duarte, rosalia reflexões sobre o trabalho de campo

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  • 8/6/2019 Duarte, Rosalia Reflexes Sobre o Trabalho de Campo

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    139Cadernos de Pesquisa, n. 115, maro/ 2002Cadernos de Pesquisa, n. 115, p. 139-154, maro/ 2002

    PESQUISA QUALITATIVA: REFLEXESSOBRE O TRABALHO DE CAMPO

    ROSLIA DUARTEDepartamento de Educao da Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro

    [email protected]

    RESUMO

    Este trabalho discute algumas das dificuldades mais freqentemente enfrentadas por pesqui-sadores em trabalhos de campo, no que diz respeito ao uso de metodologias de base qua-litativa. Procura-se apresentar, no decorrer do texto, problemas que envolvem, por exem-

    plo, a delimitao do universo de pesquisa, a definio de critrios para a seleo dos sujeitosa serem entrevistados, elaborao de roteiros de entrevistas e sua realizao, organizao eanlise de dados qualitativos, entre outros, visando contribuir com as discusses relativas

    adoo desse tipo de metodologia no campo educacional.PESQUISA QUALITATIVA TRABALHO DE CAMPO PESQUISA ETNOGRFICA METODOLOGIA DE PESQUISA

    ABSTRACT

    QUALITATIVE RESEARCH: REFLECTIONS ON FIELD WORK. This work discusses someof the most frequent difficulties faced by researchers doing field work in their use of qualitativebased methodologies. The text aims to present problems such as defining the research

    universe, defining criteria to select who will be interviewed, developing and carrying outscripts, organizing and analyzing qualitative data etc. as a contribution to the discussion of theuse of this type of methodology in the field of education.

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    INTRODUO

    Uma pesquisa sempre, de alguma forma, um relato de longa viagem em-preendida por um sujeito cujo olhar vasculha lugares muitas vezes j visitados. Nadade absolutamente original, portanto, mas um modo diferente de olhar e pensardeterminada realidade a partir de uma experincia e de uma apropriao do conhe-cimento que so, a sim, bastante pessoais.

    Contudo, ao escrevermos nossos relatrios de pesquisa ou teses de douto-rado, muitas vezes nos esquecemos de relatar o processo que permitiu a realizaodo produto. como se o material no qual nos baseamos para elaborar nossosargumentos j estivesse l, em algum ponto da viagem, separado e pronto para sercoletado e analisado; como se os dados da realidade se dessem a conhecer, obje-

    tivamente, bastando apenas dispor dos instrumentos adequados para recolh-los.No parece ser assim que as coisas se passam. A definio do objeto de pes-

    quisa assim como a opo metodolgica constituem um processo to importantepara o pesquisador quanto o texto que ele elabora ao final. De acordo com Brando(2000), a to afirmada, mas nem sempre praticada, construo do objeto diz respei-

    to, entre outras coisas, capacidade de optar pela alternativa metodolgica mais ade-quada anlise daquele objeto. Se nossas concluses somente so possveis em razo

    dos instrumentos que utilizamos e da interpretao dos resultados a que o uso dosinstrumentos permite chegar, relatar procedimentos de pesquisa, mais do que cum-prir uma formalidade, oferece a outros a possibilidade de refazer o caminho e, dessemodo, avaliar com mais segurana as afirmaes que fazemos.

    REFLEXES SOBRE O TRABALHO DE CAMPO

    De modo geral, durante a realizao de uma pesquisa algumas questes so

    colocadas de forma bem imediata, enquanto outras vo aparecendo no decorrerdo trabalho de campo. A necessidade de dar conta dessas questes para poderencerrar as etapas da pesquisa freqentemente nos leva a um trabalho de reflexoem torno dos problemas enfrentados, erros cometidos, escolhas feitas e dificulda-des descobertas.

    Este trabalho surgiu da necessidade de partilhar algumas informaes e refle-xes acerca do recurso pesquisa qualitativa que, apesar dos riscos e dificuldades

    que impe, revela-se sempre um empreendimento profundamente instigante, agra-dvel e desafiador.

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    A SELEO DE SUJEITOS EM ABORDAGENS QUALITATIVAS

    De um modo geral, pesquisas de cunho qualitativo exigem a realizao deentrevistas, quase sempre longas e semi-estruturadas. Nesses casos, a definio decritrios segundo os quais sero selecionados os sujeitos que vo compor o univer-so de investigao algo primordial, pois interfere diretamente na qualidade dasinformaes a partir das quais ser possvel construir a anlise e chegar compreen-so mais ampla do problema delineado. A descrio e delimitao da populaobase, ou seja, dos sujeitos a serem entrevistados, assim como o seu grau derepresentatividade no grupo social em estudo, constituem um problema a ser ime-diatamente enfrentado, j que se trata do solo sobre o qual grande parte do traba-lho de campo ser assentado.

    A pesquisa que gerou as reflexes trazidas neste trabalho (Duarte, 2000),tinha como objeto de estudo o processo de formao profissional de cineastas bra-sileiros e, nesse caso, a escolha dos entrevistados esteve vinculada necessidade decompreender o referencial simblico, os cdigos e as prticas daquele universocultural especfico, que no apresenta contornos muito bem definidos. Como sa-ber, por exemplo, quem de fato pertencia, naquele momento, categoria de ci-neasta no Brasil? Se no se trata de uma profisso legalmente regulamentada, com

    exigncias explcitas do ponto de vista da formao escolar/acadmica, como saberquem poderia ser considerado diretor de cinema? A partir de que critrios passa-sea ser considerado membro de uma categoria profissional desse tipo? Essas questesprecisaram ser respondidas antes do incio do trabalho de campo.

    Entre 1988 e 1990, uma equipe de pesquisadores da Universidade Paris 8,na Frana, realizou uma investigao que tinha como objeto de estudo as formasde aprendizagem e de organizao de uma categoria profissional denominadaLesRalisateurs1, que, naquele contexto, composta por diferentes setores cujasatividades esto relacionadas a produtos audiovisuais cinema, televiso, vdeo,publicidade, filmes institucionais, filmes e vdeos educativos, documentrios entreoutras.

    1. Essa pesquisa no foi publicada at o presente momento em razo de divergncias surgidas

    entre os financiadores ao final de sua elaborao. O acesso a cpias somente permitido na

    Biblioteca do Centro Nacional de Cinematografia da Frana e foi l que obtive, do diretorgeral da biblioteca, o exemplar de que disponho. Em muitos momentos da pesquisa busquei

    referncias nos resultados obtidos naquela investigao, com os quais procurei estabelecer

    algum nvel de dilogo.

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    A primeira parte do relatrio dessa pesquisa fala, justamente da enorme difi-culdade encontrada pela equipe de delimitar seu universo de estudo e buscar umadefinio, mesmo que provisria, para um meio profissional resistente a qualquercategorizao genrica. Os pesquisadores assinalam que desde o comeo puderam

    perceber que, quando se trata de um setor ou grupo social cujas delimitaes somuito fluidas, a definio da base da enqueteconstitui-se um problema.

    Naquele caso, a soluo encontrada foi a de trabalhar com trs abordagensdiferentes uma genealgica: origem social do termo realizador; uma emprica:

    verificar, mediante a pesquisa qualitativa, como os realizadores se percebem e apartir de que categorias organizam o discurso sobre sua atividade profissional; eoutra, bibliogrfica: anlise de textos profissionais, da imprensa especializada e dedocumentos sindicais.

    Vencida essa etapa, a equipe considerou possvel traar um esboo da cate-goria profissional em questo, partindo para a elaborao de um cadastro com da-dos biogrficos dos sujeitos reconhecidos pelo meio como profissionais da rea.Esses dados foram obtidos por meio de cadastros de instituies ou entidades declasse e da realizao de entrevistas semi-estruturadas com representantes dessasinstituies. Com isso, organizou-se um banco de dados com referncias de todosos realizadores de audiovisual em atividade na Frana naquele momento. Do banco

    de dados foram selecionados os sujeitos que viriam a ser entrevistados por meio desurveys.

    A pesquisa sobre cineastas brasileiros tambm exigiu um mapeamento dapopulao em estudo e a adoo de critrios bem definidos para a seleo dosentrevistados. Nesse caso, optou-se pelo sistema de rede2, no qual se busca umego focal que disponha de informaes a respeito do segmento social em estu-do e que possa mapear o campo de investigao, decodificar suas regras,

    indicar pessoas com as quais se relaciona naquele meio e sugerir formas adequa-

    2. De acordo com Bott (1976), o conceito de rede tem sido usado com tantos fins que se

    tornou difcil adotar universalmente qualquer conjunto de definies ou mesmo alcanar o

    sentido para o qual demonstra maior utilidade. Portanto, adverte o autor, preciso esclare-

    cer, em cada estudo emprico, de que maneira e em que perspectiva pretende-se adot-lo.

    Nessa pesquisa, o conceito de rede tem como referncia a concepo adotada por Bott: a

    rede definida como todas ou algumas unidades sociais (indivduos ou grupos) com as quaisum indivduo particular ou um grupo est em contato (p. 299). Trata-se, aqui, de uma rede

    pessoal na qual existe um ego focal que est em contato direto ou indireto (atravs de seus

    inter-relacionamentos) com qualquer outra pessoa situada dentro da rede (p. 300-302).

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    das de abordagem. De um modo geral, as pessoas indicadas pelo ego sugeremque se procurem outras ou fazem referncia a sujeitos importantes no setor eassim se vai, sucessivamente, amealhando novos informantes. Essa uma alter-nativa muito utilizada em pesquisas qualitativas e se tem mostrado produtiva. Al-

    gum do meio, a partir do prprio ponto de vista, tem, relativamente, melhorescondies de fornecer informaes sobre esse meio do que algum que observa,inicialmente de fora.

    No meu caso, uma longa entrevista com um professor de cinema da Univer-sidade Federal Fluminense ajudou a esboar um mapa do grupo profissional emestudo e iniciar uma rede que viria permitir a incorporao progressiva de novossujeitos pesquisa. Vale dizer que esse professor veio a participar ainda de etapasposteriores da pesquisa, orientando eventualmente a seleo de entrevistados oumesmo contribuindo para a anlise da adequao de hipteses ad hocformuladasao longo da investigao.

    Contatos posteriores com o sindicato da categoria permitiriam a obtenode informaes mais precisas acerca de suas formas e instncias de organizao e dereconhecimento oficial. O sindicato dispunha, na ocasio, de um anurio relativa-mente atualizado, no qual constavam nomes e endereos de tcnicos da indstriacinematogrfica que exercem suas atividades nas regies Norte, Nordeste, Sudeste

    e Centro-Oeste, includas, a, algumas centenas de pessoasoficialmenteregistradascomo diretores de cinema.

    Um dicionrio de cineastas brasileiros, que tambm uma forma delegitimao (Miranda, 1990) tornou-se, igualmente, fonte de consulta, pois traziadados biogrficos e filmogrficos, incluindo participaes em festivais e premiaesde diretores de cinema socialmente reconhecidos, dados esses que viriam a ajudarna preparao das entrevistas. Desse modo, associando informaes advindas de

    diferentes fontes, foi possvel organizar um pequeno banco de dados, relativamentedetalhado, que passou a funcionar como base para a construo da populao dapesquisa.

    DELIMITAO DO UNIVERSO DE SUJEITOS A SEREM ENTREVISTADOS

    Numa metodologia de base qualitativa o nmero de sujeitos que viro acompor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser determinado a priori

    tudo depende da qualidade das informaes obtidas em cada depoimento, assimcomo da profundidade e do grau de recorrncia e divergncia destas informa-

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    es. Enquanto estiverem aparecendo dados originais ou pistas que possamindicar novas perspectivas investigao em curso as entrevistas precisam conti-nuar sendo feitas.

    medida que se colhem os depoimentos, vo sendo levantadas e organiza-

    das as informaes relativas ao objeto da investigao e, dependendo do volume eda qualidade delas, o material de anlise torna-se cada vez mais consistente e den-so. Quando j possvel identificar padres simblicos, prticas, sistemasclassificatrios, categorias de anlise da realidade e vises de mundo do universoem questo, e as recorrncias atingem o que se convencionou chamar de pontode saturao, d-se por finalizado o trabalho de campo, sabendo que se pode (edeve) voltar para esclarecimentos.

    No que diz respeito ao nmero de pessoas entrevistadas, o procedimentoque se tem mostrado mais adequado o de ir realizando entrevistas (a prtica

    tem indicado um mnimo de 20, mas isso varia em razo do objeto e do universode investigao), at que o material obtido permita uma anlise mais ou menosdensa das relaes estabelecidas naquele meio e a compreenso de significados,sistemas simblicos e de classificao, cdigos, prticas, valores, atitudes, idias esentimentos (Dauster, 1999, p. 2). Eventualmente necessrio um retorno aocampo para esclarecer dvidas, recolher documentos ou coletar novas informa-

    es sobre acontecimentos e circunstncias relevantes que foram pouco explora-dos nas entrevistas.

    Na pesquisa a que se refere este texto, o trabalho de campo foi interrom-pido quando se avaliou que com o material obtido seria possvel: 1) identificarpadres simblicos e prticas empregadas no universo estudado; 2) descrever eanalisar diferentes trajetrias profissionais e construir hipteses relativas ao pro-cesso de formao e de socializao profissional; 3) identificar valores, concep-

    es, idias, referenciais simblicos que organizam as relaes no interior dessemeio profissional, buscando compreender seus cdigos, o ethos3 profissional,mitos, rituais de consagrao e legitimao, diferentes vises de cinema e con-cepes de aprendizagem do ofcio e 4) configurar algum nvel de generalizaono que dizia respeito a essa categoria profissional, ao seu sistema de aprendiza-gem, regras de funcionamento, relao com o trabalho, rituais de ingresso e deconsagrao e assim por diante.

    3. Entendido como aspectos morais, estticos e valorativos de uma cultura determinada.

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    Para Dauster (idem), esse tipo de trabalho de campo tem como objetivocompreender as redes de significado a partir do ponto de vista do outro, operan-do com a lgica e no apenas com a sistematizao de suas categorias (p. 2) e nodeve ser interrompido enquanto essa lgica no puder ser, minimamente, com-

    preendida.

    SITUAO DE CONTATO

    As situaes nas quais se verificam os contatos entre pesquisador e sujeitosda pesquisa configuram-se como parte integrante do material de anlise. Registrar omodo como so estabelecidos esses contatos, a forma como o entrevistador recebido pelo entrevistado, o grau de disponibilidade para a concesso do depoi-

    mento4, o local em que concedido (casa, escritrio, espao pblico etc.), a postu-ra adotada durante a coleta do depoimento, gestos, sinais corporais e/ou mudanasde tom de voz etc., tudo fornece elementos significativos para a leitura/interpreta-o posterior daquele depoimento, bem como para a compreenso do universoinvestigado.

    Entrevistas realizadas em locais de trabalho, por exemplo, geralmente tra-zem problemas difceis de solucionar: situaes externas freqentemente as in-

    terrompem (um telefonema importante, uma deciso urgente, a secretria,recados etc.), fazendo com que o entrevistado perca o fio da meada e se vejaobrigado a retomar a narrativa de um outro ponto ou, at mesmo, a desistir de

    vez daquele assunto. Pessoas conversando e transitando por salas contguas, tele-fones tocando, a agenda aberta sobre a mesa a lembrar outros compromissos,enfim, a presena marcante dos sinais que caracterizam ambientes designadoscomo de trabalho costumam aguar a ansiedade com relao ao tempo dedurao do depoimento, interrompendo o livre fluxo de idias e precipitando ainterrupo do depoimento.

    Em geral esse tipo de entrevista flui muito mais tranqilamente quando reali-zada na residncia da pessoa entrevistada. Em ambiente domstico, privado, pare-ce haver mais liberdade para expresso das idias e menos preocupao com o

    tempo. Por essa razo, essas costumam ser entrevistas mais longas e, de modo

    4. Vale lembrar que, em se tratando de entrevistas de uma hora e meia a duas horas de dura-

    o, deve-se esperar um certo nvel de ansiedade por parte do entrevistado no que diz

    respeito ao tempo.

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    geral, mais densas e produtivas. Vale a pena sugerir, quando da solicitao da entre-vista, que o depoimento seja colhido na residncia de quem vai conced-lo.

    Outras formas de contato podem tambm integrar estratgias de investiga-o qualitativa como conversas informais em eventos dos quais participam pessoas

    ligadas ao universo investigado (desde que registradas de algum modo de prefe-rncia, no dirio de campo) e coleta de informaes adicionais, realizadas de formamais ou menos regular, por telefone e/ou por correio eletrnico. Nesse caso, trata-se de um material complementar pesquisa e, embora no se constitua foco centralda anlise, participa significativamente desta.

    A REALIZAO DE ENTREVISTAS

    Aprender a realizar entrevistas algo que depende fundamentalmente da ex-perincia no campo. Por mais que se saiba, hipoteticamente, aquilo que se est bus-cando, adquirir uma postura adequada realizao de entrevistas semi-estruturadas,encontrar a melhor maneira de formular as perguntas, ser capaz de avaliar o grau deinduo da resposta contido numa dada questo, ter algum controle das expressescorporais (evitando o mximo possvel gestos de aprovao, rejeio, desconfiana,dvida, entre outros), so competncias que s se constroem na reflexo suscitada

    pelas leituras e pelo exerccio de trabalhos dessa natureza.Entrevista trabalho, alerta Zaia Brando (2000), e como tal reclama uma

    ateno permanente do pesquisador aos seus objetivos, obrigando-o a colocar-seintensamente escuta do que dito, a refletir sobre a forma e contedo da fala doentrevistado (p. 8) alm, claro, dos tons, ritmos e expresses gestuais queacompanham ou mesmo substituem essa fala e isso exige tempo e esforo.

    medida que perguntas vo sendo feitas diversas vezes, para diferentes pes-soas, em circunstncias diversas, e passamos a ouvir nossa prpria voz nas grava-es realizadas que se torna possvel avaliar criticamente nosso prprio desempe-nho e ir corrigindo-o gradativamente. Elaborar roteiros de entrevistas e formularperguntas podem, inicialmente, parecer tarefas simples, mas, quando disso depen-de a realizao de uma pesquisa, no o .

    Em situaes de coleta de depoimentos orais, posturas mais formais do tiporespostas diretas a perguntas idem no costumam produzir bons resultados e,quando acontecem, poucas vezes resistem s primeiras interrogaes referentes a

    experincias de carter pessoal. Falar de gostos e interesses pessoais, da relaocom os pais, do ambiente familiar, da prpria infncia e juventude, dos amigos, deexperincias escolares, de um modo geral, deixa as pessoas mais livres para expres-

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    sarem idias, valores, crenas, significaes, expectativas de futuro, vises de mun-do e assim por diante. Essas situaes de contato exigem ateno redobrada porparte do pesquisador, pois ele corre o risco de ver a entrevista escapar-lhe comple-

    tamente das mos e perder-se dos objetivos da pesquisa, restringindo-se a divaga-

    es ou, mesmo, resvalando para uma espcie de troca de experincias mtuas,que compromete bastante a qualidade do trabalho.

    Livros e artigos relatando vivncias com entrevistas dessa modalidade e/oucoleta de depoimentos orais ou de histrias de vida so de grande valia, especial-mente para pesquisadores iniciantes. Esses trabalhos costumam trazer orientaesbsicas sobre formas de solicitar entrevistas, posturas a serem adotadas ou evitadasnessas circunstncias, erros mais comuns, elaborao de roteiros etc. Existem muitosmanuais sobre o assunto e, por mais que possam parecer simplificados, so teis naqualificao de pesquisadores ainda no experientes no uso dessa metodologia.

    O recurso a entrevistas semi-estruturadas como material emprico privilegia-do na pesquisa constitui uma opo terico-metodolgica que est no centro de

    vrios debates entre pesquisadores das cincias sociais. Em geral, a maior parte dasdiscusses trata de problemas ligados postura adotada pelo pesquisador em situa-es de contato, ao seu grau de familiaridade com o referencial terico-metodolgicoadotado e, sobretudo, leitura, interpretao e anlise do material recolhido

    (construdo) no trabalho de campo.Para Queiroz (1988), a entrevista semi-estruturada uma tcnica de coleta

    de dados que supe uma conversao continuada entre informante e pesquisadore que deve ser dirigida por este de acordo com seus objetivos. Desse modo, da

    vida do informante s interessa aquilo que vem se inserir diretamente no domnioda pesquisa. A autora considera que, por essa razo, existe uma distino ntidaentre narrador e pesquisador, pois ambos se envolvem na situao de entrevista

    movidos por interesses diferentes.Camargo (1984) concebe esse formato de entrevista menos como tcnicade pesquisa do que como opo metodolgica, pois implica uma teoria, e enfatizaas contribuies oferecidas nesse campo pela Antropologia e pela Histria. A seu

    ver, essas disciplinas, mais consensuais e homogneas que as demais, oferecemuma experincia comum ao procedimento, bem como um legado terico aceito,que devem ser tomados como referncia na perspectiva de acumulao de sabercientfico nesse campo.

    Durhan (1986) alerta para as muitas armadilhas embutidas no processo deidentificao subjetiva que se estabelece nesse tipo de coleta da dados, especial-

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    mente quando entrevistador e entrevistado compartilham um mesmo universo cul-tural. Nesses casos, adverte, corre-se sempre o risco de comear a explicar a rea-lidade pelas categorias nativas, ou seja, de passar a olhar a realidade exclusivamen-

    te pela tica do interlocutor.

    De acordo com Velho (1986), o risco existe sempre que um pesquisadorlida com indivduos prximos, s vezes conhecidos, com os quais compartilha preocu-paes, valores, gostos, concepes. No entanto, assinala que, quando se decide

    tomar sua prpria sociedade como objeto de pesquisa, preciso sempre ter emmente que sua subjetividade precisa ser incorporada ao processo de conhecimen-

    to desencadeado (p. 16), o que no significa abrir mo do compromisso com aobteno de um conhecimento mais ou menos objetivo, mas buscar as formas maisadequadas de lidar com o objeto de pesquisa.

    Esse autor sublinha que o uso de depoimentos colhidos nesse tipo de inves-tigao implica a produo de um texto no qual os recortes das falas, os indivduosprivilegiados, os temas destacados e tantas outras formas de interveno expressammenos as dvidas e opinies dos informantes que o posicionamento do pesquisa-dor-autor. A preocupao terica particular deste, referida formao e aos inte-resses prprios, estabelece o distanciamento necessrio para que seu discurso nun-ca se confunda com o de seus interlocutores5.

    Analisando a forma como foram colhidos os depoimentos que compem LaMisre du Monde, livro de Pierre Bourdieu sobre pessoas miserveis, NonnaMayer (1995) critica, exatamente, a ausncia desse distanciamento. Segundo a au-

    tora, a maior parte das entrevistas realizadas pela equipe dirigida por Bourdieu con-tradiz, de forma sistemtica, os princpios defendidos pelo prprio autor, em traba-lhos anteriores, quanto natureza do papel do socilogo como aquele que, dotadode um habituscientfico, capaz de reinserir o discurso do interlocutor no contex-

    to social e cultural do qual ele produto.Embora reconhea o papel inovador da equipe que desenvolveu esse traba-lho, bem como o valor da obra, a autora contesta a opo feita por Bourdieu de

    5. Tais consideraes levaram-me deciso de nunca fazer referncia, em artigos ou relatrios

    de pesquisa, aos nomes verdadeiros das pessoas que concedem os depoimentos. Entendo

    que ao recortar e editar as falas desses sujeitos, ao produzir dilogos fictcios entre pessoasque no se falaram, ao cruzar relatos orais e discursos acadmicos, produzo um texto de

    minha autoria e de minha inteira responsabilidade, embora tenha como fonte as falas das

    pessoas entrevistadas.

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    intensificar a proximidade social e cultural entre entrevistados e entrevistadores (queteriam sido incentivados, inclusive, a entrevistar amigos e parentes), reduzindo, por-tanto, o distanciamento. Essa postura, a seu ver, permitiu uma excessiva interfern-cia no discurso do interlocutor, assim como inverses no papel do socilogo que,

    ao se colocar atrs da voz do entrevistado, teria ficado reduzido a umcrivain public,a quem cabe apenas apresentar, sem tra-las, as mensagens que lhe so confiadas.

    As formas de colher, transcrever e interpretar relatos orais tm sido objetode severas crticas por parte da sociologia, no que diz respeito chamada garantiade confiabilidade. No entanto, alguns estudos vm mostrando a viabilidade de seestabelecerem critrios rigorosos para avaliao de confiabilidade de conclusesque se baseiam nesse procedimento de investigao. Em 1997, a revista Sociologypublicou estudo emprico no qual pesquisadores ingleses sugerem um procedimen-

    to a que denominam inter-rater reliabilitycomo um desses critrios.O que eles propem , basicamente, que os relatos gravados e transcritos,

    assim como os procedimentos utilizados para colh-los, sejam acessveis a diferen-tes pesquisadores que no participam da pesquisa em questo, para que cada umpossa fazer suas prpria interpretao do contedo dos relatos colhidos e, dessa

    forma, auxiliar na validao dos resultados apresentados (Armstrong et al., 1997).Nos limites impostos a trabalhos dessa natureza, procurar seguir o modelo

    ora proposto, entre outros, levando procedimentos, anlises, hipteses etc. ao co-nhecimento e crtica de outros pesquisadores, em momentos distintos da investiga-o, pode contribuir para a garantia de confiabilidade e legitimidade de resultados/interpretaes apresentados ao final da pesquisa. Anexar transcries completas departe das entrevistas ao corpo do relatrio de pesquisa, para que o leitor possa teracesso ao chamado material bruto e tirar suas concluses, tambm pode funcio-nar como estratgia a ser empreendida nessa mesma direo.

    PROBLEMAS MAIS FREQENTES COM O ROTEIRO DA ENTREVISTA

    De maneira geral, a realizao de entrevistas nos obriga a rever o roteiro.Uma das razes , por exemplo, quando o entrevistador sente necessidade deexplicar a pergunta ao entrevistado, ou seja, todas as vezes em que formulada, talpergunta suscita tantas dvidas que preciso reiterar sempre o que se quer, de fato,saber. Nesse caso, melhor retir-la do roteiro, pois, quando se tenta explicar

    demais, acaba-se dizendo, de um modo ou de outro, o que se espera que o outroresponda.

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    Algumas perguntas levam a divagaes interminveis e precisam ser repensa-das, sob pena de acrescentarem ao material bruto uma enorme quantidade deinformaes descartveis, que dificultaro, em muito, o processo analtico.

    H, ainda, a dificuldade de se obterem respostas condizentes com os objeti-

    vos traados para uma dada pergunta. Esse problema ocorreu no curso da investi-gao a que este trabalho faz referncia, no tocante questo relacionada aos filmesque teriam sido importantes na vida dos entrevistados. Formulada de maneira dire-

    ta: que filmes foram importantes na sua vida?, a pergunta suscitava respostas car-regadas de critrios formais de julgamento de obras cinematogrficas: eram impor-

    tantes os filmes designados como tal pelos cnones da crtica de cinema e/ou dacinefilia. Desse modo, a lista de filmes marcantes era praticamente a mesma em

    todas as entrevistas. No que a resposta fosse artificial; era profundamente verda-deiro que certos filmes tivessem sido, de fato, definitivos para a maioria daquelaspessoas.

    No entanto, eram outros os objetivos que levaram formulao daquelapergunta esperava-se no s identificar o sistema de referncia-padro daquelegrupo social, mas, principalmente, obter um material pessoal, mais subjetivo, quepermitisse levantar hipteses acerca de como so estabelecidas as relaes amo-rosas (afetivas) entre os espectadores e seus filmes preferidos, fora dos parmetros

    da racionalidade crtica de quem domina o assunto. Tencionava-se buscar um inven-trio de emoes mobilizadas por imagens flmicas, descrevendo marcas que essetipo de imagem deixa na memria.

    A discusso com outros pesquisadores possibilitou a identificao da nature-za do problema: era preciso tentar trazer tona reminiscncias de filmes sobre osquais no se tinha grandes expectativas antes de v-los, filmes que no tinham sidoobjeto de crtica, de premiaes ou coisas do tipo. Desejava-se resgatar lembranas

    de cenas ou seqncias vistas (vividas) na sala escura, em um momento da vida emque no havia, ainda, o crivo do conhecimento intelectual do cinema, esttica e/ou politicamente condicionado. E isso no seria conseguido com uma indagaodireta. Nesse ponto, a formulao de uma outra pergunta, alm da que j vinhasendo feita, possibilitou alcanar a meta traada.

    Muitos problemas podem ser identificados no roteiro das entrevistas quandoelas saem do papel (ou do computador) e ganham significado na interaoentrevistador/entrevistado. Por essa razo, este deve ser um instrumento flexvel paraorientar a conduo da entrevista e precisa ser periodicamente revisto para que sepossa avaliar se ainda atende os objetivos definidos para aquela investigao.

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    ANLISE DE DADOS QUALITATIVOS

    Mtodos qualitativos fornecem dados muito significativos e densos, mas, tam-bm, muito difceis de se analisarem. Sempre se l isso em textos sobre metodologiasde pesquisa em cincias sociais, entretanto s se tem idia da dimenso dessa afir-mao quando se est diante de seu prprio material de pesquisa e se sabe que preciso dar conta dele.

    De modo geral, ao final de um trabalho de campo relativamente extenso,pode-se ter em mos em torno de trinta entrevistas semi-estruturadas, de umahora e meia cada (cuja transcrio d, em mdia, vinte a vinte e cinco laudas);registros escritos de conversas no gravadas; eventuais mensagens trocadas porcorreio eletrnico; notas de campo; materiais audiovisuais; textos e/ou reportagens

    sobre o tema, publicados em jornais e revistas; notas biogrficas e, ainda, dados deoutras pesquisas sobre o mesmo tema ou temas afins.

    Esse material precisa ser organizado e categorizado segundo critrios relati-vamente flexveis e previamente definidos, de acordo com os objetivos da pesquisa. um trabalho rduo e, numa primeira etapa, mais braal do que propriamenteanaltico.

    Para ajudar na realizao de tarefas que envolvem essa etapa da anlise de

    dados coletados/construdos em pesquisas qualitativas, dispe-se de bons aplicativospara microcomputadores pessoais que facilitam bastante o trabalho. Esses aplicativoscriam um ambiente digital no qual se podem gerenciar e explorar diferentes docu-mentos (entrevistas, notas de campo, relatrios, tabelas e grficos importados deprogramas de anlise de dados quantitativos etc.), criar categorias, codificar textos,

    fazer cruzamentos, unies, intersees de cdigos j criados, armazenar idias, lem-bretes e notas sobre os dados, importar e exportar dados de e para outros progra-mas (editores de texto ou bancos de dados), alm de estabelecer padres de an-lise para a construo de hipteses, entre outros recursos.

    Esses programas podem ser utilizados na leitura/interpretao de materiaisadvindos de pesquisa do tipo etnogrfica (incluindo dirios de campo), de estudosde caso, de trabalhos com grupos focais, entre outras metodologias qualitativas, epossibilitam, inclusive, a construo de teorias a partir da combinao, confrontaoe teste de materiais codificados. Entre os mais amigveis, encontram-se o Folio

    Views e o NUD*IST.

    Registrado como Qualitative Solutions and Research, para Windows eMacintosh, NUD*IST foi criado por um casal de pesquisadores (ele, analista desistemas, ela, pesquisadora qualitativa) e desenvolvido em Melbourne, Austrlia.

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    Trata-se de um pacote destinado a auxiliar o usurio na anlise de dados no num-ricos e no estruturados, pela disponibilizao de recursos para sua codificao pormeio de um sistema de indexao de cdigos e/ou pesquisas de texto (encontrarpalavras, frases e expresses).

    Vencida a etapa de organizao/classificao do material coletado, cabe pro-ceder a um mergulho analtico profundo em textos densos e complexos, de modoa produzir interpretaes e explicaes que procurem dar conta, em alguma medi-da, do problema e das questes que motivaram a investigao. As muitas leituras domaterial de que se dispe, cruzando informaes aparentemente desconexas, in-

    terpretando respostas, notas e textos integrais que so codificados em caixas sim-blicas, categorias tericas ou nativas ajudam a classificar, com um certo grau deobjetividade, o que se depreende da leitura/interpretao daqueles diferentes tex-

    tos.Assim, fragmentos de discursos, imagens, trechos de entrevistas, expresses

    recorrentes e significativas, registros de prticas e de indicadores de sistemasclassificatrios constituem traos, elementos em torno dos quais construir-se-ohipteses e reflexes, sero levantadas dvidas ou reafirmadas convices. Aqui,como em todas as etapas de pesquisa, preciso ter olhar e sensibilidade armadospela teoria, operando com conceitos e constructos do referencial terico como se

    fossem um fio de Ariadne, que orienta a entrada no labirinto e a sada dele, consti-tudo pelos documentos gerados no trabalho de campo.

    Daqui para frente trata-se de produzir resultados e explicaes cujo graude abrangncia e generalizao depende do tipo de ponte que se possa construirentre o microuniverso investigado e universos sociais mais amplos.

    CONSIDERAES FINAIS

    Neste artigo procurou-se fazer uma apresentao sistemtica de formas cor-rentes de uso de certos procedimentos de pesquisa, sinalizando para as dificuldadese armadilhas mais comuns nessas circunstncias.

    Vale reafirmar que a confiabilidade e legitimidade de uma pesquisa empricarealizada nesse modelo dependem, fundamentalmente, da capacidade de o pesqui-sador articular teoria e empiria em torno de um objeto, questo ou problema depesquisa. Isso demanda esforo, leitura e experincia e implica incorporar refern-

    cias terico-metodolgicas de tal maneira que se tornem lentes a dirigir o olhar,ferramentas invisveis a captar sinais, recolher indcios, descrever prticas, atribuirsentido a gestos e palavras, entrelaando fontes tericas e materiais empricos como

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    quem tece uma teia de diferentes matizes. Tal , a meu ver, a aventura da pesquisacientfica.

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    LES RALISATEURS. Responsable: THONON, Marie. Chercheurs: BEC, Colette; BENARD,

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