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ECONOMIA SOLIDÁRIA E FORMAÇÃO EMPREENDEDORA: CAMINHOS ANTAGÔNICOS OU COMPLEMENTARES PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Área temática: Educação em Sistema de Gestão Leonardo Santos da Silva [email protected] Resumo: Este trabalho centra-se no estudo da economia solidaria e formação empreendedora e as possibilidades para o desenvolvimento social na Educação profissional de jovens e adultos (PROEJA) servindo como referencial para a elaboração de uma metodologia de multiplicadores da cultura da economia solidária. Realizou-se pesquisa de natureza bibliográfica e qualitativa, tendo como objetivo analisar a economia solidaria e a formação empreendedora como possíveis pontos de convergências, visando a contribuir frente ao novo contexto que se encontra o País e o mundo de crise econômica, tendo como conseqüência a escassez da oferta de trabalho bem como o desaparecimento do emprego. Fruto de estudos dos processos de aprendizagem, sob enfoque da economia solidária, foi destacado o surgimento de possibilidade de organização coletiva e empreendedora desenvolvendo-se junto a professores e alunos no ambiente em sala de aula um espaço de praticas de gestão democrática, autogestão, solidariedade, comercio justo, participação cidadã, criatividade, autonomia e busca pelo o novo através da ação coletiva do trabalho associado, onde ambos se complementam no processo ensino aprendizagem. Palavras-chaves: Economia solidária, formação empreendedora e educação de jovens e adultos ISSN 1984-9354

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Page 1: ECONOMIA SOLIDÁRIA E FORMAÇÃO EMPREENDEDORA: … · 2016. 3. 9. · JOVENS E ADULTOS Área temática: Educação em Sistema de Gestão Leonardo Santos da Silva leoeray@yahoo.com.br

ECONOMIA SOLIDÁRIA E FORMAÇÃO EMPREENDEDORA: CAMINHOS ANTAGÔNICOS OU COMPLEMENTARES PARA

O DESENVOLVIMENTO SOCIAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Área temática: Educação em Sistema de Gestão

Leonardo Santos da Silva

[email protected]

Resumo: Este trabalho centra-se no estudo da economia solidaria e formação empreendedora e as possibilidades

para o desenvolvimento social na Educação profissional de jovens e adultos (PROEJA) servindo como referencial para

a elaboração de uma metodologia de multiplicadores da cultura da economia solidária. Realizou-se pesquisa de

natureza bibliográfica e qualitativa, tendo como objetivo analisar a economia solidaria e a formação empreendedora

como possíveis pontos de convergências, visando a contribuir frente ao novo contexto que se encontra o País e o

mundo de crise econômica, tendo como conseqüência a escassez da oferta de trabalho bem como o desaparecimento do

emprego. Fruto de estudos dos processos de aprendizagem, sob enfoque da economia solidária, foi destacado o

surgimento de possibilidade de organização coletiva e empreendedora desenvolvendo-se junto a professores e alunos

no ambiente em sala de aula um espaço de praticas de gestão democrática, autogestão, solidariedade, comercio justo,

participação cidadã, criatividade, autonomia e busca pelo o novo através da ação coletiva do trabalho associado, onde

ambos se complementam no processo ensino aprendizagem.

Palavras-chaves: Economia solidária, formação empreendedora e educação de jovens e adultos

ISSN 1984-9354

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XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

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1. INTRODUÇÃO

Segundo Kuenzer, (2002, p. 85),

as mudanças ocorridas no mundo do trabalho a partir dos anos de 1990,

com a globalização da economia, com reestruturação produtiva e com as

novas formas de relação entre Estado e sociedade civil a partir do

neoliberalismo, mudam radicalmente as demandas de disciplinamento, e,

em decorrência, as demandas que o capitalismo faz à escola.

As transformações ocorridas no mundo do trabalho como bem expressa Acácia Kuenzer na

epígrafe acima, trazem novos desafios para a Educação. A partir dos anos 1990, as mudanças no

sistema educacional brasileiro, como parte da reforma do Estado brasileiro trouxeram novas

determinações entre Estado e sociedade, entre educação e trabalho.

Essas transformações imprimiram uma nova reorientação para a política educacional brasileira,

principalmente, no que se refere à formação profissional do educando jovem e adulto, pois no Brasil já

foram criados vários programas destinados a educação de adultos, no entanto, o Plano Nacional de

Educação- PNE apresenta como uma das principais justificativas para a existência de evasão escolar

nessa modalidade de ensino, a necessidade do ingresso do aluno no mercado de trabalho (Brasil,

2001).

Nesse contexto, surge um novo paradigma para a educação escolar, que exige uma formação

profissional com finalidade de capacitar indivíduos para que tenham condições de disponibilizar

durante seu desempenho profissional os atributos adquiridos na vida social, escolar, pessoal e laboral,

preparando-os para lidar com a incerteza, com a flexibilidade e a “empregabilidade”. (NEVES, 2006).

No Brasil observa-se que os alunos da modalidade de ensino da educação de jovens e adultos –

EJA passaram por uma história de exclusão, que limita o acesso a bens culturais e materiais

produzidos pela sociedade. Ao regressarem à escola, esses alunos buscam alternativas para reverter o

processo de exclusão no qual estão inseridos.

Considerando essa realidade, emerge a necessidade de uma educação que possibilite adquirir

trabalho e renda apresentando-se com uma alternativa para inserção, no âmbito escolar, de situações

presentes na sociedade, pois, o papel da escola passa a ser também de formar pessoas com condições

de desenvolverem competências e habilidades que estimulem a identificação de oportunidades e

interesses, transformando sonhos e visões em projetos exeqüíveis.

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Assim, mostra-se razoável inserir na educação de jovens e adultos a economia solidária,

possibilitando elementos para aquisição de trabalho e renda através da cooperação e do trabalho

associado, onde transcenda a busca pela ocupação e se configure em participação e atuação do sujeito

em sociedade.

Baseando-se nos pensamentos de Freire (1997), que nenhuma ação educativa pode prescindir

uma reflexão sobre o homem e de uma analise a respeito de suas condições culturais a inserção dos

conteúdos das disciplinas escolares deve transpor as barreiras de ensinar exclusivamente para a escola,

devendo os conhecimentos apresentar vinculações com a realidade presente na vida do educando.

Sendo assim, e tomando por base as questões postas para a educação num mundo em constante

transformação, e ainda, a própria realidade do aluno do Programa Nacional de Integração da Educação

Profissional com Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA,

buscou-se através deste estudo, analisar os possíveis pontos de convergências entre economia solidária

e formação empreendedora, como disciplina nos cursos do PROEJA, por considerar que este programa

se constitui no universo, onde as diferentes dimensões pedagógicas, políticas e sociais estão

condensadas.

O desenvolvimento deste trabalho se materializou através de pesquisa bibliográfica qualitativa,

onde foram aprofundadas as categorias teóricas centrais sobre: economia solidária, formação

empreendedora e educação de jovens e adultos.

2. A TRAJETÓRIA DO EMPREENDEDORISMO

O conceito de empreendedorismo segundo Burch (1986, apud, GARCIA, 2000 p. 43),

é a ação de ser empreendedor, uma derivação do termo francês

entreprendre, cujo significado é empreender, perseguir oportunidades;

satisfazer necessidades e desejos através da inovação de novos negócios.”

Portanto, o empreendedorismo originou-se da economia francesa e

historicamente vem sendo rotulada de maneira simplista apenas

caracterizada como à criação de um negócio e vinculada à competição,

desconsiderando sua origem e evolução, não se preocupando geralmente

em buscar um significado mais relevante.

A percepção esquecida e distanciada da formação empreendedora para uma ação de cunho

coletivo e participativo de sua ação na organização do trabalho e participação na vida em sociedade,

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ganha força no modelo do sistema capitalista vigente e atenuada com os processos de globalização das

economias mundiais.

Ao pressupor ações como saber identificar, aproveitar ou criar oportunidades e elaborar

projetos para a consecução de metas, objetivos, a formação empreendedora não pode ficar fora do

processo educacional. (ANDRADE, 2005).

Com este, ao vislumbrar os empreendimentos voltados para economia solidária requerem esse

papel e atitude de desenvolver e liderar as atividades produtiva do trabalho associado com visão

empreendedora da organização, quer otimizando processos, utilizando a criatividade e direcionando as

ações usualmente direcionadas no ensino de um agir individual para um coletivo, tendo a autogestão, o

comercio justo, solidariedade, o cooperativismo como princípios basilares.

Para Andrade (2005, p.29) o empreendedorismo está atribuído,

a indivíduos mais confiantes e mais desejosos de independência e

autonomia do que as pessoas não-empreendedoras. Também demonstram

forte predisposição pessoal para o progresso, sendo menos permeáveis a

atitudes fatalistas sobre o futuro e sobre as próprias condições para

enfrentar os fatores adversos do meio.

Deste modo, como já se descobriu a necessidade do empreendedorismo na sociedade, é

imprescindível que se crie uma educação empreendedora para todas as áreas da atividade humana, com

o advento do aluno empreendedor ou educador-empreendedor, porém, que seja introduzido os

princípios de economia solidaria, visto que, a utilização de um cenário preexistente se torna tão

necessário e importante ao se transpor abruptamente determinadas ações no âmbito da escola.

No entanto, a separação da formação empreendedora e da economia solidaria tão somente é um

desfavor ao processo de dialogo entre as demais áreas, como ineficiente com um projeto político

pedagógico que permeie a autonomia, formação critica e cidadã do individuo.

De acordo com Andrade (2005, p.12)

em momentos históricos cuja organização social é marcada por

problemas como desemprego, a má distribuição de renda, a desigualdade

de oportunidades e a violência, investir na formação empreendedora

apresenta hoje ser a melhor alternativa. Mais que um programa social,

isso significa uma visão de mundo e de vida, um compromisso político de

todo cidadão com a nação e o planeta.

Sendo assim, as instituições educacionais podem colaborar na solução dessas dificuldades

socioeconômicas, preparando pessoas para empreender, gerar empregos, criar riquezas para o país.

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Portanto, precisamos de um povo participativo, sensível e produtivo, capaz de utilizar suas

potencialidades e exercer suas atribuições com plenitude profissional, com atitude ética e

empreendedora, para assumir os riscos de sugerir caminhos que beneficiem a todos.

Destarte o cenário de desemprego estrutural onde as limitações de ordem dos recursos se

tornam evidentes e desenvolver perspectivas em sala de aula de organização e participação coletiva

mostram-se viável empreender desta forma, justificada pela reunião de esforços conjuntos ao contrario

da ação individual.

“O cooperativismo de modo geral, foi utilizado como instrumento do Estado no processo de

“modernização” e apropriado pelo modelo capitalista de produção, com formas tradicionais ou

populares de cooperação, sobre tudo em momentos de crise social”. (ADMS, p.89, 2010).

Atualmente, o questionamento sobre a busca tradicional pelo emprego, inevitavelmente escasso

e eventualmente inexistente, vem fortalecendo a idéia de que o aluno possa vir a ser um profissional

empreendedor, criador de seus próprios meios de sobrevivência e gerador de novas oportunidades para

outras pessoas. Isso seria ampliado a partir dos conhecimentos adquiridos na formação baseados nos

princípios da economia solidária como: organização coletiva do trabalho, autogestão, gestão

democrática, comercio justo, apropriação coletiva do saber e dos resultados das atividades econômicas.

Assim, essas experiências vêm estimulando, nas últimas décadas, o debate acerca da formação

profissional. Hoje, porém, uma nova abordagem para essa área começa a ser defendida, pois diante de

tantas mudanças no mundo do trabalho, a preocupação maior não é mais em formar para o emprego,

mas formar sujeitos capazes de agir coletivamente no mundo do trabalho, atingindo uma espécie de

“empregabilidade” coletiva.

Para Barbosa (2000, p. 59),

empregabilidade é “a capacidade de alguém manter-se empregado neste

contexto em que a vertiginosa corrida tecnológica, decorrente do

desenvolvimento da TI (tecnologia da informação), mas também

estimulada com fins capitalistas, constrói e destrói consecutivamente

métodos e processos de trabalho, ao tornar rapidamente obsoleto o

conhecimento”.

Existem varias iniciativas no Brasil que estimulam e desenvolvem trabalhos voltados para

formação empreendedora, este fruto de uma percepção global no qual o mundo vem passando de

mudanças e incertezas nas organizações estas por conseqüência do processo da globalização, vem

adotando ações como:

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Projeto Empreendedorismo na Escola desenvolvido através da parceria entre SEBRAE (Serviço

Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), SEDUC (Secretaria de Educação);

Instituto Endeavor;

Iniciativas do SEBRAE como:

Feira do empreendedor promovida pelo SEBRAE em todo país;

Prefeito empreendedor;

Desafio SEBRAE de empreendedorismo;

Projeto aprender a empreender;

Feiras, congressos, fóruns e outros de apoio a formação empreendedora e ao

empreendedorismo entre outros.

Em virtude dessas iniciativas é que o empreendedorismo no Brasil vem crescendo a cada dia e

ganhando espaço nos esforços dos gestores públicos para destinação desses incentivos para o

desenvolvimento econômico e social do país e contribuindo para mudanças de atitudes e

comportamentos das pessoas no que se refere a construção de uma vida mais justa e digna para todos.

No entanto, o processo da educação baseada na contemplação de aprendizagem que favoreça o

desenvolvimento do pensamento crítico e também que atenda as nuance da vida no trabalho, requer

elementos que facilite o dialogo entre tais conhecimentos e não a segregação de um em detrimento do

outro, onde ambos podem ser complementares, evitando o planejamento cartesiano das disciplinas.

3. A FORMAÇÃO EMPREENDEDORA NO PROEJA

Historicamente a educação de jovens e adultos no Brasil registra apenas circunstâncias

especialmente destinadas a amparar os excluídos e os demais desvalidos da sorte de obter acesso a

educação escolar na idade regular, assumindo assim um caráter assistencialista que tem marcado toda

sua trajetória.

Esse percurso em dias atuais vem tentando ser transformado através de políticas públicas

educacionais, tendo como objetivo a universalização da educação básica, que atualmente vem sendo

aliada à formação para o mundo do trabalho, com o acolhimento exclusivo a jovens e adultos com

trajetórias escolares descontinuas.

nessa conjuntura é que surge o PROEJA, como política pública

educacional, originária do Decreto nº. 5478, de 24/06/2005 e denominada

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inicialmente como o Programa da Educação Profissional ao Ensino

Médio na Modalidade Educação de Jovens e adultos, o Programa expôs a

decisão governamental de atender à demanda de jovens e adultos pela

oferta de educação profissional técnica de nível médio, da qual, em geral,

são excluídos, bem como, em muitas situações, do próprio ensino médio.

Posteriormente a essa ação, houve revogação do Decreto supracitado,

pela promulgação do Decreto n° 5.840, de 13 de julho de 2006, que

trouxe diversas mudanças para o programa, entre elas a ampliação da

abrangência, no que concerne ao nível de ensino, pela inclusão do ensino

fundamental, e, em relação à origem das instituições que podem ser

proponentes, pela admissão dos sistemas de ensino estaduais e municipais

e entidades privadas nacionais de serviço social, aprendizagem e

formação profissional, passando a denominação para Programa Nacional

de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na

Modalidade de Educação de jovens e adultos. (BRASIL, 2007)

Conforme em (BRASIL, 2007, p. 13), o horizonte que se anseia aponta para a permanência da

ação proposta, ou seja, para sua consolidação para além de um programa de integração de educação

profissional com a educação básica na modalidade de educação de jovens e adultos, pois uma política

realmente de inclusão necessita assumir a condição de:

formação humana no, seu sentido lato, com acesso ao universo de saberes

e conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos historicamente

pela humanidade, integrada a uma formação profissional que permita

compreender o mundo, compreender-se no mundo e nele atuar na busca

de melhoria das próprias condições de vida e da construção de uma

sociedade socialmente justa.

O atenuante na situação brasileira no que diz respeito à presença forte de jovens na EJA, em

grande parte devido a problemas de não permanência e insucesso no ensino fundamental “regular”.

Embora se tenha equacionado praticamente o acesso para todas as crianças, não se conseguiu conferir

qualidades às redes para garantir que essas crianças permaneçam e aprendam.

Além disso, o Estado tem dificuldades em diminuir eficazmente as desigualdades

socioeconômicas e as famílias são obrigadas a buscar no trabalho das crianças uma alternativa para a

composição de renda mínima, roubando o tempo da infância e o tempo da escola.

Assim, adiante esses jovens retornam, via EJA, convictos da falta que faz a escolaridade em

suas vidas, acreditando que o insucesso no mundo do trabalho está relacionado exclusivamente à baixa

escolaridade.

Contudo, segundo Documento Base do PROEJA,

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não se deve subsumir a cidadania à inclusão no “mercado de trabalho”,

mas assumir a formação do cidadão que produz pelo trabalho, a si e o

mundo. Esse largo mundo do trabalho- não apenas das modernas

tecnologias, mas de toda a construção histórica subsumir a cidadania à

inclusão no “mercado de trabalho”, mas assumir a formação do cidadão

que produz, pelo trabalho, a si e o mundo. Esse largo mundo do trabalho

– não apenas das modernas tecnologias, mas de toda a construção

histórica que homens e mulheres realizaram, das mais simples,

cotidianas, inseridas e oriundas no/ do espaço local até as mais

complexas, expressas pela revolução da ciência e da tecnologia – força o

mundo contemporâneo a rever a própria noção de trabalho (e de

desenvolvimento) como inexoravelmente ligada à revolução industrial.

(Brasil, 2007, p.13)

Diante do exposto e considerando, ainda, a realidade da decadência da quantidade de postos de

trabalho, a educação profissional e obrigada a reorientar a própria formação do educando, tornando-a

mais abrangente, permitindo ao sujeito, além de conhecer os processos produtivos, adquirir

competências e habilidades para inserir-se de formas diversas no mercado de trabalho, inclusive

gerando emprego e renda.

Nesse sentido a permanência da pratica de economia solidária complementada com a formação

empreendedora como disciplina na EJA, se constitui como um conjunto de conhecimentos

indispensáveis para os educandos, visto que estes na sua grande maioria já vivenciaram situações

diversificadas impostas pelo mundo do trabalho servido de base para a contextualização dos

conteúdos.

O aluno pensador não pode se limitar a conceitos e praticas que não tenha uma visão política de

um projeto de educação para alem de reprodutores e transmissores de idéias alheias, aqueles devem ser

preparados para serem mediadores e multiplicadores de praticas que favoreça a cooperação e a

formação cidadã e formuladores de idéias e práticas sociais, atendendo a uma função de natureza

eminentemente social e política.

Conforme Santomé, (1998, p.45), é inegável que durante séculos, a sociedade vem construindo

muros intransponíveis entre os campos do saber e ao apostar na interdisciplinaridade significa apostar

também em um tipo de pessoa mais “aberta, flexível, solidária, democrática e crítica.

Assim, a formação que contemple não somente a manutenção de mercado, mas, que em

concomitância da formação provinda dos princípios de economia solidaria e empreendedora

instrumentalize o sujeito com elementos que supere sua realidade e posso agir no ambiente de forma

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critica e construtiva do seu fazer em sociedade, dando assim, espaço para uma educação mais

significativa.

Ainda, fazendo parte de sua contemplação temas de importância para o desenvolvimento social

tais como: a sustentabilidade, meio ambiente equilibrado, o empreendedor coletivo, formação de

capital social e a escola como referência de comunidade.

Sob essa ótica, o empreendedor coletivo é aquele que tem como sonho promover o bem-estar

da coletividade, a melhoria das condições de vida de todos. Em outras palavras, o empreendedor

coletivo é o indivíduo capaz de aumentar a capacidade de conversação de uma comunidade, ampliando

ou criando a conectividade entre seus diversos setores, gerando o capital social, que é insumo básico

do desenvolvimento, e cujo trabalho consiste em criar as condições para que a comunidade desenvolva

sua capacidade realizar seus objetivos.

Segundo DUNCAN (2005 p.01),

o capital social vem sendo compreendido como um fator endógeno às

comunidades e grupos sociais, que pode ser fortalecido e desenvolvido,

assumindo características de elemento fundamental em processos de

desenvolvimento sustentável em regiões que se manifestam

desigualdades.

Em virtude destes, regiões que apresentam baixos indicadores de desenvolvimento

freqüentemente são também regiões cujo capital social é pouco desenvolvido ou pouco empregado em

ações de expressivo valor para a solução de problemas de interesse público.

Inversamente, regiões com dinâmicas coletivas e realizadoras demonstram uma maior

capacidade de mobilização, organização e participação, favorecendo iniciativas coletivas que

dependem em grande medida, da coesão social, solidariedade e confiança dentre os que delas

participam.

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4. ECONOMIA SOLIDÁRIA

Segundo Singer (2003, p.25),

a economia solidária começou a ressurgir, no Brasil, de forma esparsa na

década de 1980 e tomou impulso crescente a partir da segunda metade

dos anos de 1990. Ela resulta de movimentos sociais que reagem à crise

de desemprego em massa, que tem seu início em 1981 e se agrava com a

abertura do mercado interno às importações, a partir de 1990. Em 1991,

tem início o apoio de assessores sindicais a operários que conseguem se

apossar da massa falida da empresa que antes os empregava, formando

uma cooperativa de produção, que retoma as operações e assim “salva”

os postos de trabalho até então ameaçados de fechamento.

A organização do trabalho associado marca no Brasil em momentos de crise social, provindas

da globalização da economia e os trabalhadores recorrem a cooperação mutuo, elemento este marcante

na capacidade do homem de superação e sobrevivência, configurando em certa medida nos ambientes

informais das relações como uma conduta social.

Conforme Demoustier (2001, p.19), em outros momentos na historia do trabalho associado,

a Revolução Francesa de 1789 escancarou as portas para a economia de

mercado e para o capitalismo. Ao afirmar os direitos individuais do

homem e as grandes liberdades econômicas (liberdade de

empreendimento, liberdade de comercio e liberdade do trabalho).

Por outro lado, a Revolução Francesa determina eliminar qualquer forma de associação que

trata-se de assuntos entre pessoas e o Estado, configurada na lei de Chapelier em 1791, proibindo toda

forma de ação solidaria e de reivindicações e manifestações, deixando os operários vulneráveis perante

os sistema (DEMOUSTIER, 2001).

Apesar das dificuldades a época surge inúmeras ações de assistência social, filantropia e de

resistência que tiveram forte influencia para posteriormente as organizações cooperativistas e

associativismo, conquista dos direitos e liberdades dos indivíduos.

A partir de 1830 surgem associações de consumo desenvolvidas pelos operários com intuito de

melhores preços e depois apropriar-se do processo de produção para melhoria de seus rendimentos,

onde tinha o empresário com esse domínio de acumulação exclusivo (DEMOUSTIER, 2001).

Importante ressaltar, que ainda nos dias atuais a luta pela quebra ou minimização dos efeitos

perversos da acumulação do capital é batalha travada nos ambientes sociais de combate e discussão

sobre superação da exclusão social e as diversas formas de privação do indivíduo.

Conforme Singer (2004, p.03),

como defesa contra a exclusão social e a queda na indigência, as vítimas

da crise buscam sua inserção na produção social através de variadas

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formas de trabalho autônomo, individuais e coletivas. Quando coletivas,

elas optam, quase sempre, pela autogestão, ou seja, pela administração

participativa, democrática, dos empreendimentos. São estes os que

constituem a economia solidária.

Assim, o desencadeamento dos problemas sociais de falta de trabalho e renda e todos os seus

aspectos atenuantes provindos da pobreza e miséria, que as nações até os dias atuais vêm tentando

minimizar com suas ações, momentos através do Estado e em outros através de organizações da

sociedade civil, não governamentais e sem fins lucrativos.

Nesse sentido, o trabalho associado e a cooperação surgem como saída para a crise marcada

pelo sistema à época, centrada no emprego, e através da cooperação e do sentimento de coletividade

que as pessoas foram enfrentando suas barreiras e desafios, com grandes dificuldades o cooperativismo

se mostrou como uma alternativa que invertesse a ordem economia do período.

Em 1844, inaugurada a experiência dos Equitativos pioneiros de Rochadale, marco importante

para os princípios co trabalho cooperativo que para além da solução da retirada dos intermediários

existentes nas transações comerciais, onde estes levavam maior parte dos lucros, foram constituídos

princípios cooperativistas que até hoje, são referencias para a autogestão e economia solidaria.

(DEMOUSTIER, 2001).

Controle democrático (1 homem = 1 voz, qualquer que seja o montante de capital que ele

possuía na cooperativa);

Justiça econômica (divisão dos lucros proporcional à atividade de cada membro);

Remuneração limitada do capital;

A empresa cooperativa financia ações de formação, profissional ou geral, para seus membros.

Estes fundamentos são encontrados nos dias atuais pelas organizações com caráter associativo,

que contempla problemas sociais do trabalho assalariado indigno, alternativa ao auxilio mutuo e pela

cooperação, ao principio da concorrência, alternativa a propriedade privada, organização coletiva do

consumo e produção, esses possibilitam ao aluno da educação de jovens e adultos condições para

superação de sua realidade.

Conforme Gide (apud ADMS, p. 90), uma corrente cooperativista liderada por Gide, que

colocou o cooperativismo como uma “terceira via” como alternativa ao capitalismo e ao socialismo.

Sua implementação seria possível, de acordo com o autor, mediante um processo de educação dos

indivíduos e da multiplicação das experiências de cooperativismo.

Nesse sentido, pensar em uma condição solida de mudança social que venha contemplar de forma

significativa a vida das pessoas é desenvolver estas configurações sociais em sala de aula como forma de

aprendizado e possa se atingir com eficácia os objetivos organizacionais.

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5. MÉTODOS

A presente pesquisa, de natureza bibliográfica e qualitativa, tomou como unidade de analise a

educação de jovens e adultos, para este realizou-se levantamento bibliográfico no qual aprofundou as

categorias entre economia solidária, formação empreendedora seus possíveis antagonismos ou

elementos complementares na educação de jovens e adultos como aporte ao desenvolvimento social.

Conforme Severino (2007, p.201) o método trata-se de um conjunto de procedimentos lógicos e

de técnicas operacionais que permitem o acesso as relações causais constantes entre os fenômenos.

Ainda segundo Lakatos e Marconi (2003, p. 83), o método é o conjunto das atividades

sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo -

conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e

auxiliando as decisões do cientista.

Nesse sentido, o método pode ser entendido como o percurso detalhado a partir de técnicas que

subsidiam o pesquisador realizar juízo de valor sobre o objeto de estudo, contribuído assim, para

alcance dos objetivos propostos pela pesquisa.

Lakatos e Marconi (2003, p. 174), sobre Técnica de pesquisa, é um conjunto de preceitos ou

processos de que se serve uma ciência ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou normas, a

parte prática. Toda ciência utiliza inúmeras técnicas na obtenção de seus propósitos.

A presente pesquisa, de natureza qualitativa, bibliográfica, terá como unidade de análise, a

economia solidaria e a formação empreendedora como possíveis pontos de convergência na educação

de jovens e adultos como estratégia de desenvolvimento social.

Para Lakatos e Marconi (2003, p. 183) pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias,

abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo,

desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas,

monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais:

rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua

finalidade colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito,

dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferencias seguidas de

debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer

gravadas.

Em Trujillo, (1974, p.230) fundamenta que, a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do

que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou

abordagem, chegando a conclusões inovadoras.

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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A mudança do paradigma do emprego caracteriza o final do século XX e início do século XXI.

Uma constante exigência por níveis de desempenho individual autônomo, que destaquem a iniciativa e

a capacidade de geração do próprio trabalho são demandas sociais emergentes. Este cenário tem

oportunizado o desenvolvimento de estudos que estimulem a capacidade empreendedora nos

indivíduos.

Este trabalho centrou seus objetivos na estruturação de uma proposta de ensino da economia

solidaria concomitantes as noções de empreendedorismo no PROEJA, iniciativa capaz de estimular em

suas ações comportamentais que denotem características vinculadas ao movimento chamado agentes

de economia solidaria, quanto à identificação das características do processo de aprendizagem da

formação empreendedora, possível identificar características próprias vinculadas ao empreendedor e

sua forma de aprendizagem, considerando também, como indivíduos fundamentais para o

desenvolvimento econômico e social, em que pese o fato de possuírem características que dinamizam

as relações de trabalho, carreira e trabalho associado.

A iniciativa individual e a capacidade de geração do próprio trabalho são fatores observados na

cultura ocidental, porem, pouco significativo em otimizar um grupo maior de indivíduos quando

provindos pela organização do trabalho cooperativo.

O estudo destas características foi vital para a elaboração da proposta de um programa de

formação de multiplicadores da cultura de cooperação que deseja ser abrangente e capaz de estimular

comportamentos e transformar realidades.

A proposta de ensino vinculada à nova pedagogia permita criar estratégias de educação gerando

um ambiente em que as características empreendedoras possam ser valorizadas, pois constroem um

espaço de interação e de aprender prático, essência da formação empreendedora.

Ao permitir o desenvolvimento de visões mais amplas do mundo do trabalho que possibilitem a

criação de novos conhecimentos, dando espaços a novas tecnologias sociais, que preencham lacunas

em meio a um processo de desenvolvimento social, está a economia solidária.

Constatou-se através do estudo bibliográfico necessidade da formação que possibilite a

cooperação como alternativa de emprego frente sua da escassez e está é mais atenuante nos sujeitos da

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educação de jovens e adultos, frente a todo seu histórico de exclusão social, provindos de

conseqüências estas do cenário sócio político e econômico do País.

A iniciativa individual é necessária porem, com muita fragilidade no que concerne ao cenário

de atividades econômicas duradoras, onde se tem um numero expressivo de pessoas que se lançam no

empreendedorismo, porem, com pouca continuidade em longo prazo de suas atividades.

Nesse sentido, em certa medida estes provindo de um cenário de desemprego, ausência de

conhecimento especifico sobre tais empreendimentos, ausência de apoio financeiro, elevando estes à

situação de fracasso rápido.

Os problemas sociais por qual passaram as gerações todas provindas da capacidade do

individuo prover suas mais variadas necessidades, estas contempladas pelo trabalho, porém, com o

interstício do meio em capacidade de oportunidade de trabalho.

Entretanto, a cooperação entre os indivíduos como mecanismo de prover a necessidade de

trabalho, viabiliza-se pela capacidade de superação e enfrentamento de forma coletiva das dificuldades

e barreiras impostas pelo meio, com maior dificuldade pela iniciativa individual.

A capacidade do individuo de unir-se e cooperar para resolver seus problemas é algo marcante

na evolução das sociedades, no entanto no mundo do trabalho na qual as pessoas estão acometidas

existem iniciativas que instrumentalize profissionalmente o trabalho associado, porém, ainda pouco

expressivo ao cenário ainda persistente de exclusão social.

7. CONCLUSÃO

Na trajetória do empreendedorismo humano está a busca de atendimento de necessidades na

qual acometem a vidas das pessoas, utilizando para este a capacidade de inventividade (inovação) para

melhor atender tais necessidades.

No entanto, o trabalho é parte integrante deste, e um dos melhores elementos de possibilitar

ascensão social, embora a possibilidade das coisas seja importante para facilitar a vida das pessoas,

porém, o ciclo do desenvolvimento não fecha pela falta de otimização da oportunidade de trabalho.

Nesse sentido, a formação empreendedora emerge como uma atitude a ser tomada como

capacidade dos indivíduos proverem sua própria necessidade de trabalho atendendo outras

necessidades das coletividades.

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Conforme Barbosa trata este como “empregabilidade” capacidade do individuo manter-se

empregado e adaptar-se as mudanças provindas estes da atual crise de estruturação do sistema

capitalista que atinge a escassez de oportunidade de trabalho.

No entanto, a passagem do empreendedorismo do homem sempre foi marcada por atendimento

de necessidades diversas e em maior medida individuais, iniciadas estas na revolução industrial.

Conforme Demoustier, a revolução francesa afirma os direitos individuais do homem e as

grandes liberdades econômicas, porém, proíbe qualquer forma de cooperação e associação entre as

pessoas, eliminando assim, qualquer forma destas de ter iniciativas de buscar e atender suas

necessidades de trabalho, ficando assim a mercê dos ditamos dos donos dos meios de produção,

evidenciada na lei de Chapelier em 1791.

Singer reforça a idéia de busca da oportunidade de trabalho de forma coletiva estes

constituintes da economia solidaria, como: autogestão, gestão participativa e democrática, comercio

justo, como forma otimizada de diminuir a exclusão social e oferta de trabalho e renda.

Conforme o exposto, a sociedade se estruturou individual e coletivamente, onde a primeira

conquista através de suprimir os direitos e liberdades das pessoas em detrimento da minoria, a segunda

com pressuposto de maior justiça social por atender um numero maior de pessoas.

Assim, vislumbrar uma educação de jovens e adultos que permeia atitudes e elementos como:

cooperação, participação democrática, visão critica da ação em sociedade, iniciativa e busca de

oportunidades, perseverança, criatividade, estes podendo ser complementares com a diferença de ser

uma ação, pensamento e interesses coletivos em detrimento do individualismo.

Ao buscar o dialogo e estreitamento entre economia solidaria e formação empreendedora, está

necessariamente oportunizando-se uma inovação no contexto social em reformular e reorientar suas

perspectivas de ação no plano da educação e posteriormente na dinâmica do mundo do trabalho.

O trabalho associado mostra-se como grande possibilidade de contemplação de trabalho e

renda, especialmente o público da educação de jovens e adultos que vem de um contexto de exclusão

social, onde os fatores primordiais para estes era a dificuldade de inserção no mundo do trabalho

devido à baixa escolaridade, conforme documento base do PROEJA.

No entanto, ao observar o cenário do mundo do trabalho onde a organização, a competição e as

mudanças são cada vez mais intensas é que se fazem necessários a organização coletiva do trabalho e a

cooperação, visto que, se por outro lado a máxima de enfrentamento da crise do sistema era através

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ação empreendedora individual como forma de atingir “empregabilidade” onde a otimização deste

encontra-se no atendimento coletivo.

Contudo, a economia solidária e formação empreendedora podem ter caminhos tanto

antagônicos como complementares para o desenvolvimento social na educação de jovens e adultos,

sendo determinante no campo das decisões políticas sobre qual tipo de desenvolvimento seja

importante para uma nação.

A contextualização dos conhecimentos através da interdisciplinaridade como expressa Santomé

se mostra como barreira a uma educação significativa no sentido da formação de sujeitos pensantes e

criativos em detrimento da manutenção de mercado.

Sendo assim, as formações das matrizes curriculares nos cursos técnicos enfrentam problemas

de seu adensamento onde as disciplinas e conteúdos precisam relacionar-se para que se atinja maior

significado e contextualização no ensino.

Assim, observar estruturas montadas no campo do ensino é pensar como tais conteúdos,

disciplinas, modelos podem fundir-se em um projeto de ensino que contemple os aspectos

significativos da formação cidadão e para atuação nos problemas da realidade, pensar na cooperação e

organização do trabalho associado como base de superação dos problemas de trabalho e renda do

publico de jovens e adultos.

O que observa em antagônicos entre economia solidária e formação para o empreendedorismo,

é que o primeiro atua coletivamente e o segundo age individualmente para atender o mesmo problema

de trabalho e renda.

Assim, união de esforços para desenvolvimento de determinada atividade econômica é razoável

vislumbrar um cenário favorável no fortalecimento e vitalidade deste, para tanto a necessidade

primordial para tal objetivo conforme Gide colocou o cooperativismo como uma “terceira via” como

alternativa, através de processo de educação dos indivíduos e da multiplicação das experiências de

cooperação.

Em Duncan fundamenta que os processos de desenvolvimento sustentáveis estão mais inseridos

em comunidades com certo nível de capital social corroborando com Gide sobre a educação do

cooperativismo e socialização dessas experiências.

Por outro lado, nas percepções neoliberais em que pese menos atuação do Estado na economia

para com este possa se “auto-regular” e as necessidades do mercado de trabalho possa ser atendido,

contempla uma vez que, a preocupação do Estado é com atendimento com o auto-emprego e bem estar

social, assim, o trabalho associado possibilita maior inserção das pessoas no mundo do trabalho,

diminuindo assim a sua ação no mercado.

Com o exposto, direcionar uma educação que favoreça a economia solidária inserindo nas

estruturas e modelos existentes a perspectiva do trabalho associado como alternativa de

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desenvolvimento social, no que tange oportunidade de trabalho e renda, sendo estes para além da

resolução de tais problemas, mas, uma postura critica da ação do homem em prol de um tipo de

sociedade justa, igualitária e solidária e que possa atuar de forma diferente ao resolver os problemas,

repensando a práxis de formar indivíduos para busca de emprego cada vez mais escasso, mas,

favorecendo sua própria criação de trabalho otimizado de forma associada nos princípios da economia

solidária.

Assim, pensar em um tipo de ensino voltado para economia solidária é vislumbrar um agente

empreendedor social e coletivo que reconheça a participação coletiva não somente como forma de

busca de trabalho e renda, mas, um agente político e social que favoreça um sistema atual que possa

ser reconhecido como desenvolvido.

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