empresas brasileiras descobrem o twitter

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NOVA ONDA NEGÓCIOS Empresas brasileiras descobrem o Twitter MÍDIA & PUBLICIDADE O que é: O Twitter é um serviço de microblogs, em que os textos são enviados exclusivamente para quem se cadastra para recebê-los. Os textos são limitados a 140 ca- racteres, para viabilizar a integra- ção com os serviços de mensa- gem via celular (SMS). Os textos também podem ser acessados por e-mail, mensagens instantâ- neas ou por sites Origem: A rede foi fundada em março de 2006 nos EUA pelos sócios Jack Dorsey, Noah Glass, Biz Stone e Evan Williams Crescimento: A rede conta atual- mente com cerca de 7 milhões de usuários em todo o mundo. Pelas estimativas da própria empresa, o tráfego cresceu 900% nos últimos doze meses. Nos Estados Unidos, pelo menos 36 das 100 maiores empresas do país, segundo o ran- king da revista Fortune, já usam o serviço em suas estratégias de marketing Investimento: O sucesso do ser- viço atrai mais investidores. Há duas semanas, foi feito um aporte estimado em US$ 35 milhões Serviço de microblogs começa a ser usado como ferramenta de marketing TECNOLOGIA Área de relações públicas se moderniza Marianna Aragão Mais uma onda surgida entre aficionados por internet e tecno- logia começa a despertar a aten- ção e os investimentos do mun- do corporativo. Com crescimen- to de 900% em tráfego nos últi- mos 12 meses, a rede de micro- blogs Twitter tornou-se tam- bém assunto de empresários, publicitários e empreendedo- res – até mesmo no Brasil. A plataforma que permite a um usuário publicar mensa- gens curtas (até 140 caracte- res) e formar uma rede de segui- dores nasceu há três anos e tem hoje cerca de 7 milhões de adep- tos, que acessam ou recebem as mensagens por e-mail, celular ou sites específicos. São Paulo já é a quarta cida- de que mais usa o Twitter, de- pois de Londres, Nova York e San Francisco, informou recen- temente Biz Stone, um dos fun- dadores da rede. A ferramenta tornou-se tão popular que atrai investimen- tos mesmo nestes tempos de cri- se. Há duas semanas, os funda- dores da rede divulgaram ter re- cebido um novo aporte das em- presas Benchmark e Institutio- nal Venture Partners – o valor não foi revelado, mas as estima- tivas eram de que chegaria a US$ 35 milhões. Nos negócios, o uso da ferra- menta vem se disseminando. A rápida troca de informações que a plataforma permite inspi- rou empresas como Dell, Moto- rola, Panasonic e Jet Blue nos Estados Unidos. Ao menos 36 das 100 maiores empresas do país, pelo ranking da revista Fortune, usam o Twitter. As apli- cações variam: vão desde divul- gação de promoções até supor- te técnico a consumidores. Pioneira, a fabricante de computadores Dell começou em 2007. No Brasil, a empresa lançou seu microblog na sema- na passada. A companhia es- treou anunciando uma promo- ção de notebooks especial para o carnaval. Além de ofertas, o canal deverá ter informações sobre lançamentos. Atualmente, a Dell está co- nectada com 60 mil pessoas no mundo, em diferentes contas do Twitter. “Acreditamos que esse número vai parecer peque- no no futuro”, afirmou ao Esta- do o vice-presidente de Comuni- dade e Conversações da Dell mundial, Bob Pearson. Com 30 mil “seguidores”, uma das contas mais populares da Dell no Twitter informa so- bre promoções na loja de ponta de estoque da empresa. Em ou- tra página, um funcionário dá di- cas técnicas sobre os laptops da marca. A estratégia já rendeu US$ 1 milhão em vendas para a companhia, afirma o executivo. EXPERIÊNCIA No mercado brasileiro, o uso corporativo do Twitter ainda segue a linha experimental. Fiat, Telefônica (por meio do portal Terra) e Brastemp utili- zaram microblogs em campa- nhas específicas. A rede varejis- ta Wal-Mart criou uma conta como parte de sua estratégia de vendas online. Poucas em- presas, como a construtora Tecnisa, adotaram a novidade como uma ferramenta perma- nente de marketing. “Usamos para comunicar lançamentos e novidades”, diz o diretor de marketing da Tec- nisa, Romeo Busarello. O execu- tivo admite, porém, que o públi- co que acompanha a empresa no Twitter, de 300 pessoas, não é o mesmo que visita seus estan- des de venda. “Tenho consciên- cia de que não vou vender apar- tamento pelo Twitter.” Muitos dos “seguidores” da Tecnisa são blogueiros, publici- tários e profissionais do merca- do imobiliário, afirma Busa- rello. “O Twitter nos ajuda a for- mar opinião no mercado. So- mos comentados junto a um pú- blico antenado.” A empresa foi uma das primeiras a entrar no mundo virtual do Second Life, há dois anos. A experiência, po- rém, não rendeu frutos. Meses depois, a Tecnisa abandonou o Second Life – assim como vá- rias outras empresas. Para David Reck, diretor da agência especializada em mí- dia digital Enken, a grande dife- rença do Twitter para o Se- cond Life é que a plataforma de microblogs não exige grandes investimentos das empresas. A linguagem de programação do mundo virtual obrigava as com- panhias a contratar técnicos de computação. Segundo o especialista, o Twitter também traz um bene- fício imediato – e um dos pou- cos mensuráveis – para a em- presa: a melhora no posiciona- mento em sites de busca como o Google. “O Twitter aumentou nosso tráfego na internet, a cus- to zero”, diz Busarello. No entanto, também há ris- cos na estratégia. Segundo Da- vid Reck, as empresas não po- dem perder de vista uma das premissas do Twitter – a de que um usuário só recebe men- sagens das contas que autori- za. “Não convém seguir e ser seguido por pessoas sem uma conexão com o assunto ou se- tor abordados. Isso pode até prejudicar a marca.” A jornalista Bia Granja, de 28 anos, usuária há dois anos, tem uma das contas mais popu- lares do Twitter no Brasil: mais de 1.900 pessoas a seguem. Mas poucas empresas conse- guiram despertar seu interes- se. “Muitas ainda não sabem co- mo usar, publicam coisas que interessam a elas, e não ao usuá- rio”, comenta. A única experiência positiva com um Twitter corporativo, segundo Bia, foi no ano passa- do. A paulistana acompanhou a conta do portal Terra, do gru- po Telefônica, que promovia um evento em São Paulo. Por meio de um microblog, a empre- sa informava sobre as condi- ções de trânsito e disponibilida- de de ingressos. “A prestação de serviço é uma boa alternati- va às companhias”, diz Bia. Atividade cresce em importância nas empresas e recebe o reconhecimento dos maiores festivais de publicidade Marili Ribeiro Duas das principais premia- ções da propaganda mundial, o Festival de Cannes e o Clio Awards, resolveram abrir espa- ço para a atividade de relações públicas – que vem ganhando a cada dia mais importância na comunicação das empresas. Es- sa atividade, que há até bem pouco tempo andava relegada a um segundo plano, voltou mo- dernizada, com características mais sintonizadas com as atuais demandas de comunica- ção das empresas. Em junho, estreia a disputa pelo troféu de relações públi- cas, o PR Lions, na 56ª edição do Festival Internacional de Pu- blicidade de Cannes, na costa francesa. Antes disso, em maio, será a vez da 50ª edição do Clio Awards, nos Estados Unidos, julgar os casos de comunicação estratégica que se pautaram pe- la inovação e que serviram para fortalecer a credibilidade, o re- conhecimento e a reputação en- tre empresas e consumidores. Os grandes conglomerados de propaganda global já cria- ram áreas específicas de rela- ções públicas. A rede Ogilvy, por exemplo, que oferece o ser- viço também no Brasil, já até inscreveu três cases nas dispu- tas de Cannes e do Clio. Mas a maioria das agências que prestam esses serviços por aqui se definem como empre- sas de comunicação corporati- va. Das cerca de 1,1 mil em ativi- dade em todo o País, 300 – de 24 Estados e que representam mais de 70% do faturamento de R$ 1 bilhão estimado em 2008 – integram a Associação Brasilei- ra das Agências de Comunica- ção (Abracom). “Não há dados oficiais”, expli- ca Ciro Dias Reis, presidente da entidade e dono da agência Ima- gem Corporativa. “O fatura- mento anual médio na maioria das agências em atuação esta- ria na casa dos R$ 10 milhões por ano, sendo que já há algu- mas com receitas acima de R$ 50 milhões.” A Abracom é novata – foi cria- da há seis anos. Na opinião de Reis, é decorrência da sofistica- ção do mercado brasileiro. “As habilidades e necessidades de comunicação se expandiram nos últimos anos, até pelo au- mento de empresas que nego- ciaram ações fora do País”, diz. Não só o universo dos negó- cios ficou global, a ponto de exi- gir que as empresas se apresen- tem para diferentes culturas e hábitos, como também a socie- dade civil está mais participati- va. “Uma empresa não pode mais ficar restrita ao que se pu- blica sobre ela na mídia tradicio- nal, porque os canais de comuni- cação se multiplicaram”, diz João Rodarte, sócio fundador do Grupo CDN, um dos maiores nesse segmento por faturamen- to, R$ 60 milhões, funcionários, 270, e clientes, 95. “As companhias devem sa- ber o que se fala delas nas redes sociais. Precisam se relacionar com ONGs, Ministério Público, entidades ambientalistas, sem falar nos investidores e fornece- dores. Todos querem informa- ções e são públicos relevantes”, diz Rodarte, que será o jurado brasileiro no PR Lions. “As empresas não podem se limitar a ser pontuais em mo- mentos de crise. Não dá para resolver um problema e depois desaparecer”, diz o sócio da CDN, Andrew Greenlees. Para ele, com a internet, tudo se per- petua e a cobrança é mais fre- quente. Empresa que relaxa em seus padrões vê os estragos res- pingar nas vendas. Para Tom Camargo, sócio de outra das grandes agências do setor – a FSB, com faturamento de R$ 55 milhões, 287 funcioná- rios e 140 clientes –, o reconheci- mento das agências de comuni- cação corporativa está intrinse- camente relacionado com o fa- to de que, na era da informação, o conteúdo ganhou relevância estratégica nos negócios. “Hoje, há uma preocupação em se oferecer o máximo de con- teúdo. A clareza e precisão de- vem estar presentes em todas as etapas da comunicação” diz. Tanto isso é verdade que, nos últimos anos, cresceu a deman- da pela formação de redes glo- bais de agência de comunica- ção corporativa. Com toda essa expansão no meio, Camargo acha mais do que natural que a atividade ga- nhe o reconhecimento. Mais do que isso, ele considera relevan- te o setor ter um fórum interna- cional para mostrar o seu traba- lho. “Isso valoriza as agências de comunicação corporativa e seus profissionais, o que é óti- mo para o setor.” APRENDIZADO – Para Bia Granja, as empresas do País ainda precisam descobrir a melhor maneira de atrair usuários para suas contas AGÊNCIA – Greenlees (E), Yara Amaral e Rodarte, sócios da CDN COMUNICAÇÃO A Dell lançou seu microblog no Brasil na semana passada JOSE PATRÍCIO/AE–12/2/2009 Cresce o número de redes globais de comunicação corporativa ANDRE LESSA/AE–11/2/2009 %HermesFileInfo:B-8:20090223: B8 SEGUNDA-FEIRA, 23 DE FEVEREIRO DE 2009 O ESTADO DE S.PAULO

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Produto: ESTADO - BR - 8 - 23/02/09 B8 - CYANMAGENTAAMARELOPRETO

NOVAONDA

NEGÓCIOS

EmpresasbrasileirasdescobremoTwitter

MÍDIA&PUBLICIDADE

● Oqueé:OTwitter é umserviçodemicroblogs, emque os textossão enviados exclusivamente paraquemse cadastra para recebê-los.Os textos são limitados a 140 ca-racteres, para viabilizar a integra-ção comos serviços demensa-gemvia celular (SMS). Os textostambémpodemser acessadospor e-mail,mensagens instantâ-neas ou por sites

●Origem:A rede foi fundada emmarço de 2006nos EUApelossócios JackDorsey, NoahGlass,Biz Stone e EvanWilliams

● Crescimento:A rede conta atual-mente comcerca de 7milhões deusuários em todo omundo. Pelasestimativas da própria empresa, otráfego cresceu 900%nos últimosdozemeses. Nos EstadosUnidos,pelomenos 36 das 100maioresempresas do país, segundo o ran-king da revista Fortune, já usamoserviço emsuas estratégias demarketing

●Investimento:Osucesso do ser-viço atraimais investidores. Háduas semanas, foi feito umaporteestimadoemUS$35milhões

Serviço demicroblogs começa a serusado como ferramenta demarketing

TECNOLOGIA

Áreaderelaçõespúblicassemoderniza

Marianna Aragão

Mais uma onda surgida entreaficionadosporinternetetecno-logiacomeçaadespertaraaten-ção e os investimentos domun-docorporativo.Comcrescimen-to de 900% em tráfego nos últi-mos 12 meses, a rede de micro-blogs Twitter tornou-se tam-bém assunto de empresários,publicitários e empreendedo-res – atémesmonoBrasil.A plataforma que permite a

um usuário publicar mensa-gens curtas (até 140 caracte-res)eformarumarededesegui-doresnasceuhátrêsanose temhojecercade7milhõesdeadep-tos,queacessamourecebemasmensagens por e-mail, celularou sites específicos.São Paulo já é a quarta cida-

de que mais usa o Twitter, de-pois de Londres, Nova York eSanFrancisco, informourecen-tementeBiz Stone, umdos fun-dadores da rede.A ferramenta tornou-se tão

popular que atrai investimen-tosmesmonestestemposdecri-se. Há duas semanas, os funda-doresdarededivulgaramterre-cebido umnovo aporte das em-presasBenchmarke Institutio-nal Venture Partners – o valornãofoirevelado,masasestima-tivas eram de que chegaria aUS$ 35milhões.Nosnegócios, ousoda ferra-

menta vem se disseminando. Arápida troca de informações

queaplataformapermite inspi-rou empresas comoDell,Moto-rola, Panasonic e Jet Blue nosEstados Unidos. Ao menos 36das 100 maiores empresas dopaís, pelo ranking da revistaFortune,usamoTwitter.Asapli-caçõesvariam:vãodesdedivul-gação de promoções até supor-te técnico a consumidores.Pioneira, a fabricante de

computadores Dell começouem 2007. No Brasil, a empresalançou seu microblog na sema-na passada. A companhia es-treou anunciando uma promo-

ção de notebooks especial parao carnaval. Além de ofertas, ocanal deverá ter informaçõessobre lançamentos.Atualmente, a Dell está co-

nectada com 60mil pessoas nomundo, em diferentes contasdo Twitter. “Acreditamos queessenúmerovaiparecerpeque-no no futuro”, afirmou aoEsta-doovice-presidentedeComuni-dade e Conversações da Dellmundial, BobPearson.Com 30 mil “seguidores”,

umadas contasmais popularesda Dell no Twitter informa so-bre promoções na loja de ponta

de estoque da empresa. Em ou-trapágina,umfuncionáriodádi-cas técnicassobreos laptopsdamarca. A estratégia já rendeuUS$ 1milhão em vendas para acompanhia, afirmaoexecutivo.

EXPERIÊNCIANo mercado brasileiro, o usocorporativo do Twitter aindasegue a linha experimental.Fiat, Telefônica (por meio doportal Terra) e Brastemp utili-zaram microblogs em campa-nhasespecíficas.Aredevarejis-ta Wal-Mart criou uma contacomo parte de sua estratégiade vendas online. Poucas em-presas, como a construtoraTecnisa, adotaram a novidadecomo uma ferramenta perma-nente demarketing.“Usamos para comunicarlançamentos e novidades”, dizo diretor demarketing da Tec-nisa,RomeoBusarello.Oexecu-tivoadmite,porém,queopúbli-co que acompanha a empresanoTwitter,de300pessoas,nãoéomesmoquevisitaseusestan-desdevenda.“Tenhoconsciên-ciadequenãovouvenderapar-tamento pelo Twitter.”Muitos dos “seguidores” daTecnisasãoblogueiros,publici-tárioseprofissionaisdomerca-

do imobiliário, afirma Busa-rello.“OTwitternosajudaafor-mar opinião no mercado. So-moscomentadosjuntoaumpú-blico antenado.” A empresa foiuma das primeiras a entrar nomundo virtual do Second Life,hádoisanos.Aexperiência,po-rém, não rendeu frutos. Mesesdepois, a Tecnisa abandonou oSecond Life – assim como vá-rias outras empresas.Para David Reck, diretor daagência especializada em mí-diadigitalEnken,agrandedife-rença do Twitter para o Se-

condLife équeaplataformademicroblogs não exige grandesinvestimentosdasempresas.Alinguagem de programação domundovirtualobrigavaascom-panhias a contratar técnicosde computação.Segundo o especialista, oTwitter tambémtrazumbene-fício imediato – e um dos pou-cos mensuráveis – para a em-presa: a melhora no posiciona-mento em sites de busca comooGoogle. “OTwitteraumentounossotráfegonainternet,acus-to zero”, diz Busarello.

No entanto, também há ris-cos na estratégia. SegundoDa-vid Reck, as empresas não po-dem perder de vista uma daspremissas do Twitter – a dequeumusuário só recebemen-sagens das contas que autori-za. “Não convém seguir e serseguido por pessoas sem umaconexão com o assunto ou se-tor abordados. Isso pode atéprejudicar amarca.”A jornalista Bia Granja, de28 anos, usuária há dois anos,temumadascontasmaispopu-laresdoTwitternoBrasil:maisde 1.900 pessoas a seguem.Mas poucas empresas conse-guiram despertar seu interes-se.“Muitasaindanãosabemco-mo usar, publicam coisas queinteressamaelas,enãoaousuá-rio”, comenta.A única experiência positivacom um Twitter corporativo,segundo Bia, foi no ano passa-do.Apaulistanaacompanhouaconta do portal Terra, do gru-po Telefônica, que promoviaum evento em São Paulo. Pormeiodeummicroblog,aempre-sa informava sobre as condi-çõesdetrânsitoedisponibilida-de de ingressos. “A prestaçãode serviço é uma boa alternati-va às companhias”, diz Bia. ●

Atividade cresce em importância nas empresas e recebe o reconhecimento dos maiores festivais de publicidade

Marili Ribeiro

Duas das principais premia-ções da propagandamundial, oFestival de Cannes e o ClioAwards,resolveramabrirespa-ço para a atividade de relaçõespúblicas – que vemganhando acada dia mais importância nacomunicaçãodasempresas.Es-sa atividade, que há até bempouco tempo andava relegadaaumsegundoplano,voltoumo-dernizada, comcaracterísticasmais sintonizadas com asatuais demandas de comunica-ção das empresas.Em junho, estreia a disputapelo troféu de relações públi-cas, o PR Lions, na 56ª ediçãodoFestivalInternacionaldePu-blicidade de Cannes, na costafrancesa.Antesdisso, emmaio,será a vez da 50ª edição doClioAwards, nos Estados Unidos,julgar os casos de comunicaçãoestratégicaquesepautarampe-la inovaçãoequeserviramparafortalecer a credibilidade, o re-conhecimentoeareputaçãoen-tre empresas e consumidores.

Os grandes conglomeradosde propaganda global já cria-ram áreas específicas de rela-ções públicas. A rede Ogilvy,por exemplo, que oferece o ser-viço também no Brasil, já atéinscreveu três cases nas dispu-tas de Cannes e doClio.Mas a maioria das agênciasqueprestamesses serviços poraqui se definem como empre-sas de comunicação corporati-va.Das cercade 1,1mil emativi-dadeemtodooPaís, 300–de24Estados e que representammaisde70%do faturamentodeR$ 1 bilhão estimado em 2008 –integramaAssociaçãoBrasilei-ra das Agências de Comunica-ção (Abracom).“Nãohádadosoficiais”,expli-caCiroDiasReis,presidentedaentidadeedonodaagênciaIma-gem Corporativa. “O fatura-mento anual médio na maioriadas agências em atuação esta-ria na casa dos R$ 10 milhõespor ano, sendo que já há algu-mas com receitas acima de R$50milhões.”AAbracoménovata–foicria-da há seis anos. Na opinião deReis,édecorrênciadasofistica-ção do mercado brasileiro. “Ashabilidades e necessidades decomunicação se expandiramnos últimos anos, até pelo au-mento de empresas que nego-ciaramações fora do País”, diz.

Não só o universo dos negó-cios ficou global, a pontode exi-girqueasempresasseapresen-tem para diferentes culturas ehábitos, como também a socie-dade civil estámais participati-va. “Uma empresa não podemais ficar restrita aoque sepu-blicasobreelanamídiatradicio-nal,porqueoscanaisdecomuni-cação se multiplicaram”, dizJoão Rodarte, sócio fundadordoGrupoCDN,umdosmaioresnessesegmentoporfaturamen-

to,R$60milhões, funcionários,270, e clientes, 95.“As companhias devem sa-beroque se faladelasnas redessociais. Precisam se relacionarcomONGs,Ministério Público,entidades ambientalistas, semfalarnosinvestidoresefornece-dores. Todos querem informa-ções esãopúblicos relevantes”,diz Rodarte, que será o juradobrasileiro no PRLions.“As empresas não podem selimitar a ser pontuais em mo-mentos de crise. Não dá pararesolver um problema e depois

desaparecer”, diz o sócio daCDN, Andrew Greenlees. Paraele, coma internet, tudo se per-petua e a cobrança é mais fre-quente.Empresaquerelaxaemseuspadrõesvêosestragosres-pingar nas vendas.ParaTomCamargo, sóciodeoutra das grandes agências dosetor–aFSB,comfaturamentodeR$55milhões, 287 funcioná-riose140clientes–,oreconheci-mentodas agências de comuni-caçãocorporativaestáintrinse-camente relacionado com o fa-todeque,naerada informação,o conteúdo ganhou relevânciaestratégica nos negócios.“Hoje, há uma preocupaçãoemseofereceromáximodecon-teúdo. A clareza e precisão de-vem estar presentes em todasas etapas da comunicação” diz.Tanto isso é verdade que, nosúltimosanos, cresceu ademan-da pela formação de redes glo-bais de agência de comunica-ção corporativa.Com toda essa expansão nomeio, Camargo acha mais doque natural que a atividade ga-nhe o reconhecimento.Mais doque isso, ele considera relevan-teosetor terumfóruminterna-cionalparamostraroseutraba-lho. “Isso valoriza as agênciasde comunicação corporativa eseus profissionais, o que é óti-mo para o setor.” ●

APRENDIZADO–ParaBiaGranja, asempresasdoPaísaindaprecisamdescobrir amelhormaneiradeatrair usuáriospara suascontas

AGÊNCIA–Greenlees (E),YaraAmaral eRodarte, sóciosdaCDN

COMUNICAÇÃO

A Dell lançouseu microblogno Brasil nasemana passada

JOSE PATRÍCIO/AE–12/2/2009

Cresce o númerode redes globaisde comunicaçãocorporativa

ANDRE LESSA/AE–11/2/2009

ESCALAPB PB ESCALACOR COR

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B8 SEGUNDA-FEIRA, 23 DE FEVEREIRO DE 2009O ESTADO DE S.PAULO