emanuel swedenborg - o céu e o inferno

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&pX ,QIHUQR Por Emanuel Swedenborg Traduzido do original latim pelo Prof. Levindo Castro de La Fayette Em 1920 Segunda Edição Sociedade Religiosa “A Nova Jerusalém” Rua das Graças, 45 – Bairro de Fátima 20.240-030 – Rio de Janeiro, RJ 1987

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    PorEmanuel Swedenborg

    Traduzido do original latim peloProf. Levindo Castro de La Fayette

    Em 1920

    Segunda Edio

    Sociedade Religiosa A Nova JerusalmRua das Graas, 45 Bairro de Ftima

    20.240-030 Rio de Janeiro, RJ1987

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    6(78:9@?

    1. O Senhor, falando, na presena de Seus discpulos, sobre aconsumao do sculo, que o ltimo tempo da Igreja, diz, no fim daspredies que se referem aos estados sucessivos dela quanto ao amor e f:Logo depois da aflio daqueles dias, o sol escurecer, e a lua no dar a sualuz, e as estrelas cairo do cu, e as potncias do cu sero abaladas. Entoaparecer o sinal do Filho do homem no cu, e todas as tribos da terra choraroe vero o Filho do homem, que vir sobre as nuvens do cu com poder e grandeglria. E enviar os Seus anjos com trombetas e grande voz, e ajuntaro os Seusescolhidos desde os quatro ventos, de uma a outra extremidade dos cus(Mateus 24:29 a 31). Aqueles que entendem essas palavras segundo o sentido daletra crem simplesmente que todas essas coisas devem ocorrer como estodescritas naquele sentido, no ltimo tempo que chamado Juzo Final, isto ,que no apenas o sol e a lua escurecero e as estrelas cairo do cu, mas que osinal do Senhor aparecer no cu e Ele Prprio ser visto nas nuvens,acompanhado de anjos com trombetas. Ainda, de acordo com aquelas previses,todo o universo visvel haver de perecer e, depois disso, haver de surgir umnovo cu e uma nova terra. Desta opinio a maioria das pessoas da atual Igreja(Primeira Igreja Crist). Mas os que tm essa crena no conhecem os arcanosque se escondem em cada uma das particularidades da Palavra. Com efeito, nasparticularidades da Palavra est o sentido interno, no qual so compreendidasno as coisas naturais e do mundo, que so tratadas no sentido da letra, mas ascoisas espirituais e celestes. Isto se d no s com a significao geral de muitasexpresses, mas tambm com cada uma dessas expresses. Pois a Palavra escrita inteiramente por correspondncias, para que em cada uma de suasparticularidades esteja o sentido interno. Qual vem a ser esse sentido o que sepode depreender de tudo o que, sobre o assunto, dito e mostrado no livroARCANOS CELESTES e, ainda, nas citaes que, ali, aparecem reunidas naexplicao contida no opsculo SOBRE O CAVALO BRANCO, de que se falano Apocalipse. segundo esse sentido que tero de ser entendidas as coisas deque fala o Senhor, nas palavras acima citadas, sobre Sua vinda nas nuvens do

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    cu. Assim, pelo sol que deve ficar escurecido significado o Senhor quantoao amor. Pela lua significado o Senhor quanto f. As estrelas significamos conhecimentos do bem e da verdade ou do amor e da f. O sinal do Filho dohomem no cu significa a manifestao da verdade Divina. Pelas tribos daterra que choraro significado tudo o que pertence verdade e ao bem, ou f e ao amor. A vinda do Senhor nas nuvens do cu com poder e grande glriasignifica Sua presena na Palavra e a revelao. Por glria significado osentido interno da Palavra. Os anjos com trombeta e grande voz significam ocu, que a fonte da Divina verdade. Por causa da significao dessas palavrasdo Senhor, deve-se entender que, no fim daquela Igreja, quando no maishouver o amor e a f, o Senhor abrir o sentido interno da Palavra e revelar osarcanos do cu. Os arcanos revelados no que se segue referem-se ao cu e aoinferno e tambm vida do homem depois da morte. O homem da Igreja atualdificilmente conhece alguma coisa sobre o cu e o inferno ou sobre a sua vidadepois da morte e, entretanto, essas coisas so mencionadas na Palavra. E hainda mais: muitos dos que nasceram nas comunidades da Igreja as negam,dizendo em seus coraes Quem veio de l e nos contou? Assim, para que talesprito negativo, que, especialmente, impera entre os que sabem muitas coisasmundanas, no infecte e corrompa os simples de corao e de f, foi-me dadoestar com os anjos e conversar com eles como um homem conversa com outrohomem, e tambm ver o que est nos cus e o que est nos infernos, e issodurante treze anos. E foi-me dado descrever, agora, o que vi e ouvi, esperandodesse modo esclarecer a ignorncia e dissipar a incredulidade. Se hoje concedida uma tal revelao imediata porque ela o que entendido peloAdvento do Senhor.

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    2. A primeira coisa que se deve saber quem o Deus do cu, porquetudo o mais disso depende. Em todo o cu no se reconhece outro Deus seno oSenhor, s, e l se diz como Ele Prprio ensinou: Que Ele um com o Pai, queo Pai est n'Ele e Ele no Pai, que quem O v tambm v o Pai e que tudo que santo procede d'Ele (Joo 10:30 e 38; 14:9 a 11; 16:13 a 15). Falei com os anjosmuitas vezes sobre esse assunto e eles se manifestaram firmemente, dizendo queno cu no podiam distinguir o Divino em trs, porque sabem e percebem que oDivino Um e que este Um est no Senhor. Disseram, ainda, que os da igrejaque vm do mundo e tm a idia de trs seres Divinos no podem ser admitidosno cu, pois que o pensamento deles vagueia de um Ser Divino a outro, e l no permitido pensar trs e dizer um, porque cada um no cu fala pelopensamento, pois a linguagem l o produto imediato do pensamento, ou opensamento que fala. Assim, os que, no mundo, distinguiram o Divino em trs eaceitaram uma idia diferente de cada um, e no fizeram e concentraram umaidia una no Senhor, no podem ser recebidos no cu, pois l h a comunicaode todos os pensamentos; portanto, se para o cu viesse algum que pensasseem trs e falasse um, seria logo conhecido e rejeitado. Deve-se saber, porm,que todos os que no separaram a verdade do bem ou a f do amor, quando soinstrudos na outra vida, recebem e aceitam a idia celeste do Senhor de que Ele o Deus do universo. Na verdade, de outro modo ocorre com os que separarama f da vida, isto , com os que no viveram os preceitos de uma verdadeira f.

    3. Aqueles que na igreja negaram o Senhor e reconheceram s o Pai, e seconfirmaram nessa f, esto fora do cu. E, como no podem receber influxoalgum do cu, onde s o Senhor adorado, eles perdem gradualmente acapacidade de pensar a verdade sobre qualquer assunto e finalmente se tornamcomo se fossem mudos, perdem o poder de falar, ou falam estupidamente. Elescaminham sem rumo e seus braos balanam e apresentam vibraes, porquecarecem de fora nas juntas. Aqueles que, como os socinianos, negaram oDivino do Senhor e reconheceram somente o Seu Humano, semelhantementeesto fora do cu. Eles so levados para uma caverna um pouco direita e

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    precipitam-se na profundidade; so, assim, separados inteiramente dos demaisque vm do mundo cristo. Finalmente, aqueles que diziam crer em um Divinoinvisvel, que eles chamam Ente do universo, pelo qual tudo existe, e rejeitamtoda a f no Senhor, esses so notoriamente descrentes, porque no acreditamem nenhum Deus, uma vez que o Divino invisvel, para eles, pertence naturezanos seus primrdios, no que no incide f nem amor, porque no pode ser umobjeto do pensamento; eles so relegados entre os que so chamadosnaturalistas. No sucede o mesmo com os que nascem fora da igreja, os quais sechamam gentios; destes se tratar depois.

    4. Todas as crianas, que constituem a tera parte do cu, so iniciadasno conhecimento e na f que o Senhor seu Pai e, alm disso, que Ele oSenhor de todos, assim o Deus do cu e da terra. Em pginas posteriores, ver-se- que as crianas crescem no cu e se aperfeioam por meio dosconhecimentos, at alcanarem a inteligncia e a sabedoria anglicas.

    5. Aqueles que so da igreja no podem duvidar que o Senhor o Deusdo cu. Ele Prprio ensinou que todas as coisas do Pai so d'Ele (Mateus11:27; Joo 16:15 e 17:12) e que Ele tem todo o poder no cu e na terra(Mateus 28:18). Ele diz no cu e na terra, porque Aquele que governa o cugoverna tambm a terra, pois um depende do outro. Governar o cu e a terrasignifica receber do Senhor todo o bem que pertence ao amor e toda a verdadeque pertence f, assim receber toda a inteligncia e sabedoria e, desse modo,toda a felicidade; em resumo, a vida eterna. Isto o Senhor ensinou, dizendo:Aquele que cr no Filho tem a vida eterna; quem, todavia, no cr no Filho nover a vida (Joo 3:36). E mais: Eu sou a ressurreio e a vida; quem cr emMim ainda que morra viver, e qualquer que vive e cr em Mim no morrer naeternidade (Joo 11:25 e 26). E ainda: Eu sou o caminho, a verdade e a vida(Joo 14:6).

    6. Havia certos espritos que, enquanto viviam no mundo, professavamcrer no Pai, mas a respeito do Senhor eles tinham tido a mesma idia como dequalquer outro homem e, por isso, no creram que Ele fosse o Deus do cu. Porisso, lhes foi permitido que andassem por toda a parte e perguntassem ondequisessem se havia outro cu alm do cu do Senhor. Procuraram por muitosdias, mas em nenhuma parte encontraram outro. Tais espritos so os que pema felicidade na glria e no domnio. E, como foram incapazes de alcanar o que

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    eles desejavam, quando lhes foi dito que o cu no consiste em tais coisas, elesse indignaram e desejaram um cu onde pudessem dominar os outros epudessem ser eminentes em glria como no mundo.

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    Vida e que a vida do homem um rio dela derivado, que, se no continuar asubsistir de sua fonte, imediatamente desaparecer. Do mesmo modo, eles dizemque dessa nica Fonte de Vida, que o Senhor, s procedem o Divino Bem e aDivina Verdade, e que cada um afetado por estes, de acordo com a recepodeles. Os que os recebem na f e na vida acham o cu neles, enquanto aquelesque os rejeitam ou os sufocam mudam-nos em inferno, porque convertem o bemem mal e a verdade em falsidade e, assim, a vida em morte. Ainda mais, elesdizem que o todo da vida procede do Senhor e o confirmam do seguinte modo:que todas as coisas do universo se referem ao bem e verdade - a vida davontade do homem, que a vida de seu amor, ao bem, e a vida de seuentendimento, que a vida de sua f, verdade. E, se todo o bem e toda averdade procedem de cima, segue-se que tudo da vida deve vir de cima. E comotal a crena dos anjos, por isso eles recusam todos os agradecimentos pelobem que fazem, e se indignam e se retiram se algum lhes atribui o bem. Eles seadmiram de que haja algum que possa crer que sbio por si mesmo ou possafazer o bem por si mesmo. [Quando algum julga] fazer o bem por causa de si,no chamam a isso bem, porque feito por amor de si; mas fazer o bem porcausa do bem do a isso o nome de bem do Divino. E eles dizem que este bem que faz o cu, porque este bem o Senhor.

    10. Os espritos que, durante a sua vida no mundo, se confirmaram nacrena de que o bem que fazem ou a verdade em que crem procedem de siprprios ou lhes so apropriados como sendo deles - crena em que esto todosos que atribuem a seu mrito as boas aes e a justia que praticam - no sorecebidos no cu. Os anjos se afastam deles e os consideram estpidos e ladres:estpidos porque eles continuamente tm em vista sua pessoa e no o Divino, eladres porque furtam ao Senhor o que Lhe pertence. Eles so contrrios crena existente no cu de que o Divino do Senhor nos anjos que faz o cu.

    11. O Senhor ensina que aqueles que esto no cu e na igreja esto noSenhor e o Senhor est neles, quando Ele diz: Permanecei em Mim e Eu emvs; assim como a vara no pode dar fruto por si mesma, a no ser quepermanea na videira, assim nem vs o podeis dar se no permanecerdes emMim. Eu sou a videira, vs as varas. Quem permanece em Mim e Eu nele, ested muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer (Joo 15: 4 e 5).

    12. Da se v, agora, que o Senhor habita nos anjos do cu naquilo que

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    Seu, e assim o Senhor o todo em todas as coisas do cu. E isso porque o bemoriundo do Senhor o Senhor nos anjos, porque aquilo que dimana do Senhor o Senhor; por conseguinte, o bem procedente do Senhor para os anjos seu cu,e no coisa alguma do prprio deles.

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    13. O Divino procedente do Senhor chama-se, no cu, a Divina Verdade;a razo disso ser apresentada a seguir. Esta Divina Verdade flui do Senhor nocu da parte de Seu Divino Amor. O Divino e, por conseguinte, a DivinaVerdade esto em relao entre si como o fogo do sol e a luz dele no mundo; oamor como o fogo do sol e a verdade como a luz do sol. Da, pelacorrespondncia, o fogo significa o amor e a luz a verdade procedente do amor.Da, se pode ver qual a Divina Verdade procedente do Divino Amor doSenhor, e que , em sua essncia, o Divino Bem conjunto Divina Verdade; e,porque ele foi conjunto, ele vivifica todas as coisas do cu, como o calor do solunido luz, no mundo, como se d nas estaes da primavera e do vero; nosucede o mesmo quando o calor no foi unido luz, assim quando a luz fria:tudo ento entorpece e se extingue. Esse Divino Bem, que foi comparado aocalor, o bem do amor nos anjos; e a Divina Verdade, que foi comparada luz, a verdade pela qual e da qual h o bem do amor.

    14. No cu, o Divino que o constitui o amor, porque o amor aconjuno espiritual. Ele conjunge os anjos ao Senhor e os conjungemutuamente entre si; e os conjunge de tal modo que eles todos so como um empresena do Senhor. Alm disso, o amor para cada um o ser mesmo da vida,porque pelo amor que o anjo tem vida e que tambm o homem tem vida. Quedo amor venha o vital ntimo do homem o que percebe quem refletir, porquepela presena do amor o homem se aquece, por sua ausncia ele se esfria, e porsua privao ele morre. Mas cumpre saber que, para cada um, a vida tal qual a qualidade de seu amor.

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    15. H no cu dois amores distintos: o amor para com o Senhor e o amorpara com o prximo. No cu ntimo, ou terceiro cu, o amor para com oSenhor, e no cu mdio ou segundo cu, o amor pelo prximo; um e outroprocedem do Senhor e um e outro fazem o cu. De que modo esses dois amoresse distinguem, e de que modo eles se conjungem, o que se v com grandeevidncia no cu, mas somente de um modo obscuro no mundo. No cu, poramar o Senhor entende-se no O amar quanto pessoa, mas amar o bem queprocede d'Ele, e amar o bem querer e fazer o bem por amor. E por amar oprximo entende-se no amar seu semelhante quanto pessoa, mas amar averdade que procede da Palavra, e amar a verdade querer e fazer o que verdadeiro. Da evidente que esses dois amores se distinguem como o bem e averdade. Mas isso entra dificilmente na idia do homem que no sabe o que oamor, o que o bem e o que o prximo.

    16. Algumas vezes conversei sobre esse assunto com os anjos. Elesdisseram que se admiram de que os homens da igreja no saibam que amar aoSenhor e amar ao prximo amar o bem e amar a verdade e, pelo querer, fazerum e outro; quando, entretanto, eles podem saber que cada um testemunha seuamor a um outro querendo e fazendo o que Ele quer, e que, assim, por sua vez,se amado e conjunto a ele, e no pelo fato de am-lo sem, contudo, fazer a suavontade, o que em si no amar. E que, alm disso, eles podem saber que o bemque procede do Senhor a semelhana do Senhor, pois que Ele Mesmo estnesse bem; e que os que fazem que o bem e a verdade pertenam sua vida,pelo querer e o fazer, tornam-se semelhanas do Senhor e so conjuntos a Ele.Querer tambm gostar de fazer. Que isso seja assim o que o Senhor ensinatambm na Palavra, quando diz: Quem tem os Meus preceitos e os cumpre,este Me ama. e Eu o amarei. e nele farei morada (Joo 14:21 e 23). E em outrapassagem: Se cumprirdes os Meus mandamentos, permanecereis no Meu amor(Joo 15:10).

    17. Que o Divino Procedente do Senhor, que afeta os anjos e faz o cu,seja o amor, o que prova toda experincia no cu. Com efeito, todos os queesto no cu so formas do amor e da caridade. Eles aparecem em uma belezainexprimvel, e o amor se mostra com brilho em sua face, em sua linguagem, emcada particularidade de sua vida. Alm disso, h esferas espirituais de vida queprocedem de cada anjo e de cada esprito e se propagam ao redor deles. Por elas

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    se conhece, s vezes, a uma grande distncia, quais eles so quanto s afeiesque pertencem ao amor, porque essas esferas efluem da vida da afeio e da vidado pensamento, ou da vida do amor e, portanto, da vida da f de cada um deles.As esferas que dimanam dos anjos esto to cheias de amor que eles afetam osntimos da vida daqueles em quem eles esto; eu prprio as percebi algumasvezes, e elas me afetaram desse modo. Que seja do amor que os anjos derivamsua vida ainda o que para mim foi evidente em virtude do fato de que, na outravida, cada um se volta segundo seu amor. Os que esto no amor para com oSenhor e no amor ao prximo voltam-se constantemente para o Senhor; aocontrrio, os que esto no amor de si voltam-se constantemente para o ladooposto ao Senhor. Isso se efetua seja qual for o sentido em que eles virem seucorpo, porque, na outra vida, os espaos esto em relao com os estados dosinteriores dos habitantes. D-se o mesmo com as plagas [pontos cardeais], quel no foram, como no mundo, invariavelmente fixas, mas so determinadassegundo o aspecto da face dos habitantes. Contudo, no so os anjos que sevoltam para o Senhor, mas o Senhor que volta para Ele aqueles cujo amorconsiste em fazer o que vem d'Ele. Sobre este assunto, pormenores mais amplossero dados quando se tratar das plagas [pontos cardeais] na outra vida.

    18. O Divino do Senhor no cu o amor, porque o amor o receptculode tudo no cu, que paz, inteligncia, sabedoria e felicidade. O amor recebetodas e cada das coisas que lhe convm. Ele as deseja, procura, emprega comopor vontade sua, pois quer continuamente se fartar e se aperfeioar por elas. Istotambm conhecido pelo homem, pois o amor, nele, examina e retira de suamemria todas as coisas para concordncia, rene-as e as dispe em si e sob si;em si para que sejam suas e sob si para que possam servi-lo. As outras coisas,entretanto, que no concordam, ele rejeita e extermina. No amor reside toda afaculdade de receber as verdades que lhe so convenientes e conjungi-las a si.Isto se tornou patente a mim pelo que vi claramente nos que foram elevados aocu, naqueles que, ainda que simples no mundo, alcanaram a sabedoria anglicae as felicidades do cu quando se acharam entre os anjos. O motivo por que foiassim porque amaram o bem e a verdade e implantaram essas coisas na suavida, e por esse modo tornaram-se capazes de receber o cu com tudo deinexprimvel que ele tem. Os que, entretanto, esto no amor de si e do mundo,estes no so capazes de receber o bem e a verdade; eles os repelem, rejeitam e,

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    ao primeiro contato e influxo, escapolem e se associam no inferno com os quetm amores semelhantes aos seus. Havia espritos que duvidavam que tais coisasexistissem no amor celeste e desejavam saber se assim era. Por isso, forampostos no estado do amor celeste, tendo, ento, sido afastado, nesse intervalo,tudo o que constitusse obstculo para tal. Foram tais espritos levados a umacerta distncia, frente, onde est o cu anglico e dali falaram comigo, dizendoque percebiam uma felicidade interior que no podiam exprimir por palavras,sofrendo muito por terem de voltar ao seu antigo estado. Outros, tambm,foram elevados ao cu, e quanto mais foram elevados interiormente ou paracima, mais eles entraram na inteligncia e na sabedoria, a fim de que pudessementender as coisas que antes lhes eram incompreensveis. Da evidente que oamor procedente do Senhor o receptculo do cu e de tudo que est no cu.

    19. Que o amor ao Senhor e o amor ao prximo compreendam em sitodas as verdades Divinas, pode-se ver pelas palavras que o prprio Senhorproferiu sobre esses dois amores, dizendo: Amars. teu Deus de todo o teucorao e de toda a tua alma. Este o grande e primeiro mandamento. Osegundo, que lhe semelhante, : amars o teu prximo como a ti mesmo.Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas (Mateus 22:37 a40). A Lei e os Profetas so toda a Palavra, assim, toda a verdade Divina.

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    20. Como no cu h variedades infinitas e l no h uma s sociedadeque seja perfeitamente semelhante a uma outra, nem mesmo um s anjo igual aum outro anjo, por isso o cu distinto no comum, na espcie e na parte. Nocomum, em dois reinos; na espcie, em trs cus; e na parte, em inmerassociedades. De cada uma dessas distines tratar-se- em particular daqui pordiante. So ditos reinos porque o cu chamado o reino de Deus.

    21. H anjos que recebem mais interiormente o Divino procedente doSenhor e outros que o recebem menos interiormente. Os que o recebem maisinteriormente chamam-se anjos celestiais, e os que o recebem menosinteriormente so chamados anjos espirituais. Por isso, o cu se divide em dois

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    reinos, dos quais um tem o nome de reino celestial e o outro de reino espiritual.22. Os anjos que constituem o reino celestial, recebendo mais

    interiormente o Divino do Senhor, chamam-se anjos interiores e os cus que elesconstituem so chamados cus interiores e cus superiores.

    23. O amor em que esto os [anjos] do reino celestial chama-se amorceleste, e o amor em que esto os do reino espiritual chama-se amor espiritual.O amor celeste o amor para com o Senhor, e o amor espiritual o amor paracom o prximo. E, como todo o bem pertence ao amor, porque o que algumama para ele o bem, por isso que o bem do primeiro reino se chama bemceleste e o bem do segundo reino se chama bem espiritual. Da se v claramenteem que se distinguem esses dois reinos, isto , que eles esto entre si como obem do amor para com o Senhor e o bem da caridade para com o prximo; e,uma vez que o bem do amor para com o Senhor o bem interior, e esse oamor interior, os anjos celestiais so anjos interiores e so chamados anjossuperiores.

    24. O reino celestial tambm chamado reino sacerdotal do Senhor e, naPalavra, Seu habitculo; e o reino espiritual chamado Seu reino rgio e, naPalavra, Seu trono. Segundo o Divino celeste, tambm o Senhor, no mundo,foi chamado Jesus, e segundo o Divino espiritual foi chamado Cristo.

    25. Os anjos no reino celeste do Senhor excedem muito em sabedoria eem glria os anjos que esto no reino espiritual; assim porque eles recebemmais interiormente o Divino do Senhor, pois esto no amor para com Ele e seencontram mais prximos e em maior conjuno com Ele. Esses anjos celestiaisso assim porque receberam e recebem as verdades Divinas imediatamente navida, e no como os espirituais, que as recebem previamente pela memria epelo pensamento. Por isso, os anjos celestiais tm essas verdades Divinasgravadas em seus coraes, as percebem e como que as vem em si mesmos.Jamais raciocinam a respeito delas sobre se so ou no verdades. Assim so elesdescritos em Jeremias: Porei a Minha Lei na mente deles e a inscreverei nocorao deles. No ensinaro mais, cada um ao seu amigo e cada um a seuirmo, dizendo: Conhecei JEHOVAH.; conhecero a Mim do menor ao maiordeles (31:33 e 34). E so chamados em Isaas os ensinados de JEHOVAH(54:13). Os ensinados de JEHOVAH so os que o Senhor ensina. E isto

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    assim dito pelo prprio Senhor em Joo 6:45 e 46.26. Foi dito que os anjos celestiais se avantajam aos outros em sabedoria

    e em glria, porque eles receberam e recebem as Divinas verdadesimediatamente na vida, pois, desde que as ouvem, eles as querem e fazem, semp-las primeiro em sua memria e sem pensarem depois se so realmenteverdades. Os que so tais sabem logo, pelo influxo do Senhor, se verdadeira averdade que ouvem, porque o Senhor influi imediatamente no querer do homeme, mediatamente pelo querer, em seu pensar. Ou, o que a mesma coisa, oSenhor influi imediatamente no bem e, mediatamente pelo bem, na verdade,porque se chama bem quilo que pertence vontade e, por conseguinte, obra,e se chama verdade quilo que pertence memria e, por conseguinte, aopensamento. Toda verdade at mudada em bem e implantada no amor desdeque ela primeiramente entra na vontade. Mas, enquanto a verdade estiver namemria e, por conseguinte, no pensamento, ela no se torna um bem, no vive,e no apropriada ao homem, porque o homem homem pela vontade e, porconseguinte, pelo entendimento, e no pelo entendimento separado da vontade.

    27. Como h uma tal diferena entre os anjos do reino celeste e os anjosdo reino espiritual, eles no esto juntos nem se apresentam em comunidade. Hapenas uma comunicao por sociedades anglicas intermedirias, que sochamadas celestes-espirituais. Por elas, o reino celestial influi no reino espiritual.Da vem que o cu, posto que haja sido dividido em dois reinos, faz entretantoum. O Senhor suscita sempre anjos intermedirios, pelos quais h comunicao econjuno.

    28. Como se tratar muito, a seguir, dos anjos de um e de outro reino,por esta razo os aspectos especficos aqui so deixados parte.

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    29. H trs cus e eles so entre si distintssimos: o ntimo ou terceiro, omdio ou segundo e o ltimo ou primeiro. Eles esto em seqncia um ao outro,e subsistem entre si, como a parte superior do homem, que se chama cabea, seu

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    meio, que se chama corpo, e o ltimo, que chamado ps, tais como as partesmais alta, mdia e mais baixa de uma casa. Em uma tal ordem se acha tambm oDivino que procede e desce do Senhor. Da, por necessidade de ordem, o cu dividido em trs partes.

    30. Os interiores do homem, que pertencem sua mente e ao seu nimo,tambm esto em uma ordem semelhante. Ele tem um ntimo, um mdio e umltimo, porque no homem, quando ele foi criado, foram reunidas todas as coisasda ordem Divina, a tal ponto que ele foi a ordem Divina em forma e, porconseguinte, um cu na menor efgie. tambm por isso que o homem secomunica com os cus quanto a seus interiores e tambm porque ele fica entreos anjos depois da morte - entre os anjos do cu ntimo, ou do cu mdio, ou doltimo cu, segundo a recepo, durante sua vida no mundo, do Divino bem eda Divina verdade que procedem do Senhor.

    31. O Divino que eflui do Senhor e que recebido no terceiro cu ou cuntimo chama-se celeste e, por conseguinte, os anjos desse cu chamam-se anjoscelestes. O Divino que eflui do Senhor e que recebido no segundo cu ou cumdio chama-se espiritual e, por conseguinte, os anjos desse cu chamam-seanjos espirituais. O Divino que eflui do Senhor e que recebido no ltimo ouprimeiro cu chamado natural. Contudo, o natural desse cu no sendo comoo natural do mundo, mas tendo em si o espiritual e o celeste, chamadoespiritual-natural e celeste-natural e, por isso, os anjos que o habitam chamam-seespirituais-naturais e celestes-naturais. So chamados espirituais-naturais os querecebem o influxo do mdio ou segundo cu, que o cu espiritual, e sochamados celestes-naturais os que recebem o influxo do cu ntimo ou terceirocu, que o cu celeste. Os anjos espirituais-naturais e os anjos celestiais-naturais so distintos entre si, mas sempre constituem um mesmo cu, porqueesto no mesmo grau.

    32. H em cada cu um interno e um externo. Os anjos que l esto nointerno so chamados anjos internos e os que esto no externo so chamadosanjos externos. O externo e o interno nos cus, ou em cada cu, so l como ovoluntrio e o intelectual do voluntrio no homem, o interno como voluntrio eo externo com intelectual do voluntrio. Todo voluntrio tem seu intelectual,pois um no existe sem o outro. O voluntrio pode ser comparado chama e ointelectual luz que procede da chama.

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    33. Cumpre bem saber que os interiores dos anjos fazem com que elesestejam em um cu ou em outro, pois, quanto mais os interiores so abertos parao Senhor, tanto mais eles esto em um cu interior. H trs graus de interiores,tanto em cada anjo como em cada esprito e tambm em cada homem. Aquelesnos quais o terceiro grau foi aberto esto no cu ntimo. Aqueles que tiveramaberto o segundo grau esto no cu mdio, e os que tiveram aberto o primeirograu esto no ltimo cu. Os interiores so abertos pela recepo do Divino beme da Divina verdade. Aqueles que so afetados pelas Divinas verdades e asadmitem logo na vida, por conseguinte na vontade e, por este fato, no ato, estono cu ntimo ou terceiro cu, e l esto segundo a recepo do bem pelaafeio da verdade. Aqueles que, entretanto, as admitem, no imediatamente navontade, mas na memria e, portanto, no entendimento, e depois as querem efazem, esto no cu mdio ou segundo cu. Aqueles que vivem em s moral ecrem no Divino, e no se importam tanto em serem instrudos, esto no ltimoou primeiro cu. Da se pode ver que os estados dos interiores fazem o cu eque o cu est dentro e no fora de cada um. tambm o que o Senhor ensina,dizendo: No vem o reino de Deus visivelmente, nem diro: Ei-lo aqui ou ei-loali, porque o reino de Deus est dentro de vs (Lucas 17:20 e 21).

    34. Toda perfeio tambm cresce para os interiores e decresce para osexteriores, pois os interiores esto mais perto do Divino e so em si mesmosmais puros, e os exteriores so mais afastados do Divino e em si mesmos maisdensos. A perfeio anglica consiste na inteligncia, na sabedoria, no amor, emtodo bem e, por conseguinte, na felicidade, mas no na felicidade sem essascoisas, porque sem elas a felicidade externa e no interna. Como os interioresdos anjos do cu intimo foram abertos no terceiro grau, a sua perfeio excedeem muito perfeio dos anjos do cu mdio, cujos interiores foram abertos nosegundo grau. Do mesmo modo, a perfeio dos anjos do cu mdio excede emmuito perfeio dos anjos do ltimo cu.

    35. Porque h uma tal diferena, o anjo de um cu no pode vir entre osanjos de um outro cu, isto , o de um cu inferior no pode subir, nem o de umcu superior pode descer. Aquele que sobe de um cu inferior acometido poruma ansiedade que vai at a dor, e no pode ver os que esto no cu superior aoseu, nem, com mais forte razo, conversar com eles. E aquele que desce de umcu superior privado de sua sabedoria, balbucia e chega ao desespero. Alguns

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    habitantes do ltimo cu, no tendo ainda sido instrudos que o cu consiste nosinteriores do anjo, acreditavam que chegariam a uma felicidade celeste superior,se entrassem no cu onde esto os anjos que gozam essa felicidade. Foi-lhesento permitido entrar l, mas, quando l estiveram, eles no viram pessoaalguma, em qualquer lugar que eles procurassem - apesar de haver l umagrande multido de anjos -, porque os interiores desses estranhos no haviamsido abertos no mesmo grau que o dos anjos desse cu nem, por conseguinte,sua vista. Pouco depois, foram acometidos por uma angstia de corao a talponto que dificilmente podiam saber se estavam ou no com vida. Por isso,trataram logo de voltar para o cu de onde tinham sado, regozijando-se por seacharem de novo entre os seus, e prometendo nunca mais desejar coisas maiselevadas do que as que concordavam com a sua vida. Vi tambm anjos quedesceram de um cu superior e foram privados de sua sabedoria a tal ponto queno sabiam qual era o seu cu. No sucede o mesmo quando o Senhor elevaanjos de um cu inferior a um cu superior, para que eles vejam a Sua glria, oque ocorre freqentes vezes. Para isso, esses anjos so primeiro preparados e,depois, acompanhados por anjos intermedirios, pelos quais h comunicao.Pelo que precede, evidente que esses trs cus so muito distintos entre si.

    36. Em um mesmo cu, cada um pode ser consorciado com qualquer umque lhe apraz, mas os prazeres da consociao esto em relao com afinidadesdo bem em que se est. Este assunto ser desenvolvido nos pargrafosseguintes.

    37. Ainda que os cus sejam de tal modo distintos que os anjos de umcu no possam ter relacionamento com os anjos de um outro, a verdade que oSenhor conjunge todos os cus por influxo imediato e por influxo mediato - peloinfluxo imediato que procede d'Ele em todos os cus, e pelo influxo mediato deum cu em um outro cu- e por esse modo faz com que os trs cus sejam um eque todos sejam ligados do primeiro ao ltimo, de modo que nada existe queno seja ligado. O que no ligado por intermedirios com um Primeiro nosubsiste, mas dissipado e se torna nulo.

    38. Quem no sabe de que modo os graus esto relacionados com aordem Divina no pode compreender como os cus so distintos, nem mesmo oque seja o homem interno e o homem externo. No mundo, a maior parte doshomens no tem noo dos interiores e dos exteriores, ou dos superiores e dos

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    inferiores, mas somente do que contnuo ou coerente por continuidade, desdeo mais puro at o mais espesso. Entretanto, os interiores e os exteriores estoentre si em uma relao no contnua, mas discreta. Os graus so de doisgneros: h graus contnuos e h graus no contnuos. Os graus contnuos socomo os graus do decrscimo da luz, desde a chama at a escurido, ou comoos graus de decrscimo da vista, que da luz passam para a sombra, ou como osgraus de pureza da atmosfera, desde sua profundidade at a sua parte maiselevada. As distncias determinaram esse grau. Ao contrrio, os graus nocontnuos, mas discretos, foram diferenciados como anteriores e posteriores,como a causa e o efeito, e como o que produz e o que produzido. Quemexaminar a questo ver que em todas as coisas do mundo, tanto em geral comoem particular, h graus de produo e de composio, isto , que de uma coisaprocede uma outra e desta uma terceira, e assim por diante. Quem no adquirirpara si a percepo desses graus no pode, de modo algum, saber a diferenados cus, conhecer as distines das faculdades interiores e exteriores dohomem, nem a distino entre o mundo espiritual e o mundo natural, nem adistino entre o esprito e o corpo do homem e, por conseguinte, no podecompreender o que so e onde esto as correspondncias e as representaes,nem de onde elas vm, nem qual o influxo. Os homens sensuais no percebemessas distines, porque os crescimentos e os decrscimos, segundo esses graus,so por eles considerados contnuos. Por esse motivo, eles s podem conceber oespiritual como um natural mais puro. Por isso que eles ficam tambm do ladode fora e longe da inteligncia.

    39. -me permitido, em ltima lugar, referir, a respeito dos anjos dos trscus, um arcano que at aqui no ocorreu mente de pessoa alguma, porque osgraus no foram compreendidos. o seguinte: em cada anjo e tambm em cadahomem h um grau ntimo ou supremo, ou um certo ntimo e supremo, no qualo Divino do Senhor influi primeiro ou de mais perto e segundo o qual Ele dispeos outros interiores que vm depois, segundo os graus da ordem no anjo e nohomem. Esse ntimo ou supremo pode ser chamado a entrada do Senhor no anjoe no homem, e Seu domiclio mesmo neles. por esse ntimo ou supremo que ohomem homem e se distingue dos animais brutos, porque os brutos no o tm.Da vem que o homem, diferentemente dos animais, pode, quanto a todos osinteriores que pertencem sua mente e ao seu nimo, ser elevado pelo Senhor

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    para o Senhor Mesmo, crer n'Ele, ser afetado pelo amor para com Ele e, assim,ver o Senhor Mesmo e poder receber a inteligncia e a sabedoria, e falarsegundo a razo. Da vem tambm que ele vive eternamente. Contudo, o que disposto e provido pelo Senhor nesse ntimo no influi manifestamente napercepo de anjo algum, porque est acima de seu pensamento e excede suasabedoria.

    40. So essas as coisas comuns aos trs cus; no que vai seguir se tratarde cada cu em particular.

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    41. Os anjos de cada cu no esto juntos em um lugar, mas reunidos emsociedades maiores ou menores, segundo as diferenas do bem do amor e da fem que eles esto. Os que esto em um semelhante bem formam uma mesmasociedade. Os bens no cu so de uma variedade infinita e cada anjo tal qual o seu bem.

    42. As sociedades anglicas nos cus so tambm afastadas umas dasoutras, conforme diferem os bens no gnero e na espcie, porque as distncias,no mundo espiritual, no tm outra origem que no seja a diferena do estadodos interiores; por conseguinte, nos cus, elas no tm outra origem seno adiferena dos estados de amor. Os que diferem muito esto a uma grandedistncia uns dos outros, e os que diferem pouco esto a uma pequena distncia.A semelhana faz que eles estejam juntos.

    43. Em uma mesma sociedade, todos so igualmente distintos entre si.Os que so mais perfeitos, isto , que excedem em bem, por conseguinte emamor, em sabedoria e em inteligncia, esto no meio, e os que excedem menosesto ao redor, a uma distncia proporcional diminuio de perfeio. omesmo que se d com a luz, que decresce do centro para a periferia. Os queesto no meio tambm esto em maior luz e os que esto na periferia esto emuma luz cada vez menor.

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    44. Os anjos so como que levados por si prprios para aqueles que selhes assemelham, porque eles esto com os seus semelhantes como com os seuse como em sua casa, ao passo que com os no semelhantes esto como comestrangeiros e como fora de suas casas. Quando esto em casa de seussemelhantes, eles esto em sua liberdade e, por conseguinte, em todo o prazerda vida.

    45. Da evidente que o bem que consorcia todos os anjos nos cus, eque os anjos se distinguem segundo a qualidade do bem. Todavia, no so elesque formam assim essas associaes: o Senhor, de Quem procede o bem. EleMesmo os conduz, conjunge, distingue e mantm na liberdade como no bem,cada um na vida do seu amor, da sua f, da sua inteligncia e da sua sabedoria e,por isso mesmo, na sua felicidade.

    46. Todos os que esto em um semelhante bem se conhecemabsolutamente como os homens no mundo conhecem seus parentes, aliados eamigos. Eles se conhecem mesmo quando nunca se tenham visto antes. Issoporque, na outra vida, no h parentesco, afinidades e amizades que no sejamespirituais, as quais, portanto, pertencem ao amor e f. o que, s vezes, mefoi dado ver, quando eu estava em esprito, por conseguinte desligado do corpo,e assim em sociedade com os anjos. Ento vi alguns deles que me pareciamconhecidos de infncia, enquanto outros eram-me absolutamente desconhecidos.Os que me pareciam conhecidos desde a infncia eram os que se achavam emum estado semelhante ao de meu esprito, e os que a mim pareciamdesconhecidos se achavam em um estado diferente.

    47. Todos os que formam uma mesma sociedade anglica so de umaface semelhante no comum, mas no semelhante no particular. Pode-se, dealgum modo, apreender alguma coisa sobre o que so essas semelhanas nocomum e essas variedades no particular pelas semelhanas e variedades queexistem no mundo. Sabe-se que cada nao traz na face e nos olhos uma sortede semelhana comum, que a torna conhecida e distinta de uma outra nao, emais ainda uma famlia de uma outra famlia. No cu, porm, tal fato se efetuamais distintamente, porque l todas as afeies interiores se mostram e brilhamna face, visto que l a face a forma externa e representativa das afeies; teruma face diferente da de suas afeies no possvel no cu. Foi-me mostradocomo a semelhana comum particularmente variada nos indivduos que esto

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    em uma mesma sociedade: havia uma face como uma face anglica, que meaparecia, e ela variava segundo as afeies do bem e da verdade, como so asque esto nos que constituem uma mesma sociedade. Essas variaes duravammuito tempo e eu observava que, apesar disso, a mesma face comum ficavacomo um plano, e todas as outras eram somente derivaes e propagaesdaquela. Desse modo, por essa face tambm me foram mostradas as afeies detoda uma sociedade, afeies pelas quais so variadas as faces dos que acompem, porque, como acima se disse, as faces anglicas so as formas dosinteriores dos anjos, assim como as formas das afeies que pertencem ao amore f.

    48. Da resulta tambm que um anjo que excede em sabedoria vinstantaneamente pela face a qualidade de um outro anjo. L ningum pode pelorosto ocultar os interiores nem dissimular, e absolutamente impossvel mentir eenganar por astcia e por hipocrisia. Sucede, s vezes, que nas sociedades seinsinuam hipcritas, que aprenderam a ocultar os seus interiores, de modo queaparecem na forma do bem, no qual esto os que compem a sociedade, e assimse apresentam como anjos de luz. Mas eles no podem ficar l por muito tempo,porque comeam a ficar sufocados interiormente, afligem-se, a face se tornalvida e ficam como privados de respirao. Eles so assim mudados pela vidaoposta que influi e opera. Por isso eles, de repente, se precipitam no inferno,onde esto seus semelhantes, e no mais se arriscam a subir pela segunda vez.Esses espritos so representados pelo homem que foi encontrado mesa entreos convidados sem estar vestido com o traje nupcial, e que foi lanado nastrevas exteriores (Mateus 22:11 e seguintes).

    49. Todas as sociedades do cu se comunicam entre si, no por umcontato aberto - porque poucos anjos saem de sua sociedade para irem a umaoutra, pois sair de sua sociedade como sair de si prprio ou de sua vida epassar para uma outra vida que no convm- mas porque todas as sociedades secomunicam pela extenso da esfera que procede da vida de cada um. A esfera davida a esfera das afeies que pertencem ao amor e f. Essa esfera se estendenas sociedades de todos os lados, em comprimento e largura, quanto mais asafeies forem interiores e mais perfeitas. em razo dessa extenso que osanjos tm a inteligncia e a sabedoria. Os que esto no cu ntimo - e no meiodesse cu- tm uma extenso do cu inteiro. Da h comunicao de todos os

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    anjos do cu com cada um, e de cada um com todos. Mas se tratar dessaextenso com mais pormenores posteriormente, quando se falar da forma celestesegundo a qual as sociedades anglicas foram dispostas, e tambm da sabedoriae da inteligncia dos anjos, porque toda a extenso das afeies e dospensamentos se faz segundo essa forma.

    50. Acima se disse que h nos cus sociedades grandes e pequenas: asgrandes so compostas de mirades de anjos, as pequenas de alguns milhares e asmenores de algumas centenas. H, tambm, anjos que vivem solitrios, comopor casa e casa, por famlia e famlia. Esses anjos, apesar de viverem assimdispersos, foram contudo dispostos em uma ordem semelhante quela que reinanas sociedades, isto , os mais sbios dentre eles esto no meio e os mais simplesnos limites. Os que vivem assim esto mais perto do Divino auspcio do Senhore so os melhores dos anjos.

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    em um mesmo palcio ou em uma mesma corte, cada um exercendo, ali, suafuno para o servio do rei. V-se claramente, por esse fato, o que se entendepor estas palavras do Senhor: Na casa de Meu Pai h muitas moradas (Joo14:2), e o que se entende pelos Habitculos do cu e pelos cus dos cus deque falam os Profetas.

    52. Cada sociedade o cu na menor forma. tambm o que se podever no fato de, em cada sociedade, a forma celeste ser semelhante do cuinteiro. No cu inteiro, no meio, esto os que excedem os outros em usos, e aoredor, at os limites, esto aqueles que, em ordem decrescente, prestem menosusos, como foi explicado no pargrafo 43. Pode-se, tambm, ter uma prova nofato de que o Senhor governa todos os que esto no cu inteiro como se fossemum s anjo, e igualmente os que esto em cada sociedade. Assim, uma sociedadeanglica inteira aparece s vezes como um s, na forma de anjo; foi o que oSenhor me concedeu ver. Quando o Senhor aparece, no meio dos anjos, Eleaparece, tambm, no cercado de muitos, mas como Um s em forma anglica. por isso que o Senhor, na Palavra, chamado Anjo, e que uma sociedadeinteira chamada anjo. Miguel, Gabriel e Rafael so meramentesociedades anglicas que foram assim chamadas por causa de suas funes.

    53. Como uma sociedade inteira o cu em uma menor forma, domesmo modo o anjo tambm o cu na mnima forma, porque o cu no estfora do anjo, mas dentro dele. Com efeito, os interiores do anjo, que pertencem sua mente, foram dispostos na forma do cu, assim para a recepo de todas ascoisa do cu que esto fora dele. Eles as recebem tambm segundo a qualidadedo bem que est neles pelo Senhor. Por isso que o anjo tambm o cu.

    54. No se pode dizer, de modo algum, que o cu est fora de algum,mas se deve dizer que o cu est dentro dele, porque todo o anjo, segundo o cuque est dentro dele, recebe o cu que est fora dele. Isso mostra como seengana aquele que cr que vir ao cu somente ser elevado entre os anjos, sejaqual for a sua vida interior, e que, assim, o cu seja dado a cada um por imediatamisericrdia, quando o fato que, se o cu no estiver dentro de algum, nadado cu que est fora dele influi nem recebido. H muitos que, por isso mesmo,foram, em virtude de sua f, transportados ao cu. Mas, quando eles l seachavam, uma vez que sua vida interior era oposta vida em que estavam osanjos, comearam, quanto aos seus intelectuais, a ficar cegos de tal modo que se

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    tornaram idiotas e, quanto aos seus voluntrios, a ficar atormentados de talmodo que procediam como insensatos. Em uma palavra, os que vivem mal eentram no cu l no respiram e so atormentados como peixes fora dgua ecomo animais dentro de mquinas pneumticos no ter, depois que o ar foi delasextrado. Assim, pode ver-se que o cu est dentro e no fora de algum.

    55. Como todos recebem o cu que est fora deles segundo a qualidadedo cu que est dentro deles, todos recebem, pois, igualmente o Senhor, porqueo Divino do Senhor faz o cu. Da que o Senhor, quando se torna presente emalguma sociedade, nela aparece segundo a qualidade do bem em que est asociedade. Assim, no aparece do mesmo modo em uma sociedade comoaparece em outra. No que essa diferena esteja no Senhor, mas porque est nosque O vem segundo seu bem. A diferena segundo o bem dos que O vem.Eles so afetados vista do Senhor segundo a qualidade do seu amor. Os que Oamam intimamente so intimamente afetados, os que O amam menos so menosafetados, e os maus, que esto fora do cu, ficam atormentados na presena doSenhor. Quando o Senhor aparece em alguma sociedade, a aparece como umAnjo, mas Ele se distingue dos outros anjos pelo Divino que transluz.

    56. O cu tambm est onde Senhor reconhecido, acreditado e amado.A variedade de Seu culto, segundo a variedade do bem em tal ou qualsociedade, no prejudicial: vantajosa, porque a perfeio do cu vem da.Que a perfeio do cu venha da o que seria difcil fazer compreender sem serecorrer aos termos consagrados e usados na sociedade culta e pelos quais seexplica como a unidade que perfeita formada de coisas variadas. Todaunidade se compe de coisas variadas, porque a unidade que no for compostade coisas variadas no , no tem forma e, por conseguinte, no tem qualidade.Mas, quando a unidade composta de coisas variadas, e essas coisas esto emuma forma perfeita - na qual cada uma se junta a uma outra como amiga,harmonizando-se na srie- ento a unidade tem uma qualidade perfeita. O cu tambm uma unidade composta de coisas variadas, postas em ordem na formamais perfeita, porque a forma celeste a mais perfeita de todas as formas. Quetoda a perfeio venha da o que se v claramente por toda a beleza, todo oencanto e todo o deleite que afetam tanto os sentidos como os nimos. Essasqualidades, com efeito, no vm e no emanam de outra parte seno do concertoe da harmonia de muitas coisas que se unem e concordam, quer elas coexistam

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    em ordem, quer se sigam em ordem. Mas no so, de forma alguma, o produtode uma unidade sem variedade das partes. Por isso se diz que a variedade agradae se sabe que o prazer que da resulta est em relao com a qualidade dessavariedade. Pode-se, portanto, ver, como em um espelho, como a perfeioprovm de coisas variadas, at mesmo no cu. E, pelas coisas que existem nomundo natural, pode-se ver, como num espelho, as que esto no mundoespiritual.

    57. O que se disse a respeito do cu pode ser aplicado igreja, porque aigreja o cu do Senhor na terra. H, tambm, muitas igrejas e, contudo, cadauma chama-se igreja, e tambm igreja enquanto nela reinar o bem do amor eda f. A tambm o Senhor compe uma unidade de coisas variadas e faz demuitas igrejas uma s. O que se diz da igreja no geral pode tambm ser aplicadoao homem no particular, a saber, que a igreja est dentro do homem e no foradele e que cada homem, em quem o Senhor est presente no bem do amor e daf, a igreja. O que se disse do anjo, em quem est o cu, pode tambm seraplicado ao homem em quem est a igreja, a saber, que o homem a igreja namnima forma, como o anjo o cu na mnima forma. E mais ainda: o homemem quem est a igreja igualmente um cu, do mesmo modo que o anjo, porqueo homem foi criado para ir para o cu e para se tornar anjo. Por isso, aquele emquem est o bem procedente do Senhor um anjo-homem. Cumpre dizer aquique o homem tem de comum com o anjo e o que ele tem mais que os anjos. Oque o homem tem de comum com o anjo que os seus interiores foramigualmente formados imagem do cu e se torna tambm uma imagem do cuenquanto estiver no bem do amor e da f. O que o homem tem mais que os anjos que seus exteriores foram formados imagem do mundo e, enquanto eleestiver no bem, o mundo nele est subordinado ao cu e est a servio do cu.E, ento, o Senhor est presente nele, em um e no outro, como em seu cu. Ohomem est, com efeito, na ordem Divina de um e de outro lado, porque Deus a ordem.

    58. Cumpre lembrar, em ltimo lugar, que aquele que tem o cu em sitem no s o cu em seus mximos ou gerais, mas tambm em seus mnimos ousingulares, e os mnimos nele representam, em imagem, os mximos. Issoprovm de que cada um seu amor e tal qual seu amor reinante... Nos cus, oamor para com o Senhor o amor reinante, porque l o Senhor amado acima

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    de tudo. Por isso que o Senhor l tudo em todos. Ele influi em todos e emcada um, os dispe e os reveste com Sua semelhana e faz que o cu esteja ondeEle Mesmo est. Da, o anjo o cu na mnima forma, a sociedade o cu emmaior forma e todos, conjuntamente, so o cu na mxima forma. Que o Divinodo Senhor faa o cu e que Ele seja tudo em todos foi explicado anteriormente.

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    59. Que o cu em todo o complexo representa um s homem umarcano ainda no conhecido no mundo, porm nos cus muito conhecido. Ainteligncia dos anjos, l, consiste principalmente em sab-lo e em conhecer assuas coisas especficas e singulares. Da tambm dependem muitas coisas que,sem o conhecimento desse arcano como princpio comum, no entrariam distintanem claramente nas idias da sua mente. Como eles sabem que todos os cus,com suas sociedades, representam um s homem, por isso tambm eles chamamo cu de o Mximo e Divino Homem, Divino porque o Divino do Senhor fazo cu.

    60. Que as coisas celestes e as coisas espirituais hajam sido dispostas econjuntas nessa forma e nessa imagem o que no podem perceber aqueles queno tm uma idia justa dos espirituais nem dos celestiais. Eles pensam que ascoisas terrestres e materiais, que compem o ltimo grau do homem, fazem ohomem e que, sem elas, o homem no homem. Saibam, porm, que o homem homem no pelas coisas terrestres e materiais, mas porque ele podecompreender a verdade e querer o bem; nisso que consistem as coisasespirituais e celestes que fazem o homem. O homem sabe at que um indivduo tal qual ele quanto ao entendimento e vontade, e alm disso o homem podesaber que o seu corpo terrestre foi formado para estar ao servio do seuentendimento e da sua vontade no mundo e para prestar convenientemente, poreles, usos na ltima esfera da natureza. at por isso que o corpo nada faz porsi prprio, mas age com uma inteira submisso ao capricho do entendimento eda vontade, a tal ponto que tudo o que o homem pensa, ele o pronuncia pela

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    lngua e pela boca, e tudo o que ele quer, ele o faz pelo corpo e pelos membros,de sorte que o entendimento e a vontade que fazem, e o corpo nada faz por siprprio. Assim, evidente que as coisas intelectuais e voluntrias fazem ohomem, e como atuam nas menores partes do corpo como o interno atua noexterno, por isso por elas que um homem chamado homem interno eespiritual. O cu um tal homem na maior e na mais perfeita forma.

    61. Tal a idia dos anjos a respeito do homem. Por isso, eles nunca sedetm nas coisas que o homem faz pelo corpo, mas sim nas que faz pelavontade, segundo a qual o corpo atua. Essa vontade por eles chamada ohomem mesmo, e ao entendimento chamam homem enquanto o entendimentofizer um com a vontade.

    62. Os anjos vem, na verdade, o cu em todo o complexo sob uma talforma, porque o cu inteiro no vem ao alcance de anjo algum, mas eles vem,s vezes, como fazendo um sob essa forma, sociedades afastadas que socompostas de muitos milhares de anjos. E, por uma sociedade como parte, elesconcluem, em relao ao geral, o que o cu. Porque, desde que se trata de umaforma perfeitssima, se d com os gerais o mesmo que com as partes, e com aspartes o mesmo que com os gerais. H somente a diferena que existe entre duascoisas semelhantes, das quais uma maior e a outra menor. Sendo assim, elesdizem que o cu inteiro est sob uma tal forma na presena do Senhor, porque oDivino v todas as coisas pelo ntimo e o supremo.

    63. Por ser o cu tal, resulta tambm que ele governado pelo Senhorcomo um s homem e, por conseguinte, como sendo um. Sabe-se, com efeito,que apesar de o homem ser constitudo de uma quantidade imensa de coisasvariadas, tanto no todo como na parte - no todo, de membros, rgos e vsceras,e na parte, de sries de fibras, nervos e vasos sangneos; assim, de membros pordentro de membros e de partes por dentro de partes - a verdade que, apesardisso, o homem, quando age, age como um. Tal o cu sob o auspcio e adireo do Senhor.

    64. Se no homem tantas coisas variadas fazem um, porque no h neleuma s coisa que no opere para a coisa geral e no preencha um uso. O geralpreenche o uso para as suas partes, e as partes preenchem o uso para o geral,porque o geral existe pelas partes e as partes constituem o geral. Por isso, elas

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    se consideram reciprocamente, se olham mutuamente e so conjuntas em umaforma tal, que todas as coisas em geral e em particular, se referem ao geral e aobem geral. Da vem que elas fazem um. As consociaes so semelhantes noscus. L, eles (os anjos) so unidos segundo os usos em uma semelhante forma.Por isso, os que no fazem uso para o bem comum so rejeitados do cu,porque so partes heterogneas. Preencher um uso querer bem aos outros parao bem comum, e no preencher um uso no querer bem aos outros, massomente para si prprio. So os que no preenchem usos que se amam acima detodas as coisas, enquanto aqueles que os preenchem so os que amam o Senhoracima de tudo. Aqueles que fazem um no cu, no o fazem por si mesmos, maspelo Senhor, porque eles O consideram como o nico a Quo (origem de tudo). isso que significado pelas palavras do Senhor: Buscai primeiro o reino deDeus e Sua justia e todas as coisas vos sero acrescentadas (Mateus 6:33).Buscar a justia do reino de Deus significa procurar o Seu bem. Aqueles que,no mundo, amam o bem da ptria mais do que o seu prprio bem e amam o bemdo prximo como o seu prprio bem so os que, na outra vida, amam e buscamo reino do Senhor, porque l o reino do Senhor substitui a ptria. E os queamam fazer o bem aos outros, no por causa de si prprios, mas por causa dobem, esses amam o prximo.

    65. Como todo o cu representa um s homem e, alm disso, ele oHomem Divino Espiritual na maior forma, tambm em efgie, resulta que o cu, como o homem, disposto em membros e em partes, que tambm tm osmesmos nomes. Os anjos sabem at em que membro se acha tal sociedade e emque membro tal outra, e eles dizem de uma sociedade que ela est em talmembro ou em tal provncia da cabea; de uma outra, que ela est em talmembro ou em tal provncia do peito; e ainda de uma outra que ela est em talmembro ou em tal provncia dos lombos; e assim por diante. Em geral, o cusupremo, ou terceiro cu, forma a cabea at o pescoo; o cu mdio ousegundo cu, forma os peitos at os lombos e os joelhos; e o ltimo cu, ouprimeiro, forma os ps at as solas, e tambm os braos at os dedos, porque osbraos e as mos so os ltimos do homem, ainda que estejam nos lados. Da, sev ainda a razo por que h trs cus.

    66. Os espritos que esto por baixo do cu ficam muito admiradosquando ouvem ou vem que o cu est tanto por baixo como por cima. Com

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    efeito, do mesmo modo que os homens do mundo, eles esto na crena e naopinio de que o cu somente se acha em cima, porque no sabem que asituao dos cus como a situao dos membros, dos rgos e das vsceras nohomem, os quais esto alguns acima e alguns abaixo, e que como a situaodas partes em cada membro, em cada rgo e em cada vscera, das quaisalgumas esto por dentro e algumas esto por fora. Da a confuso das idias arespeito do cu.

    67. Tais coisas, a respeito do cu como Mximo Homem, foramreferidas porque, sem esse conhecimento prvio, seria impossvel compreenderde algum modo o que se vai dizer sobre o cu e no se formaria idia algumadistinta da forma do cu, da conjuno do Senhor com o cu, da conjuno docu com o homem, nem do influxo do mundo espiritual no mundo natural e,finalmente, no se teria idia alguma da correspondncia. Entretanto, so essesassuntos que devem ser tratados pela ordem nos pargrafos seguintes. Por isso que, para lanar luz sobre esses assuntos, tais preliminares foram dadas.

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    68. Cada sociedade do cu representa tambm um s homem, e asemelhana de um homem, como me foi permitido ver algumas vezes. Haviauma sociedade em que se insinuaram muitos espritos que tinham sabido simularos anjos de luz, espritos que eram hipcritas. Enquanto eles eram separados dejunto dos anjos, eu vi que a sociedade inteira aparecia a princpio como um todoobscuro, depois gradualmente em forma humana, tambm de um modo obscuro,e, finalmente, na luz, como um homem. Aqueles que estavam no homem e ocompunham eram os que estavam no bem dessa sociedade; os outros que noestavam no homem e no o compunham eram os hipcritas. Estes foramexpulsos e aqueles retidos, e assim se fez a separao. Hipcritas so os quefalam bem e tambm agem bem, mas em todas as coisas eles s tm em vista a siprprios. Eles se exprimem como fazem os anjos sobre o Senhor, sobre o cu,sobre o amor, sobre a vida celeste, e tambm procedem bem, a fim de se

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    apresentarem tal qual se mostram em sua linguagem. Mas eles pensam de mododiferente. No tm crena alguma e querem bem somente a si prprios. O queeles fazem de bem para si prprios e, se o fazem para outros, com o fim deserem notados e, por conseguinte, para si prprios igualmente.

    69. Foi-me permitido ver, tambm, que uma sociedade inteira aparececomo um em uma forma humana, quando o Senhor Se apresenta. Aparecia noalto, para o oriente, como uma nuvem de um branco avermelhado comestrelinhas ao redor. Essa nuvem descia e, gradualmente, proporo quedescia, tornou-se mais luminosa, e finalmente eu a vi em uma formaperfeitamente humana. As estrelinhas ao redor da nuvem eram anjos, queapareciam assim pela luz dimanando do Senhor.

    70. Cumpre saber que, ainda que todos os que estejam em uma mesmasociedade do cu apaream, quando esto juntos, com a semelhana de umhomem, contudo o homem apresentado por uma sociedade no semelhante aohomem apresentado por uma outra sociedade. Eles se distinguem entre si comoas faces humanas de uma estirpe. E isso por um motivo semelhante ao que foimencionado anteriormente (pargrafo 47), isto , porque eles so diversificados,segundo as variedades do bem em que eles esto e ao qual devem a sua forma.As sociedades que esto no cu ntimo ou supremo, e no centro desse cu,aparecem na forma humana mais perfeita e bela.

    71. coisa digna de se lembrar que, quanto mais anjos h formando umasociedade do cu fazendo um, mais a forma humana dessa sociedade perfeita,porque a variedade disposta em forma celeste faz a perfeio, como foimostrado anteriormente (nmero 56), e a variedade maior ali onde houver ummaior nmero. Cada sociedade do cu aumenta em nmero cada dia e, proporo que aumenta, torna-se mais perfeita. Assim, no s a sociedade aperfeioada, mais ainda o cu em geral, porque as sociedades constituem o cu.Por isso o cu aperfeioado por uma multido crescente, e se pode ver quantose enganam aqueles que crem que o cu est fechado por plenitude, quando,todavia, acontece o contrrio: ele nunca fechado por plenitude e uma plenitudecada vez maior o aperfeioa. por essa razo que os anjos no tm maiordesejo seno o de verem anjos que vm juntar-se a eles como novos hspedes.

    72. Se cada sociedade a efgie de um homem, quando ela aparece como

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    um, porque o cu inteiro tem essa efgie, como foi exposto nos pargrafos 59 a67; e na forma mais perfeita, qual a forma do cu, h semelhana das partescom o todo e das coisas menores com a que maior. As coisas menores e aspartes do cu so as sociedades de que ele se compe e que at so cus emuma forma menor (ver os pargrafos 51 a 58 ). H uma tal semelhana perptuaporque nos cus os bens de todos dimanam de um s amor, por conseguinte deuma s origem. O amor nico, de onde procede a origem de todos os bens queesto l, o amor para com o Senhor e que procede d'Ele Mesmo. Da que ocu inteiro a semelhana do Senhor no geral, cada sociedade o no menosgeral, e cada anjo no particular, como foi mostrado no n. 58.

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    73. Nos dois artigos precedentes mostrou-se que o cu em todo ocomplexo representa um s homem, e que o mesmo sucede a cada sociedade nocu. Da srie de razes apresentadas segue-se que cada anjo representaigualmente um homem. Como o cu Homem na maior forma, e uma sociedadedo cu o na menor forma, do mesmo modo o anjo o cu na mnima forma,porque na forma mais perfeita, qual a forma do cu, h semelhana do todo naparte e da parte no todo. Se tal sucede porque o cu uma comunho,porquanto comunica a cada um tudo o que ele tem e cada um recebe dessacomunho tudo o que possui. O anjo um receptculo e, por conseguinte, ocu na mnima forma, como foi mostrado anteriormente. Do mesmo modo, ohomem [ um receptculo]. Quanto mais ele receber o cu e quanto mais ele fortambm receptculo, mais ele o cu e mais ele anjo (ver n. 57). Isso assimdescrito no Apocalipse: Mediu o muro da santa Jerusalm cento e quarenta equatro cvados, medida de homem que medida de anjo (21:17). A,Jerusalm a igreja do Senhor e, em um sentido mais elevado, o cu; omuro a verdade que protege contra o ataque dos falsos e dos males; onmero cento e quarenta e quatro so todas as verdades e todos os bens nocomplexo; a medida a sua qualidade; o homem aquele em que esto

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    todas essas verdades e todos esses bens no geral e na parte, por conseguinte,aquele em quem est o cu. E, como o anjo tambm homem segundo essasverdades e esses bens, por isso dito medida de homem que a do anjo. Tal o sentido espiritual dessas palavras. Quem poderia, sem esse sentido,compreender que o muro da santa Jerusalm era medida do homem, que a doanjo?

    74. Mas volto agora experincia. Que os anjos so formas humanas ouhomens o que vi muitas vezes, pois conversei com eles como um indivduoconversa com outro, ora com um s, ora com muitos em conjunto, e nada vineles que diferisse do homem quanto forma. Fiquei at admirado algumasvezes que assim fosse. E, para que no se diga que era falcia ou viso defantasia, foi-me dado v-los em plena viglia, ou quando eu estava em todo osentido do corpo e em estado de clara percepo. Eu tambm contei-lhes muitasvezes que, no mundo cristo, os homens se acham em to cega ignorncia arespeito dos anjos e dos espritos, que eles crem que so mentes sem forma epuros pensamentos de que eles no tm idia alguma, seno como de algumacoisa etrea, tendo em si o vital. E como no lhes atribuem coisa alguma do quepertence ao homem, exceto o cogitativo, eles crem que os anjos no vem,porque no tm olhos, no ouvem porque no tm ouvidos e no falam porqueno tm boca nem lngua. Disseram-me os anjos a esse respeito que eles sabiamque tal crena existe entre um grande nmero no mundo e que ela reina entre oseruditos e tambm - coisa de que se admiravam - entre os sacerdotes. Elesderam-me tambm a causa disso. que os eruditos, que foram os promotores e,a princpio, emitiram tal idia sobre os anjos e os espritos, pensaram a respeitodeles segundo os sensuais do homem externo e no segundo uma luz interiornem segundo a idia comum que foi gravada em cada homem. Assim, nopodem deixar de imaginar tais coisas, pois os sensuais do homem externopercebem somente as coisas que esto na natureza, mas no as que esto acimadela nem, por conseguinte, coisa alguma do que diz respeito ao mundoespiritual. A falsidade do pensamento a respeito dos anjos passou dessespromotores, como chefes, a outros que pensaram no por si prprios, massegundo tais chefes. E os que primeiro pensam segundo os outros e assimformam a sua f, e que depois consideram por seu entendimento as coisas queeles creram, dificilmente podem desprender-se delas. Por isso que a maior

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    parte as aceita, confirmando-as. Disseram-me depois que os simples de f e decorao no tm tal idia sobre os anjos, mas tm a idia de que os anjos sohomens do cu, e isso porque eles no apagaram pela erudio aquilo que nelesfora gravado do cu, e porque eles nada concebem sem uma forma. Da que,nos templos, os anjos, quer na escultura, quer na pintura, foram semprerepresentados como homens. Quanto a esse conhecimento interno que procededo cu, eles me disseram que o Divino influindo nos que esto no bem da f eda vida.

    75. De toda a minha experincia, que agora de muitos anos, possodizer e afirmar que os anjos, quanto sua forma, so absolutamente homens,tendo uma face, olhos, orelhas, peito, braos, mos e ps. Eles se vemmutuamente, ouvem, conversam entre si. Em uma palavra, nada lhes faltaabsolutamente daquilo que constitui o homem, exceto que eles no sorevestidos de um corpo material. Eu os vi em sua luz, que excede em muitosgraus a luz do mundo ao meio-dia, e, nessa luz, eu discernia toda as suas feiesmais distinta e claramente do que vejo as faces dos homens na terra. Foi-metambm concedido ver o anjo do cu ntimo: ele tinha a face mais brilhante emais resplandecente do que os anjos dos cus inferiores. Eu o examinei e eletinha a forma humana em toda a perfeio.

    76. Mas cumpre saber que os anjos no podem ser vistos pelos olhos docorpo do homem, mas pelos olhos de seu esprito, porque o esprito do homemest no mundo espiritual e todas as partes de seu corpo esto no mundomaterial. O semelhante v o semelhante em razo da similitude. Alm disso, orgo da vista do corpo, que o olho, to grosseiro que ele certamente no vas coisas menores da natureza sem ser com o auxlio de instrumentos de tica,como todos sabem. E, com mais forte razo, no pode ver as coisas que estoacima da esfera da natureza, como todas aquelas do mundo espiritual. Mas averdade que essas coisas so vistas pelo homem quando ele desligado davista do corpo e a vista de seu esprito aberta, o que se faz em um momento,se o Senhor deseja que tais coisas sejam vistas. E ento o homem no sabe outracoisa seno que ele as v pelos prprios olhos do corpo. Assim foram vistos osanjos por Abraho, por Loth, Mano e pelos profetas. Assim foi visto o Senhor,depois da ressurreio, pelos discpulos, e foi tambm desse modo que os anjosforam vistos por mim. Como os profetas assim viram, por isso que eles foram

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    chamados videntes e homens de olhos abertos (I Samuel 9:9, Nmeros24:3). Fazer ver assim foi chamado abrir os olhos, como se deu com o moode Eliseu, a cujo respeito se l: Eliseu disse: JEHOVAH, abre, peo, os olhosdele para que veja. E abrindo JEHOVAH os olhos do moo, este viu, e eisaquele monte cheio de cavalos e de carros de fogo ao redor de Eliseu (II Reis6:17).

    77. Espritos probos, com os quais tambm conversei a respeito disso,lastimaram de corao que tal ignorncia existisse na Igreja sobre o estado docu e sobre os espritos e os anjos e, indignados, diziam que eu deviapositivamente declarar que os espritos e os anjos no so mentes sem formanem sopros etreos, mas homens em forma humana, e que eles vem, ouvem esentem do mesmo modo que os que esto no mundo.

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    tambm o que se pode ver por esses extratos, e tambm na obra DOUTRINACELESTE DA NOVA JERUSALM, no fim, onde se trata do Senhor.

    79. Que assim seja o que me foi provado por um grande nmero deexperincias, de que se dir alguma coisa. Todos os anjos que esto nos cusno percebem o Divino sob outra forma seno a forma Humana. E, o que admirvel, os que esto nos cus superiores no podem pensar de outra forma arespeito do Divino. O que os leva a essa necessidade de pensamento o DivinoMesmo que influi, e tambm a forma do cu, segundo a qual seus pensamentosse estendem ao redor deles, porque todos os pensamentos que pertencem aosanjos tm uma extenso no cu. E, segundo essa extenso, eles tm ainteligncia e a sabedoria. Por isso que l todos reconhecem o Senhor, porqueo Divino Humano s existe no Senhor. Essas coisas no somente me foram ditaspelos anjos, mas tambm me foi concedido perceb-las, quando eu era elevadona esfera interior do cu. Assim, evidente que, quanto mais os anjos sosbios, mais eles percebem isso com clareza. Da vem que o Senhor lhes apareceem uma forma Divina anglica, que a forma Humana, aos que reconhecem ecrem no Divino visvel, mas no aparece aos que crem que Ele invisvel. Osprimeiros podem, com efeito, ver o Seu Divino, enquanto os ltimos no opodem.

    80. Como os anjos percebem no um Divino invisvel, que eles chamamDivino sem a forma, mas o Divino visvel em forma Humana, para eles comumdizerem que s o Senhor Homem, e que eles prprios so homens por Ele, eque cada um homem na proporo que recebe o Senhor. Receber o Senhor ,para os anjos, receber o bem e a verdade que procedem d'Ele, pois que o Senhorest em Seu Bem e em Sua Verdade. A isso eles tambm chamam de sabedoria einteligncia, pois eles dizem que cada um sabe que a inteligncia e a sabedoriafazem o homem e que, sem elas, no h face. Que isso seja assim ainda o quese torna patente pelos anjos dos cus interiores. Tais anjos, estando pelo Senhorno bem e na verdade e, por conseguinte, na sabedoria e na inteligncia, esto namais bela e na mais perfeita forma humana. Os anjos dos cus inferiores estoem uma forma menos perfeita e menos bela. Porm, no inferno tudo oposto.Os que l esto aparecem luz do cu dificilmente como homens, mas comomonstros. Com efeito, eles esto no mal e no falso e no no bem e na verdade.Eles esto, por conseguinte, nos opostos da sabedoria e da inteligncia; e at

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    por isso que a sua vida se chama no vida, mas morte espiritual.81. Como o cu no todo e na parte representa um homem pelo Divino

    Humano do Senhor, por isso os anjos dizem que eles esto no Senhor, e algunsacrescentam que eles esto no corpo d'Ele, o que significa que eles esto no bemdo Seu amor. E tambm o que o Senhor Mesmo ensina, dizendo: Permaneceiem Mim e Eu em vs. Como a vara no pode dar fruto de si mesma, se noestiver na videira, assim nem vs o podeis dar, se no permanecerdes em Mim.pois sem Mim nada podeis fazer. Permanecei no Meu amor. Se guardardes osMeus mandamentos, permanecereis no Meu amor. (Joo 15:4 a 10).

    82. Como tal no cu a percepo a respeito do Divino, por isso quefoi gravado em cada homem que recebe algum influxo do cu pensar em Deussob uma aparncia humana. o que fizeram os antigos, o que fazem tambmos homens de hoje, tanto fora como dentro da igreja. Os simples O vem pelopensamento como um ancio, em um esplendor brilhante. Mas todos aquelesque afastaram o influxo do cu pela prpria inteligncia e pela vida do malextinguiram esse nsito (conhecimento interno). Os que o extinguiram pelaprpria inteligncia querem um Deus invisvel, e os que o extinguiram pela vidado mal no querem nenhum Deus: uns e outros no sabem que existe um talnsito, porque [esse conhecimento interno] no existe neles. Entretanto, estensito o prprio Divino celeste, o primeiro a influir do cu no homem, porqueo homem nasceu para o cu, e ningum vem ao cu sem a idia do Divino.

    83. Por isso que aquele que no est na idia do cu, isto , na idia doDivino do qual o cu procede, no pode ser elevado primeira entrada do cu;desde que ele l chega, encontra resistncia e uma forte repulso. A causa disso que nele os interiores, que deveriam receber o cu, foram fechados, porqueeles no esto na forma do cu. E at quanto mais ele se aproxima do cu, tantomais esses interiores so estreitamente fechados. Tal a sorte dos que dentro daigreja negam o Senhor e, como os socinianos, negam o Seu Divino. Quanto sorte dos que nasceram fora da igreja e no conhecem o Senhor, porque no tma Palavra, tratar-se- deles mais tarde.

    84. Que os antigos hajam tido a idia do Humano a respeito do Divino,isso evidente pelas aparies do Divino diante de Abraho, Lot, Josu,Gedeo, Mano, sua esposa e outros, que, ainda que hajam visto Deus como

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    Homem, entretanto O adoraram como Deus do universo, chamando-O Deus docu e da terra e JEHOVAH. Que foi o Senhor que foi visto por Abraho, Eleprprio nos ensina em Joo 8:56. Que tambm os outros O viram, isso evidente, segundo essas palavras do Senhor: Ningum jamais viu a Deus: oDeus unignito, que est no seio do Pai, Quem o revelou. o Pai que Meenviou. Jamais tendes ouvido a Sua voz nem visto a Sua forma (Joo 1:18;5:37).

    85. Mas que Deus Homem o que dificilmente pode ser entendidopelos que julgam todas as coisas pelos sensuais do homem externo. O homemsensual no pode, com efeito, pensar a respeito do Divino a no ser pelo mundoe pelas coisas que nele esto. Assim, ele no pode pensar do Divino e do homemespiritual a no ser como de um homem corporal e natural. Ele conclui da que,se Deus fosse homem, Ele seria em tamanho como o universo e, se governasse ocu e a terra, seria por meio de muitos, segundo o modo dos reis do mundo. E,se lhe fosse dito que no cu no h extenso nem espao como no mundo, talcoisa seria absolutamente incompreensvel para ele, porque quem pensa segundoa natureza e unicamente pela luz da natureza no pode deixar de pensar segundouma extenso tal qual se apresenta a seus olhos. Mas quanto se enganam os queassim pensam a respeito do cu! A extenso que existe no cu no como aextenso no mundo. No mundo, a extenso determinada e, por conseguinte,mensurvel; no cu, ao contrrio, a extenso no determinada e, porconseguinte, no mensurvel. Mas tratar-se- da extenso do cu nospargrafos seguintes, onde se falar do espao e do tempo no mundo espiritual.Alm disso, todos sabem a que ponto se estende a vista dos olhos, porque elavai at ao sol e at s estrelas, que esto a uma to grande distncia. Aquele quepensa mais profundamente sabe tambm que a vista interna, que pertence aopensamento, tem uma extenso ainda mais ampla e, por conseguinte, uma vistaainda mais interior. Qual deve ser, pois, a vista Divina, que a vista mais ntimade todas e a vista suprema? Como os pensamentos so de uma tal extenso, daresulta que a cada um no cu so comunicadas todas as coisas do cu e, porconseguinte, todas as coisas do Divino que faz o cu e o enche, como foiexposto nos pargrafos precedentes.

    86. Os que esto no cu admiram-se de que os homens, que pensam emDeus, pensem em um ser invisvel, isto , incompreensvel sob alguma forma, e

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    que se julguem inteligentes e que chamem de falhos de inteligncia e at simplesaos que pensam de outro modo, quando a verdade justamente o contrrio. Osanjos dizem aos que se julgam assim inteligentes: Examinem-se e observem seem vez de Deus no esto vendo a natureza?. [Perguntam tambm] se no estocegos de tal modo que no saibam o que Deus, o que um anjo, o que umesprito, o que vem a ser sua alma que deve viver depois da morte, o que avida do cu no homem? Assim tambm muitas outras coisas que pertencem inteligncia. Entretanto, todas essas coisas so conhecidas a seu modo poraqueles a quem eles chamam simples. Os simples tm de seu Deus a idia de queEle Divino em forma humana; do anjo, a idia de que um homem celeste; desua alma, a idia de que ela deve viver depois da morte, e, assim, a idia de queela como um anjo; e da vida do cu, a idia de que ela consiste em viversegundo os preceitos de Deus. Por isso, os anjos chamam a esses de inteligentese preparados para o cu, mas aos outros, entretanto, eles chamam de nointeligentes.

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    87. Hoje no se sabe o que a correspondncia. H muitas razes paraessa ignorncia, e a principal que o homem se afastou do cu pelo amor de si edo mundo. Com efeito, quem ama a si e ao mundo acima de todas as coisas sconsidera os objetos mundanos, porque eles lisonjeiam os seus sentidos externose so agradveis s suas inclinaes. No presta ateno alguma aos espirituais,porque estes lisonjeiam somente os sentidos internos e s alegram a mente. Porisso, os homens os rejeitam para longe de si, dizendo que eles so por demaiselevados para serem do domnio do pensamento. Os antigos procederam deoutro modo. A cincia das correspondncias foi para eles a principal de todas ascincias. Por ela eles receberam a inteligncia e a sabedoria, e por ela os queeram da igreja tiveram comunicao com o cu. Porque a cincia dascorrespondncias a cincia anglica. Os antiqssimos, que eram homenscelestes, pensavam como os anjos, segundo a correspondncia mesma. Por isso,

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    eles conversavam com os anjos e o Senhor Se mostrava a eles freqentemente, eos instrua. Mas hoje essa cincia est to completamente perdida, que no sesabe o que uma correspondncia.

    88. Ora, como sem a percepo do que uma correspondncia no sepode ter idia alguma, clara, do mundo espiritual, nem do seu influxo no mundonatural, nem, at, do que o espiritual respectivamente ao natural, nem nooalguma, clara, do esprito do homem depois da morte, cumpre dizer, portanto, oque a correspondncia e qual ela . Ser, por conseguinte, preparar tambm ocaminho para o que deve seguir.

    89. Primeiramente se dir o que uma correspondncia. Todo o mundonatural corresponde ao mundo espiritual, e no s o mundo natural no geral,como tambm em cada uma das coisas que o compem. por isso que cadacoisa que existe no mundo natural existe por uma coisa espiritual, e diz-secorrespondente. Portanto, cumpre saber que o mundo natural existe e subsistepelo mundo espiritual, absolutamente como o efeito segundo sua causa eficiente.Chama-se mundo natural toda essa extenso que est debaixo de um sol e recebedele o calor e a luz, e a esse mundo pertencem todas as coisas que da subsistem;mas o mundo espiritual o cu, e a este mundo pertence tudo que est nos cus.

    90. Como o homem o cu e tambm o mundo na mnima forma, imagem do Mximo (ver pargrafo 57), h, por conseguinte, nele um mundoespiritual e um mundo natural. Os interiores, que pertencem sua mente e sereferem ao entendimento e vontade, fazem o seu mundo espiritual, e osexteriores, que pertencem ao seu corpo e se referem aos sentidos e s aes docorpo, fazem o seu mundo natural. Tudo, pois, que em seu mundo natural, emseu corpo e nos sentidos, bem como nas aes do corpo, existe pelo mundoespiritual, isto , por sua mente e pelo entendimento e a vontade da mente,chama-se correspondente.

    91. O que a correspondncia, pode-se ver no homem pela sua face. Emuma face que no foi instruda para dissimular, todas as afeies da mente seapresentam vista em uma forma natural como em seu tipo. Da a face tidacomo o ndice da mente, como o mundo espiritual do homem em seu mundonatural, do mesmo modo que o que pertence ao entendimento se manifesta nalinguagem, e o que pertence vontade se manifesta nos gestos do corpo. As

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    coisas, pois, que se operam no corpo, quer seja na face ou na linguagem, quernos gestos, chamam-se correspondncias.

    92. Por a pode-se ver tambm o que o homem interno e o que ohomem externo, isto , que o homem interno aquele que chamado homemespiritual, e o homem externo aquele que chamado homem natural. Pode-sever ainda que um distinto do outro, como o cu distinto do mundo, e quetodas as coisas que se fazem e existem no homem externo ou natural se fazem eexistem pelo homem interno ou espiritual.

    93. Isto se disse a respeito da correspondncia do homem interno ouespiritual com seu homem externo ou natural; mas no que vai seguir se falar dacorrespondncia de todo o cu com todas as partes do homem.

    94. Mostrou-se que o cu no geral representa um s homem, que umhomem em imagem e que, em conseqncia, chamado Mximo Homem.Mostrou-se tambm que, por isso, as sociedades anglicas, de que se compe ocu, foram dispostas como o so no homem os membros, os rgos e asvsceras. que, assim, as sociedades esto, umas na cabea, outras no peito,outras nos braos, e outras em cada uma das outras partes (ver pargrafos 59 a72). As sociedades que esto em um determinado membro do Mximo Homemcorrespondem, pois, ao membro semelhante no homem. Por exemplo, as que lesto na cabea correspondem cabea no homem; as que l esto no peitocorrespondem ao peito no homem; as que l esto nos braos correspondem aosbraos ; e assim as outras. por essa correspondncia que o homem subsiste,porque o homem somente subsiste pelo cu.

    95. Que o cu seja dividido em dois reinos, dos quais um se chama reinoceleste e o outro reino espiritual, o que se viu nos nmeros 20 a 28. O reinoceleste corresponde em geral ao corao e a tudo o que depende do corao emtodo o corpo. E o reino espiritual corresponde ao pulmo e a tudo o que deledepende em todo o corpo. O corao e o pulmo constituem tambm dois reinosno homem. O corao nele reina pelas artrias e veias, e o pulmo pelas fibrasnervosas e motrizes. Um e outro em cada fora e em cada ao. Em cadahomem, em seu mundo espiritual, que se chama homem espiritual, h tambmdois reinos: um pertence vontade e o outro ao entendimento. A vontade reinapelas afeies do bem e o entendimento pelas afeies das verdades. Esses

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    reinos correspondem tambm aos reinos do corao e do pulmo no corpo. D-se o mesmo nos cus: o reino celeste o voluntrio do cu e l reina o bem doamor, e o resino espiritual o intelectual do cu e l reina a verdade. So estascoisas que correspondem s funes do corao e do pulmo no homem. poressa correspondncia que o corao, na Palavra, significa a vontade e o bem doamor, e que o sopro pulmonar significa o entendimento e a verdade da f. daque as afeies so atribudas ao corao, embora elas no estejam nele e noprocedam dele.

    96. A correspondncia dos dois reinos do cu com o corao e o pulmo a correspondncia comum do cu com o homem. Mas h uma correspondnciamenos comum com cada um de seus membros, de seus rgos e de suasvsceras. Dir-se- tambm qual essa correspondncia. No Mximo Homem,que o cu, os que esto na cabea esto mais do que todos os outros em todoo bem, porque eles esto no amor, na paz, na inocncia, na sabedoria, nainteligncia e, por conseguinte, na alegria e na felicidade. Estes [elementos]influem no homem na cabea e em todas as partes da cabea, e correspondem aessas partes. Por outro lado, no Mximo Homem, que o cu, os que esto nopeito esto no bem da caridade e da f que influem tambm no peito do homeme correspondem a essa parte. Aqueles ainda que, no Mximo Homem, que ocu, esto nos lombos e nos rgos destinados gerao esto no amorconjugal. Os que esto nos ps [do Mximo Homem] esto no bem ltimo docu, que se chama bem natural-espiritual. Os que esto nos braos e nas mos[do Mximo Homem] esto no poder da verdade pelo bem. Os que esto nosolhos esto no entendimento. Os que esto nas orelhas esto na ateno e naobedincia. Os que esto nas narinas esto na percepo. Os que esto na boca ena lngua esto na elocuo pelo entendimento e pela percepo. Os que estonos rins esto na verdade que examina, distingue e corrige. Os que esto nofgado, no pncreas e no bao esto em diferentes purificaes do bem e daverdade. Assim, de modo diverso para todas as outras partes. Eles influem nasfunes semelhantes dos homens e correspondem a elas. O influxo do cu estnas funes e nos usos dos membros, e os usos, que procedem do mundoespiritual, realizam-se em coisas semelhantes que esto no mundo natural e,assim, se fixam no efeito. Da vem a correspondncia.

    97. por isso que esses mesmos membros, rgos e vsceras significam

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    na Palavra coisas semelhantes, pois na Palavra tudo tem uma significaosegundo as correspondncias. Assim, por cabea se entende a inteligncia e asabedoria, por peito a caridade, pelos lombos o amor conjugal, pelosbraos e mos o poder da verdade, pelos ps o natural, pelos olhos oentendimento, pelas narinas a percepo, pelas orelhas a obedincia, pelosrins o exame da verdade, e assim por diante. da tambm que se tornoufamiliar dizer-se daquele que inteligente e sbio que ele tem cabea; daqueleque est na caridade que ele amigo do peito; daquele que est na percepoque ele tem o nariz apurado; daquele que est na inteligncia que ele tem vistapenetrante; daquele que poderoso que ele tem braos compridos; daquele quedeseja com amor que ele deseja de corao. Tais locues e muitas outras que ohomem emprega existem pela correspondncia, porque tais expresses vm domundo espiritual, ainda que se ignore esse fato.

    98. Que haja tal correspondncia de tudo que pertence ao cu com tudoque pertence ao homem o que me foi mostrado por experincias mltiplas eto mltiplas que adquiri a confirmao como uma coisa evidente e fora dedvida. Entretanto, impossvel referir aqui todas essas experincias, pois nopoderia faz-lo por causa do grande nmero. Elas esto referidas no livroARCANOS CELESTES, nos lugares onde se trata das correspondncias, dasrepresentaes, do influxo do mundo espiritual no mundo natural e do intercursoda alma e do corpo.

    99. Mas, ainda que tudo que pertena ao homem, quanto ao corpo,corresponda a tudo o que pertence ao cu, contudo o homem no imagem docu quanto forma externa, mas o quanto forma interna, porque osinteriores do homem recebem o cu e seus exteriores recebem o mundo. Quantomais, pois, seus interiores recebem o cu, mais o homem, quanto a eles, umcu na mnima forma imagem do Mximo Homem. Mas, quanto mais seusinteriores no recebem o cu, na mesma proporo ele no um cu nem aimagem do Mximo (Homem). entretanto, seus exteriores que recebem o mundopodem estar, pela forma, segundo a ordem do mundo e, por conseguinte, emuma beleza variada, porque a beleza externa, que pertence ao corpo, tira suacausa dos pais e da formao no tero e conservada depois pelo influxocomum que emana do mundo. Da resulta que a forma natural do homem difereda forma de seu homem espiritual. Algumas vezes, me foi mostrado qual era em

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    sua forma o esprito de um homem e vi que, em alguns homens de belafisionomia, o esprito era disforme, negro e monstruoso, de sorte que otomariam por uma imagem do inferno e no do cu. [Outras vezes, vi] emalguns, que eram sem beleza, que seu esprito era belo, branco e anglico. Oesprito do homem, depois da morte, aparece tambm como ele tinha sido nocorpo, quando vivia no mundo.

    100. Mas a correspondncia no se limita ao homem; ela se estende aindamais longe. Com efeito, h correspondncia dos trs cus entre si. Ao terceiroou cu ntimo corresponde o segundo ou cu mdio; ao segundo ou cu mdiocorresponde o primeiro ou ltimo cu; e este corresponde, no homem, s formascorporais que se chamam membros, rgos e vsceras. Assim, no corporal dohomem que o cu termina em ltimo lugar, e ele subsiste sobre esse corporalcomo sua base. Mas este arcano ter, em outro lugar, maior desenvolvimento.

    101. bom saber que toda a correspondncia que existe com o cuexiste tambm com o Divino Humano do Senhor, porque por Ele que o cuexiste e Ele Mesmo o cu, como foi exposto em pargrafos precedentes.Porque, se o Divino Humano no influsse em todas as coisas do cu e, segundoas correspondncias, em todas as coisas do mundo, no haveria anjo e nohaveria homem. Da se v, de novo, porque o Senhor Se fez Homem e revestiuSeu Divino com o Humano, do primeiro ao ltimo [grau].

    102. Os anjos ficam estupefatos quand