enade 2011 oficinas temáticas de arte africana e arte afro-brasileira, arte asiática e arte...

340
12/10/2011 ENADE 2011 Oficinas Temáticas de Arte Africana e Arte Afro-Brasileira, Arte Asiática e Arte Latino-Americana visando a revisão dos conteúdos preparatórios para a prova. Prof. Concepción R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

Upload: conchita-pedrosa-morgado

Post on 29-Jul-2015

528 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

ENADE 2011: Oficinas Temáticas de Arte Africana e Arte Afro-Brasileira, Arte Asiática e ArteLatino-Americana visando a revisão dos conteúdos preparatórios para a prova. (Org.) Concepción R. Pedrosa Morgado de Segre

TRANSCRIPT

12/10/2011

ENADE 2011Oficinas Temticas de Arte Africana e Arte Afro-Brasileira, Arte Asitica e Arte Latino-Americana visando a reviso dos contedos preparatrios para a prova.

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

ENADE 2011Oficinas Temticas de Arte Africana e Arte Afro-Brasileira, Arte Asitica e Arte Latino-Americana visando a reviso dos contedos preparatrios para a prova.Oficinas Temticas de contedo especfico para as reas de conhecimento relativas Arte Africana, Arte Asitica, e Arte Latino-Americana,na prxima prova do ENADE, a ser aplicada no ms de novembro do ano em curso.

CronogramaA complexidade desta tarefa reside em que as reas de estudo mencionadas acima, no so abordadas dentro da grade curricular dos cursos de graduao em Humanidades (Educao Artstica; Design em Moda; Comunicao Social). Assim, devemos traar um estudo panormico e abrangente das reas culturais antes mencionadas, caracterizando os perodos culturais e artsticos mais relevantes. Ao incio de cada encontro, ser distribudo entre os estudantes um formulrio de questes com o correspondente gabarito, para ser discutido entre professor e alunos.

Prof Concepcin R. Pedrosa Morgado

a

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

Distribuio dos tempos de classe:Datas provveis Primeiro Encontro Data pendente definio Segundo Encontro Data pendente definio Arte LatinoAmericana Primeiro Encontro 03 h/a Arte Africana e Arte Afro-Brasileira Arte Asitica

Segundo Encontro 75 min.

Segundo Encontro 75 min.

BASE MATERIAL PARA AS AULAS: 1. Data-Show 2. Tela para projeo. 3. Sala com condies de escurecimento para poder projetar o material audiovisual que acompanha cada encontro...

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

Ementa Arte Latino-Americana3 horas/aula 50 minutos Arte Latino-Americana Contedo Programtico Definio das reas de estudo e caracterizao da Arte PrColombiana Latino-Americana: As trs grandes reas de desenvolvimento: Meso-Amrica; a rea Intermdia, e a rea Andina. O pr-clssico em Meso-Amrica: A cultura Olmeca. O Perodo Clssico em Meso-Amrica: Teotihuacn; a cultura Zapoteca; o Centro Cerimonial de Monte Albn e a civilizao Maya. A rea Intermdia: A cultura Quimbaya; O perodo clssico na rea andina: A cultura Mochica e a cultura Nazca; O perodo Ps-Clssico em Meso-Amrica: A Confederao Asteca; A arte Maya-Tolteca. O perodo psclssico na rea Andina: O Imprio Inca. A coliso entre dois mundos: Colonizao e transculturao. O Barroco Latino-Americano: Mxico e Peru; A implantao das Academias de Belas Artes em Latino-Amrica. As Culturas Hbridas, e o contraponto entre arte culta e cultura popular. A volta do Bom Selvagem: A inteno do resgate das autenticidades locais nas vanguardas latino-americanas. Manifestos, Movimentos e Artistas. Arte Contempornea - A Op Art na Venezuela- O debate poltico na arte conceitual latino-americana. A PsModernidade. A chegada do sculo XXI e a internacionalizao dos problemas do artista com o mercado O Estado como Mecenas, O role catalisador das Bienais de Arte e a democratizao da informao na era da globalizao. Bienal de So Paulo; Bienal de Havana e Bienal do MERCOSUL. BibliografiaGOMBRICH (1999) / Cap. 1. Estranhos Comeos. Pg.1423

50 minutos

CAPELATO(2005) PEDROSA MORGADO(2011)

50 minutos

GOMBRICH (1999) / PsEscrito A Cena instvel. Pg.431442

Bibliografia Bsica / Arte Latino-Americana 1. AAVV. Latinoamericana: Enciclopdia Contempornea da Amrica Latina e do Caribe. So Paulo: Boitempo. Rio de Janeiro: Laboratrio de Polticas Pblicas da UERJ, 2006. (Coordenador Geral: Emir SADER) 2. BUARQUE DE HOLLANDA, Helosa; RESENDE, Beatriz, Arte Latina: Cultura, Globalizao e Identidade. Rio de Janeiro: Editorial Aeroplano, 2000. 3. CAPELATO, Maria Helena Rolim. Modernismo Latino-Americano e construo de identidades atravs dapintura. Rev. hist., So Paulo, n. 153, dez. 2005 . Disponvel em . acessos em 12 out. 2011. 4. FUNDAO BIENAL DE SO PAULO. XXIV Bienal de So Paulo: Ncleo Histrico: Antropofagia e Histrias de Canibalismos. Vol 1.[Curadores Paulo Herkenkoff, Adriano Pedrosa], So Paulo: A Fundaco, 1998

5. GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. RJ: Editora LTC, 1999 Bibliografia Complementar / Arte Latino-Americana 1. AAVV, Historia del Arte. Barcelona: Editorial Norma, 1998. 2. GARCIA CANCLINI, N, Culturas Hbridas. Estrategias para entrar y salir de la modernidad. Mxico DF: EditorialGrijalbo, 1990.

3. GUTIRREZ, R; GUTIRREZ VIUALES, R. Historia del Arte Iberoamericano. Barcelona: Lunwerg Editores, 2000 4. LUCIE-SMITH, Edward, Latin American Art of the 20th century. New York: Thames and Hudson, 1993. 5. PEDROSA MORGADO, Concepcin. Os Filhos de Guilherme Tell: Breve Ensaio sobre as Geraes Artsticas Cubanas. In: PragMATIZES: Revista Latino Americana de Estudos em Cultura., Universidade Federal Fluminense - UFF , Ano 1, nmero 1, semestral, julho 2011 Disponvel em < http://www.pragmatizes.uff.br>

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

Ementa Arte Africana e Arte Afro-Brasileira75 minutos 30 minutos Arte Africana e Arte Afro-Brasileira Contedo Programtico Arte Africana: Definio da rea de estudo e caracterizao da Arte Africana: As culturas africanas antes da colonizao europia. As culturas mais antigas do planeta. A cultura Egpcia e sua assimilao colonial como parte da cultura ocidental. Os bronzes de Benin. Arte Africana: O impacto da colonizao, dispora e transculturao. O surgimento de novas identidades culturais: a cultura afro e sua expresso nas diferentes reas dos assentamentos em Latino-Amrica. Arte Afro-Brasileira: Entre o preconceito e a valorizao. O caso da Bahia. A cultura do Candombl. Os Terreiros. A importncia dos estudos antropolgicos e etnogrficos na valorizao da cultura e a arte afro-brasileira. Bahia de Todos Os Santos: Os estudos e ensaios fotogrficos de Pierre Verger, e a importncia da Lina Bo-Bard na preservao da cultura afro-brasileira na Bahia. Arte Africana: Os movimentos de libertao nacionais nas dcadas dos 60 e dos 70 e o reflexo dos mesmos na arte. A valorizao das tcnicas artsticas e artesanais tradicionais como reforo das identidades culturais. O caso de frica do Sul. O sculo XXI e a internacionalizao dos problemas de acesso entre artista e mercado O Estado como Mecenas, O role catalisador das Bienais de Arte e a democratizao da informao na era da globalizao. BibliografiaCOLI (1995) Pg. 65 GOMBRICH (1999) / Cap. 1. Estranhos Comeos. Pg.14-23; / Cap. 2. Arte para a Eternidade. Pg.24-36 VERGER (1966) JOLLY (20042005) Pg. 135141 GOMBRICH (1999) / PsEscrito A Cena instvel. Pg.431-442 VERGER (1966)

45 minutos

Bibliografia Bsica / Arte Africana 1. ANFRAY, F, A Civilizaco de Axum do Sculo I ao Sculo VII. In: Casa da frica, 2005.. 2. GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. RJ: Editora LTC, 1999 3. KASFIR, S, Arte Africana e autenticidade. Um texto com uma sombra. In: Casa da frica, 2005 4. GRAHAM, J.D. O trfico de escravos, despovoamento e sacrifcios humanos na histria de Benin. In: Casa da frica, 2005 5. JOLLY, A. A Arte Contempornea e o Benin. In: Imaginrio - USP, Ano X, No 10, 2004-2005. 6. VERGER, P, A O Deus Supremo Iorub; Uma reviso das fontes. In: Odu, University of Ife, Journal of o African Studies, Vol. 2, N 3, 1966. Bibliografia Complementar / Arte Africana 1. BARGNA, Ivan, Arte Africana Visual Encyclopedia of Art. RJ: Editora Scala, 2010 2. COLI, J, O que Arte. SP: Editora Brasiliense, 1995. 3. GOMES FERREIRA, L, As mscaras africanas e suas mltiplas faces. In: Casa da frica, 2006

Bibliografia Bsica / Arte Afro-Brasileira 1. COSTA LIMA, V, Uma festa de Xango no Opo Afonja. IV Coloquio Internacional de Estudos LusoBrasileiros, Universidade da Bahia, UNESCO, 1959. 2. GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. RJ: Editora LTC, 1999 3. ROCHA DOSSIN, F. Apontamentos acerca da presena do artista afro-descendente na histria da arte brasileira. Centro de Artes CEART da Universidade do Estado de Santa Catarina, 2008 4. VERGER, P, A O Deus Supremo Iorub; Uma reviso das fontes. In: Odu, University of Ife, Journal of o African Studies, Vol. 2, N 3, 1966.

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

Ementa Arte Asitica75 minutos 30 minutos Arte Asitica Contedo Programtico Definio das reas de estudo e caracterizao da Arte Asitica: Arte Oriental: A Arte do Ar, da gua e da Luz. Cultura Chinesa, uma das mais antigas da face da terra. As dinastias chinesas e o isolamento como estratgia para preservar a autenticidade; A Cultura Japonesa; senhores feudais e samurais; Cultura Vietnamita; Cultura Coreana; Cultura Cambojana; Cultura Laosiana. Arte Medieval: O Luxo do Imprio Bizantino. Arte Oriental nos Sculos XVIII e XIX: Os conflitos com as grandes potncias colonialistas e o reflexo na arte destes perodos. Arte Hindu Arte Indiana. Uma identidade Plural: A arte da exaltao dos sentidos versus o ascetismo Budista. A estratificao do Sistema de castas e o reflexo na arte. As Mastabas; As Stupas . O Sculo XX: ndia: O impacto dos conflitos polticos na cultura e na arte. O exemplo de Mahatma Gandhi. China e o caso do Tibet. A chegada do sculo XXI e a internacionalizao dos problemas do artista com o mercado Arte Asitica no Sculo XXI: O Estado como Mecenas, O role catalisador das Bienais de Arte e a democratizao da informao na era da globalizao. BibliografiaGOMBRICH (1999) / Cap. 5. Conquistadores do Mundo. Pg.73-76 / Cap. 6. Bifurcao de caminhos. Pg.82-89 / Cap. 7. Olhando para o Oriente.

45 minutos

GOMBRICH (1999) / PsEscrito A Cena instvel. Pg.431-442

Bibliografia Bsica / Arte Asitica 1. GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. RJ: Editora LTC, 1999.

CCONCHYY YAHOOO.COM

ARTE LATINOAMERICANO

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

Ementa Arte Latino-Americana3 horas/aula 50 minutos Arte Latino-Americana Contedo Programtico Definio das reas de estudo e caracterizao da Arte PrColombiana Latino-Americana: As trs grandes reas de desenvolvimento: Meso-Amrica; a rea Intermdia, e a rea Andina. O pr-clssico em Meso-Amrica: A cultura Olmeca. O Perodo Clssico em Meso-Amrica: Teotihuacn; a cultura Zapoteca; o Centro Cerimonial de Monte Albn e a civilizao Maya. A rea Intermdia: A cultura Quimbaya; O perodo clssico na rea andina: A cultura Mochica e a cultura Nazca; O perodo Ps-Clssico em Meso-Amrica: A Confederao Asteca; A arte Maya-Tolteca. O perodo psclssico na rea Andina: O Imprio Inca. A coliso entre dois mundos: Colonizao e transculturao. O Barroco Latino-Americano: Mxico e Peru; A implantao das Academias de Belas Artes em Latino-Amrica. As Culturas Hbridas, e o contraponto entre arte culta e cultura popular. A volta do Bom Selvagem: A inteno do resgate das autenticidades locais nas vanguardas latino-americanas. Manifestos, Movimentos e Artistas. Arte Contempornea - A Op Art na Venezuela- O debate poltico na arte conceitual latino-americana. A PsModernidade. A chegada do sculo XXI e a internacionalizao dos problemas do artista com o mercado O Estado como Mecenas, O role catalisador das Bienais de Arte e a democratizao da informao na era da globalizao. Bienal de So Paulo; Bienal de Havana e Bienal do MERCOSUL. BibliografiaGOMBRICH (1999) / Cap. 1. Estranhos Comeos. Pg.1423

50 minutos

CAPELATO(2005) PEDROSA MORGADO(2011)

50 minutos

GOMBRICH (1999) / PsEscrito A Cena instvel. Pg.431442

Bibliografia Bsica / Arte Latino-Americana 1. AAVV. Latinoamericana: Enciclopdia Contempornea da Amrica Latina e do Caribe. So Paulo: Boitempo. Rio de Janeiro: Laboratrio de Polticas Pblicas da UERJ, 2006. (Coordenador Geral: Emir SADER) 2. BUARQUE DE HOLLANDA, Helosa; RESENDE, Beatriz, Arte Latina: Cultura, Globalizao e Identidade. Rio de Janeiro: Editorial Aeroplano, 2000. 3. CAPELATO, Maria Helena Rolim. Modernismo Latino-Americano e construo de identidades atravs dapintura. Rev. hist., So Paulo, n. 153, dez. 2005 . Disponvel em . acessos em 12 out. 2011. 4. FUNDAO BIENAL DE SO PAULO. XXIV Bienal de So Paulo: Ncleo Histrico: Antropofagia e Histrias de Canibalismos. Vol 1.[Curadores Paulo Herkenkoff, Adriano Pedrosa], So Paulo: A Fundaco, 1998

5. GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. RJ: Editora LTC, 1999 Bibliografia Complementar / Arte Latino-Americana 1. AAVV, Historia del Arte. Barcelona: Editorial Norma, 1998. 2. GARCIA CANCLINI, N, Culturas Hbridas. Estrategias para entrar y salir de la modernidad. Mxico DF: EditorialGrijalbo, 1990.

3. GUTIRREZ, R; GUTIRREZ VIUALES, R. Historia del Arte Iberoamericano. Barcelona: Lunwerg Editores, 2000 4. LUCIE-SMITH, Edward, Latin American Art of the 20th century. New York: Thames and Hudson, 1993. 5. PEDROSA MORGADO, Concepcin. Os Filhos de Guilherme Tell: Breve Ensaio sobre as Geraes Artsticas Cubanas. In: PragMATIZES: Revista Latino Americana de Estudos em Cultura., Universidade Federal Fluminense - UFF , Ano 1, nmero 1, semestral, julho 2011 Disponvel em < http://www.pragmatizes.uff.br>

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

Arte Latino-Americana / Textos

GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. RJ: Editora LTC Pg. 14

1. Estranhos ComeosPovos Pr-Histricos e Primitivos; Amrica Antiga.

19. A Caverna de Lascaux, na Frana, com pinturas em lodo o leio, feitas h uns 15.000 anos

IGNORAMOS como a arte comeou, tanto quanto desconhecemos como se iniciou a linguagem. Se aceitarmos o significado de arte em funo de atividades tais como a edificao de templos e casas, realizao de pinturas e esculturas, ou tessitura de padres, nenhum povo existe no mundo sem arte. Se, por outro lado, entendermos por arte alguma espcie de belo artigo de luxo, algo para nos deleitar em museus e exposies, ou certa coisa especial para usar como preciosa decorao na sala de honra, cumpre-nos entender que esse uso da palavra constitui um desenvolvimento muito recente e que muitos dos maiores construtores, pintores ou escultores do passado nunca sonharam sequer com ele. Podemos entender melhor essa diferena se pensarmos em termos de arquitetura. Todos sabemos que existem belos edifcios e que alguns deles so verdadeiras obras de arte. Mas dificilmente existir uma construo no mundo inteiro que no fosse erigida para um fim particular. Aqueles que usam esses edifcios como lugares de culto ou de entretenimento, ou como residncias, julgam-nos em primeiro lugar e acima de tudo por padres de utilidade. Mas, parte isso, gostam ou no gostam do traado ou das propores da construo, e apreciam os esforos do bom arquiteto para erigi-la no s

GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. RJ: Editora LTC Pg. 15freqentemente semelhante. No eram consideradas meras obras de arte, mas objetos que tinham uma funo definida. Seria um medocre juiz de casas aquele que ignorasse para que fins elas foram construdas. Analogamente, improvvel que compreendamos a arte do passado se desconhecermos os propsitos a que tinha de servir. Quanto mais recuamos na histria, mais definidas, mas tambm mais estranhas, so as finalidades que se julga serem servidas pela arte. O mesmo se aplica se sairmos das cidades e observarmos o que se passa entre os camponeses ou, melhor ainda, se sairmos de nossos pases civilizados e viajarmos para aqueles povos cujos modos de vida ainda se assemelham s condies em que viveram os nossos ancestrais remotos. Chamamos a esses povos "primitivos" no porque sejam mais simples do que ns os seus processos de pensamento so, com freqncia, mais complicados do que os nossos mas por estarem mais prximos do estado donde, em dado momento, emergiu toda a humanidade. Entre esses primitivos no h diferena entre edificar e fazer imagens, no que se refere utilidade. Suas cabanas existem para abrig-los da chuva, sol e vento, e para os espritos que geram tais eventos; as imagens so feitas para proteg-los contra outros poderes que, para eles, so to reais quanto as foras da natureza. Pinturas e esttuas, por outras palavras, so usadas para realizar trabalhos de magia. impossvel entender esses estranhos comeos se no procurarmos penetrar na mente dos povos primitivos e descobrir qual o gnero de experincia que os faz pensar em imagens como algo poderoso para ser usado e no como algo bonito para se contemplar. No penso que seja realmente difcil reavermos esse sentimento. Tudo o que precisamos sermos profundamente honestos conosco e apurarmos se em nosso prprio ntimo no se conserva tambm algo do "primitivo". Em vez de comearmos com a poca Glacial, principiemos por ns mesmos. Suponha-se que recortamos um retrato do nosso campeo favorito no jornal de hoje: sentiramos prazer em apanhar uma agulha e picotar-lhe os olhos? Isso nos seria to indiferente quanto se os furos tivessem sido feitos em qualquer outra parte do jornal? Penso que no. Embora eu saiba, com os meus pensamentos despertos, que o que eu fizer ao seu retrato no far diferena alguma ao meu amigo ou heri, sinto, no obstante, uma vaga relutncia em causar danos sua imagem. Subsiste algures a sensao absurda de que o que se faz ao retrato infligido pessoa que ele representa. Ora, se estou certo nessa suposio, se essa idia estranha e irracional realmente sobrevive at mesmo entre ns, em plena era da energia atmica, talvez seja menos surpreendente que tais idias existissem entre quase todos os chamados povos primitivos. Em todas as partes do mundo, mdicos-feiticeiros, pajs ou bruxos, tentaram praticar a magia de uma forma ou de outra; fizeram pequenas imagens de um inimigo e perfuraram o corao do maltratado boneco, ou o queimaram, na esperana de que o inimigo sofresse com isso. At mesmo o boneco que queimamos na Gr-Bretanha, no Dia de Guy Fawkes, um remanescente dessa superstio.* Os primitivos so, por vezes, ainda mais indefinidos acerca do que No dia 5 de novembro realiza-se na Gr-bretanha uma celebrao com fogos de artifcio e queima da efgie de Guy Fawkes, o conspirador que, em IMS, quis fazer explodir, na chamada "conspirao da plvora", o Parlamento quando o rei e seus ministros estavam presentes. A trama foi descoberta no ltimo instante. Guy Fawkes executado e o dia 5 de novembro passou a ser at hoje uma efemride de celebrao popular, misto de festa junina e de "malhao de Judas". (N. do T.)

GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. RJ: Editora LTC Pg. 16

Pinturas feitas h cerca de 15.000 anos; 20. (em cima) Biso, encontrado na caverna de Altamira. Espanha. 21. (embaixo) Animais no teto da caverna de Lascaux

GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. RJ: Editora LTC Pg. 17real e do que imagem. Certa ocasio, quando um artista europeu fez desenhos de animais numa aldeia africana, os habitantes mostraram-se angustiados: "Se levar consigo o nosso gado, de que que iremos viver?. Todas essas estranhas idias so importantes porque podem ajudar-nos a compreender as mais antigas pinturas que chegaram at ns. So to antigas quanto qualquer vestgio existente da habilidade humana. Entretanto, quando foram descobertas em paredes de cavernas e rochas na Espanha (fig. 20) e no Sul da Frana, no sculo XIX, os arquelogos recusaram-se, de incio, a acreditar que representaes to animadas, to naturais e vigorosas de animais pudessem ter sido feitas por homens da poca Glacial. Gradualmente, os rudimentares apetrechos de ferro e osso encontrados nessas regies tornaram cada vez mais certo que essas imagens de bises, mamutes ou renas tinha sido escoriadas ou pintadas por homens que caavam esses animais e, portanto, os conheciam muito bem. uma estranha experincia descer nessas cavernas, por vezes atravs de corredores baixos e estreitos, mergulhar na escurido do ventre da montanha e, de sbito, ver a lanterna eltrica do guia iluminar a imagem de um touro. Uma coisa evidente: ningum se teria arrastado tamanha distncia at s soturnas entranhas da terra simplesmente para decorar um local to inacessvel. Alm disso, raras dessas pinturas esto claramente distribudas pelos tetos da caverna, exceto um punhado delas na caverna de Lascaux (figs. 19 e 21). Pelo contrrio, so s vezes pintadas ou escoriadas umas sobre outras, sem qualquer ordem aparente. A explicao mais provvel para essas descobertas ainda a de que se trata das mais antigas relquias dessa crena universal no poder da produo de imagens; por outras palavras, que o pensamento desses caadores primitivos era que, se fizessem uma imagem de sua presa e talvez a surrassem com suas lanas e machados de pedra os animais verdadeiros tambm sucumbiriam ao poder deles. Isso, evidentemente, uma conjetura mas conjetura bem apoiada pelo uso da arte entre aqueles povos primitivos de nosso prprio tempo que ainda preservam seus antigos costumes. verdade que, at onde me dado saber, no encontramos atualmente qualquer povo primitivo que tente realizar exatamente esse tipo de magia; mas a maior parte da produo artstica ainda est, para eles, estreitamente vinculada a idias anlogas sobre o poder das imagens. Ainda existem povos primitivos que nada mais usam seno ferramentas de pedra e raspam suas imagens rupestres de animais para fins mgicos. H outras tribos que celebram festividades regulares, quando se vestem como animais e se movimentam como animais em danas solenes e rituais. Tambm acreditam que, de algum modo, isso lhes dar poder sobre suas presas. Por vezes, acreditam at que certos animais esto relacionados com elas de algum modo fabuloso, e que toda a tribo uma tribo do lobo, do corvo ou da r. Isso tem uma ressonncia bastante estranha, mas no devemos esquecer que mesmo essas idias no esto to distanciadas dos nossos prprios dias quanto se possa imaginar. Os romanos acreditavam que Rmulo e Remo tinham sido amamentados por uma loba, e tinham uma imagem em bronze da loba no recinto sagrado do Capitlio de Roma. Ainda hoje conservam uma loba viva numa jaula perto das escadas do Capitlio. No so guardados lees vivos na Praa de Trafalgar, mas o leo britnico tem tido uma vida vigorosa nas pginas de Punch. claro, subsiste uma vasta diferena entre essa espcie de simbolismo herldico ou anedtico e a profunda seriedade com que os homens tribais encaram suas relaes com o totem, como chamam aos seus parentes animais. De fato, eles parecem, s vezes, viver num mundo onrico em que podem ser homem e animal simultaneamente. Muitas tribos tm cerimnias especiais em que envergam mscaras com as feies desses animais e, quando as colocam, parecem sentir-se transformadas, convertidas em corvos ou ursos. como se crianas que brincam de polcia e bandido chegassem a um ponto em que j no sabem onde terminou a representao e comeou a realidade. Mas, no caso das crianas, h sempre o mundo adulto volta delas, as pessoas que lhes dizem: "No faam tanto barulho" ou " hora de ir para a cama". Para o homem primitivo, no existe outro mundo para estragar a iluso, porque todos os membros da tribo participam nas danas cerimoniais e nos ritos, com seus fantsticos jogos de simulao. Todos eles aprenderam o seu significado atravs das geraes anteriores e esto de tal modo absorvidos nesses jogos que tm escassas probabilidades de, colocando-se a uma certa distncia, analisarem seu comportamento numa perspectiva crtica. Todos ns alimentamos crenas que consideramos axiomticas, tanto quanto os "primitivos" consideram as deles usualmente a tal ponto que nem mesmo estamos cnscios delas, a menos que deparemos com pessoas que as questionam. Poder parecer que tudo isso tem pouco a ver com arte, mas, de fato, essas condies influenciam a arte de muitas maneiras. Muitas obras de artistas destinam-se a desempenhar um papel nesses estranhos rituais e, nesse caso, o que importa no se a escultura ou pintura bela, segundo os nossos padres, mas se "funciona", quer dizer, se pode desincumbir-se da mgica requerida. Alm disso, os artistas trabalham para gente de sua prpria tribo, que sabe exatamente o que cada forma ou cada cor pretende significar. No se espera que eles mudem essas coisas, mas apenas que apliquem toda a sua habilidade e saber na execuo de seu

GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. RJ: Editora LTC Pg. 18trabalho. Ainda dessa vez no temos que ir muito longe para pensar em paralelos. A finalidade precpua de uma bandeira nacional no reside em que seja um pedao de pano belamente colorido que qualquer fabricante pode modificar de acordo com a sua fantasia; a finalidade de um anel de noivado no est em ser um ornamento que pode ser usado ou mudado como julgarmos mais adequado. Entretanto, mesmo no mbito dos ritos e costumes prescritos de nossa vida, subsiste um certo elemento de escolha e de latitude para o gosto e a habilidade. Pense-se, por exemplo, na rvore de Natal. Suas caractersticas principais foram estipuladas pelo costume. Cada famlia tem, de fato, suas prprias tradies e suas predilees, sem as quais a rvore no parece estar certa. Todavia, quando chega o grande momento de decorar a rvore, resta ainda muita coisa por decidir. Este galho deve levar uma lmpada? Tem bastante material brilhante no topo? Essa estrela no parece pesada demais ou este lado no est muito sobrecarregado? Talvez para um observador de fora toda essa atividade parea algo estranha. Poder pensar que as rvores so muito mais bonitas sem esses festes prateados. Mas, para ns, que conhecemos o significado, torna-se uma questo de grande importncia decorar a rvore de acordo com a nossa idia. A arte primitiva funciona justamente de acordo com essas normas preestabelecidas, mas permite ao artista margem bastante para que mostre sua ndole. O domnio tcnico de alguns artfices tribais deveras surpreendente. No devemos esquecer, quando se fala de arte primitiva, que a palavra no quer dizer que os artistas possuem apenas um conhecimento primitivo de seu mister. Pelo contrrio, muitas tribos remotas desenvolveram uma arte verdadeiramente assombrosa em obra de talha, cestaria, na preparao do couro ou mesmo no trabalho com metais. Se nos lembrarmos com que ferramentas rudimentares essas obras foram feitas, no poderemos deixar de nos maravilhar com a pacincia e a segurana de mo que esses artfices primitivos adquiriram ao longo de sculos de especializao. Os maoris da Nova Zelndia, por exemplo, aprenderam a criar autnticas maravilhas em suas obras de talha (fig. 22). claro, o fato de que uma coisa era difcil de fazer no prova necessariamente que se trata de uma obra de arte. Se assim fosse, os homens que modelam barcos vela em garrafas de vidro estariam classificados entre os maiores artistas. Mas essa prova de habilidade tribal deve advertir-nos contra a crena em que as obras deles parecem grotescas porque no podiam fazer melhor. No o padro de capacidade artstica desses artfices que difere dos nossos, mas as idias deles. importante entender isso desde o principio, porque a histria da arte no uma histria de progresso na proficincia tcnica, mas uma histria de idias, concepes e necessidades em constante mudana. cada vez maior o nmero de provas de que, sob certas condies, os artistas tribais podem produzir obras que so to corretas na representao e interpretao da natureza quanto o mais hbil trabalho de um mestre ocidental. Uma srie de cabeas de bronze descobertas h poucas dcadas na Nigria apresentam a mais convincente semelhana que se possa imaginar com indivduos de raa negra (fig. 23). Parecem ter muitos sculos de idade e no existem quaisquer provas de que os artistas nativos tivessem aprendido sua arte com qualquer pessoa de fora. Assim, qual pode ser a razo para que grande parte da arte tribal nos parea profundamente remota? Uma vez mais, devemos voltar-nos para ns mesmos e para experincias que todos podemos realizar. Peguemos um pedao de papel ou folha de rascunhos e rabisquemos nele uma cara. Apenas um crculo para a cabea, um trao para o nariz e outro para a boca. Olhemos ento para a garatuja sem olhos. No parece insuportavelmente triste? A pobre criatura no pode ver. Sentimos que devemos "'dar-lhe olhos" e que alvio quando fazemos os dois pontos e, finalmente, ela pode olhar-nos! Para ns, tudo isso uma piada, mas para o nativo no . Um mastro de madeira a que se deu um simples rosto parece-lhe totalmente transformado. O nativo aceita a impresso que ele lhe causa como um smbolo de seu poder mgico. No preciso aumentar-lhe a semelhana com

Arte da Oceania.

As Cabeas de Bronze de Benin (Nigria)

22. Dintel em madeira esculpida da casa de um chefe maori. Londres. Museu Britnico

GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. RJ: Editora LTC Pg. 19

23. (esquerda) Cabea de um negro, bronze. Escavada na Nigria, provavelmente com cerca de 400 anos de idade. Londres. Museu Britnico. 24. (direita) Oro, Deus da Guerra, proveniente do Taiti. Madeira coberta de fibra vegetal entranada. Londres, Museu Britnico.

a vida, desde que seus olhos possam ver. A fig. 24 mostra a figura de um "Deus da Guerra" polinsio chamado Oro. Os polinsios so excelentes entalhadores, mas bvio que no consideraram essencial fazer disso uma representao correta de um homem. Tudo o que vemos um pedao de madeira recoberto com fibra vegetal entranada. Somente se mostram toscamente os olhos e os braos para incutir ao mastro um aspecto de poder sobrenatural. Ainda no nos encontramos inteiramente no domnio da arte, mas a nossa experincia com a cara rabiscada pode nos ensinar algo mais. Variemos o formato de nossa garatuja de todas as maneiras possveis. Mudemos a forma dos olhos de pontinhos para cruzes ou qualquer outra forma que no tenha a mais remota semelhana com olhos de verdade. Faamos um crculo para o nariz e uma espiral para a boca. No ter praticamente importncia alguma, desde que as posies relativas se mantenham aproximadamente as mesmas. Ora bem, para o artista nativo essa descoberta significar provavelmente muito. Pois ensinou-lhe a criar suas figuras ou rostos a partir daquelas formas que eram mais de seu agrado e que melhor se adequavam sua arte particular. O resultado poderia no ser muito semelhante vida real, mas conservaria uma

GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. RJ: Editora LTC Pg. 20certa unidade e harmonia de padro que justamente o que talvez estivesse faltando a nossa primeira garatuja. A fig. 26 mostra-nos uma mscara da Nova Guin. Pode no ser um espcime de beleza nem pretendeu ser; destina-se a uma cerimnia em que os jovens da aldeia se vestem como fantasmas e aterrorizam mulheres e crianas. Entretanto, por mais fantasmagrico ou repulsivo que esse "espectro" nos possa parecer, existe algo de agradvel e satisfatrio no modo como o artista construiu esse rosto a partir de formas geomtricas.

25. Mscara ritual do Alasca, representando um demnio da montanha comedor de homens, com o rosto manchado de sangue, Berlim, Museum fr Vlkerkunde 26. Mscara ritual da Nova Guin, Distrito de Elema. Usada por membros de uma sociedade secreta. Londres, Museu Britnico.

GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. RJ: Editora LTC Pg. 21

27. Casa de um chefe Haida (ndio pele-vermelha). Modelo existente no Museu Americano de Histria Natural. Nova York

Em algumas partes do mundo, os artistas primitivos desenvolveram elaborados sistemas para representar as vrias figuras e totens de seus mitos dessa maneira ornamental. Entre os ndios peles-vermelhas da Amrica do Norte, por exemplo, os artistas combinam uma observao muito penetrante das formas naturais com esse descaso pelo que chamamos a aparncia real das coisas. Como caadores, conhecem o verdadeiro formato do bico da guia, ou das orelhas do castor, muito melhor do que qualquer de ns. Mas consideram que uma dessas caractersticas suficiente. Uma mscara com um bico de guia uma guia. A fig. 27 um modelo de uma casa de cacique da tribo Haida de peles-vermelhas com trs dos chamados mastros totmicos na frente dela. Poderemos ver apenas uma barafunda de feias mscaras, mas, para o nativo, esses mastros ilustram uma antiga lenda de sua tribo. A prpria lenda poder impressionar-nos por ser quase to inslita e incoerente quanto a sua representao, mas j no nos deveramos surpreender pelo fato de as idias nativas serem diferentes das nossas. Era uma vez um jovem na cidade de Gwais Kun que costumava passar o dia todo mandriando na cama at que sua sogra o repreendeu por isso; ele sentiu-se envergonhado, saiu de casa e decidiu matar um monstro que vivia num lago e se alimentava de seres humanos e baleias. Com a ajuda de um pssaro encantado, preparou uma armadilha feita de um tronco de rvore e pendurou nele duas crianas como isca. O monstro foi apanhado, o jovem vestiu a pele dele e pescava peixes, que deixava regularmente na soleira da porta de sua sogra. Ela ficou to lisonjeada com essas inesperadas oferendas que se julgou uma poderosa feiticeira. Quando o

GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. RJ: Editora LTC Pg. 22jovem, finalmente, a desenganou, ela sentiu-se de tal modo envergonhada que morreu. Todos os participantes nessa histria esto representados no mastro central. A mscara abaixo da entrada uma das baleias que o monstro costumava comer. A grande mscara acima da entrada o monstro; por cima dele, a forma humana da infeliz sogra. A mscara com um bico, logo a seguir, o pssaro que ajudou o heri; este visto imediatamente depois, vestido com a pele do monstro e apresentando os peixes que pescou. As figuras humanas no final do mastro so as crianas que o heri usou como isca. tentador encarar tal obra como o produto de um extravagante capricho, mas para os que fizeram tais coisas era um solene empreendimento. Foram precisos muitos anos para cortar esses gigantescos' mastros com as ferramentas primitivas disposio dos nativos e, por vezes, toda a populao masculina da aldeia ajudava na tarefa. Era para assinalar e honrar a casa de um poderoso chefe. Sem uma explicao, jamais poderamos entender o significado de tais esculturas, nas quais tanto amor e trabalho foram consumidos. Isso ocorre freqentemente com obras de arte primitiva. Uma mscara como a da fig. 25 pode impressionar-nos como espirituosa, mas o seu significado tudo menos divertido. Representa um demnio da montanha, devorador de homens, com o rosto lambuzado de sangue. Mas, embora no o compreendamos, podemos apreciar a meticulosidade com que as formas da natureza so transformadas num padro consistente. H muitas grandes obras desse gnero que datam

28. Cabea do Deus da Morte. De um aliar maia. Copn, Honduras, datando provavelmente de 504 D.C. Molde existente no Museu Britnico.

29. (esquerda) Tlatoc, o Deus da chuva dos astecas, escultura anterior conquista espanhola. Berlim. Museum fr Viilkerkunde 30. (direita) Vaso de barro {Coleo Gaffnm) de um homem caolho. Escavado no vale de Chiama, Peru. Cerca de 500 d. C. Londres. Museu Britnico na forma de cabea

GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. RJ: Editora LTC Pg. 23dos estranhos comeos da arte, cuja explicao exata se perdeu provavelmente para sempre, mas que ainda podemos admirar. Tudo o que nos resta das grandes civilizaes da Amrica antiga a sua "arte". Coloquei a palavra entre aspas, no porque falte beleza a essas misteriosas edificaes e imagens algumas delas so profundamente fascinantes mas porque no devemos encar-las com a idia de que foram feitas por prazer ou "decorao". O baixo-relevo aterrador da cabea de um morto, pertencente a um altar das runas de Copn, nas Honduras atuais (fig. 28), lembra-nos os hediondos sacrifcios humanos que eram exigidos pelas religies desses povos. Por muito pouco que se saiba sobre o significado exato dessas esculturas, os emocionantes esforos dos estudiosos que descobriram essas obras e tentaram desvendar seus segredos ensinaram-nos o bastante para compar-las com outras obras de culturas primitivas. claro, esses povos no eram primitivos na acepo usual da palavra. Quando os conquistadores espanhis e portugueses do sculo XVI chegaram, os astecas no Mxico e os incas no Peru governavam sobre poderosos imprios. Tambm sabemos que, em sculos anteriores, os maias da Amrica Central tinham construdo grandes cidades e desenvolvido um sistema de escrita e de clculo de calendrios que era tudo menos primitivo. Tal como os negros da Nigria, os americanos pr-colombianos eram perfeitamente capazes de representar a face humana de maneira natural. Os antigos peruanos gostavam de modelar certos vasos na forma de cabeas humanas que eram impressionantemente fiis natureza (fig. 30). Se a maioria das obras dessas civilizaes parece remota e pouco natural aos nossos olhos, a razo esta nas idias que elas pretendem transmitir. A fig. 29 representa uma esttua originria do Mxico que se acredita datar do perodo asteca. o ltimo antes da conquista. Os estudiosos pensam que ela representa um deus da chuva, cujo nome era Tlaloc. Nessas regies tropicais, a chuva freqentemente uma questo de vida ou morte para as pessoas; pois sem chuva as safras podem-se perder e elas correm o risco de morrer de fome. No admira que o deus das chuvas e trovoadas assumisse, no esprito dessa gente, a forma de um demnio terrivelmente poderoso. O raio que surge das entranhas do cu parecia ser, na imaginao desses povos, uma enorme serpente e, por isso, muitos povos amerndios consideravam a cascavel um ser sagrado e poderoso. Se observarmos mais atentamente a figura de Tlaloc, vemos, de fato. que a sua boca formada por duas cabeas de cascavis colocadas frente a frente, com suas grandes e venenosas presas sobressaindo das mandbulas, e que o nariz tambm parece ser formado pelos corpos retorcidos das cobras. Talvez at os olhos possam ser vistos como serpentes enroscadas. Vemos at que ponto a idia de "construir" uma face a partir de determinadas formas pode afastar-nos de nossas idias de escultura que reflita fielmente a vida real. Tambm obtemos uma sugesto das razes que podem, por vezes, ter levado a esse mtodo. Era certamente apropriado formar a imagem do deus da chuva com base no corpo das cobras sagradas que consubstanciavam o poder do raio. Se tentarmos penetrar na mentalidade que criou esses dolos sobrenaturais, poderemos comear a entender como a feitura de imagens nessas primeiras civilizaes estava no s ligada magia e religio, mas era tambm a primeira forma de escrita. A serpente sagrada na antiga arte mexicana era no s a imagem de uma cascavel, mas tambm podia desenvolver-se num signo para o raio e, portanto, converter-se num carter pelo qual uma trovoada poder ser comemorada ou, talvez, invocada. Sabemos muito pouco a respeito dessas misteriosas origens, mas, se quisermos compreender a histria da arte, faremos bem em recordar uma vez por outra que imagens e letras so, realmente, parentes consangneas. 31. lndgena australiano, desenhando um modelo de gamb totmico numa rocha.

prof : Concepcin R. Pedrosa Morgado / Histria da Arte / Aula No. 01/ pg.

a

1 de 10

Unidade I: A arte nos primrdios da civilizao ocidental.

1.1 Conceituao do processo Arte Potica - Produo Artstica. Naturalismo Paleoltico VS Idealismo Neoltico. 1.2 O Figurativo e o Abstrato. A sensibilidade do exagero frente sensibilidade do Equilbrio. 1.1.1. Os Centros Cerimoniais como expresso do poder religioso.

Bibliografia Bsica: GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2000. JANSON, H.W. Histria Geral da Arte (03 volumes), So Paulo: Ed. Martins Fontes, 2001. JANSON, H.W. e Anthony E. JANSON. Iniciao Histria da Arte, So Paulo: Ed. Martins Fontes, 1996. Suporte bibliogrfico para esta unidade: GOMBRICH, E. H. A Histria da Arte. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2000.Captulo 1. Estranhos comeos. Povos pr-histricos e primitivos; Amrica Antiga. Pg. 39 53.

JANSON, H.W. Histria Geral da Arte (03 volumes), So Paulo: Ed. Martins Fontes, 2001. O Mundo Antigo e a Idade Mdia. Volume 1Captulo 1: A magia e o rito. A arte do homem pr-histrico. Pg. 39 70

JANSON, H.W. e Anthony E. JANSON. Iniciao Histria da Arte, So Paulo: Ed. Martins Fontes, 1996.A arte mgica dos homens das cavernas e dos povos primitivos. Pg. 14 21. Ateno: O presente material original da prof Concepcin R. Pedrosa Morgado, e faz parte de outros projetos em vias de execuo, seu uso est limitado apenas aos alunos da Graduao em Educao Artstica , na disciplina: Evoluo das Artes Visuais - 1, pelo que advertimos que sua reproduo total ou parcial terminantemente proibida pela autora e passvel de punio. Lembramos que este um material de apoio ao estudo individual que no pretende substituir a obrigatria consulta bibliografia indicada no Plano de Ensino da disciplina.a

prof : Concepcin R. Pedrosa Morgado / Histria da Arte / Aula No. 01/ pg. 1.1 Conceituao do processo Arte Potica - Produo Artstica. Naturalismo Paleoltico VS Idealismo Neoltico. NATURALISMO "Termo referente a uma abordagem artstica em que o artista procura representar os objetos tais como empiricamente observados e no segundo um estilo condicionado por preconceitos intelectuais ou outros fatores. Nesse sentido, a arte grega do perodo clssico com frequncia proclamada como a primeira arte genuinamente naturalista e as produes da Renascena italiana so vistas como uma retomada do naturalismo. Aplicado a uma escola particular de pintura, o termo foi empregado pela primeira vez por 1 Bellori (1615-1696) a respeito dos seguidores de Caravaggio, numa referncia a seu preceito de copiar fielmente a natureza, quer esta parecesse bela ou vil. O naturalismo, porm, no incompatvel com a idealizao da natureza; a escultura grega pode ser naturalista em termos da anatomia, mas idealista na medida em que estabelece um padro de beleza fsica muito distante do mundo comum. Tampouco implica o termo a necessidade de ateno aos mnimos detalhes, embora esta muitas vezes constitua parte da abordagem naturalista. Assim, a carga semntica da palavra pode variar muito de acordo com o contexto; quando empregada em sua acepo mais ampla, talvez denote apenas que se trata de uma obra figurativa, no abstrata. Os termos naturalista e realista so por vezes usados como sinnimos, mas a palavra realismo tem um 2 sentido definido na histria da arte e no deve ser usada de modo impreciso".

a

2 de 10

Processo Evolutivo segundo as teorias de Charles Darwin. O Termo "Histria" deriva do grego a (Eu Sei"), do termo a, posteriormente derivou para (que em grego significa investigao ou informao") e dali, passou ao termo latino Histria que se preservou tanto na lngua castelhana quanto na lngua portuguesa.

1

Bellori, Giovanni Pietro (1615-1696). Bigrafo, terico da arte, antiqurio e colecionador italiano do perdo barroco. Autor da obra VITE DE PITTORI, SCULTORI EY ARCHITETTI MODERNI (1672).2

FB: CHILVERS, Ian. Dicionrio Oxford de Arte. So Paulo: Martin Fontes, 2001. Pg. 372-373.Ateno: O presente material original da prof Concepcin R. Pedrosa Morgado, e faz parte de outros projetos em vias de execuo, seu uso est limitado apenas aos alunos da Graduao em Educao Artstica , na disciplina: Evoluo das Artes Visuais - 1, pelo que advertimos que sua reproduo total ou parcial terminantemente proibida pela autora e passvel de punio. Lembramos que este um material de apoio ao estudo individual que no pretende substituir a obrigatria consulta bibliografia indicada no Plano de Ensino da disciplina.a

prof : Concepcin R. Pedrosa Morgado / Histria da Arte / Aula No. 01/ pg.

a

3 de 10

BREVE CRONOLOGIA Pr-histria: marcada pela existncia do homem sobre o planeta Terra at o surgimento da escrita, (aproximadamente 3300 a J. C.) Idade Antiga at 476, queda do Imprio Romano do Ocidente Idade Mdia at 1453, queda do Imprio Romano de Oriente. Idade Moderna da Renascena at 1789, incio da Revoluo Francesa. Perodo ou Idade Contempornea desde 1789 at os nossos dias.

Arte Rupestre: Naturalismo Paleoltico versus Idealismo Neoltico.

Sir John Lubbock, Lord Averbury (1834-1913), cientista britnico do sculo XIX, foi quem utilizou pela primeira vez os termos paleoltico e neoltico na sua obra monumental Primitive Times (As origens da civilizao). A Pr-histria o perodo histrico que acontece entre a apario do primeiro ser humano e a origem da escrita. O termo Paleoltico (de paleo: antigo e lito: pedra) oAteno: O presente material original da prof Concepcin R. Pedrosa Morgado, e faz parte de outros projetos em vias de execuo, seu uso est limitado apenas aos alunos da Graduao em Educao Artstica , na disciplina: Evoluo das Artes Visuais - 1, pelo que advertimos que sua reproduo total ou parcial terminantemente proibida pela autora e passvel de punio. Lembramos que este um material de apoio ao estudo individual que no pretende substituir a obrigatria consulta bibliografia indicada no Plano de Ensino da disciplina.a

prof : Concepcin R. Pedrosa Morgado / Histria da Arte / Aula No. 01/ pg.

a

4 de 10

perodo da pedra antiga ou talhada. Os seres humanos desenvolveram uma economia de subsistncia depredadora.

Paleoltico Inferior: Acontece aproximadamente entre 2,5 milhes de anos at 120 mil anos antes da nossa Era , coincidindo com a apario das primeiras ferramentas criadas pelos homindeos.

Paleoltico Mdio: Perodo da pr-histria humana definido pela existncia do Homo Neanderthalensis. menos extenso que o perodo anterior (Paleoltico Inferior) e abrange entre 40.000 a 33.000 a. C.

Ateno: O presente material original da prof Concepcin R. Pedrosa Morgado, e faz parte de outros projetos em vias de execuo, seu uso est limitado apenas aos alunos da Graduao em Educao Artstica , na disciplina: Evoluo das Artes Visuais - 1, pelo que advertimos que sua reproduo total ou parcial terminantemente proibida pela autora e passvel de punio. Lembramos que este um material de apoio ao estudo individual que no pretende substituir a obrigatria consulta bibliografia indicada no Plano de Ensino da disciplina.

a

prof : Concepcin R. Pedrosa Morgado / Histria da Arte / Aula No. 01/ pg.

a

5 de 10

Paleoltico Superior: Coincide com os ltimos perodos dos glaciais wurmienses, em um momento de clima muito frio. Tambm se caracteriza porque as espcies humanas dos perodos anteriores como os Neandertais comeam a ter problemas para sua subsistncia, e se confrontam com a apario de uma espcie mais desenvolvida, recm sada da frica: O Homo Sapiens Sapiens ou Homem de Cro-magnon. A tcnica bsica de trabalhar a pedra foi a talha por percusso, isto , se golpeava uma roca para talha-la ou extrair fragmentos dela. Tambm se fazia talha por presso, utilizando como instrumento outra pedra afiada com o qual se fazia presso sobre a pedra para obter uma espcie de lminas. O Homo Habilis foi o primeiro em trabalhar a pedra, movido pela necessidade de elaborar instrumentos de caa: pedras para atirar, estilingues e pedras com bordas cortantes para esquartejar os animais. Assim mesmo, o Homo Erectus, que vivia como caador e coletor nos estepes e na floresta, usava tambm teis de pedra que lhe serviam para desenterrar razes e para caar e cortar a carne dos animais. Com o passo dos milnios, o Homo Erectus aprendeu a distinguir os diferentes tipos de pedras e preferiu aquelas que lhe serviam para fabricar instrumentos, como quartzo, slex, jaspe, obsidiana e tambm diversos cristais. Estes minerais se podem fracionar com facilidade, so relativamente duros e se caracterizam por ter bordas cortantes. Neoltico: Nova (idade) da Pedra (gr. , nos=novo; gr. , lthos=pedra) Perodo da pedra nova ou da pedra polimentada. Se descobrem as vantagens da agricultura, o cultivo do gado e a criao de peas com a tcnica da cermica. Aparecem os primeiros povoados fixos, estveis. O Neoltico tambm conhecido como Revoluo Agrcola se desenvolveu na rea do Oriente Prximo, desde onde se estende por sia, Europa e frica. Idade dos Metais: Se divide em trs grandes perodos: cobre, bronze e ferro. O homem adota uma organizao social mais avanada e complexa.

O desenvolvimento das ferramentas neolticas acompanhou a evoluo do homem e suas novas necessidades.

Ateno: O presente material original da prof Concepcin R. Pedrosa Morgado, e faz parte de outros projetos em vias de execuo, seu uso est limitado apenas aos alunos da Graduao em Educao Artstica , na disciplina: Evoluo das Artes Visuais - 1, pelo que advertimos que sua reproduo total ou parcial terminantemente proibida pela autora e passvel de punio. Lembramos que este um material de apoio ao estudo individual que no pretende substituir a obrigatria consulta bibliografia indicada no Plano de Ensino da disciplina.

a

prof : Concepcin R. Pedrosa Morgado / Histria da Arte / Aula No. 01/ pg.

a

6 de 10

Ateno: O presente material original da prof Concepcin R. Pedrosa Morgado, e faz parte de outros projetos em vias de execuo, seu uso est limitado apenas aos alunos da Graduao em Educao Artstica , na disciplina: Evoluo das Artes Visuais - 1, pelo que advertimos que sua reproduo total ou parcial terminantemente proibida pela autora e passvel de punio. Lembramos que este um material de apoio ao estudo individual que no pretende substituir a obrigatria consulta bibliografia indicada no Plano de Ensino da disciplina.

a

prof : Concepcin R. Pedrosa Morgado / Histria da Arte / Aula No. 01/ pg.

a

7 de 10

1.2 O Figurativo e o Abstrato. A sensibilidade do exagero frente a sensibilidade do Equilbrio.

A HISTRIA COMO RECONSTRUO SUBJETIVA DE UMA PARCELA DOS FATOS

ARTE um espao de representao -que pode ser mental ou fsica, ou ambos -, onde so projetados os conceitos, ideias, o imaginrio, em soma, a POTICA do indivduo ou da comunidade de que faz parte - ou a conjuno de ambos -, em forma abstrata ou figurativa.

POTICA: POTICA o conjunto ou sistema de ideias, conceitos, definies, pensamentos, sentimentos e representaes que visam a recriao da realidade, ou a criao de sistemas paralelos, sob uma sensibilidade artstica, de um imaginrio coletivo ou individual, ou ambos, e perfilam ou ajudam a traar um perfil criativo, j seja individual ou coletivo, caracterstico de uma poca, de um perodo, ou de um momento da PRODUO ARTSTICA. A PRODUO ARTSTICA a sua vez, vai estar determinada pelas condies sociais, econmicas e polticas do momento histrico, e pela posio do artista e sua insero ou no dentro dos padres culturais predominantes no momento da criao. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DA PERCEPO VISUAL:

LINHAS REAS VOLUMES

CORES VALORES TEXTURAS

CONFIGURAES

DIFERENAS

PRINCPIOS ORGNIZATIVOS DA PERCEPO VISUAL:

PROPORES FORMATO RELAO FIGURA-FUNDO EQUILBRIO RITMO

Ateno: O presente material original da prof Concepcin R. Pedrosa Morgado, e faz parte de outros projetos em vias de execuo, seu uso est limitado apenas aos alunos da Graduao em Educao Artstica , na disciplina: Evoluo das Artes Visuais - 1, pelo que advertimos que sua reproduo total ou parcial terminantemente proibida pela autora e passvel de punio. Lembramos que este um material de apoio ao estudo individual que no pretende substituir a obrigatria consulta bibliografia indicada no Plano de Ensino da disciplina.

a

prof : Concepcin R. Pedrosa Morgado / Histria da Arte / Aula No. 01/ pg.

a

8 de 10

1.1.1. Os Centros Cerimoniais como expresso do poder religioso. 1.1.2. As primeiras civilizaes. O modelo egpcio. 1.1.2.1. A importncia do Mito na civilizao Egpcia.

1.1.1. Os Centros Cerimoniais como expresso do poder religioso.

Um dos exemplos mais famosos do perodo Neoltico da Cultura Ocidental o Monumento de STONEHENGE, erigido pelos primitivos habitantes das terras da Bretanha, no territrio de SALISBURY (circa. 2750 -1500 a. C). STONEHENGE foi concebido pelos seus misteriosos construtores maneira 3 de um crculo mgico , tal vez, segundo as especulaes de estudiosos contemporneos -, com a inteno de estabelecer comunicao com entidades extraterrestes, ou mais provavelmente, dando continuidade ao esquema ritual que oferecia o crculo como trao originrio, presente em quase todas as culturas primitivas. Estes colossais conjuntos, oferecem junto s Gigantescas Cabeas da Ilha de Pscoa, e as pinturas 4 quilomtricas do Vale de Nazca , parte dos mistrios ainda no desvendados pelo homem do sculo XXI. O Centro Cerimonial de STONEHENGE teve provavelmente uma inteno ritual, vinculada ao

3

Ver o significado dos Crculos Mgicos ou MANDALAS, estudados de forma exaustiva pela psicologia ocidental, que quase sempre simbolizam unio, concentrao de foras mgicas, naturais ou espirituais.4

Pinturas feitas com pigmentos naturais, impressas na terra, em pleno territrio deserto, que unicamente so visveis desde uma perspectiva area Ateno: O presente material original da prof Concepcin R. Pedrosa Morgado, e faz parte de outros projetos em vias de execuo, seu uso est limitado apenas aos alunos da Graduao em Educao Artstica , na disciplina: Evoluo das Artes Visuais - 1, pelo que advertimos que sua reproduo total ou parcial terminantemente proibida pela autora e passvel de punio. Lembramos que este um material de apoio ao estudo individual que no pretende substituir a obrigatria consulta bibliografia indicada no Plano de Ensino da disciplina.a

prof : Concepcin R. Pedrosa Morgado / Histria da Arte / Aula No. 01/ pg.

a

9 de 10

culto da lua e ao culto do sol. Foi provavelmente, alm de local de reunio de antigas tribos nmades, usado maneira de um calendrio astronmico de curiosa preciso. significativa a existncia de aproximadamente 900 runas de crculos de pedra, espalhados por todas as Ilhas Britnicas, que tinham como objetivo ser o ponto de reunio dos Druidas durante o Solstcio de Vero. O MENHIR, foi a primeira marca do homem pr-histrico, localizados no perodo neoltico, podem ser considerados como um primeiro gesto arquitetnico. OS MENHIRES, so pedras gigantescas, quase sempre transladadas de lugares distantes, e colocadas em posio vertical, com a inteno de marcar um determinado ponto geogrfico onde aconteceriam rituais, ou eventos vinculados magia. Logo depois, comearam a ser erigidos os chamados DOLMENS, que so primitivas construes tri lticas, ou seja, constitudas por trs enormes pedras, duas em posio vertical, paralelas, colocadas como suporte de uma terceira que ficava em posio horizontal, na parte superior, maneira de um gigantesco portal. O Centro Cerimonial de STONEHENGE est formado por um crculo de DOLMENS, em torno DOLMENS e MENHIRES de menor tamanho colocados na parte central, formando um anel externo, em forma de ferradura, com as estruturas tri lticas ou DOLMENS, cuidadosamente trabalhados, lascados, todas elas de aproximadamente 4 m de comprimento, de at 50 toneladas de peso, que foram arrastadas por centenas de homens, uma distncia de 40 km. Isolada dentro desses crculos concntricos, h uma pedra que marca o lugar onde o sol se eleva durante o solstcio de vero. Na ILHA DE PSCOA, ainda pode ser estudada a tcnica com que provavelmente foi feito o gigantesco conjunto de esttuas - CABEAS DE DEZ METROS DE COMPRIMENTO -. Primeiro, utilizando picaretas de pedra bruta, entalhavam a esttua na cratera de um vulco extinto, depois, baixavam a esttua at a base do vulco, onde era colocada em um buraco, a terminavam de esculpir, e davam polimento, faziam logo, uma espcie de moldura de bambu onde a escultura era envolvida, a levantavam do buraco por meio de cordas, e a colocavam em uma espcie de tren de madeira, e mais de 180 homens puxavam a armao atravs da Ilha, at o lugar onde seria colocada sobre uma base de dois metros de altura, usando dois postes como alavancas, erguiam a escultura uns centmetros, e iam enfiando pedras embaixo do espao obtido para manter a inclinao, este processo era repetido uma e outra vez, at conseguir que a esttua ficasse completamente vertical, acima da base. O CONJUNTO DA ILHA DE PSCOA tem um total de SEISCENTAS FIGURAS GIGANTESCAS que constituem os enigmticos guardies dos segredos dos ilhus. Outro dos enigmas da Antiguidade a CIDADE DE BABILNIA, chamada de bero do mundo pelo rei Nabucodonosor. BABILNIA foi o nome dado Baixa Mesopotmia, reunificada em torno da Cidade de BABILNIA e do seu Imprio. A BABILNIA tornou-se importante no II milnio a.C., O rei HAMURABI (1793-1750 a.C.) fez dela sua Capital, mas seu Imprio no lhe sobreviveu. A cidade foi destruda pelos HITITAS (1595 a.C), e governada de maneira medocre pelos soberanos Cassitas durante 4 sculos. No sculo XII a.C., (circa 1127 -1105 a.C) sob o reinado de Nabucodonosor I, tornou-se umAteno: O presente material original da prof Concepcin R. Pedrosa Morgado, e faz parte de outros projetos em vias de execuo, seu uso est limitado apenas aos alunos da Graduao em Educao Artstica , na disciplina: Evoluo das Artes Visuais - 1, pelo que advertimos que sua reproduo total ou parcial terminantemente proibida pela autora e passvel de punio. Lembramos que este um material de apoio ao estudo individual que no pretende substituir a obrigatria consulta bibliografia indicada no Plano de Ensino da disciplina.a

prof : Concepcin R. Pedrosa Morgado / Histria da Arte / Aula No. 01/ pg.

a

10 de 10

lugar preponderante. Depois de um tumultuado perodo em que entraram em guerra contra os Assrios, com a vitria do rei Nabopolassar (626-605 a.C.), e seu filho e sucessor Nabucodonosor II (605-562 a.C.) que tomou a Cidade de JERUSALM e levou em cativeiro um grande nmero da habitantes. Foi na Cidade de BABILNIA onde a Bblia situa a construo da TORRE DE BABEL, que a arrogncia humana queria fazer chegar at os cus, e que o prprio Criador, fez com que o magnfico projeto arquitetnico fracassasse, ao fazer com que seus construtores comeassem a falar em lnguas e dialetos diferentes, semeando a incompreenso, e, ao mesmo tempo, tentando explicar a origem da diversidade das culturas da humanidade. Na antiga BABILNIA tambm estavam localizados os Jardins Suspensos (feitos para a legendria rainha SEMRAMIS) , considerados uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. As construes da MESOPOTMIA eram feitas utilizando o tijolo seco, como bloco bsico das construes. Os Mesopotmios elevaram os chamados zigurates ou zigurats, (Torres em forma de pirmides escalonadas). A existncia desses antigos Centros Cerimoniais, mostra a necessidade que os antigos tinham de erigir grandes estruturas, feitas em materiais permanentes -de acordo com as condies climticas de cada povo -, para atrair a ateno dos seus deuses e realizar atividades dirigidas a agradar as entidades naturais personificadas em divindades, com sacrifcios, cerimnias rituais, etc. quase todas vinculadas s mudanas de estao, fertilidade e aos ciclos da vida.

Ateno: O presente material original da prof Concepcin R. Pedrosa Morgado, e faz parte de outros projetos em vias de execuo, seu uso est limitado apenas aos alunos da Graduao em Educao Artstica , na disciplina: Evoluo das Artes Visuais - 1, pelo que advertimos que sua reproduo total ou parcial terminantemente proibida pela autora e passvel de punio. Lembramos que este um material de apoio ao estudo individual que no pretende substituir a obrigatria consulta bibliografia indicada no Plano de Ensino da disciplina.

a

Civilizaes da Antiguidade/Chegada do homem s Amricas

1

Civilizaes da Antiguidade/Chegada do homem s AmricasA Chegada do homem s Amricas um assunto muito estudado hoje em dia. No se sabe ao certo como que o homem chegou no continente americano e nem a poca em que ele chegou. Anteriormente devido a registros arqueolgicos achava-se que o homem havia chagado as Amricas entre 10.000 e 15.000 anos atrs. Recentes descobertas provam que o homem chegou muito antes, h 50.000 anos. Esses achados histricos foram encontrados no maior stio arquiolgico das Amricas, o Parque Nacional Serra da Capivara no Piau, Brasil.Achados no Parque Nacional Serra da Capivara

A teoria mais conhecida de que o homem tenha migrado da Sibria ao Alasca na ultima glaciao da Terra, a Glaciao Wisconsin (que durou entre 100.000 e 10.000 anos atrs), ocorrida no Pleistoceno. Porm isso no passa de uma teoria. Nesta teoria, o homem atravessou o Estreito de Bering que naquela poca se encontrava congelado. Outra teoria a que povos nomades tenham migrado entre as Ilhas do Pacfico at chegarem ao continente.

A teoria da glaciao

12/10/2011

ARTE PR-COLOMBIANATextos.

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

1 de 22

ARTE PR-COLOMBIANATextos.Oficinas Temticas de contedo especfico para as reas de conhecimento relativas Arte Africana, Arte Asitica, e Arte Latino-Americana,na prxima prova do ENADE, a ser aplicada no ms de novembro do ano em curso.

Consideram-se arte pr-colombiana as manifestaes artsticas dos povos nativos da Amrica espanhola antes da chegada de Cristvo Colombo, em 1492. Tudo o que resta das grandes civilizaes do perodo anterior colonizao do continente americano pelos europeus sua "arte". Neste caso "arte" compreende objetos com funes definidas, em geral mgica ou religiosa, e tambm artigos simplesmente belos, criados para decorao. Fazem parte do universo artstico dessas civilizaes tanto os templos e casas quanto as esculturas, relevos, pinturas, utenslios domsticos, objetos ornamentais, amuletos e tecidos. De autoria desconhecida, as obras so realizadas por artfices, cuja tarefa transpor para os materiais (pedra, barro, metal etc.) padres de representao predeterminados pelas crenas ou cincias de cada povo. Entre os estudiosos, a identificao, a interpretao e a comparao dos sistemas de representao dos povos amerndios servem para classific-los e decifrar um pouco de sua cultura como um todo. No final do sculo XV, portugueses e espanhis fizeram grandes viagen de navegao que resultaram na descoberta e na dominao do continente americano. Mas enquanto a Europa vivia um perodo de valorizao do pensamento cientfico e humanstico, a cultura dos povos encontrados pelos conquistadores possua caractersticas muito peculiares, e sua histria apresentava uma evoluo bem diferente da registrada pela civilizao europia at o Renascimento. Trata-se de manifestaes culturais de civilizaes que se loclizaram no Mxico, na Amrica Central e no norte da Amrica do Sul, principalmente no Peru. Descobertas arqueolgicas indicam que o homem est presente na Amrica h pelo menos 20 mil anos. Contudo, so trs as principais civilizaes amerndias conhecidas. A mais antiga, maia, surge na pennsula de Yucatn, na Amrica Central, por volta de 2.600 a.C., e ocupa a regio mesoamericana. Quando os espanhis iniciam a colonizao da Amrica, esse povo j se encontra em declnio. Bem mais recente, o imprio asteca inicia-se em 1376 e vai at 1521, quando Tenochtitln, a capital do imprio, conquistada e destruda pelos espanhis, que sobre ela edificam a atual Cidade do Mxico. A terceira maior civilizao pr-colombiana, a inca, se desenvolve nos Andes, na Amrica do Sul, nas regies atuais do Peru, Bolvia, Equador, expandindo-se a partes da Colmbia, Chile e Argentina. Nota-se que esses trs povos coexistem ou so precedidos e influenciados por culturas importantes, como AIMAR, CHAVN, MIXTECA, MOCHE, NASCA, OLMECA, TOLTECA, TEOTIHUACN, ZAPOTECA e outras.

1

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

2 de 22

Arte e Cultura Pr-Colombiana

IntroduoNs ocidentais estudamos quase que unicamente a historia do ocidente, deixando o oriente e o extremo ocidente de lado. Viso neste trabalho mostrar algumas peculiaridades da cultura que existia nas Amricas antes da chegada dos europeus e da conseqente aniquilao destes povos.

2

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

3 de 22

MochicasUma dos fatos mais marcantes das culturas pr-colombianas que praticamente todas, seno todas, realizavam sacrifcios humanos. Recentemente foram descobertos dois tmulos com dezenas de ossadas humanas em uma pirmide no Peru. Huaca de la Luna como chamada esta pirmide, o principal templo mochica, tinha 32 metros de altura. Ela possui um altar no topo de onde eram realizados os sacrifcios e os corpos eram ento jogados la de cima. Os mochicas no possuam escrita, porem possuam uma rica iconografia. Nela so pintadas vrias tradies de sua cultura como, por exemplo, todo o ritual de sacrifcio. Estes comeavam com a captura de prisioneiros em batalhas, geralmente travadas no deserto, entre as cidades-estado. Os soldados vencedores batiam com pesados porretes no nariz dos vencidos que ento eram despidos e amarrados pelo pescoo para serem conduzidos at a cidade vencedora. Os captores traziam os prisioneiros e desfilavam com eles na praa principal do templo. Ali eram apresentados aos sacerdotes e imagem de Ai-Apaec, o deus que exigiria o sacrifcio e que estava pintada nos muros da grande praa. Os cativos eram ento preparados para morte com sementes de coca e alucingenos. Os prisioneiros eram ento levados ao altar da Huaca de la Luna, de onde apenas os lordes e sacerdotes podiam sair vivos. O cativo era degolado pelo sacerdote com uma esptula afiada. Uma sacerdotisa, ento, recolhia o sangue em uma taa de cermica que era oferecida ao lorde que o bebia. Estima-se que em torno de trs humanos eram sacrificados a cada cerimnia. Os motivos destes rituais eram polticos e religiosos. Os mochicas fizeram do sacrifcio humano um elemento religioso central, diz Steve Bourget [1] . Os murais coloridos da Huaca de la Luna mostram uma figura assustadora, com dentes felinos, que traz um machado em uma mo e uma cabea na outra. Seu nome Ai-Apaec, tambm chamado de El Degollador em espanhol. Figura comum entre as culturas andinas, supe-se que seu culto comeou h mais de 3000 anos. Porem, foram os mochicas que elevaram-no ao posto de divindade mxima. Isso ocorreu por volta do ano 50 de nossa era, quando uma classe de sacerdotes-guerreiros tomou o poder nos vales da costa norte peruana. Esses homens, conhecidos como lordes3

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

4 de 22

mochicas, criaram uma confederao de cidades-estado que dominou um territrio de 400 quilmetros de extenso. Os lordes criaram uma estrutura social incrivelmente complexa, baseada no controle da autoridade religiosa, poltica e militar, diz o arquelogo Walter Alva [2] . Assim como os faras egpcios, eles reinvidicavam para si mesmos o status de divindade. Os cultos sangrentos eram demonstraes publicas intimidadoras. O Estado mochica usava o terror religioso como instrumento de poder poltico. Os motivos religiosos eram ajudar AiApaec, o deus da ordem, a enfrentar um puma, representante da desordem. A vitria do todo-poderoso prenunciava boas chuvas e invernos amenos, mas para garantir que ele ganhasse a luta era preciso alimenta-lo com sangue. Dessa forma os sacerdotes afirmavam poder controlar o mundo, o tempo e o clima atravs dos sacrifcios realizados. E os mtodos de execuo usados eram muitas vezes tenebrosos. Nas tumbas recentemente escavadas havia sinais claros de tortura antes da morte. Alguns esqueletos tm marcas de cortes na mo, feitos no mesmo ponto repetidas vezes. Outros parecem ter sidos espetados com varetas entre os dedos do p, diz o antroplogo John Verano[3] . Depois da morte os corpos apodreciam a cu aberto. Mesmo com tamanho horror, os mochicas liderados por seus sacerdotes sanguinrios conseguiram realizar grandes feitos. Transformaram enormes faixas de deserto em terras cultivveis, construindo aquedutos to eficientes quanto os da Roma antiga e que ate hoje so usados pelos camponeses peruanos. Tambm ergueram algumas das maiores construes da Amrica pr-colombiana, como as huacas de El Brujo e Del Sol. Esta ultima tinha mais de 40 metros de altura e ocupava uma rea superior a da famosa pirmide de Quops, a maior do Egito. Sua principal cidade, no vale do rio moche, chegou a ter 15 000 habitantes. La, artesos e ourives produziram as obras de arte mais espetaculares de toda a Amrica pr-hispanica.

4

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

5 de 22

Curiosamente, os mochicas tinha uma sensibilidade esttica extraordinria. Suas obras de arte esto entre as mais espetaculares da Amrica prhispanica, diz o arquelogo americano Christopher Donnan [4] , eles alcanaram um grau de realismo nas esculturas de cermica que supera de longe os maias, a mais desenvolvida civilizao americana. O estilo mochica clssico o chamado huaco-retrato, que surgiu no sculo V na cidade que estava aos ps da Huaca de la Luna. So vasos de gargalo com esculturas que mostram figures da poltica, o cotidiano da populao e cenas de sexo explicito. Para produzi-los em grande quantidade, os artesos mochicas foram os primeiros na Amrica do Sul a usar moldes. As peas de ouro e cobre, desenterradas em 1987, formam o conjunto mais rico da ourivesaria pr-hispanica. Assim como a cermica decorada, as peas de metal eram de uso exclusivo dos nobres, que prezavam sobretudo o ouro. Porem, entre os sculos VI e VII, o clima pirou na regio. Estima-se que alteraes meteorolgicas tenham produzido uma sucesso de secas, esgotando os rios que abasteciam as cidades mochicas. Como se no bastasse, depois deste perodo, veio uma enorme quantidade de chuvas que arrebentaram canais de irrigao e destruram as casas de barro e palha dos camponeses. Os lordes e sacerdotes, como guardies da ordem natural das coisas, perderam credibilidade. As dezenas de guerreiros sacrificados de nada adiantaram para apaziguar os dedos. Sem apoio da populao, a sociedade liderada pelos sacerdotes entrou em colapso, e assim as ultimas cidades foram abandonadas por volta do sculo VIII.

5

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

6 de 22

O perodo clssico da cultura MAIA ocorre entre os anos 300 e 900 d.C. Excelentes arquitetos, escultores e pintores, os maias so chamados de "intelectuais do Novo Mundo" por causa dos avanados sistemas numricos e astronmicos, da escrita hieroglfica e de seu complexo calendrio. Em esculturas e pinturas, utilizam tanto os padres geomtricos e zoomrficos estilizados quanto figuras humanas. O que pode parecer simples elemento decorativo, na verdade a expresso dos sistemas lingstico e numrico desse povo. No conhecem a metalurgia e trabalham sobretudo com pedra e argila. Os exemplares mais significativos da pintura maia encontram-se em seus cdices iluminados. Sabe-se que para eles toda cor smbolo de algo (preta a cor da guerra, amarela da fecundidade etc.) bem como a cada deus corresponde um algarismo. Itzama o principal deus dos maias, considerado o criador do calendrio, da escrita e do sistema numrico. O povo maia se destaca pela organizao de suas cidades e construes. Estas so edificadas ao redor de ptios e diferem conforme a funo administrativa. Em geral so pouco elevadas e contrastam com os templos muito altos, construdos sobre elevadas pirmides macias de pedra. Esse material cuidadosamente talhado, a fim de que as edificaes tenham encaixes perfeitos. Os maias so responsveis pela criao das "falsas abbadas", utilizadas para cobrir corredores, quartos e jazigos. Todos os monumentos, templos e palcios so abundantemente decorados: esse povo tem horror a espaos vazios; em geral ornamentos e hierglifos envolvem personagens representadas, e so compostos segundo um elevado sentido de simetria. O Palcio do Governador, em Uxmal (Mxico), os templos, edifcios e esculturas monumentais das cidades de Copn (Honduras) e Tikal (Guatemala) esto entre as principais runas maias.

6

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

7 de 22

MaiasA civilizao Maia se localizava no que era chamado Peten, como mostra o mapa ao lado. Durante o primeiro milnio de nossa era os Maias ergueram nesse territrio uma das civilizaes mais florescentes da Amrica, e que foi bruscamente abandonada no inicio do sculo XI. Matemticos de gnio, grandes astrnomos e inventores de uma escrita, ignoravam os metais e utilizaram instrumentos de pedra polida, o que muito se assemelha ao nosso perodo Neoltico, mas edificaram suntuosas cidades sagradas em pleno corao dessa floresta virgem. Nos seus templos imponentes, colocados no cimo de pirmides que atingem, por vezes, a altura de cinqenta metros, desenrolavam-se cerimnias rituais e de iniciao, das quais algumas pedras magnificamente esculpidas nos transmitiram o testemunho. [5] Mesmo existindo um livro Maia que fala sobre a criao do universo, o Popol-Vuh, pouco se sabe sobre o inicio dessa curiosa civilizao. [O Popol-Vuh] comea com os feitos dos deuses Maias na escurido de um oceano primitivo e termina com o radiante esplendor dos lordes que fundaram o reino de Quiche nos planaltos da Guatemala. [6]Sobre a real origem dos Maias, porem, existem diversas teorias. Eles poderiam ser descendentes dos povos que atravessaram o estreito de Bering, cerca de vinte mil anos atrs. J.E. Thompson diz que eles poderiam muito bem ser primos afastados dos Sumrios, os astrnomos que edificaram numerosas pirmides trs mil anos antes. [7] Essa teoria tambm mencionada por Adrian Gilbert em Las Profecias Mayas, onde diz que poderiam ser decendentes de Cartagineses. Careri, en su libro Giro Del Mondo, hace eco de estos sentimientos, pues seala que incluso Aristteles saba que los cartagineses viajaban ms all de las Columnas de Hrcules (el Estretcho de Gilbratar). [8] Ele ainda diz que fue registrado por Herodoto, por ejemplo, que los cartagineses circunnavegaron frica unos 2 000 aos antes que Vasco da Gama. [9]

7

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

8 de 22

Definitivamente um dos maiores feitos artsticos da civilizao Maia foi sua escrita. Escrita hierglifos Maia consiste de smbolos que representam palavras completas

(logogrifos) ou silabas que consistem de pares de vogais com consoantes ou de vogais. Numa escrita silbica, palavras so escritas pelos smbolos de cada bloco, ordenados um atrs do outro. [10] A pagina desta nota explica bem como ler e escrever com os smbolos silbicos Maias. Nas prximas folhas constam vrios exemplos destes smbolos.

8

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

9 de 22

9

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

10 de 22

Estes eram alguns exemplos de hierglifos completos. Eles so formados a partir dos smbolos a seguir, cada um com o seu respectivo significado.

10

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

11 de 22

11

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

12 de 22

Estes hierglifos, juntos, podem constituir um texto que possui a seguinte aparncia:

A aparncia fsica dessa escrita, em pedras das paredes das maravilhosas construes Maias so como nas fotos a seguir, de degraus da escada do Templo de Cinco Andares em Edzna:

12

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

13 de 22

Este templo uma das vrias construes realizadas pelos Maias para sua religio.

13

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

14 de 22

Templo de Cinco Andares de Edzna Tambm conhecido como O Palcio, o Templo de Cinco Andares tem a frente para o oeste e alinhado de forma que dia primeiro de maio e 13 de agosto - quando o sol alcana o seu znite neste local, o sol poente brilha diretamente em suas salas. Este alinhamento provavelmente relacionado com as pocas de plantio. [11] Com olhos ampliados, estas mascaras provavelmente representavam aspectos do deus do sol. [12]

14

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

15 de 22

Os palcios e templos se misturavam um ao outro atravs de graduaes continuas. Provavelmente um dos principais objetivos do arquiteto Maya era atingir a diferenciao por altura em diferentes nveis vagamente marcando a funo para qual cada edifcio era dedicado. Ao mesmo tempo ele estava extremamente sensvel para os espaos colocados entre as edificaes, procurando obter largos e ritmicamente ordenados volumes abertos.

Estas reas abertas com diferenas de nvel so uma das fantsticas realizaes da arquitetura Maya. [13]

15

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

16 de 22

Este um desenho de reconstruo do Palcio de Xpuil, feito por Tatiana Proskouriakoff em 1943. Ela foi uma das exploradoras que se aventurou em Peten tentando decifrar os segredos Maias.

16

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

17 de 22

Esta foto como se encontra atualmente o Palcio de Xpuil, ou o que restou dele aps anos sofrendo o desgaste do tempo.

O Templo-Palcio de Dzibilnocac se situa numa plataforma de 250 ps de comprimento e 98 de largura. A estrutura consiste em uma comprida e baixa construo em um eixo de leste a oeste, com um templo de cada lado e outro muito maior no meio. A foto acima mostra o templo situado no lado leste.

17

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

18 de 22

Uma das curiosidades da cultura Maia era seu padro de beleza. Eles achavam esteticamente bonito pessoas com a testa achatada. Os recm nascidos eram colocados amarrados entre duas tabuas por vrios dias. A presso era suficiente para remodelar o crnio permanentemente, deixando-o alongado. O processo no tinha efeito na inteligncia porque o crebro tem grande capacidade plstica na infncia, e iria simplesmente se acomodar ao novo formato. Estima-se que isto era feito para que a cabea tivesse a aparncia de uma espiga de milho, a substancia, de acordo com o Popol Vuh, de onde toda a humanidade fora criada. O deus do milho era com freqncia representado com esta cabea alongada. Outra peculiaridade do padro de beleza Maia eram os olhos vesgos. Para fazer com que as pessoas tivessem olhos assim, era pendurado uma pequena bola de resina entre os olhos da criana, na esperana de que atingir o efeito desejado. J a vestimenta Maia tambm era peculiar. Ate mesmo para jogos de bola as pessoas utilizavam seus chapus que, quando maior, mais elevada classe a pessoa pertencia. No desenho abaixo tem-se, a esquerda, alguns exemplos de chapus, e no da direita um jogador de bola.

18

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

19 de 22

J o desenho abaixo demonstra como mulheres da aristocracia se vestiam.

Uma das lendas Maias conta a historia de uma princesa que se apaixonou por um homem com o qual no poderia casar. To inconsolvel estava que chorava dia e noite por causa de seu amor proibido. Um Shaman, ouvindo seu choro e descobrindo a sua causa, transformou-a num besouro brilhante, uma jia viva. O seu amado colocou o broche em seu peito. Assim, ela passou a sua vida perto do corao daquele que ela gostava. A foto ao lado de um broche que hoje em dia ainda vendido na Amrica Central. Os Maias desenvolveram ainda uma aguadissima astronomia. Observavam os cus, tinham um calendrio complexo onde se encaixava os anos de Vnus no cu terrestre, que em torno de oito anos oficiais. Eles ainda acreditavam que o tempo seria constitudo de cinco mundos, estando eles no quarto. A data final para este quarto mundo, porem, seria no ano de 1047. Esta proximidade iminente da inevitvel catstrofe certamente criou entre a elite Maia do sculo IX um tremendo clima de angustia. (...) Cada dia que se passava aproximava-os do fim do mundo, e tinham plena conscincia disso. (...) O medo instalou-se ento no corao dos homens, uma atividade anormal agitava as cidades sagradas e o povo inquietavase. [14] Os Maias realizaram ainda, no sculo IX, um congresso de astrnomos. A reunio provavelmente foi convocada na esperana de encontrar, a todo o preo, um meio de fazer face ao aniquilamento anunciado pelos calendrios. Para os Maias, o nico modo de escapar era renunciando ao sistema. Fugindo desta terra sagrada onde haviam vivido durante sculos e sculos, abandonando a selva invasora, os templos, os palcios e os campos de milhos, realizavam um fim do mundo voluntrio e19

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

20 de 22

artificial. Esquecendo seu esquema csmico, escapavam miraculosamente ao terrvel destino que os esperava. Os Maias tiveram de renunciar a tudo: ao conhecimento, ao poder, organizao social e as belas cidades. As elites foram realmente sacrificadas para salvao dos homens ou ento tomaram com eles o mesmo caminho do exlio, para acabarem por se instalar numa outra regio e ai levarem uma vida onde somente pudesse intervir o tempo do homem, o nico com sabor de eternidade. [15] E assim se deu cabo de outra das mais fantsticas civilizaes pr-colombianas. Concluso Particularmente, o estudo dos povos pr-colombianos algo fascinante. As peculiaridades destas culturas to diferentes da nossa podem nos fazer refletir sobre os absurdos dos quais tomamos parte todo dia sem nos dar conta. E no apenas os povos antigos da Amrica, como tambm as culturas orientais seguem o mesmo dogma. A escrita Maia fascinante e extremamente peculiar. Ate pelo tempo que se levou para entende-la, passaram-se dcadas para decifra-la e ainda no foi completamente entendida. Todo o conhecimento adquirido neste trabalho ainda esta sendo utilizado em meu prprio trabalho, pois para a historia do jogo que estou desenvolvendo estamos utilizando vrios aspectos mitolgicos. E ainda provavelmente incluiremos monumentos antigos, e com certeza os pr-colombianos estaro entre eles.OS ASTECAS, OU MEXICAS, herdam alguns elementos da cultura maia, como os templos edificados em plataformas sobre pirmides. Tambm entram em contato com os toltecas antes de se instalar na margem ocidental do lago Texcoco, e fundar Tenochtitln. A cidade construda tanto em terra firme quanto em pequenas ilhas artificiais dentro do lago, historicamente conhecida como a "Veneza americana". O centro poltico, religioso e econmico a construo chamada "Templo Maior". Povo guerreiro, o militarismo predomina em todos os aspectos da vida entre eles. Os principais deuses patrocinam as conquistas guerreiras; os ritos e a arte litrgica envolvem o sacrifcio de prisioneiros; as expresses plsticas insistem na iconografia relacionada com a guerra. Por isso, muitas das esculturas astecas tm ar macabro: comum encontrar mscaras de crnios humanos decorados com barro ou crnios e cabeas de pedra com as rbitas vazias. As esculturas so slidas, feitas em blocos macios desbastados e de formas estilizadas. Os artistas e artesos astecas tm grande habilidade manual: trabalham os metais e as pedras preciosas; dedicam-se arte plumria e fabricao de tecidos com motivos geomtricos num rico colorido; executam pinturas murais e miniaturas em faixas de pele de veado ou feltro fino. Os INCAS se desenvolvem em torno do lago Titicaca, na regio dos Andes centrais peruanos. Iniciam processo de expanso e hegemonia em 1438 na capital, Cuzco, sul do Peru, dando origem ao imprio inca ou tawantinsuyo, em lngua quchua. Povo agrcola, os incas inventam o quipu, sistema contbil baseado em cordas de cores e tamanhos diversos, e no desenvolvem uma linguagem escrita. Na arquitetura do preferncia ao simples e funcional, sem muita decorao. Destacam-se pela organizao e edificao das cidades (com plantas regulares em xadrez ou em forma oval), precedida por um trabalho de planificao e engenharia (utilizam principalmente tcnica de encaixe de pedras para construir). Na cermica apreciam as formas puras trabalhadas com motivos geomtricos e diversas cores. Os tecidos so ricos no colorido e decorados com desenhos estilizados. Sabem trabalhar com destreza o20

Prof. Concepcin R. Pedrosa Morgado de Segre / Arte ENADE

21 de 22

ouro e a prata, que utilizam na decorao de portas e muros ou como artefatos de adorno, e em objetos litrgicos.

BibliografiaGILERT, Adrian. Las Profecias Mayas. Mexico: Editora Grijalbo. 1996, 394 paginas. IVANOFF, Pierre. Descobertas na terra dos Maias. Lisboa: Editora Bertrand. 1968. 315 paginas. SuperInteressante, ano 14, numero 3. Maro de 2000. http://www.halfmoon.org http://www.mayaruins.com http://www.pantheon.org http://www.eroticamuseum.com http://www.travelvantage.com/per_moch.html#The Moche

[1] Super Interessante de maro de 2000, ano 14, numero 3 [2] Mesma Super Interessante de maro de 2000 [3] Super Interessante, maro de 2000. [4] Super Interessante, maro de 2000. [5] Pierre Ivanoff, Descobertas na terra dos Maias. [6] http://www.pantheon.org/mythica/articles/p/popol_vuh.html [7] Pierre Ivanoff, Descobertas na terra dos Maias. [8] Adrian Gilbert, Las Profecias Mayas. [9] Adrian Gilbert, Las Profecias Mayas. [10] http://www.halfmoon.org/writing.html [11] http://www.mayaruins.com/edzna/m2_010.html [12] http://www.mayaruins.com/edzna/m2_014.html [13] http://www.mayaruins.com [14] Pierre Ivanoff, Descobertas na Terra dos Maias. [15] Pierre Ivanoff, Descobertas na Terra dos Maias.21

Astecas

1

AstecasImprio Asteca

Imprio Pr-Colombiano13251521

Continente Capital Lngua oficial Religio Governo Tlatoani 13761395 15201521 Histria

Amrica do Norte Tenochtitlan Nuatle Religio asteca Monarquia

Acamapichtli Cuauhtmoc

13 de maro de 1325 de 1325 Tenochtitlan fundada. 13 de agosto de 1521 de 1325 Conquista do Imprio Asteca Moeda Vrias

Os astecas (1325 at 1521; a forma azteca tambm usada) foram uma civilizao mesoamericana, pr-colombiana, que floresceu principalmente entre os sculos XIV e XVI, no territrio correspondente ao atual Mxico. Na sucesso de povos mesoamericanos que deram origem a essa civilizao destacam-se os toltecas, por suas conquistas civilizatrias, florescendo entre o sculo X e o sculo XII seguidos pelos chichimecas imediatamente anteriores e praticamente fundadores do Imprio Asteca com a queda do Imprio Tolteca. Os astecas foram derrotados e sua civilizao destruda pelos conquistadores espanhis, comandados por Fernando Cortez. O idioma asteca era o nuatle (nahuatl).

Astecas

2

HistriaO controle poltico do populoso e frtil vale do Mxico ficou confuso aps 1100. Gradualmente, os astecas, uma tribo do norte, assumiram o poder depois de 1200. Os astecas eram um povo indgena da Amrica do Norte, pertencente ao grupo nahua. Os astecas tambm podem ser chamados de mexicas (da Mxico). Migraram para o vale do Mxico (ou Anahuc) no princpio do sculo XIII e assentaram-se, inicialmente, na maior ilha do lago de Texcoco (depois todo drenado pelos espanhis), seguindo instrues de seus deuses para se fixarem onde vissem uma guia pousada em um cacto, devorando uma cobra.A partir dessa base formaram uma aliana com duas outras cidades Texcoco e Tlacopn contra Atzcapotzalco, derrotaram-no e continuaram a conquistar outras cidades do vale durante o sculo XV, quando controlavam todo o centro do Mxico como um Imprio ou Confederao Asteca, cuja base econmico-poltica era o modo de produo tributrio. No princpio do sculo XVI, seus domnios se estendiam de costa a costa, tendo ao norte os desertos e ao sul o territrio maia. Os astecas, que atingiram alto grau de sofisticao tecnolgica e cultural, eram governados por uma monarquia eletiva, e organizavam-se em diversas classes sociais, tais como nobres, sacerdotes, guerreiros, comerciantes e escravos, alm de possurem uma escrita pictogrfica e dois calendrios (astronmico e litrgico). Ao estudar a cultura asteca, deve-se prestar especial ateno a trs aspectos: a religio, que demandava sacrifcios humanos em larga escala, particularmente ao Deus da guerra, Huitzilopochtli; a tecnologia avanada, como a utilizao eficiente das chinampas (ilhas artificiais construdas no lago, com canais divisrios) e a vasta rede de comrcio e sistema de administrao tributria.

Braso de armas mexicano mostrando o sinal para a fundao da capital asteca.

Um guerreiro-jaguar do Codex Magliabecchiano. O jaguar desempenhava um papel cultural na mitologia asteca.

O imprio asteca era formado por uma organizao estatal que se sobreps militarmente a diversos povos e comunidades na Meso-Amrica. Segundo Jorge Luis Ferreira, os astecas possuam uma superioridade cultural e isso justificaria sua hegemonia poltica sobre as inmeras comunidades nestas regies, o que era argumentado por eles mesmos. No perodo anterior a sua expanso os astecas estavam no mesmo estgio cultural de seus vizinhos de outras etnias. Por um processo muito especfico, numa expanso rpida, passaram a subjugar, dominar e tributar os povos das redondezas, outrora seus iguais. importante lembrar estes aspectos pelo fato de terem se tornado dominantes por uma expanso militar, e no por uma suposta sofisticao cultural prpria e autnoma. Apesar de sacrifcios humanos serem uma prtica constante e muito antiga na Mesoamrica, os astecas se destacaram por fazer deles um pilar de sua sociedade e religio. Segundo mitos astecas, sangue humano era necessrio ao sol, como alimento, para que o astro pudesse nascer a cada dia. Sacrifcios humanos eram realizados em grande escala; algumas centenas em um dia s no era incomum. Os coraes eram arrancados de vtimas vivas, e levantados ao cu em honra aos deuses. Os sacrifcios eram conduzidos do alto de pirmides para estar perto dos deuses e o sangue escorria pelos degraus. A economia asteca estava baseada primordialmente no milho, e as pessoas acreditavam que as colheitas dependiam de proviso regular de sangue por meio dos sacrifcios.

Astecas Durante os tempos de paz, "guerras" eram realizadas como campeonatos de coragem e de habilidades de guerreiros, e com o intuito de capturar mais vtimas. Eles lutavam com clavas de madeira para mutilar e atordoar, e no matar. Quando lutavam para matar, colocava-se nas clavas uma lmina de obsidiana. Sua civilizao teve um fim abrupto com a chegada dos espanhis no comeo do sculo XVI. Tornaram-se aliados de Corts em 1519. O governante asteca Moctezuma II considerou o conquistador espanhol a personificao do Deus Quetzalcatl, e no soube avaliar o perigo que seu reino corria. Ele recebeu Corts amigavelmente,