UNIVERSIDADE POTIGUAR
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
ESTER FERNANDES CARVALHO
O COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DAS DOCEIRAS DA REGIÃO DO
SERIDÓ NO RIO GRANDE DO NORTE
NATAL
2017
ESTER FERNANDES CARVALHO
O COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DAS DOCEIRAS DA REGIÃO DO
SERIDÓ NO RIO GRANDE DO NORTE
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação Scricto Sensu em Administração, da Universidade Potiguar, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração na Área de concentração em Gestão de Negócios, na linha de pesquisa: Gestão Estratégica de Pessoas. Orientadora: Profª. Dra. Nilda Maria de Clodoaldo P. Guerra Leone.
NATAL
2017
FICHA CATALOGRÁFICA
Catalogação de Publicação na Fonte AACR2 – Anglo-American Cataloguing Rules 2.
Zora Yonara Cândido Duarte dos Santos Bibliotecária
CRB 15ª REGIÃO – 457
C257o Carvalho, Ester Fernandes.
O comportamento empreendedor das doceiras da região do Seridó no Rio Grande do Norte / Ester Fernandes Carvalho.___Natal, 2017.
114f.: il.
Orientador: Nilda Maria de Clodoaldo P. Guerra Leone. Dissertação (Mestrado em Administração). – Universidade Potiguar.
Pró-Reitoria Acadêmica – Núcleo de Pós-Graduação. Referências: f. 98-101.
1. Empreendedorismo - Dissertação. 2. Estratégias. 3. Feminino. 4. Doceiras. I. Título.
CDU 005.91:045
ESTER FERNANDES CARVALHO
O COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DAS DOCEIRAS DA REGIÃO DO
SERIDÓ NO RIO GRANDE DO NORTE
Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Potiguar, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre no Programa de Pós-graduação em Administração na área de concentração Gestão Estratégica de Pessoas.
Aprovado em: / /
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Profª. Drª. Nilda Maria de Clodoaldo P. Guerra Leone
Orientadora
Universidade Potiguar – UnP
___________________________________________________
Profª. Dra. Laís Karla da Silva Barreto
Examinador Interno
Universidade Potiguar – UnP
___________________________________________________
Profº. Dr. PhD Ramsés Nunes e Silva
Examinador Externo
Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
Dedico esse trabalho aos meus pais, Elpídio e Socorro, professores aposentados,
que me alimentam todos os dias com o desejo de aprender e crescer sempre
mais. E a minha mestre da doçaria brasileira, Chef Lúcia Soares que fez florescer
em mim a valorização da arte do doce artesanal, sua cultura e das mulheres que
dele vivem.
AGRADECIMENTOS
Tanto a agradecer, tantos a agradecer... porque a vida é assim, somos
frutos de tantas pessoas e de tantas oportunidades. E não há como não começar
de outra maneira, sim, sempre em primeiro lugar a Ele, Deus, o nosso pai, o meu
pai, a quem sou grata por ter a família que tenho. Se eu sou o que sou é graças a
vocês Elpídio, Socorro, Vinícius e Karla, a quem amo infinitamente e quem sinto
como um ser só: vocês fazem parte de mim e eu de vocês. Meus pais, seus
exemplos de ética, dedicação e estudo, garra para enfrentar os problemas, suas
experiências como professores, seus incentivos me trouxeram até aqui.
E esse até aqui não foi nada fácil, ter a experiência de fazer um mestrado e
trabalhar em uma instituição de ensino superior que cada vez mais exige de nós,
coordenadores, um alto desempenho acadêmico e de gestão, consiste em um
desafio diário. Na verdade, três desafios durante esses dois anos, o ser
coordenadora de curso de uma instituição de nível superior, o ser professora de
confeitaria e o ser mestranda. Muitas vezes me senti como uma equilibrista de
circo, correndo de um lado para o outro tentando manter girando no ar esses três
papeis, sem permitir que nada caísse e quebrasse, ou seja, para que conseguisse
atingir todos os objetivos. E garanto, apesar de tentar é impossível conseguir ir
tão longe sem a ajuda de muitas pessoas que são de extrema importância para
chegar à reta final.
Meus queridos colegas de trabalho, professores do CST em Gastronomia
da Faculdade Internacional da Paraíba, quantas vezes eu disse: “segurem as
pontas aí, enquanto eu vou em Natal ou mesmo me dedico a elaboração dessa
dissertação”? Não consigo contar! Obrigada por cuidarem de tudo enquanto eu
estava ausente na missão de mestranda.
A Rosa Morais, minha chefe nacional que não mediu forças para conseguir
incentivos para que eu pudesse realizar esse sonho que é ter o título de mestre.
Aos meus diretores Clay Matozzo e Silvio Rossi, que sempre me
incentivaram e mostraram a importância para minha carreira profissional de um
título de mestre, além de darem a oportunidade de fazer um mestrado fora da
minha cidade e muitas vezes me fazer ausente das obrigações do trabalho para
poder cumprir com minhas atividades do mestrado.
Meus queridos alunos, quantas vezes a aflição de vocês para concluir uma
atividade, um evento, ou mesmo o temor em realizar uma apresentação de
trabalho refletiu em mim as minhas mesmas situações no mestrado. Mas a força,
a garra, o brilho no olhar de vocês me serviram como norte e incentivo para
continuar nessa batalha. Muito obrigada, vocês me inspiram e são o grande
motivo de querer sempre aprender, mais e mais.
Aos meus colegas coordenadores, em especial a Martins, Gentil e Marcos
Jesus, que tiveram a oportunidade de viver essa experiência antes de mim, por
me indicarem os caminhos para seguir sempre em frente. E a Bárbara, minha
confidente e ombro amigo, com quem divido diariamente as angústias e conflitos
de ser coordenadora e que também está no caminho do mestrado. Força amiga!
Da mesma maneira que contei com você, saiba que você conta comigo.
A minha querida amiga Hedja Lanna. Nos conhecemos no mestrado, e logo
nos identificamos, talvez por não sermos da área de administração. Isso nos fez
unir forças para atravessarmos as disciplinas, os trabalhos, as apresentações. Te
levo para vida minha amiga! Seu sorriso, nossas conversas, sua perspicácia, sua
simplicidade e capacidade de comunicação. Todo o mestrado foi mais leve por
poder ter tido a oportunidade de compartilhar esse caminho com você. Muito
obrigada de coração!
A Karol e a todos os meus amigos que sempre estiveram ao meu lado, me
incentivando, em muitos momentos cuidando de mim para que eu tivesse força e
foco para concluir esse trabalho. Que entenderam as ausências, o cansaço e
muitas vezes a minha impaciência. Sou feliz por ter vocês ao meu lado, sou mais
forte, sou mais determinada, e principalmente, sou uma pessoa melhor por ter
vocês ao meu lado. Meu muito obrigada com a certeza que estarei cada dia mais
perto de vocês.
À Glícia, nossa secretária do mestrado, que nos acolhe sempre para tentar
fazer da nossa tarefa um fardo menos pesado. Que muitas vezes nos mostra a
luz no fim do túnel. Muito obrigada pelas palavras sempre gentis e pelo seu
acolhimento. Muito obrigada por tanta gentileza!
Aos mestre que ministraram aula no mestrado. Sábios que não mediram
esforços em dividir conhecimentos, compartilhar experiências e nos incentivar a
buscar sempre mais e mais dados, informações, novos autores, novos estudos. À
vocês todo meu agradecimento.
A minha grande mestre nesse caminho, Professora Nilda Leone, que
mesmo passando por momentos de saúde complicados nunca mediu esforços e
nunca deixou de me atender, abrindo as portas do seu apartamento em João
Pessoa para as orientações. Me incentivando, e principalmente iluminando meu
caminho. Professora Nilda, a você meu obrigada mais especial!
As doceiras pesquisadas na elaboração dessa dissertação, mulheres como
eu, como Nilda, como Lúcia, como Laís, como Lyêda, como Lydia, como Glícia,
como minha mãe Socorro, como Karla, como Lanna, como Bárbara, como Karol,
iguais a todas as mulheres. Doceiras que procuram na luta do dia a dia um
caminho de igualdade e respeito. Nossas lutas, nossas derrotas, nossas vitórias
serão uma constante na nossa vida. Que não nos falte força! Obrigada por me
receberem em seus lares, disponibilizarem seu tempo e suas experiências para
que esse trabalho pudesse ser realizado. Meu muito obrigada mais carinhoso.
A todos que de maneira indireta contribuíram para a realização desse
trabalho, minhas orações mais silenciosas e meu mais respeitoso obrigada!
Minhas mãos doceiras... jamais ociosas.
Fecundas. Imensas e ocupadas.
Mãos laboriosas. Abertas sempre para
dar, ajudar, unir e abençoar.”
Estas mãos – Cora Coralina.
RESUMO
A mulher empreendedora no nordeste vem assumindo de forma abrangente o mercado de trabalho e uma nova posição, mas na região do Seridó/RN, e arredores, são muitas as mulheres que desenvolvem a atividade artesanal da produção de doces, inclusive, muitas na área rural, mas até o momento não é uma atividade reconhecida mesmo entre as doceiras. Esse estudo teve como objetivo Identificar características do comportamento empreendedor presentes nas mulheres doceiras da região pesquisada. Nos estudos realizados e apresentados no referencial teórico, o modelo de McClelland e Winter (1971) apresenta as características do comportamento empreendedor. E foi baseado nesse estudo e no questionário por ele apresentado que 46 doceiras foram pesquisadas sobre seus comportamentos empreendedores e também quanto ao perfil sociodemográfico. Para a análise dos dados utilizou-se o software Statistica SPSS, versão 2.0 e análises estatísticas aplicadas, descritivas e comparativas. Como resultado, obteve-se que o perfil sociodemográfico dominante é composto por mulheres com idade acima de 60 anos, casada, com grau de escolaridade do ensino fundamental, que possuem de 1 a 5 filhos, que possui uma renda entre 1 a 2 salários mínimos, e que desenvolve a atividade profissional de doceiras entre 6 a 10 anos. As características que se destacaram percentualmente por ter maior força foram: Comprometimento; Busca de Informações; Planejamento e Monitoramento Sistemáticos; e Independência e Autoconfiança. Já as características que se destacaram como ausentes ou fracas foram: Correr Riscos Calculados; Estabelecimento de Metas; e Persuasão e Rede de Contatos. A comparação do perfil sociodemográfico das pesquisadas em relação as categorias Desejo de Realização, Planejamento e Resolução de Problemas, e Poder, obtive como resultados que na dimensão Busca de Informações, as gestoras solteiras buscam mais informações. Para as demais variáveis não há evidências de diferença estatística. Quanto ao objetivo geral as características Comprometimento e Busca de Oportunidades e Iniciativa possuem maior pontuação, enquanto que a Persuasão e Rede de Contatos apresentaram a menor pontuação. E com relação as dimensões verifica-se que as categorias Desejo de Realização e Planejamento apresentaram maiores pontuações e o Poder com menor pontuação.
Palavras-chaves: Empreendedorismo feminino. Comportamento. Doceiras. Seridó.
ABSTRACT
The entrepreneurial woman in the Northeast has been assuming a comprehensive job market and a new position, but in the region of Seridó / RN, there are many women who carry out the artisanal production of sweets, including , many in the rural area, but to date it is not an acknowledged activity even among the sweet shops. This study aimed to identify characteristics of the entrepreneurial behavior present in sweet women in the region surveyed. In the studies carried out and presented in the theoretical framework, the McClelland and Winter (1971) model presents the characteristics of entrepreneurial behavior. And it was based on this study and on the questionnaire that he presented that 46 candy shops were researched on their entrepreneurial behaviors and also on the sociodemographic profile. Statistica SPSS software, version 2.0 and applied, descriptive and comparative statistical analyzes were used to analyze the data. As a result, it was obtained that the dominant sociodemographic profile is composed of women over 60 years of age, married, with elementary school education, who have between 1 and 5 children, who have an income between 1 and 2 minimum wages , And that develops the professional activity of sweet shops between 6 and 10 years. The characteristics that stood out percentage for having greater strength were: Commitment; Information Search; Systematic Planning and Monitoring; And Independence and Self-confidence. Already the features that stood out as absent or weak were: Running Calculated Risks; Setting goals; And Persuasion and Networking. The comparison of the sociodemographic profile of the respondents in relation to the categories of Desire for Realization, Planning and Problem Solving, and Power, had obtained results that in the Search for Information dimension, single managers seek more information. For the other variables there is no evidence of statistical difference. Regarding the general objective the Commitment and Search for Opportunities and Initiative characteristics have higher scores, while Persuasion and Network of Contacts presented the lowest score. And with respect to the dimensions it is verified that the Desire of Realization and Planning categories presented higher scores and the Power with lower score. Keywords: Female entrepreneurship. Behavior. Doceiras. Seridó.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Dona Titica........................................................................................... 28
Figura 2 - Mapa do Estado do Rio Grande do Norte com destaque para a
Região do Seridó................................................................................. 42
Figura 3 - Foto de Mãe Quininha com sua família ................................................43
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Comparativo entre as Influências sobre indivíduo (McClelland, 1972) e
Manifestações Comportamentais (Leite, 2012) das necessidades motivacionais
sobre um indivíduo.................................................................................................35
Quadro 2 - Características Comportamentais Empreendedoras ..........................36
Quadro 3 - Variáveis Analíticas ............................................................................52
Quadro 4 - Objetivos da Pesquisa x Questões no Instrumento X Técnica
estatística utilizada.................................................................................................53
Quadro 5 - Análise estatísticas utilizadas ............................................................57
Quadro 6 - Síntese do perfil sociodemográfico das pesquisadas......................... 61
Quadro 7 - Síntese das dimensões avaliadas com relação à categoria desejo
de realização..........................................................................................................63
Quadro 8 - Síntese das dimensões avaliadas com relação à categoria
Planejamento e Resolução de Problemas............................................................. 65
Quadro 9 - Síntese das dimensões avaliadas com relação à categoria poder......68
Quadro 10 - Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à
característica Busca de oportunidade e iniciativa..................................................78
Quadro 11 - Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à
característica correr riscos calculados...................................................................80
Quadro 12 - Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à categoria
exigência de qualidade e eficiência.......................................................................81
Quadro 13 - Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à
característica de persistência.................................................................................83
Quadro 14 - Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à categoria
comprometimento...................................................................................................84
Quadro 15 - Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à categoria
busca de informação..............................................................................................86
Quadro 16 - Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à categoria
correr riscos calculados..........................................................................................87
Quadro 17 - Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à categoria
planejamento e monitoramento sistemático ..........................................................89
Quadro 18 - Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à categoria
persuasão e rede de contatos.................................................................................90
Quadro 19 - Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à categoria
independência e autoconfiança..............................................................................92
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Teste Estatístico Cronbach´s Alpha para o questionário de McCland e
Winter.....................................................................................................................55
Tabela 2 - Teste de Kolmogorov Smirnov..............................................................56
Tabela 3 - Perfil das entrevistadas.........................................................................60
Tabela 4 - Comparação das características avaliadas por idade..........................70
Tabela 5 - Comparação das dimensões avaliadas por Estado Civil .....................71
Tabela 6 - Comparação das dimensões avaliadas por possuir filhos ou não…….73
Tabela 7 - Comparação das dimensões avaliadas por grau de escolaridade…....74
Tabela 8 - Comparação das dimensões avaliadas por renda familiar…………….75
Tabela 9 - Comparação das dimensões avaliadas por tempo de serviço no ramo
…………………………………………………………………………………………….76
Tabela 10 - Comparação da classificação da busca de oportunidades e iIniciativa
com o perfil das entrevistadas ………………………………………..……………….77
Tabela 11 - Comparação da característica de correr riscos calculados com o perfil
sociodemográfico das entrevistadas …………………..……………………………..79
Tabela 12 - Comparação da característica da exigência de qualidade e eficiência
com o perfil das entrevistadas ………………….……………………………………..80
Tabela 13 - Comparação da característica da persistência com o perfil das
entrevistadas.…………………………………………………………………………….82
Tabela 14 - Comparação da classificação comprometimento com o perfil das
entrevistadas ………...………………………………………………………………….83
Tabela 15 - Comparação da característica da Busca de informações com o perfil
das entrevistadas ……………………………………………………………….………85
Tabela 16 - Comparação da característica de estabelecimento de metas com o
perfil das entrevistadas..........................................................................................86
Tabela 17 - Comparação da característica de planejamento e monitoramento
sistemático com o perfil das entrevistadas…………………………………………...88
Tabela 18 - Comparação da classificação da persuasão e rede de contatos com o
perfil das entrevistadas…………………………………………………………………89
Tabela 19 - Comparação da característica Independencia e autoconfiança com o
perfil das entrevistadas..........................................................................................91
Tabela 20 - Distribuição de frequência das dimensões avaliadas..........................93
Tabela 21 - Comparação das dimensões...............................................................93
Tabela 22 - Estatística das dimensões McClelland e Winter ................................94
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Mulheres: oportunidades/necessidade em (%) ..................................23
Gráfico 2 - Distribuição de frequência das dimensões avaliadas com relação à
desejo de realização..............................................................................................63
Gráfico 3 - Distribuição de frequência das dimensões avaliadas com relação à
categoria planejamento e resolução de problemas...............................................64
Gráfico 4 - Distribuição de frequência das dimensões avaliadas com relação à
categoria poder .....................................................................................................67
Gráfico 5 - Teste de Tukey das dimensões McClelland........................................95
LISTA DE SIGLAS
CCEs Características Comportamentais empreendedoras
EMPRETEC Programa de Formação de Empresários e Empreendedores
EnANPAD Encontro da Associação Nacional de Pós-graduação e
Pesquisa em Administração
GEM Global Entrepreneurship Monitor
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 22
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO................................................................................... 24
1.2 PROBLEMA DA PESQUISA.......................................................................... 26
1.3 OBJETIVOS.................................................................................................... 26
1.3.1 Geral ............................................................................................................26
1.3.2 Específicos .................................................................................................26
1.4 JUSTIFICATIVA............................................................................................... 26
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO...................................................................28
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................30
2.1 EMPREENDEDORISMO................................................................................. 30
2.2 EMPREENDEDORISMO FEMININO..............................................................32
2.3 A TEORIA MOTIVACIONAL DE MCCLELLAND.............................................34
2.4 O MODELO ADOTADO...................................................................................36
2.5 A HISTÓRIA DO AÇÚCAR ............................................................................. 37
2.6 A PRODUÇÃO DO DOCE E AS MULHERES.................................................40
2.7 A MULHER DO SERIDÓ POTIGUAR..............................................................43
2.8 ESTUDOS PERTINENTES AO TEMA.............................................................48
3 METODOLOGIA.................................................................................................50
3.1 TIPO DE PESQUISA....................................................................................... 50
3.2 UNIVERSO E AMOSTRA DA PESQUISA.......................................................50
3.3 OPERACIONALIZAÇÃO DA COLETA DE DADOS........................................ 51
3.3.1 Instrumento de Pesquisa: Questionário ...................................................51
3.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS...................................................... 51
3.4.1 Variáveis Analíticas ..................................................................................52
3.4.2 Tratamento dos Dados................................................................................53
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS....................................... 55
4.1 CONFIABILIDADE DOS DADOS ....................................................................55
4.2 ANÁLISES ESTATÍSTICAS UTILIZADAS........................................................56
4.3 CONSISTÊNCIA E FIDEDIGNIDADE DOS DADOS ...................................... 57
4.3.1 Metodologia Aplicada..................................................................................58
4.3.1.1 Metodologia Computacional ......................................................................58
4.3.1.2.Teste Qui-Quadrado ..................................................................................58
4.3.1.3 Teste t do Student.......................................................................................59
4.3.1.4 Análise de Variância (ANOVA) .................................................................59
4.3.1.5 Análise Multivariada de Variância (MANOVA) ...........................................59
4.3.1.6 Teste de Tukey ..........................................................................................59
4.3.1.7 Correlação de Pearson ..............................................................................60
4.4 OBJETIVO ESPECÍFICO 1: Caracterizar o perfil das doceiras da Região do
Seridó/RN através das variáveis sociodemográficas.............................................60
4.4.1 Síntese do perfil sociodemográfico das entrevistadas ........................ 61
4.5 OBJETIVO ESPECÍFICO 2: Identificar às características do comportamento
empreendedor das pesquisadas com relação à categoria desejo de
realização...............................................................................................................62
4.5.1 Síntese dimensões avaliadas com relação à característica Desejo de
realização .............................................................................................................63
4.6 OBJETIVO ESPECÍFICO 3: Identificar às características do comportamento
empreendedor das pesquisadas com relação à categoria planejamento e resolução
de problemas..........................................................................................................64
4.6.1 Síntese da dimensão avaliada com relação à planejamento e resolução de problemas........................................................................................................65
4.7 OBJETIVO ESPECÍFICO 4: Identificar às características do comportamento
empreendedor das pesquisadas com relação à categoria poder...........................67
4.7.1 Síntese dimensões avaliadas com relação à categoria poder..............67
4.8 OBJETIVO ESPECÍFICO 5: Comparar o perfil sociodemográfico das
pesquisadas em relação as categorias desejo de realização, planejamento e
resolução de problemas e poder…........................................................................69
4.8.1 Tabela comparativa das características avaliadas em relação a variável
sociodemográfica da idade.................................................................................69
4.8.2 Tabela comparativa das características avaliadas em relação a variável
sociodemográfica do Estado Civil......................................................................70
4.8.3 Tabela comparativa das características avaliadas em relação a variável
sociodemográfica de possuir filhos ou não......................................................72
4.8.4 Tabela comparativa das características avaliadas em relação a variável
sociodemográfica do Grau de Escolaridade......................................................74
4.8.5 Tabela comparativa das características avaliadas em relação a variável
sociodemográfica da renda familiar...................................................................75
4.8.6 Tabela comparativa das características avaliadas em relação a variável
sociodemográfica do tempo de serviço no ramo..............................................76
4.9 COMPARAR ÀS DIMENSÕES DO COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR
EM RELAÇÃO AO PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO ............................................77
4.9.1 Comparação da característica busca de oportunidades e iniciativa em
relação perfil sociodemográfico…………………………………………………….77
4.9.1.1 Síntese da comparação da característica busca de oportunidades e
inciativa e com o perfil sociodemográfico..............................................................78
4.9.2 Comparação da característica correr riscos calculados em relação perfil
sociodemográfico……………………………………………………………………...79
4.9.2.1 Síntese da comparação da característica correr riscos calculados com o
perfil sociodemográfico...........................................................................................79
4.9.3 Comparação da característica exigência de qualidade e eficiência em
relação perfil sociodemográfico…………………………………………………….80
4.9.3.1 Síntese da comparação da característica exigência de qualidade e eficiência
e do perfil sociodemográfico..................................................................................81
4.9.4 Comparação da característica persistência em relação perfil
sociodemográfico……………………………………………………………………...81
4.9.4.1 Síntese da comparação da característica persistência e do perfil
sociodemográfico...................................................................................................81
4.9.5 Comparação da característica comprometimento em relação perfil
sociodemográfico……………………………………………………………………...82
4.9.5.1 Síntese das dimensões avaliadas com relação à característica
comprometimento e ao perfil sociodemográfico.....................................................84
4.9.6 Comparação da característica busca de informações em relação perfil
sociodemográfico……………………………………………………………………...84
4.9.6.1 Síntese das dimensões avaliadas com relação à característica busca de
informações e ao perfil sociodemográfico..............................................................85
4.9.7 Comparação da característica estabelecimento de metas em relação
perfil sociodemográfico………………………………………………………………86
4.9.7.1 Síntese das dimensões avaliadas com relação ao perfil sociodemográfico e
à característica estabelecimento de metas............................................................87
4.9.8 Comparação da característica planejamento e monitoramento
sistemáticos em relação perfil sociodemográfico……………………………….87
4.9.8.1 Síntese das dimensões avaliadas com relação à característica
planejamento e monitoramento sistemático e ao perfil sociodemográfico.............88
4.9.9 Comparação da característica persuação e rede de contados em relação
perfil sociodemográfico………………………………………………………………89
4.9.9.1Síntese das dimensões avaliadas com relação à característica persuasão e
rede de contatos e ao perfil sociodemográfico......................................................90
4.9.10 Comparação da característica independência e autoconfiança em
relação perfil sociodemográfico…………………………………………………….90
4.9.10.1 Síntese da comparação do perfil sociodemográfico e da característica
independência e autoconfiança.............................................................................91
4.10 OBJETIVO GERAL: Identificar características do comportamento
empreendedor presentes nas mulheres doceiras da região do Seridó/RN...........92
5 CONCLUSÃO................................................................................................96
REFERÊNCIAS ....................................................................................................99
ANEXOS..............................................................................................................103
22
1 INTRODUÇÃO
A difusão frenética das novas tecnologias de comunicação e da informação, o
início da modernidade, a expansão dos valores e do individualismo, fez surgir o
empreendedorismo.
O termo empreendedor entrepreneur é oriundo da França e tem como
significado aquele que assume riscos e recomeça. Já entrepreneurship é a versão em
inglês referido ao empreendedor frequentemente usado para indicar pesquisas,
atividades, origens e tudo que respeito ao estudo e à prática do empreendedorismo.
(BRANCHER; OLIVEIRA; RONCON, 2012).
Apesar de o empreendedorismo ser um tema enfocado em algumas ciências,
como Administração, Economia e Ciências Contábeis, ainda são encontrados poucos
estudos que considerem uma perspectiva de gênero em relação à figura do
empreendedor, visto que as características empreendedoras podem ser verificadas
tanto em homens quanto em mulheres.
Pensando nisso, este estudo será trabalhado a partir da definição quando
Baron (2007) atribui ao empreendedor, considerando-o como qualquer indivíduo que,
diante de uma oportunidade de negócio, consegue desenvolver e implementar
soluções que supram alguma necessidade percebida no mercado, abrangendo
qualquer pessoa ou negócio, independente de gênero.
Reconhecida a relação entre o empreendedorismo (aqui em destaque a partir
da atuação de micro empresas) e o desenvolvimento da economia de um país,
ressalta-se que, no crescimento acentuado da ação empreendedora, a participação
da mulher no mercado de trabalho mostra-se em plena ascensão. A principal pesquisa
sobre empreendedorismo realizada no mundo, a Global Entrepreneurship Monitor –
GEM de 2015, realizada em cerca de 80 países incluindo o Brasil, destaca que aqui
as mulheres são mais ativas que os homens em termos de atividade como
“empreendedores novos” (indivíduos que possuem um negócio com até 3,5 anos). O
percentual apresentado foi de 14,7% para o gênero masculino e de 15,1% para o
gênero feminino (GEM, 2015). Ou seja, ocorreu um movimento de maior entrada de
mulheres em atividades empreendedoras nos últimos anos. Outro destaque
apresentado foi o percentual de mulheres que empreendem por oportunidade ou por
necessidade.
23
De acordo como o gráfico abaixo apresentando na pesquisa do GEM (2015),
houve uma mudança considerável de comportamento, pois as mulheres passaram a
empreender mais por necessidade (54%) do que por oportunidade (45%). A pesquisa
aponta a desaceleração da economia, como também a necessidade de complemento
de renda como fatores determinantes para esse acontecimento.
Gráfico 1 – Mulheres: oportunidades/necessidade em (%).
No GEM 2014, especificamente na Região Nordeste, a taxa de
empreendedorismo inicial do gênero feminino (17,6%) é praticamente idêntica à do
Brasil (17,5%). Ou seja, a mulher empreendedora no Nordeste vem assumindo de
forma abrangente o mercado de trabalho e uma nova posição, mas vale salientar que
nem por isso, abandonam ou delegam a outrem o cuidado com suas casas e famílias.
Sabe-se também que não é fácil iniciar o próprio negócio e manter-se no
mercado, levando-se em conta as exigências impostas pelas leis e impostos no Brasil,
como também o acesso a recursos financeiros (GEM, 2015). É necessário, nesse
caso, refletir sobre como esses processos estão impactando os desejos das mulheres
em empreender.
24
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A história do açúcar traz consigo muitas outras histórias, como por exemplo,
a do café, dos chás e do chocolate. Especiaria árabe difundida pela mundo pelos
árabes na idade média. A princípio utilizado como medicamento que reestabelecia a
energia, era vendido em Boticários. Mas seu sabor foi utilizado para adoçar as bebidas
amargas, e daí foram desenvolvidos também molhos adocicados na elaboração de
pratos à base de carnes.
O gosto pela especiaria se espalhou pela Europa e para satisfazer esse
mercado cada vez mais pungente, as refinarias se espalharam nas planícies costeiras
da região da Sicília, Itália. A demanda pela cana de açúcar aumentou o que levou os
espanhóis e portugueses a investir no negócio, espalhando plantações por todos os
territórios conquistados.
Já no Brasil, os portugueses descobriram solo fértil e ideal para a plantação
de mais cana de açúcar. E foi em Pernambuco que foram plantados os primeiros
canaviais brasileiros.Com a mão de obra dos negros, logo o açúcar se tornou riqueza
nacional, o ouro branco, só comparável nos tempos coloniais ao outro e às pedrarias,
deixando na culinária nordestina e brasileira sua marca inconfundível (CAVALCANTI,
2007).
Além do sabor, o açúcar também tem outra característica que o distingue de
outras especiarias, ele serve para conservar os alimentos. No Brasil colonial não havia
eletricidade e muito menos refrigeração, e o açúcar fazia durar nos doces as frutas
que só davam na sua estação, como também o leite de gado, que virava coalhada,
mas também doce.
Açúcar bruto, rapadura, mascavo ou branco ninguém poderá compreender os
nordestinos e seu amor por essa especiaria versátil. E nas mãos das portuguesas e
africanas que vieram para o Brasil com suas receitas tradicionais, suas técnicas e
muitas horas de trabalho nos tachos e panelas para preparar os doces para suas
famílias, e juntamente com o cravo e a canela da Índia, foi onde o paladar do
nordestino pelo doce foi sendo apurado e daí nasceu uma cultura do doce. Doce de
caju, de abóbora, de banana, de mamão, filhós, bolos, pudins, e até licores.
Muitas negras começaram a vender seus doces para comprar sua liberdade
e com a abolição da escravatura seus doces de tabuleiros eram vendidos para poder
25
sobreviver, e hoje encontramos no Brasil vários exemplos desse hábito que se
popularizou entre várias mulheres, independentemente de raça e cor.
Os tipos dos doces também mudaram pela influência de novos povos que
trouxeram receitas mais requintadas a base de amêndoas, chocolate, embora os
doces tradicionais resistam até hoje, como os de goiaba, os de jaca, e nos trazem a
memória lembranças especiais como a de uma avô ou uma mãe, ou madrinha e seu
tacho/panela de doce caseiro. E essas receitas eram passadas de geração para
geração de mulheres, e se transformou em arte. Arte dominada pelas mulheres, já
que era delas a função de alimentar a família. E assim, de geração em geração de
mulheres foi transmitida a arte de se fazer doces.
Na região do Seridó no Rio Grande do Norte, essa tradição persiste até os
dias atuais. A região é tradicionalmente conhecida pela carne e queijo de excelente
qualidade, e também pelos bordados feitos delicadamente pelas mãos das mulheres
seridoenses. A comida também é destaque, são tidas como quituteiras de “mãos
cheias”.
Entre os quitutes comercializados em Caicó, os biscoitos e doces ganham
destaque. Tanto a produção de biscoitos como a de doces são conduzidas por
mulheres, com suas receitas e modos de preparo como herança dos tempos coloniais
que chegaram as gerações atuais. Mas hoje essa produção vem acompanhada da
necessidade de aumento de renda, já que muitas mulheres fazem esses doces não
somente para agradar o paladar da família, mas também para vender nas
quermesses, em feiras de artesanato ou ainda em sua própria residência. Pois, como
ainda é tradição que a mulher cuide de sua casa e família, a produção de doces traz
a possibilidade de desenvolver uma atividade dentro de casa e que gere renda.
Em Caicó, principal cidade da região do Seridó, e arredores, são muitas as
mulheres que desenvolvem essa atividade, inclusive, muitas na área rural, mas até o
momento não é uma atividade reconhecida mesmo entre as doceiras. E por mais que
elas se conheçam e comercializem seus doces em conjunto não existe nenhuma
organização estruturada, ou seja, uma cooperativa ou associação que as mobilize na
busca de transformar seus doces caseiros em um negócio mais lucrativo, valorizado
e reconhecido. Mas para que isso ocorresse seria necessário que essas mulheres
tivessem características de um comportamento empreendedor.
26
1.2 PROBLEMA DA PESQUISA
Com base neste contexto, o presente estudo busca identificar um entendimento
sobre as características empreendedoras das mulher doceiras da região do
Seridó/RN, e constitui o problema central deste estudo a seguinte questão: as
mulheres doceiras da região do Seridó/RN possuem características do
comportamento empreendedor?
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Geral
Identificar características do comportamento empreendedor presentes nas
mulheres doceiras da região do Seridó/RN.
1.3.2 Específicos
Caracterizar o perfil das doceiras da Região do Seridó Norte-rio-grandense
através das variáveis sociodemográficas;
Identificar as características do comportamento empreendedor das
pesquisadas com relação à categoria desejo de realização;
Identificar as características do comportamento empreendedor das
pesquisadas com relação à categoria planejamento e resolução de problemas;
Identificar as características do comportamento empreendedor das
pesquisadas com relação à categoria poder;
Comparar o perfil sociodemográfico das pesquisadas em relação às categorias
realização, planejamento e poder.
1.4 JUSTIFICATIVA
Para a academia o empreendedorismo feminino no Brasil é uma área de
estudos nova em administração de empresas e que recebe pouca atenção, quando
se trata de publicações nacionais (TANURE, 2014). Sendo assim, há necessidade do
27
desenvolvimento e do despertar para o empreendedorismo feminino nos mais
diversos segmentos da sociedade, e a doçaria é uma delas.
Socialmente o nordeste é uma região de muitas possibilidades, em especial a
região potiguar do Seridó, cercado de muitas tradições culinárias, herança deixada
pelos colonizadores. E muitas são as mulheres que vivem da comercialização e
vendas dos doces nessa região, mas onde não há uma organização empresarial das
mesmas.
O fortalecimento dessa atividade culinária, além de gerar emprego e renda,
fortalecerá a imagem da cidade de Caicó como polo da culinária da região do Seridó.
Com o intuito de analisar a possibilidade de ampliação e legalização do
comércio desses doces tradicionais como negócio, e dessa maneira contribuir com a
geração de mais renda, será possível elevar a autoestima dessas doceiras. Doceiras
que muitas vezes não tem consciência da importância do seu trabalho para elas
mesmas. Mulheres como D. Titica, que é conhecida em Caicó por fazer o melhor doce
de *caju ameixa (doce feito retirando o sumo do caju e cozinhando em uma calda de
açúcar, até que ele reduza e murche, ficando parecido com uma ameixa em calda),
que começou a fazer doces para complementar a renda familiar, para ajudar a criar
seus filhos.
Mesmo com dificuldade de mobilidade motora nas pernas, ama o que faz.
Passa horas em cima de suas panelas para extrair os melhores sabores e os pontos
corretos.
Mas seu trabalho nunca teve o reconhecimento merecido, pois é uma arte, feita
com as próprias mãos, ou seja, produzido artesanalmente, feito um a um, não
controlado por máquinas, mas pelo conhecimento popular, que foi passado de
geração em geração. Os tachos de doces são mexidos e remexidos pelas suas mãos
doceiras, suportando o calor e o borbulhar das caldas de açúcar e frutas. D. Titica,
como outras doceiras da região, só quer fazer seus doces e ir para a feira vendê-los.
Olhando para essas mulheres e sua arte, se vê o quanto de potencial gerador
de renda se move por esse país. Parecem pequenas formigas na natureza, há quem
não é dado o devido valor, que parecem quase invisíveis, mas que estão lá, dia após
dia trabalhando, incansáveis, construindo um futuro melhor para sua família e para o
Brasil.
28
Figura 1 – D. Titica
Fonte: acervo particular.
E para a autora do trabalho é uma oportunidade de, como pesquisadora e
professora de confeitaria, contribuir para a valorização do trabalho de doçaria
brasileira, muitas vezes tratada como subemprego, para o reconhecimento da mulher
como força de mudança e desenvolvimento, e para a preservação cultural da arte de
doçaria brasileira.
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Este trabalho é composto de 5 capítulos, distribuídos da seguinte forma: O
primeiro capítulo, a Introdução, traz os conceitos iniciais que serão tratados sobre o
assunto e contextualiza o problema.
29
Já no segundo capítulo, é exposto o referencial teórico, que está dividido entre
os temas de empreendedorismo, empreendedorismo feminino, além da Teoria de
McClelland e Winter (1971), que foi utilizada para determinar o comportamento
empreendedor das mulheres que pesquisadas. Na sequência é abordado o negócio
do açúcar, trazendo a história desse ingrediente e a maneira na qual ele mudou a
produção de doces no mundo e de que forma as mulheres se aproximaram dele para
produzir doces e gerar renda.
No terceiro capítulo foram abordados a tipologia, o universo e amostra, os
procedimentos e instrumentos de coleta de dados, as variáveis que foram analisadas
e o tratamento de dados.
O quarto capítulo consta dos resultado obtidos na pesquisa de campo e sua
análise. Foram detalhados nos subcapítulos os resultado obtidos que se relacionam
aos objetivos geral e específicos através de tabelas e gráficos. E por fim, apresenta-
se a conclusão do trabalho.
30
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 EMPREENDEDORISMO
Empreendedorismo é um tema que vem sendo amplamente abordado
juntamente às comunidades acadêmicas e empresariais nos últimos tempos. Segundo
Schumpeter (1947), é o papel da inovação no processo empreendedor que resultam
na criação de novos métodos de produção, novos produtos e novos mercados:
Marco Polo foi o precursor, propiciou o uso do termo empreendedorismo pois
montou uma rota comercial com destino ao Oriente, no intuito de negociar as
mercadorias de um homem que dispunha de dinheiro para vender os produtos deles
(DORNELAS, 2008).
Na transição do século XIX para XX, os empreendedores foram confundidos
com administradores, ou seja, ocorreu um equívoco quanto à verdadeira função do
empreendedor. Eles eram vistos como o indivíduo que planeja, dirige, controla a
empresa, mas com a concepção de que o capitalista era quem designava o que
deveria ser executado ou não. “O empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e
processos que, em conjunto, levam a transformação de ideias em oportunidades,
mostra que gerar oportunidades é o verdadeiro foco do empreendedorismo”
(DORNELAS, 2008, p.39).
Diante disso, percebe-se que o empreendedor se define como aquele que cria
e acha oportunidades, estar antenado com as tendências do mercado, encontra
possibilidades de se destacar entre os concorrentes e busca incessantemente agregar
conhecimento e informações. Nesta esfera, a chance do empreendimento prosperar
se torna maior.
Empreendedor para Rimoli et al. (2004) significa o fator preponderante e
adequado para provocar resultados efetivos independente do campo da atividade
humana e este é caracterizado por vários fatores determinantes: prontidão, visão do
futuro, capacidade de assumir riscos, conhecimento suficiente, criatividade,
motivação, firmeza, determinação.
Existe também o posicionamento de especialistas como professores e
consultores em universidades em cursos de pós-graduação que enxergam o
empreendedorismo como uma disciplina, um âmbito de estudo da arte da ciência
31
gerencial, sendo seu foco de atuação voltado para profissionais na formação de novos
empreendedores e o desenvolvimento de atividades empreendedoras inovadoras.
Nesta perspectiva, o empreendedorismo é considerado como um artifício da ação do
governo, da empresa e da comunidade proporcionando uma ferramenta para o
desenvolvimento social e econômico local.
Com relação ao espírito empreendedor, Souza e Serralvo (2008) descrevem
que consiste em uma gama de aspectos e qualidades que estão completamente
atreladas, ou seja, inovação, espírito criativo e pesquisador, disposição para assumir
riscos são características básicas do espírito empreendedor. Ainda sobre esta
temática Drucker (2003) discorre que o empreendedor sempre está buscando a
mudança, reage a ela, e a explora como sendo uma oportunidade. A inovação é o eixo
central do espírito empreendedor, o instrumento específico. O conhecimento é
considerado um aspecto do espírito empreendedor, pois permite ampliar a inovação.
O empreendedorismo é considerado primeiramente como um processo de
mudança que emerge, cria novo valor, além de transformar o indivíduo. Ao traçar o
comportamento empreendedor surge uma interpretação análoga baseada em
Davidsson (2005) que aborda que o mercado direciona o empreendedorismo,
caracterizado nos seguintes modos:
Oferecer aos consumidores novas escolhas alternativas;
Incentivar os atores responsáveis à aplicar melhorias nas ofertas de
mercados;
Se equiparar aos novos concorrentes no mercado com o intuito de estimular
pressões competitivas para melhorar a eficiência e efetividade.
Para Davidsson (2005) as definições sobre empreendedorismo referem-se a
duas realidades sociais relativamente distintas. A primeira realidade é o fenômeno em
que algumas pessoas, como funcionários cancelam o contrato de emprego e tornam-
se autônomos ou gerentes-proprietários de um negócio independente. Quando isso
ocorre, conteúdos como emprego-próprio, administração de pequena empresa,
modelos de desenvolvimento, e assuntos empresariais familiares vinculam-se ao
empreendedorismo. A segunda realidade social relata que o desenvolvimento e
renovação de qualquer sociedade, economia ou organização demandam que gestores
de micro empresas tenham a iniciativa e persistência para fazer as mudanças
acontecerem. Desta forma, se incluem os novos entrantes e os criadores de valor.
32
Shane e Venkataraman (2000) acreditam que há influência das situações e do
ambiente em que as características pessoais se encontram para que o
empreendedorismo possa acontecer.
Shane (2003) propõe um modelo de processo empreendedor, envolvendo:
a) características dos indivíduos: fatores psicológicos e demográficos;
b) ambiente: macro e micro econômico;
c) oportunidades empreendedoras;
d) descoberta de oportunidades;
e) exploração de oportunidades;
f) execução do empreendimento: reunião de recursos, desenho organizacional e
estratégia.
Uma ação empreendedora está relacionada à inovação de alguma coisa. Para
isso, é preciso que a organização disponha de traços peculiares, como a criação de
algo inovador induzindo valor ao consumidor.
Inovação é fazer algo novo como uma ideia, produto, serviço, mercado ou
tecnologia em uma organização nova ou já estabelecida (GARTNER, 1985).
Enquanto Gartner (1990) ressalta a inovação, a criação de valor e de novas
organizações, já Davidsson (2005) relata que uma análise de empreendedorismo não
deve apenas estudar o surgimento de novas organizações, mas também de novos
mercados (bens e serviços) por diferentes modos de exploração, tanto inovadores
como imitativos. Para este último autor, sempre que houver reação no mercado é
possível configurar a atitude empreendedora.
2.2 EMPREENDEDORISMO FEMININO
A luta da mulher pelo seu espaço no mundo dos negócios é um fenômeno que
se vem observando no mundo inteiro. Segundo Leite (2012), estamos vivendo a
revolução feminina. As representantes do chamado sexo frágil estão estudando e
trabalhando mais e melhor do que os homens e se adaptando, com mais facilidade do
que eles, às grandes transformações pelas quais o mundo vem passando.
Segundo Carreira et al. (2001), dois fenômenos econômicos criaram
possibilidades de mulheres inserirem-se no mercado na condição de empresárias.
33
O primeiro foi o crescimento considerável do setor de serviços, o que levou muitas
mulheres a lançarem-se como empresárias de pequenas empresas para explorar as
oportunidades do setor (lavanderias, serviços de comida congelada, escolas e cursos
de recreação, etc.). O segundo fenômeno que ampliou o batalhão de mulheres
atuando em micro empreendimento foi a terceirização.
Segundo Gomes (2004), em geral, dentro das próprias casas, tanto na periferia
das grandes cidades, como na zona rural, mulheres têm-se tornado
microempreendedoras. Nesse caso, áreas como a produção direcionada à indústria,
ao pequeno comércio, à alimentação, ao artesanato, ao vestuário e a alguns tipos de
serviços estão entre as mais relevantes para a atuação feminina. Tanto um como outro
vêm gerando oportunidades de trabalho por conta própria para muitas mulheres.
Essas mudanças sociais associadas ao fato de que as pequenas e médias
empresas constituem uma fonte importante de empregos, inovação e
desenvolvimento econômico têm estimulado vários países a fomentar o
empreendedorismo feminino. Para Gomes (2004), a importância da atuação das
mulheres no contexto atual, portanto, é de caráter econômico - gerando ocupações
para elas e outras pessoas; social - possibilitando o equilíbrio trabalho e família; e
político - aumentando a sua autonomia. E a medida que mais pesquisas forem
desenvolvidas sobre o assunto, mais se poderá fazer pelas mulheres
empreendedoras como, a implantação de políticas públicas de apoio ao fomento e
desenvolvimento dos seus negócios, disseminação de uma cultura empreendedora,
facilitação ao acesso de linhas de crédito, formação/capacitação de pessoal,
promoção e acesso a novas tecnologias, etc.
Boas e Diehl (2014), por sua vez, contribuem com esse posicionamento ao
buscar uma resposta para "o que é o empreendedorismo feminino? O conjunto dos
negócios fundados e geridos por mulheres? Não o negócio em si, mas o segmento de
atuação? Talvez o estilo de administração?". Quanto as respostas, sinalizam que não
há uma definição clara, mas trata-se de um conjunto de todas essas questões que, ao
final, indicarão uma tipologia, um estilo, um modelo, ou seja, todo um universo que
envolverá a mulher à frente de seu empreendimento.
Ainda sobre este aspecto, o empreendedorismo, na sociedade global, é tido
não mais como uma alternativa devido à falta de emprego, mas, na estrutura atual
apresenta-se como uma opção profissional, independente do gênero. Todavia, o
34
histórico profissional da mulher, revela que ainda hoje existem as disparidades entre
essas relações, fazendo do empreendedorismo, de fato ser uma opção para a
realização profissional e pessoal (DORNELAS, 2014).
Segundo Bedê (2013), estudos recentes realizados pelo SEBRAE mostram que
existem 7 milhões de mulheres administrando um negócio próprio, em funcionamento.
Nesse caso, tem realce atividades profissionais voltadas para saúde, ensino, beleza,
alimentação, vestuário, venda por catálogos, silvicultura e avicultura. O setor de
serviços está em ascensão e é formado, em sua maior parte, por dirigentes mulheres.
2.3 A TEORIA MOTIVACIONAL DE MCCLELLAND
O pesquisador David McClelland define como empreendedor “alguém que
exerce certo controle sobre os meio de distribuição e produz mais do que pode
consumir, com o objetivo de vende-lo para obter uma renda individual”.
(MCCLELLAND, 1961).
Nessa perspectiva comportamental, também chamada de behaviorista, seus
estudos centram no indivíduo. Segundo Barbosa (2016), McClelland encontra e isola
na literatura a existência de civilizações grandiosas um importante elemento: a
presença de heróis, que serviriam de exemplos para gerações seguintes que
tenderiam a imitar seu comportamento, e sob essa influência desenvolvia grande
necessidade de realização e associava essa necessidade aos heróis.
Para McClelland, psicologicamente, a sociedade pode ser dividida em dois
grandes grupos, no que diz respeito à percepção e ao enfrentamento de desafios e
oportunidades. O primeiro grupo corresponde a uma minoria da população que se
sente disposta a enfrentar desafios e, consequentemente, a empreender um novo
negócio; o segundo grupo equivale à imensa maioria que não se dispõe a correr riscos
dessa natureza.
McClelland proporcionou contribuições às discussões sobre o tema, pois tentou
mostrar que os seres humanos tendem a repetir seus modelos de referência, o que,
em muitos casos, tem influência na motivação para alguém ser empreendedor. Uma
das conclusões que se pôde tirar de seus estudos é que quanto mais o sistema de
valores de uma sociedade distingue positivamente a atividade empreendedora, maior
é o número de pessoas que tendem a optar por empreender (GOMES, 2004).
35
McClelland em seus estudos desenvolveu a teoria motivacional que tem em
sua fundamentação três necessidades básicas: a de realização, poder e afiliação,
conforme apresentado no quadro 1.
Quadro 1 – Comparativo entre as Influências sobre indivíduo (McCLELLAND, 1972) e Manifestações Comportamentais (LEITE, 2012) das necessidades motivacionais sobre um
indivíduo.
NECESSIDADE INFLUÊNCIA SOBRE INDIVÍDUO
(McCLELLAND, 1972)
MANIFESTAÇÕES COMPORTAMENTAIS
(LEITE, 2012)
Realização
Leva o empreendedor a agir conforme padrões de excelência, buscando sempre o melhor e com grande desejo de sucesso.
Extrema independência e autoconfiança, fixação de altos padrões de realização e visão voltada à centralização das atividades.
Poder
Fazer as tarefas quando e como se quer, liderando a equipe em prol de um objetivo, procurando influenciar, persuadir e argumentar.
Choques interpessoais, por autoridade e por controle percebidos e ênfase nos símbolos, status e ganho de status pessoal.
Afiliação
Coloca-se o bem estar do todo à frente do individual, preocupando-se mais com o elemento humano do que com as tarefas e a produção.
Desejo de estar próximo a outras pessoas e alegra-se em relacionar-se com outros indivíduos.
Fonte: Barbosa, 2016. (Elaborado a partir de McClelland, 1972 e Leite, 2012).
A necessidade de realização dirige a atenção de um indivíduo para que este
execute, da melhor forma possível, suas tarefas, de forma que possa atingir seus
objetivos e seja eficaz naquilo que se propõe a fazer. Quanto à necessidade de
afiliação, essa expressa o desejo de se estar próximo a outras pessoas, alegrar-se
em relacionar-se com outros indivíduos e procurar construir sólidas amizades,
edificando bons relacionamentos interpessoais. E quanto à necessidade de poder,
essa é aquela que pessoas têm de dominar ou influenciar outras (LEITE, 2012).
36
2.4 O MODELO ADOTADO
Segundo Brancher, Oliveira e Roncon (2012) em seu levantamento sobre o
comportamento empreendedor, em um estudo bibliométrico da produção nacional e a
influência de referencial teórico internacional, na análise de artigos apresentados
durante o EnANPAD, o trabalho mais citado e tido como pioneiro nos artigos
analisados foi o de David McClelland. Nos estudos realizados por McClelland e Winter
(1971) e McClelland (1972), são descritos três grupos de competência e suas
principais características comportamentais, descritas no Quadro 2.
Quadro 2 – Características Comportamentais Empreendedoras - CCEs
CATEGORIA: DESEJO DE REALIZAÇÃO
Busca de
Oportunidades e
Iniciativa
O indivíduo faz as coisas antes de ter sido solicitado, ou antes
de ser forçado pelas circunstâncias; expande os negócios para
novas áreas de atuação; aproveita realmente as oportunidades
que surgem.
Correr Riscos
Calculados
Avalia e discute as alternativas; procura manter sempre o
controle da situação para reduzir riscos; envolve-se em
situações de riscos moderados.
Exigência de
Qualidade e
Eficiência
Procura novas formas de fazer melhor as coisas, de fazer mais
rápido ou mais barato; faz as coisas de forma que supere os
padrões de excelência; assegura que o seu trabalho será feito
no tempo e com a qualidade combinados.
Persistência Enfrenta os desafios das mais variadas formas e quantas vezes
forem necessárias para superar os obstáculos.
Comprometimento Sacrifica-se e faz qualquer esforço para completar uma tarefa;
está sempre colaborando com os empregados para que o
trabalho seja terminado; faz qualquer coisa para manter o
cliente.
Fonte: McClelland e Winter (1971) e McClelland (1972).
37
CATEGORIA: PLANEJAMENTO E RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
Estabelecimento de
Metas
Os objetivos são desafiantes e têm um significado pessoal; as
metas são claras e objetivas e definidas no longo prazo; as
metas de curto prazo são mensuráveis.
Busca de
Informações
Procura pessoalmente todas as informações possíveis sobre o
ambiente em que está inserido; busca auxílio de especialistas
para obter assessoria técnica ou comercial.
Planejamento e
Monitoramento
Sistemáticos
Divide as tarefas de grandes porte em subtarefas com prazos
definidos; está sempre revisando os seus planos, observando
as diversas variáveis que possam influenciar; faz uso de
registros financeiros para a tomada de decisões.
CATEGORIA: INFLUÊNCIA (OU PODER, CAPACIDADE DE SE RELACIONAR COM
PESSOAS)
Persuasão e Rede
de Contatos
Discute estratégias antecipadamente para influenciar e
persuadir os outros; utiliza-se de pessoas-chave para atingir os
próprios objetivos; está sempre desenvolvendo e mantendo
relações comerciais.
Independência e
Autoconfiança
Busca autonomia sobre normas e controles de outros; mesmo
diante de resultados adversos mantém seu ponto de vista;
demonstra confiança em sua própria capacidade.
Fonte: McClelland e Winter (1971) e McClelland (1972).
Vale ressaltar que o modelo acima é utilizado, desde 1989, no SEBRAE na
metodologia do Programa de Formação de Empresários e Empreendedores –
EMPRETEC. O Empretec é uma metodologia vivencial para desenvolver ou aprimorar
os 10 (dez) comportamentos empreendedores, e é aplicada em todos os estados
brasileiros.
2.5 A HISTÓRIA DO AÇÚCAR
Há quem diga que a cana de açúcar foi entregue aos persas como uma
oferenda dos deuses.
McGee (2014) destaca que os registros antigos mostram é que a cana de
açúcar e a técnica para a extração do açúcar surgem do sudoeste asiático. Por volta
do século IV, tanto o açúcar como a técnica pra obtenção do açúcar já haviam cruzado
o delta do Indico e chegado ao Golfo Pérsico, na foz do Tigre e do Eufrates, onde os
38
persas transformaram o açúcar num dos ingredientes mais apreciados de sua alta
culinária.
Devido as invasões e com a conquista da Pérsia pelos árabes, açúcar de
cana, simples curiosidade exótica na Antiguidade, foi levado e difundido no mundo
mediterrâneo, no decorrer da idade média (FLANDRIN, 2007).
No início os europeus tratavam o açúcar como especiaria e consideram-no
um tempero ou remédio. Até os dias das nossas mães e avós ainda era comum
ouvirmos que se alguém passasse mal, fosse feita uma mistura de açúcar e água para
repor as energias.
Além disso, a solidez da massa fundida permitia-lhe liberar o medicamento de
modo mais lento e estimulava o corpo a quebrar os efeitos de outros alimentos e
auxiliar o processo digestivo. Acredita-se que o primeiro confeito sem ação medicinal
foi feito por volta de 1200 por uma farmacêutico francês, que revestiu amêndoas com
açúcar. As bebidas como o café, o chá e o chocolate também impulsionaram o
consumo de açúcar, pois por se tratar de bebidas amargas, a introdução do açúcar
em suas composições tornaram as bebidas mais palatáveis e com isso o aumento no
consumo (McGEE, 2014).
Porém, ainda segundo McGee (2014) a história do açúcar não é feita somente
de luz e doçura. Seus atrativos foram uma força destrutiva na história da África e das
Américas, cujos povos foram escravizados para matar a fome de açúcar dos
europeus.
Na época colonial, os espanhóis e portugueses, por volta de 1550, já haviam
ocupado muitas ilhas caribenhas e os litorais da África Ocidental, do Brasil e do
México, e produziam açúcar em quantidades significativas, e com isso a explosão do
consumo do açúcar ocorreu na Europa no século XVIII (McGEE, 2014).
Mas para essa produção ocorresse em quantidades suficientes, os africanos
foram escravizados para ser mão de obra na plantação, corte e transformação do
caldo em açúcar.
Em Portugal, para Saldanha (2015), o açúcar proveniente da Ilha da Madeira
e de outras ilhas do Atlântico, onde a cana era cultivada por determinação do infante
D. Henrique, encontrou o caminho dos mosteiros cujas religiosas conquistaram a fama
de exímias doceiras. O açúcar, juntamente com os ovos e as amêndoas, deu início à
arte da doçaria conventual. Arte que foi difundida e até hoje produz roteiros turísticos.
39
Um deles é uma visita para conhecer a confeitaria Pastéis de Belém, que desde 1837
produzem pastéis a partir da receita do Mosteiro dos Jerônimos. Além dos pastéis de
Belém foram criados vários outros doces típicos portugueses. E as freiras se
inspiravam em nomes religiosos para batizá-los, como por exemplo, o toucinho do
céu, pastel de Santa Clara, pudim abade de prisco, dentre outros.
Para Flandrin (2007) diante de tal crescimento da demanda, não é
surpreendente que um dos primeiros cuidados dos descobridores da América foi levar,
para o Novo Mundo, mudas de cana-de-açúcar, assim como material e técnicos
destinados à fabricação dessa mercadoria.
Publicado em Berlim em 1732, Kochduch Brandeburguese [Livro de Cozinha
brandegurguesa] foi o primeiro livro de culinária escrito por uma mulher, Maria Sophia
Schelhammer, e traz técnicas já muito avançadas para a época. (PERRELLA;
PERRELLA, 2016).
Com a descoberta do Brasil, em 1500, os portugueses multiplicaram, a partir
de 1530, a plantação de cana de açúcar nesse território (FLANDRIN, 2007). Com tanto
açúcar à disposição, as ordens religiosas portuguesas incorporaram a fabricação dos
doces para aproveitar a sobra das gemas que ocorriam por utilizarem as claras para
engomar e produzir as hóstias.
Para Cascudo (2004) é óbvio que os conventos não tiveram o monopólio
exclusivo da doçaria e fora deles sempre se fazia doces nas aldeias e vilas, nas
cidades e quitas. A doçaria conventual ganhou notoriedade e hoje faz parte da cultura
portuguesa por suprir a necessidade de um volume maior porque podia ser vendida
nas portarias.
No Brasil, por ordem do rei D. Manoel, a cana de açúcar foi introduzida
oficialmente na Capitania de São Vicente pelo governador-geral Martin Afonso de
Souza, em 1532, tornando-se a primeira atividade agrícola no país.
Segundo Saldanha (2015) foi no Nordeste, onde encontrou solo fértil e clima
favorável, que a lavoura da cana se expandiu com sucesso.
A tradição doceira e boleira de Portugal foi facilmente e profundamente
plantada no Brasil, servindo-se dos ingredientes locais, utilizando produtos europeus,
e desde o primeiro século da colonização se fez presente em todos os povoados
(CASCUDO, 2004).
40
A mão de obra africana também foi utilizada no Brasil. Os índios que aqui
viviam eram arredios e indomáveis. Com isso, chegaram levas enormes de escravos
vindos nos navios portugueses. Com eles também vieram suas tradições e culturas
no modo de preparo dos alimentos, suas crenças e ingredientes. A elevada procura
pelo açúcar rendeu a ele o título de ouro branco, pelo valor de mercado que ele
alcançou.
2.6 A PRODUÇÃO DE DOCES E AS MULHERES
Com o desenvolvimento do plantio da cana de açúcar, havia abundância de
matéria prima para a produção de doces, e assim como em Portugal, era uma
atividade restrita às mulheres.
Para Saldanha (2015), as técnicas e segredos das sinhás, somados a
abundância do açúcar e de frutas tropicais, e à mão de obra escrava, deram origem
aos primeiros doces genuinamente brasileiros.
Para o historiador da alimentação brasileira, Câmara Cascudo (2004), toda
mulher portuguesa faz três doces, ensina cinco e opina sobre dez. Era dever das
mulheres portuguesas saber fazer um bom bolo e doce, e até pouco tempo, esse
critério era genérico e inevitável na educação feminina brasileira.
Sem a escravidão não se explica o desenvolvimento, no Brasil, de uma arte
de doce, de uma técnica de confeitaria, de uma estética de mesa, de sobremesa e de
tabuleiro tão cheias de complicações e até de sutilezas e exigindo tanto vagar, tanto
lazer, tanta demora, tanto trabalho no preparo e no enfeite dos doces, dos bolos, dos
pratos, das toalhas, das mesas.
Freyre (2012) destaca só com o grande lazer das sinhás ricas e o trabalho
fácil das negras das antigas famílias das casas-grandes e dos sobrados é que se
desenvolveram receitas quase impossíveis para os dias de hoje.
As negras doceiras viviam nas cozinhas da casa grande, orgulho dos amos,
soberanas das cozinhas senhoriais, sobre os olhares atentos das senhoras,
fiscalizando e provando o ponto dos doces. E as escravas que tinham fama de
quituteiras eram emprestadas para as ocasiões festeiras.
Segundo Cascudo (2014), o comum era fazer com as próprias mãos e essas
tarefas mantiveram a tradição dos bolos e doces de casa.
41
Aos poucos os doces mais baratos e populares começaram a ser
comercializados nos Brasil e viraram os doces de tabuleiro, vendidos nas feiras, pátios
das igrejas em noite de novena e festas (CASCUDO, 2004).
E esses doces ou quitutes de tabuleiro foram os preparados e enfeitados pelas
negras forras, em tabuleiros enormes, forrados de toalhas alvas como pano de missa.
Freyre (2007) destaca que algumas com ponto fixo, outras em uma esquina
ou pátio de igreja. Seus tabuleiros repousavam sobre armações de pau escancaradas
em X.
A capitania de Pernambuco foi um dos grandes produtores de açúcar, por ser
generosa os engenhos foram tomando o lugar da Mata Atlântica, nas várzeas dos rios.
O açúcar recortou o Nordeste, e a cozinha das casas grandes pernambucanas pode-
se dizer que se desenvolveu com o canavial sempre de lado a lhe oferecer açúcar em
abundância (FREYRE, 2007).
Segundo Gomes (2004), a região do Seridó no Rio Grande do Norte, onde
fica localizado a cidade de Caicó, foi adentrado pelos povos vindos do Pernambuco e
da Paraíba, trazendo consigo, suas tradições e principalmente o açúcar, e com isso a
arte de fazer doces pelas mãos femininas.
É famosa a boa mão das mulheres da região do Seridó no fazer de seus
produtos culinários. São dezenas de doces, biscoitos e bolos produzidos. Alguns
adaptados ao paladar local e outros que ainda seguem sua receita original.
Entre os doces se destaca o filhós. Iguaria trazida pelos portugueses que tem
seu maior consumo durante o período de carnaval. Mas é na festa de Sant´Ana que
as sobremesas e doces finos se fazem presentes com mais notoriedade na mesa dos
caicoenses para receber os amigos e parentes.
42
Figura 2 – Mapa do Estado do Rio Grande do Norte com destaque para a Região do Seridó
Fonte: https://carnaubanoticias.blogspot.com.br
Outro doce que merece destaque, tanto pelo seu ingrediente principal ser
bastante peculiar, o sangue de porco, como pelo seu preparo, que envolve toda a
família, amigos e vizinhos, e leva o dia todo, é o chouriço. Segundo a pesquisadora
do IFRN, Maria Isabel Dantas, sua realização acontece em meio a uma festa,
conhecida como a matança do porco.” Essa atividade é sempre supervisionada pelas
senhoras de idade que detém o conhecimento da feitura de um doce tão particular.
Ainda segundo Isabel, são necessárias várias horas de cozimento do sangue
em fogo baixo, o que é tempo ideal para reunir parentes e amigos e festejar. A comida
externa um sentimento de fraternidade e relacionamento com seu lugar e cultura. E
são esses laços familiares e de amizade que mantiveram esse saber-fazer culinário
no Seridó. E muitas famílias criaram seus cadernos de receitas.
A pesquisadora ressalta também que em suas pesquisas percebeu que
existem muitas famílias do Seridó que têm a produção de doces como meio de vida,
de renda, sendo uma a produção doméstica na produção e comercialização de doces,
biscoitos e bolos. Um exemplo dessas mulheres que sustentou a família com a venda
de doces foi Joaquina Dantas Gurgel, também conhecida como “Mãe Quininha”, pois
assistia as gestantes como parteira, mas não cobrava por isso. E além dos doces,
vendia furtas, verdura e legumes que eram produzidos na fazenda.
43
Figura 3 – Foto de Mãe Quininha com sua família
Fonte: Revista Bucho Cheio
E um traço marcante na venda dos doces é que esta depende da confiança do
consumidor na doceira. E são muitos os doces. Além dos tradicionais, outros como
doce de gogóia, de canela de viado, e beijo caboclo também são produzidos. Outros
tantos bolos e biscoitos fazem das doceiras de Caicó e região ter destaque pela
vocação doceira das mulheres da região.
2.7 A MULHER DO SERIDÓ POTIGUAR
Vale salientar que não é só no doce que as mulheres da região do Seridó
Norteriograndese tem destaque. A jornalista e escritora Júlia Medeiros foi uma das
figuras femininas mais marcantes da região.
“Sob os secos sertões da Fazenda Umari [...], no raiar da aurora do último
século do segundo milênio do calendário Cristão nascia, quem sabe a mulher do
século de Caicó” (GUERRA FILHO, 2002, p. 2). Júlia Medeiros nasceu no dia 28 de
agosto de 1896, no árido sertão norte-rio-grandense, na zona rural de Caicó. A família
Medeiros oriunda de Portugal, e, em consonância com aquele país e a Europa,
44
imprimia, entre os seus descendentes, brasileiros, a preocupação com o saber sem
distinção de sexo, por isso Júlia teve acesso a mais refinada educação tanto em Caicó
como na Capital, Natal, onde deu continuidade aos seus estudos para se tornar
professora.
Seria o início de uma longa carreira que se estenderia até, aproximadamente,
o ano de 1951, quando se afastou de suas funções de professora para exercício do
cargo de vereadora, por dois mandatos consecutivos (1951- 1954 e 1954-1958).
Inicia-se, assim, uma história de respeito e dedicação.
Falar da história das mulheres no Seridó na década de 1920 é lembrar de uma
época em que eram submissas ao homem. Elas não podiam expressar suas opiniões,
ações, pensamentos. Preservava-se o paradigma positivista. A figura feminina é
omitida, ficando sempre em segundo plano. (FÉLIX; MOREIRA; FREIRE, 1997).
Considerada excelente oradora, fruto de sua formação intelectual, sempre que
alguma personalidade política estadual ou nacional visitava a cidade, era por ela
saudada, como foi com Getúlio Vargas, Bertha Lutz e tantos outros.
Segundo Félix, Moreira e Freire (1997) apesar de sua colaboração na revista
educativa Pedagogium, foi no Jornal das Moças juntamente com outas grandes
mulheres como Georgina Pires e Dolores Diniz, que a professora Júlia Medeiros
exerceu a função de colaboradora e redatora. É unânime a opinião dos seus ex-alunos
e conterrâneos sobre o grau de inteligência e dedicação de Júlia Medeiros à educação
Norte-rio-grandense e ao jornalismo.
Além disso o comportamento peculiar dessa professora foge à regra da
configuração social da cidade, gerando, em decorrência disso, polêmica e reprovação
no contexto dos padrões sociais estabelecidos para as mulheres nos anos de 1920.
Para Moteiro (1999) diferenciava-se das demais mulheres pela sua ousadia e
irreverência. Como por exemplo, dirigir um automóvel e ir de Natal a Caicó, dirigindo
o seu próprio veículo.
Em relação ao casamento, Júlia Medeiros não acreditava que o mesmo seria
sua realização pessoal, como era comum às moças do sertão daquele tempo.
Parafraseando Félix, Moreira e Freire (1997), Júlia Medeiros chegou a ser pedida em
casamento mas recusou o convite. Segundo Rocha Neto (2002), sua opção de ser
solteira desafiava as normas, pois, na maioria das vezes, restava às solteiras cuidar
dos sobrinhos, ficar para titia.
45
Além disso Júlia Medeiros foi a primeira mulher de Caicó a se alistar como
eleitora. Segundo Rodrigues (2003), a professora Júlia Medeiros tornou-se eleitora
em Caicó, e desse modo, uma das poucas mulheres no Brasil que possuía esse
direito, àquela época.
Julia Medeiros reivindicou instrução para a mulher, e a ampliação da
participação da mulher no mundo moderno, sem prejuízos para célula da família na
sociedade. Para ela, a família e a educação para ambos os sexos eram o caminho
para uma sociedade mais justa e igualitária (SOLANO et al., 2008).
A mulher do Seridó também se destaca pela produção dos bordados. Bordar é
a arte de ornar desenhos à base de linha e agulha, normalmente em tecidos, usando
a criatividade para combinação de cores e formas. A prática do bordado é artesanal,
normalmente realizada em casa e em sua maioria por mulheres. Esse tipo de
atividade, muito antes de seu aspecto econômico e de ser meramente uma fonte de
renda e de sustento para uma família, é antes de tudo uma forte expressão cultural e
social.
O oficio de bordar é acompanhado de experiências estéticas e cria uma classe
específica de trabalhadores: as bordadeiras que é uma prática de suma importância
para a vida local, envolvendo cerca de 20% das mulheres que se dedicam a sua
produção como trabalho e geração de renda, de acordo com os dados da Associação
das Bordadeiras.
No Seridó, como atividade complementar à pecuária, desenvolveu-se a
cotonicultura. Agregando à paisagem caicoense, o branco do algodão (MORAIS,
2005; MACÊDO, 2004). A produção algodoeira foi estimulada pelos governos e
grandes proprietários de indústrias de tecelagem, apresentando-se como uma
alternativa às graves secas que dizimaram rebanhos inteiros e pelo desenvolvimento
e modernização da tecelagem. Esses dois elos produtivos permaneceram
característicos da cidade até as décadas de 1960 e 1970, definindo tanto a produção
econômica quanto as relações de trabalho e as representações sociais (MORAIS,
2005; MACÊDO, 2004).
Segundo Brito (2011) apesar do ciclo do algodão ter sido economicamente
representativo para a projeção da cidade para circuitos mais distantes, foi algo de
breve duração. Em menos de uma década, a produção seridoense perdeu espaço no
mercado. O estado de São Paulo estruturou uma produção regular e "já em 1936, era
46
responsável por 50% da produção algodoeira no país" (MORAIS, 2004, p. 164).
Curiosamente, nessa fase de crise econômica é que se encontram os primeiros
relatos sobre uso do bordado como mercadoria. Assim, o que até então era uma
prenda doméstica, toma-se, por meio de Maria do Vale Monteiro, uma modista da
região, fonte de renda. E juntamente com a filha, Eunice do Vale Monteiro, professora,
formam o primeiro grupo de mulheres que se dedicavam, de modo coletivo, à feitura
do bordado à mão. O grupo de bordadeiras funcionava na casa da modista, na década
de 1930. Elas foram responsáveis por adaptar os bordados, outrora realizados
unicamente para a composição de enxovais, aos vestidos de noiva e para a alta-
costura. Com o tempo, o grupo de bordadeiras se ampliou, assim como as
encomendas e a crise no campo.
Brito (2011) destaca que o Grupo Escolar Senador Guerra recebeu o grupo de
bordadeiras de Eunice do Vale que, por sua vez, adequou-se, perfeitamente, ao
modelo pedagógico da "Escola Nova" que visava construir um cidadão apto para o
trabalho, estabelecendo ofícios femininos para a cidadania, o trabalho e a família.
Hoje, o ensino do bordado se atualizou na Escola Profissional de Caicó e na
Associação das Bordadeiras do Seridó; e a história de Maria do Vale Monteiro é
frequentemente acionada pelas bordadeiras, principalmente, pelo grupo que participa,
de alguma forma, da ABS – uma vez que emerge como uma referência de coragem e
de empreendedorismo que sinaliza, portanto, um caminho para ser seguido.
Iracema Batista é uma referência para as bordadeiras da cidade. Destacada
por Brito (2011) sua trajetória sinaliza um movimento comum de muitas mulheres da
região que descobriram no bordado uma possibilidade de "alçar vôos mais altos", de
"ir além de seu destino". Nascida na zona rural, de acordo com seu relato, “lida na
roça era um destino natural para si”, no entanto,” ainda menina, incomodava-se com
um destino já formado e, ao mesmo tempo, via que uma de suas vizinhas bordava
muito bem”. Conta que ficava à espreita, “observando como fazia a bordadeira. Em
casa, tentava repetir os pontos”. Dessa forma, segundo ela, “foi imitando e ajudando
a esta senhora nos processos mais simples como recortes, arremates e engoma que
aprendeu a bordar.
Aos 15 anos comprou a sua máquina que ainda hoje a acompanha no seu
cotidiano”. Assim, “livrou-se do trabalho pesado da lavoura e da dependência da
chuva para fazer frutífera a terra. Pôde, assim, garantir o sustento e cooperar
47
financeiramente com sua família. Ensinou o oficio às suas irmãs e à sua mãe”. Além
disso, conta que “com os bordados, pôde, ainda, estudar”. É historiadora e
restauradora, ensinou alunos do colégio à Universidade e, ainda hoje, colabora com
o Museu do Seridó, instituição ligada a UFRN. Quando se aposentou, há pouco mais
de três anos, “resolveu abrir a sua loja de bordados” (atualmente, enfrenta as
dificuldades de ser uma pequena empresária, como lidar com as dificuldades do
mercado, da produção e da circulação). Sua loja revela uma parcela representativa
dos bordados que são feitos em Caicó: enxovais e roupas repletos de matizes e de
bordados em richelieu. A história de Iracema, ainda que contada superficialmente e
entremeada com algumas de suas frases, narra experiências vividas por uma mulher
que não apenas bordou, mas que refez a sua própria história a partir das agulhas e
das linhas, construindo o bordado como eixo para a organização da vida.
Essa história mostra, brevemente, que é possível observar que o bordado fala
mais do que um exercício feminino, delicado e útil para o adorno da casa. Fala sobre
a apropriação da territorialidade doméstica que envolve a casa com uma "aura" de
feminilidade, das possibilidades de geração de renda para além do modelo rural, por
meio de uma trajetória pessoal diante das leituras acerca das alterações econômicas
e sociais diante de modelos econômicos.
São esses bordados são considerados um dos mais chiques do Rio Grande do
Norte e do Brasil, pois a fama das bordadeiras de Caicó se espalhou pelo país e fazem
parte do enxoval (colchas de cama, toalhas de mesa, panos de bandeja, dentre outros)
de toda a noiva que tenha apreço por peças bonitas e de gosto. Vale salientar que
pelo tempo e dedicação exigidos na elaboração dessas peças e do material de
qualidade que é utilizado para essa elaboração, o preço é bastante expressivo.
E são essas toalhas bordas pelas mãos das bordadeiras de Caicó e região que
são utilizadas para forrar as mesas de quitutes e doces produzidos pelas doceiras que
serão o foco desse trabalho.
Sejam jornalistas, bordadeiras, doceiras, a mulher seridoense desde muito
tempo e através dos exemplo aqui abordados trazem na força do seu trabalho
destaque na produção e no desenvolvimento da economia potiguar.
48
2.8 ESTUDOS PERTINENTES AO TEMA.
Vários foram os estudos contribuíram para a concepção desse estudo. Que
acrescentaram informações, dados e análises de outras pesquisas para que fosse
possível aprofundar a pesquisa.
Para Barbosa et al. (2001), em seu trabalho intitulado Empreendedorismo
Feminino e Estilo de Gestão Feminina, o objetivo do trabalho era conhecer o estilo da
gestão feminina das empreendedoras, além de traças seu comportamento e procurar
identificas os motivas que as levam a empreender. Ainda investigou seus múltiplos
papéis e os conflitos decorrentes destes, apontando os desafios enfrentados por
essas mulheres em seus negócios na cidade de Aracajú no estado de Sergipe.
O comportamento empreendedor e a redefinição do perfil do profissional
farmacêutico no novo mercado foram abordados no trabalho de Barbosa (2016), que
analisa as características do comportamento empreendedor presentes nos
profissionais farmacêuticos. O estudo utilizou a teoria e o questionário elaborado por
Winter e McClelland (1971) e obteve como resultados que indicaram que os
farmacêuticos possuem todas as características comportamentais.
Já no estudo de Oliveira (2016) que estudou as novas perspectivas no
comportamento gerencial da mulher empreendedora, os objetivos foram identificar as
características empreendedoras presentes no modo de gerenciar da presidente da
Associação Mãos que se ajudam. O comportamento empreendedor de uma mulher
gestora obteve como resultado que o planejamento estratégico destacou-se a
inovação. Referente ao processo decisório, as decisões são sempre compartilhadas.
No tocante aos aspectos organizacionais, a estrutura é simples com baixo formalismo
e flexível. Em relação aos aspectos institucionais, a importância das políticas públicas
para as decisões da empresa é baixo.
Analisar o perfil empreendedor as mulheres em Fortaleza de acordo com a
visão da teoria de Dornelas (2008), foi o estudo de Damasceno (2010), que teve como
tema o Empreendedorismo Feminino: um estudo das mulheres empreendedoras
como modelo proposto por Dornelas. E conclui-se que as mulheres possuem muitas
características similares de acordo com a visão do autor, e que encaram o mercado
competitivo com muito otimismo, garra, paixão pelo que fazer e com o jeito feminino
de ser. Visto que suas maiores dificuldades são suas culpas e cobranças por estarem
49
ausentes na vida familiar, porém, mesmo assim, conseguem se mulheres de sucesso
como empreendedoras.
Para Santos e Sousa (2015), o tema do estudo é o perfil socioeconômico das
empreendedoras da cidade de Juazeiro no estado da Bahia. Analisar o perfil das
mulheres empreendedoras do município e sua influência no sucesso das micro e
pequenas empresas criadas e administradas por elas é o objetivo principal. Os
principais achados da pesquisa evidenciaram que as mulheres não apenas são
responsáveis pela administração de seus negócios, como empreende na busca de
alternativa de renda, pois ficou evidente através da pesquisa que a mulher baiana
responde por uma significante parcela da renda familiar independentemente da sua
escolaridade.
Os estudos na área do comportamento empreendedor feminino tem avançado,
mas são muitas as áreas onde a mulher atua que ainda merece um olhar mais atento
e pesquisas profundas para que se tenha um panorama mais cada vez mais completo
do universo feminino no meio empresarial.
50
3 METODOLOGIA
3.1 TIPO DE PESQUISA
Para a classificação da pesquisa, tomou-se como base a taxionomia
apresentada por Vergara (2014), que qualifica em relação a dois critérios: quanto aos
fins e quanto aos meios.
A abordagem dessa pesquisa quanto aos fins é descritiva. Descritiva porque se
propõe expor características de determinada população, podendo estabelecer
correlações entre variáveis e definir sua natureza.
Como técnica de busca foi utilizada a bola de neve, na qual o pesquisador tem
acesso as pessoas e grupos, ou seja, ao sujeito de pesquisa, seguindo as indicações
de outro participante (VERGARA, 2014). Pois as doceiras residem espalhas pela
região do Seridó, em Caicó e muitas delas no meio rural, onde não há um endereço
fácil de ser mapeado.
Quanto aos meios, a investigação foi empírica realizada no local onde
trabalham as doceiras e dispõe de questionários a serem aplicados a estas, logo trata-
se de uma pesquisa de campo.
3.2 UNIVERSO E AMOSTRA DA PESQUISA
A delimitação do universo e amostra desta pesquisa segue taxionomia de
Vergara (2014).
O universo da pesquisa de campo foi de mulheres doceiras que produzem seus
doces de maneira artesanal e que residem na cidade de Caicó, Currais Novos e no
meio rural da região do Seridó no Rio Grande do Norte.
A amostra foi definida pelo critério de acessibilidade, que não teve como base
procedimentos estatísticos, mas seleciona os elementos pela facilidade de acesso a
eles. Com isso, chegou-se a aplicar o questionário a 45 doceiras.
Não há no município e nem na região nenhum registro da quantidade de
mulheres que fabricam seus doces artesanalmente. Mesmo em visita ao Sebrae de
Caicó, maior cidade da Região do Seridó, não há registro dessa atividade
51
especificamente, muito menos da quantidade de mulheres que utilizam a produção de
doces artesanais como fonte de renda ou completo de renda.
3.3 OPERACIONALIZAÇÃO DE COLETA DE DADOS
Para obter as informações sobre as características do comportamento
empreendedor presente nas mulheres doceiras esta pesquisa aplicou o questionário
de Winter e McClelland (1991) e a coleta desses dos foi feita de forma presencial. A
observação foi, segundo Vergara (2014), simples, sem interação com o respondente.
3.3.1 Instrumento de Pesquisa: Questionário
O instrumento de pesquisa é composto de um questionário fechado,
estruturado, que está dividido em duas partes. Parte I com questões sócio
demográficas e Parte II com 55 questões retiradas do modelo utilizado por McClelland
e Winter (1971).
As 7 questões da Parte I servirão para caracterizar o comportamento sócio
demográfico das doceiras.
As 55 questões na Parte II permitem a identificação de dez características
comportamentais empreendedoras a partir de uma escala somativa de quatro
perguntas e uma diminutiva para cada uma das características propostas por
McClelland (1972). As respostas serão atribuídas em escala de Likert (1979) de 1 a 5
para cada afirmação e o respondente obterá uma pontuação que irá variar de 3 a 15.
A presença de uma característica é definida pela pontuação mínima de 15 pontos por
comportamento.
3.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS
Com os dados recolhidos através dos questionários aplicados, a próxima etapa
foi o tratamento e análise dos dados de onde foram extraídas as informações para
atingir os objetivos desse estudo.
52
3.4 .1 Variáveis Analíticas
No presente trabalho foi feita a associação entre as variáveis
sociodemográficas à incidência de características de comportamento empreendedor,
segundo Winter e McClelland (1971) e McClelland (1972).
Quadro 3 - Variáveis Analíticas
Variáveis do perfil sociodemográfico
Parte I, Questões:
1 - Idade:
2 - Estado Civil:
3 - Escolaridade:
5 – Número de filhos:
6 - Renda Familiar
7 - Tempo de Serviço na Produção de
Doces
Variáveis de caracterização do
comportamento empreendedor
Parte II, Questões:
1, 12, 23, 34 e 45. Busca de oportunidades
e iniciativa;
2, 13, 24, 35 e 46. Persistência;
3, 14, 25, 36 e 47. Comprometimento;
4, 15, 26, 37 e 48. Exigência de Qualidade
e Eficiência;
5, 16, 27, 38 e 49. Correr Riscos
Calculados;
6, 17, 28, 39 e 50. Estabelecimento de
metas;
7, 18, 29, 40 e 51. Busca de informações;
8, 19, 30, 41 e 52. Planejamento,
Monitoramento Sistemático;
9, 20, 31, 42 e 53. Persuasão e Rede de
Contatos;
10, 21, 32, 43 e 54. Independência e
Autoconfiança.
11, 22, 33, 44 e 55. Fator de Correção
53
3.4.2 Tratamento dos Dados
Para o tratamento de dados foi utilizada a análise descritiva, detalhada por
Spiegel (1993, p.2) como “uma parte da estatística que procura somente descrever e
analisar um certo grupo, sem tirar quaisquer conclusões ou inferências sobre um
grupo maior.”
Quadro 4 – Objetivos da Pesquisa x Questões no Instrumento X Técnica estatística utilizada.
Objetivos da Pesquisa Questões no
instrumento
Técnica estatística
Objetivo Geral
Identificar características
do comportamento
empreendedor presentes
nas mulheres doceiras da
região do Seridó/RN.
Parte II
Questões 1 a 55
Estatística Descritiva e
Comparativa.
Objetivo Específico I
Caracterizar o perfil das
doceiras da região do
Seridó/RN através das
variáveis
sociodemográficas;
Parte I
Questões 1 a 7.
Estatística Descritiva e
Comparativa.
Objetivo Específico II
Identificar às
características do
comportamento
empreendedor das
pesquisadas com relação
à categoria desejo de
realização;
Questões 1, 12, 23, 34 e
45 Busca de
oportunidade e iniciativa;
Questões 2, 13, 24, 35 e
46 Persistência;
Questões 3, 14, 25, 36 e
47 Comprometimento;
Questões 4, 15, 26, 37 e
48 Exigência de
Qualidade e Eficiência;
5, 16, 27, 38 e 49 Correr
riscos calculados.
Estatística Descritiva e
Comparativa.
Objetivo Específico III
Identificar as
características do
comportamento
empreendedor das
pesquisadas com relação
à categoria planejamento
e resolução de problemas;
Questões 6, 17, 28, 39 e
50 Estabelecimento de
metas;
Questões 7, 18, 29, 40 e
51 Busca de
informações;
Questões 8, 19, 39, 41 e
52 Planejamento,
Estatística Descritiva e
Comparativa.
54
Monitoramento
sistemático.
Objetivo Específico IV
Identificar as
características do
comportamento
empreendedor das
pesquisadas com relação
à categoria poder.
Questões 9, 20, 31, 42 e
53 Persuasão e Redes
de contatos;
Questões 10, 21, 32, 43
e 54.
Estatística Descritiva e
Comparativa.
Objetivo Específico V
Comparar o
comportamento
sociodemográfico das
pesquisadas em relação
às categorias realização,
planejamento e poder.
Parte I
Questões 1 a 7.
e
Parte II
Questões 1 a 55
Estatística Descritiva e
Comparativa.
No quadro acima são apresentados os objetivos a serem alcançados, e
detalhado qual ou quais as questões do questionário que serão utilizadas para
responder os objetivos, como também a técnica estatística utilizada.
55
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Após da coleta dos dados foi realizado o tratamento dos dados. A seguir são
apresentados as estatísticas utilizadas e os resultados obtidos na pesquisa. No
quadro 6 é apresentado o demonstrativo das estatísticas utilizada para a análise dos
dados.
4.1 CONFIABILIDADE DOS DADOS
A através do teste estatístico Cronbach's Alpha, que verifica a confiabilidade
dos dados, pode-se observar que todas as dimensões avaliadas sobre o questionário
de McClelland obteve um alfa de Cronbach's acima de 0,75. Ou seja, consistência dos
dados classificada como satisfatória no instrumento de pesquisa.
Tabela 1 - Teste Estatístico Cronbach´s Alpha para o questionário de McCland e Winter.
Descrição Alpha de
Cronbach's
Questionário geral 0,81
Busca de oportunidades e iniciativa 0,79
Persistência 0,79
Comprometimento 0,78
Exigência de qualidade e eficiência 0,81
Correr riscos calculados 0,78
Estabelecimento de metas 0,78
Busca de informações 0,77
Planejamento e monitoramento sistemático 0,79
Persuasão e rede de contatos 0,79
Independência e autoconfiança 0,80
Fator de correção 0,80
Fonte: Pesquisa 2017.
A seguir foi aplicado o teste de Kolmogorov Smirnov, para verificar se os dados
em estudo são provenientes de uma distribuição normal, onde a hipótese nula (H0) é
que os dados possuem distribuição normal e a hipótese alternativa (H1) é que os
dados não possuem distribuição normal. Rejeita-se H0 se o valor - p < 0,05.
56
Tabela 2 - Teste de Kolmogorov Smirnov
Dimensões Valor-p
Realização 0,609
Busca de oportunidades e iniciativa 0,609
Persistência 0,567
Comprometimento 0,123
Exigência de qualidade e eficiência 0,363
Correr riscos calculados 0,798
Planejamento 0,876
Estabelecimento de metas 0,782
Busca de informações 0,437
Planejamento e monitoramento sistemático 0,533
Poder 0,630
Persuasão e rede de contatos 0,404
Independência e autoconfiança 0,683
Fonte: Pesquisa 2017 ** Valor - p < 0,01 *Valor - p < 0,05
Através do teste de Kolmogorov Smirnov, para um nível de significância de 5%,
temos evidências estatísticas que as dimensões estudadas possuem distribuição de
normal. Portanto, sendo viável aplicação de testes estatísticos paramétricos.
4.2 ANÁLISES ESTATÍSTICAS UTILIZADAS
Foram utilizadas diversas análises estatísticas para obtenção dos resultados.
Na sequência essas estatísticas são apresentadas, com o objetivo da análise e a
técnica utilizada.
57
Quadro 5 – Análise estatísticas utilizadas.
Análise Nome da
análise Objetivo da análise Técnica utilizada
1 Alfa de
Cronbach
Testar consistência interna
dos questionários Análise de Confiabilidade
2 Análise
descritiva
Medidas de tendência,
dispersão dos dados e
distribuição de frequência
Frequência absoluta,
Percentual, Mínimo, máximo,
1º quartil, mediana, 3º
quartil, média, desvio padrão
e coeficiente de variação
3 Teste de
Kolmogorov Smirnov
Verificar se os dados possuem distribuição
normal
Teste de normalidade dos dados
4 Teste t independente
Comparar duas variáveis independentes
normalmente distribuídas Teste de médias paramétrico
5 Anova
seguido por Turkey
Análise de variância para testar diferenças entre três
variáveis independentes em um único teste
Análise de variância paramétrica
6
Teste de
Correlação de
Pearson
Verificar correlação entre variáveis contínuas
Análise de correlação
7 Teste Qui-
quadrado Verificar associação entre
as variáveis analisadas Cruzamento de variáveis
Fonte: Pesquisa 2017.
Como se pode observar foram utilizados diversas análises e testes para
obtenção dos dados e posterior análise dos mesmos.
4.3 CONSISTÊNCIA E FIDEDIGNIDADE DOS DADOS
Para a correta análise dos dados foram aplicadas metodologias que conferem
legitimidade aos resultados encontrados.
58
4.3.1 Metodologias Aplicadas
4.3.1.1 Metodologia Computacional
O banco de dados foi construído em formato EXCEL, versão 2010, para realização
das tabelas descritivas e aplicação de testes estatísticos utilizou-se o software
Statistica SPSS, versão 20.0.
4.3.1.2 Teste Qui-Quadrado
O Teste Qui-Quadrado permite avaliar se as variáveis estão relacionadas com
determinado nível de significância.
Hipóteses a serem testadas:
Hipótese Nula (H0): As variáveis não estão relacionadas (as variáveis são
independentes).
Hipótese Alternativa (H1): As variáveis estão relacionadas (as variáveis são
dependentes).
A hipótese de nulidade pode ser testada por:
2)1k(
k
1i i
ii2cal
E
²EO
Onde Oi = n° de casos observados classificados na categoria i;
Ei = n° de casos esperados classificados na categoria i, sob H0.
Assim, Rejeitamos H0, se ²cal ²(k – 1, ), ou se a probabilidade associada
à ocorrência, sob H0, do valor obtido do ²cal com (k - 1) g.l. não superar o valor de
alfa, ou seja, P[²k - 1 ²cal] for significativo (menor que alfa).
g.l: Graus de Liberdade;
: Nível de significância.
59
4.3.1.3 Teste t do Student
É um teste paramétrico usado para verificar se existe uma diferença
significativa entre as médias.
H0: Não há diferença entre as variáveis estudadas.
H1: Há diferença entre as variáveis estudadas.
4.3.1.4 Análise de Variância (ANOVA)
A análise de variância (ANOVA) é um teste paramétrico usado para verificar se
existe uma diferença significativa entre as médias e se os fatores estão influenciando
na variável resposta. Dessa forma, esta técnica estatística permite que vários grupos
sejam comparados, esses fatores podem ser classificados como qualitativa ou
quantitativa, mas a variável resposta sempre tem que ser contínua.
- Hipóteses a serem testadas: H0: µi= µi, Para todo i, j = 1,..,n.
H1: µi ≠ µj, Para pelo menos duas das médias i, j = 1,..n.
Ou seja,
H0: Não há diferença entre as variáveis estudadas.
H1: Há diferença entre as variáveis estudadas.
4.3.1.5 Análise Multivariada de Variância (MANOVA)
Análise multivariada da variância é uma forma generalizada dos métodos
de Análise de variância (ANOVA) para abranger os casos em que exista mais de uma
variável dependente.
4.3.1.6 Teste de Tukey
O Teste de Tukey, nomeado em seguida John Tukey, é um teste estatístico
usado geralmente quando análise de variância (ANOVA) é significativo, com isso
torna-se necessário verificar em que fatores está ocorrendo essa diferença
significativa. A comparação de todos os pares possíveis dos fatores é baseada na
distribuição q que é similar a distribuição t.
60
4.3.1.7 Correlação de Pearson
Correlação de Pearson (r): é a medida de relação linear entre duas variáveis
numéricas, com escala entre -1 e 1. Onde uma correlação positiva, significa que à
medida que uma variável aumenta, a outra tende aumentar também. Enquanto na
correlação negativa, à medida que uma variável aumenta, a outra tende diminuir. A
seguir temos uma classificação de coeficiente de correlação:
Acima de 0,70 (positivo ou negativo), indica correlação forte;
Entre 0,30 a 0,70 (positivo ou negativo), indica correlação moderada;
De 0 a 0,30 (positivo ou negativo), temos uma correlação fraca.
4.4 OBJETIVO ESPECÍFICO 1: Caracterizar o perfil das doceiras da região do
Seridó/RN através das variáveis sociodemográficas.
Abaixo, na tabela 3 são apresentados os dados obtidos na pesquisa para
caracterizar o perfil sociodemográfico das pesquisadas.
Tabela 3 – Perfil das entrevistadas
Perfil do entrevistado Frequência absoluta
%
Idade
30 a 40 anos 5 11,11
40 a 50 anos 13 28,89
Acima de 50 anos 27 60,00
Estado civil Casada 29 64,44
Solteira 16 35,56
Grau de escolaridade
Sem escolaridade 2 4,44
Ensino fundamental 35 77,78
Ensino médio 8 17,78
Número de filhos
Nenhum 6 13,33
1 a 5 34 75,56
5 a 10 5 11,11
Renda familiar 1 a 2 salários mínimos 37 82,22
2 a 4 salários mínimos 8 17,78
Tempo de serviço na produção de doces
6 a 10 anos 22 48,88
11 a 20 anos 16 35,56
Acima de 20 anos 7 15,56
Total 45 100,00
Fonte: Pesquisa 2017
61
Temos assim que 60,00% possuem idade acima de 50 anos e 11,11%, 28,89%
com faixa etária de 30 a 40 anos e 40 a 50 anos, respectivamente. No estado civil,
64,44% são casadas, 35,56% solteiras.
No grau de escolaridade, temos o seguinte resultado: sem instrução (4,44%),
ensino fundamental (77,78%) e ensino médio (17,78%). 13,33% não possuem filhos,
75,56% têm 1 a 5 filhos e 11,11% acima de 5 filhos. 82,22% possuem renda familiar
entre 1 a 2 salários mínimos 82,22% e 17,78% entre 2 a 4 salários mínimos. Por
último, no tempo de serviço na produção de doces, temos o seguinte resultado: 6 a
10 anos (48,88%), 11 a 20 anos (35,56%) e acima de 20 anos (15,56%).
4.4.1 Síntese do Perfil Sociodemográfico das Entrevistadas
Diante dos resultados encontrados podemos elaborar um quadro com uma
síntese do perfil sociodemográfico das doceiras entrevistadas. Segue abaixo essa
caracterização.
Quadro 6 – Síntese do perfil sociodemográfico das pesquisadas
Variáveis Características do Perfil %
Idade Acima de 50 anos 60,00
Estado Civil Casada 64,55
Grau de escolaridade Ensino Fundamental 77,78
Número de filhos 1 a 5 filhos 75,56
Renda familiar 1 a 2 salários mínimos 82,22
Tempo de serviço na
produção de doces
6 a 10 anos 48,88
Fonte: Pesquisa 2017.
No Quadro 6 podemos ter uma definição mais clara que o perfil
sociodemográfico dominante das doceiras da região do Seridó no Rio Grande do
Norte é composto por mulheres com idade acima de 50 anos, casada, com grau de
escolaridade do ensino fundamental, que possuem de 1 a 5 filhos, que possuem uma
renda entre 1 a 2 salários mínimos, e que desenvolve a atividade profissional de
doceiras entre 6 a 10 anos.
Quanto à idade e o tempo de serviço relacionado a produção dos doces, a
realidade encontrada condiz com a perspectiva de tempo defendida por Angerami
62
(2012) ao afirmar que a cada faixa de idade a mulher busca um novo referencial a
cada ciclo/faixa de idade, podendo esse ser vinculado à questões profissionais e/ou
pessoais. Neste estudo a faixa apresentada faz referência a essa linha do tempo de
novas buscas profissionais.
Já com relação ao nível de escolaridade, de acordo com Mayer e Mariano
(2011), o nível de formação quanto as características são resultados das dimensões
regionais. Os dados ao revelar essa variação quanto a escolaridade das respondentes
na verdade transmitem o reflexo do seu contexto (AVENI, 2014).
Em relação ao número de filhos os dados revelam que mulheres casadas e que
têm filhos, a empresa e família aconteceram em sua vida ao mesmo tempo, situação
essa característica do empreendedorismo feminino, como verificado em Boas e Diehl
(2014) que destacam que o empreendedorismo possibilita a mulher, flexibilizar seu
tempo para acompanhar o desenvolvimento dos filhos e administrar seu lar, sendo
esse um dos motivos revelados por elas como fatores para empreender.
Além disso, o relatório do GEM 2015 aponta que as mulheres passaram a
empreender mais por necessidade do que por oportunidade. Tendo um número de
filhos elevado e com o percentual de 1 a 2 salários mínimos em 82,22% das mulheres
aponta para uma necessidade real e latente de necessidade de complementação de
renda para poder ajudar nas necessidades da família.
4.5 OBJETIVO ESPECÍFICO 2: Identificar às características do comportamento
empreendedor das pesquisadas com relação à categoria desejo de realização.
Avaliando a distribuição de frequência relativa, na busca de oportunidades e
iniciativa (Gráfico 2), temos o seguinte resultado: fraca (11,11%), moderada (31,11%)
e forte (57,78%). Na persistência, 6,67% classificou-se em ausente, 15,56% em fraca,
20,00% como moderada e 57,77% sendo forte. Quanto ao comprometimento, temos
o respectivo resultado: fraca (2,22%), moderada (4,44%) e forte (93,34%). Já na
exigência de qualidade e eficiência, ausente, fraca, moderada e forte, apresentaram
o respectivo percentual: 8,89%, 31,11%, 22,22% e 37,78%. Por último, temos o
seguinte resultado quanto correr riscos calculados: ausente (28,89%), fraca (26,67%),
moderada (33,33%) e forte (11,11%).
63
Gráfico 2 - Distribuição de frequência das dimensões avaliadas com relação à Desejo de Realização.
Fonte: Pesquisa 2017
4.5.1 Síntese dimensões avaliadas com relação à característica Desejo de
Realização.
No quadro abaixo é apresentada uma síntese das dimensões avaliadas com
relação à categoria Desejo de Realização.
Quadro 7 – Síntese das dimensões avaliadas com relação à categoria Desejo de Realização.
Característica % Faixa
Comprometimento 93,34 Forte
Correr riscos calculados 28,89 Ausente
Fonte: Pesquisa 2017.
A pesquisa apresenta claramente que na dimensão desejo de realização a
característica que apresentou maior percentual foi a de Comprometimento, com
93,34% de força. E a característica de Correr Riscos Calculados, com 28,89% a que
apresentou a característica com maior índice de ausência.
No estudo desenvolvido por Pachêco (2017) que também identificou as
características do comportamento empreendedor das mulher do ramo da beleza, o
Comprometimento foi a dimensão com maior percentual e Correr Riscos Calculados
a de menor percentual. O estudo também foi realizado em uma cidade no interior do
0
25
50
75
100
Busca deoportunidades e
iniciativa
Persistência Comprometimento
Exigência dequalidade eeficiência
Correr riscoscalculados
Ausente 6,67 8,89 28,89
Fraca 11,11 15,56 2,22 31,11 26,67
Moderada 31,11 20,00 4,44 22,22 33,33
Forte 57,78 57,77 93,34 37,78 11,11
%
64
Estado do Rio Grande do Norte, e para essa categoria, o resultado obtidos foram os
mesmos.
Esses dados são visualizados quando percebe-se que o tempo de serviço das
mulheres na atividade é de 6 a 10 anos. Para permanecer em uma atividade por tanto
tempo é preciso ter comprometimento com o negócio.
E a dimensão de correr riscos calculados como mais fraco é fácil de ser
verificada já que nenhuma delas sinaliza para o crescimento ou visualiza a produção
de doces como um negócio. Para elas é uma simples complementação de renda.
Com base nos parâmetros dos estudos de McClelland e Winter (1971) e
McClelland (1972), a característica Correr Riscos Calculados deve ser a categoria
indicada para treinamento e possível desenvolvimento entre as empreendedoras
pesquisadas.
4.6 OBJETIVO ESPECÍFICO 3: Identificar às características do comportamento
emprendedor das pesquisadas em relação à categoría Planejamento e Resolução de
Problemas.
No gráfico 3 abaixo é apresentada a frequência das dimensões avaliadas com
relação à categoria Planejamento e Resolução de Problemas para identificas as
características do comportamento empreendedor.
Gráfico 3 - Distribuição de frequência das dimensões avaliadas com relação à categoria Planejamento e Resolução de Problemas.
Fonte: Pesquisa 2017
0
10
20
30
40
Estabelecimentode metas
Busca deinformações
Planejamento emonitoramento
sistemático
Ausente 15,56 11,11 8,89
Fraca 31,11 8,89 11,11
Moderada 28,89 40,00 40,00
Forte 24,44 40,00 40,00
%
65
No estabelecimento de metas, temos o seguinte resultado: ausente (15,56%),
fraca (31,11%), moderada (28,89%) e forte (24,44%). Na busca de informação,
11,11% classificou-se em ausente, 8,89% em fraca, 40,00% como moderada e
40,00% sendo forte. Por último, temos o seguinte resultado quanto persistência:
ausente (8,89%), fraca (11,11%), moderada (40,00%) e forte (40,00%).
4.6.1 Síntese da dimensão avaliada com relação à planejamento e resolução de problemas.
No Quadro 8 é apresentada uma síntese das dimensões avaliadas com relação
à categoria planejamento e resolução de problemas.
Quadro 8 – Síntese das dimensões avaliadas com relação à categoria planejamento e resolução
de problemas.
Característica % Faixa
Busca de Informações 40,00 Forte e
Moderada
Planejamento e Monitoramento sistemáticos 40,00 Forte e
Moderada
Estabelecimento de metas 31,11 Fraca
Fonte: Pesquisa 2017.
Nas características avaliadas com relação a categoria Planejamento e
Resolução de Problemas, temos um empate na faixa de forte em duas características
com percentual de 40%, sendo elas a Busca de Informações e Planejamento e o
Monitoramento Sistemáticos. Na pesquisa de Oliveira, Silva e Araujo (2014) os
resultados apontam positividade nessas mesmas características. Os autores afirmam
que o empresário analisa criteriosamente as vantagens e as desvantagens de
diferentes alternativas antes de executar uma tarefa e recorre a outro método para
solucionar um problema, caso o método usado não apresente os resultados
esperados. Todavia, alertam que o empresário, ao planejar um projeto grande, divide-
o em tarefas mais simples.
Em Pachêco (2017) observa-se que a característica mais representativa entre
as empreendedoras na dimensão forte também foi o Planejamento e o Monitoramento
Sistemático, assemelhando-se aos resultados deste estudo.
66
A maioria dessas mulheres moram na zona rural e tem pouco acesso a
informações e tem apenas o nível escolar do ensino fundamental. Por isso qualquer
informação que venha a contribuir para seu trabalho diário é bem-vindo.
A produção de doces artesanais é uma atividade que necessita de um
constante planejamento e monitoramento sistemáticos. Primeiramente é necessário
obter a fruta, mas para isso se acompanha a sazonalidade da safra e com isso o valor
cobrado pela mesma. Depois, já com a fruta é feita a lavagem e pré-preparo das
mesmas, retirando a castanha, limpando ou cortando conforme o doce a ser
preparado. Após esse momento se calcula a quantidade de açúcar que também varia
dependendo da acidez da fruta e por fim, se adiciona a água. E então é que se inicia
a fase de cocção e observação, muitas vezes mexendo a panela sem parar até que
se chegue ao ponto correto do doce. Esse detalhamento do processo de elaboração
do doce faz parte do dia a dia da produção. Por isso não surpreende que a dimensão
de planejamento e monitoramento sistemáticos seja uma característica forte nessas
mulheres que diariamente divide a tarefa de elaborar o doce em subtarefas,
observando as variáveis como a sazonalidade e o preço das frutas para poder tomar
as decisões de fazer ou não o doce, ou mesmo de calcular o valor a ser cobrado pelo
mesmo.
No estudo de Pachêco (2017) a categoria Estabelecimento de Metas foi a que
apresentou o maior índice de ausência, que também condiz com este estudo que
apresenta o Estabelecimento de Metas com percentual mais fraco de 31%, na faixa
de fraca. De acordo com os estudos de McClelland e Winter (1971) e McClelland
(1972) seria a CCE que merece maior atenção em nível de treinamento.
Quanto ao estabelecimento de metas ter obtido a classificação de fraco reflete
a realidade de vida delas. Viver na zona rural, sem ter concluído o ensino médio,
casada, com filhos, com renda de 1 a 2 salários mínimos no interior potiguar é uma
situação que não abre oportunidades a serem conquistadas, muito pelo contrário. O
que essas mulheres estabelecem como metas é vender seus doces para ter renda
para necessidades básicas, como simplesmente ter o que comer.
67
4.7 OBJETIVO ESPECÍFICO 4: Identificar às características o comportamento
emprendedor das pesquisadas em relação à categoría Poder.
O gráfico 4 as dimensões avaliadas com relação a categoria Poder é
apresentado com a distribuição das frequência.
Gráfico 4 - Distribuição de frequência das dimensões avaliadas com relação a Poder.
Fonte: Pesquisa 2017
Na persuasão e rede de contatos, temos o seguinte resultado: ausente
(24,44%), fraca (46,67%), moderada (22,22%) e forte (6,67%). Na independência e
autoconfiança, 8,89% classificou-se em ausente, 17,78% em fraca, 42,22% como
moderada e 31,11% sendo forte.
4.7.1 Síntese dimensões avaliadas com relação à categoria Poder.
No Quadro 9 é apresentada uma síntese das dimensões avaliadas com relação
à categoria Poder.
0
10
20
30
40
50
Persuasão e rede decontatos
Independência eautoconfiança
Ausente 24,44 8,89
Fraca 46,67 17,78
Moderada 22,22 42,22
Forte 6,67 31,11
%
68
Quadro 9 – Síntese das dimensões avaliadas com relação à categoria Poder.
Característica % Faixa
Independência e autoconfiança 42,22 Moderada
Persuasão e Rede de Contatos 24,44 Ausente
Fonte: Pesquisa 2017.
Com relação a categoria poder, se destacam as variáveis Independência e
Autoconfiança na faixa de moderada com 42,22% e a de Persuasão e Rede de
Contatos com 24,44% de ausência.
No estudo de Pachêco (2017) analisou-se que as duas características
presentes na categoria Poder apresentaram percentuais próximos à dimensão forte.
Porém, com a ressalva que a característica Persuasão e Rede de Contatos
apresentou índice de ausência superior em relação à Independência e Autoconfiança
entre as pesquisadas, repetindo os resultados encontrados nas doceiras do Seridó
Potiguar. As distâncias e o isolamento da zona rural não contribuem para que se
estabeleça uma rede de contatos entre as doceiras ou mesmo entre outras pessoas.
Outro obstáculo é que apesar do celular e outras tecnologias como a internet derrubar
distâncias, nessa região, e mais pontualmente no meio rural o sinal das operadoras
ainda é muito fraco ou inexistente. Ou seja, além das distâncias físicas, a distância
tecnológica ainda é muito presente o que dificulta o estabelecimento de uma rede de
contatos.
A independência e a autoconfiança aparecem na faixa de moderada, ou seja,
na categoria poder não há nenhuma característica na faixa de forte. No site da ONU
Mulher o empoderamento feminino é tido como “Empoderar mulheres e promover a
equidade de gênero em todas as atividades sociais e da economia são garantias para
o efetivo fortalecimento das economias, o impulsionamento dos negócios, a melhoria
da qualidade de vida de mulheres, homens e crianças, e para o desenvolvimento
sustentável” (ONU Mulher).
Essas mulheres estão longe de ter o reconhecimento de sua atividade como
doceiras. Numa região onde as tradições e o conservadorismo ainda são muito
presentes ainda é muito difícil de se falar em equidade de gênero, e muito menos
ainda em poder.
69
4.8 OBJETIVO ESPECÍFICO 5: Comparar o perfil sociodemográfico em relação às
categorías desejo de realização; planejamento, resolução de problemas e poder.
O objetivo específico 5 compara o perfil sociodemográfico em relação as 3
categorias pesquisadas que são o Desejo de Realização, Planejamento e Resolução
de Problemas e o Poder. Abaixo são apresentadas as tabelas de acordo com cada
variável sociodemográfica pesquisada.
4.8.1 Comparativo das características avaliadas em relação a variável
sociodemográfica da Idade.
Na tabela 4 é apresentada a comparação das características do
comportamento empreendedor em relação a variável sociodemográfica da Idade.
70
Tabela 4 – Comparação das características avaliadas por Idade.
Itens
Até 50 anos Acima de 50 anos
Valor-p
Média Desvio padrão Média Desvio padrão
Realização 20,09 2,60 20,64 2,90 0,515
Busca de Oportunidades e
Iniciativa
21,28 3,72 21,44 3,24 0,874
Persistência 20,28 4,00 21,04 3,83 0,525
Comprometimento 23,78 2,67 23,44 3,02 0,706
Exigência de Qualidade e Eficiência
18,78 4,01 19,74 3,51 0,399
Correr Riscos Calculados
16,33 3,11 17,56 3,77 0,260
Planejamento 19,28 3,60 19,07 3,01 0,838
Estabelecimento de Metas
17,72 3,79 17,96 3,64 0,832
Busca de Informações
20,06 4,50 19,41 3,27 0,579
Planejamento e Monitoramento
Sistemático
20,06 3,76 19,85 3,75 0,859
Poder 17,61 3,70 17,65 2,03 0,966
Persuasão e Rede de Contatos
16,22 4,37 15,89 2,36 0,770
Independência e Autoconfiança
19,00 3,82 19,41 3,07 0,694
Fonte: Pesquisa 2017 *Valor - p < 0,05
Através do teste t de Student, para um nível de significância de 5%, não temos
evidências de diferença estatística da idade com as dimensões de McClelland e
Winter (1971).
4.8.2 Comparativo das características avaliadas em relação a variável
sociodemográfica do Estado Civil.
Na tabela 5 é apresentada a comparação das características do
comportamento empreendedor em relação a variável sociodemográfica da Estado
Civil.
71
Tabela 5 – Comparação das dimensões avaliadas por Estado Civil
Fonte: Pesquisa 2017 *Valor - p < 0,05
Através do teste t de Student, para um nível de significância de 5%, temos
evidências de diferença estatística do estado civil com a dimensão Busca de
Informações, onde as solteiras buscam mais informações.
No objetivo específico 5 que compara o perfil sociodemográfico em relação às
categorias Desejo de Realização; Planejamento e Resolução de Problemas, e Poder,
o única variável que apresenta um nível de significância é a variável estado civil, onde
as mulheres solteiras são as que buscam mais informações. Esse dado traz à tona
Itens Casado Solteiro
Valor-p Média Desvio padrão Média Desvio padrão
Realização 20,10 2,94 21,01 2,39 0,292
Busca de Oportunidades e
Iniciativa 20,83 3,45 22,38 3,16 0,146
Persistência 20,31 4,20 21,50 3,16 0,329
Comprometimento 23,10 3,14 24,44 2,06 0,135
Exigência de Qualidade e Eficiência
19,28 3,68 19,50 3,86 0,849
Correr Riscos Calculados
16,97 3,67 17,25 3,38 0,799
Planejamento 18,62 2,99 20,13 3,49 0,135
Estabelecimento de Metas
17,66 3,55 18,25 3,94 0,607
Busca de Informações
18,59 3,52 21,63 3,52 0,009*
Planejamento e Monitoramento
Sistemático 19,62 3,54 20,50 4,07 0,453
Poder 17,43 2,93 18,00 2,53 0,517
Persuasão e Rede de Contatos
15,66 3,43 16,69 2,96 0,316
Independência e Autoconfiança
19,21 3,70 19,31 2,73 0,921
72
algumas questões sociais. As mulheres solteiras não tem as mesmas “obrigações” do
lar que as casadas possuem, ou seja, têm mais tempo para se dedicar a sua atividade
e a escassez de informação presente onde elas moram faz com que elas tenha ânsia
de buscar mais informações para incrementar suas vendas.
4.8.3 Comparativo das características avaliadas em relação a variável
sociodemográfica de possuir filhos ou não.
Na tabela 6 é apresentada a comparação das características do
comportamento empreendedor em relação a variável sociodemográfica da Possuir
filhos ou não.
73
Tabela 6 – Comparação das dimensões avaliadas por Possuir Filhos ou Não
Itens
Sim Não Valor-
p
Média Desvio padrão Média Desvio padrão
Realização 20,31 2,70 21,13 3,33 0,505
Busca de oportunidades e
iniciativa 21,28 3,39 22,00 3,74 0,636
Persistência 20,74 3,91 20,67 3,93 0,966
Comprometimento 23,51 2,74 24,00 3,79 0,702
Exigência de qualidade e eficiência
19,05 3,62 21,33 3,98 0,163
Correr riscos calculados
16,97 3,51 17,67 3,98 0,660
Planejamento 19,10 3,26 19,50 3,23 0,782
Estabelecimento de metas
17,87 3,64 17,83 4,17 0,981
Busca de informações
19,51 3,73 20,67 4,27 0,492
Planejamento e monitoramento
sistemático 19,92 3,85 20,00 2,97 0,963
Poder 17,35 2,77 19,50 2,26 0,077
Persuasão e rede de contatos
15,82 3,35 17,33 2,58 0,297
Independência e autoconfiança
18,87 3,25 21,67 3,27 0,056
Fonte: Pesquisa 2017 *Valor - p < 0,05
Através do teste t de Student, para um nível de significância de 5%, não temos
evidências de diferença estatística da afirmação de possuir filho ou não com as
dimensões de McClelland e Winter(1971).
74
4.8.4 Comparativo das características avaliadas em relação a variável
sociodemográfica do grau de escolaridade.
Na tabela 7 é apresentada a comparação das características do
comportamento empreendedor em relação a variável sociodemográfica da Grau de
Escolaridade
Tabela 7 – Comparação das dimensões avaliadas por Grau de Escolaridade
Fonte: Pesquisa 2017 *Valor - p < 0,05
Itens
Sem instrução/Ensino fundamental
Ensino médio
Valor-p
Média Desvio padrão Média Desvio padrão
Realização 20,54 2,86 19,88 2,33 0,543
Busca de oportunidades e
iniciativa 21,59 3,58 20,38 2,33 0,364
Persistência 20,78 4,06 20,50 3,07 0,853
Comprometimento 23,65 3,03 23,25 1,98 0,725
Exigência de qualidade e eficiência
19,59 3,64 18,25 4,06 0,358
Correr riscos calculados
17,08 3,67 17,00 3,02 0,954
Planejamento 18,88 3,26 20,42 2,86 0,226
Estabelecimento de metas
17,51 3,75 19,50 2,88 0,166
Busca de informações
19,16 3,75 22,00 3,16 0,053
Planejamento e monitoramento
sistemático 19,97 3,76 19,75 3,73 0,880
Poder 17,70 2,85 17,31 2,58 0,723
Persuasão e rede de contatos
16,00 3,30 16,13 3,36 0,923
Independência e autoconfiança
19,41 3,48 18,50 2,73 0,495
75
Através do teste t de Student, para um nível de significância de 5%, não temos
evidências de diferença estatística do grau de escolaridade com as dimensões de
McClelland.
4.8.5 Comparativo das características avaliadas em relação a variável
sociodemográfica da Renda Familiar.
Na tabela 8 é apresentada a comparação das características do
comportamento empreendedor em relação a variável sociodemográfica da Renda
Familiar.
Tabela 8 – Comparação das dimensões avaliadas por Renda Familiar
Itens 1 - 2 salários mínimos 3 - 4 salários mínimos
Valor-p
Média Desvio padrão Média Desvio padrão
Realização 20,70 2,66 19,15 3,05 0,153
Busca de oportunidades e
iniciativa 21,59 3,18 20,38 4,41 0,364
Persistência 21,14 3,68 18,88 4,42 0,136
Comprometimento 23,78 2,94 22,63 2,39 0,303
Exigência de qualidade e eficiência
19,62 3,87 18,13 2,70 0,306
Correr riscos calculados
17,35 3,43 15,75 3,96 0,249
Planejamento 19,32 3,05 18,42 4,09 0,480
Estabelecimento de metas
17,89 3,53 17,75 4,46 0,922
Busca de informações
20,05 3,30 17,88 5,41 0,141
Planejamento e monitoramento
sistemático 20,00 3,60 19,63 4,47 0,799
Poder 17,84 2,80 16,69 2,64 0,294
Persuasão e rede de contatos
16,38 3,31 14,38 2,67 0,117
Independência e autoconfiança
19,30 3,26 19,00 4,00 0,823
Fonte: Pesquisa 2017 *Valor - p < 0,05
76
Através do teste t de Student, para um nível de significância de 5%, não temos
evidências de diferença estatística da renda familiar com as dimensões de McClelland.
4.8.6 Comparativo das características avaliadas em relação a variável
sociodemográfica do Tempo de Serviço no Ramo.
Na tabela 9 é apresentada a comparação das características do
comportamento empreendedor em relação a variável sociodemográfica do Tempo de
Serviço no Ramo.
Tabela 9 – Comparação das dimensões avaliadas por Tempo de Serviço no Ramo.
Itens Até 10 anos Acima de 10 anos
Valor-p
Média Desvio padrão Média Desvio padrão
Realização 20,85 3,11 20,02 2,38 0,321
Busca de oportunidades e
iniciativa 21,41 3,26 21,35 3,60 0,953
Persistência 21,23 3,94 20,26 3,83 0,409
Comprometimento 23,95 3,17 23,22 2,54 0,393
Exigência de qualidade e eficiência
20,14 3,78 18,61 3,55 0,170
Correr riscos calculados 17,50 4,14 16,65 2,87 0,427
Planejamento 19,74 2,73 18,59 3,60 0,236
Estabelecimento de metas
18,59 3,30 17,17 3,92 0,198
Busca de informações 20,59 2,99 18,78 4,28 0,109
Planejamento e monitoramento
sistemático 20,05 3,02 19,83 4,34 0,846
Poder 17,64 2,23 17,63 3,28 0,994
Persuasão e rede de contatos
15,50 2,69 16,52 3,74 0,300
Independência e autoconfiança
19,77 2,76 18,74 3,83 0,307
Fonte: Pesquisa 2017 *Valor - p < 0,05
77
Através do teste t de Student, para um nível de significância de 5%, não temos
evidências de diferença estatística do tempo de atividade no ramo com as dimensões
de McClelland.
4.9 COMPARAR ÀS DIMENSÕES DO COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR EM
RELAÇÃO AO PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO.
Na pesquisa também foi possível realizar a análise comparativa das
características do comportamento empreendedor em relação ao perfil
sociodemográfico.
4.9.1 Comparação da característica Busca de Oportunidades e Iniciativa em
relação perfil sociodemográfico.
Na Tabela 10 é apresentada a comparação da característica Busca de
Oportunidade e Iniciativa com o perfil das doceiras potiguares da região do Seridó.
Tabela 10 – Comparação da classificação da Busca de Oportunidades e Iniciativa com o perfil das entrevistadas.
Perfil do entrevistado Fraca Moderada Forte Total Valor – p
Idade Até 50 anos 11,11% 33,33% 55,56% 100,00%
0,964 Acima de 50 anos 11,11% 29,63% 59,26% 100,00%
Estado civil Casada 10,34% 44,83% 44,83% 100,00%
0,025* Solteira 12,50% 6,25% 81,25% 100,00%
Tem filhos Sim 12,82% 30,77% 56,41% 100,00%
0,646 Não 0,00% 33,33% 66,67% 100,00%
Grau de escolaridade
Sem instrução/Fundamental
10,81% 32,43% 56,76% 100,00% 0,918
Ensino médio 12,50% 25,00% 62,50% 100,00%
Renda familiar
1 - 2 salários mínimos 8,11% 32,43% 59,46% 100,00% 0,385
3 - 4 salários mínimos 25,00% 25,00% 50,00% 100,00%
Tempo de atividade no
Ramo
Até 10 anos 9,09% 31,82% 59,09% 100,00%
0,915 Acima de 10 anos 13,04% 30,43% 56,53% 100,00%
Fonte: Pesquisa 2017 *Valor - p < 0,05
78
Através do teste Qui-quadrado (X2), para um nível de significância de 5%,
temos evidências de diferença estatística entre a classificação da busca de
oportunidades com o estado civil. Onde as solteiras apresentaram maior intensidade
de busca de oportunidades e iniciativa. Ou seja, mais uma vez as solteiras
demonstram interesse em busca de novas oportunidade e iniciativa. Sendo assim, o
início de um trabalho de conscientização e empoderamento dessas doceiras poderia
ser iniciado com as mulheres solteiras que buscas oportunidade e possuem iniciativa,
além de serem as que buscam mais informações.
4.9.1.1 Síntese da comparação da característica Busca de Oportunidades e Inciativa
e com o perfil sociodemográfico.
Para uma melhor visualização do perfil encontrado, é apresentado abaixo um
quadro com uma síntese comparativa da classificação da Busca de Oportunidades e
Iniciativa com o perfil sociodemográfico das entrevistadas.
.
Quadro 10 – Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à característica Busca de oportunidade e Iniciativa.
Perfil %
Idade Acima de 50 anos 59,26
Estado Civil Casada 81,25
Tem filhos Não 66,67
Grau de Escolaridade Ensino médio 62,50
Renda familiar 1 a 2 salários mínimos 59,46
Tempo de atividade no ramo Até 10 anos 59,09
Fonte: Pesquisa 2017.
De acordo como a síntese apresentada no quadro acima, fica claro que as
doceiras com perfil sociodemográfico com idade acima de 50 anos, casadas, que não
tem filhos, que possuem ensino médio, que possuem renda familiar entre 1 a 2 salários
mínimos e que tem como tempo de atividade no ramo de até 10 anos são as que
possuem um maior desejo de realização profissional.
79
4.9.2 Comparação da característica correr riscos calculados em relação perfil
sociodemográfico.
Na Tabela abaixo é apresentada a comparação da característica Correr Riscos
Calculados com o perfil das doceiras da região do Seridó norte-rio-grandense.
Tabela 11 – Comparação da característica de Correr Riscos Calculados com o perfil sociodemográfico das entrevistadas.
Perfil do entrevistado Ausente Fraca Moderada Forte Total Valor - p
Idade Até 50 anos 33,33% 22,22% 44,45% 0,00% 100,00%
0,181 Acima de 50 anos 25,93% 29,62% 25,93% 18,52% 100,00%
Estado civil Casada 31,03% 31,03% 24,15% 13,79% 100,00%
0,346 Solteira 25,00% 18,75% 50,00% 6,25% 100,00%
Tem filhos Sim 28,20% 30,77% 30,77% 10,26% 100,00%
0,447 Não 33,33% 0,00% 50,00% 16,67% 100,00%
Grau de escolaridade
Sem instrução/Fundamental 29,73% 27,03% 29,73% 13,51% 100,00% 0,582
Ensino médio 25,00% 25,00% 50,00% 0,00% 100,00%
Renda familiar
1 - 2 salários mínimos 24,32% 27,03% 37,84% 10,81% 100,00% 0,424
3 - 4 salários mínimos 50,00% 25,00% 12,50% 12,50% 100,00%
Tempo de atividade no
ramo
Até 10 anos 31,82% 18,18% 31,82% 18,18% 100,00% 0,354
Acima de 10 anos 26,09% 34,78% 34,78% 4,35% 100,00%
Fonte: Pesquisa 2017 *Valor - p < 0,05
Através do teste Qui-quadrado (X2), para um nível de significância de 5%, não
temos evidências de diferença estatística entre correr riscos calculados com o perfil
do entrevistado.
4.9.2.1 Síntese da comparação da característica Correr Riscos Calculados com o
perfil sociodemográfico.
Apesar de não haver evidências de diferenças estatísticas entre a característica
Correr Riscos Calculados com o perfil das entrevistadas, no quadro 12 é apresentada
a síntese dos percentuais obtidos mais expressivos.
80
Quadro 11 – Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à característica Correr Riscos Calculados.
Perfil %
Idade Acima de 50 anos 18,52
Estado Civil Casada 13,79
Tem filhos Não 16,67
Grau de Escolaridade Sem
instrução/Fundamental
13,51
Renda familiar 3 a 4 salários mínimos 12,50
Tempo de atividade no ramo Até 10 anos 18,18
Fonte: Pesquisa 2017.
Assim é observado que o perfil das doceiras com relação a Característica
Correr Riscos Calculados é definido pelas que possuem idade acima de 50 anos,
casada, sem filhos, sem grau de instrução ou ensino fundamental, com renda familiar
de 3 a 4 salários mínimos e com até 10 anos de serviços na arte de fazer doces.
4.9.3 Comparação da característica Exigência de Qualidade e Eficiência em
relação perfil sociodemográfico.
Na Tabela 12 é apresentada a comparação da característica de Exigência de
Qualidade e Eficiência com o perfil das doceiras da região do Seridó/RN.
Tabela 12 – Comparação da característica da Exigencia de Qualidade e Eficiência com o perfil das
entrevistadas.
Perfil do entrevistado Ausente Fraca Moderada Forte Total Valor – p
Idade Até 50 anos 16,67% 27,78% 22,22% 33,33% 100,00%
0,511 Acima de 50 anos 3,70% 33,33% 22,22% 40,75% 100,00%
Estado civil Casada 10,34% 31,03% 24,14% 34,49% 100,00%
0,905 Solteira 6,25% 31,25% 18,75% 43,75% 100,00%
Tem filhos Sim 7,69% 35,90% 23,08% 33,33% 100,00%
0,236 Não 16,67% 0,00% 16,67% 66,66% 100,00%
Grau de escolaridade
Sem instrução/Fundamental
8,11% 27,03% 24,32% 40,54% 100,00% 0,553
Ensino médio 12,50% 50,00% 12,50% 25,00% 100,00%
Renda familiar
1 - 2 salários mínimos 10,81% 24,32% 21,62% 43,25% 100,00% 0,131
3 - 4 salários mínimos 0,00% 62,50% 25,00% 12,50% 100,00%
Tempo de atividade no
ramo
Até 10 anos 9,09% 27,27% 18,18% 45,46% 100,00%
0,755 Acima de 10 anos 8,70% 34,78% 26,09% 30,43% 100,00%
Fonte: Pesquisa 2017 *Valor - p < 0,05
81
Através do teste Qui-quadrado (X2), para um nível de significância de 5%, não
temos evidências de diferença estatística entre a Exigência de Qualidade e Eficiência
com o perfil das entrevistadas.
4.9.3.1 Síntese da comparação da característica Exigência de Qualidade e Eficiência
e do perfil sociodemográfico.
Apesar de não haver evidências de diferenças estatísticas entre a característica
da Exigência de Qualidade e Eficiência como perfil das entrevistadas, abaixo é
apresentada no Quadro 12 os percentuais obtidos mais expressivos.
Quadro 12 – Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à categoria Exigência de Qualidade e Eficiência.
Perfil %
Idade Acima de 50 anos 40,75
Estado Civil Solteira 43,75
Tem filhos Sim 66,66
Grau de Escolaridade Sem
instrução/Fundamental
40,54
Renda familiar 1 a 2 salários mínimos 43,25
Tempo de atividade no ramo Até 10 anos 45,46
Fonte: Pesquisa 2017.
Os percentuais que se destacam em relação a característica Exigência de
Qualidade e Eficiência versus o perfil sociodemográfico, é que a idade é acima de 50
anos, são solteiras, com filhos e renda familiar de 1 a 2 salários mínimos e com tempo
de atividade de até 10 anos.
4.9.4 Comparação da característica persistência em relação ao perfil
sociodemográfico.
Na Tabela 13 é apresentada a comparação da característica de persistência
com o perfil das doceiras potiguares da região do Seridó.
82
Tabela 13 – Comparação da característica da persistência com o perfil das entrevistadas.
Perfil do entrevistado Ausente Fraca Moderada Forte Total Valor -
p
Idade Até 50 anos 11,11% 11,11% 27,78% 50,00% 100,00%
0,477 Acima de 50 anos 3,70% 18,52% 14,82% 62,96% 100,00%
Estado civil Casada 10,34% 13,79% 24,15% 51,72% 100,00%
0,386 Solteira 0,00% 18,75% 12,50% 68,75% 100,00%
Tem filhos Sim 5,13% 17,95% 17,95% 58,97% 100,00%
0,423 Não 16,67% 0,00% 33,33% 50,00% 100,00%
Grau de escolaridade
Sem instrução/Fundamental
8,11% 13,51% 18,92% 59,46% 100,00% 0,699
Ensino médio 0,00% 25,00% 25,00% 50,00% 100,00%
Renda familiar
1 - 2 salários mínimos 5,41% 10,81% 21,62% 62,16% 100,00% 0,215
3 - 4 salários mínimos 12,50% 37,50% 12,50% 37,50% 100,00%
Tempo de atividade no
ramo
Até 10 anos 9,09% 9,09% 22,73% 59,09% 100,00% 0,635
Acima de 10 anos 4,35% 21,74% 17,39% 56,52% 100,00%
Fonte: Pesquisa 2017 *Valor - p < 0,05
Através do teste Qui-quadrado (X2), para um nível de significância de 5%, não
temos evidências de diferença estatística entre a classificação da persistência com o
perfil do entrevistado.
4.9.4.1 Síntese da comparação da característica Persistência e do perfil
sociodemográfico.
Apesar de não haver evidências de diferenças estatísticas entre a característica
da persistência como perfil das entrevistadas, más para que se dê uma melhor
visualização dos percentuais obtidos, é apresentado no Quadro 13 a síntese com os
percentuais mais expressivos.
.
83
Quadro 13 – Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à característica de Persistência.
Perfil %
Idade Acima de 50 anos 62,96
Estado Civil Solteira 68,75
Tem filhos Sim 58,97
Grau de Escolaridade Sem instrução/Fundamental 59,46
Renda familiar 1 a 2 salários mínimos 62,16
Tempo de atividade no ramo Até 10 anos 59,09
Fonte: Pesquisa 2017.
Vale salientar que em relação a categoria persistência, o perfil que obtive maior
percentual foram as doceiras com idade acima de 50 anos, solteiras, que possuem
filhos, sem grau de instrução ou somente com ensino fundamental, que possuem
renda familiar de 1 a 2 salários mínimos e com tempo de atividade no ramo de até 10
anos.
4.9.5 Comparação da característica comprometimento em relação perfil
sociodemográfico.
Os dados obtidos na comparação da característica Comprometimento com o
perfil sociodemográfico com a são apresentados na Tabela 14.
Tabela 14 – Comparação da classificação Comprometimento com o perfil das entrevistadas.
Perfil do entrevistado Fraca Moderada Forte Total Valor - p
Idade Até 50 anos 0,00% 5,56% 94,44% 100,00%
0,686 Acima de 50 anos 3,70% 3,70% 92,60% 100,00%
Estado civil Casada 3,45% 6,90% 89,65% 100,00%
0,412 Solteira 0,00% 0,00% 100,00% 100,00%
Tem filhos Sim 2,56% 2,56% 94,88% 100,00%
0,279 Não 0,00% 16,67% 83,33% 100,00%
Grau de escolaridade
Sem instrução/Fundamental 2,70% 5,41% 91,89% 100,00% 0,706
Ensino médio 0,00% 0,00% 100,00% 100,00%
Renda familiar
1 - 2 salários mínimos 2,70% 2,70% 94,60% 100,00% 0,433
3 - 4 salários mínimos 0,00% 12,50% 87,50% 100,00%
Tempo de atividade no
ramo
Até 10 anos 0,00% 4,55% 95,45% 100,00% 0,613
Acima de 10 anos 4,35% 4,35% 91,30% 100,00%
Fonte: Pesquisa 2017 *Valor - p < 0,05
84
Através do teste Qui-quadrado (X2), para um nível de significância de 5%, não
temos evidências de diferença estatística entre a classificação do comprometimento
com o perfil do entrevistado.
4.9.5.1 Síntese das dimensões avaliadas com relação à característica
Comprometimento e ao perfil sociodemográfico.
Apesar de não haver nível de significância em relação a diferença estatística
entre o Comprometimento e o perfil sociodemográfico, é destacado no quadro abaixo
os percentuais obtidos como forte.
Quadro 14 – Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à categoria Comprometimento. Perfil %
Idade Até 50 anos 94,44
Estado Civil Solteira 100,00
Tem filhos Sim 94,88
Grau de Escolaridade Ensino Médio 100,00
Renda familiar 1 a 2 salários mínimos 94,60
Tempo de atividade no ramo Até 10 anos 95,45
Fonte: Pesquisa 2017.
De acordo com o quadro acima é percebido que na característica
Comprometimento, é obtido o perfil de idade até 50 anos com 94,44%, estado civil de
solteira com 100,00%, que possui filhos com 94,88%, com grau de escolaridade de
ensino médio em 100,00%, como renda familiar de 1 a 2 salários mínimos com
94,60%, e tempo de atividade no ramo de doçaria de até 10 anos com 95,45%.
4.9.6 Comparação da característica Busca de Informações em relação perfil
sociodemográfico.
Os dados obtidos na comparação da característica Busca de Informações e do
perfil sociodemográfico com são apresentados na tabela a seguir.
85
Tabela 15 – Comparação da característica da Busca de Informações com o perfil das entrevistadas.
Fonte: Pesquisa 2017 *Valor - p < 0,05
Através do teste Qui-quadrado (X2), para um nível de significância de 5%, não
temos evidências de diferença estatística entre a busca de informações com o perfil
do entrevistado.
4.9.6.1 Síntese das dimensões avaliadas com relação à característica Busca de
Informações e ao perfil sociodemográfico.
No Quadro 15 é apresentado uma síntese dos percentuais que foram
apontados como fortes na comparação entre o perfil sociodemográfico e a
característica Busca de Informações.
Perfil do entrevistado Ausente Fraca Moderada Forte Total Valor
- p
Idade
Até 50 anos 16,67% 0,00% 27,78% 55,55% 100,00%
0,092
Acima de 50 anos 7,41% 14,81% 48,15% 29,63% 100,00%
Estado civil
Casada 13,79% 13,79% 44,83% 27,59% 100,00%
0,096
Solteira 6,25% 0,00% 31,25% 62,50% 100,00%
Tem filhos
Sim 10,26% 10,26% 41,03% 38,45% 100,00%
0,787
Não 16,67% 0,00% 33,33% 50,00% 100,00%
Grau de escolaridade
Sem instrução/Fundamental
13,51% 10,81% 40,54% 35,14% 100,00%
0,363
Ensino médio 0,00% 0,00% 37,50% 62,50% 100,00%
Renda familiar
1 - 2 salários mínimos 8,11% 8,11% 40,54% 43,24% 100,00%
0,495
3 - 4 salários mínimos 25,00% 12,50% 37,50% 25,00% 100,00%
Tempo de atividade no
ramo
Até 10 anos 4,55% 4,55% 45,45% 45,45% 100,00%
0,358
Acima de 10 anos 17,39% 13,05% 34,78% 34,78% 100,00%
86
Quadro 15 – Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à categoria Busca de Informação.
Perfil %
Idade Até 50 anos 55,55
Estado Civil Solteira 62,50
Tem filhos Não 50,00
Grau de Escolaridade Ensino Médio 62,50
Renda familiar 1 a 2 salários mínimos 43,23
Tempo de atividade no ramo Até 10 anos 45,45
Fonte: Pesquisa 2017.
O resultado obtido na comparação do perfil sociodemográfico na característica
Riscos Calculados destaca idade até 50 anos, solteira, que não possui filhos, como
ensino médio e 1 a 2 salários mínimos e com tempo de atividade de até 10 anos.
4.9.7 Comparação da característica estabelecimento de metas em relação perfil
sociodemográfico.
É apresentado na Tabela 16 os dados obtidos na comparação entre o perfil
sociodemográfico das entrevistadas com a característica de Estabelecimento de
Metas.
Tabela 16 – Comparação da característica de Estabelecimento de Metas com o perfil das entrevistadas.
Perfil do entrevistado Ausente Fraca Moderada Forte Total Valor - p
Idade Até 50 anos 22,22% 22,22% 27,78% 27,78% 100,00
% 0,622 Acima de 50 anos 11,11% 37,04% 29,63% 22,22% 100,00
%
Estado civil Casada 17,24% 34,48% 24,14% 24,14% 100,00
% 0,780 Solteira 12,50% 25,00% 37,50% 25,00% 100,00
% Tem filhos
Sim 15,38% 30,77% 30,77% 23,08% 100,00% 0,897
Não 16,67% 33,33% 16,67% 33,33% 100,00%
Grau de escolaridade
Sem instrução/Fundament
al
18,92% 32,43% 29,73% 18,92% 100,00
% 0,233
Ensino médio 0,00% 25,00% 25,00% 50,00% 100,00%
Renda familiar
1 - 2 salários mínimos
13,51% 29,73% 35,14% 21,62% 100,00
% 0,243
3 - 4 salários mínimos
25,00% 37,50% 0,00% 37,50% 100,00
%
Tempo de atividade no
ramo
Até 10 anos 4,55% 36,36% 27,27% 31,82% 100,00% 0,192
Acima de 10 anos 26,09% 26,09% 30,43% 17,39% 100,00
% Fonte: Pesquisa 2017 *Valor - p < 0,05
87
Através do teste Qui-quadrado (X2), para um nível de significância de 5%, não
temos evidências de diferença estatística entre estabelecimento de metas com o perfil
do entrevistado.
4.9.7.1 Síntese das dimensões avaliadas com relação ao perfil sociodemográfico e à
característica Estabelecimento de Metas.
É apresentado no Quadro 16 os percentuais mais significativos com relação a
característica Estabelecimento de Metas apesar de não se ter obtido um nível de
significância considerável.
Quadro 16 – Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à categoria Correr Riscos Calculados.
Perfil %
Idade Até 50 anos 27,78
Estado Civil Solteira 25,00
Tem filhos Não 33,33
Grau de Escolaridade Ensino Médio 50,00
Renda familiar 3 a 4 salários mínimos 37,5
Tempo de atividade no ramo Até 10 anos 31,82
Fonte: Pesquisa 2017.
Se tem como perfil sociodemográfico na característica Riscos Calculados uma
doceira com até 50 anos, solteira, que não possui filhos, com ensino médio e renda
de 3 a 4 salários mínimos e com até 10 anos trabalhando nesse ramo de atividade.
4.9.8 Comparação da característica planejamento e monitoramento sistemáticos
em relação perfil sociodemográfico.
Os dados obtidos na comparação do perfil sociodemográfico com a
característica Planejamento e Monitoramento Sistemáticos são apresentados na
tabela a seguir.
88
Tabela 17 – Comparação da característica de planejamento e monitoramento sistemático com o perfil das entrevistadas.
Perfil do entrevistado Ausente Fraca Moderada Forte Total Valor - p
Idade Até 50 anos 5,56% 16,66% 38,89% 38,89% 100,00%
0,747 Acima de 50 anos 11,11% 7,41% 40,74% 40,74% 100,00%
Estado civil Casada 10,34% 6,90% 44,83% 37,93% 100,00%
0,560 Solteira 6,25% 18,75% 31,25% 43,75% 100,00%
Tem filhos Sim 10,26% 7,69% 43,59% 38,46% 100,00%
0,186 Não 0,00% 33,33% 16,67% 50,00% 100,00%
Grau de escolaridade
Sem instrução/Fundamental 10,81% 5,41% 45,95% 37,83% 100,00% 0,059
Ensino médio 0,00% 37,50% 12,50% 50,00% 100,00%
Renda familiar
1 - 2 salários mínimos 8,11% 10,81% 40,54% 40,54% 100,00% 0,979
3 - 4 salários mínimos 12,50% 12,50% 37,50% 37,50% 100,00%
Tempo de atividade no
ramo
Até 10 anos 4,55% 13,63% 40,91% 40,91% 100,00% 0,758
Acima de 10 anos 13,04% 8,70% 39,13% 39,13% 100,00%
Fonte: Pesquisa 2017 *Valor - p < 0,05
Através do teste Qui-quadrado (X2), para um nível de significância de 5%, não
temos evidências de diferença estatística entre o Planejamento e Monitoramento
Sistemático com o perfil do entrevistado.
4.9.8.1 Síntese das dimensões avaliadas com relação à característica Planejamento
e Monitoramento Sistemático e ao perfil sociodemográfico.
Apesar de não haver nível de significância em relação a diferença estatística
entre o Planejamento e Monitoramento Sistemático, é destacado no Quadro 17 os
percentuais obtidos no perfil sociodemográfico como forte.
89
Quadro 17 – Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à categoria Planejamento e Monitoramento Sistemático.
Perfil %
Idade Acima de 50 anos 40,74
Estado Civil Solteira 43,75
Tem filhos Não 50,00
Grau de Escolaridade Ensino Médio 50,00
Renda familiar 1 a 2 salários mínimos 40,54
Tempo de atividade no ramo Até 10 anos 40,91
Fonte: Pesquisa 2017.
De acordo com o quadro acima é percebido que na característica Planejamento
e Monitoramento Sistemático, é obtido o perfil de idade acima de 50 anos como
40,74%, estado civil de solteira com 43,75%, que não possui filhos com 50,00%, com
grau de escolaridade de ensino médio em 50,00 também, como renda familiar de 1 a
2 salários mínimos com 40,54%, e tempo de atividade no ramo de doçaria de até 10
anos com 40,91%.
4.9.9 Comparação da característica persuação e rede de contados em relação
perfil sociodemográfico.
Os dados obtidos na comparação com a característica Persuasão e Rede de
Contatos e o perfil sociodemográfico são apresentados na tabela 18.
Tabela 18 – Comparação da classificação da persuasão e rede de contatos com o perfil das entrevistadas.
Perfil do entrevistado Ausente Fraca Moderada Forte Total Valor - p
Idade Até 50 anos 27,78% 44,44% 11,11% 16,67% 100,00%
0,096 Acima de 50 anos 22,22% 48,15% 29,63% 0,00% 100,00%
Estado civil Casada 31,03% 48,28% 17,24% 3,45% 100,00%
0,299 Solteira 12,50% 43,75% 31,25% 12,50% 100,00%
Tem filhos Sim 28,21% 43,59% 23,08% 5,12% 100,00%
0,331 Não 0,00% 66,66% 16,67% 16,67% 100,00%
Grau de escolaridade
Sem instrução/Fundamental
24,32% 45,95% 24,32% 5,41% 100,00% 0,817
Ensino médio 25,00% 50,00% 12,50% 12,50% 100,00%
Renda familiar
1 - 2 salários mínimos 18,92% 48,65% 24,32% 8,11% 100,00% 0,280
3 - 4 salários mínimos 50,00% 37,50% 12,50% 0,00% 100,00%
Tempo de atividade no
ramo
Até 10 anos 27,27% 50,00% 18,18% 4,55% 100,00% 0,837
Acima de 10 anos 21,74% 43,47% 26,09% 8,70% 100,00%
Fonte: Pesquisa 2017 *Valor - p < 0,05
90
Através do teste Qui-quadrado (X2), para um nível de significância de 5%, não
temos evidências de diferença estatística entre a Persuasão e Rede de Contatos com
o perfil do entrevistado.
4.9.9.1 Síntese das dimensões avaliadas com relação à característica Persuasão e
Rede de Contatos e ao perfil sociodemográfico.
Os percentuais mais significativos, ou seja, que possuem os índices mais
fortes, obtidos quanto a característica Persuasão e Rede de Contatos se encontram
em destaque no Quadro 18.
Quadro 18 – Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à categoria Persuasão e Rede de Contatos.
Perfil %
Idade Até 50 anos 16,67
Estado Civil Solteira 12,50
Tem filhos Não 16,67
Grau de Escolaridade Ensino Médio 12,50
Renda familiar 1 a 2 salários mínimos 8,11
Tempo de atividade no ramo Acima de 10 anos 8,70
Fonte: Pesquisa 2017.
Os percentuais que mais se destacam como forte são os de idade até
50 anos, solteira, que não possui filhos, que possui ensino médio, que tem renda
familiar de 1 a 2 salários mínimos e acima de 10 anos no ramo de doçaria.
4.9.10 Comparação da característica independência e autoconfiança em relação
perfil sociodemográfico.
A apresentação dos resultados obtidos com relação a característica
Independência e Autoconfiança, é exposto na Tabela 19.
91
Tabela 19 – Comparação da característica Independencia e Autoconfiança com o perfil das
entrevistadas.
Fonte: Pesquisa 2017 *Valor - p < 0,05
Através do teste Qui-quadrado (X2), para um nível de significância de 5%, não
temos evidências de diferença estatística entre a independência e autoconfiança com
o perfil do entrevistado.
4.9.10.1 Síntese da comparação do perfil sociodemográfico e da característica
independência e autoconfiança.
Apesar de não haver evidências de diferenças estatísticas entre a característica
da Independência e Autoconfiança com o perfil das entrevistadas, abaixo é retratado
em uma tabela, a síntese com os percentuais obtidos mais expressivos.
Perfil do entrevistado Ausente Fraca Moderada Forte Total Valor
- p
Idade Até 50 anos 11,11% 16,67% 50,00% 22,22% 100,00%
0,710 Acima de 50 anos 7,41% 18,51% 37,04% 37,04% 100,00%
Estado civil Casada 10,34% 17,24% 41,38% 31,04% 100,00%
0,974 Solteira 6,25% 18,75% 43,75% 31,25% 100,00%
Tem filhos Sim 10,26% 20,51% 41,03% 28,20% 100,00%
0,437 Não 0,00% 0,00% 50,00% 50,00% 100,00%
Grau de escolaridade
Sem instrução/Fundamental 8,11% 18,92% 37,84% 35,13% 100,00% 0,508
Ensino médio 12,50% 12,50% 62,50% 12,50% 100,00%
Renda familiar
1 - 2 salários mínimos 8,11% 18,92% 43,24% 29,73% 100,00% 0,925
3 - 4 salários mínimos 12,50% 12,50% 37,50% 37,50% 100,00%
Tempo de atividade no
ramo
Até 10 anos 4,55% 9,09% 54,55% 31,81% 100,00% 0,231
Acima de 10 anos 13,04% 26,10% 30,43% 30,43% 100,00%
92
Quadro 19 – Síntese das dimensões avaliadas como forte em relação à categoria Independência e Autoconfiança.
Perfil %
Idade Acima de 50 anos 37,04
Estado Civil Solteira 31,25
Tem filhos Não 50,00
Grau de Escolaridade Sem
instrução/Fundamental
35,13
Renda familiar 3 a 4 salários mínimos 37,50
Tempo de atividade no ramo Até 10 anos 31,81
Fonte: Pesquisa 2017
.
Na característica Independência e Autoconfiança temos que 37,04% tem idade
acima de 50 anos, que em 31,25% são solteiras, que 50% não tem filhos. Ainda se
apresentam sem grau de instrução ou fundamental em 35,13%, com renda familiar de
3 a 4 salários mínimos em 37,50% e com 31.81% em até 10 anos de tempo no ramo
de atividade de doçaria.
4.10 OBJETIVO GERAL: Identificar características do comportamento empreendedor
presentes nas mulheres doceiras da região do Seridó Norte riograndense.
As características do comportamento empreendedor podem ser observadas na
tabela 20, onde estão distribuídas as frequências obtidas em cada uma das
dimensões pesquisadas.
93
Tabela 20 – Distribuição de frequência das dimensões avaliadas.
Dimensões Freq. Ausente Fraca Moderada Forte Total
Busca de oportunidades e
iniciativa
n --- 5 14 26 45
% --- 11,11 31,11 57,78 100,00
Persistência
n 3 7 9 26 45
% 6,67 15,56 20,00 57,77 100,00
Comprometimento n --- 1 2 42 45
% --- 2,22 4,44 93,34 100,00
Exigência de qualidade e eficiência
n 4 14 10 17 45
% 8,89 31,11 22,22 37,78 100,00
Correr riscos calculados
n 13 12 15 5 45
% 28,89 26,67 33,33 11,11 100,00
Estabelecimento de metas
n 7 14 13 11 45
% 15,56 31,11 28,89 24,44 100,00
Busca de informações
n 5 4 18 18 45
% 11,11 8,89 40,00 40,00 100,00
Planejamento e monitoramento
sistemático
n 4 5 18 18 45
% 8,89 11,11 40,00 40,00 100,00
Persuasão e rede de contatos
n 11 21 10 3 45
% 24,44 46,67 22,22 6,67 100,00
Independência e autoconfiança
n 4 8 19 14 45
% 8,89 17,78 42,22 31,11 100,00
Fonte: Pesquisa 2017.
E na sequência, na tabela 4, é apresentada a comparação das características
do comportamento empreendedor.
Tabela 21 – Comparação das Dimensões
Dimensão Mínimo Máximo 25% Mediana 75% Média DP CV Valor - p
(1) Busca de oportunidades e iniciativa
15,00 29,00 19,00 21,00 23,00 21,38 3,40 15,90
< 0,001
(2) Persistência 12,00 30,00 18,00 21,00 23,00 20,73 3,87 18,66
(3) Comprometimento 17,00 31,00 22,00 24,00 25,00 23,58 2,86 12,11
(4) Exigência de qualidade e eficiência
12,00 27,00 16,00 19,00 23,00 19,36 3,71 19,15
(5) Correr riscos calculados 11,00 26,00 14,00 17,00 19,00 17,07 3,53 20,69
(6) Estabelecimento de metas
8,00 25,00 15,00 18,00 20,00 17,87 3,66 20,48
(7) Busca de informações 8,00 26,00 18,00 20,00 22,00 19,67 3,78 19,21
(8) Planejamento e monitoramento sistemático
12,00 29,00 18,00 20,00 22,00 19,93 3,71 18,63
(9) Persuasão e rede de contatos
8,00 27,00 15,00 16,00 18,00 16,02 3,27 20,42
(10) Independência e autoconfiança
12,00 29,00 17,00 19,00 21,00 19,24 3,35 17,42
Fonte: Pesquisa 2017 DP: Desvio Padrão CV: Coeficiente de Variação
94
Através do teste de Análise de Variância Multivariada (MANOVA), para um nível
de significância de 5%, temos evidências de diferença estatística entre as dimensões.
Onde por meio do teste de Tukey, notou-se que as dimensões Comprometimento e
Busca de Oportunidades e Iniciativa possuem maior pontuação, enquanto que a
Persuasão e Rede de Contatos apresentaram a menor pontuação.
No estudo de Barbosa (2016) que analisou as Características
Comportamentais do Empreendedor em outro setor econômico, os resultados
comprovaram a presença de todas as características nas entrevistadas, distanciando-
se significativamente dos resultados encontrados neste estudo, que, por sua vez,
apresentaram ausência de comportamento empreendedor em algumas
características analisadas.
Já no estudo de Pachêco (2107) as carcterísticas Busca de Oportunidade e
Iniciativa se mantém a mais presente, apresentando o mesmo resultado as doceiras
seridoenses e a característica mais ausente são Persuasão e Rede de Contatos e
Persistência. Neste estudo, a Persuasão e Rede de Contatos também se apresenta
como uma das mais ausentes. Porém a Persistência se apresenta como uma das mais
fortes.
Já tabela 22 apresenta os percentuais estatísticos obtidos com relação as
categorias Desejo de Realização, Planejamento e Poder.
Tabela 22 – Estatística das dimensões McClelland e Winter
Categorias Mínimo Máximo 25% Mediana 75% Média DP CV Valor-p
Realização 16,00 27,60 18,60 20,00 21,80 20,42 2,76 13,53
< 0,001 Planejamento 11,00 25,33 17,33 18,67 21,00 19,16 3,22 16,81
Poder 12,50 28,00 16,00 17,50 19,00 17,63 2,78 15,77
Fonte: Pesquisa 2017 DP: Desvio Padrão CV: Coeficiente de Variação *Valor - p < 0,05
Através do teste de Análise de Variância Multivariada (MANOVA), para um nível
de significância de 5%, temos evidência de diferença estatística entre as dimensões
de McClelland, onde por meio do teste de Tukey (Gráfico 5) verifica-se que as
categorias Desejo de Realização e Planejamento apresentaram maiores pontuações
95
e o Poder com menor pontuação, reforçando os resultados obtidos com relação as
características empreendedoras.
Gráfico 5 - Teste de Tukey das dimensões McClelland
Fonte: Pesquisa 2017 1: Realização 2: Planejamento 3: Poder
No teste de Tukey vale ressaltar que a verificação de diferença estatística é
observada do seguinte modo: quando a linha de comparação entre as sub-escala for
incluída o “Zero”, temos evidências estatísticas que a comparação desses dois efeitos
é igual, caso contrário, existe diferença estatística entre os efeitos.
De acordo com os estudos de McClelland e Winter (1971) e McClelland (1972),
identificamos quais as categorias são menos presentes e com maior indicação de
necessidade de treinamento, para inseri-las no perfil das doceiras.
96
5 CONCLUSÃO
Nos últimos anos o gênero feminino tem buscado cada vez mais seu espaço
no mundo dos negócios. Essa busca é sempre acompanhada de fatores culturais e
sociais do mundo contemporâneo. No Brasil, foco desse trabalho, as mulheres
culturalmente ainda são motivadas a investir nos trabalhos domésticos, em ter uma
família e a cumprir com o nascimento de uma nova geração. São poucas as que
quebram as regras culturais que as limitam dentro de um padrão conservador.
O empreendedorismo feminino rompe com esse padrão. A dedicação a um
negócio ainda é vista em alguns caso como uma subatividade, para as mulheres
realizarem quando tiver tempo, entre uma atividade e outra do lar. Sim, é verdade que
essa realidade vem mudando, que o Brasil e o mundo vivem um momento onde os
estudos estão cada vez mais caminhando para buscar a valorização da posição
feminina nos negócios.
Este estudo foi realizado para responder se as doceiras da Região do Seridó
no Rio Grande do Norte tinha características do comportamento empreendedor. E,
após um estudo da fundamentação teórica, para essa identificação foi utilizado como
instrumento o questionário de McClelland e Winter (1971).
Aplicadas as estatísticas apresentadas nas metodologia e na análise e
tratamentos dos dados, os objetivos gerais e específicos foram respondidos no que
diz respeito ao perfil sociodemográfico e as dimensões de Desejo de Realização,
Planejamento e Resolução de Problemas, e Poder.
No objetivo 1 foi traçado o perfil sociodemográfico dominante das doceiras da
região do Seridó no Rio Grande do Norte, onde é composto por mulheres com idade
acima de 50 anos, casada, com grau de escolaridade do ensino fundamental, que
possuem de 1 a 5 filhos, que possui uma renda entre 1 a 2 salários mínimos, e que
desenvolve a atividade profissional de doceiras entre 6 a 10 anos.
A seguir, apresentamos os resultados obtidos nos objetivos 2, 3 e 4, que
identificam as características do comportamento empreendedor das pesquisadas com
relação as dimensões Desejo de Realização, Planejamento e poder:
A pesquisa apresenta claramente que na dimensão Desejo de Realização a
característica que apresentou maior percentual foi a de Comprometimento, com
97
93,34% de força. E a característica de Correr Riscos Calculados, com 28,89% a que
apresentou a característica com maior índice de ausência.
Já nas características avaliadas com relação a categoria Planejamento e
Resolução de Problemas, temos um empate na faixa de forte em duas características
com percentual de 40%, sendo elas a Busca de Informações e Planejamento e o
Monitoramento Sistemáticos. Já na categoria Estabelecimento de Metas, temos o
percentual mais fraco de 31,11% na faixa de fraca.
Com relação a categoria Poder, se destacam as variáveis Independência e
Autoconfiança na faixa de moderada com 42,22% e a de Persuasão e Rede de
Contatos com 24,44% de ausência.
Ou seja, as características que se destacaram percentualmente por ter maior
força foram: comprometimento, busca de informações, planejamento e monitoramento
sistemáticos e independência e autoconfiança.
Já as características que se destacaram como ausentes ou fracas foram: correr
riscos calculados, estabelecimento de metas e persuasão e rede de contatos.
Quanto ao objetivo 5, que compara o perfil sociodemográfico das pesquisadas
em relação as categorias Desejo de Realização, Planejamento e Resolução de
Problemas, e Poder, os resultados obtidos foram que através do teste t de Student,
para um nível de significância de 5%, temos evidências de diferença estatística do
estado civil com a dimensão busca de informações, onde as gestoras solteiras
buscam mais informações. E para as demais variáveis através do teste t de Student,
para um nível de significância de 5%, não temos evidências de diferença estatística
com as dimensões de McClelland e Winter(1971). Além de se atingir o objetivo
específico 5 foi possível também fazer um comparativo inverso, ou seja, da cada
característica com o perfil sociodemográfico, e mais uma vez as solteiras obtiveram
destaque, pois através do teste Qui-quadrado (X2), para um nível de significância de
5%, temos evidências de diferença estatística entre a classificação da busca de
oportunidades com o estado civil. Onde as solteiras apresentaram maior intensidade
de busca de oportunidades e iniciativa.
Quanto ao objetivo geral deste trabalho que é o de identificar as características
do comportamento empreendedor presentes nas mulheres doceiras da região do
Seridó/RN, os resultados obtidos apresentaram que há evidências de diferença
estatística entre as dimensões. E notou-se que as características comprometimento e
98
busca de oportunidades e iniciativa possuem maior pontuação, enquanto que a
Persuasão e Rede de Contatos apresentaram a menor pontuação. E com relação as
dimensões verifica-se que as categorias Desejo de Realização e Planejamento
apresentaram maiores pontuações e o Poder com menor pontuação.
A identificação das características do comportamento emprendedor das
doceiras da região do Seridó no Rio Grande do Norte se fez necessária para que se
fosse possível entender a atual situação em que elas se encontram e também para,
através dessa identificação fomentar não só o desenvolvimento de um negócio que já
se encontra em pleno funcionamento e que só necessita de apoio para seu
crescimento, mas também e principalmente, fomentar nessas mulheres a valorização
de si e do seu trabalho, como também do poder que elas possuem de contribuir para
a sociedade.
Como recomendação, um exemplo de organização, desenvolvimento e
crescimento é o projeto denominado Doceiras do RN. O projeto dirigido pela secretaria
da Mulher do Partido Solidariedade iniciou em 2014 e tem se expandido por todo o
estado. O principal foco é fomentar nas doceiras o comportamento empreendedor, e
principalmente a visão de expansão de acordo com o mercado de cada região, através
de iniciativas próprias, e a valorização de seu trabalho. O projeto conta com uma
nutricionista que passa informações sobre a área de higiene, manipulação e
conservação dos alimentos, como também composição nutritiva dos doces. Em cada
localidade se tem a presença de uma coordenadora local, responsável pela busca de
doceiras para integrar o projeto e também que cuida de todas as atividades do projeto
e serve como um elo de ligação entre a direção do projeto e as doceiras. As
participantes recebem as embalagens e etiquetas que padronizam e dão ao volume e
notoriedade ao projeto.
Esse exemplo traz um modelo de uma nova realidade que pode ser
apresentada as doceiras do Seridó, onde a arte passou a ser valorizada, as doceiras
se sentem estimuladas, envaidecidas e empoderadas, e o negócio passou a ter mais
impulso, com o aumento da venda dos doces, e dão a essas mulheres e suas famílias
um pouco mais de renda para crescerem como cidadãos.
Esse estudo se soma a outros que foram e estão sendo desenvolvidos sobre o
empreendedorismo feminino na busca por mais espaço e reconhecimento da força do
trabalho da mulher na sociedade.
99
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103
ANEXOS
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ANEXO A – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA
Parte 1 – Características socioemográficas
Questionário dirigido as mulheres doceiras da Região do Seridó/RN
Orientações sobre as questões:
A - Não é necessário se identificar, porém, os dados abaixo são importantes para a
realização desta pesquisa:
1 - Idade:
( ) até 30 anos ( ) de 30 a 40 anos ( ) de 40 a 50 anos ( ) mais de 50 anos
2 - Estado Civil:
( ) solteira ( ) casada ( ) viúva ( ) divorciada ( ) outros
3 - Escolaridade:
( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Ensino Superior
( ) Pós-Graduação.
5 – Número de filhos:
( ) Nenhum ( ) 1 a 5 filhos ( ) 5 a 10 filhos ( ) mais de 10
6 - Renda Familiar: SM vigente R$ 880,00
( ) 1 a 2 SM
( ) 2 a 4 SM
( ) mais de 4 SM
7 - Tempo de Serviço na Produção de Doces:
( ) de 2003 a 2005
( ) de 2005 a 2010
( ) de 2010 a 2015
105
Parte 2 – Questionário McClelland para comportamento empreendedor
Orientações sobre as questões:
A. Este questionário se constitui de 55 afirmações breves. Leia cuidadosamente cada
afirmação e decida qual descreve você da melhor forma (considere como você é hoje,
e não como gostaria de ser). Seja honesta consigo mesma. Lembre-se de que
ninguém faz tudo corretamente, nem mesmo é desejável que se saiba fazer tudo.
B. Selecione o número correspondente à afirmação que a descreve:
1 = Nunca 2 = Raras vezes 3 = Algumas vezes 4 = Usualmente 5 = Sempre
C. Anote o número selecionado na linha à direta de cada afirmação. Eis aqui um
exemplo: Mantenho-me calmo em situações tensas 2. A pessoa que respondeu neste
exemplo selecionou o número “2” acima para indicar que a afirmação a descreve
apenas em raras ocasiões.
D. Algumas afirmações podem ser similares, mas nenhuma é exatamente igual.
E. Favor designar uma classificação numérica para todas as afirmações.
F. Este questionário se constitui de diferentes etapas em sequência. Leia atentamente
as instruções.
106
Questionário McClelland para o
comportamento empreendedor
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Se
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(1) (2) (3) (4) (5)
1. Esforço-me para realizar as coisas que devem ser feitas.
2. Quando me deparo com um problema difícil, levo muito tempo para encontrar a solução.
3. Termino meu trabalho a tempo.
4. Aborreço-me quando as coisas não são feitas devidamente.
5. Prefiro situações em que posso controlar ao máximo o resultado final.
6. Gosto de pensar no futuro.
7. Quando começo uma tarefa ou projeto novo, coleto todas as informações possíveis antes de dar prosseguimento a ele.
8. Planejo um projeto grande dividindo-o em tarefas mais simples.
9. Consigo que os outros me apoiem em minhas recomendações.
10. Tenho confiança que posso estar bem sucedido em qualquer atividade que me proponha executar.
11. Não importa com quem fale, sempre escuto atentamente.
12. Faço as coisas que devem ser feitas sem que os outros tenham que me pedir.
13. Insisto várias vezes para conseguir que as outras pessoas façam o que desejo.
14. Sou fiel às promessas que faço.
15. Meu rendimento no trabalho é melhor do que o das outras pessoas com quem trabalho.
107
16. Envolvo-me com algo novo só depois de ter feito o possível para assegurar seu êxito.
17. Acho uma perda de tempo me preocupar com o que farei da minha vida.
18. Procuro conselhos das pessoas que são especialistas no ramo em que estou atuando.
19. Considero cuidadosamente as vantagens e desvantagens de diferentes alternativas antes de realizar uma tarefa.
20. Não perco muito tempo pensando em como posso influenciar as outras pessoas.
21. Mudo a maneira de pensar se os outros discordam energicamente dos meus pontos de vista.
22. Aborreço-me quando não consigo o que quero.
23. Gosto de desafios e novas oportunidades.
24. Quando algo se interpõe entre o que eu estou tentando fazer, persisto em minha tarefa.
25. Se necessário não me importo de fazer o trabalho dos outros para cumprir um prazo de entrega.
26. Aborreço-me quando perco tempo.
27. Considero minhas possibilidades de êxito ou fracasso antes de começar atuar.
28. Quanto mais especificas forem minhas expectativas em relação ao que quero obter na vida, maiores serão minhas possibilidades de êxito.
29. Tomo decisões sem perder tempo buscando informações.
30. Trato de levar em conta todos os problemas que podem se apresentar e antecipo o que eu faria caso sucedam.
31. Conto com pessoas influentes para alcançar minhas metas.
108
32. Quando estou executando algo difícil e desafiador, tenho confiança em seu sucesso.
33. Tive fracassos no passado.
34. Prefixo executar tarefas que domino perfeitamente e em que me sinto seguro.
35. Quando me deparo com sérias dificuldades, rapidamente passo para outras atividades.
36. Quando estou fazendo um trabalho para outra pessoa, me esforço de forma especial para que fique satisfeita com o trabalho.
37. Nunca fico realmente satisfeito com a forma como são deitas as coisas. Sempre considero que há uma maneira melhor de fazê-las.
38. Executo tarefas arriscadas.
39. Conto com um plano claro de vida.
40. Quando executo um projeto para alguém, faço muitas perguntas para assegurar-me de que entendi o que quer.
41. Enfrento os problemas na medida em que surgem, em vez de perder tempo, antecipando-os.
42. Para alcançar minhas metas, procuro soluções que beneficiem todas as pessoas envolvidas em um problema.
43. O trabalho que realizo é excelente.
44. Em algumas ocasiões obtive vantagens de outras pessoas.
45. Aventuro-me a fazer coisas novas e diferentes das que fiz no passado.
46. Tenho diferentes maneiras de superar obstáculos que se apresentam para a obtenção de minhas metas.
47. Minha família e vida pessoal são mais importantes para mim do que as datas de entregas de trabalho determinadas por mim mesmo.
109
48. Encontro a maneira mais rápida de terminar os trabalhos, tanto em casa quanto no trabalho.
49. Faço coisas que as outras pessoas consideram arriscadas.
50. Preocupo-me tanto em alcançar minhas metas semanais quanto minhas metas anuais.
51. Conto com várias fontes de informação ao procurar ajuda para a execução de tarefas e projetos.
52. Se determinado método para enfrentar um problema não der certo, recorro a outro.
53. Posso conseguir que pessoas com firmes convicções e opiniões mudem seu modo de pensar.
54. Mantenho-me firme em minhas decisões, mesmo quando as outras pessoas se opõem energicamente.
55. Quando desconheço algo, não hesito em
admiti-lo.
110
ANEXO B – AVALIAÇÃO DO QUESTIONÁRIO
Ficha de Avaliação do Questionário McClelland
Folha de avaliação do questionário padrão de auto avaliação das CCEs.
Instruções:
1. Anote os valores que aparecem no questionário de acordo com os números entre
parênteses. Observe que os números são consecutivos nas colunas. Ou seja, a
resposta nº 2 encontra-se logo abaixo da resposta nº 1, e assim sucessivamente.
2. Atenção: faça as somas e subtrações designadas em cada fileira para poder
completar a pontuação de cada CCE.
3. Suas pontuações podem necessitar de correção. Verifique as últimas instruções.
Avaliação das Afirmações Pontuação CCEs.
Busca de oportunidades e iniciativa
______ +______ +______ +______-______ + 6 =______
( 1 ) (12) (23) (34) (45)
Persistência
______+______+______-_____+_______ + 6 = ______
( 2 ) (13) (24) (35) (46)
Comprometimento
______+______+______+______-______ + 6 = ______
( 3 ) (14) (25) (36) (47)
Exigência de Qualidade e Eficiência
______ +______ +______ +______ +______ + 6 =______
( 4 ) (15) (26) (37) (48)
111
Correr Riscos Calculados
______ +______ +______ +______ - ______ + 6 = ______
( 5 ) (16) (27) (38) (49)
Estabelecimento de metas
______ +______ +______ +______ - ______ + 6 = ______
( 6 ) (17) (28) (39) (50)
Busca de informações
______ +______ +______ +______ - ______ + 6 = ______
( 7 ) (18) (29) (40) (51)
Planejamento, Monitoramento Sistemático
______ +______ +______ +______ - ______ + 6 = ______
( 8 ) (19) (30) (41) (52)
Persuasão e Rede de Contatos
______ +______+______ +______ - ______ + 6 = ______
( 9 ) (20) (31) (42) (53)
Independência e Autoconfiança
______ +______ +______ +______ - ______ + 6 = ______
(10) (21) (32) (43) (54)
Fator de Correção
______ +______+______+______ - ______ + 6 = _______
(11) (22) (33) (44) (55)
112
FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUAÇÃO
Instruções
1. O Fator de Correção (que é igual à soma das respostas 11, 22, 33, 44 e 55) é
utilizado para determinar se a pessoa tentou apresentar uma imagem altamente
favorável de si mesma. Se o total dessa soma for igual ou maior a 20, então o total da
pontuação das 10 CCEs deve ser corrigido para poder dar uma avaliação mais precisa
da pontuação das CCEs do indivíduo.
2. Empregue os seguintes números para fazer a correção da pontuação:
Se o total do Fator de Correção for: Diminua o número abaixo da pontuação
de todas as CCEs
24 ou 25 7
22 ou 23 5
20 ou 21 3
19 ou menos 0
3. A seguir você poderá fazer as correções necessárias.
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FOLHA DE PONTUAÇÃO CORRIGIDA
Pontuação - Fator de = Total Corrigido
Original Correção
Busca de Oportunidade e Iniciativa __________ - __________ =__________
Persistência __________ - __________ =__________
Comprometimento __________ - __________ =__________
Exigência de Qualidade e Eficiência __________ - __________ =__________
Correr Riscos Calculados __________ - __________ =__________
Estabelecimento de Metas __________ - __________ =__________
Busca de Informações __________ - __________ =__________
Planejamento e Monitoramento Sistemático
__________ - __________ =__________
Persuasão e Rede de Contatos __________ - __________ =__________
Independência e Auto confiança __________ - __________ =__________