em foco 22 - 2° semestre de 2011

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Ano VI 22 Jornal-laboratório do curso de Jornalismo das Faculdades Integradas Rio Branco. Nossa reportagem foi visitar o Mercado da Lapa. Inaugurado em 1954, o mercado possui grande importância econômica para a região. A grande diversidade de grãos e as cores chamativas enchem os olhos dos visitantes e dão água na boca de quem passa por lá todos os dias. Visitantes, inclusive, de todos os estados, que buscam variedade e bom preço no mercado que oferece grande diversidade de produtos e qualidade. Artes A prática de exercícios em ruas e avenidas pode se tornar uma opção para quem não possui tempo para ficar horas em uma academia. São Paulo oferece muitos espetáculos. E uma das principais qualidades da ci- dade é poder contar com um circuito variado de peças de teatro em muitos lugares da capital. Roteiro de visitas Sociedade Esportiva Palmeiras promete um novo estádio para a cidade de São Paulo: a Nova Arena. Hebert Nogueira. vacabebada.com/2011/07/15/tapas-club/ Mercadão da Lapa Esportes Saúde e Qualidade de vida PÁGINA 8 PÁGINA 11 PÁGINA 10 A rua Augusta, na região central da cidade, representa a diversidade característica de São Paulo. Diferentes opções de lazer e cultura, diferentes paisagens e diferentes tribos se encontram nesse espaço. Convênio com a OAB-SP 70 Anos do Radiojornalismo no Brasil Dalmácio Jordão foi homenageado em evento que reuniu professores, alunos de Comunicação Social e convidados especiais. Luís Flávio D’Urso e o Presidente Eduardo de Barros Pimentel assinaram parceria que traz novas perspectivas ao Curso de Direito. PÁGINA 3 PÁGINA 3 PÁGINA 6 Matéria de Capa - Rua Augusta PÁGINA 9

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O jornal Em Foco é uma publicação elaborada pelos alunos do curso de jornalismo das Faculdades Integradas Rio Branco. Nesta edição: Rua Augusta, Mercadão da Lapa, Arena Palestra, 70 anosdo radiojornalismo, entre outros temas.

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Page 1: Em Foco 22 - 2° semestre de 2011

Ano VI22

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Nossa reportagem foi visitar o Mercado da

Lapa. Inaugurado em 1954, o mercado possui

grande importância econômica para a região.

A grande diversidade de grãos e as cores

chamativas enchem os olhos dos visitantes

e dão água na boca de quem passa por lá

todos os dias. Visitantes, inclusive, de todos os

estados, que buscam variedade e bom preço

no mercado que oferece grande diversidade de

produtos e qualidade.

Artes

A prática de exercícios em ruas e avenidas pode se tornar uma opção para quem não possui tempo para ficar horas em uma academia.

São Paulo oferece muitos espetáculos.

E uma das principais qualidades da ci-

dade é poder contar com um circuito

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Roteiro de visitas

Sociedade Esportiva Palmeiras promete um novo estádio para a cidade de São Paulo: a Nova Arena.

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Mercadão da Lapa

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A rua Augusta, na região central da cidade, representa a diversidade característica de São Paulo. Diferentes opções de lazer e cultura, diferentes paisagens e diferentes tribos se encontram nesse espaço.

Convênio com a OAB-SP70 Anos do Radiojornalismo no Brasil

Dalmácio Jordão foi homenageado em evento que reuniu professores,alunos de Comunicação Social e convidados especiais.

Luís Flávio D’Urso e o Presidente Eduardo de Barros Pimentel assinaram parceria que traz novas perspectivas ao Curso de Direito.

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Matéria de Capa - Rua Augusta

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Novembro de 201102 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brOpinião

ExpedienteFaculdades Integradas Rio BrancoEndereço: Av. José Maria de Faria, 111 – Lapa São Paulo - SP - Cep 05038-190www.riobrancofac.edu.brAgência de Jornalismo - Fone: (11) 3879 3100

Diretor Geral: Profº Dr. Edman AlthemanCoordenadora do Curso de Jornalismo: Profª Patrícia Moreira RangelOrientação: Profª Patrícia Ceoline Profº Dario Luis Borelli

Estagiário: Égon Ferreira Rodrigues

Jornal Rio Branco Em Foco é uma publicação elaborada pelos alunos do curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, das Faculdades Integradas Rio Branco.

A crise na economia internacional e o BrasilPor Alexandre Uehara - Diretor Acadêmico dasFaculdades Integradas Rio Branco

s problemas da economia in-ternacional, que tem atualmen-te a União Europeia (UE) como

foco das atenções, foram manchetes recorrentes ao longo de 2011 e reper-cutiram também sobre a economia bra-sileira. Em janeiro, as expectativas de crescimento do produto interno bruto (PIB) do Brasil eram 4,5%; em novem-bro, o relatório Focus do Banco Central reajustou as estimativas para 3,16%.

Em meados de novembro, a agência de estatísticas da EU (Eurostat) divul-gou a queda de 2% na produção indus-trial do bloco de setembro em relação a agosto. Países importantes como Ale-manha, França e Itália tiveram recuos de 2,9%, 1,9% e 4,8%. Esses dados preocupam, assim como a falta de oti-mismo em relação aos próximos anos, pois não se visualizam soluções no cur-to prazo aos países europeus, que são importantes parceiros econômicos do Brasil, representando cerca de 21% do total das exportações.

Em 2011, no período janeiro-setem-

bro, o comércio exterior brasileiro ain-da apresentou resultados bastante posi-tivos. As exportações totais cresceram 31,1%, atingindo US$ 189,9 bilhões, e as importações subiram 26,3%, geran-do um saldo positivo de US$ 23,0 bi-lhões, que é 81,4% maior que o mesmo período de 2010. Esses resultados refle-tem o crescimento de 44,8%, nos valo-res das exportações para a China, prin-cipal mercado externo do Brasil, mas também se referem aos mercados euro-peus, dentre os quais, considerando-se os três maiores mercados às exporta-ções brasileiras, Holanda, Alemanha e Itália, a ampliação foi, respectivamente, de 41,5%, 14,4% e 38,1%.

Fator importante para esses núme-ros positivos foram os preços dos pro-dutos básicos e semimanufaturados que, representando mais de 60% do to-tal das exportações, ainda mantiveram preços elevados neste ano. Por exem-plo, o minério metalúrgico, que apesar de ter ampliado apenas 6% no volu-me exportado, teve uma elevação de 56,9% nos valores comparados a 2010.

Os fluxos de investimentos dire-tos estrangeiros (IDE) constituem ou-tro dado positivo neste ano. Apesar

da instabilidade econômica nos países desenvolvidos ou por causa dela, o sal-do acumulado no Brasil entre janeiro-setembro/2011 já superaram US$ 52,1 bilhões, praticamente igualando-se ao valor total em 2010 (US$ 52,6 bilhões). Uma possível explicação a esse aumen-to dos fluxos de capitais ao Brasil é a busca pelas empresas e investidores de

alternativas às economias dos países desenvolvidos para melhora de ganhos. Considerando os seis maiores investi-dores no período janeiro-setembro de 2011, com exceção do IDE da França, que teve uma redução de 7%, todos os demais apresentaram aumento: Países Baixos (373%), EUA (90%), Espanha

(649%), Japão (715%), Reino Unido (173%). Nota-se, assim, que apesar de não estar imune às grandes incertezas na economia internacional, o Brasil manteve alguns resultados positivos em 2011. No entanto, os cenários para 2012 são mais preocupantes. Há pre-visões de uma maior desaceleração na economia mundial, incluindo um me-nor crescimento da economia chinesa. Isso por si só pode conduzir a uma re-dução dos preços das commodities, que compõem parte importante das expor-tações brasileiras, o que poderá apro-fundar os impactos negativos sobre o PIB de 2012. Havendo redução das expectativas de crescimento no Brasil, também os fluxos de IDE no próximo ano podem diminuir.

No Brasil e no Exterior, os resul-tados positivos e negativos não foram aleatórios e nem coincidências, mas re-sultantes de decisões e ações anteriores. Um exemplo é a ligação entre as dívi-das dos governos europeus e os gastos públicos pós-crise econômica de 2008. Portanto, os dados deste ano não de-vem nos iludir; é importante continuar avaliando quais resultados futuros pro-duzirão as políticas do presente.

[...] os cenários para

2012 são mais preocu-

pantes. Há previsões de

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Depois de 70 anos, Repórter Esso ainda serve de inspiração!Por Patrícia Rangel - Coordenadora do curso de Jornalismodas Faculdades Integradas Rio Branco

certo que o bom e velho rádio já não é mais o mesmo. Deixando de lado os saudosismos de uma época

glamourosa, podemos afirmar que o rá-dio é o veículo que mais se transformou ao longo das décadas. Com o avanço das novas tecnologias, fez um casamen-to perfeito com a internet e, principal-mente, com as mídias sociais. Alguns gêneros sumiram ou quase não aparecem mais, como é o caso da dramaturgia ou dos programas de auditório. Mas, o gênero informativo avançou, está completando 70 anos de existência e hoje ocupa cada vez mais espaço no dial brasileiro.

Desde as primeiras experiências de radiodifusão, o jornalismo esteve pre-sente e é impossível contar o trajeto deste segmento sem lembrar um pouco de história. Os 70 anos do radiojor-nalismo marcam também a primeira transmissão do programa Repórter Esso, que ocorreu na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, em 28 de agosto de

1941. O programa de estilo noticioso já era produzido em Nova York, Buenos Aires, Santiago, Lima e Havana e, ape-sar de ter nascido com a política da boa vizinhança dos Estados Unidos com a América Latina, durante a Segunda Guerra Mundial, acabou também im-primindo nova linguagem e dinâmica ao radiojornalismo passando, desta forma, a ser considerado um marco na comunicação nacional. Com notícias da United Press e supervisão da agên-cia de publicidade McCann-Erickson, o radiojornal acompanhou os principais fatos ocorridos no planeta no século XX, como o ataque dos japoneses a Pearl Harbor, a rendição da Alemanha, da Itália e do Japão, o lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima e Na-gasaki, a Guerra da Coréia, o suicídio de Getúlio Vargas, entre outros.

Sua credibilidade era tanta que as pessoas só acreditavam nos fatos de-pois que eram transmitidos pelo Re-pórter Esso. Com o crescimento da audiência e da popularidade junto aos

ouvintes, o programa foi recebendo investimentos como a montagem de redações nas próprias emissoras que o retransmitiam, para enfim abrir espaço

e produzir notícias locais. Com isso, o noticiário tornou-se mais abrangente com informações que iam de resul-tados das partidas de futebol e turfe, passando pela cotação do café, até as condições do tempo.

Mas um dos pontos mais marcantes do Repórter Esso foi o formato deno-minado de síntese noticiosa. Esta du-

rava cinco 5 minutos, nunca atrasava, constituía-se de frases diretas e curtas e continha em média 13 notícias. Até hoje, a Rádio CBN mantém sua sínte-se noticiosa chamada “Repórter CBN”, que vai ao ar a cada meia hora, durante a programação de 24 horas da emisso-ra. A duração média é de 2 a 3 minutos, com uma média de três a quatro notí-cias. O repórter Esso parece também ter influenciado até na entonação vocal do apresentador da síntese que mantém, de alguma forma, traços do que foi a locu-ção peculiar do principal apresentador do Repórter Esso: Heron Domingues.

Além do Repórter Esso ser conside-rado um marco na história do radiojor-nalismo brasileiro, ele continua influen-ciando as principais emissoras de rádio, de TV e até mesmo a internet da atuali-dade. Mesmo sem perceber, estes veícu-los continuam, muitas vezes, utilizando formatos, linguagens e narrativas da-quele que por 28 anos comoveu ouvin-tes espalhados pelo mundo inteiro.

“Sua credibilidade era

tanta que as pessoas só

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2° Semestre de 2011 03NÚMERO 22

Em Tempo

o dia 16 de Agosto, foi firmada uma parceria entre as Faculda-des Integradas Rio Branco (FRB),

a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo e a Fundação de Rotarianos de São Paulo (mantenedo-ra das Faculdades), com o objetivo de aprimorar o conhecimento técnico e científico dos alunos e professores em importantes temas relacionados à de-fesa da dignidade da pessoa humana, a fim de combater crimes nos meios ele-trônicos como o cyberbullying.

Segundo o coordenador do curso de direito das FRB, Paulo Sérgio Feuz, a ideia da parceria partiu da coorde-nadora do Núcleo de Práticas Jurídi-cas das Faculdades, Renata Marques Ferreira, que enviou o projeto para a OAB, tornando-se a primeira entida-de a firmar acordo com a Ordem dos Advogados. “Lançamos um projeto piloto junto à Ordem dos Advogados, que nos recebeu muito bem e gostou da nossa ideia”.

Paulo Feuz enfatizou a capacidade crítica do curso de direito da Rio Bran-co, ao explicar os motivos da parceria. “Pelo fato de a Rio Branco ser uma entidade critica, ela acaba atestando à

OAB a qualidade e o bom desempenho do curso de direito, com a intenção de viabilizar a participação dos alunos nos temas estudados, fazendo com que eles entendam que não se trata mera-mente do aspecto comercial e sim de preocupações com os problemas so-ciais.”

O desenvolvimento da parceria se dará também através de congressos e palestras com pessoas ligadas a or-ganizações que defendem os direitos humanos. Além disso, Feuz destacou a importância de ter uma mantenedora que financia esse projeto. “O fato de termos uma mantenedora que se preo-cupa com a qualidade, que traga tran-quilidade para a realização de acordos com a Ordem e que tenha também compromissos conosco, tais como ces-são de prédios e de estrutura, é muito importante.”

De acordo com o coordenador do curso de direito das FRB, o estudante é o alvo do projeto e cita as respon-sabilidades morais e éticas que esses profissionais têm que ter. “Todo profis-sional de direito precisa ter consciên-cia moral da realidade, saber que existe uma classe oprimida, que precisa lutar

pela inclusão social”. Para o combate de crimes como o cyberbullying, Feuz acredita na necessidade de criação de um projeto de lei específico. “Trata-se de uma questão bastante delicada, já que vivemos uma grande revolução do acesso à informação ampla, que não possui limites. O que é crime, o que o caracteriza?”. “As redes sociais são uma realidade para coisas boas e ruins”, concluiu.

Feuz também acredita que ainda seja cedo para concluir que a parceria já alcançou os resultados esperados. “Já é uma grande vitória o fato de essa

Por: Lucas Barbosa Peixoto e Thatiana Oleinik

Faculdades Rio Branco firmam parceria com OABParceria irá beneficiar alunos

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Luís Flávio D’Urso e Eduardo de Barros Pimentel se cumprimentam após assinarem convênio

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o dia 29 de agosto, as Faculda-des Integradas Rio Branco (FRB) realizaram um evento em come-

moração aos 70 anos de radiojorna-lismo no Brasil. O evento relembrou a primeira transmissão do Repórter Esso, veiculada pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, no dia 28 de agosto de 1941.

O evento reuniu professores das FRB e de outras instituições de ensino, alunos de Comunicação Social e con-vidados especiais, como o jornalista e radialista Reinaldo Tavares e o home-nageado da noite, Dalmácio Jordão, ex-radialista do Repórter Esso.

No evento, também ocorreu o lan-çamento do livro “70 anos de radiojor-nalismo no Brasil”. A obra é composta por 22 artigos de diversos pesquisa-dores, entre eles, a coordenadora do curso de Jornalismo das Faculdades Integradas Rio Branco, Patrícia Ran-gel, o professor da Faculdade Cásper Líbero, Pedro Vaz, o professor da Uni-sa, Marcelo Cardoso, e a coordenadora de Comunicação Social da Unisa, Júlia

Lúcia Oliveira que estavam presentes no evento. Falaram sobre o radiojorna-lismo nos dias atuais, quando o avanço tecnológico traz novas possibilidades para o rádio. A professora da Univer-sidade Federal do Rio de Janeiro, Sônia Virginia Moreira, é a organizadora do livro, que foi lançado simultaneamente em diversas capitais do país.

O Repórter Esso se despediu dos seus fiéis ouvintes no dia 31 de de-zembro de 1968. Durante os 28 anos que ficou no ar, conquistou a audiên-

cia brasileira, dando origem ao jargão: “Se não deu no Esso, não aconteceu”, além de transmitir fatos que marcaram a história da sociedade brasileira e a do rádio.

Homenagem prestada a Dalmácio Jordão emocionou plateia

O evento foi encerrado com uma homenagem a Dalmácio Jordão, ex-ra-dialista do Repórter Esso. Em parceria com o “Mural do Antena”, o blog de

videorreportagens do jornalista Ante-nor Thomé, as Faculdades Integradas Rio Branco produziram um documen-tário, por meio de um vídeo colaborati-vo com Dalmácio Jordão.

Após ser presenteado com uma pla-ca de homenagem das FRB, Dalmácio Jordão confessou que desde criança al-mejava ser uma das vozes do Repórter Esso. Foi através dos fatos narrados por Dalmácio Jordão que o noticiário ganhou referência de credibilidade en-tre as pessoas.

O radialista ressaltou que a prio-ridade do repórter Esso era dizer so-mente a verdade e por isso o programa nunca precisou corrigir informações. Sobre o futuro do rádio, Dalmácio Jordão destacou: “É um veículo ágil e, por isso, continua cativando as pesso-as. Futuramente, a internet e o rádio digital impulsionarão esse veículo. A magia que o rádio tem é essa rapidez, agilidade, essa coisa magnífica que só ele tem. Ouvindo o rádio, você imagina quem é a pessoa falando, você cria uma imagem”.

Quando agradeceu a todos que par-ticiparam do evento e pela homenagem prestada, o último apresentador do Re-pórter Esso em São Paulo afirmou: “Eu procuro transmitir com toda a honesti-dade, seriedade e ética as informações”.

NPor: Roberta PereiraEdição: Valéria Manfre

Comemoração dos 70 anos de radiojornalismoEvento relembrou a primeira transmissão do Repórter Esso

Foto: Égon F. Rodrigues

parceria existir. Agora é necessária a realização de propostas e ações que precisamos cobrar que aconteçam.” Em parceria, as duas entidades atuarão no desenvolvimento de atividades, tan-to no âmbito de estudos teóricos, como na realização de atividades práticas. Ainda de acordo com o coordenador, palestras, congressos e eventos já vêm sendo realizados para expansão desse projeto. “Já estão sendo realizadas ati-vidades no âmbito de estudos teóricos, e a partir de 2012 se iniciarão as ativi-dades práticas”.

Patrícia Rangel, Dalmácio Jordão, Pedro Vaz, Marcelo Cardoso e Júlia Lúcia Oliveira

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Novembro de 201104 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brAção Social

clube Edson Arantes do Nas-cimento (Pelezão) foi fundado em 25 de janeiro de 1971, pelo

então prefeito de São Paulo, Paulo Sa-lim Maluf. O terreno, que tem cerca de 98.000m2, era ocupado por uma passagem de gado, onde os animais to-mavam água em uma mina que ainda existe no local. Existia também um cór-rego, mas hoje é canalizado.

Segundo a coordenadora de equi-pamentos Daniele Costa, o Pelezão começou a crescer com investimentos da Companhia City Lapa e logo depois passou a ser administrado pela Prefei-tura, que até hoje toma conta do local. “O objetivo do Pelezão é atender a to-dos os públicos de todas as idades, pre-ocupando-se com a saúde e atividades físicas de seus frequentadores, desde a criança até o da melhor idade”, expli-cou Daniele.

O número de frequentadores au-mentou nos últimos cinco meses, de acordo com a coordenadora. “E a ten-dência é aumentar, pois o parque está

passando por reformas, recuperando totalmente o local, e esforços estão sen-do feitos para aproximar mais linhas de ônibus ao Pelezão”, completou. O campo de futebol foi inaugurado no úl-timo mês de outubro.

Iraci Lucia, 40, moradora do Bu-tantã, visitou o clube pela primeira vez e gostou bastante. “O clube traz segurança para a família, e as ativida-des disponíveis são adequadas a todas as idades”, diz. Já Sandra Regina, 48, moradora da Freguesia do Ó, frequen-ta o local todos os finais de semana, acompanhando a filha de 14 anos que utiliza a piscina do clube. O jovem Lu-cas Ferraro, 13, morador do bairro da Pompéia, vai ao Pelezão todos os finais de semana para jogar bola nas diversas quadras que o clube oferece.

As atividades disponíveis no clu-be são: ginástica, artes marciais, como judô, capoeira e tai chi chuan, ioga, beach soccer, vôlei e futsal. De acordo com Daniele Costa, os maiores fre-quentadores são pessoas com mais de

65 anos devido ao perfil do bairro e à disponibilidade do lugar. O clube pro-move, ainda, caminhadas no parque para os idosos, que conta com placas de orientação para a prática de exer-cícios, voltadas especialmente a esse público.

Hoje, a equipe é formada por fun-cionários da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação, oficineiros para aula de dança e circo (terceiriza-dos), pessoal da limpeza, segurança e portaria. O Pelezão não conta com aju-da de patrocinadores e nem de apoia-dores, depende somente de verba mu-nicipal.

O clube conta com diversas áreas para diversão e lazer como: duas pis-cinas, uma grande e uma pequena, três quadras de tênis, uma quadra polies-portiva coberta, oito quadras na parte externa, um campo de futebol e duas

Por Kelvin dos Santos Edição: Aurélio Guerra

Pelezão oferece lazer e esporte à comunidadeMoradores com mais de 65 anos são maioria entre os frequentadores

quadras de futebol e vôlei de areia. Além desses, o Pelezão conta com uma pista de cooper e o parque especial do idoso.

Daniele Costa conta, ainda, que existem projetos a serem implantados nos próximos meses no clube, como o “Saúde no esporte”, que prevê a per-manência de uma equipe médica no parque. “Inclusive já está em anda-mento no local um projeto piloto, com atendimento das 8 às 16h, com reali-zação de exames e acompanhamento médico. Esta iniciativa está disponível em apenas duas unidades, Lapa e Car-mo e é uma parceria entre a Secretaria Municipal dos Esportes e a Secretaria Municipal da Saúde”, informou. Outro projeto é o “Parada pro esporte”, que disponibilizará veículos para crianças e adultos sem condições de chegar ao clube.

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O campo de futebol é uma das áreas de lazer mais utilizadas no clube

egundo dados recentes, hoje, em São Paulo, existem mais de 1.400 ONGs registradas na Associação Brasileira de Organizações não

Governamentais (Abong). Boa parte delas tem como foco atender às necessidades da sua comunidade e isso não é diferente com a ONG Fraternidade Irmã Clara.

A instituição, localizada no bairro da Barra Funda (zona oeste), tem como foco o atendimento de pessoas portadoras de paralisia cerebral, promovendo a qualidade de vida através da reabilitação motora e cognitiva.

Segundo Emília Tanaka, coordenadora de captação de recursos, a ONG está em atividade desde

1982; atualmente, abriga 37 pessoas, em regime de internato, que sofrem com a paralisia cerebral. Além disso, segundo a coordenadora, a Fraternidade Irmã Clara auxilia 32 famílias que possuem portadores de paralisia cerebral e mais 51 famílias da comunidade, que necessitam de ajuda.

A entidade vive da ajuda da comunidade e das empresas. “Temos ajuda de pessoas jurídicas e físicas, através dos projetos FIC padrinho e FIC empresa cidadã”, diz Emília.

Essa ajuda vem em grande parte de pessoas da região, como empresários da Barra Funda. Emília lembra, ainda, que essa contribuição auxilia a comunidade e é uma forma de divulgar o nome da

SPor Aurélio GuerraEdição: Kelvin dos Santos

ONG Fraternidade Irmã Claraauxilia crianças com paralisia cerebral

Instituição é auxiliada por pessoas e empresas da região

empresa.Outro ponto muito importante da Fraternidade é

a questão do centro de reabilitação para as crianças que sofrem com a paralisia cerebral.

Neste centro, há áreas de enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, espaço pedagógico e nutrição. Tudo isso é feito para que essas crianças levem uma vida normal.

No site da ONG, há uma lista de todos os materiais que necessitam. Qualquer pessoa pode realizar essa ajuda. Outras maneiras de ajudar à ONG são as doações de créditos da nota fiscal paulista e a FIC eventos, que realiza bingos e bazares especiais, contribuindo com a manutenção da entidade.

O clube possui diversas áreas de lazer, para todas as idades

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2º Semestre de 2011 05NÚMERO 22

Entorno

esde 2008, o bairro da Lapa (zona oeste de São Paulo) realiza o Movimento Ação Lapa, que visa despertar o espírito de solidariedade e o envolvi-

mento das comunidades próximas da região em ações de cidadania. O movimento foi fomentado inicial-mente pelas Faculdades Integradas Rio Branco (FRB), e depois, em conjunto com outras empresas e insti-tuições da região que perceberam que unindo forças, seus esforços seriam potencializados. Fazem parte do comitê gestor do Movimento: Faculdades Integradas Rio Branco, OAB, SESI, ACM Lapa, Colégio Santo Ivo, Rotary Lapa, Alto da Lapa e Jaguaré, ACSP, CI-SEP e Página Editora.

Em 2011, o bairro da Lapa completou 421 anos, no dia 12 de outubro. Para comemorar, o Ação Lapa planejou um calendário com diversos eventos que fo-ram realizados durante o mês de outubro, tendo como objetivo incentivar seus visitantes a terem mudanças positivas para a prática de cidadania e voluntariado. O movimento também desenvolveu um subprojeto, que é a “Feira da Cidadania”, realizado no 1º dia do mês, na praça Miguel Dell Erba, próximo ao Terminal

da Lapa. A feira teve como principal objetivo propiciar aos visitantes o acesso a ser-viços que normalmente não são tão acessíveis.

Entre os serviços disponí-veis, a Subprefeitura da Lapa indicou a Central de Atendimento ao Trabalhador (CAT), onde foi possível aos visitantes cadastrarem seus currículos e tirarem carteiras profissionais. Já o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) orientou sobre aposentadoria. Outra associação presente no evento foi a APAS (Associação Paulista de Supermer-cados), distribuindo sacolas retornáveis e realizando palestras para conscientização do público sobre a im-portância do cuidado com o meio ambiente.

Um dos frutos do “Ação Lapa 2011” foi a parceria entre as Faculdades Integradas Rio Branco e a Sub-prefeitura da Lapa, com a finalidade do desenvolvi-mento de um projeto para apoiar idosos. Basicamen-te, o projeto consiste na dedicação de um pouco do tempo dos alunos para ajudarem os idosos em ativi-

dades cotidianas.O movimento, sem fins lucrativos, realizou

ainda outras ações, como no dia 8, quando houve o evento Pipoca Cultural, no SESI Leopoldina, a Feira de Artes e Cultura da Lapa, o Dia das Crianças na ACM, a exposição ao ar livre de curtas metragens de animação e temas mais infantis no teatro Cacilda Becker, o Passeio ciclístico desenvolvido pela ACM e pelo Colégio Santo Ivo, a Feira da Saúde (passeio ciclístico e atividades voltadas para a área da saúde), entre outras.

Para ser um voluntário do movimento, basta acessar o site www.acaolapa.com.br e encaminhar um e-mail indicando disponibilidade e interesse em participar dos projetos.

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Inauguração de novo campo no Clube Pelezão, durante o evento Ação Lapa e o “Dia Diferente” da Rio Branco

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m 8 de dezembro, a Paróquia de Nossa Senhora da Lapa completou seu centenário. “A Igreja foi restaurada durante seis anos e ficou pronta há

pouco mais de um. Já a parte externa foi restaurada há 10 anos e, para não perder a originalidade, não são permitidas outras restaurações”, conta o padre Adalton Pereira de Castro.

Um grupo de 30 voluntários liderados pelo morador do bairro e lapeano Paulo Ramicelli

preparou desde agosto do ano passado uma série de eventos para que a festa estivesse à altura da comemoração, além de um novo hino para a padroeira da Lapa, que está sendo executado na missa das 10 horas aos domingo.

Uma exposição de fotos dos anos 1920 a 1980, cedidas pelos paroquianos, foi montada na entrada da igreja. As imagens são de batizados, casamentos e missas realizadas na paróquia durante esse período. “Sou moradora do bairro há 40 anos e meu casamento foi realizado aqui. É uma emoção muito grande poder ver a Paróquia toda linda como está, me lembra um dia

especial da minha vida!”, relata Ermelinda Souza.Durante o ano de comemorações, quatro imagens

peregrinas de Nossa Senhora da Lapa percorreram as casas dos moradores, onde permaneceram por um dia. Já foram mais de 100 residências visitadas e as comemorações não param por aí. Os alunos do curso de Relações Públicas das Faculdades Integradas Rio Branco exibiram um vídeo no últim semestre sobre a paróquia.

HistóriaPor volta de 1740, o padre Ângelo de Siqueira R.

do Prado construiu uma capela em honra de Nos-sa Senhora da Lapa, cuja devoção trazia de Portu-gal. Esta pequena capela localizava-se no caminho das tropas que seguiam de Santana do Parnaíba para as cidades de Itu, Jundiaí e para o litoral. De acordo com o padre Adalto, a capela foi dada à Mitra Ar-quidiocesana no ano de 1884, ficando sob os cuida-dos da Paróquia de Santa Cecília. Com o crescimento do bairro da Lapa, intensificaram-se os trabalhos de evangelização e a necessidade de uma igreja maior era cada vez mais notável. Em 1910, o engenheiro Se-rafim Corso doou um terreno e fez o projeto do novo templo, que embora aprovado não foi executado. Em 8 de dezembro de 1911, Dom Duarte de Leopoldo e Silva, arcebispo de São Paulo, elevou a capela à cate-goria de Paróquia, desmembrando-a de Santa Cecília e da Bela Vista (Divino Espírito Santo), e dando posse ao primeiro pároco, padre Nicolau Constantino.

A 28 de setembro de 1914, a antiga capela, junta-mente com parte das obras da nova matriz, desapa-receram em um incêndio de razões desconhecidas. A reconstrução foi retomada à medida que a Lapa foi crescendo. Em 15 de maio de 1916, foi inaugurada a atual igreja, porém, a conclusão deu-se em 1943; os quatro sinos foram colocados nas duas torres em 1948. A Paróquia é frequentada durante a semana por pessoas que estão de passagem e aos finais de se-mana por moradores do bairro. Fica aberta ao públi-co e promove reuniões todas as sextas-feiras, a partir das 20 horas.

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Por: Bruna Fazion Rodrigues

Por: Roberta Pereira e Valéria Manfre

Movimento Ação Lapapromove ações de cidadania

Projeto visa envolvimento da comunidadeem melhorias na região

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Fachada da Igreja Nossa Senhora da Lapa

Paróquia Nossa Senhora comemora CentenárioAniversário foi marcado por eventos

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Novembro de 201106 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brReportagem de Capa

á em São Paulo uma rua

marcante, na região central da

cidade, que é a cara da metrópole:

Augusta. A avenida Paulista a divide

em dois trechos opostos, mas ainda

assim com mesmo nome. Hoje,

ela apresenta uma vida noturna

agitada, do lado que vai ao Centro

antigo, e lojas de grife e roteiros

culturais, de outro. O repórter do

Em Foco, Caio Colagrande, fez

um verdadeiro tour pela rua – e

descobriu que ela representa muito

mais.

O lado “cara”altavam quinze minutos para as seis horas da tarde quando cheguei à avenida Paulista. Naquela sexta-feira, 5 de novembro, o movimento era

intenso, e o céu parecia querer nos mostrar que, em breve, veríamos chuva. Entrei na Augusta e comecei a descer até o seu início, na Praça Roosevelt. A maioria dos bares e das padarias já estava ocupada, mas havia mesas para quem quisesse descansar e beber alguma coisa. Conforme avancei, fui tentando traçar o perfil de quem caminhava: predominantemente pessoas jovens, embora houvesse também vários adultos. Duas garotas, ora na minha frente, ora atrás de mim, berravam entre si o caminho que percorreriam.

As lojas, reparei, iam ficando “mais fechadas” à medida que me aproximava do Centro. Explico: quanto mais eu descia, menos lojas abertas eu via. Alguns poucos bares noturnos começavam a abrir, mas a clientela ainda estava bem escassa. A rua ia se tornando cada vez menos bonita – os muros de casas e prédios estavam competindo para ver qual estava mais pichado. A quantidade de pessoas era bem menor do que no cruzamento com a Paulista, e a impressão era de que elas estavam lá de passagem, sem muita vontade de permanecerem. Não havia motivo para tanto. Ainda.

Já eram 20h. Uma chuva repentina caía no cruzamento da Paulista com a Augusta, em frente ao Conjunto Nacional. Da mesma maneira que veio, foi embora. Dessa vez, de carro, desci até a Praça Roosevelt, para voltar a pé.

Na esquina com a famosa lanchonete Planet’s, a Augusta estava deserta. Nas redondezas, um inferninho começava a mostrar a cara, e os néons

vermelhos e azuis já estavam ligados. Ao subir um pouco, em frente a uma casa de shows, constatei uma cena degradante na noite: entre várias sacolas de lixo, a mulher procurava alguma coisa para “jantar”.

Finalmente, a primeira grata surpresa. Na rua Caio Prado, um pequeno circo estava montado. Como não havia movimento, a não ser dos carros no estacionamento, fui verificar a programação. “Não, de sexta-feira não tem nada”, informou o moço da cancela. “Não sei direito, mas acho que só pode vir escola. Faz o seguinte, dá uma olhada nesse panfleto e liga para eles”. Paciência.

Sempre em direção à Paulista, mais pessoas começavam a aparecer. Entre elas, avistei duas garotas de programa na rua, paradas. Nenhuma das duas me abordou e segui meu caminho. E é exatamente esse o segundo triunfo da Augusta. Gente de todos os tipos, gostos e costumes convivendo normalmente, sem questionar diferenças. As lojas fechadas na minha visita prévia estavam abertas. A rua não parecia mais um lugar de passagem, mas de permanência. Tudo começava a se misturar.

Primeiro, uma academia. Logo em seguida, um bar. Adiante, um cabeleireiro. E, sem mais nem me-nos, as calçadas estavam cheias. Jovens, muitos de-les adolescentes, estacionados em frente a barzinhos ou em filas, aguardando a balada. As casas noturnas também já estavam abertas – algumas garotas, do lado de fora, com seus minúsculos vestidos, esperan-do a chegada de um cliente. Os bares, antes vazios, serviam bebidas a grupos que precisavam ficar em pé. Eram 21h30. A noite apenas começava para quem su-bia e descia a Augusta.

Por Caio Colagrande

As duas faces de uma moeda chamada Augusta Rua Augusta, na região central, confirma perfil da cidade que não para

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A Rua Augusta é um dos pontos mais conhecidos de São Paulo, principalmente por seus bares e casas noturnas

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2º Semestre de 2011 07NÚMERO 22

Reportagem de Capa

As duas faces de uma moeda chamada Augusta Rua Augusta, na região central, confirma perfil da cidade que não para

O bar Tapas Club possui um público bem variado e é bem popular pelo seu cardápio e por seu espaço agradável

O lado “coroa”Às 18h30, o lado “Jardins” da Augusta respirava

a plenos pulmões. Vários e vários estabelecimentos abertos sob um sol que voltara a dar as caras. Lojas de calçados, roupas e lanchonetes eram maioria entre os lugares nos quais o público aproveitava a sexta-feira para ir às compras. Aliás, a quantidade de sacolas transportadas por mulheres não deixava tanto a desejar em comparação com outros famosos pontos de compra a céu aberto de São Paulo.

Diferentemente do outro lado da rua, no mesmo horário, quanto mais eu descia, menos parecia que as pessoas iam embora. Talvez porque, ao redor dessa região, haja vias transversais que possuem tantas lojas quanto a própria Augusta – vide o exemplo da Oscar Freire.Talvez porque as opções culturais, como o Cine Sesc e o Teatro Procópio Ferreira, estejam próximas entre si.

Fato era, porém, que a essa altura, após um dia corrido no trabalho, já estava cansado demais para continuar a brincadeira, e parei para comer umas esfihas no Habbib’s, próximo à Paulista. Eu e meu bloco de notas começamos a conversar, enquanto a comida era servida e os garçons passavam de mesa em mesa digitando seus pedidos (sim, papel virou coisa de jornalista, só). A clientela nada tinha de especial ou diferente do que eu já vi em outras filiais – amigos descansando e bebendo um suco, depois do expediente. Quando pedi a conta, emendei ao funcionário que veio me atender: “até que horas vocês ficam abertos?”.

Ele, olhando para o meu bloquinho, foi ligeiro: “ah, não fecha, fica aberto 24h”; tentei mais uma vez: “ah, é 24h? E costuma encher de madrugada? Como é o pessoal que vem aqui nesse horário?”. Ele olhou novamente para minhas anotações e, saindo, disse: “é a mesma coisa de dia, não tem diferença, não”. Tive que me contentar com isso.

Incrível como a rua parecia um espelho, invertendo as imagens. Se, do outro lado, grande parte das lojas estava fechada de dia e aberta à noite, no lado coroa, a situação era oposta. 21h45, e quase não havia seres humanos transitando – os carros, em compensação, eram muitos. Fora alguns bares, e o meu Habbib’s salvador, uma ou duas casas de comércio ainda mantinham as luzes acesas. A partir daí, serei franco, nada de emocionante para narrar. Talvez a presença de alguns trabalhadores em construções, em plena presença da lua, tivesse chamado a atenção, mas a viagem não parecia muito promissora. Mesmo assim, fui até a rua Estados Unidos e, resignado, comecei a voltar.

A loja de roupas com estampas estilo pop art, Megusta, até então aberta, preparava-se para dormir. Chegando à Paulista, prestes a pegar o ônibus para casa, dei uma olhada na Augusta, do lado do Centro: as pessoas falavam, as figuras surgiam e as cores se misturavam. A noite prometia. E a rua ainda pulsaria através da madrugada toda, sem sequer ensaiar um momento de sono.

O que esperar da Augusta?

São mais de três quilômetros de extensão, cortando três bairros (Consolação, Cerqueira César e Jardins), e um espaço que cabe o mundo e mais um pouco. Essa é a sensação de quem passa pela Augusta e encontra nos lados da via (cara e coroa) uma porção de opções para lazer, cultura e gastronomia. Os dados mais re-centes da Subprefeitura indicam, só no trecho central, mais de 50 bares, 18 baladas e 16 restaurantes.

O mesmo fôlego que o pedestre precisa ter para transitar por toda a via (com subidas e descidas), mui-to se assemelha com a história da rua. O seu auge remete às décadas de 1950 e 1960, quando atraía a elite paulistana e jovens ávidos pelo rock. A década seguinte (1970) representou um período de degrada-ção, dando espaço à prostituição e ao fechamento de estabelecimentos comerciais de porte. “O fôlego mes-mo só foi retomado na década de 1990, quando foi inaugurado o Espaço Unibanco. Ali, foi-se revitalizan-do o comércio e atraindo público”, recorda-se Hum-berto Neiva, gerente de programação do tradicional cinema de rua paulistano.

O fato de fazer tudo, do bom e do melhor, sem sair de uma mesma rua encanta quem passa por ali. Aliás, impossível cortar a via sem se deparar com tra-ços, sotaques e idiomas diferentes. Tribos, então, nem se fala. De playboys a hippies, passando por roquei-ros a emos. Isso é o que fascina Natalie Braga, 30, colombiana que mora em Nova York, mas que vem sempre a São Paulo. Para a profissional de relações públicas, passar pela Augusta é rota obrigatória. Ela e o marido, Alziro, 28, brasileiro de Florianópolis, que se mudou para os EUA há quatro anos, apreciam a gastronomia do lugar, especialmente a culinária tur-ca, representada pelo restaurante Kebab Solunu, bem movimentado. “Meu pai é turco, então, além de pas-sear por essa rua fantástica, me sinto em casa aqui”, confidencia Natalie.

Além dos sabores, quem passa pela movimentada via tem opções de sobra para cair na noite. Caso da paranaense Aline Sczczepaniak, 23, descendente de poloneses. A produtora de rádio viveu por quase oito anos em São Paulo, mas agora trabalha em Assunção, no Paraguai. Vem a cada três meses para visitar a ca-pital paulista e sempre reserva na agenda uma passa-da pela Augusta. “Não tem balada melhor do que as que estão aqui”, fala, ao lado da amiga Fabiana, ao sair do Lab Club, na região da Baixa Augusta, às 6 horas da manhã.

Embora a diversão seja uma característica mar-cante da via, muita gente faz da Augusta seu modo de ganhar o pão. E engana-se quem pensa que apenas a prostituição (fama que acompanha a Augusta) é uma maneira de ganhar dinheiro por ali. Prova disso é a mineira Regina Silva, 26. Promotora de eventos em uma casa da região, tem se consolidado na área. “A diversidade deste lugar me ensinou muita coisa, e me ajudou a ter um olhar especial para minha atividade profissional. Isso com certeza me gratifica muito”.

Por Rodrigo de Oliveira

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www.riobrancofac.edu.brSaúde e Qualidade de Vida

m meio à correria do dia a dia nas grandes ci-dades, muitas pessoas não possuem tempo sufi-ciente para ficar uma ou duas horas praticando

exercícios em uma academia, ou sentem-se desmoti-vadas para exercitarem-se em um ambiente fechado. A prática de exercícios em ruas e avenidas pode se tornar uma opção para essas pessoas. Em São Pau-lo, a avenida Sumaré (zona oeste), a ciclovia que liga a Cidade Universitária ao Ibirapuera (que pode ser percorrida correndo, pedalando ou caminhando) e a avenida Raimundo Pereira de Magalhães, entre os bairros de Taipas e Jaraguá (zona norte) são exem-plos de vias utilizadas para a prática de exercícios.

O personal trainer Celso Lopes explica que os exercícios ao ar livre podem trazer benefícios: “me-lhoram a capacidade cardiopulmonar, o tônus mus-cular e previnem doenças, tais como, diabetes, coles-terol e até mesmo patologias músculo-esqueléticas como artrite, bursite e tendinite. Melhoram também a autoestima e a disposição no dia a dia”.

As amigas Valdecir e Sulamita todos os dias tiram proveito dos equipamentos ao ar livre localizados na altura do número 11.300 da avenida Raimundo Pereira de Magalhães, sentido parada de Taipas, co-nhecida popularmente como “Retão” (zona norte). A prefeitura de São Paulo vem investindo em lazer e bem-estar nessa região, e tem trazido bons resultados para os frequentadores do local. “Eu venho para cá todos os dias de manhã, ou no finalzinho da tarde. Já emagreci 20 kg, só fazendo caminhada por aqui e me exercitando nos aparelhos. Me sinto muito mais dis-posta para fazer as coisas e o local aberto me dá mais ânimo para continuar os exercícios”, conta Valdecir.

Já na avenida Sumaré, Hugo Panes e Wendley Gaspareti se exercitam depois do trabalho. “Gosto de vir fazer exercícios aqui, porque vejo a movimen-tação das pessoas, dos carros, enfim, eu me distraio mais. Já na academia tudo é muito monótono para mim, afirma Hugo Panes.

No entanto, especialistas alertam que é preciso ter cuidado ao praticar exercícios em ambientes abertos, principalmente em cidades movimentadas e com alto índice de poluição como São Paulo.

O fisioterapeuta e educador físico Reginaldo Ce-olin do Nascimento explica o que acontece no or-ganismo ao praticar exercícios em vias com trânsito intenso de veículos: “Com certeza não é uma condi-ção ideal, os glóbulos vermelhos presentes no sangue são os responsáveis por carregar o oxigênio (O2) do pulmão até as células, contudo, eles possuem uma predileção por gás carbônico (CO2). Logo, quando corremos em meio à poluição dos carros que produ-zem muito CO2, nossos glóbulos vermelhos serão, na maior parte, preenchidos por CO2, deixando pouco espaço para o O2, o que pode gerar uma sensação de falta de ar, cansaço precoce e queda de rendimento”. E complementa: “Com isso, o indivíduo que conse-guiria manter uma atividade por uma hora, acaba se cansando muito mais em menos tempo e com quali-dade inferior em relação aos benefícios que poderia conseguir dessa atividade.”

Os iniciantes de atividades ao ar livre devem, ain-da, ficar atentos para que a prática de exercícios não se torne prejudicial à saúde. O que se deve fazer é

começar de forma con-trolada, de intensidade leve a moderada com de-senvolvimento gradativo. Sempre sob orientação de um profissional e acom-panhamento periódico do médico.

Uma avaliação física antes da prática de exer-cícios é necessária mesmo para as atividades realiza-das em ambientes abertos, para que futuros proble-mas possam ser evitados. A avaliação física deve avaliar a composição cor-poral, a postura do aluno e a limitação para uma posterior estruturação do treino.

Não existe um horário ideal do dia para a prática de exercícios, pois varia de pessoa para pessoa. “Isso depende de como cada organismo reage. Porém, estudos dizem que praticar atividades físicas poucas horas antes de dormir pode atrapalhar o sono. Por outro lado, há indicações de que treinar pela manhã torna o seu dia mais pra-zeroso e rentável”, afirma o personal trainer Celso Lopes.

CriançasAs crianças são amantes de aparelhos de

atividades ao ar livre, mas a recomendação, válida também aos adultos, é que são necessários cuidados quanto à adequação e finalidade de cada equipamento, pois um movimento errado pode resultar numa lesão. Então, a atenção deve ser redobrada com as crianças. “Primeiro devemos observar que esses equipamentos possuem dimensão inadequada para crianças o que poderia, além de causar lesões, não trazer o benefício para o qual foram criados, pois geralmente são destinados

a adultos e, mesmo assim, observando as suas condições físicas”, alerta Nascimento.

Se falarmos em playgrounds, a atenção deve estar voltada às condições dos brinquedos e é preciso analisar se os aparelhos de ginástica possuem função adequada para as crianças.

Atualmente, pesquisas mostram que menos de 10% da população praticam esportes ao ar livre e mais de 80% buscam academias, pelo conforto e por estarem menos expostas ao ar poluído da cidade. Questionado sobre sua visão a respeito da prática de exercícios em vias públicas e sobre sua indicação em praticar esportes ao ar livre ou em academias, o personal trainer Celso Lopes respondeu: “Indico os dois! O importante é fazer exercício físico independente do lugar. Pessoalmente gosto de variar, até mesmo pra deixar o treino mais prazeroso. Indico sempre uma corrida ou caminhada em parques para respirar ar puro e tomar o sol necessário para o combate de futura osteoporose”.

Por Bruna Pakai e Leonardo Maurício Vinharski González

Prática de exercícios ao ar livre atrai paulistanosAvenidas transformam-se em academias “abertas” e ciclovias aos finais de semana

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O morador Wendley Gaspareti se exercita na avenida Sumaré

Instruções para o uso dos aparelhos do parque

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Roteiro de visitas / Ecoturismo / Sustentabilidade

e cima da ponte que leva ao bairro da Lapa, é possível avistar um grande e imponente prédio histórico o qual abriga o Mercado da Lapa.

Não é preciso andar muito para observar a variedade de produtos vendidos e a simpatia dos atendentes para cativar aos mais diversos e exigentes clientes. A grande diversidade de grãos e as cores chamativas enchem os olhos dos visitantes e dão água na boca de quem passa por lá todos os dias.

“Trabalho no bairro há 2 anos e nas minhas horas de almoço sempre dou uma passadinha no Mercadão, é um lugar agradável, os vendedores são simpáticos e não tem como sair sem levar ao menos um pouquinho de amendoim”, conta Priscila Bastos, funcionária do Shopping Center Lapa.

Idealizado pelo vereador Iapeano Ermano Mar-chetti, projetado e construído pela Prefeitura do Mu-nicípio de São Paulo, o prédio de forma triangular que abriga o Mercadão da Lapa foi considerado na época um dos mais modernos e recebeu elogios de engenheiros de outros países da América Latina.

Com uma área construída de 4.840m², foi inaugurado no dia 24 de agosto de 1954, ano em que se comemorava o 4º centenário de São Paulo, justamente no dia do falecimento do então presidente Getúlio Vargas. Nesse dia, o mercado só permaneceu com suas portas abertas ao público até as 10h da manhã e, devido ao luto oficial, não houve os fogos de artifícios planejados.

Frequentadora assídua do mercado, a aposentada Antonia Oliveira diz: “Aqui encontro tudo que preciso com ótimos preços e uma qualidade sem igual. Todos os produtos são fresquinhos e repostos de hora em hora”.

“O Mercado possui grande importância econômi-ca para a região”, afirma Ayrton Serra, um dos admi-nistradores do mercado da Lapa. Atualmente, são 94 boxes nos mais diversos ramos, onde o cliente pode-rá encontrar produtos regionais, importados, todos os tipos de ervas, carnes, temperos, frutas, legumes, açougues, avícolas, peixarias, miúdos, utilidades do-

mésticas, empório, laticínios, doces, tabacarias, arti-gos para festas, pet shop e produtos naturais, entre outros.

Cheiros e sabores.O Mercadão da Lapa pode ser considerado um

mundo de cheiros, cores e sabores. Andando entre os largos corredores que compõem o Mercadão, é possível sentir um mix de aromas dos mais variados produtos que lá são vendidos. O forte cheiro dos temperos, mesclado com a diversidade das cores dos amendoins e sementes enchem os olhos das pessoas que passam por lá todos os dias, passeando ou trabalhando.

Não é preciso muito para se convencer e sair de lá com comprinhas feitas sem ter programado. Os vendedores se encarregam de abordar os clientes ao passar nos corredores para oferecer degustação de seus produtos que estão expostos nas grandes

quantidades de potes visivelmente dispostos de maneira atrativa.

“Costumo vir ao mercado da Lapa para almoçar aos finais de semana, passear com os filhos e ver as novidades semanais. Acredito que é importante mantermos viva a parte histórica da cidade. Gosto de levar meus filhos e mostrar a eles a importância destes monumentos para a cidade de São Paulo”, afirma Paulo Alves, cliente do Mercadão.

Hoje, a adminis-tração do Mercado da Lapa é feita por três fun-

cionários que são responsáveis pela organização, por notificações, punições, controle de avanço de área, inspeção de alimentos, horário de funcionamento, reuniões, informações aos clientes, entre outras fun-ções. Além disso, contam também com a Associação dos Comerciantes do Mercado da Lapa (ACOMEL), responsável pela faxina, segurança, controle de pra-gas e rateio de contas.

Segundo Serra, “O mercado recebe aproximada-mente 12.000 clientes por dia e nos dias que ante-cedem feriados e datas festivas esse número chega a 20.000 sem contar com os restaurantes que fazem pedidos e são atendidos via delivery”.

Alcino Souza, comerciante do mercado da Lapa no setor de laticínios há 42 anos diz: “Trabalhar no mercadão da lapa é muito gratificante, pois além de clientes fiéis, fiz muitos amigos e conheci pessoas incríveis como a Dercy Gonçalves, que foi minha cliente por 25 anos”.

Por Bruna Fazion Rodrigues

Um mundo de cheiros, cores e saboresMercadão da Lapa é opção de lazer e compras

D Fotos: Bruna Fazion Rodrigues

Inaugurado em 1954, o Mercado da Lapa possui grande importância econômica para a região

O Mercadão recebe visitantes de todos osestados, que buscam variedade e bom preço

O Mercadão da Lapa oferece uma grandediversidade de produtos e muita qualidade

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Novembro de 201110 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brArtes e Tecnologia

ão Paulo oferece muitos espetáculos. E uma de suas principais qualidades é poder contar com um circuito variado de peças de teatro em mui-

tos lugares da capital. Muitas delas ficam em cartaz durante anos e contam com estrondosos sucessos de público e crítica.

Para Beto Silveira, diretor e preparador de atores, o teatro tem públicos de diversos segmentos, devido à grande variedade de gêneros teatrais que atendem a todos os gostos. “Existem muitos espetáculos alterna-tivos na cidade. Vivemos em uma sociedade em que o isolamento do indivíduo está cada vez mais predomi-nante. O teatro rompe essa solidão, aproxima e rela-ciona as pessoas”, diz.

Para Juliana Trombini, frequentadora do Teatro Municipal de São Paulo, este é um entretenimento que cada vez mais perde espaço, no que diz respeito ao interesse dos jovens em frequentá-lo. “O público que costuma frequentar os teatros continua a ser o pessoal de vanguarda. É difícil mudar a percepção do jovem com relação ao teatro”. Ela ainda destaca o fato de que é pequena a participação de jovens ato-res e atrizes em peças. “Os atores são, em sua gran-de maioria, os profissionais mais experientes. Não existem muitos jovens e com isso, o interesse tende a diminuir”, conclui. A estudante acredita que exista vantagem em acompanhar peças de teatro, em detri-mento a filmes no cinema. “É mais interessante ver os atores de perto em um palco, é mais real e não tão artificial como ver um filme no cinema.”

Juliana crê que se faz necessário um maior incen-

tivo ao desenvolvimento do teatro no Brasil, para que o interesse por ele não acabe. “Acredito que é preciso um incentivo majoritário por parte do governo, das escolas e principalmente por parte dos pais. Sem ini-ciativa, o teatro no Brasil não conseguirá evoluir.”

Diego Pires, frequentador da casa de espetáculos “Os Satyros”, localizada na Praça Roosevelt, centro de São Paulo, também acredita na menor presença de jovens nos teatros. “Percebo que tem muitas pesso-as mais velhas, ou pessoas de teatro frequentando as casas. Não é um público heterogêneo e sim mais es-pecífico”, conclui. Diego vê boa qualidade nas peças que acompanha: “Todas as peças que eu vejo, tan-to no centro como na Paulista, são muito boas”. Ele destaca a peça alemã “O Despertar da Primavera”, que acompanhou no teatro Frei Caneca, como uma das melhores que viu. “Ela era uma peça antiga, não tinha grandes nomes no elenco, mas era bastante co-nhecida”.

Para a produtora de espetáculos Aline Lima, os frequentadores de casas de teatro como Os Satyros e Espaço Parlapatões, na região central da cidade, são os públicos mais alternativos. “Esse é um teatro mais independente, com menos patrocínio e menos pessoas famosas participando”. Aline acredita que, apesar das dificuldades encontradas pela realização desse tipo de espetáculo, a qualidade das peças não é afetada: “Apesar das dificuldades financeiras na produção, o nível das atuações e dos roteiros é muito satisfatório”.

A estudante Maria Fernanda, frequentadora do Espaço Parlapatões, vê maior presença de pessoas da

classe artística nas redondezas, além de uma impor-tante questão econômica. “Normalmente são atores vendo peças de outros atores, ou pessoas que conhe-cem esse circuito. Pelo fato de o aluguel ser melhor para quem não tem patrocínio e está começando, não se tem muita divulgação e, com isso, o público mais amplo não tem muitas informações”, diz ela.

Maria Fernanda atenta para a desvalorização de atores de teatro em detrimento de atores com maior reconhecimento: “Às vezes os produtores preferem atores ‘globais’, para conseguir patrocínio e chamar público. Há alguns anos eu vi o musical ‘Chicago’, com a Danielle Winits no elenco. Mas ela era ofusca-da pelos outros no palco”, opina.

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tecnologia, hoje, nos permite absorver inúme-ras informações, transmitidas via áudio, vídeo, texto e fotografia, tudo na velocidade de um

clique. A comunicação interpessoal tornou-se facili-tada, todos estão 24h conectados ao mundo, a países, familiares, amigos e vizinhos numa espécie de rede invisível. No entanto, pesquisadores alertam para o fato de que crianças que passam a maior parte do seu tempo em frente à televisão, ao computador e ao videogame podem apresentar problemas de saúde e de aprendizagem.

Para Germano Henning, psicólogo do Núcleo Per-cepção, é preciso cuidado no intenso uso da tecnolo-gia por parte das crianças, para evitar assim conse-quências negativas nos estudos, na sociabilidade e na saúde (ex.: obesidade). Sobre as principais mudanças na vida desse público hoje em relação ao de 15 anos atrás, o psicólogo explica: “não foram as crianças que mudaram, mas sim o ambiente em que vivem, isto é, os modelos de educação, o desenvolvimento da tec-nologia e principalmente, a estrutura familiar”.

Para minimizar ou mesmo evitar essas e outras desvantagens causadas pelo uso excessivo desses re-cursos, a educadora do Colégio Rio Branco, Vania Maria Concimo Santos, aconselha: “os pais devem acompanhar, principalmente junto aos filhos mais no-

vos, o uso que fazem da tec-nologia. Orientá-los quanto à segurança e a condutas adequadas com ênfase em redes sociais, exposição pes-soal, informações sigilosas ou íntimas e trocas interati-vas. Devem ainda esclarecer que as normas e os deveres da vida real são os mesmos para os ambientes virtuais. Devem colocar limites para o uso assim como colocam limites para tantas outras atividades, ou seja, educar seus filhos para a vida on-line”.

Já a estudante Maiara Gonçalves, 11 anos, revela que não vive “sem celular (com internet), computador (com internet) e televisão”. Para ela, passar o dia na-vegando e ao mesmo tempo assistir a seus programas favoritos da televisão é uma de suas atividades prefe-ridas e diárias.

Quando o uso desses recursos tecnológicos não é excessivo, há vantagens para o dia a dia das crian-ças, em especial na educação. Para o professor das Faculdades Integradas Rio Branco Marciel Consani,

orientador no programa Formação Continuada em Mídias na Educação, da Eca/Usp, a tecnologia pode ser vista como “um meio que disponibiliza interfa-ces de comunicação além da escrita, como a interfa-ce audiovisual, possibilitando um estímulo maior na educação”. No entanto, alerta para o fato de que o educador, muitas vezes, não foi formado para isso, ou seja, não vivenciou esse recurso, o qual hoje é o meio de ensino mais utilizado. Segundo Consani, ao viver uma experiência baseada em livros, alguns desses profissionais encontram hoje dificuldade em utilizar um método que não lhes fora ensinado.

APor Valéria ManfreEdição: Roberta Pereira

Crianças vivem tecnologiasExposição excessiva preocupa pais e educadores

Por Lucas Barbosa Peixoto e Thatiana Rocha Oinik

Teatros no centro atraem jovens e frequentadoresPraça Roosevelt se destaca no circuito independente

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Para especialistas, acompanhamento dos pais é essencial

São Paulo oferece espetáculos em várioslugares da capital, como no Teatro Municipal

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2º Semestre de 2011 11NÚMERO 22

Esportes

ma parceria entre a Sociedade Esportiva Palmeiras e a constru-tora WTorre é responsável pela

construção do novo estádio do clube, o Nova Arena. Para a construção do estádio, considerado de última geração, o desembolso será de R$ 330 milhões.

O estádio será erguido nos padrões de Encargos da FIFA 2014, com espaço de estacionamento para 1.500 carros, quase sete vezes mais do que o antigo estádio, com os camarotes e a área de imprensa ampliada para 2.000 pessoas.

Segundo José Cyrillo Junior, que foi diretor do Palmeiras por 36 anos e é conselheiro há 38 anos, para o projeto ser aceito foi necessário passar por uma série de processos para as aprovações. As primeiras foram as dos prédios de quadras e do prédio administrativo que tem previsão de término até o final deste ano.

Já o ambiente de quadras tem data prevista de entrega entre janeiro e fe-vereiro de 2012. Os vestiários que fi-cavam embaixo da arquibancada do antigo estádio passam a fazer parte do térreo onde será o ginásio; nos andares acima, ficarão as quadras de esportes e na cobertura, uma quadra society. Cyrillo afirma: “O projeto é bom e moderno“. A entrega do estádio com-pleto está prevista para abril de 2013.

Os torcedores estão bastante otimistas com o novo estádio. “Estou confiante na Arena, as obras estão em dia, o espaço parece ser bastante bem aproveitado, não se esquecendo das outras atividades do clube, respeitan-do os sócios“, diz Marcelo de Freitas Adinolfi, torcedor do Palmeiras. “É um grande negócio para o clube. Espe-ramos também receber algum jogo da

seleção italiana”, complementa o torce-dor.

Para Ciryllo, o estádio será palco de partidas importantes e de diversos shows e eventos. “Para aqueles que não gostam de futebol ou dos eventos, não precisam se preocupar com o barulho, pois, pensando no bem-estar dos mora-dores, o estádio terá uma acústica to-talmente projetada para que os ruídos sejam menores. Além disso, o público visitante terá área coberta, sendo ape-nas o campo descoberto”, informa.

Em relação às inundações entre os cruzamentos da avenida Pompéia e rua Turiassu, o conselheiro acredita que em dois anos o problema seja totalmente resolvido, já que a situação melhorou depois da construção de calhas para o Rio Tietê e de outras obras que estão sendo estudadas por parte da Prefei-tura.

Quanto à questão ambiental, foram retiradas 140 árvores para continui-dade das obras, mas o clube afirma que recompensará com o plantio de 1.200 árvores. A Subprefeitura da Lapa in-dicará os locais para plantio, além de outras que serão replantadas na área interna do clube e ao redor do estádio. A construção da Nova Arena também trará mudanças para a região próxima ao estádio.

Nas áreas de segurança e sinaliza-ção, serão instaladas novas câmeras, iluminação de travessias, além de adaptações para deficientes físicos em certos pontos na Avenida Sumaré.

De acordo com Ciryllo Júnior, o projeto foi aprovado pela CET, pela Polícia Militar e pela área de segurança. “O esquema de trânsito e segurança in-terna da Arena é o mais avançado”.

CopaAinda de acordo com Ciryllo Júnior,

o Palmeiras optou em não se candida-tar para ser sede da Copa de 2014. Um dos motivos foi a falta de espaço que seria insuficiente para a ampliação. A decisão, então, foi fazer uma Arena onde fossem criados, em vez de 30 mil lugares, 45 mil lugares, para capaci-dade de público.

Em relação às expectativas para o evento, Ciryllo comenta: “Vai pro-porcionar alegria para o povo”. Já o

Por Bruna Pakai e Leonardo Maurício Vinharski Gonzalez

Palmeiras constrói Nova ArenaA Sociedade Esportiva Palmeiras, localizada entre os bairros de Perdizes e Água Branca,

promete um novo estádio para a cidade São Paulo, a Nova Arena

torcedor Thiago Augusto demonstra preocupação quanto aos preparos para a Copa: “Só espero que toda a estru-tura para o mundial, desde estádios, se-gurança, transporte, infraestrutura etc., esteja andando bem, para que a Copa não seja marcada como um fiasco no Brasil”. O torcedor Marcelo também torce para que o evento seja um suces-so: “A expectativa é grande, por ser o maior evento esportivo do mundo, te-mos a oportunidade e talvez a última para modificar e melhorar a cidade in-teira”, diz.

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José Cyrillo Junior foi diretor do Palmeiras por 36 anos e é conselheiro há 38

Novo estádio deve ser entregue em 2013

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Obras deverão consumir R$ 330 milhões

Page 12: Em Foco 22 - 2° semestre de 2011

Novembro de 201112 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brCultura

om o aumento da estimativa de vida no Brasil, o número de ido-sos vem crescendo cada vez mais.

No último censo realizado em São Pau-lo, a quantidade de idosos já ultrapas-sava 1 milhão.

O bairro da Lapa (zona oeste) é uma das regiões da cidade que concen-tram essa população com mais de 60 anos. Entre as opções de lazer voltadas a esse público estão espaços como o Tendal da Lapa e a Sociedade Benefi-cente União Fraterna, que realizam bai-les e ministram aulas de dança.

O Espaço Cultural Tendal da Lapa, localizado na Rua Guaicurus, além de oferecer atividades para públicos de variadas idades, realiza oficinas de dan-ça focadas especificamente na terceira idade.

“Frequento os bailes há mais de dez anos e não consigo me imaginar sem. Passo a maior parte do tempo sozinha em casa. E dançar faz com que eu es-queça minha solidão”, comenta anima-da Sebastiana, que está sempre presente nos bailes e nas aulas de dança do Ten-dal da Lapa.

E quem pensa que eles vão apenas para dançar, está enganado. Os fre-quentadores relatam que os bailes ser-vem como atividade física, para fazer novos amigos e, principalmente, para se divertir. Mas, como não poderia faltar, eles assumem que também rola muita paquera. É o caso de Vitorino Lemos, 75, e Margarida Gasparini, 70, que são moradores do bairro de Perdi-zes, mas frequentam sempre os bailes da Lapa. Os dois são divorciados há 30 anos e, depois de muitos bailes e en-contros à parte, firmaram um namoro e estão juntos há quase quatro anos. “Eventos assim são ótimos para nos dar a oportunidade de ter uma segunda chance, como nós tivemos. Não existe idade certa para o namoro”, comenta Margarida.

Para aqueles que acham que estão enferrujados, quem dá as dicas é a pro-fessora Cléo, que ministra as aulas de dança para a terceira idade no Tendal da Lapa. “Fazer as aulas, além de ape-nas frequentar o baile, ajuda muito na desenvoltura. Inclusive, vejo uma me-lhora muito grande na saúde dos meus alunos. Mas o que mais impressiona e faz do meu trabalho algo extremamen-te recompensador é ver a alegria e o prazer que eles têm em dançar”, conta a professora.

Além dos benefícios psicológicos, a dança proporciona maior vigor físi-co. Segundo a educadora física Vânia

Almeida, a prática da dança aumenta a oxigenação cerebral, que contribui para as ações cognitivas e retarda o rit-mo dos distúrbios que podem aconte-cer nesse período da vida.

Segundo especialistas, a dança de salão não é só um ótimo exercício para jovens, mas também é uma atividade muito recomendada para idosos. “Ge-ralmente, pessoas mais idosas procu-ram a dança de salão porque o médico pediu, para uma melhora física”, diz Raissa Forte, dançarina e arte-educa-dora. Além de movimentar o corpo, a dança de salão proporciona a sociabi-lidade com um grupo e melhora a au-toestima.

Raissa ainda explica que o exercício da dança de salão para idosos deve ter cuidados especiais, como a realização de aulas de menor duração, maior tem-po de alongamento antes e depois da aula e buscar trabalhar a corporeidade.

Outra situação comum nessa faixa etária é a de senhores e senhoras que sofrem a dor da perda de algum com-panheiro ou ente querido e os bailes vêm para ajudar também neste quesi-to. Celina, 73, conta que os bailes que frequenta têm sido muito importantes para ela, pois seu companheiro faleceu há dois anos e dançar é uma das manei-ras que ela encontrou para se distrair e esquecer a dor da perda.

Gerson, morador do bairro há mais de cinquenta anos, participa de outras atividades relacionadas à terceira idade e participou das aulas de dança no Ten-dal. Ele diz que estas atividades fazem muito bem para ele, e também para ou-tros idosos, mas que infelizmente não há pessoas para organizar estes even-tos.

No Tendal da Lapa, acontecem dois bailes por mês, sendo um no último do-mingo de cada mês, tendo duração de cinco horas, das 14h às 19h, com ban-da ao vivo, e outro na última quarta-feira de cada mês, das 19h às 22h30. Todas estas atividades são gratuitas. Já a Sociedade Beneficente União Fra-terna organiza o “Baile da Saudade”, que acontece num casarão antigo, com uma decoração que lembra as grandes salas de castelos. Além deste, o “Baile Vespertino” também acontece no mes-mo local, todas as terças-feiras, das 14h às 18h, mas é organizado por empresas filiadas à União Fraterna.

Segundo a administração da Socie-dade Beneficente União Fraterna, se houvesse mais bailes organizados por terceiros, com certeza haveria público e seria um grande sucesso. A mesma

reclamação é feita pela frequentado-ra Elza: “há outros espaços no bairro, além da União Fraterna, que poderiam ser usados para bailes e, infelizmente, não são”. Os organizadores dos bailes gratuitos dizem, ainda, que mesmo que se fosse cobrada uma taxa (entrada) para se frequentar o baile, muito pro-vavelmente eles estariam cheios como estão hoje em dia.

Em outras regiões de São Paulo, existem bailes voltados para a terceira idade, como é o caso do Clube Pirati-ninga, localizado na região central. O baile do Clube Piratininga talvez seja o mais tradicional para a terceira ida-de pois é realizado há quase 30 anos, sempre cheio e com um público muito alegre e divertido.

Na região da Paulista, existiam os bailes do Clube Homs, mas o local dei-xou de realizar os bailes para a terceira idade. Nesse espaço, também tradicio-nal, grandes bailes foram realizados durante a década de 1970.

Outro baile muito famoso na região oeste/centro é o da Casa do Sargento de São Paulo, que fica localizado no bair-ro do Cambuci. Com um estilo mais clássico, esta casa abriga bailes há mais de 40 anos, além de promover campa-nhas assistenciais. As regiões norte, sul e leste também possuem seus bailes da terceira idade. Na zona leste, os bailes concentram-se no bairro do Tatuapé; na zona norte, os bailes estão localiza-dos em Santana e Casa Verde.

Os bailes da União Fraterna e do Tendal da Lapa já são considerados tradicionais e atraem frequentadores de todas as regiões da cidade, por rea-lizarem atividades durante o ano todo e pelo fácil acesso. Tanto o Tendal da

Por: Aurélio Guerra e Kelvin dos Santos

Zona oeste é fonte de diversão para a terceira idadeO tradicional bairro da Lapa, em São Paulo, está recheado de bailes

e aulas de dança para a terceira idade

Lapa como a União Fraterna estão pró-ximos à Estação de trem da Lapa, além da Rua Guaicurus ser uma das princi-pais vias para quem vai da região cen-tral para a parte oeste de São Paulo.

De acordo com organizadores e fre-quentadores, a cidade comporta ainda um maior número de bailes: há público e há locais disponíveis. O que falta, na opinião desses antigos moradores, são pessoas responsáveis para organizar outros bailes e o apoio das subprefeitu-ras, principalmente por meio da atua-ção dos centros culturais, promovendo diversão para este público que ajudou a construir São Paulo.

Sociedade União FraternaR. Guaicurus, 27, Água Branca

- Baile Vespertino: realizado sempre na segunda terça-feira do mês, das 14h às 18h- Baile da Saudade: realizado no pri-meiro sábado do mês, das 21h à 1h (vestimenta conforme o tema do bai-le; para mais informações, consultar o site: www.uniaofraterna.org.br/salao-de-festas-eventos/)

Espaço Cultural Tendal da Lapa. Rua Guaicurus, 1100, Lapa (acesso também pela rua Cons-tança, 72)

- Oficina de dança de salão para 3ª ida-de: das 10h às 12h- Baile da Terceira Idade: último do-mingo do mês (com banda ao vivo), das 14h às 19h e última quarta-feira do mês, das 19h30 às 22h30

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Baile da Terceira Idade, no Espaço Cultural Tendal da Lapa