições financeiras

    Redução do funcionamento cognitivo (capacidade de compreender e pensar de uma forma lógica,com prejuízo na memória).

    Transtornos psiquiátricos mais comuns em idosos

    Demência

    Demência tipo Alzheimer

    Demência vascular

    EsquizofreniaTranstornos depressivos

    Transtorno bipolar (do humor)

    Transtorno delirante

    Transtornos de ansiedade

    Transtornos somatoformes

    Transtornos por uso de álcool e outras substâncias

    DemênciaDemência é um comprometimento cognitivo geralmente progressivo e irreversível. As funções

    mentais anteriormente adquiridas são gradualmente perdidas. Com o aumento da idade a demênciatorna-se mais freqüente. Acomete 5 a 15% das pessoas com mais de 65 anos e aumenta para 20%nas pessoas com mais de 80 anos.

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    Os fatores de risco conhecidos para a demência são: Idade avançada História de demência na famíliaSexo feminino  Os sintomas incluem alterações na memória, na linguagem, na capacidade de orientar-se. Háperturbações comportamentais como agitação, inquietação, andar a esmo, raiva, violência, gritos,desinibição sexual e social, impulsividade, alterações do sono, pensamento ilógico e alucinações.As causas de demência incluem lesões e tumores cerebrais, síndrome da imunodeficiência adquirida(AIDS), álcool, medicamentos, infecções, doenças pulmonares crônicas e doenças inflamatórias. Namaioria das vezes as demências são causadas por doenças degenerativas primárias do sistemanervoso central (SNC) e por doença vascular. Cerca de 10 a 15% dos pacientes com sintomas dedemência apresentam condições tratáveis como doenças sistêmicas (doenças cardíacas, renais,endócrinas), deficiências vitamínicas, uso de medicamentos e outras doenças psiquiátricas(depressão).As demências são classificadas em vários tipos de acordo com o quadro clínico, entretanto as maiscomuns são demência tipo Alzheimer e demência vascular.Demência tipo AlzheimerDe todos os pacientes com demência, 50 a 60% têm demência tipo Alzheimer, o tipo mais comum dedemência. É mais freqüente em mulheres que em homens. É caracterizada por um início gradual e

    pelo declínio progressivo das funções cognitivas. A memória é a função cognitiva mais afetada, mas alinguagem e noção de orientação do indivíduo também são afetadas. Inicialmente, a pessoa podeapresentar uma incapacidade para aprender e evocar novas informações.

    As alterações do comportamento envolvem depressão, obsessão (pensamento, sentimento,idéia ou sensação intrusiva e persistente) e desconfianças, surtos de raiva com risco de atosviolentos. A desorientação leva a pessoa a andar sem rumo podendo ser encontrada longe de casaem uma condição de total confusão. Aparecem também alterações neurológicas como problemas namarcha, na fala, no desempenhar uma função motora e na compreensão do que lhe é falado.

    O diagnóstico é de exclusão, isto é, só pode ser feito quando não se encontra nenhuma outracausa. A rigor, tal diagnóstico só é realizado pós-morten, através de biópsia cerebral, na qualaparecem alguns sinais característicos e exclusivos da doença. A história do paciente e exameclínico, além das técnicas de imagem cerebral como tomografia computadorizada e ressonânciamagnética podem ser úteis no diagnóstico clínico. O diagnóstico é feito com base na história do

    paciente e do exame clínico. As técnicas de imagem cerebral como tomografia computadorizada eressonância magnética podem ser úteis.O tratamento é paliativo e as medicações podem ser úteis para o manejo da agitação e das

    perturbações comportamentais. Não há prevenção ou cura conhecidas.Demência