e s t u d o h i d r o l Ó g i c o n o m u n i c Í p i o d ... · engº paulo cesar da silva...
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I N P H - Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
SECRETARIA DE PORTOS - SEP
Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias - INPH
INPH : 053 / 2012 CODIGO : João Neiva - 700 / 01
E S T U D O H I D R O L Ó G I C O N O M U N I C Í P I O D E
J O Ã O N E I V A - E S
GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO / DER
Universidade Federal Fluminense
Fundação Bio Rio
Coordenação de Pesquisa - INPH / SEP Rio de Janeiro - RJ
Outubro / 2012
Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias - INPH Rua General Gurjão, 166 - Caju - Rio de Janeiro - RJ - 20931-040 - Telefax: (21) 3978-6070
[email protected] / www.inph.com.br
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APRESENTAÇÃO
O Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias - INPH tem a satisfação de apresentar ao Departamento de Estradas de Rodagem do Governo do Estado do Espírito Santo o estudo hidrológico no município de João Neiva - ES.
O INPH encontra-se à disposição dos órgãos interessados para dirimir quaisquer dúvidas que porventura possam surgir decorrentes do presente trabalho.
Atenciosamente.
DOMENICO ACCETTA Diretor do INPH / SEP
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EQUIPE TÉCNICA
Coordenação Geral
Eng º Domenico Accetta - Diretor do INPH
Engº Paulo Cesar da Silva Freire - Coordenador de Pesquisa do INPH
Eng° Dario de Andrade Prata Filho - UFF
Serviço de Escritório
Eng° André Luiz Moreira Conceição - UFF
Eng° Bruno Serafini Sobral - UFF
Eng° Monique de Faria Marins - UFF
Eng º Ivo Luis Ferreira Macina - DER
Físico Luiz Fiori Casaroli - INPH
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ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 7
1.1 O município de João Neiva ................................................................... 8
1.2 Objetivo ................................................................................................. 9
2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ........................................... 10
2.1 Abrangência ........................................................................................ 10
2.2 Bacia Hidrográfica ............................................................................... 10
2.3 Hidrologia ............................................................................................ 12
2.4 Uso e Ocupação do Solo .................................................................... 13
2.5 Clima ................................................................................................... 14
2.6 Economia ............................................................................................ 14
3. ESTUDOS HIDROLÓGICOS .................................................................... 16
3.1 Dados Hidrológicos ............................................................................. 16
3.1.1 Dados Pluviométricos ................................................................... 16
3.1.2 Dados Fluviométricos ................................................................... 19
4. ESTUDOS HIDROLÓGICOS .................................................................... 20
4.1 Determinação das curvas de Intensidade-Duração-Frequência ......... 20
4.2 Determinação da Descarga Máxima no Trecho .................................. 23
4.2.1 Determinação do Tempo de Concentração .................................. 26
4.2.2 Hietograma de Projeto .................................................................. 27
4.2.3 Determinação do CN .................................................................... 28
4.2.4 Vazões Máximas .......................................................................... 30
5. MODELAGEM HIDRODINÂMICA ............................................................. 31
6. CONCLUSÃO ........................................................................................... 32
7. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 33
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INDICE DE FIGURAS
Figura 1: Bacia Hidrográfica do Rio Piraquê-Açu e Córrego Demétrio Ribeiro 11
Figura 2: Área em estudo e a hidrografia local: Rio Piraquê-Açu e córrego
Demétrio Ribeiro. ............................................................................................. 13
Figura 03: Localização das estações pluviométricas próximas ao município de
João Neiva ....................................................................................................... 18
Figura 04: Forma do Hidrograma Unitário Sintético Triangular do SCS ........... 24
Figura 05: Hietograma de Projeto - TR de 25 anos. ......................................... 27
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ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 01. Estações pluviométricas e precipitações médias mensais e anuais
dessas estações, adaptado de HIDROWEB/ANA (2012) ................................ 17
Tabela 02: Precipitações Máximas Anuais do posto 01940005 (ANA, 2012) .. 19
Tabela 03: Estações fluviométricas próximas ao trecho em estudo ................. 19
Tabela 04: Precipitações Máximas em 24h para diferentes tempos de retorno
(TR) .................................................................................................................. 21
Tabela 05: Relação entre as Durações (CETESB, 1979) ................................ 22
Tabela 06: Dados da curva IDF no município de João Neiva........................... 23
Tabela 07: Equações para cálculo do Tempo de Concentração ...................... 26
Tabela 08: Valores de CN em função da cobertura e do tipo de solo (Tucci et
al., 1995). ......................................................................................................... 29
Tabela 9: Vazões máximas para diferentes tempos de retorno (TR) ............... 30
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1- INTRODUÇÃO
Com a aceleração do desenvolvimento urbano nas últimas décadas, diversos
elementos da infraestrutura sanitária das cidades têm sido afetados de forma
mais acentuada, havendo maior demanda sobre os sistemas de abastecimento
de água, de esgotos, de resíduos sólidos e de drenagem urbana.
Especialmente as cidades que se desenvolveram sem o devido controle da
ocupação das margens de seus rios e córregos têm sofrido severos eventos de
inundações, devido ao processo de desmatamento nas bacias e retificações de
cursos d’água, o que ocasiona maiores picos de vazão no período chuvoso.
Estes são problemas ligados ao saneamento ambiental que têm ação direta
sobre a saúde, a segurança e a qualidade de vida da população. Com a
aceleração do desenvolvimento urbano nas últimas décadas, diversos
elementos da infraestrutura sanitária das cidades têm sido afetados de forma
mais acentuada, havendo maior demanda sobre os sistemas de abastecimento
de água, de esgotos, de resíduos sólidos e de drenagem urbana.
Especialmente as cidades que se desenvolveram sem o devido controle da
ocupação das margens de seus rios e córregos têm sofrido severos eventos de
inundações, devido ao processo de desmatamento nas bacias e retificações de
cursos d´água, o que ocasiona maiores picos de vazão no período chuvoso.
Com as inundações frequentes, ocorrem prejuízos para essas cidades,
especialmente no que se refere aos aspectos econômicos e socioambientais,
havendo perdas importantes do patrimônio municipal e de vidas humanas. A
urbanização sem planejamento com foco na sustentabilidade ambiental tem
como consequência o agravamento desses problemas, exigindo a adoção de
medidas mitigadoras que possam evitar o comprometimento das gerações
futuras.
Entende-se que o desenvolvimento urbano não pode se dar sem a devida
busca da sustentabilidade na ocupação do espaço pela população. Devem ser
definidas regras de uso e ocupação que preservem os elementos naturais e
permitam um adequado desenho e implantação dos sistemas viário, de
iluminação pública, de energia elétrica, de coleta de esgotos, de abastecimento
de água e de controle da drenagem urbana. Especialmente quanto ao controle
das águas pluviais, é importante que se preservem as condições naturais de
infiltração da água, o que contribuirá para evitar as transferências de picos de
vazão para jusante, causando aumento de volume e de carga de
contaminação, bem como o aumento do escoamento pluvial, erosão do solo e
assoreamentos.
A cidade deve dialogar de forma sustentável com o espaço onde se insere,
sendo que a preservação das condições naturais da bacia como um todo tem
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efeitos importantes no controle de cheias. Intervenções que valorizem a
retenção espacial de vazões no âmbito da bacia dos cursos d´água que
impactam as cidades são bastante mais efetivas no controle de picos de cheias
do que intervenções localizadas, devendo ser preferidas, quando possível.
1.1 O município de João Neiva
Eventos de cheias têm acontecido de forma mais frequente em diversos
municípios do estado do Espírito Santo. O município de João Neiva é uma das
localidades que vêm sofrendo com as enchentes.
O município de João Neiva é cortado pelo Rio Piraquê-Açu na parte inferior de
seu território e cortado longitudinalmente pelo córrego Demétrio Ribeiro,
principal afluente do Rio Piraquê-Açu nesta região.
Em visita técnica realizada no período de 27/08/2012 a 06/09/2012, foram
identificados diversos agravantes relacionados à drenagem urbana do
município, como trechos ao longo do Rio Piraquê-Açu com pontes de
geometria e posicionamento inadequados, além de margens assoreadas. Estes
elementos, em conjunto, se transformam em verdadeiras barreiras que
impedem o livre escoamento das águas no leito do curso d´água.
Segundo relato dos moradores, os últimos eventos de cheia registrados na
cidade ocorreram no final de 2010 e início de 2011, os quais ocasionaram
grandes prejuízos à cidade, especialmente nas áreas centrais. A região central
do município de João Neiva registrou, nesta última enchente, uma cota de
alagamento de 1,70 m no campo de futebol, região localizada na confluência
do Rio Piraquê-Açu com o Córrego Demétrio Ribeiro.
O trabalho de campo desenvolvido neste período visou ao detalhamento da
problemática relacionada aos eventos de cheia ocorridos nos últimos anos,
através da coleta de dados locais, do contato com os órgãos municipais e com
a população local e da orientação da equipe responsável pelo levantamento
topobatimétrico dos corpos hídricos estudados.
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1.2 Objetivo
O presente relatório tem como objetivo apresentar o estudo hidrológico para o
município de João Neiva, localizado no estado do Espírito Santo.
Pretendeu-se estudar o regime de chuvas da região, bem como as vazões de
cheias correspondentes a diferentes tempos de recorrência, observando as
condições de projeto a partir da base de dados disponível e coletada nas
visitas de campo.
Este estudo será utilizado como base no estudo de modelagem matemática,
permitindo analisar o comportamento do Rio Piraquê-Açu ao longo de sua
extensão, para as diferentes vazões associadas aos respectivos tempos de
retorno, conforme estudo hidrológico realizado para a área. A partir dos
resultados a serem obtidos, serão estudadas as intervenções técnicas
previamente definidas pelos técnicos do INPH e LaDISan, visando validar a
real eficácia dessas soluções, como parte do projeto de minimização de cheias
para a cidade de João Neiva - ES.
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2- CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
2.1- Abrangência
O município de João Neiva está localizado na parte central do Estado, e possui
uma população estimada pelo IBGE de 15.809 habitantes É cortado pela
Rodovia BR-101 Norte e limita-se, ao norte, pelo município de Colatina; ao sul,
Ibiraçu; a nordeste, Linhares; a leste, Aracruz; a oeste, São Roque do Canaã e
Santa Teresa.
2.2- Bacia Hidrográfica
A bacia hidrográfica do Rio Piraquê-Açu compreende dois rios principais:
Piraquê-Açu e Piraquê-Mirim. O Rio Piraquê-Açu tem sua nascente no
município de Santa Teresa.
A bacia hidrográfica do Rio Piraquê-Açu, curso d’água que atravessa o centro
do município de João Neiva e foco deste estudo, foi delimitada com o auxílio de
técnicas e softwares de geoprocessamento. A área de contribuição para este
córrego, desde a cabeceira até o ponto final da topobatimetria, é de
aproximadamente 142 km², conforme ilustrado na Figura 1, a seguir.
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Figura 1: Bacia hidrográfica do Rio Piraquê-Açu e Córrego Demétrio Ribeiro
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De acordo com a Fundação Ceciliano Abel de Almeida (FCAA), a organização
da rede de drenagem do município de João Neiva é caracterizada por um
padrão de drenagem, em função da geometria, do tipo retangular, adaptada às
condições estruturais e tectônicas, formando, na maioria destes cursos d’água,
ângulos quase retos, marcados por inflexões bruscas, com direções
predominantes sul-norte e sudeste-noroeste. São exemplos: o Rio Ubás, Rio
Pau Gigante, Córregos Três de Maio, Três Trevisa, Santa Emilia, Treviso
Grande, Santa Cecília, Santa Clara, entre outros.
Ocorrem também, em função do comportamento de relevo extremamente
acidentado e elevado, setores encachoeirados alongados e retilíneos nas
cabeceiras (cursos de 1ª e 2ª ordens), com o destaque para as Cachoeiras
Paraíso, Rampinelli, João Batista, entre outras.
Há setores das bacias e microbacias do território em que as águas vertem em
significativas áreas aplanaidas, colmatadas por sedimentos. Em função destas
características morfológicas planas, nestes trechos há ocorrência de frequentes
inundações nos eventos de precipitações mais intensas. Tal situação foi
constatada na sede do município, na porção plana junto aos cursos d`água que
ali divagam.
2.3- Hidrologia
O Rio Piraquê-Açu nasce na reserva de Lombardia, no município de Santa
Teresa, e passa por João Neiva, antes de alcançar Aracruz, pela localidade de
Santa Maria. Possui 65 km de extensão. O encontro com as águas do Rio
Piraquê-Mirim, esse último com apenas 22 km de extensão, forma o Rio
Piraquê, que se prolonga por mais 3 km até a sua foz, junto à vila de Santa
Cruz.
Encontra-se na bacia do Rio Doce, sendo que na região destacam-se os Rios
Piraqueaçu, Pau Gigante, Ubás e Triunfo, dentre outros.
Os maiores rios do município são:
Rio Piraquê-Açu: nasce em Santa Teresa, atravessa o município e
deságua no Oceano Atlântico, em Santa Cruz – município de Aracruz.
Rio Clotário: nasce na cabeceira do Morro do Descanso, que fica em
Cavalinho, e Demétrio Ribeiro, e deságua no rio Piraquê-Açu, em João
Neiva, na ponte próxima ao Centro Comunitário.
Rio Pau Gigante: nasce na cabeceira de Alto Bérgamo, passa por Acioli
e, no município de Colatina, forma a lagoa Pau Gigante, que deságua no
Rio Doce.
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A Figura 2 ilustra o Rio Piraquê-Açu na região em estudo, e o córrego
Demétrio Ribeiro.
Figura 2: Área em estudo e a hidrografia local: Rio Piraquê-Açu e córrego Demétrio Ribeiro.
2.4- Uso e Ocupação do Solo
A nascente do Rio Piraquê-Açu, no município de Santa Teresa, encontra-se em
área de reserva florestal do IBAMA (Reserva Biológica de Nova Lombardia),
sendo a área florestal de influência nas nascentes o equivalente a 1.600 ha
desta reserva, o que é um fato quase que exclusivo dentre as bacias
hidrográficas do Espírito Santo, que se encontram com suas cabeceiras em
avançado estado de degradação.
No seu percurso, passa pelos municípios de Santa Teresa, São Roque, João
Neiva, Ibiraçu e Aracruz, com uma área marginal aproximada de 11.800 ha,
distribuída em 213 propriedades. Incluem-se nesta área 1.600 ha da reserva de
Lombardia; 4.500 ha da reserva indígena Tupiniquim; 314,7 ha de preservação
da Aracruz Celulose e 474,4 ha de Reserva de Manguezal.
Segundo a FCAA, a ocupação do solo em João Neiva estrutura-se a partir de
uma área central que concentra comércio, serviços e instituições, e bairros
distribuídos em redor desse centro, com características predominantemente
residenciais. Sendo assim, os bairros do município - COHAB e Floresta, por
exemplo - apresentam pouca oferta de comércio e serviços locais, ficando este
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tipo de uso restrito a mercearias, bares e pequenas padarias, que atendem às
necessidades mais básicas e imediatas dos moradores.
No Centro, sobretudo na Rua Negri Orestes e nas Av. Getúlio Vargas e Brasil,
concentra-se o comércio, classificado como municipal, por atender não
somente à população da sede, mas também aos moradores da área rural.
É importante relatar que muitas das edificações inseridas nas vias
mencionadas acima e no Centro como um todo, possuem mais de um
pavimento, sendo, de maneira geral, apenas o primeiro destinado ao comércio
e os demais para moradias. Com isso, o Centro configura-se como um bairro
multifuncional, tendo ocupações que lhe garantem movimentação e uso
durante todos os períodos do dia.
Às margens da BR-101, foram identificados alguns estabelecimentos de âmbito
regional, quase sempre vinculados a comércio e serviços de peças para
veículos e postos de gasolina. Também às margens da rodovia citada está
instalada a rodoviária do município, equipamento importante no contexto
regional.
2.5- Clima
As precipitações anuais do município são superiores a 1.200 mm/ano, notando
os maiores valores na porção centro-leste do território. Estas precipitações são
influenciadas, na maior parte das vezes, pela Massa Polar Atlântica,
provocando chuvas orográficas, podendo alcançar valores anuais de até 1.500
mm/ano. À porção oeste do território são registrados os valores pluviométricos
anuais mais reduzidos, entre 1.200 a 1.250 mm/ano.
A deficiência hídrica anual no município está entre 70 e 150 mm/ano, sendo
mais baixa ao sul sede, em direção a Ibiraçu. No contexto regional, o déficit
hídrico é considerado pouco expressivo em relação a outros municípios da
região, como Colatina e Baixo Guandu, em que os déficits são superiores a 400
mm/a ano.
2.6- Economia
Ainda segundo a FCAA, as atividades de maior potencialidade de geração de
emprego, renda e com possibilidades de crescimento provêm da agropecuária,
onde se destacam a cultura do café, banana e coco, juntamente com a
pecuária leiteira e a cultura cacaueira. As propriedades rurais são, em geral, de
pequeno e médio porte. Existe a presença de pequenas indústrias de
transformação da produção rural, sobretudo alimentares, como queijos, doces
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e massas, bem como o beneficiamento de café. Porém, esta atividade funciona
com predominância da iniciativa familiar, sem estrutura empresarial.
A localização das principais unidades industriais predomina, sobretudo, no
denominado Polo Industrial (já na divisa com Ibiraçu e às margens da BR
101/259. Destacam-se as empresas do ramo de beneficiamento de rochas,
metal mecânico e de pré-moldados de concreto. São localizadas grandes
instalações industriais nos municípios próximos (destaque para a Aracruz
Celulose, CBF, Imetame, VALE, Metalúrgica Ibiraçu,) o que impacta o
município, pois absorve mão-de-obra do mesmo, proporcionando efeito
multiplicador à economia local.
Embora a produção de café seja significativa para o município, no contexto do
estado ainda é muito pequena. Deve ser destacada a produção de coco da
Bahia e de banana. A banana tem a terceira maior produção da lavoura
permanente de João Neiva. Na lavoura temporária, o destaque é a produção
da cana-de-açúcar, com 19.950 toneladas em 2006, segundo o IBGE.
O município conta com grande potencial para atividades de logística, pois conta
em seu território com a BR 101 e a BR 259, além de ser servido pela Ferrovia
Vitória-Minas. Esta última gera demanda por manutenção, que pode ser
suprida de forma mais efetiva pela economia local. Além disto, João Neiva está
em posição geográfica extremamente privilegiada, em função da distância
entre a capital do estado e duas cidades polarizadoras de atividade econômica
na região norte do Espírito Santo: Colatina e Linhares.
O potencial turístico é representado, também, pelas cachoeiras e rios que
cortam o município, bem como pelo patrimônio arquitetônico de algumas
propriedades na área rural. Esta conjunção de fatores fornece os elementos
que possibilitam o desenvolvimento do agroturismo, incluindo o turismo de
contemplação e de aventura, entre outros.
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3- ESTUDOS HIDROLÓGICOS
3.1- Dados Hidrológicos
A coleta dos dados hidrológicos da região de João Neiva teve como base
informações hidrológicas, que consistiram de um conjunto de dados
pluviométricos, os quais permitiram a caracterização do regime hidrológico da
bacia do Rio Piraquê-Açu e seu afluente Córrego Demétrio Ribeiro, no trecho
estudado. Esses dados foram levantados através do Sistema de Informações
Hidrológicas (HIDROWEB) da Agência Nacional de Águas.
3.1.1- Dados Pluviométricos
Na região em estudo, foram localizadas 6 estações pluviométricas com série de
dados consistidos e com média de 50 anos de dados. A Tabela 1 apresenta
todas as estações pluviométricas levantadas e as precipitações médias
mensais e anuais daquelas que possuem dados. A localização das estações
pode ser observada na Figura 3.
Optou-se por utilizar a série pluviométrica do posto que apresentasse a maior
série de vazões consistidas, com menor número de falhas possível e que
estivesse mais próxima da área de estudo.
Dentre os postos localizados, o posto 01940001 - São João de Petrópolis
possui a maior série de vazões (58 anos de dados), porém esta estação
apresentou o valor de precipitação anual abaixo da média quando comparado
aos postos analisados. As estações 01940018 - Santa Tereza - Museu de
Biologia e 01940021 - Aracruz apresentam dados consistidos e dentro da
média anual para esta região, mas encontram-se distantes da área de estudo
ao compará-las com os outros postos. Os postos 01940007 - Fundão e
0194001 - Valsugana Velha - Montante também possuem série consistente de
dados, porém estão mais próximos ao município de Fundão.
O posto 01940005 - Cavalinho apresenta série de dados consistentes e com
longo período, sendo o posto que se enquadra melhor ao estudo, tanto em
relação à localização, pois está situado próximo ao centro do município, quanto
em relação à precipitação média anual.
Dessa forma, o posto pluviométrico 01940005 - Cavalinho foi adotado para o
estudo de caracterização do regime pluvial do município de João Neiva.
A série de dados consistidos de precipitações máximas anuais é apresentada
na Tabela 2.
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Tabela 1. Estações pluviométricas e precipitações médias mensais e anuais dessas estações, adaptado de HIDROWEB/ANA (2012)
Código Nome Município Entidade Operação Período
dos Dados
Precipitações (mm)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
01940001 São João de
Petrópolis Santa Teresa
ANA CPRM 1947-2005 169 99 120 55 30 22 23 17 32 92 178 211 1.050
01940005 Cavalinho Ibiraçu ANA CPRM 1948-2005 194 121 152 81 54 48 55 43 66 123 199 214 1.341
01940007 Fundão Fundão ANA CPRM 1948-2002 194 133 157 98 66 59 71 54 80 135 234 247 1.522
01940010 Valsugana
Velha - Montante
Santa Teresa
ANA CPRM 1956-2002 229 139 192 114 86 74 106 87 125 172 266 254 1.839
01940018
Santa Tereza -
Museu de Biologia
Santa Teresa
ANA ANA 1947-1977 171 117 130 81 70 61 63,6 34 60 124 198 241 1.348
01940021 Aracruz Aracruz ANA CPRM 1970-2002 160 93 141 94 48 38 62 47 77 119 209 216 1.309
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Figura 3: Localização das estações pluviométricas próximas ao município de João Neiva
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Tabela 2: Precipitações Máximas Anuais do posto 01940005 (ANA, 2012)
Ano P (mm) Ano P (mm) Ano P (mm)
1949 98,4 1967 60,8 1987 78,6
1950 65 1968 110,8 1988 141,5
1951 99 1970 127 1989 94,3
1952 88 1971 89 1990 95,8
1953 63,4 1972 96,9 1991 79,8
1954 76,2 1973 72,2 1992 87,8
1955 73,6 1975 72,2 1993 123,9
1956 108,6 1976 92,4 1994 96,8
1957 77,2 1977 88 1995 185,4
1958 86,8 1978 109,6 1996 109,4
1959 64 1979 150,7 1997 86,5
1960 171,2 1980 141,4 1998 67,3
1961 94 1981 68,2 2000 87,8
1962 73,8 1982 80,2 2001 84,6
1963 65 1983 102,4 2002 61,7
1964 86,6 1984 154,2 2004 84,2
1965 104,6 1985 403,2 2005 197,4
1966 64 1986 45,8
3.1.2 - Dados Fluviométricos
O critério utilizado para a seleção dos postos fluviométricos foi a proximidade
dos mesmos com a área de estudo e a consistência dos dados registrados. No
município de João Neiva, não foram encontrados registros fluviométricos
consistidos no Rio Piraquê-Açu e seu afluente. Desta forma, o estudo
hidrológico apresentado para o município foi baseado nos dados pluviométricos
do item 3.1.1- deste relatório, através de modelos de chuva-vazão.
No Rio Piraquê-Açu foi encontrada apenas uma estação fluviométrica, que não
apresenta série de dados. As informações referentes a esta estação podem ser
verificadas na Tabela 3.
Tabela 3: Estações fluviométricas próximas ao trecho em estudo
Código Estação Rio Município Entidade Operação
57020000 Aracruz - Montante Rio Piraquê-Açu João Neiva IEMA-ES IEMA-ES
57030000 Cachoeirinha Rio Piraquê-Açu João Neiva IEMA-ES IEMA-ES
57035000 Próximo Inonibras Rio Piraquê-Açu Ibiraçu IEMA-ES IEMA-ES
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4- ESTUDOS HIDROLÓGICOS
4.1- Determinação das curvas de Intensidade-Duração-Frequência
As precipitações máximas de projeto foram determinadas através de ajuste de
distribuição de probabilidades com os dados da estação pluviométrica
01940005 - Cavalinho, considerando a distribuição estatística de extremos de
Gumbel.
O ajuste da distribuição selecionada foi verificado através do Teste Kolmogorov
– Smirnov para o nível de significância de 5%.
A distribuição de Gumbel refere-se à forma assintótica limite para um conjunto
de N variáveis aleatórias originais {X1,X2, ... ,XN}, independentes e igualmente
distribuídas conforme um modelo FX(x), de cada superior exponencial. A
distribuição de Gumbel (máximos) é a distribuição extrema mais usada na
análise de frequência de variáveis hidrológicas, com inúmeras aplicações na
determinação de relações intensidade-duração-frequência de precipitações
intensas e estudos de vazões de enchentes.
A distribuição estatística de Gumbel, segundo Santos, 2010, assume a
seguinte forma:
sendo x a vazão e y a variável reduzida de Gumbel. Explicitando-se a variável
reduzida de Gumbel, obtém-se:
Considerando a reta de Gumbel, a variável reduzida pode assumir a seguinte
expressão:
sendo α e β parâmetros característicos da reta de Gumbel. Estes parâmetros,
por sua vez, podem ser estimados a partir das seguintes expressões:
Os parâmetros µy e σy, respectivamente média e desvio padrão da variável
reduzida y, são calculados em função do tamanho da série histórica. Os
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21
valores de µx e σx correspondem à média e ao desvio padrão da série de
vazões máximas em análise.
Para as vazões máximas, a probabilidade de excedência dada por F(x)
relaciona-se com o período de retorno (o inverso da probabilidade de não-
excedência), da seguinte forma:
A partir da combinação das equações apresentadas acima, a variável reduzida
de Gumbel pode assumir a seguinte forma:
Conforme apresentado anteriormente, foi aplicado o método de Gumbel para o
cálculo das vazões máximas referentes a diferentes períodos de retorno. A
relação destas precipitações máximas para um período de 24 horas é
apresentada na Tabela 4, e a seguir:
Tabela 4: Precipitações Máximas em 24h para diferentes tempos de retorno (TR)
Tempo de Retorno (anos)
Precipitações Máximas (mm)
2 93,32
10 178,94
15 198,18
20 211,65
25 222,03
50 254,00
100 285,73
Para a determinação da curva intensidade-duração-frequência na região em
estudo, foi utilizado o Método das Relações entre as Durações. Este método
estabelece relações entre as precipitações de diferentes durações, para uma
determinada série de dados registrada em um posto pluviográfico.
Este método assume que existe uma grande similaridade nas relações entre as
precipitações médias máximas de diferentes durações, para diferentes locais.
Na realidade, existe uma tendência de mudança destas relações, de acordo
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22
com o tempo de retorno. Dessa forma, considerando a similaridade dessas
relações para diferentes locais, e na ausência de postos pluviográficos
próximos à região em estudo, foram adotados os valores médios destas
relações obtidos para o Brasil (CETESB, 1979).
As precipitações máximas diárias (Tabela 4) foram multiplicadas pelos
coeficientes de relação entre as durações apresentados na Tabela 5, o que
permitiu gerar pontos suficientes para definir as curvas IDF a partir de registros
pluviométricos.
Tabela 5: Relação entre as Durações (CETESB, 1979)
Relação Coeficientes
5min/30min 0,34
10min/30min 0,54
15mim/30min 0,7
20min/30min 0,81
25min/30min 0,91
30min/1h 0,74
1h/24h 0,42
6h/24h 0,72
8h/24h 0,78
10h/24h 0,82
12h/24h 0,85
24h/1d 1,10
A Tabela 6 apresenta os dados da curva intensidade-duração-frequência na
região do município de João Neiva.
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23
Tabela 6: Dados da curva IDF no município de João Neiva
Duração TR (ANOS)
(min) 2 10 15 20 25 50 100
5 130,2 249,6 276,4 295,2 309,7 354,3 398,6
10 103,4 198,2 219,5 234,4 245,9 281,4 316,5
15 89,3 171,3 189,7 202,6 212,5 243,1 273,5
20 77,5 148,7 164,6 175,8 184,5 211,0 237,4
25 69,7 133,6 148,0 158,0 165,8 189,7 213,3
30 63,8 122,3 135,5 144,7 151,8 173,7 195,4
60 43,1 82,7 91,6 97,8 102,6 117,3 132,0
360 12,3 23,6 26,2 27,9 29,3 33,5 37,7
480 10,0 19,2 21,3 22,7 23,8 27,2 30,6
600 8,4 16,1 17,9 19,1 20,0 22,9 25,8
720 7,3 13,9 15,4 16,5 17,3 19,8 22,3
1440 4,3 8,2 9,1 9,7 10,2 11,6 13,1
4.2- Determinação da Descarga Máxima no Trecho
Para a determinação do cálculo das descargas máximas de projeto, utilizou-se
o método Hidrograma Unitário, que determina a vazão a partir da precipitação,
do Soil Conservation Service.
A partir de um estudo com um grande número de bacias e de hidrogramas
unitários nos EUA, técnicos do Departamento de Conservação de Solo (Soil
Conservation Service – atualmente Natural Resources Conservation Service)
verificaram que os hidrogramas unitários podem ser aproximados por relações
de tempo e vazão estimadas com base no tempo de concentração e na área
das bacias.
Para simplificar ainda mais, o hidrograma unitário pode ser aproximado por um
triângulo definido pela vazão de pico, pelo tempo de pico e pelo tempo de base,
conforme a Figura 4. As relações identificadas, que permitem calcular o
hidrograma triangular, são descritas abaixo, de acordo com o texto de Chow et
al. (1988). O tempo de pico tp do hidrograma pode ser estimado como 60% do
tempo de concentração:
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24
Onde,
tp = tempo de pico (Figura 3);
tc = tempo de concentração da bacia.
Figura 4: Forma do Hidrograma Unitário Sintético Triangular do SCS
O tempo de subida do hidrograma Tp pode ser estimado como o tempo de pico
tp mais a metade da duração da chuva D. Assim:
O tempo de base do hidrograma (tb) é aproximado por:
o que significa que o tempo de recessão do hidrograma triangular, a partir do
pico até retornar a zero, é 67% maior do que o tempo de subida.
A vazão de pico do hidrograma unitário triangular é estimada por:
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25
Onde:
Tp = tempo de subida do hidrograma (h)
A = área da bacia (km²)
qp= vazão de pico por mm de chuva efetiva.
Para a aplicação deste método, são necessárias algumas informações a
respeito do curso d'água principal e da sua bacia de drenagem. Os dados
necessários são:
Área da bacia hidrográfica, em km²;
Extensão do curso d’água principal, em km;
Declividade do curso d’água principal, em m/m;
Desnível entre o ponto mais elevado e o exutório, em metros;
Tempo de Concentração;
Coeficiente de Escoamento - CN.
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26
4.2.1- Determinação do Tempo de Concentração
Para o cálculo do tempo de concentração, são disponibilizadas na literatura
diversas equações empíricas, para diversas situações, conforme pode ser
observado na Tabela 7.
Tabela 7: Equações para cálculo do Tempo de Concentração
Método Fórmula Indicação
George Ribeiro
Aplicável para qualquer tamanho de bacia.
Giandotti
Grandes bacias naturais, pois quando é aplicado a pequenas bacias o valor do tc é sobrestimado.
Kirpich tc = 57 ( L³/H ) 0,385 Para bacias com áreas de drenagem inferiores ou iguais a 100 ha.
Kirpich Modificada
tc = 85,2 ( L³/H ) 0,385 Bacias com áreas de drenagem superiores a 100 ha.
A equação para a determinação do tempo de concentração adotada foi a
Kirpich Modificada, por se enquadrar melhor nas especificações do projeto.
O trecho em estudo do rio Piraquê-Açu foi dividido em dois trechos com
declividades distintas, de acordo com o quadro a seguir.
Trecho Desnível (m) Declividade (m/m) Tempo de concentração
(min)
Foz - 17 km 448 0,02635 214,22
17 km – 38,3 km 353 0,01657 304,67
O tempo de concentração adotado foi de 518,89 min.
m
bb
ch
LAt
8,0
5,14
04,0)100)(2,005,1(
16
Sp
Ltc
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27
4.2.2- Hietograma de Projeto
Uma vez definida a intensidade e a duração de uma chuva de projeto, é
necessário definir sua distribuição temporal.
O método utilizado para criar a distribuição temporal da chuva de projeto a ser
utilizada no cálculo das vazões máximas foi o método dos blocos alternados
(Chow et al., 1988). Este método é baseado no uso de uma curva IDF para
diferentes durações de chuva, menores do que a duração total da chuva de
projeto.
No método dos blocos alternados, os valores incrementais são reorganizados
de forma que o máximo incremento ocorra, aproximadamente, no meio da
duração da chuva total. Os incrementos (ou blocos de chuva) seguintes são
organizados à direita e à esquerda, alternadamente, até preencher toda a
duração.
A Figura 5 apresenta o hietograma organizado pelo método dos blocos
alternados, para uma lâmina de 153,2 mm correspondente a uma chuva de
tempo de retorno (TR) de 25 anos e tempo de duração de 490 min (duração
adotada com base no tempo de concentração).
Figura 5: Hietograma de Projeto - TR de 25 anos
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28
4.2.1- Determinação do CN
O Método Curva Número é um procedimento desenvolvido pelo Soil
Conservation Service (SCS), no qual a lâmina escoada (isto é, a altura de
precipitação efetiva) é uma função da altura total de chuva e de um parâmetro
de abstração denominado CN (Curva Número).
Este coeficiente CN varia de 1 a 100 e foi tabelado pelo SCS para diferentes
tipos de solo e de cobertura vegetal. Os tipos de solos foram classificados em
quatro grupos (A, B, C e D), de acordo com sua taxa de infiltração, e são
descritos a seguir:
A: solos com alta infiltração e que produzem baixo escoamento
superficial. São solos arenosos, profundos, com pouco silte e argila;
B: solos menos permeáveis que o anterior, arenosos e menos profundos
que o solo tipo A, com permeabilidade superior à média;
C: solos com capacidade de infiltração abaixo da média e que geram
escoamento superficial acima da média, contendo considerável
percentagem de argila e são pouco profundos;
D: solos contendo argilas expansivas e pouco profundos, com baixa
capacidade de infiltração, gerando a maior proporção de escoamento
superficial do grupo de solos.
O solo da região em estudo como um todo se enquadra no grupo Hidrológico
tipo B, com baixa retenção superficial. O valor de CN foi estimado através da
ponderação das áreas, de acordo com o uso e a ocupação.
A Tabela 8 apresenta os valores de CN em função da cobertura e do tipo de
solo, relacionando estas características com o grupo hidrológico.
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29
Tabela 8: Valores de CN em função da cobertura e do tipo de solo (Tucci et al., 1995).
Tipo de Uso do Solo / Tratamento / Condições Hidrológicas
Grupo Hidrológico
A B C D
Uso Residencial
Tamanho médio do lote % Impermeável
até 500 m² 65 77 85 90 92
1.000 m² 38 61 75 83 87
1.500 m² 30 57 72 81 86
Estacionamentos pavimentados, telhados 98 98 98 98
Ruas e Estradas
Pavimentadas, com guias de drenagem 98 98 98 98
Com cascalho 76 85 89 91
De terra 72 82 87 89
Áreas comerciais (85% de impermeabilização) 89 92 94 95
Distritos industriais (72% de impermeabilização) 81 88 91 63
Espaços abertos, parques, jardins
Boas condições, cobertura de grama > 75% 39 61 74 80
Condições médias, cobertura de grama > 50% 49 69 79 84
Terreno preparado para plantio, descoberto
Plantio em linha reta 77 86 91 94
Cultura em fileiras
Linha reta Condições ruins 72 81 88 91
Condições boas 67 78 85 89
Curva de nível Condições ruins 70 79 84 88
Condições boas 65 75 82 86
Cultura de grãos
Linha reta Condições ruins 65 76 84 88
Condições boas 63 75 83 87
Curva de nível Condições ruins 63 74 82 85
Condições boas 61 73 81 84
Pasto
Condições ruins 68 79 86 89
Condições médias 49 69 79 84
Condições boas 39 61 74 80
Curva de nível
Condições ruins 47 67 81 88
Condições médias 25 59 75 83
Condições boas 6 35 70 79
Campos Condições boas 30 58 71 78
Florestas
Condições ruins 45 66 77 83
Condições médias 36 60 73 79
Condições boas 25 55 70 77
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De acordo com esse enquadramento, e considerando a ocupação da bacia em
estudo, tem-se:
USO E COBERTURA % Área CN CN final
Área Agrícola 5,00 78 3,90
Edificada 1,00 85 0,85
Cafezal 28,00 75 21,00
Pastagem 63,00 69 43,47
Reflorestamento 3,00 60 1,80
Total 100 - 71,02
Dessa forma, o CN adotado para este estudo foi 71,02.
4.2.2- Vazões Máximas
A partir dos estudos realizados, foi possível estimar as vazões máximas para
os diferentes tempos de retorno, conforme pode ser observado na Tabela 9.
Tabela 9: Vazões máximas para diferentes tempos de retorno (TR)
Tempo de Retorno (anos)
Vazões Máximas (m³/s)
10 73,23
15 277,93
20 331,91
25 370,75
50 401,18
100 497,19
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5- MODELAGEM HIDRODINÂMICA
No modelo hidrodinâmico a ser realizado para o município, serão inseridos
dados iniciais de entrada fornecidos pelo levantamento topobatimétrico. Os
perfis altimétricos das seções serão fornecidos pela empresa de topografia
responsável pelo levantamento topobatimétrico e posteriormente transportados
para o modelo HEC-RAS, visando à simulação hidrodinâmica dos cursos
d’água em questão.
Até a data de fechamento deste relatório, os dados de topobatimetria não
haviam sido fornecidos e, por isso, a modelagem será realizada em etapa
posterior.
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32
6- CONCLUSÃO
Em função dos trabalhos realizados até a presente data e apresentados neste
relatório, pode-se concluir que:
O estudo hidrológico realizado para a área foi suficiente para a determinação
das vazões máximas de cheia para o Rio Piraquê-Açu, as quais são
apresentadas no item 4.2.2 deste relatório. O estudo permitiu ainda a definição
das curvas IDF para a região, cujos dados foram apresentados no item 4.1.
A bacia hidrográfica, apresentada no item 2.2, tem aproximadamente 142 km² e
engloba diversos corpos hídricos da região, onde se destacam para este
estudo, o Rio Piraquê-Açu e seu afluente Córrego Demétrio Ribeiro, que
atravessam o trecho urbano.
A modelagem hidrodinâmica dos principais corpos hídricos da região depende
do envio do levantamento topobatimétrico realizado no município. Através da
modelagem, será possível realizar a aferição das cotas de vestígio coletadas
em campo com as cotas indicadas pelo modelo matemático, o que permitirá a
validação do referido modelo.
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7- REFERÊNCIAS
COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL - DAEE-CETESB.
Drenagem urbana: manual de projeto. São Paulo: DAEE-CETESB, 1979. 476 p.
CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais), 2000: "Estudo de Chuvas
Intensas no Estado do Rio de Janeiro". 2ª ed.revista e ampliada. Brasília.
DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), 2005: "Manual de
Hidrologia Básica para Estruturas de Drenagem." Ministério dos Transportes.
Publicação IPR - 715.
FCAA (Fundação Ceciliano Abel de Almeida), 2011: “Plano De Desenvolvimento Local
Sustentável (Pdls) - Etapa II – Diagnóstico Situacional Do Município De João
Neiva”, 114 p.
HIDROWEB (Sistema de Informações Hidrológicas), Agência Nacional de Águas.
Disponível em http://www.hidroweb.ana.gov.br, acesso em agosto de 2012.
SANTOS, L. C. C., 2010: Estimativa de vazões máximas de projeto por métodos
determinísticos e probabilísticos. Dissertação de mestrado. 172 p.
TUCCI, Carlos E. M., PORTO, Rubem L. L., BARROS, Mario T., Drenagem Urbana.
Editora da Universidade. 1.ª Edição, Porto Alegre, 1995.
TUCCI, C.E.M. et al. Hidrologia: ciência e aplicação. 2.ed. Porto Alegre. Editora
Universidade: ABRH, 1997. (Coleção ABRH de Recursos Hídricos; v4). ISBN 85-
7025-298-6