eclesiologia - repensando a igreja á luz do n t-aula21
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ECLESIOLOGIA
Repensando a
Igreja à Luz do
Novo Testamento
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Repensando a
Igreja à Luz do
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CONTEÚDO
CAPÍTULO 01 .................................................................................................................... 6
A ESSÊNCIA DA IGREJA ................................................................................................ 6
A. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 6
B. A IGREJA E SUA VISÃO VETEROTESTAMENTÁRIA ..................................................... 8
CAPÍTULO 02 .................................................................................................................. 10
O IMPORTANTE X O IMPORTANTE ............................................................................. 10
VERDADES PARADOXAIS ......................................................................................... 10
A.
AS FORMAS E ESTRUTURAS ........................................................................................ 10
B.
A APARÊNCIA E A FORMA DA IGREJA ......................................................................... 11
CAPÍTULO 03 .................................................................................................................. 12
A ECLESIOLOGIA .......................................................................................................... 12
A.
O QUE É A IGREJA? ........................................................................................................ 12
B.
OS USOS DA PALAVRA ECCLESIA ............................................................................... 13
CAPÍTULO 04 .................................................................................................................. 16
A IGREJA UNIVERSAL OU IGREJA INVISÍVEL ............................................................ 16
A.
A NATUREZA DESCENTRALIZADORA DA IGREJA ...................................................... 16
B.
A CENTRALIDADE EM CRISTO ...................................................................................... 18
CAPÍTULO 05 .................................................................................................................. 20
A IGREJA LOCAL ........................................................................................................... 20
A IGREJA LOCAL ........................................................................................................ 20
A. DEFINIÇÃO PRÁTICA ...................................................................................................... 20
B. RAZÃO DA EXISTÊNCIA DA IGREJA LOCAL ................................................................ 22
CAPÍTULO 06 .................................................................................................................. 24
AS FUNÇÕES DINÂMICAS DA IGREJA NO NOVO TESTAMENTO ............................. 24
AÇÕES VITAIS DE UMA IGREJA NEOTESTAMENTÁRIA.......................................... 24
A.
ADORAÇÃO ...................................................................................................................... 24
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B. APRENDIZAGEM .............................................................................................................. 25
C. COMUNHÃO ..................................................................................................................... 26
D. EVANGELIZAÇÃO ............................................................................................................ 27
CAPÍTULO 07 .................................................................................................................. 30
RUMOS PARA UMA IGREJA NEOTESTAMENTÁRIA ................................................... 30
DIRETRIZES PARA UMA IGREJA NEOTESTAMENTÁRIA ........................................ 30
A.
A ESSÊNCIA DA IGREJA LOCAL. ................................................................................... 30
B.
FORMAS SEM FUNÇÃO. ................................................................................................. 30
C.
DESEQUILÍBRIO FUNCIONAL. ....................................................................................... 31
D.
FUNÇÃO SOBRE FORMA................................................................................................ 31
E. FUNCIONALIDADE E DENOMINAÇÕES. ....................................................................... 31
F. AS IGREJAS E A IGREJA. ............................................................................................... 32
G. VISÃO DESCENTRALIZADORA DA IGREJA LOCAL..................................................... 33
H.
FORMAS E DOUTRINA. ................................................................................................... 33
I.
CONCLUSÃO .................................................................................................................... 33
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 35
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CAPÍTULO 01
A ESSÊNCIA DA IGREJA
A. INTRODUÇÃO
1. A IGREJA VIVENDO A SÍNDROME DA LAGARTA
PROCESSIONÁRIA
A lagarta processionária alimenta-se de flores e folhas de árvores.
Passando pela floresta, uma se move com as outras, formando
filas compridas, cada uma com a cabeça colada contra a
extremidade de seu predecessor.
Jean-Henri Fabre, um naturalista francês, ao estudar um grupo
dessas lagartas, induziu-as a circular em torno de um grande vaso.
Juntando a última lagarta com a primeira, ele formou um círculo
completo que seguia num cortejo sem princípio ou fim.
O naturalista pressupunha que depois de algum tempo, as lagartas
perceberiam seu caminho circular, ficariam cansadas da marcha
inútil e partiriam em uma nova direção. Mas não foi o caso. Pela
força do hábito, esse círculo vivo continuou a se arrastar ao redor
do vaso, vez após vez, dia após dia, mantendo a mesma
velocidade!
Uma porção de comida foi colocada ao lado do vaso, em plena
vista das lagartas, mas fora do alcance do círculo. Mesmo assim,
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elas permaneceram em sua vereda por sete dias e noites - o que
se tornou uma marcha rumo à morte.
As lagartas processionárias estavam seguindo sua experiência
passada:
a. Instinto
b. Hábito
c. Precedência
d. Costume
e. Tradição
f.Padrão normal.
Mas elas estavam seguindo às cegas. Confundiam atividade com
progresso. As lagartas tinham boas intenções, mas iriam perecer.
Assim também anda, às vezes, a igreja.
J. Scott Horrell
2. A TENSÃO ENTRE A VIDA ATUAL DA IGREJA E O NOVO
TESTAMENTO
Existem muitos cristãos vivendo uma tensão entre a maneira
tradicional de ser igreja e o que eles encontram na Bíblia.
Suspeitam que as formas da igreja local muitas vezes não
combinam com o que a igreja deve ser e fazer.
Um grupo de líderes cristãos concluiu recentemente que a maioria
das atividades das igrejas cristãs gira em torno de quatro
conceitos centrais:
a. O templob. O sábado cristão (os dias de culto)
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c. O culto
d. O clero (o ministério constituído da igreja local)
B. A IGREJA E SUA VISÃO VETEROTESTAMENTÁRIA
Na verdade, a igreja atual é mais Veterotestamentária do que
Neotestamentária em sua prática.
1. O CORPO DE CRISTO
No Novo Testamento, a Igreja é chamada o Corpo de Cristo. Esse
conceito de igreja nos liberta para experimentar novas formas da
igreja local que parecem muito diferentes dos padrões históricos e
denominacionais. Isso não quer dizer que os padrões da igreja
evangélica de hoje estejam necessariamente errados, pois o
Senhor deu bastante liberdade quanto à forma e organização da
igreja local.
2. UM RETRATO DESFOCADO
Mas uma coisa é clara: estamos longe do retrato encontrado na
igreja primitiva. Precisamos reexperimentar a liberdade
eclesiástica do Novo Testamento.
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CAPÍTULO 02
O IMPORTANTE X O IMPORTANTE
VERDADES PARADOXAIS
Há duas verdades quase paradoxais que pairam sobre a
eclesiologia praticada pela igreja.
A. AS FORMAS E ESTRUTURAS
As formas e estruturas da igreja são coisas secundárias. Onde existe
pregação das verdades básicas da Bíblia, onde há fé e
compromisso, onde pessoas buscam a presença do Senhor e
esperam Sua resposta em oração, onde pessoas obedecem à
Palavra e vencem o pecado, ali o Deus Vivo na Sua misericórdia
está atuando. A estrutura, a organização e o ritual, portanto, quase
sempre ocupa o segundo lugar no Novo Testamento.
O estudo da igreja incluindo suas formas, ainda é muito importante.
Certos elementos da igreja local são absolutos prescritos no Novo
Testamento:
a. Uma liderança qualificada
b. O batismo, e
c. A ceia do Senhor.
Esses elementos são inegociáveis. Igualmente importante, da
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perspectiva prática, é que a forma da igreja local é necessária para
concretizar os propósitos de Deus na vida de seus membros. Ela
deve facilitar o aperfeiçoamento de cada membro para que ele ande
como Cristo nesse mundo.
B. A APARÊNCIA E A FORMA DA IGREJA
A aparência e a forma da igreja refletem, para o mundo, o tipo de
Deus que adoramos.
Ele é um ditador espiritual sobre ovelhas passivas?
Ele é desorganizado?
Superorganizado?
Só gosta do antigo?
Só gosta do novo?
É intolerante?
Supertolerante?
Ama o favelado e o pobre?
Por meio das formas e do funcionamento da igreja local, a nossa
aparência leva infinidades de informações sobre a natureza do Deus
que dizemos servir. Infelizmente, muitas vezes são justamente essascoisas externas que mais ofuscam as Boas Novas de Jesus Cristo.
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CAPÍTULO 03
A ECLESIOLOGIA
A. O QUE É A IGREJA?
1. DEFINIÇÕES
A palavra igreja é proveniente do grego, ecclesia literalmente,
"os chamados para fora" (ek kaleo). No uso clássico e na
Septuaginta (a tradução grega do Antigo Testamento), ecclesia
significa "reunião", "assembleia oficial", "congregação", grupo de
soldados, exilados, religiosos ou anjos.
Em Atos 7:38, a palavra denota a "congregação" dos
israelitas com Moisés no deserto (cf. Nm 14:3, 4).
Em Atos 19:32 e 40 (41), ecclesia fala da assembleia
tumultuada contra o apóstolo Paulo em Éfeso.
Atos 19:39 refere-se à assembleia oficial e jurídica quedevia governar a cidade.
2. AS OCORRÊNCIAS DA PALAVRA “ECCLESIA”
O termo “ecclesia” ocorre 115 vezes no Novo Testamento, das
quais, 111 referem-se à igreja cristã.
É interessante que, exceto por dois versículos (Mt 16:18 e 18:17),
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não se vê o termo ecclesia nos evangelhos, embora
aparentemente a palavra fosse usada o bastante para os
discípulos não a estranharem.
É depois do pentecostes que vemos o florescimento do uso e do
conteúdo do conceito de igreja:
Em Atos, ecclesia é usada 23 vezes;
Nas cartas de Paulo, 62 vezes;
Em Hebreus, duas vezes;
Em Tiago, uma;
Em 3 João, 3 vezes; e
Em Apocalipse, 20 vezes (19 em Ap 1-3).
B. OS USOS DA PALAVRA ECCLESIA
Esta base é uma chave para entendermos melhor o significado da
palavra para os nossos dias. Existem quatro usos de ecclesia
relacionado à igreja cristã no Novo Testamento:
1. REUNIÃO
De vez em quando, descreve um culto ou conjunto de cristãos:"quando vos reunis na igreja" (1 Co 11:18; cf. 14:4, 19, 28, 34).
Aqui, não se refere a um lugar ou prédio, mas a um agrupamento
de pessoas com o propósito de cultuar e ter comunhão, juntos.
Então, nesse sentido, quando a reunião termina, a ecclesia não
existe mais.
Observamos que a Bíblia nunca usa a palavra igreja paraum prédio ou templo - que talvez seja o significado mais
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usado hoje, no dia-a-dia.
2. IGREJA LOCAL
O uso mais numeroso de ecclesia é para uma congregação ou
comunidade local de cristãos (At 8:1; 11:22, 26; Rm 16:1; plural
em 1 Co 11:16, 22; 1 Ts 2:14 etc.).
Em contraste com a ideia acima, aqui o foco está no povo e
não na reunião. A maioria das epístolas do Novo
Testamento são enviadas para igrejas locais (1 Co 1:2; 2 Co1:1; 1 Ts 1:1), como também as cartas às sete igrejas de
Apocalipse 2-3.
3. CRISTÃOS DE UMA REGIÃO
Ocasionalmente, ecclesia envolve a totalidade de cristãos numa
área geográfica, por exemplo, "a igreja da Ásia" (1 Co 16:19) ou
"a igreja... [que] tinha paz por toda a Judéia, Galileia e Samaria"
(At 9:31). Este uso provavelmente abrange todas as igrejas locais
de uma região.
Notamos aqui, que a ideia de igreja como uma denominação
não existe no Novo Testamento. Isso quer dizer que se a
Bíblia falasse da "ecclesia de Recife", envolveria todos os
verdadeiros cristãos daquela cidade.
4. O CORPO DE CRISTO
O significado mais profundo e extraordinário da palavra ecclesia é
a Igreja universal, o Corpo de Cristo. A igreja, nesta definição, é o
organismo espiritual composto de todos os regenerados através
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da fé em Cristo. Jesus Cristo é a cabeça da Igreja, que é "o seu
corpo" (Ef 1:22-23; 4:15-16; Cl 1:18, 24; cf. 1 Co 12:12-27).
Neste sentido, a Igreja universal é a única verdadeira igreja,
incorporando todos os verdadeiros cristãos. Nesse nível, a
Igreja é uma entidade espiritual e não possui forma. As
igrejas locais pertencem ao Corpo de Cristo na medida em
que elas têm membros realmente convertidos (algo que de
fato somente Deus sabe). Deduzimos que nenhuma igreja
local e nenhuma denominação refletem perfeita ou
adequadamente a plenitude da Igreja, Corpo de Cristo.
Esses quatro significados de ecclesia no Novo Testamento já
indicam que as duas concepções de igreja mais comuns hoje -
denominação e prédio - são alheias aos conceitos
neotestamentários. Por causa dos nossos preconceitos sobre o que
é igreja, temos a tendência de desvirtuar o que os autores bíblicos
estavam querendo comunicar.
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CAPÍTULO 04
A IGREJA UNIVERSAL OU IGREJA INVISÍVEL
A. A NATUREZA DESCENTRALIZADORA DA IGREJA
1. NO VELHO TESTAMENTO
No testamento hebraico, com o estabelecimento da monarquia de
Israel, a adoração e o serviço a Deus ficaram orientados em torno
de Jerusalém. As nações foram convidadas a reconhecer Israel
como o mediador de Deus na terra.
Para cultuar o verdadeiro Deus, os gentios deviam chegar a Israel -
e não apenas a Israel, mas a Jerusalém (1 Cr 16:23-29; Sl 96). De
maneira semelhante para o próprio judeu, o culto foi orientado à
Cidade de Sião, ao templo e ao Santo dos Santos.
Havia uma hierarquia de levitas, sacerdotes e sumo- sacerdotes
que se tornaram os mediadores entre Deus e o homem. Eles eram
especialistas e profissionais na Lei Mosaica acerca das cerimônias
e dos sacrifícios.
Havia dias especiais, festas religiosas e o sábado, que marcavam,
diante das nações, a aliança entre Israel e Deus (Êx 31:13-17).
Essa maneira de cultuar e servir a Deus era centralizadora:
Centralizava-se racialmente nos judeus.
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Centralizava-se geograficamente em Israel, Jerusalém, o
Templo e o Santo dos Santos.
Centralizava-se temporalmente no sábado e em certas
festas religiosas.
E centralizava-se na hierarquia religiosa mediadora, pois
sem os sacerdotes era ilícito oferecer sacrifícios.
2. NO NOVO TESTAMENTO
Quando vemos a Igreja do Novo Testamento, descobrimos a
extraordinária inversão desta forma antiga do reino de Deus.
Em vez de centralizar-se nos judeus, a Igreja se tornou
universal para todos os povos, sem discriminação ou
favoritismo.
Em vez de centralizar-se geograficamente em Israel,
Jerusalém e o templo, os cristãos foram mandados de
Jerusalém para Judá e Samaria, até os confins da terra. No
Corpo de Cristo, a geografia já não é importante. Onde está
um cristão, ou onde dois ou três deles se encontram, ali há
o templo de Deus..
Em vez de centralizar-se temporalmente no sábado e nasfestas judaicas, a fé cristã se tornou algo a ser praticado no
dia-a-dia, liberando o cristão para escolher quando adorar
(Rm 14:5-6).
Finalmente, em vez de centralizar-se numa hierarquia
sacerdotal, cada cristão é declarado sacerdote, com acesso
direto ao Deus Pai através de Jesus Cristo (1 Pe 2:5). ONovo Testamento destaca a necessidade de liderança
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exercida por bispos, presbíteros, pastores e anciãos (todos
essencialmente sinônimos, cf. At 20:17, 28; 1 Pe 5:1-4), e
também de diáconos (1 Tm 3:8-11). Mas a liderança não é
sacerdotal como no Antigo Testamento. Ele não assumeuma posição de rei ou sacerdote, nem executivo ou chefão.
Ao contrário, a liderança foi concedida ao Corpo de Cristo
para aperfeiçoar cada membro da igreja como sacerdote
neste mundo (Ef 4:11-16).
B. A CENTRALIDADE EM CRISTO
Portanto, ao contrário do Antigo Testamento, a Igreja cristã é um
organismo centralizado somente em Jesus Cristo e caracterizado
cada vez mais no Novo Testamento por sua descentralização
terrestre.
O povo, o templo, o dia e, de certa forma, o próprio clero são
periféricos aos propósitos centrais da igreja - que logo vamos
explorar.
Os métodos centralizadores das nossas igrejas locais de hoje muitas
vezes contradizem a direção descentralizadora do Novo Testamento.
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CAPÍTULO 05
A IGREJA LOCAL
A IGREJA LOCAL
Ao destacar a Igreja universal como o quadro maior, através da qual
interpretamos a igreja local, não pretendemos diminuir a importância
da igreja local. Ela é a forma finita para realizar os propósitos do
Corpo de Cristo no mundo.
A. DEFINIÇÃO PRÁTICA
A igreja local é um grupo de pessoas que confessam sua fé em
Cristo, foram batizadas e se organizaram para fazer a vontade de
Deus.
1. É UM GRUPO QUE CONFESSA FÉ EM JESUS CRISTO.
Se não professar fé em Cristo como o Senhor, a pessoa é
excluída. Está implícito na parábola do trigo e o joio (Mt 13:24-
30), porém, que a igreja local pode incluir os não-convertidos
(apesar das suas confissões). Provavelmente a maioria das
igrejas locais, quaisquer que sejam as precauções, inclui os
convertidos e os não-convertidos.
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2. EXIGE O BATISMO.
O padrão do Novo Testamento não admite nenhum membro na
igreja local que não seja batizado.
3. IMPLICA MEMBROS.
O rol de membros de hoje parece mais uma formalidade
pragmática do que uma realidade bíblica. Mas o fato é que nas
próprias igrejas neotestamentárias havia organização suficiente
para determinar vários níveis de liderança, para enviar cartas derecomendação em favor de membros em trânsito e para
disciplinar e expulsar participantes desviados.
4. ENVOLVE ORGANIZAÇÃO.
Qualquer igreja, das mais anti-institucionais às mais hierárquicas,
tem organização. Pode ser boa ou ruim. Mas é impossível
funcionar como comunidade sem organização. Entretanto,
existem dois extremos.
Num lado, há igrejas que zombam da organização e só
querem "depender do Espírito Santo"; estas raramente
sobrevivem mais do que alguns anos.
No outro, algumas igrejas e denominações ficam tão
regimentadas, tão corporativas, que não deixam viver a
comunidade cristã. Embora a organização seja necessária,
deve ser flexível, pondo-se à disposição do Cabeça, Jesus
Cristo, e da atuação do Espírito.
Há uma clara evolução de organização eclesiástica a partir dopentecoste até o Apocalipse. Os detalhes podem ser debatidos.
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Os pontos são os seguintes:
Não há uma estrutura eclesiástica no Novo Testamento, mas
uma pluralidade de modelos. Isso é instrutivo.
É possível que uma estrutura ou outra esteja mais próxima
do quadro geral do Novo Testamento.
Há uma flexibilidade de forma e organização vista em toda a
igreja primitiva. Isso nos liberta para criar e experimentar
diversas formas e modelos de igrejas.
Concluímos que o absoluto não é a forma ou a estrutura. Aforma da igreja existe para servir a propósitos maiores.
B. RAZÃO DA EXISTÊNCIA DA IGREJA LOCAL
A igreja local existe para fazer a vontade de Deus. Quais são os
propósitos de Deus para a igreja local quanto ao seu funcionamento
no dia-a-dia? O coração da nossa eclesiologia prática depende da
resposta a esta pergunta. As formas, a estrutura, os métodos que
usamos devem se desenvolver a partir daqui. Isso merece um
estudo mais profundo.
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CAPÍTULO 06
AS FUNÇÕES DINÂMICAS DA IGREJA NO NOVO
TESTAMENTO
AÇÕES VITAIS DE UMA IGREJA NEOTESTAMENTÁRIA
Nas Escrituras, vemos ações vitais e comunitárias de uma igreja
respondendo à Cabeça do Corpo.
Passando de Atos até o fim do Novo Testamento, discernimos quatro
categorias de atividades da igreja local: adoração, aprendizagem,
comunhão e evangelização. São estas funções dinâmicas que mais
aparecem como os constantes e absolutos da igreja local.
A. ADORAÇÃO
O louvor é a ocupação e chamada eterna da igreja. É seu propósito
absoluto. Desde o início, a igreja foi marcada pelo louvor. Os
convertidos "perseveravam... nas orações" (At 2:42); "havia temor"
(2:43); "partiam pão de casa em casa" (2:46), "louvando a Deus"
(2:47).
Havia várias formas de louvor e oração (At 13:3; Ef 5:18-20; 6:18), o
povo sendo o templo vivo da presença divina.
Como a noiva de Cristo, a igreja primitiva era marcada por seu amor
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criativo perante Deus. Ser criativo quer dizer ser inovador e, ao
mesmo tempo, autêntico no que somos como igreja. Podemos criar
novas formas de adoração que expressem as profundezas do que
nós somos como corpo local.
No Sul do Brasil, algumas igrejas praticam uma forma da ceia do
Senhor muito marcante nos retiros.
No meio do círculo de membros assentados, colocam-se uma
mesa comprida com vários conjuntos de cálice e pão, cada um
acompanhado de duas cadeiras.
O período começa com cânticos e orações espontâneas. Logo,
livremente, um indivíduo levanta e escolhe outro, levando-o à
mesa para orarem juntos.
Não é incomum acontecer confissão mútua de pecado - de
atritos, ofensas, desacordos.
Os dois juntos, quietos, no meio do círculo (a maioria aindacantando), agora com alguns outros pares também à mesa,
servem uns aos outros os elementos da ceia. Eles oram juntos
e voltam ao círculo.
Esses momentos levam a igreja local à presença do Senhor. São
tempos de purificação corporal e de fraternidade profunda através
desta forma de santa ceia.
B. APRENDIZAGEM
"E perseveravam na doutrina dos apóstolos" (At 2:42). Diante do
negativismo de alguns evangélicos em relação à teologia, é
surpreendente ver como o Novo Testamento fala de ensino, doutrinae exemplo.
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Jesus é chamado de mestre (hb. raboni; gr. didaskalos) 42
vezes.
As palavras relacionadas com ensino (didaquê) repetem-se
mais de 175 vezes no Novo Testamento - quase sempre no
sentido positivo.
Só em 1 e 2 Timóteo vemos mais de 50 referências ao ensino,
instrução, doutrina e exemplo, visando vidas mais consagradas
e firmes no Senhor.
A aprendizagem é o que orienta e motiva as outras três funções.
C. COMUNHÃO
"E perseveravam... na comunhão" (At 2:42), "todos os que creram
estavam juntos e tinham tudo em comum" (2:44), e "tomavam as
suas refeições com alegria e singeleza de coração" (2:46).
A palavra koinonia ("comunhão") descrevia o relacionamento
conjugal no antigo mundo grego. Várias vezes no Novo Testamento,
ela se refere à nossa comunhão com Deus (1 Jo 1:3-7). Mas,
geralmente, koinonia fala do nosso relacionamento com outros
cristãos (cf. 1 Jo 3:23; 47:7, 20).
A igreja local, através de oração e planejamento, precisa
desenvolver novas formas para encorajar a comunhão genuína.
Uma igreja local planejou um retiro para estudar o que significa
"servir uns aos outros".
Foi incluído um tempo para lavar os pés uns dos outros. Não
houve nada de especial. Uma mangueira, grama, o sol, e um
círculo de talvez 35 pessoas. Poucos esquecerão o que oSenhor fez no meio deles.
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Uma moça levou outra pelo braço, chorando, pedindo perdão
por ter ciúmes, as duas se abraçaram e lavaram os pés uma
da outra.
Com lágrimas, um pai acompanhou seu filho de seis anos e
lavou os pés dele, prometendo ser melhor pai no Senhor.
Quase todos lavavam os pés uns dos outros. No entanto, um
motociclista, jaqueta de couro, ficou meio afastado do círculo.
Finalmente alguém o levou ao meio do círculo com uma afirmação
de amor e compromisso. O homem chorou como criança. Nunca fora
aceito e amado como naquele momento. Hoje, depois de se formar
em teologia, esse irmão é missionário brasileiro na Rússia.
D. EVANGELIZAÇÃO
Atos 1:8 é o mandato de Jesus para disseminar o evangelho por
todo mundo.
Em Atos 2, Pedro já pregou o evangelho na praça em
Jerusalém e logo três mil pessoas foram batizadas. Daí lemos
"... e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso,
acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo
salvos" (At 2:47).
Atos recorda a unção da igreja primitiva ao espalhar as boas
novas via pregação, testemunho, viagens missionárias e
martírio.
Além disso, vemos outras formas de evangelização no NT:
Boas obras (Tt 3:1, 2, 8, 14)
Prática do bem e a mútua cooperação (Hb 13:16)
Visita aos órfãos e viúvas (Tg 1:27)
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Procedimento exemplar no meio dos incrédulos (1 Pe 2:12) e
Prontidão para responder a todo aquele que nos pedir a razão
da nossa esperança (1 Pe 3:15).
Em Atos 2, vemos o testemunho corporal, uma evangelização pelo
próprio modo de ser da primeira igreja local. Um grupo de cristãos
que está experimentando adoração, aprendizagem e comunhão
exercem uma atração magnética nas pessoas que estão procurando
a verdade.
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CAPÍTULO 07
RUMOS PARA UMA IGREJA NEOTESTAMENTÁRIA
DIRETRIZES PARA UMA IGREJA NEOTESTAMENTÁRIA
A Igreja universal é o absoluto conceitual que determina os propósitos da
igreja local, então, as seguintes diretrizes podem orientar melhor as formas
e atividades da igreja local.
A. A ESSÊNCIA DA IGREJA LOCAL.
Quanto à vivência prática, o propósito da igreja local é de encarnar o
Corpo de Cristo na terra, fazendo a vontade de Deus, não
centralizada nas formas de estrutura, templo, domingo, culto, pastor,
mas nas funções dinâmicas de adoração, aprendizagem, comunhão
e evangelização.
B. FORMAS SEM FUNÇÃO.
Uma igreja está desqualificada como verdadeira igreja cristã quando
não está desenvolvendo as atividades que caracterizam a igreja local
do Novo Testamento. Assim como o corpo físico sem vida não é
mais uma pessoa humana, a forma eclesiástica sem as funções
vitais também não é mais a igreja Neotestamentária.
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C. DESEQUILÍBRIO FUNCIONAL.
Muitas igrejas e denominações exageram uma função em detrimento
das outras.
Certas igrejas só evangelizam, mas não têm nenhuma
aprendizagem ou comunhão significativa.
Outras igrejas só adoram através de liturgias formais, mas
poucos experimentam da realidade da evangelização ou da
comunhão.
Outras priorizam a comunidade, mas são fracas nas áreas deaprendizagem e testemunho.
E ainda outras enfatizam o conhecimento e a doutrina, mas
carecem da alegria no louvor, comunhão e evangelização.
Conquanto cada igreja reflita certa personalidade e identidade
saudável, é urgente buscar um equilíbrio bíblico no corpo local.
Comecemos com uma auto avaliação honesta das nossas atividades
diante das funções neotestamentárias acima. E então, diante de
Deus, planejemos como criar condições para fortalecer as funções
mais fracas.
D. FUNÇÃO SOBRE FORMA.
A igreja local pode e deve adaptar suas formas ao povo e às novas
gerações. A adaptação externa é necessária para preservar as
funções da igreja local e para comunicar melhor o conteúdo do
evangelho em nossos contextos variados.
E. FUNCIONALIDADE E DENOMINAÇÕES.
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Embora não sejam essenciais ao funcionamento da igreja local, as
estruturas denominacionais têm seu lugar na coordenação e
supervisão das igrejas locais. Certamente há coisas valorosas em
cada tradição - tanto na área prática quanto na teológica.
Mas devemos reconhecer que organizações, programas, modelos,
liturgias, estilos e literatura vão desaparecer. Quando as tradições se
tornam ineficientes diante dos propósitos de Deus, é necessário
mudá-las ou desmontá-las. Isso exige uma reflexão crítica sobre a
política denominacional diante da Bíblia.
As denominações têm de encorajar e experimentar novas formas de
igrejas locais, para que haja futuras opções na própria denominação
- opções orientadas segundo as funções neotestamentárias. Se não,
podemos perder a essência da igreja, preservando a casca.
F. AS IGREJAS E A IGREJA.
A Igreja universal (e não a denominação) é o absoluto pelo qual
entendemos as igrejas locais. Cada verdadeira igreja evangélica
local - não importa a placa - pertence à família de congregações
finitas que representam o Corpo de Cristo no mundo.
Existem aqui duas implicações claras.
No nível individual, se eu não posso experimentar koinonia
transdenominacional com outros evangélicos convertidos, algo
está profundamente errado.
No nível eclesial, lembramos que nenhuma igreja local
representa perfeitamente o Corpo de Cristo. Em vez de nos
comparar com a igreja vizinha, criticando-a ou proibindo
nossos membros de ter comunhão com os de lá, temos todo
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motivo teológico para ajudar umas às outras - da mesma
forma como, dentro de uma igreja, um irmão mais forte vai
querer ajudar um mais fraco. As outras igrejas evangélicas
não são adversárias. Rejeitar a comunhão com um irmão é, dealguma forma, rejeitar Cristo.
G. VISÃO DESCENTRALIZADORA DA IGREJA LOCAL.
O Corpo de Cristo opera no mundo. A igreja local não é o centro de
tudo para a vida cristã e não deve esgotar toda a energia dos
membros em suas próprias atividades.
A visão descentralizadora quer dizer que a igreja local se esforça
para equipar os santos para que eles sejam sal e luz nos seus
lugares. Entende-se que a igreja é uma comunidade para apoiar, não
uma fortaleza para retirar o cristão do mundo.
H. FORMAS E DOUTRINA.
Resistimos a qualquer inferência de que a Bíblia já não seja
adequada ou, especificamente, que o ensino normativo para a igreja
não sirva mais. Ao contrário, o fato de a Bíblia ser nossa suprema
autoridade é o que nos liberta para voltar às Escrituras e redescobrir
as gloriosas verdades muitas vezes obscurecidas pela tradição e
pelo hábito.
I. CONCLUSÃO
As lagartas processionárias morreram. As nossas atividades e até
sucessos podem nos enganar. É possível que, em vez de fazer avontade de Deus em nossas igrejas locais, estejamos trabalhando
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em vão.
Aqui são apresentados alguns traços de uma eclesiologia funcional.
Não digo uma eclesiologia completa, mas que sugere uma nova
orientação sobre o porquê da igreja local no Novo Testamento. A
maioria dessas ideias não é nova. Mas são oferecidas para que
algumas igrejas possam no século XXI apresentar uma nova visão
da sua razão de ser e da liberdade quanto à forma que Cristo
concedeu a Sua igreja.
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BIBLIOGRAFIA
Ultrapassando Barreiras (SP: Vida Nova, 1994)
Dr. John Scott Horrell
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