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Este manual de gramática está pensado para aqueles que querem fazer uma primeira
abordagem à língua portuguesa, nomeadamente para um público de língua espanhola
com conhecimentos mínimos ou nulos de português. Tenta-se combinar o rigor com a
simplicidade, na forma de uma gramática de uso e consulta do português europeu
contemporâneo.
Xavier Frías Conde é docente de línguas galega e portuguesa na UNED. É especialista
em Linguística Iberorrománica, além de tradutor e escritor. X. F
rías
Con
de
Editorial
0000107GR01A01 GR
colecciónGrado
ISBN: 978-84-362-6900-0
9 788436 269000
00107
Compêndio de gramáticaportuguesa básicaXavier Frías Conde
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Compêndio degramática portuguesa
básica
Xavier Frías Conde
universidad naCional de eduCaCión a distanCia
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
Quedan rigurosamente prohibidas, sin la autorización escrita de los titulares del Copyright, bajo las sanciones establecidas en las leyes, la reproducción total o parcial de esta obra por cualquier medio o procedimiento, comprendidos la reprografíay el tratamiento informático, y la distribución de ejemplares de ella mediante alquiler o préstamos públicos.
© universidad nacional de educación a distancia madrid 2015
www.uned.es/publicaciones
© Xavier Frías Conde patricia Cunha França (correctora)
isbn electrónico: 978-84-362-6922-2
Edición digital: marzo de 2015
ÍndiCe
tema 1. Vogais e consoantes 1.1. Introdução às vogais 1.2. A metafonia 1.3. Vogais nasais 1.4. Acerca do sistema consonântico 1.5. Quadro geral das consoantes portuguesas 1.6. Valores das consoantes 1.7. Dígrafos
tema 2. a acentuação 2.1. Nota prévia2.2. Os acentos 2.3. Regras de acentuação
tema 3. os determinantes 3.1. Sobre o uso predicativo e atributivo3.2. O artigo definido 3.3. O artigo indefinido 3.4. O possessivo 3.5. Demonstrativo 3.6. Contrações dos determinantes
tema 4. a flexão nominal 4.1. Flexão do nome e do adjetivo português 4.2. Formação do feminino
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
4.3. Formação do plural4.4. Questões concernentes ao género4.5. Comparação dos adjetivos 4.6. Notas sobre a comparação 4.7. Comparação dos nomes 4.8. Quantificadores de adjetivos e advérbios4.9. Quantificadores de nomes
tema 5. Pronomes e clíticos 5.1. Pronomes pessoais e clíticos 5.2. Pronomes pessoais 5.3. Clíticos 5.4. Colocação dos clíticos 5.5. Alomorfes da terceira pessoa 5.6. Conjugação com um clítico de 3P 5.7. Tmese ou mesóclise 5.8. Os clíticos com formas não finitas 5.9. Conjugação pronominal
tema 6. numerais, quantificadores e interrogatiVos 6.1. Numerais ordinais 1-1.000.000 6.2. Numerais cardinais 1-10 6.3. Multiplicativos 6.4. Partitivos 6.5. Quantificadores 6.6. Interrogativos 6.7. Relatores
tema 7. a conjugação Verbal 7.1. Paradigma regular 7.2. Conjugação de um verbo com enclítico7.3. Paradigmas irregulares 7.4. As formas não pessoais
Xavier Frías Conde
7.5. Cúmulos verbais frequentes 7.6. Tempos compostos 7.7. Diátese (voz verbal)
tema 8. adVérbios e conectores 8.1. Lugar 8.2. Tempo8.3. Frequência8.4. Direção 8.5. Modo8.6. Causa 8.7. Alguns outros conectores
tema 9. o conjuntiVo
9.1. Introdução 9.2. Formas do presente de conjuntivo 9.3. Os temas de “perfeito” 9.4. Infinitivo conjugado e futuro de conjuntivo 9.5. Uso do futuro conjuntivo com conectores
tema 10. o infinitiVo conjugado 10.1. Da natureza do infinitivo conjugado10.2. Usos 10.3. Uso sem preposição 10.4. Uso com preposição
tema 11. as formas de tratamento 11.1. Introdução11.2. Tu 11.3. O João, a Maria 11.4. Você 11.5. Vocês 11.6. O senhor, a senhora
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
11.7. A gente
tema 12. negação, interrogação e outras questões anexas
12.1. Negação absoluta 12.2. Negação parcial 12.3. Mais construções negativas 12.4. Afirmação absoluta 12.5. Afirmação parcial12.6. Perguntas fechadas 12.7. Perguntas abertas
Tema 1Vogais e consoantes
1.1. Introdução às vogais
§1. as vogais portuguesas soam diferentes segundo sejam áto-nas ou tónicas.
as vogais tónicas são aquelas que têm o acento de intensi-dade, enquanto as vogais átonas são as que não têm tal acento.
Para isso, empregaremos um quadro onde faremos a dis-tinção entre vogais átonas e tónicas, além de finais, porque em muitos casos também a posição final introduz alguma novidade.
no quadro a seguir, o que vem entre aspas <o> é a letra es-crita, enquanto o que vem entre parênteses retos [o] é o som.
Primeiro mostramos as formas e depois explicamos o valor com exemplos.
Vogal Tónica Átona
<a> [a][ɐ]
[α]
<e> [ε][ǝ]
[e]
<i> [i][i][i]
<o>
[c]
[u][o]
<u> [u]
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§2. A vogal <a> distingue dois graus em posição tónica.
em muitos casos vem marcada essa diferença como <á> e <â> para aberto e fechado respetivamente.
Um caso muito concreto é a diferença que se estabelece entre
→ Cantamos (presente de indicativo) à → [kɐn’tamuʃ]→ Cantámos (pretérito perfeito de indicativo) à → [kɐn’tαmuʃ]
em posição átona fica muito relaxada.
§3. A vogal <e> tónica também distingue dois timbres, que ortograficamente podem ser marcados como <é> e <ê> para aberto e marcado respetivamente.
em posição final pode mesmo desaparecer na pronúncia, mas o normal é que se pronuncie muito levemente.
§4. A vogal <i> em posição tónica não apresenta qualquer problema.
em posição átona há casos em que a sua pronúncia está en-tre [e] e [i], que é marcada [i].
§5. A vogal <o> tónica também distingue dois timbres, que ortograficamente podem ser marcados como <ó> e <ô> para aberto e marcado respetivamente.
em posição final é sempre [u] e por norma tem também esta pronúncia em posição átona.
§6. A vogal <u> não tem problemas, porque sempre soa igual.
1.2. A metafonia
§7. em português, as vogais tónicas mudam o seu timbre de aberto para fechado pela influência da vogal final. este fenóme-no é conhecido como metafonia.
Xavier Frías Conde
a /–u/ final fecha um grau a vogal <o>, de tal maneira que o singular tem [o], e o plural tem [ɔ]. eis alguns exemplos:
▫ ovo > ovos▫ porto > portos▫ povo > povos▫ posto > postos▫ esforço > esforços▫ socorro > socorros▫ corno > cornos▫ osso > ossos▫ miolo > miolos▫ forno > fornos
1.3. Vogais nasais
§8. o português conta com vogais nasais. estas marcam-se com uma consoante nasal <m> ou <n>:
▫ falam▫ bem▫ embora
ou bem com o til nasal (~)
▫ amanhã▫ razão▫ órfão▫ condições
Para o uso do til nasal, veja-se a unidade 4. como se vê nos exemplos anteriores, as vogais nasais podem ser átonas ou tóni-cas. em quase todos os casos, a nasalidade envolve um ditongo:
▫ ém > [ãi]▫ am > [ãu]
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
1.4. Acerca do sistema consonântico
§9. o português possui um sistema consonântico muito rico. as consoantes podem mudar o seu som pela influência das con-soantes vizinhas.
Dão-se, portanto, processos de sonorização e ensurdeci-mento das mesmas.
§10. a sonorização produz-se quando uma consoante surda, como /s/, passa a ser pronunciada [z] pela influência doutras consoantes, como por exemplo:
– Os tempos [uʃ ˡtεmpuʃ]– Os dias [uʒ ˡdiɐʃ]
§11. o processo contrário, o ensurdecimento, tem lugar quando a consoante sonora passa a ser pronunciada como surda.
1.5. Quadro geral das consoantes portuguesas
§12. consoantes:
BilabialLabio-dental
Dentalalveolar
pós-alveolar
Palatal Velar Uvular
Nasal m n n
Plosivasur p t k
son b d g
Fricativasur f s ʃson v z ʒ u
Aproximante j w
Apr. lateral i
Tepa t
§13. a relação de consoantes surdas e sonoras é esta (vem em primeiro lugar a consoante sonora e a seguir a surda):
▫ /b/ ~ /p/▫ /g/ ~ /k/▫ /d/ ~ /t/▫ /f/ ~ /v/▫ /z/ ~ /s/▫ /ʒ / ~ / ʃ /
1.6. Valores das consoantes
§14. eis os valores fónicos
Consoante Valor Nota
<b> /b/
<c> /s/ Diante de /e/, /i/: centro, fácil.
/k/ Resto dos casos: casa, coisa, sacudir, escravo, técnica, etc.
<ç> /s/ só com <a>, <o> e <u>, mas nem em princípio nem fim de palavra: caça, aço, açúcar
<d> /d/
<f> /f/
<g> /ʒ/ Diante de /e/, /i/: gente, girafa.
/g/Resto dos casos: grande, ignorar, gaza, agulha, agoiro
<h> É muda sempre e só inicial
<j> /ʒ/ Já, jeito, jogo, etc.
<l> /l/ <m> /m/
<n> /n/
<p> /p/
<q> /k/ Veja-se <qu>
Xavier Frías Conde
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
<r> /ɾ/
Quando vai intervocálica, final ou com outra consoante: cara, zero, preço, cravar, lágrima, falar, etc.
/ʁ/ Inicial: roto, raio.
<s> /s/ Inicial ou após consoante: saber, absurdo, inserir. /z/ Intervocálico: coisa, casa. /ʃ / Implosiva e final: este, custar, dás.
<t> /t/ <v> /v/
<x>
/ʃ / Em: xarope, baixo, etc.
/s/ Em: máximo, próximo, etc.
/z/ Em: exército, executar, exemplo, etc.
/ks/ Em: anexar, perplexo, complexo, etc.
<z> /z/
Em todas as posições exceto final: zero, reduzir, etc.
/ʃ / Em posição final: dez, faz, capaz, etc.
§15. Observem-se estas séries:
▪ Com /s-/ inicial– sa, se-, si-, so-, su-
▪ Com /-s-/ media– ça-, -ce-, -ci-, -ço-, -çu-– ssa-, -sse-, -ssi-, -sso-, -ssu-
§16. As mudanças anteriores têm muita importância na hora de explicar o que acontece com os verbos no seu paradigma. Por um lado, encontra-se a alternância <ç>/<c> e por outro <c>/<qu> sempre para representar o mesmo som.
No primeiro caso encontra-se /s/ em conhecer: conheço, con-heça, etc., mas conhece. No segundo encontra-se ficar: fico, fica; mas fique.
Xavier Frías Conde
1.7. Dígrafos
§17. Algumas consoantes combinam-se para representarem um som. Eis os casos principais:
Consoante Valor Nota
<ch> /ʃ/ Chamar, fechar, chichi, etc.
<gu> /g/ Diante de <e> <i>: guerra, guitarra, bilingue, etc.
/gw/ Em certos casos como: aguentar.
<lh> /λ/ Falhar, trabalho, etc.
<nh> /ɲ/ Minha, rapazinho, desenho, etc.
<qu> /k/ Queijo, quilómetro, questão, etc.
/kw/ Quatro, quando, cinquenta, tranquilo, quota, etc.
<rr> /ʁ/ Só intervocálico: carro, barro, correia, etc.
<ss> /s/ Só intervocálico: assento, esse, associar, etc.
Tema 2a acentUaçÃo
2.1. Nota prévia
§18. o estudante não precisa dominar as regras completamen-te, particularmente no início. Você deve estar familiarizado com elas e ser capaz de escrever as palavras com a acentuação correta.
sempre que tiver dúvidas, consulte um dicionário.
Pode encontrar palavras com mais de um acento:▫ Órfão▫ Sótão▫ Pré-história
observe-se que em português são consideradas palavras pro-paroxítonas aquelas que noutras línguas como o espanhol nem sempre o são e, portanto, mudam as regras de acentuação:
▪ Pt: carícia, ténue, paciência, fragância, cópia, etc.▪ es: caricia, tenue, paciencia, fragancia, copia, etc.
2.2. Os acentos
§19. o português tem quatro tipos de acentos gráficos:
▫ á, é, í, ó, ú▫ à▫ ã, õ▫ â, ê, ô
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§20. Como se vê nos exemplos anteriores, não se usam todos os acentos com todas as vogais.
▪ O acento agudo marca vogais abertas (´).
▪ O acento circunflexo marca vogais fechadas (^).
▪ O acento grave marca uma contração (`), apenas em à (dacontração do artigo feminino e da preposição) e àquele,àquela, àqueles, àquelas, da contração da preposição com odemonstrativo.
▪ O til nasal marca uma vogal nasal (~), só em três ditongosnasais: irmão, mãe, razões.
2.3. Regras de acentuação
§21. Quadro resumo
Tipo de palavra Regra Exemplos
Proparoxítonas Sempre simpática, lúcido, sólido, cómodo
Paroxítonas
Se terminadas em: R, X, N, L, I, IS, UM, UNS, US, PS, Ã, ÃS, ÃO, ÃOS; ditongo oral, seguido ou não de S
fácil, táxi, ténis, hífen, álbum(ns), vírus, caráter, látex, bíceps, íman, órfãs, bênção, órfãos, cárie, árduos, pólen, éden
Oxítonas Se terminadas em: A, AS, E, ES, O, OS, EM, ENS
sofá, café, avô, avós, refém, parabéns
Monossílabos tônicos (são oxítonas também)
Terminados em A, AS, E, ES, O, OS
vá, pás, pé, mês, pó, pôs
Xavier Frías Conde
Í e Ú em palavras oxítonas e paroxítonas
Í e Ú levam acento se estiverem sozinhos na sílaba (hiato)
saída, saúde, miúdo, aí, Araújo, Esaú, Luís, Itaú, baús
Ditongos abertos em palavras paroxítonas
EI, OI ideia, colmeia, boia
Ditongos abertos em palavras oxítonas
ÉIS, ÉU(S), ÓI(S) papéis, herói, heróis, troféu, céu, mói (moer)
Verbos ter e vir Na terceira pessoa do plural do presente do indicativo
eles têm, eles vêm
Derivados de ter e vir (obter, manter, intervir)
Na terceira pessoa do singular leva acento agudo; na terceira pessoa do plural do presente levam circunflexo
ele obtém, detém, mantém; eles obtêm, detêm, mantêm
Acento diferencial Vale apenas para os verbos: PODER (diferença entre passado e presente.
– Ele não pôde ir ontem, mas pode irhoje.
PÔR (diferença com a preposição por):– Vamos por um caminho novo, então
vamos pôr casacos
TER e VIR e seus compostos (ver acima).
Tema 3os DeteRMinantes
3.1. Sobre o uso predicativo e atributivo
§22. É importante compreender qual a diferença entre estes dois usos porque tem uma grande importância nos paradigmas e repercussões na sintaxe.
É, portanto, muito importante fixar a atenção nestes dois usos de determinadas palavras funcionais, pois às vezes podem mudar a sua forma ou a sua tonicidade segundo sejam de um tipo ou do outro.
o uso atributivo é aquele em que uma palavra vai acompan-hada doutra da que depende. o caso mais comum é o adjetivo. Um adjetivo é atributivo quando acompanhar um nome:
– O velho cão é um companheiro fiel
Porém, quando for só, sem a companhia do nome, o adjetivo é predicativo:
– O cão é muito fiel
nem só acontece com os adjetivos. outros elementos podem funcionar também atributiva ou predicativamente. Por exem-plo, os quantificadores fazem essa distinção:
– Conheces algum bom restaurante por aqui? (=atributivo)– Não, não conheço nenhum (=predicativo)
Determinados elementos só admitem um uso predicativo, como certos interrogativos (quem, quando, como), alguns inde-finidos (ninguém, nada, alguém, algo).
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
– Quem te disse isso?– Não conheço ninguém aqui
no entanto, outros só admitem um uso só atributivo (os artigos definidos, mas não os indefinidos), alguns quantitativos (cada).
– A cada dia és mais parvo
o normal é que os quantitativos admitam ambos os usos, mas no uso predicativo podem tomar uma forma invariável dita neutra. observem-se os seguintes exemplos:
– Preciso de toda a informação que tiveres (=atributivo)– Preciso dessa informação, portanto recompila-a toda
(=predicativo)– Preciso dessa informação, quero saber tudo (=predicativo
neutro)
3.2. O artigo definido
§23. Paradigma:
Masculino Feminino Neutro
Singular o a o
Plural os as
§24. notas de uso:
o artigo definido usa-se em português de forma semelhante ao resto de línguas românicas, mas tem alguns usos específicos:
▪ com os nomes próprios:– A Maria e o João chegarão daqui a um bocadinho
▪ com os possessivos (em português europeu):– Os nossos amigos são muito simpáticos
Xavier Frías Conde
▪ Com os nomes dos países (tem uso restringido):– A França é um país bonito
§25. Em português, como no resto de línguas ibero-românicas, o artigo neutro tem um uso atributivo, que pode ser resumidocomo segue:
▪ Com um adjetivo adquirindo um valor nominal:– O engraçado da história foi o final– Não me fales do impossível– Dei-te tudo o meu
▪ Com um relator (pronome relativo) quando não houverantecedente:
– Diz-me o que pensas– O João gastou tudo o que tinha
3.3. O artigo indefinido
§26. O seu paradigma é como segue:
sing. plur.
masculino um uns
feminino uma umas
§27. As formas de plural (uns, umas) têm um valor de impre-cisão, ligeiramente diferente das formas de singular.
– Havia uns blocos de pedra diante da porta
De facto, pode ser suprimido em muitos casos:
– Havia blocos de pedra diante da porta
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
3.4. O possessivo
§28. o seu paradigma é como segue:
sing. plur.
masc. fem. masc. fem.
1PS meu minha meus minhas
2PS teu tua teus tuas
3PS seu sua seus suas
1PP nosso nossa nossos nossas
2PP vosso vossa vossos vossas
3PP seu sua seus suas
§29. os possessivos costumam ir acompanhados pelo artigo definido. Deste modo, o paradigma anterior deveria ser refeito com eles:
sing. plur.
masc. fem. masc. fem.
1PS o meu a minha os meus as minhas
2PS o teu a tua os teus as tuas
3PS o seu a sua os seus as suas
1PP o nosso a nossa os nossos as nossas
2PP o vosso a vossa os vossos as vossas
3PP o seu a sua os seus as suas
§30. tanto o artigo como o possessivo devem manter a con-cordância com o nome que acompanham:
– Os meus livros estão no quarto– Não me fales das tuas tragédias
Xavier Frías Conde
ao contrário doutras línguas românicas, o artigo, quando o possessivo acompanha nomes de parentesco direto, não é omitido:
– O meu pai é do Porto– Falei com a tua irmã
Mas sim é omitido com casa:
– O Pedro mora agora em minha casa
§31. os possessivos são também empregados predicativamente:
– Essas cartas são minhas
contudo, é bastante normal que o pronome vá acompanhado do artigo:
– Essas cartas são as minhas (as cartas já eram conhecidas)– Essas cartas são minhas (as cartas não eram conhecidas)
com verbos diferentes do copulativo, o artigo está normal-mente presente:
– Cada menino tem o seu– Já vimos os nossos
3.5. Demonstrativo
§32. eis o paradigma:
singular plural
masc. fem. neut. masc. fem.
I este esta isto estes estas
II esse essa isso esses essas
III aquele aquela aquilo aqueles aquelas
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§33. Os demonstrativos não podem combinar-se com os pos-sessivos:
– *Esse teu livro é uma maravilha (mas: esse livro teu…)
As formas neutras (isto, isso, aquilo) funcionam atributiva-mente, não acompanham nenhum nome.
– Isso é uma estupidez– Não tem muito sentido isto– Mostra-me aquilo, faz favor
3.6. Contrações dos determinantes
§34. Os determinantes podem contrair com as preposições e outras partículas. Estas são as combinações:
o a um uma este esse aquele
a ao à àquele
de do da dum duma deste desse daquele
em no na num numa neste nesse naquele
por pelo pela
A forma dum / duma pode aparecer sem contração: de um / de uma.
§35. Além disso, podem contrair também com alguns indefini-dos:
outro outra algum alguma
de doutro doutra dalgum dalguma
em noutro noutra nalgum nalguma
Tema 4a fLeXÃo noMinaL
4.1. Flexão do nome e do adjetivo português
o nome e o adjetivo português têm flexão de género (singular e plural) e de número (masculino e feminino). além disso, os adjetivos têm flexão comparativa (também os advérbios).
os nomes e os advérbios partilham muitos elementos flexi-vos. É por isso que são estudados juntos. além disso, um adjeti-vo usado predicativamente funciona como um nome.
4.2. Formação do feminino
§37. a marca típica do feminino é a vogal –a, mas não sempre é assim.
§38. as regras a aplicar são as seguintes:
▪ Depois de consoante: + /-a/:– doutor > doutora– sabedor > sabedora– português > portuguesa (foneticamente /s/ > /z/)– juiz > juíza (foneticamente /s/ > /z/)
▪ no entanto, há exceções, pois nomeadamente para pro-fissões não há mudanças:
– o coronel > a coronel
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§39. Quando o lexema acaba em <–ão>, podem dar-se dois casos:
▪ que haja uma simplificação da terminação: -ão > -ã– alemão > alemã– aldeão > aldeã– afegão > afegã– irmão > irmã– chão > chã– campeão > campeã
▪ que haja uma mudança completa de terminação (poucoscasos): -ão > -oa
– leão > leoa– anfitrião > anfitriã
mas
– ladrão > ladra
§40. A terminação –im é invariável:
– ruim
São irregulares:
– bom > boa– mau > má
§41. Na maioria dos casos, mudam-se as vogais –e e –o em –a:
– mestre > mestra– chefe > chefa– caro > cara– alto > alta
§42. Por norma, os adjetivos rematados em –e ficam invariáveis:
– importante– grande…
Xavier Frías Conde
§43. Os acabados em –eu > – eia:
– europeu > europeia– ateu > ateia
§44. Igualmente são invariáveis os adjetivos acabados em –vel, e em geral em /l/:
– responsável, possível, fácil
§45. O feminino de avô é avó
§46. O feminino de cru e nu é crua e nua respetivamente.
§47. E muitos casos em –a (trata-se de lexemas que podem ser tanto nomes como adjetivos) são também invariáveis:
– artista– socialista…
§48. Existem casos em que -a formação do feminino se realiza quer por variações nas terminações do lexema masculino, quer pela introdução dum lexema completamente diferente.
§49. Alguns dos casos de mudança da terminação são:
– rei > rainha– duque > duquesa (e com –e(s)sa encontramos: tigre >
tigresa, príncipe > princesa, conde > condessa…)– galo > galinha
§50. Alguns dos que apresentam mudança de lexema:
– home > mulher– touro > vaca– carneiro > ovelha– cão > cadela
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4.3. Formação do plural
§51. A marca de plural é –s.
§52. Quando a palavra acaba em vogal, simplesmente adicio-na-se –s:
– casa > casas– louco > loucos– sofá > sofás…
§53. Quando a palavra acaba em consoante que não seja –m ou –l, geralmente toma-se o alomorfe –es:
– hambúrguer > hambúrgueres– francês > franceses– rapaz > rapazes
§54. Quando acaba em –m, torna-se –ns como no caso das vo-gais:
– homem> homens– garçom> garçons– bem > bens– comum > comuns
§55. Quando o lexema acaba em –l, há dois casos, a depender se a sílaba final é tónica ou átona:
1. Com sílaba tónica, toma-se a terminação –is:– animal > animais– papel > papeis– fuzil > fuzis– espanhol > espanhóis– azul > azuis
Xavier Frías Conde
2. Com sílaba átona, toma –eis:– fácil > fáceis– possível > possíveis– difícil > difíceis– túnel > túneis…
3. Os monossílabos funcionam como 1:– tal > tais– qual > quais– sal > sais
Há algum caso especial de falta de desinência no plural:
– lápis é invariável em singular e plural
4.4. Questões concernentes ao género
§56. A seguir, oferecemos uma série de nomes que apresentam complicações á hora de lhes ser assinado o seu género no con-fronto com outras línguas românicas.
▪ são masculinos os seguintes nomes: costume, leite, sangue,labor, vale, calor, mel, sal, calor, etc.
▪ são femininos os seguintes nomes: síndrome, origem, dor,cor, ponte, etc.
§57. Também são femininas as palavras acabadas em
▪ –agem:– roupagem– friagem– viagem– personagem– garagem, etc.
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
▪ –se /–te de origem grega:– análise– tese– parêntese– paralise– mastite etc.
4.5. Comparação dos adjetivos
§58. A estrutura comparativa representa-se assim:
Inferioridade
COMP + ADJ QUE
Igualdade
COMP = ADJ QUE
Superioridade
COMP - ADJ QUE
§59. Eis uns exemplos:
▪ Inferioridade:– A Alice é menos rápida (do) que a Clara
▪ Igualdade– A Alice é tão rápida como a Clara
Xavier Frías Conde
▪ superioridade– A Alice é mais rápida (do) que a Clara
4.6. Notas sobre a comparação
§60. a comparação de advérbios é igual à comparação de adje-tivos, com a diferença de que os advérbios são invariáveis:
– O João fala mais depressa que o Pedro– O João fala tão depressa como o Pedro– O João fala menos depressa que o Pedro
§61. nas comparativas onde houver verbos na última parte, usar-se-á obrigatoriamente do que:
– Sabes menos do que reconheces– Correm mais depressa do que parece– Vocês têm menos amigos do que dizem
4.7. Comparação dos nomes
inferioridade
coMP + noM QUE
igualdade
coMP = noM QUE
superioridade
coMP - noM QUE
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§62. Uns exemplos:
▪ inferioridade:– A Alice tem menos dinheiro que a Clara
▪ igualdade– A Alice tem tanto dinheiro como a Clara
▪ superioridade– A Alice tem mais dinheiro que a Clara
4.8. Quantificadores de adjetivos e advérbios
§63. o quantificador mais comum é muito
▪ com adjetivos:– As pessoas são muito amáveis por aqui
▪ com advérbios:– Hoje vocês chegaram muito cedo
§64. também são normais (com um valor igual ou equivalente a muito):
▪ Bem:– A piada foi bem engraçada– Hoje chegaram bem cedo
▪ Demais, que sempre vai posposto.– Chegou tarde demais– Era rico demais
§65. Para indicar excesso:
▪ Demasiado– Es demasiado ingênuo
▪ Demais, também posposto– É uma pessoa simples demais
Xavier Frías Conde
§66. Para indicar falta
▪ Um pouco: com equivalentes como um bocadinho– Este home é um pouco avaro, não é?
§67. Para indicar escassez
▪ Pouco:– Este autocarro é pouco rápido
4.9. Quantificadores de nomes
§68. De grande quantidade:
▪ Muito,-a,-os,-as– Hoje tenho muitas coisas na cabeça
▪ Bastante– Ontem trouxeram-me bastante comida para toda a semana
§69. De excesso:
▪ Demasiado– Aconteceram-me demasiadas coisas hoje
▪ Demais (invariável e posposto)– Quando saí de casa tinha dinheiro demais, mas agora não
tenho nada
§70. De falta:
▪ Pouco– Tenho pouco tempo hoje
§71. Com valor partitivo
▪ Um pouco / bocadinho de, algo de– Queres um pouco de torta?
Tema 5PRonoMes e cLÍticos
5.1. Pronomes pessoais e clíticos
§72. as gramáticas tradicionais consideram os clíticos as for-mas átonas dos pronomes pessoais. Porém, nós aqui estuda-mo-los como um elemento diferente.
5.2. Pronomes pessoais
§73. o paradigma dos pronomes pessoais portugueses:
Forma sujeito Forma objeto
1PS eu mim
2PS tu ti
3 PSM ele
3PSF ela
3PS cort. você
1PP nós
2PP vós
3PPM eles
3PPF elas
3PP cort. vocês
§74. Quando vai precedido da preposição com, as formas nós e vós resultam: connosco e convosco.
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§75. o quadro anterior responde a uma realidade antiga do idioma. no português atual, a forma vós já não se usa fora de textos clássicos e dialetalmente em Portugal. De facto, na conju-gação verbal as formas com vós foram substituídas pelas formas com vocês:
– vós falais > vocês falam
§76. Portanto, o quadro anterior, fica assim no português de Portugal:
Forma sujeito Forma objeto1PS eu mim2PS tu ti
3 PSM ele3PSF ela
3PS cort. você si1PP nós2PP vocês vós/vocês
3PPM eles3PPF elas
3PP cort. vocês
§77. a forma objeto vós conserva-se, mas pode ser trocada por vocês em todos os casos. com a preposição com resulta convos-co ou com vocês.
§78. Para você a forma com preposição é consigo.
§79. as formas de sujeito são geralmente omitidas, como no resto das línguas ibero-românicas.
– Falei com ele (→ eu)– Temos sorte (→ nós)
Xavier Frías Conde
as formas de objeto são usadas sempre com uma preposição, portanto, quando não são sujeito.
5.3. Clíticos
§80. Paradigma
Acusativo Reflexivo Dativo
1PS me
2PS te
3PSM o/lo/no se lhe
3PSF a/la/na se lhe
1PP nos
2PP vos
3PPM os/los/nos se lhes
3PPF as/las/nas se lhes
§81. os clíticos contraem-se segundo este quadro:
o a os as
me mo ma mos mas
te to ta tos tas
lhe lho lha lhos lhas
nos no-lo no-la no-los no-las
vos vo-lo vo-la vo-los vo-las
lhes lho lha lhos lhas
§82. a contração de clíticos responde ao encontro dum clítico de objeto direto com outro de objeto indireto:
– A Maria deu ao Luis um livro → A Maria deu-lho
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
5.4. Colocação dos clíticos
§83. A posição natural dos clíticos é a ênclise (detrás do verbo) em português europeu:
– Vi-te na praia– Vou-te explicar isso (também: vou explicar-te isso)
§84. Para os efeitos da acentuação, o clítico não funciona coma uma parte do verbo:
– Entendo, e também entendo-o
§85. Porém a próclise (diante do verbo) produz-se em determi-nadas circunstâncias:
▪ Com as formas negativas introduzidas por não, nunca,nem:
– Não o sei bem– Nunca mo apresentaram– Nem no-lo menciones
▪ Com certos advérbios como só (com valor enfático), já,também, talvez, oxalá, sim, etc.
– Já vos espero na esquina– Só me disse isso– Os meninos também se divertem assim– As pessoas sim o acreditam
▪ Em todas as cláusulas dependentes introduzidas com umaconjunção (que, como, se, enquanto, porque, etc.).
– Disse que me esperava na estação– Enquanto nos esperavas, podias ler o jornal– Explicou-nos como lhe roubaram a carteira
Xavier Frías Conde
5.5. Alomorfes da terceira pessoa
§86. os pronomes de objeto direto da 3P apresentam três for-mas: o/a, -no/na, -lo/la (com os seus plurais). cada uma delas responde a um contexto fónico distinto.
▪ o/a é usado como proclítico e como enclítico trás vogal(com ou sem ditongo).
– Não o sei– Entendo-a– Explicou-o bem claro– Observei-as toda a tarde
▪ no/na é sempre enclítico depois dum ditongo e de nasal:– Conhecem-nos bem (conhecem a eles, coincide com
conhecem-nos bem, conhecem a nós)
▪ lo/la é usado depois de /r/ ou /s/, que desaparecem;– Entender o > entendê-lo– O português falas o bem > O português fala-lo bem– Faz o devagar > Fá-lo devagar
5.6. Conjugação com um clítico de 3P
§87. À vista do esquema anterior, a conjugação resultaria:
Pres. Ind. Pret. imp. Pret. perf. Fut.
canto-o cantava-o cantei-o cantá-lo-ei
canta-lo cantava-lo cantaste-o cantá-lo-ás
canta-o cantava-o cantou-o cantá-lo-á
cantamo-lo cantávamo-lo cantámo-lo cantá-lo-emos
cantam-no cantavam-no cantaram-no cantá-lo-ão
— suprimimos a 2PP por não pertencer à língua padrão.
— a conjugação do futuro corresponde à tmese ou mesóclise.
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
5.7. Tmese ou mesóclise
§88. É uma característica exclusiva do português. consiste em inserir o pronome átono (clítico) entre a raiz do verbo e a desinência em dois tempos verbais: futuro e condicional.
§89. em vez de ser usada a ênclise, usa-se a tmese:
– Falar-te-ia daqueles eventos, mas já é tarde → Não tefalaria...
– Ver-nos-emos mais tarde → Não nos veremos
nos exemplos anteriores observa-se como quando se deve utilizar a próclise, esta funciona normalmente também com estes tempos.
a tmese ou mesóclise é própria do português escrito; no por-tuguês falado usam-se perífrases:
→ Vou ver-te depois em vez ver-te-ei depois
5.8. Os clíticos com formas não finitas
§90. em português, o clítico geralmente vai depois do infinitivo ou o gerúndio:
– Ver-te assim é uma coisa terrível– Dizendo-me as coisas assim, não te entendo
Porém, o infinitivo ou o gerúndio aceitam a ênclise em vários casos:
▪ com uma preposição– Já são horas de te visitar (ou … de visitar-te)– Ao me dizeres isto, já não te acredito (ou ao dizeres-me
isto…)
Xavier Frías Conde
▪ com uma negação– É melhor não o entenderes (ou: … não entendere-lo)
▪ com uma conjunção– Tens que no-lo explicar mais devagar (ou … que expli-
car-no-lo…)
5.9. Conjugação pronominal
§91. eis o paradigma de um verbo pronominal conjugado em ênclise:
chamar-se
chamo-me
chamas-te
chama-se
chamamo-nos
chamais-vos
chamam-se
§92. observe-se como a 1PP perde o seu /s/ quando se une com o clítico nos:
– chamamos nos > chamamo-nos
Tema 6nUMeRais, QUantificaDoRes
e inteRRogatiVos
§93. os quantificadores fazem referência sempre a quantida-des, com maior ou menor precisão, em sentido afirmativo ou negativo. são uma ampla classe de acompanhantes do nome que também funcionam atributiva e predicativamente.
os numerais, no entanto, são muito mais precisos quanto à quantidade, atendendo, aliás, para divisões, ordens, etc.
6.1. Numerais ordinais 1-1.000.000
§94. esta é a lista destes numerais até o 1.000.000. observe-se que os dois primeiros admitem formas duplas de singular e plural:
1. um, uma2. dois, duas3. três4. quatro5. cinco6. seis7. sete8. oito9. nove
10. dez11. onze12. doze13. treze
14. catorze15. quinze16. dezesseis17. dezessete18. dezoito19. dezenove20. vinte21. vinte e um/uma22. vinte e dois/duas23. vinte e três30. trinta31. trinta e um/uma40. quarenta
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
50. cinquenta60. sessenta70. setenta80. oitenta90. noventa99. noventa e nove100. cem200. duzentos / duzentas300. trezentos/as400. quatrocentos/as500. quinhentos/as
600. seiscentos/as700. setecentos/as800. oitocentos/as900. novecentos/as998. novecentos noventa e oito999. novecentos noventa e
nove1000. mil10.000. dez mil100.000. cem mil1.000.000. um milhão
6.2. Numerais cardinais 1-10
§95. Damos apenas a lista dos 10 primeiros:
1. Primeiro/a2. Segundo/a3. Terceiro/a4. Quarto/a5. Quinto/a
6. Sexto/a7. Sétimo/a8. Oitavo/a9. Nono/a
10. Décimo/a
6.3. Multiplicativos
§96. entre os principais figuram:
Duplo/aTriplo/aQuádruplo/aQuíntuplo/aSêxtuplo/aSétuplo/aÓctuplo/a, etc.
Xavier Frías Conde
6.4. Partitivos
§97. entre os principais figuram:
Meio/a Terço/aQuarto/aQuinto, etc.
como se vê, a partir do quarto coincide na sua forma com os ordinais.
6.5. Quantificadores
§98. os quantificadores podem ter tanto um valor atributivo (acompanham um nome) ou predicativo (vão sós) na maioria dos casos, mas existem alguns que são só predicativos (mesmo advérbios) e outros que são tanto atributivos quanto predicativos.
os primeiros são invariáveis e os segundos são variáveis:
Forma atributivo predicativo
Algo, alguma coisa – +
Alguém – +
Algum, alguma, alguns, algumas + +
Ambos,-as + +
Cada + –
Qualquer + –
Qualquer um/uma – +
Certo, -a, -os, -as + –
Demais + –
Demasiado,-a,-os,-as + +
Muito,-a,-os,-as + +
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
Nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas + +
Ninguém – +
Os demais, as demais + +
Outro, -a,-os,-as + +
Tal, tais + –
Tanto, -a, -os, -as + +
Todo,-a,-os,-as + +
Uns quantos, umas quantas + +
Vários,-as + +
§99. Convém fazer certas especificações sobre eles:
(1) Há vários deles que só se usam em plural: vários / as; uns quantos / umas quantas; ambos / as.
(2) Demais: é invariável e vem posposto:→ Tenho amigos demais
(3) Ambos: quando se usa como determinante vai sempre seguido do artigo definido; porém, quando é pronome, não.→ Ambas as irmãs frequentaram a mesma escola
(4) Qualquer: usa-se só em singular:→ Qualquer pessoa que diga isso está a mentir
(5) Nenhum pode ser substituído por qualquer com valor negativo.
6.6. Interrogativos
§100. Como acontece com os quantificadores e os determinan-tes, os interrogativos podem ter um uso atributivo ou predicati-vo. A seguir veremos as peculiaridades dalguns deles.
Xavier Frías Conde
as suas formas são:
MSG FSG MPL FPL
quem
que
onde
como
quando
quanto quanta quantos quantas
qual quais
§101. Quanto ao uso de alguns deles, cumpre assinalar:
▪ Quem: não tem forma plural.– Quem estragou esse copo?
▪ Que: pode-se combinar com preposições: por que, com que,de que, para que, etc.
– Por que estás triste?– De que te queixas?
▪ Qual: tende-se a usar com a omissão do verbo ser no pre-sente indicativo:
– Quais os vossos sapatos?
6.7. Relatores
§102. os relatores são os pronomes que introduzem as cláu-sulas de relativo, aos quais é preciso adicionar cujo/a. as suas formas coincidem com as dos interrogativos, vistas acima.
§103. o relator principal é que, que pode ir complementadocom preposições:
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
– O homem que lê o jornal é o João– Não reconheci a mulher que vinha pelo outro passeio– Já me lembro desses amigos teus com que vives– A casa em que/ onde vivem os meus sogros é muito antiga
§104. O mesmo valor tem o qual, a qual, os quais, as quais,que é um bocadinho mais formal:
– O homem para o qual trabalham é um tirano– Entreguei-o ao homem com o qual estivemos ontem
§105. Quem como relator usa-se só quando faz referência a umser humano, de frequência precedido de preposição:
– O homem para quem/o qual trabalhas é o meu vizinho
§106. Existe uma forma sintaticamente neutra o que equivalen-te ao espanhol lo que, francês ce que ou inglês what:
– Não me interessa o que fazes– Não gosto do que estás a dizer
§107. Cujo/-a têm valor genitivo, próprio de uma linguagemculta:
– A mãe, cujo filho foi sequestrado, está a falar pela rádionesta altura
Tema 7A conjugAção verbAl
7.1. Paradigma regular
§108. vamos apresentá-lo sem a 2PP.
I. falar II. comer III. partirindicAtivo
Presentefalofalasfala
falamosfalam
comocomescome
comemoscomem
partopartesparte
partimospartem
Pret. imp.falavafalavasfalava
falávamosfalavam
comia comiascomia
comíamoscomiam
partiapartiaspartia
partíamospartiam
Pretéritofalei
falastefalou
falamosfalaram
comicomestecomeu
comemoscomeram
partipartistepartiu
partimospartiram
Mais-que-perfeitofalarafalarasfalarafaláramosfalaram
comeracomerascomeracomêramoscomeram
partirapartiraspartirapartíramospartiram
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
Futurofalareifalarásfalaráfalaremosfalarão
comereicomeráscomerácomeremoscomerão
partireipartiráspartirápartiremospartirão
condicionalfalariafalariasfalariafalaríamosfalariam
comeriacomeriascomeriacomeríamoscomeriam
partiriapartiriaspartiriapartiríamospartiriam
conjuntivoPresente
falefalesfalefalemosfalem
comacomascomacomamoscomam
partapartaspartapartamospartam
Pret. imp.falassefalassesfalassefalássemosfalassem
comessecomessescomessecomêssemoscomessem
partissepartissespartissepartíssemospartissem
Futurofalarfalaresfalarfalarmosfalarem
comercomerescomercomermoscomerem
partirpartirespartirpartirmospartirem
iMPerAtivofala
falem come
comam parte
partam
Xavier Frías Conde
ForMAS noMinAiSinfinitivo
falar comer partir
gerúndio
falando comendo partindo
Particípio
falado comido partido
infinitivo conjugadofalar
falaresfalar
falarmosfalarem
comercomerescomer
comermoscomerem
partirpartirespartir
partirmospartirem
7.2. Conjugação de um verbo com enclítico
§109.falo-ofala-lofala-ofalamo-lofalam-no
falei-ofalaste-ofalou-ofalámo-lofalaram-no
7.3. Paradigmas irregulares
§110. A seguir, mostramos as tabelas verbais dos principais ver-bos irregulares portugueses. nalguns casos as irregularidades afetam a maioria do paradigma, enquanto que noutros mal afeta a 1PS do singular e portanto o presente de conjuntivo. nalgum outro caso só é irregular o particípio passivo.
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§111. o mais-que-perfeito aparece nos quadros como um tem-po simples, mas no português falado já não se encontra assim. de facto, é substituído pela forma composta tinha + particípio:
falara > tinha faladofalaras > tinhas faladofalara > tinha falado, etc.
§112. CaberindicAtivo
inF. PeSSoAlPresente Futuro condicional
caibocabescabecabemoscabem
cabereicaberáscaberácaberemoscaberão
caberiacaberiascaberiacaberíamoscaberiam
cabercaberescabercabermoscaberem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
coubecoubestecoubecoubemoscouberam
cabiacabiascabiacabíamoscabiam
couberacouberacouberacoubéramoscouberam
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
caibacaibascaibacaibamoscaibam
coubessecoubessescoubessecoubéssemoscoubessem
coubercouberescoubercoubermoscouberem
cabecaibacaibamoscaibam
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
caber cabendo cabido
§113. Cair e outros em -air
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
caiocaiscaicaímoscaem
caireicairáscairácairemoscairão
cairiacairiascairiacairíamoscairiam
caircaírescaircairmoscaírem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
caícaístecaiucaímoscaíram
caiacaiascaiacaíamoscaíam
cairácairáscairácaíramoscaíram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
caiacaiascaiacaiamoscaiam
caíssecaíssescaíssecaíssemoscaíssem
caircaírescaircairmoscaírem
caicaiacaiamoscaiam
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
cair caindo caído
Xavier Frías Conde
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§114. Dar
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
doudásdádamosdão
dareidarásdarádaremosdarão
dariadariasdariadaríamosdariam
dardaresdardarmosdarem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
deidestedeudemosderam
davadavasdavadávamosdavam
deraderasderadéramosderam
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
dêdêsdêdemosdeem
dessedessesdessedéssemosdessem
derderesderdermosderem
dádêdemosdeem
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
dar dando dado
Xavier Frías Conde
§115. Doer
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
dóidoem
doerádoerão
doeriadoeriam
doerdoerem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
doeudoeram
doíadoíam
doeradoeram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
doíadoíam
doessedoessem
doerdoerem
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
doer doendo doído
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§116. Destruir e outros verbos em -uir
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
destruodestróisdestróidestruímosdestroem
destruireidestruirásdestruirádestruiremosdestruirão
destruiriadestruiriasdestruiriadestruiríamosdestruiriam
destruirdestruíresdestruirdestruirmosdestruírem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
destruídestruístedestruiudestruímosdestruíram
destruíadestruíasdestruíadestruíamosdestruíam
destruíradestruírasdestruíradestruíramosdestruíram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
destruadestruasdestruadestruamosdestruam
destruíssedestruíssesdestruíssedestruíssemosdestruíssem
destruirdestruíresdestruirdestruirmosdestruírem
destróidestruadestruamosdestruam
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
destruir destruindo destruído
Xavier Frías Conde
§117. Dizer
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
digodizesdizdizemosdizem
direidirásdirádiremosdirão
diriadiriasdiriadiríamosdiriam
dizerdizeresdizerdizermosdizerem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
dissedissestedissedissemosdisseram
diziadiziasdiziadizíamosdiziam
disseradisserasdisseradisséramosdisseram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
digadigasdigadigamosdigam
dissessedissessesdissessedisséssemosdissessem
disserdisseresdisserdissermosdisserem
dizdigadigamosdigam
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
dizer dizendo dito
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§118. Dormir, e como ele acudir, sacudir, cobrir, etc
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
durmodormesdormedormimosdormem
dormireidormirásdormirádormiremosdormirão
dormiriadormiriasdormiriadormiríamosdormiriam
dormirdormiresdormirdormirmosdormirem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
dormidormistedormiudormimosdormiram
dormiadormiasdormiadormíamosdormiam
dormiradormirasdormiradormíramosdormiram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
durmadurmasdurmadurmamosdurmam
dormissedormissedormissesdormíssemosdormissem
dormireidormirásdormirádormiremosdormirão
dormedurmadurmamosdurmam
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
dormir dormindo dormido
Xavier Frías Conde
§119. Estar
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
estouestásestáestamosestão
estareiestarásestaráestaremosestarão
estariaestariasestariaestaríamosestariam
estarestaresestarestarmosestarem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
estiveestivesteesteveestivemosestiveram
estavaestavasestavaestávamosestavam
estiveraestiverasestiveraestivéramosestiveram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
estejaestejasestejaestejamosestejam
estivesseestivessesestivesseestivéssemosestivessem
estiverestiveresestiverestivermosestiverem
estáestejaestejamosestejam
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
estar estando estado
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§120. Fazer
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
façofazesfazfazemosfazem
fareifarásfaráfaremosfarão
fariafariasfariafaríamosfariam
fazerfazeresfazerfazermosfazerem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
fizfizestefezfizemosfizeram
faziafaziasfaziafazíamosfaziam
fizerafizerasfizerafizéramosfizeram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
façafaçasfaçafaçamosfaçam
fizessefizessesfizessefizéssemosfizessem
fizerfizeresfizerfizermosfizerem
fazfaçafaçamosfaçam
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
fazer fazendo feito
Xavier Frías Conde
§121. Haver
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
heihásháhavemoshão
havereihaveráshaveráhaveremoshaverão
haveriahaveriashaveriahaveríamoshaveriam
haverhavereshaverhavermoshaverem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
houvehouvestehouvehouvemoshouveram
haviahaviashaviahavíamoshaviam
houverahouverashouverahouvéramoshouveram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
hajahajashajahajamoshajam
houvessehouvesseshouvessehouvéssemoshouvessem
houverhouvereshouverhouvermoshouverem
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
haver havendo havido
A forma impessoal é sempre a da 3PS: há, haverá, haja, etc.
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§122. Ir
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
vouvaisvaivamosvão
ireiirásiráiremosirão
iriairiasiriairíamosiriam
iriresirirmosirem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
fuifostefoifomosforam
iaiasiaíamosiam
foraforasforafôramosforam
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
vávásvávamosvão
fossefossesfossefóssemosfossem
forforesforformosforem
vaivávamosvão
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
ir indo ido
Xavier Frías Conde
§123. Ler e como ele crer
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
leiolêslêslemosleem
lereilerásleráleremoslerão
lerialeriaslerialeríamosleriam
lerlereslerlermoslerem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
lilesteleulemosleram
lialiaslialíamosliam
leralerasleralêramosleram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
leialeiasleialeiamosleiam
lesselesseslesselêssemoslessem
lerlereslerlermoslerem
lêleialeiamosleiam
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
ler lendo lido
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§124. Moer e outros em -oer
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
moomóismoímoemosmoem
moereimoerásmoerámoeremosmoerão
moeriamoeriasmoeriamoeríamosmoeriam
moermoeresmoermoermosmoerem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
moímoestemoeumoemosmoeram
moíamoíasmoíamoíamosmoíam
moeramoerasmoeramoêramosmoeram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
moamoasmoamoamosmoam
moessemoessesmoessemoêssemosmoessem
moermoeresmoermoermosmoerem
móimoamoamosmoam
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
moer moendo moído
Xavier Frías Conde
§125. Nomear e como ele outros verbos em -ear
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
nomeionomeiasnomeianomeamosnomeiam
nomeareinomearásnomearánomearemosnomearão
nomearianomeariasnomearianomearíamosnomeariam
moermoeresmoermoermosmoerem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
nomeeinomeastenomeounomeámosnomearam
nomeavanomeavasnomeavanomeávamosnomeavam
nomearnomearesnomearnomearmosnomearem
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
nomeienomeiesnomeienomeemosnomeiem
nomeassenomeassesnomeassenomeássemosnomeassem
nomearnomearesnomearnomearmosnomearem
nomeianomeienomeemosnomeiem
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
nomear nomeando nomeado
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§126. Ouvir
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
ouçoouvesouveouvimosouvem
ouvireiouvirásouviráouviremosouvirão
ouviriaouviriasouviriaouviríamosouviriam
ouvirouviresouvirouvirmosouvirem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
ouviouvisteouviuouvimosouviram
ouviaouviasouviaouvíamosouviam
ouviraouvirasouviraouvíramosouviram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
ouçaouçasouçaouçamosouçam
ouvisseouvissesouvisseouvíssemosouvissem
ouvirouviresouvirouvirmosouvirem
oiouçaouçamosouçam
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
ouvir ouvindo ouvido
Xavier Frías Conde
§127. Pedir e como ele medir
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
peçopedespedepedimospedem
pedireipediráspedirápediremospedirão
pediriapediriaspediriapediríamospediriam
pedirpedirespedirpedirmospedirem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
pedipedistepediupedimospediram
pediapediaspediapedíamospediam
pedirapediraspedirapedíramospediram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
peçapeçaspeçapeçamospeçam
pedissepedissespedissepedíssemospedissem
pedirpedirespedirpedirmospedirem
pedepeçapeçamospeçam
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
pedir pedindo pedido
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§128. Pedir
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
percoperdesperdeperdemosperdem
perdereiperderásperderáperderemosperderão
perderiaperderiasperderiaperderíamosperderiam
pedirpedirespedirpedirmospedirem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
perdeperdesteperdeuperdemosperderam
perdiaperdiasperdiaperdíamosperdiam
perderaperderasperderaperdêramosperderam
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
percapercaspercapercamospercam
perdesseperdessesperdesseperdêssemosperdessem
perderperderesperderperdermosperderem
perdepeçapercamospercam
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
perder perdendo perdido
Xavier Frías Conde
§129. Poder
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
possopodespodepodemospodem
podereipoderáspoderápoderemospoderão
poderiapoderiaspoderiapoderíamospoderiam
poderpoderespoderpodermospoderem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
pudepudestepôdepudemospuderam
podiapodiaspodiapodíamospodiam
puderapuderaspuderapudéramospuderam
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
possapossaspossapossamospossam
pudessepudessespudessepudéssemospudessem
puderpuderespuderpudermospuderem
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
poder podendo podido
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§130. Pôr
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
ponhopõespõepomospõem
poreiporásporáporemosporão
poriaporiasporiaporíamosporiam
pôrporespôrpormosporem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
puspusestepôspusemospuseram
punhapunhaspunhapúnhamospunham
puserapuseraspuserapuséramospuseram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
ponhaponhasponhaponhamosponham
pusessepusessespusessepuséssemospusessem
puserpuserespuserpusermospuserem
põeponhaponhamosponham
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
pôr pondo posto
Xavier Frías Conde
§131. Querer
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
queroqueresquerequeremosquerem
querereiquererásquereráquereremosquererão
quereriaquereriasquereriaquereríamosquereriam
quererquereresquererquerermosquererem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
quisquisestequisquisemosquiseram
queriaqueriasqueriaqueríamosqueriam
quiseraquiserasquiseraquiséramosquiseram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
queiraqueirasqueiraqueiramosqueiram
quisessequisessesquisessequiséssemosquisessem
quiserquiseresquiserquisermosquiserem
querqueiraqueiramosqueiram
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
querer querendo querido
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§132. Rir
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
riorisririmosrim
rireirirásriráriremosrirão
ririaririasririariríamosririam
rirriresrirrirmosrirem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
riristeriurimosriram
riariasriaríamosria
rirarirasriraríramosriram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
riariasriaríamosriam
risserissesrisseríssemosrissem
rirriresrirrirmosrirem
ririaríamosriam
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
rir rindo rido
Xavier Frías Conde
§133. Saber
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
seisabessabesabemossabem
sabereisaberássaberásaberemossaberão
saberiasaberiassaberiasaberíamossaberiam
sabersaberessabersabermossaberem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
soubesoubestesoubesoubemossouberam
sabiasabiassabiasabíamossabiam
souberasouberassouberasoubéramossouberam
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
saibasaibassaibasaibamossaibam
soubesse soubessessoubessesoubéssemossoubessem
soubersouberessoubersoubermossouberam
sabesaibasaibamossaibam
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
saber sabendo sabido
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§134. Ser
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
souésésomossão
sereiserásseráseremosserão
seriaseriasseriaseríamosseriam
serseressersermosserem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
fuifostefoifomosforam
eraeraseraéramoseram
foraforasforafôramosforam
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
seja sejassejasejamossejam
fossefossesfossefôssemosfossem
forforesforformosforem
sésejasejamossejam
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
ser sendo sido
Xavier Frías Conde
§135. Ter
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
tenhotenstemtemostêm
tereiterásteráteremosterão
teriateriasteriateríamosteriam
terterestertermosterem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
tivetivestetevetivemostiveram
tinhatinhastinhatínhamostinham
tiverativerastiverativéramostiveram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
tenhatenhastenhatenhamostenham
tivessetivessestivessetivéssemostivessem
tivertiverestivertivermostiverem
temtenhatenhamostenham
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
ter tendo tido
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§136. Trazer
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
tragotrazestraztrazemostrazem
trareitrarástrarátraremostrarão
trariatrariastrariatraríamostrariam
trazertrazerestrazertrazermostrazerem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
trouxetrouxestetrouxetrouxemostrouxeram
traziatraziastraziatrazíamostraziam
trouxeratrouxerastrouxeratrouxéramostrouxeram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
tragatragastragatraíamostragam
trouxessetrouxessestrouxessetrouxéssemostrouxessem
trouxertrouxerestrouxertrouxermostrouxerem
traztragatragamostragam
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
trazer trazendo trazido
Xavier Frías Conde
§137. Valer
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
valhovalesvalevalemosvalem
valereivalerásvalerávaleremosvalerão
valeriavaleriasvaleriavaleríamosvaleriam
valervaleresvalervalermosvalerem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
valivalestevaleuvalemosvaleram
valiavaliasvaliavalíamosvaliam
valeravalerasvaleravalêramosvaleram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
valhavalhasvalhavalhamosvalham
valessevalessesvalessevalêssemosvalessem
valervaleresvalervalermosvalerem
valevalhavalhamosvalham
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
valer valendo valido
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§138. Ver
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
vejovêsvêvemosveem
vereiverásveráveremosverão
veriaveriasveriaveríamosveriam
ververesververmosverem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
vivisteviuvimosviram
viaviasviavíamosviam
viravirasviraviramosviram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
vejavejasvejavejamosvejam
vissevissesvissevíssemosvissem
virviresvirvirmosvirem
vêvejavejamosvejam
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
ver vendo visto
Xavier Frías Conde
§139. Vir
indicAtivoinF. PeSSoAl
Presente Futuro condicional
venhovensvemvimosvêm
vireivirásviráviremosvirão
viriaviriasviriaviríamosviriam
virviresvirvirmosvirem
Pretérito Pretérito imp. Mais-q-perf.
vimviesteveioviemosvieram
vinhavinhasvinhavínhamosvinham
vieravierasvieraviéramosvieram
conjuntivoiMPerAtivo
Presente Pretérito Futuro
venhavenhasvenhavenhamosvenham
viesseviessesviesseviéssemosviessem
viervieresvierviermosvierem
vemvenhavenhamosvenham
ForMAS iMPeSSoAiS
infinitivo gerúndio Particípio
vir vindo vido
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
7.4. As formas não pessoais
§140. Trata-se do infinitivo, gerúndio e particípio.
▪ O infinitivo acaba segundo as conjugações em:– ar: primeira conjugação (I)– er: segunda conjugação (II). Também pertence à segun-
da o verbo pôr– ir: terceira conjugação (III)
▪ O gerúndio tem estas terminações:– ando (I)– endo (II)– indo (III)
▪ O particípio acaba em:– ado (I)– ido (II, III)
§141. Além disso, existem certos verbos que apresentam umparticípio irregular. Eis a lista dos mais comuns:
▫ abrir > aberto▫ cobrir > coberto▫ entregar > entregue▫ escrever > escrito▫ fazer > feito▫ dizer > dito▫ pôr > posto▫ ver > visto
Xavier Frías Conde
Existem muitos outros verbos que admitem dois particípios, um regular e outro irregular:
▪ 1ª conjugação
▫ Aceitar – aceitado, aceito▫ Entregar – entregado, entregue▫ Expressar – expressado, expresso▫ Expulsar – expulsado, expulso▫ Matar – matado, morto▫ Salvar – salvado, salvo▫ Soltar – soltado, solto
▪ 2ª conjugação
▫ Acender – acendido, aceso▫ Benzer – benzido, bento▫ Convencer – convencido, convicto▫ Eleger – elegido, eleito▫ Morrer – morrido, morto▫ Prender – prendido, preso▫ Romper – rompido, roto▫ Suspender – suspendido, suspenso
▪ 3ª conjugação
▫ Emergir – emergido, emerso▫ Exprimir – exprimido, expresso▫ Extinguir – extinguido, extinto▫ Frigir – frigido, frito▫ Imergir – imergido, imerso▫ Imprimir – imprimido, impresso▫ Inserir – inserido, inserto▫ Submergir – submergido, submerso▫ Tingir – tingido, tinto
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
7.5. Cúmulos verbais frequentes
§142. o verbo principal, lexemático, combina-se com uma sériede verbos com um valor auxiliar (costuma ter valor aspetual), até formarem uma unidade de dois ou mais verbos que é conhe-cida como cúmulo verbal.
A seguir, oferecemos os principais cúmulos verbais, onde o verbo lexical aparece sempre com a forma impessoal, isto é,infinitivo, gerúndio ou particípio.
§143. Dever + inF: É uma construção muito frequente usadapara expressar algo que pode acontecer, mesmo para expressar obrigações leves.
– Esse barulho lá fora deve ser coisa dos pássaros– Deves ter mais cuidado com o que comes
Para dar conselhos, usa-se a forma de condicional:
– Deverias ir mais devagar– Deveríamos chegar antes
§144. Estar a + inF: e uma construção muito frequente usadapara indicar ações do momento. É equivalente ao presente con-tínuo de outras línguas, como o inglês, e tem a mesma frequência de uso que em espanhol ou italiano:
– A minha irmã está a estudar um exame agora– O que é que estás a fazer? Nada, só estou a ver a televisão– Está a chover muito por aqui
observe-se a diferença entre a forma simples e a contínua, porque é muito relevante. no exemplo anterior, está-se a indicar que a chuva está a cair neste momento, enquanto se o processo
Xavier Frías Conde
de chover fosse comum —por exemplo por causa do clima— du-rante todo o ano, usar-se-ia a forma simples:
– Chove muito por aqui
§145. Haver de + inF: É uma construção muito frequente usa-da para indicar obrigação:
– Hei de mudar as rodas do carro– Hás de contar-me outra vez essa história, pá
§146. Ir + inF: e uma construção muito frequente usada paraindicar futuro:
– Vou visitar os meus parentes neste fim de semana– As obras vão começar em setembro– Alguns de vós vão ter problemas com este chefe novo
§147. Ter que / de + inF: e uma construção muito frequenteusada para indicar obrigação:
– Têm que estar loucos para isso– Terás que pedir-lhe escusas– Tenho de estudar isto para o exame
7.6. Tempos compostos
§148. os tempos compostos em português constroem-se comter seguido do particípio.
Porém, não se usam com a mesma frequência que noutras línguas românicas.
os tempos compostos são comuns com todo o modo conjun-tivo, o infinitivo e o gerúndio e no indicativo na construção do futuro de indicativo composto e o mais-que-perfeito.
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
Tempo Forma
Pret. conjuntivo Tenha falado
Pret. Imp. conjuntivo Tivesse falado
Futuro conjuntivo Tiver falado
Futuro indicativo comp. Terei falado
Mais que-perfeito Tinha falado
Infinitivo composto Ter falado
Gerùndio composto Tendo falado
▪ A forma tenho falado é composta mas tem tam-bén um valor aspetual, indica hábitos em muitoscasos. Não se pode afirmar que seja a forma com-posta de falei em muitos casos, como o seria hehablado para hablé em espanhol.
▪ Em portugués literário existe uma forma simplesde mais-que-perfeito: falara, falaras, falara, falára-mos, faláreis, falaram.
7.7. Diátese (voz verbal)
§149. Para além da voz ativa, o português conta com a voz pas-siva, que se constrói como no resto de línguas românicas:
Os Romanos construíram a ponte
A ponte foi construída pelos Romanos
Xavier Frías Conde
§150. junto com a voz passiva, existe também uma voz passivaimpessoal construída com se:
– Fazem-se coisas muito engraçadas com os computadores– Dizia-se que o presidente ia renunciar– Cumprem-se as condições para o crédito– Não se pode passar por essa estrada– Espero que se entenda o que lá está escrito
Tema 8AdvÉrbioS e conectoreS
§151. nesta seção vamos estudar aqueles elementos que unemfragmentos da oração, bem como advérbios segundo o seu valor semântico, isto é, o seu significado.
8.1. Lugar
§152. A expressão do lugar:
interrogadores:
▪ Onde– Onde é que estás?– Onde é que vivem?
Advérbios:
▪ Aqui, aí, ali/lá, marcando três graus, como os demonstra-tivos este, esse, aquele
– Gosto do clima daqui, mas tu preferes o dali
▪ Diante vs. detrás– Os teus amigos vão lá diante, mas os teus pais estão
detrás
▪ Perto vs. longe– Essa rua fica perto, mas não sei exatamente onde
▪ Acima vs. abaixo– Eu guardo o meu carro abaixo, na garagem.
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
Preposições:
▪ Em: a mais geral– Estou na cama– Estamos de férias em Roma– No domingo há uma boa partida de futebol
▪ Diante de vs. detrás de– Vemo-nos diante da porta da escola
▪ Perto de vs. longe de– O João vive longe do centro
▪ Acima de vs. embaixo de– Caiu um tronco acima do meu telhado
conectores:
▪ Onde– Onde vives há muitas pessoas– Fica à minha espera onde tu já sabes
8.2. Tempo
§153. A expressão do tempo:
interrogadores:
▪ Quando– Quando é que chegaste?– Quando é que choverá?
Advérbios:
▪ Agora– Agora não tenho muito tempo para falar
▪ Antes vs. depois– Antes havia menos trânsito pelas ruas
Xavier Frías Conde
▪ Já– Já chegaram todos os convidados à festa
▪ Mais tarde (=depois)– Isso hei de to explicar mais tarde
▪ Naquela altura. equivale a então– Naquela altura, chamaram à porta com violência
▪ Ontem – hoje – amanhã– Ontem estivem em Lisboa, mas hoje estou no Porto
▪ Logo– Não chies, termino logo
Preposições:
▪ Em: a mais geral– Em janeiro faz uma friagem terrível– Na primavera ainda nevará algo– No Natal juntamo-nos toda a família
▪ A: só para as horas, momentos do dia e os dias– Vemo-nos às nove– Aos domingos é muito tedioso
▪ Antes de vs. depois de– Antes da corrida temos que revisar os pneus– Tempo
conectores:
▪ Quando– Quando quiseres, vamos à praia
▪ o gerúndio (expressão de simultaneidade), mas tambémao + inF.
– Ao sair de casa, encontrei o Pedro
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
§154. Amanhã é o dia seguinte, mas manhã é o momento dodia. Pode-se dizer: amanhã de manhã
8.3 Frequência
§155. A expressão da frequência
interrogadores
▪ Quantas vezes– Quantas vezes vais ao cinema?
Advérbios (da máxima à mínima frequência)
▫ Sempre / todos os dias▫ Quase sempre▫ Amiúde▫ Às vezes▫ De vez em quando / alguma vez▫ Quase nunca▫ Nunca
8.4. Direção
§156. A expressão da direção
interrogadores:
▪ Onde, que pode ser reforçado com para /aonde.– (A)onde é que irás neste fim de semana?– Para onde é que foram os outros?
Advérbios: por norma reforçados com a preposição para
▪ Cá vs. Lá– Vem (para) cá, que te vou mostrar algo
+
–
Xavier Frías Conde
▪ Para a frente vs. para atrás– Vamos para a frente– Direção
Preposições:
▪ A: em direção a– Amanhã vou à festa dos antigos alunos da escola
▪ Para: indica uma direção mais específica, com rumo concreto.– Fomos para o sul, porque lá fazia menos frio
▪ De: procedência– Vêm de Barcelona
▪ Por: indica os pontos por onde se passou– Vieram pela estrada, não pela autoestrada
Conectores
▪ Onde, reforçado com por onde, donde, para onde.– As pessoas passam por onde se pode passar– Podemos ir para onde quiseres
8.5. Modo
§157. Expressão do modo
Interrogador
▪ Como– Como se faz isso?– Como é que aprendeste o russo?
Advérbios
▪ Assim– As coisas não se fazem assim
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
▪ Deste jeito, deste modo, desta maneira– Fazendo as coisas deste jeito, não resolveremos nada
Conectores
▪ Como– Sempre podemos fazer as coisas como nós quisermos
8.6. Causa
§158. Expressão da causa
Interrogador
▪ Por que– Por que andas triste?
Conectores
▪ Porque– Porque tenho um grave problema
8.7. Alguns outros conectores
§159. Os conectores a que fazemos referência nesta seção refe-rem-se nomeadamente à coordenação de orações.
Aditivos
▪ E, (nem...) nem– Apanha os livros e os cadernos– Os nossos amigos vêm e vão de comboio– Não tenho nem pão nem açúcar
Disjuntivos
▪ Ou, ou... ou, ou bem– Chegaram os amigos ou os inimigos, não se sabe
Xavier Frías Conde
distributivos
▪ Quer... quer, ora... ora– As notícias chegarão quer hoje, quer amanhã
explicativos
▪ Isto é– Trata-se de uma língua clássica, isto é, não é uma língua
atual
Adversativos
▪ Mas, porém, contudo, todavia– A Maria foi para casa, mas ainda não chegou– Compramos um carro novo, porém ainda não o trouxeram
▪ Embora, ainda que– Embora não tenhas dinheiro, podes passar uns dias em
nossa casa
conclusivos
▪ Portanto, logo,– A realidade não é assim, devemos, portanto, procurar ou-
tras respostas
Tema 9o conjuntivo
9.1. Introdução
o português conta com três tempos do conjuntivo:
▫ Presente: fale▫ Passado: falasse▫ Futuro: falar
Além disso, esses três tempos contam com formas compos-tas:
▫ Fale > tenha falado▫ Falasse > tivesse falado▫ Falar > tiver falado
9.2. Formas do presente de conjuntivo
§160. Para os verbos regulares, veja-se o capítulo 8. Para osverbos irregulares, existem vários paradigmas.
Há vários casos de mudança de consoante. Por norma, o presente de conjuntivo forma-se a partir da 1PS do presente indicativo.
▪ tipo 1: -ç-– Fazer : faço > faça– Medir : meço > meça– Pedir: peço > peça
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
▪ tipo 2: -ss-– Poder: posso > possa
▪ tipo 3: -nh-– Vir: venho > venha– Ter: tenho > tenha
▪ tipo 4: -j-– Ser: sou mas seja– Estar: estou mas esteja– Ver: vejo > veja
▪ tipo 5:– Trazer: trago > traga
▪ tipo 6:– Perder: perco > percas
9.3. Os temas de “perfeito”
§161. na maioria dos verbos, o tema de perfeito não se diferen-cia do tema de presente.
Porém, nos verbos irregulares, o tema de perfeito aparece diferente em vários tempos verbais:
Tema pres.QUER-
Tema perf.QUIS-
Presente ind. quero —
Pret. Imp. Ind. queria —
Pret. Indef. Ind. — quis
Fut. Ind. quererei —
Pret. Imp. Conj. — quisesse
Fut. Conj. — quiser
Mais-q-perf. Ind. — quisera
Xavier Frías Conde
O tema de perfeito é, portanto, fundamental para perceber como se forma o pretérito imperfeito de conjuntivo e o futu-ro de conjuntivo.
E é ainda mais importante para compreender qual a dife-rença entre infinitivo conjugado e futuro de conjuntivo (para o infinitivo conjugado, veja-se a capítulo 10)
9.4. Infinitivo conjugado e futuro de conjuntivo
§162. O futuro de conjuntivo e o infinitivo conjugado têm asmesmas terminações.
Nos verbos em que não se diferenciam os temas de presente e pretérito não há diferenças entre eles quanto à forma.
INF. CONJ. FUT. CONJ.
falarfalaresfalarfalarmosfalardesfalarem
falarfalaresfalarfalarmosfalardesfalarem
Porém, nos verbos com diferentes temas, os dois tempos di-ferenciam-se claramente:
INF. CONJ. FUT. CONJ.
quererquereresquererquerermosquererdesquererem
quiserquiseresquiserquisermosquiserdesquiserem
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
9.5. Uso do futuro conjuntivo com conectores
§163. o futuro de conjuntivo usa-se em cláusulas condicionaise temporais com valor irreal. com cláusulas condicionais bási-cas:
▪ Se (em cláusulas condicionais)– Se quiseres vir connosco, porta-te bem– Se isso for verdade, seria catastrófico
com cláusulas temporais, o uso do indicativo ou conjuntivo depende do valor [±real]
▪ Quando– Quando chegares, liga para o telemóvel [-real]– Cá quando chove, forma-se um lago [+real]
▪ Enquanto– Enquanto as pessoas tiverem medo, não haverá liberdade
[-real]– Enquanto eu faço o jantar, tu podes tomar um duche
[+real]
noutros casos temporais, é sempre obrigatório o futuro de conjuntivo, não é possível o presente de indicativo.
▪ Logo que– Logo que concordarmos a estratégia, tudo correu muito
bem
▪ Assim que– Assim que o souberes, diz-me alguma coisa
▪ Conforme– Faço-o conforme mo disserem– Uso do futuro conjuntivo com relativos
Xavier Frías Conde
nas cláusulas de relativo também se usa o futuro de conjun-tivo com valor irreal. veja-se a diferença entre:
– Quem tem dinheiro, pode viajar [+real]– Não te fies em quem tiver dinheiro [-real]
com quando e como o fut. conj. é obrigatório se estiver pre-cedido de um imperativo:
– Faz como quiseres– Prepara-o como gostares– Vem quando puderes
Tema 10o inFinitivo conjugAdo
10.1. Da natureza do infinitivo conjugado
§164. o infinitivo conjugado forma-se a partir do infinitivo co-mum, mas tem um uso diferente.
A partir dele adicionam-se uma série de terminações, mas apenas têm terminações quatro pessoas das seis possíveis. As ditas terminações são portanto:
▫ 1PS: ø
▫ 2PS: -es
▫ 3PS: ø
▫ 1PP: -mos
▫ 2PP: -des
▫ 3PP: -em
na realidade, a 2PP está fora de uso no português padrão, como já foi indicado anteriormente. Portanto temos de facto três formas conjugadas.
10.2. Usos
§165. o infinitivo conjugado não se usa nunca com a cláusulaprincipal. tem dois usos principais:
▪ com preposição– São horas de comprarmos um carro novo
▪ Sem preposição– Convém trabalharem com mais energia
10.3. Uso sem preposição
§166. o infinitivo conjugado sem preposição usa-se apenasquando a cláusula onde está o infinitivo funciona como sujeito da cláusula principal:
– Termos dinheiro é bom ou É bom termos dinheiro– Falta encontrares a solução
isto é comum com verbos impessoais ou usados como im-pessoais (faltar, bastar, dar, convir e locuções com ser: ser possí-vel, ser preciso, ser conveniente).
– É preciso falares com ele logo– É proibido acenderem fogo
Porém, também seria possível usar nestes casos uma cons-trução com que ou o infinitivo normal:
– É bom que tenhamos dinheiro– Convém que encontres…– É preciso que fales com ele– É proibido acender fogo
10.4. Uso com preposição
§167. o outro grande uso do infinitivo conjugado é quando vaiprecedido de uma preposição.
normalmente, o sujeito da cláusula principal e da cláusula dependente são diferentes.
– Falei com eles para me trazerem os papéis
Compêndio de gramáTiCa porTuguesa básiCa
Xavier Frías Conde
nestes casos, quando o sujeito do infinitivo é presente, o in-finitivo deve tomar as desinências:
– Já é tarde para mudar o relatório
Aqui não há sujeito, portanto o infinitivo simples poderia ser usado aqui, mas também o conjugado:
– Já é tarde para mudarem o relatório– Já é tarde para vocês mudarem o relatório
A estrutura mais comum de uso do infinitivo conjugado é uma cláusula de finalidade, introduzida geralmente com para:
– Os meus pais compraram uma casinha na praia parapassarmos lá as férias
– Para teres mais sucesso nos negócios, o teu chefe tem quete ver como uma pessoa dinâmica.
Tema 11AS ForMAS de trAtAMento
11.1. Introdução
§168. o uso dos pronomes pessoais em português precisam dealgumas especificações. trataremos nomeadamente das formas de 2P (segunda pessoa) e das formas impessoais.
11.2. Tu
§169. usa-se particularmente em Portugal, mais ou menos como mesmo valor que nas línguas vizinhas (esp. tú, francês e ita-liano tu, alemão du).
no brasil usa-se apenas em certas regiões. Foi substituído por você na maioria do território. A forma átona pode ser te mas também você.
11.3. O João, a Maria
o nome próprio em terceira pessoa tem um ligeiro grau de formalidade.
o verbo usa-se em 3P
– O João quer um café?
11.4. Você
§170. É a forma de cortesia mais comum em Portugal, usada ge-ralmente com as pessoas com as que existe uma mínima relação.
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
usa-se com o verbo em 3P. As formas átonas são as de 3P. o possessivo, logicamente também é de 3P
– Você sabe falar alemão?– Espero vê-lo mais tarde na rua– Á Maria, vou esperá-la em sua casa
11.5. Vocês
§171. A forma vós (equivalente ao espanhol vosotros, italianovoi ou francês vous) apenas se usa no norte e leste de Portugal.
no resto usa-se vocês.
A forma familiar coincide com a forma de cortesia:
– Vocês têm fome, meninos? (informal)– Quero que vocês, agentes, me digam a verdade (formal)
o vocês informal usa os pronomes átonos e o possessivo da 2PP:
– Comprei-vos um presente no aeroporto. Querem vê-lovocês?
o vocês informal usa os pronomes átonos e o possessivo da 3P:
– Trouxe-lhes o relatório. Querem vê-lo vocês?
11.6. O senhor, a senhora
§172. É a forma de cortesia mais formal, com possessivos everbos em 3P. usa-se normalmente com pessoas desconhecidas.
– A senhora quer que lhe mostre o produto?– Vou explicar isto à senhora
Xavier Frías Conde
em Portugal é comum que vá acompanhada esta forma com o título:
– O senhor doutor quer ver os livros?
11.7. A gente
§173. esta fórmula usa-se correntemente como forma impes-soal mais com valor de 1PP (= nós). equivale à estrutura fran-cesa on:
– A gente foi ao cinema (=fomos ao cinema) → On est allésau cinéma
A equivalência portuguesa com a fórmula espanhola a gente é as pessoas:
– As pessoas queixavam-se das condições do hotel
Tema 12Negação, iNterrogação
e outras questões aNexas
12.1. Negação absoluta
§174. a negação absoluta constrói-se com não (uma proforma):
– a: Queres um bocadinho de pão?– B: Não
§175. existem outras fórmulas semelhantes, mas sempre comum valor absoluto:
– Em absoluto
12.2. Negação parcial
§176. Basta usar não, que é átono (à diferença do não absoluto,que é tónico):
– ‘Não| | as ‘pessoas | não me ‘disseram | ‘nada
acompanha o verbo lexical quando este vai sozinho:
– Não sei nada disso– Não esperes por mim até amanhã
§177. quando houver um auxiliar, este leva a negação:
– Não tenho que me levantar cedo hoje– Não pude ligar para ele ontem– Não estamos a fazer os cálculos corretamente
Compêndio de gramátiCa portuguesa básiCa
12.3. Mais construções negativas
Certos elementos funcionais (preposições, advérbios, con-junções…) têm um valor negativo:
▪ Nem:– As pessoas nem souberam o que lá tinha acontecido
▪ Também não– Eu também não entendo essa atitude
▪ Sem– Foi embora sem se despedir
12.4. Afirmação absoluta
§178. Pode-se fazer em português de duas maneiras:
▪ respondendo com sim (ou outras proformas semelhantes)– a: Estás preocupado?– B: Sim / Claro / Evidentemente / Pois é
▪ respondendo com o mesmo verbo com que se pergunta:– a: Queres um café?– B: Quero
– a: O garoto sabe já nadar?– B: Sabe
12.5. Afirmação parcial
§179. serve nomeadamente para enfatizar e acompanha o verbo.
observe-se a diferença:
– Eu tenho fome → [– enfático]– Eu sim tenho fome → [+ enfático]
Xavier Frías Conde
12.6. Perguntas fechadas
§180. As perguntas fechadas são aquelas em que se procurauma resposta sim/não (ainda que podem dar-se outras como: não sei, é possível, é capaz, pode ser, etc.
em português, para fazer uma pergunta basta usar uma en-toação ascendente no final da frase.
– Tens fome (asseveração)
– Tens fome? (pergunta)
Marca-se com um signo interrogativo ao final do período escrito <?>
§181. Além disso, pode-se construir estruturas interrogativasem português com não é?
– O teu carro é amarelo, não é?
12.7. Perguntas abertas
§182. As perguntas abertas são aquelas em que se procuraqualquer resposta. realizam-se mediante o uso dos pronomes interrogativos.
– Quem trouxe o pão?– Para onde é que vão?
É normal, aliás, que introduza a partícula é que depois do interrogativo:
– Onde é que vives?– De que é que falavam?
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