Trabalhando Arqueologia na Educação Infantil
A arte educadora do NDI, Vânia Broering recebeu o convite da Flora, Pedagoga
do Museu, para levar um grupo de crianças à visitar o Museu de Arqueologia da UFSC
para verem a exposição: ARQUEOLOGIA EM QUESTÃO: percorrendo o litoral
catarinense. Esta exposição estará no museu MATQUE/UFSC até o dia 30 de
novembro. Desta maneira, Vânia procurou as professoras dos grupos 5 e 6 para
desenvolver um trabalho a partir da visita. Eu, Sônia professora do grupo 6 vespertino,
aceitei a proposta de trabalho com este tema. Para viabilizar este projeto nós três,
tivemos alguns momentos de planejamento coletivo, onde pensamos estratégias para
além das visitas ao museu. Muitas situações já haviam sido pensadas e organizadas pela
Flora. Nosso planejamento buscava centrar em pensar de que maneira levaríamos as
crianças a observarem determinados aspectos desta exposição ampliando seus
conhecimentos, aproveitando os conhecimentos de arqueologia que a exposição
oferecia. A proposta vinha no sentido de que as crianças conhecessem o museu e
entrassem em contato com conhecimentos de Arqueologia, para depois aprofunda-los.
.
No museu, ao mostrarmos os achados fomos levando-os a observarem como
estes materiais eram coletados pelos arqueólogos, quais os cuidados que se deve ter para
preservar as peças encontradas. No decorrer das visitas fomos chamando a atenção para
os detalhes encontrados nos cacos e peças coletadas, falando que eles revelavam
conhecimentos da época em que foram produzidos. Na primeira visita ao museu, fomos
a uma sala preparada com almofadas, onde primeiramente todos receberam um crachá
de visitante e depois conversamos sobre os cuidados que devemos ter ao entramos num
museu, tendo em vista que as peças que nele se encontram são raras e não podemos
encontra-las em outro local. Neste dia também a Flora, Técnica em Assuntos
Educacionais do museu, apresentou de maneira bastante lúdica, envolvendo história e
música o Marquito, boneco feito com os materiais – instrumentos que os Arqueólogos
utilizam nos sítios para as escavações. Na história, ela simulou com as crianças, por
meio de encenação, como as peças iam parar na natureza, para isto utilizou xícaras
feitas de cerâmica e tule marrom que representava a poeira. A história contava como os
homens utilizavam os objetos e depois acabavam descartando-os na natureza e com a
ação do vento eles eram cobertos com poeira (tule marrom), após milhares de anos, eles
iam ficando cobertos, desaparecendo formando assim os sítios arqueológicos. Os termos
ligados à arqueologia, como sítios, etc. que iam aparecendo, também eram explicados e
conversados com as crianças, que logo entendiam. Saímos da sala e fomos visitar a
exposição e na entrada havia uma grande caixa dividida em quatro partes, onde em cada
uma tinham materiais diferentes que foram recolhidos e ao lado dos objetos as
ferramentas utilizadas para a escavação. Sentamo-nos ao redor da caixa e conversamos
sobre estes materiais e as ferramentas utilizadas para retirá-los da natureza. Após, nos
dirigimos aos outros locais, onde, dentro de caixas de vidro havia cacos com texturas
diferentes; em outros havia peças que pareciam serem de joias ou enfeites destes povos;
havia também peças que provavelmente eram os restos de armas, como machados,
lanças entre outros; havia um grande pote de argila que era utilizado para guardar
alimentos e também para colocar restos mortais e quando era utilizado desta maneira era
chamado de urna; viram também imagens de inscrições rupestres num vídeo, tudo foi
muito bem organizado e explicado pela Flora.
Na segunda visita ao museu, voltamos à sala, onde fomos recepcionados no
primeiro dia, lá a Flora havia preparado 3 caixas com areia e nelas havia enterrados
cacos, a pedra de um machado, conchas, bem como outros pequenos materiais que
poderiam ser escavados pelas crianças. Assim que entraram na sala, logo viram o
Marquito desmontado em cima do armário e logo pediram por ele. Numa roda
relembramos como o Marquito ajudava nas escavações e eles pediram para ver o
Marquito novamente. O grupo foi divido em 3 grupos e cada um deles foi para uma das
caixas para escavar, diante delas ganharam uma bandeja para colocar o que
encontravam; um balde para colocar a areia retirada; uma peneira para peneirar a terra
sem estragar os objetos encontrados e um pincel para limpar cuidadosamente o local
onde está o objeto enterrado. Cada criança pode escavar, limpar a peça peneirar, ficaram
assim brincando de arqueólogos por um tempo. Na sequencia sentamos numa grande
roda para apresentarmos e conversarmos sobre o que foi encontrado. Este foi um
momento muito rico, pois conversamos sobre cada objeto encontrado, perguntando se
sabiam o que era de onde tinha vindo, e o como sabiam disto, ou seja, fomos mostrando
que os objetos revelavam muito e que pela observação dos detalhes que eles ofereciam,
conseguíamos saber muito, desta maneira explicamos como os arqueólogos trabalham e
descobrem muito de como viviam determinados povos.
Colocando as luvas para fazer escavações. Fazendo as escavações em grupos nas caixas preparadas.
Apreciando os achados.
Conversando sobre o que foi encontrado.
Na terceira visita ao museu, nosso objetivo era direcionar a atenção deles para os
detalhes que as cerâmicas apresentavam e a partir do que observaram propor que
criassem, no NDI, cacos de cerâmicas imitando os tipos que conhecemos no museu.
Primeiramente foram apresentadas imagens de vários cacos com marcas diferentes às
crianças, a Flora foi apresentando dizendo que eles tinham texturas, desenhos que eram
diferentes e que também eram feitos e forma diferente. Numas cerâmicas eles usavam o
dedo e faziam uma textura chamada corrugado e outros usavam as unhas e eram
chamados de ungulado, noutros ainda utilizavam outros materiais como sabugo de
milho e era chamado de outro nome. Após conversarmos ali, fomos novamente à
exposição ver diretamente nas peças e voltamos para o NDI, onde confeccionamos
nossos cacos.
No NDI, na semana em que não fomos ao museu planejamos eu e a Vânia, Arte
Educadora, a confecção de uma vassoura com as folhas do pinheiro Pinus elliottii, para
que usassem como pincel de arqueólogos e depois criaríamos os outros instrumentos
para brincarem de faz-de-conta de arqueólogos. Desta maneira, primeiramente fizemos
as vassouras e depois juntamos os outros utensílios como balde, peneira e bandeja,
criando dois Kits Arqueólogos. Após tudo reunido, os convidamos para brincarem de
arqueólogos pelo NDI. Iniciamos dizendo que aquele terreno do NDI nem sempre foi
assim e que o prédio, por exemplo, ha muitos anos atrás, não existia foi construído bem
depois, então ali embaixo poderia existir muitas coisas que nem nós sabemos. Eles
ficaram muito curiosos, dividimos o grupo em dois e logo foram começaram as
escavações, um tempo depois reunimos tudo o que foi encontrado conversando sobre os
objetos para ver se conseguíamos descobriram algo, algumas crianças encontraram uma
rua, ou seja, viram enterradas no chão, vigas de cimento que pareciam a calçada de uma
rua, que segundo eles era de antigamente, isto os deixaram muito curiosos e eufóricos.
Criando as vassouras com a Vânia.
Brincado de escavações no NDI.
Um terceiro momento deste trabalho foi no NDI, onde trabalhamos com argila
para confeccionarmos os potes que também eram utilizados como urnas. Neste dia
também foi colocado no centro da mesa um grande pedaço de argila, onde retiravam
pedaços para fazerem cobrinhas e depois iam colocando em forma de círculos uma em
cima da outra formando o pote. Íamos orientando como poderiam fazer para que
ficassem resistentes, alisando a parte interna com as pontas dos dedos e depois por fora
ensinamos para irem fazendo as marcas com os dedos e com as unhas, mais ou menos
como as pessoas faziam naquele tempo e como havíamos visto no museu.
Após esta etapa as crianças juntamente com a Vânia levaram as peças feitas com
argila para serem queimadas e se transformarem em cerâmicas. Deixamos lá alguns dias
e depois fomos ver como ficaram.
No dia 20/10 criamos no NDI um sítio Arqueológico com as peças feitas com as
crianças, ou seja, simulamos por meio o faz-de-conta que com o tempo as peças ficaram
enterradas naquele local e eles como arqueólogos iriam encontrá-las e poderiam levar
uma peça para casa. A criação do sítio foi feita coma ajuda do Ventura que cuida do
parque do NDI e cavou para nós o buraco, da Vânia que vem nos auxiliando neste
trabalho e da Flora que forneceu as informações de como são feitos os sítios. Para
finalizar serão pendurados os potes feitos pelas crianças no local onde está o Sítio
Arqueólogo
Com este trabalho, as crianças puderam focar seu olhar para perceberem detalhes
de como as cerâmicas Guaranis eram feitas, bem como produziram cerâmicas
expressando o que viram. Conheceram também um pouco sobre o trabalho que é
realizado por arqueólogos. Todos nós aprendemos muito com a visita a esta exposição e
a sistematização do que vimos lá. Agradecemos e parabenizamos a Flora e a Vânia
Broering pela organização e sistematização destes conhecimentos.