editorial hugh holland_issuu

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VOID#077 EDITORIAL/ ENTREVISTA C/ HUGH HOLLAND #077 ANO 07 / 2011 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA LEITURA NÃO RECOMENDADA PARA MENORES DE 18 ANOS. SABE MUITO SABE MUITO # 077

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VOID#077EDITORIAL/ENTREVISTA C/ HUGH HOLLAND

#077

ANO 07 / 2011DISTRIBUIÇÃO GRATUITALEITURA NÃO RECOMENDADA PARA MENORES DE 18 ANOS.

SABE MUITO

SABE M

UITO#

077

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REBATEFotograFia HugH HollandEntrEvista por pEdro damasiomEio dE campo por gabriEla mo

De 1975 a 1978, o fotógrafo americano HugH HollanD Documentou em imagens o nascimento Do skateboarD. HugH nunca foi skatista e praticamente não tem nenHuma relação com o assunto. mas Durante aqueles três anos, resolveu juntar sua Diversão ao Divertimento De alguns moleques que avistou De Dentro Do seu carro, enquanto Dirigia pelas ruas Da califórnia. Hoje suas fotos são exibiDas em granDes mostras De arte, publicações e anúncios De marcas De moDa. naDa como Dar tempo ao tempo.

info: www.HugHHollanD.com

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REBATEFotograFia HugH HollandEntrEvista por pEdro damasiomEio dE campo por gabriEla mo

De 1975 a 1978, o fotógrafo americano HugH HollanD Documentou em imagens o nascimento Do skateboarD. HugH nunca foi skatista e praticamente não tem nenHuma relação com o assunto. mas Durante aqueles três anos, resolveu juntar sua Diversão ao Divertimento De alguns moleques que avistou De Dentro Do seu carro, enquanto Dirigia pelas ruas Da califórnia. Hoje suas fotos são exibiDas em granDes mostras De arte, publicações e anúncios De marcas De moDa. naDa como Dar tempo ao tempo.

info: www.HugHHollanD.com

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REBATEFotograFia HugH HollandEntrEvista por pEdro damasiomEio dE campo por gabriEla mo

De 1975 a 1978, o fotógrafo americano HugH HollanD Documentou em imagens o nascimento Do skateboarD. HugH nunca foi skatista e praticamente não tem nenHuma relação com o assunto. mas Durante aqueles três anos, resolveu juntar sua Diversão ao Divertimento De alguns moleques que avistou De Dentro Do seu carro, enquanto Dirigia pelas ruas Da califórnia. Hoje suas fotos são exibiDas em granDes mostras De arte, publicações e anúncios De marcas De moDa. naDa como Dar tempo ao tempo.

info: www.HugHHollanD.com

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durante três anos, você testemunhou e registrou o surgimento de uma cultura que se tornou incrivelmente popular algum tempo depois. Quando você lembra disso, tem a sensação de que estava na hora certa no lugar certo?sem dúvida! É claro que, naquele momento, eu não pensava sobre isso, mas agora me dou conta de que foi um golpe de sorte. porém eu não achava que estava documentando o nascimento de uma cultura, estava só feliz em fazer boas fotos. na verdade, essa ainda é a forma como eu enxergo tudo isso.

Quando você viu aqueles garotos andando de skate em lombas, piscinas e ditches, percebeu que era algo único e que poderia tomar a proporção que tomou mundo afora?De certa forma, eu me dei conta de que era único, mas não que isso pudesse ir tão longe no mundo inteiro. eu estava só me divertindo, da minha maneira, com o divertimento deles.

o que mais chamou a sua atenção, o skate em si ou a cena cultural que estava surgindo ao redor dele?eu acho que o que mais chamou a minha atenção foi simplesmente a beleza das composições que eu era capaz de fazer. não o ato de andar de skate ou mesmo a cena cultural, que era parte de um universo bastante familiar para mim naquela época.

o skatista oldschool Jeff grosso uma vez disse que skatistas são viciados em atenção. você acha que esse foi um dos motivos que o levaram a ser tão bem recebido por aqueles garotos? porque estava dando atenção e divulgando o estilo de vida deles através de suas fotos?ah, com certeza! mas não que eu estivesse divulgando o estilo de vida deles, e sim porque eu estava dando atenção. os garotos, basicamente, queriam ser fotografados executando suas manobras mais recentes. e eu estava extremamente ocupado naquela época tentando atender a essa demanda!

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durante três anos, você testemunhou e registrou o surgimento de uma cultura que se tornou incrivelmente popular algum tempo depois. Quando você lembra disso, tem a sensação de que estava na hora certa no lugar certo?sem dúvida! É claro que, naquele momento, eu não pensava sobre isso, mas agora me dou conta de que foi um golpe de sorte. porém eu não achava que estava documentando o nascimento de uma cultura, estava só feliz em fazer boas fotos. na verdade, essa ainda é a forma como eu enxergo tudo isso.

Quando você viu aqueles garotos andando de skate em lombas, piscinas e ditches, percebeu que era algo único e que poderia tomar a proporção que tomou mundo afora?De certa forma, eu me dei conta de que era único, mas não que isso pudesse ir tão longe no mundo inteiro. eu estava só me divertindo, da minha maneira, com o divertimento deles.

o que mais chamou a sua atenção, o skate em si ou a cena cultural que estava surgindo ao redor dele?eu acho que o que mais chamou a minha atenção foi simplesmente a beleza das composições que eu era capaz de fazer. não o ato de andar de skate ou mesmo a cena cultural, que era parte de um universo bastante familiar para mim naquela época.

o skatista oldschool Jeff grosso uma vez disse que skatistas são viciados em atenção. você acha que esse foi um dos motivos que o levaram a ser tão bem recebido por aqueles garotos? porque estava dando atenção e divulgando o estilo de vida deles através de suas fotos?ah, com certeza! mas não que eu estivesse divulgando o estilo de vida deles, e sim porque eu estava dando atenção. os garotos, basicamente, queriam ser fotografados executando suas manobras mais recentes. e eu estava extremamente ocupado naquela época tentando atender a essa demanda!

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durante três anos, você testemunhou e registrou o surgimento de uma cultura que se tornou incrivelmente popular algum tempo depois. Quando você lembra disso, tem a sensação de que estava na hora certa no lugar certo?sem dúvida! É claro que, naquele momento, eu não pensava sobre isso, mas agora me dou conta de que foi um golpe de sorte. porém eu não achava que estava documentando o nascimento de uma cultura, estava só feliz em fazer boas fotos. na verdade, essa ainda é a forma como eu enxergo tudo isso.

Quando você viu aqueles garotos andando de skate em lombas, piscinas e ditches, percebeu que era algo único e que poderia tomar a proporção que tomou mundo afora?De certa forma, eu me dei conta de que era único, mas não que isso pudesse ir tão longe no mundo inteiro. eu estava só me divertindo, da minha maneira, com o divertimento deles.

o que mais chamou a sua atenção, o skate em si ou a cena cultural que estava surgindo ao redor dele?eu acho que o que mais chamou a minha atenção foi simplesmente a beleza das composições que eu era capaz de fazer. não o ato de andar de skate ou mesmo a cena cultural, que era parte de um universo bastante familiar para mim naquela época.

o skatista oldschool Jeff grosso uma vez disse que skatistas são viciados em atenção. você acha que esse foi um dos motivos que o levaram a ser tão bem recebido por aqueles garotos? porque estava dando atenção e divulgando o estilo de vida deles através de suas fotos?ah, com certeza! mas não que eu estivesse divulgando o estilo de vida deles, e sim porque eu estava dando atenção. os garotos, basicamente, queriam ser fotografados executando suas manobras mais recentes. e eu estava extremamente ocupado naquela época tentando atender a essa demanda!

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Haviam outros fotógrafos registrando essa cena cultural, alguém com que você pudesse comparar o seu trabalho? ou você estava sozinho nessa?estava sozinho... eu não fazia muita amizade com outros fotógrafos, mas tinha um que eu conhecia, glenn e. friedman. ele era só um garoto começando a tirar fotos em 1975, mas depois foi trabalhar com diferentes temas e publicou livros. É claro que cada um tinha seu estilo. eu não acho que o meu seja similar ao de nenhum outro fotógrafo que estava lá. muitas pessoas não se dão conta de que, mesmo se vários fotógrafos estiverem registrando a mesma cena, as fotos sairão completamente diferentes. uma coisa que merece ser lembrada é que naquela época, comparado com os dias de hoje, havia muito menos pessoas fotografando. na hora que os skatistas viram que eu tinha uma câmera, eu estava automaticamente “dentro”.

após três anos fotografando o skate, o que fez você parar?Difícil lembrar alguma razão em particular que me fez parar. eu acho que isso não foi uma decisão, simplesmente aconteceu. eu gradualmente fui perdendo o interesse no assunto. provavelmente, porque fui me ocupando com outras coisas. pensando à respeito, eu vejo que parei quando o interesse comercial começou a crescer naquele meio, transformando o skate num esporte de massa. não era mais a mesma coisa de três anos antes. em 1978, estava bem diferente do que era em 1975. em um curto espaço de tempo.

desde então, qual a sua relação com essa cultura, você ainda se identifica com ela? acompanhou a evolução da fotografia de skate, por exemplo?não, não mesmo. quer dizer, eu vejo o que está acontecendo e tenho um pouco de interesse. o que é natural, já que eu estive tão intensamente envolvido naqueles três anos. eu vejo a evolução, mas não tenho muito interesse no skate, na verdade.

pode destacar o trabalho de algum fotógrafo?eu não posso, de verdade, detesto dizer isso, mas é assim que é.

o livro locals only: california skateboarding 1975-1978 (ammo books, llc) foi lançado em 2010. alguns meses atrás, suas fotos fizeram parte de uma grande exposição no moca museum de los angeles chamada art in the streets. Qual a sensação de ver um trabalho que você realizou há mais de trinta anos recebendo todo esse reconhecimento hoje em dia? É fantástico, eu estou honrado. também tive diversas mostras, meu trabalho foi adquirido por colecionadores de arte e ganhou um incrível reconhecimento depois disso. eu não fazia idéia de que as fotos que estava tirando naquela época poderiam se tornar obras de arte no século 21! ainda vem mais mostras e outro livro por aí.

o skate faz parte do mainstream hoje em dia e isso traz muitos efeitos colaterais. Fotograficamente falando, você acha que ainda é possível encontrar algum frescor ou beleza nesse cenário?bom, eu sou daqueles que acredita que é possível encontrar frescor e beleza em qualquer cenário a qualquer momento, só cabe ao artista encontrar e trazer isso pra fora. eu não vejo nada de muito novo no cenário do skate sendo fotografado como um esporte, mas algum aspecto, algum ângulo, está sempre lá escondido para que alguém encontre.

ok, muito obrigado pelo seu tempo e pela honra de ter suas fotos publicadas na nossa revista.

obrigado! o prazer é meu.

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Haviam outros fotógrafos registrando essa cena cultural, alguém com que você pudesse comparar o seu trabalho? ou você estava sozinho nessa?estava sozinho... eu não fazia muita amizade com outros fotógrafos, mas tinha um que eu conhecia, glenn e. friedman. ele era só um garoto começando a tirar fotos em 1975, mas depois foi trabalhar com diferentes temas e publicou livros. É claro que cada um tinha seu estilo. eu não acho que o meu seja similar ao de nenhum outro fotógrafo que estava lá. muitas pessoas não se dão conta de que, mesmo se vários fotógrafos estiverem registrando a mesma cena, as fotos sairão completamente diferentes. uma coisa que merece ser lembrada é que naquela época, comparado com os dias de hoje, havia muito menos pessoas fotografando. na hora que os skatistas viram que eu tinha uma câmera, eu estava automaticamente “dentro”.

após três anos fotografando o skate, o que fez você parar?Difícil lembrar alguma razão em particular que me fez parar. eu acho que isso não foi uma decisão, simplesmente aconteceu. eu gradualmente fui perdendo o interesse no assunto. provavelmente, porque fui me ocupando com outras coisas. pensando à respeito, eu vejo que parei quando o interesse comercial começou a crescer naquele meio, transformando o skate num esporte de massa. não era mais a mesma coisa de três anos antes. em 1978, estava bem diferente do que era em 1975. em um curto espaço de tempo.

desde então, qual a sua relação com essa cultura, você ainda se identifica com ela? acompanhou a evolução da fotografia de skate, por exemplo?não, não mesmo. quer dizer, eu vejo o que está acontecendo e tenho um pouco de interesse. o que é natural, já que eu estive tão intensamente envolvido naqueles três anos. eu vejo a evolução, mas não tenho muito interesse no skate, na verdade.

pode destacar o trabalho de algum fotógrafo?eu não posso, de verdade, detesto dizer isso, mas é assim que é.

o livro locals only: california skateboarding 1975-1978 (ammo books, llc) foi lançado em 2010. alguns meses atrás, suas fotos fizeram parte de uma grande exposição no moca museum de los angeles chamada art in the streets. Qual a sensação de ver um trabalho que você realizou há mais de trinta anos recebendo todo esse reconhecimento hoje em dia? É fantástico, eu estou honrado. também tive diversas mostras, meu trabalho foi adquirido por colecionadores de arte e ganhou um incrível reconhecimento depois disso. eu não fazia idéia de que as fotos que estava tirando naquela época poderiam se tornar obras de arte no século 21! ainda vem mais mostras e outro livro por aí.

o skate faz parte do mainstream hoje em dia e isso traz muitos efeitos colaterais. Fotograficamente falando, você acha que ainda é possível encontrar algum frescor ou beleza nesse cenário?bom, eu sou daqueles que acredita que é possível encontrar frescor e beleza em qualquer cenário a qualquer momento, só cabe ao artista encontrar e trazer isso pra fora. eu não vejo nada de muito novo no cenário do skate sendo fotografado como um esporte, mas algum aspecto, algum ângulo, está sempre lá escondido para que alguém encontre.

ok, muito obrigado pelo seu tempo e pela honra de ter suas fotos publicadas na nossa revista.

obrigado! o prazer é meu.

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Haviam outros fotógrafos registrando essa cena cultural, alguém com que você pudesse comparar o seu trabalho? ou você estava sozinho nessa?estava sozinho... eu não fazia muita amizade com outros fotógrafos, mas tinha um que eu conhecia, glenn e. friedman. ele era só um garoto começando a tirar fotos em 1975, mas depois foi trabalhar com diferentes temas e publicou livros. É claro que cada um tinha seu estilo. eu não acho que o meu seja similar ao de nenhum outro fotógrafo que estava lá. muitas pessoas não se dão conta de que, mesmo se vários fotógrafos estiverem registrando a mesma cena, as fotos sairão completamente diferentes. uma coisa que merece ser lembrada é que naquela época, comparado com os dias de hoje, havia muito menos pessoas fotografando. na hora que os skatistas viram que eu tinha uma câmera, eu estava automaticamente “dentro”.

após três anos fotografando o skate, o que fez você parar?Difícil lembrar alguma razão em particular que me fez parar. eu acho que isso não foi uma decisão, simplesmente aconteceu. eu gradualmente fui perdendo o interesse no assunto. provavelmente, porque fui me ocupando com outras coisas. pensando à respeito, eu vejo que parei quando o interesse comercial começou a crescer naquele meio, transformando o skate num esporte de massa. não era mais a mesma coisa de três anos antes. em 1978, estava bem diferente do que era em 1975. em um curto espaço de tempo.

desde então, qual a sua relação com essa cultura, você ainda se identifica com ela? acompanhou a evolução da fotografia de skate, por exemplo?não, não mesmo. quer dizer, eu vejo o que está acontecendo e tenho um pouco de interesse. o que é natural, já que eu estive tão intensamente envolvido naqueles três anos. eu vejo a evolução, mas não tenho muito interesse no skate, na verdade.

pode destacar o trabalho de algum fotógrafo?eu não posso, de verdade, detesto dizer isso, mas é assim que é.

o livro locals only: california skateboarding 1975-1978 (ammo books, llc) foi lançado em 2010. alguns meses atrás, suas fotos fizeram parte de uma grande exposição no moca museum de los angeles chamada art in the streets. Qual a sensação de ver um trabalho que você realizou há mais de trinta anos recebendo todo esse reconhecimento hoje em dia? É fantástico, eu estou honrado. também tive diversas mostras, meu trabalho foi adquirido por colecionadores de arte e ganhou um incrível reconhecimento depois disso. eu não fazia idéia de que as fotos que estava tirando naquela época poderiam se tornar obras de arte no século 21! ainda vem mais mostras e outro livro por aí.

o skate faz parte do mainstream hoje em dia e isso traz muitos efeitos colaterais. Fotograficamente falando, você acha que ainda é possível encontrar algum frescor ou beleza nesse cenário?bom, eu sou daqueles que acredita que é possível encontrar frescor e beleza em qualquer cenário a qualquer momento, só cabe ao artista encontrar e trazer isso pra fora. eu não vejo nada de muito novo no cenário do skate sendo fotografado como um esporte, mas algum aspecto, algum ângulo, está sempre lá escondido para que alguém encontre.

ok, muito obrigado pelo seu tempo e pela honra de ter suas fotos publicadas na nossa revista.

obrigado! o prazer é meu.