educacao do campo_diretrizes operacionais

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    Educao do CampoDiretrizes Operacionais

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    Confederao Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - Contag

    SMPW Quadra 01 . Conjunto 02 . lote 02 . CEP: 71735-010Ncleo Bandeirante/DF

    TeL: 61 2102.2288 - Fax: 61 2102.2299

    agenciacontag @contag.org.brwww.contag.org.br

    Diretoria Executiva

    Presidente

    Manoel Jos dos SantosVice-presidente e Secretrio de Relaes Internacionais

    Alberto Erclio BrochSecretrio Geral

    Hilrio GottseligSecretrio de Finanas e Administrao

    Juraci Moreira SoutoSecretrio de Poltica Agrcola

    Natal Ribeiro MacielSecretrio de Assalariados

    Guilherme Pedro NetoSecretria de Poltica Agrria e Meio Ambiente

    Maria da Graa Amorim

    Secretrio de Formao e Organizao Sindical

    Francisco Miguel de LucenaSecretria de Polticas Sociais

    Maria de Ftima Rodrigues da SilvaCoordenadora da Comisso de Mulheres Trabalhadoras Rurais

    Raimunda Celestina de MascenaCoordenadora da Comisso Nacional de

    Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais

    Simone BattestinProjeto Grfico e Diagramao

    ric SeabraIlustraes

    Caca SoaresProduo do Texto

    Maria do Socorro SilvaReviso Fi nal

    Eliene N. Rocha

    http://contag.org.br/http://contag.org.br/http://www.contag.org.br/http://www.contag.org.br/http://www.contag.org.br/http://contag.org.br/
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    Apresentao No incio de 2001, o Conselho Nacional de Educao, atravs

    da Cmara de Educao Bsica, com o objetivo de resgatar o

    cumprimento do artigo 28 da Lei de Diretrizes e Bases da

    Educao, que prope uma adequao das leis educacionais aocampo, convocou audincias pblicas com representantes dos

    rgos normativos estaduais e municipais, os movimentos

    sociais e sindicais, universidades, Ong"s e demais setores da

    sociedade que atuam no campo brasileiro.

    A demanda advinda dos diferentes movimentos pedaggicos

    existentes no campo, por uma poltica especfica, h muito estava

    presente na pauta polt ico-educacional de nosso pas.

    A CONTAG articulou e coordenou um processo de discusso e

    proposio com as federaes, sindicatos e entidades parcerias no

    sentido de contribuir na formulao dessas normas para a

    educao.

    Nesse processo vale salientar o papel fundamental que

    desenvolveram os parceiros: Unio das Escolas Famlias

    Agrcolas do Brasil-UNEFAB, a Associao Regional das Casas

    Famlia Rural-ARCAFAR, o Movimento de OrganizaoComunitria - MOC, a Universidade de Braslia-UNB, o Servio de

    Tecnologia Alternativa - SERT, o Instituto Regional de Pequena

    Agropecuria Apropriada-

    IRPAA, Instituto Agostn Casterjon, Secretaria Municipal de

    Educao de Cura-BA e Escolas de Formao da CUT.

    Aps a aprovao no Conselho Nacional de Educao, as

    diretrizes foram homologadas em 12/03/2001 pelo Ministro da

    Educao, por meio da Resoluo CNE/ CEB n 01, de 03 de

    abril de 2002.

    Para a lei sair do papel e se implementar na prtica, est sendo

    necessria a participao dos movimentos e organizaes. O

    primeiro passo conhecer o que foi aprovado. Por isso essa

    cartilha foi elaborada para ajudar na discusso. Boa leitura e bom

    trabalho.

    Maria de Ftima Rodrigues da Sil vaSecretria de Pol ticas Sociais 3

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    A Educao Nacional e as Diretrizes Operacionais

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    Para incio de conversa, vamos buscar compreender o

    significado de algumas questes para que possamos fazer

    nossa discusso.

    A primeira questo o entendimento das diretrizes,

    enquanto uma lei educacional especfica para as escolas docampo, elaborada e aprovada pelo Conselho Nacional de

    Educao com a participao dos movimentos sociais e

    sindicais, as Universidades, ONG'S e homologada pelo

    Ministro da Educao.

    O que so Diretrizes Operacionais?

    So normas e critrios polticos, pedaggicos, adminis-

    trativos e financeiros que tem fundamentos legais e servem

    para orientar a organizao das escolas do campo, e cujas

    regras devem ser regulamentadas pelos sistemas de ensino

    municipal, estadual e federal na educao bsica.

    O que sistema de ensino?

    toda a organizao da educao compreendendo a rede

    de escolas, as normas e as leis da educao, os rgos quecuidam da administrao, fiscalizao e regulamentao da

    educao no Municpio, no Estado e no Pas.

    A base dos sistemas de ensino sua existncia constitucional

    prpria, autnoma dentro de seu campo de atuao.

    O que preciso para se ter um sistema de ensino?

    No municpio necessrio que o prefeito/a encaminhe

    para cmara um projeto de lei, criando o sistema de ensino

    municipal. Esse processo dever se orientar pelos seguintes

    pontos:

    Ter como referncia a Lei de Diretrizes e Bases da

    Educao e a Lei Orgnica do Municpio;

    Proporcionar a participao da sociedade civil, prin-

    cipalmente dos profissionais da educao, por meio do

    Conselho Municipal de Educao ou de audincias pblicas

    na Cmara de Vereadores.

    Constituir o sistema conforme o colocado no artigo

    18 da LDB.

    LDB - Art. 18. Os sistemas municipais de ensino

    compreendem:

    I - as instituies do ensino fundamental, mdio

    e de educao infantil mantidas pelo Poder Pblicomunicipal;

    II - as instituies de educao infantil criada e

    mantidas pela iniciativa privada;

    III - os rgos municipais de educao.

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    Como se consti tui a Educao?

    A Educao Brasileira conforme a Lei de Diretrizes e Bases da

    Educao-lei maior da educao em nosso Pas- constituda por

    dois nveis: educao bsica e superior. E por modalidades de

    ensino, que so: educao especial, formao de professores na

    modalidade normal, educao escolar indgena, educao de jovens

    e adultos e educao tcnico profissional.

    O que constitui a Educao Bsica?

    A educao bsica organiza-se nas seguintes etapas: educao

    infantil, o ensino fundamental, o ensino mdio e a educao

    tcnica profissional. Cada etapa dessa tambm poder se

    organizar em diferentes modalidades de ensino. Por exemplo,

    podemos ter uma sala de ensino fundamental emeducao especial, ou uma sala de educao de

    jovens e adultos ou ento, uma sala de ensino mdio

    que seja na modalidade normal (magistrio).

    04 a 06 anos-responsabilidade prioritria do municpio.(art

    29)

    Ensino fundamental - a partir dos 07 anos e facultativamente

    aos 6 anos. Durao mnima de 08 anos. Obrigatrio e gratuito na

    escola pblica. Divide-se em:

    Series iniciais1 a 4a;

    Series finais - 5aa 8asrie (art. 32).

    Ensino mdio - etapa final da educao bsica com durao

    mnima de trs anos. Prioridade esfera estadual. 1 ao 3 ano (art.

    35).

    A educao tcnica profissional poder ser feita ou junto com o

    ensino mdio ou aps a pessoa concluir o ensino mdio.

    Por que importante uma norma para as escolasdo campo?

    Porque ao lo ngo da nossa his t ri a, as

    escolas do campo sempre foram tratadas com

    polticas compensatrias: projetos e programas

    que comeavam e terminavam com os mandatos

    dos governos, e nunca com pol ti cas que

    pensassem uma escola adequada realidade

    dessa populao, o que nos deixou como herana,

    entre outras coisas: um quadro de analfabetismo, da

    Vejamos como se organiza as etapas da Educao

    Bsica

    Educao infantil - ofertada em creches s crianas at

    03 anos e pr-escolas - crianas de

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    inexistncia de escolas em todos os nveis no campo ou de escolas

    que trabalham contedos fora da realidade do campo.

    Por que so normas apenas para as escolas?

    Porque o Conselho Nacional de Educao um rgo que tem o

    poder de le gisl ar apenas para o sistema educacional. Assim, so

    normas apenas para as escolas de educao bsica que atendem as

    crianas, jovens e adultos do campo.

    importante isso ficar claro, porque a educao do campo

    no apenas a escolarizao.

    A educao do campo maior que a escola, pois est

    presente no movimento e na organizao do povo. Embora, a

    escolarizao seja importante, ela apenas um dos tempos eespaos da formao humana, no toda a educao.

    Os processos educativos so efetivados atravs de diferentes

    iniciativas:

    Educao Formal - so aquelas iniciativas dirigidas

    escolarizao da populao nos diferentes nveis de

    ensino (infantil, fundamental, mdio, profissional e superior)

    organizadas pelo sistema de ensino pblico, privado ou comunitrio;

    Educao No-Formal - so aquelas iniciativas dirigidas

    para organizao comunitria,.produtiva, sindical, poltica, cultural,

    religiosas, geralmente organizadas pelos movimentos sociais e

    sindicais, Ong, pastorais e outras entidades da sociedade civil.

    Educao informal - todo o processo formativo que ocorre na

    famlia, nos grupos de amigos, atravs de meios de comunicao,

    atividades recreativas.

    Apesar de serem distintos essas iniciativas precisam ser pensadas de

    forma integrada como parte de um pensamento e ao por umamelhor qualidade de vida. 7

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    A Escola do Campo e oProjeto de Desenvolvimento Sustentvel

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    A escola para contribuir na construo da sociedade sustentvel

    necessita de:

    Saberes tcnicos, humanos e ambientais que contribuam para

    impulsionar o desenvolvimento rural sustentvel; pois, a sociedade

    exige cada vez mais conhecimentos para o exerccio da ci da da ni a,

    e o desenvolvimento de habilidades e competncias para umainsero qualificada no mundo do trabalho que ajudem o

    trabalhador e trabalhadora a produzir com qualidade, com um

    ambiente ecologicamente sustentvel e com justia social.

    Fortalecer novos valores e nova sensibilidade baseada no

    respeito a si mesmo, ao outro e a terra, no dialogo e na igualdade

    entre homens e mulheres, entre as diferentes raas e geraes,

    cultivando atitudes e posturas de responsabilizao e preocupao

    com uma sociedade sustentvel, estimulando o amor pela terra como

    fonte geradora da vida e nossa morada;

    Considerar as diferenas dos grupos humanos, existentes no

    campo e sua relao com a terra, o mundo do

    trabalho e da cultura: agricultores/as familiares, assalariados/ as, sem-

    terra, ribeirinhos, caiaras, extrativistas, pescadores, indgenas,

    remanescentes de quilombos.

    Valorizar os saberes dos diferentes sujeitos da

    aprendizagem, crianas, jovens, adultos, terceira idade, homens e

    mulheres;

    Esses saberes podem contribuir na socializao do poder entre

    todos os cidados e cidads ou na criao de poder nos sem-poder

    reforando a cidadania.

    Se a Educao tem essa dimenso e importncia, no basta lutar

    para se ter acesso escola pblica, gratuita e de qualidade, ela

    precisa estar vinculada realidade do campo brasileiro.

    A escola do campo deve ter como ra zes:

    A democrati zao do acesso a Terra, como um instrumento

    fundamental na promoo da funo social da terra, no combate as

    desigualdades sociais e econmicas, mediante a gerao de

    emprego e renda dentro e fora do setor agrcola, como forma de

    combate fome e a pobreza, e como redistribuio do poder

    poltico. O objetivo maior. promover a interao harmnica entre

    homens/mulheres, terra e natureza, implementando uma relao

    que respeite as necessidades da sociedade, mas que respeite a

    dinmica da natureza, que seja uma relao sustentvel em longo

    prazo e busque consolidar a unidade de produo familiar e novas

    formas de empreendimentos coletivos.

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    A construo de atitudes e valores para novas relaes de

    gnero: fundamentadas na igualdade, na disposio de reconhecer

    o direito de cada pessoa, no aprender e ensinar a partilhar o poder,

    o prazer, o saber, e o bem querer entre mulheres e homens,

    mulheres e mulheres e homens e homens na sociedade.

    O fortalecimento da agricultura familiar: estratgico para a

    redistribuio de renda, o fortalecimento da sociedade civil,incentivando a cooperao, a produo de alimentos de forma

    ecolgica, solidria e economicamente vivel garantindo a

    segurana e a soberania alimentar.

    A construo de novos modelos tecnolgicos e de assessora

    mento tcnico: "fundamentado num processo de democratizao,

    de construo coletiva do conhecimento, do equilbrio entre o

    aumento da produtividade e a relao com o meio ambiente.

    Assim, as pesquisas realizadas nas escolas e nos centros de

    formao em busca de novos modelos metodolgicos so

    fundamentais para esse processo de fortalecimento da agricultura

    familiar.

    Soberania alimentar o direito dos povos de definir suasprprias polticas e estratgias de produo, distribuio econsumo de alimentos.

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    Sustentvel - processo de desenvolvimento em que asnecessidades das geraes atuais so satisfeitas semcomprometer as possibilidades de atender s necessidadesdas geraes futuras.

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    A Democratizao dos espaos pblicos: com a participao da

    sociedade dentro e fora da escola. Nesse sentido, a escola precisa

    estimular participao da comunidade, dos pais e mes, dos

    estudantes e professorado tanto nos colegiados e comits gestores da

    educao, como nos existentes na sociedade: conselhos, cmaras

    tcnicas, comisses e as organizaes associativas, cooperativas,

    estudantis, sindicais e culturais assumem papeis importantssimos na

    conduo das polticas e na construo do projeto de

    desenvolvimento em nvel local.

    H

    PARA REFLETIR E APROFUNDAR

    1. Junto com sua comunidade discuta qual a

    importncia que a educao pode ter para a vida devocs?

    2. Como esta funcionando a escola existente na

    sua comunidade? Como vocs participam da escola?

    3. Faam um levantamento das iniciativas de

    educao no-formal existentes no seu municpio e

    quais os atores e atrizes envolvidos nas mesmas.

    4. Existem outras organizaes que vocs parti-

    cipam? Quais? 11

    O poder l ocal refere-se ao conjunto das foras politicas e

    das organizaes sociais - seja das elites, seja das camadaspopulares - existentes num terr i tri o (mi crorregies).

    Envolve as relaes sociais entre as pessoas, as instituiese as organizaes. E nos espaos de participao do poder

    local que so tomadas as decises sobre os acontecimentosmais simples e tambm mais complexos da vida cotidiana,

    inclusive sobre os modelos de desenvolvimento.

    Poder pblico composto pelas instncias de Estado(legislativo, executivo e judicirio) e nveis de governo(municipal, estadual e federal), nos quais as demandascoletivas da sociedade so gerenciadas.

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    Elementos Fundamentais nas DiretrizesOperacionais para a Educao Bsica das Escolas do

    Campo(Parecer n 36 de 2001 e a Resoluo n 01 da Camar de Educao Bsica do Conselho Nacional de Educao

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    1. A identidade da escol a do campo

    No artigo 2o das diretrizes fala que a escola do campo precisa

    estar inserida na realidade do seu meio, nos saberes da comunidade

    e nos movimentos sociais. Precisa ser uma escola que tenha a cara

    dos povos do campo. Que a terra seja um elemento chave, que a

    cultura, as lutas, a histria do campo, seja ponto de partida para o

    trabalho em sala de aula. Ento, no qualquer escola, que fique

    apenas limitada ao mundo das primeiras letras, ou com contedos

    que no contribua para a criana e o jovem do campo resgatar sua

    auto-estima de ser agricultor ou agricultora. Precisa ento estar

    plantada no solo do campo e produzindo conhecimentos sobre arealidade que ajude as pessoas que nela vivem, a transforma-l.

    2. A organizao curricular (o que e como ensinar na

    escola est nos artigos 4oe 5o)

    Os temas a serem trabalhados na escola devem ser ligados ao

    mundo do trabalho, ao desenvolvimento do campo. Assim,teremos contedos gerais (matemtica, lngua portuguesa,

    histria, geografia, etc), que todos os estudantes aprendem em

    qualquer lugar do Brasil, e contedos especficos

    de acordo com as caractersticas regionais, locais,

    econmicas e culturais da comunidade onde

    a escola est inserida.

    O como e ns in ar (metodologi a)

    tambm deve ser adequada a

    r e ali da de do campo, resgatando os

    materiais disponveis no meio ambiente

    conhecimentos que os pais, os

    estudantes, os tcnicos, as lideranas

    da comunidade possuem sobre as diferentes

    temticas a serem trabalhadas. Nesse processo o professorado no

    o nico a ter o conhecimento, embora tenha um papelfundamental na aprendizagem.

    Essa metodologia resgata a riqueza das experincias que

    vem se desenvolvendo no campo, que utilizando diferentes

    procedimentos (aulas na roa, excurses, entrevistas, reunies,

    dramatizaes, observaes, etc); recursos (enciclopdias, livros,

    jornais, revistas, vdeos; a prpria natureza: rios, campos, serras,

    etc;) e espaos(a comunidade, florestas, cerrado, roas, engenhos,casas de farinha, postos de sade, monumentos histricos, praas,

    rgos pblicos, etc...), vo construindo uma prtica pedaggica

    inovadora e adequada realidade do campo.

    13

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    3. Responsabilidades do poder pblico com relao

    oferta educacional e a regulamentao das diretrizes

    (Artigos 3o, 6oe 7o)

    O sistema municipal dever ofertar educao i nfantile ensino fundamental nas comunidades rurais,

    inclusive para os jovens e adultos; ou seja, a lei

    garante a permanncia da escola no campo, sem ter

    que toda criana ser deslocada para sede do

    municpio para poder frequentar a escola.

    Vejamos o que diz tambm a Lei de Diretrizes e Bases da

    Educao(Lei n 9394/96):

    O artigo 11 da LDB, inciso V, incumbe os municpios de

    oferecer Educao Infantil em creches e pr-escolas e, com

    prioridade, o Ensino Fundamental, permitida a atuao em

    outros nveis de ensino somente quando estiverem atendidas

    plenamente as necessidades de sua rea de competncia e com

    recursos acima dos percentuais mnimos vinculados pelaConstituio Federal manuteno e ao desenvolvimento do

    ensino

    O sistema estadual dever ofer tar o ensino mdio e

    tcnico profissional, que poder ser nas

    comunidades rurais, povoados ou na sede do

    municpio. Com relao educao profissional

    vejamos o que diz a LDB:

    Art. 39. A educao profissional, integrada s

    diferentes formas de educao, ao trabalho,

    cincia e tecnologia, conduz ao permanente

    desenvolvimento de aptides para a vida

    produtiva.

    Pargrafo nico. O aluno matriculado ou egresso do ensino

    fundamental, mdio e superior, bem como o trabalhador em

    geral, jovem ou adulto, contar com a possibilidade de acesso

    educao profissional.

    A educao de jo vens e adultos tambm est assegurada nas

    diretrizes reforando o que diz a LDB:

    Art. 37. A educao de jovens e adultos ser destinada

    queles que no tiveram acesso ou continuidade de estudos no

    ensino fundamental e mdio na idade prpria.

    14

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    Par. 1o. Os sistemas de ensino asseguraro gratuitamente

    aos jovens e aos adultos, que no puderam efetuar os estudos

    na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas,

    consideradas as caractersticas do alunado, seus interesses,

    condies de vida e de trabalho mediante cursos e exames.

    ATENO!

    importante que o municpio organize o seu Sistema Municipal de

    Ensino para estabelecer as normas de funcionamento das escolas, poder

    tomar deciso e fortalecer a autonomia da gesto em relao ao estado e

    a Unio.

    PARA DISCUTIR E APROFUNDAR

    1. No seu municpio tem sistema municipal de ensino?

    Procure conversar com a Secretaria de Educao ou com o

    Conselho Municipal de Educao a esse respeito?

    2. Junto com sua comunidade pense que contedos ou

    temas so importantes de serem estudados nas escolas deseu municpio. Como vocs podem sugerir isso para a

    escola?

    3. No seu municpio tem oferta de educao tcnica

    profissional?

    15

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    4. Organizao das escolas (artigos 7o1 e 2o)

    A escola pode organizar as turmas de diferentes maneiras:

    classe multisseriada, ciclo, alternncia ou sries.

    O calendrio da escola do campo pode ser organizado deacordo com a realidade de cada local, desde que no prejudique os

    alunos na quantidade de dias letivos. Conforme a Lei de Diretrizes

    e Bases tem que ser no mnimo 200 dias de efetivo trabalho escolar.

    Esses dias podero ser desenvolvidos dentro da sala de aula ou em

    alternncia.

    5. Gesto da escola (artigos 10 e 11)

    Os pais, as mes, a comunidade e os movimentos

    sociais tm o direito assegurado de participar na discusso

    do funcionamento da escola, na proposta pedaggica e na

    discusso do uso dos recursos financeiros e sua aplicao.

    Como podemos participar da gesto?

    Uma das formas de participar da gesto educacional por meiodos conselhos, vejamos alguns deles:

    Conselho Munici pal de Educao

    Conselho Escolar

    Comits de Gesto: caixa escolar, merenda,

    FUNDEF.

    Conferncias de Educao

    A outra forma de participar da "gesto a participao dosmovimentos e sindicatos na elaborao do Plano municipal de

    educao-PME

    O que o plano? O PME um plano global, de toda a

    educao, no um plano apenas da Secretaria de Educao nem

    da rede de ensino municipal. Aprovado por lei, porque assim a

    Constituio o determinou, deve assegurar-lhe maior fora e

    garantia de execuo.

    Art. 214 - A lei estabelecer o Plano Naci onal de Educao, de

    dur ao pl ur ianual , visando a ar ti cul ao e ao desenvol viment o

    do ensino em seus di versos nveis e a i ntegr ao das aes do

    poder pbl ico que conduzam a:

    I - err adicao do anal fabeti smo;

    I I - uni versal izao do atendimento escolar ;I I I - melhoria da qual idade do ensino

    IV - formao par a o trabalho;

    V - pr omoo humanstico, ci enti f ico e tecnol gi co.

    16

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    6. Formao do professorado (artigos 11,12 e 13).

    O sistema de ensino municipal ou estadual

    dever garantir a formao do professorado que

    ainda no tem curso normal (magistrio) ou

    superior.

    Os cursos que formam o professorado

    devero ter conhecimentos/contedos que contribua

    para que possam atuar na realidadedo campo.

    A formao continuada em servio (cursos de capacitao,

    especializaes, etc), possibilitando que possam atuar com o

    mesmo grau de eficincia no campo e na cidade; a

    profissionalizao docente com remunerao digna, piso salarial e

    incluso nos planos de carreira, ingresso por concurso pblico,

    condies adequadas de trabalho e institucionalizao de programa

    de formao continuada;

    o sistema de ensino municipal e estadual dever garantir a

    titulao do professorado "leigo" que se encontra em sala de

    aula.

    E denominado assim, aquele professorado que no concluiu

    a formao inicial, ou seja, curso normal de nvel mdio.

    Garantir o que esta na Constituio Federal de

    que a unio dever aplicar no mnimo 18% e os

    Estados, Municpios e Distrito Federal 25% dareceita dos impostos na educao. Foi criada uma

    Lei chamada FUNDEF que para passar recursos para a

    manuteno das escolas do ensino fundamental. Por essa lei, a unio

    repassa para os estados e municpios um valor correspondente a cada

    aluno/a matriculado. No caso, das escolas do campo, o artigo 2 odessa

    lei diz que: o custo-aluno tem que ser diferenciado, ou seja, se a unio

    repassava em 2002 R$ 418,00 por aluno de Ia a 4a srie, para as

    escolas do campo esse valor dever ser superior.

    Art. 211 - A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os

    Municpios organizaro em regime de colaborao seus

    sistemas de ensino.

    1 a unio organizar e financiar o sistema federal de ensino

    e dos territrios, e prestar assistncia tcnica e financeira aos

    Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios para odesenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento

    prioritrio a escolarizao obrigatria.

    7. Financiamento da educao nas escolas do

    campo (artigos 14 e 15)

    17

    O FUNDEF f d d bil Q l l ib i d dif j i

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    O FUNDEF um fundo de natureza contbil que rene

    recursos de diferentes fontes com a destinao especfica de

    contribuir na manuteno e desenvolvimento do ensino

    fundamental

    PARA DISCUTIR E APROFUNDAR

    1. Quais os conselhos de gesto da educaoque tem em seu municpio?

    2. Como est sendo a participao da comunidade nesses

    conselhos?

    3. No seu municpio como se d a formao do

    professorado?

    Qual o papel e atribuies dos diferentes sujeitos na

    elaborao e no controle social das polticas educacionais?

    Poder pblico municipal

    Assegurar o cumprimento do que reza a Constituio - ofertar

    a Educao pblica e gratuita como um direito de todos

    organizando os rgos normativos e a poltica de financiamento daeducao;

    Garantir a participao da comunidade nos conselhos gestores

    das polticas pblicas;

    Encaminhar a normatizao das diretrizes operacionais e a

    elaborao do Plano Municipal de Educao.

    Conselhos

    Estabelecer as diretrizes e metas para a poltica de educao

    do municpio, canalizando os recursos e orientando e fiscalizando

    a sua aplicao;

    Elaborar o plano municipal de educao que define as

    prioridades do municpio durante o perodo ali estabelecido.

    Conselheiros

    Atuar como articulador e educador da comunidade local,assegurando a discusso e a socializao das informaes e

    a avaliao dos encaminhamentos dados pelo Conselho.

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    Sociedade civil organizada (sindicatos, associaes,

    cooperativas, ONG's)

    Propor, fiscalizar e avaliar junto com as comunidades,

    a execuo das aes planejadas;

    Atuar como estimulador da participao das

    comunidades locais nos processos de discusso e planejamento

    das aes educacionais; Articular outras organizaes da sociedade para elaborao

    de propostas educacionais e fortalecimento da participao da

    sociedade nas polticas pblicas.

    Que passos podemos dar com relao a essa questo?

    Juntar a comunidade e comear a discutir sobre essasdiretrizes, a garantia que ela traz para a participao da

    comunidade e dos movimentos sociais e sindicais na escola e nas

    polticas de educao elaboradas no municpio.

    Verificar se no seu municpio o Conselho Municipal de

    Educao est constitudo, e como fiscaliza a aplicao dos

    recursos para a educao;

    Procurar se informar quais os conselhos de gesto que existem

    no seu municpio com relao educao: merenda, FUNDEF,

    caixa escolar. Como funciona cada um deles e quem participa e

    quais entidades esto l representadas.

    Informar-se o plano municipal de educao, que traa

    as metas e objetivos para a educao no municpio, esta

    sendo elaborado. Esse plano que define posteriormente

    o que entrar ou no no oramento do municpio para a

    rea educacional;

    Acompanhar o processo de regulamentao das diretrizes no

    conselho municipal de educao. Que se tenha ateno especial ao

    tratamento que esta sendo dado a educao de jovens e adultos na

    elaborao do plano municipal, pois muitos municpios acham queno de sua responsabilidade essa questo.

    Por fim, planeje com seu sindicato e com sua organizao

    para participar dos conselhos na gesto das polt icas pbl ic as .

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    Para continuar conversando Como vocs perceberam essa cartilha apenas o motepara estimular a prosa sobre educao do campo.

    Essa discusso precisa estar presente no sindicato, na associao, nas reunies da escola, no Conselho de Educao, enfim, em todos os

    espaos onde estamos pensando e f azendo poltica.

    As diretrizes para as escolas do campo so um instrumento na nossa luta pela afirmao do direito a igualdade de acesso educao como

    ponto de partida para o reconhecimento dos direitos humanos e afirmao da cidadania.

    Assim, contamos com voc para continuar essa conversa na sua comunidade.

    Bom trabalho!

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