empreguismo a quem ze falcÃo pag. 3 quer enganar? a pagar lecr^.ooo^o icm e multa. disso juntam-se...

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Ano I Feira de Santana, outubro de 1982 N. 10 Cr$40,00 Incoerência de políticos faz o povo desacreditar neles No Brasil, historicamente, os parti- "los políticos nunca foram assumidos ,^lo povo. é verdade que houve mo- mentos históricos em que se registrou maior participação popular nessas instituições, mas nunca houve um par- tido que pudesse ser fundaüo e diri- . gido, por exemplo, por representantes legítimos do homem mais simples do campo e da cidade. E é esse homem mais simples, que forma a maioria do povo brasileiro, quem tem muita razão para desconfiar dos çolíticos. Ele herdou, da própria história, a lição de que no Brasil polí- tico é sinônimo de alguém que sabe prometer, de alguém que gasta mi- lhões nos períodos eleitorais, inclusive com muitos favores que geram votos, mas que fora daí nada têm feito para minorar as condições de vida da popu- lação que enfrenta problemas como a fome, a falta de escola, a falta de assis- tência social, a falta de um lar e tantos outros. O homem simples é mais inteligen- te e bem mais sabido do que imaginam os políticos. E essa sabeboria não é artificial como àquela adquirida na maioria das escolas, mas é firmada na realidade histórica. Sem saber falar bonito como falam os letrados, os estudados, o morador da periferia da cidade ou da zona rural vai acompa- nhando a prática de cada cidadão que lhe aparece e lhe pede um voto. O pior é que as alternativas na busca de um candidato que represente os seus inte- resses é tão difícil que, muitas vezes, na eleição passada votou num candi- dato, nesta votará noutro, na próxima em um terceiro até ver se encontra o que merece realmente o seu voto. é claro que isso é um aprendizado e nem todos os eleitores estão ainda nesse processo de busca. Mas as ambigüi- dades dos políticos, sobretudo daque- les que ocupam cargos eletivos, as suas incoerências do dia-a-dia, "obrigam" os eleitores a buscarem novas alterna- tivas. São realmente incompreensíveis, para o cidadão comum que não parti- cipa do jogo, as ações da maioria dos políticos que conhecemos. (Lei Editorial na pág. 2). A QUEM ZE FALCÃO QUER ENGANAR? Pág. 8 Sindicalistas vão ao governador Os Sindicatos de Traba- lhadores Rurais da região, através dos seus dirigentes, vão ao governador do Esta- do exigir uma resposta para o problema do Imposto so- bre Circulação de Mercado- rias (ICM) para os produtos agrícolas que são comercia- lizados pelos próprios agri- cultores. É do conhecimento pú- bMco que no Brasil os po- bres n?gam mais impostos do que os rir s. E é por isso i que a ; S9nta vários í produ c J iCM, quando Lprodu - por grandes pro- [dutore u pelas conhecidas empresas rurais e destinados à exwrtação. os pequenos agricul- tores que produzem apenas | o necessário para viver a exemplo do feijão e da fari- nha da mandioca na região que são comercializados apenas para favorecerem a [aquisição de outros produ- tos indispensáveis estão obrigados * agar impostos |e mais inv tos. A regulamentação do |ICM na Bahia, por exemplo, [proíbe,-que qualquer pro- Iduto seia transportado sem Ia de^ - notificação fiscal. lAssi. , os lavradores que J/endem semanalmente um jjaco de farinha ou de feijão Ipara adquirirem os recursos [ijara comprar outras coisas sstão na obrigação de se di- Hgirem à Coletoria Estadual Ipara retirarem uma nota avulsa. Como isso é pratica- mente impossível, uma vez que que os ar jltores se obrigam a "pe.uer" um dia de trabalho, pagar transpor- tes e ainda enfrentar a buro- cracia da repartição pública, preferem trazer os produtos descobertos de qualquer no- tificação fiscal. Nesse caso ele, se sujeita a enfrentar o fiscal na estrada e aí, além dos 16 por cento de ICM, uma mulf 5 de 150 por cento. Juntando o ICM e multa, o lavrador fica obri- gado a pagar 40 por cento do valor do produto. Se ele leva um saco de feijão no valor de Cr^5.000,00 ele se obriga a pagar Cr^.OOO^O de ICM e multa. Além disso juntam-se 15 ou 20 lavradores e põem cada um o seu produto no caminhão. Quando o fiscal pega, a nota é tirada em nome do motorista do cami- nhão (tido como responsá- vel pelo transporte), ficando cada agricultor sem o com- provante que pagou. Caso não venda o produto naque- le dia e precise trazer na semana seguinte, está na obrigação de pagar novos impostos e multas porque ele não tem provas de que pagou. (Leia a pág. 7). Editorial Coluna Sindical Pág. 3 Empreguismo eleitoreiro Pag. 3 Mairi em notícias Pág. 4 Isto você deve saber Pág. 5 Estórias que o povo conta Pág. 6 Debates políticos Pág. 6 Moção de repúdio ao Funrural Pág. 7 Central Única dos Trabalhadores Pag. 8

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Page 1: Empreguismo A QUEM ZE FALCÃO Pag. 3 QUER ENGANAR? a pagar leCr^.OOO^O ICM e multa. disso juntam-se 15 20 lavradores e põem um o seu produto no ... basta oferecer-lhe uma boa viagem,

Ano I Feira de Santana, outubro de 1982 N. 10 Cr$40,00

Incoerência de políticos faz o povo desacreditar neles

No Brasil, historicamente, os parti- "los políticos nunca foram assumidos ,^lo povo. é verdade que houve mo- mentos históricos em que se registrou maior participação popular nessas instituições, mas nunca houve um par- tido que pudesse ser fundaüo e diri-

. gido, por exemplo, por representantes legítimos do homem mais simples do campo e da cidade.

E é esse homem mais simples, que forma a maioria do povo brasileiro, quem tem muita razão para desconfiar dos çolíticos. Ele herdou, da própria história, a lição de que no Brasil polí- tico é sinônimo de alguém que só sabe prometer, de alguém que gasta mi- lhões nos períodos eleitorais, inclusive

com muitos favores que geram votos,

mas que fora daí nada têm feito para minorar as condições de vida da popu- lação que enfrenta problemas como a fome, a falta de escola, a falta de assis- tência social, a falta de um lar e tantos outros.

O homem simples é mais inteligen- te e bem mais sabido do que imaginam os políticos. E essa sabeboria não é artificial como àquela adquirida na maioria das escolas, mas é firmada na realidade histórica. Sem saber falar bonito como falam os letrados, os estudados, o morador da periferia da cidade ou da zona rural vai acompa- nhando a prática de cada cidadão que lhe aparece e lhe pede um voto. O pior é que as alternativas na busca de um

candidato que represente os seus inte- resses é tão difícil que, muitas vezes, na eleição passada votou num candi- dato, nesta votará noutro, na próxima em um terceiro até ver se encontra o que merece realmente o seu voto. é

claro que isso é um aprendizado e nem todos os eleitores estão ainda nesse processo de busca. Mas as ambigüi- dades dos políticos, sobretudo daque- les que ocupam cargos eletivos, as suas incoerências do dia-a-dia, "obrigam" os eleitores a buscarem novas alterna- tivas. São realmente incompreensíveis, para o cidadão comum que não parti- cipa do jogo, as ações da maioria dos políticos que conhecemos.

(Lei Editorial na pág. 2).

A QUEM ZE FALCÃO QUER ENGANAR?

Pág. 8

Sindicalistas vão ao governador Os Sindicatos de Traba-

lhadores Rurais da região, através dos seus dirigentes, vão ao governador do Esta- do exigir uma resposta para o problema do Imposto so- bre Circulação de Mercado- rias (ICM) para os produtos agrícolas que são comercia- lizados pelos próprios agri- cultores.

É do conhecimento pú- bMco que no Brasil os po- bres n?gam mais impostos do que os rir s. E é por isso

i que a ;S9nta vários í produ c J iCM, quando Lprodu - por grandes pro- [dutore u pelas conhecidas empresas rurais e destinados à exwrtação.

Já os pequenos agricul- tores que produzem apenas

| o necessário para viver — a exemplo do feijão e da fari- nha da mandioca na região que são comercializados apenas para favorecerem a

[aquisição de outros produ- tos indispensáveis — estão obrigados * agar impostos

|e mais inv tos. A regulamentação do

|ICM na Bahia, por exemplo, [proíbe,-que qualquer pro- Iduto seia transportado sem Ia de^- notificação fiscal. lAssi. , os lavradores que J/endem semanalmente um jjaco de farinha ou de feijão Ipara adquirirem os recursos [ijara comprar outras coisas sstão na obrigação de se di-

Hgirem à Coletoria Estadual Ipara retirarem uma nota

avulsa. Como isso é pratica- mente impossível, uma vez que que os ar jltores se obrigam a "pe.uer" um dia de trabalho, pagar transpor- tes e ainda enfrentar a buro- cracia da repartição pública, preferem trazer os produtos descobertos de qualquer no- tificação fiscal. Nesse caso ele, se sujeita a enfrentar o fiscal na estrada e aí, além dos 16 por cento de ICM,

há uma mulf5 de 150 por cento. Juntando o ICM e multa, o lavrador fica obri- gado a pagar 40 por cento do valor do produto. Se ele leva um saco de feijão no valor de Cr^5.000,00 ele se obriga a pagar Cr^.OOO^O de ICM e multa.

Além disso juntam-se 15 ou 20 lavradores e põem cada um o seu produto no caminhão. Quando o fiscal

pega, a nota é tirada em nome do motorista do cami- nhão (tido como responsá- vel pelo transporte), ficando cada agricultor sem o com- provante que pagou. Caso não venda o produto naque- le dia e precise trazer na semana seguinte, está na obrigação de pagar novos impostos e multas porque ele não tem provas de que já pagou. (Leia a pág. 7).

Editorial

Coluna Sindical

Pág. 3

Empreguismo eleitoreiro

Pag. 3

Mairi em notícias

Pág. 4

Isto você deve saber

Pág. 5

Estórias que o povo conta

Pág. 6

Debates políticos

Pág. 6

Moção de repúdio ao Funrural

Pág. 7

Central Única dos Trabalhadores

Pag. 8

Page 2: Empreguismo A QUEM ZE FALCÃO Pag. 3 QUER ENGANAR? a pagar leCr^.OOO^O ICM e multa. disso juntam-se 15 20 lavradores e põem um o seu produto no ... basta oferecer-lhe uma boa viagem,

Página 2 Outubro/82 O GRITO DA TERRA

INCOERÊNCIA DE POLÍTICOS FAZ O POVO DESACREDITAR NELES Os políticos que exercem o chamado

"mandato popular", com muita poucas exceções, desenvolvem uma prática que nada tem a ver com o mandato que lhe foi confiado. São políticos que durante os pe- ríodos eleitorais, em sua peregrinação pelo voto, estão sempre a abraçar o zé nin- guém, a dirigir-lhe os tradicionais tapinhas nas costas, a oferecer-lhe carona em seus automóveis mesmo para os lugares que não fazem parte do seu percurso. £ o pe- ríodo em que prometem mundos e fun- dos. Depois de eleitos, os seus compromis- sos são outros e com outros que não são os seus eleitores.

Precisaríamos talvez fazer um livro para publicar os casos em que, por exemplo, um parlamentar está sendo "um prego no sapato" na aprovação de uma determinada matéria e logo se encontra um jeitinho: basta oferecer-lhe uma boa viagem, com todas as mordomias que se pode imaginar, e o parlamentar estará deixando ser apro- vado um determinado projeto que foi por ele próprio muito criticado em inflamados discurso. Os casos dessa natureza são mui- tos, tanto a nível de Congresso Nacional e Câmara dos Deputados como a nível das Assembléias Legislativas dos Estados e até mesmo ao nível das Câmaras de Vereado- res dos Municípios.

Para quem tem acesso aos meios de in- formações como o Diário Oficial do Esta- do e o Diário Oficial da União, é fácil ve- reficar o quanto se utiliza dessa "jogada". Se há um projeto que é contestado por um número suficiente de parlamentares que seja capaz de impedir a aprovação, inventam-se viagens, cursos etc, a fim de afastá-los no momento da votação. E esses senadores, deputados e vereadores sabem bem disso, mas para eles, no momento, os interesses pessoais superam os interesses sociais, ou seja, os interesses do muni- cípio, do Estado ou da Nação.

E os eleitores que são lembrados ape- nas de 4 em 4 anos quando são chamados a eleger tais candidatos, o que pensaria disso se soubesse que o seu voto está ser- vindo para assa ou aquela coisas de inte- resse puramente pessoal do político?

Se fôssemos fazer uma lista dos verea- dores, deputados estaduais, deputados fe- derais e senadores que, no Brasil, lembram dos eleitores somente nos períodos eleito- rais, quantas folhas de papel precisaría- mos?

Só como ilustração — porque como já dissemos os casos são muitos — há um de- putado estadual de Feira de Santana, mili- tante da antiga Arena e hoje do PDS, que concorre pela quarta vez a um mandato

legislativo mas que, segundo se comenta, é um dos campeões em não fazer nada pelos seus eleitores. Diz-se que ele nunca fez, sequer, um discurso na Assembléia Legis- lativa nem mesmo para elogiar os seus che- fes maiores, quanto mais para reivindicar melhorias para a região que sempre lhe elege.

No âmbito federal, poderíamos citar o deputado federal Manoel Novaes que con- seguiu eleger, também, sua mulher Nancy Novaes. Eles têm suas bases eleitorais na região do São Francisco mas aparecem so- mente nos períodos eleitorais.

A incoerência desses políticos é sufi- ciente para o povo imprimir-lhes um total descrédito, aparrecendo à urnas muitas ve-

. zes para fugir das punições que a Lei atri- bui. Todos sabemos que o voto é obrigató- rio por Lei e os infratores estão sujeitos a multas.

Falando-se de incoerência, de um mo- do geral, vale a pena citar um caso especí- fico de Feira de Santana e que se verifica dentro do PMDB. Aqui, o cacique Francis- co Pinto tem dito, por mais de uma vez, que Luciano Ribeiro não deveria se utili- zar da sublegenda do partido por ser um instrumento do sistema e do governo.. Para ele o grupo que apoia Luciano Ribeiro de- veria, simplesmente, apoiar os nomes que

VOTO CAMARÃO Muitos dos integrantes do PDS não assu-

mem, de público, a candidatura de Cléris- ton Andrade, imposta por Antônio Carlos Magalhães para o governo do Estado. Pelo contrário, esses mesmos pol íticos estão pre- gando, abertamente, o "voto camarão".

é isso que se registra em diversos muni- cípios do interior, a exemplo de Valente, Serrinha, Riachão de Jacuípe, dentre ou- tros. Muitos dos candidatos a cargas eleti- vos estão pregando o "voto camarão" junto aos seus eleitores, ou seja, estão recomen- dando ao eleitorado para votar em todos os cargos (vereador, prefeito, deputado esta- dual, deputado federal e senador), mas não votar para governador, deixando o voto para governador em branco.

Vale salientar que essa recomendação decore das brigas internas dentro do pró-

prio PDS. Nesses municípios, como em outros, os partidos de oposição têm pouca expressividade, sendo o PDS amplamente majoritário. Já há apostas no sentido de que Clériston Andrade não venha a conse- guir 50 por cento dos votos destinados ao PDS em municípios do interior.

Se a doença for contagiosa e se alastrar aos muitos municípios do interior onde ainda perdura o "voto de cabresto" que, aliás, formam hoje a grande esperança do PDS, o Sr. Clériston Andrade e o próprio Antônio Carlos Magalhães poderão come- çar, desde logo, a arrumarem as trouxas porque seguramente, a vitória dos partidos de oposição nas cidades maiores (Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista, dentre outras) é grande.

PRINCIPAIS MUNICÍPIOS ONDE CIRCULA O GRITO DA TERRA

Feira de Santana, Serrinha, Itabe- Santo Estêvam, Juazeiro, Jacobina, raba. Monte Alegre, Riachão do Jacuí- Senhor do Bonfimi Ern número redu- pe. Valente, Araci, Ichu, Salvador, ZJdo (ainda)# o GRITO DA TERRA Santo Amaro da Purificação, Amélia Rodrigues, Conceição do Jacuipe, chega também a outros Estados.

0 Gríto dú Tem sS&l&b ~\

Entidade Responsável j c ♦ ADEFS - Associação das Entidades de Feira de Santana Rua J. J. Seabra, 163 - VI andar - sala 103 Feira de Santana - Bahia - Brasil

Responsabníaade editorial: Corpo oe Upimao. . Corpo de Opinião: Marí* Renllda Daltro, Joié Carlos Barreto Samana^aJdioBiíteQuJnt»!»* Baptirta, Hélder Agostinho Carneiro de Oliveira, Josenor Naadmento Cerquelra, Jaltne da Cruz Uacaf de Magalhães Lopes, lides Ferreira de Oliveira.

Olagramação, composição e impressão: Editora Jornal Feira Hoje Ltda. - Rua Macário Cerqueira, 313 -* Feira de Santana. As matérias assinadas são de responsabilidade exclusiva de seus autores.

foram "empacotados" poreleemts auxi- Ilares. Como entender, por conseguinte, que a própria tendência popular (grupo do qual faz parte o deputado Francisco Pin- to) esteja apoiando candidatos da suble- genda pelo PMDB a exemplo de Antônio Cardoso, Vitória da Conquista, Santo Amaro da Purificação, dentre tantos ou- tros? Como entender que em tantos outros municípios existem candidatos pe- las sublegendas I e II do PMDB (a exem- plo de Jequié, Rui Barbosa, São Sebas- tião do Passe etc), e em Feira de Santana se alega que a sublegenda é um instrumen- to sistema, do governo, e assim por dian- te? Por que apoiar a sublegenda noutros municípios não é fazer o jogo do governo e em Feira de Santana é? Por que, ainda, o deputado Francisco Pinto não apoiou o nome de Luciano Ribeiro que, em termos de idéias, sempre esteve mais próximo de- le para apoiar o nome de Gerson Gomes nada tem de comum a ele em termos de pensamento político?

Estas, como tantas outras perguntas, são ambigüidades que seriam corrigidas so- mente se esses políticos estivessem de acordo em redimencionar a sua trajetória política. E essa correção não seria com pa- lavras, mas com a própria ação de cada um.

CANDIDATO DO PDS MANDA VOTAR

NO PMDB A realidade em que se

vive, hoje, no Brasil, onde uma minoria concentra grande parte da riqueza nacional em suas mãos, po- dendo dessa forma esbanjar o tanto que quiser sem fazer falta, e de outro lado a maioria da população sem dispor sequer, do mínimo ncesssário à sua sobrevivên- cia como gente, com o agra- vante de que parcela impor- tante das nossas riquezas são levadas pro exterior pe- las empresas estrangeiras, está levando o brasileiro, de pouco a pouco, a perder a confiança nos seus gover- nantes. Como alternativa, à

primeira vista, o brasileiro deixa de votar no partido do governo, o PDS, e passa a reforçar os partidos de oposição, na esperança de que ela, a oposição, chegan- do ao poder, possa fazer alguma coisa para minorar o seu sofrimento.

Mas ninguém imaginava que a situação chegasse ao ponto em que está chegan- do. Um candidato pelo PDS récomandar aos seus eleito- res que votem na oposição? Parece piada. Mas não é.

Segundo noticiado pela imprensa o candidato a de-

putado estadual pelo PDS, Eugênio Costa, de Itabuna, está recomendando aos seus possíveis eleitores e ao pú- blico que votem no PMDB. Isso mesmo: ele é candidato pelo PDS e está mandando votar no PMDB.

No ato de inauguração do seu comitê político, em Itabuna, Eugênio Costa pe- diu aos presentes que não votasse nele, pois nem ele próprio faria uma besteira, dessas. Confessou o seu apoio a Roberto Santos para governador do Estado e recomendou o voto ao . VIDB, mesmo sendo ele um candidato do PDS.

BANES APLICA O "CONTO DO CONCURSO"

J

O BANEB abriu, em janeiro de 1982, inscrição para concurso público, mediante pagamento de uma taxa de inscrição no valor de Cr$500,00.

Ta! concurso tinha como objetivo o preenchimento de vagas existentes nas di- versas agências do banco,- bem como a for- mação de quadros de funcionários para as novas agências abertas pela Bahia afora.

Embora as agências do banco neguem-se a divulgar o número de inscritos, sabe-se que este chegou a casa de 5.000 pessoas, apenas na região de Feira de Santana, o que eqüivale a um total de aproximadamente 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil cruzeiros).

Nove meses após a inscrição, o tal do concurso não foi realizado, nem se fala em realizá-lo!

Neste período várias agências foram abertas em diversos municípios, e para fun- cionar foi preciso contratar novos funcio- nários que não precisaram submeter-se a nenhum concurso, os critérios adotados para estas contratações foram os da conve- niência do PDS, a exemplo das contra- tações de fim de mandato com fins eleito- -eiros que tornaram-se públicas em toda Bahia.

Não é novidade para ninguém o fato de que o BANEB foi administrado, nos últi- mos anos, com a fr üdade de angariar simpatias para o Sr. Clériston Andrade, candidato a governador pelo PDS, confor- me já denunciávamos desde o primeiro número de "O Grito da Terra".

Agências foram abertas em vários luga- rejos que não a justificam do ponto de vista econômico e social. Muito dinheiro foi gasto em propagandas, com o objetivo de promover o seu ex-presidente.

Não será preciso nenhum esforço, basta usar a imaginação para se chegar a conclu- são que muito dinheiro entrou para os cofres do BANEB com este concurso fan- tasma aberto em todos os municípios com agências do banco.

A pergunta que fica no ar é: Para onde terá ido o dinheiro levantado

pelo conto do concurso? Em tempo, cabe registrar que nem o Sr.

Antônio Carlos Magalhães confia o seu dinheiro ao BANEB, pois quando fez uma aposta com Valdir Pires sobre o resultado das eleições de novembro, ACM surpreen- dentemente compareceu ^ -i um cheque do Banco Econômico, desp -nigiando o banco ao qual ele tece tantos lon-os.

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O GRITO DA TERRA tubro/82 Página 3

COLUNA SINDICAL EMPREGUISMO ELEITOREIRO O que vai pelas entidades

BANCÁRIOS

Sindicatos dos Bancários de todo o país poderão entrar com dissídio coletivo para a definição do rea- juste salarial da categoria, devido a posição assumida pelos patrões com firmes propósitos de acabar com os ahuênios e conceder um índice de produtividade irri- sório. Para não perder a^data-base de reajustes (IP de setembro) os sindicatos serão obrigados a recorrer ao dissídio e, enquanto isso, os bancários pagarão os salários já reajustados com base no INPC.

Para o Presidente do Sindicato, em Feira de San- tana, Eliezer Ferreira, a construção da primeira etapa da sede no bairro Santa Mônica, representa uma grande vitória para a categoria, sobretudo numa cida- de onde as opções de lazer são mínimas. Convém lembrar que a sede funcionará normalmente em todos fins de semana e feriados, proporcionando o lazer aos associados.

METALÚRGICOS

Com um piso salarial de Cr$ 18.016,00 mensais e Cr$75,07 por hora, triênio a um percentual de 10%, qüinqüênio 15%, calculados sobre o piso salarial, a estabilidade das empregadas gestantes que além dos três meses de afastamento têm direito a mais dois meses, foram o novo acordo salarial dos metalúrgicos assinado no dia 05 de agosto. Tudo isto foi conse- guido das realizações de assembléias que foram feitas e da atividade da comissão de negociação. Agora se trata de fazer cumprir o acordo. A convenção tem validade de um ano e os metalúrgicos devem ficar vigilantes para exigir o cumprimento deste acordo, que tem força de Lei.

SINCAVER

As duas concessionárias existentes na cidade da linha Volkswagen estão prejudicando os motoristas de táxi quando da aquisição do financiamento da Caixa Econômica Federal. Tércio Fonseca, presidente em exercício do Sindicato dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários de Feira de Santana, espera resolver o impasse criado pelas revendedoras locais que além de não possuírem o modelo fusquinha à álcool não fornecem uma autorização para adquirir o veículo em outra cidade. Contatos serão mantidos com as revendedoras para que possam liberar auto- rização ou manter um maior número de veículos à álcool para o serviço de táxi.

PROFESSORES

Continuar com a greve até que os salários dos pro- fessores da rede municipal de ensino sejam comple- tamente regularizados esta é uma afirmação do presi- dente José Coutinho Estrella da Associação dos Pro- fessores de Feira, que depois de várias reuniões com a classe e o prefeito, ainda não chegaram a um determi- nado aco- io, e conforme o presidente da APROFS, o pa- do mês de julho não vem Justificar uma m - íç da classe de suspender a greve, pois o atrazo co uará o mesmo.

FOTÓGRAFOS

Com a impugnação de uma das chapas apresen- tadas para concorrer as eleições da diretoria da Asso- ciação Profissional dos Fotógrafos de Feira, a única chapa formada com Álvaro, Marcos, Adalmário e Aderbal, sobressaiu perante a classe para representar a categoria efetivamente.

CONDUTORES

Vtendo normalizar as condições de trabalho em ofe //■ uma boa assistência médica e jurídica aos seus associados e dependentes, o delegado João Vieira Lima do Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários d& Salvador, atuando n? alegada em Feira de Santana, deverá entrar cor .ma ação na " stiça do Trabalho contra as empresas de ônibus jletivos Autossel e Industrial que não vêm respei-

tando o acordo firmado com o Sindicato no TRT. As empresas não efetuam o pagamento das horas extras e tem aumentado a jorrada de trabalho que é de 8 horas, para 10 ou 13 horas.

Carlos Mello e Cosme Ribeiro.

0 Sr. Antônio Carlos Magalhães apareceu como um dos destaques das contratações com finalidades eleito- reiras, ao admitir, em tempo recorde, aproximadamente 20.000 novos fun- cionários para as várias empresas esta- tais. Alguns jornais não tardaram a lembrar que o mesmo ACM foi o res- ponsável pela demissão de mais ou menos o mesmo número de funcioná- rios do Estado, no início de sua atual gestão, sob o argumento de que o ser- viço público estaria superlotado por pessoas sem nada fazer. Os próprios recém-contratados sabem que após 15 de novembro o seu destino é incerto, o candidato Roberto Santos prometeu fazer uma triagem para só demitir os que realmente nada fazem. Quanto ao candidato Clériston Andrade, nada declarou porque o "seu senhor"' não mandou.

Em se tratando de "empreguismo" é conviniente ressaltar o seu alastra- mento pelo interior, como conseqüên- cia desta atitude do dono do PDS na Bahia (ou dono da manada como afir- mou Mário Kettz no seu discurso de afastamento do seu antigo chefe).

Feira e Santana foi presenteada com aproximadamente 3.000 empre- gos, distribuídos pelos políticos do PDS nos vários cabides da cidade, com quantidade variando conforme o porte das repartições.

Não consiste em nenhuma surpresa o fato de a Coordenadoria de Educa- ção ser o maior cabide da cidade, até mesmo porque a Secretaria de Edu- cação é o maior cabide do estado. E na Coordenadoria o empreguismo é escancarado. Poucos dias antes do en-

cerramento do prazo para as contrata- ções, foi fixada uma lista no mural da Coordenadoria contendo quase 300 nomes de pessoas agraciadas com um contrato de trabalho a título de "emergência". Esta lista trazia a ale- gria para os escolhidos, enquanto para os preteridos o consolo era outra lista que sairia no dia seguinte.

A Universidade de Feira de Santana também foi afetada pelo germe do "empreguismo", muitas são as "caras novas", surgidas no seu quadro de fun- cionários.

A maioria dos contratos dessas lis- tas são para agente de portaria, auxi- liar administrativo e regente auxiliar. Os contratos são válidos apenas por um período letivo, podendo ser, em dezembro, automaticamente prorro- gados por mais um ano.

Na Embasa o assunto é considerado intocável, embora fontes afirmem que as contratações com fins eleitoreiros tenham se verificado com a parricula- ridade de que o melhor cargo ficou para o filho do candidato a vice-pre- feito do PDS, José Pinto. Para calar a boca dos funcionários da casa foram efetuadas algumas promoções, pela metade. A situação é a mesma na Coelha, onde o critério de proporcio- nalidade com a quantidade de ligações foi por água abaixo.

Todas as "vagas" são preenchidas por pessoas indicadas por elementos do PDS. Dentre os "padrinhos" mais cotados destacam-se os nomes de João Durval Carneiro, José Falcão da Silva, Hugo Navarro, Wilson Falcão, José Pinto e outros, até mesmo "cabo elei- toral" consegue vagas, contanto que

tenha carta de apresentação dos figu- rões acima. Destes, o que parece ter maior poder de fogo é o "pistolão" João Durval, que já está sendo cha- mado de "canhão" por conta dos buracos que tem aberto para encaixar possíveis eleitores em lugares conside- rados difíceis.

Entre os contratados em Feira, há um clima de expectativa e muitos tç- mem que, passada a eleição de novem- bro, venham a perder o emprego, já que na maioria dos casos as reparti- ções não necessitam da sua mão de obra.

PREFEITURA MUNICIPAL

Este germe perigoso contagiou tam- bém setores da administração muni- cipal, que sob o patrocínio do ex- prefeito Colbert "Surfeira" Martins, contratou mais de 150 funcionários novos numa atitude que foi compa- rada a uma verdadeira "bomba chian- do" nas mãos do atual prefeito José Raimundo que viu a folha de paga- mento onerada bruscamente, aumen- tando as dificuldades financeiras porque passa a Prefeitura.

A afirmação do José Raimundo de que só contrataria novos funcionários quando "não houver outro jeito" con- trariou, conseqüentemente, políticos do PMDB, que gostariam de brindar seus cabos eleitorais com algumas vagas no quadro de funcionalismo mu- nicipal.

Resta saber se este "não houver outro jeito" tem alguma coisa a ver com as ordens que emanam da Sur- feira".

BAHIA TERRA DOS CURRAIS O Sr. Governador do Estado em en-

trevista concedida à Revista ISTO É de 8/9/82, e na qual comenta as pesquisas eleitorais realizadas por aquela revista, assim se expressa: "se o pessoal da pesquisa vai a Riachão do Jacuipe, e ouve lá dez pessoas, elas podem não saber em quem vão votar. Mas o chefe político de lá sabe". O chefe político é quem sabe quantos votos tem sob seu controle.

A revista comenta que esta decla- ração é de uma impecável lógica caci- quista.

Isso significa o que? Significa que na Bahia, principal-

mente em determinadas partes do in- terior, principalmente nas cidades menores, o coronelismo, o voto de ca- bresto, os currais eleitorais ainda con- tinuam em pleno funcionamento e decidindo as coisas. A conclusão ló- gica a que se chega é que as eleições brasileiras, neste caso, não são feitas pelo povo mas pólos cabos eleitorais; pelos donos dos votos; pelos que po- dem distribuir mais favores; pelos que têm mais dinheiro; pelos que podem

utilizar o dinheiro público e as insti- tuições públicas em seu próprio pro- veito.

Significa ainda a falsidade da demo- cracia pregada pelo Sr. Governador e pelo seu partido, que nada fazem para que o povo adquira um conhecimento de sua realidade; ao contrário, bom- bardeiam a população diariamente com propaganda dirigidas, pelos rá- dios, jornais e televisão; se as eleições não são feitas pelo povo, mas são deci- didas, como afirma o Sr. Governador, pelos chefes políticos, elas nada têm a ver com a população, que não tem oportunidade de dizer sua palavra.

Significa ainda que o sr. Governa- dor e o seu partido são, de fato, repre- sentantes dos interesses dos chefes políticos, dos coronéis do interior, dos donos dos votos; todos eles, na sua maioria, fazendeiros, comerciantes e possuidores de condições de manipu- lar a população.

Significa uma eleição ganha pela troca de favores, de empregos, de des- vios de verbas, de jeitinhos, de utili- zação do dinheiro público.

Dentro deste esquema não ganham aqueles que levam o povo, a política e a nação a sério; ganham aqueles que têm mais dinheiro para gastar.

Notícias nos chegam, porém, de que como o povo das periferias e das cidades maiores, e também muita gente das cidades menores e da zona rural começa a se organiza, pensar nos seus próprios problemas; temos notí- cias de que o povo está se cansando de ser "carneiro" e de ser tratado como tal pelos donos dos currais. O povo quer c ;brar as amarras dos currais e caminhar em liberdade,

15 de novembro poderá ser um- oportunidade de manifestação desta vontade de quebra dos currais e dos cabrestos.

Oxalá o povo da Bahia acorde em tempo para ste problema. Diante disso que afirma o Governador, com a palavra o povo da Bahia, o povo do interior do estado e, sobretudo, o povo de Riachão do Jacuipe.

Nosso destino é a liberdade ou se- rão os currais?

O GRITO DA TERRA éunij.rüal que se .sustenta, basicamen- e envie para a ADEFS - Associação de Entidades de Feira de

te, a partir da colaboração dos seus leitores. Por isso é importante Santana, rua J. J. Seabra 163 - sala 103 -IP andar - Cep:

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Página 4 Outubro/82 O GRITO DA TERRA

RUAS SEM ILUMINAÇÃO^ (COELBA É CULPADA) Os moradores de três

ruas e um beco, no bairro de Novo Horizonte, estão reclamando a falta de luz nas ruas ondo moram. São as ruas São Roque, rua São João, rua Cruz Souza e mais um beco, localizadas no tre- cho entre a BR-116 e a rua Juscelino Kubitschek

Estas ruas ficaram sem posteação e estão até hoje sem notícia de quando terão iluminação e os mora- dores temem que se passar as eleições e não colocarem, pronto,adeus à onça.

Algumas pessoas nos pro- curaram para se queixar e resolvemos visitá-las para conversarmos sobre o pro- blema, então, de várias pes- soas ouvimos as mesmas palavras.

Na opinião de dona Ma- ria Lima Souza Santos e seu esposo, Raimundo Santos, residentes na rua Cruz Sou- za, a culpa é dos políticos que "só lembram da gente

quando precisam e dos ór- gãos competentes". Porisso afirmam que a culpa é da Coelha mas vão mais adian- te, reclamando da insistên- cia de Otaviano Campos de chamar o bairro de Otavia- no polis.

No beco que liga as-ruas Cruz Souzg e São Roque, dona Alzira Pereira dos San- tos nos prestou o seguinte depoimento: "Eu sei que sou sem sorte, pois toda campanha que o povo in- venta aqui, eu sou uma das primeiras a por o meu no-1

me. E até a luz que se man- dou tanto abaixo-assinados, quando veio, foi para as outras ruas e para nós nunca chegou. Tudo que se quer fazer aqui, primeiro vai o nome dos pobres, depois de feito é dado o nome dos ricos. Mas "desta" que eu estou olhando para o pé deles, pois tenho 10 votos e sei para quem dar".

Na rua São João, alguns

moradores já botaram até caixas de luz nas suas casas e fizeram a instalação inter- na, mas os funcionários da Coelha não ligam a energia, botam mil desculpas e vab embora, como é o caso da casa de dona Judite, que disse que vai apelar para um pistolão. E seu filho João acha que a Coelha é culpada pois Otaviano afirmou que a prefeitura pagou para a Coelha estender a rede de energia para todo o bairro, e ela deixou várias ruas sem posteação, com o que con- corda dona Liolina Alves, também da rua São João.

Já o sr. Antônio Cesário dos Santos acha que a Coel- ha deve não só botar a rede de energia nas redes que não possui, como também, agir junto à Prefeitura para tro- car as lâmpadas que não funcionam, nas ruas onde foram colocadas.

Tito Fernandes da Cunha.

O LEITOR ESCREVE Jesus manda que as autoridades la-

vem os pés do seu povo, modificando" o costume daqueles tempos em que os escravos é que tinham de lavar os pés dos seus senhores. Trazendo estas pa- lavras para hoje, Jesus manda as auto- ridades, os políticos eleitos, lavarem os pés dos "escravos", dos marginali- zados, e, digo mais, foram escolhidos para isto.

Mas, o que se vê é o contrário; os políticos, legítimos eleitos, em vez de lavarem os pés, lavam as mãos, no gesto de quem diz: "tive um sonho" e não me embaraço com este povo.

" -juí no bairro de Novo Horizonte, depois de vários anos de luta, de toda espécie, iluminaram o bairro. Na parte sul do bairro ficou um quadro no meio, com 26 casas no escuro. O mais triste é que neste local é onde moram as famílias mais assíduas e interessadas nas reuniões, e as que mais reivindica- ram a energia para o bairro. O mais triste ainda é ouvir as queixas deles: "os mais ricos, os que não dão um passo pelo bairro, ficam beneficiados, e nós ficamos chupando o dedo, na base da vela e do fifó".

Eu lhes pergunto, caros leitores.

GATOS... Éramos para ficar lisonjeados ven-

do na primeira página desse jornal uma reprodução (foto) de uma faixa criada e produzida por nós. Afinal, existiram outras falando do mesmo assunto. Somente a nossa foi esco- lhida.

Mas, acordamos quando lemos o text»- Ia matéria "Gato, Cachorro e Cri a - Fora". O sonho havia aca- bado.

A nossa intenção na faixa foi mal compreendida. Fmitiims um código através de um meio publicitário, e o

eptor entend»" a "^nsagem dife- ante. Não era o nosso ot Nvo igualar

criança, gato e cachorro. Para nós, eles são animais, diferenciado o primeiro de ser racional. Porém, os três mere- cem ser vacinados, sem distinção. Os três merecem de carinho, atenção e cuidado.

onde estão os homens? Aparecerão novamente, eles e mais os outros, perto das eleições, para que lhes lave- mos os pés e beijemos a face?

Mas eu faço a eles um apelo vee- mente, peço clemência para estes pobres que contam suas históricas e ficamos sabendo que quase todos vie- ram da roça, onde viviam do suor do próprio rosto, e hoje vivem jogados no lixo, casas sem piso, sem reboco, sem quintal, sem sanitário, sem água, sem luz, sem pão sem alegria, sem saúde e sem vida. Enquanto muitas casas na roça já tem energia, estes pobres, na periferia da grande cidade, estão com a prática primitiva do fifó.

Convido os representantes do povo a visitarem estas casas. Venham à mi- nha residência (rua Sr. do Bonfim 41), e eu os levarei até estas família, vamos ver se isto pode ser resolvido o mais rápido possível.

É umapelol Lavem os pés, mesmo que para isto

tenham que sujar as mãos. Para evitar que os adversários lavem a língua.

Arnaldo Carneiro de Hliveira (Novo Horizonte)

Prezado Jorge M. Rocha, autor do artigo. Você defende o seu ponto de vista, o seu ideal. Concordamos, sem tirar nem por uma vírgula. A propa- ganda, como em qualquer outra ativi- dade do sistema capitalista, do qual participamos (você e nós), temos bons e ruins profissionais. Aqueles que ma- nipulam conscientemente ou não. Para nós, a propaganda deve ser usada em benefício social. E nós levamos a sério isso. Para quem nos conhece há nove ,ios, batalhando pelo setor, sabe da

nossa posição. É pena que nesse jornal que tem o

título de um dos filmes de um feirense esquecido, Olney São Paulo, a nossa empresa apareça de uma maneira que gostaríamos de nunca vor. Atencio- samente.

Antônio Carlos Carvalho Diretor da MIX MERCHADISING

MAIRI EM NOTICIAS Polícia espanca trabalhador rural

João Raposa e seu vizinho sempre se beneficiaram de um mesmo tanque deixado por herança de antepassados seus. Com a seca, a água acabou e o tanque ficou "entupido". O vizinho de João resolveu limpar o tanque, pôr água (comprada) e cercar para que o vizinho não se utilizasse. João não se conformou e derrubou a cerca por vá- rias vezes. Comenta-se qus o caso es- tava já entregue à justiça.

O vizinho de João chamou à polí- cia que foi ao local e ela própria se encarregou de levantar a cerca. Achan- do a cerca consertada, João Raposa não contou história: botou tudo no chão outra vez. O delegado de Polícia, segundo se comenta, teria mandado uma intimação pro João que não aten- deu.

No dia 24 de agosto, João estava na cidade resolvendo lá umas coisas suas. A polícia aproveitou a "deixa" e "grampeou" na frente de várias teste-

munhas. E logo aí começaram os es- pancamentos, o que foi continuado na cadeia. As porradas foram tão intensas que um conhecido de João comenta: "ele apanhou tanto que começou a obrar e a vomitar sangue". Com medo de João vir a falecer, a própria polícia (com a ajuda de políticos do PDS, se- gundo se comenta), cuidou de levá-lo para o Hospital de ,!undo Novo, sem que a sua famliia soubesse de nada que estava ocorrendo. Resultado: João sofreu também fratura num dos bra- ços que precisou engessar.

Moral da história: João Raposa é conhecido como oposicionista e elei- tor do PMDB local,

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mairi está apurando os fatos a fim de estudar quais providências poderão ser tomadas no caso da agres- são bárbara e violenta a um trabalha- dor rural praticada exatamente por quem haveria de defendê-lo: a polícia.

PDS persegue funcionários em Mairi No município de Mairi (ou Monte

Alegre, para quem preferir) o PDS está em situação de desespero. Enfren- tando o PMDB com três candidatos a prefeito (todos três chamados João), o PDS vem demonstrando um verdadei- ro desespero em suas atuações.

As suas investidas, ultimamente, têm sido voltadas para a perseguição a funcionários que militam ou são sim- páticos ao partido da oposição. Segun- do fontes locais os funcionários são convocados a ingressar no PDS e, para os corajosos que não aceitam a convo- cação, o resultado têm sido o mesmo: demissão. No seu lugar, põem pessoas "de confiança"; pessoas que possam ajudar o PDS local a sofrer uma der- rota menos desastrosa porque, tudo indica, que não haverá remédio que lhe salve naspróximas eleições.

Uma das vítimas da ação dos inte- grantes do PDS em Mairi foi uma fun- cionária da Casa de Saúde de Mairi

que trabalhava na Secretaria; outra vítima foi um servidor do Cartório de Registro de Imóveis da cidade, além de várias outras.

Os pol íticos, ao procederem às de- missões, argumentam que "são ordens do governador Antônio Carlos Maga- lhães". E possível que seja uma descul- pa, porém, não se pode também duvk dar que ACM tenha dedo na história, diante de tantos atos "bondosos" pra- ticados por ele.

Correm boatos na cidade de Mairi no sentido de que "se o PDS ganhar, o povo botará o prefeito pra fora da cidade". Do outro lado, comenta-se que não são poucas as ameaças para a hipótese de o PDS perder cadeia pra uns, surra pra outros etc.

Se as ameaças tornassem-se em fatos seria necessárias muitas cadeias e muitos chicotes pra punir todos oposi- cionistas que, garatem a vitória em 15 de novembro.

Vale tudo para políticos do PDS de Mairi A aposentadoria pelo Funrural é conce-

dida, por lei, aos trabalhadores rurais que completam 65 anos ou que sofrem algum ti- po de problema que os impossibilita conti- nuar trabalhando. Há, também, vários tipos de "pensões", sendo um deles para as mulhe- res de trabalhadores rurais que ficam viuvas.

Driblar a legislação (impunemente) não tem sido coisa rara, principalmente nessa época em que uma aposentadoria conseguida dessa forma pode valer algumas dezenas de votos. Assim é que, em Mairi, um dos inte- grantes do PDS local encaminhou a docu- mentação para aposentar pelo funrural a viú- va de um ex-funcionário da agência local da Empresa de Correios e Telégrafos, conhecido como "Vicente Correio". O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Antônio Bastos de Freitas, acreditando na "boa fé" do político que é fazendeiro e comerciante.

chegou a atestar que se tratava de uma de- pendente de trabalhador rural. Descobrindo posteriormente a ^raude, o presidente do Sindicato encam nou à representação do Funrural documentos que impedem a citada pessoa de gozar dos benefícios como depen- dente de trabalhador rural.

Outra tentativa se deu com a Sra. Maria Bacelar, residente na rua Cônego Manoel Ma- ria, s/n., que foi encaminhada a documen- tação para a aposentadoria por "gente do PDS" local. Nesse caso,, r iresidente do Sin- dicato de Trabalhador. Rurais procurou investigar o pedido e descobriu que a reque- rente, viúva, era esposa de um ex-funcionário da Prefeitura, conhecido por Serapião de tal, falecido em 1974.

Essa é a época do vale tudo, às custas, evidentemente, do bolso do outros, no caso, do próprio povo.

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O GRITO DA TERRA Outubro/82 Página 6

TECNOLOGIA ALTERNATIVA ISTO VOCÊ DEVE SABER

Com o agravamento da chamada cri- se do petróleo surge e necessidade de se buscarem novas alternativas. Aliás, está provado, é justamente nos perío- dos de crise que surgem as maiores invenções, é como diz o ditado popu- lar: "é a precisão quem faz o ladrão".'

De alguns anos para cá a palavra "tecnologia alternativa" passou a ser largamente usada, sobretudo, nos cen- tros de pesquisas e nas universidades brasileiras. Há, porém, algo que con- tinua sem definição: é alternativa a quê e a serviço de quem? Sem entrar no mérito dos vários conceitos, o fato é que, para o povo a "tecnologia alter- nativa" que se conhece não serve, a começar pelos seus custos. Por exem- plo, um biodigestor de tamanho pequeno, custa hoje em torno de Cr$500.000,00 e exige que se dispo- nha pelo menos de dez cabeças de va- cas para o seu abastecimento. Qual o pequeno agricultor, por exemplo, que pode construí-ío e mantê-lo? E nesse sentido se situam os diversos "progra- mas" de tecnologia alternativa.

Na tentativa de criar algo que ve- nha, de fato, servir aos pequenos pro- dutores rurais, o Serviço de Integração de Migrantes (SIM) está implantando um "Centro de Tecnologia Popular", como proposta para o ano de 1983. Como experiência, foi construído o primeiro cata-ventos para a produção de energia elétrica e sucção de água.

Caso tudo funcione a contento, o SIM passará a produzir cata-ventos em série, possivelmente com dois preços: um para pequenos produtores rurais que constituem o público-meta do projeto e outro para particulares, sendo que o primeiro terá prioridade no atendimento. (A foto mostra o ca- ta-vento instalado a título de expe- riência).

Pechincha Vejn -'•^ z^s raízes Que . J vertigens Na fií<. üO pão.

Tr^te empobrecido amigo Que sofreu castigo Na sua missão. Corre pelo amanhecer Irá tentar viver Num pedacinho de chão.

Calmo como o sol.nascente , Que vai ao poente

Por nenhum tostão

fcle busca na verdade Ê sua liberdade Que está m além. Ele quer é tiao ter medo Obter sossego Por qualquer vintém. Hecnmchar não adianta Porqup v ante compra De qt (iada tem. Tem muita eira sem beira Muita pechincheira na televisão Corre, corre Deus acuda Estão pedindo ajuda Contra a inflação.

ZENOBIO NASCIMENTO SILVA V

Continuam sem solução os problemas das falsificações de documentos e publi- cações da Igreja. E o volume de falsifi- cações vai crescendo. Falsificou-se, ini- cialmente, o jornalzinho A FOLHA da diocese de Nova Iguaçu que tem à frente o Bispo D. Adriano. Providências não foram tomadas. Agora a onda é muito maior: falsificou-se o S. PAULO - jornal da arquidiocese de S. Paulo; falsificaram- se cartilhas eleitorais de conscientização produzidas em várias dioceses do Brasil, inclusive* aquelas editadas pela arquidio- cese do Rio de Janeiro, pelo Cardeal O. Eugênio Sales. Tudo continua sem ser esclarecido e sem que os responsáveis, agentes da extrema direita, sejam identifi- cados e punidos. Aliás da mesma maneira como se derrubam cartazes e painéis de propagandas eleitorais da oposição; da mesma forma como se atacam violenta- mente, inclusive com espancamentos e ferimentos, os candidatos da oposição.

É o caso de dizer: viva a abertura. Somente que abertura para que alguns continuem fazendo suas ações destrui- doras da democracia!

Até quando?

x x x x x x

Começa a funcionar a onda de aumen- tos dos produtos e serviços mantidos sob controle do governo. Assim é que a gaso- lina subiu na surdina. Dormimos e, quan- do acordamos, as bombas registravam um preço mais alto. Ninguém noticiou o fato. Por que? São dúvidas... Do mesmo modo subirão as tarifas de energia elé- trica... as tarifas telefônicas... Há pouco tempo subiram as tarifas de correio etc. Dizem que agora tudo vai subir por mês que é para se sentir menos. Se subir de três ou de seis em seis meses se sente mais. é melhor subir em pequenas doses, porque se vai criando o costume.

Ê pena que os tecnocratas não vejam da mesma maneira a necessidade de subir aos poucos... cada mês... o salário da gente!

x x x x x x

Estamos em período eleitoral. Muitas pessoas trocam seus votos por qualquer favor que possam receber por parte dos candidatos. Há inclusive anúncios nos jornais sobre isso.

Em base a estes anúncios, o cartunista Henfil resolveu trocar também o seu voto e trocá-lo pela seguinte lista de coisas: "TROCA-SE VOTO POR ELEI- ÇÃO DIRETA PARA PRESIDENTE - FIM DA LEI DE SEGURANÇA NACIO- NAL - FIM DA LEI FALCÃO - EX- TINÇÃO DA CENSURA SUPERIOR E INFERIOR - UNE - LEGISLATIVOS E JUDICIAL SOBERANOS - FIM DA TAXAÇÃO DOS APOSENTADOS - Df- VIDA EXTERNA PAGA PELOS EX- TERNOS - DIREITO DE VOTAR O ORÇAMENTO OA UNIÃO - APURA- ÇÃO DO RIO CENTRO, MORTE DE D. LYDIA E RECENTES ATENTADOS CONTRA A IGREJA - DEVOLUÇÃO DE LILIAN CELIBERTE UNIVERSIN- DO E DESSE RUSSO QUE OI EEUU LEVARAM - INVIOLABILIDADE DA CORRESPONDÊNCIA - HF.ERDADE SINDICAL - DIREITO DE GREVE - ENSINO GRATUITO...".(Isto é 8/9/82 pfr 18).

jem que vale a pena trocar votos por estas propostas. Vamos tentar?!

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A CEME (Central de Medicamentos)

tem novo diretor. O Ministro Hélio Bel- trão, da Previdência Social, convidou o economista João Felício Scardua, para reassumir o cargo, apôs ter sido dele afas- tado durante sete anos. Scardua foi afas- tado pelo então Chefe da Casa Civil Golbery do Couto e Silva. Motivo da demissão: os dois discordavam sobre o papel da CEME. Para Scardua a CEME deveria se transformar em um grande la- boratório nacional, capaz de quebrar o monopólio das multinacionais no campo dos remédios. Ele criou também a lista Nacional de Medicamentos Essenciais, composta de trezentos medicamentos básicos, a serem produzidos e comerciali- zados pela CEME, tentando diminuir o lançamento descontrolado de um mesmo remédio com nomes diferentes.

Será que ele agora poderá pôr em prá- tica o seu plano antigo?

x x x x x x x

O Ministro Hélio Beltrão, da Previdên- cia Social tem tomado um cojunto de medidas simpáticas. Pretende, inclusive, reduzir os gastos do INPS, controlando os tratamentos dispendiosos e, por vezes desnecessários. De agora em diante todos deverão passar por um médico clínico que encaminhará os exames e tratamen- tos que forem necessários.

Curioso, no entanto, é que o ministro, necessitando fazer uma cirurgia do cora- ção, resolva ir para os Estados Unidos. E sabe-se que no Brasil já se faz com com- petência e sucesso esta operação.

E o caso de dizer: casa de ferreiro, espeto de pau. Ou em outras palavras: o que é gasto desnecessário para o povo não é para o governo. Aliás... não pode ser diferente. Enquanto o povo passa fome... o governo passeia... viaja e se banqr^teia!

De Colbert Marins conta-se que, em determinado bairro da cidade, dirigindo- se ao povo chamou a atenção para o fato de que Luciano Ribeiro e alguns outros eram perigosos porque eram comunistas. Interessante, no entanto, foi a resposta de um senhor da comunidade: "Doutor, há muito tempo a gente sabia que comu- nista era o senhor e doutor Chico Pinto".

Vê-se que o povo está começando a distringuir as coisas e as inverdades.

Vê-se que o PMDB trabalha contra o próprio PMDB. Quem gosta disto, natu- ralmente, é o PDS.

Reino dividido... é reino perdido!

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Estmos em plena vigência da Lei fal- cão. De repent? mudou-se o panorama político do país. Os debates, os confron- tos, as discussões dos programas, as crí- ticas ao governo e à oposição, tu-to desapareceu do rádio e da TV por efeito da varinha mágica desta lei retrógrada e antidemocrática.

O que parece bonito e, ao mesmo tempo mentiroso, é dizer-se que estamos em plena abertura.

O quadro brasileiro pode ser pensado assim: falou-se em abertura, não se tinha mais como não ceder aos anseios e exi- gências do povo neste sentido. Houve a abertura. Depois começaram a chegar as fechaduras:

— proibidas união e coligação de par- tidos...

- cria-se o voto vinculado... porque se

aproveita melhor para o PDS do poder dos coronéis... chefes políticos etc.

— rejeita-se uma cédula eleitoral mais séria em favor de uma que favorecerá, por certo, maior empacotamento de votos...

mantém-se a lei falcão, que proíbe o debate pelo rádio tvs etc.

Curioso, no entanto, é que continua o programa O POVO E O PRESIDENTE (presidente que é o principal cabo eleito- ral do PDS); continuam as enormes pro- pagandas governamentais, pagas com o dinheiro público... continuam outras coisas que beneficiam apenas a um par- tido. Na Bahia, por exemplo, Clériston não fala na TV. Mas toda hora Antônio Carlos fala, inaugura obras etc. E faz po- lítica. Onde está a lei falcão para ele?

E viva a abertura para uns e cadeado para outros! Quem não conhecer o que é democracia que venha ao Brasil e veja!

De uma coisa estamos certos: os ve- lhos gregos ficariam mortos de vergonha e, com certeza, arrependidos, de terem pensado em democracia. Também... dando tantas democracia diferente!

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Conversando sobre eleições, uma pes- soa de certa cidade do interior da Bahia assim se expressou: "enquanto a família tal, aqui na cidade, se meter em eleições, eu não voto em outra pessoa".

Isto nos leva aque? A algumas consta- tações e alguns questionamentos.

Primeiro que não se vota em partido ou candidato. Vota-se, em muitas oca- siões, nas pessoas e nas famílias.

Segundo — que nem sempre o grau de consciência das pessoas é suficiente para escolher e decidir por si. Ou, se há cons- ciência, esta é sufocada pelo poder domi- nante.

Terceiro — Os políticos sabem disso, mas poucos, dentre eles, pretendem fazer alguma coisa para que esta situação se modifique. Como está é muito mais favo- rável a eles. Eles podem manobrar me- lhor o povo, baseados no sentimento popular. E os políticos bem que sabem apelar para o sentimento.

Quarto — ser eleito nestas circunstân- cias significa o que? Realmente ser representante do povo? Ou represen- tante da sua família do seu dinheiro, do seu poder? E será que poderíamos falar em ser eleito?

Quinto — Estimular um tal estado de coisas é realmente ser democrático e que- rer que o povo expresse, de fato, sua vontade nas urnas?

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"Nenhum ex-empregado da Petrobfás, afastado em razão de aposentadoria, jus- ta causa, recisão por acordo ou dispensa por conveniência poderá ser readimitido ou trabalhar para esta companhia, a qual- quer título, ainda que através de tercei: ros".

Esta decisão arbitrária foi comunicada oficialmente pelo ex-ministro das Minas e Energias e atual presidente da empresa, Shigeaki Ueki, a todos os órgãos da Pe- trobrás.

Esta medida investe contra o direito básico ao trabalho e representa o fim de carreira para os ex-funcionários, pois, no ramo do petróleo, ou se trabalha na Pe- trobrás ou em empresas que prestem se- viço à Companhia.

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Página 6 Outubro/82 O GRITO DA TERRA

DEBATES POLÍTICOS A comunidade feirense teve a opor-

tunidade, por duas vezes, de acompa- nhar debates pol íticos entre os 4 can- didatos a prefeito de Feira de Santana, promovidos por emissoras de rádio e jornal locais. É pena que, nas duas oportunidades, os promotores dos de- bates tenham tolhido os debatedores em se profundarem nos problemas de caráter, mais gerais, não restritos ape- nas a Feira de Santana. Mesmo assim, aqueles mais ousados não se prende- ram apenas aos problemas locais, mes- mo porque isso é praticamente impos- sível. Por exemplo: como tratar do desemprego, do problema habitacio- nal, do problema da educação etc, sem tocar no sistema como um todo?

Apesar dessa limitação, os debates serviram no sentido de que os eleitores feirenses conhecessem o que pensa ca- da candidato e como cada um está pensando em governar o município ca- so venha a se eleger. E esse sentido, houve praticamente uma divisão em dois blocos entre os 4 candidatos, pela

proximidade de idéias. De um lado, o candidato do PT, Antônio Ozzetti (considerado, aliás, como o vencedor) e o candidato pela sublegenda II do PMDB, Luciano Ribeiro, do outro la- do, o candidato pelo PDS, José Falcão e o candidato pela Sublegenda I do PMDB Gerson Gomes.

Não houve surpresas. Ninguém es- perava que José Falcão ou Gerson Go- mes saissem melhor em suas coloca- ções. Aliás, o baixo nível a que chega- ram os dois, chegou a surpreender. Houve momentos em que a rádio que transmitia o debate foi obrigada a des- ligar os microfones a fim de que os eleitores não tivessem o desprazer de ouvir chingamentos e palavrões que eram deferidos por um e por outro can- didato. No segundo debate, inclusive, não houve tapas entre eles graças à in- terferência de um jornalista presente.

Para a comunidade, para os eleito- res, é triste saber que candidatos a pre- feito da sua terra cheguem a esse ní- vel. É lamentável que esses candidatos

não saibam debater os problemas que afligem o povo decentemente. Como saberão, depois, encaminhar soluções para tais problemas?

Apesar das decepções, todos co- mentaram: "os debates foram muitos válidos". Claro, pelo menos foi uma oportunidade para se conhecer mais de perto o que cada um pensa. Serviu pra mostrar ao eleitor aquilo que as propagandas, os cartazes, não mos- tram.

Mas esse "cheiro de democracia" durou pouco. No dia 15 de setembro entrou em vigor a famigerada Lei Fal- cão que proíbe a presença de can- didatos em rádio e TV. O eleitor agora é obrigado a se contentar com as pro- pagandas mudas, onde se fala da vida do candidato e se mostra o seu núme- ro.

Vale se registrar, também, que essa Lei Falcão somente não foi revogada pelo voto de um deputado do PDS. E foi de um baiano.

Praia: propriedade privada? A praia de Cabuçu, no litoral de

Santo Amaro, encontra-se em proces- so de privatização.

E que os donos de lotes, à beira da praia (loteamento Praia de Oxós — fo- to), resolveram ganhar mais alguns me- tros além dos que compraram, e para isso não hesitaram em construir suas casas em plena praia, avançando vários metros em áreas de propriedade da na- ção, e portanto de domínio público. É fácil constatar tais irregularidades, pois a legislação vigente fala em ter- renos acima do nível de preamar (maior alcance das marés) como não privatl- záveis, e essas construções são inclusi- ve alcançadas pelas marés, não tendo os seus proprietários evitado sequer destrutir vegetação típica de praias que também são protegidas pela legis- lação.

Cabe à Marinha a fiscalização de tais áreas. Não se sabe o porque de tal fiscalizaçr: não ser efetuada. dato a prefeito pelo PDS de Conceição

de Feira, Antônio Serra, foi construí- Aliás as irregularidades vão mais da com a utilização de equipamentos

./diante. A mansão de praia do candi- do Exército Brasileiro transportando

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água para a construção, o que causou estranheza a todos os freqüentadores da praia e, possivelmente, afastou os fiscais da Marinha,

A HUMANIDADE Seremos muito mais humanos no dia em que para-

mos para pensar seriamente em mudar-nos; esta mudança terá de ser permanente, sem vacilações, pois da nada adianta se você mudar hoje e amanhã, por estar enfrentando uma dificuldade, voltar a pensar e agir como antes. Assim estaríamos fazendo com as mãos e desmanchando com os pés.

Realmente é muito difícil uma mudança interior, pois no mundo conturbado em que vivemos a realidae é muito brusca, e, é claro que nos chocamos com ela. Muitas vezes, sentimos revolta e até mesmo ódio; contudo, não devemos nos abater, por isso, mas lutar- mos para conseguir pelo menos aceitar as coisas ou a vida como elas são, pois os erros partem de nós, seres humanos, e não da vida em si. Se temos que culpar alguém, culpemos a nós mesmos, que somos fracos e estamos constantemente errando.

A NATUREZA Considero a natureza a coisa mais rica, pura e bela,

que Deus criou. Já imaginou como seria triste a vida se não tivéssemos as árvores, o pôr do sol, a chuva, o mar, o horizonte? Eu não queria ter uma vida assim, sem a natureza.

Ê uma pena que tenham homens tentando destruir essa beleza, com suas mentalidades bobas ou más, ou, até as duas.

O pior crime cometido é contra a natureza, pois é ela indefeza. E os homens que cometem tais atos não passam de covardes e insensíveis.

As crianças são mais alegres e sadias, quando cria- das em ambientes que possam entrar em contato com a natureza, por outro lado, elas são mais criativas, sensíveis e carinhosas.

Gostaria muito de impedir que esses crimes fossem cometidos contra a esta forte de grande razão do nosso viver.

Jô Maria

Oração a um lavrador Levanta-se eolha a montanha de onde vem o vento, o sol e a água Tu, que manejas o curso dos rios Tu, que semeas o vôo da tua alma

Levanta-se e olha as mãos Para crescer, estreitá-las a teu irmão Juntos iremos Unidos no sangue Hoje é o tempo que pode ser o amanhS

Livrai-nos daquele que nos domina na miséria Traz-nos teu reino de justiça e igualdade Sopra como o vento A flor do serrado Limpa como o fogo O cano do teu fuzil

Levanta-te eolha as mãos Para crescer, estreitá-las a teu irmão Juntos iremos unidos no sangue Agora e na hora da nossa morte Amém! Victor Jara (colaboração de Corsini).

Estórias que o povo conta Nininho, Zé Ayres, Luis Macedo, Costi-

nha, João de Flávio, Balão, Homero de Fi- gueiredo e mais outros companheiros, for- mavam a fina flor da boêmia feirense, cur- tiam a vida pelos bares e cabaret de Feira de Santana.

Entre todos eles, era bastante conhecido o desejo de Nininho de que, quando mor-

resse, os amigos não o esquecessem e desen- terrassem o seu cadáver para levar ao caba- ret, onde, juntos com as mulheres, promo- viam farras inesquecíveis, que só tinham ho- ra de começar, nunca de acabar.

Em 1951 ft'ninho morreu. Cerca de 15 dias após a - a morte os seus amigos, reu- nidos no bar Tico-Tico, na praça Padre Ovídio, bebiam em homenagem ao amigo morto, tfiando alguém lembrou do desejo públicot Nininho. Atym.a doses mais tarde, ividaram as meninas do cabaret para juntos buscarem o companheiro que certamente, naquela véspera de primavera, os esperava, ansioso por um bom gole e uma boa música.

O cemitério não era longe e eles não tar-

daram a chegar. A noite dificultou o traba- lho, não permitindo a localização da última morada de Nininho, em compensação as mulheres enfeitaram-se com colares impro- visados, feitos com coroas de flores encon- tradas pelas covas alheias, enquanto os ho- mens recolhiam as caveiras encontradas, pensando tratar-se de antigos boêmios que certamente sentiam muita sede. Homero de Figueiredo improvisou um belo discurso, em latim, em homenagem a todos os mor- tos que ali descansavam.

Do cemitério a estranha caravana seguiu para o cassino de Oscar 'Tabaréu", o fa- moso cassino Irajá, localizado na praça dos Remédios, onde a farra prosseguiu com to- dos lamentando a falta de Nininho, todos, p n, elogiavam a todo momento a per- feição do sorriso daquelas silenciosas cavei-

ras.

E nem bem amanhecia, toda cidade já sabia das peripécias daquele grupo. Não se falava em outra coisa. Rapidamente a Pre- feitura de Feira, dominada pela UDN de Arnald Silva, resolveu abrir um processo

contra os participantes da farra, que, entre outros males pertenciam aos quadros do PSD. Enquanto a Igreja se limitava a man- ter contatos com o Vaticano, a maçonaria se colocava em defesa dos réus.

Todas as revistas nacionais noticiaram o

fato, inclusive "0 Cruzeiro", a mais famosa revista da época. Constantemente os envol- vidos eram procurados por repórteres.

A BBC de Londres noticiou o fato com destaque, porém a "Rádio Central de Mos- cou" ultrapassou todas as espectativas ao informar que: "na cidade de Feira de Santa- na, Bahia, um grupo de jovens, católicos, devoraram cadáveres". A notícia de que o Papa João XXIII havia excomungado todos os participantes correu rapidamente.

Era o mundo se curvando para Feira de

Santana.

A vida ficou difícil para eles, todos os indicados no processo (alguns escaparam, favorecidos por parentes da UDN) precisa- ram sair de Feira até as coisas se acalma- rem.

Foram proibidos de entrar nos clubes so-

ciais, não era convidados para caruru, ani- versários etc, e quando descobertos em qualquer lugar, eram colocados para fora

como excomungados.

Namorar? Nem falar, não havia uma só moça da cidade que enfrentasse a barra de ser vista com alguém que bebeu na caveira.

Mesmo nas cidades vizinhas eram apon- tados como os demônios de Feira.

O processo demorou mais de um ano e só teve um final feliz quando, ao depor, perante o juiz Farias Gões, Zé Ayres afir- mou estar vendo, constantemente, espíritos à sua frente.

O promotor, Dr. Requião, era espírita, acreditou tratar-se do bom Nininho, que preocupado com os amigos, voltava do além para defendê-los, apesar de lamentar não ter sido encontrado naquela bela noite de primavera. Como ele gostaria de ter parti- cipado da farra:

CARO LEITOR:

Se você conhece algu,. - das "estórias que o povo conta", envie para nossa reda- ção.

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O GRITO DA TERRA Outubro/82 Página 7

Sindicalistas vão ao governador

cobrar promessas

CARTA DE SOLIDARIEDADE

Em 1978 foi iniciado um - movimento reivindicatório pela isenção do ICM para os produtos dos pequenos agri- cultores, quando comerciali- zados por eles próprios, a partir da "perseguição" dois fiscais de arrecadação do Es- tado sobre os pequenos agri- cultores, resultando na en- trega de um abaixo-assinado com 7.500 assinaturas ao governador Antônio Carlos Magalhães, à Assembléia Le- gislativa e ao Secretário da Fazenda, em 31 de outubro de 1979.

Na época, o governador usou de todos os meios para não receber os trabalhado- res rurais e somente com a participação de parlamenta- res da oposição (os da situa- ção se recusam a intervir) foi que ele resolveu receber os agricultores em audiên- cia, certamente com receio das denúncias que poderiam fazer os citados parlamenta- res. < ' A "comissão de coorde- nação" do "Movimento de ICM" discutiu com o gover- nador por mais de duas horas a reivindicação dos agricultores, sem que nada de concreto pudesse ficar decidido. No final, a comis- são insistiu para que o go- vernador descesse ao térreo do edifício da governadoria a fim de conversar com os 400 agricultores que foram a Salvador para a entrega do documento. O governador resistiu mas terminou ce- dendo. Chegando "cá em- baixo" a conversa mudou e isso ficou muito claro na grav: .5o que os lavradores fizeram da conversa "lá em cimo" (bastante áspera) e as amabiiidades junto aos la- vradores "cá embaixo". Foi aí, distribuindo beijos e abraços, que o governador fez mil e uma promessas. Tudo em vão. Nenhuma cumprida até hoje.

Os lavradores não desisti- ram da reivindicação mas, pelo contrário, passaram a

Pistoleiros do grileiro Roberto Diniz de Souza Leão Neto assassina- ram a tiros o lavrador Manoel Dias de Santana m distrito de Boa Vista do Procópio, município de Barra, prati- cando vários tipos de violência contra outras 19 famílias de trabalhadores rurais, destruindo inclusive suas casas de moradia.

O fato ocorreu no dia 14 de setem- bro e o mesmo grileiro, que vem rece- bendo grande apoio do governo em financiamento de projetos, através da SUDENE, já assassinou, há alguns me- ses, uma "criancinha de braço" no

colo da própria mãe que ficou tam- bém baleada.

Tomando conhecimento do ocor- rido, lavradores de vários municípios que participavam do encontro de ava- liação da APAEB, em Feira de Santa- na, enviaram uma "carta de solidarie- dade" aos lavradores de Barra, através do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da Diocese de Barra e da FETAG. O texto, na íntegra, é o seguinte:

"Aos irmãos e companheiros de Barra:

Nós, sócios e diretores da Associa- ção dos Pequenos Agricultores do Es-

tado da Bahia (APAEB), representan- tes de comunidades nos Municípios de Feira de Santana, Serrinha, Valente, Araci e Ichu, soubemos do acontecido com o irmão MANOEL DIAS DE SANTANA, na quarta-feira passada em Boa Vista, município de Barra. Fi- camos comovidos com este aconteci- mento com os nossos irmãos da mes- ma classe.

Ficamos rogando a Deus para ajudar os pequenos a encontrarem o seu direito, um dia, e que seja feita jus- tiça com esses criminosos".

(assinada por 18 lavradores).

exigir que os seus Sindicatos assumissem a luta.

Nos dias 28, 29 e 30 de agosto os Sindicatos de Tra- balhadores Rurais de Feira de Santana, Coração de Maria, Conceição do Jacui- pe. Santa Bárbara, Ichu, Valente, Serrinha, Richão do Jacuípe, Conceição do Coité, Mairi e Araci, sob a coordenação da FETAG, es- tiveram reunidos em Feira de Santana, avaliando os rumos do movimento reivin- dicatório.

No final do encontro e depois de tratar de outros assuntos de interesse dos Sindicatos, ficou decidido que os sindicalistas vão no- vamente ao governador co- brar as promessas feitas por ele há três anos atrás. Novo abaixo-assinado será entre- gue ao governador, com as- sinaturas coletadas noutros municípios pelos respecti- vos Sindicatos que não se acharam presentes ao en- contro, a exemplo de Santa Luz, Cansansão e Oueima- das, dentre outros.

Os sindicalistas presen- tes ao encontro estabelece- ram o prazo de até 14 de outubro para o encontro com o governador, ficando a FETAG na incumbência de marcar a audiência. Caso o governador se recuse a recebê-los, os dirigentes sin- dicais farão uma reunião no dia 13, na FETAG e no dia 14 convocarão a imprensa da capital para uma cole- tiva, tornando público as reivindicações, as promessas não cumpridas pelo gover- nador e a sua recusa em receber os representantes dos trabalhadores rurais.

No mês de fevereiro de 1983 os dirigentes Sindicais voltarão a se encontrar, em Feira de Santana, para anali- sarem os rumos do movi- mento. Até lá serão reali- zadas "reuniões setoriais" pelos Sindicatos, envolven- do outras entidades sindi- cais na luta que é de todos.

APAEB inaugura sede própria Com a presença de cerca de 200

lavradores de vários municípios vizi- nhos a Associação dos Pequenos Agri- cultores do Estado da Bahia (APAEB) inaugurou, no dia 11 de setembro, a sua sede própria no município de Ser- rinha. Na ocasião, além de autoridades presentes, a exemplo do prefeito mu- nicipal de Serrinha, vários lavradores falaram da importância da entidade para os pequenos agricultores.

A APAEB foi fundada com três grandes objetivos: viabilizar a comer- cialização dos produtos dos pequenos produtores, evitando a presença dos intermediários; providenciar o repasse de outros produtos indispensáveis aos associados; e estimular o processo de organização dos pequenos agricultores na região.

Já funcionando também em Feira de Santana (Lagoa Grande, Distrito de Maria Quitéria), Valente e Serrinha, a APAEB dará início, nos próximos meses, a construção da subsede de Araci.

Já nos dias 13, 14 e 15 e setembro.

associados e dirigentes da APAEB, vin- dos de vários municípios, reuniram-se em Feira de Santana no 29 Encontro de Avaliação. Na oportunidade foram

levantadas e debatidas as principais di- ficuldades que a Associação vem en- frentando para desenvolver as suas atividades.

Pemeedebistas acusam candidatos do próprio partido

MOÇÃO DE REPÚDIO Integrantes da sublegenda I

do PMDB que são guiados por Colbert Martins e Francisco Pin- to e que "trabalham" pela can- didatura de Gerson Gomes a pre- feito de Feira de Santana estão encarregados de divulgar, sobre- tudo na zona rural que o outro candidato pela sublegenda II do mesmo PMDB, Luciano Ribeiro, "não é mais candidato da oposi-

ção". Acostumados com a antiga

prática de Iludir o povo e mentir para o eleitorado, os integrantes da sublegenda I do PMDB, certa- mente com medo e sentindo-se ameaçados pela candidatura da sublegenda II do mesmo partido estão "espalhando" mais uma in- verdade, que "Luciano Ribeiro é

candidato do PDS". Será que esses "políticos"

não aprenderam ainda que esses métodos estão ultrapassados e não surtem mais efeito? Ou será que é isso mesmo que eles enten- dem por fazer política?.

A julgar pelos dois debates

públicos realizados entre os qua- tro candidatos a prefeito em Fei- ra de Santana (um do PT, dois do PMDB e um do PDS), promo- vidos por um jornal e rádios da cidade, Luciano Ribeiro demons- trou ser mais oposicionista do que Gerson Gomes que se igua- lou, em ambos os debates, ao candidato do PDS José Falcão da Silva, conforme a imprensa noticiou e a própria opinião pú- blica pode constatar.

Conhecedor da história que está sendo divulgada pelos inte- grantes da sublegenda I do PMDB, um militante do PT e candidato a cargo eletivo em Fei- ra e Santana ironizou: "agora o pessoal da sublegenda II do PMDB vai entender a acusação que muitos integrantes do PMDB faz ao PT de estar do lado do governo" .

O fato é qu.í alguns "polí- ticos" querem somente é subir, às custas de mentiras e da deso- nestidade. O eleitorado deve es- tar de olho aberto para eles...

"Nos, abaixo assinados, repre- sentantes dos Sindicatos de Tra- balhadores Rurais de Feira de Santana, Serrinha, Ichu, Santa Bárbara, Mairi, Riachão do Ja- cuípe, Valente, Araci, Coração de Maria e Conceição do Coité, reunidos em "Encontro Regio- nal" nos dias 29 a 30 de agosto, em Feira de Santana, sob a coor- denação da FETAG (Federação dos Trabalhadores na Agricultu- ra doEstado da Bahia), que tam- bém subscreve a presente, torna- mos público o nosso repúdio contra algumas medidas que a re- presentação do FUNRURALem Feira de Santana vem adotando para dificultar cada vez mais a situação do trabalhador rural. Recentemente o Funrural no- meou um fiscal (que é funcioná- rio da SUCAM e candidato a ve- reador pelo PDS) com a função

iscalizar todos os pedidos de aposentarorias feitos por traba- lhadores rurais. Como o fiscal não dispõe de tempo para visitar as diversas localidades de onde vem os pedidos de aposentado- ria, os processos ficam parados por até mais de 06 (seis) meses.

Assim, o Funrural está dificul- tando ainda mais os processos de aposentadoria para o homem do campo, além de está sendo utili- zado com fins político-partidá- rios. Ressalte-se ainda que o des- tino de cada aposentadoria fica na mãos do fiscal e, se por isso ou por aquilo ele quiser "emper- rar", a aposentadoria não segue, prejudicando ao trabalhador em adqueirir os benefícios de um dl ito seu. Lembramos, por outro lado, que essa fiscalização é desnecessária uma vez que para o trabalhador rural dar entrada no seu pedido de aposentadoria já é necessário que três vizinhos seus assinem como testemunhas. Além disso, existem os docu- mentos do INCRA e a própria atuação JS Sindicatos para comprovarem a situação do pro- ponente.

Exigimos, de imediato, as de- vidas providências por parte do INPS a fim de que se possa aca- bar com tais abusos contra o tra- balhador rural que já vive subme- tido a diversas formas de explo- ração e humilhação".

(seguem as assinaturas).

"NOTA: A ARMA DO PROFESSOR INCOMPETENTE" Uma da. .opostas das pessoas que inte-

gram O GRITO DA TERRA é fazer um jornalismo diferente, permitindo o espaço para as denúncias que normalmente são consideradas "desinteressantes" para os jor- nais ancionais, mesmo que úteis e necess.^ .as à comunidade. Isso implica, muitas vezes, em viabilizar a publicação de matérias que não são do inteiro agrado dos leitores e até mesmo da equipe que faz o jornal. Por outro lado, caso alguma dessas matérias venha a atingir a alguém, esse al- guém tem espaço garantido para se defen-

der, para apresentar a sua versão sobre os fatos. Entendemos que isso é fazer-se um jorrai democrático, onde todos têm os rr IOS direitos.

Na pen.última edição de O GRITO DA TERRA (mês de; agosto), um estudante do Curso de Letras da UEFS, ao qual foi ga- rantido o direito de manter ern sigilo o seu nome conforme solicitado, denunciou, sob título "Nota: a arma do professor incom- petente", a' atuação de uma professora da Universidade de Feira d?vSantana. Mesmo

sem concordar in totum com os termos da matéria, garantiu-se o direito do aluno em tornar pública sua denúncia.

Sabemos que a estrutura do sistema edu- cacional brasileiro permite — entre outros males — que "educadores" exercendo as funções de professor pratiquem perseguição e injustiças contra o estudante indefeso, não sendo esta portanto uma característica da incompetência de algum professor.

Um dos aspectos arrolados na citada matéria do estudante e do qual discor-

damos, é o fato de considerar incompetente um professor que submeteu-se a concurso público e foi reconhecida como apta para as funções a que se propunha exercer. E disso a equipe de O GRITO DA TERRA ficou sabendo somente depois que se desco- briu a quem se dirigia a citada matéria.

Quanto a outros fatos arrolados não podemos nos posicionar vez que não conhe- cemos de perto a sua natureza. Colocamos contudo o jornal à disposição dos interes- sados para possíveis outros esclarecimentos.

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Página 8 Outubro/82 O GRITO DA TERRA

À quem Zé Falcão quer enganar? Zé Falcão, transfuga do antigo MOB pa-

ra o PDS, parece ter encontrado uma forma de ficar alheio a todos os desmandos, cor- rupção e casuismos do seu partido: simples- mente não o defende, limita-se a dizer-se a serviço de Feira de Santana, e o resto que se dane. Como isto é possível?

No plano nacional, ele se recusa a discutir qualquer problema, não é tolo de tentar de- fender o indefensável. Não diz uma palavra sobre a lei Falcão, os pacotes, a política inflacionária de Delfin, desconhece as mu- tretas palacianas, pouco se importa com as eleições indiretas para presidente. O povo brasileiro passa fome, as crianças morre de desnutrição, a corrupção corrói as finanças, os generais mandam no povo e são manda- dos pelas multinacionais, o trabalhador é explorado, a concentração da renda nas mão de poucos se acentua, o sistema eco-^ nômico é o verdadeiro responsável pela crise de todos os municípios? Isto não é proble- ma de Zé Falcão, o compromisso dele é com Feira de Santana!

No plano estadual nem é bom falar que Zé Falcão não vai ouvir. Oue importa se o governador é um tiranete que pensa ser do- no da Bahia e servo fiel dos que estão no poder maior? O dinheiro dos contribuintes é gasto em propagandas que tentam escon-

der o sol, a corrupção causa inveja a Maluf, foram feitas 20.000 novas contratações eleitoreiras pelos mesmos que demitiram 20.000 no início do governo, o governa- dor é acusado de ter enriquecido nos anos em que esteve no poder? E daí. Feira de Santana é que importai

Falcão quer desvincular totalmente os problemas da Feira e dos feirenses, dos pro- blemas do Brasil e dos brasileiros. Talvez pense até em fundar uma república livre de Feira de Santana, anexando, é claro, Tan- quinho. Santa Bárbara, Serra Preta, São Gonçalo, Anguera e outra cidade, vizinha, e ser o imperador Falcão. Coitado, é um pés- simo ator.

Oepois de escapar da tentativa de golpe dos antigos arenistas que tentaram impor um nome confiável (Antônio Navarro) para descarregarem ros votos e jogar o festeiro Jo- sé para escanteio, o Falcão tenta um vôo mais alto para escapar das más companhias.

Assim é fácil perceber que ele quer deixar claro para seus eleitores (?) que i nada tem a ver com os companheiros de partido.

Acusam Nóide Cerqueira de ter pulado para um galho que suportasse o escândalo dos dólares e notas de câmbio falsas que envolveu sua família e de outros colunáveis

feirenses, dizem que Nóide recebeu como prêmio financiamentos facilitados para que de repente seu grupo se tornasse dono de uma rede de emissoras de rádio e tentasse comprar o único jornal diário da cidade, com o que seria o dono da informação em Feira? Oscar Marques teve um passe mais barato, a devolução da concessão pra fun- cionamento da Rádio Cultura? Antônio Carlos Coelho mudou até de família e já não o apoia mais? Todo o PDS á responsá- vel por uma das maiores demonstrações de empreguismo dos últimos tempos (ver pág. 03) e ele, Zé Falcão é um dos mais fortes pistolões? João Durval troca casa por votos (O Grito de setembro pág. 08)? Zé Falcão nem quer saber, pra falar a verdade, ele mal conhece estas pessoas, já ouviu falar mas não lembra onde, ele anda muito ocupado em salvar Feira de Santana e não liga para estas coisas menores.

Zé Falcão quer tranqüilizar seus eleito- res (? ) para que não pensem que terão que suportar Gente como Adessil Guimarães nas secretarias do município. Nada! Zé vai é aproveitar para contar a todos a verdadei-' ra história dos ídolos de 1968, quando vá- rios companheiros seus de luta foram pre- sos e torturados. Pra falar a verdade, Ades-

sil nem estava em feira neste ano. O seu candidato a vice-prefeito é só de enfeite que Zé Falcão não é de dar confiança a quem o povo não confia. Fiquem tranqüi- los, a família do outro Falcão (Wilson) não vai voltar a mandar; vocês já esqueceram que Zé Falcão demitiu quase todos os fun- cionários da prefeitura que foram contra- tados por Newton Falcão, em 1973? Poise de Falcão em Feira só o Zé. João Durval já está avisado que só vai mandar da Universi- dade para cima, nada de assustar o povo feirense.

Zé Falcão não "suporta" o PDS e nem "concorda" com os que estão neste par- tido. Se possível o Falcão vai aproveitar pa- ra engolir o Pinto se Colbert.

As mutretas de Zé Falcão com a Odebre- chet e as afirmações de que em quatro anos de governo só fez festas é invenção dos seus detratores.

A próxima grande obra de Zé Falcão já está escolhida, trata-se de uma muralha co- mo a da China, para proteger Feira da praga que é o Brasil. Aí sim, Zé Falcão poderá realizar seu grande sonho, acalentado du- rante tantos anos de acompanhante de en- terro. Zé Falcão promete solenemente en- terrar Feira de Santana se eleito for.

Central única dos trabalhadores O boletim "Tribuna Metalúrgica"

em sua edição especial de julho divul- ga um documento sobre a formação da CUT com o título de CUT: Livre, Autônoma e Construída pela Base, apresenta a seguinte introdução:

"Os pelegos e reformistas deram um grande golpe na decisão soberana dos trabalhadores, de realizar o CON- CLAT em agosto de 82. José Fran- cisco, presidente da Confederação dos Trabalhadores na Agricultura — CONTAG, que começou sua carreira de pelego como interventor, encabe- çou a manobra juntamente com 12 Federações de São Paulo e o conheci- díssimo ,- lego Joaquinzão, adiaram o CONCLATpara 1983.

Enquanto a classe trabalhadora era golpeada, aqui em São Berbardo os trabalhadores reafirmavam sua dispo- sição de realizar o CONCLAT em agosto.

Um dia antes da reunião da comis- são PRO-CUT, realizamos uma assem- bléia tio Sindicato, com a participação de 500 companheiros, onde discu- timos as nossas propostas, escolhemos os nossos delegados ao ENCLAT e ao próprio CONCLAT.

Ao contrário dos pelegos e refor- mistas, procuramos encaminhar uma discussão com a base, distribuímos mais de 50 mil cópias com o texto para discussão na assembléia e diaria- mente a categoria recebeu informes sobre a ENCLAT e CONCLAT através de nosso suplemento diário.

A escolha dos nossos delegados foi feita de acordo com os critérios demo- cráticos, com indicações dos compa- nheiro' JíS representativos de fábri- cas e c^c! mais se destacaram pela sua combatividade.

0 fato de sermos golpeados não im- pedirá a continuidade das nossas lutas, cr -• is mesmos propósitos e com os

nos critérios. Insistimoâ na cons- trução de uma Central Sindical de Base através de um processo democrá- tico seja discutida e eleita pelos traba- lhadores.

Agora todos nós temos um grande compromisso: temos que impedir a continuidade das manobras. Temos que dar uma resposta e que seja atra- vés de uma ação prática e eficaz para não deixar que a construção da CUT seja feita pela cúlpula e pelo golpe dos pelegos reformistas".

A CONTAG responde, através do Ofício 941/82 de 20 de agosto:

"Prezados Companheiros: tomamos' conhecimento do boletim Tribuna Me- talúrgica n. 6, edição especial de julho de 1982, publicado sob responsabi- lidade desse Sindicato, tecendo várias considerações sobre o adiamento do Congresso da Classe Trabalhadora.

Pelo que se depreende do conteúdo do boletim, verifica-se que os compa- nheiros estão inteiramente equivoca- dos. A linguagem do boletim em rela- ção à atuação da CONTAG e ao proce- dimento como sindicalista nos leva a concluir que a redação foi feita por pessoas sem responsabilidade ou desin- formadas. Preferimos ficar com a última hipótese e, como contribuição aos companheiros, enviamos o docu- mento que define a posição das Fede- rações de Trabalhadores Rurais com relação ao adiamento do Congresso, o Relatório Anual da CONTAG-1981 eo livro As Lutas Camponesas no Rrasil.

Esse livro contém um balanço das lutas sindicais dos pequenos produ- tores, dos trabalhadores atingidos pela seca, das lutas pola posse da terra, um relato das greves dos assalariados ru- rais de Pernambuco, Bahia e Minas Gerais e um levantamento das mani- festações de rua feitas pelos campone- ses em 1980. Inclui também o docu- mento elaborado pelo Conselho de Representantes da CONTAG, posicio- P o-se diante da tentativa gover- na oental de condenar, através da Lei de Segurança Nacional, o presidente da CONTAG e outros companheiros (...).

Com essas publicações, os compa- nheiros terão as informações necessá-

rias sobre a atuação do Movimento Sin- dical dos Trabalhadores Rurais.

É importante, com base nessas in- formações, que os companheiros reti- fiquem as afirmações contidas no bo- letim Tribuna Wtalúrgica n. 6. Acha- mos ser este o melhor caminho para a demonstração da seriedade das idéias que os companheiros defendem. Saudações Sindicais".

xxxxxxxxx

O fato é que, hoje, palavras como "pelego", "reformistas" etc, se trans- formaram em verdadeiros chigamentos que são desferidos contra todos aque- les que discordam das idéias de al- guém. Mas cabo uma reflexão: a quem interessa, ou quem serve, finalmente, atitudes dessa natureza? De um lado o de outro existem trabalhadores, com os mesmos problemas, lutando por uma nova sociedade, mas as retaliações que se verificam entre os representantes dos trabalhadores (as bases não se de- gladiam assim) terminam por atropelar o processo de organização que todos dizem desejar.

Na realidade, comprar José Francis- co da Silva, presidente da CONTAG, com Joaquinzão é, no mínimo, come- ter uma grande injustiça. Todos sabem que José Francisco está sendo proces- sado, pelo governo, com base na Lei de Segurança Nacional. Como enten- der o nome de pelego que lhe é atri- buído? Por outro lado, ele assumiu a CONTAG numa eleição disputadíssima, ganhando por um voto de diferença. Como acusá-lo de interventor?

Não seria o caso desses representan- tes de trabalhadores sentarem numa mesa, de "cartas abertas" e discutirem suas divergências de modo ? beneficiar os trabalhadores como um todo? Ou tais divergências são cultivadas por al- guma coisa que está por cima, contra- riando os interesses das bases e, nessa hipótese, os líderes sindicais simnles- ment^ se deiv^-n lev^r oela correnteza?

Novela das oito e eleições Após passar um par de horas, em castigo previ-

denciário social, o atendente do guichê declara em tom grave: — estão encerradas as consultas por hoje.

— Essa voz não me á estranha. Penso e confirmo, reconhecendo de imediato, o velho amigo de ginásio, Antônio Carfos Conceição. Depois das saudações e lembranças da velha turma de colégio, saímos para um papo regado a cerveja, num boteco próximo.

As últimas lembranças que tinha do velho colega, era do seu trabalho como cabo eleitoral do irmão, que estava candidato a vereador durante as últimas elei- ções, e com possibilidades mínimas de ocupar uma vaga na Câmara, visto que sua capacidade e respeito tinham poucos quilates perante a comunidade. Apesar disto, ele foi eleito. Acho que porisso iniciei a terceira cerveja perguntando a respeito do trabalho eleitoral,- e, com surpresa, desvendei o mistério da vitória do candidato.

— Na época, falou Antônio, os candidatos eram fortes, todos com plataformas e nomes conhecidos, se falava muito em baixar o custo de vida, diminuir o preço da gasolina, aumer ir os salários, e todo aquele blá-blá-blá.

— Nós começamos, proseguiu ele, a falar sobre a cultura e sua deterioração, a falta de espaços para as manifestações artiticas e culturais; fizemos discursos sobre a organização do povo e seu efeito prático, mas o povo só estava interessado nvrno era no campeo- nato nacional de futebol. Nãt. desistimos! E come- çamos a elaborar debates sobre a necessidade do pla- nejamento familiar, sobre educação e saúde. Resul- tado, um fracasso total. Porque? Ora, os debates começavam justamente na hora da novela das oito!

Eu iá estava impaciente para saber como haviam conseguido sucesso na campanha, com todo esse des- caso do povo, quando com muita ironia, Toinho macarrão, como era conhecido, falou:

— Bem, nós começamos a ler revistas esportivas e assistimos todas as novelas das oito horas, daí fize- mos, outra plataforma, pela criação de novelas das oito três vezes por dia. Foi uma beleza! Ouando tinha comício os debates chegavam até o amanhecer do dia, com todo mundo participando, ganhamos fácil, fácil a eleição.

— Será que este ano será assim? Nota: atá hoje não constgui

médico. o atendimento

Marcos Anto. ^ Pinheiro