efeito da deglutiÇÃo com esforÇo como tÉcnica...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
LARA JORGE GUEDES DE CAMARGO
EFEITO DA DEGLUTIÇÃO COM ESFORÇO COMO TÉCNICA REABILITADORA NA
DEGLUTIÇÃO DE PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON
CAMPINAS 2019
LARA JORGE GUEDES DE CAMARGO
EFEITO DA DEGLUTIÇÃO COM ESFORÇO COMO TÉCNICA REABILITADORA NA
DEGLUTIÇÃO DE PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON
Tese apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade
Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a
obtenção do título de Doutora em Ciências, na área de
Otorrinolaringologia.
ORIENTADOR: PROF. DR. AGRÍCIO NUBIATO CRESPO
ESTE TRABALHO CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA
ALUNA LARA JORGE GUEDES DE CAMARGO E ORIENTADO PELO PROF. DR. AGRÍCIO
NUBIATO CRESPO.
CAMPINAS
2019
Agência de formento: CAPES nº 02P4565/2018
Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas Maristella Soares dos Santos - CRB 8/8402
Informações para Biblioteca Digital
Título em outro idioma: Effect of effortful swallow as rehabilitative technique in the swallowing function of patients with Parkinson's disease Palavras-chave em inglês: Swallowing Parkinson's disease Instrumentation Clinical trial Speech, Language and hearing sciences Área de concentração: Otorrinolaringologia Titulação: Doutora em Ciências Banca examinadora: Agrício Nubiato Crespo [Orientador] Paula Teixeira Fernandes Almiro José Machado Junior Karen Fontes Luchesi Rodrigo Vitório Data de defesa: 28-02-2019 Programa de Pós-Graduação: Ciências Médicas Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a) - ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0002-7832-1862 - Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/1425882645084933 owered by TC PDF ( www.tcpdf.org)
Camargo, Lara Jorge Guedes de, 1969- C14e C Efeito da deglutição com esforço como técnica reabilitadora na deglutição
de pacientes com doença de Parkinson / Lara Jorge Guedes de Camargo. – Campinas, SP : [s.n.], 2019.
Cam Orientador: Agrício Nubiato Crespo. Cam Tese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas.
Cam1. Deglutição. 2. Doença de Parkinson. 3. Instrumentação. 4. Ensaio clínico. 5. Fonoaudiologia. I. Crespo, Agrício Nubiato, 1958-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. III. Título.
COMISSÃO EXAMINADORA DA DEFESA DE DOUTORADO
LARA JORGE GUEDES DE CAMARGO
ORIENTADOR: PROF. DR. AGRÍCIO NUBIATO CRESPO
MEMBROS:
1. PROF. DR. AGRÍCIO NUBIATO CRESPO
2. PROF. DRA. PAULA TEIXEIRA FERNANDES
3. PROF. DR. ALMIRO JOSÉ MACHADO JUNIOR
4. PROF. DRA. KAREN FONTES LUCHESI
5. PROF. DR. RODRIGO VITÓRIO
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Estadual de Campinas.
A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema
de Fluxo de Tese e na Secretaria do Programa da FCM.
Data de Defesa: 28/02/2019
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Otávio e Marilena, pela motivação com
amor incondicional e modelo como pessoas e profissionais
acadêmicos.
Ao meu marido, Noriel, pelo incentivo, apoio e
compreensão, que foram essenciais para realização e conclusão
do estudo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço os participantes que aceitaram e colaboraram prontamente na realização
do estudo, parte fundamental da pesquisa. Os quais executaram as atividades propostas
motivados a contribuir à ciência, voluntariamente. Beneficiaram, também minha vida
profissional e pessoal.
Os integrantes do Laboratório de Estudos da Postura e da Locomoção (LEPLO) e ao
Programa de Atividade Física para pacientes com doença de Parkinson (PROPARKI) da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) campus Rio Claro,
agradeço pela parceria nas atividades da intervenção. Em especial aos profissionais
Claudia Teixeira Arroyo, Ellen Lirani Silva, Juliana Lahr e Paulo Cezar Rocha dos Santos.
Ao Prof. Dr. Agrício Crespo pela sua aceitação em orientar o trabalho clínico
fonoaudiológico. Sua orientação enriquecedora que contribuiu inexplicavelmente meu
aprendizado acadêmico e profissional.
Profa. Dra. Lúcia Mourão, agradeço pela confiança em mim. Atribuiu sentido e
direção à minha intenção de retornar aos estudos científicos e compartilhou seus
conhecimentos e ideias de pesquisa. Além da solidificação de nossa amizade.
A Profa. Dra. Lilian Teresa Bucken Gobbi agradeço a parceria na pesquisa e suas
contribuições científicas na realização da pesquisa.
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) -Código de Financiamento 001, com bolsa de
Doutorado.
Agradeço minhas novas colegas fonoaudiólogas Camila Lirani Silva e Daniella
Priscilla Lima pela transmissão de conhecimentos e ajuda na elaboração e desenvolvimento
da pesquisa.
A Profa. Dra. Irene Harumi Kamata Barcelos pela aceitação do projeto de pesquisa,
disponibilizando o Gastrocentro, para realizar as avaliações do estudo.
Osias, excelente técnico em radiologia, aceitou a nossa presença no laboratório, e
acolheu os participantes do estudo sempre com motivação e ânimo. Dispôs seus
conhecimentos ao benefício da realização da pesquisa.
Ao Dr. Marcelo Gardenal Epiphanio pela enorme dedicação e abertura de sua clínica
médica para recepcionar os participantes do estudo. Contribuição com as avaliações
otorrinolaringológicas do estudo, imprescindível à pesquisa.
Às colegas Ana Cristina Baraçal Prado, Alessandra Pinheiro, Gabriela Lima Ricci e
Mariana Mendes Bahia pela credibilidade e disponibilidade ao estudo.
Ao Vinicius Nagy pelas incansáveis respostas ao estudo estatístico da pesquisa.
Às secretárias do departamento de Cristina Maria Alves dos Santos e Erika Oliveira
Silva pelo auxílio e prontidão nas soluções acadêmicas.
À Marcinha, secretária de Pós-Graduação, pela paciência e atenção dispendida às
soluções de minhas dúvidas.
Redigi meus agradecimentos na tentativa de contemplar os envolvidos na pesquisa,
e de expressar meus sentimentos de gratidão pelos apoios e incentivos na elaboração e
desenvolvimento do estudo.
“Quando a alma está feliz, a prosperidade cresce, a saúde
melhora, as amizades aumentam, enfim, o mundo fica de bem
com você! O mundo exterior reflete o universo interior.”
Mahatma Gandhi
RESUMO
Introdução: Na doença de Parkinson (DP), os pacientes podem apresentar disfagia. A queixa tem relação com a evolução da doença e o comprometimento no mecanismo da deglutição. A Deglutição com esforço (DE) é uma manobra para disfagia que propicia aumento da amplitude do movimento posterior da língua, da pressão faríngea e da propulsão oral com melhora na fase orofaríngea da deglutição, favorecendo maior segurança durante a deglutição. Quando a manobra para disfagia for precedida de treinamento muscular e realizada no mínimo por seis semanas, com repetições de três a quatro vezes por semana, pode ser considerada como técnica reabilitadora. Objetivos: Analisar os efeitos da intervenção da DE como técnica reabilitadora no mecanismo da deglutição e na qualidade de vida em pacientes com DP sem queixa de deglutição. Métodos: Dos 19 participantes do PROPARKI em estágio de 1-3 (H&Y) sem queixa de deglutição, 11 foram submetidos à intervenção fonoaudiológica em 2015 (Grupo Intervenção) e 8 não realizaram terapia fonoaudiológica por dois anos, o Grupo Controle. Foram submetidos ao Questionário SWAL-QOL, Videoendoscopia da deglutição (VED) e Videofluoroscopia da deglutição (VFC) em dois momentos, com intervalo de 9 semanas. A intervenção constou de 26 sessões em grupo de 40min/dia, 3vezes/semana. Nas três primeiras semanas, realizaram treinamento muscular, por meio de exercícios orofaciais de fortalecimento e mobilidade dos lábios e língua. Na 4ª e 5ªsemana, os exercícios orofaciais foram alternados com a sequência de DE reabilitadora de saliva. Na 6ª e 7ª semana, realizaram somente as sequências de DE reabilitadoras de saliva. Nas duas últimas semanas, realizaram sequências de DE reabilitadora com goles de água, alternadas com DE reabilitadora de saliva. As amostras de videos foram analisadas por juízes (duplo cego) e considerados os dados com maior confiabilidade (Kappa=0,91 na VED e Kappa=0,84 na VFC). Houve análise da classificação da deglutição e da presença de penetração e aspiração, avaliadas pela VED e VFC. Na VED foram consideradas as piores respostas dos parâmetros: localização do disparo da deglutição, localização das estases e números de deglutições para limpeza. As amostras da VFC foram analisadas pelos componentes do Modified Barium Swallow Impairment (MBSImp). Os dados sofreram análise estatística descritiva em relação aos grupos e fases pré e pós e tratados pelo teste Exato de Fisher e Mann-Whitney; pelo GLM, GMM para verificar o efeito. Adotado o nível de significância de 5%. Resultados: Maioria de homens com idade média de 70,1a (dp:6,95). Nos pârametros da VED, houve diferença na localização do disparo da deglutição (p=0,024*). Pelo MBSImp, redução da alteração faríngea (p=0,004*; ηp²=0,413). Quanto à qualidade de vida relacionada à deglutição (SWAL-QOL), no GI houve aumento do escore do questionário no domínio “Frequência de Sintomas” (p=0,014*) e diminuição do escore nos domínios “Seleção de alimentos” (p=0,037*), “Medo de se alimentar” (p=0,024*) e “Saúde mental” (p=0,049*). Conclusão: DE como técnica reabilitadora propiciou efeito na deglutição quanto à localização do disparo da deglutição e redução de alteração faríngea. Modificou a qualidade de vida relacionada à deglutição dos participantes com DP sem queixa de deglutição. Descritores: Deglutição; Doença de Parkinson; Instrumentação, Ensaio Clínico; Fonoaudiologia.
ABSTRACT
Introduction: Patients with Parkinson’s disease (PD) have dysphagia, the complaint is related to disease progression and it compromises the swallowing mechanism. The Effortful Swallow (ES) can provide an increase in muscle strength, increase posterior motion of the tongue base, pharyngeal pressure and oral propulsion with an improvement in the oropharyngeal phase of swallowing, resulting in an improvement of swallowing. When the maneuver is preceded by muscle training, performed at least for six weeks, with four repetitions three times a week, it can be considered a rehabilitative technique. Objectives: To analyze the effects of ES intervention as rehabilitative technique in the mechanism of swallowing and quality of life in PD patients without complaints swallowing. Methods: Of the 19 participants of PROPARKI in the stage 1-3 (H&Y) without swallowing complaints, 11 underwent the intervention in 2015 (Intervention Group), and 8 didn’t underwent speech therapy for two years, the Control Group. All of them were submitted to the SWAL-QOL Questionnaire, Fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing (FEES), Videofluoroscopic swallowing study (VFSS), in two moments (pre- and post-phases) with an interval of 9 weeks. The interventions consisted of 26 group sessions of 40min/day, 3 times a week. In the first 3 weeks, they performed muscle training through orofacial exercises for strengthening and mobility of the lips and tongue. The ES with saliva was used as rehabilitative technique from the 4th to the 5th week, alternating with orofacial exercises. In the 6th and 7th weeks, the participants performed only the sequence of ES rehabilitative technique with saliva. For the two last weeks, only ES as rehabilitative technique with sips of water. The video samples were analyzed by judges (double blind) and the most reliable data was considered (Kappa test: FEES=0.91; and 0.84, in VFSS). There was an analysis of swallowing classification, penetration and aspiration by FEES and VFSS. In FEES, it was considered the worst response of the parameters: location of the swallowing trigger, location of the residue, and how much swallowing was necessary to perform cleaning. The VFSS samples were analyzed by the components of the Modified Barium Swallow Impairment (MBSImp). The data underwent descriptive statistical analysis in relation to the groups and pre- and post-phases were analyzed by Fisher's exact test and Mann-Whitney test; by the GLM and GMM to verify the effect. The significance level of 5% was adopted. Results: Most men were in average 70,1yrs old (SD:6.95). In the parameters of the FEES, there was a difference in the location of the swallowing trigger (p=0.024) and in the MBSImp there was a decrease in pharyngeal impairment (p=0.004; ηp²=0.413). In the SWAL-QOL Questionnaire, in the IG there was a score increase in “Frequency of symptoms” domains (p=0.014) and a decrease in “Selection of food” (p=0,037), “Fear of feeding” (p=0,024) and “Mental Health” (p=0.049). Conclusions: The ES rehabilitative techniques provided change in the location of the swallowing trigger and a decrease of pharyngeal impairment. They changed the quality of life related to swallowing of the participants with PD without complaints when swallowing. Key words: Swallowing; Parkinson's disease; Instrumentation, Clinical Trial; Speech therapy.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Caracterização da amostra na fase pré, pela distribuição das variáveis categóricas.
Tabela 2: Caracterização da amostra na fase pré, pela distribuição das variáveis contínuas.
Tabela 3: Distribuição das classificações de VED e VFC, em frequências absolutas e relativas.
Tabela 4: Parâmetros da VED distribuídos em grupos e nas fases.
Tabela 5: Distribuição de frequência de presença de estase em valéculas e seio piriforme
Tabela 6: Efeito da intervenção nos números de deglutições para limpeza pela VED, em consistências.
Tabela 7: Médias dos escores dos componentes de MBSImp (VFC) na fase pré.
Tabela 8: Efeito da intervenção fonoaudiológica nos componentes da MBSImp (VFC).
Tabela 9: Distribuição das médias de escore de SWAL-QOL e seus domínios, na fase pré.
Tabela 10: Efeito da intervenção fonoaudiológica na qualidade de vida dos participantes.
Tabela 11: Modelo de regressão dos fatores associados aos escores do domínio de Seleção de Alimentos (SWAL-QOL).
Tabela 12: Modelo de regressão dos fatores associados aos escores do domínio de Medo de se alimentar (SWAL-QOL)
Tabela 13: Modelo de regressão dos fatores associados aos escores do domínio de Saúde Mental (SWAL-QOL).
Tabela 14: Modelo de regressão dos fatores associados aos escores do domínio de frequência de sintomas (SWAL-QOL).
Tabela 15: Caracterização da amostra após 6 meses, pela distribuição das variáveis categóricas.
Tabela 16: Caracterização da amostra após 6 meses, pela distribuição das variáveis contínuas.
Tabela 17: Variáveis analisadas da VED em consistências (fase pré e pós).
Tabela 18: Distribuição dos números de deglutições para limpeza, na fase pré.
LISTA DE FIGURAS / QUADRO
Figura 1: Desenho ilustrativo de contração com protrusão e extensão labial
Figura 2: Desenho ilustrativo de extensão e contração dos lábios
Figura 3: Fluxograma de composição dos grupos, Intervenção e Controle
Quadro 1: Desenvolvimento da Intervenção Fonoaudiológica no grupo GI
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AVD: Atividade de Vida Diária
CAAE: Certificado de Apresentação para Apreciação Ética
DE: Deglutição com esforço
DP: doença de Parkinson
EES: Esfincter Esofágico Superior
FOIS: Functional Oral Intake Scale (Escala Funcional de Ingestão Oral)
GC: Grupo Controle
GI: Grupo Intervenção
GDS-15: Protocolo de Depressão em Geriatria
H&Y – Estágio pela escala de Hoehn e Yahr
LEPLO – Laboratório de Estudos da Postura e Locomoção
MBSImp: Modified Barium Swallowing Impairment
MEEM: Mini Exame Estado Mental
OI Score: Overall Impression Score
PROPARKI: Programa de Atividade Física para Pacientes com doença de Parkinson
SWAL-QOL: Swallow Quality-Of-Life (Qualidade de Vida relacionada à Deglutição)
TCLE: Termo de Consentimeto Livre e Esclarecido
UPDRS: Unified Parkinson Disease Rating Scale
UNESP: Universidade Estadual Paulista
UNICAMP: Universidade de Campinas
VED: Videoendoscopia da Deglutição
VFC: Videofluoroscopia da Deglutição
VHS: Video Home System (Sistema Doméstico de Video)
VOB = Video Object (formato de vídeo para DVD)
mL: mililitro
min: minutos
mp4 = Motion Picture 4 (formato de container de áudio e vídeo)
seg: segundos
µ : viscosidade
cP: centopoise (unidade de viscosidade)
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 15
2 – OBJETIVOS ............................................................................................................................ 17
3 – REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................... 18
3.1 - DISFAGIA NA DOENÇA DE PARKINSON ................................................................................... 20
3.2 – INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA ....................................................................................... 21
3.2.1 – DEGLUTIÇÃO COM ESFORÇO (DE) ............................................................................... 22
3.3 – ANÁLISE DOS EFEITOS NA DEGLUTIÇÃO ................................................................................ 25
3.3.1 – VIDEOENDOSCOPIA DA DEGLUTIÇÃO ........................................................................... 27
3.3.2 – VIDEOFLUOROSCOPIA DA DEGLUTIÇÃO ........................................................................ 29
3.4 – ANÁLISE NA QUALIDADE DE VIDA: QUESTIONÁRIO SWAL-QOL .............................................. 35
4 – MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................ 39
4.1 – CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA .......................................................................................... 41
4.2 – INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA ....................................................................................... 42
4.2.2 – DEGLUTIÇÃO COM ESFORÇO COMO TÉCNICA REABILITADORA ........................................ 46
4.3 – ANÁLISE DOS EFEITOS NA DEGLUTIÇÃO: AVALIAÇÕES INSTRUMENTAIS .................................... 47
4.3.1 – VIDEOENDOSCOPIA DA DEGLUTIÇÃO ............................................................................ 49
4.3.2 – VIDEOFLUOROSCOPIA DA DEGLUTIÇÃO ........................................................................ 51
4.4 – ANÁLISE NA QUALIDADE DE VIDA:. SWALLOW QUALITY-OF-LIFE QUESTIONNAIRE .................... 53
4.5 – ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................................................... 54
4.6 – ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS ....................................................................................... 58
5. RESULTADOS .......................................................................................................................... 59
5.1 – CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ......................................................................................... 59
5.2 – ANÁLISE DO EFEITO DA INTERVENÇÃO NA DEGLUTIÇÃO: AVALIAÇÕES INSTRUMENTAIS ............ 61
5.2.1. ANÁLISE DO EFEITO DA INTERVENÇÃO PELA VIDEOENDOSCOPIA DA DEGLUTIÇÃO ............. 63
5.2.2. ANÁLISE DO EFEITO DA INTERVENÇÃO PELA VIDEOFLUOROSCOPIA DA DEGLUTIÇÃO .......... 65
5.3. ANÁLISE NA QUALIDADE DE VIDA DOS PARTICIPANTES: QUESTIONÁRIO SWAL-QOL ................ 67
6 – DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 70
7 – CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 83
8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 84
9 – ANEXOS ................................................................................................................................. 90
15
1 – INTRODUÇÃO
A doença de Parkinson (DP) atualmente é a segunda doença neurodegenerativa
mais comum no mundo com prevalência de 400 a 1.900 casos por 100.000 pessoas(1). Pode
ser resultado da associação de fatores genéticos e ambientais de risco que atuam sobre o
envelhecimento do cérebro(2). A DP apresenta como principais características clínicas o
tremor em repouso, bradicinesia, rigidez muscular, hipocinesia e alteração dos reflexos de
manutenção da postura(3), que poderão causar disfonia, disartria e disfagia orofaríngea(4-6).
As alterações fisiopatológicas da DP causam modificações que podem resultar em
quadro de alteração emocional, descontentamento e diminuição da qualidade de vida(7) que
podem ser atenuadas por meio de estimulações de atividades programadas(8),
proporcionando benefícios aos pacientes com DP(9).
Os prejuízos psicosociais dos pacientes com DP estão associados à presença de
depressão, função social e deglutição(10). Esses aspectos envolvidos na qualidade de vida
devem ser considerados no planejamento da reabilitação destes pacientes com DP(11;12).
A reabilitação de disfagia pode ser composta por exercícios orofaciais e manobras
específicas(4;6) que propiciarão proteção de via aérea inferior, favorecerão a deglutição e
manutenção do aporte nutricional, com melhora na qualidade de vida dos pacientes(12).
Entre as manobras, está a Deglutição com esforço (Effortful Swallow) que pode
trazer benefícios na deglutição aos pacientes com DP(4;6;11) pelo aumento da amplitude do
movimento posterior da língua(13), da pressão faríngea e da propulsão oral(14) com
favorecimento de maior segurança durante a deglutição(4;14;15) em pacientes com disfagia.
Quando a Deglutição com esforço (DE) é precedida de treinamento muscular(13),
para estimular a recuperação do prejuízo miofuncional orofaríngeo do paciente, e realizada
no mínimo por seis semanas(14) com repetições de três a quatro vezes por semana, pode
16
ser considerada como técnica reabilitadora(11).
A DE como técnica reabilitadora poderá propiciar modificações, ajustes musculares
nos mecanismos da deglutição(16) e promover uma deglutição segura aos pacientes com
DP(17-20).
Durante as atividades com DE como técnica reabilitadora, os pacientes devem
receber instrução motivadora de contrair com força a língua e os músculos da faringe(15).
A instrução deve ser mantida durante as atividades de DE, para que o paciente
execute e repita a deglutição sempre com a mesma força e mantenha a execução motora
nas DEs repetidas, para se obter o benefício correto(21).
As ações musculares obtidas pelas intervenções por meio de técnicas para disfagia
podem ser verificadas por avaliações instrumentais da deglutição(22): a Videoendoscopia da
deglutição (VED) e Videofluoroscopia da deglutição (VFC) que avaliam o mecanismo, com
suas estruturas em funcionamento. Pelos dados obtidos nas avaliações instrumentais,
podem ser verificados os efeitos das estratégias na deglutição pelos pacientes(17).
Ao se pensar na nova abordagem de intervenção em disfagia, surgem
questionamentos: quais seriam os efeitos da intervenção com a DE como técnica
reabilitadora nos pacientes com DP? Provocaria modificações na deglutição? Favoreceria
a função em quais parâmetros da deglutição? Beneficiaria a qualidade de vida quando
relacionada à deglutição?
17
2 – OBJETIVOS
2.1 – Objetivo geral:
Analisar os efeitos da intervenção com a “Deglutição com Esforço” como técnica
reabilitadora, na deglutição e na qualidade de vida de pacientes com doença de Parkinson
sem queixa de deglutição.
2.2 – Objetivos específicos:
2.2.1 – Analisar o efeito da intervenção nas classificações da deglutição, quando
avaliadas pela Videoendoscopia e Videofluoroscopia da deglutição.
2.2.2 – Analisar os efeitos da intervenção nos mecanismos da deglutição, quanto a:
- Localização do disparo da deglutição faríngea;
- Localização de estase faríngea;
- Número de deglutições para limpeza do resíduo;
- Presença de Penetração e Aspiração de alimento;
- Componentes integrantes das fases oral, faríngea e esofágica pela
Videofluoroscopia da deglutição.
2.2.3 – Analisar o efeito da intervenção na qualidade de vida relacionada à deglutição
dos pacientes com doença de Parkinson.
18
3 – REVISÃO DE LITERATURA
A doença de Parkinson (DP) é uma doença crônica degenerativa caracterizada pela
morte dos neurônios dopaminérgicos da substância negra, parte compacta do mesencéfalo.
Essa degeneração diminui a liberação e produção da dopamina, um neurotransmissor que,
entre outros, tem papel regulador da atividade motora(1-3).
É resultado do envolvimento da genética e fatores ambientais de risco que atuam
sobre o envelhecimento do cérebro(2) e caracterizada como uma das doenças neurológicas
mais frequentes em indivíduos adultos e idosos(4).
A DP pode ser classificada pelos estágios da doença pela escala H&Y(23), uma escala
arbitrária com base no nível de incapacidade clínica do paciente. A escala tem como base
a evolução da DP em relação ao lado comprometido e à perda de equilíbrio(23;24). Krekeler
et al(24) descreveram os estágios:
- Estágio 1: doença unilateral, geralmente com mínima ou nenhuma incapacidade
funcional;
- Estágio 1,5: envolvimento axial e unilateral;
- Estágio 2: envolvimento bilateral ou mediano, sem comprometimento do equilíbrio;
- Estágio 2,5: doença bilateral;
- Estágio 3: deficiência de leve a moderada, com início da instabilidade postural, com
capacidade física íntegra;
- Estágio 4: doença em grau mais desenvolvido, com nível de incapacidade grave,
porém com o paciente ainda capaz de andar e ficar sozinho;
- Estágio 5: paciente em cadeira de rodas, que se movimenta quando ajudado.
A evolução da DP pode ser avaliada por vários exames físicos e cognitivos, entre
eles: Unified Parkinson’s Disease Rating Scale (UPDRS), Atividades da Vida Diária (AVD)
e Mini Exame do Estado Mental (MEEM).
19
Na UPDRS, os maiores escores da escala (de 0 a 199) indicam maior
comprometimento da doença(25); na avaliação de AVD (de 0 a 90), os maiores valores
demonstram melhor desempenho(26); e no MEEM (de 0 a 30), quanto maior a pontuação,
melhor o nível cognitivo(27).
Há recomendação de que essas avaliações sejam realizadas em fase ON do efeito
do levodopa nos pacientes que fazem uso habitual da medicação(5), para obter a melhor
resposta motora do paciente.
As alterações fisiopatológicas da DP podem resultar em quadro de depressão, uma
das características da DP(8), que pode ser agravada pelas suas limitações físicas. A
severidade da DP pode aumentar nos pacientes mais deprimidos, e o avanço da doença
está associado aos altos níveis de ansiedade e ao aumento do número de distúrbio na
deglutição(28). Manor et al(28) concluíram que a ansiedade ou depressão podem piorar ou
melhorar o distúrbio da deglutição no paciente com DP.
Paradela et al(7) utilizaram o GDS-15 como instrumento para triar a depressão na
população geriátrica ambulatorial brasileira e comentaram o quanto é importante fazer
rastreios dos sintomas depressivos nas populações susceptíveis, como no caso da DP.
A evolução da DP causará progressão dos comprometimentos motores, que podem
interferir gradativamente nos déficits funcionais por causa da rigidez, acinesia, tremor e
alterações dos reflexos posturais(1-3;5;9). Pode ser inclusos, também, os eventos de
congelamento motor, com quebra repentina do movimento paroxístico; e quando há
acometimento a deglutição, é descrito como freezing of swallowing(29), uma das causas de
disfagia na DP.
20
3.1 - Disfagia na doença de Parkinson
A disfagia na doença de Parkinson (DP) é caracterizada pela dificuldade na
formação do bolo alimentar, aumento do trânsito orofaríngeo pela diminuição da propulsão
da língua associado à festinação lingual(30), limitação na excursão laríngea, presença de
resíduos na faringe(4) e dificuldade do relaxamento do esfíncter esofágico superior (EES)
associados à redução da sensibilidade faríngea, com possível aspiração de alimentos(11).
A ausência de sintomatologia das alterações de deglutição pelos pacientes com DP
pode acontecer porque a disfagia é vista como sintoma incapacitante após 10-14 anos do
início da DP(31) .
O paciente com DP que apresenta queixa de deglutição poderá ter comprometimento
nessa função. A queixa relaciona-se com a alteração nos mecanismos da deglutição(32).
A disfagia é decorrente de qualquer alteração no mecanismo do controle neuromotor
ou sensorial da deglutição que pode comprometer as etapas da deglutição. A deglutição é
função vital para a nutrição do organismo, constituída por uma sequência de eventos
neurofisiológicos complexos. Pode ser didaticamente classificada em fases preparatória,
oral, faríngea e esofágica(4; 33).
A divisão em fases tem relação com o posicionamento do bolo alimentar nas regiões
anatômicas envolvidas na deglutição. A fase oral inicia-se a partir da transferência do bolo
alimentar da cavidade oral para a orofaringe. A próxima fase, a faríngea, envolve o
transporte faringoesofágico, a proteção de via aérea inferior e o deslocamento do bolo
alimentar até o segmento cricofaríngeo com abertura do esfíncter esofágico superior (EES),
em torno de 1 a 2 segundos. A última fase, a esofágica, é responsável pelo esvaziamento
esofágico do bolo alimentar até a entrada do estômago(34).
21
A deglutição tem uma ordem de eventos que acontece em torno de 1500ms(35), com
ações musculares sincronizadas durante a deglutição. O transporte do alimento baseia-se
no mecanismo de bomba propulsora resultante da pressão negativa na cavidade oral em
sincronia com fechamento velo-faríngeo, constrição faríngea e fechamento glótico com a
elevação e anteriorização da laringe com proteção de via aérea inferior e abertura do
EES(36). Langmore e Pisegna(17) descreveram a deglutição como decorrente da ação de
válvulas de pressão, com eventos em série, coordenadas e sincronizadas.
A alteração no mecanismo da bomba propulsora nas válvulas de pressão pode
ocasionar estase alimentar em região faríngea, que pode resultar em aspiração após a
deglutição(4).
A aspiração que pode acometer cerca de 50% das pessoas disfágicas com DP(4),
conforme a gravidade do quadro da doença(11), e também resultar em pneumonia e
insuficiência respiratória, é a principal causa de morte dos sujeitos com DP(30).
Com a evolução da disfagia associada ao comprometimento do trato aerodigestivo,
podem ocorrer alterações nos sistemas respiratório, fonatório, articulatório, ressonantal e
digestivo.
As aspirações ou penetrações laríngeas podem ser silentes nos pacientes com DP(6),
bem como constatadas pelas avaliações instrumentais da deglutição(17;37) são elas: a
Videoendoscopia da deglutição (VED) e a Videofluoroscopia da deglutição (VFC).
3.2 – Intervenção fonoaudiológica
As intervenções fonoaudiológicas consistem em utilizar estratégias específicas para
o paciente (re)adquirir a deglutição segura e manutenção do aporte nutricional, mantendo
a qualidade de vida dos pacientes disfágicos(4;6).
22
Hirch al(38) afirmaram que os exercícios programados, realizados em treinamentos,
são indutores de neuroplasticidade e podem beneficiar os pacientes com DP. As
intervenções com atividades físicas e exercícios estão sendo objetos de estudo(9).
Há diversas formas de tratar a disfagia dos pacientes com DP, entre elas, as terapias
comportamentais e reabilitadoras(39). Para Luchesi et al(39), as modificações de dieta,
ajustes posturais e manobras de proteção de via aérea são terapias comportamentais na
disfagia; e, como terapia reabilitadora, citam a realização de exercícios de resistência
muscular, o Expiratory Muscle Strength Training (EMST) e a estimulação oral.
O uso das estratégias fonoaudiológicas específicas, por meio de exercícios e
manobras para disfagia, pode propiciar aos pacientes com DP benefícios nas funções de
deglutição(16). Os exercícios orofaciais podem compensar o prejuízo miofuncional do
paciente com DP e, quando associados às manobras de deglutição, podem propiciar
eficácia na reabilitação da deglutição segura(17-20).
Mas esse resultado depende da adesão à intervenção fonoaudiológica para
disfagia. Krekeler at al(24) comentaram que havia poucos estudos que mensuraram ou
traçaram a adesão dos pacientes à intervenção. Essa metodologia poderia discernir a
verdadeira interpretação e efeito da intervenção nos pacientes(24).
Existem diversas manobras específicas recomendadas para disfagia, denominadas
por Rosenbek e Jones(11) como técnicas de reabilitação, entre elas a “Deglutição com
esforço” (Effortful Swallow).
3.2.1 – Deglutição com esforço (DE)
A “Deglutição com esforço” (DE) é uma manobra voluntária, considerada
compensatória(13) que pode trazer benefícios na deglutição dos pacientes com DP pelo
23
aumento do movimento posterior da língua, da pressão faríngea e da propulsão oral(14). A
otimização do envio e da passagem do bolo alimentar pela orofaringe pode evitar o resíduo
nas valéculas(40).
A DE propiciará também aproximação das estruturas da laringe, com melhora da
proteção das vias aéreas inferiores(15), indicada para pacientes com disfagias por
proporcionar maior segurança na pós-deglutição(8;13).
Huckabee e Steele(21) realizaram uma análise da contribuição da língua na pressão
faríngea, durante a DE, por meio de medidas de Eletromiografia de superfície. Concluíram
que a específica instrução de execução da DE pode substancialmente influenciar no efeito
funcional da deglutição.
A instrução é um fato a ser considerado na DE. Hiss e Huckabee(41) encontraram
aumento da pressão faríngea e da duração do relaxamento do Esfíncter Esofágico Superior
(EES) em adultos saudáveis. Afirmaram que a DE tem um potencial positivo na fase
faríngea da deglutição, mas tem uma influência negativa na duração da fase faríngea.
No estudo de Lazarus et al(42), a pressão de língua exercida durante a DE foi de
118mmHg, enquanto na deglutição habitual sem manobra foi de 81,3mmHg em indivíduos
normais. Durante a manobra Tongue-hold houve uma pressão de língua de 109,3mmHg.
Fukuoka et al(43) realizaram um estudo da pressão de língua pelo Sistema de Sensor
Tátil (Japonês) em adultos saudáveis. A DE proporcionou aumento da pressão da língua
contra o palato e concluíram que houve maior pressão da língua durante a DE do que na
manobra de Mendelsohn. Acrescentaram que houve maior aumento da pressão da língua
contra o palato durante a DE do que na tarefa isolada.
Park et al(44) realizaram um estudo com pacientes pós-AVC disfágicos que
executaram a Deglutição com esforço durante a Estimulação Elétrica Neuromuscular
24
(EENM). Verificaram redução no deslocamento do osso hioideo que pode ter contribuído
para a diminuição da abertura do EES; da penetração e aspiração; e de resíduos em
valéculas e seio piriforme. Complementaram que houve melhora da fase faríngea da
deglutição pelo aumento dos movimentos anterior e superior do osso hioideo.
Felix et al(45) fizeram um estudo piloto de reabilitação com a DE por duas semanas,
em quatro pacientes com DP. Concluíram que a DE propiciou diminuição de sinais clínicos
de penetração e aspiração.
No estudo de Steele(46) com DE em relação às viscosidades, concluíram que nos
casos estudados houve insuficiente pressão da língua, principalmente no dorso de língua.
A menor pressão de língua pode ter contribuído ao escape de líquido de baixa viscosidade
para a faringe, sob sua própria inércia, proporcionando um disparo de deglutição em região
faríngea mais inferior do que a deglutição sem esforço.
Para realizar a DE, é recomendado que o paciente receba sempre a mesma
instrução: imprimir força durante a deglutição e realizá-la diversas vezes, para propiciar
habilidade motora. Essa estratégia de realização é vista como técnica reabilitadora da
deglutição(11).
Clark e Shelton(15) fizeram um estudo com adultos saudáveis que realizaram um
treinamento por 4 semanas, com diferentes estratégias associados à DE. Concluíram que
o prévio treinamento é essencial para manutenção adequada da realização da DE, como
técnica reabilitadora.
Rosenbek e Jones(11) recomendaram que a DE como técnica reabilitadora deve ser
realizada no mínimo por seis semanas, com repetições de três a quatro vezes por semana,
como um treinamento com tarefas específicas.
25
A avaliação de efeito de uma técnica reabilitadora deve ter critérios respeitados
durante a execução da tarefa. Huckbaae e Macrae(14) mencionaram o cuidado em realizar
as instruções específicas para a DE. A execução pode maximizar o contato da língua no
palato e causar outras influências na deglutição.
Para treinamento da realização da DE como técnica reabilitadora, é recomendado
que haja preparo muscular das estruturas envolvidas na deglutição, como: realização de
exercícios isotônicos e isométricos, de força e resistência, para os lábios e a língua(47).
Há diversos estudos com exercícios orofaciais da área da motricidade orofacial(48)
que são utilizados para estética facial, alterações de oclusão dentária e ortognáticas, e
reabilitação em Paralisia Facial(49), que foram utilizados e adaptados às intervenções de
disfagias.
Na terapia miofuncional deve ser respeitada a duração, frequência e periodicidade
de realização dos exercícios. Robbins et al(50) relataram melhora na deglutição de idosos
após um programa de exercícios para resistência de língua. Os idosos realizavam os
exercícios repetitivos, 60 movimentos de pressões de língua contra as papilas, em dias
alternados por 8 semanas, com total de 24 sessões no programa.
3.3 – Análise dos efeitos na deglutição
As avaliações instrumentais permitem verificar os ajustes musculares faríngeos
envolvidos na deglutição e são complementos da avaliação clínica da deglutição,
caracterizando a funcionalidade da deglutição(36;37).
Possibilitam visualizar os resíduos alimentares e verificar quais são as estratégias
efetivas para limpeza das estases, ou para evitar penetração e aspiração dos alimentos(17),
sendo um dos delineadores do planejamento terapêutico para disfagia(51).
26
As aspirações de alimentos podem ser silentes nos pacientes com DP, que podem
ser diagnosticadas pelas avaliações instrumentais da deglutição(52).
As diversas estratégias de limpeza devem ser testadas, considerando-se que não há
uma estratégia de reabilitação com especificidade adequada para realizar o processo de
limpeza dos resíduos faríngeos(46).
A deglutição pode ser avaliada por uma gama de técnicas de imagem: a
ultrassonografia, videoendoscopia, videofluoroscopia, sonar doppler e ressonância
magnética funcional(53). As avaliações instrumentais da deglutição mais utilizadas são as
Videoendoscopia da deglutição (VED) e Videofluoroscopia da deglutição (VFC), que devem
ser complementares na avaliação da deglutição(54), por se tratarem de avaliações
subjetivas, vinculadas às análises dos avaliadores(53).
Há estudos que discutem a importância de realizar as avaliações VFC e VED
simultaneamente. Langmore(35) comentou que essa dinâmica permite correlacionar alguns
movimentos, como a retroflexão epiglótica e a inclinação anterior das aritenoides, e apreciar
a sequência normal dos eventos biomecânicos à medida que a via aérea se fecha para a
deglutição. Essa dinâmica possibilita realizar complementos de imagens durante eventos
específicos, como o momento do fenômeno White-out visualizado pela VED e definições
bilaterais dos resíduos alimentares.
As avaliações instrumentais possibilitam verificar os eventos da biodinâmica da
deglutição e definir as alterações da deglutição nos diversos mecanismos, por meio de
medidas e escalas que norteiam as análises da deglutição.
Swan et al(22) realizaram uma revisão sistemática sobre a confiabilidade dessas
medidas nos estudos. A maioria das propriedades psicométricas das medidas de VED e
VFC foram classificadas como “indeterminadas” porque os estudos apresentavam amostra
27
pequena, relatos de casos e análises estatísticas inconclusivas. Concluíram que nenhuma
medida isolada deve ser considerada como válida em VFC e VED.
Nas análises das avaliações instrumentais da deglutição, há subjetividade nas
pontuações e definições das escalas, o conhecimento da funcionalidade da deglutição é
primordial durante as avaliações. Para tanto, a presença do fonoaudiólogo nas avaliações
instrumentais da deglutição é primordial junto aos profissionais responsáveis pelos exames,
por ser o profissional com conhecimento de diagnóstico e tratamento das disfagia(53).
Baijens et al(55) referiram que a confiabilidade inter e intra-avaliadores das medidas
de avaliação de deglutição pela videofluoroscopia é fundamental para obter medidas
confiáveis. Recomendaram um treinamento pré-experimental protocolado com diretrizes
bem definidas para poder categorizar os níveis de variáveis visuoperceptivas da avaliação,
principalmente em pacientes com doença de Parkinson que apresentam uma das doenças
mais frequentes atualmente(1).
3.3.1 – Videoendoscopia da Deglutição
A Videoendoscopia da deglutição (VED) fornece informações estruturais e de
sensibilidade da região faringolaríngea que permite a observação funcional da fase faríngea
da deglutição, nos momentos pré e pós propulsão do bolo alimentar(52;57).
Deve ser realizada por otorrinolaringologista que insere a fibra flexível de
nasolaringoscopia, de preferência sem uso de anestésico tópico para não comprometer a
sensibilidade laríngea e a funcionalidade da deglutição(57).
Pela fibra nasolaringoscópica, pode ser avaliada a presença do fenômeno white-out,
decorrente da constrição laríngea(58;59) promovida pela movimentação das estruturas
velopalatinas, base de língua e parede posterior de faringe(51;57).
28
Há diversas metodologias para a realização da VED(59), mas há uniformidade na
utilização de alimentos nas cinco consistências: líquida, néctar, mel, pastosa e sólida nas
avaliações da deglutição, que podem ser adquiridas por espessantes alimentares.
Essas consistências respeitam as diferenças de viscosidades(60): a consistência
líquida, da viscosidade (µ) de 0 a 50cP; consistência néctar, da viscosidade (µ) de 51 a
350cP; a consistência mel, de 351 a 1750cP; e para a consistência pastosa, a µ >1.750cP.
Os alimentos da avaliação de VED devem ser tingidos por corantes alimentícios não
tóxicos, como constrate às estruturas faringolaríngeas, que possibilitarão a visualização da
passagem do bolo alimentar(58). Os alimentos devem estar em temperatura ambiente para
descartar o aumento da sensibilidade térmica como desencadeador da deglutição(52).
Para Costa(59), o comando verbal: "segure em sua boca até eu pedir que você engula”
é importante para provocar pausa do alimento na cavidade oral, o que facilita visualizar a
localização do disparo da deglutição e a presença de penetração ou aspiração do alimento,
critérios importantes a serem verificados nas avaliações instrumentais.
Finalizada a deglutição do alimento é recomendada uma nova inspeção
faringolaríngea para verificar a presença de resíduos. Freitas et al (51) sugerem que o
paciente realize uma emissão sustentada da vogal /i/, para favorecer uma certa estabilidade
na região laríngea que possibilitará a aproximação da fibra em região laríngea pelo
otorrinolaringologista, diminuindo o desconforto do paciente.
A VED pode ser classificada segundo sua severidade, como proposto por Macedo
Filho et al(57):
-Deglutição Normal (Grau 0): Contenção oral normal, reflexos presentes,
ausência de estase salivar, alimentar e aspiração, menos de três tentativas de
propulsão para clareamento do bolo;
29
-Disfagia Leve (Grau 1): Estase pós-deglutição pequena, menos de três
tentativas de propulsão para clareamento do bolo, ausência de regurgitação nasal e
penetração laríngea;
-Disfagia Moderada (Grau 2): Estase salivar moderada, maior estase pós-
deglutição, mais de três tentativas de propulsão do bolo, regurgitação nasal, redução
da sensibilidade laríngea com penetração, porém sem aspiração laringo-traqueal;
-Disfagia Severa (Grau 3): Grande estase salivar, piora acentuada de resíduos
pós-deglutição, propulsão débil ou ausente, regurgitação nasal, aspiração traqueal.
A avaliação por VED propicia avaliações da deglutição da fase faríngea(36), com
visualização do dorso da língua até a entrada de via aérea inferior (1º anel traqueal).
Apresenta a vantagem de poder visualizar a presença de resíduos bilateralmente na região
faringolaríngea(35).
Pela VED, Stokely et al(61) constataram a presença de resíduo em valéculas e em
seios piriformes bilaterais, na ingestão de líquidos, em indivíduos de 40 a 80 anos.
3.3.2 – Videofluoroscopia da Deglutição
Pela Videofluoroscopia da deglutição (VFC) há visibilização da dinâmica completa
da deglutição, ou seja, da fase oral até a esofágica com o esvaziamento esofágico(34;37;40).
Desde 1955, a VFC é vista como um instrumento que também auxilia na identificação
e no tratamento das alterações fisiológicas da deglutição e podem levar ao processo de
aspiração de alimentos(62).
Aneas e Dantas(53) afirmam que a VFC ainda é considerada como o método de
referência na detecção, e monitoramento da disfagia orofaríngea e da presença de
30
penetração e aspiração de alimento. Concluem que a VFC associada à manometria será a
melhor metodologia para avaliar as fases da deglutição.
Para definição da funcionalidade da deglutição, são ofertados alimentos em quatro
consistências para se poder avaliar a diferença das respostas musculares no momento da
deglutição e verificar as diferenças individuais(53).
Na avaliação de VFC, pode ser utilizada a escala de O’Neil et al(63) que classifica a
funcionalidade da deglutição, conforme as respostas nas consistências avaliadas. A escala
é baseada nos comprometimentos da deglutição, pelo número de consistências que
apresentaram dificuldades de deglutição e pela presença de penetração e aspiração. Para
cada nível é recomendada a melhor dieta ao paciente, a fim de evitar riscos de penetração
e aspiração de alimentos.
Segundo Ramsey et al (62), a escala de O’Neil et al consta de sete níveis que
caracterizam a severidade da função em relação à via de alimentação, classificação e
descrição da severidade da deglutição:
- Nível 7: Normal em todas as situações
- Nível 6: Deglutição funcional
- Nível 5: Disfagia moderada
- Nível 4: Disfagia discreta/moderada
- Nível 3: Disfagia moderada
- Nível 2: Disfagia moderada /grave
- Nível 1: Disfagia grave
Atualmente pesquisas com doença de Parkinson são realizadas pelas avaliações de
VFC, conforme pesquisa de Luckesi et al(39). As autoras apontaram 13 publicações dos
31
últimos cinco anos que realizaram avaliações em pacientes com DP. Desses estudos, seis
utilizaram a VFC como avaliação; e um, avaliou pela VFC e pelo Questionário QOL. Os
demais estudos utilizaram outras metodologias.
Martin-Harris et al(34) enfatizaram que a vista lateral obtida pelo aparelho de
fluoroscopia (VFC) é ideal para analisar a movimentação das estruturas e
abertura/fechamento das válvulas envolvidas no jogo pressórico que favorece a propulsão
do bolo alimentar. Enquanto, na visão frontal pode ser observado o preparo do bolo
alimentar, a simetria na descida do bolo pela faringe, a contração da parede faríngea e
estases em valéculas e seios piriformes(34). Os autores mencionaram que a visão frontal é
essencial para detectar anormalidades unilaterais, como paresia/paralisia da parede
faríngea ou de pregas vocais.
Pela VFC é possível também observar se houve presença de resíduo (material
contrastado) na região faringolaríngea, bem como a penetração ou aspiração dos
alimentos(34,37,40).
A aspiração na VFC é caracterizada pela passagem de contraste na região
subglótica(33;37;40). Segundo Rosenbek et al(64), a aspiração é definida como passagem de
material abaixo do nível das pregas vocais, independentemente da quantidade e da
distância com que o bolo passou na traqueia, e se houve ou não resíduo após a expulsão,
apesar de seu potencial significado clínico.
Esse evento acontece em milissegundos e é decorrente de falhas nos mecanismos
de proteção glótica e supraglótica, ou pela não coordenação durante o movimento do bolo
alimentar pela faringe. Na proteção glótica há o fechamento laríngeo que geralmente se
completa antes de o bolo alimentar chegar ao EES e não ultrapassa 0,1s,
independentemente do bolo alimentar e da idade do indivíduo(65).
32
A videofluoroscopia é registrada em vídeos para futuras análises do mecanismo da
deglutição, incluindo a presença de aspiração que em tempo real pode não ser percebida.
Os eventos dos mecanismos da deglutição podem ser analisados frame-by-frame para
confirmação dos eventos e poder definir a duração (tempo) e o deslocamento (espaço)
realizados durante o evento.
Os estudos mostram registros de vídeos de 25 frames(55) e 30 frames por
segundos(40;66-68) quando realizam análises de presença de aspiração e de medidas
temporais e espaciais dos movimentos envolvidos nos mecanismos da deglutição.
Kim et al(66) realizaram um estudo para investigar a relação entre a doença e a
severidade da disfagia em pacientes com DP. Houve análises cinemáticas em 2D pelas
medidas espaço-temporais dos movimentos do osso hioideo, epiglote e pregas vocais na
fase faríngea da deglutição dos pacientes com DP.
É recomendado que durante o exame, a exposição do paciente à radiação não
ultrapasse cinco minutos(34). Essa exposição dependerá da duração do exame(37), conforme
as condições gerais do paciente e necessidade de manobras de deglutição.
O uso de protocolo padrão auxilia na eficiência e redução do tempo(34), mesmo com
o uso de manobras compensatórias. Entre os instrumentos há o Modified Barium Swallow
Impairment (MBSImp). É um protocolo que avalia a função da deglutição através da
Videofluoroscopia, baseado nos estudos de Modified Barium Swallow Study (MBSS), com
pontuação em componentes referentes ao mecanismo da deglutição(34).
Para atribuir escore para cada componente do instrumento, há um treinamento com
o MBSImp. Os profissionais que realizam o treino e concluem os requisitos MBSImp Online
Training and Confiability Testing recebem a certificação de MBSImp Clinicians. No
33
treinamento, os clínicos são ensinados a avaliar as VFCs usando o protocolo MBSImp,
baseado em evidências e padronizado(34).
O MBSImp identifica e quantifica especificamente as deficiências de deglutição, o
que permite a introdução de tratamentos específicos ao paciente. As análises da VFC por
esse instrumento são baseadas no chamado Overall Impression (OI) Score que representa
o pior escore do componente nas porções avaliadas, independentemente da consistência.
Os componentes são: componente 1 (vedamento labial); componente 2 (controle de
língua/bolo alimentar); componente 3 (preparação do bolo/mastigação); componente 4
(transporte do bolo/mobilidade de língua); componente 5 (resíduo oral); componente 6
(início da deglutição faríngea); componente 7 (elevação do palato mole); componente 8
(elevação laríngea); componente 9 (excursão anterior do hioide); componente 10
(movimento de epiglote); componente 11 (fechamentos laríngeo e vestibular); componente
12 (movimento faríngeo de remoção); componente 13 (contração faríngea); componente 14
(abertura do esfíncter esofágico superior); componente 15 (retração da base da língua);
componente 16 (resíduo faríngeo); e componente 17 (limpeza esofágica).
A pontuação (OI score) deve seguir a escala de cada componente que varia de 0-4,
0-3 ou 0-2, de modo que zero indica a ausência de alterações e as escalas mais altas; 4, 3
e 2 indicam maior alteração da deglutição, relacionados à estrutura em questão.
No MBSImp há três grupos que tem como pontuação a soma de seus respectivos
componentes. São eles: o grupo de alteração oral, soma dos componentes de 1 a 6; de
alteração faríngea, dos componentes de 7 a16; e da alteração esofágica, representado pelo
componente 17.
Há os escores máximos que caracterizam cada grupo: para as alterações orais,
score de 0 a 22; alterações faríngeas, de 0 a 29; e alteração esofágica, de 0 a 4. Ou seja,
34
quanto maior o escore obtido, pior a função da deglutição.
Por esse instrumento é possível definir os aspectos da biomecânica da deglutição(34),
mas não traz dados da deglutição em relação às consistências porque, pelo protocolo, é
avaliada a pior resposta do componente, independentemente da consistência e porção
avaliada. O MBSImp, hoje registrado como Modified Barium Swallow Impairment Perfil™©
(MBSImP™©, é base para delinear a reabilitação da disfagia em adultos pela VFC(69).
Um estudo atual apresentou uma proposta de desenvolver um instrumento baseado
no MBSImP™© que avalie a deglutição de crianças em aleitamento pela VFC(69). Esse
instrumento também direcionaria as decisões clínicas e as metas para tratamento e
gerenciamento das intervenções na disfagia infantil.
As avaliações de deglutição por VFC também podem ser analisadas
quantitativamente pelos parâmetros temporais, espaço-temporais e visuoperceptivos dos
eventos biomecânicos da deglutição(40;66;67).
Desde 1997, há estudos dos dados da avaliação de VFC pelas análises
quantitativas(40;64), e atualmente as análises estão favorecidas pelos recursos digitais(44)
podendo analisar as imagens frame-by-frame com confiabilidade das medidas(55).
O estudo de Kahrillas et al(40) foi um dos pioneiros das análises de tempo (duração)
dos mecanismos da biomecânica da deglutição: momento de abertura e fechamento da
junção glossopalatal (GPJ); momento de abertura e fechamento da junção velofaríngea
(JPE); momento de abertura e fechamento do vestíbulo laríngeo (LV); momento de abertura
e fechamento do esfíncter esofágico superior (EES).
Em 2001, houve o estudo dos efeitos da DE por meio de análises das medidas de
duração pela avaliação em VFC. Hind et al(13) analisaram a duração do trânsito oral, da fase
faríngea, da movimentação do osso hioideo, do fechamento vestibulolaríngeo e do
35
movimento do EES, comparando a duração da deglutição de adultos e idosos saudáveis,
com e sem a deglutição com esforço.
Atualmente os estudos do efeito da DE são realizados por diversas metodologias,
com análises específicas para os eventos biodinâmicos da deglutição. Segundo Molfenter
et al(67), podem-se classificar em três as análises com VFC (67):
- análise cinemática faríngea: constrição faríngea e encurtamento faríngeo;
- análise das medidas de tempos faríngeos: duração do fechamento laríngeo,
duração do movimento hioide, duração da abertura do EES, duração da transição do
estágio, tempo de trânsito faríngeo, duração da constrição faríngea;
- análise da funcionalidade da deglutição: deglutição segura e eficiente; pode ser
classificada(54;70)pela Normalização Escala de Relação de Resíduos (NRRS-Normalized
Residue Ratio Scale) e a Escala Penetração- Aspiração (PAS).
3.4 – Análise na Qualidade de vida: Questionário SWAL-QOL
A qualidade de vida pode ser avaliada por diversos protocolos, quando relacionados
à deglutição pode ser selecionado o Questionário SWAL-QOL(71). É indicado para auxiliar
no monitoramento da reabilitação, tomando como base os achados clínicos(72).
É um questionário de qualidade de vida relacionado à deglutição, composto por 44
questões distribuídas em nove itens que avaliam 11 domínios, a saber:
- Deglutição como fardo (1º item): constituído de 2 questões;
- Desejo de se alimentar (2º item): 3 questões;
- Duração de se alimentar (2º item): 2 questões;
- Frequência de problemas físicos (3º item): 14 questões;
- Seleção de alimentos (4º item): 2 questões;
36
- Dificuldade na comunicação (5º item): 2 questões;
- Medo de se alimentar (6º item): 4 questões;
- Saúde mental (7º item): 5 questões;
- Função social (8º item): 5 questões;
- Sono (9º item): 2 questões;
- Fadiga (9º item): 3 questões.
No questionário os participantes devem escolher a alternativa que represente o que
pensam sobre as situações apresentadas, na tentativa de quantificar. As respostas eram
quanto à:
- ocorrência dos problemas (sempre, muitas vezes ou frequentemente, algumas
vezes, poucas vezes ou dificilmente ou nunca);
- concordância ou não com o problema descrito (concorda totalmente, concorda
parcialmente, não sei, discorda totalmente ou discorda parcialmente);
- frequência dos sintomas (todas as vezes, maior parte das vezes, algumas vezes,
poucas vezes ou nenhuma vez).
As alternativas de respostas pontuam de 0 a 5 pontos; quanto maior a ocorrência,
concordância e frequência dos problemas apontados, menor a pontuação. As respostas
devem ser convertidas numa pontuação que varia de zero a cem, em que zero corresponde
a uma pontuação ruim; e cem a melhor resposta.
Nessas condições, os valores de escores baixos representam impacto na qualidade
de vida de deglutição(73).
O protocolo qualidade de vida relacionada à deglutição (SWAL-QOL) foi aplicado em
pacientes com DP disfágicos. Os autores relataram que não existia relação significativa da
qualidade de vida com a duração e a gravidade da disfagia na DP(10).
37
Os prejuízos psicossociais de portadores de DP podem sugerir uma possível
associação entre a deglutição, a função social e a depressão. Portanto, nos casos de
pacientes com DP, a qualidade de vida relacionada à deglutição deve ser considerada
durante o planejamento da reabilitação(10).
Carneiro et al(74) realizaram uma revisão sistemática; concluíram que o uso do
SWAL-QOL em pacientes com DP pode dar informações a respeito da condição da
deglutição e as possíveis manifestações de declínios da função, que permitirão um
delineamento de assistência pelos profissionais da saúde.
O SWAL-QOL é utilizado como instrumento para avaliar o efeito das intervenções
em pacientes com DP em diversos estudos. Entre eles, a intervenção realizada com
Expiratory Muscle Strength Training (EMST) com treino de 20min por 4 semanas, 5 dias
por semana que propiciou melhora no escore total do Questionário SWAL-QOL de 60
pacientes com DP(68).
Argolo et al(12) avaliaram o quanto os exercícios de deglutição podem favorecer a
dinâmica da deglutição e a qualidade de vida na doença de Parkinson. Os pacientes com
DP realizaram um treinamento motor oral, 1 vez ao dia, 5 vezes na semana, por 5 semanas.
Observaram que, após o treino com exercícios motores orais, houve redução significativa
no domínio Frequência dos sintomas do SWAL-QOL.
Dois grupos de idosos com DP foram avaliados: um grupo foi submetido à terapia
fonoaudiológica convencional e o outro grupo, à VAST (Video-assistent Swallowing
Therapy), por 6 sessões com mesmo profissional. Os autores concluíram que a qualidade
de vida dos pacientes com DP sem alteração cognitiva que foram submetidos à VAST,
estava associada à melhora da deglutição e menor resíduo alimentar(75).
38
Ayres et al(76) afirmaram que os números das sessões de terapia não influenciaram
diretamente na qualidade de vida dos pacientes com DP, mas quanto mais cedo os
pacientes com DP realizaram a intervenção fonoaudiológica, melhores foram os efeitos na
qualidade de vida em relação à deglutição.
39
4 – MATERIAL e MÉTODOS
Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de
Ciências Médicas da Unicamp em dezembro de 2015, CAAE: 49134015.1.1001.540,
Parecer nº1.367.771 (Anexo 1) e Emenda sob Parecer nº 2.645.493 (Anexo 2).
Trata-se de uma pesquisa quantitativa, de estudo clínico, desenvolvida no
Ambulatório de Otorrinolaringologia – Disfagia e no Gastrocentro, Setor de Raio X, do
Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em parceria com
o Laboratório de Estudos da Postura e Locomoção (LEPLO) do Instituto de Biociências da
Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus Rio Claro.
No LEPLO pacientes diagnosticados com doença de Parkinson (DP) são
acompanhados no Programa de Atividade Física para Pacientes com doença de Parkinson
(PROPARKI) do Departamento de Educação Física do Instituto de Biociências da UNESP,
campus Rio Claro. O PROPARKI tem como objetivo trabalhar as funções cognitivas,
mobilidade funcional e capacidade funcional, quanto à coordenação, equilíbrio e força.
O programa tem capacidade para atender pacientes com DP em estágios H&Y(23),
entre 1-3, que não apresentem quadro de demência, em virtude das capacidades física e
cognitiva que deveriam apresentar para participar das atividades(3).
Pelo PROPARKI os participantes foram submetidos a avaliações periódicas de oito
a nove meses, na fase ON do efeito do levodopa, para ter um acompanhamento das
condições clínicas, motoras e cognitivas, e avaliar o desempenho do paciente após a
atividade física proposta pelo programa, porque os exercícios programados e realizados
em treinamentos a longo prazo são indutores de neuroplasticidade e podem beneficiar os
pacientes com DP(38). As atividades com exercícios físicos específicos são objetos de
estudo em relação a esse benefício(9).
40
Os dados físicos dos participantes do estudo foram obtidos pela escala Hoehn &
Yahr (H&Y)(23), Unified Parkinson’s Disease Rating Scale (UPDRS)(25) e índices de
Atividade de Vida Diária (AVD)(26); e os aspectos cognitivos, pelo Mini Exame do Estado
Mental (MEEM)(27). Esses dados periódicos, quando comparados, possibilitam verificar o
efeito do programa desenvolvido por meses nesses participantes(18).
Este estudo teve como critério de inclusão pacientes com DP participantes do
PROPARKI sem queixa de deglutição, com consentimento em participar das avaliações
específicas em fase ON do efeito do levodopa(5) e em uso habitual da medicação.
Para confirmação da ausência de queixa de deglutição, os participantes foram
questionados pela pesquisadora sobre a ausência de queixas de engasgos, tosses ou
pigarros quando bebem ou comem algo.
Foram estabelecidos os critérios de exclusão do estudo:
- ter sido submetido a cirurgias nos órgãos fonoarticulatórios;
- apresentar comprometimentos cerebrais por outra natureza ou alterações
pulmonares;
- apresentar sonolência ou incapacidade de manter o nível de consciência para
administração de dieta por via oral;
- ter realizado acompanhamento fonoaudiológico no mínimo há dois anos do início
das avaliações;
- não ter apresentado concordância e assinatura do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE);
- apresentar outros distúrbios associados que poderiam comprometer a deglutição;
- não apresentar disponibilidade para realizar o processo de avaliação;
- obter valor maior que cinco no GDS-15, caracteriza sinal de depressão(Anexo3).
41
Os participantes da intervenção que apresentassem frequência menor que 75% nas
atividades propostas pelo programa, índice para caracterizar que o participante apresentou
adesão às intervenções(24), seriam removidos do estudo devido à descontinuidade.
4.1 – Caracterização da Amostra
Dos integrantes do PROPARKI, um grupo com 28 participantes foi selecionado pelo
programa para serem submetidos à intervenção fonoaudiológica com foco na deglutição.
Esse era o Grupo Controle de outra pesquisa do LEPLO sobre atividades físicas, que
aconteciam simultaneamente no PROPARKI.
Os participantes foram orientados sobre os possíveis benefícios da intervenção
fonoaudiológica, especificamente, da realização da “Deglutição com Esforço” (DE) em
pacientes com DP, e convidados a participar da pesquisa de forma voluntária.
Com o aceite do convite, houve agendamento de 17 participantes para apresentação
dos objetivos com justificativas do estudo e do TCLE em que constavam informações sobre
todos os procedimentos aos quais seriam submetidos. Considerando os critérios de
inclusão e exclusão, 11 participantes compuseram o grupo, que foi denominado de Grupo
de intervenção (GI).
No ano seguinte, para composição do Grupo Controle (GC), houve uma prévia
seleção pela pesquisadora dos participantes do PROPARKI. Foi elaborada uma relação
de 12 nomes do PROPARKI, baseada na caracterização da amostra do GI em relação ao
gênero (maioria masculina) e ao Estágio H&Y (maioria no Estágio 2) e que não tivessem
realizado nenhuma intervenção fonoaudiológica em 2 anos.
42
Dessa relação, oito participantes que se enquadravam nos critérios de inclusão e
exclusão, aceitaram e assinaram o TCLE do Grupo Controle, com o objetivo de avaliar sua
deglutição, sem realizar intervenção fonoaudiológica por 9 semanas.
O estudo foi composto por 19 participantes do PROPARKI, onze do Grupo
Intervenção (GI) e oito do Grupo Controle (GC).
4.2 – Intervenção fonoaudiológica
A intervenção fonoaudiológica foi realizada durante nove semanas, conforme
recomendação de Rosenbek e Jones(11) de que as atividades de DE como técnica
reabilitadora devem ter a duração de no mínimo seis semanas, precedidas por treinamento
prévio(15) com frequência das atividades de três vezes na semana(14).
A intervenção fonoaudiológica foi composta por 26 sessões, do dia 22 de abril a 29
de junho de 2015 (nove semanas). As atividades foram planejadas pela fonoaudióloga
pesquisadora, realizadas em grupo, com duração de quarenta minutos por sessão, e os
participantes realizavam as atividades sentados, por segurança, para evitar risco de
quedas.
Houve o planejamento do treinamento prévio, por três semanas; e a realização da
intervenção com Deglutição com esforço como técnica reabilitadora, por seis semanas.
4.2.1 – Treinamento prévio: exercícios orofaciais miofuncionais
Para o treinamento prévio, foram selecionados exercícios orofaciais miofuncionais,
conforme os objetivos para vedamento labial e movimentação da língua; e realizados por
meio de exercícios isotônicos, isométricos ou contrarresistência(47), com tempo de
execução e de número de repetições e séries(48;49), a fim de habilitar as estruturas orofaciais
43
para realização da DE como técnica reabilitadora(49).
O exercício de língua, além de fazer parte do treinamento, também traz benefícios à
deglutição propriamente dita(49). Tem um potencial efeito na redução de comorbidades
relacionadas à disfagia, como a pneumonia, desnutrição e desidratação(50).
Os objetivos dos exercícios miofuncionais no treinamento prévio foram:
I. Estimular o vedamento labial:
1. Exercícios de força e resistência dos lábios.
Realizados por meio de contração e sustentação dos músculos dos lábios, são eles:
músculo orbicular da boca, zigomático maior, zigomático menor, bucinador e mentual.
Exercício1: fazer protrusão dos lábios e sustentar por 10seg. Repetir por três vezes,
conforme o comando verbal: “faça um bico, segure por 10seg. Repita três vezes, engolindo
nos intervalos”.
Foi realizado primeiramente associado a movimentos de contra resistência ao
movimento labial com o dedo indicador: “faça o bico e segure em extensão (bem para
frente)”.
Coloque seu dedo indicador perpendicular aos lábios, e faça pressão sobre o “bico”,
mantenha a pressão por 10seg, solte e repita por 10 vezes. “Você deve engolir a saliva nas
pausas”;
Exercício 2: protrusão com contra resistência, com os dedos indicador e polegar:
“faça um bico e segure em extensão, bem para frente, por 10seg. Repita três vezes.
Mantenha a protrusão dos lábios, mas tente abri-los com o dedo indicativo e polegar, por
10seg. Repita por 10 vezes, com intervalo de 30 segundos. Solte e repita 2 vezes. Você
deve engolir a saliva nas pausas”;
44
Exercício 3: fazer protrusão dos lábios e comprimi-los por 10seg, (Figura 1), com a
seguinte orientação: “faça um bico e segure com bastante força por 10seg. Repita três
vezes. Você deve engolir a saliva nas pausas.”;
Exercício 4: Realizar extensão labial com lábios entreabertos, por 10 seg. Realizar
três vezes, com a orientação: “faça um sorriso e segure, mostrando os dentes, por 10seg.
(Figura 1). Repita três vezes. Você deve engolir a saliva nas pausas.”;
Exercício 5: estender os lábios e manter a contração com a boca fechada, por 10seg.
(Figura 2). Realizar três vezes. Orientação: “faça um sorriso e segure com força sem abrir
a boca, por 10seg. Repita três vezes. E você deve engolir a saliva nas pausas.”;
Exercício 6: encher a cavidade oral de ar, fazer protrusão dos lábios e direcionar o
ar para as bochechas, manter por 10seg (Figura 2). Realizar três vezes. Orientação: “encha
a boca de ar, faça um bico e aperte os lábios. Sentirá que o ar vai para a bochecha. Não
deixe sair, segure com força por 10seg. Repita três vezes. E você deve engolir a saliva nas
pausas.”.
Figura 1: Desenho ilustrativo de contração com protrusão e extensão labial
Fonte: AYRES et al (2013)(47)
45
Figura 2: Desenho ilustrativo de extensão e contração dos lábios
Fonte: AYRES et al (2013)(47)
II) Aumentar força e resistência da língua:
2. Exercício para o fortalecimento da ponta, lateral e dorso da língua.
Realizado por meio de contração e sustentação da língua por meio de elevação,
lateralização e posteriorização da língua com exercícios isométricos e contra resistência.
Exercício 7: elevar a ponta da língua, encostá-la nas papilas e manter na posição
com a boca aberta, pressionando a língua com força por três seg. Siga a orientação: “você
precisa ficar com a boca aberta, levantar a ponta da língua, segurar no alto e ficar
empurrando contra o palato por três seg. Repita por oito vezes. E realizar cinco vezes a
série com intervalo de 10seg entre as séries. Sempre engolindo a saliva nas pausas”.
Exercício 8: manter a boca fechada e lateralizar a língua para empurrar a bochecha
10 vezes. Alternar 5 vezes cada lado. Repetir a série 10 vezes, com intervalo de 10seg
entre as séries. Seguindo a orientação: “com a boca fechada, você vai empurrar a bochecha
com a língua, 05 vezes cada lado. Fazer de novo 10 vezes. E você deve engolir a saliva
nas pausas”.
46
4.2.2 – Deglutição com esforço como técnica reabilitadora
Na 4ª semana de Intervenção, foi acrescentada a “Deglutição com Esforço” (DE)
como técnica reabilitadora: realizar a DE de saliva repetidamente por sete vezes. A
sequência foi realizada por 20min, na velocidade e capacidade de cada um dos
participantes. Eles receberam a orientação: “Você vai engolir a saliva com força. Vai engolir
repetidamente por sete vezes, e pausará por 2min. Repetir a sequência sete vezes. O
importante é manter a mesma força quando engolir”.
A quantidade de repetições, sete vezes, foi selecionada empiricamente. Realizar
uma quantidade não menos que 3 execuções e não mais que 10 repetições, como orientado
nos exercícios orofaciais(48;49).
Quando se queixava de falta de saliva durante as repetições de DE, o participante
era orientado a movimentar a língua com a boca fechada, a fim de aumentar a produção
de saliva e manter-se na atividade para fazer as 7 repetições, respeitando-se a habilidade
de cada participante.
Receberam, constantemente, a instrução verbal motivadora para realizar a
atividade: “você deve engolir a saliva com força, com o maior esforço possível. Pode até
fazer junto força nos músculos da face, lábios e pescoço. Engula com força”. A realização
do comando verbal foi baseada nas recomendações de Rosenbek e Jones(11).
Após o treino da DE com saliva por duas semanas, na 6ª semana os exercícios
orofaciais foram removidos das atividades e realizadas somente as sequências de DE com
saliva por 15min, intervalo de 5min e repetida a sequência. Foi realizada por duas semanas,
como garantia de maior treinamento e realização adequada da manobra.
Na 8ª e 9ª semanas, houve acréscimo da DE reabilitadora com água. Os
participantes receberam um copo descartável de 150mL com água, colocaram uma porção
47
pequena na boca e deglutiram, realizando sempre a DE com concentração na força. Faziam
pausa e realizaram sequencialmente até acabar a água do copo.
A estratégia foi repetida por média de sete goles, enquanto recebiam a instrução:
“você deve colocar uma pequena porção de água na boca (como se fosse dar um pequeno
gole) e engolir a água com força, com o maior esforço possível. Pode até fazer junto força
nos músculos da face, lábios e pescoço, fazer careta. Engula com força. Como foi treinado
com a saliva”. Essa atividade foi finalizada após 15 min. Os participantes realizaram pausas
de 2 min e repetiram a série por sete vezes, em torno de sete goles cada sequência.
Nessas duas últimas semanas, a atividade de DE reabilitadora com água foi
precedida pela DE reabilitadora de saliva, com repetição de 3 sequências durante 8
minutos, com pausa de 5 min entre elas. Essa estratégia foi estipulada como garantia de
que a DE com saliva atribuir o preparo da atividade muscular, para realização da DE, e
como prevenção de limpeza de possível estase de resíduo após a deglutição.
O desenvolvimento das intervenções está descrito no Quadro 1, bem como os
objetivos e estratégias utilizadas em cada sessão, em relação às semanas de intervenção
fonoaudiológica.
4.3 – Análise dos efeitos na deglutição: avaliações instrumentais
Para análise do efeito da intervenção com a DE como técnica reabilitadora, as
avaliações instrumentais foram realizadas sempre nos mesmos horários, na fase ON
levodopa dos participantes, e nos mesmos locais, onde dispunham de equipamentos.
As Videoendoscopias da deglutição (VED) foram realizadas sempre pelo mesmo
otorrinolaringologista, em Rio Claro; e as Videofluoroscopias da deglutição (VFC),
realizadas no setor de RaioX no Gastrocentro da Unicamp-Campinas.
48
Quadro 1: Desenvolvimento da Intervenção Fonoaudiológica no grupo GI
Semana Sessão Objetivos Atividades
1ª 1ª
- Apresentar a dinâmica da deglutição. - Exemplificar as estratégias
- mostrar a deglutição normal por video - realizar os exercícios 1 e 7. - fazer a DE isolada e DE repetidas com saliva, como técnica reabilitadora.
2ª e 3ª - Treinamento muscular - fazer os exercícios 2 e 7 por 20min (2x na sessão)
2ª 4ª a 6ª - Treinamento muscular - fazer os exercícios 3 e 8 por 20min (2x na sessão)
3ª 7ª a 9ª - Treinamento muscular - fazer os exercícios 4 e 7 por 20min (2x na sessão)
- realizar os exercícios 5 e 8 por 20min (2x na sessão)
4ª
10ª e 11ª
- Ajuste muscular - fazer os exercícios 6 e 8 por 20min (2x na sessão, alternando com a DE reabilitadora com saliva)
- DE reabilitadora com saliva
- fazer DE reabilitadora com saliva por 20min Repetir 7 vezes a sequência de DE reabilitadora (sequência: DE repetidas de saliva 7 vezes, pausa de 2 min).
12ª
- Ajuste muscular - fazer os exercícios 5 e 8 por 20min (2x na sessão, alternando com a DE reabilitadora com saliva)
- DE reabilitadora com saliva - fazer DE reabilitadora com saliva por 20min Repetir 7 vezes a sequência DE reabilitadora.
5ª 13ª a 15ª
- Ajuste muscular - fazer exercícios 4 e 8 por 20min (2x na sessão), antes e após a DE reabilitadora com saliva por 20min.
- DE reabilitadora com saliva - fazer DE reabilitadora com saliva por 20min. Repetir 7 vezes a sequência DE reabilitadora.
6ª 16ª a 18ª - DE reabilitadora com saliva - fazer DE reabilitadora com saliva por 15min Repetir 7 vezes a sequência DE reabilitadora. - repetir após 5 minutos de intervalo.
7ª 19ª a 21ª - DE reabilitadora com saliva - fazer DE reabilitadora com saliva por 15min Repetir 7 vezes a sequência DE reabilitadora. - repetir após 5 minutos de intervalo.
8ª 22ª a 24ª - DE reabilitadora com saliva e água
- fazer DE reabilitadora com saliva por 8 min Repetir 3 vezes a sequência DE reabilitadora.
- fazer DE reabilitadora com água por 15min, após intervalo de 5 min. Repetir 7 vezes a sequência DE reabilitadora.
- fazer DE reabilitadora com saliva por 8 min, após intervalo de 5 min. Repetir 3 vezes a sequência DE reabilitadora.
9ª 25ª e 26ª - fazer a DE reabilitadora com saliva e com água
- fazer DE reabilitadora com saliva por 8 min Repetir 3 vezes a sequência DE reabilitadora.
- fazer DE reabilitadora com água por 15min, após intervalo de 5 min. Repetir 7 vezes a sequência DE reabilitadora.
- fazer DE reabilitadora com saliva por 8 min, após intervalo de 5 min. Repetir 3 vezes a sequência DE reabilitadora.
Legenda: DE: Deglutição com esforço; min: minutos
Os 11 participantes do GI foram avaliados em pré e pós-intervenção fonoaudiológica;
e no GC, houve uma avaliação inicial e a outra, final, após nove semanas.
49
4.3.1 – Videoendoscopia da deglutição
As Videoendoscopias da Deglutição (VED) foram realizadas sempre pelo mesmo
otorrinolaringologista e fonoaudióloga-pesquisadora. Utilizou-se fibra flexível de
nasolaringoscopia Marca Machida®, modelo ENT-30®, com microfone de lapela para
captação da voz, sem uso de anestésico.
A avaliação da VED foi realizada utilizando-se as consistências1 líquidas (água),
néctar e mel em duas porções de 5mL, oferecidas em colher; uma porção de 10mL com
seringa de 10mL; e uma oferta habitual para deglutição contínua em copo de 50mL. Na
consistência pastosa1, houve oferta de duas porções de colheres do tipo refeição rasas. Na
consistência sólida, foi oferecida uma bolacha inteira do tipo maizena Tostines®. Os
alimentos foram corados de verde, como contraste às estruturas durante as avaliações.
Tais consistências, exceto a sólida, foram obtidas pela mistura de 300mL de água
em temperatura ambiente, com 4g de preparo em pó para suco dietético no sabor chá com
pêssego (Clight®).
O suco preparado foi dividido em 4 porções de 60mL com adição do espessante
alimentar instantâneo da marca Thick&Easy® para obter as diferentes consistências(59),
conforme recomendação da marca do espessante. Para obter a consistência néctar, houve
adição de 1/3 da colher medida do próprio espessante; para a consistência mel, adição de
2/3 da medida; e para a consistência pudim, 1 medida do espessante.
Os participantes foram orientados a deglutir quantas vezes fossem necessárias até
quando considerassem que haviam engolido todo o alimento, independentemente das
observações dos profissionais envolvidos na avaliação.
1 Segundo a nomenclatura da American Dietetic Association (ADA).
50
Os vídeos foram registrados em formato VOB e mp4, em gravador digital.
Na VED foi realizada a inspeção na região faringolaríngea com o objetivo de verificar
as estruturas anatômicas e a presença de estase salivar. O otorrinolaringologista
posicionou o aparelho entre a região nasal e orofaríngea para avaliar a presença do
fenômeno white-out decorrente da constrição laríngea(57;58), pela movimentação das
estruturas velo palatinas, base de língua e paredes posterior de faringe(51;56).
Para avaliar a deglutição pela VED, os alimentos foram oferecidos em temperatura
ambiente com o mesmo sabor artificial de chá de pêssego e tingidos com corante
alimentício verde para facilitar a visualização(51;52;56).
A avaliação da deglutição pela VED constou de 15 porções de alimentos oferecidas,
respeitando a sequência de oferta, conforme o protocolo elaborado para o estudo (Anexo
4), que foi baseado no protocolo no ambulatório de Disfagia na Otorrinolaringologia do
Hospital de Clinicas da Unicamp-Campinas(36).
Quando os alimentos eram ofertados em colher e seringa, os pacientes recebiam o
comando verbal: "segure em sua boca até eu pedir que você engula”. Para avaliação da
deglutição contínua, oferecida em copo de 50mL, houve o comando verbal: "engula da
forma mais habitual como normalmente o faz”.
Na consistência pastosa houve o comando verbal: "engula quando você estiver
pronto". Na oferta de sólido, foi solicitado ao paciente: "mastigue e engula quando se sentir
confortável e pronto para engolir".
A pausa do alimento na cavidade oral facilitava visualizar a localização do disparo
da deglutição e a presença de penetração ou aspiração do alimento antes da deglutição.
Terminada a deglutição do alimento, foram orientados a emitir a vogal /i/ sustentada
para facilitar a inspeção das estruturas faringolaríngeas e verificar a presença e localização
51
de resíduos na região faringolaríngea, conforme protocolo estabelecido (Anexo 4). Nos
casos em que foram constatadas alterações na deglutição, os pacientes foram orientados
a realizar manobras de limpeza e de proteção. Nenhum dos 19 pacientes apresentou
impossibilidade de realizar a VED e nem risco de aspiração enquanto se avaliava a
deglutição.
4.3.2 – Videofluoroscopia da deglutição
A avaliação por Videofluroscopia da deglutição (VFC) foi realizada por um médico
radiologista, um técnico em radiologia e a fonoaudióloga-pesquisadora. Os exames foram
obtidos pelo aparelho de fluoroscopia de raio-X, equipamento Shimadzu® de 120Kv e
800mA, com registro de 30 quadros por segundo (30 frames/s). Foi acoplado ao sistema
de videocassete (VHS), aparelho Panasonic®, sem entrada de áudio.
Foram avaliadas as mesmas consistências alimentares utilizadas nos exames de
VED, com exceção da líquida. A consistência líquida, cuja viscosidade varia de 1 a 50cP(59),
não pode ser obtida ao se utilizar o sulfato de bário que apresenta µ=360cP. Para o sabor
ficar próximo às avaliações anteriores, houve acréscimo de 4g de suco em pó, sabor chá
de pêssego Clight®, ao sulfato de bário da marca Bariogel® no volume de 150mL, que foi
dividido em três partes iguais.
Para a consistência mel, foi mantida a viscosidade do contraste (µ=360cP) sem
modificação no volume de 50mL, compatível com a viscosidade da consistência mel de 351
a 1750cP(59). Para obter a consistência néctar, houve adição de 30mL de água aos 50mL
de sulfato de bário, obtido um líquido engrossado em torno de 100cP, compatível com a
viscosidade de néctar de 51 a 350cP(59). Para alcançar a consistência pudim houve adição
de meia colher medida do espessante alimentar instantâneo da marca Thick&Easy® aos
52
50mL de Bariogel®, enquadrando-se na classificação da viscosidade de pastoso, maior
que 1750cP(59). A consistência sólida foi avaliada com a bolacha tipo wafer da Bauducco®,
de sabor morango, embebida em sulfato de bário no momento da avaliação.
O participante foi inicialmente posicionado em pé, em visão lateral, enquadrado para
visualização das estruturas: os lábios, a cavidade nasal, a parede da faringe e o esôfago
cervical(37). Foi-lhe solicitado fonação (produção das vogais /a/, /i/, /u/ e contagem de 1 a 5)
para observação dinâmica das estruturas antes da ingestão de alimentos e deglutição de
saliva(40).
A metodologia de sequência de oferta foi a mesma realizada na VED, com exceção
do líquido. Os pacientes receberam a orientação de deglutir somente após o comando
verbal(34), quando era ativado o aparelho de fluoroscopia, o que possibilitou realizar o
registro dinâmico da deglutição completa, da fase preparatória ao esvaziamento
esofágico(37).
Na mesma posição em vista lateral, a avaliação da deglutição foi iniciada pela
consistência mel, oferecida em duas porções com colher. Em seguida, o pastoso, também
duas porções com colher; o sólido, porção de bolacha wafer embebida em sulfato de bário;
e o néctar, em gole único no copo. Na posição frontal, foi oferecida uma outra porção de
bolacha wafer, uma colherada da consistência mel e finalizando a avaliação com o néctar,
em copo para gole livre (Anexo 5).
Seguindo a padronização proposta por Marin-Harris et al(34), ao ofertar as porções
com colher e copo, a pesquisadora deu a instrução: "segure em sua boca até eu pedir que
você engula". Na consistência pastosa, a orientação foi: "engula quando você estiver
pronto". Na oferta de sólido, foi solicitado ao participante: "mastigue e engula quando se
sentir confortável e pronto para engolir" (34).
53
O fluoroscópico foi ativado pela fonoaudióloga-pesquisadora, segundos antes da
oferta do alimento e foi desativado logo após o esvaziamento esofágico(22). O técnico de
radiologia estava de prontidão para auxiliar na manipulação do aparelho.
Durante o exame, quando foram observadas alterações, algumas estratégias foram
aplicadas na tentativa de melhora da ejeção do bolo, limpeza faríngea ou prevenção de
penetração e aspiração do alimento (33;61;63).
Um dos participantes não realizou a avaliação após a intervenção fonoaudiológica,
que resultou em 36 vídeos de VFC.
4.4 – Análise na Qualidade de Vida:. Swallow Quality-of-Life Questionnaire
As avaliações da qualidade de vida relacionadas à deglutição, por meio do
Questionário SWAL-QOL(70) aconteceram na residência dos participantes.
O Questionário SWAL-QOL foi traduzido e adaptado para língua portuguesa e
nomeado Questionário de Qualidade de Vida em Deglutição(71).
É um questionário de qualidade de vida voltado aos aspectos da disfagia orofaríngea
e composto por 44 questões que avaliam 11 domínios (Anexo 7). Os participantes com DP
foram orientados a responder conforme as instruções do questionário(73), mesmo não
apresentando inicialmente queixa de deglutição.
Após a conversão da pontuação, os valores de cada resposta, dentro de cada
domínio, foram somados para cada paciente. O resultado da soma foi dividido pelo número
total de questões, sendo a resultante desta divisão o valor global da pontuação. O escore
total do SWAL-QOL define a qualidade de vida relacionada à deglutição dos participantes
com DP.
54
Os 38 questionários foram analisados obtendo-se um escore total e um de cada de
seus 11 domínios.
4.5 – Análise dos dados
Para verificar o efeito da Deglutição com esforço como técnica reabilitadora
associada a exercícios miofuncionais orofaciais, houve comparação dos dados dos
participantes do GI (11 participantes) e do GC (08 participantes) nas fases pré e pós.
Inicialmente houve análise da caracterização da amostra, do desempenho físico e
cognitivo dos participantes quanto ao H&Y, UPDRS, AVD e MEEM na fase pré, que foram
distribuídos para análise da homogeneidade das amostras.
Os 38 vídeos das VEDs em formato VOB foram convertidos em mp4; e os registros,
editados por meio do programa Windows Movie Maker® para remoção de quaisquer
informações que pudessem identificar o participante e assegurar-lhe a isenção no
julgamento das análises. Foram inseridas legendas referentes ao volume e consistência da
porção oferecida, compondo 38 vídeos editados.
Os vídeos foram distribuídos aleatoriamente após acréscimo de 20% de amostras
aleatórias, para análise de confiabilidade das respostas dos avaliadores. Os avaliadores
foram previamente treinados, conforme o protocolo elaborado para essa pesquisa (Anexo
4).
As 46 amostras foram analisadas pelos avaliadores quanto à localização do disparo
da deglutição faríngea, localização da estase faríngea e número de deglutições para
limpeza e escala de penetração e aspiração (PAS), finalizando-se com a classificação de
Macedo Filho(56).
55
Obteve-se resposta de dois avaliadores, sendo considerados os dados do avaliador
com maior confiabilidade (Kappa=0,91, concordância excelente). As respostas desse
avaliador foram tabuladas e distribuídas em grupos e nas fases pré e pós.
A amostra foi constituída de 19 participantes, que receberam 15 porções de
alimentos em cinco consistências na avaliação da VED, para a qual havia sete parâmetros
analisisáveis. Desta forma não foi possível aplicar as análises estatísticas no banco de
dados. Para tanto, os achados da VED foram reanalisados considerando-se somente a pior
resposta dos parâmetros em cada consistência.
Ainda assim, houve necessidade de realizar agrupamentos em algumas variáveis:
- Localizações em seio piriforme esquerdo, seio piriforme direito ou seio piriforme
bilateral foram agrupadas e consideradas como em seio piriforme (SP), utilizadas nas
análises da localização da estase e do disparo da deglutição.
- Dados pela Escala de Penetração e Aspiração (PAS): os registros de nível 1 foram
considerados como ausência de penetração e aspiração, enquanto os registros a partir do
nível 2 foram agrupados em presença de Penetração e Aspiração.
- Dados das estases, não foram considerados como graduação das estases, foram
agrupadas e analisadas quanto à ausência e presença, e sua localização;
Os dados das VEDs foram analisados em relação à localização do disparo,
localização de estase; ao número de deglutições para limpeza de resíduos; e à presença
de penetração e aspiração, considerando-se a pior resposta das avaliações.
Os vídeos da VFC, primeiramente, foram digitalizados de VHS para mp4, e editados
por meio do programa Windows Movie Maker®, quando também foram inseridas legendas,
como nos vídeos da VED.
56
Os 36 vídeos foram distribuídos aleatoriamente após acréscimo de 20% de amostras
aleatórias, para análise de confiabilidade das respostas dos avaliadores. Os avaliadores
foram previamente treinados pela pesquisadora, conforme o protocolo elaborado para essa
pesquisa (Anexo 4). Foram orientados em relação aos objetivos do estudo e esclarecidos
quanto à análise das amostras em relação aos componentes do protocolo adaptado para
esta pesquisa. O treinamento pré-experimental é um critério fundamental para a
confiabilidade dos dados das avaliações da Videofluoroscopia(55).
As 42 amostras de VFC com dados baseados em MBSImp foram analisadas por dois
fonoaudiólogos (“duplo-cego”) com certificação da MBSImP Clinician. Seguiram o protocolo
adaptado de Modified Barium Swallowing Impairment Profile (MBSImP)(34), utilizaram,
quando necessário, a Escala de Penetração e Aspiração(65) (PAS) e classificaram a amostra
da VFC pela escala de gravidade da disfagia(58) (Anexo 5)
As amostras foram pontuadas pelo Overall Impression (OI) Score que representa o
pior escore observado, através de todas as consistências e volumes do participante em
cada componente do MBSImp.
Para este estudo foram analisados 16 componentes do MBSImp. Foi excluído o
2ºcomponente referente ao controle de língua/bolo alimentar, porque neste estudo não
houve a exigência do participante em deglutir somente após o comando verbal.
Cada componente foi avaliado conforme o protocolo, e relacionado à estrutura em
questão (Anexo 6). Foi atribuído um escore para cada um:
- componente 1: vedamento labial;
- componente 3: preparação do bolo/mastigação;
- componente 4: transporte do bolo/mobilidade de língua;
- componente 5: resíduo oral;
57
- componente 6: início da deglutição faríngea;
- alteração oral (soma dos escores do componente de 1 a 6);
- componente 7: elevação do palato mole;
- componente 8: elevação laríngea;
- componente 9: excursão anterior do hioide;
- componente 10: movimento de epiglote;
- componente 11: fechamentos laríngeo e vestibular;
- componente 12: movimento faríngeo de remoção;
- componente 13: contração faríngea;
- componente 14: abertura do esfíncter esofágico superior;
- componente 15: retração da base da língua;
- componente 16: resíduo faríngeo;
- alteração faríngea (soma dos escores do componente de 7 a 16);
- componente 17: limpeza esofágica.
- alteração esofágica (valor do componente 17).
Obteve-se resposta dos dois avaliadores, sendo considerados os dados do avaliador
com maior confiabilidade (Kappa=0,84, concordância excelente) e Coeficiente de
Correlação Intraclasse (CCI=0,70, força substancial/grande). As análises das amostras
desse avaliador foram consideradas como dados da avaliação de VFC.
Não houve comparação dos dados de VED e VFC porque o estudo não tinha esse
objetivo, e esta análise comparativa seria inadequada, visto que as avaliações ocorreram
em dias e cidades diferentes.
58
4.6 – Análise Estatística dos dados
Foi usada a análise descritiva (média, desvio padrão, frequências absoluta e relativa)
para caracterizar as variáveis do estudo. Para a verificação da normalidade e da
homogeneidade, foram usados os testes Shapiro-Wilk e Levene, respectivamente.
Na linha de base, as variáveis contínuas foram comparadas através dos testes t para
amostras independentes ou Mann-Whitney, enquanto o teste Exato de Fisher foi usado
para comparar proporções de variáveis categóricas.
A influência do treinamento nas variáveis contínuas foi obtida através do Modelo
Linear Geral (GLM) de medidas repetidas, sendo apresentados os efeitos do tempo (pré e
pós) e da interação (grupo x tempo). Nesse modelo, as variáveis que não apresentaram
distribuição normal ou não eram homogêneas foram transformadas em Z-Escore. O Eta
parcial quadrado (ηp²) foi usado para estimar o tamanho do efeito.
A influência do treinamento nas variáveis categóricas foi verificada através de
Modelos Mistos de medidas repetidas (GMM), sendo a matriz de covariância e o ajuste final
definidos por AIC (critério de informação de Akaike).
Para verificar fatores associados com os domínios da qualidade de vida (seleção de
alimentos, medo, saúde mental e frequência de sintomas), foram realizados Modelos
Lineares Generalizados (GLM). Os modelos finais foram definidos por AIC.
As análises estatísticas foram realizadas no IBM – Statistical Package Social Science
for Windows (SPSS) versão 25, adotado o nível de significância estatística de 5%.
59
5. RESULTADOS
Para intervenção fonoaudiológica, em 2015 o PROPARKI selecionou 28
participantes, dos quais 17 assinaram voluntariamente o TCLE e foram submetidos às
primeiras avaliações da pesquisa. Seis participantes foram excluídos durante o estudo,
totalizando 11 participantes no Grupo de Intervenção (GI). Para a composição do Grupo
Controle (GC), em 2016, 12 participantes do PROPARKI assinaram voluntariamente o
TCLE. No decorrer das avaliações, quatro participantes foram excluídos, totalizando oito
participantes (Figura 3).
5.1 – Caracterização da Amostra
Para análise dos grupos Intervenção e Controle na fase pré, a amostra foi distribuída
quanto às variáveis categóricas (Tabela 1) e contínuas (Tabela 2).
Na avaliação inicial (fase pré), os grupos apresentaram similaridade em relação a
gênero, escolaridade, situação conjugal, autoavaliação da saúde e estágio da doença de
Parkinson (Tabela 1). Os grupos também eram equivalentes em relação à idade e ao
comprometimento cognitivo, avaliado pelo Mini Exame do Estado Mental (MEEM) - (Tabela
2).
Na fase inicial do estudo, houve diferença estatisticamente significativa entre os
grupos quanto às médias de escores de Unified Parkinson’s Disease Rating Scale (UPDRS)
e de valores da Atividade de Vida Diária (Tabela 2).
As avaliações clínicas motoras e cognitivas dos participantes foram realizadas
conforme o protocolo e calendário do PROPARKI, sendo repetidas seis meses após a
intervenção fonoaudiológica com os participantes na fase ON do levodopa (Anexo 8 –
Tabelas 15 e 16). Houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos em relação
60
ao MEEM (p=0,004) e manteve a diferença entre os grupos na AVD (p=0,025). Essas
diferenças não devem ser analisadas como efeito da intervenção fonoaudiológica, porque
as avaliações foram realizadas fora do intervalo do estudo, seis meses após a intervenção.
Tabela 1. Caracterização da amostra na fase pré, pela distribuição das variáveis categóricas.
Variáveis categóricas GI (N=11) GC (N=8)
p valor N (%) N (%)
Gênero
Masculino 7 (63,6) 5 (62,5) 0,663
Escolaridade 0,650
Até 1º grau 6 (54,5) 3 (37,5)
2º grau ou ensino superior 5 (45,5) 5 (62,5)
Situação conjugal 1,000
Vive sozinho(a) 2 (18,2) 2 (25,0)
Vive com companheiro(a) 9 (81,8) 6 (75,0)
Avaliação de sua saúde 0,480
Ruim 1 (9,1) 0 (0,0)
Satisfatória ou boa 5 (45,5) 6 (75,0)
Muito boa ou excelente 5 (45,5) 2 (25,0)
Estágio da DP (Hoehn & Yahr) 0,513
1.0 0 (0,0) 1 (12,5)
1.5 1 (9,1) 1 (12,5)
2.0 6 (54,5) 6 (75,0)
2.5 2 (18,2) 0 (0,0)
3.0 2 (18,2) 0 (0,0)
Legenda: GI: Grupo Intervenção; GC: Grupo Controle; DP: doença de Parkinson N = Frequência absoluta; % = Frequência relativa. Variáveis comparadas através do teste Exato de Fisher. Nível de significância estatística = 5%
Tabela 2: Caracterização da amostra na fase pré, pela distribuição das variáveis contínuas.
GI (N=11) GC (N=8) p valor
Média (DP) Média (DP)
Idade (anos) 72,3 (7,1) 67,7 (6,8) 0,750
UPDRS 50,0 (20,3) 31,1 (9,0) 0,041*
AVD 81, (10,8) 91,2 (3,5) 0,018*
MEEM 24,9 (4,8) 28,2 (1,0) 0,091
Legenda: GI: Grupo Intervenção; GC: Grupo Controle; DP = Desvio Padrão; UPDRS: Unified Parkinson’s Disease Rating Scale; AVD: Atividades da vida diária; MEEM: Mini Exame do Estado Mental Variáveis comparadas através do teste U de Mann-Whitney. Nível de significância estatística = 5%.
61
Figura 3: Fluxograma de composição dos grupos, Intervenção e Controle
5.2 – Análise do efeito da intervenção na deglutição: avaliações instrumentais
Foram obtidas classificações de deglutições pela Videoendoscopia da Deglutição
(VED), segundo Macedo Filho et al.(56), e Videofluoroscopia da deglutição (VFC) com a
escala de gravidade de 0’Neil et al.(62)
62
Pela VFC foram obtidos 10 resultados de cada parâmetro analisado, uma amostra
de vídeo não possibilitou a visualização para definição de respostas do participante.
As classificações das avaliações instrumentais de VED e VFC foram agrupadas para
análise estatística. Os dados classificados como disfagia do grau 1 a 3 (58) e do nível 5 a
1(72), foram considerados como deglutição alterada (Tabela 3).
Na análise quanto à penetração e aspiração (P/A) avaliadas pela VED, não houve
diferença estatisticamente significativa em relação às cinco consistências avaliadas, em
ambos os grupos e nas fases (Anexo 9 – Tabela 17), possibilitando a realização de
agrupamento dos dados para nova análise.
Na reanálise da P/A, a pior resposta do participante entre as cinco consistências
avaliadas foi considerada como dado. Os dados de presença de P/A avaliado pela VED
foram distribuídos em grupos e nas fases pré e pós, como também os dados de presença
de P/A avaliadas pela VFC (Tabela 3).
Tabela 3: Distribuição das classificações de VED e VFC, em frequências absolutas e relativas Pré Pós
Avaliações instrumentais GI (n=11) GC (n=8)
p valor GI GC
p valor p valor
Tempo p valor
Interação N (%) N (%) N (%) (%)
VED (Classificação) Alteração (Grau 1 a 3)
10 (90,9) 7 (87,5) 1,000 10 (90,9) 7 (87,5) 1,000 1,000 1,000
VFC (Escala O’Neil) Alteração (Nível 5 a 1)
7 (70,0) 1 (12,5) 0,025* 5 (50,0) 1 (12,5) 0,152 0,87 0,551
VED: Presença de P/A 7 (63,6) 1 (12,5) 0,059 2 (18,2) 1 (12,5) 1,000 0,081 0,081
VFC: Presença de P/A (GI: n=10) 7 (70,0) 1 (12,5) 0,025* 4 (40,0) 0 (0,0) 0,092 0,128 0,518
Legenda: GI: Grupo Intervenção; GC: Grupo Controle; VED: Videoendoscopia da deglutição; VFC: Videofluoroscopia da deglutição; P/A: Penetração ou Aspiração. N = Frequência absoluta; % = Frequência relativa. Variáveis comparadas através do teste Exato de Fisher. Efeitos de tempo e de interação obtidos através do Modelo Misto de medidas repetidas. Nível de significância estatística 5%.
Nas classificações de alterações de deglutição e na presença de P/A definidas pela
VED e VFC, não houve diferença estatisticamente significativa quanto aos grupos na fase
pós, além de não existirem efeitos de Tempo e de Interação significativos (Tabela 3).
63
Não foi realizada comparação dos dados de VED e VFC, como já mencionado no
capítulo Material e Métodos.
5.2.1. Análise do efeito da intervenção pela Videoendoscopia da deglutição
Os dados da Videoendoscopia da deglutição (VED) em cada consistência com suas
devidas porções avaliadas, foram distribuídos em grupos nas fases pré e pós, e
relacionados aos parâmetros de análise: localização do disparo, localização de estase e
números de deglutições para limpeza e presença de Penetração e Aspiração (P/A).
A distribuição dos dados em cada consistência em relação aos parâmetros da VED,
resultou em números pequenos (Anexo 9 – Tabela 18). Houve diferença significante
somente na localização da estase na consistência pastosa quanto à Interação (p=0,029),
que não foi considerado por ser um resultado isolado.
Portanto, houve também agrupamento das porções nas consistências, a pior
resposta das porções avaliadas dos parâmetros da VED foi considerada como dado para
nova análise, independente da consistência.
Os dados foram distribuídos em grupos e em fases das avaliações, para análise do
efeito da intervenção (Tabela 4).
Na análise do disparo da deglutição foi encontrada diferença estatisticamente
significante quanto à interação (p=0,024) (Tabela 4).
Houve análise direcionada à presença de estase em valéculas e em seio piriforme
em relação aos participantes, independente da consistência (Tabela 5). Não houve
diferença estatisticamente significante em relação às valéculas. Quanto ao seio piriforme,
houve efeito estatisticamente significativo em Tempo (p=0,015), sugerindo que ambos os
64
grupos diminuíram a presença de estase em seio piriforme, independente da intervenção.
Tabela 4. Parâmetros da VED distribuídos em grupos e nas fases
Pré Pós
Parâmetros da VED GI (N=11) GC (N=8) p valor GI GC p valor
p valor Tempo
p valor Interação N (%) N (%) N (%)
Local de disparo 0,047* 0,838
0,700 0,024*
Valéculas 5 (45,5) 0 (0,0) 3 (37,5) 2 (25,0)
Epiglote 4 (36,4) 3 (37,5) 3 (37,5) 4 (50,0)
Seio Piriforme 2 (18,2) 5 (62,5) 5 (45,5) 2 (25,0)
Estase (local) 0,417 0,245
0,181 0,252
Valéculas 0 (0,0) 1 (12,5) 1 (9,1) 0 (0,0)
Epiglote 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 2 (25,0)
Seio Piriforme 4 (36,4) 4 (50,0) 5 (45,5) 4 (50,0)
Vestíbulo laríngeo 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)
Parede Posterior 0 (0,0) 1 (12,5) 1 (9,1) 0 (0,0)
EES 6 (54,6) 2 (25,0) 4 (36,4) 1 (12,5)
Sem estase 1 (9,1) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (12,5)
Legenda: GI: Grupo Intervenção; GC: Grupo Controle; VED: Videoendoscopia da deglutição; EES: Esfincter Esofágico Superior N = Frequência absoluta; % = Frequência relativa. Variáveis categóricas comparadas através do teste Exato de Fisher Efeitos de tempo e de interação obtidos através do Modelo Misto de medidas repetidas. Nível de significância estatística = 5%.
Tabela 5: Distribuição de frequência de presença de estase em valéculas e seio piriforme
Pré Pós
Estases (presença) GI (N=11) GC (N=8)
p valor GI GC p
valor
p valor Tempo
p valor Interação N (%) N (%) N (%) N (%)
Valéculas 10 (90,9) 8 (100,0) 1,000 7 (63,6) 8 (100,0) 0,421 0,824 0,170
Seio Piriforme 11 (100,0) 6 (75,0) 0,164 7 (63,6) 4 (50,0) 0,658 0,015* 0,623
Legenda: GI: Grupo Intervenção; GC: Grupo Controle N = Frequência absoluta; % = Frequência relativa. Variáveis categóricas comparadas através do teste Exato de Fisher. Efeitos de tempo e de interação obtidos através do Modelo Misto de medidas repetidas. Nível de significância estatística = 5%.
Quanto aos números de deglutições para limpeza de resíduo avaliados pela VED,
na fase pré foi definida uma média para cada consistência. Não foi encontrada diferença
estatisticamente significante em relação às consistências. Também não houve diferença
na análise com os dados agrupados, considerando a pior resposta do participante,
independente da consistência (Anexo 13 – Tabela 19).
65
A tabela 6 mostra o efeito da intervenção quanto às médias dos números de
deglutição para limpeza de resíduos, não foram também encontradas diferenças
estatisticamente significantes.
Tabela 6: Efeito da intervenção nos números de deglutições para limpeza pela VED, em consistências
Consistências GI (n=11) GC (n=8) Tempo Interação
Δ (DP) Δ (DP) F p valor ηp² F p valor ηp²
Néctar -0,7 (0,7) 0,6 (0,3) 0,085 0,775 0,005 3,396 0,083 0,166
Mel -0,5 (0,5) 0,5 (0,5) 0,101 0,755 0,006 4,047 0,060 0,192
Pastoso -0,4 (0,3) 0,2 (0,4) 0,054 0,819 0,003 2,176 0,158 0,113
Sólido -0,1 (0,7) -0,2 (0,6) <0,001 0,989 <0,001 0,008 0,930 0,000
Líquido -0,3 (0,2) -0,2 (0,2) 0,003 0,960 <0,001 0,102 0,754 0,006
Dados agrupados (pior resposta)
- 0,7 (1,6) -0,2 (1,3) 0,004 0,949 <0,001 0,170 0,685 0,010
Legenda: GI: Grupo Intervenção; GC: Grupo Controle; DP = Desvio Padrão; Δ = Escore pós - escore pré; Tempo = pré x pós; Interação = grupo x tempo. Resultados obtidos através do General Linear Model (GLM) de medidas repetidas. Nível de significância estatística = 5%.
5.2.2. Análise do efeito da intervenção pela Videofluoroscopia da deglutição
Pela Videofluoroscopia da deglutição (VFC) foram obtidos 18 resultados de cada
parâmetro, no qual uma amostra de vídeo não possibilitou a visibilização para definição da
resposta.
Inicialmente foram calculadas as médias dos escores dos 16 componentes do
Modified Barium Swallow Impairment (MBSImp) (Tabela 7). O 2º componente do
instrumento não foi analisado, como mencionado no capítulo Material e Métodos.
Houve diferença estatisticamente significante entre os grupos quanto às médias dos
escores de alteração faríngea na fase Pré (p=0,021). O resultado mostra que os
participantes do GC apresentavam média de escore de alteração faríngea (média:4,0;
dp:2,5) menor do que o GI (média:7,2; dp:2,0). Ou seja, a alteração da deglutição na fase
faríngea era menor nos participantes do GC na fase inicial.
66
O escore da alteração faríngea é a soma dos escores dos componentes 7 ao 16,
mas em nenhum desses componentes isolados houve diferença estatisticamente
significante (Tabela 7).
Tabela 7. Médias dos escores dos componentes de MBSImp (VFC) na fase pré
Componentes do MBSImp (escala de escore) GI (N=10) GC (N=8)
p valor Média (DP) Média (DP)
1º Vedamento labial (0 – 4) 1,7 (0,5) 1,3 (1,2) 0,432
3º Preparo do bolo/mastigação (0 – 3) 0,6 (0,9) 0,2 (0,7) 0,573
4º Transporte do bolo/movimentação da língua (0 – 4) 0,2 (0,6) 1,5 (1,3) 0,055
5º Resíduo oral (0 – 4) 2,0 (0,0) 2,1 (0,6) 0,696
6º Início da fase faríngea (0 – 4) 2,0 (0,9) 2,2 (1,0) 0,633
Escore de alteração oral (0 – 19) 6,2 (1,9) 6,7 (2,1) 0,597
7º Elevação do palato mole (0 – 4) 0,0 (0,0) 0,0 (0,0) 1,000
8º Elevação laríngea (0 – 3) 0,6 (0,5) 0,4 (0,5) 0,601
9º Excursão anterior do hioide (0 – 2) 0,5 (0,5) 0,2 (0,5) 0,408
10º Movimentação de epiglote (0 – 2) 0,1 (0,3) 0,0 (0,0) 0,762
11º Fechamento do vestíbulo-laríngeo 0,5 (0,5) 0,1 (0,3) 0,203
12º Onda faríngea (0 – 2) 0,6 (0,5) 0,1 (0,3) 0,101
13º Contração faríngea - visão anterior (0 – 3) 0,2 (0,7) 0,0 (0,0) 0,694
14º Abertura do segmento faringoesofágico (0 – 3) 1,0 (0,5) 0,7 (0,5) 0,460
15º Retração de base da língua (0 – 3) 1,9 (0,3) 1,4 (0,5) 0,068
16º Resíduo faríngeo (0 – 3) 2,0 (0,5) 1,7 (0,7) 0,696
Escore de alteração faríngea (0 – 29) 7,2 (2,0) 4,0 (2,5) 0,021*
17º Limpeza esofágica - visão anterior (0 – 4) 0,2 (0,6) 0,0 (0,0) 0,768
Escore de alteração esofágica (0 – 4) 0,2 (0,6) 0,0 (0,0) 0,768
Legenda: GI: Grupo Intervenção; GC: Grupo Controle; DP = Desvio Padrão; MBSImp = Modified Barium Swallow Impairment Profile Variáveis comparadas através do teste t para amostras independentes ou Mann-Whitney. Nível de significância = 5%.
A tabela 8 mostra o efeito da intervenção nos componentes da MBSImp (VFC), não
houve diferença estatisticamente significante nos 16 componentes analisados do
instrumento.
Houve efeito em Interação nas médias dos escores de alteração faríngea (p=0,004,
ηp²=0,413), a média dos escores do GI apresentou melhora na fase faríngea (Δ=-2,0
(DP=0,9)), enquanto que a do GC teve aumento (Δ=1,4 (dp=1,1)) em 9 semanas.
Não foi possível calcular os efeitos em Tempo e Interação nas médias do 17º
67
componente (Limpeza esofágica, na visão anterior), em razão de excesso de missings
(ausência de respostas) na variável (Tabela 8).
Tabela 8. Efeito da intervenção fonoaudiológica nos componentes da MBSImp (VFC)
Componentes do MBSImp GI (n=10) GC (n=8) Tempo Interação
Δ (DP) Δ (DP) F p valor ηp² F p valor ηp²
1º Vedamento labial -0,1 (0,2) -0,3 (0,5)
0,606 0,449 0,042
0,117 0,737 0,008
3º Preparo do bolo/mastigação 0,1 (0,4) -0,2 (0,2)
0,240 0,635 0,023
0,174 0,686 0,017
4º Transporte do bolo / Movimentação da língua 0,4 (0,4) -1,2 (0,5)
0,335 0,576 0,032
3,477 0,092 0,258
5º Resíduo oral 0,2 (0,2) -0,1 (0,3)
0,013 0,910 0,001
0,061 0,809 0,006
6º Início da fase faríngea 0,0 (0,4) 0,1 (0,5)
0,001 0,980 <0,001 0,467 0,510 0,045
Escore de alteração oral 0,2 (1,1) -1,6 (1,0)
0,211 0,656 0,021
1,194 0,300 0,107
7º Elevação do palato mole 0,2 (0,1) 0,0 (0,0)
0,694 0,424 0,065
0,694 0,424 0,065
8º Elevação laríngea -0,2 (0,2) 0,1 (0,3)
0,410 0,537 0,039
0,665 0,434 0,062
9º Excursão anterior do hioide -0,1 (0,2) 0,4 (0,2)
0,706 0,420 0,066
0,609 0,453 0,057
10º Movimentação de epiglote 0,0 (0,1) 0,0 (0,0)
0,476 0,506 0,045
0,476 0,506 0,045
11º Fechamento do vestíbulo-laríngeo -0,2 (0,2) 0,0 (0,2)
0,042 0,842 0,004
0,069 0,798 0,007
12º Onda faríngea -0,3 (0,2) 0,1 (0,2)
0,008 0,932 0,001
0,921 0,360 0,084
13º Contração faríngea (visão anterior) -0,2 (0,2) 0,0 (0,0)
0,694 0,424 0,065
0,694 0,424 0,065
14º Abertura faringoesofágica -0,4 (0,2) -0,1 (0,2)
0,015 0,904 0,002
1,744 0,216 0,149
15º Retração de base da língua -0,3 (0,2) 0,1 (0,3)
0,115 0,741 0,011
2,259 0,164 0,184
16º Resíduo faríngeo -0,1 (0,2) 0,2 (0,2)
0,160 0,698 0,160
0,476 0,506 0,045
Escore de alteração faríngea -2,0 (0,9) 1,4 (1,1)
0,386 0,543 0,024
11,270 0,004* 0,413
17º Limpeza esofágica (visão anterior) -0,2 (0,2) 0,3 (0,3) ..... ..... ..... ..... ..... .....
Legenda: GI: Grupo Intervenção; GC: Grupo Controle; DP = Desvio Padrão; Δ = Escore pós - escore pré;. MBSImp = Modified Barium Swallow Impairment Profile Resultados obtidos através do General Linear Model (GLM) de medidas repetidas. Nível de significância estatística= 5%.
5.3. Análise na Qualidade de vida dos participantes: Questionário SWAL-QOL
A tabela 9 apresenta as médias dos escores do Questionário SWAL-QOL (Swallow
Quality-of-Life Questionnaire) na linha de base (fase pré). Houve diferença estatisticamente
significante entre os grupos nas médias dos escores totais do SWAL-QOL (p=0,021) e no
domínio Comunicação (p=0,018), na fase pré. Ou seja, os participantes do GC
apresentavam melhor qualidade de vida que os do GI, também no domínio Comunicação.
A tabela 10 mostra análise do efeito da intervenção na qualidade de vida relacionada
68
à deglutição dos participantes. Houve efeito em Tempo para o domínio Frequência de
sintomas (p=0,014), sugerindo que ambos os grupos melhoraram essa variável, houve
efeito independente da intervenção.
Tabela 9. Distribuição das médias de escore de SWAL-QOL e seus domínios, na fase pré.
SWAL-QOL GI (N=11) GC (N=8)
p valor Média (DP) Média (DP)
Escore Total 75,0 (9,7) 85,6 (7,5) 0,021*
Domínios
Fardo 87,5 (24,4) 90,6 (17,3) 0,968
Desejo de se alimentar 82,6 (14,6) 68,8 (39,6) 0,968
Duração da alimentação 65,9 (39,2) 71,4 (34,0) 1,000
Frequências de sintomas 79,7 (12,7) 87,5 (10,7) 0,178
Seleção de alimentos 97,7 (7,5) 82,2 (33,0) 0,545
Comunicação 51,1 (32,3) 84,4 (17,3) 0,018*
Medo de se alimentar 80,7 (15,2) 81,2 (23,4) 0,778
Saúde mental 93,6 (11,8) 95,6 (5,6) 1,000
Social 75,4 (30,5) 100,0 (0,0) 0,109
Sono 53,4 (26,9) 57,8 (14,8) 0,778
Fadiga 65,9 (27,7) 75,0 (17,8) 0,428
Legenda: GI: Grupo Intervenção; GC: Grupo Controle; DP = Desvio Padrão; SWAL-QOL: Swallow Quality-Of-Life. Variáveis comparadas através do teste t para amostras independentes ou Mann-Whitney. Adotado nível de significância estatística de 5%.
Foi encontrado efeito em Interação nos domínios Seleção de alimentos (p=0,037;
ηp²=0,231), Medo de se alimentar (p=0,024; ηp²=0,266) e Saúde mental (p=0,049;
ηp²=0,209). Houve redução das médias no GI nestes domínios, no Seleção de alimentos
(Δ=-6,8;dp=4,5), Medo de se alimentar (Δ=-2,8;dp=6,9) e Saúde mental (Δ=-1,3;dp=4,3).
69
Tabela 10: Efeito da intervenção fonoaudiológica na qualidade de vida dos participantes
SWAL-QOL GI (n=11) GC (n=8) Tempo Interação
Δ (DP) Δ (DP) F p valor ηp² F p valor ηp²
Escore total 1,2 (4,0)
0,0 (3,7) 0,243 0,629 0,017 0,243 0,629 0,017
Domínios
Fardo -4,5 (9,6)
7,8 (6,3) 0,052 0,822 0,003 2,101 0,165 0,110
Desejo alimentar 8,3 (6,7)
16,9 (16,0) 0,006 0,937 <0,001 0,255 0,620 0,015
Duração de se alimentar -4,5 (16,4)
-22,0 (19,7) 0,029 0,868 0,002 1,144 0,300 0,063
Frequências de sintomas 2,4 (5,0) 5,4 (4,5) 7,872 0,014* 0,360 0,657 0,431 0,045
Seleção de alimentos -6,8 (4,5) 16,2 (11,8) 0,127 0,726 0,007 5,111 0,037* 0,231
Comunicação 9,1 (14,9) 1,6 (8,9) 0,340 0,569 0,024 0,340 0,569 0,024
Medo de se alimentar -2,8 (6,9) 15,6 (8,6) 0,153 0,700 0,009 6,154 0,024* 0,266
Saúde mental -1,3 (4,3) 4,4 (2,0) 0,112 0,742 0,007 4,485 0,049* 0,209
Social 1,8 (12,6) 0,0 (0,0) 0,000 0,996 <0,001 0,001 0,975 <0,001
Sono 0,0 (11,8) 0,0 (8,1) 0,000 1,000 0,000 0,000 1,000 0,000
Fadiga 3,0 (10,9) 1,0 (9,5) 0,065 0,802 0,005 0,013 0,911 0,001
Legenda: GI: Grupo Intervenção; GC: Grupo Controle; DP = Desvio Padrão; Δ = Escore pós - escore pré. Resultados obtidos através do General Linear Model (GLM) de medidas repetidas. Adotado nível de significância estatística de 5% (p<0,05).
70
6 – DISCUSSÃO
Com a evolução da DP, os portadores podem apresentar aumento dos
comprometimentos motores. As alterações fisiopatológicas devem ser periodicamente
monitoradas(3) para os pacientes receberem a intervenção adequada, como realizado no
Programa de Atividade Física para Pacientes com doença de Parkinson (PROPARKI).
Os pacientes do PROPARKI são portadores de doença de Parkinson com estágio
de 1 a 3 (H&Y)(18). São avaliados no início e no final dos períodos das atividades do
programa, com intervalo de 9 meses. As avaliações têm o objetivo de, também, verificar se
a atividade proposta do programa resultou em melhora motora ou cognitiva ao participante.
No PROPARKI, um grupo com 28 participantes recebeu a proposta de participar da
intervenção fonoaudiológica para estimular a deglutição. Foram orientados sobre a
importância de avaliar a deglutição dos pacientes com DP, mesmo no caso de ausência de
queixa de deglutição. Sabe-se que essa ausência de queixa pode ser decorrente do fato de
a disfagia ser um sintoma incapacitante após 10 a 14 anos do início da doença de
Parkinson(23).
O grupo foi esclarecido que a intervenção com Deglutição com Esforço (DE) não
causaria prejuízos e traria benefícios por promover maior contração muscular nas
estruturas envolvidas na deglutição(4;11) e favoreceria a função da deglutição(14), como
prevenção a possíveis disfunções na deglutição pela DP(32), mesmo sem queixa de
deglutição.
A intervenção foi realizada com a DE por 3x/semana(14), como proposto pelo
PROPARKI, com total de 26 sessões. Houve treinamento muscular prévio(15) para favorecer
a realização da DE, como técnica reabilitadora por nove semanas(11).
71
As atividades foram planejadas conforme seus objetivos (Quadro 1). Nas três
primeiras semanas, houve o treinamento muscular para preparação da manutenção da
performance(15) nas realizações da DE como técnica reabilitadora.
Nas semanas subsequentes, foram realizadas as DEs repetidas por sete vezes, sem
interrupção, e a sequência foi realizada sete vezes com motivação para executar e repetir
a deglutição sempre com a mesma força. Deveriam seguir a instrução motivadora de
contrair com força a língua e os músculos da faringe durante a função(15).
As estratégias fonoaudiológicas podem propiciar benefícios nas funções de
deglutição(16) e promover eficácia, resultando numa deglutição segura nos pacientes com
DP(17-20).
Os participantes com DP poderiam apresentar alterações no mecanismo da
deglutição em diversas fases da deglutição(4;11;30), dependendo do comprometimento motor
do paciente(12;18;31;55).
O estudo mostrou pela análise descritiva que houve diminuição de penetração e
aspiração em ambas as avaliações instrumentais: na VED de 63,6% para 28,2%; na VFC
de 70% a 40% (Tabela 3). Essas mudanças, decorrentes da possível melhora na proteção
das vias aéreas inferiores, são resultado da modificação no mecanismo da deglutição pela
aproximação das estruturas da laringe(35;58), que são esperadas pela utilização da
Deglutição com esforço(13-15).
Os dados das avaliações de VED e VFC foram analisados separadamente, o estudo
não tinha como objetivo a comparação dos dados instrumentais. Não foram realizadas
metodologias apropriadas à comparação e as avaliações instrumentais aconteceram em
dias e cidades diferentes. Há alguns estudos de deglutição que realizam avaliações
instrumentais simultâneas com objetivo de complementar a análise dos eventos do
72
mecanismo da deglutição(35;41;42;54) e para verificar a sensibilidade e especificidade das
avaliações de VED e VFC(54), que não era o objetivo deste estudo.
Pela nasofibroscopia durante a avaliação da VED, é possível também avaliar a
sensibilidade das estruturas envolvidas na deglutição, por meio de estímulo mecânico nas
estruturas laríngeas(35;51;56). Esse dado não foi analisado neste estudo, por se tratar de uma
metodologia imprecisa.
Os parâmetros avaliados e a metodologia aplicada às avaliações instrumentais são
delineadores na definição das alterações no mecanismo e na biodinâmica de deglutição(65).
No estudo foram encontrados disparos de deglutição em valéculas, epiglote e seio
piriforme (Tabela 4). Os dados mostraram que o GI apresentou modificação da localização
de disparo da deglutição para região faríngea mais inferior, na fase pós (p=0,024). Esse
resultado mostra o inverso da hipótese levantada, pela intervenção com a DE. Era esperado
que o disparo da deglutição ocorresse em região faríngea mais superior, visto que a DE
propicia melhora na propulsão do bolo alimentar(13-15;21;66).
Apesar da controvérsia, o disparo da deglutição localizada em região faríngea mais
inferior também foi encontrado no estudo de Steele(46) com DE em relação às viscosidades.
A autor justificou que nos casos estudados houve insuficiente pressão da língua,
principalmente no dorso de língua, que pode ter contribuído ao escape de líquido de baixa
viscosidade para a faringe, sob sua própria inércia, ocorrendo disparo da deglutição em
região faríngea mais inferior. Mas neste estudo não houve diferença significativa da
localização do disparo em relação às consistências (Tabela 17– Anexo 9).
Pela análise descritiva de localização de estase de resíduo, 54,6% dos participantes
do GI e 25% do GC apresentaram estase em esfíncter esofágico superior (EES) na fase
pré (Tabela 4). Esse achado pode ser justificado pela dificuldade do relaxamento muscular
73
para abertura do EES encontrado na doença de Parkinson(31;32;55;63;65).
A presença de estase na região do EES também foi encontrada no estudo de Bigal
et al.(32), em que 12% dos 25 pacientes com DP apresentavam estase em EES, quando
avaliados pela VFC.
Segundo Park et al(44), a estase em EES pode ser decorrente da diminuição da
abertura do EES pela redução do movimento do osso hioideo, encontrada em pacientes
disfágicos. Essa alteração pode também provocar resíduo em seio piriforme, penetração e
aspiração de alimentos.
Quanto à estase em EES na fase pós, houve redução da presença nos grupos
(Tabela 4), contrariando o estudo de Hiss e Buckabee(41). Esses autores concluíram que a
DE provocou aumento da pressão faríngea e da duração do relaxamento do EES com
presença de estase em região de EES.
Futuras análises quantitativas com os dados do estudo poderão elucidar este evento
na deglutição, entre elas, a medida de duração do movimento do osso hioideo que poderá
contribuir com os efeitos quanto à localização das estases em EES e esclarecê-los.
Como o estudo de PARK et al(44), concluíram que a DE realizada durante a
Estimulação Elétrica Neuromuscular (EENM) em pacientes disfágicos após AVC, propiciou
aumento dos movimentos anterior e superior do osso hioideo e melhora da fase faríngea
da deglutição, podendo reduzir a estase.
Quanto à presença de estases em valéculas e seio piriforme, houve alta
porcentagem em ambos os grupos na fase pré, quando avaliadas pela VED; GI apresentou
de 90 a 100% de presença de estases (Tabela 5).
O resultado corrobora Bigal et al(32), em que 92% dos 25 pacientes com DP
apresentaram estases nas mesmas estruturas, quando avaliadas por VFC. Stokely et al(60)
74
encontraram presença de estases em valéculas e seios piriformes em adultos saudáveis,
que foram relacionadas ao grau da constrição faríngea.
Esses estudos(32;60) confirmam que as estases em valéculas e seio piriforme estão
relacionadas ao grau de constrição faríngea, também aos adultos sem alteração
neurológica(64). O plano terapêutico em pacientes com disfagia deve ser direcionado às
estratégias com objetivos de aumentar a constrição faríngea e, consequentemente, evitar
as estases alimentares.
Mootanah et al(69) concluíram que a VAST (video-assisted swallowing therapy)
realizada por seis sessões em pacientes com DP, favoreceu menor estase alimentar e
melhora na qualidade de vida.
Pela análise descritiva, pode ser observado que no GC a redução de estase em seio
piriforme foi de 25% , enquanto no GI, de 36,4%. Essa intervenção pode ser considerada
como efeito positivo da intervenção com DE nos participantes com DP. Pode-se dizer que
DE proporcionou aos participantes do GI aumento da constrição faríngea(21;43)que reduziu
a estase em seio piriforme nos pacientes com DP.
Molfenter et al(66) observaram aumento de estase em seio piriforme nos idosos
saudáveis que realizaram a DE com a consistência néctar. Esses dados inicialmente são
contrários aos resultados deste estudo, mas não devem ser comparados por apresentarem
metodologias diferentes. Os autores(66) desenvolveram pesquisa com idosos sem alteração
neurológica com DE, realizada somente em três porções durante a avaliação por VFC.
Enquanto, neste estudo, a DE foi realizada como técnica reabilitadora, repetidamente por
minutos e semanas.
Quanto à presença de estase em valécula, não houve diferença significativa (Tabela
5), apesar de a diminuição da estase ser esperada também pela intervenção com DE(14).
75
Lazarus et al(42) explicaram que o aumento do movimento posterior da base de língua
durante a DE propicia maior contração faríngea, evitando a estase em valéculas.
Os estudos mostram que a pressão da língua exercida durante a DE é maior do que
em outras manobras, como a Tongue-hold(42) e a manobra de Mendelsohn(43) em indivíduos
adultos.
A graduação das estases nas amostras da VED não foi analisada devido à
subjetividade das medidas - os avaliadores não apresentavam experiência na aplicação
das medidas qualitativas de estase(16) - e à casuística pequena do estudo que
impossibilitaria a análise estatística dos dados, não trazendo contribuições à pesquisa.
Quanto aos números de deglutições para limpeza do alimento avaliadas pela VED,
a quantidade de deglutições não sofreu efeito da intervenção (Tabela 6). Steele(49)
comentou que, apesar do conhecimento de realização de abordagens terapêuticas para
limpeza de resíduo, ainda não podiam definir uma estratégia isolada que conseguisse
realizar o processo de limpeza do resíduo faríngeo.
Neste estudo, houve análise dos dados das avaliações de VFC por meio do Modified
Barium Swallow Impairment (MBSImp), instrumento que identifica e quantifica
especificamente as deficiências da deglutição. O MBSImp foi selecionado por caracterizar
o mecanismo da deglutição(34) e determinar a funcionalidade da deglutição dos
participantes, quando avaliados pela VFC.
Inicialmente os componentes foram analisados em relação às médias na fase pré
(Tabela 7). Os participantes do GC apresentavam menor alteração faríngea do que o GI
(p=0,021). Essa diferença pode estar associada ao escore de UPDRS que caracterizou
também melhor desempenho motor no GC na fase inicial (Tabela 2), apesar de os grupos
apresentarem DP em sua maioria no Estágio 2 (H&Y).
76
As médias dos grupos na fase inicial representam mínima alteração na deglutição.
(Tabela 7). A alteração faríngea é esperada nos participantes com DP por serem
susceptíveis à limitação da excursão laríngea(11;39), lentidão dos movimentos pela
rigidez(6;27;29), com eventos de congelamento motor atingindo também a deglutição, o
“freezing of swallowing” (26).
No MBSImp, quanto maior a pontuação atribuída ao componente, maior é a alteração
do mecanismo da deglutição. As piores pontuações atribuídas aos participantes do estudo
estão enquadradas na alteração faríngea, referentes à retração de base da língua e
resíduos faríngeos, componentes 15 e 16, respectivamente (Tabela 7).
Essas alterações são compatíveis com os participantes com DP que podem
apresentar dificuldade na deglutição com aumento do trânsito orofaríngeo e presença de
resíduos na faringe(4;39;69).
Houve efeito da intervenção nas médias dos escores da alteração faríngea com
influência de Interação (p=0,004), ou seja, os participantes do GC apresentaram houve
piora da deglutição em nove semanas, enquanto os do GI melhoraram com a intervenção
com DE, no mesmo período (Tabela 8).
A intervenção com DE como técnica reabilitadora favoreceu a melhora nos ajustes
musculares da fase faríngea dos participantes do estudo. Mas não se definiu em quais
componentes da fase faríngea houve influência da intervenção.
Neste estudo houve efeito da intervenção somente na alteração faríngea, mas era
esperado que a intervenção associada a exercícios orofaciais realizada por seis semanas
(Quadro 1) propiciasse também diminuição na alteração oral. Os exercícios orofaciais(48;49)
poderiam ter favorecido o vedamento labial, movimentação da língua e diminuição do
resíduo oral que são parâmetros envolvidos nos componentes integrantes da alteração
77
oral do MBSImp.
Quanto à alteração esofágica (Tabela 7), não foi possível analisar o efeito devido à
ausência dos escores do componente. Não houve pontuação pela dificuldade de
visualização das estruturas nas amostras. Esse achado reflete a necessidade de se tomar
os devidos cuidados durante as avaliações por VFC na posição anterior (visão frontal).
Na posição anterior, durante a VFC, o paciente deve estar com a cabeça reta para
não ocorrer sobreposição das estruturas nas imagens radiológicas. Ele deve ser
posicionado em condições ideais para se registrar a imagem até o esvaziamento
esofágico(53).
Os dados de VFC foram baseados somente nas análises qualitativas, tendo como
base o MBSImp. Não houve análise quantitativa de características espaciais e temporais
(frame-by-frame), como descrito nos estudos atuais.
Uma análise quantitativa das amostras de VFC deste estudo, em relação aos
eventos na fase faríngea da deglutição, possibilitaria especificar em qual parâmetro da fase
faríngea houve melhora após a intervenção com DE.
As medidas de espaço possíveis para se definir a melhora na fase faríngea seriam:
medir o encurtamento faríngeo por meio da altura máxima da posição laríngea em relação
a C4(66); e medir a constrição farínge por meio da Área Máxima de Constrição Faríngea
(MPCAN)(60). As medidas de tempo seriam: o Tempo de Trânsito Faríngeo (TTF); a duração
da resposta faríngea, do fechamento laríngeo e do movimento do osso hioideo(66).
As análises quantitativas das amostras devem ser realizadas frame-by-frame,
recurso disponível atualmente(55). Desde 1997, Kahrillas et al(40) realizavam definições da
duração e distância do deslocamento das estruturas durante a deglutição.
78
Os parâmetros a serem analisados dependerão da qualidade das imagens/vídeos e
dos registros para se ter visibilidade das estruturas. Caso contrário, poderá acontecer como
no estudo de Molfenter et al(64): não conseguiram determinar o resultado da análise
quantitativa da constrição faríngea, devido à limitação da videofluoroscopia 2D.
As análises das avaliações de VED e VFC determinaram que houve redução da
estase em seio piriforme (VED) e diminuição da alteração faríngea (VFC). Esses resultados
mostram que a intervenção com DE, como técnica reabilitadora com treinamento prévio,
promoveu ajustes musculares na região faríngea, reduzindo as estases em seio piriforme
e a diminuição da alteração faríngea.
Esse efeito corrobora o estudo de Stokley et al(60), houve relação da constrição
faríngea com a presença de estase. Os autores concluíram que as intervenções
direcionadas para melhorar a constrição faríngea têm potencial para reduzir a estase de
alimento. Encontraram relação significativa do aumento da medida da área faríngea na
constrição máxima com as estases em valéculas e seio piriforme(60).
O Questionário SWAL-QOL é um instrumento de avaliação subjetiva e de
autopercepção dos participantes. Os dados referentes à qualidade de vida em relação à
deglutição, quando correlacionados aos achados clínicos da deglutição, podem propiciar
auxílio no monitoramento da reabilitação(71).
Pelas médias de escore do SWAL-QOL de 75,0 no GI e de 85,6 no GC, pode se
dizer que os participantes em ambos os grupos apresentavam boa qualidade de vida, desde
a fase inicial do estudo (Tabela 9).
As diferenças entre os grupos, nas médias dos escores totais e do domínio
Comunicação na fase pré (Tabela 9), não foram relevantes para o estudo do efeito da
intervenção com DE, apesar de o escore do domínio Comunicação ter sido o de menor
79
valor nesta fase no GI.
Não houve influência da intervenção no escore total do SWAL-QOL (Tabela 10),
apesar de alguns estudos apresentarem melhora com a intervenção em pacientes com
DP(12;67;69;72;75), em diferentes estratégias.
Ao pensar sobre a qualidade de vida dos pacientes com DP, deve ser considerado
o nível da ansiedade. A ansiedade em altos níveis nesses pacientes com DP está associada
à piora no distúrbio da deglutição(28).
Em relação aos domínios do SWAL-QOL, no domínio Frequências de sintomas,
houve influência de tempo (ηp²= 0,360; p=0,014) com efeitos positivos em ambos os grupos
(Tabela 10). Neste domínio, na Questão 3 do SWAL-QOL, foi avaliada a frequência de
problemas físicos que as pessoas podem apresentar, como: tosse, engasgos, presença de
saliva grossa, alimentos escorrem da boca, presença de pigarros, a sensação de alimento
parado na garganta e tossir para retirar o alimento (Anexo 7).
A redução da frequência de sintomas referidos pelos participantes do GI pode ser
explicada pela estimulação de ações musculares na intervenção. A DE como técnica
reabilitadora favoreceu o aumento da proteção de via aérea inferior(14;51),
consequentemente, propiciou a manutenção do aporte nutricional e melhora na qualidade
de vida em relação à deglutição nos participantes com DP(4;6).
Esse efeito pela intervenção corrobora o estudo de Argolo et al.(12), em que os
pacientes com DP foram submetidos a treinamento motor oral por cinco semanas,
realizavam uma vez por dia, cinco vezes na semana. Encontraram também redução
significativa no domínio Frequência dos sintomas após o treino de exercício motor oral.
Nos domínios Seleção de alimentos, Medo de se alimentar e Saúde mental do
SWAL-QOL, houve influência de interação com efeitos negativos no GI, e efeitos positivos
80
no GC (Tabela10). Esses resultados foram contrários aos esperados: os participantes de
GI apresentaram diminuição nos escores na fase pós, caracterizando piora na qualidade
de vida, enquanto os participantes do GC melhoraram a qualidade de vida relacionada à
deglutição nesses domínios.
A piora na qualidade de vida dos pacientes com DP deve ser considerada; e os
planejamentos de tratamento, conforme as suas evidências(73).
O domínio Seleção de alimentos, Questão 4 do SWAL-QOL, avaliou se as situações
de saber o que podem e o que não podem comer, e ser difícil ter de escolher alimentos que
gostem e possam comer, afetam a alimentação do participante (Anexo 7).
Quanto ao domínio Medo de se alimentar, na Questão 6 do SWAL-QOL, os
participantes foram questionados a respeito da periodicidade em que apresentaram medo
de engasgar, medo de ter pneumonia e medo por não saber quando iriam se engasgar. A
resposta “Sempre” tinha o menor valor da questão (Anexo 7).
As questões do domínio Saúde mental (Questão 7 do SWAL-QOL) avaliaram a
frequência com que os problemas de deglutição os deixaram deprimidos, aborrecidos,
frustrados e impacientes. O “Quase sempre” tinha o menor valor da questão (Anexo 7) .
O efeito negativo na qualidade de vida, em relação aos três domínios nos
participantes do GI, pode ser reflexo das informações e orientações que receberam durante
a intervenção. Por nove semanas, os participantes receberam esclarecimentos quanto ao
mecanismo de deglutição, informações sobre possíveis distúrbios de deglutição pela DP e
orientações de possíveis cuidados preventivos ao se alimentarem.
Esses conhecimentos podem ter repercutido em maior atenção à sua alimentação e
deglutição dos alimentos, elevando o grau de exigência e cuidado, o que resultou no
aumento da Frequência de sintomas, antes não percebidos.
81
Pode-se dizer que houve aumento do Medo de se alimentar, pelo conhecimento dos
riscos da alteração de deglutição na DP. E o Medo de se alimentar influenciou a Saúde
mental com aumento do aborrecimento e impaciência nas situações de se alimentar.
Assim, a intervenção com DE como técnica reabilitadora em pacientes sem queixa
de deglutição deve ser realizada?
Bigal et al(32) estudaram pacientes com queixa de deglutição, o inverso deste estudo.
Encontraram duas queixas de pacientes com DP relacionadas aos eventos achados pela
VFC: ter dificuldade de engolir alimentos sólidos, com a presença de alteração no
movimento do preparo do bolo alimentar; e a dificuldade de engolir qualquer consistência
alimentar, com alteração de movimentar a língua para o preparo e organização do bolo
alimentar.
Apesar da pequena amostra do grupo de intervenção, da seleção dos participantes
inseridos no programa específico para DP e de apresentarem escores caracterizando
disfunções leves, fica o questionamento se os pacientes com DP sem queixa de deglutição
devem ser submetidos à intervenção.
A piora na qualidade de vida na Saúde mental deve ser respeitada e criteriosamente
avaliada antes de iniciar a reabilitação, já que os pacientes com DP têm tendência a
apresentar quadro depressivo(8).
O estudo demonstrou que a intervenção com DE como técnica reabilitadora trouxe
efeitos a curto prazo (em nove semanas) na funcionalidade da deglutição dos participantes
do PROPARKI sem queixa de deglutição. Resultado esperado para os pacientes com DP
que podem se beneficiar de uma alimentação oral mais segura pela intervenção
fonoaudiológica(39).
82
Houve benefícios da intervenção na biomecânica da deglutição, foi observada
melhora na fase faríngea da deglutição e redução da alteração faríngea pelo MBSImP que
propiciou eficiência na musculatura faríngea reduzindo estase em seio piriforme.
O estudo mostrou que as avaliações instrumentais são complementares como
avaliações de parâmetros qualitativos na resposta dos efeitos da proposta da DE como
técnica reabilitadora. A VED caracterizou os efeitos pelos parâmetros de funcionalidade da
deglutição, o MBSImP foi um instrumento adequado para analisar a biomecânica da
deglutição. Os dados instrumentais do estudo ainda são passíveis de análises quantitativas
da deglutição para se definirem os efeitos da intervenção com a DE como técnica
reabilitadora nos pacientes com DP sem queixa de deglutição.
Estudar os parâmetros da deglutição, como efeito de uma intervenção em pacientes
com doença de Parkinson, propiciou benefícios recíprocos. Os participantes foram
favorecidos pela intervenção; e o pesquisador, pelos novos conhecimentos de reabilitação,
que deve ser objetivamente selecionada para promover saúde e qualidade de vida aos
pacientes.
A participação do Grupo Controle revelou a importância do conhecimento das
doenças de base no planejamento terapêutico, para favorecer o adequado direcionamento
e seleção de estratégias nas intervenções fonoaudiológicas.
83
7 – CONCLUSÃO
A intervenção com a Deglutição com Esforço como técnica reabilitadora em
participantes do PROPARKI, sem queixa de deglutição, não influenciou as classificações
da Videoendoscopia e Videofluoroscopia da deglutição.
Após a intervenção, a localização do disparo da deglutição deslocou-se para regiões
mais inferiores da faringe. Não houve efeito quanto à presença e localização de estase
faríngea, e nem no número de deglutições para limpeza do resíduo, quando avaliados pela
Videoendoscopia da deglutição.
A presença de penetração e aspiração não sofreu modificação com a intervenção,
em nenhuma das avaliações instrumentais da deglutição.
Houve efeito quanto ao componente de alteração faríngea: o grupo submetido à
intervenção (GI) apresentou redução de alteração faríngea, enquanto no Grupo Controle
houve aumento da alteração faríngea.
A maioria dos participantes apresentou boa qualidade de vida quando avaliados pelo
Questionário SWAL-QOL. Houve efeito positivo na qualidade de vida dos participantes
quanto ao domínio Frequência de sintomas e efeito negativo quanto aos domínios Seleção
de alimentos, Medo de se alimentar e Saúde mental.
84
8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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90
9 – ANEXOS
Anexo 1 – Aprovação do CEP
91
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Anexo 2 – Aprovação CEP (Emenda – Grupo Controle)
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Anexo 3 – Protocolo de Depressão em Geriatria (GDS-15 Portuguese) (Almeida & Almeida, 1999).
*1 De uma forma geral, está satisfeito (a) com a sua vida Sim ( ) Não ( )
2 Abandonou muitas das suas atividades e interesses? Sim ( ) Não ( )
3 Sente que sua vida está vazia? Sim ( ) Não ( )
4 Anda muitas vezes aborrecido(a)? Sim ( ) Não ( )
*5 Está bem-disposto a maior parte do tempo? Sim ( ) Não ( )
6 Anda com medo que lhe vá acontecer alguma coisa má? Sim ( ) Não ( )
*7 Sente-se feliz a maior parte do tempo? Sim ( ) Não ( )
8 Sente-se desamparado(a)? Sim ( ) Não ( )
9 Prefere ficar em casa, em vez de sair e fazer outras coisas? Sim ( ) Não ( )
10 Sente que tem mais problemas de memória do que as outras pessoas?
Sim ( ) Não ( )
*11 Sente que é maravilhoso estar vivo(a)? Sim ( ) Não ( )
12 Sente-se inútil nas condições atuais? Sim ( ) Não ( )
*13 Sente-se cheio de energia? Sim ( ) Não ( )
14 Sente que a sua situação é desesperada? Sim ( ) Não ( )
15 Acha que a maioria das pessoas está melhor que o (a) senhor (a)? Sim ( ) Não ( )
102
Anexo 4 – Protocolo da VED Protocolo para Avaliação Videoendoscópica da Deglutição (VED) – Doutorado de Lara J.G. Camargo
CONSISTÊNCIA Líquidos Engrossados Pastoso Sólido Líquido
Néctar Mel Pudim Bolacha Água
QUANTIDADE 5ml 5ml 10ml copo 5ml 5ml 10ml copo
Rasa Rasa Mín. ¼ 5ml 5ml 10ml copo
Antes da Deglutição (Secreção)
Escala de Penetração e Aspiração (Rosenbek, et al 1996)
(Nível 1 a 8)
Disparo da Deglutição (Localização)
Colapso da imagem (White Out) (Constrição faríngea)
Sim (S) Não (N)
Depois da Deglutição
Escala de Penetração e Aspiração (Rosenbek, et al 1996)
(Nível 1 a 8)
Reflexo de Tosse Ausente (A) Presente (P)
Na inspeção observada estase alimentar
(Nível 0 – 4)
B L
V
E
V L
S P D
S P E
P P
E E S
Uso de recurso terapêutico Sim (S) Não (N)
Estase alimentar
(Nível 0 – 4)
B L
V
E
V L
S P D
S P E
P P
E E S
Deglutições para limpeza (Nº)
Conclusão Amostra Nº :__________________________________________
Verso do Protocolo VED
Classificação da Avaliação Videoendoscópica VED (Macedo Filho et al., 2000)
Deglutição Normal (Grau 0)
Contenção oral normal, reflexos presentes, ausência de estase salivar, alimentar e aspiração, menos de três tentativas de propulsão para clareamento do bolo;
Disfagia Leve (Grau 1)
Estase pós-deglutição pequena, menos de três tentativas de propulsão para clareamento do bolo, ausência de regurgitação nasal e penetração laríngea;
Disfagia Moderada (Grau 2)
Estase salivar moderada, maior estase pós-deglutição, mais de três tentativas de propulsão do bolo, regurgitação nasal, redução da sensibilidade laríngea com penetração, porém sem aspiração laringo-traqueal;
Disfagia Severa (Grau 3)
Grande estase salivar, piora acentuada de resíduos pós-deglutição, propulsão débil ou ausente, regurgitação nasal, aspiração traqueal.
104
Anexo 5 – Protocolo VFC Protocolo de avaliação videofluoroscópica da deglutição (adaptado Martin-harris et al, 2008)
CONSISTÊNCIAS
Vista lateral Visão Anterior Mel
(colher) Pastoso (colher) Sólido
Néctar (gole) Néctar
(gole) COMPONENTES 2ª 1ª 2ª 1º 2ª
1) Vedamento labial
_
3) Preparo do bolo / mastigação _
4) Transporte do bolo/ movimentação da língua _
5) Resíduo oral _
6) Início de fase faríngea _
Alteração oral (score máximo): ______/ 26
7) Elevação do palato mole _
8) Elevação laríngea _
9) Excursão anterior do hióideo _
10) Movimentação de epiglote _
11) Fechamento do vestíbulo laríngeo – momento da deglutição _
12) Onda faríngea _
13) Contração Faríngea (visão anterior) _ _ _ _ _ _
14) Abertura segmento faringoesofágico _
15) Retração de base da língua _
16) Resíduo faríngeo _
Alteração faríngea (score máximo): _______/ 29
17) Limpeza esofágica em posição vertical (visão anterior) _ _ _ _ _ _
Alteração esofágica (score máximo): ______/ 4
Penetração (S/N) _
Aspiração (S/N) _
Conclusão (Escala de Gravidade – O’Neil, 1999): ___________________________
105
Verso do Protocolo VFC : Protocolo adaptado de Martin-Harris et al (2008) Componentes avaliados (graus): Componente 1 - Vedamento labial 0 = Ausência de escape labial 1 = Escape interlabial; sem progressão para a porção anterior dos lábios 2 = Escape através do espaço interlabial ou junção lateral; sem extensão além da borda vermelhada 3= Escape progredindo para o meio do queixo 4 = Escape além do meio do queixo Componente 2 - Controle da língua durante a manutenção do bolo em cavidade oral 0 = Bolo selado de forma coesa entre a língua e o palato 1 = Escape para as laterais da cavidade oral/assoalho da boca 2 = Escape posterior de menos da metade do bolo 3 = Escape posterior de mais da metade do bolo Componente 3 - Preparação do bolo/mastigação 0 = Mastigação e trituração oportuna e eficiente 1 = Mastigação / mastigação prolongada lenta com reunião completa 2 = Mastigação / trituração desorganizada, com pedaços sólidos de bolo não triturados 3 = Mastigação/trituração mínima, com a maioria do bolo não triturado Componente 4 - Transporte do bolo/movimentação de língua 0 = Movimento rápido da língua 1 = Retardo no início do movimento da língua 2 = Movimento lento da língua 3 = Movimento repetitivo/desorganizado da língua 4 = Movimento mínimo ou ausência de movimento da língua Componente 5 - Resíduo oral 0 = Ausência de resíduos 1 = Traço de resíduos sob as estruturas orais 2 = Coleção de resíduos sob as estruturas orais 3 = Maioria do bolo restante 4= Limpeza mínima ou ausência de limpeza Componente 6- Início de fase faríngea 0 = Cabeça do bolo no ângulo posterior do ramo mandibular (primeira excursão do hioide) 1 = Cabeça do bolo em valécula 2 = Cabeça do bolo na superfície laríngea da epiglote 3 = Cabeça do bolo em seios piriformes 4 = Início não visível em qualquer localização Alteração Oral (Componente 1 a 6) : escore máximo 26 Componente 7- Elevação do palato mole 0 = Ausência de bolo entre o palato mole e a parede faríngea 1 = Traço de ar ou contraste entre palato mole e parede faríngea 2 = Escape de bolo para nasofaringe 3 = Escape de bolo para a cavidade nasal 4 = Escape para a narina com/sem emissão Componente 8- Elevação laríngea 0 = Movimento superior completo da cartilagem tireoidiana com aproximação completa dos aritenoides ao pecíolo epiglótico 1 = Movimento parcial da cartilagem tireoidiana / aproximação parcial dos aritenoides ao pecíolo epiglótico 2 = Movimento mínimo de cartilagem tireoidiana com aproximação mínima de aritenoides ao pecíolo epiglótico 3 = Nenhum movimento superior da cartilagem tireoidiana
106
Componente 9- Excursão anterior do hioide 0 = Movimento anterior completo 1 = Movimento anterior parcial 2 = Nenhum movimento anterior Componente 10- Movimento da epiglote 0 = Completa inversão da epiglote 1 = Movimento horizontal, sem progressão 2 = Movimentação mínima ou sem movimento Componente 11 - Fechamento do vestíbulo laríngeo - momento da deglutição 0 = Completo; sem ar/contraste no vestíbulo laríngeo 1 = Incompleto; coluna estreita de ar/contraste no vestíbulo laríngeo 2 = Nenhum; ampla coluna de ar/contraste no vestíbulo laríngeo Componente 12- Onda faríngea 0 = Presente - completa 1 = Presente - diminuída 2 = Ausente Componente 13—Contração faríngea (APENAS VISÃO ANTERIOR) 0 = Completa 1 = Incompleta (pseudodiverticulo) 2 = Abaulamento unilateral 3 = Abaulamento bilateral Componente 14—Abertura do segmento faringoesofágico 0 = Distensão e duração completas; sem obstrução do fluxo 1 = Distensão/duração parciais; obstrução parcial do fluxo 2 = Distensão/duração mínimas; obstrução marcada do fluxo 3 = Nenhuma distensão, com obstrução total do fluxo Componente 15 — Retração da base da língua 0 = Nenhum contraste entre base da língua e parede posterior da faringe 1 = Traço de contraste entre base da língua e parede posterior da faringe 2 = Estreita coluna de contraste entre base da língua e parede posterior da faringe 3 = Ampla coluna de contraste entre base da língua e parede posterior da faringe 4 = Nenhum movimento posterior visível da base de língua Componente 16 — Resíduo faríngeo 0 = Limpeza completa da faringe 1 = Traço de resíduos dentro ou sobre as estruturas faríngeas 2 = Coleção de resíduos dentro ou sobre as estruturas faríngeas 3 = Maioria do contraste dentro ou sobre as estruturas farínge 4 = Limpeza mínima ou ausência de limpeza Alteração Faríngea (Componente 7 a 16) : escore máximo 29 Componente 17 – Limpeza esofágica em posição vertical (Visão Anterior) 0 = Limpeza esofágica completa 1 = Retenção esofágica 2 = Retenção esofágica com refluxo abaixo do esfíncter esofágico superior (EES) 3 = Retenção esofágica com refluxo através do EES 4 = Ausência ou mínima limpeza esofágica Alteração Esofágica (Componente 17) : escore máximo 04
107
Anexo 6 – Escala de O’Neil (1999)
Nível Via de alimentação Classificação Descrição
7 Dieta normal Normal em todas as situações.
Paciente não necessita de estratégias ou tempo extra
6 Dieta normal Deglutição funcional. 1. Pode ter discreto atraso oral ou faríngeo, estase ou vestígio cobrindo a epiglote, mas
espontaneamente o limpa. 2.Pode necessitar de tempo extra para as refeições, mas não há
penetração/aspiração em todas as consistências.
5 Dieta modificada e/ou independência
Disfagia discreta. 1. Pode necessitar de supervisão à distância, com restrição de uma consistência. 2.Pode demonstrar aspiração somente com líquido,
mas com forte reflexo de tosse. 3.Penetração acima das pregas vocais, com uma ou mais consistências ou 4.Sobre as pregas vocais,
com uma consistência, mas com clareamento espontâneo. 5.Redução da mastigação e/ou
estase oral que limpa espontaneamente.
4 Dieta modificada e/ou independência
Disfagia discreta/moderada
1.Necessita de total supervisão (estratégias), com restrição a duas ou mais consistências. 2.Pode ter estase moderada em faringe ou
cavidade oral, que demanda orientação para limpeza. 3.Aspiração com uma consistência,
com reflexo de tosse fraco ou ausente. 4.Penetração em pregas vocais, com tosse e
em duas consistências. 5.Penetração em pregas vocais em todas as consistências sem
tosse.
3 Dieta modificada e/ou independência
Disfagia moderada 1.Necessita de total supervisão (estratégias), com restrição a duas ou mais consistências. 2.Pode ter estase moderada em faringe e/ou
cavidade oral com clareamento sob orientação. 3.Penetração em pregas vocais
sem tosse com duas consistências, com reflexo de tosse fraco ou ausente. 4.Aspiração
com uma consistência sem tosse na penetração.
2 Dieta enteral Disfagia moderada/grave
1.Necessita de supervisão contínua (estratégias) com vida oral parcial (treino). 2.Pode ter estase grave na faringe, sendo incapaz de clarear ou necessitar de vários
comandos. 3.Estase grave ou perda prematura do bolo na fase oral, sendo incapaz de clarear ou necessitar de vários comandos. 4.Penetração em pregas vocais com uma ou mais consistências, sem tosse. 5.Aspiração
com duas ou mais consistências, sem reflexo de tosse ou tosse voluntária fraca.
1 Dieta enteral Disfagia grave 1.É incapaz de tolerar dieta VO com segurança. 2.Pode ter estase grave na faringe, estase ou perda prematura do bolo em fase oral, incapaz de clarear. 3.Aspiração silente com duas ou mais consistências e tosse voluntária não funcional. 4.Incapaz de conseguir executar a deglutição.
108
Anexo 7 – Questionário SWAL-QOL
Protocolo de Qualidade de Vida
Tradução e adaptação: Montoni, Bandeira, Angelis e Saldanha
Nome: _____________________________________________________ Data: _______________
Instruções para completar os Estudos da Qualidade de Vida em Disfagia (McHorney et al.,2002)
Esse questionário foi feito para saber como seu problema de deglutição tem afetado sua qualidade de vida no dia-a-dia.
Por favor, tenha atenção para ler e responder cada questão. Algumas questões podem parecer iguais às
outras, mas cada uma é diferente.
Exemplo de como as questões irão estar neste protocolo. 1. No último mês, quantas vezes você sentiu os sintomas abaixo:
Sempre
Muitas vezes
Algumas Um pouco
Nunca
Vezes
Sentiu-se fraco 1 2 3 4 5
Obrigada por fazer parte deste estudo!!!!
Nota Importante: Entendemos que pode ter vários problemas físicos. Algumas vezes é difícil separá-los das dificuldades, mas esperamos que você dê o seu melhor para se concentrar somente nas dificuldades de deglutição. Obrigada pelo seu esforço em completar este questionário.
SWAL QOL
1. Abaixo estão algumas questões gerais que podem ser mencionadas pelas pessoas com distúrbios de deglutição. No último mês, o quanto as questões a seguir têm sido verdadeiras para você? (circular um número em cada linha) Sempre Muitas Algumas Um pouco
Nunca
vezes
vezes
Lidar com o meu problema de 1
2
3
4
5
deglutição é muito difícil
Meu problema de deglutição é a maior perturbação de minha vida
1
2
3
4
5
109
2. Abaixo estão alguns aspectos da alimentação do dia-a-dia relatados pelos pacinetes com distúrbios de deglutição. No último mês, o quanto essas questões têm sido verdadeiras para você? (circular um número em cada linha)
Sempre
Muitas vezes
Algumas vezes
Um pouco
Nunca
Na maioria dos dias sinto que tanto faz se como ou não
1
2
3
4
5
Levo mais tempo para comer do que 1
2
3
4
5
outras pessoas.
Estou raramente com e. 1 2 3 4 5
Levo muito para comer minha 1
2
3
4
5
refeição.
Alimento-me sem sentir prazer. 1 2 3 4 5
3. Abaixo estão alguns problemas físicos que pessoas com distúrbios de deglutição podem apresentar. No último mês, qual a periodicidade que apresentou cada um desses problemas como resultado de seu problema de deglutição? (circular um número em cada linha)
Sempre
Frequente-
Algumas
Dificilmente
Nunca
mente
vezes
Tosse. 1 2 3 4 5
Engasgo quando me alimento 1 2 3 4 5
Engasgo com líquidos. 1 2 3 4 5
Apresento saliva grossa ou secreção 1
2
3
4
5
Vômito. 1 2 3 4 5
Enjôo. 1 2 3 4 5
Dificuldades na mastigação. 1 2 3 4 5
Excesso de saliva ou secreção. 1 2 3 4 5
Pigarros. 1 2 3 4 5
A comida pára na garganta. 1 2 3 4 5
A comida pára na boca. 1 2 3 4 5
Bebida ou comida escorrem da boca. 1 2 3 4 5
Bebida ou comida saem pelo nariz. 1 2 3 4 5
Tosse para retirar o líquido ou a comida para fora boca, quando estes
1
2
3
4
5
estão parados.
4. Responda algumas perguntas sobre como os problemas de deglutição têm afetado sua alimentação no último mês (circular um número em cada linha) Concordo
totalmente
Concordo Parcialmente
Não sei
Discordo parcialmente
Discordo totalmente
Saber o que posso e o que não
posso comer é um problema para 1 2 3 4 5
mim.
É difícil achar alimentos que posso e
gosto de comer 1 2 3 4 5
110
5. No último mês, qual a freqüência que as afirmativas abaixo sobre a comunicação aplicam-se a você devido ao seu problema de deglutição? (circular um número em cada linha)
Todas as vezes
Maior parte das vezes
Algumas vezes
Poucas vezes
Nenhuma vez
As pessoas têm dificuldade 1
2
3
4
5
em me entender.
Tem sido difícil me comunicar claramente.
1
2
3
4
5
6. Abaixo estão algumas preocupações que as pessoas com problema de deglutição às vezes mencionam. No último mês, qual a periodicidade que apresentou cada uma dessas preocupações? (circular um número em cada linha)
Sempre
Frequente-
Algumas
Dificilmente
Nunca
mente
vezes
Tenho medo de engasgar quando me 1
2
3
4
5
alimento.
Preocupo-me em ter pneumonia. 1
2
3
4
5
Tenho medo de me engasgar 1
2
3
4
5
com líquidos.
Saber quando me vou me engasgar é muito dificil.
1 2 3 4 5
7. No último mês, o quanto as afirmativas a seguir tem sido verdadeiras devido ao seu problema de deglutição? (circular um número em cada linha).
Quase sempre
Muitas vezes
Algumas
vezes
Um pouco
Nunca
Meu problema de deglutição me 1
2
3
4
5
deprime.
Ter que tomar muito cuidado quando 1
2
3
4
5
bebo ou como me aborrece.
Tenho estado desanimado com 1
2
3
4
5
meu problema de deglutição.
Meu problema de deglutição me 1
2
3
4
5
Frustra.
Fico impaciente em lidar com o meu 1
2
3
4
5
problema de deglutição.
111
8. Pense em sua vida social no último mês. Como poderia concordar ou discordar das afirmativas a seguir: (circular um
número em cada linha)
Concordo totalmente
Concordo Parcialmente
Não sei
Discordo parcialmente
Discordo totalmente
Deixo de sair para comer devido ao 1
2
3
4
5
meu problema de deglutição.
O meu problema de deglutição 1
2
3
4
5
torna difícil minha vida social.
O meu trabalho ou as minhas
atividades de lazer mudaram 1
2
3
4
5
pelo problema de deglutição
Programas sociais e férias
não me satisfazem devido ao 1
2
3
4
5
problema de deglutição
Meu papel com familia e amigos
tem mudado devido ao problema 1 2 3 4 5
de deglutição.
9. No último mês, quantas vezes você sentiu algum desses sintomas físicos? (circular um número em cada linha)
Sempre
Muitas Algumas Um
Nunca
vezes
Vezes
pouco
Sente-se fraco. 1 2 3 4 5
Tem problemas para dormir. 1 2 3 4 5
Sente-se cansado. 1 2 3 4 5
Dorme a noite toda. 1 2 3 4 5
Sente-se exausto. 1 2 3 4 5
10. Hoje, você recebe algum tipo de alimentação (comida ou líquido) por sonda? (1) Não (2) Sim
11. Circule a letra da opção abaixo que melhor descreve a consistência ou textura da comida que você vem se alimentando mais freqüente nesta última semana. (A) Circule esta se você está se alimentando com uma dieta normal, com uma variedade de alimentos, incluindo alimentos mais difíceis de mastigar como carne, cenoura, pão, salada e pipoca. (B) Circule esta se você está comendo alimentos macios, fáceis de mastigar como cozidos, frutas em conserva, legumes cozidos e sopas passadas. (C) Circule esta se você está comendo alimentos mais pastoso, passados no liquidificador ou processador (D) Circule esta se a maior parte de sua alimentação tem sido via sonda, porém algumas vezes toma sorvete, pudim, purê de maçã, ou outras comidas prazerosas. (E) Circule esta caso toda a sua alimentação seja pela sonda.
12. Circule a letra da opção abaixo que melhor descreve a consistência dos líquidos que tem ingerido na última semana. (A) Circule esta se você ingere líquidos como água, leite, chá, suco e café. (B) Circule esta se você ingere líquidos um pouco mais espessos, como suco de tomate ou iogurte. Esse tipo de líquido goteja lentamente da colher quando você a vira para baixo. (C) Circule esta se você ingere líquidos moderamente espessos, como vitamina grossa. Esse tipo de líquido é difícil de sugar pelo canudo ou goteja da colher lentamente, gota a gota, quando a colher é inclinada, como se fosse mel. (D) Circule esta se você ingere líquidos bem engrossados, como o pudim. Este tipo de alimento fica na colher quando ela é virada. (E) Circule esta se você não ingere líquidos pela boca.
112
13. Você diria que sua saúde é:
(1)Ruim (2)Satisfatória (3)Boa (4)Muito boa (5)Excelente Questões Gerais sobre você Quando é seu aniversário? _________/ ________/ ________ Qual é a sua idade? _______________ Seu sexo: (1) masculino (2) feminino Qual é a raça ou grupo étnico?
(1) Branca (2) Negra (3) Amarela (4) Ignorada
Qual a sua graduação? (0) Analfabeto (1) 1º grau completo (2) 1º grau incompleto
(3) 2º grau completo (4) 2º grau incompleto (5) 3º grau completo
Qual seu estado civil? (1) Nunca casou (2) Casado (3) Divorciado
(4) Separado (5) Viúvo
Alguém te ajudou a responder essas questões?
(1) Não, respondi sozinho.
(2) Sim, alguém me ajudou a responder
Como alguém te ajudou a responder essas questões?
(1) Leu as questões e/ou escreveu as respostas que você deu
(2) Respondeu as questões para você
(3) Foi ajudado de outra forma
__________/ ___________/ ___________
Comentários:
Você tem algum comentário sobre esse questionário? Agradecemos os comentários gerais ou sobre perguntas
específicas, especialmente se tiver alguma que não ficou clara ou confusa para você.
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
Obrigada por completar o estudo dos cuidados com a deglutição!
113
Anexo 8 – Tabelas 15 e 16: Caracterização da amostra (6 meses após a intervenção). Tabela 15 – Caracterização da amostra após 6 meses, pela distribuição das variáveis categóricas.
Variáveis categóricas GI (N=11) GC (N=8)
p valor N (%) N (%)
Estágio da DP (Hoehn & Yahr) 0,101
1.0 0 (0,0) 1 (12,5)
1.5 2 (18,2) 0 (0,0)
2.0 3 (27,3) 6 (75,0)
2.5 4 (36,4) 1 (12,5)
3.0 2 (27,3) 0 (0,0)
Legenda: GI: Grupo Intervenção; GC: Grupo Controle; DP: doença de Parkinson N = frequência absoluta e % = frequência relativa
Variáveis comparadas através do teste Exato de Fisher. Adotado nível de significância estatística de 5% (p<0,05)
Tabela 16: Caracterização da amostra após 6 meses, pela distribuição das variáveis contínuas.
Variáveis contínuas GI (N=11) GC (N=8)
p valor Média (DP) Média (DP)
Idade (anos) 72,3 (7,1) 67,7 (6,8) 0,750
UPDRS 51,64 (23,1) 31,63 (12,63) 0,107
AVD 81,82 (11,7) 92,50 (4,7) 0,025*
MEEM 24,55 (4,9) 29,0 (0,9) 0,004* Legenda: GI: Grupo Intervenção; GC: Grupo Controle; DP = Desvio Padrão; UPDRS: Unified Parkinson’s Disease Rating Scale; AVD: Atividades da vida diária; MEEM: Mini Exame do Estado Mental Variáveis comparadas através do teste U de Mann-Whitney. Nível de significância estatística = 5%
114
Anexo 9 – Tabelas 17 e 18: Análises dos dados de VED em relação às consistências Tabela 17: Variáveis analisadas da VED em consistências (fase pré e pós)
Variáveis categóricas
Pré
p valor
Pós
p valor
GI (n=11) GC (n=8) GI GC p valor valor
p valor
N (%) N (%) N (%) N (%) Tempo Interação
Néctar
Local de disparo 0,226 0,367 0,276 0,861 Não visualizado 1 (9,1) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (12,5) Base da língua 2 (18,2) 1 (12,5) 1 (9,1) 0 (0,0) Valéculas 2 (18,2) 5 (62,5) 4 (36,4) 1 (12,5) Epiglote 6 (54,6) 2 (25,0) 6 (54,6) 6 (75,0)
P/A presentes 3 (27,3) 2 (25,0) 1,000 1 (9,1) 1 (12,5) 1,000
Estase local 0,214 0,509 0,771 0,436 Sem estase 4 (36,4) 1 (12,5) 6 (54,5) 2 (25,0) Base da língua 4 (36,4) 1 (12,5) 0 (0,0) 0 (0,0) Valéculas 1 (9,1) 1 (12,5) 0 (0,0) 0 (0,0) Epiglote 2 (18,2) 1 (12,5) 2 (18,2) 3 (37,5) Vestíbulo laríngeo 0 (0,0) 3 (37,5) 3 (27,3) 3 (37,5) Seio piriforme 0 (0,0) 1 (12,5) 0 (0,0) 0 (0,0)
Estase valéculas (sim) 5 (45,5) 5 (62,5) 0,650 6 (75,0) 4 (36,4) 0,170
Estase seio piriforme (sim) 5 (45,5) 4 (50,0) 1,000 5 (45,5) 3 (37,5) 1,000
Mel
Local de disparo
0,789
0,614 0,739 0,423
Não visualizado 0 (0,0) 0 (0,0) 2 (20,0) 0 (0,0) Base da língua 4 (40,0) 2 (25,0) 2 (20,0) 2 (25,0) Valéculas 0 (0,0) 1 (12,5) 1 (10,0) 0 (0,0) Epiglote 6 (60,0) 5 (62,5) 5 (50,0) 6 (75,0)
Seio Piriforme 1 (9,1) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)
P/A presentes 4 (36,4) 1 (12,5) 0,338 1 (9,1) 1 (12,5) 1,000
Estase local 0,917 0,403 0,181 0,252 Sem estase 2 (18,2) 3 (37,5) 4 (36,4) 3 (37,5)
Base de língua 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 2 (25,0) Valéculas 3 (27,3) 1 (12,5) 1 (9,1) 1 (12,5) Epiglote 2 (18,2) 1 (12,5) 0 (0,0) 0 (0,0) Vestíbulo laríngeo 4 (36,4) 3 (37,5) 5 (45,5) 1 (12,5)
Seio Piriforme 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (9,1) 1 (12,5)
Estase valéculas (sim) 0 (0,0) 0 (0,0) ....... 5 (45,5) 5 (62,5) 0,650
Estase seio piriforme (sim) 4 (36,4) 3 (37,5) 1,000 7 (63,6) 3 (37,5) 0,370
Pastoso
Local de disparo
1,000
1,000 0,688 0,688
Não visualizado 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (9,1) 0 (0,0) Base da língua 3 (27,3) 3 (37,5) 1 (9,1) 1 (12,5) Valéculas 1 (9,1) 0 (0,0) 2 (18,2) 2 (25,0) Epiglote 7 (63,6) 5 (62,5) 7 (63,6) 5 (62,5) - - - - -
P/A presentes 2 (18,2) 1 (12,5) 1,000 0 (0,0) 0 (0,0) - - - - - - - - -
-
- - - - -
Estase local 0,600 0,055 0,964 0,029* Sem estase 2 (18,2) 2 (25,0) 6 (54,6) 0 (0,0) Base da língua 2 (18,2) 0 (0,0) 1 (9,1) 1 (12,5) Valéculas 1 (9,1) 2 (25,0) 0 (0,0) 0 (0,0) Epiglote 5 (45,5) 2 (25,0) 3 (27,3) 0 (0,0) Vestíbulo laríngeo 0 (0,0) 1 (12,5) 1 (9,1) 2 (25,0) Seio piriforme 1 (9,1) 1 (12,5) 0 (0,0) 5 (62,5)
Estase valéculas (sim) 5 (45,5) 5 (62,5) 0,650 4 (36,4) 8 (100,0) 0,013* 0,763 0,763
Estase seio piriforme (sim) 8 (72,7)
4 (50,0) 0,377 3 (27,3) 3 (37,5) 1,000 0,080 0,304
115
Continuação Tabela 17 GI GC p valor GI GC p valor
N (%) N (%) N (%) N (%)
Sólido
Local de disparo
0,620 0,054 Não visualizado 2 (18,2) 2 (25,0) 1 (9,1) 3 (37,5) Base da língua 2 (18,2) 0 (0,0) 5 (45,5) 0 (0,0) Valéculas 5 (55,6) 6 (75,0) 5 (45,5) 5 (62,5)
Seio Piriforme 2 (18,2) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)
P/A presentes 0 (0,0) 0 (0,0) ...... 1 (9,1) 0 (0,0) 1,000
Estase local 0,535 0,319 Sem estase 1 (9,1) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (12,5) Base da língua 1 (9,1) 1 (12,5) 0 (0,0) 2 (25,0) Valéculas 1 (9,1) 1 (12,5) 2 (18,2) 0 (0,0) Epiglote 0 (0,0) 2 (25,0) 1 (9,1) 0 (0,0) Vestíbulo laríngeo 2 (18,2) 2 (25,0) 0 (0,0) 0 (0,0) Seio piriforme 5 (45,5) 1 (12,5) 3 (27,3) 1 (12,5) Parede posterior 1 (9,1) 1 (12,5) 5 (45,5) 4 (50,0)
Estase valéculas (sim) 7 (63,6) 6 (75,0) 0,659 10 (90,9) 7 (87,5) 1,000
Estase seio piriforme (sim) 5 (45,5) 4 (50,0) 1,000 4 (36,4) 1 (12,5) 0,338
Líquido
Local de disparo
0,226 1,000 Não visualizado 1 (9,1) 0 (0,0) 1 (9,1) 0 (0,0) Base da língua 2 (18,2) 1 (12,5) 1 (9,1) 1 (12,5) Valéculas 2 (18,2) 5 (62,5) 2 (18,2) 2 (25,0) Epiglote 6 (54,5) 2 (25,0) 7 (63,6) 5 (62,5)
P/A presentes 3 (27,3) 2 (25,0) 1,000 1 (9,1) 0 (0,0) 1,000
Estase local 0,214 0,935 Sem estase 4 (36,4) 1 (12,5) 5 (45,5) 3 (37,5) Base da língua 4 (36,4) 1 (12,5) 1 (9,1) 0 (0,0) Valéculas 1 (9,1) 1 (12,5) 0 (0,0) 1 (12,5) Epiglote 2 (18,2) 1 (12,5) 4 (36,4) 3 (37,5) Vestíbulo laríngeo 0 (0,0) 3 (37,5) 1 (9,1) 1 (12,5) Seio piriforme 0 (0,0) 1 (12,5) 0 (0,0) 0 (0,0)
Estase valéculas (sim) 5 (45,5) 4 (50,0) 1,000 3 (27,3) 2 (25,0) 1,000
Estase seio piriforme (sim) 5 (45,5) 5 (62,5) 0,650 4 (36,4) 3 (37,5) 1,000
Legenda: GI: Grupo Intervenção; GC: Grupo Controle; DP: doença de Parkinson N = frequência absoluta e % = frequência relativa Variáveis comparadas através do teste Exato de Fisher. Nível de significância estatística = 5%
Tabela 18: Distribuição dos números de deglutições para limpeza, na fase pré
Consistências GI (N=11) GC (N=8)
p valor Média (DP) Média (DP)
Néctar 1,3 (2,2) 0,0 (0,0) 0,109
Mel 1,3 (1,0) 0,4 (0,7) 0,062
Pastoso 0,5 (0,8) 0,5 (0,7) 1,000
Sólido 1,5 (1,8) 1,9 (1,2) 0,663
Líquido 0,4 (0,7) 0,2 (0,7) 0,657
Dados agrupados (pior resposta) 2,6 (2,2) 2,0 (1,1) 0,904
Legenda: GI: Grupo Intervenção; GC: Grupo Controle Variáveis comparadas através do teste U de Mann-Whitney. Nível de significância estatística = 5%