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Av. Ver. Narciso Yague Guimarães, 277, Cep: 08790-900 - Centro Cívico

Mogi das Cruzes - SPFone: (11) 4798-5085 Fax: (11) 4726-5304

[email protected] wwwmogidascruzes.sp.gov.br

• Conselho Editorial Maria Geny Borges Avila Horle

Anne Ivanovici Cláudia Helena Romanos Pereira

Leni Gomes Magi Marilda Aparecida Tavares Romeiro Safiti

• Jornalista Responsável Luiz Suzuki - MTB 22936

Kelli Correa Brito - MTB 40010

• Coordenação Editorial Bernadete Tedeschi Vitta Ribeiro

Lilian Gonçalves Marinina Beatriz Leite

• Fotos Arquivos da E.M. de Mogi das Cruzes

• Colaboraram nesta edição Maria Inês Soares Costa Neves,

Rosa Aparecida de Sousa Correa,Maury Pereira da Costa Neves,

Patrícia Mie Matsuo, Thais Ferraresi,Vera Lúcia de Oliveira,

Andrea Rodrigues Barbosa MarinhoTaciano Segóvia, Rosely Aparecida Liguori Imbernon, Maria Cristina Motta de Toledo,Ricardo Augusto de Azevedo Arouca Júnior,

Cláudio Silva, Vanilda Gomes da Silva Nascimento, Marlene das Dores Cecílio,

Ana Paula de Jesus, Sheila Marsil Sanches,Andréia Cristina S. Pacheco Guimarães,

Equipe da EM Maurílio de Souza Leite Filho,Rosana da Rocha Thuzuki, Patrícia de

Cássia Barba Macedo, Gracila Maria Grecco Manfré e José Sebastião Witter.

• Produção e Impressão Marpress informática - Tel: (11) 4795.6060

• Tiragem 3.500 exemplares

A Revista Educando em Mogi, nº 34 é uma publicação da Secretaria Municipal de Educação de Mogi das Cruzes e não se

responsabiliza por conceitos emitidos em artigos assinados.

A quecimento global, falta d´água, poluição... Preocupações que antes ficavam nos planos futuros, hoje fazem parte do presente de toda a população mundial. O assunto está pre-

sente na mídia, na conversa com os amigos e nas salas de aula.

No mês de junho, comemoramos o Dia Mundial do Meio Ambien-te e temos a edição especial da Educando em Mogi com artigos so-bre o trabalho que é feito não só nas escolas do município, como em outras cidades de todo o Brasil, com o apoio do Ministério do Meio Ambiente.

A Escola Ambiental de Mogi das Cruzes festejou seu primeiro ano de vida com muitas conquistas, como a participação no Viva a Mata 2007, um importante evento com projetos ambientais brasi-leiros, organizado pela Fundação SOS Mata Atlântica, um de seus parceiros. A parceria tem sido a marca do trabalho nestes doze me-ses de vida, com a participação de Furnas, Instituto Ecofuturo, De-partamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e a Administração Regional de Jundiapeba.

A conscientização das crianças e das comunidades no entorno das escolas é representada em artigos de professoras mogianas, que demonstram os resultados do bom trabalho desde os pequenos das creches até o Ensino Fundamental. O Meio Ambiente agradece.

O seqüestro de carbono, a neutralização das emissões de CO2 tam-bém fazem parte desta edição. O Fórum Mundial de Educação Alto Tietê trará esta novidade com o plantio de mudas a partir do dia 16 de setembro. A Educação Ambiental é um importante trabalho que tem contribuído para a formação das nossas crianças e de toda a comunidade. É o momento de vermos não só as mudanças em nos-sas florestas e no clima, mas também na qualidade de vida do ser humano e sua harmonia com o próximo. Assim, iremos educar para a sustentabilidade do planeta.

Editorial

Qualidade de vida= Educação + Meio Ambiente

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SECRETaRIa MunICIPal dE EduCação

CooRdEnadoRIa dE CoMunICação SoCIal

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Sumário

HISTORIANDO

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34 Um rio, muitas histórias

12

29 Em busca da simplicidade perdida!

28

Carbono zero é meta do Fórum Mundial de Educação Alto Tietê

Unidos pela natureza

Educação Ambiental para conscientizar a sociedade

Educação Ambiental no Ambiente Escolar33

31

32

Projetos que envolvem a comunidade

30

20

17

14

22

24

25

26

10

8

7

6

A nossa Casa

A sabedoria popular e sua influência na sustentabilidade

Escola Ambiental no Viva a Mata 2007

Escola Ambiental de Mogi das Cruzes comemora seu primeiro aniversário

Economia & Meio Ambiente: A realidade da sustentabilidade do desenvolvimento

Conservando a Mata Atlântica através das espécies ameaçadas – O caso do mico-leão-dourado

Educação Ambiental

O que é seqüestro de carbono?

A construção de sociedades sustentáveis

Colhemos o que plantamos

Ecopedagogia: uma proposta possível

Perspectivas da Educação Ambiental e suas contribuições

Sistema Nacional de Educação Ambiental – SISNEA

Capacitações marcam II Semana de Meio Ambiente

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N ossa casa, essa é nossa casa. Quando fa-lamos em Meio Ambiente, parece a todos que algo lá fora acontece. Acontece nas

matas, nos rios, no ar. Uma indiferença não pejo-rativa nos acomete.

Hoje, a mídia tem alertado sobre aquecimento global, falta de água, poluição atmosférica; mas isso ainda nos parece distante.

Historicamente, a ação predatória do homem na busca por bens de consumo a qualquer preço, pode ter sido o estopim de toda crise que enfrenta-mos nesse momento crucial de nossas vidas. Por ignorância de parte da maioria da população mun-dial, ignorância esta, revelada na forma de falta de informação ou informações não disponíveis; estas ações trouxeram o caos à nossa casa.

O homem tornou-se exclusivista e consumista, apoiando-se numa visão que se valida muito cla-ramente nos grandes monopólios.

Desta forma, enquanto nosso país, ainda hoje, está deitado em berço esplêndido, pois ainda te-mos a maior biodiversidade do planeta, países di-tos detentores de tecnologia já sentem os efeitos desse desequilíbrio.

Em 1968 no Japão, crianças nasceram cegas, mu-das ou deformadas devido ao mercúrio despejado por indústrias químicas na Baía de Minamata.

Os rios transformaram-se em enormes lixeiras, dentro do conceito de ser a água um poderoso solvente. Catástrofes ocorreram em grandes rios, como no famoso rio Mississipi, nos Estados Uni-dos, que pegou fogo durante 5 dias. Em 1973, o rio Sena, que corta Paris, deixou como resultado de práticas abusivas, uma mortandade de peixes que escandalizou toda comunidade Européia, jogando sobre Paris uma nuvem de odor podre.

E por aqui, próximo de nós? Por aqui, podemos citar o caso da Mata Atlântica, reduzida a 7% de sua mata original. A maior área de biodiversidade do planeta, onde em apenas 1 hectare foram en-contradas 450 espécies. Séculos de exploração de madeira, queimadas, expansão agrícola e ur-bana, destruíram de forma avassaladora nossa Mata Atlântica.

Não podemos culpar brasileiros ou portugueses, mas, sim, observar as escolhas políticas de indiví-duos ou grupos econômicos, o chamado progres-so e desenvolvimento que ainda não conseguiu igualar socialmente a todos.

Como conseqüência, conseguimos alterar a circulação de água na atmosfera, perder irrepa-ravelmente a biodiversidade, provocar alterações climáticas profundas, reduzir o volume de água subterrânea e expor o solo à erosão.

Esse descaso para com nossa biodiversidade levou a falta de envolvimento emocional com a nossa casa. Esquecemos do cuidar, passamos do zelo ao desvelo.

Mudanças de atitudes, ocupação, preocupação e envolvimento poderão levar ao envolvimento afetivo com nosso próximo e nos dar a qualida-de de enxergar a si próprio e ao outro como seres conscientes e capazes de construir as mudanças necessárias.

Ao CUIDAR DE NOSSA CASA, devemos ter em mente que a atitude positiva de pertencimento ao meio, traduzindo-se em cuidado material, emocio-nal, social, ecológico e espiritual com nossa casa, começa por nós mesmos.

Maria Inês Soares Costa Neves é coordenadora da Escola Ambiental de Mogi das Cruzes

Maria Inês Soares Costa Neves

EDuCAçãO AMBIENTAl

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Quando o astronauta William Anders a bordo da nave Apolo 8 viu a nossa casa, pode ver que ela era finita, bela e pequena.

(dias, Genebaldo Freire. Iniciação à Temática ambiental, 2002)

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A sabedoria popular e sua influência na sustentabilidadeRosa Aparecida de Sousa Correa

“O CuIDADO COM A TERRA REPRESENTA O glOBAl. O CuIDADO COM O PRóPRIO NICHO ECOlógICO REPRESENTA O lOCAl. O SER HuMANO TEM OS PÉS NO CHãO (lOCAl) E A CABEçA ABERTA PARA O INFINITO (glOBAl). O CORAçãO uNE CHãO E INFINITO, ABISMO E ESTRElAS, lOCAl E glOBAl. A lógICA DO CORAçãO É A CAPACIDADE DE ENCONTRAR A JuSTA MEDIDA E CONSTRuIR O EQuIlíBRIO DINâMICO”.

(Leonardo Boff. 1999. p.135)

A o ler o texto acima, lembrei-me do meu tempo de criança, quando meu pai, funcionário do DER (De-partamento de Estradas de Rodagem), ganhando um

salário mínimo pelo seu trabalho realizado em 8 horas diárias, tinha o dever e a obrigação de sustentar a esposa e sete filhos. Como todo pai, sentia-se responsável em dar condições de sobrevivência para nós, mas como sustentar uma família de nove pessoas com um salário mínimo?

Minha infância foi feliz, mas com muita dificuldade, pas-samos por necessidades, mas sempre percebi nele um cuidado muito especial pela família, pelas pessoas em geral e também pelo nosso planeta.

Naquela época, ele já ensinava os filhos sobre o cuidado que temos de ter com todas as coisas que estão ao nosso re-dor e sempre dizia: “precisamos usar as coisas com sabedoria, sem desperdício, para não faltar amanhã”. Apagar a luz dos ambientes que não têm ninguém, fechar a torneira ao escovar os dentes, tomar banhos rápidos, desligar aparelhos de rádio e televisão quando não tem ninguém ouvindo ou assistindo, lavar o carro com balde... Estas e tantas outras coisas como não jogar lixo no chão, comprar somente o que é realmente necessário e reaproveitar as coisas. Fazíamos muitos brinquedos, a partir de caixas, latas e carretéis (‘carrinho feito com carretel de li-nha é um brinquedo maravilhoso, fazíamos até corrida com eles’, etc). Vivenciamos todas essas coisas no nosso dia-a-dia.

Sempre achei meu pai uma pessoa muito responsável e acredita-va que ele nos ensina-va estas coisas porque não tínhamos muitos recursos, então preci-sávamos economizar para não faltar, mas com o passar dos anos compreendi que ele estava nos educando para uma vida sustentável, mesmo sem ter o conhecimento teórico sobre o assunto.

Segundo Boff (1999. p.1�7) “Sustentável é a sociedade ou o planeta que produz o suficiente para si e para os seres dos ecossistemas onde ela se situa; que toma da natureza so-mente o que ela pode repor; que mostra um sentido de so-lidariedade generacional, ao preservar para as sociedades fu-turas os recursos naturais de que elas precisarão. Na prática a sociedade deve mostrar-se capaz de assumir novos hábitos e de projetar um tipo de desenvolvimento que cultive o cui-dado com os equilíbrios ecológicos e funcione dentro dos limites impostos pela natureza. Não significa voltar ao pas-sado, mas oferecer um novo enfoque para o futuro comum. Não se trata simplesmente de não consumir, mas de consu-mir responsavelmente”.

Citando novamente meu pai, ele também nos ensinou que do salário que conquistamos, devemos contar apenas com 70% e �0% deste valor deve ser preservado, é a reserva para o futuro.

Refletindo sobre os ensinamentos recebidos, percebo que se as pessoas tivessem o cuidado e atenção com a vida e conse-quentemente com o planeta, com certeza teríamos uma vida digna com qualidade e cheia de oportunidades.

Rosa Aparecida de Sousa Correa é pedagoga, pós-graduan-da do curso de Educação Ambiental e educadora da Escola Ambiental de Mogi das Cruzes

EDuCAçãO AMBIENTAl

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Escola Ambiental no Viva a Mata 2007

Movimento Popular em prol da despoluição do rio Iguape

Público visitando e recebendo informações sobre os trabalhos da Escola Ambiental de Mogi das Cruzes

Escola Ambiental de Mogi das Cruzes, SOS Mata Atlântica, ONg OPA e ONg Vidágua no estande Restauração Florestal

A s comemorações do Viva a Mata 2007, evento orga-nizado pela Fundação SOS Mata Atlântica, termi-naram no dia 27 de maio com uma grande ciranda

na Marquise do Parque do Ibirapuera, na capital paulista. Ini-ciado no dia 2� de maio, o evento proporcionou três dias de debates sobre as tendências de conservação da Mata Atlân-tica, conscientização e caminhada promovida pelo grupo de Voluntários da ONg, lançamentos de livros, exposições, oficinas, shows e muito aprendizado sobre as iniciativas mais bem-sucedidas a favor da floresta. Mais de 7� mil pessoas foram ver de perto 200 projetos ambientais expostos em 20 estandes temáticos.

O Viva a Mata teve patrocínio do Bradesco, colaboração do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF) e apoio da gol linhas Aéreas e da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo.

Os estandes foram divididos por eixos temáticos: Mobili-zação, Reciclagem, Educação Ambiental, Água, Observando Nossos Rios, Zona Costeira/Marinha, Turismo Sustentável, Reservas Particulares, unidades de Conservação, Paisagens da Mata Atlântica/CEPF, Espécies da Mata Atlântica, Vivei-ros, Agroecologia, Restauração Florestal, Escolas, Empresas / Espaço Florestas do Futuro e Estandes Institucionais.

A Escola Ambiental de Mogi das Cruzes participou do estande Restauração Florestal com os projetos:

Mata Ciliar: desenvolvido com o apoio da Escola Muni-cipal (R) geralda Ferraz de Campos e comunidade, em parceria com o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), Ad-ministração Regional de Jundiapeba e a EM Prof Mario Portes;

Proposta de Trabalho e Metodologia em Educação Am-biental: apresentação do trabalho desenvolvido pela Escola Ambiental em nossa região.

O convite da SOS Mata Atlântica à Escola Ambiental foi uma oportunidade importante para a divulgação do nosso trabalho em Educação Ambiental. O evento é um grande espaço para os movimentos ambientais brasileiros.

A proposta de levar ao maior número de pessoas possí-vel, a iniciativa arrojada de nossa administração municipal na criação da Escola Ambiental de Mogi das Cruzes, certamente valorizará muito o trabalho desenvolvido por todos nós da Secretaria Municipal de Educação.

Maria Inês Soares Costa Neves é coordenadora da Escola Ambiental de Mogi das Cruzes

Maria Inês Soares Costa Neves

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A Escola Ambiental de Mogi das Cruzes nasceu da iniciativa arrojada da Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes, por meio da Secretaria Municipal de Educação.

Em seu primeiro ano, o trabalho foi criando vida própria. A equipe, hoje, tem a clara visão do crescimento e da responsabilida-de adquirida durante o processo. Fazer Educação Ambiental com qualidade e responsabilidade é nosso grande desafio.

Temos o compromisso de criar uma metodologia de trabalho, embasada em teorias em que as relações econômicas, culturais, so-ciais e educacionais estejam em harmonia na relação homem-na-tureza, enfatizando o “por que fazer” e não somente “como fazer”. Essa sempre foi nossa preocupação e uma meta a ser alcançada, bus-cando a excelência no trabalho.

As parcerias foram fundamentais. A chegada de parceiros com-prometidos em ajudar, colaborar e participar dos projetos de forma efetiva tem sido crescente. Podemos sempre contar com o apoio do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), Parque das Ne-blinas, Furnas, SOS Mata Atlântica, Administração Regional do Dis-trito de Jundiapeba, Capela Santo ângelo e as escolas municipais.

As escolas municipais são fundamentais para nosso trabalho, na verdade, a melhor colocação seria: “existimos para elas”.

Neste crescente do nosso trabalho, as escolas estaduais estão des-pertando para participar conosco. Outros municípios estão acom-panhando também esta construção. Educadores de Suzano e gua-rarema trazem suas crianças para um trabalho em conjunto, tendo a Escola Ambiental como um agente de práticas concretas funda-mentadas em sala de aula pelo professor.

O mais importante desse trabalho é poder compartilhar experi-ências significativas, observando a qualidade dos trabalhos em edu-cação ambiental desenvolvidos nas escolas da nossa região. Cer-tamente para o desafio de mais um ano de trabalho, buscaremos ampliar as parcerias de forma a agregar valor ao trabalho da Escola Ambiental.

Maria Inês Soares Costa Neves é coordenadora da Escola Am-biental de Mogi das Cruzes

Escola Ambiental

Maria Inês Soares Costa Neves

A produtora de flores do distrito de Quatinga, Cinthia Nagao sensibilizou a todos, disponibilizando as flores para o aniversário da Escola Ambiental

EDuCAçãO AMBIENTAl

comemora seu pri

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A Escola Municipal Dom Paulo Rolim loureiro e o orientador de música geraldo Monteiro Neto em apresentação musical dentro do projeto Terra...Planeta Música.

A EM Prof. Sérgio Hugo Pinheiro participou das festividades com apresentação musical dentro do projeto Arte do Brasil

Diretores, coordenadores, profissionais da Secretaria de Educação e a diretora de Educação Ambiental da SOS Mata Atlântica prestigiaram o evento

Os artistas plásticos mogianos Therezinha Soares leite, Daniel Mello e Juliana Benitz acreditam como nós que o despertar para o belo faz parte

da Educação Ambiental

meiro aniversáriode Mogi das Cruzes

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R ecentemente dois fatos cha-maram minha atenção e a partir deles surgiu o pensa-

mento deste texto. O primeiro vem das páginas da revista EXAME© (Edição nº 11, de 20/06/2007, página 100), na se-ção “Tecnologia”. O jornalista Sérgio Teixeira Jr. descreve como as empresas de alta tecnologia têm agora seu foco no que ele chama de “a nova fronteira de desenvolvimento dos computadores”, ou seja, a economia de energia. Os da-dos e os valores descritos revelam com total clareza que não se trata apenas de tornar os computadores mais eficien-tes, mas, sim, tornar a computação mais eficiente.

O segundo fato que chamou minha atenção aconteceu quase que conco-mitantemente. Tive o prazer de rever provavelmente uma das trilogias mais surpreendentes produzidas pela indús-tria cinematográfica, falo aqui da trilogia

“QATSI”, escrita e dirigida por godfrey Reggio e musicada por Philip glass. Já em 1982, eles mostravam ao mundo, de forma clara e contundente, o que os ín-dios Hopi chamam de “KOYAANIS-QATSI”, ou seja, a vida em desequilí-brio. Fruto destes pensamentos, gostaria de fazer algumas considerações.

I. REAlIDADES DA DuAlIDADE ECONOMIA-MEIO AMBIENTE

“Embora a inquietante realidade am-biental seja por muitos ainda ignorada ou menosprezada, torna-se cada vez mais evidente que, quanto a seus rumos fu-turos, a Humanidade se defronta com um gravíssimo dilema nos tempos atu-ais.” (CâMARA,1996)

A discussão que segue possui o ca-ráter claro de reiterar as análises críti-cas e prospectivas sobre a questão só-cio-ambiental e sua intrínseca relação com a dinâmica econômica dos países no mundo. O destaque que é efetuado menciona o Brasil como um celeiro de biodiversidade, recursos naturais e com uma economia que apresenta um diagnóstico medíocre, quanto à relação economia-meio ambiente.

Não há dúvidas de que mecanismos para a superação de quadros críticos relacionados à produção e uso dos re-cursos naturais; aos efeitos que as etapas produtivas geram no espaço ambiental e econômico – nesta ordem –, são desen-volvidos, aplicados e implantados, porém com uma eficácia que os distancia do êxito que é devido.

Nesse sentido, não obstante às várias reuniões mundiais em que o tema meio

ambiente era pauta, nos últimos anos a preocupação em alinhar necessidades de consumo e/ou de produção com o uso dos recursos naturais (minério, água, florestas e, sobretudo em destaque, o pe-tróleo), esteve e está presente.

Portanto, foi atado um laço de com-prometimento conduzido por todos os interessados no mundo (ONg’s, grandes corporações, governos e organismos In-ternacionais), que provocou uma como-ção internacional direcionada à relação economia-meio ambiente e gerou re-formulações quanto ao aspecto jurídico, político-social, econômico e, sobretudo, de mercado. É nesse viés, que o surgi-mento de um ‘novo paradigma sócio-ambiental’ é erguido para a condução do desenvolvimento sustentável.

A. Economia e Meio Ambiente: parâmetros e mudanças

Por ser uma ciência social aplicada e partindo do princípio teórico-acadêmico, a Economia é um berço de multidiscipli-naridade para a compreensão das demais áreas em que exista a sua interface. Deste modo, furtar a economia da possibilidade de gerar limites e o planejamento de uma sociedade com o uso extremo do meio ambiente, seria um delito à sobrevivência.

Maury Pereira da Costa Neves

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Economia & Meio Ambiente: A realidade da sustentabilidade do desenvolvimento

EDuCAçãO AMBIENTAl

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A partir de uma análise global na re-lação Economia–Meio Ambiente, o de-bate que está colocado – sendo este um conjunto de parâmetros – é o da par-ticipação dos países na moção interna-cional para a construção de uma socie-dade composta por tecnologias limpas, processos produtivos sustentáveis, manu-tenção e preservação dos recursos natu-rais – desde a fauna em extinção até a coibição da geração de artefatos bélicos nucleares. Estes fatores reivindicam uma reestruturação da sociedade moderna e/ou pós-moderna com características di-ferenciadas do que se vive na atualidade, bem como do setor produtivo (agentes econômicos: empresas e governo) jun-to às concepções de gestão ambiental e responsabilidade sócio-ambiental.

A economia global atual foi formada por forças de mercado e não por prin-cípios de ecologia. Infelizmente, ao dei-xar de refletir os custos totais dos bens e serviços, o mercado presta informa-ções enganosas aos tomadores de deci-sões econômicas em todos os níveis. Isso criou uma economia distorcida, fora de sincronia com os ecossistemas da Terra, uma economia que está destruindo seus sistemas naturais de suporte.

Nesse sentido,a situação atual pode ser observada como um dos resultados do processo de globalização (do capital e/ou dos mercados), em que a relação de mercado (setor privado) não considera a dinâmica ambiental ou as transforma-ções ambientais decorrentes do uso dos recursos naturais como um elemento de análise estrutural e conjuntural.

Este cenário é devidamente aplica-do ao contexto mundial e, sobretudo brasileiro, quando emerge esse novo

“escopo” mercadológico face às ques-tões que envolvem crescimento e de-senvolvimento econômico, a questão ambiental e o princípio de desenvolvi-mento sustentável.

A questão ambiental no Brasil revela os seguintes aspectos de mudança: a) a

reestruturação do espaço competitivo de mercado em função das transformações do setor produtivo sob o viés ambiental; b) a idéia de sustentabilidade do negócio; c) a participação governamental e d) a participação das instituições (fundações, ONg’s, etc.) privadas envolvidas com a questão ambiental.

Enfim, numa concepção conjunta, existe uma série de destaques a serem apresentados e que demandariam outros argumentos, tais como a questão flores-tal, os poluentes químicos da indústria e, sobretudo, a dinâmica de exploração e produção do petróleo.

II. uM PARADIgMA SóCIO-AMBIENTAl E O DESENVOlVIMENTO ECONÔMICO

No Brasil, é reiterado pelo segmen-to empresarial a absorção de um “novo paradigma sócio-ambiental”. O setor empresarial ‘esclarecido’ sabe que os mecanismos para ingressar e permane-cer no mercado – sob este prisma – são essenciais. O que se propõe é uma ino-vação de atitude. A esse respeito também é importante ressaltar que as oportuni-dades que revelam mudança de atitude, no caso brasileiro, como as de implan-tação de Mecanismos de Desenvolvi-mento limpo (MDl) que representam mitigação de impactos in loco, estão di-retamente ligadas ao meio ambiente e geram oportunidades nas dimensões do espaço econômico.

Assim, não furtando a existência de uma concepção com tendência tácita essencialmente na lógica de mercado, o setor privado propôs assumir o princípio do desenvolvimento sustentável, conside-rando a seguinte premissa: a base do de-senvolvimento sustentável é um sistema de mercados abertos e competitivos em que os preços refletem com as transpa-rências dos custos, inclusive os ambientais. Se os preços são fixados adequadamente, sem estarem, por exemplo, mascarados

por subsídios e políticas protecionistas, a competição estimula os produtores a usar o mínimo de recursos, reduzindo o avanço sobre os sistemas naturais. Tam-bém os estimula a minimizar a poluição, se são obrigados a pagar pelo seu con-trole e pelos danos causados ao meio ambiente.E ainda, promove a criação de novas tecnologias para tornar a pro-dução mais eficiente do ponto de vista econômico e ambiental.

III. CONSIDERAçÕES

Enfim, não há, por tanto, qualquer desconfiança de que os mercados bra-sileiro e mundial foram direta ou indi-retamente pressionados a apresentarem uma nova identidade e coexistir na sua lógica com o uso dos recursos natu-rais, remetendo-se a outros conceitos inerentes à dinâmica de mercado atu-al, que são a responsabilidade social e a responsabilidade ambiental. A postura do setor privado em destacar o plane-jamento ambiental junto ao seu projeto de desenvolvimento também foi (nos anos 90) e é atualmente, uma das ver-tentes de adequação e adoção de um pa-radigma sócio-ambiental, aqui discutido. Pois, este considera diferentes aspectos, incluindo, o ecológico-econômico, ju-rídico-ambiental, social e político para a geração da sustentabilidade e do de-senvolvimento.

Bem, ao concluir este meu pensamento, um terceiro fato se junta aos outros dois do início. Ao perceber o que os índios Hopi denominam de “POWAQQATSI”, ou seja, “A VIDA EM TRANSFOR-MAçãO”, vejo que somente com a EDuCAçãO poderemos estar aptos para realizar as transformações necessá-rias às nossas vidas.

Maury Pereira da Costa Neves éorientador de informática daEM Prof. Sérgio Hugo Pinheiro

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Patrícia Mie Matsuo

EDuCAçãO AMBIENTAl

O CASO DO MICO-lEãO-DOuRADO

E spécies de plantas e animais ameaçadas de extinção são utilizadas por inú-meros projetos de conservação no Brasil como uma valiosa estratégia para a conservação de ecossistemas como um todo, são assim chamadas de “es-

pécies-bandeiras”. Animais como o papagaio-de-cara-roxa, a preguiça-de-coleira, o mico-leão-preto, o muriqui e o mico-leão-dourado são exemplos desses proje-tos em prol da conservação da Mata Atlântica.

A Associação Mico-leão-Dourado (AMlD) coordena pesquisas e ações de educação ambiental para proteger a biodiversidade da Mata Atlântica, com ênfase na conservação do mico-leão-dourado em seu habitat, atualmente restrito a oito municípios do Estado do Rio de Janeiro: Silva Jardim, Casimiro de Abreu, Rio das Ostras, Cabo Frio, Armação dos Búzios, Saquarema, Rio Bonito e Araruama.

Com base nas pesquisas ecológicas sobre o mico-leão-dourado e no conheci-mento das principais ameaças à espécie, iniciou-se, em 198�, um dos projetos de educação ambiental pioneiros no Brasil: a Reserva Biológica de Poço das Antas.

Inúmeros métodos e atividades foram sendo desenvolvidos, testados e imple-mentados: capacitação de professores, assentados da Reforma Agrária e técnicos

do poder público local; recepção de visitantes na Reserva; palestras sobre temas ambientais; peça teatral apresentada nas praças; visitas aos fazendei-ros; implantação de viveiros para produção de mudas; implantação de siste-

mas agroflorestais e corredores florestais; certificados de reconhecimento para fazendeiros que preservam suas matas; participação em festividades

locais como exposições agropecuárias, desfiles de escolas, feira de ciências; reuniões com líderes locais e o Poder Público e a publicação sistemática de

diversos artigos nos jornais e matérias para emissoras de tv regionais.Ao longo dos anos ocorreram muitos acontecimentos devido ao impacto do

programa de educação:• devolução espontânea de mais de 20 micos-leões mantidos ilegalmente como

animais de estimação e 2� preguiças-de-coleira, outra espécie ameaçada;• criação do Centro Educativo da Reserva Biológica Poço das Antas, que já recebeu

mais de 18 mil visitantes (estudantes, pesquisadores, turistas) procedentes de �0 países e recentemente foi reconhecido como Sala Verde pelo Ministério do Meio Ambiente;

• mais de �0 professores do município de Silva Jardim já participam do projeto de formação continuada em educação ambiental “Redescobrindo a Mata Atlânti-ca”, por meio do qual desenvolvem atividades práticas com os estudantes em flo-restas e rios da região;

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MAtSuo, P.M., RAMBALdI, d.M. (2007) Mico-leão-dourado: con-servação e comunidade In: Junqueira, V.; Neiman, Z. Educação Am-biental e Conservação da Biodiversidade: reflexões e experiências. São Paulo: Manole, p.111-120

• 27 propriedades particulares participam do Programa de Reintrodução de mi-cos-leões-dourados nascidos em cativeiro, o que aumentou a população de micos-leões e ampliou em �0% a área de floresta;

• 17 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) foram criadas com apoio da AMlD, adicionando 2.�76 ha de florestas e 9 estão em processo de cria-ção no IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis);

• 12 corredores florestais implantados conectam fragmentos de fazendas parti-culares que têm micos reintroduzidos, representando mais de � km de novas áreas.

Para garantir a continuidade das atividades desenvolvidas, a AMlD busca in-fluenciar o desenvolvimento de políticas públicas ambientais adequadas à região: estabelecendo convênios com os poderes públicos locais; participando no Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, no Comitê da Bacia Hidro-gráfica do rio São João e nos Conselhos Municipais de Turismo, Meio Ambiente e Agricultura.

Outro importante resultado foi apresentado em 200� pela união Mundial para a Natureza (IuCN), com a divulgação da lista Vermelha de Espécies Ame-açadas de Extinção, em que o mico-leão-dourado melhorou seu status, passando de “Criticamente Ameaçado” para “Ameaçado” de extinção. Essa conquista, única no mundo em se tratando de primatas, só foi possível graças às pesquisas, ações de conservação e todo o trabalho de educação ambiental, atividades que vem sendo desenvolvidas com as comunidades locais desde 198�.

Conheça mais sobre essa experiência acessando www.micoleao.org.br

Patrícia Mie Matsuo é educadora Ambiental, mestre em Ecologia e Recursos Na-turais e sócia da Associação Mico-Leão-Dourado [email protected]

1�

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A segunda semana de Meio Ambiente nasceu da parceria entre Escola Ambiental de Mogi das Cruzes, Parque das Neblinas (Instituto Ecofuturo), Departamento de

Água e Energia Elétrica (DAEE) e Furnas Centrais Elétricas. O objetivo foi proporcionar aos educadores de nosso muni-cípio conhecimentos práticos que pudessem embasar com maior propriedade e profundidade suas práticas em sala de aula.

Os temas abordados foram: Biodiversidade da Mata Atlântica, Produção de Água no Alto Tietê e Conservação de Energia.

Esse leque de opções foi oferecido para que os educadores pudessem escolher o tema de acordo com o que vem traba-lhando ou que essa experiência os despertasse para as práticas ambientais em sala de aula. Realizamos as capacitações no Par-que das Neblinas, Barragem Ponte Nova - Sistema Produtor de Água Alto Tietê e a unidade Tijuco Preto, de Furnas.

Maria Inês Soares Costa Neves é coordenadora da Escola Ambiental de Mogi das Cruzes

Abraço dos educadores em Figueira Branca centenária no Parque

O viveiro de mudas da Barragem Ponte Nova tem capacidade de produção de 1000 mudas/dia e abastece parte de projetos de reflorestamento do Alto Tietê

Maria Inês Soares Costa Neves

O parque é uma reserva privada de proteção

da natureza disponibilizada a uma organização

sem fins lucrativos para o desenvolvimento de

ações e atividades com o objetivo de promover

uma nova visão sobre a integração entre o ho-

mem e a natureza.Promover as vocações da Mata Atlântica signi-

fica valorizar o conhecimento e a vivência sobre

o desenvolvimento sustentável, transformando a

floresta num campo-escola. A capacitação no Par-

que das Neblinas aconteceu no dia 2 de junho

para professores do Ensino Fundamental e no dia

6, para professores de Educação Infantil.

No primeiro dia, quem se aventurou, apesar da

chuva, não se arrependeu. Os caminhantes pude-

ram apreciar a menor orquídea da Mata Atlântica,

observar árvores centenárias, ninhos de pássaros

diversos, além de pegadas dos novos habitantes

do Parque, como a suçuarana e as antas.

Parque das Neblinas

EDuCAçãO AMBIENTAl

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A ponte suspensa de madeira trabalhou o emocional de nossos educadores. A educação ambiental trata do ser humano como um todo

Professores se aventuraram nas trilhas no Parque das Neblinas

A Barragem Ponte Nova conta com tanques de criação de tabaranas e tilápias para o

repovoamento em reservatórios e rios da região

1�

Furnas – tijuco PretoA palavra conservar significa resguardar, preservar, usar

de maneira inteligente e com todo o cuidado necessário. Em princípio, parece muito simples, mas vai além da ex-plicações que os dicionários possam nos dar. Para Furnas, conservar energia, ou não desperdiçá-la, é um processo de reeducação, de mudança de valores. É exatamente neste ponto que esbarramos em uma grande dificuldade. Tudo o que faz parte da nossa rotina, muitas vezes, fazemos auto-maticamente. Daqui para frente precisaremos estar atentos a esta “rotina”. Afinal, tais mudanças são de importância vital no processo de sensibilização de todos para as ques-tões do Combate ao Desperdício de Energia Elétrica e da conservação do Meio Ambiente. Furnas preparou uma palestra para os educadores, levando informação precisa e clara sobre a Conservação de Energia

Barragem Ponte Nova - Sistema Produtor de Água Alto tietê

O Sistema Produtor Alto Tietê (SPAT), na Barragem de Ponte Nova, disponibiliza até 1� m³/s de água para a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), devendo beneficiar mais de � milhões de pessoas. O sistema abrange cinco reservatórios: Ponte Nova, em Salesópolis; Jundiaí, em Mogi das Cru-zes; Taiaçupeba, na divisa de Mogi das Cruzes e Suzano; Biritiba, em Biritiba Mirim, e Paraitinga, em Salesópolis. Os dois últimos estão na fase final de obras. O SPAT fornece atualmente cerca de 10 m³/s de água bruta para a Estação de Tratamento de Águas (ETA) da Compa-nhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), em Taiaçupeba.

A capacitação na Barragem Ponte Nova ocorreu no dia 2 de junho para professores do Ensino Fundamental e no dia �, para professores da Educa-ção Infantil.

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O Brasil possui uma legislação específica para a educação ambiental, é a Política Na-

cional de Educação Ambiental (PNEA), criada pela lei Federal 9.79�, sancionada em 27 de abril de 1999, e regulamentada pelo Decreto �.281 em 2� de junho de 2002. Sua coordenação é realizada pelo órgão gestor (Og), composto pelo De-partamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (DEA/MMA) e pela Coordenação geral de Educação Ambiental do Ministério da Educação (CgEA/MEC).

A criação dessa política específica para a educação ambiental no país re-presentou um significativo avanço, pois assegurou o direito legal de todo ci-dadão brasileiro ter acesso à educação ambiental, de forma articulada, em to-dos os níveis e modalidades do proces-so educativo, em caráter formal (espaço escolarizado) e não-formal.

Contudo, a partir da prática e da con-solidação dos trabalhos no planejamento e gestão pública da educação ambiental no Brasil, pelo órgão gestor, desde 200�, que busca, dentre outras coisas: I) um

maior dinamismo para o enfrentamen-to da crise ambiental; II) a promoção da mobilização coletiva e; III) alteração de valores e atitudes sociais, diagnosticou-se que o desenho estrutural da gestão da educação ambiental, instituído pela política, apresenta algumas limitações que precisam ser superadas, pois a po-lítica não foi criada para se configurar organizacionalmente como um sistema orgânico e integrado.

Nesse contexto, o órgão gestor da Política Nacional de Educação Ambiental, apresenta, para debate com a sociedade,

Thais Ferraresi, Ministério do Meio Ambiente

EDuCAçãO AMBIENTAl

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sua proposta de um Sistema Nacional de Educação Ambiental (SISNEA).

A partir deste olhar problematizador sobre a Política Nacional de Educação Ambiental se propõe a debater a respeito do que a sociedade espera de um sistema de educação ambiental, bem como de estratégias ou mecanismos que possam dar sustentação a este sistema.

O Sistema Nacional de Educa-ção Ambiental se propõe a estruturar elementos da Política Nacional de Edu-cação Ambiental de forma articulada e orgânica, facilitando a coordenação das

múltiplas e mútuas relações da gestão e da formação da Educação Ambiental.

Além das competências e atribuições dos entes de gestão governamental da Política Nacional, a idéia deste sistema também inclui outras organizações, que, embora não institucionalizadas, promovem a formação, a comunicação em educação ambiental e participam da formulação de políticas públicas nas bases territoriais.

Diante disso, é preciso considerar que a institucionalização da Educação Ambiental é uma necessidade crescente, ocorre que este sistema possui um órgão

central formado por dois Ministérios, Meio Ambiente e Educação, o que re-sulta no constante desafio de concatenar as ações ambientais com as ações educa-cionais, respeitando as características de transversalidade, interministerialidade e especificidades das respectivas políticas públicas. Assim, a concepção de um Sis-tema de Educação Ambiental está para além do Sistema Nacional de Meio Am-biente (SISNAMA) e do sistema edu-cacional, mas deve se inserir em um ce-nário em que coexistem esses e outros sistemas, e com os quais terá que dialo-

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gar, devendo respeitá-los e fortalecê-los. Além disso, é preciso considerar as

alterações e evoluções ocorridas com a gestão e com o modelo da Educação Ambiental – que, entre outras coisas, hoje são mais participativos –, e justificam a necessidade de um sistema condizente com este paradigma, espelhando e di-

fundindo a essência transformadora e formadora da Educação Ambiental.

Para tanto, busca-se construir um sis-tema nacional de educação ambiental que deve cumprir exatamente a missão de estabelecer a inter-relação necessária e fortalecer o diálogo entre os sistemas de meio ambiente e de educação, agre-

gando ainda alguns entes de formação e de gestão que são próprios da Educação Ambiental. Este sistema poderá articular os atores da Política Nacional de Educa-ção Ambiental, consolidando os princí-pios e objetivos da política, e amparan-do o processo de institucionalização e enraizamento desta temática.

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Para ter mais informações e saber como participar acesse o site www.mma.gov.br/ea

e entre em Consulta Pública do SISNEA.

A incorporação de instâncias estruturantes da socie-dade, de maneira mais orgânica e integrada, se mostra fundamental para conferir maior dinamismo à gestão e à implementação de políticas de formação e comunica-ção. Para tal, deve se facilitar as condições participativas que potencializem a formação da população brasilei-ra, nos territórios, educando e se educando ambiental-mente de forma continuada, permanente, articulada e ao longo da vida.

A proposta do Sistema Nacional de Educação Am-biental busca organizar os entes que atuam diretamente na Educação Ambiental, nos três níveis de poder, federal, estadual e municipal, além de trazer o âmbito local ou territorial, se propondo a ser um sistema formador de educadores ambientais populares e, por isto, incorpora tam-bém em suas instâncias grupos locais de atuação e reflexão sobre meio ambiente e qualidade de vida e ainda, eixos transversais e componentes de controle so-cial, que vitalizam, monitoram e fomentam o Sistema, devendo estar presentes em todos os seus níveis de ges-tão, são eles: I) as relações internacionais; II) o financia-mento; III) a comunicação e; IV) a pesquisa e avaliação, garantindo uma estrutura inclusiva e dinâmica, preven-do a incorporação de novos atores.

A partir desta relação dialógica entre estes componen-tes do Sistema e os órgãos e instituições governamentais, emergem reivindicações e demandas que direcionam e

dão sentido às políticas públicas de Educação Ambien-tal. Por isto, estes componentes representam a dinâmica retro-alimentadora do Sistema.

Neste contexto, o órgão gestor apresenta esta pro-posta de um sistema nacional de educação ambiental, que não possui um modelo institucional predefinido, mas trata-se de uma proposta com uma metodologia de participação. A partir dela, espera-se que os arranjos dos seus entes, suas competências e inter-relações sejam apreciados, modificados e sirvam de geração para novas idéias que possam revelar a essência dos objetivos, prin-cípios, valores e eficácia deste sistema.

A construção de um Sistema Nacional de Educação Ambiental pode desencadear outros processos, planos e movimentos estruturantes que favoreçam a gestão e o enraizamento da Educação Ambiental no Brasil, contri-buindo para a utopia que conduz o órgão gestor, que é a de educar ambientalmente, transformando cada pessoa em educadora ambiental.

Para tanto, em julho o órgão gestor iniciou um pro-cesso de consulta pública, que buscou estimular o debate e fomentar a participação da sociedade na discussão da proposta de estruturação do Sistema Nacional de Edu-cação Ambiental – SISNEA.

Thais Ferraresi Pereira é representante da Diretoria de Educação Ambiental (DEA) e do Ministério do Meio Ambiente (MMA)

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O diagrama abaixo apresenta a proposta de um Sistema Nacional de Educação Ambiental.

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F alar sobre temas ambientais hoje é discutir a perma-nência da vida em diferentes formas e o futuro do nosso planeta. Os temas ambientais ocupam espaços

na mídia e nas discussões em todos os lugares.A diminuição dos impactos negativos com mudanças de

atitudes pessoais e coletivas para salvar o mundo da ameaça de um colapso é o nosso grande desafio.

As evidências do colapso estão presentes em diversos fe-nômenos: aquecimento global, escassez de água, chuva ácida, destruição de ecossistemas, extinção de espécies, desmata-mentos e a poluição do ar, solo, atmosfera e a tão incômoda poluição sonora, dentre outros. Com o desmatamento e a queima demasiada de combustíveis fósseis cada vez mais in-tensa, a concentração dos gases de efeito estufa está aumen-tando, especialmente as de CO2 e metano.

A água é cada vez mais um recurso finito e não tão abun-dante quanto pode parecer, por isso deve ser economizada. Essa é uma noção que começou a ser difundida nos últimos anos, a medida em que os racionamentos se tornaram mais urgentes e necessários, até mesmo no Brasil, um dos países com maior quantidade de reservas hídricas, cerca de 1�% do total da água doce do planeta. Não é por acaso que cada vez mais pessoas e organizações estão se unindo em defesa de seu uso racional. (2 SOARES, CARlA ; FERRARI, MÁRCIA , 00�)

O trabalho com a Educação Ambiental tem como obje-tivo principal o desenvolvimento da consciência ecológica e a formação de uma nova mentalidade e cultura em defe-sa do planeta.

Envolver os alunos na missão de salvar o Planeta deve ter objetivos a longo prazo, as comemorações devem servir como um meio para compartilhar os conhecimentos. Não dá para não se envolver quando se está a frente de problemas com grandes proporções, como foi citado acima.

A educação ambiental deve ser entendida como educação

política como destaca Reigota. No sentido de que ela reivin-dica e prepara os cidadãos para exigir uma cidadania plane-tária, autogestão e ética nas relações sociais e com a natureza. (REIgOTA,200�)

No Brasil, a Educação Ambiental foi fortalecida na ECO-92 com o surgimento de diversas correntes. Destacamos o movimento educativo na sociedade brasileira, publicações especializadas e a educação ambiental como disciplina inte-gradora de várias atividades no âmbito escolar.

A educação ambiental é uma das mais importantes exi-gências educacionais contemporâneas, não só no Brasil, mas também no mundo. Deve estar articulada com a participação política dos cidadãos na busca de uma sociedade mais justa e o estabelecimento de uma cidadania planetária. Sua pro-posta é estimular o exercício pleno e consciente da cidadania (deveres e direitos) e fomentar o resgate e o surgimento de novos valores que tornem a sociedade mais justa e sustentá-vel. (DIAS, 2002)

Vera Lucia de Oliveira é professora do Ensino Fundamental na Escola Ambiental de Mogi das Cruzes, bióloga e pedago-ga com especializações nas perspectivas áreas.

Vera Lucia de Oliveira

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Perspectivas da educação ambiental e suas contribuições

REIGotA, Marcos. O que é educação ambiental .1 ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994dIAS, GENEBALdo FREIRE. Iniciação à temá-tica Ambiental. São Paulo : Gaia, 2002SoARES, CARLA ; FERRARI, MÁRCIA. Água a economia que faz sentido. Nova Escola, São Paulo, Edição 173, paginas: 50 à 53 ( junho e julho de 2004).

EDuCAçãO AMBIENTAl

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21Os problemas ambientais foram criados por homens e mulheres e deles virão as soluções. Estas não serão obras de gênios de políticos ou tecnocratas, mas sim de cidadãos e cidadãs. (Reigota,2004)

garoto plantando muda de árvore nativa na semana de meio ambiente

Crianças observam experiementos no laboratório da Escola Ambiental

Os problemas ambientais foram criados por homens e mulheres e deles virão as soluções. Estas não serão obras de gênios de políticos ou tecnocratas, mas sim de cidadãos e cidadãs. (Reigota,2004)

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N ossa história da evolução indica desde o início o quanto a espécie humana busca dominar o espaço, o tempo, a natureza e o universo. Vemos desde nossa

origem como estamos pouco a pouco aniquilando o mundo e a nós mesmos numa crise global. A princípio, sabemos que paradigma significa modelo, mas que modelo temos até hoje como base de nossos valores e culturas para estarmos tão vo-razmente consumindo a nossa própria existência?

O paradigma que nos direcionou até o momento escra-viza, nos priva do ato de pensar, criar, amar e viver. Aprisio-na-nos num processo cuja ganância, o capital e o conforto domam a globalização . Essa crença de progresso científi-co passou a mostrar o mundo como uma coleção de partes dissociadas, o que estimulou na nossa cultura ocidental um pensamento auto-afirmativo, racional, analítico, reducionista e linear, com valores que englobam a competição, a quanti-dade e a dominação.

Dessa forma, podemos olhar por todo o passado do Homo sapiens e verificar uma “evolução” histórica, tecnológica, polí-tica, organizacional e científica que nos leva a pensar em nossa situação atual, no que a nossa trajetória realmente trouxe de progresso e pensar nos conhecimentos e valores que quere-mos e podemos deixar às próximas gerações.

Faz-se necessária e urgente uma mudança de padrões de pensamento e conduta para que possamos obter um harmo-

nioso sentido no desenvolvimento do indivíduo, pois toda desordem política, econômica, cultural, histórica, social e am-biental não está relacionada de modo fragmentado, mas sim sistemicamente: toda desordem em qualquer um desses fato-res afeta a teia da vida na qual estamos inseridos.

No geral, grandes nações deixam de reconhecer como diferentes problemas estão interrelacionados, recusam-se a perceber como as suas chamadas “soluções” afetam as gera-ções futuras. A partir do ponto de vista sistêmico, as únicas soluções viáveis são as soluções “sustentáveis”. Sociedade sus-tentável, como define gadotti (2000;�8) “... é uma sociedade capaz de satisfazer as necessidades das gerações de hoje sem comprometer a capacidade e as oportunidades das gerações futuras.”. Este em resumo, é o grande desafio do nosso tem-po: criar comunidades sustentáveis.

A partir deste ponto, temos três categorias a serem tra-balhadas: a ética, os critérios de sustentabilidade e os meios para alcançar tal objetivo. Afinal, “O planeta é a minha casa e a Terra, o meu endereço. Como posso viver bem numa casa mal-arrumada, malcheirosa, poluída e doente?” já questiona-va gadotti (op cit.).

Muitas pessoas, comunidades, escolas, organizações, poderes públicos e outros, compartilham deste sentimento ameaçador e vemos por meio de gutiérrez (2000:�0) “As propostas que nos interessam em Ecopedagogia são as diretamente relacio-

Andrea Rodrigues Barbosa Marinho

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nadas com o desenvolvimento sustentável, a formação da ci-dadania planetária e, por conseguinte, a criação e a promoção da cultura de sustentabilidade.” Assim sendo, “O desafio da sociedade sustentável de hoje é criar novas formas de ser e de estar nesse mundo” (ibid:��). Por isso, reafirmamos nesta dimensão holística de “visão de mundo” que uma cidadania planetária concretiza-se na Ecopedagogia.

O conhecimento a ser trabalhado nas escolas parte de um novo paradigma: holístico, ecológico e sistêmico. um conhecimento a ser trabalhado à imagem da rede, com a categoria de acentrismo, ou seja, sem um centro único. Todo conhecimento está interligado. Ele é uma eterna metamorfose, pois não há uma verdade absoluta, temos apenas descrições limitadas e aproximadas da realidade. E, por último, é a partir das diferenças que chegamos a uma concepção ampla e contextual sobre os conceitos e categorias a serem trabalhadas. Assim diz Nilson J. Machado sobre o conhecimento: “A caracterização como um aspecto de competências, e do conhecimento como uma rede de significações é uma imagem metafórica de im-portância crescente em tempos recentes.“(Machado:2000;1�) e completa mais adiante:

“Considerando-se a função primordial da educação básica, que é a construção da cidadania, raros são os conceitos realmente significativos que não envolvem naturalmente relações referentes a diversas disciplinas. A imagem da rede constitui, portanto, um permanente convite à exploração das possibilidades que tal característica sublinha”(Machado:2000;133)

Todavia, novas metodologias calcadas na educação para o sentimento e na transdisciplinaridade são exploradas e coloca-das em prática nas escolas. uma nova reformulação das políti-cas públicas pode ser realizada. Contudo, alguns princípios vão incorporando parte dos conhecimentos e valores trabalhados na educação formal, são eles: respeito, solidariedade, igualdade, justiça, participação, honestidade, conservação, precauções e amor como fundamento essencial para uma relação harmonio-sa e efetiva que fomente o compromisso e a responsabilidade com a ação do indivíduo sobre o meio. Portanto, a educação formal, por meio da Ecopedagogia trabalha tal proposta pos-sível: a evolução do Homo sapiens ao Homo eticus.

GAdottI, Moacir. Pedagogia da Terra. São Paulo: Peirópolis: 2000.GutIÉRREZ, Francisco & PRAdo, Cruz. Ecopedagogia e Cidadania Planetária. Tra-dução Sandra Trabuco Valenzuela. 2. ed. São Paulo: Cortez : Instituto Paulo Freire, 2000.-(Guia da escola cidadã; v. 3) .MACHAdo, Nilson J. Epistemologia e Di-dática.- as concepções de conhecimento e inteligência e a prática docente. 4º ed. São Paulo: Cortez: 2000.MARINHo, Andrea R. Barbosa. Do Homo sapiens ao Homo eticus: A educação formal como parte dessa evolução possível. Tra-balho de Conclusão de Curso apresentado na Universidade Braz Cubas. Curso de Pe-dagogia. Mogi das Cruzes: 2000MoRIN, Edgar. O método II: a vida da vida. Tradução: Marina Lobo. Porto Alegre: Sulina:2001.QuINN, daniel. Ismael: um romance da condição humana ; tradução Thelma Médice Nóbrega. São Paulo: Peirópolis: 1998.

REFERÊNCIAS BIBLIoGRÁFICAS

Andrea Rodrigues Barbosa Marinho é mestranda em Filo-sofia e Educação na Universidade de São Paulo (FE-USP). professora na Universidade de Mogi das Cruzes, presi-dente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação Cátedra Paulo Freire de Mogi das Cruzes (CEPEC-Paulo Freire) e professora da rede municipal de educação de Mogi das Cruzes. SP. [email protected].

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T ratar de meio ambiente, hoje, significa antes de tudo enten-der os seres humanos em todas

as vertentes de sua vida. Analisar a nossa consciência e o que fazemos para alcan-çar os nossos objetivos nos guiará para a realidade da colheita. Tenho certeza que todos sabemos dos problemas am-bientais, isto é ser consciente. As ações humanas refletem a meta a ser alcança-da, ter consciência de um problema não implica necessariamente querer resolvê-lo, temos que tomar cuidado, pois nem todas as soluções apresentadas para o meio ambiente servem para benefício coletivo, vejamos os eventos.

uma pesquisa feita pelo Fecomércio-RJ/Ipsos mostra que ao menos uma boa parte dos brasileiros se importam com questões ambientais e até agem para a melhoria ou a menor degradação do mesmo, separei os dados em dois gru-pos de resultados.

gRuPO 1- 92% dos entrevistados dizem fechar a

torneira antes de escovarem os dentes;- 9�% apagam a luz ao se ausentar

do recinto;- 7�% reaproveitam as sobras de re-

feições.gRuPO 2

- 60% não separa o lixo para a reci-clagem;

- 70% não consome um produto por ele oferecer baixo impacto ambiental;

- 81% não oferece ou pega carona

com o objetivo de reduzir a emissão de gases poluentes.

No primeiro grupo, temos as atitudes ecologicamente corretas, porém refle-tem claramente que quando se fala em dinheiro, o próprio bolso, é criado um costume que contribui para um bom convívio com o meio ambiente. No grupo 2, há uma inversão no que se re-fere ao bom convívio. Deixamos de ter uma quantidade maior de boas ações quando as mesmas não refletem direta-mente na economia pessoal.

Na política, não poderíamos ter ce-nário diferente. Vivemos em um período interessante no Brasil, a sigla CPI (Co-missão Parlamentar de Inquérito) é de longe a mais pronunciada como tarjeta para a solução rápida no atual engodo político. Já a palavra punição parece ser menos comentada que a primeira (faça um teste no site www.google.com). Acusamos os envolvidos nos escânda-los de corrupção, ávidos em apontar a usurpação na administração pública e esquecemos que, na verdade, nos aco-modamos ao “jeitinho brasileiro” de burlar a declaração de imposto de ren-da, por exemplo. Solução: reformar os outros porque para o interesse próprio vale a desculpa: “eles fazem muito pior do que eu, isso não é nada.”

Outro exemplo interessante são os EuA, que apesar de ser membro inte-grante do g8 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo e a Rússia)

e discutir questões ambientais nas reu-niões da cúpula em junho, em que fo-ram propostas metas para a preservação ambiental; AINDA não assinaram o pro-tocolo de Kyoto, no qual os países mais industrializados se comprometem a re-duzir suas emissões de gases causadores do efeito estufa em �%, em relação aos níveis de 1990, no período 2008 até 2012.

Portanto, bons trabalhos de conscien-tização ambiental somente são conquis-tados quando o bolso é afetado, pois, en-quanto o ser humano erguer a bandeira de que os outros precisam de reforma, estamos alimentando uma falsa percep-ção, deixando de lado a análise da nossa consciência e a mudança de nossas ati-tudes para um bem coletivo. Hoje, nos exaltamos em uma sociedade que se es-conde atrás de tarjas, finge procurar uma solução que aponta para o benefício coletivo e cristaliza a sua própria cons-ciência em busca de benefício próprio. Vivemos em um planeta que sofre com as mudanças, mas não enxergamos que, muitas vezes, as ações tomadas não vão além do nosso próprio interesse. Cons-cientizar sempre é bom, mas sem uma reforma interior o meio ambiente pode ficar no “slogan”. Em um mundo em que a teoria da casualidade fez o universo e que a verdade depende do referencial, a colheita está sendo amarga.

Taciano Segóvia é orientador de infor-mática da EM Profª Lourdes Maria do Prado Aguiar

Taciano Segóvia

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A construção de sociedades sustentáveis

EDuCAçãO AMBIENTAl

O s resultados de um recente estudo sobre a percepção da Ciência e Tecnologia

no Brasil, protagonizado pelo Ministé-rio da Ciência e Tecnologia, indicaram posições bastante difusas, sendo que so-mente �6% dos entrevistados responde-ram afirmativamente que a ciência e tecnologia trazem mais vantagens que desvantagens à sociedade.

De acordo com o estudo citado aci-ma, os domínios científicos prioritários são formados pelas tecnologias na área de medicina (72%), agricultura (�2%) e energia solar (�7%).

Em geral, os brasileiros demonstraram dificuldade na compreensão dos objeti-vos científicos, pois �7% dos entrevista-dos não os compreende e 1�% não gos-tam dos temas abordados, o que, para os autores da pesquisa, indicaram que esse cenário reflete a falta de divulgação desse conhecimento científico.

De fato, quando analisamos a formação do aluno, desde o ensino fundamental até o nível superior, verificamos que a transmissão do conhecimento científi-co nem sempre é pautada dos avanços científicos obtidos, seja no âmbito mun-dial, seja no âmbito nacional.

A formação do cidadão no ambiente escola contempla a transmissão do co-nhecimento científico, permitindo a ele não meramente conhecer, mas apropriar-se desse conhecimento usufruindo ou posicionando-se em relação aos impac-tos advindos de sua utilização.

A Educação em Ciências tradicional, baseada nos moldes cartesianos, tem en-

Rosely Aparecida Liguori Imbernon e Maria Cristina Motta de Toledo

contrado na Educação Ambiental seu ponto de ruptura paradigmática, pois requer um Ensino de Ciências com pos-tura ética em relação ao Meio Ambiente.

Se a Ciência deve questionar o sen-tido da produção ou não de uma deter-minada tecnologia ou saber científico, o olhar ético para o Meio Ambiente envol-ve uma visão interdisciplinar, e não um olhar unidimensional de disciplina.

Podemos citar, por exemplo, o papel da sociedade no processo decisório da gestão dos recursos naturais, como os Comitês de Bacias Hidrográficas em todo o estado de São Paulo, nos quais a sociedade civil atua na gestão dos re-cursos hídricos, assim como nas ações que envolvem o uso e ocupação do solo em áreas de mananciais.

Assim como os recursos hídricos, to-dos os demais recursos naturais envolvem um processo de apropriação, traduzido na forma de exploração do recurso, na transformação, que se concretiza nos processos e cadeias produtivas, e no consumo pela sociedade ou por outros processos de produção intermediários. Em qualquer uma destas etapas, desde a exploração até o consumo, os resíduos gerados, a água e energia consumidas, envolvem uma serie de tecnologias que podem gerar impactos, nem sempre per-cebidos e/ou compreendidos pela so-ciedade, o que lhe permitiria um posi-cionamento com relação à mudança de hábitos e padrões de consumo.

Neste cenário neoliberal global, no qual o desenvolvimento econômico con-duz à escassez e esgotamento do capital natural disponível, observa-se a necessi-dade de promover padrões sustentáveis de produção e consumo, que permitam reverter o quadro de degradação ou de-saparecimento de muitos ecossistemas.

O ritmo acelerado da inovação e concentração do conhecimento e das tecnologias em poucos países exige a democratização e o acesso à informação, à tecnologia e à ciência no quadro de novas matrizes produtivas, tanto no que se refere ao uso destes, quanto à relação entre estas e os seres humanos. Para tal, o grande desafio da Educação reside no comprometimento e fortalecimen-to de práticas educativas que envolvam e formem cidadãos capazes de atuar no diagnóstico e interpretação das novas tecnologias, intervindo e interagindo na construção de uma sociedade sustentável.

A Educação Ambiental, neste contexto, atinge o cidadão através de um proces-so participativo pedagógico permanen-te, conscientizando-o para uma maior participação na tomada de decisões e coloca-se como uma estratégia eficiente na transmissão do conhecimento cientí-fico, que amplia a percepção do indiví-duo das conseqüências indesejáveis que a interferência do homem provoca no Meio Ambiente.

A Escola tem o papel de não somente questionar o modelo social atualmen-te predominante, mas, ao incorporar o paradigma emergente sistêmico-ecoló-gico que se caracteriza por formar um indivíduo que tenha uma visão integra-dora dos fenômenos, compreendendo a complexidade de tais fenômenos, per-mitirá a formação de uma sociedade que atribui ao conjunto natural uma importância maior do que a soma de suas partes, objetivo de uma Socieda-de Sustentável.

Prof.a Dr.a Rosely Aparecida Liguori Im-bernon & Prof.a Dr.a Maria Cristina Motta de Toledo da Escola de Artes, Ciências e Humanidades – EACH / Universidade de São Paulo (USP-Leste)

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O que é seqüestro de carbono?Ricardo Augusto de Azevedo Arouca Junior

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O conceito de seqüestro de carbono foi consagrado pela Conferência de Kyoto, em 1997, com a fi-nalidade de conter e reverter o acúmulo de CO2

na atmosfera, visando à diminuição do efeito estufa. A con-servação de estoques de carbono nos solos, em florestas e em outros tipos de vegetação, a preservação de florestas nativas, a implantação de florestas e sistemas agroflorestais e a recupe-ração de áreas degradadas são algumas ações que contribuem para a redução da concentração do CO2 na atmosfera.

Para entender a relevância do tema é preciso rever o per-curso histórico que o trouxe ao centro do debate ambiental. As Mudanças Climáticas globais (MCg) representam um dos maiores desafios da humanidade, pois, atualmente, são um problema global e exigem a conscientização sobre a im-portância da questão, tendo em vista às mudanças de hábitos de consumo e de comportamento.

As crescentes emissões de Dióxido de Carbono (CO2) e de outros gases como o metano (CH�) e o óxido nitro-so (NO2) na atmosfera têm causado sérios problemas, como o Efeito Estufa. Devido à quantidade com que é emitido, o CO2 é o gás que mais contribui para o aquecimento global. Suas emissões representam aproximadamente ��% do total das emissões mundiais de gases que levam ao efeito estufa. O tempo de sua permanência na atmosfera é, no mínimo, de 100 anos. Isso significa que as emissões de hoje têm efeitos de longa duração e podem resultar em impactos no regime climático ao longo dos séculos. Evidências científicas apon-tam que se a concentração de CO2 continuar crescendo, a temperatura média da terra vai aumentar entre 1,� e �,8 ° C até 2100, elevando o nível dos mares, ampliando os efeitos climáticos extremos (enchentes, tempestades, furacões e secas), provocando alterações na variabilidade de eventos hidrológi-cos (mudanças no regime das chuvas, avanço do mar sobre os rios, escassez de água potável) e colocando em risco a vida na Terra, numa implacável ameaça à biodiversidade, à agricultura,

à saúde e ao bem-estar da população humana. Historicamente, os países industrializados têm sido respon-

sáveis pela maior parte das emissões de gases de Efeito Estu-fa. Contudo, na atualidade, vários países em desenvolvimento, dentre eles China, índia e Brasil, também se encontram entre os grandes emissores.

“Estima-se que, em 1998, o Brasil tinha emitido, pelo me-nos 28� milhões de toneladas de carbono, das quais cerca de 8� milhões resultaram da queima de combustíveis fósseis (71% do uso de combustíveis líquidos e 1�,6% da queima de car-vão mineral, �% de gás natural)”1.

Esse número é relativamente baixo quando comparado às emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis de outros países. Isto acontece devido ao fato de que a matriz energética brasileira é considerada relativamente limpa pelos padrões internacionais, uma vez que se baseia na energia hi-drelétrica (renovável). A maior parte das emissões do Brasil (2/�) provém de atividades de uso da terra, tais quais o des-matamento e as queimadas, o que, atualmente, representa �% das emissões globais.

As nações participantes da Convenção de Mudança Climá-tica, ocorrida em junho de 1992 na cidade do Rio de Janeiro, comprometeram-se a criar mecanismos que diminuíssem as emissões dos gases causadores do Efeito Estufa. Tais mecanis-mos dizem respeito tanto à capacidade das fontes de energia emitirem baixos níveis dos gases causadores do efeito estufa, quanto às alternativas para absorção de CO2 por meio dos projetos de Seqüestro de Carbono.

Dessa forma, os países desenvolvidos e as indústrias criaram para o carbono uma nova utilidade e um novo mercado, que consiste no carbono capturado e mantido pela vegetação. O interesse e o investimento no Seqüestro de Carbono e a co-mercialização de créditos de carbono são a forma por meio da qual indústrias e países industrializados podem equilibrar suas emissões e mantê-las em níveis seguros. As normas e re-

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gras de comercialização e as quantidades de carbono retidas pela vegetação ainda não são totalmente conhecidas e esta-belecidas, ressaltando, assim, a importância dos projetos de pesquisa desenvolvidos nesta área.

Problemas do Aquecimento globalA queima de combustíveis fósseis e o desmatamento emi-

tem grandes quantidades de gases na atmosfera, em especial o CO2. Esse gás absorve bem a radiação terrestre. Quando ocorre o aumento deste gás, ocorre também o aumento da temperatura e da quantidade de vapor de água na atmosfera, o que resulta no aquecimento da superfície terrestre.

As plantas verdes absorvem CO2 durante a fotossíntese, mas atualmente a liberação da quantidade de gás tem sido maior do que a capacidade de absorção das plantas. O CO2 acumulado na atmosfera bloqueia a saída de radiação quente para o espaço e manda esta radiação aquecida de volta, cau-sando o chamado Efeito Estufa. Emissões de metano, óxido de nitrogênio e os clorofluorcarbonetos (CFC’s) também contribuem para o fenômeno.

Atualmente, os países industrializados são responsáveis pela maior parte da emissão global de CO2. uma pequena par-cela desta emissão fica a cargo dos países em desenvolvimen-to. Contudo quem mais sente os efeitos destas mudanças são exatamente os paises que menos poluem.

De acordo com alguns cientistas, a mudança climática está entre as maiores conseqüências do aquecimento global,

uma vez que os efeitos dela afetarão diretamente a produção mundial de alimentos.

O Ciclo de Carbono e as FlorestasPara equilibrar o processo de respiração (fotossíntese), o

carbono, encontrado em diversas reservas naturais, é transfor-mado em dióxido de carbono. Outras formas de produção de dióxido de carbono (CO2) acontecem por meio das queima-das e da decomposição de material orgânico no solo.

Os processos envolvendo fotossíntese nas plantas e árvo-res funcionam de forma contrária: na presença da luz, elas retiram o dióxido de carbono, usam o carbono para crescer e retornam o oxigênio para atmosfera. Durante a noite, na transpiração, esse processo se inverte, e a planta libera CO2 excedente do processo de fotossíntese.

Os reservatórios de CO2 na terra e nos oceanos são maio-res que o total de CO2 na atmosfera. Pequenas mudanças nesses reservatórios podem causar grandes efeitos na con-centração atmosférica.

A redução do desmatamento poderá contribuir considera-velmente para reduzir o ritmo crescente dos gases em ques-tão, possibilitando outros benefícios, como a conservação dos solos e da biodiversidade. Tal redução, no entanto, deve estar associada a alternativas econômicas para garantir a qualidade de vida em todo o planeta.

Ricardo Augusto de Azevedo Arouca Junior é biólogo e chefe de Divisão de Educação Ambiental da SME.

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Fonte. www.wwf.org.

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Carbono zero é meta do Fórum Mundial de Educação Alto Tietê

E ntre 1� e 16 de setembro, o Fórum Mundial de Educa-ção Alto Tietê (FMEAT) mobilizará aproximadamente �0 mil pessoas e dará uma importante contribuição para

a consciência ambiental, o comprometimento e a sustentabili-dade para todo o mundo, neutralizando suas emissões de CO2.

A parceria feita entre o Comitê Organizador desta edição do Fórum e a Bio-Bras, organização ambiental, buscará neu-tralizar os gases do efeito estufa produzidos durante os qua-tro dias de atividades.

O carbono é um elemento presente na natureza na forma de gás carbônico. Em nossas atividades diárias, como o uso de transporte, energia e o consumo de produtos manufaturados, temos jogado no ar muito mais CO2 do que a natureza é ca-paz de absorver, provocando o aquecimento global.

Para proteger a atmosfera, não contribuindo para o aque-cimento global, o Fórum Mundial de Educação Alto Tietê irá zerar a quantidade de gases do efeito estufa gerados durante as suas atividades, incorporando um cálculo simples: 1-1=0. Este raciocínio é aplicado para neutralizar o carbono excedente, por meio de projetos florestais, onde as árvores absorvem o CO2 presente no ar e estocam como biomassa.

A metodologia empregada neste cálculo será realizada pela Bio-Bras, que levará em conta três fontes: as diretas, como a utilização de combustíveis fósseis; as indiretas, como o con-sumo de energia elétrica, e as relacionadas - basicamente o que é produzido por fornecedores. O plantio de mudas será feito a partir do dia 16 de setembro.

A questão da sustentabilidade no FMEAT merece um destaque importante. A partir do tema, a Comissão de Meto-dologia e Temática deliberou o eixo temático “Educar para a sustentabilidade do Planeta”, que contará com uma gran-de conferência, painéis temáticos sobre os sub-eixos e ainda, apresentaçaõ de pôsteres e atividades autogestionadas. O mo-vimento também abordará a Diversidade, Protagonismo e Po-líticas Públicas como eixos temáticos. As inscrições podem ser feitas pelo site www.forummundialeducacao.org

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Cláudio Silva

O progresso chega cobrindo com asfalto as ruas de terra e tudo em volta se modifica, pois, agora, o acesso se torna fá-cil. A Mata, que antigamente predominava, é transformada

em condomínios, uma verdadeira ‘selva de pedra’.Aquele cheiro de terra molhada no ar quando chovia, não se sente

mais; o barulho das buzinas dos automóveis tomou o lugar do canto dos pássaros e o cheiro da fumaça dos escapamentos, do perfume do verde.

“Tudo muda quando o tal progresso chega...”Tentando resgatar essa simplicidade gostosa da vida, deixo minhas

crianças “tocarem a terra”. Numa pequena horta escolar, descobrem o prazer de plantar e colher;

de sentir o perfume do verde; a textura e a coloração dos frutos. Elas aprendem, enfim, o real significado da frase: “tudo o que se planta, colhe”.

Em um outro canto, observam o cuidado materno da galinha com seus pintinhos, que desde cedo, aprendem como ciscar e procurar alimento, processo esse que lhes garante a sobrevivência.

São essas pequenas coisas que sensibilizam o ser humano, passan-do esse, a dar o real valor ao que nossa “mãe natureza” nos ensina e oferece. As crianças de hoje são os futuros “tripulantes” da nossa nave mãe: o planeta Terra.

Sendo assim, nossas crianças devem receber informações para que de-senvolvam uma consciência de proteção ao já tão sofrido meio ambiente.

Cláudio Silva é biólogo e professor de Educação Infantil do R.I. Clubinho do Mickey e Colégio Cetés, em Suzano.

Em busca da simplicidade perdida!

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Projetos que envolvem a comunidade

A tualmente, a criança vive em um mundo real, onde ela sabe e participa, vivenciando todos os assuntos, por meio dos meios de comunicação. Consciente disso, as equipes esco-

lares das Creches Imaculado Coração de Maria e Jardim Aeropor-to III desenvolveram projetos e ações em que as crianças tiveram a oportunidade de participar ativamente como cidadãos de direitos. Nesse espaço, elas puderam comparar, criar hipóteses e mudar seu comportamento, levando informações para a família e comunidade. Durante as atividades desenvolvidas em sala de aula, as educadoras se surpreenderam ao constatarem a conscientização das crianças.

Houve um momento especial na aula de Natureza e Sociedade, em que a educadora Andréa, da Creche do Jardim Aeroporto III, falou com seus alunos de quatro anos sobre o desperdício da água.

- Educadora: O que podemos fazer para evitar o desperdício?- Victor Hugo: É quando a gente gasta muita água e vem um ho-

mem e corta a nossa água.- Juliane: É importante para tomar banho, para lavar roupa e es-

covar os dentes.- gustavo Roberto: O meu pai lava muito o carro.No Dia Mundial da Água, realizamos a nossa “Passeata contra o

desperdício de água”, na qual envolvemos funcionários, pais e agen-tes de trânsito, que com muita boa vontade nos auxiliaram durante o percurso no quarteirão da escola. Apresentamos uma bandinha, desenhos ilustrativos, placas com frases das crianças sobre a água e também o grito de guerra: “ão, ão, ão. Não desperdice água não!”

Na Praça da Igreja Imaculado Coração de Maria, realizamos en-trevistas com algumas pessoas que estavam no local. gabrielly, alu-na de quatro anos da Creche Imaculado Coração de Maria, per-guntou a um senhor, como ele economizava água. Ele respondeu que devemos ficar pouco tempo no banho, evitando desta forma o consumo exagerado.

Concluímos e entendemos que ações como essas são o verdadei-ro caminho para uma educação consciente e que temos pressa, pois o futuro é agora e a conduta de hoje, refletirá no amanhã.

Vanilda Gomes da Silva Nascimento é pedagoga e Marlene das Dores Cecílio, Ana Paula de Jesus, Sheila Marsil Sanches, Andréa Cristina S. Pache-co Guimarães são professoras

Vanilda Gomes da Silva Nascimento, Marlene das Dores Cecílio, Ana Paula de Jesus, Sheila Marsil Sanches,

Andréa Cristina S. Pacheco Guimarães

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uNIDOS PElA NATuREZAEquipe da EM Pref. Maurílio de Souza Leite Filho

C om este refrão, nós, profes-sores, funcionários, alunos e pais da Escola Municipal

Prefeito Maurílio de Souza leite Filho saímos em passeata pelos arredores da nossa escola. Eram peixes, ursos, araras, tucanos, flores, borboletas, cachorros, gatos, passarinhos e tamanduás, que cada criança carregava com orgulho para homenagear a semana do meio ambiente. Algumas alunas vestidas como flores distribuíam sementes de girassol para a comunidade.

Este foi apenas um dos inúmeros trabalhos de nossa instituição, que em 2006, escolheu com tema central: o meio ambiente. O trabalho começou

dentro da sala de aula, em que todas as atividades eram voltadas para a fauna e a flora. Trabalhamos a extinção dos ani-mais e plantas, cuidados e a preservação.

Fizemos uma “parceria” com os pais para que o assunto rompesse os

“muros da escola” se estendendo a toda a comunidade. A cada dia, os alunos terminavam o período levando para a casa máscaras, viseiras e alegorias envolvidas com o tema.

Criamos murais, elaborados pelos alunos, envolvidos com textos e en-fatizando a presença de um grande número de plantas e animais na flo-resta e nossa dependência deste re-curso para cada passo de nossa vida.

Dela, os homens retiram plantas que nos servem como remédio, os ani-mais encontram conforto e moradia e, ainda, são essenciais para o ar que respiramos...

Elaboramos uma relação de tudo o que está acontecendo e conscien-tizamos os alunos a serem “proteto-res da natureza”, integrando o tema

“Não solte balões!”, em relação aos incêndios, já que estávamos em um mês de festas juninas.

Percebemos o sucesso da realiza-ção dos nossos objetivos por meio de comentários dos pais, que nos re-lataram suas experiências com mui-ta satisfação.

“Preserve a natureza! Proteja os animais!”

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Educação Ambiental para conscientizar

a sociedadeRosana da Rocha Thuzuki

O projeto desenvolvido na Es-cola Municipal Profª Ana lúcia Ferreira de Souza, na

Vila Rachel, tem como foco responsa-bilizar a sociedade em resposta ao desca-so quanto à necessidade de enfrentar os problemas ambientais com uma prática de vida mais saudável.

Ao falarmos em ambiente, partimos do nosso convívio com a sociedade em geral e trabalhamos processos de trans-formação ambiental, capazes de criar condições favoráveis para uma socie-dade consciente e organizada, gerando benefícios à coletividade.

Dessa forma, toda a comunidade es-colar saberá que os recursos naturais são esgotáveis e que somos parte integrante da natureza, prevendo conseqüências ime-diatas que penalizarão nosso futuro.

Para tanto, a responsabilidade de cada um será despertada por meio de cada aluno, que levará esse conhecimento ao seu convívio e terá um comportamento diferente em relação ao meio ambiente como um todo, introduzindo o concei-to dos Rs (Reduzir, Reutilizar, e Reci-clar) como uma das formas de garantir a biodiversidade. Essas ações estimulam

o espírito de cooperação, uns com os outros, com a natureza e com a preser-vação dos recursos naturais, como fator primordial à vida de todos os seres.

Diversas atividades interdisciplinares vêm sendo desenvolvidas como pesqui-sas, painéis, maquetes, excursões, pales-tras, utilização de sucatas em atividades de artes plásticas, produções textuais, re-cursos áudio visuais, slogans e passeatas.

Iniciamos esse trabalho com a coleta seletiva do lixo, em que além de cons-cientização, temos o fator de solidarie-dade com a doação destes materiais ao asilo para que sejam transformados em ajuda financeira. Pais da comunidade também vendem estes recicláveis para aumentar renda familiar.

Consideramos que a educação é o caminho para levar o Brasil a uma rea-lidade melhor, acreditamos e investimos nessa idéia. Assumimos o compromis-so de sermos uma liderança na educa-ção ambiental, levando os indivíduos a ações conscientes no seu meio, a partir de sua casa e sua escola para transfor-mar e melhorar a realidade de seu bairro, de sua cidade, de seu país e enfim, do nosso planeta.

Rosana da Rocha Thuzuki é profes-sora de Ensino Fundamental da EM Profª Ana Lúcia Ferreira de Souza, graduada em pedagogia e pós-gra-duada em psicopedagogia.

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Nos dias atuais, muito se tem falado de educação ambiental, que nada mais é do que a conservação do planeta em que vivemos. O consumo consciente, a preservação e o desenvolvimento susten-tável são temas que refletem a consciên-cia ambiental. Neste conceito, a educa-ção ambiental visa despertar na criança os preceitos de cuidar do meio no qual vive, ao demonstrar que somente desta maneira poderemos manter o planeta para as próximas gerações.

uma das ferramentas utilizadas para introduzir a educação ambiental de ma-neira efetiva é a elaboração da Agenda 21 para a escola. A Agenda 21 significa a tomada de ações, não somente ambientais, visando à melhoria de uma determina-da comunidade. Este é o compromisso principal assumido por 179 países par-

ticipantes da “ECO-92”, cujo acordo foi assinado entre estes governos, que se comprometeram a uma mudança do padrão de desenvolvimento a ser praticado, conciliando a justiça social, a eficiência econômica e o equilíbrio ambiental, o chamado “Desenvolvimento Sustentável”.

Como anda a Agenda 21 em nossa cidade?

Muitas vezes espera-se que as dire-trizes sejam determinadas pelo gover-no, contudo, o primeiro passo tem que ser dado pelas pessoas que usufruem o lugar onde vivem. Neste caso, a cons-trução da Agenda 21 deverá ser dar no próprio ambiente escolar, o que prevê a união de esforços entre alunos, profes-sores, corpo administrativo e a comuni-dade para determinar os problemas que afetam a unidade escolar, colocando-os

em ordem de prioridades, determinan-do prazos e pontuando as respostas e os meios para se conseguir soluções.

Com a construção da Agenda, ter-se-á subsídios adequados para obter uma me-lhoria da qualidade de vida do ambiente escolar, o uso adequado da energia elé-trica, uso racional de água, diminuição de poluição visual (pichação), conscien-tização de manutenção do prédio esco-lar (depredação) até atitudes externas para melhoria no próprio bairro. Agora, que se têm argumentos relacionados à Agenda 21, cabe a nós, educadores, co-meçarmos a elaborá-la em nossas escolas e assim veremos que, com certeza, me-lhoraremos muito nosso ambiente escolar.

Patrícia de Cássia Barba Macedo é professo-ra da EM Maria Colomba Colella Rodrigues e do CCII Takao Ikeda

Educação Ambiental no Ambiente Escolar

Patrícia de Cássia Barba Macedo

Seminário Nacional sobre a Agenda 21

guilherme Brasil/MMa

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HISTORIANDO

Um rio, mUitas histórias

Gracila Maria Grecco Manfré e José Sebastião Witter

S egundo Mello Nóbrega (19�8), “des-de o alvorecer de São Paulo, as águas amarelas e quietas do Tietê desperta-ram sonhos de aventura e de riqueza.

O maior dos rios do planalto, rolando, grosso e lento, a uma légua do povoado, para o sertão bruto, era desafio permanente”.

O Rio Tietê tem uma rara peculiaridade: apesar de nascer em Salesópolis (há 22 km do mar), não corre para o Oceano Atlântico, mas atravessa todo o Estado de São Paulo (de sudeste a noroeste), desaguando no Rio Paraná, divisa com Mato grosso do Sul. Em documentos e mapas datados dos séculos XVI a XVIII, tem seu nome apontado como “Anhembi”, a for-ma como os indígenas o designavam. O nome

“Tietê” surge mais tarde, mas, ambas as grafias (ora uma, ora outra) são encontradas nos re-gistros mais antigos.

Como sabemos, desde o descobrimento do Brasil, as regiões litorâneas foram prontamente ocupadas, pois o constante contato com os na-vegadores tornava próspero o comércio das ci-dades. Entretanto, de forma diferente, dos hoje conhecidos como os Estados de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro, a situação de São Pau-lo era anômala. Citemos o admirável prefácio de Rubens Borba de Moraes no livro de Au-guste de Saint-Hilaire, “Viagem à Província de São Paulo”: “Os paulistas viviam isolados. Empoleirados no alto da serra, não tinham re-lações com o estrangeiro que vinha pelo oce-ano. (...) São Paulo, já nos primeiros anos, deu as costas ao mar”.

O território paulista começou realmente a ser conquistado com a partida dos Bandeiran-tes, que seguiram o curso do rio, entre 1�80 e 16�0. Iniciou-se, assim, o crescimento do Estado ao longo da linha do tempo: a ativida-de de mineração; as Monções, até alcançarem

Cuiabá; o comércio do gado; a industrialização do açúcar e os grandes engenhos; as lavouras de café; as estradas de ferro; o desenvolvimen-to industrial... E com o aumento populacio-nal surgiram também os problemas de ordem econômica e social. E, é claro, o pensamento de que a natureza está a serviço do homem. O homem não se vê no “meio” ambiente. A maioria dos rios, os mesmos rios responsáveis pelo crescimento de tantas cidades, foi trans-formada em veículos para transportarem os resíduos industriais e esgotos domésticos. No caso, o Rio Tietê, especificamente, tem sua de-gradação ambiental (de forma ainda que sutil) na década de 1920 com a construção da Re-presa de guarapiranga e, hoje, é visto como um símbolo da degradação da qualidade de vida de grande parte dos municípios por ele cortados, o que muito envergonha os paulistas.

A cada segundo, não só o Rio Tietê, mas muitos de seus afluentes, recebem cerca de �� mil litros de esgoto (dados da SABESP)! Isto além dos dejetos lançados em suas águas. Sob o ponto de vista da Biologia, há mais de 60 anos o Rio Tietê é um “rio morto”... Mesmo as práti-cas de controle ambiental mais recentes de nada adiantarão se não houver uma nova concepção na relação do homem com o meio ambiente. Com a importância de sua própria história. Com a reflexão sobre seu próprio comportamento no uso dos recursos naturais... Homem e na-tureza: uma só coisa. Bem já disse Carlos Nejar, em seu poema “Nossa sabedoria é a dos rios”:

“Nossa sabedoria é a dos riosNão temos outra.Persistir. Ir com os rios,Onda a onda”

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SAINt-HILAIRE, Auguste de. Viagem à Província de São Paulo. São Paulo: Livraria Martins, 1940.PAPAVERo, Nelson. TEIXEIRA, Dante Martins. A Fauna de São Paulo nos Sécu-los XVI a XVIII, nos Textos de Viajantes, Cronistas, Missionários e Relatos Monço-neiros. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2007.MAKINo, Miyoko. SOUZA, Jonas Soares de (orgs.). JUZARTE, Teotônio José. Diário de Navegação. São Paulo: Editora da Uni-versidade de São Paulo, Imprensa Oficial do Estado, 2000. (Uspiniana – Brasil 500 Anos)

REFERÊNCIAS BIBLIoGRÁFICAS

Mapa de viagem de um ponto próximo ao local onde hoje se ergue a cidade de Porto Feliz, Estado de São Paulo. Feita por D. luís de Céspedes Xeria (1628). Orginal do Archivo general de índias, Sevilha, Espanha. Copiado para o Museu Paulista pelo cartógrafo Santiago Monteiro Diaz, em 1917, por encomenda de Taunay. Com inscrições Acervo do Museu Paulista da uSP.

GRACILA MARIA GRECCo MANFRÉ é bacharel em Direito, pós-Graduada em Eco-turismo/Educação Ambiental e consultora Educacional

JoSÉ SEBAStIÃo WIttER é professor ti-tular na área de História e professor emérito pela Universidade de São Paulo (USP)

“O rio é uma pessoa. Tem nome. Este nome é muito velho, porque o rio, ainda que muito moço, é muito antigo. Existia antes dos homens e antes das aves. Desde que os homens nasceram, amaram os rios, e tão logo souberam falar, lhes deram nomes”.RéMy de gouRMoNt

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