educação patrimonial crítica_explorando as potencialidades educativas da cidade de vila velha_es

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    EDUCAÇÃO PATRIMONIAL CRÍTICAExplorando as Potencialidades Educativas da Cidade de Vila Velha / ES.

    Michele Pires Carvalho

    Eduardo Augusto Moscon Oliveira

    Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo

    Vitória, Espírito Santo

    2014

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    Educação patrimonial crítica: explorando as potencialidades

    educativas da cidade de Vila Velha/ES

    Instituto Federal do Espírito Santo

    PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

    Mestrado Profissional em Educação em Ciências e Matemática

    Michele Pires Carvalho

    Eduardo Augusto Moscon Oliveira

    Grupo de Pesquisa GEPAC

    Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo

    Vitória, Espírito Santo

    2014

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        S   u   m    á   r    i   o

    APRESENTAÇÃO

    PARTE I

    06 Como identificar um patrimônio? O que é a Educação Patrimonial?

      13 Educação Patrimonial crítica: breve reflexão

    16 Contribuições da pedagogia histórico-crítica e psicologia histórico-cultural

      23 A cidade como espaço educativo

    PARTE II

    29 Um pouco da história e das características da cidade de Vila Velha/ES

      32 Patrimônios da cidade de Vila Velha/ES

      44 Planejando a visita: o antes, o durante e o depois

      46 Proposta de desenvolvimento da metodologia da Educação Patrimonial Crítica

    PARTE III

      63 Anexos da Proposta Metodológica

      84 Sugestões de atividades interdisciplinares

      Outros patrimônios da cidade de Vila Velha/ES92

    98 Glossário

    100 Referências

    Editora do IfesInstituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

    do Espírito SantoPró-Reitoria de Extensão e Produção

    Av. Rio Branco, no. 50, Santa LúciaVitória – Espírito Santo - CEP 29056-255

    Tel. (27) 3227-5564E-mail: [email protected]

    Programa de Pós-graduação emEducação em Ciências e Matemática

    Av. Vitória, 1729 – Jucutuquara.

    Prédio Administrativo, 3o. andar. Sala do ProgramaEducimat.Vitória – Espírito Santo – CEP 29040 780

    AutoriaMichele Pires CarvalhoEduardo Augusto Moscon Oliveira

    Comissão CientíficaDr. Carlos Roberto Pires Campos - IFESDrª.Manuella Villar Amado - IFESDr. Arnaldo Pinto Júnior - UFES

    RevisãoMichele Pires Carvalho

    FotografiaMichele Pires Carvalho Juliano Decottignies Custódio

    Projeto Gráfico, Diagramação e Ilustração Juliano Decottignies Custódio

    Produção e DivulgaçãoPrograma Educimat, Ifes

    (Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)

    Carvalho, Michele Pires.  Educação patrimonial crítica: “explorando” as pontencialidades

    educativas da cidade de Vila Velha/ES / Michele Pires Carvalho,Eduardo Augusto Moscon Oliveira. – Vitória: Instituto Federal deEducação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, 2014.  103 p. : il. ; 15 cm.

    ISBN: 978-85-8263-038-9

      1. Patrimônio cultural – Métodos de ensino. 2. Ensino – Meiosauxiliares. 3. Didática. 4. Professores e alunos. I. Oliveira, Eduardo Augusto Moscon. II. Instituto Federal do Espírito Santo. III. Título.  CDD: 371.38

    C331e

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    Apresentação material apresentado traz uma proposta metodológica construída a partir de experiências vivenciadas com alunos e professores

     da rede municipal de ensino de Vila Velha/ES ao longo do ano de 2013.  O Guia de Educação Patrimonia l Crít ica pretende constituir-secomo instrumento de reflexão e de inspiração para os professores.

    O b j e t i v am o s f o rn e ce r s u b s í d i os p ara a p ro m o ção d e açõ e sinterdisciplinares que potencializem os espaços da cidade como

    espaços formativos, com o intuito de promover o exercício da cidadania e a consciência de preservação do patrimônio local.

    A Educação Patrimonial Crítica que se propõe neste trabalho,requer que o ind iv íduo se ja um elemento inseparável do

    ambiente, no qual suas manifestações sociais ou culturais,conjuntamente a todos os seres v ivos e ecoss istemas,

    possam ser percebidas e respeitadas como patrimônio.

    Em etapas subseqüentes espera-se garant ir, aosalunos, a compreensão e apropriação dos conceitos

    de patrimônio material, imaterial e natural, por meiode sugestões de atividades problematizadoras

    que podem ser desenvolvidas nosespaços formais e não formaisde educação.

    A metodologia da Educação Patrimonialquando usada de forma crítica, torna-se umaimportante ferramenta da qual osprofessores podem lançar mão, visando aidentificação de elementos estruturadoresda identidade local, o que por sua vez,permitirá ao corpo docente uma maiorintegração ao universo da escola e do bairro

    em que atuam. Para isso, estruturamos ametodologia de trabalho a partir domovimento d ialét ico composto pormomentos denominados de: prática socialinicial, problematização, instrumentalização,catarse e prática social final.

    As propostas elencadas sinalizam algunsprocedimentos possíveis diante do desafiode articular transversalmente, no cotidianodas escolas, as noções de patrimônio cultural,memória, identidade, cultura, preservação,

    uso sustentável, entre outros. Vejo comopropostas inacabadas, visto que cadaprofessor, a partir de suas reflexões e suaspráticas poderá fazer o uso daquelas que

    acharem conveniente, considerando suaspróprias dinâmicas de trabalho, a dinâmica decasa sala de aula e o contexto em que cadaescola está inserida. O inédito surgirá nasoma de criatividade e liberdade e o encontrodos saberes dos professores, alunos, cidade,comunidade, etc.

    A finalidade é colocar em prática um planoestratégico de Educação Patrimonial demaneira colaborativa e participativa. O maisimportante, dessa forma, é assumir umapostura reflexiva e flexível sobre as açõeseducativas desenvolvidas a partir destematerial, tendo a realidade, o cotidiano e asvivências dos alunos como ponto de partida ede chegada e, nesse processo, articularvariados saberes e conhecimentos(científicos ou não). Espera-se assimcontribuir com certo entendimento sobre o

    trabalho com a temática em questão e, emcontrapartida, provocar novos olhares eexperiências.

    O

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    e c o r r e n d o a o d i c i o n á r i o ,Rencontraremos o significado depatrimônio como herança paterna.Isso denota, em síntese, que patrimônio éum complexo de bens legados pelos nossos

    antepassados, representados não apenasno seu sentido restrito de patrimônio, comoelementos protegidos pelos órgãos oficiaise tombados, mas também na condição debens que assumem outras dimensões.

    Certas formas de expressão, modo de falar,de criar, de fazer, de viver, um álbum defotografias, as melodias que embalaram ajuventude dos nossos familiares, uminstrumento musical antigo, os versos e ascanções, passam a referenciar umaidentidade. Partindo desse exemplo,

    percebemos que o conjunto de bens poderepresentar o patrimônio de um grupo depessoas, de um país ou até mesmo dahumanidade. Todavia, patrimônio temrelação intrínseca com a Cultura, pois oconhecimento que vai sendo acumuladonum processo dinâmico de aprendizado porum indivíduo ou grupo social, durante a suatrajetória é transmitido às novas gerações

    como legado cultural (LONDRES, 2012).

    Portanto, é a herança cultural acumulada aolongo do tempo pelos homens, agentes dasrealizações e história de uma sociedade, que

    denominamos de patrimônio cultural. O valorsocial que esses bens assumem vão além dodireito à propriedade. A sociedade passa a serusufrutuária do patrimônio cultural ,competindo a ela cuidar para que o bem nãoseja dilapidado, empobrecido, maculado, massim cada vez mais valorizado, de modo que asgerações sucessoras, herdeiras naturais dele,recebam-no nas melhores condições devitalidade (ALBUQUERQUE, 2013).

    Patrimônio Cultural é toda manifestação e

    forma de expressão que os homenscriam ao longo dos anos e vão seacumulando com as gerações anteriores.Cada geração recebe tal herança, eusufrui de acordo com sua própria história enecessidades, dando sua contribuição,preservando-a ou esquecendo-a (Horta, 1999).

    Grunberg (2007) reforça que PatrimônioCultural não é apenas o que herdamos denossos antepassados, este patrimônio tambémé produzido no presente, como expressão decada geração (chamado de patrimônio vivo),como por exemplo formas de trabalhar,plantar, cultivar e colher, pescar, construirmoradias, culinária, meios de transporte, jogos,expressões artísticas e religiosas.

    A autora supracitada ressalta que os bens

    culturais podem ser consagrados (aquelesprotegidos por leis e decretos) ou não

    Para entender o significado depatrimônio cultural, cabe destacar oconceito disposto na ConstituiçãoBrasileira de 1988:

    Const ituem patr imônio cultura lbrasileiro os bens de natureza material eimaterial, tomados individualmente ouem conjunto, portadores de referência àidentidade, à memória dos diferentesgrupos formadores da sociedadebrasileira, nos quais se incluem: asformas de expressão; os modos de criar,fazer e viver; as criações científicas,artísticas e tecnológicas; as obras,objetos, documentos, edificações ed e m a i s e s p a ç o s d e s t i n a d o s à smanifestações artísticos-culturais; osconjuntos urbanos e sítios de valorhistórico, paisagístico, artístico,arqueológico, paleontológico, ecológicoe científico. (BRASIL,1988, art. 216).

    consagrados (aqueles quefazem parte do nosso

    dia a dia que revelama cultura viva de umacomunidade). O Brasil

     é um país pluricultural,portanto, reconhecer

    essa diversidade cultural significa reconhecer a

    cultura de todos e ac eitar

    que cada região possui suash i s t ó r i a s , c o s t u m e s , s e ufalar específico, comidas e

    vestimentas e reconhecerque não existem culturas

    superiores às outras.

    Como Identificar um Patrimônio?  O que é Educação Patrimonial?

     

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    Com o intuito de caracterizar os tipos de bens considerados patrimônios , o Instituto Estadual doPatrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG) forneceu os seguintes exemplos:

     Disponível em: . Acesso em maio. 2013.

    Patrimônios Características Exemplo

    Bens naturais

    Bens materiais

    Bens imateriais

    Bens que não foramproduzidos pelo homem

    Rios, Florestas,cachoeiras, montanhas

    Bens concretos,que podemos manusear

    Estruturas arquitetônicas ebens móveis (imagens, mobiliário)

    Representações da cultura

    que são apreendidas pelacapacidade sensorial

    em-se buscado trabalhar a EducaçãoTP a t r i m o n i a l p o r m e i o d e u mpermanente diálogo entre o presente eo passado, na perspectiva do futuro,vislumbrando um mundo melhor, mais digno ede efetiva cidadania. Albuquerque (2013)assinala que a Educação Patrimonial ainda éum tema aberto a discussões, debates,análises e novas reflexões. As práticas, por suavez, são exemplos, que não se esgotam em si.Não entendemos que devam ser tomados

    como modelos a serem seguidos, mas comoinspiração ou simplesmente referência. Afinal,não há uma receita ou uma m etodologia única.

    Sendo assim, a Educação Patrimonial pode serdesenvolvida de diferentes formas, podendoser desenvolvida no âmbito formal e não-formal, sempre de acordo com o contexto emque a escola está inserida. O que deve unir asações de Educação Patrimonial é o foco nopatrimônio cultural em suas diversasmanifestações (materiais, imateriais e

    naturais), bem como, nos processoseducativos que primam pela construçãocoletiva e democrática do conhecimento, pormeio do diálogo permanente e da percepçãocrítica da realidade (IPHAN, 2014).

    Horta (1999) conceitua a EducaçãoPatrimonial como a difusão de práticasdesenvolvidas em diferentes contextos elocais com uma nova visão do Patrimônio

    Cultural Brasileiro, reconhecendo suadiversidade de manifestações culturais,tangíveis (patrimônio material, comopaisagens naturais, objetos, edifícios,monumentos e documentos) e intangíveis(patrimônio imaterial, relacionados aossaberes, às habilidades, às crenças, às práticas,aos modos de ser das pessoas), comoinstrumento de motivação para a prática dacidadania, fortalecer a autoestima dos gruposculturais e estabelecimento de um diálogo

    enriquecedor entre as gerações.

    No ano de 1961, a Educação Patrimonialcomeça a ganhar espaço e importância emdocumentos como a Lei nº 3.924/1961 quedispõe sobre os monumentos arqueológicos epré-históricos, tratando da preservaçãodesses bens, proibindo e punindo qualquer atode destruição e mutilação dos mesmos.

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    a década de 1990, também foi seNpropagando por intermédio da Lei deDiretrizes e Bases (LDB) que defendea divulgação da cultura no país e estabeleceque o currículo escolar deve ter uma basediversificada que atenda às característicasregionais, dos Parâmetros CurricularesNacionais (PCN de Pluralidade Cultural e PCNde Meio Ambiente) que preconizam que oeducando deve conhecer e valorizar opatrimônio brasileiro em sua pluralidade.

    Em âmbito estadual e municipal a EducaçãoPatrimonial também ganha espaço por meiode Leis que tratam da proteção e daconservação do patrimônio ambiental ecultural. As diretrizes dessas Leis reforçam av al o r i z ação d as t rad i çõ e s l o ca i s , arequalificação dos espaços públicos urbanos, aintegração de políticas de fomento ao turismoà conservação do patrimônio cultural e apromoção da acessibilidade aos benshistóricos e culturais.

    O termo Educação Patrimonial, pouco a poucovem ganhando espaço no contexto brasileiropor meio de palestras às comunidades,exposições itinerantes, oficinas realizadascom alunos, formações de professores, entreoutros. Além da atuação de profissionais daeducação neste sentido, outros profissionaistambém se dedicam a propor estudos ereflexões acerca do patrimônio, como porexemplo, profissionais da área de Arquitetura,Urbanismo e Turismo.

    A meta que se deve ter em vista, portanto, édespertar no educando a curiosidade, o desejoe o prazer de conhecer e de conviver com osbens culturais enquanto patrimônio coletivo ede levá-lo a se apropriar desses bens enquantorecursos que aprimoram sua qualidadede vida, e que contribuem para seuenriquecimento enquanto pessoa e cidadão.

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    Educação Patrimonial Crítica: Breve reflexão

    conceito de Educação Patrimonial estáOintimamente relacionado ao conceitode educação. Magalhães (2009)ressalta que se há educação crítica, há tambémeducação patrimonial crítica, portanto faz-senecessário apresentar um histórico da

    trajetória da educação na sociedade brasileira,bem como suas repercussões e suaspossibilidades de avanço. O autor nos situa que,assim como a discussão da educação numaperspectiva crítica encontra-se em andamento,tanto no que diz respeito à elaboração teórica,quanto ao enfrentamento de problemaspostos pela prática no campo educacional,também devemos considerar a EducaçãoPatrimonial desta forma, pois há muito por sefazer nessas duas direções.

    Diante do exposto, destacamos a obra Escola eDemocracia, onde Saviani (2009) faz umdiagnóstico das principais teorias pedagógicas,apresentando seus limites e contribuições. Oautor considera que existem três grupos deteorias educacionais, as “não-críticas”(pedagogia tradicional, pedagogia nova ep e d a g o g i a t e c n i c i s t a ) , a s “ c r í t i c o -reprodutivistas” e a “crítica”.

    Sem pretensão de realizar um levantamentohistórico de cada uma delas, situamos essasteorias numa visão rápida, destacando suasprincipais características. Portanto, para oautor supra, compreendem teorias não-críticas: a) a pedagogia tradicional, onde a

    escola é organizada como uma agênciacentrada no professor, que transmitia osconhecimentos acumulados pela humanidade,cabendo aos alunos assimilar os conteúdos porele transmitidos; b) a pedagogia nova ouescolanovista, que efetua uma crítica à escolatradicional e reforça que o professor é oestimulador e orientador da aprendizagem,cuja iniciativa principal caberia aos própriosalunos. Segundo o autor, esta teoriaprovoca o afrouxamento das disciplinas e adespreocupação com a transmissão deconhecimentos, rebaixando o nível de ensinodas camadas populares e aprimorando aqualidade de ensino da elite (hegemonia daclasse dominante); c) a pedagogia tecnicista,em que o professor e aluno estão em posiçãosecundária e tornam-se apenas executores,afim de garantir a eficiência no processo deprodução, a sustentação teórica baseia-se emaprender a fazer e os conteúdos se tornaramainda mais rarefeitos.

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    á as teorias crítico-reprodutivistas (teoriaJdo sistema de ensino enquanto violênciasimbólica, teoria da escola enquantoaparelho ideológico do Estado e a teoria daescola dualista), possuem função dupla naeducação, são crít icas uma vez quecompreendem a educação como uminstrumento de superação da marginalidade eé reprodutivista uma vez que o papel da escolase reduz à reprodução das relações sociais de

    produção e reitera a ideologia dominante.

    Na tentativa de superar tanto o poder ilusórioque caracteriza as teorias não-críticas como aimpotência decorrente das teorias crítico-reprodutivistas, o papel da teoria crítica daeducação é dar substância concreta à lutacontra a marginalidade por meio da escola, daluta contra a se let iv idade, contra adiscriminação e o rebaixamento do ensino dascamadas populares, sem aprisionar asco n t rad i çõ e s , af i m d e g aran t i r ao strabalhadores um ensino da melhor qualidadenas condições históricas atuais, assegurando acad a i n d i v í d u o e l e m e n t o s cu l t u ra i sf u n d a m e n t a i s p a r a o p r o c e s s o d ehumanização e compreensão da exploração aque são submetidos.

    No âmbito da Educação Patrimonial, a partir deestudos realizados em escolas, Magalhães(2011) defende que existem duas perspectivasopostas, por um lado, temos a EducaçãoPatrimonial Tradicional, e por outro, aEducação Patrimonial Crítica. A tradicional,objetiva atender a interesses do Estado e dosgrupos dominantes, o foco se dá nasedificações e manifestações de caráterpúblico, especialmente nos patrimônios

    tombados, não leva em consideração ocontexto sócio-cultural do aluno, não favorecea multiplicidade de memórias, não trata dastradições e manifestações culturais locais.

    A Educação Patrimonial Crítica proposta porMagalhães (2011) aponta para a diversidade depossibilidades e análise das contradições quepermeiam o mundo contemporâneo, destina-se à formação de pessoas capazes dereconhecer a sua própria história, reforça aimportância da autonomia dos atores sociais eo conhecimento dialogado. O autor defendeque a Educação Patrimonial Crítica devereconhecer o contexto imediato do aluno eidentificar a diversidade de possibilidades deentendimento cerca do patrimônio. 

    Concordamos com Magalhães (2011), quandoafirma que o trabalho da Educação Patrimonial, apartir de espaços arquitetônicos, sociais e dememórias, deve atentar para as tensões devivências e das seleções desses locais, vistoque os alunos devem olhar para estes espaçoscompreendendo-os e reconhecendo asmanifestações de identidade coletiva. 

    Devemos priorizar o reconhecimento doespaço vivido para que a aprendizagem ocorrano contexto sócio-cultural dos alunos,marcando a identidade local. Seguindo essaperspectiva, engloba os patrimônios naturais,como campos, árvores, rios e cachoeiras;espaços de uso comunitário, como igrejas,praças, escolas; espaços privados como casade personalidades, moradores pioneiros dobairro, casa dos alunos, lugares que nãoexistem mais, mas marcam a identidade dosalunos; experiências e vivências familiares;brincadeiras e histórias de medo/lendas.

    O avanço científico e tecnológico tem trazidograndes transformações ao ambiente natural.Seu poder de destruição, tem levado a umdesequilíbrio dos recursos naturais, o que temprovocado a difusão de uma consciência depreservação na sociedade. A formação de umaconsciência de valorização junto às novasgerações é fundamental para a continuidade dosbens culturais. O desaparecimento desses bensé uma perda irreparável, seja de um

    monumento, seja de uma espécie da faunaou da flora, e também de conhecimentos, deformas de expressão, de modos de vida.(LONDRES, 2012).

    O pressuposto da Educação Patrimonial Crítica éutilizar o bem cultural como fonte deaprendizagem em espiral do processo histórico,sem aprisionar as contradições que vivemos.Esperamos que o contato com estes bensproporcione ao aluno o conhecimentocrítico e a preservação sustentável, além dofortalecimento de sentimentos como identidade, cidadania e umainquietação para que se busquea transformação social.

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    Contribuições da Pedagogia histórico-crítica 

    onsiderando que a EducaçãoCPatrimonial Crítica visa a motivar paraa prática da cidadania, podemosassociá-la à perspectiva da pedagogiahistórico-crítica, que se fundamenta em umpensamento pedagógico que almejatransformar a realidade do aluno, de modo atornar a educação uma prática para odesenvolvimento da criticidade. Busca fazeros atores sociais analisarem as condiçõescontraditórias de uma sociedade com modode produção capitalista e refletirem sobreseus acontecimentos históricos.

    A teoria psicológica que alicerça a pedagogiahistórico-crítica é a vertente histórico-culturalde Vigotski , para a qual, o homem écompreendido como um ser histórico,construído por meio de suas relações com omundo natural e social. Ele se difere das outrasespécies pela capacidade de transformar anatureza por intermédio de seu trabalho e porinstrumentos por ele criados e aperfeiçoadosao longo do desenvolvimento histórico-humano.

    Tanto a pedagogia histórico-crítica quantoa t e o r i a h i s t ó r i c o - c u l t u r a l e s t ã ofundamentadas no materialismo históricodialético em bases filosóficas marxistas.Enquanto a pedagogia histórico-crítica buscatraduzir para a sala de aula o processo dialético

    (prática-teoria-prática), a teoria histórico-cultural explica o aprendizado humano a partirde sua natureza social. Portanto, entendemosque ambas constituem uma metodologiaeficiente de transformação social.

    A sociedade em que vivemos é dividida eminteresses opostos, fundada no modo de

    produção capitalista. Diante disso, ap e d ag o g i a h i s t ó r i co - cr í t i ca b u s casubstanciar a bandeira de luta contra osinteresses da classe dominante, engajando-se no esforço de garantir à classetrabalhadora um ensino de melhorqualidade, lutando contra a discriminação, aseletividade e o rebaixamento do ensino dascamadas populares, dentro das condiçõeshistóricas atuais (SAVIANI, 2009).

    Para suprir as contradições da sociedadecapitalista e possibilitar aos alunos umaescola que desenvolva capacidades teóricase práticas, Saviani (2008) aponta que aespecificidade do processo educativo devese referir aos diferentes tipos deconhecimentos, ideias, conceitos, valores,atitudes, hábitos, símbolos, elementosnecessários à formação de cada indivíduo. Oautor não desvaloriza os conhecimentostrazidos da cultura popular, tão pouco docotidiano do aluno, mas ressalta a

    importância do saber clássico no que tangeao conteúdo escolar, o que não deve serconfundido com o que pejorativamente seentende por tradicional.

    O saber clássico possibilita ao homemcaptar seus próprios problemas e refletirsobre eles, percorrendo um movimentodialético ação-reflexão-ação.

    Orientada por essas preocupações, apedagogia histórico-crítica procurou construiruma metodologia que auxiliasse na mediaçãodo professor no seio da prática social global

    que, tem como ponto de partida e ponto dechegada a própria prática social. O trabalhopedagógico se configura como um processode mediação que permite a passagem doseducandos de uma inserção acrítica einintencional no âmbito da sociedade a umainserção crítica e intencional.

    e Psicologia histórico-cultural

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    Areferida mediação ocorre nosmomentos intermediários do métodoque é proposto em cinco etapas, asaber: o ponto de partida é a prática socialinicial; problematização, que implica a tomadade consciência dos problemas enfrentados naprática social; instrumentalização, pela qual oseducandos se apropriam dos instrumentosteóricos e práticos necessários para acompreensão e solução dos problemas

    detectados; e catarse (conceito que Savianiutiliza inspirado em Gramsci), isto é, aincorporação na própria vida dos alunos doselementos constitutivos do trabalhopedagógico e o retorno à prática social(SAVIANI 2012).

    Para Saviani (2012), o ponto de partidametodológico da pedagogia histórico-críticanão é a preparação dos alunos, cuja i niciativa édo professor (pedagogia tradicional), nem aatividade, que é de iniciativa dos alunos(pedagogia nova), mas é a prática social(primeiro passo), que é comum a professorese alunos. Essa prática comum, porém, évivenciada diferentemente pelo professor epelos alunos. Nesse momento, os alunos seencontram num nível de compreensãofragmentado (sincrético) em relação aoconteúdo que está sendo apresentado peloprofessor. Os professores se encontram no

    que Saviani denomina de “síntese precária”,isto é, ele tem clareza de seus objetivos deensino, articula seus conhecimentos eexperiências, mas a inserção de sua própriaprática pedagógica como uma dimensão daprática social envolve uma antecipação do quelhe será possível fazer com alunos cujos níveisde compreensão ele pode conhecer, no pontode partida, de forma precária.

    O segundo momento é a problematização,onde são identificados os “principaisproblemas postos pela prática social”. Sãolevantadas as questões que precisam serresolvidas. Não é a apresentação de novosconhecimentos por parte do professor(pedagogia tradicional), nem o problemacomo um obstáculo que interrompe aatividade dos alunos (pedagogia nova), mas éa problematização, isto é, o ato de detectar asquestões que precisam ser resolvidas noâmbito da prática social e como a educaçãopoderá encaminhar as devidas soluções.

    Em decorrência, a terceira etapa, ainstrumentalização, deverá ocorrer emconsonância com a problematização,oferecendo os instrumentos necessários aoseducandos para ascenderem em seus níveis decompreensão em relação à totalidade dosfenômenos. Não se identif ica com a

    assimilação de conteúdos transmitidos pelop r o f e s s o r p o r c o m p a r a ç ã o c o mconhecimentos anteriores (pedagogiatradicional), nem com a coleta de dados(pedagogia nova), mas se trata, nessemomento, da apropriação dos instrumentost e ó r i co s e p rát i co s n e ce s s ár i o s aoequacionamento dos problemas detectadosna prática social. Estando de posse dosinstrumentos teóricos e práticos é chegado o

    momento da expressão elaborada da novaforma de entendimento da prática social a quese ascendeu.

    Portanto, o quarto passo refere-se a catarse,entendida na acepção gramsciana de“elaboração superior da estrutura emsuperestrutura na consciência dos homens”(SAVIANI apud GRAMSCI, 1978, p. 53). Este é,pois, o ponto culminante do processopedagógico, quando ocorre a efetivaincorporação dos instrumentos culturais,transformados em elementos ativos detransformação social. É a passagem dasíncrese à síntese, permitindo aos alunos quemanifestem sua compreensão em termos tãoelaborados quanto era possível ao professorno início do processo.

    Chega-se, por fim, ao quinto passo, isto é, oponto de chegada, é a própria prática social,compreendida agora não mais em termossincréticos pelos alunos. Nesse momento, aomesmo tempo em que os alunos ascendem aonível sintético em que já se encontrava oprofessor no ponto de partida. O alunocompreende a realidade e se posiciona diantedela, manifestando sua nova postura, é omomento da ação consciente na perspectiva

    da transformação social, retornando à praticasocial inicial, agora modificada pelaaprendizagem.

    Pode-se concluir, então, que, pela mediaçãodo trabalho pedagógico, a compreensão e avivência da prática social passam por umaalteração qualitativa, o que nos permiteobservar que a prática social, no ponto departida da relação educativa (primeiro passo),em confronto com a prática social no ponto dechegada (quinto passo), não é a mesma.Marsiglia (2008) ressalta que esses passos nãodevem ser tomados como uma receita, o quepossibilita ao professor o planejamento e oreplanejamento de ações.

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    o trabalhar a educação patrimonialAcom este método o professor faz comque o aluno deixe de ser expectador econstrua o sentimento de valorização dopatrimônio que está ao seu redor, além disso,busca novos saberes e conhecimentos,possibil itando o reconhecimento dosprocessos dominantes que foram constituídoshistoricamente.

    Para tanto, Magalhães (2009) destaca que éfundamental que iniciemos a reflexão dopatrimônio a partir do reconhecimento de seucontexto imediato. A variedade de espaçosque podem ser explorados com a EducaçãoPatrimonial proporciona ao educando umintercâmbio entre os saberes, produzindo edivulgando conhecimento científico.

    A Educação Patrimonial cr ít ica quedefendemos neste trabalho visa a consolidar aparticipação de cada cidadão, de formaindividual ou coletiva, no âmbito da culturacientífica, rompendo a abordagem neutra doensino. A estratégia proposta por Saviani(2012) possibilita uma reflexão sobre umaeducação cidadã, partindo das informaçõesprévias dos alunos sobre o estudo doPatrimônio girando em torno da realidade emque vive, permitindo o desenvolvimento doespírito crítico e a construção de valores e

    ações que serão empregados no seucotidiano.

    Essa metodologia pode despertar mudançasde atitudes no ambiente escolar e nacomunidade e construir um sentimentopositivo de valorização de sua região.Possibilita ainda, reflexões diante dasquestões relacionadas aos patrimônios locais,com vistas a garantir-lhes a sustentabilidade.

    Na perspect iva histórico-cultural , oconhecimento é construído a partir deinterações entre sujeito e objeto porintermédio de ações socialmente mediadas.

    A tese central da obra vigotskiana é queo d e s e n v o l v i m e n t o n ão s e p ro d u zespontaneamente ou naturalmente. Oindivíduo avança para um novo período de seudesenvolvimento à medida em que osp ro ce s s o s e d u cat i v o s p ro m o v e m aapropriação da cultura e a complexificação desua atividade. Diante disso, o trabalho doprofessor é crucial para que o aluno avance emseu desenvolvimento. A psicologia histórico-cultural valoriza o trabalho do professor eatribui a ele grande importância, o que, aomesmo tempo, o leva a reconhecer suaresponsabilidade no processo educativo(PASQUALINI, 2013).

    Sendo assim, para que ocorra a aprendizagemdos conteúdos, o professor deve interagir como aluno afim de mediar o conhecimento,estabelecendo relações entre o conteúdo e ocontexto social. Por isso consideramos a teoriahistórico-cultural de Vigotski de granderelevância para a metodologia da EducaçãoPatrimonial que propomos neste trabalho.

    A mediação pode ser desenvolvida tantoutilizando técnicas convencionais de ensino

    (dramatizações, jogos, aulas de campo, aulaspráticas, entre outras), quanto com as novastecnologias desde que possibilitem o contatoentre o conteúdo e os alunos na realização daaprendizagem (GASPARIN, 2012).

    Vigotski (2007) reitera a importância dainteração com um semelhante para aconstrução da aprendizagem. Tanto a açãodocente, por meio do ensino, quanto aresposta do aluno, por meio da aprendizagem.

    É a partir da interação socia l, que os indivíduosse organizam e estruturam seu pensamento eseu ambiente. Os instrumentos e signos,histórico e socialmente produzidos medeiam avida. Os diferentes contextos culturais em queas pessoas vivem também são consideradoseducativos. A convivência nesses contextospermite a apropriação do patrimôniosocialmente construído e possibilita, ao alunoo conhecimento científico e cultural.(Vigotski 2007).

    Outra contribuição que Vigotski traz para aEducação Patrimonial está relacionada com oconceito de cultura, portanto, para entenderessa metodologia precisamos compreendercomo se estabelece o processo cultural e aimportância do patrimônio para a educação.Quando Vigotski fala em cultura não está sereportando apenas a fatores abrangentescomo o país onde o indivíduo vive, seu nívelsócio-econômico ou a profissão de seus pais,

    mas sim do grupo cultural e do ambiente emque o indivíduo vive, que está carregado designificados (OLIVEIRA, 1997).

    P d d E Ed i

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    ara Geertz (1973), o conceito de culturaPdenota um padrão de significadost r a n s m i t i d o s h i s t o r i c a m e n t e ,incorporado em símbolos, um sistema deconcepções herdadas expressas em formassimbólicas, por meio das quais os homenscomunicam, perpetuam e desenvolvem seuconhecimento e suas atividades em relação avida. Portanto, a totalidade das linguagens edas ações simbólicas próprias de umacomunidade constitui sua cultura. Para o autora cultura está ligada à natureza humana eperpassa pelo contexto biológico e evolutivo.

    A perspectiva de Vigotski nos ajuda a entenderquestões relacionadas à cultura e acompreender melhor o conceito depatrimônio, pois permite o reconhecimentode outros sentidos para além de seusignificado tradicional, contemplando osdiferentes contextos sociais e sua diversidadede possibilidades, de experiências e demediações (VIANA, 2009).

    Os espaços de educação não formal podemdesempenhar papel fundamental nodesenvolvimento de ações educativasmediadas, de modo tal que os alunosaprendem a ler o mundo e aprendem acompreender a realidade.

    espaço da cidade oferece ampliadasOpossibilidades de práticas educativas, éum local de ações sociais, políticas,culturais, vivências, que nos coloca em contatocom diferentes formas de agir, pensar e sentir. Asações e intervenções de diferentes públicos,mostram que este espaço possui um grandepotencial educacional. Para Carrano (2003) ascidades expressam política e culturalmente o

    traçado de seus relacionamentos humanos emdeterminado momento histórico, como porexemplo, as relações sociais capitalistas e oprocesso de industrialização, a competitividade, oindividualismo burguês e as desigualdadessociais.

    Outro conceito inerente as potencialidadesoferecidas pela cidade é o conceito deinterdisciplinaridade, o que nos permite explorara cidade potencializando-a como um espaço não-formal. Em conformidade com o assuntoabordado, Castellar (2009) reforça que estudar ac i d a d e e a n a l i s a r s u a s p a i s a g e n s e

    transformações, permitem que o professortrabalhe variadas dimensões do conteúdo escolare que o aluno perceba como a sociedade seorganiza em função da urbanização. As mudançasno mundo do trabalho geraram um crescimentoterritorial e populacional e o uso excessivo dosrecursos naturais. O desenvolvimento industrialcapitalista expandiu os bairros de operários e osbairros comerciais, mudando a paisagem local. Énesse contexto que se acentuam as contradições,

    ampliando as desigualdades, a exclusão social, aviolência, a fragmentação territorial, odesemprego e a contaminação ambiental.Portanto, estudar a cidade nos permite conhecera história local e as suas condições tanto do pontode vista natural, quanto social, político, estético ecultural.

    A respeito dos conteúdos que podem sertrabalhados a partir do conceito de cidadeeducadora, Lopes (2007 apud  TRILLA, 1999)descreve as possíveis relações entre cidade eeducação, considerando que o meio urbanopossibilita múltiplos acontecimentos educativos,tais como: nos âmbitos da educação formal e nãoformal por meio de instituições educativas(escolas, museus, zoológicos, bibliotecas, etc.);eventos educativos ocasionais (feiras,congressos, celebrações, etc.); um conjuntodifuso e permanente de espaços e vivênciase d u c a t i v a s , q u e n ã o s ã o p l a n e j a d a spedagogicamente, mas que compõem aeducação não formal; elementos culturais das

    ruas que possibilitam fluxo de relações reunindopessoas, ideias, objetos, técnicas da vidacotidiana como agente informal de educação; e acidade que ensina a si mesma, onde o cidadãoaprende a fazer uso cotidiano da cidade (porexemplo, aprendendo a fazer uso dos transportespúblicos, a localizar estabelecimentos comerciaise espaços de lazer, sem necessariamente,recorrer a processos formais de ensino),descobrindo sua fisionomia.

    A cidade como

     

    Espaço Educativo

    a d a c i d a d e a p r e s e n t a m a r c a sC Carrano (2003) considera a cidade como um a) Educação formal: É aquela que é ou qualquer outra forma de identidade ou

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    pCcaracterísticas, o que contribui para aformação dos conceitos de identidade ede lugar, expressos de diferentes formas: naconsciência de que somos sujeitos da história;nas relações com lugares vividos (incluindo asrelações de produção); nos costumes quefortalecem a nossa memória social; naidentificação e comparação entre valores eperíodos que explicam a nossa identidadecultural. Permite, também, entender os

    arranjos espaciais oriundos das situaçõesmigratórias que marcam suas identidades pormeio de atividades culturais e religiosas, queocupam, muitas vezes, os espaços públicos eque, via relações interfamiliares, compõe partesignificativa da experiência de vida do aluno(CASTELLAR, 2009).

    ( 3)ambiente educacional ampliado que seprocessa na heterogeneidade de espaçossociais praticados, sendo assim, o autorreforça que a educação envolve um lequeamplo de experiências educativas que não seresume apenas ao espaço escolar. Pensar acidade como espaço educativo é pensá-lacomo possibilidades de ações pedagógicasfora do contexto escolar que, desde os anos 90vem sendo denominada de “educação não-

    formal”. O movimento das cidades educadorasé o reconhecimento e tomada de consciênciado papel da cidade na educação.

    Para iniciar essa discussão é importantedistinguir a educação formal, da informal e danão-formal. Lembrando que as discussõessobre “os lugares da educação” aindaencontram-se em aberto, existe umadiversidade de autores que defendem váriasopiniões relacionadas ao assunto. Gohn (2011)apresenta as seguintes características para ostipos de educação formal, informal e nãoformal:

    ) ç q qdesenvolvida nas escolas, com conteúdodelimitado. Embora outros profissionais quetrabalham na escola também tenham carátereducativo, na educação formal os principaiseducadores são os professores. Exige um localespecífico, é sistematizada, obedece a umaorganização curricular, é regulamentada porleis de órgãos superiores e possui certificação etitulação que habilitam e qualificam osindiv íduos. Espera-se que haja uma

    aprendizagem efetiva para os indivíduosseguirem para graus mais avançados.

    b) Educação informal: Desdobra-se porintermédio de processos espontâneos, osconhecimentos não são organizados esistematizados. É um processo permanenteque ocorre no cotidiano dos indivíduos. Aaprendizagem pode ocorrer na rua, bairro,condomínio, clube que se frequenta, ou seja,os saberes adquiridos são absorvidos noprocesso de socialização e vivência segundo ogosto e preferências do indivíduo.

    c) Educação não formal: É aquela que seaprende “no mundo da vida”, ou seja,compartilhando experiências e o educador é apessoa com quem interagimos ou a quem nosintegramos. É considerada como elementofundante e constitutivo do processo def o r m a ç ã o d o s s e r e s h u m a n o s ,independentemente da origem, classe,

    q qpertencimento econômico, social, linguístico,cultural, ou político. A educação não formal éu m a p o s s i b i l i d ad e d e p ro d u ção d econhecimento que abrange territórios fora dasestruturas da educação formal, produzindoconhecimentos que o levem os à emancipaçãodas formas de pensar e de agir socialmente;Não visa a substituir ou competir com aeducação formal, pelo contrário ela pode atuarjunto com a escola, podendo complementá-la

    por intermédio de programações específicas,articulando comunidade e escola.

    Porém, a educação não formal é semorganização de séries, idade ou conteúdo,ocorre com metodologias e sequênciascronológicas diferenciadas e em espaçosalternativos, deve estar sempre adaptadasegundo o contexto local, trabalha os laços depertencimento e contribui para a construçãoda identidade coletiva do grupo. O seu supostobásico é que a aprendizagem se dá por meio daprática social e pelas experiências emt r a b a l h o s c o l e t i v o s , p r o p i c i a n d o aaprendizagem através da vivência de certassituações-problema. Compreendendo apolítica do mundo que o cerca, para além dosproblemas emergenciais locais, os alunospassam a agir com criticidade diante dasociedade globalizada, entendendo ascontradições globais e os antagonismos dasociedade em que vive.

    uanto a definição para espaço formal eQ Ecológicos e Zoobotânicos, Zoológicos, Temos percebido um distanciamento da problematizam o patrimônio, permitindo uma

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    Qespaço não-formal de educação,Jacobucci (2008) ressalta ser muito

    complexa. Apesar de o nome “espaço não-formal de educação”, ou sua abreviação como“espaço não-formal”, ser constantementeusado para definir lugares em que pode ocorreruma Educação não-formal, a conceitualização dotermo não é óbvia. No intuito de buscar umadefinição para espaço não-formal, é importanteconceituar o que é espaço formal de Educação,que está relacionado às Instituições Escolares daEducação Básica e do Ensino Superior, definidaspor Lei. É a escola, com todas as suasdependências: salas de aula, laboratórios,quadras de esportes, biblioteca, pátio, cantina,refeitório.

    Posto que o espaço formal de educação é umespaço escolar, é possível inferir que o espaçonão-formal é qualquer espaço diferente daescola onde pode ocorrer uma ação educativa,embora isso pareça simples, a autora consideraque essa é uma definição complicada, visto queexiste uma diversidade de lugares não escolares.Diante disso, Jacobucci (2008), classifica estesespaços não formais de educação em duascategorias: espaços institucionalizados enão institucionalizados. De acordo com osespaços categorizados como instituições, são osespaços que são regulamentados e que possuemequipe técnica responsável pelas atividadesexecutadas, como por exemplo, os Museus,Jardins Botânicos, Planetários, Parques

    Aquár ios, entre outros. Nos espaçoscategorizados como não instituições estãoincluídos os ambientes naturais ou urbanos quenão dispõem de estruturação institucional,como por exemplo, casas, rua, praças, praias,rios, lagoas, campo de futebol, entre váriosoutros.

    Compartilhamos a ideia de que precisamosrepensar a formação dos educadores, visto queo modelo de formação está centrado naeducação nos espaços formais. Conformeressalta o IPHAN (2014), a compreensão dosespaços territoriais como documento vivo épassível de leitura e interpretação por meio demúltiplas estratégias educacionais. Estesespaços possuem grande potencial quandoconseguem interligar a escola aos patrimôniosda cidade, como centros comunitários ebibliotecas públicas, parques e praças, cinemas eteatros. De acordo com as considerações dapedagoga Jaqueline Moll,

    educação em espaços educativos não formaisem relação aos espaços formais, pensando nisso,a educação patrimonial crítica, vislumbradaneste trabalho, junto ao conceito de cidadeeducadora, vem possibilitar o trabalho dop r o f e s s o r n e s s e s e s p a ç o s d e f o r m ai n t e r d i s c i p l i n a r , c o m a t i v i d a d e s q u e

    reflexão por parte dos alunos e dos professores.Possibilitará, ainda, que os alunos da escolapública também tenham acesso aos espaçosfrequentad os pela c lasse d ominante,potencializando o uso dos espaços não formaiscomo espaços formativos.

    [...] a cidade precisa ser compreendida comoterritório vivo, permanentemente concebido,reconhecido e produzido pelos sujeitos que ahabitam. É preciso associar a escola ao conceitode cidade educadora, pois a cidade, no seuconjunto, oferecerá intencionalmente às novasg e r a ç õ e s e x p e r i ê n c i a s c o n t í n u a s esignificativas em todas as esferas e temas davida (MOLL, 2009).

    U d história

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    Um pouco da história 

    cidade de Vila Velha é a mais antigaAdo Estado, localizada ao sudeste doEspírito Santo, Brasil. Fundada em 23de Maio de 1535, pelo Donatário português,

    Vasco Fernandes Coutinho, que a nomeou acapitania do Espírito Santo de Vila do EspíritoSanto, passando a se chamar Vila Velhaapenas em 1551, quando o donatáriotransferiu a sede da capitania para a Ilha deSanto Antônio (Ilha de Vitória), hoje capitaldo Estado (VILA VELHA, 2007).

    Conhecida como a cidade mais populosa doEstado do Espírito Santo, Vila Velha é umacidade litorânea, localizada ao sul da capital.Suas estruturas urbanas destruíram a maior

    parte de seus e lementos naturais ,consolidando um ambiente fragilizado, ondeas paisagens naturais foram alteradas emfunção de uma paisagem construída. Essamodificação se intensificou nos últimoscinqüenta anos, principalmente, devido àsquestões econômicas enfrentadas pelomunicípio e pelo seu intenso aumento

    populacional. O planejamento urbano nãofoi capaz de controlar a ocupação territoriale menos ainda, prevenir que áreasimpróprias fossem habitadas (GARCIA, 2011).

    De acordo com dados fornecidos peloPrograma de Assitência Técnica e ExtensãoRural (2011), a cidade possui o maior centrocomercial do Estado e também um grandeporte Industrial. Possui um clima tropicallitorâneo, território de 211 Km² com relevoplano e média de 4 metros acima do nível domar. Possui 32 quilômetros de litoralrecortado por praias, que constituemimportantes patrimônios naturais, além desímbolos turísticos e paisagísticos. No início

    da década de 70, Vila Velha recebeu umgrande número de migrantes do interior doEstado e da região da Grande Vitória, comisso, além do crescimento de moradores,aumentaram também os problemasurbanos.

    da cidade de Vila Velha /ESe das características

    agenda XXI (2004), da cidade emA que também se tornaram lugares de

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    g ( 4),Aquestão, destaca os grupos étnicosque o formaram, entre os quais,destacam os índios, negros e portugueses.Sobre os costumes e tradições, ressalta-seque é uma cidade rica em patrimônioshistórico, religiosos e paisagísticos,apresentando ricas manifestações culturais.

    Conforme dados obtidos no Instituto

    Brasileiro de Geografia e Estatística (2010), oMunicípio é formado por 5 distritos, são eles:Centro, Argolas, Ibes, São Torquato e Jucu.Essa divisão é válida desde 1 de janeiro de1979, quando houve a anexação dos distritosde Ibes e São Torquato, por meio da LeiEstadual nº 1935, de 8 de janeiro de 1964.

    A cidade possui uma população deaproximadamente 414.586 mil habitantes,sendo que, 412.575 pessoas residem a áreaurbana e 2.011 pessoas residem na área rural.

    C a b e a p o n t a r q u e V i l a V e l h a éuma cidade que possui muitos patrimôniostombados, entre as edificações mais antigasestão a Igreja do Rosário, a Capela de SantaLuzia, o Outeiro e o Convento de NossaSenhora da Penha, fundados no século XVI,além de outros patrimônios arquitetônicos

    q gmemória, porém ainda não protegidos porlei. Existem manifestações culturais que setornaram significativas para o Estado, entreas quais a maior festa tradicional religiosacapixaba, que é a festa de Nossa Senhora daPenha, padroeira do Espírito Santo. Ademais,temos também várias bandas de congocadastradas, o que nos faz observar anecessidade de incorporar na pesquisa os

    patrimônios imaterias.

    Não podemos deixar de destacar opatrimônio natural do Município que émarcado por formações rochosas de valorpaisagístico como o Penedo. Tambémressaltamos, o Morro do Moreno, os rios, asunidades e parques de conservaçãoambiental que preservam uma grandediversidade de fauna e flora, e outrossim, ospatrimônios que fazem parte do contexto dacomunidade escolar.

    A cidade em questão possui uma diversidadede patrimônios que, se trabalhados de formac r í t i c a , p o d e m i m p l e m e n t a r ainterdisciplinaridade e transformar-se emlugares de grande potencial educativo.

    P i ô i d id d

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    Patrimônios da cidade

     Convento da Penha

     

    Congo (Fábrica de casaca e tambor)

     

    Casa da Memória

    Igreja Nossa Senhora da Glória

    Gruta do Frei Pedro Palácio

     

    Atelier Kleber Galvêas

     

    Museu e Atelier Homero Massena Igreja Nossa Senhora do Rosário 

    1 - Sítio Histórico da Prainha

    2 - Museu da Vale

    3 - Parque do Morro da Manteigueira

    4 - Patrimônios da Barra do Jucu

    de Vila Velha /ESp a r t i r d a s i n f o r m a ç õ e sAapreendidas no decorrer dapesquisa apresentamos como

    sugestão, quatro espaços não-formaispara o desenvolvimento da metodologiada educação patrimonial crítica nasescolas do município de Vila Velha/ES.

    É importante ressaltar que os patrimôniosaqui destacados foram os mais elencadospelos professores durante o curso deformação sobre a temática. O curso foipromovido pelo programa de mestradoem Educação em Ciências e Matemáticado Instituto Federal do Espírito Santo emparceria com a Prefeitura Municipal de Vila

    Velha/ES no ano de 2013.

    Entre os espaços eleitos pelos professoresestão o Sítio Histórico da Prainha, o Museuda Vale, o Parque do Morro daManteigueira e os Patrimônios da Barra doJucu. A justificativa para a escolha dessese s p a ç o s e s t á r e l a c i o n a d a à scaracterísticas dos bens (materiais,imateriais e naturais), na possibilidade depromover um trabalho interdisciplinar emult id imen s io n a l e ta mbém po rpermitirem à análise dos antagonismospara a tomada de consciência darealidade.

    Nos anexos deste Guia apresentaremosinformações gerais de outros espaços da

    cidade de Vila Velha/ES que tambémpodem ser trabalhados nessa mesmaperspectiva.

    a   considerado o principal monumentoÉ    orata-se de um vão formado pelaT

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        C   o   n   v   e   n   t

       o    d   a    P   e   n    h   a

    Endereço: Rua Vasco Coutinho s/nº. Prainha.(ao lado do Museu Homero Massena).Horário de funcionamento: diariamente de 7h30 às 17h00.Mais informações: (27) 3329-0420www.conventodapenha.org.br

    A edificação da “ermida das palmeiras” foi erguidapor volta de 1560. A pequena capela construída pelofrei Pedro Palácios teve a sua primeira modificaçãoem 1651, a pedido do filho do donatário VascoCoutinho e outros principais da Vila que queriamconstruir um Convento no Espírito Santo,resultando em uma das mais belas construções doBrasil Colonial. Desde de então, o convento já

    passou por inúmeras reformas. A imagem da Penha,“Padroeira do Espírito Santo”, está exposta noConvento. Com objetivo de possibilitar a todos osfiéis a apreciação deste acervo, foi criado o Museudo Convento de Nossa Senhora da Penha, quepossui como objetos vestimentas e demaisartefatos utilizados pelos primeiros frades.

    Éreligioso do Estado e símbolo dedevoção a Nossa Senhora da Penha.Oito dias após a Páscoa, fiéis de todo o país sedirigem ao Convento em homenagem aSanta. A origem do culto à Nossa Senhora daPenha teve início em 1558, quando o FreiFrancisco Pedro Palácio, vindo de Portugal,chegou em Vila Velha trazendo um painel daSanta. Segundo a versão popular, o quadroteria sumido da Gruta onde o Frei morava eassim indicou o lugar onde deveria serconstruído, no alto de um morro de 154metros.

        G   r   u   t   a    F   r   e    i    P   e

        d   r   o    P   a    l    á   c    i

    Localização:Rua Antônio Ferreira de Queiroz.

     Área urbana. Prainha.

    Tnatureza embaixo de uma grandepedra situada no sopé da montanha.Possui aproximadamente 1 metro de alturaem declive a partir da entrada. Segundoalguns historiadores, foi residência do FreiPedro Palácio por mais de 6 anos. Neladormia o Frei tendo como travesseiro umapedra e nada mais, pois fazia parte da ordemviver na mais dura pobreza. Do mesmo lado eadiante da gruta, está o nicho onde, segundohistoriadores, o frei Pedro colocava o quadrode Nossa Senhora que trouxera de Portugal,e diante do qual orava com o povo.

    n   a ransformada em museu, a casa onde oT ti t lá ti H M i   amóvel tombado pelo Governo do EstadoI i d d f d ã

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        M   u   s   e   u   e    A   t   e    l    i   e   r    H   o   m   e

       r   o    M   a   s   s   e   n

    Endereço: Avenida Beira Mar, 175,

    Prainha, Vila Velha – ES.Horário de funcionamento: 

    Segunda a Sexta-feira,das 8h às 17h

    Sábados,das 10 às 14 horas.Mais informações:

    (27) 3388-4311www.vilavelha.es.gov.br

    Na casa em que morou com a esposa Edy, o visitantepode conhecer um pouco mais do que foi o dia a diade Massena. Livros, pincéis e um quadro nãoacabado permanecem intocáveis, deixando a vistaos últimos passos do pintor. Varanda, sala, ateliê,dois quartos, banheiro e cozinha compõem aconstrução, típica de beira de praia das décadas de40 e 50. Pinturas em todos cômodos e objetos

    pessoais remetem a criatividade do artista, quegostava de pintar nas rachaduras, dando um toqueúnico e especial às paredes da casa.

    Tartista plástico Homero Massenapassou os últimos 20 anos da sua vida.O artista foi um dos mais ilustres do Estado,ganhou prêmios como fundador da Escola deBelas Artes do Espírito Santo, sétima doBrasil, que se transformou no Centro deArtes da UFES, premiado com 28 medalhas,além de diplomas e outros. O interior da casaprocura reconstituir o ambiente do artista,além de objetos pessoais existentes pela

    casa e no cômodo onde era a oficina deHomero Massena, assim como cerca de 20quadros deixados pelo pintor.

        C   a   s   a    d

       a    M   e   m    ó   r    i

    Endereço:Rua Lucio das Neves, 14,

    Prainha, Vila Velha/ESHorário de funcionamento:

    Segunda a Sexta, das 8h às 17h.Mais informações:

    (27) 3388-4344www.vilavelha.es.gov.br

    Icom mais de 100 anos de fundação,situado ao lado do museu HomeroMassena. A casa da memória promoveexposição sobre o Convento da Penha,cerimônia comemorativa do termino 2ªGuerra Mundial, exposição permanente,fotos e objetos sobre o sítio histórico daPrainha e adjacências; um grande acervo queremonta a cultura local, fortalecendo ahistória e memória do município e do Estado.

    É a mais recente instituição criada com afinalidade de incentivar o estudo da história edo desenvolvimento cultural de Vila Velhasob todos os aspectos.

    Localizada no sítio histórico da Prainha, a Casa daMemória foi construída no final do século XIX(datada em 1893) e é tombada pelo ConselhoEstadual de Cultura. No espaço, existe um acervopermanente de fotos que tratam do sítio históricoda Prainha e adjacências, fortalecendo a história ememória do município e do Estado. O local está

    aberto à visitação de segunda a sexta, das 8 às 17h.No local, com as imagens expostas que retratam aevolução do município ao longo dos últimos 100anos, o visitante poderá conhecer um pouco dahistória da cidade, com acervo histórico e culturalsobre a colonização do solo Espírito-santense.

       o a mais antiga do estado, sendo o início

    Éde sua construção em 1535, logo após a l   eMuseu Vale, inaugurado em 15 deOoutubro de 1998, é uma iniciativa

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        I   g   r   e    j    a    N

       o   s   s   a    S   e   n    h   o   r   a

        d   o    R   o   s    á   r    i É ç 535, g pchegada do donatário, sob a forma de

    capela. Com a ajuda do jesuíta Afonso Brás eo irmão leigo Simão Gonçalves, recebeunaquela época o acréscimo de uma navemaior e o nome de Igreja Santa Catarina,sendo depois denominada de Igreja doRosário. A praça da frente tem palmeirasimperiais e obeliscos em homenagem àVasco Fernandes Coutinho e a Nossa

    Senhora dos Prazeres. A Igreja do Rosário éum bem tombado pelo “IPHAN” (Institutodo Patrimônio Histórico e ArtísticoNacional), deu-se em 20 de março de 1950.

    Endereço: Praça da Bandeira,

    Prainha, Vila Velha - ESHorário de funcionamento: 

    Diariamente,de 7h30 às 17h00.

    Mais informações:(27) 3239-3113

        M   u   s   e   u    V   a    

    Endereço: Antiga Estação Pedro Nolasco, s/nº,

    Argolas, Vila Velha/ESHorário de funcionamento: 

    Janeiro –Terça-feira a Domingo,das 10h às 18h.

    Fevereiro a dezembro - Terça-feira àsexta-feira, das 8h às 17h.

    Mais informações:(27) 3333-2484

    www.museuvale.com

    permanente e realiza exposições temporárias comartistas nacionais e internacionais.

    Com suas exposições, seminários e oficinas de arte,promove o contato com a diversidade daslinguagens, técnicas e estéticas contemporâneas,incentivando muitos jovens a ingressarem nomercado de produção artístico-cultural.

    O 99 ,da Fundação Vale, instituição querealiza ações, projetos e programas sociaisnas regiões onde a Vale está presente,com o objetivo de contribuir para odesenvolvimento dos territórios e defortalecer as pessoas e as comunidades,respeitando sempre as identidadesculturais locais e a valorização da memória edo patrimônio histórico brasileiro.

    Museu histórico e de arte contemporânea,que conta a história da Estrada de FerroVitória a Minaspor meio de uma exposição

    o   r    )r   a

    brange uma área de 140 hectares,Af o rm ad a p o r m an g u e z ai s e congo é um ritmo musical queOmistura folclore, religião, música e

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        C   o   n   g   o    (    F    á    b   r    i   c   a    d   e    C   a

       s   a   c   a   e    T   a   m    b   o

        P   a   r   q   u   e    M   o   r   r   o    d   a    M

       a   n   t   e    i   g   u   e    i    Aremanescentes da Mata Atlântica

    (que são distribuídos nos Morros daManteigueira e Garoto), área de baixadacomposta de restinga e terreno alagado,que compõe um conjunto paisagísticoatraente. O ponto mais alto do Parque é oMorro da Manteigueira que possui 80metros, onde se tem um platô que sevislumbra a beleza da entrada da baía de

    Vitória e o estuário do rio Aribiri. Apesar deestar localizado em uma área urbana, abrigarica e variada fauna. As visitas ao Parquesão monitoradas e devem ser previamenteagendadas pela Secretaria de MeioAmbiente.

    Endereço: Rua Jaburuna, Glória.

    Horário de funcionamento: Terça-feira a Domingo,

     das 8h às 17h.Mais informações:

    (27) 3339-8119

    Ocultura. O santo padroeiro do congocapixaba é o São Benedito. Duas festas docongo da Barra merecem destaque: aRetirada e Fincada do Mastro. Os fiéis saemem direção a Igreja Nossa Senhora da Glória,onde é fincado ou retirado o mastro de SãoBenedito, que vai geralmente junto com aimagem do Santo e é carregado por homens,em uma procissão ao som dos tambores de

    congo e das casacas.

    A casaca é um instrumento que imita o corpoe cabeça de uma pessoa. Para tocá-la é

    Endereço: Centro - Barra do Jucu, Vila Velha/ESMais informações:(27) 99630-6990 (Mestre Vitalino)

    preciso segurar firme no que seria o pescoço doinstrumento e provocar atrito em seu corpo comuma vareta.

    Diz a lenda que, ao tocar a casaca, os escravosfingiam estar enforcando e chicoteando ossenhores que os faziam mal.

    A visita na fábrica de casacas e tambores permite oconhecimento das técnicas utilizadas na confecçãodestes instrumentos, destacando os materiaisutilizados antes e os materiais utilizados hoje,retratando a influência das novas tecnologias.

    i   a ê   a   sntre as obras que o artista KleberEGalvêas exibe em seu atelier, estão as edificação foi erguida entre 1900 eA1913 na Barra do Jucu utilizando

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        I   g   r   e    j    a

        N   o   s   s   a    S   e   n    h   o   r   a    d   a    G    l    ó   r    

        A   t   e    l    i   e   r    K    l   e

        b   e   r    G   a    l   v    êE ,pinturas de paisagens capixabas de

    tamanhos, formatos, assuntos, cores evalores bem diferentes, mostrando suaimpressão sobre trechos populares dapaisagem do Espírito Santo.

    Endereço:Rua Antenor Pinto Carneiro, nº 66,

    Barra do Jucu, Vila Velha - ESCapacidade:

    Grupos de até 40 pessoasHorário de funcionamento: 

    Segunda a Sexta,das 8h às 17h.

    Mais informações:(27) 3244-7115

    www.galveas.com

    Aalvenaria de pedra e cobertura detelhas com forro de madeira, recentementesubstituída por PVC, além de piso de ladrilhocerâmico. Depois de visitar a igrejaaproveite para conhecer a antiga Ponte daMadalena, construída em 1896, que liga obairro à reserva de Jacarenema.

    Endereço: Praça Pedro Valadares,

    Barra do Jucu, Vila Velha - ESHorário de funcionamento: 

    2ª feira às 19h30 (terço dos homens);

    3ª feira às 17h30 (celebração);5ª feira às 19h (terço);

    Domingos às 8h (celebração).

    Planejando a Visita 1º MomentoAntes da v is ita: Etapa considerada 3º MomentoDepois da visita: Pode ser realizado de diversas

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    Planejando a Visitafundamental para situar o aluno. O professorexpõe o conteúdo a ser trabalhado, promovediscussões e problematizações sobre oassunto e apresenta os roteiros e objetivosdaquela aula.

    2º MomentoDurante a visita: Esse momento não pode servisto pelos alunos como um passeio turístico,deve ser visto como um lugar de discussão deideias e um lugar que possibil ite acompreensão da importância da práticarelacionada às teorias discutidas em sala deaula. Nessa etapa o professor deve atuarco m o m e d i ad o r d a ap re n d i z ag e m ,fornecendo elementos necessários paraestimular a curiosidade dos alunos e a buscade respostas para às questões apresentadasno 1º momento.

    O professor deve instigá-los a pensar,

    elaborar conceitos e levantar hipóteses. Aafetividade, o respeito de opiniões, apercepção e os debates em grupo tambémsão trabalhados neste momento.

    maneiras desde que se faça uma leitura críticado espaço observado, sendo assim, pode-seextrair o conhecimento dos alunos por meiode produção de relatórios, feiras culturais,exposições, teatros, construção de maquetes,elaboração de jornais, mesas redondas,divulgação dos conhecimentos adquiridos pormeio da rádio escolar, entre outros.

    o preparar as visitas aos patrimôniosAda cidade alguns aspectos devem serlevados em consideração. Primeiro, éimportante que o professor conheça o espaçoa ser visitado, por meio de visita prévia ou porintermédio de pesquisa em guias e catálogosturísticos e internet. Quando se tratar de um

    espaço institucionalizado é necessário que oprofessor entre em contato com o setoreducativo da instituição para agendar a visitacom antecedência.

    Existem instituições que oferecem sugestõesde roteiros e atividades que podem serdesenvolvidas. Porém, cabe ao educador, queé quem mais conhece o seu grupo e sabe desuas necessidades, escolher o melhorrote iro e reunir as condições parapropiciar o melhor aproveitamento

    da aula. Os roteiros apresentados devemser avaliados pelo educador, de modo, aconsiderar o conteúdo que pode sertrabalhado dentro das possibilidadesoferecidas pelo local, a idade dos alunos, as é r i e , o s re cu rs o s d i s p o n i b i l i z ad o spela escola ou até mesmo o recurso dosalunos, entre outros fatores que devemser adequados à realidade em que atua.

    Outro elemento essencial refere-se aorientação aos alunos, especialmente quantoa itens como segurança, higiene e com relaçãoàs atitudes a serem tomadas nos espaços queserão visitados, visto que, alguns delespossuem exposições em que não se podetocar.

    Alguns materiais como máquina fotográfica,água, repelente, sacos plásticos para oacondicionamento do lixo, filtro solar ecaderninho para anotações também devemser levados em consideração e trabalhadascom os alunos para o bom aproveitamento dasaulas fora do ambiente escolar. Esclareça aosalunos que algumas exposições não podemser fotografadas.

    As visitas aos patrimônios de uma cidade são

    caminhos alternativos para se construir oconhecimento, pois podem estimular acuriosidade e a criticidade dos alunos. Paraisso, é de suma importância que osprofessores trabalhem três momentos quesão de suma importância para relacionar teoriae prática, são eles: o antes, o durante e odepois da visita.

    Proposta de desenvolvimento da Metodologiada Educação Patrimonial

    A partir daí, o professor traça os principais objetivos que pretende alcançar. Esses objetivos devem seligar às necessidades apresentadas pelos alunos neste primeiro contato e à realidade socio-cultural,

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      da Educação Patrimonialg p p p ,

    contribuindo para a formação de cidadãos conscientes, críticos e participativos.

    pós apresentarmos a concepção deAE d u c a ç ã o P a t r i m o n i a l C r í t i c asugerimos at iv idades a seremtrabalhadas no Sítio Arqueológico da Prainha,no Museu da Vale, no Parque do Morro daManteigueira e nos patrimônios da Barra doJucu. Essas atividades mostram a diversidade

    de possibilidades de utilizar a metodologiaproposta de maneira interdisciplinar emuldimencional.

    Procuramos elaborar as atividades seguindoos pressupostos da pedagogia histórico-crítica, explicitando o método de ensinotrabalhado por Dermeval Saviani, com afinalidade de favorecer o diálogo e a interaçãoentre alunos e professor.

    Uma vez definido os patrimônios a serem

    trabalhados, a ação educativa se desenvolveráao longo das seguintes etapas: Prática SocialInicial, Problematização, Instrumentalização,Catarse e Prática Social Final. Segue abaixo,modelo para estruturação da proposta detrabalho:

    O primeiro passo deste método é o contatoinicial com o tema a ser estudado, sendo assim, oprofessor deve se apoderar dos conhecimentosprévios que os alunos detêm sobre o tema e

    listar os conteúdos que serão estudados. Nestemomento, por meio do diálogo, o alunoexpressa suas concepções e vivências sobre oconteúdo. Inicialmente, a percepção do sensocomum é empírica e um tanto confusa, umavisão sincrética, que não corresponde, muita dasvezes, ao conceito científico do tema estudado.No momento da prática social inicial, após aapresentação da temática que será trabalhada,o professor deverá propor um desafioaos alunos perguntando tudo o que gostariamde saber sobre o assunto.

    Para auxiliar o professor a verificar o

    conhecimento prévio dos alunos em relação atemática, segue algumas questões que podemser levantadas: O que é um patrimônio? Quaissão os nossos patrimônios? Por que osindivíduos não preservam seu patrimônio? Porque devemos preservar os patrimônios de nossacidade? Que importância eles possuem? Por queeles devem ser valorizados e preservados? Quaisos tipos de patrimônios podemos encontrar emnossa cidade?

    CONTEÚDOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS

    O que é Patrimônio? * Conceituar o que é patrimônio e apresentar as diferenças entre osbens culturais.* Identificar os tipos de bens que existem em seu cotidiano.

    Conhecendo osPatrimônios Materiais,Imateriais e Naturais.

    * Identificar os patrimônios locais,* Conhecer a história da cidade.* Reconhecer a importância social, cultural, econômica e históricadestes patrimônios.* Conhecer as manifestações culturais locais.* Caracterizar os elementos estruturadores da identidade local.* Identificar as influências e o comportamento das pessoas nestesambientes, compreendendo o processo de degradação do mesmo.* Reconhecer o valor do Patrimônio Natural, promovendo aconsciência de sustentabilidade.* Compreender os antagonismos e contradições destes patrimôniospara a tomada de consciência da realidade.

    OBJETIVO GERALConscientizar o educando sobre a importância da preservação dos patrimônios econtribuir para a construção da cidadania e valorização dos patrimônios culturais dacidade de Vila Velha/ES.

     Etapa

     Prática Social Inicial

    DIMENSÕES A SEREM OBJETIVOSESPECÍFICOS Etapa2ª

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    O momento da Problematização, que é o elemento-chave na transição entre a prática e a teoria. Naproblematização, o professor elabora questões para debate e são levantadas situações queestimulam o raciocínio do aluno.

    É importante ressaltar que não se trata de um problema que interrompa as atividades dos alunos,tornando-se um obstáculo para a aprendizagem, mas sim o ato de detectar questões que precisamser resolvidas no âmbito social, possibilitando um diálogo entre os alunos e professores eareflexão crítica sobre o seu contexto.

    Essa etapa deve relacionar-se aos principais problemas postos pela prática social, os quaisprecisam ser resolvidos não só pela escola, mas no âmbito da sociedade. Todo o conteúdo listadona prática social inicial deve ser transformado em questões problematizadoras classificando-asnas diversas dimensões, tais como: conceituais, científicas, históricas, econômicas, ideológicas,políticas, culturais, educacionais, religiosas, estéticas, filosóficas, psicológicas etc. O importante éque os alunos se conscientizem de que problematizar significa questionar a realidade e é nestemomento que se inicia a tomada de consciência crítica. Seguem na tabela ao lado algumassugestões.

    Apesar da lista de dimensões estabelecidas nesse exemplo, algumas das problematizações

    poderão sofrer modificações conforme o contexto da escola e, desta forma, adaptadas arealidade dos alunos no decorrer do desenvolvimento da metodologia.

    Ressaltamos ainda, que a problematização não ocorre somente nesse momento. As situaçõesproblematizadoras possibilitam questionamentos, diálogos e interações, por isso devem estarpresentes em todas as fases do desenvolvimento da m etodologia.

    DIMENSÕES A SEREMTRABALHADAS

    OBJETIVOS ESPECÍFICOS

    Conceitual * O que é patrimônio?

    Histór ica * C omo foram construí dos esses patri mônios?* Ao longo da história o homem destruiu ou modificou os patrimônios domunicípio?

    Soc ia l * Por que é necessário o equi lí brio do homem com os patrim ôni os locais?* Como o homem interage com estes patrimônios?* O que podemos fazer para preservar esses bens?* Quem são os responsáveis pela depredação desses patrimônios?

    Econômica * De que forma esses patrimônios contribuem com a renda da populaçãoe trazem lucros para o município?* Como se deu o processo de urbani zação da cidade?

    Política * O que a prefeitura e o estado têm feito para preservar esses patrimônios?

    Legal * Quai s são as lei s de proteção patr imonia l? Essas leis são cumpridas?

    Rel ig iosa * De que forma a igre ja tem influência sobre estes patrimônios?

    Cultural * Quais as manifestações culturais do municíp io e qual sua importância naconstrução da identidade dos moradores da região?

    Educacional * Qual o papel da escola na preservação dos patrimônios?

    p

     Problematização

    3.1 - Sítio Histórico da Prainha: Conhecendo os Patrimônios Materiais Etapa3ª

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    Essa etapa deve estar em consonância com a problematização, visto que é durante ainstrumentalização que as perguntas da problematização são respondidas. Essa fase, consiste naapreensão dos instrumentos teóricos e práticos necessários para a resolução dos problemasdetectados na prática social inicial.

    A instrumentalização é o centro do processo pedagógico, o professor desenvolve ações didático-pedagógicas para construção do conhecimento, os alunos refazem suas concepções dos

    conceitos cotidianos, se apropriando dos conceitos científicos e a aprendizagem se efetiva.

    Descrevemos abaixo algumas ações que podem ser desenvolvidas:

    1  - Apresentação de slides e exposição oral sobre o conteúdo especificando o conceito depatrimônio e a sua classificação (material, imaterial e natural).

    2  - Atividades lúdicas para reforçar a apreensão dos conceitos e a importância dos patrimôniosa) Jogo “Trilha da Educação Patrimonial” (Jogo de tabuleiro disponível no Anexo 1, página 66).b) Jogo da memória (Anexo 2, página 72)c) Palavras cruzadas e labirinto (Anexos 3 e 4, páginas 74 e 75)d) Quebra-cabeça (Anexos 5, 6 e 7, páginas 76, 78 e 80)

    e) Oficina de casaca de garrafa PET e roda de congo (Anexo 8, página 81)

    3 - Visita aos PatrimôniosPara a visitação é necessário que o professor tenha concluído o planejam ento do antes, o durantee o depois da visita. Durante a visitação o professor deve mediar a construção do conhecimento eestimular a curiosidade dos alunos, para que os mesmos possam construir suas aprendizagens,instigando-os a pensar, buscar respostas para a responder as questões problematizadas econstruir conceitos. A afetividade, o respeito de opiniões, a percepção e os debates em grupotambém são trabalhados neste momento.

    O Sítio histórico é um complexo que agrega vários pontos históricos, entre eles destacamos oConvento da Penha, a Gruta Frei Pedro Palácios, a Igreja Nossa Senhora do Rosário, o Museu eAtelier Homero Massena e o Museu Etnográfico, mais conhecido como Casa da Memória. Aenseada histórica da Prainha foi o local onde aportou o primeiro donatário do Espírito Santo, VascoFernandes Coutinho. É o local onde começou a colonização do Espírito Santo.Objetivos da visita: promover a vivência dos alunos sobre o conteúdo desenvolvido na sala de aula,reforçando a aprendizagem; favorecer o entrosamento entre os alunos; conhecer os patrimôniosmateriais que agregam o Sítio histórico; proporcionar maior contato com os patrimônios locais;provocar a reflexão e a crítica dos alunos sobre as ameaças a estes patrimônios; e o que podemosfazer para preservá-los.

    Sugestão de atividades a serem desenvolvidas no momento da visita:1º momento: Dividir a turma em cinco grupos para a produção de vídeos sobre a história, descriçãoe características dos patrimônios visitados.2º momento: Visitar cada patrimônio que compõe o sítio histórico.3º momento: Promover diálogo entre a Matemática , a Geografia e a Arte, trabalhando com asseguintes temáticas: trigonometria, geometria, semelhança de triângulos, perímetro e área,distâncias, noções de lateralidade e espaço e estudos cartográficos.A prática investigativa pode ser realizada em frente ao Convento da Penha. Trata-se de delimitar otamanho do Convento. Para tanto, foram utilizadas as seguintes ferramentas: trena, teodolito

    caseiro e pranchetas. (Construção do teodolito caseiro: ver Anexo 10, página 84).

    p

     Instrumentalização

    4º momento:  Responder ao questionário abaixo, para elaboração de relatório.a) Quem foi Pedro Palácio? Conte um pouco da história.b) Qual é a igreja localizada na Prainha tombada pelo IPHAN?

    Sugestão de atividades a serem desenvolvidas no momento da visita:1º momento: visita monitorada para conhecer a história do museu e da ferrovia.2º momento: Divida os alunos em grupos e peça que apresentem propostas de temas para

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    )Q g j pc) A casa da Memória foi construída com que objetivo? O que este patrimônio retrata para a sociedade?d) Qual a exposição está disponível para visitação na casa da memória? Explique a importância dessaexposição para o moradores de Vila Velha.e) Quem foi Homero Massena?f) De que forma o museu Homero Massena desperta a curiosidade do público? Possibilita o contato dovisitante a um universo de conhecimentos produzidos pela humanidade ao longo de sua história? Ousomente a história de vida do Pintor?g) O convento da Penha é um dos Patrimônios mais antigos do Brasil. Qual a importância cultural e

    econômica que este Patrimônio traz para o município? Qual o motivo do Convento ter sido construídono alto do morro?h) A prefeitura ou estado (sistema) ajuda a preservar os Patrimônios localizados na Prainha?

    3.2 - Museu Vale

    O Museu Vale abriga o acervo permanente com 133 itens (84 peças e 49 fotografias) que contam ahistória da Estrada de Ferro Vitória a Minas. A Sala da Construção, a Sala de Manutenção e a Saladas Estações são espaços expositivos que apresentam a história da ferrovia. Visitar essas salas épercorrer o passado. O Museu conta também com o Centro de Memórias, que possui um preciosopatrimônio arquivístico.Conta com uma Maquete Ferroviária com 34m² de área construída, que ilustra todo o trajeto daEstrada de Ferro Vitória a Mi nas. Há ainda o Painel Interativo, que explica o processo de extração

    do minério, o carregamento e o descarregamento dos vagões e de navios, o processamento dominério e nas usinas de pelotização no Complexo de Tubarão e como ele é transportadoatualmente.Desde sua inauguração, vem apresentando obras de artistas que pertencem à história da artecontemporânea nacional e internacional. As mostras são realizadas na Sala de ExposiçõesTemporárias, localizada no edifício-sede e no Galpão de Exposições, um antigo armazém de cargasadaptado para exposições de grande porte.

    g çdesenvolver um vídeo curto usando a técnica de “Stop Motion”. (Ver Anexo 9, página 83).Você poderá motivá-los exemplificando alguns temas que podem ser trabalhados: impactosambientais, ferramentas utilizadas na construção das ferrovias, utensílios utilizados no vagão do tremdo museu, retratar a arte de alguma exposição temporária, nacional ou internacional, entre outros.

    Cada grupo realizará a sua leitura sobre o local e usará a criatividade para elaborar a animação.Reforce junto à turma que a realização de uma animação, assim como acontece com um filme, umanovela, um documentário ou até mesmo com uma propaganda de TV exigem um cuidadoso

    planejamento e a realização de diversas etapas. Trata-se de um trabalho de equipe que necessitado envolvimento de todos para o sucesso do produto final.

    3.3 - Parque do Morro da Manteigueira 3.4 - Os patrimônios da Barra do Jucu: conhecendo as culturas e as tradições

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    O Parque possui sede administrativa e trilhas monitoradas para Educação Ambiental. As visitas sãoacompanhadas por mediadores responsáveis pela caminhada nas trilhas e pelas atividadesambientais que têm duração de 1 hora e 30 m inutos.O Parque abriga fragmentos da Mata Atlântica em estágios inicial, médio e avançado deregeneração. Apesar de estar localizado em uma área urbana, abriga rica e variada fauna.

    Sugestão de atividades a serem desenvolvidas no momento da visita:

    1º momento: Palestra com os mediadores do parque (40 minutos).2º momento:  Trilha Ecológica para conhecer a biodiversidade local.3º momento:  Conhecendo o manguezal e suas características.4º momento:  Orientar os alunos para se dividirem em grupos e listarem as características doambiente. Em seguida, o grupo fará uma representação corporal de elementos encontrados nomanguezal. (exemplos: caranguejo na toca, peixes, aves, vegetação, entre outros). A atividadedeverá ser registrada por meio de uma fotografia.5º momento: Esquematizar uma cadeia alimentar dos animais observados no manguezal.6º momento:  Responder o questionário abaixo, para elaboração de relatório.

    a) Com que finalidade o Parque o morro da Manteigueira foi construído? Que tipo de Patrimôniopode ser encontrado neste parque? De que forma ele atende a população ressaltando a

    importância do patrimônio natural de Vila Velha?b) Qual a vegetação característica desse parque? Qual a fauna predominante no local?c) Que ação antrópica foi detectada nesse ambiente?

    A Barra do Jucu é um balneário peculiar do município de Vila Velha, onde os habitantes locaismantém tradições religiosas e folclóricas (congo é um dos ritmos loca is), com festas e celebrações.O local preserva até hoje suas características de vila e o seu folclore, com as Bandas de Congo e aFesta de São Benedito. Durante a festa, o Congo da Barra do Jucu é acompanhado pela procissãopercorrendo as ruas da Vila e fincando o mastro em frente a Igreja da Glória com muita música,dança e foguetes. A vila recebeu esse nome pois próxi mo à foz da rio Jucu, nos finais de tarde, aatração é a revoada das garças boiadeiras. Fazendo parte deste roteiro, estão além do Congo, aFábrica de casacas e tambores, o Atelier Kleber Galveas e a Igreja Nossa Senhora da Glória.

    Sugestão de atividades a serem desenvolvidas no momento da visita:

    1º momento: Visita ao atelier Kléber Galveas para conhecer os efeitos da poluição atmosférica quesão retratados em suas obras.2º momento: Conhecer a Igreja Nossa Senhora da Glóri a.3º momento: O professor deverá solicitar aos alunos que fotografem janelas e portas, ladrilhos eoutros detalhes que podem ser identificados como figuras geométricas.4º momento:  Visitar a fábrica de tambor e casaca. A visita à fábrica de casacas (instrumentomusical tradicional local) e de tambores permitirá o conhecimento das técnicas utilizadas naconfecção destes instrumentos, destacando os materiais utilizados antes e os m ateriais utilizadoshoje, retratando a influência das novas tecnologias.

    5º momento:  Participar da roda de congo junto a um dos mestres das bandas locais. Essamanifestação cultural foi selecionada, devido às dificuldades encontradas (religiosas,econômicas) para sua manutenção.6º momento:  Entrevistar os moradores ou um dos mestres de congo (Mestre Vitalino, MestreBuchecha, Mestre Daniel), para elaboração de relatório. Segue sugestão de questionário:a) O que é o congo? É considerado um folclore? Com o surgiu? Quem foi o primeiro mestre?b) Era uma festa dos escravos? Qual o motivo de realizarem essa festa?

    c) Só os homens tocavam os instrumentos? Qual o papel das mulheres na roda?d) Como é produzida a casaca e o tambor? Quais as técnicas utilizadas? Como eram produzidos no

    As atividades aqui sugeridas propõem uma intima ligação entre os vári os saberes, ultrapassando ocaráter meramente disciplinar, propondo um olhar interdisciplinar.

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    passado e como é hoje?e) O que ameaça essa cultura nos dias de hoje?f) A prefeitura ou estado (sistema) ajuda a preservar essa cultura?g) Cada grupo de congo tem sua característica própria? O que apresentam de diferente?h) Como surgiu a música Madalena de Mart