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ROQUE PIRES VERCESI
ARI DOS TELES: A LÓGICA EM LIPMAN
BATATAIS 2009
ROQUE PIRES VERCESI
ARI DOS TELES: A LÓGICA EM LIPMAN
Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado ao
Centro Universitário
Claretiano para obtenção do
título de especialista em:
filosofia e ensino de filosofia.
Orientador(a): Profº Juan Antonia Acha.
BATATAIS 2009
ROQUE PIRES VERCESI
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Claretiano para obtenção do título de especialista em filosofia e ensino de filosofia.
Orientador(a): Prof. Juan Antonia Acha.
ARI DOS TELES: A LÓGICA EM LIPMAN
Orientador(a): Juan Antonio Acha Examinador(a): ___________________________________________________
Batatais, ......de .............................. de 2009.
RESUMO
A presente produção textual objetiva apresentar, por meio de uma breve
explanação, o ensinamento de filosofia para crianças a partir da proposta de Matthew
Lipman, e que através de uma de suas novelas “A descoberta de Ari dos Telles” orienta
como pode-se ensinar uma matéria fundamental no ensino de filosofia que é a lógica. O
objetivo desse trabalho é mostrar que através do material de Lipman, que é possível
ensinar filosofia para as crianças de uma maneira fácil e simples de se entender. E assim
tornando as crianças de hoje em adultos questionadores, que buscam conhecimento e
que compreendem o mundo em sua volta . Esse trabalho foi embasado nos seguintes
autores: Matthew Lipman, que em sua novela “A descoberta de Ari dos Teles” é
possível ensinar lógica, além de outros conteúdos como, Filosofia da mente e ética, as
crianças. Em seu livro “O pensar na educação” nos mostra como ensinar filosofia as
crianças. Eder Alonso Castro, que em sua tese de doutorado nos mostra a vida, os
métodos e os materiais de ensino de filosofia para as crianças de Matthew Lipman.
Fernanda Barata, Joaquim Melro e Margarida César que em sua pesquisa nos fala
algumas práticas inclusivas nas aulas de introdução a filosofia e Irving M. Copi, que
mostra em seu livro métodos e ensinamentos sobre a lógica formal. Seus principais
tópicos são como podemos ensinar filosofia para as crianças para que ela possa
desenvolver um raciocínio melhor, sem perder a inocência, e quanto ela é importante na
vida das pessoas, e como é ensinar a lógica para as crianças de uma maneira fácil e
simples de se entender.
Palavras chave: Matthew Lipman. lógica. Ensinar filosofia. Educação. Ari
dos Teles.
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INTRODUÇÃO
Lipman é um pensador norte americano da universidade MONTCLAIR,
NJ, que criou um programa de filosofia voltada para crianças, cujo objetivo consiste em
propor às crianças e jovens um espaço investigativo, no qual, busquem maior e melhor
compreensão de temáticas filosóficas e, ao fazê-lo possam desenvolver sua capacidade,
do que ele chama de pensar melhor. Desse questionamento nasceu um desafio, surge
assim as novelas filosóficas. Estas “novelas filosóficas” são identificadas pelo nome do
personagem principal das mesmas: Rebeca (para 6/7 anos); Issao e Guga (para 7/8
anos); Pimpa (para 9/10 anos); A descoberta de Ari dos Telles (para 11/12 anos) e Luíza
(para 13/14 anos). Cada uma delas vem acompanhada de um Manual do Professor. Há,
ainda, as “novelas” Mark e Suki, (não traduzidas no Brasil e que se destinam ao Ensino
Médio). Quando Lipmam iniciou seus trabalhos não tinha a noção da amplitude que
poderia alcançar, não queria apenas propor algo diferente, mas seu principal objetivo era
mostrar que é possível uma educação que valorize o pensar bem:
Mathew Lipman deu inicio ao seu trabalho ao investigar sobre as razões de tantos jovens universitários apresentarem dificuldades relativas ao ele denominou de “pensar bem” e sobre as razões do desinteresse destes jovens pela Filosofia tal como a via ensinada nas escolas superiores. Nestas investigações realizadas a partir de 1969 chegou a idéia de que o Ensino da filosofia era uma necessidade nos anos anteriores à universidade: tanto como recurso formativo educacional básico, quanto como recurso para uma educação voltada ao “pensar bem”. É daí que deriva sua proposta conhecida como Programa de Filosofia para Crianças. A denominação "Filosofia para Crianças" vem daí: trata se de um programa de iniciação filosófica de crianças e jovens que visa manter vivas, nas pessoas, desde o mais cedo possível, as questões filosóficas e a disposição para investigá-las. (ALONSO,2004,p.20)
Ele justifica a filosofia para crianças como algo necessário para o pleno
desenvolvimento infantil; buscando assim por meio da discussão dos filósofos clássicos,
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uma justificativa para fazer filosofia com criança. Porém, segundo Alonso ao citar
Lorieri :
Contudo, aplicar filosofia não são a mesma coisa. O paradigma do fazer filosofia é a figura altiva e solitária de Sócrates; para ele não se trata de uma aquisição nem de um modo de vida. O que Sócrates nos exemplifica não é uma filosofia conhecida nem aplicada, mas pratica .Ele nos desafia a reconhecer que como obra, como forma de vida, a filosofia é algo a que qualquer um de nos pode dedicar-se.(ALONSO,2004,p.43)
Quando pensamos no termo qualquer um, não estamos nos referindo a
algumas pessoas; mas a filosofia pode ser abrangida a todos que estiverem capacitados
racionalmente.
Na história da educação, pode-se constatar que a filosofia não esteve
sempre fora do alcance das crianças. Ela fora retirada por interesses dos grupos que
faziam parte das reformas educacionais e que determinavam o que teria que ser
aprendido.
...Mas a reforma pôs fim a isso: a filosofia afigurou-se complemente supérflua no preparo dos futuros homens de negócios e cientistas da ideologia dos negócios , a filosofia foi retirada de cena no que diz respeito a educação das crianças . (ALONSO. 2004,p.28)
As justificativas para a retirada desse conteúdo eram sustentadas por
argumentos como a filosofia é muito difícil para as crianças; é perigosa. Percebe-se uma
resistência á aceitação de que as crianças podem pensar por si mesmas, é uma forte
tendência que exista no adulto em tratar as crianças como imaturas para determinados
assuntos ou acreditar que as crianças só perceberam o mundo adulto quando estiverem
amadurecidas para isso.
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O pensamento de Lipmam sobre esta justificativa se acentua na
possibilidade das crianças terem melhor compreensão sobre seus valores, assim como
suas ações. A filosofia na escola primária fornece um espaço que possibilita às crianças
refletirem sobre esses valores, assim como também como suas ações graças a estas
reflexões, as crianças podem começar a perceber maneiras de rejeitar aqueles valores
que não estão a altura dos seus padrões e de guardarem aqueles que estão.
Lipmam demonstra ainda que não há melhor maneira de garantir a moral no
adulto do que ensinar a criança que uma crença é tão defensável quanto qualquer outra,
que o certo deve ser o produto do poder de argumentação, mas também da busca que se
da no processo investigativo comprometido em encontrar a verdade, o bom, o justo.
A criança é uma realidade original, mas não é uma ilha ,nem um anjo descido do céu, menos ainda ,uma pura massa de instintos animais que devemos dobrar e adaptar no ambiente. (ALONSO, 2004,p.45)
Entende-se que muitas vezes as crianças são vistas como “seres não
pensantes’’ incapazes de entender o que se passa com elas próprias e no meio em que
pertence.
O pensamento de Lipmam enfatiza que tal visão não corresponde a
realidade, pois a criança tem uma capacidade reflexiva muito acentuada e ao mesmo
tempo obscura. A maneira de pensar e agir do adulto é constituída quando criança .
Por esses motivos descritos acima deduz-se que as crianças necessitam de
ajuda para desenvolver de maneira positiva seu raciocínio e Ter autonomia em suas
decisões. A filosofia é uma maneira de ajudá-las a esclarecerem questões e aprender a
questionarem, construindo assim pensamento critico.
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Na filosofia as crianças são incluídas como ‘seres pensantes ’’, que
elaboram interpretações da realidade na qual estão inseridas. E ainda ajuda a criança a
pensar por si mesma. Isso é necessário por que a própria criança tem o direito de receber
isso.
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1. ARI DOS TELES: A LÓGICA EM LIPMAN
A filosofia é uma disciplina que inclui a lógica e, portanto, se ocupa em
introduzir os critérios de excelência no processo do pensar para que os estudantes
possam caminhar do simples ato de pensar para o pensar bem. Em uma de suas novelas
“A descoberta de Ari dos Telles” (para crianças de 11/12 anos ) ele apresenta uma parte
da lógica formal, conhecida de preposição categóricas, de uma forma fácil e simples de
se entender.
Segundo Copi, autor do livro Introdução a Lógica, o estudo clássico da
dedução fundamentava-se em argumentos que contem as proposições categóricas, e “as
proposições deste tipo são habitualmente analisadas como asserções sobre classes,
afirmando ou negando que uma classe esteja incluída em outra, seja no todo ou em
parte.” (COPI, 1981, p.139)
As proposições categóricas são divididas em quatro partes: termo
quantificador, sujeito, cópula e predicado Ex: Todos os políticos são mentirosos. O
termo quantificador é “Todos”, o sujeito “ os políticos”, a cópula “ são” e o predicado
“mentirosos”, e também possuem quatro formas típicas, que são classificadas como
universais positivas e negativas, e particulares positivas e negativas. As universais
afirmativas são todas aquelas que possuem o termo quantificador “Todos” e são
esquematizadas desta forma “Todo S é P”, e as negativas são aquelas que possuem o
termo quantificador “Nenhum” e são esquematizadas desta forma “Nenhum S é P”. As
particulares afirmativas possuem o termo quantificador “Algum” e são esquematizadas
desta forma “Algum S é P”, e as negativas possuem o mesmo termo quantificador das
afirmativas, mas ela possui palavra “não” antes dá cópula e são esquematizadas desta
forma “Algum S não é P”.
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As proposições são classificadas de acordo com sua quantidade e qualidade.
A qualidade é quando a proposição é afirmativa ou negativa, é costume utilizar letras
para melhor representá-las essas letras são: “A” para o termo “Todos”,”E” para o termo
“Nenhum”, “I” para “Alguns e por fim o a letra “O” que representa o termo “Alguns
não”.
A quantidade de uma proposição é caracterizada pela sua universalidade ou
particularidade. Os termos universais são os seguintes: “Todos e Nenhum”, já os termos
particulares são: “Alguns e “Alguns não”.
Esse conteúdo exposto até agora é aplicado em um dos livros de Lipman,
que tenta demonstrar esses conceitos complicados e até mesmo chatos de se entender de
uma forma diferente, ele tenta de uma maneira fácil e divertida ensinar o aluno a pensar
bem e dessa forma consegue desenvolver todo esse conteúdo em sala de aula.
Para que compreender melhor como Lipman aplica a lógica em seu material,
será analisado os quatro primeiros capítulos do livro do aluno de sua obra.
1.1 ANALISE CONCEITUAL 1
Considerando essas explicações, pode-se notar que este capítulo de “A
descoberta de Ari dos Teles” há a formação de muitas proposições categóricas, que são:
“ Todas as mangueiras são arvores”, “Todos os planetas giram em torno do sol”,
“Nenhum leão é águia.”, “ Nenhum submarino é canguru”. (LIPMAN, 1997, p.4)
Pode-se observar que todas seguem as regras para a formação de uma
proposição, pois todas contem termo quantificador, sujeito, cópula e predicado, todas
são proposições de forma universal, algumas negativas, pois contém o termo
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quantificador “Nenhum”, e as outras são afirmativas, pois contém o termo quantificador
“Todos”.
No decorrer do capítulo é possível notar que eles questionam a veracidade de
suas afirmações. Eles invertem o sujeito e o predicado das frases até agora montadas e
percebem que todas as frases que se iniciavam com o termo quantificador “Todos” não
era possível fazer essa inversão, pois se a fizesse ela se tornaria falsa, perderia sua
validade.
“- Uma frase não pode ser invertida. Se você coloca a ultima parte no começo, ela não é verdadeira. Se você inverter a frase “Todas as mangueiras são arvores, ficará “Todas as arvores são mangueiras”. E isso é falso! “Todos os planetas giram em torno do sol” é uma frase verdadeira, mas se você inverte e diz que “Todas as coisas que girar em torno do sol são planetas” então não é mais verdadeira; é falsa.” ( LIPMAN, 1997, p.4)
Mas com o termo quantificador “Nenhum” apesar da inversão a frase
continuaria verdadeira.
- A frase “Nenhum submarino é canguru” é verdadeira. E “Nenhum canguru é submarino”, começou Ari. - Também é verdadeira. E se “Nenhum mosquito é pirulito” é verdadeira também é verdadeira a frase “Nenhum pirulito é mosquito”. ( LIPMAN, 1997, p.6)
A partir dessas afirmações Ari conclui que “Se uma frase verdadeira começa
com nenhum, então, a frase invertida também é verdadeira. Mas, se começa com todos,
a frase invertida se torna falso. ( LIPMAN, 1997, p.6)
O com esse conteúdo exposto o livro demonstra um importante conteúdo de
lógica que são as conversões. As conversões ocorrem quanto há uma troca de sujeito
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com predicado, isso significa, que inverte a ordem de ambos e elas continuam sendo
verdadeiras, ou seja, apesar da inversão se deduz o mesmo fato colocado na frase
inicial.
Como é colocado no texto, o termo quantificador “Todos”, não se consegue
fazer essa inversão corretamente utilizando o mesmo termo, pois se inverter o sujeito e
o predicado a frase deixa de ser verdadeira. Isso acontece por causa que o predicado da
frase normalmente abrange um número maior de seres e coisas, sendo que o sujeito
normalmente é um termo particular, que se restringe ao número menor de seres ou
coisas. Para que a proposição continue verdadeira o termo “Todos” deve ser substituído
pelo termo “Alguns”, porque o universal do sujeito se torna particular do predicado.
1.2 ANALISE CONCEITUAL 2
No capitulo dois é possível perceber a busca de Ari por respostas aos seus
pequenos questionamentos, ele se questiona se é possível transformar as frases que
começam com “Todos” e “Nenhum”.
Ele expõe seu problema ao pessoal de sua sala de aula para que o professor e
seus colegas o ajude a resolver essa duvida que não sai de sua cabeça. No decorrer da
aula o professor expõe seus questionamentos aos colegas de sala e propõe uma
atividade, que é utilizar termos diferentes em frase que se iniciam com os termos
universais expostos até aqui.
Inicialmente eles descobriram dois termos que poderiam substituir o termo
“Todos” que são: Cada e cada um.
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- Eu posso dizer, por exemplo, que “todos” os alunos dessa classe são brasileiros mas também posso dizer que “cada” aluno dessa classe é brasileiro ou então “cada um” dos alunos dessa classe é um brasileiro. Essas três frases querem dizer a mesma coisa. Se “todos” são brasileiros, então “cada e cada um” de nós é brasileiro. (LIPMAN, 1997, p.8)
Após a apresentação destes dois termos outros foram surgindo no decorrer
da aula, eles são: Qualquer, um, se.. então. E entre eles o professor expõe não utilizar
termo algum na formação de uma frase, “Se eu digo “Batatas fritas são salgadas” ou
“Carros são caros” eu quero dizer que todas as batatas fritas são salgadas e que todos os
carro são caros” (LIPMAN, 1997, p.8), que ele denominou como “nenhum
modificador”.
O segundo capítulo é uma peque demonstração de que é possível formular
frases com termos diferentes dos utilizados normalmente em formulações lógicas, e que
essa frases estão no dia-dia de todas as pessoas, que sem saber formulam frases válidas
logicamente em seu cotidiano.
1.3 ANÁLISE CONCEITUAL 3
O terceiro capítulo se prende a uma frase feita por Toninho, amigo de Ari, ao
seu pai. A frase é a seguinte: “Todo engenheiro é bom em matemática”(LIPMAN, 1997,
p.15).
No decorrer do texto, percebe-se que é feita uma analise muito interessante
sobre essa pequena frase. A análise feita da frase inicialmente remetesse ao capítulo
um, que seria a troca de sujeito e predicado, Toninho tenta compreender o que Ari disse,
por que não é possível fazer essa inversão.
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E com e desenvolvimento do assunto com seu pai, Toninho consegue
compreender com uma explicação simples, seu pai desenha dois círculos, um deles é
menor e está dentro do outro que é maior, o circulo menor representa os engenheiros e o
circulo maior representa os que são bons em matemática, a figura 1 representa desenho
citado:
Figura 1: desenho ilustrativo exposto no livro (p.16)
Com essa ilustração o pai de Toninho, demonstra o por quê que todas as
frases começadas com “Todos” não era possível as fazer a inversão, ele explica para
Toninho:
- O circulo menor contém apenas os engenheiros, mas todos são bons em matemática, porque eles também estão dentro do círculo maior. Agora veja, Toninho, o círculo menor cabe dentro do maior, mas o maior não cabe dentro do menor.(LIPMAN, 1997, p.16)
E com o desenho ele explica facilmente a Toninho por que as frases
começadas com “Todos” não podem inverter sujeito e predicado.
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O desenho que ele utilizou para explicar ao seu filho e uma demonstração de
um diagrama de Euler. O diagrama busca demonstrar, através de representações gráficas
(desenhos) de círculos, a formação dos silogismos categóricos.
“É conhecida pelo nome de diagrama de Euler a representação gráfica
mediante a qual se mostra que todos os membros de uma classe, A, são membros de
outra classe, B.” (MORA,1994, p.945)
Alguns exemplos do Diagrama de Euler:
1. Todo S é P. (universal afirmativa- A)
2. Nenhum S é P. (universal negativa- E)
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3. Algum S é P. (particular afirmativa-I)
4. Algum S não é P. (particular negativa)
Com esses exemplos pode-se perceber que o desenho que o pai de Toninho
faz para explicar a frase se enquadra no chamado diagrama de Euler.
1.4 ANALISE CONCEITUAL 4
Nota-se que até o terceiro capítulo, os termos quantificadores utilizados
foram os termos universais, tanto negativo, quanto positivo. Neste capítulo é
apresentado dois novos termos que surgem a partir de uma conversa que Ari tem com
sua mãe, ela diz: “- Ari, isso que você está fazendo parece ser muito bom, mas você
realmente acha que pode reduzir todo tipo de frase a apenas dois, as que começam com
todos e as que começam com nenhum?” (LIPMAN, 1997, p.19)
Com esse questionamento de sua mãe, Ari procura novos termos para a
formulação de suas frases, mas encontra muita dificuldade de utilizar termos novos em
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suas frases, antão sugere ao seu professor que o ajude, mas não funciona, até que seu
amigo Marinho que estava ouvindo a conversa diz: “- O que você está procurando é
uma palavra que sirva para tudo entre todos e nenhum. Então por que não usar alguns?”
(LIPMAN, 1997, p.20)
Com a ajuda de seu amigo Ari descobre outro termo para formular suas
frases, que é o termo “Alguns. Mas logo em seguida surge uma dúvida colocada por seu
amigo Toninho:
- Quando estamos lidando com todos e nenhum, temos uma espécie de contrários entre si. Dá pra entender? Todos é uma espécie de contrário de nenhum, e nenhum é o contrário de todos. Mas se começamos a frase com alguns, não temos nada contrário disso. ”(LIPMAN, 1997, p.20).
A partir desse questionamento começa a procura de um termo que fosse o
negativo de “Alguns”. Até que em um momento é sugerido o seguinte termo: ‘Alguns
não”. Todos concordam que o termo contrário a “Alguns” seria “Alguns não”.
Nota-se que nesse capítulo, aparece dois novos termos quantificadores que
são “Alguns” e “Alguns não”, eles são classificados como termos quantificadores
particulares, que representam, não um todo, mas sim, a particularidade de alguns seres e
coisas. A partir desse momento todos os termos quantificadores foram expostos no
texto, que são: “Todos”, “Nenhum”, “Alguns” e “Alguns não”.
No decorrer da história pode-se notar vários outros ensinamentos sobre
lógica, mas o trabalho ficaria muito extenso, sendo assim, com essa pequena
demonstração pode-se demonstrar que a novela de Lipman “A descoberta de Ari dos
Teles”, possui um vasto conteúdo de lógica, que ensina criança brincando e ajuda ela a
raciocinar de uma maneira melhor.
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2. LIVRO DO PROFESSOR
O livro do professor é uma grande ferramenta para o desenvolvimento de
atividades voltadas para o conteúdo, pois nele pode-se encontrar um grande número de
atividades propostas a dar em sala de aula, dessa forma, auxiliando o professor de uma
maneira prática e simples.
O livro intensifica o que é colocado do texto em sala de aula, e ajuda os
alunos a entenderem o conteúdo passado ali no texto.
Para melhor entender, como o livro do professor auxilia no desenvolvimento
das aulas, será colocado uma amostra de algumas atividades voltadas para lógica do
primeiro capítulo, que inicializa com a familiarização dos alunos com as proposições e
também busca entender por que as frases começadas com todos não podem ser
invertidas.
Exemplo1:
I. Construa proposições a partir destas palavras:
1. são, cavalos, animais, todos, os
2. nenhum, gato, cachorro, é
3. aviões a jato, todos, transportes rápidos, são, os
Percebe-se que neste exercício, o professor incentiva o aluno a redigir proposições
de forma correta, desenvolvendo o raciocínio do aluno.
Exemplo 2:
I. Converta os sujeitos e predicados
1. Todas as galinhas são aves.
2. Todos os carros são veículos.
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Neste exercício, o professor leva o aluno a inverter sujeito e predicado, com isso ele
pergunta se as frases são verdadeiras ou não, fazendo com que o aluno perceba
frases mal formulas.
E com essa simples demonstração é possível perceber, que o tema de cada capítulo é
trabalhado não somente no texto, mas também com atividades sugeridas pelos livro,
que auxiliam o aluno a um entendimento melhor do conteúdo exposto no livro, e os
leva a compreender melhor o que está em sua volta, o ajudando a raciocinar melhor.
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CONCLUSÃO
Todo o processo de investigação realizado neste trabalho, leva a concluir
que a filosofia tem subsidios constituídos de extrema relevância, sendo necessária para
o nosso desenvolvimento pessoal e social. Lipmam nos aponta em sua construção
filosófica, que os indivíduos estarão melhores e mais bem preparados para viverem
nesta sociedade; tendo como bases crianças, que serão os adultos no futuro. Esse forte
destaque para as crianças, segundo Lipmam é porque a filosofia exerce um papel
fundamental nesta construção de caráter. A filosofia na escola, introduz na vida da
criança um contato mais ativo e real de situações verídicas embaçada por uma liberdade
de expressão e que assim possam aprender a usar de forma responsável, mas livre.
Lipmam nos mostra que a filosofia pode ser introduzida nas escolas desde o primário,
de uma forma fácil, objetiva com boa compreensão. Ou como conclui Lipman:
“A educação tem um papel fundamental na nossa vida, e que pensar bem,
possa produzir racionais, criativas e imparciais.”( LIPMAN,2001)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARATA, F., MELRO, J., CÉSAR, M. Quando Aprender Significa Pensar: Prática inclusivas na aula de Introdução á Filosofia. In B.D. da Silva, & L.S. Almeida (Eds.), Actas do VI Congresso Galaico-Português de Psicopedagogia (vol. II). Braga: Universidade do Minho, 2001
CASTRO, Eder Alonso. Filosofia para crianças: Estudo sobre a noção de ética na
proposta de Matthew Lipman, São Carlos: UFSCAR, 2004
COPI, Irving M. Introdução à Lógica. 3 ed. São Paulo: Mestre Jou,1981
LIPMAN, Matthew. A descoberta de Ari dos Teles. São Paulo: Difusão de educação e
cultura, 1997
LIPMAN, Matthew. O pensar na educação. 3 ed. São Paulo: Vozes, 2001
MORA, J. Ferrater. Dicionário de filosofia. São Paulo: Edições Loyola, 1994