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Energ. Agric., Botucatu, vol. 22, n.1, 2007, p.42-60 CRESCIMENTO INICIAL E SOBREVIVÊNCIA DE ESPÉCIES FLORESTAIS DE MATAS DE GALERIA NO DOMÍNIO DO CERRADO EM RESPOSTA À FERTILIZAÇÃO 1 ENY DUBOC 2 & IRAÊ AMARAL GUERRINI 3 1 Parte da tese de doutorado do 1º autor intitulada: Desenvolvimento inicial e nutrição de espécies arbóreas nativas sob fertilização, em plantios de recuperação de áreas de cerrado degradado. 2 Aluna do Programa de Pós Graduação em Agronomia – Energia na Agricultura – FCA/UNESP, Botucatu/SP, Brasil. Pesquisadora da EMBRAPA Cerrados, Rodovia BSB 020, km 18, CEP 73.301-970, Planaltina-DF. E-mail: [email protected] 3 Orientador e docente do Departamento de Recursos Naturais / Área de Ciência do Solo – FCA/UNESP – Botucatu – SP – Brasil. E-mail: [email protected] RESUMO: Os solos do Cerrado apresentam limitações quanto à fertilidade, deste modo a adição de nutrientes pode aumentar o sucesso dos plantios de recuperação, entretanto, há poucos estudos sobre a adubação de espécies nativas a campo. O objetivo principal deste trabalho foi determinar o efeito de doses de nitrogênio sobre diferentes espécies arbóreas nativas nas condições de solo de Mata de Galeria no domínio do Cerrado. Foi estudada a resposta de 9 espécies nas condições de solo de Mata de Galeria (PLINTOSSOLO) do Distrito Federal, à doses de nitrogênio (0, 10, 20 e 40 kg ha -1 de N), na forma de uréia, utilizando o delineamento de blocos ao acaso. As espécies estudadas foram: as pioneiras – Inga vera Wild. ssp affinis (DC.) T.D. Penn (ingá), Plathymenia reticulata Benth (vinhático), Astronium fraxinifolium Schott (gonçalo-alves); Anadenanthera falcata (Benth.) Speg (angico-do-cerrado), Tapirira guianensis Aubl. (pau-pombo), e as secundárias - Copaifera langsdorffii Desf. (óleo-de-copaíba), Amburana cearensis (Fr. All.) A.C. Smith (amburana), Eugenia dysenterica DC (cagaita), e Enterolobium contortisiliqüum (Vell.) Morong. (orelha-de-negro). As espécies foram analisadas em conjunto de acordo com seu estágio sucessional (pioneiras e secundárias). O experimento teve a duração de um ano e foi avaliado o incremento do diâmetro do colo aos 4, 8 e 12 meses, após o plantio, e aos 12 meses, o diâmetro de copa e a sobrevivência. A sobrevivência média das espécies pioneiras na Mata de Galeria não foi afetada pela adubação nitrogenada, o mesmo não se deu com as espécies secundárias. As espécies apresentaram diferenças quanto aos requerimentos nutricionais. Foi viável o agrupamento em pioneiras e secundárias, pois os grupos mostraram requerimentos nutricionais diferenciados. As espécies pioneiras apresentaram ajuste quadrático, alcançando melhor crescimento com a dose de 40 kg ha -1 de N. Para as secundárias as doses de 0, 20 e 40 kg ha -1 de N não diferiram entre si.

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Adubação de espécies nativas do Cerrado.

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  • Energ. Agric., Botucatu, vol. 22, n.1, 2007, p.42-60

    CRESCIMENTO INICIAL E SOBREVIVNCIA DE ESPCIES FLORESTAIS DE MATAS DE GALERIA NO DOMNIO DO CERRADO EM RESPOSTA FERTILIZAO1

    ENY DUBOC2 & IRA AMARAL GUERRINI3

    1Parte da tese de doutorado do 1 autor intitulada: Desenvolvimento inicial e nutrio de espcies arbreas nativas sob fertilizao, em plantios de recuperao de reas de cerrado degradado. 2 Aluna do Programa de Ps Graduao em Agronomia Energia na Agricultura FCA/UNESP,

    Botucatu/SP, Brasil. Pesquisadora da EMBRAPA Cerrados, Rodovia BSB 020, km 18, CEP 73.301-970, Planaltina-DF. E-mail: [email protected] 3 Orientador e docente do Departamento de Recursos Naturais / rea de Cincia do Solo FCA/UNESP

    Botucatu SP Brasil. E-mail: [email protected]

    RESUMO: Os solos do Cerrado apresentam limitaes quanto fertilidade, deste modo a adio de nutrientes pode aumentar o sucesso dos plantios de recuperao, entretanto, h poucos estudos sobre a adubao de espcies nativas a campo. O objetivo principal deste trabalho foi determinar o efeito de doses de nitrognio sobre diferentes espcies arbreas nativas nas condies de solo de Mata de Galeria no domnio do Cerrado. Foi estudada a resposta de 9 espcies nas condies de solo de Mata de Galeria (PLINTOSSOLO) do Distrito Federal, doses de nitrognio (0, 10, 20 e 40 kg ha-1 de N), na forma de uria, utilizando o delineamento de blocos ao acaso. As espcies estudadas foram: as pioneiras Inga vera Wild. ssp affinis (DC.) T.D. Penn (ing), Plathymenia reticulata Benth (vinhtico), Astronium fraxinifolium Schott (gonalo-alves); Anadenanthera falcata (Benth.) Speg (angico-do-cerrado), Tapirira guianensis Aubl. (pau-pombo), e as secundrias - Copaifera langsdorffii Desf. (leo-de-copaba), Amburana cearensis (Fr. All.) A.C. Smith (amburana), Eugenia dysenterica DC (cagaita), e Enterolobium contortisiliqum (Vell.) Morong. (orelha-de-negro). As espcies foram analisadas em conjunto de acordo com seu estgio sucessional (pioneiras e secundrias). O experimento teve a durao de um ano e foi avaliado o incremento do dimetro do colo aos 4, 8 e 12 meses, aps o plantio, e aos 12 meses, o dimetro de copa e a sobrevivncia. A sobrevivncia mdia das espcies pioneiras na Mata de Galeria no foi afetada pela adubao nitrogenada, o mesmo no se deu com as espcies secundrias. As espcies apresentaram diferenas quanto aos requerimentos nutricionais. Foi vivel o agrupamento em pioneiras e secundrias, pois os grupos mostraram requerimentos nutricionais diferenciados. As espcies pioneiras apresentaram ajuste quadrtico, alcanando melhor crescimento com a dose de 40 kg ha-1 de N. Para as secundrias as doses de 0, 20 e 40 kg ha-1 de N no diferiram entre si.

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    Palavras-chave: Nitrognio, plantio de recuperao, grupos sucessionais.

    INITIAL GROWTH AND SURVIVAL BY GALLERY FOREST SPECIES IN SAVANNA DOMAIN IN RESPONSE TO FERTILIZATION

    SUMMARY The Cerrado soils present limitations regarding fertility. In the way, the addition of nutrients may enhance the chance of success in the reclaim crops, however, there are few studies about fertilization effect on the native species in field conditions. The main objective of this work was to determine the effect of nitrogen doses in different woody species in the conditions of Gallery forest. It was analyzed the response of 9 woody native species planted in a soil of Gallery forest (PLINTOSSOLO) of the Brazilian Federal District, to nitrogen doses (0, 10, 20 e 40 kg ha-1 de N), as urea, in randomized block design. The species were: pioneers Inga vera Wild. ssp affinis (DC.) T.D. Penn (ing), Plathymenia reticulata Benth (vinhtico), Astronium fraxinifolium Schott (gonalo-alves); Anadenanthera falcata (Benth.) Speg (angico-do-cerrado), Tapirira guianensis Aubl. (pau-pombo), and secondary - Copaifera langsdorffii Desf. (leo-de-copaba), Amburana cearensis (Fr. All.) A.C. Smith (amburana), Eugenia dysenterica DC (cagaita), and Enterolobium contortisiliqum (Vell.) Morong. (orelha-de-negro). The experiment was one year long and evaluated stem diameter at 4, 8 and 12 months after the planting. There were differences in the nutritional requirements among species. Grouping pioneers and secondary species was adequate as the nutritional requirements were different. The secondary species had their survival affected by nitrogen. The pioneer species response was best represented by a quadratic fit, reaching the maximum growth at 40 kg ha-1 de N. For the secondary species, the response to doses of 0, 20 and 40 kg ha-1 de N were not statistically different (P> 0.05). Keywords: Nitrogen, reclaim plantations, succecional groups.

    1 INTRODUO

    As formaes nativas do Cerrado esto sendo intensamente degradadas, sofrendo com a ao do homem seja pela supresso para implantao de culturas agrcolas ou de pastagens, para a retirada de madeira, mas em especial pelo desconhecimento e pequena valorizao do potencial econmico do Cerrado, alm do descumprimento da Legislao ambiental. Quando o ecossistema de uma rea desmatada apresenta baixa resilincia, a recomposio natural da vegetao, atravs da sucesso, pode no ocorrer ou ser muito lenta, persistindo as condies propcias degradao ambiental. Uma opo de

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    recuperao, para essas condies baseia-se no uso de mudas para revegetao, pois acelera o processo de sucesso secundria.

    Mata de Galeria a vegetao que acompanha os riachos de pequeno porte e crregos dos planaltos do Brasil Central, formando corredores fechados (galerias) sobre os cursos d'gua. Essas matas, geralmente, encontram-se encravadas no fundo de vales ou nas cabeceiras de drenagem onde os cursos dgua ainda no escavaram o canal definitivo (RATTER et al., 1973; RIBEIRO et al., 1983).

    A lixiviao de nutrientes dos solos localizados nas partes mais altas, a eroso geolgica e a deposio coluvial de materiais resultantes de intemperismo durante a formao dos solos, so as principais causas das diferenas de fertilidade dos solos sob Matas de Galeria e outras fitofisionomias do Cerrado. A natureza do material de origem tambm influencia a fertilidade de algumas Matas de Galeria. Neste caso, os autores afirmam que as espcies nativas das Matas de Galeria devem ser consideradas mais exigentes quanto a macronutrientes do que aquelas das formaes de Cerrado, caracterstica que acentuada em ambientes de solos pobres em nutrientes (CORREIA et al. 2001).

    A adequao qumica e fsica do solo ou substrato e a seleo de espcies adequadas para a revegetao muitas vezes requerida para cada situao. O nvel adequado de fertilizao depende da espcie utilizada e de caractersticas especficas de cada stio, e em situaes emergenciais, possibilita o rpido estabelecimento da vegetao reduzindo ou controlando a eroso, com conseqente estabilizao da superfcie e a melhoria das condies do substrato (OLIVEIRA NETO et al., 1997), permitindo inclusive o estabelecimento de outras espcies.

    Na maioria das vezes, as Matas de Galeria ocorrem sobre solos pobres e cidos, mas a nutrio das espcies florestais garantida pela serapilheira. As concentraes de nutrientes disponveis na serapilheira so muito altas comparadas aos valores encontrados para os solos nessas vegetaes. Assim, h necessidade de fertilizao do solo nos projetos de recuperao de reas degradadas e naqueles ambientes perturbados onde j no existe uma camada de serapilheira (FELFILI et al. 2001).

    Entretanto, outros autores consideram que a alterao das condies dos solos de Cerrado, como pH, adubao utilizada, bem como o nvel de revolvimento do solo, interferem diretamente nas condies de vida dos fungos que convivem com o sistema radicial. Sem a presena das micorrizas e com o pH corrigido para as espcies de interesse agronmico, a vegetao de Cerrado no tem mais condies de se reinstalar, mesmo que a rea de cultivo seja abandonada (MORRETES, 1992). O revolvimento do solo associado calagem, alterando a qumica do solo, apresentou os mais baixos valores de densidade e cobertura da vegetao, na induo do processo de regenerao de cerrado em rea de pastagem (DURIGAN et al. 1998).

    A sucesso secundria o processo que ocorre atravs das mudanas que se verificam nos ecossistemas aps a destruio parcial da comunidade, que pode ser uma pequena rea de floresta nativa

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    devido queda de uma rvore ou em vrios hectares de uma cultura agrcola abandonada. Nesse processo ocorre uma progressiva mudana na composio florstica da floresta, partindo de espcies pioneiras at espcies climcicas (KAGEYAMA e GANDARA, 2001).

    A separao das espcies, em grupos ecofisiolgicos, com base na resposta a clareiras de diferentes tamanhos, alm do entendimento da dinmica das florestas tropicais, pode auxiliar na elaborao de estratgias de regenerao de reas deflorestadas. A partir de 21 caractersticas, as quais se modificam atravs dos estgios sucessionais e que foram observadas em reas perturbadas antrpicas de diferentes idades, Budowski (1965) identifica quatro grupos de espcies: pioneiras, secundrias iniciais, secundrias tardias e climcicas.

    Com relao nutrio de espcies arbreas nativas, a demanda por nutrientes varia entre espcies, estao climtica e estdio de crescimento, e mais intensa na fase inicial de crescimento das plantas. As espcies dos estdios sucessionais iniciais possuem maior capacidade de absoro de nutrientes, relativamente quelas dos estdios sucessionais subseqentes, caracterstica intimamente relacionada com o potencial de crescimento ou taxa de sntese de biomassa (FURTINI NETO et al. 2000).

    Espcies pioneiras e secundrias apresentam como estratgias de estabelecimento, rpido crescimento inicial e posteriores redues nos ndices de crescimento, independentemente da disponibilidade de nutrientes. Gonalves et al. (1992) verificaram que espcies pioneiras possuem sistema radicular mais desenvolvido e razes finas em maior densidade, alm de apresentarem maiores taxas de crescimento e absoro de nutrientes que as climcicas.

    Tm sido relatadas redues no crescimento inicial de espcies arbreas nativas decorrentes da omisso de N. Hymenaea courbaril L. var. stilbocarpa (jatob-da-mata), Copaifera langsdorffii (leo-de-copaba), Peltophorum dubium (canafstula), Senna macranthera (fedegoso), Senna multijuga (cssia-verrugosa), Melia azedarach (cinamomo) e Jacarand mimosaefolia (jacarand mimoso) apresentaram respostas de magnitude distintas ao fornecimento de N. Contudo, todas as espcies apresentaram incrementos em crescimento com a aplicao de N (DUBOC et al., 1996a e 1996b; FARIA et al., 1996; PEREIRA et al., 1996; REN et al., 1997; VENTURIM et al., 1999).

    Fedegoso (Senna macranthera), cssia-verrugosa (Senna multijuga), cinamomo (Melia azedarach) e jacarand-mimoso (Jacarand mimosaefolia), responderam em crescimento adio de N mineral, sendo que o N-NO3-, mostrou-se superior ao N-NH4+. A altura das plantas adubadas com N-NO3- foi de 13, 12, 5 e 4 vezes maior, em relao s plantas sem N, nas mudas de fedegoso, cssia-verrugosa, cinamomo e jacarand, respectivamente. A colonizao micorrzica foi menor em todas as espcies adubadas com N- NH4+. Plantas com N- NO3- acumularam maior quantidade de Ca e K do que as adubadas com N- NH4+ (PEREIRA et al., 1996).

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    O crescimento de mudas de Peltophorum dubium inoculadas com rizbio foi inferior ao das adubadas com 175 mg de N por kg de solo, em solo no fumigado. No entanto, mudas que no receberam adubao nitrogenada apresentaram crescimento satisfatrio quanto ao dimetro altura do colo e produo de matria seca da parte area. Ainda segundo o autor, uma vez confirmado o carter no nodulfero do Peltophorum dubium, esperava-se maior resposta adio de N. Como o solo estudado apresentou teor relativamente elevado de matria orgnica (43 g kg-1), o N pode ter sido mineralizado em quantidades suficientes para promover o crescimento satisfatrio das mudas, na ausncia de adubao nitrogenada. A maior disponibilidade de N parece estar associada tambm presena do fungo MVA inoculado, uma vez que no segundo experimento, quando se fez a fumigao do solo, a produo de matria seca no diferiu entre os tratamentos que receberam N e a inoculao com o rizbio. Neste caso, na ausncia de G. etunicatum, parece ter havido suprimento deficiente de N em razo da menor absoro deste no solo (FARIA et al., 1995a). J para Albizia lebbeck, a inoculao com rizbio mostrou-se menos eficiente que a adubao nitrogenada na promoo do crescimento e fornecimento de N (FARIA et al., 1995b).

    Considerando que os solos de Cerrado degradado apresentam limitaes quanto acidez e fertilidade, e que os estudos sobre os requerimentos nutricionais de espcies nativas do Bioma Cerrado so preliminares, em especial sobre a adubao a campo. O objetivo principal deste trabalho foi determinar o efeito da adubao nitrogenada sobre o crescimento e a sobrevivncia de mudas de diferentes espcies arbreas nativas plantadas em solos degradados de Mata de Galeria no domnio do Cerrado, visando obter informaes que subsidiem programas de revegetao dessas reas.

    2 MATERIAL E MTODOS

    O experimento foi conduzido no entorno de uma Mata de Galeria situada em propriedade particular no municpio de Planaltina de Gois- DF. Em solo classificado como PLINTOSSOLO, na altitude de 918 m, com as seguintes coordenadas geogrficas S 15 32' 966" e W 47 39' 614".

    O clima da regio do tipo tropical Aw (tropical de savana) de acordo com a classificao de Kpen. Predomina marcada alternncia de estao seca e fresca (abril a setembro) e outra estao chuvosa e quente (outubro a maio). A precipitao mdia anual varia em torno de 1600 mm, dessa mdia, cerca de 75% precipita no perodo de novembro a janeiro. A temperatura mdia anual varia entre 18 a 20C. O perodo de setembro a outubro o mais quente (temperatura mdia entre 20 e 22C), enquanto julho corresponde ao ms mais frio, com mdias entre 16 e 18C. A umidade relativa do ar varia de 70 a 85% no vero e parte da primavera e, decresce para aproximadamente 50 a 65% durante o inverno, quando valores

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    menores que 20% podem ser registrados. A evapotranspirao anual varia de 1700 a 1800 mm e sempre resulta em dficits hdricos (SILVA JUNIOR et al. 1998).

    As caractersticas qumicas e fsicas do solo antes e aps a aplicao dos tratamentos esto apresentadas na Tabela 1. As anlises foram realizadas com base nos mtodos de VETTORI (1969), com modificaes realizadas pela EMBRAPA (1979): pH= em gua, relao 1:2,5; Ca, Mg e Al extrados por KCl 1N; K, Na e P extrados com Mehlich 1; carbono pelo mtodo de Walkley e Black.

    O solo antes da aplicao dos tratamentos foi coletado na profundidade de 0-20 cm. Aps a aplicao dos tratamentos a amostragem foi feita na cova na profundidade de 0-40 cm.

    A rea experimental estava h 4 anos sendo manejada pelo produtor rural com pastagem de Brachiaria decumbens. Antes disso, havia sido cultivada durante 5 anos com lavouras de milho e feijo para as quais recebeu calagem e adubao mineral. H um ano estava separada para adequao da propriedade s exigncias legais de recomposio da reserva permanente.

    Para implantao do experimento, preparou-se a rea apenas com roada do extrato graminide. Em seguida abriram-se covas com perfuratriz acoplada ao trator, aumentadas com cavadeiras manuais para atingir as seguintes dimenses: 40x40x40 cm (0,064 m3 de solo). As mudas em sacos plsticos e/ou tubetes foram produzidas no viveiro da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria - Cerrados (EMBRAPA Cerrados). Foi adotado o espaamento de 2,5 x 2,5 m, sendo abertas 1600 covas ha-1. As doses dos adubos, calculadas em kg ha-1, foram divididas pelo nmero de covas por ha.

    Tabela 1 Classificao, composio qumica e granulomtrica do solo da rea experimental na Mata de Galeria, antes e aps a aplicao dos tratamentos.

    Classificao do solo : PLINTOSSOLO*

    Aps aplicao dos tratamentos Dose de N (kg ha-1)

    Caractersticas Antes

    0 10 20 40

    PH (gua) 6,6 6,0 6,2 6,0 5,9 P (mg dm-3) 2,7 30 34 38 34

    Ca+Mg (mmolc dm-3) 4,4 3,9 4,0 3,8 3,3 Ca (mmolc dm-3) 2,8 2,6 2,4 2,5 2,1 Mg (mmolc dm-3) 1,6 1,3 1,6 1,3 1,2 K (mg dm-3) 39 93 94 85 71 Al (mmolc dm-3) 0 0,02 0,00 0,01 0,02

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    H+Al (cmolc dm-3) 3,2 - - - - CTC (cmolc dm-3) 7,7 - - - -

    M (%) 0 - - - - V (%) 58 - - - - C (g kg-1) 19,3 - - - -

    MO (g kg-1) 33,2 - - - - Areia (g kg-1) 350 - - - - Silte (g kg-1) 250 - - - -

    Argila (g kg-1) 400 - - - - (*) Caderneta de Munssell.

    Com a finalidade de evitar possveis deficincias e limitaes ao desenvolvimento inicial das plantas foi feita uma adubao de base composta de fsforo, micronutrientes, gesso agrcola e potssio. O gesso foi utilizado para propiciar a movimentao de ctions para a subsuperfcie, com vistas aumentar os teores de clcio e magnsio, acarretando reduo no teor de alumnio txico (SOUZA e LOBATO, 2002). As doses foram calculadas de acordo com as recomendaes de Silva et al. (2001) (Tabela 2).

    A adubao de base foi aplicada em dose nica por ocasio do plantio, da seguinte forma: misturada ao solo retirado na abertura da cova, e retornada para preenchimento e fechamento da mesma aps a colocao da muda. As doses e as fontes utilizadas para a adubao de base foram as seguintes : fsforo (superfosfato triplo, 31,3 g cova-1); potssio (cloreto de potssio, 4,1 g cova-1); micronutrientes (FTE BR12, 3,1 g cova-1) e gesso agrcola (CaSO42H2O, 31,0 g cova-1).

    Tabela 2 Sugestes de adubao de cova para espcies nativas do Cerrado.

    Fertilizantes e corretivos Quantidade aplicada por cova de 64 l Calcrio dolomtico (100% PRNT) 1 64 g

    P2O5 32 g K2O 6 g Boro 32 mg Cobre 32 mg

    Mangans 64 mg Molibdnio 3,2 mg

    Zinco 128 mg

    (1 ) PRNT = Poder Relativo de Neutralizao Total. Fonte: SILVA et al. (2001), adaptado.

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    Os tratamentos consistiram de quatro doses de nitrognio (0, 10, 20 e 40 kg ha-1 de N) (Tabela 3). A adubao foi feita em cobertura, na forma de filetes contnuos ao redor da projeo da copa, num raio de 15 cm ao redor da muda. Aplicado na forma de uria aos 30, 75, 300 e 330 dias aps plantio, contou com 0 a 4 coberturas de acordo com as doses utilizadas, e escalonadas nas duas estaes chuvosas ocorridas durante o perodo experimental de 12 meses.

    Tabela 3 Dose de nitrognio (N), quantidade e fonte utilizada no experimento em solo de Mata de Galeria no domnio de Cerrado.

    Tratamentos Fonte

    N0 N1 N2 N3

    N (kg ha-1) 0,0 10,0 20,0 40,0 N (g cova-1) 0,0 6,25 12,5 25,0

    Uria (g cova-1) 0,0 13,9 27,8 55,6 N de coberturas x quantidade aplicada (g cova-1) 0 x 13,9 1 x 13,9 2 x 13,9 4 x 13,9

    O experimento foi instalado com 3 repeties, em delineamento de blocos ao acaso, contou com 12 parcelas (4 doses x 3 blocos). A parcela foi constituda por um total de 36 plantas teis; sendo 5 espcies pioneiras e 4 espcies secundrias, repetidas 4 vezes dentro da parcela. Ao redor da parcela utilizou-se uma bordadura simples. As espcies estudadas foram : as pioneiras Inga vera Wild. ssp affinis (DC.) T.D. Penn (ing), Plathymenia reticulata Benth (vinhtico), Astronium fraxinifolium Schott (gonalo-alves); Anadenanthera falcata (Benth.) Speg (angico-do-cerrado), Tapirira guianensis Aubl. (pau-pombo), e as secundrias - Copaifera langsdorffii Desf. (leo-de-copaba), Amburana cearensis (Fr. All.) A.C. Smith (amburana), Eugenia dysenterica DC (cagaita), e Enterolobium contortisiliqum (Vell.) Morong. (orelha-de-negro).

    Para anlise estatstica utilizou-se o programa SISVAR (Universidade Federal de Lavras). As anlises de varincia foram feitas para cada estgio sucessional (pioneiras e secundrias). As mdias foram comparadas pelo teste de Tukey e as variveis quantitativas por meio de regresso.

    3 RESULTADOS E DISCUSSO

    Sobrevivncia menor que 60% considerada baixa (CORRA e CARDOSO, 1998; DURIGAN e SILVEIRA, 1999; SOUZA, 2002). Nesse estudo foi considerada baixa sobrevivncia 60, mdia de 61 a 80, e alta 81%.

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    A sobrevivncia das espcies pioneiras no foi afetada pela aplicao de nitrognio. No houve interao espcie x dose. A diferena de sobrevivncia entre as espcies, independente da dose utilizada caracterstica inerente cada espcie (Tabela 4).

    Tabela 4 Sobrevivncia de espcies pioneiras 12 meses aps o plantio em solo de Mata de Galeria no domnio de Cerrado no Distrito Federal, em funo da aplicao de doses de nitrognio (N).

    Sobrevivncia (%) Dose de N (kg ha-1) Espcie x Dose (2) NS

    0 10 20 40

    Mdia das espcies (1) *

    Angico 50,00 50,00 66,75 66,75 58,25ab Gonalo-alves 83,25 66,75 66,75 100,00 79,25a

    Ing 66,75 50,00 58,25 66,75 60,25ab Pau-pombo 33,25 25,00 58,25 33,25 37,50b Vinhtico 58,25 50,00 50,00 25,00 45,75b

    Mdia das doses (1) NS 58,25 48,25 60,00 58,25 -

    (1) Letras minsc. diferentes na coluna (mdia das espcies independente da dose) ou na linha (mdia da dose independente das espcies) indicam diferena significativa. (2) Letras maisc. diferentes na linha, para cada espcie, indicam diferena significativa do desdobramento Dose x Espcie. (*) Diferena significativa e (NS) no significativa pelo teste de Tukey, ao nvel de 0,05 de significncia.

    DURIGAN e SILVEIRA (1999), trabalhando em Mata Ciliar no domnio de Cerrado, relataram sobrevivncia inferior a 80% para 17 espcies de mata e do cerrado, 9 anos aps o plantio, sendo que destas, 8 espcies apresentaram sobrevivncia nula e apenas 4 superaram 50%.

    Nos resultados aqui encontrados, o ing apresentou sobrevivncia mdia (60,25%), apresentaram baixa sobrevivncia o vinhtico (45,75%) e o pau-pombo (37,50%). Souza (2002) relata sobrevivncia do pau-pombo (Tapirira guianensis) entre 58 a 62% em trs reas. Entretanto, a sobrevivncia tende a diminuir ainda mais com o passar do tempo nos plantios de recomposio de matas ciliares (DURIGAN e SILVEIRA, 1999).

    A aplicao de nitrognio afetou a sobrevivncia das espcies secundrias (Tabela 5). No houve interao entre espcies e doses de nitrognio. Entretanto, pode-se observar a tendncia de melhor sobrevivncia da cagaita na ausncia de adubao com N. O teste de Tukey, utilizado para comparao das mdias, nem sempre aponta as diferenas evidentes entre os tratamentos. Para Durigan e Silveira (1999), isto ocorre com freqncia em experimentos com espcies nativas, que apresentam altos coeficientes de variao.

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    Tabela 5 Sobrevivncia de espcies secundrias 12 meses aps o plantio em solo de Mata de Galeria no domnio de Cerrado no Distrito Federal, em funo da aplicao de doses de nitrognio (N).

    Sobrevivncia (%) Dose de N (kg ha-1) Espcie x Dose (2) NS

    0 10 20 40

    Mdia das espcies (1) *

    Cagaita 100,00 75,00 50,00 58,25 70,25a leo-de-copaba 91,75 91,75 66,75 91,75 85,50a

    Amburana 91,75 83,25 58,25 83,25 79,25a Orelha-de-negro 50,00 41,75 33,25 50,00 43,75b

    Mdia das doses (1) * 83,25a 73,00ab 52,00b 70,75ab -

    (1) Letras minsc. diferentes na coluna (mdia das espcies independente da dose) ou na linha (mdia da dose independente das espcies) indicam diferena significativa. (2) Letras maisc. diferentes na linha, para cada espcie, indicam diferena significativa do desdobramento Dose x Espcie. (*) Diferena significativa e (NS) no significativa pelo teste de Tukey, ao nvel de 0,05 de significncia.

    A cagaita parece estar relacionada com solos de menor fertilidade, atingindo o mais alto ndice de Valor de Importncia (IVI) nesses ambientes, provavelmente, por apresentar maior competio sob condies de menor disponibilidade de gua e baixa fertilidade, podendo ser considerada uma indicadora de tais tipos de solo (SILVA JNIOR, 1984).

    Sano et al. (1995) estudando mudas de cagaita observaram que o acmulo de matria seca foi sempre maior na raiz do que na folha e no caule + pecolo. At os primeiros 70 dias a razo parte area/sistema radicular foi de aproximadamente 1, a partir da ocorreu uma maior alocao de biomassa para o sistema radicular variando a relao de 0,4 a 0,8. Caracterstica marcante de algumas espcies de Cerrado que, numa fase de seu crescimento inicial, investem relativamente mais energia no sistema radicular, como estratgia de sobrevivncia para atravessar os primeiros perodos secos aps a emergncia.

    Tambm para espcies de Mata de Galeria no domnio do Cerrado, apesar dos padres de crescimento diferirem entre espcies, vrias investem em crescimento radicular e diamtrico nos primeiros dois anos aps a germinao, e s ento crescem mais rapidamente em altura (FELFILI, 2000).

    O crescimento relativo de razes favorecido em ambientes de deficincia, em especial de nitrognio e fsforo (MARSCHNER et al., 1996), como reao biolgica para aumentar a extrao de nutrientes do solo (CLARKSON, 1985), apesar da flexibilidade deste ajuste ser menor em espcies

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    adaptadas a ambientes de baixa fertilidade, ou ainda naquelas que apresentam crescimento mais lento (CHAPIN III, 1980).

    A partio de fotoassimilados em espcies clmaxes acarretou um decrscimo do crescimento radicular e conseqentemente maior acmulo de matria seca na parte area com o aumento da disponibilidade de P no solo (RESENDE et al., 1999), contrariando a hiptese de que espcies de crescimento lento possuam menor flexibilidade de ajuste raiz/parte area (CHAPIN III, 1980; CLARKSON, 1985).

    Pode ter ocorrido alteraes nas relaes raiz/parte area, das espcies secundrias, com relao ao aumento da disponibilidade de nitrognio no solo de Mata de Galeria, ou seja, na ausncia da adubao nitrogenada, a no alterao no investimento em crescimento radicular pode ter favorecido a absoro de gua e diminudo a mortalidade.

    Durante o perodo experimental (ano de 2004), houve pequena precipitao pluviomtrica (937 mm), abaixo da mdia histrica, somando 57,1 mm nos 5 meses mais crticos (maio a setembro), com ausncia total de chuva nos meses de junho e julho. Soma-se a isso, o fato da implantao do experimento, devido a fatores operacionais, ter se dado no incio de fevereiro, fora da poca ideal de plantio. Para Corra e Cardoso (1998), a pronunciada estao seca na regio do Distrito Federal limita o plantio de rvores aos meses de outubro a dezembro.

    Houve resposta adubao nitrogenada em incremento do dimetro do colo para espcies pioneiras plantadas em solo de Mata de Galeria (Tabela 6). A interao significativa espcie x dose indica requerimentos nutricionais diferenciados para o nitrognio.

    Desdobrando a interao, observa-se ajuste linear e positivo da equao de regresso para o gonalo-alves (Y = 1,847111 + 0,038721 x, R2 = 68,17%) e para o angico-do-cerrado (Y = 0,817333 + 0,015152 x, R2 = 84,14%), indicando elevado requerimento nutricional, de ambos para o nitrognio. O ing apresentou ajuste quadrtico (Y = 3,075051 + 0,139970 x - 0,003886 x2, R2 = 98,65%), sendo a melhor dose calculada em 16 kg ha-1 de N.

    Tabela 6 Incremento do dimetro do colo (mm) de espcies pioneiras, mdia de 3 avaliaes (4, 8 e 12 meses aps o plantio), em solo de Mata de Galeria no domnio do Cerrado no Distrito Federal, em funo da aplicao de doses de nitrognio (N).

    Incremento do dimetro do colo (mm) Dose de N (kg ha-1) Espcie x Dose (2) *

    0 10 20 40

    Mdia das espcies (1) *

    Angico-do-cerrado (3) NS 0,87 1,14 1,05 1,61 1,17d Gonalo-alves (3) * 2,23B 2,12B 2,03B 3,72A 2,52c

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    Pau-pombo* 1,41B 3,44AB 2,17B 6,60A 3,41b Ing (3) * 3,02 4,22 4,22 2,47 3,48ab

    Vinhtico NS 3,54 4,83 3,77 4,62 4,19a

    Mdia das doses (1) * 2,21c 3,15b 2,65bc 3,80a (1) Letras minsc. diferentes na coluna (mdia das espcies independente da dose) ou na linha (mdia da dose independente das espcies) indicam diferena significativa. (2) Letras maisc. diferentes na linha, para cada espcie, indicam diferena significativa do desdobramento Dose x Espcie. (*) Diferena significativa e (NS) no significativa pelo teste de Tukey ao nvel de 0,05 de significncia. (3) Equao de regresso significativa ao nvel de 0,05.

    O vinhtico no apresentou diferena no incremento do dimetro do colo com a adubao nitrogenada. Entretanto, apresentou o mais alto incremento mdio em relao s demais espcies pioneiras, indicando que alm de possuir elevada eficincia nutricional, o teor de nitrognio existente no solo (matria orgnica - 33,2 g kg-1) foi adequado para atender a demanda do vinhtico nesta fase de crescimento.

    Para o pau-pombo, o incremento do dimetro do colo alcanado com 40 kg ha-1 de N no diferiu estatisticamente de 10 kg ha-1. Entretanto, 40 e 10 kg ha-1 de N proporcionaram incremento no dimetro de 4,7 e de 2,4 vezes, respectivamente, quando comparados ausncia de adubao nitrogenada.

    A adubao nitrogenada no exerceu influncia sobre o dimetro mdio de copa das espcies pioneiras em solo de Mata de Galeria. Apenas o pau-pombo apresentou ajuste significativo para equao de regresso, com resposta linear e positiva (Y = 27,166667 + 0,638095 x, R2 = 82,75%) (Tabela 7), indicando elevado requerimento nutricional para o nitrognio.

    Apesar do teste de mdias no ter detectado diferena significativa, o angico apresentou tendncia de maior dimetro de copa na dose de 40 kg ha-1 de N, com 47,6% a mais de desenvolvimento, em relao ausncia de adubao nitrogenada. Para o vinhtico verifica-se tendncia oposta com decrscimo do dimetro de copa nas maiores doses de N.

    Tabela 7 Dimetro de copa (cm) de espcies pioneiras aos 12 meses aps o plantio em solo de Mata de Galeria no domnio de Cerrado no Distrito Federal, em funo da aplicao de doses de nitrognio (N)

    Dimetro de copa (cm) Dose de N (kg ha-1) Espcie x Dose (2) NS

    0 10 20 40

    Mdia das espcies (1) NS

    Angico-do-cerrado 25,08 31,21 27,95 37,03 30,32 Gonalo-alves 30,42 30,08 24,39 36,10 30,25

    Ing 52,00 56,33 41,71 38,39 47,11

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    Pau-pombo (3) 29,17 35,83 32,50 55,83 38,33 Vinhtico 42,11 41,25 34,08 22,00 34,86

    Mdia das doses (1) NS 35,75 38,94 32,13 37,87 - (1) Letras minsc. diferentes na coluna (mdia das espcies independente da dose) ou na linha (mdia da dose independente das espcies) indicam diferena significativa. (2) Letras maisc. diferentes na linha, para cada espcie, indicam diferena significativa do desdobramento Dose x Espcie. (*) Diferena significativa e (NS) no significativa pelo teste de Tukey ao nvel de 0,05 de significncia. (3) Equao de regresso significativa ao nvel de 0,05.

    Houve efeito da adubao nitrogenada sobre o incremento do dimetro do colo das espcies secundrias em solo de Mata de Galeria (Tabela 8). A interao espcie x dose foi significativa, o que indica requerimentos nutricionais diferenciados para as espcies. No desdobramento da interao o leo-de-copaba apresentou equao de regresso linear e positiva (Y = 3,364667 + 0,058686 x, R2=96,64%), com o maior requerimento entre as espcies secundrias. A cagaita e a amburana no responderam adubao. A orelha-de-negro apresentou maior incremento na ausncia de adubao nitrogenada.

    Tabela 8 Incremento do dimetro do colo (mm) de espcies secundrias, mdia de 3 avaliaes (4, 8 e 12 meses aps o plantio), em solo de Mata de Galeria no domnio de Cerrado no Distrito Federal, em funo da aplicao de doses de nitrognio (N).

    Incremento do dimetro do colo (mm) Dose de N (kg ha-1) Espcie x dose (2) *

    0 10 20 40

    Mdia das espcies (1) *

    Cagaita NS 1,08 1,05 0,56 1,26 0,99d Amburana NS 1,71 1,09 1,60 1,53 1,48c

    leo-de-copaba (3) * 2,30B 2,33B 2,73AB 3,27A 2,66a Orelha-de-negro * 3,06A 2,51AB 0,92C 2,14B 2,16b

    Mdia das doses (1) * 2,04a 1,75ab 1,45b 2,05a - (1) Letras minsc. diferentes na coluna (mdia das espcies independente da dose) ou na linha (mdia da dose independente das espcies) indicam diferena significativa. (2) Letras maisc. diferentes na linha, para cada espcie, indicam diferena significativa do desdobramento Dose x Espcie. (*) Diferena significativa e (NS) no significativa pelo teste de Tukey ao nvel de 0,05 de significncia. (3) Equao de regresso significativa ao nvel de 0,05.

    A cagaita mostrou tendncia de melhor sobrevivncia na ausncia de adubao com nitrognio (Tabela 5), isso pode indicar pequeno requerimento para N ou ainda, que o teor de matria orgnica presente nos dois solos pode ser suficiente para atender a demanda de crescimento inicial dessas espcies. A cagaita, como discutido anteriormente, considerada espcie indicadora de solos de baixa fertilidade, estando adaptada a esses ambientes.

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    Entretanto, para a amburana e para a orelha-de-negro que tambm apresentaram pequeno requerimento nutricional para o N, podem estar envolvidos mecanismos de nodulao. De acordo com Souza et al. (1997) e Faria (1998) citados por Furtini Neto et al. (1999), todos os levantamentos sobre a capacidade de nodulao de leguminosas no Brasil e em outros pases indicam que 90% das Mimosoideae (orelha-de-negro, ing, vinhtico, tamboril-do-cerrado e angico-do-cerrado), 97% das Papilinioideae (amburana) e 23% das Caesalpinioideae (leo-de-copaba) so capazes de nodular.

    Houve efeito da adubao nitrogenada sobre o incremento do dimetro de copa das espcies secundrias em solo de Mata de Galeria (Tabela 9). A interao espcie x dose foi significativa o que indica requerimentos nutricionais diferenciados para as espcies.

    Tabela 9 Dimetro de copa (cm) de espcies secundrias, 12 meses aps o plantio, em solo de Mata de Galeria no domnio de Cerrado no Distrito Federal, em funo da aplicao de doses de nitrognio (N).

    Dimetro de copa (cm) Dose de N (kg ha-1) Espcie x Dose (2) *

    0 10 20 40

    Mdia das espcies (1) *

    Cagaita NS 13,10 15,00 13,40 10,17 12,91c leo-de-copaba NS 28,08 31,58 25,58 31,93 29,29ab

    Amburana (3) * 26,22AB 17,28B 22,06AB 33,67A 24,81b Orelha-de-negro * 31,92AB 43,18A 22,17B 37,33A 33,65a

    Mdia das doses (1) * 24,83ab 26,76ab 20,80b 28,27a - (1) Letras minsc. diferentes na coluna (mdia das espcies independente da dose) ou na linha (mdia da dose independente das espcies) indicam diferena significativa. (2) Letras maisc. diferentes na linha, para cada espcie, indicam diferena significativa do desdobramento Dose x Espcie. (*) Diferena significativa e (NS) no significativa pelo teste de Tukey ao nvel de 0,05 de significncia. (3) Equao de regresso significativa ao nvel de 0,05.

    No desdobramento da interao a amburana apresentou equao de regresso com ajuste quadrtico (Y = 25,156879 - 0,744944 x + 0,024164 x, R2= 90,39%), com a melhor dose calculada em 40 kg ha-1 de N. O leo-de-copaba e a cagaita no responderam em dimetro de copa adubao nitrogenada. Avaliando pelo teste de mdias, para orelha-de-negro, apesar da dose de 10 kg ha-1 no diferir da ausncia de adubao, esta aumentou o dimetro de copa em 35%.

    O agrupamento das espcies segundo a classificao sucessional em pioneiras e secundrias permitiu verificar o comportamento distinto entre os grupos quanto ao incremento do dimetro do colo em solo de Mata de Galeria com relao aplicao de nitrognio. O incremento do dimetro do colo das

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    espcies pioneiras foi maior do que o das secundrias bem como seu requerimento para nitrognio (Tabela 10).

    Tabela 10 Incremento do dimetro de colo (mm) de espcies pioneiras e secundrias (mdia dos 4, 8 e 12 meses) aps o plantio em solo de Mata de Galeria no domnio de Cerrado no Distrito Federal, em funo da aplicao de doses de nitrognio (N).

    Incremento do dimetro do colo (mm) Dose de N (kg ha-1) Sucesso x Dose (2) *

    0 10 20 40

    Mdia da sucesso (1) *

    Pioneiras * 2,22c 3,15b 2,65bc 3,80a 2,96a Secundrias * 2,04ab 1,75ab 1,45b 2,05a 1,82b

    Mdia das doses (1) * 2,14bc 2,53b 2,12c 3,02a - (1) Letras minsc. diferentes na coluna (mdia das espcies independente da dose) ou na linha (mdia da dose independente das espcies) indicam diferena significativa. (2) Letras maisc. diferentes na linha, para cada espcie, indicam diferena significativa do desdobramento Dose x Espcie. (*) Diferena significativa e (NS) no significativa pelo teste de Tukey ao nvel de 0,05 de significncia.

    O incremento mdio do dimetro do colo das espcies pioneiras foi maior do que o das espcies secundrias, bem como seu requerimento para nitrognio. Na mdia, 40 kg ha-1 de N permitiu o maior incremento do dimetro do colo, entretanto a interao espcie x dose foi significativa. Deste modo, no desdobramento da interao verificou-se o mesmo para as espcies pioneiras, mas para as espcies secundrias no houve diferena significativa entre as doses 10 e 40 kg ha-1 da ausncia de adubao.

    4 CONCLUSES

    A adubao nitrogenada afetou a sobrevivncia das espcies secundrias em solo de Mata de Galeria no domnio de Cerrado.

    Houve diferena entre os estgios sucessionais com relao aos requerimentos nutricionais para o nitrognio. As espcies pioneiras apresentaram elevado requerimento nutricional, com ajuste quadrtico com a melhor dose calculada em 40 kg ha-1 de N, as espcies secundrias mostraram pequeno requerimento nutricional, no apresentando diferena significativa entre as doses de 0, 20 e 40 kg ha-1 de N.

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