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Deyse Morgana das Neves Correia
Luciélio Marinho da Costa
Maria do Socorro Xavier Batista
(Organizadores)
Anais III Encontro de Pesquisas e Práticas em
Educação do Campo da Paraíba
II Seminário de Pesquisas e Práticas do
Curso de Pedagogia - Educação do
Campo
Editora da UFPB
João Pessoa
2016
-
Reitora
Vice-
Reitor
UNIVERSIDADE
FEDERAL DA PARAÍBA
MARGARETH DE FÁTIMA FORMIGA MELO DINIZ
EDUARDO RAMALHO RABENHORST
Diretora
Supervisão de Editoração
Supervisão de Produção
EDITORA DA UFPB
IZABEL FRANÇA DE LIMA
ALMIR CORREIA DE VASCONCELLOS JÚNIOR
JOSÉ AUGUSTO DOS SANTOS FILHO
COMISSÃO CIENTÍFICA
Adriana Valeria Santos Diniz – UFPB; Alexandre Eduardo de Araújo – UFPB; Ana Cláudia da Silva Rodrigues – UFPB;
Ana Paula Romão de Souza Ferreira – UFPB; Antônio Alberto Pereira – UFPB; Breno Henrique de Sousa – UFPB;
Deyse Morgana das Neves Correia – IFPB; Edineide Jezine – UFPB; Eduardo Jorge Lopes da Silva – UFPB; Ivanalda
Dantas Nóbrega Di Lorenzo – UFCG; José Jonas Duarte Costa – UFPB; Kelli Faustino do Nascimento – UEPB;
Linconly Jesus Alencar Pereira – UFERSA; Luana Patrícia Costa Silva – UFPB; Luciano Batista Souza – FTL; Lucicléa
Teixeira Lins – UFPB; Luciélio Marinho da Costa – UFPB; Lucinete Gadelha da Costa – UEA; Maika Bueque Zampier
– UFPB; Marcos Barros de Medeiros – UFPB; Maria da Conceição Miranda Campêlo – UFCG; Maria Deborah Cabral
de Sousa – UFPB; Maria do Socorro Xavier Batista – UFPB; Mariano Castro Neto – UFPB; Nelsânia Batista da Silva –
UEPB; Nilvania dos Santos Silva – UFPB; Paulo Roberto Palhano Silva – UFPB; Raimundo Sidnei dos Santos Campos
– UEA; Rosa Maria de Jesus Brito – UFPI; Rosalinda Falcão Soares - SEC/SAPÉ; Severina Andrea Dantas de Farias –
UFPB; Verônica Pessoa da Silva – UEPB; Wiama de Jesus Freitas Lopes – UFCG
E56 Encontro de Pesquisas e Práticas em Educação do Campo da Paraíba (3: 2015: João
Pessoa-PB).
Anais do III Encontro de Pesquisas e Práticas em Educação do Campo da Paraíba; II
Seminário de Pesquisas e Práticas do Curso de Pedagogia - Educação do Campo, de
02 a 04 de dezembro de 2015/ Organizadores: Deyse Morgana das Neves Correia,
Luciélio Marinho da Costa, Maria do Socorro Xavier Batista. - João Pessoa: Editora
da UFPB, 2016.
788p.
ISBN: 978-85-237-1169-6
1. Educação. 2. Educação do campo - pesquisas e práticas. 3. Pedagogia -
pesquisas e práticas - educação do campo. I. Correia, Deyse Morgana das Neves. II.
Costa, Luciélio Marinho da. III. Batista, Maria do Socorro Xavier.
CDU: 37
Os artigos e suas revisões são de responsabilidade dos autores.
EDITORA DA UFPB
Cidade Universitária, Campus I - s/n João Pessoa - PB
CEP 58.051-970
editora.ufpb.br [email protected]
Fone: (83) 3216.7147
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
III Encontro de Pesquisas e Práticas em Educação do Campo da Paraíba
II Seminário de Pesquisas e Práticas do Curso de Pedagogia - Educação do Campo
COORDENAÇÃO GERAL
Prof.ª Dr.ª Deyse Morgana das Neves Correia - IFPB
Prof. Me. Luciélio Marinho da Costa - CE/UFPB
Prof.ª Dr.ª Maria do Socorro Xavier Batista - CE/UFPB
APRESENTAÇÃO
A Educação do Campo se origina das experiências dos povos do campo ao longo do
processo de lutas em resposta às desigualdades educacionais e da ausência de escolas de
qualidade que garantissem o direito desses povos à educação de qualidade e que contemplasse
suas culturas e modos de vida. Nos anos 1990, os diferentes movimentos sociais do campo e
aliados se articularam formando o Movimento por uma Educação do Campo que se configurou
enquanto projeto político e pedagógico de educação. Desde então, o movimento tem logrado
conquistas de políticas e de programas de Educação do Campo que vem sendo desenvolvidos,
envolvendo movimentos sociais e instituições como universidades, Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária - INCRA e Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,
Diversidade e Inclusão - SECADI.
Com a conquista de programas como o Programa Nacional de Educação na Reforma
Agrária - PRONERA e o Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação
do Campo - PROCAMPO, várias experiências de educação vêm ocorrendo em diferentes espaços
e por diferentes grupos, seja de movimentos sociais, organizações de camponeses, de estudantes
e de professores, possibilitando a realização de cursos voltados para os sujeitos do campo, a
efetivação de ações de extensão e de pesquisa em parcerias com os movimentos e organizações
do campo.
Essas ações têm motivado uma ampla produção acadêmica e a realização de eventos
acadêmicos e políticos que possibilitem a divulgação, a troca de experiências e o debate teórico e
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político, fazendo avançar as reflexões sobre as experiências, as conquistas e os desafios a
enfrentar para fazer prosseguir as conquistas, efetivar e melhorar a Educação do Campo.
Na Universidade Federal da Paraíba - UFPB, as ações de Educação do Campo ocorrem
desde 1999, quando foi efetivado, pelo Centro de Educação, o primeiro projeto de Alfabetização
do PRONERA em parceria com o INCRA e os movimentos sociais. Desde então, vários projetos,
envolvendo alfabetização de jovens e adultos, Ensino Médio, Superior e pós-graduação, vêm
sendo efetivados, gerando um acúmulo de reflexões que nos motivaram a realizar, no período de
01 a 03 de junho de 2011, o I Encontro de Pesquisas e Práticas em Educação do Campo da
Paraíba - I EPPEC, promovido pelo Observatório da Educação do Campo, pelo Centro de
Educação, pelo Curso de Pedagogia com área de aprofundamento em Educação do Campo e pelo
Programa de Pós-Graduação em Educação, o qual contou com o apoio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES e de instituições e movimentos que se
dedicam ao trabalho com a Educação do Campo na Paraíba, com o objetivo de reunir
pesquisadores, estudantes, militantes e educadores que desenvolvem suas atividades junto aos
sujeitos do campo num momento privilegiado para o intercâmbio, a socialização e a discussão
das experiências de pesquisas e práticas em Educação do Campo.
O evento reuniu cerca de 460 participantes de todo o Brasil e publicizou mais de 180
artigos e resumos que apresentaram e discutiram resultados de pesquisas e práticas realizadas
junto aos sujeitos do campo no país e especialmente na Paraíba, contribuindo assim para a
socialização da produção de conhecimentos a cerca da educação e do desenvolvimento do
campo.
Em 2012, realizamos na UFPB o I Seminário de Pesquisas e Práticas do Curso de
Pedagogia - Educação do Campo, promovido pela UFPB, Centro de Educação, Curso de
Pedagogia - Educação do Campo e Observatório da Educação do Campo, organizado por
professores e estudantes do referido Curso, tendo como objetivos: promover o debate em torno de
experiências de pesquisas e práticas em Educação do Campo; fortalecer a luta dos movimentos
sociais pelo direito dos povos do campo a uma educação de qualidade, que valorize suas culturas
e modos de vida, e; contribuir para o avanço das reflexões coletivas sobre a Educação do Campo
e seus desdobramentos nos mais variados âmbitos educacionais, desde a Educação Básica e a
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Educação de Jovens e Adultos, passando pelo Ensino Superior e indo até a discussão sobre as
políticas públicas e a formação dos professores.
No ano seguinte, realizamos a segunda edição do Encontro de Pesquisas e Práticas em
Educação do Campo da Paraíba, no período de 5 a 7 de junho de 2013, em João Pessoa, na
Universidade Federal da Paraíba, do qual participaram centenas de pesquisadores, estudantes e
militantes, reiterando mais um momento de debates e troca de saberes e experiências no âmbito
dos processos formais, informais e não formais de Educação do Campo. Com o intuito de
divulgar e aproximar as entidades e os sujeitos dessas experiências de pesquisas e práticas no país
e especialmente na Paraíba, o II EPPEC-PB se propôs a contribuir no avanço reflexivo da
Educação do Campo e de suas práticas, bem como a gerar subsídios para a elaboração, o
acompanhamento e a avaliação de políticas públicas.
Em 2015, chegamos ao III Encontro de Pesquisas e Práticas em Educação do Campo da
Paraíba realizado concomitante com o II Seminário de Pesquisas e Práticas do Curso de
Pedagogia – Educação do Campo, tendo como temática “Movimentos sociais e Educação do
Campo: avanços, enfrentamentos e perspectivas”. No período de 2 a 4 de dezembro de 2015, o III
EPPEC contou com mais de 300 participantes entre professores, estudantes e militantes de
movimentos sociais. As produções apresentadas na ocasião deste evento encontram-se publicadas
neste livro.
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PROMOÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA - EDUCAÇÃO DO CAMPO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
LINHA DE PESQUISA EDUCAÇÃO POPULAR
GRUPO DE PESQUISA EDUCAÇÃO POPULAR E MOVIMENTOS SOCIAIS DO
CAMPO
OBSERVATÓRIO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO
PROGRAMAÇÃO
02 DE DEZEMBRO DE 2015 - QUARTA-FEIRA
Manhã 09:00 às 12:00 - Credenciamento
Tarde 14:00 às 18:00 - Credenciamento
14:00 às 18:00 - Oficinas e Minicursos
17:00 às 18:00 - Mística
Noite 18:00 às 19:00 - Mesa de abertura
19:00 às 22:00 - Conferência de abertura
Tema: Movimentos Sociais e Educação do Campo: avanços, enfrentamentos e perspectivas
Conferencista: Profa. Dra. Sônia Meire Santos Azevedo de Jesus (UFS)
Coordenadora: Profa. Dra. Maria do Socorro Xavier Batista (UFPB)
03 DE DEZEMBRO DE 2015 - QUINTA-FEIRA
Manhã 09:00 às 12:00 - Grupos de trabalho
Tarde
14:00 às 17:00 - Mesa redonda
Tema: Educação do Campo, Políticas, Práticas e os Desafios da Formação de Educadores
Palestrantes: Prof. Dr. Salomão Antonio Mufarrej Hage (UFPA), Profa. Dra. Maria do Socorro
Silva (UFCG)
Coordenadora: Profa. Dra. Maria do Socorro Xavier Batista (UFPB)
Noite
19:00 às 21:00 - Oficinas e Minicursos
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19:00 às 22:00 - Mesa redonda
Tema: Os Movimentos Sociais: avanços, enfrentamentos e perspectivas para a reforma agrária e
para a Educação do Campo
Palestrantes: Gilmar Vicente Felipe (MST), Sanderline Ribeiro dos Santos (movimento indígena)
Coordenadora: Profa. Dra. Deyse Morgana das Neves Correia (IFPB)
04 DE DEZEMBRO DE 2015 - SEXTA-FEIRA
Manhã 07:00 às 09:00 - Visita à feira agroecológica da UFPB
09:00 às 12:00 - Grupos de Trabalho
Tarde 14:00 às 17:00 - Mesa redonda
Tema: Educação do Campo, Diversidades e Convivência com o Semiárido
Palestrantes: Profa. Dra. Ana Paula Romão de Souza Ferreira (UFPB), Profa. Dra. Fernanda de
Lourdes Almeida Leal (UFCG), Me. Adelaide Pereira da Silva (RESAB)
Coordenadora: Profa. Dra. Ivanalda Dantas Nóbrega Di Lorenzo (UFCG)
Noite 18:00 às 20:00 - Colóquio de Pesquisadores em Educação do Campo das universidades da
Paraíba
GRUPOS DE TRABALHO
GT 01 - Movimentos Sociais, Estado e Políticas Públicas de Educação do Campo
Ementa: protagonismo dos movimentos sociais nas experiências de Educação do Campo;
reflexões sobre as políticas públicas para o desenvolvimento do campo; políticas públicas de
Educação do Campo e sua contribuição para o debate no Estado e nos Movimentos Sociais;
relação entre Estado e Movimentos Sociais no fomento das políticas públicas de Educação do
Campo.
Pareceristas:
Prof. Me. Raimundo Sidnei dos Santos Campos - UEA
Profa. Me. Maika Bueque Zampier - UFPB
GT 02 - Educação Escolar do Campo
Ementa: aspectos sociopolíticos que influenciam a educação escolar do campo; políticas públicas
para as escolas do campo em todas as suas modalidades e níveis; currículo escolar no campo; os
sujeitos do campo e a organização do trabalho pedagógico nas escolas; condições de trabalho nas
escolas do campo; condições socioeconômicas dos estudantes das escolas do campo; participação
direta dos sujeitos do campo na organização do trabalho pedagógico nas escolas; os problemas
estruturais da educação escolar no campo; classes multisseriadas no campo; financiamento das
escolas do campo; a educação infantil e creches no campo; uso de tecnologias educacionais nas
escolas do campo; relações entre escola e secretarias municipais e estaduais; institucionalização
das escolas do campo.
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Pareceristas:
Prof. Dr. Antônio Alberto Pereira - UFPB
Profa. Dra. Ana Cláudia da Silva Rodrigues - UFPB
GT 03 - Educação do Campo no Ensino Superior
Ementa: políticas de acesso à educação superior para sujeitos do campo; fatores que interferem,
contribuem ou impedem a permanência dos estudantes nos contextos de formação; modalidades,
necessidades e dificuldades de financiamento; matrizes organizadoras das concepções de
currículo; processos inovadores de avaliação. Princípios orientadores da formação e práticas
docentes; consequências paradigmáticas na produção de conhecimento científico a partir do
diálogo com o campo e seus saberes; Ensino Superior e suas repercussões o desenvolvimento do
campo.
Pareceristas:
Profa. Dra. Ivanalda Dantas Nóbrega de Lorenzo - UFCG
Profa. Dra. Deyse Morgana das Neves Correia - IFPB
GT 04 - Educação do Campo, Desenvolvimento Sustentável, Agroecologia e Soberania
Alimentar
Ementa: interdependência entre os conceitos de Desenvolvimento Sustentável, Agroecologia,
Soberania Alimentar e Educação do Campo; formação e produção de conhecimento em
Agroecologia e Soberania Alimentar no âmbito da Educação do Campo técnico-profissional;
impactos causados pela “modernização da agricultura” e formas alternativas de (re)existência e
(re)produção camponesa; diálogo de saberes entre populações do campo e academia na produção
e desenvolvimento do conhecimento agroecológico visando a sustentabilidade; transformações
técnicas, ecológicas, econômicas, produtivas e socioculturais articuladas ao desenvolvimento
sustentável e educação do campo numa perspectiva camponesa.
Pareceristas:
Prof. Me. Breno Henrique de Sousa – UFPB
Prof. Dr. Marcos Barros de Medeiros - UFPB
Profa. Me. Luana Patrícia Costa Silva - UFPB
GT 05 - Memória, História e Pedagogia do Movimento Camponês
Ementa: papel dos movimentos sociais nos processos educativos da Educação do Campo em
espaços escolares e não escolares; protagonismo dos movimentos sociais para a construção da
Educação do Campo; trajetória do Movimento Por uma Educação do Campo.
Parecerista:
Profa. Dra. Lucicléa Teixeira Lins - UFPB
GT 06 - Educação do Campo e Formação de Professores
Ementa: processos formativos de educadores nos diferentes níveis e modalidades; formação,
saberes e trabalho docente na perspectiva da Educação do Campo; articulação teoria e prática na
formação docente; tempos e espaços de formação; formação para a educação não-escolar;
inserção sócio profissional do egresso; demandas de formação; impactos dos processos
formativos no âmbito do estudante, da família, da escola e da comunidade.
Pareceristas:
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Prof. Dr. Wiama de Jesus Freitas Lopes - UFCG
Profa. Dra. Maria da Conceição Miranda Campêlo - UFCG
GT 07 - Cultura, Diversidade, Identidade e Território da Educação do Campo
Ementa: o modo de vida no campo e a formação dos territórios como espaços indenitários, de
luta e de resistência; a Educação do Campo e suas articulações com práticas culturais, identidades
e territorialidades; as questões de orientação sexual, étnicas e raciais nos processos de Educação
do Campo; diversidade étnica, de gênero e cultura nos processos formativos; políticas públicas de
Educação do Campo e diversidade.
Pareceristas:
Prof. Dr. Paulo Roberto Palhano Silva - UFPB
Profa. Dra. Deyse Morgana das Neves Correia - IFPB
GT 08 - Educação do Campo e Educação Contextualizada
Ementa: contextualização e práticas educativas nas escolas do campo; educação contextualizada
no semiárido; processos pedagógicos, metodológicos, os conteúdos e a produção de materiais
didáticos na educação contextualizada; educação para a convivência com o semiárido.
Pareceristas:
Profa. Dra. Lucinete Gadelha da Costa - UEA
Profa. Dra. Deyse Morgana das Neves Correia - IFPB
GT 09 - Educação do Campo e Educação de Jovens e Adultos
Ementa: educação de jovens e adultos do campo; os movimentos sociais e a educação de jovens e
adultos para os sujeitos do campo; a educação de jovens e adultos em acampamentos e
assentamentos de reforma agrária; processos e metodologias para a educação de jovens e adultos
do/no campo; políticas de educação de jovens e adultos na Educação do Campo.
Paraceristas:
Profa. Dra. Verônica Pessoa da Silva - UEPB
Profa. Me. Rosalinda Falcão Soares - SEC/SAPÉ
GT 10 - Círculo de Cultura: experiências em Educação do Campo
Relatos de experiências e práticas em Educação do Campo.
Paracerista:
Profa. Dra. Kelli Faustino do Nascimento - UEPB
Profa. Me. Maria Deborah Cabral de Sousa - UFPB
Profa. Dra. Nelsânia Batista da Silva - UEPB
OFICINAS
1 - Contos, cantos e encantos: o ensino de etnociência através das mitologias dos Orixás
Prof. Me. Linconly Jesus Alencar Pereira - UFERSA
2 - Metodologia participativa no Ensino de História
Profa. Kamila Karine Wanderley - NEDET
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3 - A Literatura de Cordel como instrumento educativo no contexto da Educação do Campo
Profa. Me. Arilene Maria de Oliveira Chaves - SEC/JOÃO PESSOA
4- Educação Quilombola e territorialidades
Prof. Me. Linconly Jesus Alencar Pereira - UFERSA
5 - Capoeira Angola: na luta da libertação
Prof. André Sarmento
6 - Bem estar à flor da pele
Profa. Esp. Maria Veralúcia Dorico Melo - UFPB
MINICURSOS
1 - Olhar, ouvir e tocar o mundo: criatividade e aprendizagem na Educação Infantil no contexto
da Educação do Campo
Profa. Me. Fernanda Cabral Coelho - UFPB
Profa. Dra. Norma Maria de Lima - UFPB
2 - Gestão em Educação do Campo
Profa. Dra. Francisca Alexandre de Lima - UFPB
3 - Aproximações entre Educação do Campo e Educação Indígena: perspectivas de campo de
pesquisa
Profa. Me. Rosemary Marinho da Silva - UFPB
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SUMÁRIO
MOVIMENTOS QUE EDUCAM: DA EDUCAÇÃO DO CAMPO AO CAMPO DOS
MOVIMENTOS SOCIAIS
Francisco Antônio de Sousa, Lazaro Dornelles Ferreira de Medeiros, Luiz Gomes Da
Silva Filho
19
FORMAÇÃO CONTINUADA NA EDUCAÇÃO DO CAMPO: A EXPERIÊNCIA COM
O PROGRAMA ESCOLA DA TERRA EM MINAS GERAIS
Érica Fernanda Justino, Maria Isabel Antunes-Rocha
34
OS MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAMPO E A LUTA PELA TERRA NO BRASIL
Maria do Socorro Soares Bezerra, Orlandil de Lima Moreira
48
OS SEM TERRINHA DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM
TERRA (MST-PB): ENCONTROS E PRÁTICAS
Gabriel Taciano de Oliveira
63
IDENTIDADE DA TERRA, EDUCAÇÃO PARA LUTA: UM OLHAR A PARTIR DO
GURUGI- PB
Jadiele Cristina Berto da Silva, Maria de Fátima Ferreira Rodrigues
78
A PRÁTICA EDUCATIVA POPULAR NA EDUCAÇÃO DO E NO CAMPO:
DIÁLOGOS COM PAULO FREIRE
Conceição Cristina Pereira dos Santos, Maria do Socorro Xavier Batista
93
EDUCAÇÃO DO CAMPO NO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO: O LUGAR
DOS SUJEITOS “OUTROS”
Margareth Marly da Silva, Marciano Antônio da Silva, Jaqueline Barbosa da Silva
103
ESCOLAS DE ASSENTAMENTOS RURAIS E O MOMENTO ATUAL DA
EDUCAÇÃO DO CAMPO
Kamila Karine dos Santos Wanderley, Maria do Socorro Xavier Batista
112
OS DESAFIOS DA PERMANÊNCIA DOS ALUNOS NAS ESCOLAS DO CAMPO
Luma Silva Matos, Dyane Brito Reis
124
OS (IN) VISIVEIS DA TRANSAMAZÔNICA
Denise Targino da Silva
133
EDUCAÇÃO DO CAMPO E MOVIMENTOS SOCIAIS: POR UMA PROPOSTA
PEDAGÓGICA PARA A ESCOLA DO CAMPO
Ricardo Rodrigues Nascimento, Gisânia Carla de Lima
143
-
12
UMA PROPOSTA CIENTÍFICA PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA -
SEXUALIDADE
Ticiane da Rosa Osório, Eril Medeiros da Fonseca, Crisna Daniela Krause Bierhalz
153
O ENSINO DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONSIDERANDO AS
MÚLTIPLAS TESSITURAS NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO NAS
ESCOLAS DO CAMPO
Loossllen Queerolayn Goulart dos Santos, Ticiane da Rosa Osório, Crisna Daniela Krause
Bierhalz
161
O PAPEL DA GESTÃO NA ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA DE UMA UNIDADE
MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO EM SUMÉ-PB
Ana Cláudia Galdino Leite
173
A IMPORTÂNCIA DA COLEÇÃO GIRASSOL: SABERES E FAZERES DO CAMPO
NO ENSINO E APRENDIZAGEM DOS ALUNOS DO CAMPO
Daiane de França Feitosa, José Marciano Monteiro, Tercio Ramon Almeida Silva
188
DIREITO A EDUCAÇÃO DO CAMPO: UM OLHAR PARA OS TRABALHOS DA
ANPED E PARA O PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE
PERNAMBUCO (LEI Nº 15.533)
Julianne Luiza da Silva, Gleyssa Nayana Soares da Silva
196
DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA EDUCAÇÃO DO CAMPO EM SALAS
MULTISSERIADAS NO MUNICÍPIO DE ASSU/RN
Adriana Fernandes de Medeiros Costa, Sueli Nonato de Medeiros, Kize Arachelli de Lira
Silva
213
LITERATURA EM CENA: OS JOGOS TEATRAIS COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA
DO PIBID DIVERSIDADE
Patrícia de Farias Sousa, Anderson Batista de Sousa, José Jonnat Barboza Guimarães
228
HORTA ESCOLAR: UMA ALTERNATIVA DE SUSTENTABILIDADE
ECONÔMICA PARA A COMUNIDADE DE UMARI, MUNICÍPIO DE SERRA DE
SÃO BENTO/RN
Maria Edvânia Ferreira, Kize Arachelli de Lira Silva
237
MOVIMENTO SINDICAL, TRABALHO E AUTONOMIA: PROTAGONISMO
FEMININO NO SINDICATO DA PESCA DE UPANEMA - RN
Luiz Gomes da Silva Filho, Maria Jucineide Rocha, Ranielly Letícia da Silva
251
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13
MEMÓRIA, TRAJETÓRIA E FORMAÇÃO DOCENTE NA TRAMA DA
EDUCAÇÃO DO CAMPO
Adriana Fernandes de Medeiros Costa, Kize Arachelli de Lira Silva
261
MEMORIAL: UMA TRAJETÓRIA MARCADA POR LUTAS E CONQUISTAS
Maria Edvânia Ferreira
275
SABERES DOCENTES NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO DO CAMPO
Kize Arachelli de Lira Silva, Karina de Oliveira Lima, Elaíne Cristina dos Santos
284
RELATO DE EXPERIÊNCIA DA RELAÇÃO ENTRE QUEM ENSINA E QUEM
APRENDE FILOSOFIA NA ESCOLA DO CAMPO: UM OLHAR CRÍTICO SOBRE O
TEMPO-AULA E O LIVRO DIDÁTICO NA FORMAÇÃO DOCENTE
Ismael de Lima Oliveira, Sônia Maria Lira Ferreira
298
CONSTRUÇÃO DE COMPOSTEIRA COMO RECURSO DIDÁTICO PARA O
ENSINO DE CIÊNCIAS, EDUCAÇÃO AMBIENTAL E REAPROVEITAMENTO DE
RESÍDUOS
Charlene Sousa Silva, Isaias Pereira de Araújo, Fabiana Alves Siqueira
308
ATIVIDADES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS DESENVOLVIDAS ATRAVÉS DO
PIBID DIVERSIDADE NA ESCOLA AGROTÉCNICA DE SUMÉ/PB NO
SUBPROJETO - CIÊNCIAS DA NATUREZA E MATEMÁTICA
Talita Bezerra de Farias, Maria Tatiane Silva Bezerra, Débora Lafaerte Simões de Araújo
312
A IMPORTÂNCIA DAS EXCURSÕES COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA -
UMA EXPERIÊNCIA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Maria Janoelma França Gomes, Fábio Martinho da Silva, Nahum Isaque dos S.
Cavalcante
316
A IMPORTÂNCIA DO SUBPROJETO - CIÊNCIAS DA NATUREZA E
MATEMÁTICA DO PIBID DIVERSIDADE/UFCG PARA A FORMAÇÃO
DOCENTE E PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA: O CASO DA ESCOLA DO CAMPO
DO DISTRITO DO PIO X NO MUNICÍPIO DE SUMÉ - PB
Isaias Pereira de Araújo, Charlene Sousa Silva, Nahum Isaque dos S. Cavalcante
320
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E REUTILIZAÇÃO DE GARRAFAS PET
Joaquim José da Silva Gouveia, Valter Clemente de Sousa, Nalba Lúcia Gomes da Silva
325
COMUNIDADES QUILOMBOLAS BRASILEIRAS: REGULARIZAÇÃO
FUNDIÁRIA E POLÍTICAS PÚBLICAS
Heloísa Marinho, Rita de Cássia Cavalcante Porto
329
SISTEMA DE OPRESSÃO KYRIARCAL E A VIVÊNCIA GRUPAL NAS AULAS DE
FILOSOFIA EM SANTA RITA/PB
345
-
14
Rosemary Marinho da Silva
COMPREENDENDO A EDUCAÇÃO PARA A SEXUALIDADE EM ESCOLAS DO
CAMPO
Gabriel Taciano de Oliveira
359
EDUCAÇÃO DO CAMPO E HETEROGENEIDADE: VISÕES E REFLEXÕES DO
COTIDIANO NA AMAZÔNIA
Débora Mate Mendes, Marlo dos Reis, Francisco Malheiros
372
CONTANDO UMA HISTÓRIA REAL DA AGRICULTURA FAMILIAR
Adriana Fernandes de Medeiros Costa, Sueli Nonato de Medeiros, Kize Arachelli de Lira
Silva
380
O CURRÍCULO CONTEXTUALIZADO NA EDUCAÇÃO DO E NO CAMPO:
ALGUMAS REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DO MUNICÍPIO DE
UAUÁ-BA
Ana Célia Silva Menezes
386
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DO CAMPO: UM PENSAR EM
CONSTRUÇÃO
Cristina Suedy dos Santos Sousa
400
PONTA DO MEL: SABORES E DISSABORES DE UM SER-TÃO-MAR
Francisca Paula Victor Fernandes, Luiz Gomes da Silva Filho, Maria Auxiliadora
Rodrigues Câmara, Raimunda Janaina do Nascimento
416
PRÁTICAS EM AVICULTURA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA AO
APRENDIZADO E DE INSERÇÃO PRODUTIVA E SOCIAL PARA OS ALUNOS DA
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Raimunda Vanusa Carvalho Silva, Francisco das Chagas Silva, Kize Arachelli de Lira
Silva
426
NO CAMPO TAMBÉM SE APRENDE A LER E A ESCREVER: UM DIÁLOGO COM
AS PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO COM AS CRIANÇAS DO CAMPO
Lucielton Tavares de Almeida
439
A ESCOLA DO RIACHO: RELATOS DE UMA VIVÊNCIA NO ENSINO
FUNDAMENTAL I DO CAMPO
Lucielton Tavares de Almeida
449
A OLERICULTURA COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA NO PROGRAMA
PROJOVEM CAMPO SABERES DA TERRA EM CERRO CORÁ/RN
Eunice Maria dos Santos, Kize Arachelli de Lira Silva
462
A EFICIÊNCIA DA TÉCNICA TEATRAL NO ENSINO DE FILOSOFIA NO ENSINO
MÉDIO NA ESCOLA DO CAMPO JORNALISTA JOSÉ LEAL RAMOS: UMA
-
15
EXPERIÊNCIA DO PIBID DIVERSIDADE
Marília de Oliveira Araujo, Sônia Maria Lira Ferreira
477
APRECIAÇÃO E VALORIZAÇÃO DA CULTURA DAS LINGUAGENS
ARTÍSTICAS NA EDUCAÇÃO DO CAMPO
Larícia Pinheiro Silva Ramos, Rafael Barros de Sousa
489
MOVIMENTOS SOCIAIS, POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E
CURRÍCULO
Sílvia Karla Batista de Macena Martins dos Santos, Maria do Socorro Xavier Batista
495
A EDUCAÇÃO DO CAMPO NO AMAZONAS NA PERSPECTIVA DAS
ORGANIZAÇÕES SINDICAIS DE TRABALHADORES E TRABALHADORAS
RURAIS
Raimundo Sidnei dos Santos Campos
510
O ENSINO PRIMÁRIO PARAIBANO NO CAMPO E NA CIDADE (1951 a 1958)
Thais Gomes de Vasconcelos, Joice Lima Branco da Silva, Antônio Carlos Ferreira
Pinheiro
527
ENSAIO DE PRÁTICA DE PESQUISA NA EDUCAÇÃO DO CAMPO: UM OLHAR
SOBRE A ESCOLA QUE TEMOS E A QUE QUEREMOS
Adriana de Oliveira Monteiro, Lêda Maria Silva de Souza Neta, Sylvia Maione Santos de
Souza, Maria Deborah Cabral de Sousa
540
AS CIÊNCIAS NATURAIS E O ENSINO DA SUSTENTABILIDADE
Antônia Marinho dos Santos; Maria Francineide Henrique de Jesus; Maria Rosineide
Gomes, Daniela Faria Florêncio
549
O CAMPO DO LAZER NA EDUCAÇÃO DO CAMPO
Adriano Garcia dos Santos; Luciélio Marinho da Costa
559
TURMA MULTISSERIADA NA ESCOLA DO CAMPO: ESPAÇO PROPÍCIO PARA
O ENSINO APRENDIZAGEM RECORRENDO ÀS NOVAS TECNOLOGIAS
Francisco de Assis Marinho Morais, Linconly Jesus Alencar Pereira, Simone Cabral
Marinho dos Santos, Maria Alcinete Gomes de Menezes
570
CAMINHOS DO SEMI-ÁRIDO: DESAFIOS PARA LECIONAR EM TURMAS
MULTISSERIADAS
Ana Claudia de Andrade Costa, Inácia Maria Cardoso Sobrinha, Luiz Gomes da Silva
Filho
587
DESAFIOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS NA PESQUISA SOBRE A INFÂNCIA
CAMPONESA
Ana Clara da Silva Nascimento; Maria Marta Elias Teixeira; Maria do Socorro Xavier
596
-
16
Batista
FORMAÇÃO CONTINUADA DE EDUCADORES REPERCURTINDO NAS
PRÁTICAS EDUCATIVAS DE ESCOLAS DO CAMPO EM ALHANDRA
Ana Clara da Silva Nascimento, Luciélio Marinho da Costa, Maria do Socorro Xavier
Batista; Maria Marta Elias Teixeira
605
PRÁTICAS EDUCACIONAIS DO CAMPO: O CASO DA ESCOLA ARNALDO
BONIFÁCIO, LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE ODILÂNDIA EM SANTA
RITA/PB
Andrea Costa Campelo, Antônio Serafim da Silva Filho, Maria Marta Elias Teixeira,
Maria Deborah Cabral de Sousa
620
EDUCAÇÃO DO CAMPO E OS DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA CLASSES
MULTISSERIADAS: AS CONDIÇOES DO TRABALHO DOCENTE
Ana Claudia Pereira da Silva, Maycom Douglas F. Nascimento, Tiago Teixeira da Silva
631
PESQUISA NACIONAL SOBRE EDUCAÇÃO NA REFORMA AGRÁRIA: AÇÕES
NO ENSINO SUPERIOR NA PARAÍBA
Deyse Morgana das Neves Correia
647
A PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA NO CURSO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DO
PRONERA
Ivanalda Dantas Nóbrega Di Lorenzo
657
AGROECOLOGIA, COMERCIALIZAÇÃO NO ASSENTAMENTO NOVA
VIVÊNCIA SAPÉ-PB
Cosmo Galdino dos Santos, Dieneide de Lima Silva
676
EDUCAÇÃO DO E NO CAMPO: ASPECTOS HISTÓRICOS CONSTRUTIVOS
Ivanilson Batista da Silva, Maria da Luz dos Santos Lima
690
O PROCESSO DE LUTA EXPRESSO NAS PRODUÇÕES DO CONHECIMENTO
DOS QUILOMBOLAS EGRESSOS DO PRIMEIRO CURSO DE PEDAGOGIA DO
CAMPO/PRONERA/UFPB
Thatyanne Krause Lima Brito dos Santos
704
FORMAÇÃO CONTINUADA DE EDUCADORES DO CAMPO EM ENSINO DE
GEOGRAFIA NO MUNICÍPIO DE CAJAZEIRAS-PB: EXPERIÊNCIA DO
PROBEX/CFP/UFCG
Micaela da Silva Targino, Ivanalda Dantas Nóbrega Di Lorenzo
718
A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA COMO PRÁTICA DE PESQUISA NA
FORMAÇÃO DOCENTE
Elieide Lima, Ivanalda Dantas Nóbrega Di Lorenzo, Klynsmann Morais
727
-
17
A CULTURA POPULAR NORDESTINA NA CONTEMPORANEIDADE:
IDENTIDADE E DIVERSIDADE
Ana Claudia de Andrade Costa, Gerciane Maria da Costa Oliveira
734
AS MULHERES ARTESÃS DO AGRESTE PERNAMBUCANO: OS SABERES
VISIBILIZADOS NA ARTE FIGURATIVA DO ALTO DO MOURA - CARUARU/PE
Gleyssa Nayana Soares da Silva, Julianne Luiza da Silva, Jaqueline Barbosa da Silva
742
EDUCAÇÃO DO CAMPO: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS REALIZADAS NO
PROGRAMA PROJOVEM CAMPO SABERES DA TERRA
Priscila Kaline Lima do Nascimento Costa
752
A EDUCAÇÃO DO CAMPO, NOSSO FAZER MAIOR, DES (A) FIA A NOSSA
PRÁTICA DOCENTE
Ivanise Simplicio de Melo, Edineide Jezine Mesquita
754
A DESMISTIFICAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DE UM NOVO CONHECIMENTO A
PARTIR DA VIVÊNCIA NO CAMPO
Daniele do Nascimento Leandro
773
DESAFIOS DA EDUCAÇÃO ESCOLAR NO CAMPO-ALGUMAS REFLEXÕES A
PARTIR DO AGRESTE PERNAMBUCANO
Gina Caécia da Silva
775
A INSERÇÃO DOS JOGOS EDUCATIVOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
E LETRAMENTO EM UMA ESCOLA DO CAMPO
Jefferson Fagner de Moura, Maria Clara Gonçalves Maciel, Maria Joselma do
Nascimento Franco
777
RELATO DE EXPERIÊNCIAS: VIVÊNCIAS EM UMA ESCOLA DO CAMPO NO
BREJO PARAIBANO
Gabryelle Rahyara Miranda Castro da Cunha, Edja Suênia Targino da Costa
779
RELATO DE EXPERIÊNCIA DE DOCÊNCIA EM SALA MULTISSERIADA NA
ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL MARINO ELEOTERIO DO
NASCIMENTO
Juliana Ferreira da Silva, Arilene Maria de Oliveira Chaves
781
O ENSINO DE HISTÓRIA NAS SALAS MULTISSERIADAS NA EDUCAÇÃO DO
CAMPO
Daniela Sayuri Chiku, Ana Paula P. de Brito, Jaqueline Higino
783
-
18
A EDUCAÇÃO DO CAMPO DISCUTINDO O CONTROLE DA AGRICULTURA E
DA PRODUÇÃO DE ENERGIA: LIMITES DO PNPB NA PARAÍBA
Thiago Leite Brandão de Queiroz
785
PRÁTICAS DOCENTES NO PIBID - PEDAGOGIA NA ESCOLA DO CAMPO:
COMPARTILHANDO SABERES
Kelly Limeira da Silva, Cristiane Tôrres de Araújo, Maria Joselma do Nascimento Franco
789
-
19
MOVIMENTOS QUE EDUCAM: DA EDUCAÇÃO DO CAMPO AO CAMPO DOS
MOVIMENTOS SOCIAIS
Francisco Antonio de Sousa - UFERSA
Lazaro Dornelles Ferreira de Medeiros - UFERSA
Luiz Gomes da Silva Filho - UFERSA
Introdução
O presente artigo surgiu como uma atividade para ser desenvolvida no Tempo
Comunidade. No qual, o mesmo será um componente de finalização do semestre. Tendo como
disciplinas orientadoras Educação de Jovens e Adultos e Sociologia Rural, ambas do Curso de
Licenciatura Interdisciplinar em Educação do Campo da Universidade Federal Rural do
Semiárido - UFERSA.
Com este estudo podemos entender a estreita relação entre movimentos sociais e educação
do campo. Abordando que educação do campo se evidencia como uma proposta educacional
voltada para a necessidade da construção de uma consciência crítico-coletiva do indivíduo, e que
juntamente com os movimentos o sujeito tornar-se ativo na construção e transformação desta
realidade.
Assim o artigo que trata da temática “Movimentos que Educam: da educação do campo ao
campo dos movimentos sociais” tem como objetivo geral ressaltar aproximações entre educação
do campo, movimentos sociais e sindicalismo rural. E como objetivos específicos abordar a
educação do campo como um caminho cercado de lutas e conquistas, evidenciar os movimentos
sociais e educação do campo como caminhos que se cruzam e identificar o sindicalismo rural
como um aliado forte dos interesses dos povos do campo.
O mesmo está dividido nas seguintes partes: primeiro abordar um breve histórico da
educação do campo a seguir trata da estreita relação entre movimentos sociais e educação do
campo para depois expor sobre a importância que o sindicalismo rural tem para os povos do
campo.
A justificativa parte do pressuposto que a educação do campo, juntamente com os
movimentos sociais são fundamentais para que os sujeitos tomem consciência dos processos de
-
20
transformação que sua realidade enseja. Além disto, este estudo busca contribuir com a luta
histórica dos povos do campo, fortalecendo a contra hegemonia tão necessária na atualidade.
Educação do Campo: um caminho cercado de lutas e conquistas
Percebemos que durante décadas a educação básica destinada às classes populares do
campo, sempre esteve vinculada a um modelo “importado” da educação urbana. Sendo que esse
tratamento teve um fundo de descaso e subordinação dos valores presentes no meio rural e
marcava uma inferioridade quando comparado ao espaço urbano. Dessa forma o campo
encontrava-se estigmatizado na sociedade brasileira e os preconceitos, estereótipos e outras
conotações multiplicavam-se cotidianamente (LEITE, 1999).
Por outro lado, os movimentos sociais defendem uma nova visão para o campo, não sendo
mais apenas uma concentração espacial geográfica. Mais sendo o mesmo um cenário de lutas e
embates políticos. E tendo a sua valorização como o ponto de partida para uma série de reflexões
sociais. Nesse contexto, o homem e a mulher do campo, são entendidos como sujeitos
historicamente construídos a partir de determinadas sínteses sociais específicas e com dimensões
diferenciadas em relação aos grandes centros urbanos. Assumir essa premissa pressupõe
colaborar com a afirmação da inadequação e insuficiência da extensão da escola urbana para o
campo (MARTINS, 2009).
Arroyo & Fernandes (1999) na Articulação Nacional Por Uma Educação Básica do
Campo, enfatizaram que o termo “campo” é resultado de uma nomenclatura proclamada pelos
movimentos sociais e deve ser adotada pelas instâncias governamentais e suas políticas públicas
educacionais, mesmo quando ainda relutantemente pronunciada em alguns universos acadêmicos
de estudos rurais.
Historicamente percebemos que a criação do conceito de educação escolar no meio rural
esteve vinculada à educação “no” campo, descontextualizada, elitista e oferecida para uma
minoria da população brasileira. Porém, na atual conjuntura, a educação “do” campo, estreita
laços com inúmeros projetos democráticos que contribuem para o fortalecimento da Educação
Popular (ARROYO, FERNANDES; 1999; MOLINA, 2006).
-
21
Mesmo com a aprovação da Constituição de 1988 e do processo de redemocratização do
país, um grande debate é feito em torno dos direitos sociais da população campesina, ao mesmo
passo em que se consegue aprovar políticas de direitos educacionais bastante significativas,
consolidando o compromisso do Estado e da sociedade brasileira em promover a educação para
todos, respeitando suas singularidades culturais e regionais. Em sintonia com essas concepções
foram elaboradas e implementadas reformas educacionais que desencadearam alguns documentos
fundamentais, dentre eles: a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –LDBEN nº.
9394/96.
A partir da concepção de uma educação para todos e a implementação da nova LBDEN,
conquista-se o reconhecimento da diversidade e singularidade do campo, uma vez que vários
instrumentos legais estabelecem orientações para atender esta realidade de modo a “adequar” as
suas especificidades, como exemplificam os artigos 23, 26 e 28, que tratam tanto das questões de
organização escolar como de questões pedagógicas. A LDBEN nº. 9394/96 em seu artigo 28
estabelece as seguintes normas para a educação no meio rural.
Na oferta da educação básica para a população rural, os sistemas de ensino proverão as
adaptações necessárias à sua adequação, às peculiaridades da vida rural e de cada região,
especialmente:
Conteúdos curriculares e metodologia apropriada às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural;
Organização escolar própria, incluindo a adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas;
Adequação à natureza do trabalho na zona rural (BRASIL, 1996).
No artigo, podemos observar alguns avanços políticos, educacionais e culturais referentes
à educação no meio rural, com ênfase na necessidade do Estado em cumprir com alguns deveres,
dentre eles: educação básica para toda população; conteúdos curriculares e metodologias
integradas aos interesses e necessidades dos educandos, assim como, a autonomia dos espaços
educativos, que poderão organizar seu calendário de acordo com as atividades e trabalhos
desenvolvidos na comunidade (BRASIL, 1996).
Apesar desses avanços discutidos até aqui, um fato nos intriga: a referência que o artigo
28 da LDBEN 9394/96 faz a “adaptação” do sistema de ensino para a população rural. Com este
direcionamento podemos supor que a concepção predominante gira em torno de um modelo
-
22
escolar urbano. Por outro lado, fazendo uma autocrítica, em alguns espaços coletivos, ainda
sentimos falta da conscientização e participação da comunidade no âmbito escolar. Sendo assim,
é possível perceber que os currículos das escolas urbanas ainda servem de base e orientação para
adaptações dos conteúdos nas escolas no meio rural (SOUZA, REIS, 2009; BRASIL, 1996).
No final dos anos 90, presencia-se a criação de diversos espaços públicos de debate sobre
a educação do campo, como por exemplo: o I Encontro de Educadores e Educadoras da Reforma
Agrária - I ENERA, em 1997, organizado pelo MST e com o apoio da Universidade de Brasília –
UnB, entre outras entidades. Neste evento foi lançado um desafio: pensar a educação pública para
os povos do campo, levando em consideração o seu contexto em termos políticos, econômicos,
sociais e culturais. Sua maneira de conceber o tempo, o espaço, o meio ambiente e sua produção,
além da organização coletiva, as questões familiares, o trabalho, entre outros aspectos
(CALDART, 2002; MOLINA, 2006).
Segundo Caldart (2002) durante o I ENERA foram colocadas em pauta às reflexões e
práticas pedagógicas possíveis para o meio rural. Utilizava-se uma nova perspectiva de pensar a
Educação do Campo, descentralizando as discussões nos estados e municípios. Nesse encontro
surge a ideia de uma Conferência Nacional Por Uma Educação Básica do Campo.
Segundo a autora esse foi um grande avanço, pois, permitiu a participação popular na
construção de ideias e discussões que influenciariam as políticas públicas do país, Caldart (2002)
afirma que:
Toda vez que houve alguma sinalização de política educacional ou de projeto
pedagógico específico, isto foi feito para o meio rural e muito poucas vezes com os
sujeitos do campo. Além, de não reconhecer o povo do campo como sujeito da política e
da pedagogia, sucessivos governos tentaram sujeitá-lo a um tipo de educação
domesticadora e atrelada a modelos econômicos perversos (p.28).
Percebe-se outro avanço após I ENERA, em 1998, foi criada a Articulação Nacional Por
Uma Educação do Campo, sendo a mesma uma entidade que passou a promover e gerir as ações
conjuntas pela escolarização dos povos do campo em nível nacional. Dentre as conquistas
alcançadas por essa Articulação estão: a realização de duas Conferências Nacionais Por Uma
Educação Básica do Campo - em 1998 e 2004; a instituição pelo Conselho Nacional de Educação
- CNE; as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, em 2002 e a
-
23
instituição do Grupo Permanente de Trabalho de Educação do Campo (GPT), em 2003.
(CALDART, 2002)
Ainda, em 1998 foi realizada a I Conferência Nacional Por Uma Educação Básica do
Campo, uma parceria entre o MST, UnB, Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF,
Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura - UNESCO e Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB. Esta Conferência é considerada um marco para o
reconhecimento do campo enquanto espaço de vida e de sujeitos que reivindicam sua autonomia
e emancipação. Nela foram debatidas as condições de escolarização face aos problemas de
acesso, manutenção e promoção dos alunos; a qualidade do ensino; as condições de trabalho e a
formação do corpo docente, além dos modelos pedagógicos de resistência que se destacam
enquanto experiências inovadoras no meio rural. A socialização desses modelos sinalizava a
construção de uma proposta de educação do campo e não mais educação rural ou educação para o
meio rural (CALDART, 2002; MOLINA, 2006).
Outro aspecto relevante se dá em 16 de abril de 1998, por meio da Portaria nº. 10/98. Foi
criado o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - PRONERA, vinculado ao
gabinete do Ministério Extraordinário da Política Fundiária. Em 2001, o Programa passa a fazer
parte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA , no Ministério do
Desenvolvimento Agrário - MDA. Considerando a diversidade de atores sociais envolvidos no
processo de luta pela terra no país, o PRONERA é uma expressão do compromisso firmado entre
o Governo Federal, as instituições de ensino, os movimentos sociais, os sindicatos de
trabalhadores e trabalhadoras rurais, governos estaduais e municipais (BRASIL, 2004).
O PRONERA surgiu a partir de um debate coletivo efetuado no I ENERA. Esse debate
contou com a parceria do grupo de trabalho de apoio a Reforma Agrária da Universidade de
Brasília, o MST e organizações nacionais e internacionais, tais como: CNBB, UNESCO E
UNICEF. Após um período de reuniões e discussões sobre a temática em pauta no ENERA e, em
função de um alto índice de analfabetismo e baixos níveis de escolarização entre os beneficiários
do Programa de Reforma Agrária, decidiu-se dar prioridade à questão da alfabetização de jovens
e adultos, sem deixar de contemplar as demais alternativas para a educação do campo (BRASIL,
2004).
-
24
Segundo Silva (2010), o PRONERA é fruto da incansável luta dos movimentos sociais do
campo que desponta no país com a missão de ampliar os níveis de escolarização formal dos
trabalhadores rurais assentados; fortalecer o mundo rural como território da vida coletiva e suas
dimensões econômicas, sociais, ambientais, culturais e éticas, além de executar políticas de
educação em todos os níveis da Reforma Agrária.
Já em 2002 foi aprovada a Resolução CNE/CEB nº. 01 de 03 de abril que instituiu as
Diretrizes Operacionais da Educação do Campo, consolidando um importante marco para a
história da educação brasileira e, em especial, para a educação do campo. Todavia, a lentidão fez
com que as políticas de direito não alcançassem proporções significativas e se efetivassem
concretamente nas escolas do campo de toda a sociedade brasileira (CALDART, 2002).
Em 2004 foi criada a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade -
SECAD no âmbito do Ministério da Educação (Hoje Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão Social - SECADI.) Nessa secretaria foi criada a
Coordenação Geral da Educação do Campo. Este fato significou a inclusão na estrutura federal de
uma instância responsável, especificamente, pelo atendimento das demandas do campo, a partir
do reconhecimento de suas necessidades e singularidades. Sendo assim, podemos sinalizar com
algumas iniciativas no âmbito do governo federal quanto à representação das identidades da
escola do campo. Essa representatividade se dá através de programas, projetos e ações de
atendimento escolar idealizado pela SECADI.
Diante dos avanços históricos da educação do campo, Caldart (2004) chama a atenção
para os desafios que perpassam as políticas de financiamento, a formação de educadores e a
produção de materiais didáticos. Essas questões são extremamente necessárias no processo de
construção da educação do campo. Nesse sentido, a autora salienta que:
Não se trata de “inventar” um ideário para a Educação do Campo; isso não repercutiria
na realidade concreta. O grande desafio é abstrair das experiências e dos debates, um
conjunto de ideias que possam orientar o pensar sobre a prática de educação da classe
trabalhadora do campo; e, sobretudo, que possam orientar e projetar outras práticas e
políticas de educação (2004, p. 16).
Dessa forma, o Ministério da Educação - MEC propôs a construção de uma política
nacional de educação do campo, a partir do diálogo com as demais esferas da gestão do Estado e
com os movimentos e organizações sociais do campo brasileiro. Os eixos orientadores dessa
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25
política em construção seriam: a diversidade étnico-cultural como valor; o reconhecimento do
direito à diferença e a promoção da cidadania (BRASIL, 2004), merecendo destaque: A
construção de uma base epistemológica que busque a superação da dicotomia campo-cidade.
Essas ações implicariam no fortalecimento e apoio à pesquisa de base que tenham como temática
as questões que envolvem o campo, como por exemplo: educação, segurança alimentar,
desenvolvimento sustentável, agroecologia, entre outros.
Portanto, a luta por uma educação do campo deve ir além do que prescreve a Constituição
de 1988, a LDBEN nº. 9394/96 e as diretrizes operacionais, devendo se constituir
fundamentalmente pelos atores que nela estão envolvidos através de suas práticas educativas
cotidianas, suas experiências e reais necessidades. Faz-se necessário materializar políticas e ações
para a educação do campo que sejam realmente concretizadas nas inúmeras localidades desse
território nacional. Esse debate deve combater com urgência o individualismo, o voluntarismo e
as atitudes que geram apenas um amontoado de palavras “boas e bonitas” ou mesmo discursos e
oratórias distantes das diversas realidades campesinas desse nosso Brasil (SOUZA, REIS, 2009;
BRASIL, 1996; MOLINA 2006).
Movimentos sociais e Educação do Campo: caminhos que se cruzam
Segundo Gohn (2001), ao falarmos sobre movimentos sociais do campo estamos nos
referindo especificamente aos movimentos de trabalhadores e trabalhadoras rurais, ou seja, de
pequenos agricultores, de sem terras, de atingidos por barragens, de mulheres camponesas,
indígenas, quilombolas, etc. Também consideramos que estes movimentos só podem ser
compreendidos, ainda que se leve em conta suas particularidades, no âmbito da luta de classes na
sociedade (LEHER, 2007).
A educação é vista nesses movimentos como necessária para produzir e socializar ideias
que orientem e possibilitem a ação política para promover a ruptura com a ordem social
dominante, ou ainda, como ferramenta necessária para a construção do contra hegemonia.
Todavia, adverte Leher (2007, p. 20), “sua força ou fraqueza tem relação direta com a
correlação de forças e com o estado de auto-organização das forças populares”.
-
26
É a partir dessas considerações iniciais que podemos entender a estreita relação entre
movimentos sociais e educação do campo.
A educação do campo nasce ligada aos movimentos sociais e, poder-se-ia dizer, que vai se
constituindo como uma reivindicação no próprio processo educativo vivido por seus sujeitos. Ou
seja, a experiência nos movimentos sociais leva seus sujeitos a entenderem a necessidade de que
a luta para permanecer na terra, pela reforma agrária, por um outro projeto de desenvolvimento
do campo, exige também a necessidade de luta especialmente pela educação escolar. Esta é
entendida como um direito que tem sido negado, historicamente, aos sujeitos do campo e como
espaço fundamental para ir construindo uma nova hegemonia que se contraponha aos interesses
das classes dominantes (CALDART, 2005).
Uma conquista do conjunto das organizações do campo, no âmbito das políticas públicas,
foi a aprovação das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo
(Parecer nº. 36/2001 e Resolução nº. 1/2002 do Conselho Nacional de Educação). As diretrizes
definem a identidade da escola do campo
(...) pela sua vinculação às questões inerentes à sua realidade, ancorando-se na
temporalidade e saberes próprios dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza
futuros, na rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos movimentos
sociais em defesa de projetos que associem as soluções exigidas por essas questões à
qualidade social da vida coletiva no País (BRASIL, 2002, p. 37).
Dessa forma, percebe-se que a partir dessa conquista a educação do campo ganha um
novo sentido, principalmente quando a mesma está associada aos movimentos sociais, no qual
defende essa educação que articula a criação de condições materiais para a vida no campo. Além
disso, os movimentos sociais, especialmente o Movimento dos Trabalhadores e trabalhadoras
Rurais Sem-Terra, têm um projeto educacional que está associado a um projeto político de
transformação social (MÉSZÁROS, 2005).
Diante dessas conquistas educação do campo evidencia-se como uma proposta
educacional voltada para a necessidade de construção de uma consciência crítica do indivíduo em
relação à realidade em que está envolvido no sentido de torná-lo um sujeito ativo na construção e
transformação desta realidade e na intenção, não de inseri-lo no mundo, uma vez que dele nunca
deixou de fazer parte, mas, de fazer-se reconhecer a ele mesmo, aos outros e ao mundo enquanto
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27
homem e enquanto cidadão, como parte integrante deste, e indispensável na dinâmica das
relações sócio, político-culturais existentes nele (FREIRE, 1979).
Assim a Educação do Campo, diferente do modelo neoliberal de educação, contribui com
a construção de uma memória coletiva, do resgate da identidade do homem do campo por meio
da educação junto aos movimentos sociais e com a participação das crianças, jovens, adultos,
idosos e mulheres, criando o sentimento de pertença ao grupo social ao qual a educação do/no
campo está inserida, seja nas escolas dos assentamentos, acampamentos ou nas escolas em
distritos ou comunidades quilombolas.
A educadora Comilo (2008) traz uma contribuição interessante sobre o resgate da
memória coletiva e o resgate da cultura camponesa, no sentido de entendermos as dificuldades na
construção da identidade do homem do campo. Afirma que,
[...] Muitas vezes o camponês recusa-se a assumir sua identidade, pois, ao longo de sua
história, foi considerado como “rude” e inferior. O próprio campo é visto como um
espaço inferior à cidade. A consciência de classe passa pela consciência de identidade,
que, no caso aqui discutido, é a da cultura camponesa [...] (p. 21).
O educando oriundo do campo quando vem para o meio urbano se depara com a outra
tradição “bancária”, sendo o mesmo uma espécie de arquivador de informações. Dessa forma, o
mesmo vai arquivar informações que não vão valorizar suas tradições e conhecimentos já
adquiridos. Percebe-se que essa realidade é diferente nas escolas do campo, principalmente
àquelas vinculadas ao MST, que adotam a Pedagogia do Movimento como referência à superação
da prática pedagógica verticalizada, negadora da prática educativa dialógica: “Educa-se para
arquivar o que se deposita” (FREIRE, 1979); “arquivados, porque, fora da busca, fora da práxis,
os homens não podem ser” (Idem, 1987). Neste sentido, a proximidade com as questões de
natureza teórico-prática presentes na ação pedagógica vem se tornando uma possibilidade de
compreensão de um espaço de “recriação” e “reelaboração” como prática, a partir da totalidade
educativa.
Compreendemos enfim que para resgatar e construir a identidade do homem e da mulher
do campo é necessário que haja mudanças culturais e comportamentais. A educação do/no campo
e os movimentos sociais se cruzam enquanto fundamentos históricos para recriar reelaborar o
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28
conceito de camponês, utilizando o “campo” como símbolo significativo, referindo-se assim, ao
conjunto de trabalhadores que habita no campo (FERREIRA; BRANDÃO, 2011).
Sindicalismo rural: um aliado forte dos interesses dos povos do campo
É importante trazermos a título de conhecimento o conceito de sindicato. Segundo Gomes
(1998):
Sindicato é o agrupamento estável de várias pessoas de uma profissão, que
convencionam colocar, por meio de uma organização interna, suas atividades e parte de
seus recursos em comum, para assegurar a defesa e a representação da respectiva
profissão, com vistas a melhorar suas condições de vida e trabalho (p. 547).
As primeiras formas de organização de trabalhadores e trabalhadoras rurais no Brasil,
segundo Antunes (1980, p. 48) surgiram em 1858, no qual os mesmos se uniram para auxiliar
outros que estavam passando por dificuldades. Sendo chamados de sociedades de socorro. Foram
dessas associações que surgiram as uniões operárias.
Com a chegada da indústria, esses movimentos cresceram e se tornaram insuficientes para
atender a demanda dos operários. Devido à necessidade de atender melhor o trabalhador foi
preciso organizar por ramo de atividade, assim facilitaria as ações desses movimentos
(ANTUNES, 1980).
Em 1955, a União dos Trabalhadores e Trabalhadoras Agrícolas no Brasil - ULTAB, e as
ligas camponesas participavam dos movimentos sociais em defesa dos trabalhadores e
trabalhadoras. Foi nesse período que surgiram as primeiras ligas camponesas no engenho da
Galileia, no nordeste brasileiro (MOREIRA, 2011).
[...] Ali se multiplicaram as ligas camponesas de Francisco Julião, com sede pública;
primeiro para impor aos senhores de terra condições explícitas e menos espoliativas nos
contratos anuais de arrendamento; depois, para pleitear a própria posse da terra, através
de uma reforma agrária (MOREIRA, 2011, p. 362).
Esses movimentos lutavam em defesa dos pequenos agricultores e também lutavam por
preços mais em conta no arrendamento. Aos poucos as ligas camponesas se formavam em outros
locais do Brasil, multiplicando-se em todo país (MOREIRA, 2011. p. 362).
-
29
Como podem observar às ligas camponesas foram às primeiras formas de organização dos
trabalhadores e trabalhadoras rurais. A partir da organização por categoria, o homem do campo
percebe que é preciso lutar para conquistar seus direitos. Pouco a pouco foram surgindo
organizações trabalhistas sindicais, o campesinato entrava de forma decisiva na busca por uma
melhor estrutura para o meio rural (COLETTI, 1998).
O objetivo dos sindicatos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais era conquista pelo
direito do trabalho, mas buscava também, o acesso à terra (COLETTI, 1998).
As Ligas Camponesas e os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais - STR fundaram em 1963
a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG, sendo elaborado
também o Estatuto do Trabalhador Rural. O objetivo da CONTAG era a união das lutas entre
trabalhadores do campo e da cidade (COLETTI, 1998; CONTAG, 1994).
Em síntese, a CONTAG procurou manter sua hegemonia na direção das ações que se
travavam no campo, na condição de exercitar sua função de representação da categoria através da
luta por direitos já existentes (principalmente os trabalhistas) e, sobretudo, mediante a bandeira
da reforma agrária, mas norteando-se em fortalecer o sindicalismo rural brasileiro (COLETTI,
1998; CONTAG, 1994).
Diante desse contexto histórico, é importante ressaltar que os sindicatos voltados aos
trabalhadores e trabalhadoras rurais (pequenos produtores, rendeiros, parceiros, meeiros e
trabalhadores assalariados), somente iniciam um trabalho de base, na defesa dos trabalhadores do
campo, a partir de 1978, devido a uma quebra de paradigma da igreja católica, que de certa forma
começou a instruiu os produtores rurais (COLETTI, 1998).
Dessa forma, percebe-se que a presença dos Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras
Rurais (STR) passou a ser uma realidade cada vez mais visível nas pequenas cidades do interior
do Brasil. Tendo com o surgimento dessas entidades e com a intensificação dos movimentos
sociais, lutas para obter melhores condições de vida dos trabalhadores brasileiros (ANTUNES,
1991).
A sindicalização rural revela-se hoje em dia como um dos principais meios de realização
efetiva da reforma agrária. Ela possibilita aos camponeses à auto-organização, para poderem
instituir em seu próprio favor uma representação efetiva dos seus direitos, uma defesa legítima
dos seus interesses, uma promoção eficaz das suas reinvindicações, além de ajudá-los a si e à
-
30
própria nação na realização da reforma agrária, pela pressão eventual que venham a exercer sobre
o poder político (ABRAMOVAY, 1981).
É, portanto, importante, considerar o sindicato dos trabalhadores e trabalhadoras rurais
como lócus de aglutinação dos agricultores familiares e trabalhadores rurais, aparecendo como
espaço de organização e canal de veiculação dos (novos) interesses sindicais e políticos dos
agricultores familiares. O sindicato tem organizado ações políticas eficazes, tanto no âmbito de
políticas agrícolas, como de políticas públicas de cunho mais geral (educação e saúde). O STR
tem atuado também como um interlocutor dos agricultores familiares, e se mostrado capaz de
pressionar vários órgãos públicos para que esses executem políticas que venham a beneficiar os
agricultores de um modo geral. O sindicato aparece também como canal de reivindicações junto
às agências bancárias para que estas liberem créditos entravados burocraticamente pelas
instituições financeiras. Enfim, apesar dos avanços em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras
rurais em vários aspectos, a exemplo de leis, organizações e lutas dos movimentos, ainda há
muito que se construir para que se tenha uma valorização dos cidadãos que vivem no campo
(DUQUE, 2002; MEDEIROS, 1989).
Considerações finais
Após concluir a pesquisa sobre a temática “Movimentos que Educam: da educação do
campo ao campo dos movimentos sociais”, pode-se afirmar que a educação do campo se
evidencia como uma proposta educacional voltada para a necessidade da construção de uma
consciência crítico-coletiva do indivíduo, e que juntamente com os movimentos sociais o sujeito
tornar-se ativo na construção e transformação desta realidade.
Sendo importante, considerar que o sindicato dos trabalhadores e trabalhadoras rurais é
um aliado forte nessa construção e transformação, pois, o mesmo é o lócus de aglutinação dos
trabalhadores e trabalhadoras rurais, o espaço de organização e o canal de veiculação dos
interesses sindicais e políticos dos mesmos. Sendo o real espaço para que ocorra transformação
da realidade dos povos que habitam no campo.
Compreendemos enfim que para resgatar e construir a identidade do homem e da mulher
do campo é necessário que os mesmos possam estar presentes nesses espaços, reivindicando a
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31
garantia de seus direitos e a sua valorização enquanto ser social. Portanto, a educação do campo e
os movimentos sociais juntamente com o sindicato rural, lutam para que haja a valorização do ser
camponês e tendo o próprio campo como símbolo significativo dessa efetivação.
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FORMAÇÃO CONTINUADA NA EDUCAÇÃO DO CAMPO: A EXPERIÊNCIA COM O
PROGRAMA ESCOLA DA TERRA EM MINAS GERAIS
Érica Fernanda Justino - UFMG
Maria Isabel Antunes-Rocha - UFMG
Introdução
Este trabalho visa contribuir com reflexões no que tange à Formação Continuada de
Professores dos anos iniciais do ensino fundamental que atuam nas Escolas do Campo,
compreendendo o campo como território de tensões emanadas pelas desigualdades de classes.
As escolas do campo atendem em sua maioria alunos dos anos iniciais do ensino
fundamental, grande parte dessas escolas é mantida pelos municípios, tal expressividade na
modalidade de ensino justifica a relevância da formação destinada aos professores que exercem a
docência nessas escolas. Na história dos processos de formação continuada no Brasil muitas
metodologias foram organizadas levando em consideração o momento histórico. Na década de
1980 a formação tradicional foi muito marcante, utilizava-se o termo “reciclagem”,
compreendendo o processo de formação como “[...] processos de modificação de objetos e
matérias [...], ou até mesmo o lixo que seja processado para ter nova função com adubo”
(MARIN, 1995, p. 14). Outro termo forte utilizado era a palavra treinamento, para a mesma
autora o termo ainda “[...] é inadequado à natureza humana, uma vez que educar não significa
mudar comportamentos e, sim, a construção de conhecimentos” (1995, p. 15).
Aos professores das escolas do campo cabe a formação partindo de uma intencionalidade,
relacionada não somente à remuneração e certificação, mas, sobretudo, como reconhecimento e
iniciativa própria de inserção e compreensão do mundo.
Nas palavras de Nóvoa (apud CANDAU, 1996, p.147) "A formação continuada deve
alicerçar-se numa 'reflexão na prática e sobre a prática', através de dinâmicas de investigação-
ação e de investigação-formação [...]".
No Brasil há cerca de 50 mil escolas multisseriadas em áreas rurais e quilombolas, o
estado de Minas Gerais conta com uma demanda de sete mil professores atuando nessas
condições em centenas de escolas espalhadas gerais adentro.
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No atendimento a esses professores, o Ministério da Educação lançou em 2011 o
Programa Escola da Terra que oferece Formação para Professores dos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental, que atuam em classes multisseriadas em escolas do campo e comunidades
quilombolas. O Programa surge em contraposição ao Programa Escola Ativa, criado na Colômbia
em 1975, época em que a ditadura reinava na América Latina, baseada na filosofia da
aprendizagem ativa e individualizada, em 1997 o Brasil adota pelo Ministério da Educação
(MEC) a proposta, numa tentativa de solucionar problemas eminentes da organização das classes
multisseriadas. O programa tem suas atividades encerradas em 2007.
O Programa de Formação de Professores Escola Ativa, não obteve os resultados
almejados em detrimento especialmente da metodologia adotada. A professora Celi Taffarel em
entrevista afirma: “A constatação é que a preparação dos formadores está sendo proposta somente
do ponto de vista técnico-pedagógico, faltando à dimensão científica consistente e a dimensão
política” (TAFFAREL, 2015).
E acrescenta que mesmo após reformulações o Programa não agregou a discussão
necessária com os professores do campo de maneira a contribuir para a assunção dessa
identidade, na concepção da educação do campo enquanto educação emancipatória.
A nova versão do programa, com reformulações elaboradas em 2008 rebaixa novamente a
teoria e incorpora de maneira aligeirada noções da educação do campo. (...) que tem sua
identidade relacionadas às lutas sociais pela reforma agrária e por outro modelo de
desenvolvimento econômico no campo (TAFFAREL, 2015). O Programa Escola da Terra surge
então, como alternativa de reconstrução da estrutura da proposta de educação continuada,
podendo configurar uma experiência significativa na formação continuada de educadores do
campo, atravessada pelas discussões concernentes à educação do campo balizadas pela
problemática local.
O Programa Escola da Terra: política para formação continuada de educadores do campo
e a formação de professores em minas gerais no contexto da educação do campo
O Programa Escola da Terra se insere numa perspectiva de política pública constituindo
uma ação do eixo de formação de professores do Programa Nacional de Educação do Campo,
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PRONACAMPO, configurando um componente instrumental de observações e análises partindo
da prática da formação.
Ainda em fase de experimentação o estudo do Programa contribui para comprovação no
plano da experiência prática como se dá a sistematização dos conceitos.
A valorização desse tipo de pesquisa é pela "possibilidade que oferece de maior
concretude às argumentações, por mais tênue que possa ser a base fatual. O significado
dos dados empíricos depende do referencial teórico, mas estes dados agregam impacto
pertinente, sobretudo no sentido de facilitarem a aproximação prática" (DEMO, 1994, p.
37).
O Projeto iniciou suas atividades em 2014 e se projeta com estimativa de crescimento no
país conforme exposto nos gráficos:
A formação continuada dos professores que participam do Programa Escola da Terra
caracteriza-se pela oferta de curso de aperfeiçoamento de 180 (cento e oitenta horas) utilizando a
pedagogia da alternância, alternando, os espaços de formação denominados Tempo-Universidade
e Tempo-Comunidade.
A gestão, o controle e a mobilização social se caracterizam pela constituição de um
arranjo institucional, articulando a Comissão Nacional de Educação do Campo e a Coordenação
Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, com as instâncias colegiadas dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios.
A qualificação dos docentes é de responsabilidade das instituições públicas de ensino
superior que aderiram ao programa. Cada curso é organizado município a município, respeitando
as peculiaridades da cultura local.
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37
O monitoramento e a avaliação se caracterizam por visitas de acompanhamento
pedagógico às escolas pelo menos uma vez ao mês pelos tutores responsáveis pela assessoria
pedagógica acompanhando o desenvolvimento do trabalho dos professores junto às turmas, a
evolução da aprendizagem dos estudantes, o uso dos materiais, bem como contribuindo com o
aperfeiçoamento das estratégias de ensino com base nos conhecimentos adquiridos.
No que diz respeito ao estado de Minas Gerais a demanda de cursistas é de
aproximadamente sete mil professores atuando em classes multisseriadas conforme dados do
censo escolar de 2014.
A formação acontece em parceria da Secretaria de Estado de Educação, Secretarias
Municipais e Universidade Federal de Minas gerais. Nessa versão inicial o estado atende
dezessete municípios localizados nos vales do Jequitinhonha, Mucuri e Rio Doce, (Almenara,
Aricanduva, Porteirinha, Rio Pardo de Minas, Francisco Sá, São Francisco, Minas Novas,
Turmalina, Itamarandiba, Itinga, Jaboticatubas, Miradouro, Januária, Governador Valadares,
Teófilo Otoni, São João da Ponte e Catuji).
Inicialmente o Ministério da Educação disponibilizou para o estado a oferta de 1.000 (mil)
vagas para formação de professores como cursistas. O estado extrapolou a oferta inicial e
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38
capacita atualmente 1.180 (mil cento e oitenta) professores/cursistas dos anos iniciais do ensino
fundamental das escolas do campo no estado.
A estrutura da organização da equipe configura-se em elos, onde todos são
imprescindíveis para que o processo se desenvolva e a aprendizagem/conscientização possa ser
construída. O que pode ser representado pela mandala abaixo.
A sistematização dos conteúdos privilegia a organização por áreas do conhecimento, nas
quais o educador divulga e produz conhecimentos pelo registro e sistematização partindo da
experiência/saberes dos sujeitos.
A formação continuada deve estar articulada com o desempenho profissional dos
professores, tomando as escolas como lugares de referência. Trata-se de um objetivo que
só adquire credibilidade se os programas de formação se estruturar em torno de
problemas e de projetos de ação e não em torno de conteúdos acadêmicos.
(NÓVOA, 1991, p. 30).
O Programa de Formação Escola da Terra tem sua proposta metodológica em
conformidade com o que Tardif diz que “é impossível compreender a natureza do saber dos
professores sem se colocar em íntima relação com o que o professores, nos espaços de trabalho
cotidiano, são, fazem pensam e dizem” (2002, p.15).
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Socializando e produzindo conhecimento como prática social, partindo das
experiências/saberes dos sujeitos mediados pelas ações/ práticas o Programa exerce não só sua
função elementar de formação como cumpre sua função social.
Educação do Campo: referência teórica e política para a formação continuada
Por muitos anos a educação rural no Brasil, foi negligenciada em detrimento de
pensamentos estigmatizados e intencionalmente traçados, inferiorizando e relegando a exclusão
as populações do campo, vistas como povo de atraso que quando tinham acesso à escolarização
era em uma escola também vista como atrasada.
Exercer a docência nas escolas rurais foi durante muito tempo, uma atitude de punição
político partidária, uma vez, que nenhum professor elegia essas escolas como predileção de
atuação, o que reduzia o número de professores aptos a lecionar, nesse interim professores mal
formados formavam mal os estudantes, alimentando o ciclo que caracterizava a subalternização a
que as populações rurais eram assujeitadas.
Os tímidos programas que ocorreram no Brasil para a educação rural foram pensados e
elaborados sem seus sujeitos, sem sua participação, mas prontos para eles. (...). A
educação rural projeta um território alienado porque propõe para os grupos sociais que
vivem do trabalho da terra, um modelo de desenvolvimento que os expropria
(MOLINA; FERNANDES, 2004, p. 61-62).
Nesse movimento de tensão, acontece em Brasília no ano de 1997 o I ENERA, Encontro
Nacional de Educadores da Reforma Agrária que estabeleceu a necessidade urgente de ruptura
com o modelo vigente de educação rural, propondo então, um novo olhar acerca da educação
oferecida aos povos do campo. Durante o encontro vários questionamentos foram propostos o
que desencadeou a elaboração do Manifesto dos Educadores e Educadoras da Reforma Agrária
do povo brasileiro.
Nessa ocasião as Educadoras e Educadores da Reforma Agrária, declaram:
No Brasil, chegamos a uma encruzilhada histórica. De um lado está o projeto neoliberal,
que destrói a nação e aumenta a exclusão social. De outro lado, há a possibilidade de
uma rebeldia organizada e da construção de um novo projeto. Como parte da classe
trabalhadora de nosso país, precisamos tomar uma posição. Por essa razão, nos
manifestamos (MST, 1997, s/p).
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Além do MST, participaram do encontro a Universidade de Brasília (UnB), o Fundo das
Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Organização das Nações Unidas para Educação,
Ciência e Cultura (UNESCO) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). De acordo
com Kolling, Nery e Molina (1999), neste evento surgiu o desafio de se criar um espaço de
reflexão mais amplo, para discussão das temáticas relativas ao campo enquanto espaço de cultura,
relações e modo diferenciado de produção e reprodução da vida.
De tal encontro nasce o movimento “Por uma Educação do Campo” que culminou com a I
Conferência Nacional “Por uma educação básica do campo” estabelecendo dentre outras
demandas um redimensionamento da educação destinada aos campesinos, “recolocar o rural e a
educação que a ele se vincula na agenda política do país (...) vinculada às estratégias de
desenvolvimento para os camponeses de todos os setores culturais” (KOLLING, NERY;
MOLINA, 1999, p.3).
Podemos elencar esse momento como marco primogênito o qual abriu os caminhos para
que a da educação do campo conquistasse espaço nas esferas de políticas públicas e diálogos com
a sociedade civil organizada.
(...) o propósito é conceber uma educação básica do campo, voltada aos interesses e ao
desenvolvimento sociocultural e econômico dos povos que habitam e trabalham no
campo, atendendo às suas diferenças históricas e culturais para que vivam com
dignidade e para que, organizados, resistam contra a exclusão (KOLLING; NERY;
MOLINA, 1999, p. 28-29).
Uma conquista importante se dá em 16 de abril de 1998, por meio da Portaria nº. 10/98
que criou Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - PRONERA, vinculado ao
gabinete do Ministério Extraordinário da Política Fundiária.
Em 2001, o Conselho Nacional de Educação aprovou as Diretrizes Operacionais para a
Educação Básica das Escolas do Campo, seguida em 2002 com aprovação da Resolução
CNE/CEB nº. 01 de 03 de abril que instituiu as Diretrizes Operacionais da Educação do Campo
que traça os rumos da educação do campo no país.
Em 2004, aconteceu a II Conferência Nacional por uma Educação do Campo, com foco
na temática “Por uma Política Pública de Educação do Campo”. A Resolução nº. 2, de 28 de abril
de 2008, estabeleceu as diretrizes complementares da Educação do Campo. Ainda em 2010 o
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decreto 7352 que dispõe sobre a política de educação do campo e o Programa Nacional de
Educação na Reforma Agrária - PRONERA.
Em março de 2012 o governo federal lança o Programa Nacional de Educação do Campo
- PRONACAMPO, que oferece apoio técnico e financeiro para implementação da política de
Educação do Campo. Em 2014, a presidenta Dilma Rousseff publica a lei nº. 12.960 que proíbe o
fechamento de escolas no campo sem o assentimento prévio da comunidade local.
Formação continuada na Educação do Campo: o que dizem as legislações e a prática
É importante ressaltar que o processo histórico da Política de Formação de Professores no
Brasil é atravessado por projeto histórico-social e projeto neoliberal. As políticas educativas
neoliberais têm tido a finalidade de atender às exigências para o trabalho docente, ajustando-se à
formação/qualificação de um trabalhador adequado ao modelo de reestruturação do capital.
Substituindo o espaço outrora ocupado pelas políticas assentes em preocupações sociais, tais
políticas têm se voltado a uma formação docente pautada no discurso de competência, conceito
muito utilizado na contemporaneidade e que busca atender aos princípios da flexibilidade,
autonomia e criatividade.
Esse arcabouço teórico justifica, no contexto neoliberal, a implementação de legislações e
o desenvolvimento de programas que se pautam na ideia da universalização da educação, o que
pode levar à redução das desigualdades sociais, mas é inegável que sua meta primordial é a
qualificação da mão de obra. (SEVERINO, 2007). O que é reforçado p